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METALURGIA
Introdução
O Uso dos Metais
O trabalho do Ferro
A Técnica de Fundição do Ferro
O Mundo Medieval
A Alquimia
A Revolução Cientifica
A Revolução Industrial
O Ferro e o aço na construção
O Ferro e o aço no Brasil
Estruturas metálicas na construção
Bibliografia
Cobre
Ouro
Zinco
Níquel
Estanho
Chumbo
Manganês
Alumínio
Conceitos Fundamentais
Mol
Lei de gás Ideal
Balanço de Massa
2
Capítulo 05 – Siderurgia................................................................................................... 68
Refratários
Aglomeração de Minérios
Sinterização
Pelotização
Alto-Forno
Produção de aço
Refino Primário
Refino Secundário
Lingotamento Contínuo
Laminação
Trefilação
Extrusão
Forjammento
3
Capí
Capítulo I: Introdução - História da
Metalurgia e conceitos
4
1.1- Introdução
Tão longe quanto se remonta no tempo, os vestígios do homem na Terra são marcados
por armas, por instrumentos ou pelo resultado da ação do fogo.
No início a raridade dos metais era tão grande que só eram forjadas armas. A utensilagem
corrente continuava a ser de pedra ou de madeira. Por isso, o cobre, o bronze e o ferro
não vieram suplantar brutalmente a pedra. Instrumentos de pedra e instrumentos de metal
coexistiram até o início dos tempos históricos e, em certos casos, até os nossos dias.
O início das civilizações antigas está estreitamente ligado ao progresso dos trabalhos
agrícolas. Surgem as 'cidades', que o trabalho das aldeias alimenta. Estas cidades
dirigirão o comércio, a indústria, a vida social, fixando as tribos. Assim se edificaram, em
bases pastoris e agrícolas, as civilizações dos grandes impérios. A ceifa fez-se primeiro
com foices de madeira ou de barro providas de dentes de sílex, muito cortantes, e depois
com foices metálicas.
O uso do cobre, depois do bronze, em seguida do ferro, vai-se definindo pouco a pouco na
evolução destas culturas, sem introduzir uma brusca modificação.
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1.2- O Uso dos Metais
Entre 3.000 e 2.200 a.C. - época contemporânea dos sumérios e do antigo império egípcio
-, a Idade do Bronze chegou para os povos neolíticos que ocupavam Creta e as Cíclades.
Florescentes manufaturas de metal existiam em Creta por volta de 2500 a.C., nas Cíclades
e na parte meridional do continente.
A procura dos minérios, pelos testemunhos que os egípcios, por exemplo, nos puderam
deixar, foi a causa de muitas expedições guerreiras e de inúmeras rotas comerciais que
favoreceram as mais diversas trocas.
Uma brilhante descoberta conduz a outra, às vezes logo depois. Assim, apenas cerca de
2.000 anos após a descoberta do cobre e do bronze, o ferro também passou a ser usado.
Esse novo metal já era conhecido no segundo milênio antes de Cristo, mas por longo
tempo permaneceu raro e dispendioso e seu uso só foi amplamente estabelecido na
Europa por volta de 500 a.C.
O vestígio mais remoto deste metal é um conjunto de quatro esferas de ferro, datadas de
4000 a.C., encontradas em El-Gezivat, no Egito.
Por volta de 1500 a.C., havia exploração regular de minério no oriente próximo e os hititas
são citados, na tradição grega, como o povo dominador das terras e da técnica de
obtenção e fabrico de instrumentos de ferro.
Antes de saber como obter o ferro pela fusão de seus minérios, o homem por vezes fazia
ferramentas e armas de pedaços de meteoritos de ferro batidos. A fusão começou a existir
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na Ásia Menor por volta de 1.500 a.C. e a arte se tornou amplamente conhecida por volta
de 1.000 a.C.
Da descoberta não sabemos qual tenha sido o conjunto de acidente e intuição. Difundiu-se
lentamente, primeiro até o Egito e em seguida até o Egeu, onde, mesmo nos tempos
homéricos, o ferro era considerado metal raro e as armas eram feitas de cobre reluzente.
O emprego do ferro alcançou a bacia do Danúbio Superior por volta de 900 a.C., sendo
dessa área levado pelos celtas migrantes rumo ao Ocidente até a França e a Península
Ibérica, e no sentido norte-ocidental, através da Alemanha, até as Ilhas Britânicas.
Todo o ferro primitivo seria hoje em dia classificado como ferro forjado. O método de obtê-
lo "consistia em abrir um buraco em uma encosta, forrá-lo com pedras, enchê-lo com
minério de ferro e madeira ou carvão vegetal e atear fogo ao combustível. Uma vez
queimado todo o combustível, era encontrada uma massa porosa, pedregosa e brilhante
entre as cinzas. Essa massa era colhida e batida a martelo, o que tornava o ferro
compacto e expulsava as impurezas em uma chuva de fagulhas. O tarugo acabado,
chamado 'lupa', tinha aproximadamente o tamanho de uma batata doce das grandes.
Com o tempo, o homem aprendeu como tornar o fogo mais quente soprando-o com um
fole e a construir um forno permanente de tijolos em vez de meramente fazer um buraco
no chão. O aço era feito pela fusão do minério de ferro com um grande excesso de carvão
vegetal ou juntando ferro maleável e carvão vegetal e cozinhando o conjunto durante
vários dias, até que o ferro absorvesse carvão suficiente para se transformar em aço.
Como esse processo era dispendioso e incerto e os fundidores nada sabiam da química
do metal com que trabalhavam, o aço permaneceu por muitos anos um metal escasso e
dispendioso. Só tinha emprego em coisas de importância vital como as lâminas das
espadas.
Após a queda do Império Romano, desenvolveu-se na Espanha a Forja Catalã, que veio a
dominar todo o processo de obtenção de ferro e aço durante a Idade Média, espalhando-
se notadamente pela Alemanha, Inglaterra e França.
No século IV d.C. os fundidores hindus foram capazes de fundir alguns pilares de ferro que
se tornaram famosos. Um deles, ainda em Déli, tem uma altura de mais de 7 metros, com
outro meio metro abaixo do solo e um diâmetro que varia de 40 cm a mais de 30cm; pesa
mais de 6 toneladas, é feito de ferro forjado e sua fundição teria sido considerada
impossível, naquele tamanho, na Europa, até época relativamente recente. Mas a coisa
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mais notável, talvez, nesse e em outros pilares de sua espécie, é a ausência de
deterioração ou de qualquer sinal de ferrugem (óxido magnético de ferro seria a
explicação).
De todos os trabalhos dos chineses em física - campo em que eles deram muitas
contribuições importantes -, o mais significativo foi a invenção da bússola magnética. No
século VI, eles descobriram que pequenas agulhas de ferro podiam ser magnetizadas
caso fossem esfregadas com um pedaço de magnetita (uma forma do óxido de ferro).
Tempos depois, foi adotada pelos marinheiros, e era comum nos navios chineses talvez
desde o século X e, certamente, no século XI; seu uso pelos chineses para a navegação
precedeu sua adoção no Ocidente em pelo menos cem anos.
1.6- A Alquimia
Na cultura árabe, a alquimia era uma "mistura de ciência, arte e magia que floresceu
gradualmente até atingir uma forma inicial de química. A alquimia referia-se à
transformação da substância dos objetos na presença de um agente espiritual, muitas
vezes chamado de 'pedra filosofal'. Usavam-se metais e minerais, mas se acreditava que
participavam não apenas como corpos materiais, mas também como símbolos do mundo
cósmico do homem - daí sua correlação, em desenhos e manuscritos de alquimia, com
sinais astrológicos: por exemplo, o sinal do Sol indicava o ouro, o da Lua, a prata,
enquanto o de Mercúrio significava mercúrio e Vênus, o cobre. Era uma 'ciência' que
envolvia o cosmo e a alma, em que a natureza era um domínio sagrado, que fazia nascer
minerais e metais.
A alquimia ocidental estava muito mais preocupada com a transmutação de metais não-
preciosos em ouro do que a oriental.
O ferro e o aço eram, nos tempos mais antigos, considerados inteiramente à parte como
substâncias diversas. Mas, assim como o alquimista medieval tentou transformar os
metais básicos em ouro, assim também o trabalhador do ferro fez a tentativa - com êxito
algo maior - de transformar o ferro em aço. Mas praticava ele apenas uma forma bem
sucedida de alquimia. Transformava uma substância em outra por métodos mais mágicos
do que científicos. O seguinte trecho de um tratado medieval que descreve a manufatura
de uma lima de aço denota o ambiente de magia que cercava o que na realidade
constituía um processo metalúrgico simplíssimo:
Queima-se o chifre de um boi no fogo, raspando-o e misturando-o com uma terça parte de
sal e em seguida moendo-o bem. Depois coloca-se a lima no fogo e quando brilhar
salpica-se esse preparado por toda ela, e, aplicando-se algumas brasas, sopra-se
rapidamente sobre ela, mas de tal forma que a têmpera não caia... arrefecendo-a na água.
Assim, da aurora da Idade do Ferro até a última parte da Idade Média, o ferro era feito na
fornalha ou 'forja para fiar o ferro'. Ocasionalmente resultava o aço, conhecido como aço
'natural', porém o que de modo geral se obtinha era o ferro doce e soldável, rico em
escória e impurezas. Ainda considerado um metal raro, o ferro era empregado,
naturalmente, para ferramentas, armas e armaduras. Com bastante freqüência, apenas a
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relha de um arado pesado e a ponta da lâmina eram de ferro. Pequena parcela era
empregada nos grandes prédios da época clássica e medieval, muitas vezes sob a forma
de grades de ferro ornamental. Mas o ferro era desconhecido na cozinha. O marceneiro
geralmente tinha que trabalhar sem pregos; o arame era raro e uma agulha era quase
considerada uma herança. Contudo, a fabricação do ferro processou-se largamente na
Europa medieval, se não no resto do mundo antigo.
Permanece a verdade geral de que, antes do séc. XV, o ferro era obtido na Europa como
uma massa pastosa que podia ser moldada pelo uso do martelo e não como um líquido
que corresse para um molde.
O fim da Idade Média, que prepara a Europa moderna pela extensão do maquinismo, é
também testemunha das primeiras intervenções do capitalismo no esforço para a
produção industrial.
Desde o fim da Idade Média que o emprego do ferro fundido, o uso do arame e dos cabos
metálicos dava ao equipamento técnico uma feição moderna completada pelo uso de
correias para transmissões mecânicas e pelo aperfeiçoamento das ligas metálicas.
O alto-forno a carvão mineral apareceu por volta de 1630. O primeiro laminador remonta
aproximadamente ao ano 1700. O processo de refinação do ferro chamado pudlagem foi
patenteado na Inglaterra em 1781 por Henry Cort, difundindo-se com rapidez bem
inusitada. A pudlagem é descrita como a mais pesada forma de trabalho jamais
empreendida regularmente pelo homem. Entretanto, o grande impulso ao desenvolvimento
da siderurgia ocorreu com o advento da tração a vapor e o surgimento das ferrovias, a
primeira das quais inaugurada em 1827.
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Até o fim do século XVIII, a maior parte das máquinas industriais eram feitas de madeira.
O rápido desenvolvimento dos métodos de refinação e de trabalho do ferro abriu caminho
a novas utilizações do metal e à construção de máquinas industriais e, por conseqüência,
à produção em quantidade de objetos metálicos de uso geral. A verdadeira máquina é de
metal: o desenvolvimento da metalurgia condicionará todo o desenvolvimento do
maquinismo.
Junte-se a isto toda uma estrutura comercial voltada para o exterior e já se pode
vislumbrar o perfil de um país que, praticamente sozinho, foi capaz de deter o privilégio de
domínio do mercado internacional de ferro, a ponto de ter sido considerada a 'oficina
mecânica do mundo'. Na Grã-Bretanha, na realidade, somente a indústria têxtil suplantou a
indústria do ferro, na promissora aurora da Revolução Industrial.
Nenhum dos novos usos do ferro, no entanto, contribuiu de maneira mais decisiva para o
desenvolvimento da indústria siderúrgica, do que as ferrovias.
Quando a rede ferroviária britânica tinha sido completada, a indústria siderúrgica ampliada
foi capaz de suprir matéria-prima para a construção de ferrovias em outros países. Já em
1850 as exportações atingiram 39% do produto bruto da indústria - durante a primeira
metade do século eram em média de apenas 25%.
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Os investimentos britânicos em ferrovias, fora da Inglaterra, foram o carro-chefe das
exportações durante toda a segunda metade do século XIX, representando às vésperas da
1ª Grande Guerra, em 1913, 41% dos investimentos ultramarinos.
Assim, o desenvolvimento da indústria siderúrgica criava sua própria crise e, dessa vez tão
séria, a ponto de ser chamada de a 'Grande Depressão'. O último quarto do século XIX foi,
portanto, caracterizado pela agressão institucionalizada, agora sob a forma do
imperialismo, fórmula encontrada para garantir os mercados e prolongar o domínio
econômico.
Na década de 1880-90 a produção dos altos-fornos dos Estados Unidos tornou-se a maior
do mundo, e antes de 1900 a produção de aço norte-americana ultrapassou a da sua rival
mais próxima, a Alemanha. Desde aquela data as indústrias siderúrgicas do continente
norte-americano ampliaram-se num ritmo extraordinário. Em 1957, os Estados Unidos e o
Canadá produziram, conjuntamente, 36,6% do ferro gusa e 36,5% do aço bruto do mundo.
O rival mais próximo, a União Soviética, produziu consideravelmente menos da metade
desse total.
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1.9- O Ferro e o aço na construção
Há um momento na História em que o ferro passa a ser empregado com tão diversificados
fins, dentre eles a construção de edifícios, que é inevitável o registro desse material como
um fator essencial para as transformações de toda ordem por que passou a sociedade.
Este momento é o século XIX.
Esta arquitetura existiu nos países europeus que se desenvolveram com a Revolução
Industrial, nos Estados Unidos da América do Norte, e se manifestou praticamente em
todo o mundo durante o século XIX.
É bem verdade que também existia, por parte dos produtores, uma incontida ansiedade
por provar a viabilidade do novo material, justificada pelos desejados lucros nos negócios
de produção das encomendas.
12
em 1964 e World Trade Center (New York), 410 m de altura, 110 andares, construído em
1972.
Quanto ao ferro é certo que dele se fundiu enquanto houve fábrica em Santo Amaro, nas
proximidades de São Paulo (as forjas da região de Biraçoiaba, anteriores a essa fábrica,
segundo alguns textos, e onde o ferro de início passava por prata, só surgiram, de fato,
mais tarde) entre 1607 e depois de 1620: era um ferro brando, mais brando que o de
Biscaia, talvez por menos temperado, segundo um papel que consta do Livro Primeiro do
Governo do Brasil. Cabe ao menos certa importância histórica ao engenho de Santo
Amaro, por ser, cronologicamente, o mais antigo de que há notícia no hemisfério ocidental,
embora ao de Jamestown, na Virgínia, se dê comumente essa primazia.
O minério de ferro foi identificado e explorado desde o século XVI, como atestam as atas
da Câmara de São Paulo. Sobre essas primeiras explorações, o Barão Eschwege dá
notícia, sem precisar, entretanto, o processo utilizado para a obtenção do ferro.
No século XVII temos referência a forjas em Santana do Parnaíba (São Paulo), Santo
Ângelo (Missiones), e do governador do Maranhão solicitando recursos para a instalação
de engenho de ferro, negado pela Coroa sob a alegação de que não convinha continuar a
manufatura dele, porque se o gentio o encontrasse com maior abundância no sertão,
instruídos pelos que fugissem da cidade, fácil seria fabricá-lo, o que é um grave dano ao
comércio do Reino, por ser o ferro a melhor droga que dele podia vir.
O ferro forjado produzido no Brasil, cuja destinação maior seria para utensílios, ferragens e
armas de fogo, além de não ultrapassar volume extremamente reduzido, devido à
dispersão da população, ainda era de qualidade muito baixa, com alto teor de carbono e
de escória, produzindo um ferro quebradiço e pouco maleável, de difícil estiramento.
Essa situação seria alterada somente com a vinda da Família Real, quando duas
ambiciosas empresas foram elaboradas, ambas com pesados investimentos estatais: o
intendente Câmara, em 1808, construiu altos-fornos em Serro Frio (Minas Gerais) e
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Varnhagen, na mesma época, procurou instalar uma grande siderúrgica em Ipanema
(Sorocaba), próxima às antigas instalações quinhentistas de Afonso Sardinha.
Mas, como o Barão de Eschwege observou, essas tentativas fracassaram pela fragilidade
do mercado local. Para este, as pequenas forjas eram mais do que suficientes.
A partir da metade do século, foram construídas várias estradas de ferro no país, para
servir essencialmente aos propósitos da exportação de produtos agrícolas. As linhas
construídas não eram locadas com os objetivos de facilitar os transportes de pessoas e
mercadorias, servir a rede urbana existente e promover o seu desenvolvimento. Visavam,
primordialmente, o escoamento da produção local para os portos de exportação. De
qualquer forma, desempenharam importante papel no desenvolvimento local. Foi o caso
das estradas de ferro que transportaram café, açúcar e algodão para os portos de Santos,
Rio de Janeiro, Recife, etc.
Bibliografia
14
2. DUCASSÉ, PIERRE, História das técnicas. Lisboa: Publicações Europa-
América,1962, p. 27-30
11. POUNDS, NORMAN J. G., Geografia do ferro e do aço. R.J.: Zahar Editores, 1966,
p. 12-3
13. POUNDS, NORMAN J. G., Geografia do ferro e do aço. R.J.: Zahar Editores, 1966,
p.14-5
15. SILVA, GERALDO GOMES DA, Arquitetura do ferro no Brasil. S.P.: Nobel, 1986,
p.13-4.
15
Capí
Capítulo II: Metalurgia Extrativa
Conceitos,
Conceitos, Divisão Básica
(hidrometalurgia, pirometalurgia e
eletrometalurgia)
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2.1- Processos de Extração e Recuperação
Pureza do Teor
metal no
Produto Final SELEÇÃO DO Metálico
PROCESSO
DE EXTRAÇÃO
Custo Mercado
da Energia Oferta/demanda
Disponibilidade de Combustível
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Todos os fatores mostrados no anterior quadro, participam de forma preponderante na
escolha da rota que será usada para a extração do metal. Os processos de extração
hidrometalúrgica são, em geral, mais lentos que os processos pirometalúrgicos e o custo
de reagentes é usualmente alto. No entanto, estes processos são ideais e econômicos no
tratamento de materiais com teores baixos de metal tal como minérios secundários e
resíduos industriais.
Os processos eletrometalúrgicos são usados para tratar soluções que contém uma alta
concentração do metal ou para o refino final de ânodos com alto teor metálico. Através
destes processos normalmente são obtidos produtos de alta pureza (cerca de 99,9 % de
teor metálico). Contudo, para preservar a economia global da produção industrial o uso
desta rota depende da disponibilidade de energia elétrica barata.
2.2- Pirometalurgia
a) Transferência de calor
b) Separações gás-sólido
c) Compactação de pós
d) Oxidação de fases sólidas
e) Oxidação de fases fundidas
f) Reações metalotérmicas
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OPERAÇÃO UNITÁRIA APLICAÇÃO
Extensas ilustrações do uso das primeiras cinco formas são encontradas nas indústrias de
produção de metais comuns tais como Fe, Cu, Pb, Sn, Ni, etc. A modo de ilustração, a
Figura 1.5 mostra um fluxograma simplificado em termos das operações e processos
unitários envolvidos na produção industrial de cobre.
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Deve-se observar que durante o desenvolvimento da metalurgia extrativa convencional, a
maior parte das operações e processos unitários pirometalúrgicos ocorriam seguindo o
esquema descontínuo ou em batelada. A tendência pirometalúrgica moderna, envolve,
cada vez mais, o desenvolvimento de processos contínuos e automatizados. Neste
sentido, a metalurgia de extração de cobre, por exemplo, tem experimentado significativas
inovações nas duas últimas décadas. Os processos contínuos oferecem enormes
vantagens, não só no sentido operacional (reduzindo etapas de processamento), mas
aumentando a eficiência dos processos com custos minimizados de transporte e
estocagem. Os aspectos de engenharia pirometalúrgica podem ser estudados com
detalhe no excelente texto Metallurgical Engineering de R. Schuhmann[16].
