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FORTALEZA
2011
ii
FORTALEZA
2011
iii
Aprovada em ___/___/______
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profa. D. Eng. Suelly Helena de Araújo Barroso
Universidade Federal do Ceará - UFC
(Orientadora)
___________________________________________________
Profº. PhD. Jorge Barbosa Soares
Universidade Federal do Ceará - UFC
(Examinador Interno)
___________________________________________________
Eng. Francisco Baima Barbosa
Asfaltos Nordeste
(Examinador Externo)
___________________________________________________
Eng. Francisco Baima Barbosa Filho
Asfaltos Nordeste
(Examinador Externo)
FORTALEZA
2011
iv
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, que sempre me iluminou, me dando forças e coragem sempre nos
momentos difíceis. Sem Ele, não seria possível chegar até aqui.
Aos meus pais e toda a minha família, em especial minha mãe, Cristiane Leitão Bastos, e
minha avó, Célia Maria Farias Leitão, por todo apoio concedido e dedicação ao longo desses
últimos anos. Sem o apoio incondicional de vocês seria impossível vencer todos os obstáculos
enfrentados nesses últimos anos.
À minha namorada, Cecilia, pela atenção, amor, companheirismo, dedicação e apoio que
recebi ao longo do tempo que estamos juntos.
Aos meus padrinhos, Celso e Selma, por todo o amor e atenção dedicados ao longo de minha
criação.
Ao meu avô, Aloysio de Castro, por todo o conhecimento passado, incentivo e apoio
concedidos durante a realização desse trabalho.
Aos meus grandes e velhos amigos, Bruno Mota, Luiz Gonzaga, Ivan Galvão, Marcelo Gentil
e Marcos Farias, que foram mais que irmãos pra mim nos momentos em que mais precisei.
À empresa Asfaltos Nordeste, em especial ao Sr. Francisco Baima, Franscisco Baima Filho,
André Baima, por todo o apoio concedido durante a realização desse trabalho, permitindo o
uso de suas instalações ao longo desse ano, pelo fornecimento dos materiais e pela liberdade
que me foi concedida de realizar a minha pesquisa. Sem o apoio de vocês todos seria
impossível a realização desse trabalho. Sou muito grato a vocês.
Ao chefe de laboratório da Asfaltos Nordeste, Sérgio Alexandre, quem considero meu grande
professor ao longo desse ano, dando todo o apoio necessário no conhecimento do
Microrrevestimento Asfáltico, ajudando de forma direta no desenvolvimento da metodologia
proposta nesse trabalho.
Ao laboratorista da Asfaltos Nordeste, Erivan, e seus auxiliares, Araújo, Luiz e Jeová, pela
amizade construída, pelos ensinamentos e por todo o apoio concedido na moldagem dos
corpos de prova e realização dos ensaios ao longo desse ano.
À professora Suelly Helena de Araújo Barroso, que desde o segundo ano da faculdade me
incentivou a ingressar na área da pavimentação, que me acolheu no laboratório e concedeu
todo o apoio necessário na realização desse trabalho. Todo o sucesso obtido nesse trabalho se
deve também ao seu empenho.
À professora Verônica Teixeira Franco Castelo Branco, por toda a ajuda que foi dada nesse
ano, sempre se mostrando disposta a contribuir o nosso crescimento profissional.
Ao professor Jorge Barbosa Soares, pela dedicação aos seus alunos e por todo o empenho em
fazer do Laboratório de Mecânica dos Pavimentos (LMP/UFC) uma referência nacional.
v
À todos os colegas e funcionários LMP/UFC, pelo apoio ao longo desse tempo que
trabalhamos juntos.
Aos meus colegas de faculdade, em especial Caroline Valente, Lucas Babadopulos e Ilton
Tavares, que ao longo desses últimos cincos anos foram grandes companheiros para mim.
Que essas amizades construídas durem para toda a vida.
Por fim, à todos os professores do curso de Engenharia Civil pelos ensinamentos passados e
pela dedicação no empenho de formar novos e bons engenheiros.
vi
RESUMO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Faixas granulométricas para MRAF conforme DNIT ES 035/2005 e ISSA A-
143 /2010 .................................................................................................................................. 21
Tabela 2.2 – Defeitos originados pelos agregados baseado em SANTO e REIS (1999) ......... 23
Tabela 2.3 – Especificações da emulsão asfáltica do tipo RC1C-E conforme DNIT 128/2010
.................................................................................................................................................. 26
Tabela 2.4 – Especificações da emulsão asfáltica do tipo RL1C-E conforme DNIT 128/2010
.................................................................................................................................................. 26
Tabela 2.5 – Defeitos originados pela emulsão (SANTO e REIS, 1999) ................................ 27
Tabela 2.6 – Granulometria do material de enchimento (fíler). DNER ES 389/99 ................. 28
Tabela 2.7 – Ensaios para determinação da compatibilidade de materiais e dosagem da
mistura conforme ISSA A-143(2010) e NBR 14948 (2003).................................................... 30
Tabela 2.8 – Especificações de quantidade de material para MRAF (DNIT ES 035, 2005) ... 31
Tabela 2.9 – Defeitos originados pela dosagem (SANTO e REIS, 1999)................................ 32
Tabela 2.10 – Defeitos originados pelo clima (SANTO e REIS, 1999) ................................... 33
Tabela 2.11 – Defeitos originados pelo estado do pavimento. (SANTO e REIS, 1999) ......... 36
Tabela 4.1 – Granulometria do agregado do tipo 01 ................................................................ 71
Tabela 4.2 – Granulometria do agregado do tipo 02 ................................................................ 74
Tabela 4.3 – Granulometria do agregado do tipo 03 ................................................................ 76
Tabela 4.4 – Quadro resumo da caracterização dos agregados ................................................ 78
Tabela 4.5 – Resultados da caracterização da emulsão asfáltica do tipo RC1C-E................... 79
Tabela 4.6 – Resultados da caracterização da emulsão asfáltica do tipo RL1C-E ................... 79
Tabela 4.7 – Resultados do ensaios LWT e WTAT para o agregado do tipo 01 ..................... 81
Tabela 4.8 – Resultados do ensaios LWT e WTAT para o agregado do tipo 02 ..................... 83
Tabela 4.9 – Resultados do ensaios LWT e WTAT para o agregado do tipo 03 ..................... 84
Tabela 4.10 – Quadro resumo da dosagem das misturas.......................................................... 86
Tabela 4.11 – Resultados de desgaste para o agregado do tipo 01 ........................................... 87
Tabela 4.12 – Resultados do ensaio de coesão da mistura para o agregado do tipo 01 ........... 88
Tabela 4.13 – Resultados de desgaste para o agregado do tipo 02 ........................................... 89
Tabela 4.14 – Resultados do ensaio de coesão da mistura para o agregado do tipo 02 ........... 90
Tabela 4.15 – Resultados de desgaste para o agregado tipo 03 ................................................ 91
