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UNIVERSIDADE PAULISTA

DÉBORA FIGUEIREDO DE SOUZA

A HUMANIZAÇÃO NO TRATAMENTO EM SAÚDE MENTAL:

A singularidade do paciente vista como protagonista da história.

SÃO PAULO

2018
DÉBORA FIGUEIREDO DE SOUZA

A HUMANIZAÇÃO NO TRATAMENTO EM SAÚDE MENTAL:

A singularidade do paciente vista como protagonista da história.

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de especialista em
Saúde Mental Para Equipes
Multiprofissionais apresentado à
Universidade Paulista - UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy L. Ribeiro

SÃO PAULO

2018
DÉBORA FIGUEIREDO DE SOUZA

A HUMANIZAÇÃO NO TRATAMENTO EM SAÚDE MENTAL:

A singularidade do paciente vista como protagonista da história.

Trabalho de conclusão de curso para


obtenção do título de especialista em
Saúde Mental para Equipes
Multiprofissionais apresentado à
Universidade Paulista - UNIP.
Orientadores:
Profa. Ana Carolina S. de Oliveira
Prof. Hewdy L. Ribeiro

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_______________________/__/___

Prof. Hewdy Lobo Ribeiro

Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___

Profa. Ana Carolina S. Oliveira

Universidade Paulista – UNIP


DEDICATÓRIA (OPCIONAL)

Dedico este presente trabalho aos usuários, trabalhadores e militantes da


área de Saúde Mental do Sistema Único de Saúde – SUS.
AGRADECIMENTOS (OPCIONAL)

A todos os professores, que de alguma maneira me fizeram pulsar pela


área da Saúde Mental;

Aos meus pais, que sempre me incentivaram a buscar o conhecimento;

A Deus e seus seres de luz, que me mostram o valor da bondade, do


amor.
“Tudo vale a pena quando a alma não é
pequena.”Epígrafe opcional
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX”

(Fernando PessoaXXXX)

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar se a cronificação do paciente


está diretamente ligada à falta de um olhar para sua singularidade,
estabelecendo relações com a humanização no tratamento em saúde mental.

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a história da saúde mental -


desde quando a “loucura” passou a ser olhada pelo Estado, até a política de
saúde mental nos dias de hoje, fazendo uma correlação com a humanização
neste âmbito. No decorrer do texto, percebem-se críticas ao novo modelo de
atenção pós Reforma Psiquiátrica, inspirada num modelo de “desospitalização”,
ou seja, a retirada dos pacientes do hospital e inclusão em outros espaços, não
sendo suficiente para a “superação do paradigma psiquiátrico” – o anonimato, a
invisibilidade do usuário, a exclusão e segregação. O “x” da questão é o olhar do
trabalhador da saúde mental voltado para a singularidade do usuário, visto que
essa prática está pautada na solidariedade, ou seja, no entendimento de que o
paciente é um cidadão, dotado de direitos e deveres, capaz de levar a vida àa
seu modo, mesmo com o apoio do Centro de Atenção PsicossocialS.

Por ser um tema contemporâneo, abarcando a atual poliítica de saúde mental,


torna-se de extrema importância para os trabalhadores, estudantes e militantes
da Saúde Mental, para nunca cair no esquecimento das possibilidades que os
serviços têem de se reinventarem em busca de um tratamento mais humanizado.

Palavras- chave: Saúde Mental, Humanização na Saúde Mental,


Desinstitucionalização.
ABSTRACT

“Resumo em Língua Estrangeira (obrigatório): Versão do resumo para idioma de


divulgação internacional” (Biblioteca Universidade Paulista, 2012, p. 23).

Key-words: Mental Health, Mental Disorders, The work presented has the
objective to analyse if the patient’s chronification is directly connected with the
lack of looking at its uniqueness, establishing humanization towards the
treatment for mental health. A bibliographic research about the history of mental
health was carried out since the “madness” was being studied by the state to
today's mental health policy, correlating with humanization in this context. In the
course of this text, critics are set out to the new model of care post "de-
hospitalization", that is, the patient’s discharge from the hospital and the inclusion
in other’s surroundings not being enough to “overcome the psychiatric paradigm”-
the anonymity, the individual’s invisibility, the exclusion and segregation. The “X”
of the question, or the point, is the mental health’s worker deeper looking into
focusing on the uniqueness of the individual, since this practice is based on
uniqueness, that is, on the understanding that the patient is a citizen, equipped
with rights and duties, being able to lead a life their way, even with the support
from the Center Psychosocial Care. Because it is a contemporary theme,
including current mental health’s policies, it becomes extremely important for
mental health’s workers, students, and militaries, to never forget the possibilities
that the services have to reinvent in the search for a treatment more humanized.