ALIMENTAÇÃO
(Matéria Prima + Reagentes + Resíduos)
TRATAMENTOS PRELIMINARES
1 (Preparação de Materiais para Redução)
2 SEPARAÇÃO DE METAIS
(Produção de Metais ou Fases, Impuros)
REFINO DE PRODUTOS
3 (Obtenção de Produtos Puros ou Refinados)
PRODUTO FINAL
2) Separação dos Metais - A etapa de separação dos metais envolve a liberação dos
metais a partir dos compostos presentes na matéria prima. Isto normalmente é realizado
aplicando processos de redução ou conversão, e em menor extensão através de oxidação
20
e decomposição térmica. Nesta etapa o metal pode ser produzido na forma sólida,
formando um líquido metálico ou na forma de vapor metálico.
O seguinte quadro mostra uma relação dos processos existentes nestes três grupos:
21
B) Freqüentemente aparece a necessidade de intercalar um processo ou operação
hidrometalúrgica ou de beneficiamento mineral, usualmente após a etapa de tratamentos
preliminares.
22
fácil redução do que os sulfetos, sulfatos ou carbonatos, sendo, conseqüentemente a
oxidação destes compostos uma fase necessária prévia à redução. De forma geral pode-
se estabelecer, que a conversão química é freqüentemente um processo de muita
utilidade na fase de preparação da matéria prima, para redução.
2.4 - Hidrometalurgia
23
temperatura, concentração de oxigênio e nutrientes). Nos exemplos anteriores, o pré-
tratamento do minério facilitará a extração do metal, seja, por exemplo, pela obtenção de
uma nova fase de mais pronta dissolução ou pela criação de acesso (porosidade) para os
reagentes na matriz sólida que contém o metal a ser lixiviado. A seletividade, em alguns
casos, é também melhorada.
As operações de lixiviação podem ser classificadas em dois grandes grupos: leito estático
e tanques agitados. O primeiro inclui a lixiviação in situ, em pilhas (de rejeito, estéril ou
minério) ou em tanques estáticos (vat leaching). Esta última, em desuso, foi utilizada até a
última década na mina de cobre de Chuquicamata, Chile. O segundo grupo compreende a
lixiviação em tanques agitados - abertos ou sob pressão. Seguem-se a essa etapa, as
operações de separação sólido-líquido (ciclonagem, espessamento e filtragem) para a
obtenção da fase aquosa ou licor (contendo o metal de interesse). A eficiência desta etapa
é determinante para a minimização das perdas de metal solúvel na polpa, que constituirá o
rejeito, e de consumo de água nova no processo. Por outro lado, as características dos
sólidos a serem descartados também serão determinantes nos custos de disposição do
rejeito e no risco potencial de impactos ambientais.
24
Ashanti e São Bento); níquel (lateritas, Votorantim Metais – VM, em Niquelândia); zinco
(minérios silicatados e sulfetados, VM em Três Marias e Juiz de Fora) e alumínio
(processos Bayer e Hall-Heroult, diversas usinas).
25
2.5 - Eletrometalurgia
Deve ser observado que a produção de metais por eletrofusão é de custo elevado devido a
que a extração deve ser realizada a partir de banhos purificados que não contenham
impurezas metálicas. Quando essas impurezas possuem um caráter eletroquímico mais
ativo (metais mais eletroativos) do que o metal desejado, elas serão có-precipitadas nas
células de eletrofusão comprometendo, assim, a pureza do produto final. Por essa razão,
na seqüência de produção industrial existe normalmente a necessidade de um
processamento prévio das matérias primas para a produção do composto puro que será
logo fundido para a obtenção do metal.
A Figura abaixo mostra um esquema típico de uma célula de eletrofusão tal como é
utilizada no processo industrial:
26
Pode-se observar, nesta figura, que a eletrólise de um banho de sais fundidos requer de
um recipiente, chamado de célula de reação, para conter o banho metálico ou de sais
fundidos, dispositivos para coletar o metal liquido produzido e um sistema de
alimentação de tensão elétrica formado por um catodo e um ânodo. Esta energia
elétrica é destinada a promover a decomposição do sal metálico contido no banho.
O banho metálico pode estar formado por um sal puro do metal ou uma mistura deste
sal com um sal de um metal mais reativo. Neste ultimo caso o banho metálico serve
como solvente do elemento metálico a ser recuperado.
Retificador
+ +
Anodo de Grafita Anodo de Aço
Crosta de Banho de
sal fundido sais fundidos
Banho metálico
Metal líquido - -
Bibliografia
27
3 DE OLIVEIRA B.F. , Avaliação Quantitativa de Processos de Produção de Alumínio
Primário sob Aspectos Energético e Ambiental, Dissertação de Mestrado
DEMET/UFMG, 1992
4. DENNIS W.H., Extractive Metallurgy; Philosophical Library Inc., New York, 1965,
Caps. 2 e 8
11. GIESTA, S., M., ALMEIDA, T., L., Teor de Fluoretos em Amostras de Pastagens no
Município de Rio Grande - RS, Revista Vetor, UFRS, Rio Grande, 5, 1995, p7-12.
13. FRANKE, et al. Soedeberg pot operation with tar free past. Light Metals, NY, 35, 233,
p1689-1692, Nov 1986.
15. MANTELL C.L., Electrochemical Engineering, McGraw-Hill Book Co., New York,
1960
28
Capítulo III: Metalurgia Extrativa dos
Metais
29
3.1- Cobre
3.1.1- ORIGEM
A palavra cobre é derivada cuprum, que significa metal da ilha de Chipre, onde foi
descoberto em estado natural durante a Antigüidade. Atualmente, é obtido apartir de
minérios, sendo os mais divulgados os minérios sulfurados. Existem minas na Inglaterra,
Rússia, Egito, Japão, Estados Unidos e Congo.
Dois destes minérios destacaram-se em primeiro plano:
- A calcopirita (Cu2S + Fe2S3) cujo teor em cobre é de 34,5 %,
- A calcosita (Cu2S) contendo cerca de 80 % de cobre.
Os minérios oxidados e carbonatados também são encontrados freqüentemente:
- A cuprita (Cu2O), óxido de cobre,
- A azurita (2 CuCo3), carbonato de cobre.
Uma observação geral deve ser feita sobre o local das jazidas de minérios de cobre: há
predominância de minérios oxidados na superfície, os minérios sulfurados
encontrando-se, pelo contrário, em profundidade.
3.1.2- HISTÓRIA
Pré-história, O cobre foi o primeiro metal conhecido pelo homem. Ainda que seja difícil
estabelecer a data na qual iniciou a ser utilizado, se tem uma primeira evidencia do seu
uso entre os anos 8000 e 4000 a.C. Idade de Bronze, A obtenção do metal combinado
com outros elementos, foi muito mais tarde, mais ou menos nos anos 3500 a.C., talvez
provindo de um contato acidental do fogo com algum tipo de mineral cúprifero. O
homem não tardaria em notar que da combinação do cobre e o zinco (Zn) se obtinha uma
sustância muito mais resistente e de maior utilidade para a fabricação de
ferramentas, armas e os mais diversos utensílios. A sim surgiu a primeira liga conhecida
que deu seu nome a uma época da historia da Humanidade: A idade de bronze. Idade
Média, Durante a idade media seguiu-se utilizando o cobre, e em especial suas ligas, em
incontáveis aplicações, em cabe destacar a fundição de
grandes canhões e sinos. Idade Moderna, Nos tempos modernos, a eletricidade
deu um marco no principio da utilização do cobre em grandes quantidades, devido a suas
características especiais, que fazem dele idôneo como material básico
para a condução desta energia.
Sua utilização de forma massiva, tal como hoje é conhecido, teve começo de
desenvolvimento nas suas múltiplas aplicações a principio do século XX.
Século XX, No último século, o cobre se converteu no material básico aí a onde a
eletricidade e necessária, ou seja, praticamente na totalidade das atividades industriais
e domésticas.
É pelo calor que são geralmente tratados o minério de cobre, mas a par da
termometalurgia, existe um processo de extração eletrolítico. Antes de se submeter aos
diversos tratamentos térmicos, os minérios são submetidos a uma preparação
mecânica que tem por objetivo enriquecer aqueles, eliminando a ganga, isto é, todos os
elementos não contendo metal ou em quantidade insuficiente para merecer um tratamento
térmico. Entre estas operações, citam-se a moagem, a lavagem e a flotacão. Neste último
método, o metal é pulverizado na presença de um óleo que
só envolve os elementos sulfurados. O conjunto é em seguida colocado na água: os
elementos sulfurados envolvidos no óleo flutuam, enquanto que a ganga afunda.
30
3.1.4. EXTRAÇÃO DO COBRE
Primeira operação:
- Calcinação:
Os minérios sulfurados sofrem uma calcinação que elimina os elementos voláteis e
prepara a eliminação do enxofre, combinando este com o cobre. Os minérios oxidados são
tratados num forno especial chamado Water Jacket no qual o oxigênio do
minério é reduzido. Este forno possui paredes de alvenaria que são revestidas de camisas
metálicas com circulação hidráulica, com o objetivo de aumentar sua duração.
Por um processo complexo, o enxofre e o oxigênio são eliminados formando um gás
sulfuroso SO2 (adicionado com água é recuperado para a fabricação de
ácido sulfuroso). O cobre é então extraído sob uma forma ainda impura chamada massa
cúprica. A operação é exotérmica. Cu 40 a 50 %
Segunda operação:
Terceira operação:
- Refinação:
1ª Refinação térmica D: O cobre em bruto também pode ser refinado como os aços, em
fornos de atmosfera oxidante. Os metais mais raros que o cobre (ouro, prata, selênio)
subsistem, no entanto no metal, que pode ter, se a afinação for bem feita, propriedades
comparáveis as do cobre eletrolítico.
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3ª Cobre OFHC (isento de oxigênio e de alta condutividade): Este metal é obtido por fusão,
depois pela desoxidação dos cátodos obtidos por eletrólise e por fim
fundido sob atmosfera redutora. Pode conter até 99,995 % de cobre, e torna-se então
excelente condutor de corrente elétrica e adere perfeitamente ao vidro.
3.1.5. PROPRIEDADES
a) Físicas:
Aspecto: metal de bonita cor rosa avermelhado.
Densidade: 8,9 kg/dm3.
Ponto de fusão: 1083 ºC.
Resistividade elétrica: 0,0171 mm2/m (cobre + 0,04 %O2).
Coeficiente de dilatação a 20 ºC: 16,5.10-6 por ºC.
b) Químicas:
A água pura não exerce ação nenhuma sobre o cobre, qualquer que seja a temperatura. A
temperatura comum, o ar úmido provoca a oxidação do cobre. Há a formação de uma
camada superficial de vedete que protege o metal de um ataque em profundidade. O cobre
é atacado por todos os ácidos.
c) Mecânicas:
Variam muito, segundo o estado do metal. O cobre é dúctil e maleável a frio, contudo, este
trabalho leva a um estiramento intenso que se pode fazer desaparecer.
32
3.2- Ouro
3.2.1- INTRODUÇÃO
Entre todos os metais é o ouro o mais desejado pelos homens, tendo sido, desde os
primórdios da história, um dos responsáveis pela conquista de terras e por muitos
combates que levaram a extinção total ou quase total de inúmeros povos.
Pode-se ainda dizer que exerceu o ouro um papel muito importante na evolução de
ciências como a Química. De fato, a preocupação dos alquimistas da Idade Média em
transformar os metais básicos ou deles extrair o ouro, e mesmo em encontrar o elixir da
vida e a fonte da juventude através da dissolução do metal em várias substâncias, levou a
detecção de muitas fórmulas e processos químicos. A primeira descoberta de ouro perde-
se na antigüidade, envolta em lendas e relatos históricos. Segundo Boyle (1979), alguns
autores citam Cadmus, o Fenício, como o seu descobridor. Outros mencionam Thoas
como o tendo encontrado nas Montanhas da Trácia. Na mitologia grega, Mercúrio, filho de
Júpiter, é dado como o seu criador.
Os primeiros objetos de ouro devem Ter sido fabricados diretamente do metal nativo. Mais
tarde, em meados do primeiro milênio antes de Cristo, passou-se a utilizar um método de
purificação e, quase ao mesmo tempo, o processo de fabricação de ligas de ouro com
prata e cobre passou a ser usado.
Ainda por volta de 1.000 a.C., descobriu-se que o mercúrio apresentava a faculdade de
aderir ao ouro, nascendo, assim, a amalgamação, ainda hoje muito empregada no
tratamento de minérios auríferos. A extração de ouro a partir de sulfetos, através da fusão
do minério adicionando-se sílica, era utilizada pelos antigos gregos e romanos, assim
como o emprego de sal e ácidos para separar o ouro e a prata.
3.2.2. APLICAÇÕES
A maior parte do ouro produzido em todo o mundo é absorvido pelos próprios estados,
para cunhagem de moeda e principalmente para reservas bancárias como garantia de
equilíbrio nas transações comerciais internacionais. Estima-se que mais de metade de
toda a produção mundial de ouro tenha este destino.
33
de contato. Também se utiliza ouro em ligas destinadas a próteses dentárias, contatos
elétricos, equipamento químico, fotografia, etc.
3.2.3. PROCESSOS
A definição da rota tecnológica para o tratamento dos minérios visando a extração de ouro
inclui fatores econômicos e técnicos. Destacam-se, entre estes, as características
mineralógicas da matriz e algumas propriedades física e química do metal, em última
instância, delimitam o conjunto de operações passíveis de serem utilizadas no
processamento, dentre a quais destacam-se:
3.2.4- MÉTODOS
Ustulação: visa atingir dois objetivos fundamentais: Liberação do ouro, pela modificação da
estrutura cristalina dos minerais, produzindo composto porosos e remoção das espécies
interferentes (cianícidas).
Fornos utilizados: Forno horizontal de soleira única , do tipo Edwards:
Forno vertical de soleira múltipla , do tipo Wedge e
Fornos de leito fluidizado.
APLICAÇÕES DE BIOTECNOLOGIA
Os danos maiores causados à ecologia ocorrem nos garimpos de ouro , hoje os maiores
responsáveis pela poluição com mercúrio das águas e leitos de rios. No entanto, quanto as
empresas de mineração de grande porte, há uma preocupação com a adequação dos
34
efluentes líquidos e gasosos e dos rejeitos sólidos com os padrões ambientais vigentes .
Alguns desses projetos chegam a ser modelos mundiais
3.2.5- MERCADO
a) PRODUÇÃO INTERNA
35
O Brasil é o sétimo produtor mundial de ouro, produz cerca de 70 toneladas por ano,
aproximadamente 12% da produção da África do Sul, maior produtor mundial. A história da
produção mundial teve início em 1552 e o país chegou a ser o maior produtor mundial no
século XVIII. Estima-se que a produção total, desde as primeiras descobertas, seja
superior a 2.500 t.
A partir da segunda metade da década de 70 tem sido intensa a atividade de pesquisa de
ouro no Brasil. Entre 1982 e 1993 foram investidos US$ 653 milhões nessas pesquisas, ou
45% de todas as inversões em exploração mineral no país, no mesmo período.
As condições geológicas favoráveis para a ocorrência de ouro no Brasil, cujo potencial
estimado é superior a 30 mil toneladas, indicam uma excelente perspectiva para o
crescimento da mineração deste metal. Aprovada a emenda constitucional encaminhada
recentemente ao Congresso, demovendo os obstáculos ao investimento estrangeiro na
mineração, espera-se um novo ciclo de investimento na mineração de ouro no país.
Do ponto de vista econômico, a perspectiva é considerada altamente favorável. Estudo
realizado em 1991, com o objetivo de avaliar o potencial econômico da exploração de
ouro, conclui que o investimento na mineração de ouro no Brasil é particularmente atrativo,
apresentando rentabilidade superior a projetos similares na Austrália e no Canadá.
b) CONSUMO INTERNO
Desde 1996, após o advento da Lei Kandir - que promoveu a desoneração das
exportações de produtos primários e semi-manufaturados, a maior parte do ouro produzido
pela mineração brasileira vem sendo exportada como mercadoria, nas formas bruta ou
semi-manufaturada, sem maior valor agregado.
3.3- Zinco
O zinco é encontrado em todo o meio ambiente (ar, água e solo). No corpo humano,
quecontém de 2 a 3 gramas de zinco, ele é essencial para o bom funcionamento dos
sistemas imunológico, digestivo e nervoso, pelo crescimento, controle do diabetes e os
sentidos do gosto e do olfato.
O zinco caracteriza-se pela sua alta resistência à corrosão, o que permite o seu emprego
como revestimento protetor de vários produtos. Sua grande facilidade de combinação com
outros metais permite o seu uso na fabricação de ligas, principalmente os latões e bronzes
(ligas cobre-zinco) e as ligas zamac (zinco-alumíniomagnésio).
36
Seu baixo ponto de fusão facilita a moldagem em peças injetadas e centrifugadas. Seu
baixo ponto de ebulição facilita a sua extração e refino e, por ser bastante maleável entre
100 e 150°C, pode ser laminado em chapas e estirado em fios.
Pela sua propriedade anticorrosiva, o zinco tem larga aplicação na construção civil, na
indústria automobilística e de eletrodomésticos, destacando-se o seu uso na galvanização
como revestimento protetor de aços estruturais, folhas, chapas, tubos e fios por meio da
imersão ou eletrodeposição. As ligas para fundição (Zamac) são utilizadas em peças
fundidas, eletrodomésticos, indústria de material bélico e automobilístico. Os latões e
bronzes (ligas cobre-zinco com teores de zinco entre 5,0 e 40,0%) são usados em
acessórios elétricos e várias outras aplicações. Os laminados têm como principal campo
de aplicação às pilhas e baterias. O óxido e pó de zinco são usados em produtos químicos
e farmacêuticos, cosméticos, borrachas, explosivos, tintas e papel. O zinco é também
utilizado como anodo para proteção catódica do aço ou ferro.
3.4 – Níquel
O níquel é um metal branco-prateado, dúctil, maleável, peso específico 8,5 g/cm3, dureza
escala de Mohs 3,5; tem seu ponto de fusão em aproximadamente 1.453º C, calor de
fusão 68 cal/g, peso atômico 58,68, possuindo grande resistência mecânica à corrosão e à
oxidação; o sistema de cristalização é isométrico; número atômico 28. Os minerais de
níquel são: os sulfetos (milerita e pentlandita (FeNi9S8), que se apresentam associados a
outros sulfetos metálicos em rochas básicas, freqüentemente acompanhados de cobre e
cobalto. O sulfeto é o principal mineral utilizado, contribuindo com mais de 90% do níquel
extraído. O outro mineral é a garnierita ou silicato hidratado de níquel e magnésio, que se
encontra associado às rochas básicas (peridotitos), concentrando-se por processos de
intemperismo nas partes alteradas, onde forma veias e bolsas de cor verde maçã).
37
O nome níquel deriva de “kupfernickel”, referência dada a nicolita pelos mineiros alemães
quando a identificaram no século XVII. Antes da era cristã, o metal já era utilizado. Moedas
japonesas de 800 anos A.C. e gregas de 300 anos A.C. continham níquel, acredita-se que
seja uma liga natural com o cobre. Nos anos 300 ou 400 A.C. fabricavam-se armas que
possuíam ferro meteorítico, com conteúdo de níquel variando de 5 a 15%. Em 1751, Axel
Frederich Cronstedt descreveu que havia detectado níquel metálico e, em 1755, o químico
sueco Torbern Bergman confirmou seu trabalho. O minério teve pouca importância real na
economia industrial até 1820, quando Michael Faraday, com a colaboração de seu
associado Stodard, foram bem sucedidos fazendo uma liga sintética de ferro-níquel, sendo
o início da liga níquel-aço que tem uma grande contribuição para o desenvolvimento
industrial do mundo.
O metal é muito usado sob a forma pura, para fazer a proteção de peças metálicas pois
oferece grande resistência à oxidação. Suas principais aplicações são em ligas ferrosas e
não-ferrosas para consumo no setor industrial, em material militar, em moedas, em
transporte/aeronaves, em aplicações voltadas para a construção civil e em diversos tipos
de aços especiais, altamente resistentes à oxidação, como os aços inoxidáveis, bem como
em ligas para o fabrico de imãs (metal Alnico), em ligas elétricas, magnéticas e de
expansão, ligas de alta permeabilidade, ligas de cobre-níquel, tipo níquel-45, e em outras
ligas nãoferrosas.
3.5 – Estanho
3.5.1- INTRODUÇÃO
O estanho, de símbolo Sn, é um elemento metálico usado pelos humanos há eras. Ele
ocupa o grupo 14 ou IVa da Tabela Periódica, e tem número atômico 50 (o que o coloca
na família dos Metais Representativos).
38
Estanho tem sido encontrado em tumbas no Egito e foi exportado para a Europa em
grandes quantidades a partir de Cornwall, Inglaterra, durante o período romano. Os
antigos egípcios consideravam o estanho e o chumbo como formas diferentes do mesmo
metal.
