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fazer renda
Princípios Básicos
da Renda de Bilro
Histórico • Elementos da renda • Como fazer •
Técnica básica • Pontos básicos da renda
FICHA TÉCNICA
Proponente
Instituto da Arte – INSTARTE
Projeto cultural
Instituto Sommos – Gestão de Design
Contexto – Gestão de Projetos
Conselho editorial
Elga Moraes
Michele Laforga
Ulisses Souza
Coordenação pedagógica
Denise Soares Miguel
Textos
Denise Soares Miguel (Texto técnico)
Andréa Fischer (Apresentação e Histórico)
Elga Moraes
Ilustração
Michele Laforga
Fotografia
Claudia Pinz
Elga Moraes
Revisão de texto
Daise Ribeiro Pereira Carpes
Contato
milaforga@gmail.com
moraeselga@gmail.com
ulisses@contextoconsultoria.com
Bibliografia: p. 48.
ISBN 978-85-86864-88-9
CDD 745
fazer renda
Princípios Básicos
da Renda de Bilro
Histórico • Elementos da renda • Como fazer •
Técnica básica • Pontos básicos da renda
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Histórico
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Elementos da renda
14
Como fazer
18
Técnica básica
22
Pontos básicos
MEIO PONTO • 24
pontos TRANÇA E TORCIDO • 30
ponto PANO • 36
ponto PERNA-CHEIA • 42
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Referências
cartilha – me ensina a fazer renda
04
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apresentação
A cartilha Me ensina a fazer renda
nasceu da vontade de valorizar
a renda de bilro tradicional de Flo-
A cartilha está dividida em cinco ca-
pítulos: Histórico, Elementos, Como
fazer, Técnica básica e Pontos bási-
rianópolis e facilitar o ensino de sua cos. Devido à complexidade da ren-
técnica. O repasse de conhecimen- da de bilro, o projeto selecionou so-
to vem sendo feito pelas rendeiras, mente alguns dos pontos básicos
porém, acontece de maneira oral e utilizados pelas rendeiras de Flo-
informal. Foi a partir dessa cons- rianópolis. Os textos preservam o
tatação, somada à escassez de pu- vocabulário regional, citando e ex-
blicações específicas para essa fina- plicando expressões utilizadas por
lidade, que o Instituto Sommos e a elas, como “armar a renda”, “fechar
Contexto Gestão de Projetos perce- o ponto” e “picar o pique”. Para facili-
beram a necessidade de elaborar um tar o aprendizado, elas vêm acompa-
material didático com o passo a pas- nhadas de ilustrações e de links para
so da renda de bilro. A ideia é que ele vídeos produzidos para o projeto.
possa servir de apoio aos alunos e às
mestras. Esse desejo virou realida- A publicação é resultado do cuida-
de com o projeto aprovado pelo Edi- doso trabalho de profissionais de di-
tal Apoio ao Artesanato Brasileiro versas áreas, incluindo gestores cul-
(2014), da Caixa Econômica Federal. turais, pesquisadoras de artesanato
e cultura popular, designer e peda-
O principal objetivo da publicação goga, que reconhecem o valor cul-
é auxiliar no processo de ensino– tural da renda de bilro e acreditam
aprendizagem da renda de bilro. Seu que ações nascidas a partir da real
papel não é substituir as aulas prá- necessidade da comunidade podem
ticas, mas complementá-las, servin- contribuir para soluções coletivas.
do de ferramenta para quem está O projeto também teve a oportuni-
aprendendo essa arte. Ela também dade de contar com a consultoria de
busca contribuir com a preservação Maria da Glória Viana Soares, uma
dessa importante manifestação cul- experiente e respeitada rendeira co-
tural popular brasileira, deixando-a nhecida como Glorinha, além do
documentada para as futuras gera- apoio da ONG Instarte e da Associa-
ções. O material colabora ainda com ção do Bairro de Sambaqui.
a divulgação da renda de bilro den-
tro e fora do país, visto que algumas
rendeiras são convidadas a minis-
trar cursos no exterior.
