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Este documento discute dois pontos preliminares em um caso de arbitragem: (1) Se a cláusula compromissória no estatuto social vincula o sócio que votou contra; (2) Se a exclusão de sócio é matéria passível de arbitragem. Quanto ao primeiro ponto, o interesse social prevalece sobre o individual. Quanto ao segundo, há divergência se a exclusão viola a livre associação e é indisponível, ou se respeita os direitos do acionista e é disponível.
Descrizione originale:
Arbitrabilidade analisada em tela em comparação com o caso de 2016
Este documento discute dois pontos preliminares em um caso de arbitragem: (1) Se a cláusula compromissória no estatuto social vincula o sócio que votou contra; (2) Se a exclusão de sócio é matéria passível de arbitragem. Quanto ao primeiro ponto, o interesse social prevalece sobre o individual. Quanto ao segundo, há divergência se a exclusão viola a livre associação e é indisponível, ou se respeita os direitos do acionista e é disponível.
Este documento discute dois pontos preliminares em um caso de arbitragem: (1) Se a cláusula compromissória no estatuto social vincula o sócio que votou contra; (2) Se a exclusão de sócio é matéria passível de arbitragem. Quanto ao primeiro ponto, o interesse social prevalece sobre o individual. Quanto ao segundo, há divergência se a exclusão viola a livre associação e é indisponível, ou se respeita os direitos do acionista e é disponível.
Quando falamos em arbitrabilidade, devemos nos ater a dois pontos
principais: Capacidade das Partes para compor um tribunal arbitral, além, da disponibilidade dos bens. Partindo dessa premissa, que a jurisdição é uma das funções do estado, no âmbito da arbitragem, este faz-se valer do seu poder para definir as matérias que podem ser arbitradas ou não. Para que um objeto seja arbitrado, este precisa ser de cunho patrimonial e disponível. Entende-se como Patrimonial, aquele que: ● Suscetível de Avaliação Econômica ● Transmissível ● Transferível Além disso, o objeto deve ser disponível (vale ressaltar que o cunho patrimonial e a disponibilidade do bem tem que estar CUMULADAS), entende-se como disponível, aquele que o detentor desse direito/bem tem a faculdade de exercer livremente os atos inerentes a esse bem ou direito.
Trataremos agora, do Caso da Competição da CAMARB de
2016: Sabe-se que no mercado empresarial, acima de qualquer produto, as empresas vendem e entregam credibilidade, partindo dessa premissa, este foi o maior prejuízo que uma das partes obteve nesse caso. A Empresa SubATech é uma empresa do ramo da tecnologia, mais precisamente do desenvolvimento de aplicativos, tendo como sua mina principal o aplicativo “Help”. Num dos eventos em que fora divulgado esse aplicativo, o Sr Jorge Martins (empresário e ex-gestor administrativo) se interessou na empresa e na expansão desse aplicativo, e depois de muitas negociações, começou a fazer parte do quadro de acionistas dessa empresa. Após a entrada do Sr Jorge Martins na empresa, os lucros da empresa e a qualidade do aplicativo só aumentaram, fazendo com que a empresa tomasse uma proporção de caráter nacional e obtivesse lucros inimagináveis a anos atrás. Porém, no auge desse crescimento, o Sr. Jorge Martins foi preso após uma operação deflagrada pela Polícia Federal, que investigava atos ilícitos do Sr. Jorge ainda na época em que trabalhava como gestor administrativo. Antes desses acontecimentos, houve uma assembleia geral na empresa, onde fora aprovado o novo estatuto social da mesma, em que se adotava a política de compliance (transparência e efetividade) dentro daquela instituição, que previa a possibilidade de exclusão do sócio em casos como este. Não obstante toda a repercussão do nome do Sr Jorge Martins nessa investigação, o Sr Jorge Martins foi preso na sede da empresa, o que maculou de sobremaneira a imagem desta, ferindo assim o maior bem que uma empresa possui dentro do marcado empresarial, a sua credibilidade.