Tabela 4.16 – Resultados do ensaio de coesão da mistura para o agregado tipo 03 ................ 92
Tabela 4.17 – Composição de custos do MRAF (SEINFRA, 2011) ........................................ 95
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 1
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 7
1.3 QUESTÕES DE PESQUISA........................................................................................... 7
1.3.1 Questão Principal ...................................................................................................... 7
1.3.2 Questões Pertinentes ................................................................................................. 7
1.3.2.1 Do Ponto de Vista Teórico ..................................................................................... 7
1.3.2.2 Do Ponto de Vista Prático ...................................................................................... 8
1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 8
1.5 OBJETIVOS .................................................................................................................... 9
1.5.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 9
1.5.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 10
1.5.2.1 Do Ponto de Vista Teórico ................................................................................... 10
1.5.2.2 Do Ponto de Vista Prático .................................................................................... 10
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................. 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 12
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 12
2.2 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................ 12
2.3 HISTÓRICO .................................................................................................................. 13
2.4 PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO MRAF ..................................................................... 15
2.5 MATERIAIS EMPREGADOS NO MRAF .................................................................. 19
2.5.1 Agregados................................................................................................................ 19
2.5.2 Emulsão Asfáltica ................................................................................................... 24
2.5.3 Material de Enchimento ou Fíler (preencher vazios, controla o tempo de ruptura) 27
2.5.4 Água ........................................................................................................................ 28
2.5.5 Aditivos ................................................................................................................... 28
2.5.6 Fibras ....................................................................................................................... 29
2.6 PROJETO E DOSAGEM DO MRAF ........................................................................... 29
2.7 MÉTODO EXECUTIVO .............................................................................................. 32
2.8 EQUIPAMENTOS PARA APLICAÇÃO DO MRAF .................................................. 36
2.8.1 Usina Móvel de MRAF ........................................................................................... 37
2.8.2 Operação da usina móvel de MRAF para aplicação no campo............................... 41
2.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 49
3 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 50
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 50
xiv
1 INTRODUÇÃO
encontram em situação regular; 7,2% estão em estado ruim e 2,1% encontram-se em péssimo
estado de conservação.
SILVA et al. (2009) relatam que uma rodovia em mau estado de conservação
representa um aumento de 58% no consumo de combustível, 38% no custo de manutenção
dos veículos, 100% no tempo de viagem e 50% no número de acidentes. Custos elevados de
transporte implicam no reajuste dos preços dos fretes e, consequentemente, geram aumento
dos preços dos produtos que utilizam o modal rodoviário para serem distribuídos no país.
Devido a essa distorção modal presente no país, o transporte de cargas é, na
maioria das vezes, realizado através de caminhões. Esses veículos possuem um peso elevado e
devem trafegar por estruturas que possam resistir à passagem deste tipo de tráfego. Sabe-se
que o pavimento, quando solicitado pelo tráfego, sofre um processo de desgaste e com o
tempo pode causar danos à sua estrutura.
Os pavimentos são projetados com uma vida útil previamente determinada, mas
na prática esse período normalmente é menor do que o estimado em projeto. Para garantir que
o pavimento consiga atingir a sua vida útil, muitas vezes é necessário realizar atividades de
manutenção preventiva e corretiva em sua superfície. As técnicas mais utilizadas para
manutenção de vias são os Tratamentos Superficiais (TS), a Lama Asfáltica (LA) , o
Microrrevestimento Asfáltico a Frio (MRAF) e o Cape Seal (CS).
Os Tratamentos Superficiais (TS) são revestimentos delgados comumente
utilizados para recuperar superfícies de pavimentos desgastadas que não apresentem defeitos
estruturais. A aplicação do TS consiste na distribuição, em sequência simples ou múltipla, de
camada de ligante, neste caso uma emulsão asfáltica de ruptura rápida, e de uma camada de
agregado, sendo esta última aplicação seguida de uma compactação (ABEDA, 2010).
Os tipos de TS variam com a quantidade de camadas de ligante e agregados
aplicadas. Os tratamentos podem ser do tipo simples (TSS), duplo (TSD) ou triplo (TST),
conforme a aplicação de ligante e agregado ocorra uma vez, duas vezes ou três vezes,
respectivamente.
A Lama Asfáltica (LA) é outra técnica adotada para a manutenção preventiva de
pavimentos que não possuem problemas estruturais. É um revestimento produzido através de
uma mistura a frio de agregados minerais com dimensão máxima de 9,5mm, material de
enchimento (fíler), emulsão asfáltica e água. Em casos específicos, devido à qualidade dos
materiais envolvidos, é permitida a adição de até 20% de areia lavada de rio na composição
dos agregados. Essa mistura é espalhada de maneira uniforme sobre a superfície do
3
pavimento. A LA tem uma aplicação limitada, uma vez que seu desempenho quando aplicado
em rodovias com alto volume de tráfego é baixo (ABEDA, 2010).
O Microrrevestimento Asfáltico a Frio (MRAF) tem uma aplicação similar a da
LA, ou seja, é utilizado em manutenção preventiva de pavimentos cujas camadas estruturais
não apresentem perda da capacidade de suporte. Seus componentes também apresentam
semelhanças, mas existem algumas alterações na granulometria dos agregados, com
dimensões maiores para o MRAF (dimensão máxima do agregado de 12,5mm), no tipo de
emulsão utilizada (somente do tipo ruptura controlada modificada por polímeros RC-1C-E) e
na ausência da areia lavada de rio (ABEDA, 2010).