39
3.5.4. PRINCIPAIS LIGAS
As ligas de estanho mais comuns são o bronze (estanho e cobre), a solda (estanho e
chumbo), e estanho, chumbo e antimônio (metal patente). Também é usado em liga com o
titânio na indústria aeroespacial.
A solda é uma liga particularmente interessante na elétrica e eletrônica, usada para união
e remendo de metais. Na eletrônica, a solda é usada para unir componentes eletrônicos a
placas de circuito impresso ou fios. As soldas são comumente classificadas como macias
ou duras, dependendo dos seus pontos de fusão e resistência mecânica. As soldas
macias, como as usadas em eletrônica, são ligas de estanho e chumbo, algumas vezes
com adição de bismuto; as soldas duras são ligas de prata, cobre e zinco (solda prateada)
ou cobre e zinco.
3.5.5. APLICAÇÕES
40
3.5.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
3.6 – Chumbo
3.6.1- INTRODUÇÃO
3.6.3 – HISTÓRICO
O chumbo está sendo usado pelos humanos por, pelo menos, 7000 anos, porque era (e
continua sendo) muito difundido na natureza e de fácil extração. Também é fácil de ser
trabalhado por ser altamente maleável, ductil e de baixo ponto de fusão.
O chumbo foi mencionado no "Livro do Exodus". A peça mais antiga de chumbo
descoberta pelos arqueólogos data de 3800 a.C. e, está guardada no Museu Britânico. Por
volta de 3000 a.C. há evidências que os Chineses já produziam este metal. Há indícios,
também, que os fenícios exploravam o chumbo em 2000 a.C. Encanamentos de chumbo
com as insígnias de imperadores romanos, de 300 a.C, ainda estão em serviço. Os
alquimistas achavam que o chumbo era o mais velho dos metais e associavam este metal
ao planeta Saturno. A partir de 700 d.C. os alemães iniciaram a exploração deste metal,
41
juntamente com a da prata, nas minas existentes nas montanhas de Hartz, no vale do vale
do Reno e na Boêmia a partir do século XIII. Na Grã-Bretanha, a partir do século XVII,
principalmente nas regiões de Derbyshire e Gales as indústrias de fundições deste metal
prosperaram.
O símbolo “Pb” do chumbo é uma abreviatura do nome latino “plumbum”.
3.6.5- PRECAUÇÕES
42
Keisch, B., Feller, R. L., Levine, A. S., and Edwards, R. R.: Dating and Authenticating
Works of Art by Measurement of Natural Alpha Emitters. In: Science, 155, No. 3767, p.
1238-1242, 1967.
Keisch, B: Dating Works of Art Trough their Natural Radioactivity: Improvements and
Applications. In: Science, 160, p. 413-415, 1968.
Keisch, B: Discriminating Radioactivity Measurements of Lead: New Tool for
Authentication. In: Curator, 11, No. 1., p. 41-52, 1968.
Klaassen, C.D. – Casarett & Doull´s Toxicology – McGraw-Hill, 2001
3.7 – Manganês
3.7. 1 - INTRODUÇÃO:
O termo manganês deriva do Latim “magnes” (magnético), devido a sua semelhança com
o Cromo e o Ferro. Também do francês manganèse ) ou, mais raramente manganésio
(designação preterida pela sua semelhança com o magnésio).
Quase todos os depósitos brasileiros foram descobertos ao acaso, por leigos que
despertaram o interesse de alguma companhia.
A literatura cita mais de 125 minerais de manganês. Porém, os mais comuns, e que
constituem minerais de minério, não ultrapassam 15.
43
A classificação química dos mais importantes minerais de manganês é a seguinte:
Rodonita MnSiO3
Piroxmangita MnSiO3
Tefroíta Mn2SiO4
Espessartita Mn3Al2Si3O12
Braunita (Mn,Si)2 O3
Bementita (Mn,Mg,Fe)6Si4(O,OH)18
Neotocita (Mn,Fe)SiO3.nH2O
Rodocrosita MnCO3
Alabandita MnS
44
O uso do manganês vem desde a Antigüidade. Se tem encontrado empinturas rupestres
dióxido de manganês tintura de coloração negra. A presença do manganês no minério de
ferro usado pelo Spartans pode ser um dos motivos da superioridade de suas armas de
aço em relação as de seus oponentes. Os egípcios e os romanos utilizavam minério de
manganês na fabricação de vidros para conferir-lhes coloração rósea ou purpúrea.
No meio do século XVII, o químico alemão Glauber obteve permanganato, o primeiro sal
de manganês utilizável. Somente em 1771, o manganês foi classificado quimicamente
como elemento pelo químico sueco Scheele.
45
3.7.3 - Usos e Aplicações
Siderurgia
Industria elétrica
Indústria do vidro
46
Estoque em área coberta
12 SILOS
Coque e Carvão
Escóri QUART Min. Calcário Carvão Minério SINT
a ZO Mn e de ER
Matéria Céu Controle de
aberto
Minérios
e
Escórias
ENERGIA
Despoeirament Armazenage
Venda
REDUÇÃO
Forno R1
Fornos R2 e R3
Fechado
Abertos
Estocagem de EXPEDIÇÃO
ESTOQUE Britagem e ferro-ligas
Lingotament
Peneiramento
Controle de Controle
PRODUT PRODUT
Britagem de
O FINAL
(CQ) Expedição
2 Peneiras (CQ)
47
3.7.5. - BIBLIOGRAFIA
SERFATY, Abraham. Perfil Analítico do Manganês. Brasília: DNPM, 149p. il. (BRASIL.
Departamento Nacional de Produção Mineral. Boletim 37), 1976.
3.8- Alumínio
A história do alumínio, como hoje o conhecemos, é recente. Ele surgiu quando a Alcoa
nasceu, em 1886, com o primeiro processo de transformação do alumínio em quantidade.
Há mais de 7 mil anos, os ceramistas da Pérsia faziam seus vasos de um tipo de barro
contendo óxido de alumínio – o que hoje conhecemos como alumina. Em 1808, o senhor
Humphrey Davy provou a existência do alumínio, dando-lhe este nome. Logo depois, o
físico alemão Hans Christian Oersted se encarregou de produzir pequenas quantidades do
metal.
Outros melhoraram seu processo até 1869, quando duas toneladas de alumínio foram
produzidas. Isso baixou seu custo de $545 para $17 o grama, quase o mesmo valor da
prata. Um preço razoável, tanto é que serviu para ornar a mesa da Corte Francesa, a
coroa do rei da Dinamarca e a capa do Monumento de Washington.
Mas foi preciso uma grande quantidade, por um preço de produção muito baixo, para
colocar o alumínio como um metal de primeira categoria. É aí que a Alcoa começou, em
1886.
48
Em meados de 1880, o alumínio era um metal semiprecioso, mais raro que a prata. Na
Oberlin College de Ohio, o professor Frank Jewett mostrou a seus estudantes de Química
um pequeno pedaço de alumínio e disse a eles que quem conseguisse descobrir um modo
econômico de se obter este metal ficaria rico.
Um de seus estudantes, Charles Martin Hall, já vinha fazendo experimentos com minérios
desde os 12 anos de idade, num laboratório improvisado. Depois de formado, continuou
seus experimentos. Aprendeu como fazer óxido de alumínio – alumina. Em 1886, ele
colocou num recipiente um banho de criolita contendo alumina e passou uma corrente
elétrica. O resultado foi uma massa congelada que ele trabalhou com martelo. E então,
várias partículas de puro alumínio se formaram, dando origem a um dos metais mais
usados pela indústria na história.
3.8.2.1- Emissividade:
O alumínio líquido tem baixa emissividade, o que explica o fato do alumínio, ao contrário
do aço, não mudar de cor quando aquecido. Alumínio superaquecido não pode ser
detectado visualmente e altas temperaturas aumentam em muito sua atividade química e
os riscos de projeções.
O alumínio líquido tem baixa viscosidade ou alta fluidez, o que lhe permite fluir facilmente
através de pequenas aberturas e fissuras, mesmo com baixa pressão de vazamento.
O alumínio tem um elevado calor de fusão. Esta é a linguagem técnica para explicar
porque grandes quantidades de calor são liberadas quando uma unidade de peso de
alumínio passa do estado líquido para o estado sólido. O alumínio contrai cerca de 12%
em seu volume, quando passa do estado líquido para o estado sólido. Quando da sua
solidificação, há a tendência dele aderir-se firmemente aos materiais que encontra,
incluindo a pele humana.
Devido à alta liberação de calor e aderência, as queimaduras provocadas pelo alumínio
tendem a ser profundas, de lenta cicatrização e extremamente dolorosas.
O alumínio líquido é um material altamente reativo. Sua atividade aumenta com a elevação
da temperatura. Combina quimicamente com muitas substância liberando grande
quantidade de energia e calor. O alumínio é adicionado a combustíveis de foguetes e
explosivos para aumentar a liberação de energia.
O alumínio líquido transforma-se facilmente em óxidos de alumínio, em reações
com uma grande variedade de materiais que contém oxigênio. De particular interesse são
os contaminantes presentes no alumínio ou adicionados ao alumínio durante a fusão, tais
como:
49
• Óxido de ferro (ferrugem), óxido de cobre, outros óxidos de metais pesados e,
também, o óxido de cálcio (cal hidratada).
É de grande importância observar-se a magnitude da liberação de energia quando da
transformação do alumínio em óxido de alumínio, onde se nota que, em um quilo de
alumínio, a energia liberada nesta reação é cerca de três vezes àquela liberada por um
quilo de trinitrotolueno (TNT).
Deve-se observar, entretanto, que o óxido de alumínio formado na reação entre alumínio e
o oxigênio do ar ou de outras fontes, imediatamente cobre e protege a superfície do metal
alumínio. A oxidação não prossegue, a menos que a temperatura na zona de reação
exceda o ponto de fusão do óxido de alumínio (cerca de 2050 oC), onde o óxido líquido
não mais atua como proteção. Se isto não ocorresse, o alumínio não poderia ser fundido
em fornos convencionais.
É mais alta do que qualquer outro metal, exceto o Cobre. Porém se compararmos na base
de peso, sua condutibilidade elétrica é o dobro da condutibilidade elétrica do cobre.
A boa resistência do metal aos agentes corrosivos, decorre de sua capacidade de reagir
rapidamente com o oxigênio do ar, formando uma película protetora de óxido.
3.8.4- APLICAÇÕES
O óxido que rapidamente se forma à superfície do metal puro torna o metal ideal para
muitas aplicações de decoração. Devido à sua elevada condutividade elétrica, ductilidade
e baixa massa atômica, é freqüentemente utilizado para linhas de transmissão elétricas. O
metal tem também sido utilizado no revestimento de espelhos de telescópio, bem como na
fabricação da chamada folha de alumínio, utilizada na embalagem de alimentos. Puro, o
metal tem uma resistência mecânica limitada, sendo portanto geralmente usado em ligas
com cobre, magnésio, silício, zinco, titânio e boro que apresentam uma vasta gama de
propriedades mecânicas. Estas ligas são usadas na construção civil, estrutura de aviões e
50
de automóveis, sinais de trânsito, dissipadores de calor, depósitos de armazenamento,
pontes e utensílios de cozinha. Atualmente a utilização do alumínio na produção de
embalagens de refrigerantes e cervejas , demonstra a viabilidade e a necessidade de fazer
a reciclagem do produto.
3.8.5- PROCESSOS
O processo quase que universalmente usado para a produção da alumina para uso
metalúrgico é o chamado “processo Bayer”, que emprega como matéria prima a bauxita.
A bauxita é uma rocha quase sempre friável, que contém óxidos hidratados de alumínio,
sílica, óxidos de ferro, de titânio e outros. Nas bauxitas brasileiras, o principal mineral
portador de alumínio é a gibsita ou alumina tri-hidratada – Al2O3 . 3H2O.
A gibsita é bastante solúvel em soda cáustica, enquanto que os demais óxidos contidos
nas bauxitas são pouco solúveis ou mesmo insolúveis. Assim, atacando-se a bauxita por
soda cáustica em condições bem determinadas de concentração e de temperatura, a
gibsita se dissolve, passando à forma de aluminato de sódio:
Assim, recupera-se a alumina hidratada contida no minério original que é levada para
eliminação dos resíduos de solução cáustica da sua superfície, e, a seguir, submetida à
secagem e à calcinação. Nesta última etapa, ocorre a eliminação da água de cristalização:
Al2O3γ Al2O3α ( 4 )
51
por oclusão ou adsorção ao hidrato sólido, produzido na hidrólise ( eq. 2 ) e ainda, através
de vazamentos, arrastamento para a atmosfera, etc.
A bauxita recebida em bruto, tem granulometria variada. Para uma boa execução do
ataque pela solução cáustica ( digestão ), fez-se sua britagem em britador de martelos,
seguida de moagem úmida em moinhos de barras.
3.8.6.2- Pré-Dessiliciação
Assim preparado, o minério moído, em polpa a 50% de sólidos com a solução cáustica, é
mantido, durante algumas horas, a uma temperatura da ordem de 850 C para promover a
dissolução do ferro e a re-precipitação da sílica reativa. Esta reação é necessária para que
a sílica não vá precipitar-se depois sobre a alumina hidratada, na hidrólise, contaminando
o produto.
3.8.6.3- Digestão
3.8.6- Calcinação
52
O hidrato filtrado é introduzido em fornos rotativos, onde é submetido a temperaturas
crescentes de 2000 C na zona fria do forno, até cerca de 11000 C na zona quente. Este
aquecimento provoca a evaporação da umidade superficial do hidrato ( secagem ) e sua
posterior desidratação ( eq. 3 ). Atingida a temperatura de 11000 C, tem lugar, a reação de
conversão parcial de Al2O3 em Al2O3 , que é exotérmica.
Alguns aditivos, todos compostos de flúor ( Al, Ca, Li ), podem ser introduzidos no
processo, visando atuar no ponto de fusão do banho eletrolítico.
53
elétrica pelo banho, de uma parte por meio de um eletrodo em contato com o cadinho de
carbono, que contém a criolita, e, de outra parte, por meio de outro eletrodo de carbono
introduzido no banho.
Figura de Demonstração
Entretanto, algum metal sempre se dissolve no eletrólito e pode ser conduzido próximo ao
anodo, sendo então, re-oxidado, de acordo com a seguinte reação:
Esta reação gera perda de eficiência no processo e maior consumo de eletrodo (anodo).
Além desta, inúmeras outras reações secundárias ( com eletrólito, aditivos, etc. ) tomam
parte no processo, cujos detalhes termoquímicos ainda são perfeitamente conhecidos.
54
Os consumos característicos do processo, para cada tonelada de metal produzido são:
* Alumina 1900 ~ 2000kg
* Carbono ( anodo ) 490 ~ 520kg
* Fluoretos ( criolita, etc.) 30 ~ 50kg
* Energia Elétrica 14000 ~ 17000kwh
O metal produzido, que se deposita “como resíduo” no catodo, deve ser retirado por meio
de um sistema de sifonagem, já que a célula é totalmente vedada.
Células Eletrolíticas
• catodo, que é uma carcaça de aço isolada, revestida internamente com blocos de
carbono pré-recozido (antracito ), no fundo e nas laterais do catodo, apoiados em
tijolos refratários e isolantes;
• anodo, que fica suspenso sobre o catodo, e parcialmente submerso no banho, é
sustentado pela superestrutura² . Existem 2 tipos básicos, que por sua vez
caracterizam o tipo de célula eletrolítica:
• Pré-cozido ( Prebake ), constituídos de blocos de carbono e
• Auto-cozido ( Soderberg ), constituído de pasta anódica. A corrente elétrica passa
pelos pinos, atravessa o carbono do anodo, entra no banho eletrolítico para
decompor a alumina, vai ao leito de metal fluido, daí, para o carbono do catodo e sai
por barras coletoras (de aço), nele engastadas.
• sistema elétrico necessário para operar as células parte da estação retificadora,
onde se origina a corrente contínua, que é levada às células por meio de
barramentos de alumínio.
As células são ligadas em série, ou seja, o barramento sai do catodo de uma e vai para o
anodo da outra, assim sucessivamente, até chegar de volta, para fechar o circuito.
55
² a superestrutura tem o propósito de proporcionar um suporte (através de macacos mecânicos) no qual o
anodo possa ficar adequadamente suspenso, podendo ser levantado ou abaixado de acordo com as
necessidades próprias de operação da célula.
O grande consumo de energia elétrica é uma das características marcantes do processo
eletrolítico de obtenção do alumínio. O desenvolvimento da indústria do alumínio primário
enfoca principalmente esse aspecto, que tem inviabilizado a produção do metal em vários
países do mundo.
Eletricamente, duas grandezas são envolvidas: a corrente de linha, que é a mesma para
todas as células e fixada por projeto e a voltagem das células, que é uma característica
individual de cada célula e que muda de uma para outra.
O rendimento energético de uma célula eletrolítica varia de 37,0 a 45,0%, mas a variável
mais usada na avaliação do desempenho de uma linha de produção é chamada eficiência
de corrente, baseada nas leis de Faraday. Sua faixa de variação situa-se entre 85,0 e
92,0%.
3.9.2- FUSÃO
Alguns fornos são carregados pelo topo, caso em que a carga cai diretamente dentro do
metal líquido, que está dentro do forno, ou sobre uma carga ainda não líquida do metal.
Alguns fornos são carregados ao nível do chão, através de portas laterais.
Em algumas fábricas , o alumínio é fundido primeiro em um forno ( forno de fusão) e
transferido para um segundo forno ( for no de espera) para os ajustes de composição,
fluxação e controle adequado da temperatura antes do vazamento.
Na indústria do alumínio secundário, são usados fornos rotativos para fundir sucata
secundária, material leve e borra. Nestes fornos , o metal recuperado na parte inferior de
uma camada líquida de sal protetora, a qual também serve para separar os óxidos
metálicos do metal líquido.
Para vazamentos com resfriamento direto do lingote, placa ou tarugo, o alumínio líquido é,
normalmente, transferido por gravidade do forno de fusão para o de espera e, deste, para
o molde.
56
O sistema pode possuir controle de vazão e de nível de metal líquido. Este controle pode
ser realizado manualmente por tampões controladores de níveis , válvulas e bombas
especiais.
Para remover o hidrogênio dissolvido, o metal líquido pode ser tratado no forno com um
agente fluxante. A desgazeificação (remoção de hidrogênio) pode , também ser realizada
por sistema denominado “em linha”, quando o metal flui do forno para o equipamento de
fundição. Os dispositivos em linha, que utilizam princípios de filtração de flotação, são,
também utilizados para remover inclusões do líquido.
O metal líquido pode também ser movimentado de um forno para outro ou para um
equipamento de fundição por meio de cadinhos ou panelas. Quando a distância é tal, que
possa ocorrer excessivo resfriamento, o metal é transportado através de recipientes
isolados, por meio de caminhões, dentro da fábrica ou nas vias públicas.
3.9.4- VAZAMENTO
3.9.5- BIBLIOGRAFIA
www.abal.com.br
www.dnpm.gov.br
57
Capítulo IV
IV: BALANÇO DE MASSA
58
4.1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Para lidar com o balanço de massa é necessário lidar com alguns conceitos fundamentais:
- Numero de moles;
- equação de gás ideal;
- estequiometria de reações químicas
4.2- MOL
Sua definição precisa é: “ O número de átomos contido em exatamente 12g de gás C12 é
chamado o número de Avogadro, N ( N=6,02 x 1023). Um mol é a quantidade material que
contém o número de avogadro de partículas.”
Este cálculo é adequado para compostos ou elementos sólidos ou líquidos que são
facilmente pesados. Entretanto, para gases não é usual ter-se a massa, normalmente a
quantidade de um gás é medida em termos de volume. Desse modo, torna-se importante
desenvolver uma maneira de calcular o número de moles de um gás a partir de seu
volume. Para tal é necessário conhecer a lei de gás Ideal
Para gases a equação de estado é a mesma, isto é devido ao fato de que no estado
gasoso, as moléculas são essencialmente independentes uma das outras o que por isso a
natureza das moléculas individuais não afeta o comportamento do gás com um todo. Essa
independência caracteriza o chamado gás Ideal e ela é real para gases a baixa pressão e
altas temperaturas (que é normalmente o caso da metalurgia). A baixas temperaturas e
altas pressões começam a ocorrer desvios do comportamento ideal.
59
PV = nRT
P: Pressão ( atm)
V: Volume do gás( litros)
N: Nº de moles
R: Constante universal dos gases = 0,082054 atm.l.K-1.mol-1
T: Temperatura (K)
A equação acima é chamada de equação do gás ideal, onde pode ser notado que é uma
expressão genérica que independe do gás considerado.
