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net/publication/311202698
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All content following this page was uploaded by Denis Rafael de Souza Lima on 30 November 2016.
Denis Rafael de Souza Lima1; Isabela Luiza Alves de Almeida2; Vanderlei Inácio de Paula3
RESUMO: Neste trabalho avaliou-se a aplicação do processo oxidativo avançado (POA) de foto-peroxidação
(UV/H2O2) na degradação do azocorante têxtil comercial Azul Reativo 5G. Foram preparadas soluções sintéticas
contendo o corante e tratadas através do respectivo POA, sendo a eficiência do tratamento avaliada através dos
seguintes parâmetros: descoloração, redução da demanda química de oxigênio (DQO) e ecotoxicidade com
sementes de Lactuca sativa. Após 30 minutos de tratamento em condições otimizadas na presença de peróxido
de hidrogênio e radiação ultravioleta, foi observada descoloração na ordem de 91,8% sem redução significativa da
DQO (1,8%), além de diminuição da ecotoxicidade da solução, indicando a viabilidade da aplicação do processo
UV/H2O2 para tratamento de resíduos líquidos contendo este azocorante.
PALAVRAS-CHAVE: Processos Oxidativos Avançados. UV/H2O2. Degradação. Corante Têxtil.
ABSTRACT: In the present paper was evaluated the application of advanced oxidation process (AOP) photo-
peroxidation (UV/H2O2) applied to degradation of the commercial textile azo dye Reactive Blue 5G. Synthetic
solutions were prepared containing the dye, treated through the respective AOP and the efficiency of the treatment
evaluated by the following parameters: discoloration, reduction of chemical oxygen demand (COD) and ecotoxicity
with Lactuca sativa seeds. After 30 minutes of treatment in optimized conditions in the presence of hydrogen
peroxide and ultraviolet radiation, discoloration was observed in order of 91.8% without significant reduction of
COD (1.8%), but decrease in the ecotoxicity of the solution, indicating feasibility of the process UV/H2O2 for treating
liquid wastes containing this azo dye.
KEYWORDS: Advanced Oxidation Processes. UV/H2O2. Degradation. Textile Dye.
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Nesse contexto, a indústria têxtil é uma das maiores Nas últimas décadas os Processos Oxidativos
geradoras de efluentes líquidos, dentre diversas Avançados (POAs) têm se destacado na pesquisa e
tipologias industriais, com consumo estimado de 150 desenvolvimento de tecnologias de tratamento de
litros de água para produção de um quilo de tecido, águas residuais, por se tratar de métodos eficientes
sendo 88% desse volume descartado como efluente que reduzem os impactos ambientais. A eficácia dos
líquido e os 12% restantes perdidos por evaporação POAs depende da geração de radicais livres reativos,
(LEÃO et al., 2002). Além de corantes, pigmentos e sendo o mais importante o radical hidroxila (HO●),
produtos auxiliares, os efluentes têxteis possuem capazes de oxidar a maioria das moléculas orgânicas
grandes quantidades de compostos orgânicos e recalcitrantes de forma não seletiva (ARAÚJO et al.,
inorgânicos que, isolados ou associados entre si, 2016). Dentre os POAs, o processo que combina
apresentam toxicidade à vida aquática, diminuindo peróxido de hidrogênio e radiação ultravioleta tem se
também o oxigênio dissolvido e modificando as destacado de forma bem-sucedida no tratamento de
propriedades e características físicas e químicas dos diversos poluentes, como por exemplo: pesticidas e
corpos hídricos se descartados sem tratamento herbicidas (OLIVEIRA et al., 2014; ROZAS et al.,
adequado (CISNEROS; ESPINOZA; LITTER, 2002). 2016), fármacos (NAPOLEÃO et al., 2015), corantes
têxteis (RACYTE; RIMEIKA, 2008), entre outros.
Atualmente, uns dos principais tipos de corantes
utilizados pelas indústrias e lavanderias têxteis são os Dentre os diversos processos classificados como
corantes reativos, normalmente aplicados para POAs, a combinação de luz ultravioleta e peróxido de
tingimento de tecidos tipo jeans, pois obtêm tintos com hidrogênio (UV/H2O2) é o mais antigo (LITTER, 2005),
brilho excepcional, boa igualação e excelente solidez ocorrendo em duas etapas principais: formação de
(CERVELIN, 2010). Entretanto, estudos têm mostrado radicais hidroxila pela fotólise do peróxido de
que esses compostos e seus subprodutos podem ser hidrogênio (Equação 1) e oxidação das moléculas
carcinogênicos e/ou mutagênicos (KUNZ; PERALTA- orgânicas pelos radicais formados (Equações 2 a 4)
ZAMORA, 2002), necessitando de processos mais (WILL et al., 2004). Em certos casos, a energia do
eficientes para o tratamento de seus efluentes, fóton também é capaz de romper ligações químicas
capazes de degradar e mineralizar esses compostos nas moléculas orgânicas, promovendo sua
recalcitrantes. degradação a compostos mais simples, como CO 2,
H2O e ânions inorgânicos (SUBTIL; MIERZWA;
Devido à estrutura química complexa dos corantes
HESPANHOL, 2009).