O processo de execução do MRAF se dá através da mistura dos componentes em
uma usina misturadora apropriada e o espalhamento uniforme da mesma sobre o pavimento a
ser revitalizado. Porém, ao contrário da LA, o MRAF tem um bom desempenho quando
aplicado em pavimentos com alto volume de tráfego, além de proporcionar um melhor
acabamento final.
O Cape Seal (CS) é um revestimento esbelto que consiste na aplicação de duas
técnicas em conjunto, o TSS e o MRAF. Também utilizado para reabilitação de pavimentos
com volume considerável de tráfego, o CS tem como principal diferencial unir as principais
propriedades destes dois tipos de revestimento em uma única estrutura (ABEDA, 2010).
No presente trabalho, o revestimento asfáltico estudado foi o MRAF, motivado
pelo destaque que o mesmo vem ganhando no país como uma solução eficaz para manutenção
de rodovias. Sendo assim, os estudos sobre este tipo de revestimento devem ser aprofundados
de modo a verificar o seu desempenho em laboratório e no campo.
Segundo REIS (2005), o MRAF tem sido aplicado com sucesso na correção de
defeitos funcionais do pavimento. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(DNIT) denomina essa tecnologia como Microrrevestimento Asfáltico a Frio com Emulsão
Modificada por Polímeros – DNIT ES 035 (2005). Verifica-se que a aplicação do MRAF
possibilita uma melhoria no estado de conservação das rodovias onde o mesmo foi utilizado,
garantindo assim, um bom desempenho para os pavimentos restaurados e prolongamento da
sua vida útil.
O MRAF tem algumas vantagens quando comparado com outros métodos de
reabilitação de superfície de pavimentos asfálticos, como o TSS e o TSD. A aplicação se dá
através de um equipamento próprio para a sua execução, sendo a interferência humana
4
pavimentos desgastados com custos reduzidos quando comparados aos custos de aplicação de
misturas a quente.
Quando comparada com as emulsões asfálticas convencionais, as emulsões
modificadas por polímeros apresentam: (i) melhores níveis de adesividade aos agregados ; (ii)
menor susceptibilidade térmica; (iii) aumento na temperatura do ponto de amolecimento e (iv)
maior resistência ao processo de oxidação, que causa problemas de endurecimento do ligante
e consequentemente rupturas prematuras por fadiga. A utilização dos polímeros, como o SBR
(látex de estireno butadieno) ou SBS (copolímero de estireno butadieno), ainda garantem
melhoras nas propriedades de recuperação elástica do ligante, proporcionando uma maior
flexibilidade e durabilidade dos revestimentos asfálticos de espessuras reduzidas (ABEDA,
2010).
VALE (2003) estudou a técnica do MRAF, discorrendo detalhadamente sobre a
mesma, através da realização de análises laboratoriais e do acompanhamento do
comportamento da mistura em campo por meio do monitoramento de trechos construídos em
rodovias do estado de São Paulo. Nesse trabalho, o autor concluiu que o MRAF, quando
aplicado e projetado de forma correta, permite que as características de aderência e de
prevenção de afundamento de trilhas de roda sejam melhoradas. Além disso, o autor ainda
ressaltou que a qualidade dos materiais empregados, em especial dos agregados e da emulsão
asfáltica, é fator decisivo para o sucesso da técnica.
REIS (2005) avaliou o desempenho de misturas do tipo MRAF utilizando três
faixas granulométricas distintas e avaliou o comportamento dos corpos de prova quanto ao
deslocamento lateral e vertical, submetidos a um carregamento através de um simulador de
tráfego de pequeno porte. Nesse trabalho, o autor concluiu que os corpos de prova moldados
utilizando os agregados na faixa III do DNIT foram os que apresentaram os piores
desempenhos, ultrapassando os limites estabelecidos nas normas no que tange ao
deslocamento lateral e vertical dos mesmos quando submetidos à carga aplicada pelo
simulador de tráfego.
Segundo REIS (2005), 75% do MRAF é composto de agregados. Devido a essa
parcela relevante que compõe a mistura, a escolha de agregados de qualidade para a aplicação
desse tipo de mistura no campo é fator decisivo no sucesso da aplicação da técnica. Os
materiais que não se enquadram nos padrões mínimos exigidos pelas normas tendem a não
obter uma boa compatibilidade com a emulsão asfáltica utilizada (do tipo ruptura controlada
6
1.4 JUSTIFICATIVA
1.5 OBJETIVOS
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo tem como objetivo abordar a técnica do MRAF, apresentando esse
tipo de revestimento até então pouco estudado no estado do Ceará. O capítulo é composto de
uma conceituação da técnica, onde estão apresentados sua definição e os materiais que
compõem o revestimento. Além disso, será mostrado um breve histórico sobre sua aplicação
no estado do Ceará, no Brasil e no mundo. As principais aplicações do MRAF também serão
discutidas de modo a delimitar o universo onde esse tipo de revestimento deve ser utilizado.
A descrição completa dos materiais empregados no serviço, contendo as
especificações das normas técnicas vigentes, além do modelo de projeto de dosagem da
mistura também serão abordados nesse capítulo. Na parte final do capítulo, o método
executivo da técnica será descrito em detalhe de modo a ilustrar como ocorre o processo de
aplicação do MRAF em campo.
2.2 CONCEITUAÇÃO
A ABEDA (2010) define o MRAF como uma mistura a frio contendo emulsão
modificada por polímeros SBR (látex de estireno butadieno) ou SBS (copolímero de estireno
butadieno), agregados minerais, material de enchimento (fíler), água e aditivos para controle
do tempo de ruptura da emulsão, além da utilização das fibras, que têm a função de aumentar
a flexibilidade do revestimento.
O MRAF é considerado uma evolução da lama asfáltica, possuindo os mesmos
princípios e concepção, mas com diferenças na qualidade da emulsão asfáltica, dos agregados
utilizados e no seu desempenho. As lamas asfálticas podem ser aplicadas com uma espessura
de uma vez e meia a dimensão máxima do agregado, enquanto o MRAF pode ser aplicado em
espessuras maiores devido à estabilidade da massa ser considerada maior. Comparado com
misturas usinadas a quente, o MRAF tem como diferencial ser fabricado e aplicado em
temperatura ambiente sendo o seu processo de cura é rápido pelo fato da emulsão asfáltica
romper e curar através de um processo eletroquímico, não sofrendo grande influência das
variações climáticas (FHWA, 1994).