Key Words: Mental Health, Humanization in Mental Health,


Deinstitutionalization.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................10
1.1 O Cuidado em Saúde Mental – Para Oonde Evoluir?.........................
10
1.2 A Humanização Como Forma de Superação....................................14

2 OBJETIVO............................................................................................... 16

3 METODOLOGIA...................................................................................... 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 17

5 CONCLUSÕES........................................................................................ 21

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 22
11

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade apresentar o tema “A Humanização no


tratamento em Saúde Mental: Aa singularidade do paciente vista como
protagonista da história”, que tem como objetivo analisar a humanização como
forma de tratamento e como é seu desdobramento no decorrer do cuidado em
saúde mental. Com base em fontes secundárias e em trabalhos de terceiros,
buscou-se esboçar uma breve trajetória da história da saúde mental, abarcando
desde quando o “louco” passou a ser visto pelo Estado até os dias atuais, sobre
como se encontra a forma de tratamento em saúde mental e suas críticas.

O referido tema surgiu do interesse em compreender por que as pessoas,


mesmo sendo tratadas no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, ainda
continuam durante anos no mesmo tratamento, e de um pensamento de que,
após pesquisas na literatura, encontra-se a ambivalência da atuação em Saúde
Mental: cCadernos que orientam a atuação do profissional passo a passo e
críticas negativas sobre a atuação dos mesmos.

Esse trabalho contribui cientificamente para fomentação acadêmica na


literatura a respeito da saúde mental, quebrando desmistificações mitos a Commented [CVM1]: Quebrando mitos?

respeito do portador de transtornos mentais e alertando os trabalhadores e


estudantes de que a reforma psiquiátrica ainda está em curso.

1.1 O Cuidado em Saúde Mental – Para Onde Evoluir?

A história da Saúde Mental é demarcada por diversos acontecimentos e


mudanças na forma de cuidado aos pacientes psiquiátricos; acontecimentos
estes que, em sua maioria, vem carregados de crueldade e desumanização. De
acordo com Fonte (2012), a loucura passou a ser objeto de intervenção por parte
do Estado no século XIX, com a chegada da Família Real ao Brasil. Os
chamados “loucos” eram vistos como ameaça à sociedade e eram punidos de
forma violenta e atroz:
12

“Aos loucos que apresentassem comportamento agressivo não


mais se permitia continuar vagando nas ruas, principalmente quando
sua situação socioeconômica era desfavorável, e seu destino passou
a ser os porões das Santas Casas de Misericórdia, onde permaneciam
amarrados e vivendo sob péssimas condições de higiene e cuidado”
(FONTE, 2012, p.4 apud PASSOS, 2009a, p. 104).

Na década de 30 foi criada pela Sociedade de Medicina e Cirurgia a palavra


de ordem “aos loucos o hospício”, até então considerado o melhor instrumento
terapêutico da psiquiatria, criado com o intuito de higienização e saneamento à
uma população vista e percebida como doença. Fonte (2012) também cita a
fundação do primeiro hospital psiquiátrico que ocorreu no Rio de Janeiro, em
1852, sendo considerando o marco institucional da assistência à psiquiatria
brasileira. De acordo com a autora, “tratava-se de pessoas pobres submetidas a
uma reclusão forçada e a péssimas condições de vida” (...) “onde só aguardavam
o dia de sua morte, encarcerados nesses imensos cemitérios dos vivos”
(JABERT, 2005, p. 714 apud FONTE 2012, p. 6).”

Em 1923, com a criação da Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM), se


solidifica o movimento de higiene mental – programa de intervenção social,
essencialmente demarcado por características xenofóbicas, racistas e
eugenistas. “Controlar, tratar e curar” eram suas palavras de ordem e

“A visão da vertente mais radical da Liga guiava-se por um


princípio moralizador e saneador dos comportamentos, pregando a
pureza da raça ainda que fosse à custa da esterilização dos ‘tarados e
degenerados’”. (FONTE, 2012, p. 8)

Esta ideia de violência, aprisionamento e segregação do “louco” se perdurou


por anos e os hospitais públicos foram expandidos por vários estados,

“cujo crescimento foi propiciado pela aprovação do decreto-lei


8.555, de 3 de janeiro de 1946, que autorizava o SNDM a realizar
convênios com os governos estaduais para a construção de hospitais
psiquiátricos (...) continuando a terem basicamente a função social de
exclusão.” (FONTE, 2012, p.9).