presentes nos efluentes da indústria têxtil, os sistemas
convencionais de tratamento (coagulação/floculação, H 2 O2 hv 2 OH (1)
adsorção com carvão ativo, precipitação, degradação
biológica) nem sempre são viáveis para o seu OH RH H 2 O R (2)
tratamento, pois possuem limitações termodinâmicas
OH X 2 C CX 2 X 2 C(OH) CX 2 (3)
e cinéticas ao atacar compostos refratários
(CISNEROS; ESPINOZA; LITTER, 2002), além de
OH RX OH XR (4)
muitas vezes apenas transferir os poluentes de fase,
gerando resíduos sólidos que também deverão ser Desse modo, esse trabalho objetivou avaliar a
tratados posteriormente. eficiência/viabilidade da degradação de um efluente
sintético contendo o azocorante têxtil Azul Reativo 5G
(AR5G) pelo processo oxidativo UV/H2O2, através de
análises de descoloração, demanda química de Figura 2. A fonte de radiação empregada foi uma
oxigênio (DQO) e ecotoxicidade, parâmetros de lâmpada de vapor de mercúrio de alta pressão, 250W,
interesse ambiental e que são comuns em efluentes marca Empalux, cujo envoltório externo foi
reais da indústria têxtil. previamente removido. Esse tipo de lâmpada
apresenta como característica elevado fluxo radiante e
várias bandas alargadas na região do espectro UV,
2 MATERIAIS E MÉTODOS sendo os picos em 365, 436 e 446 nm os mais
intensos, ocorrendo também emissão não desprezível
2.1 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA E REAGENTES
no visível (CAVICCHIOLI; GUTZ, 2003).
A matriz estudada foi o corante têxtil comercial Azul
Reativo 5G, fornecido pela Texpal Química Ltda
(Figura 1). Sua estrutura possui o grupo cromóforo
azo, responsável pela cor, sulfonato, responsável pela
solubilidade e caráter aniônico e os grupamentos
reativos vinilsulfona e monoclorotriazina. Pertence à
classe de corantes reativos bifuncionais
(KOPRIVANAC et al., 2005).
Examination of Water and Wastewater, 22nd edition submetidos à análise de variância, sendo as médias
(APHA, 2012). de inibição da germinação e crescimento comparadas
pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de
probabilidade, utilizando o software estatístico
2.2 ENSAIOS DE ECOTOXICIDADE ASSISTAT 7.7.
Os testes de toxidade foram realizados com sementes A taxa de germinação relativa (%GR) para cada
de alface (Lactuca sativa), de acordo com a diluição foi calculada através da Equação 5.
metodologia adaptada de Sobrero e Ronco (2004). As
N º SGA
soluções de AR5G bruto e tratado sofreram diluições %GR 100 (5)
N º SGC
com adição de água destilada, nos seguintes
percentuais: 100% da solução, 80%, 50%, 30% e 10% Em que, NºSGA é o número de sementes germinadas
preenchidas com papel filtro qualitativo de tamanho (%ICTotal) foram calculados a partir das médias
apropriado, sendo umedecidas com 4 mL de amostra, obtidas para cada diluição, através das Equações 6 a
Tabela 2
Resultados para os ensaios de germinação e comprimento da raiz, hipocótilo e total das plântulas de alface (L.
sativa) submetidas ao efluente bruto e tratado.
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REFERÊNCIAS
CISNEROS, R. L.; ESPINOZA, A. G.; LITTER, M. I. LIMA, D. R. S.; PAULA, V. I. Construção de um Reator
Photodegradation of na azo dye of the textile industry. Fotoquímico em Fluxo e Avaliação da Degradação do
Chemosphere, v. 48, p. 393-399, 2002. Corante Azul Indigotina (FD&C Blue No. 2). In: XXVIII
Encontro Regional da Sociedade Brasileira de
CORNELL UNIVERSITY AND PENN STATE Química, 2014, Poços de Caldas. Anais do XXVIII
UNIVERSITY. Environmental Inquiry, 2009. Encontro Regional da Sociedade Brasileira de
Disponível em: Química, 2014.
<http://ei.cornell.edu/toxicology/bioassays/lettuce/data.
html>. Acesso em: 8 ago. 2016. LITTER, M. I. Introduction to Photochemical Advanced
Oxidation Processes for Water Treatment. Hdb. Env.
Chem., v.2, p. 325-366, 2005.