2.3 HISTÓRICO
mais especificamente nos estados da Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte. No estado do
Ceará, onde o MRAF ainda não é muito difundido, foram aplicados no ano de 2011 cerca de
250 km desse tipo de revestimento em suas rodovias de acordo com informações obtidas com
engenheiros do DER-CE, um número ainda pouco expressivo quando comparado com outros
tipos de revestimentos aplicados no estado. Esses trechos de MRAF foram executados através
programas de recuperação funcional de rodovias realizados pelo governo estadual.
Figura 2.2 – Aplicação do MRAF sobre base imprimada no estado do Rio Grande do Norte
A Figura 2.3 mostra a construção de um pavimento de baixo volume de tráfego no
interior do estado da Paraíba sendo realizada com MRAF sobre uma camada de TSD, ligando
as cidades de Mamaguape e Araçagi. Esse trecho foi executado no início de 2011 e possui
uma extensão aproximada de 30 km, porém ainda não se tem relatos sobre a eficácia dessa
experiência da aplicação de MRAF sobre o TSD.
2.5.1 Agregados
Tabela 2.1 – Faixas granulométricas para MRAF conforme DNIT ES 035/2005 e ISSA A-
143 /2010
FAIXAS GRANULOMÉTRICAS TOLERÂNCIA
PENEIRAS
(% QUE PASSA) (%)
TIPO II TIPO III TIPO IV
DIÂMETRO ISSA/ ISSA/ ISSA/
ASTM DNIT ISSA
(mm) FAIXA I, FAIXA II, FAIXA III,
DNIT DNIT DNIT
½ 12,7 100 100 100 - -
3/8 9,5 100 100 85-100 ±5 ±5
4 4,75 90-100 70-90 60-87 ±5 ±5
8 2,36 65-90 45-70 40-60 ±5 ±5
16 1,18 45-70 28-50 28-45 ±5 ±5
30 0,6 30-50 19-34 19-34 ±5 ±5
50 0,3 18-30 12-25 14-25 ±5 ±4
100 0,15 10-21 7-18 8-17 ±5 ±3
200 0,075 5-15 5-15 4-8 ±3 ±2
100
90
Percentagem que passa
80
70
FAIXA I
DNIT
60
FAIXA II
50 DNIT
40 FAIXA III
DNIT
30
20
10
0
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Faixa II
DNIT
Faixa I
DNIT
Tabela 2.3 – Especificações da emulsão asfáltica do tipo RC1C-E conforme DNIT 128/2010
ESPECIFICAÇÕES DE
NORMA ENSAIO PROJETO
MÍNIMO MÁXIMO
NBR 14491 (2000) Viscosidade Saybolt Furol 25ºC, s - 70
NBR 6570 (2000) Sedimentação, 5 dias, % peso - 5
NBR 14393 (1999) Peneiração, % peso - 0,10
NBR 6567 (2000) Carga de partícula Positiva -
NBR 14376 (1999) Resíduo seco, % peso 62 -
NBR 6299 (1999) Determinação de pH - 6,5
ENSAIOS NO RESÍDUO ASFÁLTICO
NBR 6576 (1998) Determinação da Penetração 45 150
NBR 6560 (2000) Ponto de amolecimento, ºC 55 -
NBR 15086 (2006) Recuperação elástica 70 -
Tabela 2.4 – Especificações da emulsão asfáltica do tipo RL1C-E conforme DNIT 128/2010
ESPECIFICAÇÕES DE
NORMA ENSAIO PROJETO
MÍNIMO MÁXIMO
NBR 14491 (2000) Viscosidade Saybolt Furol 25ºC, s - 70
NBR 6570 (2000) Sedimentação, 5 dias, % peso - 5
NBR 14393 (1999) Peneiração, % peso - 0,10
NBR 6567 (2000) Carga de partícula Positiva -
NBR 14376 (1999) Resíduo seco, % peso 60 -
NBR 6299 (1999) Determinação de pH - 6,5
ENSAIOS NO RESÍDUO ASFÁLTICO
NBR 6576 (1998) Determinação da Penetração 45 150
NBR 6560 (2000) Ponto de amolecimento, ºC 55 -
NBR 15086 (2006) Recuperação elástica 70 -
Segundo SANTO e REIS (1999), alguns defeitos causados pela emulsão asfáltica
podem surgir no MRAF. A Tabela 2.5 mostra algumas causas e possíveis efeitos relacionados
a esse tipo de material.
27
2.5.4 Água
2.5.5 Aditivos
aplicabilidade vai depender de ensaios que serão realizados em laboratório para verificar sua
compatibilidade com os materiais que compõem o MRAF.
Usualmente, o aditivo é utilizado para retardar o tempo de ruptura e as
especificações dos órgãos não possuem nenhuma restrição quanto à composição do aditivo
que será utilizado. A quantidade de aditivo adicionada na mistura varia entre 0% e 2%. Em
dias mais frios, a quantidade de aditivo requerida é mínima ou não é necessária a utilização do
mesmo devido ao tempo de ruptura da emulsão, nessas situações, ser maior (FHWA, 1994).
2.5.6 Fibras
Tabela 2.8 – Especificações de quantidade de material para MRAF (DNIT ES 035, 2005)
ITENS UNID. FAIXA I FAIXA II FAIXA III TOLERÂNCIA
Asfalto % em peso
7,5-13,5 6,5-12,0 5,5-7,5 ±2
residual do agregado
% em peso
Fíler 0-3 0-3 0-3 ±0,3
do agregado
% em peso
Polímeros do asfalto 3% mín 3% mín 3% mín -
residual
Taxa de
kg/m² 5-19 8-16 15-30 -
aplicação
Espessura Mm 4-15 6-20 12-37
Rodovias de
Regularização
Áreas tráfego
de rodovias
Utilização urbanas e pesado e
de tráfego
aeroportos trilhas de
pesado
roda
realizar a limpeza da superfície manualmente com vassouras (Figura 2.10) ou através de jatos
de ar comprimido. Em dias muito quentes, a superfície do pavimento pode ser umedecida
(Figura 2.11) de modo a reduzir a sua temperatura, evitando assim a ruptura prematura da
emulsão. A ruptura prematura da mesma dificulta o espalhamento da massa sobre a superfície
e prejudica a sua aderência sobre o revestimento existente.