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cartilha – me ensina a fazer renda
histórico
Onde é produzida tema, aponta outras características No Brasil,
na atualidade das rendas catarinenses: “variedade mais do que
A região Sul é considerada por al- de tamanhos e de formatos, esme- um artesanato
guns pesquisadores como uma das rados e de rara habilidade, reprodu- preservado
primeiras a ter renda de bilro no ções de piques modificados ou cria- ao longo de
Brasil. Essa renda é encontrada em dos para novos modelos.” gerações, a
Santa Catarina, com destaque para renda de bilro
Florianópolis. Nessa cidade, a ativi- A renda de bilro não é exclusivida- faz parte da
dade não se limita à Lagoa da Con- de de Santa Catarina. Embora esse herança cultural
ceição, bairro turístico bastante co- estado se destaque no cenário na- deixada pelos
nhecido que tem sua principal via cional, a renda de bilro pode ser en- colonizadores.
batizada de Avenida das Rendeiras, contrada em todo o Brasil, predomi-
onde se encontram pequenas lojas nando nas cidades do litoral, mas
de rendeiras locais. A renda de bil- também presente no interior. En-
ro pode ser encontrada em várias tre os estados que concentram sig-
outras áreas, com destaque para os nificativa produção, além de San-
bairros Barra da Lagoa, Costa da La- ta Catarina, estão: Alagoas, Ceará,
goa, Rio Tavares, Campeche, Pânta- Maranhão, Paraíba, Pernambuco,
no do Sul, Ribeirão da Ilha, Santo Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí
Antônio de Lisboa, Sambaqui, Ra- e Bahia (Nordeste); Pará (Norte); e
tones, Cacupé, Praia do Forte, Ponta Rio de Janeiro (Sudeste).
das Canas, Jurerê e Estreito.
O Nordeste é conhecido como im-
Uma característica marcante da ren- portante produtor, sendo o Ceará o
da de bilro de Santa Catarina, que seu maior representante. A origem
pode ser apontada como um diferen- do bilro nessa região é atribuída não
cial daquela produzida em outras re- apenas aos colonizadores portugue-
giões, é o ponto “tramoia”, conside- ses, mas também à influência ho-
rado típico da capital catarinense. landesa durante o século XVII. Essa
Ele é também conhecido como “sete constatação é reforçada pela varia-
pares”, por ser o único que é teci- ção nos tipos de almofadas encon-
do com sete pares de bilros. Doralé- tradas no Brasil, o que sugere mais
cio Soares, respeitado pesquisador e de uma procedência.
autor de diversos trabalhos sobre o
Florianópolis
é destaque na
produção de renda
de bilro no Brasil, e
a renda representa
um dos principais
elementos culturais
da região.
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cartilha – me ensina a fazer renda
Dos 6 mil Outros países também produzem a res condições financeiras, as meni-
açorianos que renda de bilro. Em Portugal, a maior nas aprendiam para fazer o seu pró-
aportaram no concentração está nas cidades bal- prio enxoval e impressionar o noivo
Brasil entre neárias Peniche e Vila do Conde. A e a sogra com seus dotes manuais.
1748 e 1756, Itália e a Bélgica, que disputam a in-
em torno de venção dessa arte (ainda não há con- Com o tempo, o ensino da renda
3 mil se fixaram senso), também a produzem, além de bilro modificou-se para se adap-
na vila Nossa de Rússia e Espanha, entre outros. tar às constantes mudanças sociais
Senhora do e econômicas dos novos tempos. O
Desterro, atual A transmissão do saber crescimento da presença das mulhe-
Florianópolis. A renda de bilro vem se mantendo res no mercado de trabalho fez di-
viva em Florianópolis há quase três minuir o interesse das novas gera-
séculos por meio da transmissão da ções em aprender, seja como ofício
técnica no seio familiar, de geração ou passatempo. Por outro lado, per-
em geração. No passado, cabia às cebe-se nos últimos anos um au-
mulheres mais experientes – mães, mento na procura pelos cursos. Os
tias, avós, primas, irmãs mais ve- alunos são de várias idades e classes
lhas – a tarefa de ensinar a prática sociais, mulheres, crianças e até ho-
às mais novas. A iniciação acontecia mens, além de turistas brasileiros e
de forma oral ainda na infância, por estrangeiros. São pessoas que admi-
volta dos seis ou sete anos de idade, ram a beleza e reconhecem o valor
geralmente depois dos afazeres do- cultural da renda de bilro, buscan-
mésticos, quando se sentavam to- do em sua confecção uma atividade
das juntas para tecer. de lazer.