Ainda segundo a autoraFonte (2012), esse sistema de encarceramento veio


a ser chamado “indústria da loucura” - não haviam outros dispositivos de
assistência alternativos ao modelo asilar, fazendo com que o sistema
impulsionasse a internação, pois esse, além de ser único modelo de tratamento,
era a única fonte de lucro dos hospitais.
13

No início da década de 1970 houveram as primeiras discussões a respeito


da necessidade de humanização no tratamento do doente mental, o qual a
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) deu início a “discussões éticas acerca
dos direitos humanos e da necessidade de ampliação dos direitos individuais no
país.” (FONTE, 2012, p.10).

“Vários fatores, tais como, a precarização das condições de


trabalho, e as frequentes denúncias de agressão, estupro, trabalho
escravo e mortes não esclarecidas, nas grandes instituições
psiquiátricas brasileiras, provocaram a união dos trabalhadores da
saúde mental para a luta pelas as mudanças necessárias no sistema”
(FONTE, 2012, p. 11)

O Movimento dos Trabalhadores da Saúde Mental – MTSM, frente a esses


fatores, começou a ganhar força levantando a bandeira com o lema: “Por uma
Sociedade sem Manicômios” e, segundo Fonte (2012),, a partir de então
começam a ocorrer, em diversos estados brasileiros, encontros e congressos
decisivos para a Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Fonte (2012), também cita que, Ppor influência do pensamento de Basaglia,


no final da década de 80, técnicos da saúde, estudantes e militantes sociais
conseguem provocar o fechamento de hospícios, ocasionando à nova forma de
atenção na saúde mental: os CAPS – Centro de Atenção Psicossocial. Commented [CVM2]: Referência?

“A reforma psiquiátrica foi consolidada como política oficial do Sistema Único


de Saúde (SUS) na III Conferência Nacional de Saúde Mental, realizada em
2001, em Brasília” (BATISTA, 2014, p.10). Neste período notou-se dois
movimentos no Brasil: o de uma rede de atenção à saúde mental substitutiva aos
hospitais psiquiátricos, que eram centrados na internação hospitalar, e a
fiscalização e redução dos leitos psiquiátricos existentes.

Entre os protagonistas da reforma, surge o Movimento Nacional da Luta


Antimanicomial, o qual fica estabelecido um importante consenso entre os seus
integrantes:

“Não é mais aceitável que o infortúnio do acometimento de um


transtorno mental leve qualquer indivíduo ao encarceramento num
manicômio por décadas de sua vida, muitas vezes sem cuidados
integrais a sua saúde e com desrespeito a seus direitos Humanos e
civis.” (FONTE, 2012, p. 12)
14

Embora tenhamos-se tido, com a Reforma Psiquiátrica, inúmeros ganhos


que ultrapassam somente a ideia de internação em hospitais psiquiátricos, o fato
da implantação de serviços extra hospitalares não garante que tenham natureza
não-manicomial e nem a qualidade de um olhar diferente para cada paciente que
chega no serviço. “Uma das críticas mais contundentes da Reforma Psiquiátrica
diz respeito à identificação de certo processo de ‘reinstitucionalização’ nas
políticas de saúde mental” diz Fonte (2012, p. 16), a respeito da forma com que
o CAPS é posto no “centro do sistema”; dDemonstrando que, por mais ganhos
e mudanças que se tievevemos na luta pela humanização na saúde mental,
ainda sim, existem resquícios do olhar manicomial para o paciente, “coisificando-
o”, o deixando no lugar de objeto e não de pessoa.

Ainda no mesmo pensamento, a autora critica a forma que o portador de


transtorno mental é visto pelas pessoas - um olhar ainda carregado de estigma
e preconceitos, o que impacta diretamente em todos os âmbitos de sua vida:

“Um dos maiores desafios da reforma psiquiátrica parecer ser ainda a


superação do estigma do “louco” como pessoa perigosa ou incapaz no
imaginário social. A permanência do estigma em relação ao portador
de sofrimento psíquico pode colaborar na perpetuação da exclusão
social, na dificuldade de inserção no mercado de trabalho e na
comunidade, na construção de relações afetivas e no isolamento,
muitas vezes levado a efeito pela própria família, na intenção de
proteger seus membros do risco da chacota e do escárnio social.”
(FONTE, 2012, p.18).