Tabela 2.11 – Defeitos originados pelo estado do pavimento. (SANTO e REIS, 1999)
CAUSAS POSSÍVEIS EFEITOS CONTROLES
• Agregados soltos na • Estrias longitudinais no • Varrição da
superfície a ser espalhamento. superfície.
tratada
• Deformações • Heterogeneidade na quantidade • Regularização da
superficiais do de massa aplicada. superfície.
revestimento asfáltico • Heterogeneidade no processo
de aquisição das propriedades
normais da mistura espalhada.
• Heterogeneidade de texturas.
• Diferença de coloração.
• Pavimento com • Aparecimento de novas • Inspeção visual.
exsudações exsudações. • Determinação do
teor de ligante.
• Pavimento sujo e/ou • Falta de aderência da mistura. • Varrição da
quente superfície.
• Pavimento polido • Taxa de aplicação baixa. • Verificar
• Baixa aderência ao substrato. granulometria.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3.1 – Localização das pedreiras onde foram coletados os agregados (Google Maps,
2011)
Para analisar o MRAF, a emulsão asfáltica utilizada foi do tipo ruptura controlada
modificada por polímeros (RC1C-E). A escolha desse tipo de emulsão se deu pelo fato da
mesma ser especificada e aplicada nas obras de MRAF em todo o país. Outro tipo de emulsão
também foi empregado na pesquisa, a do tipo ruptura lenta modificada por polímeros (RL1C-
E), com o objetivo de realizar um comparativo de desempenho, no que diz respeito ao tempo
de liberação ao tráfego, das misturas de MRAF quando se utiliza o ligante inadequado.
A emulsão RC1C-E e RL1C-E são fabricadas e comercializadas pela empresa
Asfaltos Nordeste, sediada no distrito industrial do município de Maracanaú (ver Figura 3.5),
53
que cedeu a emulsão para os ensaios realizados com o MRAF. A Figura 3.6 ilustra os tanques
onde esse tipo de emulsão é armazenada.
O cimento Portland do tipo CP-II foi escolhido para atuar como fíler na mistura.
A escolha desse tipo de cimento se deu pelo fato de que com a utilização do mesmo obtém-se
uma melhor compatibilidade com o agregado e com a emulsão asfáltica utilizada nessa
pesquisa. O fíler é considerado o material de enchimento e tem a função de preencher os
vazios da mistura e promover uma melhor graduação da mesma. Além disso, o cimento
melhora as propriedades de coesão da mistura. O cimento pode ser facilmente adquirido em
54
qualquer local que comercialize materiais de construção, pois é o mesmo aplicado em obras
de construção civil para confecção de argamassas e fabricação de concreto estrutural.
700
600
500
400
WTAT
300 LWT
200
100
0
10,50 10,75 11,00 11,25 11,50 11,75 12,00
TEOR DE EMULSÃO (%)
elevados tendem a sofrer um desgaste menor, pois a maior quantidade de ligante na mistura
promove um melhor envolvimento dos agregados, dificultando o seu desprendimento durante
a realização do ensaio. A realização desse processo está ilustrado na Figura 3.16.
Amostras curadas Realização dos 1000 ciclos Amostra ensaiada (1ª parte)
Figura 3.19 – Aspecto do MRAF após realização do ensaio de tempo mínimo de misturação
A NBR 14758/2001 delimita um tempo mínimo de 120 segundos para o
rompimento da emulsão. Caso o tempo medido seja menor, adiciona-se aditivo na mistura até
que se atinja o tempo de 120 segundos. Alguns técnicos e especialistas da área de
pavimentação contestam esse tempo de 120 segundos preconizado pela norma. Através de
conversas com os mesmos, eles alegam que o ensaio é realizado em laboratório onde as
condições de umidade e temperatura são bastante favoráveis, o que não ocorre no campo, em
especial em regiões de clima muito quente como no estado do Ceará.
Sabe-se que a elevação da temperatura provoca uma redução do tempo de ruptura
da emulsão e no caso de se obter um tempo de misturação de 120 segundos em laboratório,
esse tempo será reduzido quando a mistura for feita no campo. Essa ocorrência, pode gerar
prejuízos durante o processo de aplicação do MRAF. Sabendo-se desse problema, técnicos e
especialistas em MRAF aconselham que o tempo de misturação em laboratório seja
considerado de 240 segundos, garantindo assim um tempo adequado para o rompimento da
emulsão nas aplicações de campo. Baseado nesses fatos, o tempo considerado nesse trabalho
foi de 240 segundos, pois ele está a favor da segurança.
A utilização do ensaio de perda por abrasão úmida mediu o desgaste médio das
amostras de MRAF, mas nesse caso não se variou o teor de ligante. Adotou-se o teor de
projeto encontrado a partir do processo de dosagem da mistura. Foram confeccionados 9
corpos de prova para serem submetidos ao mesmo ensaio. Essa quantidade de amostras
permite que se obtenha, além de um desgaste médio para cada tipo de agregado, parâmetros
estatísticos como desvio padrão, variância e coeficiente de variação, proporcionando uma
melhor avaliação dos dados obtidos.
A definição do tempo de liberação ao tráfego foi realizada através dos resultados
do ensaio de coesão da mistura. Esse ensaio consiste em medir a resistência ao torque
superficial de uma amostra de MRAF durante o seu processo de cura. As amostras de MRAF
foram moldadas e ensaiadas nos tempos de 30min, 60min, 90min, 120min e 150min. A
realização do procedimento ocorre com a utilização de uma máquina conhecida como
coesímetro.