Neste Caso, temos dois pontos de
PROCEDIMENTO (também chamados de PRELIMINARES). Se a se a cláusula compromissória contida no Estatuto Social da SubATech vincula o Sr. Jorge Martins e se a exclusão do mesmo dos quadros de sócios é matéria arbitrável. O primeiro ponto da discussão quanto ao procedimento é bem simples de ser dirimido. Como consta no caso, o Sr. Jorge Martins foi contra a elaboração do novo Estatuto Social da Empresa que além de adotar o Compliance como base principal dos atos daquela, estipula também a adoção da Cláusula Compromissória como forma de solução de litígios. Vale ressaltar, que na Assembleia Geral em que foi deliberada a adoção deste novo estatuto social, este foi aprovado por 99,29% do capital social votante, sendo o Sr. Jorge Martins, o único a votar contra o novo estatuto. A plena incidência da regra da maioria no direito das sociedades, também denominada pela doutrina de “princípio majoritário”, apresenta-se como fato essencial para o funcionamento das sociedades, ao passo de que viabiliza o desenvolvimento das atividades das empresas. Dessa forma, deve se levar em consideração que o interesse social da empresa é maior que o interesse de apenas um acionista.
Vamos agora nos prender na segunda problemática.
Para uma matéria ser arbitrável, esta precisa tratar de direitos
patrimoniais e disponíveis. No presente caso, tratamos de Direito Societário. Ao avaliar o cunho patrimonial desse litígio, podemos perceber que patrimônio é o direito que pode ser reduzido à pecúnia, assim, se adequando ao primeiro ponto do cunho patrimonial, ao passo de que a parte de um sócio dentro de uma empresa, pode ser avaliado monetariamente, vale lembrar a parte da doutrina que entende no sentido de que mesmo que algo não possa ser avaliado em forma de pecúnia, uma vez esse direito sendo perdido e for aferido uma indenização por perda desse direito, portanto, geraria direito subjetivo a indenização, sendo esta evidentemente de cunho patrimonial.
A maior controvérsia nesse caso, reside na disponibilidade do
direito. Entende-se como um direito disponível, aquele cabível de um ato de disposição, ou seja, aquele em que a perda ou modificação desse direito emana de uma vontade do titular deste.
No presente caso, temos a exclusão de um sócio do quadro de sócios de
uma empresa. Levando em consideração que um direito disponível é aquele que pode ser alienado, renunciado, transmitido ou transacionado, como diria o Mestre Carmona: “Essa disponibilidade caracteriza-se pela suficiência da vontade do titular para dispor de seu patrimônio livremente e com exclusividade, na medida em que nele não se mesclam outros interesses que não os dele próprios”. No presente caso, o Sr. Jorge Martins foi retirado do quadro de sócios : Um julgado do TJ-SP - TJSP, Apl. 00338782320118260068 (o maior tribunal da América Latina – Juri feelings) entendeu que o direito de retirada de sócio de uma Sociedade é um Direito Indisponível, porém, tal decisão é um peixe nadando contra a correnteza, ao passo de que a maioria da doutrina entende de forma contrária, PORÉM, o STJ nadou contra a correnteza juntamente com o TJ/SP e entendeu que essa retirada violaria a liberdade de associação prevista no inciso XX do art 5 da CF. Vale ressaltar que o TJ-SP e STJ trataram da retirada de sócio e não da exclusão de acionista, que por simetria, acabam sendo equivalentes.
Portanto, neste caso, uma linha de raciocínio entende que sendo o
direito de retirada de sócio/exclusão de acionista estar diretamente relacionado ao princípio fundamental da livre associação, trata-se de matéria indisponível e, consequentemente, não arbitrável. Outra corrente, entende que a disponibilidade desse bem está ligada ao direito aos direitos do acionista, logo, por serem direitos que são disponíveis de alienação, renúncia, transação e transmissão, este passa a ser disponível e arbitrável.