Em uma pesquisa de campo, em um CAPS II situado no Rio de Janeiro,


Pande e Amarante (2009), entrevistaram alguns técnicos, usuários e familiares
das pessoas circulantes do equipamento. Em um trecho de sua pesquisa,
explicita a noção de cronicidade por uma técnica entrevistada, onde ela acredita
“que o Caps pode produzir uma nova cronicidade, ainda que comporte
características distintas dos pacientes institucionalizados dos hospícios.
Entendem que a maior diferença são os ideais de cuidado” (Pande; e Amarante,
(2009, p. 2074). Acreditando que, o CAPS, sendo um equipamento de práticas
diferentes, mais humanizadas, “conservam os usuários no serviço para protege-
los”. (Pande; e Amarante, (2009, p. 2074).

Ainda segundo os autores, estes afirmam que em muitos momentos da


entrevista pôde-se perceber que os técnicos se reconhecem como agentes
15

contribuintes para uma relação de dependência dos usuários em relação ao


serviço e, que a dinâmica do CAPS “comporta perspectivas dicotômicas”, pois
se por um lado favorecem a autonomia e cidadania, por outro lado, entendem
que deve proteger os usuários dos desafios impostos pela sociedade. “Os
serviços podem, a um só momento, cronificar, restringir, segregar, proteger, bem
como libertar, favorecer autonomia, cidadania e protagonismo.” (Pande;
Amarante, 2009, p. 2075)

Os autores citam que a consciência desses fatores é fundamental para a


transformação do modelo assistencial e que o CAPS deve adotar estratégias e
utilizar recursos do território

“procurando não se centrar exclusiva ou majoritariamente nas


próprias atividades ou ações do serviço. Isso favorecerá o exercício da
autonomia dos usuários, indo contra o risco da produção de uma nova
cronicidade ou institucionalização.” (PANDEande; Commented [CVM3]: Mais de 3 linhas tem formatação
AMARANTEmarante, 2009, p. 2075). específica
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1.2 A Humanização Como Forma de Superação

Com toda repercussão e pensamentos sobre a institucionalização e


cronificação dos pacientes após a reforma psiquiátrica, surgiram estudos
acadêmicos sobre a humanização em saúde mental e reflexões sobre as práticas
que, ainda sim, são pautadas na segregação e exclusão da pessoa portadora de
transtornos mentais.

Dimenstein (2004), faz uma reflexão acerca da qualidade e humanização dos


serviços em Saúde Mental, indo de encontro a perspectivas não mais associadas
nos conceitos de lucratividade, desospitalização e assistencialismo, assim como
foram relacionadas em outros contextos sobre a reforma psiquiátrica.

A autora define o conceito de humanização de acordo com Paulo Freire


(1998): “o humanismo é um compromisso radical com o homem concreto.
Compromisso que se orienta no sentido de transformação de qualquer situação
objetiva na qual o homem concreto esteja sendo impedido de ser mais”, ou seja,
16

conceito que não vai de encontro com a perspectiva assistencialista assim como
normalmente é pensada a questão da humanização no âmbito da saúde

Dimenstein (2004) ainda relaciona o conceito de assistencialismo


segundo o de Valentini Jr. e Vicente (1996), de que a caridade pressupõe uma
relação desigual, onde caminha pelo desejo da assistência, mas convivendo com
a negação de direitos, tendo doadores e destinatários como desiguais, tratando-
se, então,

“de passar da caridade (negação de direitos) para a solidariedade (o


louco enquanto sujeito de direitos: ficam abolidos o estatuto de
periculosidade social, a tutela jurídica, a internação e o tratamento
compulsórios) e para a emancipação (deixa-se a tutela para
desenvolver projetos que alarguem os espaços de liberdade dos
sujeitos com a consciência política de cada ação técnica
desenvolvida).” (DIMENSTEIN, 2004, p. 113).

A ideia de humanização está diretamente relacionada à


desinstitucionalização, “na medida em que esta pressupõe a desmontagem do
dispositivo psiquiátrico”. (DIMENSTEIN, 2004, p.113). Aqui a autora se refere
sobre o conceito de humanização como reorientação da atenção em Saúde
Mental, pautada na ideia de humanização enquanto “compromisso com a
pluralidade de forças que compõem a vida”, enfraquecendo a lógica hegemônica
que produz sujeitos de identidades massificadas. Sendo assim, a humanização
foge aos modelos de sociedade ancorada na exclusão social, intolerância, medo,
e redução de espaços de circulação.

