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Contra quem possa afirmar que isso não se trata de uma novidade, ou que há muito
existiam hospitais feitos para curar, F. sugere levantar algumas objeções:
A principal delas: O hospital até o século XVIII não era uma instituição médica e a medicina
não era aí uma prática hospitalar. A prática médica da época não permitia a organização de um
saber hospital e a organização do hospital da época não viabilizava uma intervenção da
medicina.
Antes do século 18 o hospital era uma instituição de assistencia, separação e exclusão dos
pobres.
“O pobre como pobre tem necessidade de assistencia e como doente, portador de doença e
de possível contágio, é perigoso. É alguem que deve ser assistido espiritual e materialmente,
algúem a quem se deve dar os últimos cuidados e o último sacramento.” (p. 101)
O pessoal hospitalar (religioso ou leigo) não era destinado à cura do doente, mas à
busca da salvação pela caridade.
Quanto à prática médica, ela era “individualista”, no sentido de que era baseada
em conhecimentos de textos e receitas públicas ou secretas;sem nenhuma relação
com a prática hospitalar como essencial à formação do médico e, com o princípio de
cura condicionado ao jogo de forças entre a natureza sadia do paciente e a doença,
tendo o médico como “prognosticador, arbitro e aliado da natureza”.
Como se deu esssa transformação? Como o hospital foi medicalizado e a medicina pode
tornar-se hospitalar?
Anulando os “efeitos negativos do hospital”, purificando-o dos efeitos nocivos e das
desordens economicas que ele acarretava.
Exemplo do hospital marítimo. Não há uma medicalização, pois “não procura fazer do
hospital um lugar de cura, mas impedir que seja foco de desordem economica ou
médica (p. 104).
Exemplo do exército. O mercantilismo torna os homens mais caros e passa-se a se
preocupar com a formação do indivíduo, sua capacidade, suas aptidoes passam a ter
um preço para a sociedade.
Não foi a partir de uma técnica médica que o hospital marítimo e militar foi reordenado,
mas, essencialmente, a partir de uma tecnologia política: a disciplina
DEFINIÇÃO: “maneira de gerir os homens, controlar suas multiplicidades, utilizá-las ao máximo
e majorar o efeito útil de seu trabalho e sua atividade, graças a um poder suscetível de
controlá-los” (p. 105).
CARACTERÍSTICAS
1) uma arte de distribuição espacial do indivíduos;
2) exerce seu controle não sobre o resultado de uma ação, mas sobre seu desenvolvimento;
3) é uma técnica de poder que implica uma vigilância perpétua e constante dos indivíduos;
4) implica um registro contínuo.
Se por um lado a formação de uma medicina hospitalar atrela-se aos colocação dos
dispositivos disciplinares, por outro, deve-se tambem à transformação do saber e da prática
médicas.
Se até o séc. 18 tinhamos uma medicina da crise, pautada numa intervenção médica que se
direcionasse à doença, a partir daí surge uma medicina do meio: é pela intervenção e pela
mudanças das condições do meio que se produz a cura, “na medida em que a doença é
concebida como um fenônemo natural obedecendo a leis naturais” (p. 107)
ASSIM, SEGUNDO FOUCAULT, ... (último paragrafo pag. 107)