O Volume de gás medido nas condições normais é normalmente precedido pela letra “N”.
Assim 1 Nm3 significa 1 m3 de gás medido nas condições de 1 atm a 0ºC
Exemplo: Calcular o volume ocupado por 1 mol de gás nas condições normais.
Um ponto importante a ser destacado é que volume igual de gases, medidos nas mesmas
condições, contém o mesmo número de moles.
nt= n1+n2+n3+.........
ni
Xi =
nt
60
%i
Xi =
100
As pressões parciais são relacionadas de modo simples com as frações molares dos
gases. Tem-se:
Pi = Xi * P
Os volumes molares são relacionados de modo simples com as frações molares dos
gases. Tem-se:
Vi = Xi * V
Solução:
Para o ar seco tem-se : %O2 = 21 - % N2 = 79
Assim:
Consequentemente:
PO 2 * V 0,21 * 1000
no 2 = = = 9,375moles
RT 0,0820504 * 273
PN 2 * V 0,79 * 1000
nN 2 = = = 35,267moles
RT 0,0820504 * 273
As expressões obtidas até agora permitem que se formule uma relação genérica para
cálculo do número de moles de um gás contido num dado volume. Tem-se:
%i 1
3 *
ni = V (Nm ) *1000* 100 22,4
61
4.1.3- ESTEQUIOMETRIA DE REAÇÕES QUÍMICAS
A definição de mol para abordar alguns problemas simples relativos a reações químicas.
Para tal, será escolhido uma reação química de grande importância na metalurgia: a
reação de queima do carbono com oxigênio produzindo monóxido de carbono,
representado abaixo:
A equação para a reação química pode ser interpretada da seguinte maneira: 1 mol de
carbono sólido combina-se com meio mol de oxigênio gasoso para produzir um mol de
monóxido de carbono gasoso. Um ponto importante nessas equações é que o número de
moles de cada elemento deve ser igual em ambos os lados do sinal de igualdade.
Solução:
Primeiramente, determina-se o número de moles de carbono a ser queimado. Tem-se
1 * 1000 g
Nc = = 83,33moles
12 g / mol
Pelas proporções envolvidas na reação, podem-se escrever as relações abaixo:
nO2 = ½ nc
nCO = nc
62
4.4- BALANÇO DE MASSA
- Erros de pesagem,
- Erros de análise química: amostragem e equipamento
Não é raro atribuir a culpa dos desvios de controle de processos a tipos de modelos
matemáticos utilizados, quando na verdade qualquer que seja o modelo ele nada mais fará
que propagar os erros já existentes nas informações fornecidas. Desse modo, é de
extrema importância minimizar os erros de pesagem e análise química.
Calcular:
a) Nm3 gás natural/Nm3 de gás produto ( base seca)
b) Nm3 de ar usado/Nm3 de gás natural
c) Composição do gás produto, em base úmida
Solução:
Tomando como base 1 Nm3 de gás natural, tem-se:
63
64
65
66
67
Capítulo V:
V: SIDERURGIA
68
5.1- Matérias- Primas utilizadas na Siderurgia
69
instalações preliminares de processamento de uma usina, o minério bruto e o minério
classificado sofrem um tratamento para que o minério cujo tamanho é maior que o limite
superior ao que pode ser carregado no alto-forno, é britado.
Desta forma, para que o material permaneça “íntegro“, torna-se necessário uma alta
resistência mecânica. Diante de tantas exigências, a gama de minérios utilizáveis em alto-
forno ficava muito restrita, agravada pelo fato de que em lavra de minério (extração do
minério), apenas 10~15% do total é minério "grosso" (NPO). Para possibilitar o
aproveitamento desse material fino, foram desenvolvidos processos os já citados
processos de pelotização e sinterização. A pelota apresenta uma resistência à
degradação no transporte bem maior do que o sínter, facilitando a sua comercialização
pelas empresas mineradoras.
70
Figura 1.6 – Minério de ferro granulado (in natura) e pelotas.
5.1.2- Fundentes
5.1.2.1) Definição:
São substâncias minerais, com raras exceções sintéticas, com as funções de:
1ª) abaixar o ponto de fusão da mistura das gangas dos minérios e das cinzas dos
combustíveis, nos processos da metalurgia extratativa;
2ª) abaixar o ponto de fusão melhorando a fluidez das escórias nos processos de refino;
a) Ácidos
b) Básicos
c) Anfóteros
FUNDENTES ÁCIDOS
a) Sílica (SiO2)
71
b) Fluorita (CaF2)
OBS.: O silicato bi-cálcio forma com 38% de CaF2 um composto eutético cujo ponto
de fusão é 1130ºC.
a) Calcário (CaCO3)
b) Dolomita (CaCO3.MgCO3)
c) Criolita (AlF3.3NaF)
d) Carbonato de Sódio(Na2Co3)
Também chamado barrilha densa, é o fundente com poder dessulfurante, usado nas
escórias siderúrgicas, em conjunto com a cal ou com o calcário e pequena proporção à
fluorita.
b) Quando fundidos dão origem aos monóxidos FeO e MnO, respectivamente que
são fundentes notáveis por serem anfóteros. Funcionam como ácidos ou como
básicos, dependendo do meio em que se encontram
72
5.1.3) COMBUSTÍVEIS
5.1.3.1) CONCEITO
5.1.3.2) COMBUSTÃO
5.1.3.4) CINZAS
- Poder Calorífico Superior (PCS): é o calor obtido quando se considera que toda a água
(de umidade e de formação) continua condensada no final da operação de combustão.
- Poder Calorífico Inferior (PCI): é o calor obtido no final da operação considerando que
toda a água (de umidade e de formação) passe para o estado do vapor.
- Calor latente de vaporização (CLV): é a diferença entre o PCS e o PCI, ou seja, é o
calor gasto para vaporizar a água (de umidade e de formação) contida no combustível.
73
CLV = PCS - PCI
Ex: Análise do carvão: Cfx: 86% ; MV: 10% ; H2O: 3,5% ; S:0,5%
- PCS:
- PCI:
- CVL:
- Granulometria
- Estado físico
- Porosidade
- Pressão ambiental
- Umidade do combustível
74
5.1.3.9) CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS COMBUSTÍVEIS
Lenha
Turfa
Linhito
Naturais
Hulha
Antracito
SÓLIDOS
Coque metalúrgico
Artificiais
Carvão Vegetal
Gás de Coqueria
Artificiais
Gás de Alto-forno
Gases de gasogênio
a) LENHA
Quanto maior o teor de lignina (substância depositada nas paredes das células
vegetais responsável pela rigidez da madeira), melhor o carvoeiamento.
75
PRODUTO MADEIRA (%) LIGNINA (%)
Carvão 37,8 50,6
Alcatrões 8,1 13,0
Metanol 1,0 0,9
Acetona 0,2 0,2
Ácido Acético 3,2 1,1
Gases e Água 49,7 34,2
b) CARVÃO MINERAL
76
Baixo poder calorífico – 3500 kcal/kg – utilizado para pressão de vapor em caldeiras.
Utilizado também em termoelétricas. Rara aplicação na metalurgia.
Análise média da turfa seca é C = 60%; O=34%; H=6%
Hulha: A hulha é também denominada carvão betuminoso, por possuir emm sua massa
alto teor de substâncias oleosas, denominadas betume.
Estágio posterior de transformação geológica
Poder calorífico entre 7000 e 8500 kcal/kg
Teor de umidade menor
Hulha – matéria-prima do coque metalúrgico
Análise média: C – 69-78%; MV - 22-31%
77
5.1.3.11) SÓLIDOS ARTIFICIAIS
a) COQUE METALÚRGICO
- Aspecto poroso
- Cor cinza escuro
- Opaco
- Poder calorífico
- Resistência mecânica
1. desvolatilização primaria
2. fluidez
3. inchamento
4. ressolidificação
5. desvolatilização secundária
1. Desvolatilização primária
78
2. Fluidez
3. Inchamento
4. Ressolidificação
É a fase por que passa o carvão no interior da célula, após o inchamento, e que
consiste da perda gradativa da plasticidade do material, tornando-se um produto rígido
com apreciável resistência mecânica. É nesta fase que aparecem as fissuras no coque. A
temperatura nesta fase está a níveis superiores a 550ºC.
5. Desvolatilização secundária
Como já foi dito, o calor necessário à coqueificação é fornecido pela queima dos
gases da própria coqueira. Este gás volta às instalações da coqueira após separado das
outras matérias voláteis que saem da hulha.
A quantidade de calor necessária para a coqueificação de uma tonelada de hulha fica em
torno de 630 Mcal. Desta quantidade de calor, quando o coque é descarregado da célula,
leva em sua massa aproximadamente 260Mcal/t o que lhe garante uma temperatura acima
de 700ºC, temperatura de ignição do coque, em média.
c) OPERAÇÃO DE EXTINÇÃO
79
d) UTILIZAÇÃO DO COQUE
O coque é usado como combustível nos altos fornos e nos fornos de fusão de
metais como o forno cubilô e fornos de cadinho. Nos altos fornos, o coque tem ainda a
função de fornecer o C para a redução dos minérios de ferro.
80
descorante de soluções. Utiliza-se esse tipo de carvão vegetal em respiradores de
máscaras contra gases, para remoção de vapores tóxicos, e na purificação da água.
a) NATURAIS
DESTILAÇÃO DO PETRÓLEO:
b) ARTIFICIAIS
a) Óleos leves: querosene, gasolina, diesel. São combustíveis que não têm aplicações
industriais.
b) Óleos pesados: São também chamados de óleos combustíveis por serem usados
quase que exclusivamente como combustíveis em indústrias metalúrgicas. São os
combustíveis líquidos de maior importância para a indústria. Na nomenclatura da
Petrobrás, alguns óleos combustíveis recebem identificação como:
BPF – baixo ponto de fusão, viscoso abaixo de 60ºC
BTE – baixo teor de enxofre
Etc.
81
c) Alcatrão de hulha: É um combustível resultante da destilação da hulha. Não é um
combustível de emprego corrente, mas é usado como combustível metalúrgico.
b) ARTIFICIAIS
a) Gás de óleo: É o gás obtido na destilação do petróleo. Tem poder calorífico entre 4000
e 7000 Kcal/Nm3 . Parte deste gás (propano e butano) compõe o GLP de uso domestico:
outra parte e matéria prima na fabricação de plásticos.
b) Gás de coqueria: É o gás obtido pela destilacao da hulha nas coquerias. É empregado
na própria coqueria (+– 30%) e em outras partes da usina siderúrgica para aquecimento de
lingotes de aço, panelas, etc.
O poder calorífico fica entre 4000 e 5000 Kcal/Nm3. A análise típica de um gás de coqueria
está abaixo citada.
82
5.1.4- REFRATÁRIOS
Materiais naturais ou artificiais, geralmente não metálicos, mas não excluídos aqueles que
contenham constituintes metálicos capazes de suportar temperaturas elevadas em
condições específicas de emprego sem se deformarem acentuadamente.
- Radiais 1, 2 e 3
- Arcos 1, 2 e 3
- Cunhas 1, 2 e 3
- Paralelos
- Semi isso, e peças especiais.
Peças
Tijolos
Moldados
Placas
Blocos
Massas -De socar
-De projetar
-De tamponamento
-Tixotrópicas
Refratários Moldáveis -De reparo de
soleira
...
Concretos refratários
Plásticos refratários
Secas, úmidas e pega ao ar,
Argamassas
de pega a quente...
Granulados
83
REFRATÁRIO ÁCIDO
Refratário tal como o tijolo de sílica que contém uma proporção substancial de sílica
livre e que pode quando aquecido reagir quimicamente com refratários básicos, escória
de fluxos.
REFRATÁRIO BÁSICO
• Térmicas:
- Elevadas temperaturas
- Gradientes de temperaturas
- Alterações de gradientes de temperaturas
• Químicas:
- Reações de interfaces com escórias, metais líquidos, gases e fumaças.
• Mecânicas:
- Cargas: impacto, compressão, flexão, abrasão.
- Vibrações, Cavitações
84
6- AGLOMERAÇÃO DE MINÉRIOS – SINTERIZAÇÃO E PELOTIZAÇÃO
6.1- PELOTIZAÇÃO
6.1.1 - PROCESSO
As etapas envolvidas no processo de pelotização podem, de forma genérica, ser agrupadas em três
estágios: Preparação das matérias-primas, formação das pelotas cruas e processamento térmico.
Preparação de matérias-primas
A preparação das matérias primas tem por objetivo adequar as características do minério de ferro às
exigidas para a produção de pelotas cruas. Neste estágio é preparada a mistura a pelotizar, que pode
comportar diferentes tipos de minérios e aditivos, estes utilizados para modificar a composição
química e as propriedades metalúrgicas das pelotas. Em geral, incluem-se neste estágio as seguintes
etapas: concentração / separação, homogeneização das matérias primas, moagem, classificação,
espessamento, homogeneização da polpa e filtragem.
Formação de pelotas
A formação de pelotas cruas, também conhecida por pelotamento, tem por objetivo produzir pelotas
numa faixa de tamanhos apropriada e com resistência mecânica suficiente para suportar as etapas de
transferência e transporte entre os equipamentos de pelotamento e o de tratamento térmico.
Forno de pelotização
85
A fim de conferir às pelotas alta resistência mecânica e características metalúrgicas apropriadas, as
mesmas são submetidas a um processamento térmico num forno de pelotização com o objetivo de
siterizar as pelotas. Há no forno regiões de secagem, pré queima, queima, pós-queima e
resfriamento. O tempo de duração de cada etapa e a temperatura a que são submetidas as pelotas têm
forte influência sobre a qualidade do produto final.
6.2- SINTERIZAÇÃO
Água Máquina de
sinterização
Finos de minério
de ferro
Misturador
Fundentes
Rejeitos
industriais.
86
No processo de sinterização existe a necessidade de uma homogeneização do minério de
ferro antes do seu carregamento nas máquinas de sinterização. Isto se faz necessário porque os
depósitos minerais não são homogêneos, ocasionando uma variação de propriedades físicas e
químicas à medida que avança a frente de lavra. Ao mesmo tempo uma usina siderúrgica pode ter
vários fornecedores de minério de ferro. Na homogeneização, a deficiência de um parâmetro ou
constituinte é suprida pelo excesso existente em outro até que haja um conjunto (carga) que tenha
qualidade intermediária e mais ou menos constante.
A formação da pilha pode ser feita através de camadas superpostas simples na forma de um V
invertido, na forma de múltiplas camadas em V invertido e em espiral. A Figura 2.1.1 apresenta uma
imagem de um pátio de estocagem de matérias-primas e a Figura 2.1.2 mostra a formação de uma
pilha de minério de ferro empregando-se o equipamento stacker/reclaimer, bem como a aspersão de
água sobre a pilha para evitar o arraste de material particulado pelo vento, o que acarretaria poluição
ambiental.
Pode-se resumir o fluxo do minério de ferro, o calcário (inclusive o dunito) desde a sua
chegada na usina siderúrgica até a entrada na sinterização e/ou calcinação como:
a) recebimento do minério
b) realização de amostragens de forma automática
c) formação de pilhas nos pátios primários
d) retirada do minério das pilhas primárias
e) transporte do minério de ferro e do calcário para ou alto-forno ou para os silos de
mistura; o calcário também é enviado para a calcinação
f) transporte da mistura minério + calcário para os silos da sinterização ou para os pátios de
homogeneização (blendagem)
As características físicas que devem ser controlados no minério de ferro são basicamente os
seguintes:
- Granulometria (finos < 5,0mm)
- Crepitação – é o fenômeno de degradação por ruptura do material em partículas menores
quando submetido bruscamente a temperaturas acima de 300oC, devido a presença de
umidade ou outros componentes que são vaporizados e aumentam a pressão interna
provocando a fratura do material.
87
- Resistência à degradação do material quando aquecido – a tendência à redução da
granulometria do material (geração de partículas finas por abrasão ou ruptura); ensaio RDI
(Reduction Degradation Index).
- Redutibilidade ou reducibilidade (RI) – capacidade de reação (redução química) do minério
com o gás redutor no alto-forno (CO); ensaio RI (Reduction Index).
- Resistência mecânica - resistência a impactos medida através do teste de queda (Shatter
Test).
- Finos de aderência
Com exceção da resistência mecânica e da redutibilidade, os níveis de controle devem ser os mais
baixos possíveis.
Os minérios de ferro para sinterização são especificamente preparados para serem sinterizados
devendo possuir, portanto características físicas e químicas capazes de propiciar a obtenção de um
aglomerado dentro das necessidades do alto-forno. Entretanto a mistura de minérios denominada de
Standard Sinter Feed (SSF) depende além destas características, de outros fatores, tais como
comerciais, políticos, estratégicos, disponibilidade, viabilidade de fornecimento e de transporte.
O poder de aglomeração a frio está relacionado com a capacidade dos minérios sofrerem uma
micropelotização sob o efeito da umidade e mistura. Isto pode ser observado no manuseio do
minério (empilhamento e ou armazenamento em silos). Esta característica provavelmente traduz o
conjunto das outras agindo positivamente para facilitar a micropelotização. A produção de uma
máquina de sinter está intimamente relacionada com o poder de aglomeração a frio dos minérios.
Normalmente no caso dos minérios brasileiros de elevado teor de ferro, enxofre, titânio e
álcalis, o controle químico resume-se nos teores de sílica (SiO2), Alumina (Al2O3) e Fósforo (P).
88
bolo (mistura), obtendo-se, assim, um aglomerado de minério de ferro denominado sínter. Na Figura
II apresenta-se uma representação esquemática do processo de sinterização em uma máquina
contínua. Sobre a grelha é adicionada uma camada de aproximadamente 5 mm constituída de
minério ou sínter bitolado com granulometria na faixa de 8 a 16 mm. Esta camada denominada de
bedding ou falsa grelha é necessária para filtrar parte dos gases inerentes ao processo de
sinterização, proteger as grelhas e evitar a aderência da mistura a sinterizar nas grelhas.
Gás de coqueria ou
gás misto
Forno de ignição
Alimentação Máquina de
Sínter
sinterização
Caldeira
Mistura Resfriador
crua
Chaminé
Exaustores
Caldeira
Finos de retorno Peneiramento Altos-Fornos
89
Vamos nos deter em analisar as características dos outros componentes do sínter: fundentes, adições
e matérias-primas de geração interna.
a b
c d
A utilização destes é feita conforme a ganga dos minérios. Se a ganga for ácida, o fundente tem que
ser básico e vice-versa. Desta forma, produz-se um sínter com a basicidade compatível com a
marcha operacional do alto-forno. A composição química destes fundentes é a mesma tanto para a
sinterização quanto para o alto-forno, porém a granulometria varia:
- 0 a 3,0 mm aproximadamente para sinterização
90
- 10 a 30 mm aproximadamente para o alto-forno.
91
Tabela I - Características típicas das máquinas de sinterização.
Do pátio primário as matérias-primas são enviadas aos silos de mistura de onde saem nas
percentagens requeridas pelo balanço de massas, através das balanças dosadoras, via sistema de
correias transportadoras, e deste ponto ao pátio de mistura, no qual se tem uma pilha em formação e
outra pilha em consumo. O minério de ferro blendado (misturado) é enviado aos silos de minério da
sinterização, onde também encontramos silos com calcário, silos com cal, silos de retorno de
sinterização e silos de coque para sinterização.
Após a dosagem do material dos silos de minério da sinterização, estes são enviados ao
misturador, equipamento que consiste basicamente de um corpo cilíndrico, inclinado, com uma
rotação constante, no qual o material entra de um lado e sai de outro lado. Numa primeira fase
adiciona-se água, via sistema de aspersão para atingir o nível de umidade desejado. Numa segunda
fase as partículas aderem-se e ocorre a formação de micro-pelotas, devido à umidade, ao
tamboreamento (movimento em cascata da mistura sob rotação) e ao sistema de aletas. Em algumas
unidades, pode-se utilizar um de disco pelotização entre dois misturadores, processo conhecido
como HPS.
Na etapa de sinterização propriamente dita, a mistura a ser sinterizada é aquecida de
aproximadamente 60ºC para 1200/1350ºC, desencadeando todas as reações de sinterização, que
podem variar de acordo com a composição química do leito de sinterização. Estas reações podem ser
resumidas como:
(a) Ao se atingir temperaturas próximas de 100ºC, inicia-se a evaporação da umidade da mistura,
que irá condensar-se nas regiões inferiores do leito, que se encontram mais frias; forma-se, então,
uma região em que a umidade da mistura é superior à média; acima de 100ºC inicia-se a zona de
secagem.