Porém, mesmo além de todos os ganhos tidos com a Reforma


Psiquiátrica, existem críticas sobre a atual política nacional de saúde mental,
dentre elas a denominada “capsização do modelo assistencial” (AMARANTE,
2003, p.62 apud DIMENSTEIN, 2004, p.114) - em que a Reforma Psiquiátrica
vem sendo limitada a mera desospitalização, não sendo suficiente para
“superação do paradigma psiquiátrico”, e em um modelo “espaçocêntrico”,
determinando a qualidade pela mudança de espaços físicos, desconsiderando
que, da mesma forma, pode-se reproduzir práticas manicomiais, tal como no
modelo asilar. A preocupação aqui transcende a ideia de espaço geográfico,
implicando em

“lugares acolhedores, lugares subjetivantes, onde se combate


a homogeneidade, o anonimato e a invisibilidade do usuário, lugar do
17

cuidado e de construção coletiva de projetos de vida, enfim, de sujeitos


sociais singulares.” (DIMENSTEIN, 2004, p. 114).

É preciso nos atentar ao risco constante de promovermos uma Reforma


Psiquiátrica superficial ou “pseudodesinstitucionalização, na medida em que
mantemos os dispositivos de segregação internalizados, compondo uma
subjetividade manicomial.” (DIMENSTEIN, 2004, p. 113), pois o grande desafio
da desinstitucionalização é justamente a reconstrução da subjetividade dos
trabalhadores da Saúde Mental e a alteração da cultura segregadora e
hegemônica conservada em suas práticas.

A autora baseia-se na ideia de Rotelli (1990), definindo trabalhador como


“operador” , ou seja, uma pessoa capaz de “reconstruir a história de vida dos
usuários para além do diagnóstico e do sintoma, trabalhadores ativos no
processo de reelaboração do sofrimento e reinvenção da vida” (DIMENSTEIN,
2004, p.114). Olhando por essa perspectiva, o trabalhador se volta para o
cuidado e qualidade, pressupondo a responsabilidade e acolhimento pela
atenção à saúde modificando assim, a realidade do usuário, ou seja, “esses
sujeitos são capazes de investir na produção de modos heterogêneos de
cuidado, bem como na singularização da atenção” (DIMENSTEIN, 2004, p.114),
respeitando a subjetividade e diversidade cultural dos usuários, ocasionando na
confiança e em vínculos cada vez mais estabelecidos.

2 OBJETIVOS

Objetivos Gerais:

Analisar como a humanização, vista como forma de cuidado, reflete no


tratamento em saúde mental dos pacientes do SUS.

Objetivos Específicos:

Analisar se a cronificação dos pacientes em saúde mental tem a ver com


a falta de um olhar para a singularidade do paciente.
18

3 METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado a partir de uma revisão de artigos e relatos


que abordassem o contexto da saúde mental em diferentes épocas, desde
quando a loucura passou a ser olhada até a atualidade, sobre a forma com
que oé cuidado foi sendo moldado.

Foram escolhidos textos apoiados no assunto da história da saúde


mental como um todo, a desinstitucionalização, política de saúde mental na
atualidade e a humanização neste contexto, dentre outros textos que
descrevessem as mudanças da atuação do profissional nesse âmbito.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, apresenta-seo inicialmente a história da Saúde Mental


vista sobre a ótica de Fonte (2012), que, no início do século XIX, no Brasil,
as pessoas portadoras de transtornos mentais que apresentassem
comportamento agressivo, seriam vistas e tratadas pelo Estado, porém,
como uma ameaça à ordem pública, de modo a serem segregadas do meio
social, recebendo formas desumanas de tratamento.

Posteriormente, na década de 30, surgiram os hospícios – estes eram


vistos pela psiquiatria como o melhor instrumento criado com o intuito de
higienização e saneamento de uma população vista como doença, a fim de
transformá-las. Havendo diferença entre o modo de tratamento entre ricos e
pobres, no qual os pobres eram excluídos da família, enquanto que os ricos
tinham permissão de estar junto as suas durante a internação.