Primeiramente, calibra-se o coesímetro regulando a pressão de entrada do
aparelho para 1,7 bar. Em seguida, a amostra de MRAF é colocada abaixo do pistão presente
no equipamento e através de um botão o mesmo é acionado e inicia-se uma compressão da
amostra. Após 6 segundos de compressão, com a ajuda de um torquímetro, posicionado na
parte superior do pistão, gira-se o torquímetro em um movimento horizontal num arco de 90º
dentro de um período de 1 segundo e anota-se o valor do torque obtido pelo torquímetro. O
procedimento é repetido para as amostras seguintes nos tempos citados anteriormente.
Para o tempo de 30 minutos, é aceitável que o valor do torque obtido seja de no
mínimo 12 kg.cm. Isso indica que o processo de cura da amostra está ocorrendo no tempo
esperado. Já a magnitude do torque esperado para a liberação ao tráfego é de 20 kg.cm, valor
esperado para se obter com a realização do procedimento após 60 minutos da moldagem das
amostras. A realização desse processo está ilustrada na Figura 3.20.
68
4.2.1.1 Granulometria
3/8" 100 100 100 39,0 60,0 1,0 100 100 100
100
90
Percentagem que passa (%)
80
70 %
PASS.
60
FAIXA II
50 DNIT
40
30
20
10
0
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Diâmetro dos grãos (mm)
pavimentação, pois sua estrutura oferece uma maior resistência à solicitação do tráfego. Já os
agregados lamelares tendem a ser quebradiços.
O resultado do ensaio de azul de metileno, para o agregado do tipo 01, foi de 1,5
mg/g, conforme ilustrado na Figura 4.2. O limite estabelecido na norma é de 7 mg/g para
agregados graníticos e de 10 mg/g para agregados basálticos. Assim sendo, há indícios que
ocorra compatibilidade entre o agregado e a emulsão estudada.
4.2.2.1 Granulometria
1/2" 100 100 100 19,0 80,0 1,0 100 100 100
3/8" 100 100 100 19,0 80,0 1,0 100 100 100
100
90
Percentagem que passa
80
70
FAIXA II DNIT
60 % PASS.
50
40
30
20
10
0
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Diâmetro dos grãos (mm)
4.2.3.1 Granulometria
3/8" 97,4 100 100 100 32,1 33,0 33,0 1,0 99,1 100 100
nº 100 1,1 17,4 6,7 100 0,4 5,8 2,2 1,0 9,4 7 18
nº 200 0,9 10,8 4,6 100 0,3 3,5 1,5 1,0 6,3 5 15
77
100
90
Percentagem que passa
80
70
%
60 PASS.
50 LIM.
INF.
40
30
20
10
0
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Diâmetro dos grãos (mm)
recobrimento de mais de 90% da área do agregado, ou seja, para o agregado do tipo 01, a
adesividade foi considerada satisfatória.
700
600
500
400 WTAT
LWT
300 Limite
200
100
0
10,50 10,75 11,00 11,25 11,50 11,75 12,00
TEOR DE EMULSÃO (%)
seja, para garantir o teor mínimo de asfalto residual no MRAF deve-se utilizar teores de
emulsão superior a 10,5%.
Através da Figura 4.8, pode-se constatar que seria possível executar misturas de
MRAF em campo com teores de até no máximo 11,9%, pois valores superiores ultrapassariam
o limite para a exsudação estabelecido pelas atuais normas vigentes. Como comentado
anteriormente, essa prática não é aconselhável em razão do aumento dos custos, além de não
se obter ganhos significativos em termos de desgaste.
Já o teor mínimo de ligante a ser empregado para o agregado do tipo 02 é de
10,6%, pois com este teor de ligante o desgaste sofrido pela amostra encontra-se no limite.
Entretanto, a utilização do teor mínimo de ligante, pode acarretar em desgastes superiores ao
limite estabelecido pelas normas vigentes caso haja algum erro de dosagem no campo.
700
600
500
400 WTAT
LWT
300 Limite
200
100
0
10,50 10,75 11,00 11,25 11,50 11,75 12,00
TEOR DE EMULSÃO (%)
700
600
500
400 WTAT
LWT
300 Limite
200
100
0
10,50 10,75 11,00 11,25 11,50 11,75 12,00
TEOR DE EMULSÃO (%)
350
300
250
Desgaste (g/m2)
200 AGREGADO
TIPO 01
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
da norma. Assim, não haveria problemas em efetuar a liberação ao tráfego no período de uma
hora, sem causar prejuízos na qualidade do revestimento recém aplicado.
Tabela 4.12 – Resultados do ensaio de coesão da mistura para o agregado do tipo 01
TORQUE OBTIDO ESPECIFICAÇÃO NBR
TEMPO (min)
(kg.cm) 14798/2002
30 17,3 12 kg.cm
60 22,9 20 kg.cm
90 24,1 -
120 24,2 -
30
25
Torque obtido (kg.cm)
20
15
10
0
0 30 60 90 120 150
Tempo (min)
Agregado tipo 01 Liberação para tráfego Mínimo p/ 30 min
Figura 4.11 – Torque obtido nas amostras do agregado do tipo 01
Da mesma maneira que foi realizado para o agregado do tipo 01, foram moldadas
nove amostras com o agregado do tipo 02 utilizando o teor de projeto obtido no processo de
dosagem. Após cerca de 24h de cura na estufa a 60ºC, realizou-se o ensaio de WTAT. Os
resultados estão apresentados na Tabela 4.12 e expressos graficamente na Figura 4.12.
Pode-se observar que o desgaste médio obtido para o agregado do tipo 02 ficou
abaixo do limite estabelecido de 538 g/m². Além disso, o desvio padrão encontrado é aceitável
89
para esse caso e o coeficiente de variação foi menor do que o calculado para o agregado do
tipo 01, indicando, também para esse caso, uma variabilidade dos dados pequena,
proporcionando uma confiabilidade nos resultados obtidos na presente pesquisa.