(b) Entre 150 e 200ºC, mesmo no curto intervalo de tempo, toda a umidade já foi evaporada e inicia-
se a desidratação dos hidróxidos em função do calor do gerado no processo.
(c) Quando a mistura atinge a faixa de 500 a 700ºC, em função da sua reatividade, inicia-se a
combustão com elevado desprendimento de calor, elevando a temperatura do ambiente para 1250
a 1350ºC.
(d) A decomposição dos carbonatos inicia-se em torno de 700ºC, com consumo de calor do processo.
(e) Na faixa de 900 a 1350ºC, que define a zona de combustão, também chamada de zona de
sinterização ou mesmo de reação, ocorrem as reações no estado sólido ou semi-líquido,
92
formando-se o magma de sínter, ou seja, o conjunto de silicatos, ferritos de cálcio e óxidos
primários ou secundários que, após cristalização, constituem o sínter. A reação a seguir, de
combustão do combustível da mistura que, além de produzir grande quantidade de calor, torna o
ambiente ligeiramente redutor, suficiente para uma redução parcial da hematita (Fe2O3) para
magnetita (Fe3O4).
(f) Atingida a temperatura máxima do processo, sob atmosfera ligeiramente redutora, inicia-se o
resfriamento do material semi-fundido sob atmosfera fortemente oxidante, pois o único gás
existente acima da zona de combustão é o ar. Em temperatura ainda bastante elevada ocorre,
então, uma reoxidação da magnetita para hematita. A cerca de 900ºC, o ciclo de reações
químicas se completa, iniciando-se o resfriamento propriamente dito e produzindo a estrutura
sinterizada final.
Para concluir o processo, o sínter da camada superficial, numa espessura de aproximadamente 7 cm,
sinterizado diretamente pelo calor do forno de ignição e resfriado bruscamente pelo ar à temperatura
ambiente logo que sai do forno, tem estrutura mais frágil, sendo denominado sínter frágil (soft
sinter).
O sínter para ser usado no alto-forno deve apresentar determinadas características, tais como:
tamanho (granulometria) e resistência. O tratamento mecânico do sínter consiste basicamente em
adequá-lo para estas exigências. Ao sair da máquina, o bolo de sínter passa por várias solicitações
mecânicas (quedas, transporte, resfriamento, britagem e peneiramento) provocadas ou não, que irão
prepará-lo para ser enviado para o alto-forno.
Outros materiais podem entrar como matérias-primas da sinterização como a escória de alto-forno,
finos de sínter do alto-forno e de pelotas, etc. também não está computada a entrada de gás de
coqueria ou natural como combustível do processo, além do ar comprimido e a energia elétrica
consumida no processo.
Esses dois fenômenos são inteiramente dependentes entre si, pois de um lado, o combustível só
entra em combustão, desencadeando o processo, após a mistura atingir uma certa temperatura,
determinada pela reatividade do próprio combustível. De outro lado, a transferência de calor será
função do nível de combustão alcançado.
93
será baixo. Isto porque, a despeito do estreitamento benéfico da frente de combustão ou reação, o
tempo de permanência da camada a altas temperaturas será muito escasso para que se desenvolvam
todas as reações do processo.
Um coque fino é mais reativo que um coque grosso, isto indicando que a granulometria do
combustível é muito importante no processo. Se o coque é muito grosso ou pouco reativo, então a
frente de transferência de calor ficará avançada em relação à frente de combustão. Dessa forma, tem-
se um perfil de temperatura desajustado. Comportamento semelhante (perfil desajustado) se verifica
com carvão vegetal que, pelo fato de ser muito reativo, a sua velocidade de queima é maior que a
velocidade de transferência de calor, ocorrendo inevitavelmente o alargamento da frente de reação, o
que acarreta um menor rendimento térmico e maior consumo de combustível.
Admitindo-se que a vazão de ar/gás através de uma máquina de sinterização permaneça constante, a
espessura da frente de combustão depende basicamente dos seguintes fatores:
- Da permeabilidade da mistura a sinterizar, que determina a velocidade da frente térmica
ou de transferência de calor através do leito de sinterização; é função principalmente da
umidade, granulometria e micro-aglomeração das partículas da mistura a sinterizar.
- Da reatividade e volume do coque na mistura, que determinam o tempo da reação de
ignição e consequentemente de todas as reações químicas; a reatividade é função da
granulometria, teor de carbono fixo e características de produção do coque.
94
Outros materiais podem entrar como matérias-primas da sinterização como a escória de alto-
forno, finos de sinter do alto-forno e de pelotas, etc. também não está computada a entrada de gás de
coqueria ou natural como combustível do processo, além do ar comprimido e a energia elétrica
consumida no processo.
O termo bedding é utilizado para indicar o minério ou sínter bitolado com granulometria na
faixa de 8 a 16 mm utilizado para filtrar parte dos gases inerentes ao processo de sinterização,
proteger as grelhas e evitar a aderência da mistura a sinterizar nas grelhas.
20 kg CO
150 kg CO2
1,5 kg SO2
0,6 kg NOx
950 kg Minério de ferro 0,2 kg Particulado
35 kg Moinha de coque 1000 kg
30 litros Água Sinter
150 kg Fundentes peneirado
250 kg Finos de retorno
95
7- ALTO-FORNO
Os altos-fornos são responsáveis por cerca de 95% da produção mundial de ferro primário.
Uma consideração importante a respeito desta rota tecnológica está relacionada com o tipo de
combustível/redutor utilizado, ou seja, carvão vegetal ou coque. Existem três tipos básicos de alto-
fornos:
a) mini altos-fornos a carvão vegetal - utilizados pelas usinas não-integradas com
capacidade para a produção que varia de 55 a 350 t/dia de ferro-gusa;
b) alto-fornos a carvão vegetal - utilizados em usinas integradas, mas sem a unidade de
coqueria, com capacidade de produção na faixa de 1.000 a 2.500 t/dia.
c) alto-fornos operando com coque - utilizados em usinas integradas com capacidade de
produção de cerca de 3.500 a 13.000 t/dia.
No caso de empresas que utilizam mini altos-fornos a carvão vegetal, o produto para a
venda é o ferro-gusa sólido, solidificado em pequenos lingotes ou pães de ferro-gusa, ou mesmo
o ferro-gusa líquido, que é transportado por carretas em panelas refratárias para uso por empresas
dotadas de aciarias situadas perto do alto-forno (normalmente numa distância entre 10 e 20 km).
Nos outros tipos de alto-fornos, o produto é o ferro-gusa líquido que é transportado para a
aciaria em carros-torpedo ou em panelas de ferro-gusa (processo que vem sendo
progressivamente substituído). Na aciaria o ferro-gusa constitui a principal matéria-prima metálica
para a fabricação de aços em convertedores a oxigênio. O conteúdo térmico do ferro-gusa, em
termos de composição química e temperatura, é responsável pela quase totalidade do
fornecimento de energia ao processo. A proporção de ferro-gusa líquido na carga do convertedor
depende de sua composição e temperatura (conteúdo térmico), da qualidade do aço a ser
produzido, da qualidade de carga sólida e da disponibilidade de sucata. Normalmente a carga
líquida varia entre 80% para convertedores produzindo aços baixo teor de carbono e 85 a 90%
para aços alto carbono; podendo chegar até a 100% da carga. Outro fator que determina o uso de
ferro-gusa líquido está relacionado à sua disponibilidade. Em algumas situações esta taxa é
definida pelo tipo de aço que será fabricado e pelas dimensões do convertedor.
96
Minério (granulado e/ou
sínter e/ou pelota
Carvão vegetal ou coque CO, CO2, H2
Exaustão
Fundentes (calcário) Carga H2O, N2, CH4
de gases
Adições Temperatura = 80 a 200oC
Temperatura = 25oC
200
Revestimento
500 refratário
Carga deslocando-se
850 para baixo, reagindo
entre si e com os gases
ascendentes
1000
Gases
Gases
1300
97
Fundentes
98
Pátios primários
Stacker/reclaimer
(empilhadora/
recuperadora)
Blender/reclaimer
(Blendadora/
recuperadora)
Pátios de Blendagem
b
Figura 1.2 - Formação (a) e recuperação (b) de uma pilha de minério com o stacker/reclaimer
(Imagens cedidas pela Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST).
99
Figura 1.3 – Transporte de minérios via ferroviária, virador de vagões, detalhes de uma
recuperadora para formação de pilhas de minérios e aspersão de água para evitar a emissão de
particulados de minérios (Imagens cedidas pela Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST).
Figura 1.4 - Pátios para estocagem de diversos tipos de carvão mineral numa usina siderúrgica
integrada. (Imagens cedidas pela Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST).
100
Carvão Mineral
Durante séculos, a lenha e o seu derivado o carvão vegetal, foram praticamente os únicos
combustíveis conhecidos, tanto para o consumo doméstico, como para a reduzida indústria,
inclusive na área da metalurgia. Nos meados do século XVIII (1735), foi descoberto o coque
metalúrgico, derivado das hulhas ou carvão de pedra (espécie de carvão mineral, intermediário
entre antracito e linhito), que passou então, a substituir o carvão vegetal nas regiões de hulhas
abundantes (Pensilvânia nos EUA, Ruhr na Alemanha, Inglaterra, Rússia e França).
O carvão vegetal apresenta uma grande variação em suas propriedades, em função do tipo
de madeira e das variáveis do processo de carbonização. Por sua vez, o coque permite obter uma
maior estabilidade de suas características. O reflexo disso no dia a dia se traduz no fato de que a
operação de um alto-forno a carvão vegetal é mais complexa e sujeita a maiores transtornos.
O carvão mineral do Brasil é encontrado nos estados Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, São Paulo, Góias, Piaui, Maranhão, Pará e Amazonas, mas somente as jazidas dos
estados sulinos, principalmente as de Santa Catarina e as do Rio Grande do Sul, podem ser
lavradas economicamente. Em São Paulo e Paraná as jazidas são ínfimas, usadas somente em
pequenas termoelétricas e em aplicações industriais de importância reduzida.
O coque praticamente não tem materiais voláteis e o carvão vegetal tem um alto teor deles.
Esses materiais voláteis contêm muito CO e H2, gases combustíveis que saem no topo. Portanto, o
poder calorífico dos gases de topo de um alto-forno a carvão vegetal é maior do que o dos gases
de topo de um alto-forno a coque. Isso é importante para o projeto dos trocadores de calor
(Glendon ou Cowper) que utilizam esses gases para o aquecimento do ar soprado.
101
Minério de Ferro
O alto teor de ferro dos minérios dispensa em alguns casos, os processos de concentração,
podendo o minério ser utilizado diretamente, apenas com a adequação granulométrica. Os
procedimentos físicos para preparação mecânica têm por finalidade a obtenção de minérios de
composição e dimensões uniformes e adequadas à boa operação nos reatores siderúrgicos.
O minério de ferro é dividido em minério bruto de mina, que é uma mistura de minério
grosso e fino, como sai da mina, minério classificado que é previamente peneirado na mina para
remover fragmentos grandes e finos, e minério fino. Nas instalações preliminares de
processamento de uma usina, o minério bruto e o minério classificado sofrem um tratamento para
que o minério cujo tamanho é maior que o limite superior ao que pode ser carregado no alto-forno,
é britado.
102
de 0,15 mm (pellet-feed). A produção de sínter se realiza nas mesmas plantas da indústria
siderúrgica, fazendo parte da linha de produção de siderúrgicas integradas. A produção de pelotas,
com diâmetro em torno de 15 a 10 mm, normalmente é realizada pelas próprias mineradoras.
Porém, normalmente as plantas de pelotização estão localizadas a beira-mar para reduzir os
custos com transporte e a degradação do produto (pelota) em operações de descarregamento de
trens, por exemplo.
Desta forma, para que o material permaneça “íntegro“, torna-se necessário uma alta
resistência mecânica. Diante de tantas exigências, a gama de minérios utilizáveis em alto-forno
ficava muito restrita, agravada pelo fato de que em lavra de minério (extração do minério), apenas
10~15% do total é minério "grosso" (NPO). Para possibilitar o aproveitamento desse material fino,
foram desenvolvidos processos os já citados processos de pelotização e sinterização. A pelota
apresenta uma resistência à degradação no transporte bem maior do que o sínter, facilitando a
sua comercialização pelas empresas mineradoras.
O menor tamanho do minério melhora sua redutibilidade. Porém, quando uma grande
quantidade de finos é carregada no alto-forno, a permeabilidade torna-se baixa, prejudicando o
processo. Portanto, o minério deve ter um tamanho máximo em termos de redutibilidade e um
tamanho mínimo em termos de permeabilidade. A granulometria do minério de ferro é atualmente
controlada normalmente na faixa de um mínimo de 5 a 10 mm e de um máximo de 25 a 30 mm.
No caso do fósforo, aproximadamente 100% vai para o ferro-gusa. Além disso, estima-se
que para cada ±0,1% de fósforo no ferro-gusa, necessita-se de 1,0 kg de carbono/tonelada de
ferro-gusa. Os álcalis (Na2O e K2O) provocam formação de cascão (solidificação de camada de
ferro-gusa) no alto-forno. O enxofre e o fósforo elevados podem causar a desclassificação do aço
na aciaria devido ao fato de provocarem fragilidade no mesmo.
103
2 – ALTO-FORNO
104
Os equipamentos de carga do topo do forno são empregados para introduzir a matéria-prima
transportada pela correia principal e também evitar vazamento de gás pelo topo. Nos fornos
pequenos convencionais utilizam-se equipamentos de carga de topo de tipo Mckee (2 cones),
permitindo o carregamento em dois estágios e a distribuição circunferencial da carga na goela do
forno. Para operação com alta pressão o tipo 3 cones tem sido usado, com modificações. Nos altos-
fornos mais recentes a utilização do topo tipo Paul Wurth tem prevalecido, pelo fato deste sistema,
que utiliza uma calha rotativa que pode ter ângulo de inclinação variável, permitir uma distribuição
da carga muito mais flexível que os métodos anteriores. Na Figura 2.4.2 são mostrados estes dois
sistemas.
Uma vez completado um ciclo de carga com o material descarregado de forma uniforme na periferia
do cone grande, estando fechado o cone menor, é baixado o cone grande deixando escorregar a carga
para o interior do alto-forno. A freqüência de carregamento é estabelecida de forma que a altura da
coluna da carga seja mantida aproximadamente constante, o que pode se verificado através de
sondas.
105
Termelétrica
Carga ou fornos
Gasômetro
Coqueou
Gases
Carvão
vegetal Minério ferro COG
Sistema de
(granulado e/ou limpeza dos
sínter e/ou de gases
Pelota pelota)
Coque ou
carvão vegetal
Fundentes
Sínter
Finos de
carvão Escória
Ferro-gusa Regeneradores
Ferro-gusa
Escória líquido
(co-produto)
Figura 2.4.1 - Fluxograma típico da área do alto-forno e imagem de uma instalação industrial.
106
(a) (b)
Figura 2.4.2 – Representação esquemática dos equipamentos de carga do topo do forno do tipo
com 2 cones ou Mckee (a) e do tipo Paul Wurth (b) dotado de calha giratória e inclinação variável.
O controle da marcha do forno pode ser feito através da variação da altura de queda ou
alterando-se a granulometria dos materiais carregados, de forma que não exista sempre uma
predominância de passagem dos gases só próximo às paredes ou só pela parte central do forno. A
passagem preferencial pelo centro faz com que, depois de certo tempo, os pequenos pedaços
sejam colados às paredes, reduzindo a seção livre do forno, prejudicando a operação do mesmo.
Por outro lado, a passagem preferencial na região próxima às paredes, provoca um maior
desgaste dos refratários.
Para garantir a marcha do forno de acordo com o procedimento operacional adotado pela usina
siderúrgica, é utilizado no topo dos altos-fornos, que empregam o sistema de duplo cone, um
sistema de carregamento normalmente constituído dos seguintes equipamentos:
a) Tremonha de recebimento: responsável por receber e armazenar as cargas de minério e
coque;
b) Distribuidor rotativo: responsável pela distribuição axial da carga no interior do alto-forno;
c) Placas móveis: tem a finalidade de direcionar a queda da carga no interior do alto-forno;
d) Cone grande e cone pequeno: são usados na descarga e pressurização do forno;
e) Sondas de nível: medem a velocidade de descida de carga, comunicando aos demais
equipamentos do sistema de carregamento, o momento de execução de cada atividade;
107
f) Válvulas selo: responsáveis pela pressurização do topo do alto-forno. A válvula de alívio é
utilizada para igualar a pressão do cone pequeno e da tremonha do topo (pressão
atmosférica), após a transferência do material para o cone grande; aliviada a pressão, a
tremonha de cone pequeno tem a pressão atmosférica, o que permite o recebimento do
material na tremonha do topo.
108
(a) (b)
109
(a) (b)
110
Na Figura 2.4.3 apresentam-se as diversas regiões do alto-forno em função do seu perfil.
Na região ou seção denominada goela, é efetuado o carregamento e distribuição da carga do alto-
forno a partir do equipamento da carga do topo. Chapas de aço ou peças de ferro fundido são
utilizados como revestimento de desgaste na parede interna da goela para evitar abrasão no
refratário na entrada da carga do alto-forno. O equipamento de distribuição da carga pode ser
calha rotativa ou uma armadura móvel. O volume interno de um alto-forno é definido como sendo
o volume compreendido entre o limite superior da goela e o nível do furo de ferro-gusa no cadinho.
Gases Carga Minério ferro
(granulado e/ou
sínter e/ou de
goela pelota)
Coque ou
carvão vegetal
Zona Granular
Zona de
amolecimento e fusão
cuba
Camada de
Gotejamento
amolecimento
Zona de
e fusão
Região de
coque ativo
ventre
Anel de vento
rampa
Ventaneira
Zona de Escória Região de coque
cadinho Combustão estagnado ou
Ferro-gusa homem morto
Cadinho
Casa de
soleira
corrida
Figura 2.4.3 – Regiões de um alto-forno de acordo com o seu perfil (a) e de acordo com o
comportamento da carga (b).
A região da cuba é revestida por tijolos refratários, cujo tipo varia de acordo com a temperatura
interna do forno. Possui um formato tronco-cônico e compreende a maior região volumétrica do
forno. O ventre possui o maior diâmetro no alto-forno e está sujeito a severas condições de erosão
de seus refratários com o pré-aquecimento, redução e fusão parcial da carga. Nos grandes alto-
fornos, a espessura dos tijolos varia de 800 a 1000 mm. Para uma maior proteção, são utilizados
sistemas de refrigeração, garantindo maior vida útil desta região.
A rampa é um cone invertido ligando o ventre ao cadinho. Normalmente, tijolos de carbono são
usados no seu revestimento, com espessuras de 500 a 800 mm. Um resfriamento com água é
realizado externamente através de chuveiros, camisas ou staves. Devido à sua localização na
zona de fusão da carga, o desgaste do refratário é mais severo na rampa.
O diâmetro do cadinho, juntamente com o volume interno, é usado para fornecer as dimensões do
alto-forno. A parede interna do cadinho é revestida de tijolos de carbono. O cadinho pode
apresentar mais de um furo para escoamento do ferro-gusa líquido. Os vazamentos são efetuados
de 9 a 15 vezes por dia, buscando sempre o menor número de vazamentos. As ventaneiras são
posicionadas na parte superior do cadinho, todas no mesmo nível e com a distribuição mais
uniforme possível. As ventaneiras, cujo número pode chegar a 40, são geralmente feitas de cobre
e devem possuir um sistema eficiente de refrigeração com água.
111
Com o aumento das dimensões dos altos-fornos, o aquecimento da soleira tornou-se um problema
crítico para o controle operacional dos fornos. No início era enfatizada a proteção da fundação de
concreto, hoje, a refrigeração da soleira está diretamente voltada para a vida do refratário. A
refrigeração é efetuada de diversas maneiras, como por exemplo, a construção de um duto de
tijolos na parte inferior da soleira para fornecer refrigeração por ar, ou por água em sistema forçado
através de tubos embutidos.
O gás misto e o ar frio entram pelo queimador, onde é feita a mistura e o início da combustão. Na
câmara de combustão é feita a queima completa do gás misto. O domo é a parte superior do
regenerador e tem a finalidade de inverter o sentido de fluxo dos gases queimados e distribuir os
gases para o empilhamento de tijolos refratários (normalmente tijolos perfurados) durante a fase de
combustão. Na fase de ventilação o sentido do ar quente é inverso. A área da superfície de
aquecimento no empilhamento de tijolos refratários normalmente supera 40.000 m2. Além disso, é
necessário que haja uma espessura dos tijolos refratários suficiente para armazenar o calor. A
2
Outros autores preferem dividir em 4 estágios: aquecimento, sopro, abafado (regenerador aquecido e
isolado com todas as válvulas fechadas) e manobrando (uma fase intermediária entre todas as outras).