Em 1978, por conta de denúncias e inquietações populares relacionadas


à violência dos manicômios, bem como ao modelo hospitalocêntrico da
assistência, o movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM),
ligado à Reforma Sanitária começou a ganhar força, levantando a bandeira
com o lema: “Por uma Sociedade sem Manicômios”.
19

No final da década de 80 foi efetivado um novo modelo de assistência em


saúde mental - o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), bem como as
demais transformações, inserindo socialmente a pessoa em sofrimento
psíquico.

Os CAPS são Centros de Atenção Psicossocial que visam a


desinstitucionalização dos usuários, proporcionando o retorno à vida que
perderam dentro do manicômio, trazendo assim novas formas de
socialização, cidadania, protagonismo de suas próprias vidas. O CAPS, em
conjunto com outros equipamentos, organizados e hierarquizados, compõe a
rede de atenção à Saúde Mental, no intuito de proporcionar uma atenção
integral, com equidade e que atenda a comunidade.

A Reforma psiquiátrica, por ser um processo contra a institucionalização,


buscou favorecer a autonomia do usuário, remodelando os equipamentos de
saúde fazendo com que o paciente transitasse entre eles, de forma a não
segregá-lo como antes. Porém, Fonte (2012), faz uma crítica ao novo modelo
de atenção a respeito da identificação de certo processo de
reinstitucionalização nas políticas de saúde mental, o qual o CAPS é posto
no centro do sistema. A autora complementa com a ideia de que o “louco”
ainda é visto com estigma, como uma pessoa perigosa, recebendo um
tratamento pautado na ideia de isolamento.

Pande e Amarante (2009) coincidem com o mesmo pensamento de que


o CAPS pode sim produzir uma nova cronicidade, ainda que comporte
características distintas dos manicômios. Para eles, a maior diferença são os
ideais de cuidado, que ainda se perpetuam pautados no isolamento, mesmo
que tenham intuitos diferentes.

Os mesmos autores também citam que o CAPS tem ideais dicotômicos


frente aos pacientes: este, ao mesmo tempo em que favorece a autonomia,
protagonismo e cidadania daqueles, pode restringir, segregar e protegê-los
dos desafios impostos pela sociedade. Considerando que as pessoas, para
serem vistas como cidadãs, protagonistas de sua história singular, devem ser
desafiadas pela vida, “andar com as próprias pernas”, mesmo que com o
apoio do CAPS.
20

A consciência desses fatores torna-se fundamental para a reconstrução


do modelo assistencial, visto que tudo se inicia na subjetividade do
trabalhador da saúde mental, e em como é seu olhar para a singularidade do
paciente. De acordo com Dimenstein (2004), tudo se inicia na humanização.

A autora faz uma reflexão a respeito da qualidade e humanização dos


serviços de saúde, indo de encontro a perspectivas não mais associadas nos
conceitos de lucratividade, desospitalização e assistencialismo, como
geralmente são vistas. Assim, associa o conceito de humanização à prática
do serviço, sendo esta não como assistencialismo, pois o conceito de
assistencialismo para Valentini Jr. e Vicente (1996), vai de encontro a Commented [D4]: Aqui a autora Dimenstein (2004) os
cita no artigo, posso deixar assim? Eu não coloquei este
caridade, e caridade não é o que os serviços de saúde se propõe a fazer. artigo de valentini e Vicente na bibliografia porque não li, so
peguei da autora
Aqui, a humanização é vista como solidariedade, onde o “louco” é portador
de direitos e deveres, tem suas responsabilidades de acordo com a sua
singularidade.

Ainda na ideia de humanização, também está relacionada à


desinstitucionalização, “na medida em que esta pressupõe a desmontagem
do dispositivo psiquiátrico,” reorientando a atenção em saúde mental
ampliando olhares frente à singularidade do paciente. Aqui humanização é o
“compromisso com a pluralidade de forças que compõe a vida”, levando em
consideração que a pessoa é biopsicossocial – corpo, mente e social,
enfraquecendo a lógica hegemônica que desconsidera a singularidade.
Sendo assim, a humanização vai contra lógicas segregadoras, de exclusão,
limitadoras de espaços.