histórico
te elemento de identidade do povo As mudanças buscam dar visibilida- Os novos usos
catarinense. Preservá-la significa ga- de ao produto e aumentar suas ven- para produtos
rantir a continuidade dessa tradição. das, porém, mantendo a originali- tradicionais
Para isso, é preciso que tanto o po- dade da técnica. representam
der público quanto as rendeiras co- inovação,
loquem em prática ações que fortale- Ao encarar a renda de bilro como criatividade
çam a atividade na região. um produto, e não apenas um cos- e visão
tume de família, as rendeiras come- empreendedora
O governo pode colaborar através çaram a profissionalizar e diversifi- das rendeiras,
da implantação de políticas públicas car sua produção. Além de toalhas que vêm dando
de proteção e valorização cultural, e outros produtos de cama e mesa, fôlego comercial
além de ações de apoio, incentivo e passaram a tecer artigos de vestuá- a essa atividade.
orientação ao trabalho das rendei- rio e até acessórios. Esse movimento
ras. A oferta de cursos permanen- que vem sendo verificado em todo
tes é fundamental para garantir que o Brasil ganhou o apoio do merca-
a técnica da renda de bilro seja pas- do da moda. Hoje, já é possível ver
sada adiante. rendas manuais nas passarelas e em
coleções de importantes grifes e es-
O envolvimento e as iniciativas das tilistas. Já a decisão de fazer peças
rendeiras também são importantes. menores permitiu que pessoas com
Muitas comunidades produtoras de menos poder aquisitivo pudessem
renda de bilro na capital catarinen- adquiri-las, conquistando-se assim
se já vêm unindo forças, organizan- novos consumidores.
do-se coletivamente em associações
e realizando parcerias, permitindo Outras iniciativas das rendeiras vêm
assim mais troca de experiências e proporcionando o fortalecimento
informações. dessa tradição. Entre as principais,
estão: identificação de público inte-
A cartilha Me ensina a fazer renda ressado em aprender; motivação de
busca contribuir com a preservação outras rendeiras a repassar seu co-
da renda de bilro, sendo uma ferra- nhecimento; mobilização e estímu-
menta de apoio ao seu ensino. lo junto às antigas rendeiras para
que voltem a produzir; realização de
Novos horizontes cursos abertos ao público em geral;
O futuro da renda de bilro em Flo- criação de aulas diferenciadas para
rianópolis está sendo construído no turistas, associando o ensino da téc-
presente. A inovação, a criativida- nica à experiência com a cantoria da
de e a visão empreendedora de algu- ratoeira (forma antiga de as rendei-
mas rendeiras vêm dando novo fô- ras cantarem versos improvisados);
lego a essa atividade na região. São busca de novos espaços de comer-
mulheres que acreditam no artesa- cialização da renda, com destaque
nato, mas perceberam que essa tra- para a Casa das Rendeiras no Mer-
dição precisa se adequar às moder- cado Público de Florianópolis; e par-
nidades para permanecer atraente. ticipação em feiras e exposições.
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cartilha – me ensina a fazer renda
elementos da renda
O pique é o desenho (gráfico ou molde) da ren-
da feito em papel. Para facilitar sua fixação na
almofada, ele é colado em um papelão mais
firme (papel-sola ou papel-cartão). Na primei-
ra vez que esse cartão for utilizado, deverá ser
“picado”, ou seja, antes de dar início à execu-
ção da renda, todos os pontos desenhados no
papel deverão ser furados com alfinete. Des-
sa forma, o pique se transforma em gabarito e
poderá ser aplicado inúmeras vezes para a re-
produção do mesmo desenho.