Tabela 4.13 – Resultados de desgaste para o agregado do tipo 02
AMOSTRA DESGASTE OBTIDO (g/m²)
Nº 1 312,55
Nº 2 302,68
Nº 3 289,52
Nº 4 325,71
Nº 5 279,65
Nº 6 292,81
Nº 7 332,29
Nº 8 345.45
Nº 9 315,84
PARÂMETROS ESTATÍSTICOS
Média 310,72 g/m²
Desvio Padrão 21,58
Variância 465,74
Coeficiente de Variação 6,95%
400
350
Desgaste (g/m2)
300
250
AGREGADO
200 TIPO 02
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Pode-se constatar que, para o agregado do tipo 02, os resultados de coesão foram
melhores do que os obtidos para o agregado do tipo 01 e o torque obtido para os tempos de 30
min e 60 min também estão acima das especificações vigentes. Nesse caso, especificamente, o
valor do torque obtido para 30 minutos atingiu quase o valor especificado para o tempo de 60
minutos, ou seja, o tráfego poderia ser liberado em uma hora com segurança.
Tabela 4.14 – Resultados do ensaio de coesão da mistura para o agregado do tipo 02
TORQUE OBTIDO ESPECIFICAÇÃO NBR
TEMPO (min)
(kg.cm) 14798/2002
30 19,4 12 kg.cm
60 23,4 20 kg.cm
90 25,1 -
120 25,4 -
30
25
Torque obtido (kg.cm)
20
15
10
0
0 30 60 90 120 150
Tempo (min)
Agregado tipo 02 Liberação para tráfego Mínimo p/ 30 min
Figura 4.13 – Torque obtido nas amostras do agregado do tipo 02
Da mesma maneira que foi realizado para o agregado do tipo 01 e do tipo 02,
foram moldadas nove amostras com o agregado do tipo 03 utilizando os teores obtidos no
processo de dosagem. Essas amostras foram submetidas ao ensaio de WTAT e os resultados
estão apresentados na Tabela 4.14 e expressos graficamente na Figura 4.14.
91
Pode-se observar que o desgaste médio obtido para o agregado do tipo 03 ficou
abaixo do limite estabelecido pelas normas vigentes de 538 g/m². Além disso, o desvio padrão
encontrado é aceitável para esse caso e o coeficiente de variação reduzido indica também uma
variabilidade dos dados pequena, assim como nos casos dos agregados do tipo 02 e do tipo
03, proporcionando confiabilidade nos dados adquiridos.
Tabela 4.15 – Resultados de desgaste para o agregado tipo 03
AMOSTRA DESGASTE OBTIDO (g/m²)
Nº 1 187,53
Nº 2 174,37
Nº 3 223,72
Nº 4 187,53
Nº 5 220,43
Nº 6 240,17
Nº 7 203,98
Nº 8 197,40
Nº 9 194,11
PARÂMETROS ESTATÍSTICOS
Média 203,25 g/m²
Desvio Padrão 20,99
Variância 440,48
Coeficiente de Variação 10,33%
300
250
200
Desgaste (g/m2)
AGREGADO
150 TIPO 03
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
30
25
Torque obtido (kg.cm)
20
15
10
0
0 30 60 90 120 150
Tempo (min)
Agregado tipo 03 Liberação para tráfego Mínimo p/ 30 min
Figura 4.15 – Torque obtido nas amostras do agregado do tipo 03
350
300
Desgaste Médio (g/m2)
250
200
150
100
50
0
Agregado tipo 01 Agregado tipo 02 Agregado tipo 03
Figura 4.16 – Comparativo do desgaste médio obtido no ensaio WTAT para os três tipos de
agregados utilizados
Pode-se observar no gráfico acima que o desgaste médio do agregado tipo 03 foi o
menor comparado com os outros tipos de agregado. Apesar da diferença verificada nos
resultados apresentados na Figura 4.16, pode-se verificar que todas as amostras obtiveram
resultados bastante satisfatórios em relação ao limite máximo estabelecido pelas normas (538
g/m²). Portanto, pode-se afirmar que os três agregados atendem com folga os parâmetros dos
ensaios de desgaste.
Já em relação ao tempo de liberação ao tráfego, algumas diferenças mais
significativas aparecem. No gráfico da Figura 4.17, pode-se constatar que para o agregado do
tipo 03, o torque obtido para o tempo de 1 hora não foi o suficiente para garantir uma
liberação segura ao tráfego. O valor do torque obtido para esse agregado, abaixo do limite
mínimo especificado, não garante a cura total da mistura, acarretando em problemas após a
execução da mistura em campo, como o desprendimento dos agregados. Já os resultados dos
agregados tipo 01 e tipo 02 mostraram que, nesses casos, não haveria limitações quanto ao
tempo de liberação.
94
30
25
Torque obtido (kg.cm)
20
15
10
0
0 30 60 90 120 150
Tempo (min)
Agregado tipo 01 Agregado tipo 02 Agregado tipo 03 Liberação para tráfego
Baseado nos preços aqui apresentados, o custo de execução por m² de MRAF foi
calculado para cada um dos agregados coletados no trabalho, tomando-se como base o
quantitativo de 25 kg/m² fornecido pela SEINFRA. A partir desse dado, foram definidas as
quantidades de emulsão e aditivo tendo como base os percentuais encontrados durante a
realização da dosagem das misturas. Os valores finais calculados, desconsiderando o
Benefício sobre Despesas Indiretas (BDI) e as Distâncias Médias de Transporte (DMT) estão
mostrados na Tabela 4.17.
96
tipo de ligante estava sendo aplicado em obras de MRAF, onde a emulsão empregada era a de
ruptura lenta modificada por polímeros (RL1C-E) e não a de ruptura controlada.
O propósito desse trabalho não é discutir o motivo da substituição do tipo de
ligante em obras de MRAF e sim mostrar o principal prejuízo causado às obras quando ocorre
a substituição do mesmo. Uma das principais diferenças entre as duas emulsões aqui citadas é
a sua característica de cura.
A emulsão do tipo ruptura controlada possui em sua composição elementos que
proporcionam a ruptura da emulsão e consequentemente a cura da massa em tempos bem
mais reduzidos que os apresentados nas emulsões de ruptura lenta. Além disso, os fatores
climáticos (temperatura e umidade) não têm tanta influência no tempo de cura da emulsão de
ruptura controlada quanto no tempo da emulsão de ruptura lenta. O processo de cura da
emulsão de ruptura controlada é mais dependente das reações químicas que ocorrem na massa
do que a ação do calor proveniente da luz solar, ou seja, a emulsão de ruptura lenta depende
muito mais dos fatores temperatura e umidade para acelerar o seu processo de cura do que a
emulsão de ruptura controlada.