112
relação área/peso varia entre 20 a 24 m2/t de refratário e a capacidade de armazenagem térmica
por área varia entre 23 a 26,3 kJ/m2.
A quantidade de gases gerados no alto-forno é cerca de 500 a 1600 Nm3/t de ferro-gusa. Os gases
que saem no topo do alto-forno, arrastam consigo poeiras (cerca de 10 a 15 g/Nm3 de pó) que não
podem ser lançadas na atmosfera. Este gás impuro também não pode ser usado como
combustível. Por isso, todo o gás passa por um sistema de coleta e limpeza de gases que
separa todas as partículas sólidas, formando uma lama que é aproveitada na sinterização. O pó de
alto-forno é o subproduto resultante do processo de limpeza na passagem do gás de alto-forno
através do balão de pó (sedimentação a seco, do material mais pesado, no fundo do balão). Este
pó tem uma composição que varia de acordo com a matéria prima usada, porém,
aproximadamente é composto por 25 a 40% de Fe, 40 a 45% de C, 5 a 7% de SiO2 e 2 a 4% de
CaO. A lama de alto-forno é o subproduto resultante do processo de limpeza dos gases, formado
durante o processo de lavagem dos gases, nos Venturis. A lama formada é o produto da
separação da água e sólidos, realizada nos espessadores. Um dos maiores problemas da lama é o
elevado teor de ZnO, podendo haver restrições quanto ao seu uso na Sinterização.
O gás de alto-forno contém de 21 a 25% de CO, 18 a 22% de CO2, 2 a 5% de H2, possuindo cerca
de 820 kcal/Nm3 de poder calorífico, e por isso ele é recuperado. Para tal, o gás de alto-forno
purificado é mandado para o um gasômetro, onde é misturado a outros gases combustíveis
gerados na usina, mistura que pode ser usada na produção de energia elétrica ou ser enviado para
fornos na laminação e calcinação.
A quantidade de gases gerados no alto-forno é cerca de 500 a 1600 Nm3/t de gusa. Como este gás
contém cerca de 10 a 15 g/Nm3 de pó, ele não pode ser usado como combustível diretamente. O
pó de alto-forno é o subproduto resultante do processo de limpeza dos gases, formado durante a
passagem do gás de alto-forno através do balão de pó. O seu princípio baseia-se na sedimentação
a seco, do material mais pesado, no fundo do balão de pó. O material recuperado pode ser
reaproveitado através do seu envio para a sinterização. A lama de alto-forno é o subproduto
resultante do processo de limpeza dos gases, formado durante o processo de lavagem dos gases,
nos Venturis. A Lama formada é o produto da separação da água e sólidos, realizada nos
espessadores. Um dos maiores problemas da Lama é o elevado teor de ZnO, podendo haver
restrições quanto ao seu uso na Sinterização.
A casa de corrida (Figura 2.4.4) é o local onde se encerra a operação de redução dos óxidos
ferrosos, tendo como resultado o ferro-gusa e a escória, que são conduzidos através dos canais
situados no piso da casa de corrida e separam-se devido à diferença de densidade, indo o ferro-
gusa para o carro-torpedo e a escória para o granulador de escória ou para o poço de escória
(Dry Pit) ou panelas, conforme o lay-out de cada usina. A densidade do ferro-gusa é de 6,8 t/m³ e
a da escória é de cerca de 1,5 t/m³.
113
a b c
Figura 2.4.4 - Exemplos da casa de corrida (a), do perfurador do furo de ferro-gusa (b), da coleta
de amostra, de um canhão obturador (d) para o seu fechamento e do canal de corrida (e).
A ferramenta de perfuração usada é a broca ou a barra. Geralmente as brocas são usadas com
refrigeração, podendo ser através de água, ar comprimido, nitrogênio ou uma combinação destes
três refrigerantes. Nos intervalos entre corridas o canhão deve ser carregado com massa de
obturação, e no instante do fechamento furo de gusa, essa massa é injetada através, com um
volume tal que seja suficiente para o fechamento e manutenção do comprimento do furo de gusa.
O ponto final do trajeto do ferro-gusa através dos canais da casa de corrida é o CBG (calha
basculante de gusa), que “despeja” o ferro-gusa para um nível inferior, onde se encontra
estacionado um carro-torpedo. Estes equipamentos são recipientes revestidos com tijolos
114
refratários em seu interior e devido a sua geometria, tem reduzida perda de calor para o meio-
ambiente, permitindo o armazenamento de ferro-gusa em seu interior por períodos superiores a 30
h, podendo armazenar até 500 t de ferro-gusa.
Para aumentar a produtividade do alto-forno, reduzindo ao mesmo tempo o consumo de coque por
tonelada de ferro-gusa líquido produzido (coke rate), são empregadas técnicas de injeção de
combustíveis pelas ventaneiras (óleo mineral, carvão pulverizado, gás natural, alcatrão, etc.) bem
como o enriquecimento do ar de combustão com o oxigênio. Uma das técnicas que vem sendo
empregada nas grandes siderúrgicas nos últimos anos é o sistema conhecido como PCI
(Pulverized Carbon Injection) ou IPC em português (Injeção de Carvão Pulverizado), que consiste
basicamente na injeção de carvão pulverizado via ventaneiras, empregando-se ainda o nitrogênio
diluído com o carvão como fluído de transporte.
O enriquecimento do ar injetado pelas ventaneiras com oxigênio também é uma importante técnica
empregada pelas usinas siderúrgicas para aumentar a produção. Porém, a utilização de taxas de
enriquecimento elevadas, acima de 3%, ocasiona uma elevação exagerada da temperatura da
chama. Entretanto, pode-se operar com taxas de enriquecimento acima de 6% se
concomitantemente trabalhar-se com taxas de injeção de carvão acima de 10 kg/tonelada de ferro-
gusa, com consumo de coque em torno de 300 kg/tonelada de ferro-gusa.
O alto-forno funciona de forma contínua, ou seja, não deve ter sua produção paralisada, a não ser
para manutenções programadas em equipamentos considerados críticos para seu funcionamento
seguro. Estas paradas duram em torno de 24 horas, sendo realizadas tipicamente a cada 3 meses
nos grandes alto-fornos a coque. Nestas ocasiões devem ser preparados carregamentos que se
caracterizam pela maior quantidade de coque de forma a suprir a energia perdida durante os
períodos de parada, principalmente através dos refratários. Uma parada para manutenção
completa do alto-forno (campanha) que implica na troca de todo o seu revestimento refratário
ocorre a cada período de 12 a 14 anos, levando de 3 a 6 meses para ser realizada. Porém existem
alto-fornos que tem sua campanha que já supera 20 anos.
Na Figura 2.2.8 apresenta-se um balanço de materiais em um alto-forno típico sugerido pela United
Nations Enviroment Programme3.
3
United Nations Environment Programme, Steel Industry and the Environment Technical and Management Issues,
Technical Report 38, 1998.
115
Figura 2.4.5 – Imagens da casa de corrida e do carro-torpedo para transporte de ferro-gusa líquido
do alto-forno para a aciaria (imagens cedidas pela Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST).
116
2.4.1 - EQUIPAMENTOS
B
A
C
B
Situação ideal Situação não ideal
(formação canais preferenciais)
Figura 2.4.3 – Representação esquemática do efeito da concentração de finos de minério no fluxo
de gases no alto forno.
Cones
Regeneradores
Gases de Vagonete de carregamento
retorno
Refratário
Ar Minério de
Cadinho
Coque ferro e
calcário
Anel de vento
Carro-torpedo
Ferro-gusa
líquido
Escória Carregamento
Figura 2.4.6 – Representação esquemático de um alto forno com o sistema de aquecimento do ar
de combustão através de regeneradores.
117
1 6
ANTRACITO
CARVÃO
2
4
ALTO FORNO 1
9
7
3
2
5
10
8
ALTO FORNO 2
1- Pátio de Carvão e/ou Antracito 4- Silo do Moinho 7- Silo de Finos 10- Rota de Injeção AF-2
2- Correia Transportadora 5- Moinho 8- Vasos de Injeção
3- Silos de Regularização 6- Peneiras 9- Rota de Injeção AF-1
Figura 2.4.8 – Fluxograma do processo de injeção de carvão pulverizado pelas ventaneiras do alto-
forno (sistema PCI).
Zona ativa de
Zona decoesão
coque/
Zona
gotejamento
Sopr
Anel de
o vento
Lança
PCI
Ventaneira
Local para introdução
Zona de combustão Homem Ventaneira Tubo de sopro da lança de injeção
morto
Figura 2.4.9 – Sistema PCI e detalhe das ventaneiras através das quais o carvão é injetado no
interior do alto-forno.
118
1 kg CO
0,3 kg CO2
0,14 kg SO2
0,9 kg NOx
85 kg Particulado
1500 kg Sinter e/ou
75 kg Hidrocarbonetos
pelota e/ou calcário
poliaromáticos
150 kg Minério de
ferro granulado 1000 kg
415 kg Coque Ferro-gusa
30 litros Água
35 kg Carvão mineral
250 kg finos de 0,2 m3 Águas servidas
0,010 kg Sólidos em 324 kg Escória
suspensão 0,4 kg Pó da casa
0,02 kg Óleo de corrida
0,001 kg Cianeto 0,019 kg Lama da
0,002 Metais limpeza de gases
Figura 2.4.10 - Balanço parcial de materiais em um alto-forno típico.
119
Blast Furnace L
10 000 t HM / d
Raw Coal
2000 t
834 t
2 x 19
Natural
Gas
2 x 42 t/h
Nitrogen 2 x 42 t/h
120
2.4.2 – ZONAS DE REAÇÕES DO ALTO-FORNO
Apesar de serem utilizados desde o século XV, a estrutura interna da carga dos alto-fornos
só ficou bem conhecida a partir dos trabalhos de resfriamento e dissecação de diversos altos-
fornos realizados pelos russos e japoneses a partir do ano de 1964. Na dissecação, o alto forno é
resfriado com água ou com nitrogênio, de forma que se possa “congelar” as diversas regiões do
mesmo, seguida da análise dos aspectos físicos e químicos destas regiões (composição,
granulometria, espessura, etc). Assim, foi possível obter um grande conhecimento técnico que
possibilitou uma melhor compreensão do processo de produção de ferro-gusa em altos-fornos. Um
dos resultados mais importantes da dissecação dos fornos foi a determinação da sua estrutura
interna, na qual ficou classificou-se diversas zonas bem distintas apresentadas abaixo e
visualizadas na Figura 2.4.11:
- Zona granular: Região onde toda a carga de minério de ferroe de coque permanece
sólida e granular, permanecendo em camadas alternadas como foram carregadas,
existindo apenas duas fases (gases e sólidos); portanto a redução dos óxidos de ferro
ocorre apenas no estado sólido.
- Zona de amolecimento e fusão ou zona coesiva: Região onde ocorre o amolecimento e
fusão da carga ferrífera, sendo onde reside a maior resistência a passagem dos gases,
divido a união (coesão) entre o partículas semi-fundidas de minério de ferro, existindo
ainda camadas de coque. Situa-se na faixa de temperatura entre o início de
amolecimento e a fusão da carga metálica. O seu perfil depende da distribuição de fluxo
gasoso no interior do alto-forno, que depende da relação minério/coque ao longo do
diâmetro do forno. A atuação na relação minério/coque ao longo do diâmetro do forno
constitui importante parâmetro operacional do alto-forno, denominado de distribuição
da carga ou marcha do forno. Nesta região acontece a absorção de Si pelo ferro.
Nesta zona existe ainda uma região denominada de zona de reserva térmica, onde a
temperatura, tanto da carga como do gás é constante (±1.000oC).
- Zona de gotejamento: Região onde o metal e a escória, ambos líquidos, escoam pelos
poros do através do homem morto (coque sólido) até se depositarem no cadinho.
Durante a descida das gotas de ferro-gusa acontecem importantes reações que
incorporam os elementos de liga ao ferro-gusa.
- Zona de combustão (raceway): Região em frente das ventaneiras, onde ocorre a queima
do carvão ou do coque. É uma região parcialmente vazia devido à elevada energia
cinética das do sopro de ar quente. À medida que as partículas de coque circulam, vão
sendo queimadas, gerando o gás redutor e a energia de aquecimento do forno. A
absorção de Si e do S do gás continua a acontecer.
- Zona de coque estagnado ou homem morto (também chamada de cadinho): Coluna de
carvão vegetal ou de coque existente no cadinho do alto-forno. No cadinho se depositam
o ferro-gusa líquido e a escória que se separam em duas camadas por diferença de
densidade. No cadinho ainda ocorrem reações entre as fases metálicas e escorificadas,
tais como a de dessulfuração do ferro-gusa. Acima do cadinho e em parte da rampa, a
carga sólida é composta apenas de coque, que não rola em direção as ventaneiras. Este
coque será consumido pelas reações de combustão ou tendo o seu carbono absorvido
pelo metal líquido. O homem morto ou região de coque estagnado tem sobre si grande
parte do peso de toda coluna de carga do alto forno e, dependendo da relação de forças
entre o peso da carga e o empuxo exercido pelo ferro-gusa líquido, escória líquida e ar
soprado, pode ou não ser apoiada no fundo do cadinho. A acumulação em excesso de
escória e ferro-gusa no cadinho pode causar sérios danos operacionais, como por
exemplo, superaquecimento e fusão das ventaneiras, marcha irregular do forno, etc.
121
Gases Carga Minério ferro
(granulado e/ou sinter
e/ou de pelota)
Coque ou carvão
vegetal
Zona Granular
Zona de amolecimento e
fusão
Camada de
amolecimento e
Gotejamento
fusão
Zona de
Região de
coque ativo
Região de coque
Zona de Escória estagnado ou homem
Combustão morto
Ferro-gusa
Cadinho
Início da
Final da Fusão
fusão
Gases
Minério
Escória
SiO2 Minério
Al2O3
CaO Gusa
Ferro-gusa
MgO Minério
FeO
CO2
óxidos de ferro
122
Nas equações representando reações químicas apresentadas neste texto, os seguintes
símbolos são usualmente empregados: < > = sólido, ( )g = gás, { } = líquido, ( ) = escória, [ ] =
soluto na fase metálica. Outros autores preferem utilizar outra simbologia: __ soluto na fase
metálica e sem símbolo para gás.
As reações que ocorrem no interior do alto forno serão analisadas a partir das ventaneiras,
ou seja, a partir da zona de combustão. Nesta zona, devido à elevada velocidade de injeção do ar
pelas ventaneiras (180 a 280 m/s) o coque passa a recircular, permitindo que o carbono do coque
combine-se com o oxigênio fornecido pelo ar quente soprado, de acordo com a seguinte reação
exotérmica4, ou seja, que libera energia:
Devido à alta temperatura do gás CO2 formado, ocorre a combinação deste com o carbono
do coque, porque o CO2 é instável acima de 1000oC na presença de carbono e para as pressões
reinantes nesta região, através de uma reação endotérmica, ou seja, absorvendo energia,
conhecida como reação de Boudouard ou Solution Loss (reação de perda por solução):
Nota-se assim que a combustão do carbono do coque na região das ventaneiras (zona de
combustão ou raceway) gera o gás redutor (CO) para a redução dos óxidos de ferro e a geração
de energia para aquecimento da carga, com seu conseqüente amolecimento e fusão nas outras
zonas do forno.
Como a reação acima absorve calor, costuma-se injetar uma certa quantidade de vapor
d’água junto com o ar quente de modo a exercer um melhor controle da temperatura da chama,
que normalmente supera 2100oC.
O perfil térmico do alto forno aliado às condições termodinâmicas e cinéticas impostas pela
reação de Boudouard, permitem, para fins de estudo, dividir o alto forno em duas partes, em
função principalmente da reatividade do carbono do coque:
a – setor de preparação: onde o carbono do coque praticamente não reage, constituindo
assim um material inerte.
b – setor de elaboração: onde o carbono do coque reage como CO2, restituindo o poder
redutor do gás através da reação de Boudouard.
4
Determinada pela diferença entre a somatória das entalpias de formação dos compostos resultantes (lado direito) da
reação e a somatória das entalpias de formação dos reagentes (lado esquerdo).
123
Foi dito anteriormente que o CO2 só é instável, isto é passa a reagir com o carbono do
coque, acima de 1000oC, gerando o CO que é o gás redutor imprescindível para a realização das
reações objetivadas no alto-forno. Portanto, deve-se procurar transferir o máximo possível de
oxigênio dos óxidos de ferro para os gases, antes de entrar na região onde o carbono passe a ser
consumido para formar o CO pela reação de Boudouard.
100 •A 0
80 20
B
60 • 40
CO (%)
CO2 (%)
40 60
124
Na zona granular, pertencente ao setor de preparação, ocorrem as reações que
promovem a evaporação da umidade da carga, ou seja:
Nesta zona granular ocorre grande parte das reações de redução do minério de ferro. A
penetração do gás redutor nos poros do minério de ferro aumenta a superfície de contato
favorecendo as reações, ao mesmo tempo que o gás oxidado segue o caminho inverso. O material
carregado no forno entra em contato em contra corrente com os gases e é aquecido nos primeiros
4 a 6 metros abaixo do topo até temperaturas na faixa de 600 a 800oC. A redução da hematita
(óxido presente em maior quantidade no minério) é realizada em estágios sucessivos, conforme as
seguintes equações:
Observando o diagrama Fe-C-O da Figura 2.4.13 nota-se que a redução da wustita (FeO)
necessita de um elevado potencial de gás redutor (concentração de CO no gás). Esse gás, após a
redução da wustita sobe no forno e reduz facilmente a magnetita (Fe3O4) e a hematita (Fe2O3)
devido ao baixo potencial redutor necessário. As equações f1, f2 e f3 são chamadas de redução
indireta. Analisadas em conjunto, a redução indireta é levemente exotérmica. Como o CO2
resultante destas reações é o último estágio da combustão do carbono, consegue-se a maior
utilização possível da “energia química” deste elemento, quanto maior for a quantidade de oxigênio
removido através das reações indiretas.
A redução do óxido de ferro também ocorre através de uma reação direta, do tipo
endotérmica, representada pelas seguintes equações:
125
Outras reações do tipo direta ocorrem com o gás hidrogênio, proveniente da reação de
decomposição do vapor d’água presente devido à umidade do ar soprado na zona de combustão
(reação h1) como por exemplo a reação que ocorre a :
As reações de redução dos óxidos Fe2O3, Fe3O4 e FeO ocorrem respectivamente nas faixas
de temperatura de ±550oC, ±620oC e de 620 a 800oC.
A redução da sílica (SiO2) para silício (Si) e a incorporação deste elemento ao ferro-gusa
estão intimamente relacionadas com o perfil térmico do forno. Esse é um aspecto de extrema
importância porque exerce grande influência no processo de elaboração do aço no convertedor LD,
uma vez que o percentual de Si no ferro-gusa é um parâmetro fundamental para o cálculo do
balanço térmico na aciaria, afetando ainda a quantidade de escória formada, o consumo de
fundentes e o desgaste do refratário do convertedor.
126
<SiO2> + <2C>coque ↔ <FeSi> + (2CO)gás +132,5 kcal/Mol (i5)
A temperatura acima de 1200oC, grande parte da sílica se combina com o CaO e o MgO
para formar a escória.
A respeito do controle do teor de silício no ferro-gusa vários autores concluíram que existem
condições para oxidação do silício incorporado através das reações anteriores através das
seguintes mecanismos:
Como foi dito anteriormente, a redução do minério de ferro inicia-se da periferia para o
centro das partículas (sinter, pelota ou minério). Porém , se a quantidade de sílica presente na
carga for muito elevada, forma-se uma camada na periferia das partículas de faialita (FeO-SiO2),
que tende a impedir o progresso da redução, diminuindo a temperatura de amolecimento e fusão
da carga, aumentando a espessura zona coesiva, dificultando o fluxo de gases no forno. O núcleo
das partículas permanece como FeO que é liberado quando a faialita é fundida nas zonas de
temperatura mais alta através da reação:
Porém a fusão do FeO ocorre por uma reação endotérmica, o que provoca o esfriamento do
forno. Além disto, o ferro formado apresenta uma temperatura de fusão 150oC mais elevada do que
o FeO, o que provavelmente levará a formação de uma fase sólida nesta região. Estes dois
fenômenos podem provocar o arriamento ou engaiolamento do forno.