Dimenstein (2004), Fonte (2012) e Pande e Amarante (2009), entram em


concordância quando citam sobre “a criação de um novo modelo
espacocêntrico”, a “reinstitucionalização”, e a “nova cronicidade” – estas
insinuam que a Reforma Psiquiátrica vem sendo limitada a mera
“desospitalização”, ou seja, a retirada dos pacientes do hospital e inclusão em
outros espaços, não sendo suficiente para “superação do paradigma
psiquiátrico”, desconsiderando que, da mesma forma, podem-se reproduzir
práticas manicomiais, assim como no modelo asilar. A ideia de superação, para
ambos, transcende o espaço geográfico, implicando em “lugares acolhedores,
21

lugares subjetivantes, onde se combata a homogeneidade, o anonimato e a


invisibilidade do usuário, lugar do cuidado e de construção coletiva de projetos
de vida, enfim, de sujeitos sociais singulares.”

A ideia central não é propor a Reforma Psiquiátrica como um retrocesso,


pelo contrário, foram ganhos progressistas não só para os trabalhadores da
Saúde Mental, mas principalmente para os usuários e familiares, visto que estes
tiveram a oportunidade de seres enxergados, de voltarem à vida, à cidadania. A
crítica feita a Reforma é pautada nas “lacunas”, nas “rachaduras” que carrega
em seus “pilares”, apontando que esta não alcançou seu patamar de perfeição.
A crítica é direcionada à reconstrução da subjetividade dos trabalhadores que
formam os “pilares” da Reforma. Eles, enquanto protagonistas, “fazem a
essência” da Reforma Psiquiátrica e a essência do manicômio, no sentido de
que o transtorno mental sempre existiu, o que muda, e tem potencial progressista
ou retrógrado, é o olhar que os trabalhadores têm para com o sofrimento
psíquico.

Dimenstein (2004), considera a ideia de trabalhador sob olhar de Rotelli


(1990), que aproxima-se de “operador”, definindo-o como uma pessoa capaz de
enxergar o portador de transtorno mental além de sua doença, ou seja,
potencializa a reconstrução de sua história de vida, fazendo com que a realidade
do usuário se modifique e não fique mais centrada em sua doença.

O trabalhador da saúde mental pode, através de seu olhar, dar luz à novas
formas de o paciente encarar a sua realidade, retirando do centro de sua vida a
doença e as limitações que esta impõe, mas elucidando outros pontos
significativos que merecem atenção – suas potencialidades, desejos, ambições,
olhando para além da doença.
22

5 CONCLUSÕES

Mediante a pesquisa realizada notou-se poucas referências bibliográficas


sobre o tema “Humanização em Saúde Mental”, que tivessem cunho
exploratório sobre o tema da humanização neste âmbito, o que foi um
desafiador para conseguir responder aos objetivos propostos e a chegar a
conclusões esperadas.

A partir dos objetivos deste trabalho, que abrangem analisar a


humanização no tratamento em saúde mental e analisar se a cronificação
dos pacientes neste âmbito tem a ver com a falta de um olhar para a
singularidade do paciente, pôde-se concluir que a cronificação se dá a partir
de um olhar ainda carregado de estigmas, onde o usuário não tem voz ativa
e participação em seu tratamento, fazendo com que transite entre os
equipamentos sem uma finalidade eficaz, pautado sempre na doença,
desconsiderando a sua singularidade.

A humanização foi entendida como forma de cuidado, pela ótica da


solidariedade, onde o paciente é enxergado como pessoa dotada de direitos
e deveres, e considerado capaz de viver sua vida à seu modo, mesmo com
o apoio do CAPS; e pautada na reorientação em saúde mental, como
compromisso com a pluralidade de forças que compõem a vida, ou seja, que
valoriza o paciente em sua singularidade biopsicossocial.

Pôde-se compreender que, mesmo com toda reorganização das políticas


de saúde mental, o olhar do profissional para com o usuário é de extrema
importância, este deve ser pautado na humanização, na singularidade de
cada ser humano, na potencialidade; deve-se abandonar a ideia de
segregação, de medo, de incapacitação. A superação do paradigma
psiquiátrico é o olhar humanizado para o paciente e a consideração de sua
singularidade como a protagonista da história.
23

REFERÊNCIAS Commented [CVM5]: Todos da lista devem estar no


texto e os do texto na lista.

Amarante, P. D. C; Pande, M. N. R. Desafios para os Centros de Commented [D6R5]: Tirei as referencias que não estão
citadas, pensei que podia colocar se eu tivesse apenas lido
Atenção Psicossocial como serviços substitutivos: a nova cronicidade
em questão. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:
<https://www.scielosp.org/article/csc/2011.v16n4/2067-2076/> Acesso em:
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