Como foi apresentado no item anterior, o resultado do ensaio de coesão mostra o
tempo de cura da mistura e tem influência direta no tempo de liberação ao tráfego. Quando se
emprega o ligante inadequado em obras de MRAF, o tempo de cura da mistura será
inevitavelmente maior, o que inviabiliza a liberação ao tráfego no período de uma hora. O que
ocorre no campo é que como uma das propostas do emprego do MRAF é a sua rápida
liberação ao tráfego, o revestimento aplicado com a emulsão do tipo ruptura lenta tende a
sofrer um grande desprendimento de material pétreo nas primeiras horas após sua liberação.
Como esses revestimentos possuem espessuras delgadas, ocorre um grande desgaste
prematuro desse revestimento, diminuindo consideravelmente sua vida útil.
Visando demonstrar a diferença de comportamento desses dois tipos de emulsão
asfáltica, foram moldadas amostras de MRAF com o ligante inadequado e as mesmas foram
submetidas aos ensaios de coesão da mistura (NBR 14798/2002). Os resultados comparativos
estão ilustrados na Figura 4.18.
98
30
25
Torque obtido (kg.cm)
20
15
10
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240
Tempo (min)
Liberação para tráfego EMULSÃO RL1C-E EMULSÃO RC1C-E
asfáltica pelo papel toalha. Repete-se esse procedimento para os tempos de 15 e 20 minutos
passados após a confecção da mesma . Na verificação de 20 minutos, é desejável que não haja
mais a absorção de emulsão asfáltica pelo papel, indicando que houve a ruptura da emulsão e
que seu processo de cura encontra-se em uma fase mais adiantada.
Finalizada a verificação de absorção da emulsão de 20 minutos, enche-se o
recipiente com capacidade de 2 litros com água e após 25 minutos de mistura, ou seja, 5
minutos após a última verificação feita com o papel toalha, verte-se os 2 litros de água sobre a
amostra durante um período de 30 segundos a uma altura de aproximadamente 40 cm.
Finalizado o derramamento de toda a água, verifica-se o estado em que se encontra a mesma.
Em um ligante de qualidade, é desejável que durante a realização desse derramamento de
água não ocorra a desagregação do MRAF, indicando que o processo de cura está avançado,
ou seja, que o ligante aplicado é apropriado para a execução da técnica. A Figura 4.19 ilustra
a realização do método.
atenderam com folga aos limites mínimos estabelecidos, não apresentando problemas para
liberação ao tráfego no período exigido.
cujo tempo de liberação foi de uma hora sem causar danos ao revestimento. Além disso, tem-
se relatos de especialistas da área de que mesmo que o tempo de liberação ao tráfego seja
maior, no caso do emprego de um ligante inadequado, a vida útil do pavimento é menor
devido ao maior desgaste do pavimento que ocorre ao se utilizar esse tipo de ligante.
Conforme as constatações relatadas no parágrafo anterior, recomenda-se a adoção
de uma metodologia simplificada de campo, como a apresentada no Capítulo 4, para
identificar possíveis problemas com o ligante empregado. A execução da metodologia é
bastante simples, rápida, eficaz e pode ser aplicada no campo sem maiores empecilhos, além
do resultado ser obtido em um tempo bastante reduzido. Recomenda-se que a aplicação da
metodologia seja realizada para todo carregamento de emulsão que chegue a obra.
Como foi comentado ao longo desse trabalho, essa metodologia proposta não deve
ser considerada como um indicador de qualidade do ligante empregado. Para constatação do
tempo de cura da emulsão, o ensaio de Determinação da Coesão e Características da Cura
pelo Coesímetro (NBR 14798/2002) deve ser realizado. Ao contrário das especificações
americanas, o DNIT não considera em suas especificações os parâmetros de coesão da
mistura. Devido a importância que esse ensaio representa na determinação da compatibilidade
entre ligante e agregado, e mesmo na determinação da qualidade do ligante empregado,
sugere-se que o órgão considere essa norma em projetos futuros de MRAF, visando obter
resultados mais positivos e menos insucessos nas aplicações de MRAF nas rodovias
brasileiras.
Apesar do insucesso obtido em aplicações de MRAF com a emulsão asfáltica do
tipo ruptura lenta modificada por polímeros (RL1C-E), acredita-se que o seu emprego pode
ser viabilizado. A utilização desse tipo de ligante pode ser viável, por exemplo, para emprego
em locais onde não haja a necessidade de uma liberação rápida ao tráfego e o mesmo não seja
tão intenso. Para tanto, devem ser realizados ensaios de desgaste com esse tipo de ligante de
modo a verificar se existem de fato diferenças significativas de desgaste quando há a
substituição do mesmo. Devido ao seu menor custo de aquisição (da ordem de 20%)
comparado ao da emulsão do tipo ruptura controlada modificada por polímeros (RC-1C-E),
pode ser que sua utilização seja considerada para realização de manutenções em pavimentos
de baixo volume de tráfego onde possa se aguardar mais tempo.
A caracterização dos agregados envolvidos nessa pesquisa indicou qual o tipo
mais adequado da RMF para utilização em misturas do tipo MRAF. Em pesquisas futuras,
pode-se utilizar do recurso do processamento digital de imagens (PDI) para melhorar a
107
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT (1999); Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 14393: Emulsões Asfálticas
– Determinação da peneiração.
ABNT (1999); Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 14376: Emulsões asfálticas
– Determinação do resíduo asfáltico por evaporação – método expedito.
ABNT (1999); Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6299: Emulsões Asfálticas
– Determinação do pH.
ABNT (2000); Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 14491: Emulsões Asfálticas
– Determinação da viscosidade Saybolt Furol.
ABNT (2000); Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6570: Emulsões asfálticas –
Determinação da Sedimentação.
ABNT (2000); Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 6567: Emulsões asfálticas –
Determinação de carga da partícula.
DNIT-ES 035/2005: Micro Revestimento Asfáltico a Frio com Emulsão Modificada por
Polímero – Especificação de Serviço. Rio de Janeiro, RJ.
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and Performance of Micro-Surfacing. Washington. Estados Unidos.
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