Para evitar este grave problema, tem-se produzido sinter e/ou pelotas com basicidade mais
elevada, ou seja, a relação entre a quantidade de cal e de sílica deve ser maior do que 1,5
(CaO/SiO2 ≥ 1,5), com teores de MgO na faixa de 1,2 a 2,0. O MgO e CaO adicionados combinan-
se com a SiO2 aumentando a temperatura de fusão da película formada em torno das partículas de
minério, dando tempo para acontecer a completa redução do FeO para Fe, permitindo que se
trabalhe com temperatura de chama mais alta no alto-forno, o que diminui o consumo de
combustível (coke-rate) e aumenta a permeabilidade da carga, ou seja, melhora a produtividade do
alto-forno.
O minério e o coque contêm ainda outras impurezas que podem ser reduzidas no alto-
forno. Estas impurezas são absorvidas pelo ferro-gusa, pela escória ou deixam o forno junto com
os gases no topo. O manganês pode ser proveniente do minério de manganês ou a escória de
aciaria carregado no forno. As reações dos óxidos de manganês com o gás carbônico são
exotérmicas e podem ocorrer na coluna de carga, na parte média e inferior da cuba:
127
A reação m4 é mais difícil de ocorrer porque exige temperaturas elevadas, de forma que
geralmente entre 50 a 75% do MnO que é carregado no alto-forno, na forma de ganga do minério
de ferro, é reduzido, sendo que o restante é incorporado pela escória.
A cal formada é importante para a efetivação da dessulfuração com será visto a seguir.
A incorporação de fósforo pelo ferro-gusa líquido é muito fácil, sendo talvez, o único
elemento que passa totalmente para o ferro-gusa:
Deve-se lembrar que esta reação indesejável porque o fósforo, em condições normais,
prejudica as propriedades mecânicas dos aços.
A presença do FeO prejudica a dessulfuração de forma que a este fenômeno deve ocorrer
através de outra reação que acontece em temperaturas mais elevadas, devido ao fato de ser
endotérmica:
Esta reação é mais provável devido ao excesso de carbono reinante no alto forno. Um teor
de cal mais elevado também favorece esta reação.
Pode-se agora justificar porque que a etapa de extração do ferro a partir do seu óxido é
denominada de redução, designação também atribuída ao setor de uma usina siderúrgica que
reúne as áreas de pátio de matérias-primas, coqueria, sinterização e alto-forno. A formação do
minério de ferro acontece através de uma reação de oxidação (ou reação anódica) do tipo:
128
Fe → Fe2+ + 2e-.
O2 + 2e- → O2-.
O íon Fe2+ é atraído pelo íon O2- para formar óxidos do tipo Fe2O3, Fe3O4, e FeO,
dependendo da proporção entre os átomos de oxigênio e ferro (também podem ser formados os
íons O1- e Fe3+). O termo redução tem sua origem no fato de que a separação do ferro do oxigênio
ocorre através da combinação preferencial do oxigênio com o carbono (oriundo do carvão vegetal
ou do coque), ou seja, através da reação de redução (ou reação catódica):
Se considerarmos o último estágio da redução, isto é, depois do óxido de ferro ter passado
de Fe2O3 para Fe3O4 e finalmente para FeO, a reação de redução direta pode ser escrita como:
Algumas das partículas de óxido aderem a carga (de minério ou de coque) que descem o
forno são novamente reduzidas e vaporizadas segundo as reações:
129
Esta reações,que ocorrem respectivamente a 1020 e 882oC contribuem para a continuação
do ciclo dos metais alcalinos no alto-forno.
Parte do Na2O pode reagir com o CO2 e se transformar em carbonato de sódio (Na2CO3),
um material duro, que pode ser arrastado pelo gás para fora do forno na parte superior ou ser de
difícil remoção quando se formar nas partes mais inferiores do forno.
Um outro composto que pode ser formado é o cianeto de sódio através da reação:
Este cianeto é um gás que pode ser reoxidado no interior do forno ou ser condensado para
o estado líquido e ser arrastado para fora do forno, solidificando-se no contato com o ar. Deve-se
ter a máxima atenção porque os cianetos são venenos letais.
Um efeito adicional dos metais alcalinos é a fragmentação das partículas de coque, devido
ao fato dos gases formados impregnarem ou reagirem com o carbono do coque, como mostrado
nas reações apresentadas, provocando a redução da permeabilidade da carga, comprometendo
inclusive o escoamento do ferro-gusa e da escória líquidos para o cadinho, podendo provocar a
fusão das ventaneiras. Outro aspecto a ser considerado é o fato da presença de metais alcalinos
acelerarem as reações de redução dos óxidos de ferro, provocando o inchamento e crepitação das
partículas de minério de ferro, aumentando a quantidade de finos, afetando também a
permeabilidade e dificultando o fluxo gasoso.
Todas as reações apresentadas para o sódio, acontecem também com o potássio. O zinco,
proveniente de rejeitos internos da usina tais como lama e escória de aciaria também apresenta
um comportamento semelhante, porém não forma silicatos estáveis, não sendo possível eliminá-lo
pela escória do alto-forno. Os vapores de zinco podem penetrar nas fendas do refratário do forno,
provocando a sua deterioração ou se depositarem nas tubulações de saída de gases, podendo
obstruí-las. Para diminuir os efeitos deletérios do zinco, pode-se adicionar o CaCl2 na mistura a
sinterizar, induzido a gaseificação de zinco sob a forma de ZnCl2, menos prejudicial ao processo.
O material carregado no alto-forno pode conter ainda metais como titânio, cromo, cobre,
etc. Compostos a base de cobre são reduzido no forno e o cobre passa para o ferro-gusa,
podendo ser prejudicial na aciaria, visto que não é possível a sua eliminação devido a sua não
oxidação nas temperaturas de elaboração do aço. O óxido de cromo que pode estar presente no
minério pode ser reduzido mas em temperaturas elevadas, ocasionando um maior consumo de
combustível, através da reação:
130
Os compostos SiO2, MgO, CaO, Pb2O5 e CaS são proveniente do minério de ferro e dos
fundentes, O minério também pode conter Al2O3, TiO2, MnO2, PbO2, ZnO, FeO e MnS. As cinzas
do coque contêm cerca de 40% de SiO2 e S.
CaO + MgO
SiO 2 + Al 2 O3
A proporção de escória gira em torno de 300 a 365 kg/t de ferro-gusa. Apesar da escória
ser reaproveitada, principalmente para a fabricação de cimento, uma quanto maior a sua
proporção, menor a produtividade do alto forno e maior o consumo de combustível, embora possa
favorecer a dessulfuração.
131
8 – REFINO PRIMÁRIO:
Nas duas últimas décadas, procurou-se pré-tratar o gusa líquido, pela dessulfuração e,
até com um pré-refino, ( desiliciazação, desfosforação e dessulfuração ).
Até 1856, quando Henry Bessemer na Grã-Bretanha e William Kelly, nos Estados
Unidos, quase simultaneamente, inventaram o processo de sopro pneumático, o aço
era obtido apenas pela refusão de pequenas quantidades de sucata em fornos de
cadinho ou pelo penoso processo de pudlagem em fornos de revérbero.
Graças aos trabalhos de Sidney Gilchrist Thomas, o convertedor recebeu o revestimento básico
(dolomítico), em 1877. Tal descobrimento permitiu a remoção do fósforo dos minérios europeus
com teor mais elevado deste elemento.
O oxigênio do ar combina-se com o ferro, formando o FeO que, por sua vez, combina-
se com o silício, o manganês e o carbono; portanto, estas impurezas são eliminadas,
seja sob a forma de escória, (SiO2, MnO), ou de gás, (CO), que inflama-se na boca do
convertedor.
Um dos fatores mais importantes era a temperatura do gusa: tanto o seu calor sensível
(temperatura física), como o seu calor latente, isto é, o teor de elementos que, ao
132
queimar, geravam calor. Um gusa "fisicamente quente" permitia a adição de sucata no
conversor. (aproveitando-se assim, pontas e recortes das operações laminação) e,
também, sopragem rápida sem projeções.
A temperatura do gusa, ao ser vertido no conversor, não deveria ser superior a 1250°C.
Para a produção do aço Bessemer, preferia-se gusa com a seguinte composição: Si =
1,10 a 1,50%; Mn = 0,40 a 0,70%e P = 0,090% máximo. O silício, se mais baixo, teria a
tendência de causar corridas frias. O manganês, acima de 0,70%, ocasionava uma
escória muito fluida, resultando em projeções e mais difícil separação entre ela e o aço.
A idéia original foi exposta pelo próprio Sir Henry Bessemer em 1856, porém, as
dificuldades na obtenção do oxigênio puro, em quantidades industriais, não permitiram
a sua utilização prática.
MATERIAIS UTILIZADOS:
1- OXIGÊNIO
Deve-se ter no mínimo 99,5% de pureza. Os restantes 0,2 a 0,3% consistem em: 0,2%
de argônio e 0,005% máximo de nitrogênio, (importante para evitar fenômenos de
envelhecimento sob tensão).
2- GUSA
Contém: 4,0 a 4,5% de C, 0,5 a 1 ,5% de Si, 0,3 a 2,0% de Mn, 0,03 a 0,05% de Se
0,05 a 0,15% de P.
133
No vazamento do alto forno, a temperatura do gusa é de 1480 a 1510°C, pois até o
carro torpedo chegar ao convertedor haverá uma perda de temperatura do gusa de
cerca de 135o
C, e o processo de refino necessita de uma temperatura do gusa acima
de 1400o
C. Com a queda da temperatura, o excesso de carbono deixa o banho sob a
forma de grafite, poluindo o ambiente.
A dessulfuração do gusa pode ser feita no carro torpedo ou na panela de carga. Neste
último caso, o grau de tratamento pode ser ajustado individualmente para cada corrida.
A injeção de magnésio tem como base a elevada afinidade deste com o enxofre. Como
o magnésio tem baixo poder de ebulição (1100o
C) e vaporiza facilmente, deve ser
misturado com cal ou coque (formando briquetes).
3- SUCATA
4- ESCORIFICANTES
Usa-se cal, dolomito calcinado e fluorita. Na cal, procura-se alta porosidade e elevada
reatividade.
5- FERRO-LIGAS
Fe-Cr e maiores quantidades de Fe-Mn podem ser adicionados no estado líquido
durante o vazamento. Pode-se empregar um forno de indução para este fim, evitando-
se ter que superaquecer o banho para dissolver as ferro- ligas.
6- REFRATÁRIOS
A duração do revestimento tem evoluído pela utilização de refratários de melhor
qualidade e pelo emprego de revestimentos diferenciados, embora, por outro lado, as
temperaturas do aço líquido tenham aumentado por causa do lingotamento contínuo e
134
do desenvolvimento da metalurgia secundária.
Um amplo leque de materiais está à disposição, como tijolos de dolomito ligado com
alcatrão; dolomito enriquecido com carbono, ligado com alcatrão; dolomito-grafite
enriquecido com carbono, ligado com alcatrão; dolomito enriquecido com magnésia,
ligado com alcatrão; magnésia, ligada com alcatrão; magnésia, ligada com alcatrão e
impregnada com piche; magnésia-grafite, ligada com alcatrão ou resina, magnésia,
queimada, impregnada de alcatrão.
A lança consiste de 3 tubos concêntricos, de aço sem costura, terminando num bocal
de cobre eletrolítico; no interno, flue o oxigênio; o intermediário, é para a alimentação
da água de resfriamento e o esterno, para o retomo da água aquecida. A ponta da
lança contém 3 a 5 dutos em forma de venturi, para obter a velocidade supersônica do
gás. Um sistema de talha elétrica, comandado da plataforma do conversor, suspende
ou abaixa a lança. Dispositivo de segurança impede a sua queda, no caso de ruptura
do cabo de sustentação; a duração média de uma lança é de algumas centenas de
corridas.
135
OPERAÇÃO
Com o convertedor inclinado, a sucata é carregada por uma calha ou por um vagão
basculador, seguindo-se o gusa líquido.
Após a ignição, que ocorre depois de alguns segundos, faz-se o carregamento da cal
por meio do silo montado sobre o forno.
136
Completado o sopro, a lança é retirada e o conversor basculado para a horizontal.
Mede-se a temperatura do banho com um pirômetro de imersão e colhe-se uma
amostra para análise, que é feita entre 3 a 5 minutos.
Para vazar a escória, bascula-se completamente o conversor para o lado oposto sobre
o pote de escória e prepara-se o conversor para a corrida seguinte.
REAÇÕES:
A primeira reação que ocorre no convertedor é o oxigênio que sai da lança e encontra o
ferro metálico no banho líquido. Este contato ocorre não pela afinidade do oxigênio pelo
ferro, pois outros elementos como silício, carbono e manganês, possuem mais
afinidade pelo oxigênio, mas pela grande quantidade de ferro no banho (mais de 97%).
A reação então é:
2Fe + O2 → 2FeO
Em seguida devido à maior afinidade do silício pelo oxigênio, este reage com o FeO,
retornando o ferro para o banho.
FeO + Mn → MnO + Fe
A silica formada combina-se com o FeO, MnO e cal do fundente para formar a escória
FeO + CO → Fe + CO2
2C + O2 → 2CO
C + O2 → CO2
Este convertedor é o utilizado pela CST. Pela lança é feita a injeção de oxigênio pela
137
boca do convertedor, e pelo fundo sopra-se argônio com a finalidade de promover
melhor homogeneidade do banho e facilitar as reações de oxidação.
O processo se constituía pela injeção de oxigênio somente pelo fundo, como o utilizado
por Bessemer. Porém, devido às altas temperaturas geradas nas ventaneiras, era
necessário a utilização de fluidos refrigerantes. Utilizou-se hidrocarbonetos
gasosos(propano, butano, gás natural, etc...) como fluído re frigerante.
9- REFINO SECUNDÁRIO:
9.1 - DEFINIÇÃO
138
a) Tratamento sob vácuo, para remoção de gases,
b) Agitação por borbulhamento de gás, para homogenizar o banho,
c) Mistura completa de adições,
d) Refino de aço pelo uso de escória sintética,
e) Manutenção de uma atmosfera de gás inerte na panela,
f) Aquecimento do aço líquido.
139
1.5. Escória sintética
Este processo consiste em se posicionar uma câmara de vácuo sobre a panela de aço,
comunicando-se com ela por meio de tubos revestidos de refratários (pernas).
Estabelece uma pressão negativa (vácuo) em relação à panela de modo a fazer o
metal líquido circular da panela para uma câmara de vácuo, por uma das pernas e
retornar ao banho pela outra perna continuamente até máxima desgaseificação.
Para que esta circulação ocorra, é necessário injetar em uma das pernas um gás
neutro, normalmente argônio, de modo a provocar uma diminuição da densidade do
aço em uma das pernas, fazendo com que o aço suba para o interior da câmara.
O aço junto com as bolhas de gás chega ao interior da câmara a alta velocidade, se
dispersando em pequenas gotículas, liberando assim os gases dissolvidos. O aço
desgaseificado retorna para a panela pelo outro tubo.
Deste modo, é criada uma diferença de densidade no aço entre as duas pernas,
fazendo como que ocorra a circulação do aço. Este processo é denominado de RH.
140
2.3. refino na panela
São mais caros para instalar e operar. Por isso, são usados para o refino de aços de
elevada qualidade, com propriedades mecânicas superiores.
1. conter quaisquer respingos causados pelo sopro com oxigênio e a injeção com gás
inerte,
2. evitar o extravazamento de metal em agitação,
3. manter o calor confinado à panela, no caso de usar arco voltaico.
Existem atualmente na CST, dois equipamentos nesta unidade, que são o IR-UT
(Injection Refining-up Temperature) e o RH-KTB (Ruhstall Heraeus -Kawasaki Top
Blowing).
Remoção de hidrogênio;
Ajuste fino de composição química;
Homogeneização do aço líquido { composição química e temperatura);
Descarburação (natural ou forçada);
Ajuste de temperatura {aquecimento químico ou resfriamento com sucata).
141
pela reação do gás CO com o oxigenio gerando CO2 e liberando grande quantidade de
calor.
142
Esquema do processo de desgaseificação à vácuo RH-KTB, utilizado na CST
O lingotamento contínuo de aço que produz placa de aço diretamente do aço líquido
em um único equipamento foi o mais importante avanço tecnológico nos processos
metalúrgicos desde os anos sessenta, pois permitiu a substituição do lingotamento
convencional feito através de lingoteiras, que é um processo bastante oneroso porque
envolve equipamentos adicionais como forno-poço, laminador desbastator,
estripadores, manutenção de lingoteiras, transportes internos(pontes rolantes, etc.),
para obter a placa de aço. O lingotamento contínuo eliminou os gastos com os
equipamentos citados resultando além de redução de tempo e custo em melhoria da
qualidade do aço.
143
produtividade como nível do molde e do distribuidor, velocidade da máquina e são
também controlados automaticamente.
10.1 - CARACTERÍSTICAS
A máquina vertical que está mostrada na fig.8.1 foi a primeira que surgiu, mas possuia
um inconveniente de estas instalações serem muito altas, em torno de 30 metros.
O distribuidor serve para manter um certo volume de aço líquido, de modo a alimentar
o molde com uma pressão ferrostática constante e controlar a vazão do aço para o
molde.
144
solidificada tenha resistência própria, para não romper ou inchar em demasia.
Após deixar o resfriamento secundário, o resfriamento da peça se faz por irradiação, e
finalmente a peça é então cortada geralmente por maçaricos.
As máquinas mais modernas são as de molde curvo, como visto nas fig.8.4 e 8.5.
Nestas máquinas a placa ainda não totalmente solidificada é encurvada na zona de
resfriamento secundário, por roletes guia à temperatura de aproximadamente 12000
C.
Com isto a altura desta instalação fica um terço da altura da máquina vertical. Deste
modo, estas máquinas podem agora serem instaladas no interior das alas de
vazamento das aciarias.
10.3 - OPERAÇÃO
145
pele solidificada e refrigerar a máquina. A taxa de resfriamento do aço influencia nas
propriedades metalúrgicas, pois afeta a distribuição de temperatura interna,
uniformidade química e qualidade superficial. Um resfriamento inadequado contribui
para a formação de trincas internas.
a – Em peso:
b - Em energia:
146
Capítulo VI:
VI: OPERAÇÕES
METALÚRGICAS
147
11 - LAMINAÇÃO
A laminação pode ser a quente ou a frio. Pelo fato destas operações com freqüência
serem as últimas e podem alterar a microestrutura do aço, elas devem ser projetadas
de modo a permitir que a microestrutura desejada. Desta forma, as operações de
acabamento envolvem tratamentos térmicos, tais como: esferoidização, normalização,
e recozimento, ou tratamentos superficiais, como: galvanização, estanhamento,
cementação, usinagem tempera etc.
Quando este equipamento consiste em somente um conjunto de cilindros, isto pode ser
conseguido de duas formas: ou variando-se a distância entre os cilindros de trabalho,
laminadores reguláveis durante a operação, ou mantendo-se esta distância fixa,
laminadores fixos durante a operação, e variando-se o diâmetro do cilindro ao longo do
seu comprimento, o que equivale a variar a abertura entre os cilindros. Neste último
caso, a peça a ser trabalhada deverá ser deslocada ao longo dos cilindros para cada
passe sucessivo.
Uma outra forma de realizar passes com diferentes reduções, seria a colocação de
laminadores em linha, com uma distância pré-determinada entre eles, de modo que
trabalhassem o material sucessivamente e em alguns casos simultaneamente.
148
Esquema mostrando cilindros com canais de um laminador fixo..
Ao passar entre os cilindros, a força de atrito entre a peça e os cilindros promove uma
deformação plástica, na qual a espessura é diminuída e a largura e o comprimento são
aumentados.
1. obter um produto final com tamanho e formato especificados, com uma alta taxa de
produção e um baixo custo;
2. obter um produto final de boa qualidade, com propriedades mecânicas e condições
149
superficiais adequadas.
Entende-se por produtos planos aqueles cuja forma da seção transversal é retangular,
sendo que a largura do produto e várias vezes maior do que a sua espessura.
Produtos não-planos, pelo contrário, tem sua seção transversal diferente da forma
retangular (exceção de barras chatas, alguns blocos e tarugos), formas em geral
complexas e variadas, embora já se tenha formas consagradas e limitadas. É o caso
de perfis tais como H, I, U, trilhos e outros.
150
laminação, extrusão, trefilação, etc. que os transformarão em produtos finais ou seja
acabados.
Não existe uma clara separação dimensional entre eles, embora a ABNT em sua
norma NBR 6215 de 1986 classifique os semi-acabados de conformidade com a área
da seção transversal e sua forma, como:
Quanto aos produtos acabados de laminação (observa-se que podemos ter produtos
acabados a partir de semi-acabados por diversos processos de conformação tais como
laminação, forjamento, trefilação, extrusão, etc.) a seguinte classificação é feita de
acordo com o tipo de produto plano e não-plano.