Bilros
São pequenas hastes de madeira cilíndricas
de 10 a 17 cm de comprimento que possuem
uma esfera em uma das extremidades, que va-
ria em formato e tamanho. A linha é enrolada
na parte mais alongada do bilro.
Linhas
No que se refere ao uso da linha, ainda preva-
lece o tradicional: fio de algodão na cor bran-
ca. Embora não seja tão comum, também é
possível empregar fios sintéticos e padrões co-
loridos.
elementos da renda
Estrutura de madeira que funciona como su-
porte e facilita o movimento da almofada quan-
do o que está sendo produzido é de comprimen-
to maior do que a circunferência dela.
Estrutura de madeira
construída de forma artesanal
que apoia a almofada para
a confecção da renda.
Alfinetes
A importância do alfinete para a renda de bil-
ro vai além da utilidade de prender a peça na
almofada. Ele serve como apoio e guia para
onde a rendeira direciona a renda que está
sendo tecida.
como fazer
Para fazer uma almofada de tamanho pequeno
são necessários os seguintes materiais:
ponto luva
16 6 Depois de pronto o cilindro de espuma é hora de revesti-lo com
o tecido de algodão. O tecido deve ser suficiente para cobrir o
cilindro. Ajustar bem o tecido sobre a espuma, transpassar cerca
cartilha – me ensina a fazer renda
ponto alinhavo
Cavalete
As dimensões para o cavalete proposto neste
projeto são para uma peça com 70 cm de altura
depois de pronta, mas essas dimensões podem
ser alteradas de acordo com o desejado buscan-
do uma altura confortável para o trabalho.
A madeira sugerida é o pínus, e o projeto apre-
senta ajustes que tornam a estrutura dobrá-
vel, facilitando a forma de guardar o cavalete
quando ele não estiver sendo usado e também
o seu transporte.
Para fazer o cavalete são necessários 17
os seguintes materiais:
como fazer
A – 4 ripas de pínus aplainadas
(2 cm x 4 cm x 70 cm)
B – 2 ripas de pínus aplainadas
(2 cm x 4 cm x 23 cm)
1 parafuso barra em inox (27 cm x 1/4”)
4 porcas sextavadas travantes (1/4”)
2 porcas borboleta zincadas (1/4”)
4 parafusos cabeça chata (4 cm)
tÉcnica básica
Para enrolar a linha no bilro vamos seguir os seguintes passos:
tÉcnica básica
Esta também é uma expressão utilizada pelas rendeiras para se
referir a um conjunto de movimentos de tecelagem da renda que
são executados para terminar uma carreira e iniciar a próxima.
nó de arremate duplo
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cartilha – me ensina a fazer renda
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meio ponto
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PONTOs TRANÇA E TORCIDO
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PONTO PANO
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PONTO PERNA-CHEIA
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cartilha – me ensina a fazer renda
meio ponto
Este ponto, também conhecido como “pano
aberto”, é empregado geralmente como pano
de fundo na tecelagem da renda, assim como
no centro e na estruturação das bordas.
PONTOs TRANÇA
E TORCIDO
O ponto trança, também conhecido como
“trancinha”, é utilizado em quase todos os
desenhos de renda, porque serve como elemen-
to decorativo, para unir partes da renda e, em
alguns piques, é tecido como pano de fundo.
PONTO PANO
Esse ponto, conhecido também como “pani-
nho”, é utilizado geralmente em pequenas
partes da renda para construir o desenho e
alguns detalhes. Além disso, é empregado no
acabamento da renda para que a borda tenha
uma boa resistência ao ser costurada ao tecido.
PONTO
Perna-cheia
Este é um ponto que serve como elemento
decorativo da renda. Por isso, é utilizado tanto
no meio da renda quanto na borda, e pode ser
executado em qualquer sentido.
Execução do ponto
Diagrama Perna-cheia
9 A parte do ponto que fica mais larga tem um ajuste mais leve,
ou seja, tem mais linha.