Os produtos acabados planos são obtidos por laminação a quente ou a quente e a frio
de placas em cilindros lisos (sem canais) e se subdividem de acordo com as seguintes
dimensões:
1. bobina:
Produto plano laminado com largura mínima de 500 mm enrolado na forma cilíndrica.
1.2. bobina fina a quente:
Produto plano larninado com espessura entre 1,20 e 5,0 mm e com largura superior a
500 mm, enrolado na forma cilíndrica e cuja espessura final é obtida por laminação a
quente.
151
2. chapa:
Produto plano de espessura mínima de 0,38 fim e largura mínima de 500 mm.
4. folha:
Produto plano laminado a frio com espessura igual ou inferior a 0,38 mm e com largura
mínima de 500 mm fornecido em bobinas ou num comprimento definido.
5. tira:
Produto plano relaminado a frio ou produto plano laminado com largura igual ou inferior
a 500 mm, fornecido com comprimento definido.
6. rolo:
Produto plano relaminado a frio ou produto plano laminado com largura igual ou inferior
a 500 mm, enrolado na forma cilíndrica de tal modo que a largura final do rolo seja igual
à largura do produto plano (rolo simples) ou seja superior a largura do produto plano, o
qual é obtido em sistema oscilante (rolo zigue-zague).
152
Os produtos não planos chamados de fios (fio-máquina) são materiais com seção
transversal circular com diâmetro de 5 a 13mm, laminados a quente, fornecidos na
forma de bobinas ou não e geralmente são destinados a trefilação.
153
Entre os laminadores primários pode-se distinguir os laminadores desbastadores e os
laminadores de tarugos ou platinas.
12- TREFILAÇÃO
Da redução sucessiva de diâmetro de uma barra metálica maciça podem resultar barras, vergalhões e
arames, dependendo do diâmetro do produto final. Por outro lado, a trefilação pode também ser
realizada em tubos ocos e, neste caso, existem diversas técnicas empregadas, com a utilização, ou
não, de um mandril interno ao tubo que permite um melhor controle da espessura final. Geralmente
os processos de trefilação são realizados à temperatura ambiente; todavia, uma vez que as
deformações envolvidas são normalmente grandes, ocorre um aumento considerável de temperatura
durante a operação.
154
Fig.: Máquina para trefilagem
a) Trefilação a Frio
Esse tipo de trefilação é usado para metais de rede CFC (Cúbico de Face Centrado). O fio é
preparado de forma que se prenda na tarracha da trefila, sendo então 'puxado'. A medida que o fio é
puxado através da tarracha, o seu volume permanece o mesmo, o diâmetro diminui e o seu
comprimento aumenta. Geralmente, são usadas mais de uma tarracha seguidas umas das outras,
reduzindo sucessivamente o diâmetro. A área de redução da seção transversal de fios finos varia
entre 15 e 25 % e fios grossos entre 20 e 45 %. É importante que a tarracha gire eventualmente
deixando o fio deslizar com menos resistência a uma velocidade constante com o objetivo de não
deixar que o fio agarre, o que poderia enfraquecer ou até mesmo quebrar o fio. A velocidade em que
o fio deve ser trefilado varia de acordo com o material e a dimensão da redução. O fato de 'puxar' o
material sem aquecimento prévio, exige maior força da máquina. Logo, pode causar exaustão
antecipada do equipamento e fadigas no metal. Pra diminuir os efeitos da exaustão, existe a
lubrificação. Além de garantir mais durabilidade para as tarrachas, a lubrificação faz com que o
acabamento da trefilagem fique melhor. A seguir, alguns tipos de lubrificação:
Existem vários tipos de lubrificantes. Um dos métodos é mergulhar o fio numa solução de Sulfato de
cobre (II) fazendo com que uma camada de cobre fique depositada formando uma espécie de
155
lubrificante. Em alguns tipos de fio, o cobre continua envolvendo o fio prevenindo contra oxidação
ou então para permitir uma boa separação dos fios.
b) Trefilação a Quente
Essa trefilação aplica-se a metais de rede CCC (Cúbico de Corpo Centrado) e raramente em metais
de rede HC (Hexagonal Compacto). Por esses metais serem pouco maleáveis, é necessário aquecê-
los até uma temperatura adequada em que obterão empacotamento igual às redes CFC, para
poderem, então, serem trefilados. Após resfriamento recuperam sua característica original.
As fieiras, ou trefilas, utilizadas na trefilação são compostas de uma carcaça de aço e um núcleo feito
de material bastante duro. O núcleo é geralmente feito de Carbeto de tungstênio ou diamante
industrial. O diamante sintético, ou industrial, é usado geralmente nas etapas iniciais de trefilagem
enquanto que as fieiras feitas de diamante natural são utilizadas nas etapas finais. Para trefilar fios
muito finos um cristal simples de diamante é utilizado.
12.3 Produtos
Os principais produtos são fios e barras, apesar de estas serem mais comumente produzidas com a
Extrusão .
13- EXTRUSÃO
13.1- Formas
Em geral a configuração das formas, chamadas de matrizes de extrusão, é transversal e vazada, mas
também pode ser cheia. Em função de sua construção sólida e resistente, a geometria da matriz não
se altera pelo uso contínuo, tendo assim uma vida útil longa. Os produtos extrudidos tem secção
transversal constante com dimensões bastante precisas, podendo no caso de peças compridas serem
cortadas ou fatiadas de acordo com a necessidade de uso.
156
13.2- Processos quente e frio
Pode-se dizer que a extrusão é a produção semi-contínua dos componentes fabricados, pois, as peças
em geral são bastante longas e seu comprimento é limitado pela quantidade de material inserido na
cavidade onde age o pistão injetor.
Em função da natureza da fabricação, as peças extrudadas são semi-acabadas não necessitando assim
posteriores usinagens. Existe ainda um sistema chamado híbrido, que é a combinação da extrusão
por injeção combinada com operações de forjamento, em geral executada a frio.
Alguns casos podem exigir extrusões a quente e a frio no mesmo processo. Equipamentos como o
Sigmamix que incorpora mistura e extrusão no mesmo conjunto, após a mistura executa-se a
extrusão que, no começo do cone de extrusão e conformação, é aquecido e logo em seguida resfriado
para que se evite escamas na peça. Estamos falando de massas muito viscosas como pedras sanitárias
ou sabão em pedras, esta peça "contínua" deve ter controles rígidos destas temperaturas que, em
função de temperatura ambiente, deve ser ajustada regularmente.
13.3- Utilização
Os produtos resultantes do processo de extrusão em geral são quadros de janelas e portas, trilhos
para portas deslizantes, tubos de várias seções transversais e formas arquitetônicas. Produtos
extrudados podem ser cortados nos tamanhos desejados para gerarem peças, como maçanetas,
trancas e engrenagens.
Em operação combinada com forjamento pode gerar componentes para automóveis, bicicletas,
motocicletas, maquinário pesado e equipamento de transporte.
13.4- Materiais
Os materiais mais utilizados no processo de extrusão podem ser o Alumínio, cobre, aço, magnésio,
chumbo e polímeros em geral.
Com uma vida útil longa, os produtos extrudados tem seção transversal constante com dimensões
bastante precisas, podendo no caso de peças compridas serem cortadas ou fatiadas de acordo com a
necessidade de uso
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14- FORJAMENTO
Processo semelhante à conformação, diferenciado pelo fato de que este acontece por impacto. A
matéria-prima é colocada na parte inferior do molde, então a parte superior desce em alta velocidade
e atinge a matéria-prima.
Pouco material implica falta de enchimento da cavidade. Muito material causa sobrecarga no
ferramental, com a probabilidade de danos ao mesmo e ao maquinário.
A tecnologia de forjamento moderna pode ser dividida em três categorias abrangentes de acordo com
a capacidade da máquina usada diferindo muito em sua aplicação na indústria.
Forja Pesada
Trata-se de prensas de enormes proporções, que exigem elevado número de operadores, além de uma
mão de obra especializada, motivos pelos quais são apropriadas apenas para produção de peças de
grandes dimensões para uso bastante específico. A força das prensas utilizadas em forja pesada varia
entre 3000 e 15000 toneladas. Uma prensa de 6000 toneladas pode estirar lingotes com cerca de 2,5
m de diâmetro e 120 toneladas.
Forja Média
As ferramentas da forja média são as prensas de forjamento de 1000 a 1500 toneladas. Diferem das
forjas pesadas por suas dimensões reduzidas e maior rapidez de trabalho. Podem dar de 30 a 150
golpes por minuto conforme sua capacidade.
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14.1- Temperaturas de Forjamento
♦ Forjamento a quente
- Formação de rebarba
- Exige acabamento final
♦ Forjamento a frio
O material é conformado entre matrizes planas ou de formato simples, que normalmente não se
tocam. É usado geralmente para fabricar peças grandes, com forma relativamente simples (p. ex.,
eixos de navios e de turbinas, ganchos, correntes, âncoras, alavancas, excêntricos, ferramentas
agrícolas, etc.) e em pequeno número; e também para pré-conformar peças que serão submetidas
posteriormente a operações de forjamento mais complexas. Como exemplos de peças produzidas por
este processo têm-se eixos de navios e de turbinas, ganchos, correntes, âncoras, alavancas, etc. O
forjamento livre se divide em operações unitárias e operações unitárias mais comuns.
São operações relativamente simples de conformação por forjamento, empregando matrizes abertas
ou ferramentas especiais, podendo ter as finalidades de: - Produzir peças acabadas de feitio simples -
Redistribuir a massa de uma peça bruta para facilitar a obtenção de uma peça de geometria complexa
por posterior forjamento em matriz.
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d) Rolamento: Operação de distribuição de massa ao longo do comprimento da peça, mantendo-se a
secção transversal redonda enquanto a peça é girada em torno do seu próprio eixo.
e) Caldeamento: Visa produzir a soldagem de duas superfícies metálicas limpas, postas em contato,
aquecidas e submetidas a compressão. Como por exemplo, a confecção de elos de corrente.
g) Furação:
a) Extrusão: O material é forçado a passar através de um orifício de secção transversal menor que a
da peça.
b) Laminação de forja: Reduz e modifica a secção transversal de uma barra passando-a entre dois
rolos que giram em sentidos opostos, tendo cada rolo um ou mais sulcos de perfil adequado, que se
combina com o sulco correspondente do outro rolo.
c) Cunhagem: Geralmente realizada a frio, empregando matriz fechada ou aberta, visa produzir uma
impressão bem definida na superfície de uma peça, sendo usada para fabricar moedas, medalhas
talheres e outras peças pequenas, bem como para gravar detalhes de diversos tipos em peças
maiores.
e) Expansão: Visa alargar uma fenda ou furo, fazendo passar através do mesmo uma ferramenta de
maiores dimensões ; geralmente se segue ao fendilhamento. Como etapas de forjamento podem ser
ainda executadas operações de corte, dobramento, curvamento, torção, entalhamento, etc.
O material é conformado entre duas metades de matriz que possuem, gravadas em baixo-relevo,
impressões com o formato que se deseja fornecer à peça. A deformação ocorre sob alta pressão em
uma cavidade fechada ou semi-fechada, permitindo assim obter-se peças com tolerâncias
dimensionais menores do que no forjamento livre. Nos casos em que a deformação ocorre dentro de
uma cavidade totalmente fechada, sem zona de escape, é fundamental a precisão na quantidade
fornecida de material: uma quantidade insuficiente implica falta de enchimento da cavidade e falha
no volume da peça; um excesso de material causa sobrecarga no ferramental, com probabilidade de
danos ao mesmo e ao maquinário. Dada à dificuldade de dimensionar a quantidade exata fornecida
de material, é mais comum empregar um pequeno excesso. As matrizes são providas de uma zona
oca especial para recolher o material excedente ao término do preenchimento da cavidade principal.
O material excedente forma uma faixa estreita (rebarba) em torno da peça forjada. A rebarba exige
uma operação posterior de corte (rebarbação) para remoção. Quanto às propriedades mecânicas dos
produtos forjados estão limitadas à temperatura de trabalho, isto é, entre os forjados a frio e a quente.
Verificou-se anteriormente que o trabalho a frio proporciona ao produto conformado limites de
resistências maiores e ductilidades menores. Os forjados a frio se apresentam com índice de
rugosidades bem menor.
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14.6- Equipamentos utilizados para forjar
Basicamente existem duas grandes famílias de equipamentos para forja, as prensas e os martelos e
cada um deles se subdividem de forma genérica em alguns tipos peculiares.
1. Prensas de fuso
São constituídas de um par porca/parafuso, com a rotação do fuso, a massa superior se desloca,
podendo estar fixada no próprio fuso ou então fixada à porca que neste caso deve ser móvel, dando
origem a dois sub-tipos de prensas; as de fuso móvel; e as de porca móvel Ligado ao fuso há um
disco de grande dimensão que funciona como disco de inércia, acumulando energia que é dissipada
na descida. O acionamento das prensas de fuso podem ser de três tipos:
Depois do martelo de forja, a prensa mecânica é o equipamento mais comumente utilizado. Pode ser
constituído de um par biela/manivela, para transformar um movimento de rotação, em um
movimento linear recíproco da massa superior da prensa. Para melhorar a rigidez deste tipo de
prensa algumas variações do modelo biela/manivela foram propostos assim nasceram as prensas
excêntricas com cunha e as prensas excêntricas com tesoura conforme mostra a figura Prensas
excêntricas com cunha e com tesoura que tem a finalidade de serem mais rígidas que uma prensa
excêntrica convencional. O curso do martelo neste tipo de prensa é menor que nos martelos de
forjamento e nas prensas hidráulicas. O máximo de carga é obtido quando a massa superior está a
aproximadamente 3mm acima da posição neutra central. São encontradas prensas mecânicas de 300
a 12.000 toneladas. A pancada de uma prensa é mais uma aplicação de carga crescente do que
realmente um impacto. Por isto as matrizes sofrem menos e podem ser menos maciças. Porem o
custo inicial de uma prensa mecânica é maior que de um martelo.
3. Prensas hidráulicas
As prensas hidráulicas são máquinas limitadas na carga, na qual a prensa hidráulica move um pistão
num cilindro. A principal característica é que a carga total de pressão é transmitida em qualquer
ponto do curso do pistão. Essa característica faz com que as prensas hidráulicas sejam
particularmente adequadas para operações de forja do tipo de extrusão. A velocidade do pistão pode
ser controlada e mesmo variada durante o seu curso. A prensa hidráulica é uma máquina de
velocidade baixa, o que resulta em tempos longos de contato com a peça que pode levar a problemas
com a perda de calor da peça a ser trabalhada e com a deterioração da matriz. Por outro lado. a
prensagem lenta de uma prensa hidráulica resulta em forjamento de pequenas tolerâncias
dimensionais. As prensas hidráulicas são disponíveis numa faixa de 500 a 18.000 toneladas, já tendo
sido construídas, também, prensas hidráulicas de 50.000 toneladas. O custo inicial de uma prensa
hidráulica é maior do que o de uma prensa mecânica da mesma capacidade. São disponíveis na
literatura técnica fatores para conversão entre a capacidade das prensas e dos martelos de forja.
4. Martelo
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A peça mais comumente usada dos equipamentos de forja é o martelo de forja. Os dois tipos básicos
de martelo são: martelo de queda livre com prancha e o martelo de duplo efeito. No martelo de
queda com prancha, a matriz superior e a massa cadente são elevadas por rolos de atrito engrenados
à prancha, correntes ou outros mecanismos. Quando a prancha é liberada, a massa cadente cai sob a
influência da gravidade para produzir a energia da pancada. A prancha é imediatamente elevada para
nova pancada. O forjamento com um martelo é normalmente feito com pancadas repetidas. Os
martelos podem atingir entre 60 e 150 pancadas por minuto dependendo do tamanho e capacidade. A
energia suprida pelas pancadas é igual à energia potencial devido ao peso da massa cadente e da
altura de queda. Os martelos de queda são classificados pelo peso da massa cadente. Entretanto, uma
vez que o martelo é uma máquina limitada energeticamente. no qual a deformação se processa até
que a energia cinética é dissipada pela deformação plástica da peça de trabalho ou pela deformação
elástica das matrizes e da máquina, é mais correto classificar essas máquinas em termos da energia
transmitida. Uma capacidade maior de forja é atingida com um martelo de duplo efeito no qual o
martelo é acelerado no seu curso descendente por pressão de vapor ou ar comprimido em adição à
gravidade. O vapor ou ar comprimido podem também serem usados para elevar o martelo no seu
curso ascendente. Nos martelos de queda o choque produzido pela queda da massa é transmitido
para toda a estrutura da máquina, bem como para as fundações. O que é um grande transtorno. Para
amenizar este fato foram desenvolvidos os martelos de contragolpe, em que a chabota se movimenta
ao mesmo tempo que a massa superior encontrando-se ambas no meio do percurso. Desta forma a
reação do choque praticamente inexiste e não é transmitida para a estrutura da máquina e fundações.
Mas dada a configuração deste tipo de martelo temos como desvantagens:
• a força de forjamento deve estar localizada no meio da matriz para evitar grandes atritos entre as
massas e as guias;
Uma característica comum aos martelos é que em função do forjamento ser feito por meio de golpes,
o martelo adquire grande flexibilidade, pois enquanto as prensas são limitadas em termos de força
(só podem ser aplicadas se a força requerida for menor que a disponível), nos martelos esta limitação
não existe uma vez que o martelo aplicará golpes sucessivos até que a conformação desejada se
processe. Desta forma os martelos são mais indicados para o uso com matrizes de múltiplas
cavidades em que em um único bloco existem as cavidades para pré - conformação e conformação
final. Um outro aspecto relativo aos martelos é que estes requerem em média 400% mais energia,
que as prensas, para executar a mesma deformação
• Trincas superficiais – causadas por trabalho excessivo na periferia da peça em temperatura baixa,
ou por alguma fragilidade a quente.
• Trincas nas rebarbas – causadas pela presença de impurezas nos metais ou porque as rebarbas são
pequenas. Elas se iniciam nas rebarbas e podem penetrar na peça durante a operação de rebarbação.
162
• Trincas internas – originam-se no interior da peça, como conseqüência de tensões originadas por
grandes deformações.
• Gotas frias – são descontinuidades originadas pela dobra de superfícies, sem a ocorrência de
soldagem. Elas são causadas por fluxos anormais de material quente dentro das matrizes,
incrustações de rebarbas, colocação inadequada do material na matriz.
• Incrustações de óxidos – causadas pela camada de óxidos que se formam durante o aquecimento.
Essas incrustações normalmente se desprendem ma, ocasionalmente, podem ficar presas nas peças.
• Queima – gases oxidantes penetram nos limites dos contornos dos grãos, formando películas de
óxidos. Ela é causada pelo aquecimento próximo ao ponto de fusão.
Defeitos de Forjados
Trinca a Quente Projeto inadequado, molde e/ou macho muito rígidos Iniciação de trincas Rechupes
Projeto inadequado de fundição Quebra Junta Fria Metal com Fluidez deficiente Perda de
Resistência Granulação Grosseira Superaquecimento, dimensão inadequada do lingote, projeto de
ferramental inadequado Quebra Suscetibilidade à fadiga, perda de propriedades dependendo da
direção do esforço Dobras Caldeamento deficiente das superfícies gerando descontinuidade
Aparecimento de concentradores de tensões podendo ocasionar trincas
Vantagens
♦ As fibras podem ser alinhadas na direção em pontos onde ocorrem máximas tensões.
Desvantagens
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14.9- Aplicações
De um modo geral, todos os materiais conformáveis podem ser forjados. Os mais utilizados para a
produção de peças forjadas são os aços (comuns e ligados, aços estruturais, aços para cementação e
para beneficiamento, aços inoxidáveis ferríticos e austeníticos, aços ferramenta), ligas de alumínio,
de cobre (especialmente os latões), de magnésio, de níquel (inclusive as chamadas superligas, como
Waspaloy, Astraloy, Inconel, Udimet 700, etc., empregadas principalmente na indústria
aeroespacial) e de titânio. O material de partida é geralmente fundido ou, mais comumente, laminado
- condição esta que é preferível, por apresentar uma microestrutura mais homogênea. Peças forjadas
em matriz, com peso não superior a 2 ou 3 kg, são normalmente produzidas a partir de barras
laminadas; as de maior peso são forjadas a partir de tarugos ou palanquilhas, quase sempre também
laminados, e cortados previamente no tamanho adequado. Peças delgadas, como chaves de boca,
alicates, tesouras, tenazes, facas, instrumentos cirúrgicos, etc., podem ser forjadas a partir de recortes
de chapas laminadas.
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