Computadores

S E G U N D A - F E I R A 2 8 O U T U B R O 2 0 0 2 D I R E C T O R J O S E M A N U E L F E R N A N D E S E D I T O R R U I J O R G E C R U Z

PUB
A raiz da Net Nova versão A edição 2002 O percurso Os meandros das
sob ataque do FLiP da Inforpor da Sol-S redes sem fios
Nove dos 13 servidores Testes aturados à versão As novidades e o renascer Do Aitec até hoje e o Como são úteis e como
essenciais foram o alvo 4 do produto da Priberam do maior certame nacional reencontro com a Solsuni, estão já disponíveis
mas a Web resistiu mostram fiabilidade das tecnologias do ‘hardware’ aos serviços no mercado
➜ pág. 10 ➜ págs. 12/13 ➜ págs. 6/7 ➜ pág. 9 ➜ pág.21

NET WORKERS 2002, DA CISCO SYSTEMS, PARA OS UTILIZADORES EUROPEUS

Maior produtividade
JOHN
e menores custos
Não surpreendeu,

T
AMBÉM
CHAMBERS, o pois, que a Cisco Sys-
presidente e tems — desde há anos o
“chief execu- maior fornecedor mun-
tive officer” dial de equipamentos
da Cisco Systems, faz e soluções para redes
do mote “Back to basics” empresariais — apro-
o pretexto para a expo- veitasse o seu encontro
sição da actual mensa- anual de utilizadores na
gem estratégica da sua Europa para sublinhar
empresa aos seus clien- todas as vertentes desta
tes actuais e potenciais. ideia geral aplicada às
Desde o rebentamento redes e aos ganhos de
da “bolha” da Inter- produtividade que elas
net — agravado pela poderão proporcionar
proliferação de estilos às empresas, nomeada-
de gestão (e mesmo de mente no domínio das
empresas) sem qualquer soluções de mobilidade.
relação com um plano de E porque a experiên-
negócio fundamentado cia concreta vale por um
e credível, o “back to milhão de palavras, a
basics” tornou-se num Cisco proporcionou aos
“must” do discurso da milhares de utilizadores
análise que parti-
empresarial RUI JORGE CRUZ ciparam na
e financeira: em Copenhaga Networkers
as empresas 2002, em
têm que viver com o que Copenhaga (Dina-
facturam e não poderão marca), uma rede sem
viver (muito tempo) a fios disponível em toda
gastarem mais do que a vasta área do Bella
recebem. Center e dotada ➜

7c1bf3e5-024b-435b-bb28-84bbcd8a7552

➜ de uma largura de
banda e de uma velocidade
capazes de fazer corar de
inveja a mais expedita das
redes dos seus locais de
trabalho.
Mas, voltando à men-
sagem para as empresas,
o que John Chambers e
seus pares pregam consti-
tui música para os ouvidos
de qualquer executivo
nos tempos de depressão
económica — e, sobre-
tudo, de compressão dos
investimentos — que hoje
se vivem: é que uma abor-
dagem integrada das suas
redes e dos seus sistemas
de informação poderá não
só proporcionar ganhos de
produtividade como redu-
ção de custos de operação.
E, para melhor fazer
entender a sua tese, a
Cisco criou o conceito de
“networked virtual orga-
nization” (NVO) — algo
como “organização em rede
virtual”. Assim, a empresa
seria como um ecossistema
que se relacionaria com
o mercado através de um
conjunto de redes (em que
se incluiria a Internet) e de
relações de diversos tipos
pertencentes a duas cate-
gorias fundamentais: rela-
ções de contexto e relações
nucleares. Estas relações
consubstanciar-se-iam nos
processos de negócio assen-
tes em tecnologias. Ora
será numa nova maneira
de abordar esta dicotomia
contexto-núcleo que as
aplicações de produtivi-
dade baseadas nas tecnolo-
gias da Web poderão trazer
vantagens às organizações
e às empresas.
E John Chambers,
como também é usual,
www.publico.pt
computadores .2
apresentou o exemplo
da própria Cisco para
ilustrar a sua tese. No
seu ano fiscal de 2002
(recentemente concluído),
a empresa terá poupado
algo como 1940 milhões de
dólares, assim distribuídos:
899 milhões de dólares na
assistência aos seus clien-
tes, 639 milhões de dólares
na “optimização da força de
trabalho”, 274 milhões de
dólares na gestão da cadeia
logística e de fornecimen-
tos — a Cisco é, hoje, uma
das maiores utilizadoras
mundiais do paradigma
de “manufactura virtual”,
recorrendo quase exclusi-
vamente à subcontratação
para o efectivo fabrico dos
seus equipamentos e res-
pectivos componentes — e
133 milhões de dólares na
formação de empregados
baseada em soluções de E-
learning.
Por seu turno e a pro-
pósito deste tópico, Mark
de Simone, vice-presidente
da Cisco na Europa, Médio
Oriente e África (EMEA),
referiu um estudo inti-
tulado “Net Impact”,
realizado por investiga-
dores da Universidade de
Berkeley, na Califórnia,
e do Brookings Institute.
De acordo com o estudo, o
crescimento médio da pro-
dutividade nos EUA, no
Reino Unido, em França
e na Alemanha no decé-
nio 2000-2010 poderá ser
reforçado em cerca de 30
por cento — de 1,3 para 1,7
por cento — se as entida-
des e as empresas aposta-
rem nas tecnologias e nas
aplicações que permitam
tirar o devido partido das
redes e da Web (tendo-se o
estudo baseado nas médias
da OCDE no decénio 1992-
2001).
O mesmo “Net Impact”
estimou que, nos EUA,
a adopção de soluções
empresariais baseadas
na Internet terá até hoje
proporcionado poupanças
de custos na ordem dos
155.200 milhões de dóla-
res — e que, uma vez con-
cluídos os investimentos
nesta área, essa poupança
poderá cifrar-se em 500
mil milhões de dólares até
2010. Nessa altura, esta
redução de custos poderá
significar cerca de 0,43
por cento do crescimento
da produtividade nos
EUA. Quanto àqueles três
países da Europa, o estudo
aponta para 9 mil milhões
de euros de poupança e
86.400 milhões de euros a
mais na facturação.
Mark de Simone
apontou ainda a voz e as
imagens como elementos
que, nas redes de hoje, pas-
saram, também eles, a ser
programáveis nos sistemas
— isto, evidentemente, no
quadro de uma conver-
gência efectiva entre voz,
imagens, dados e seu arma-
zenamento nos sistemas de
informação empresariais.
Ou, por outras palavras, a
rede telefónica, a rede de
vídeo e a rede de equipa-
mentos de armazenamento
de dados a interligarem-se
e a convergirem com a rede
baseada no IP, o protocolo
da Internet.
E, para que tal propor-
cione todos os benefícios,
é necessário que as redes
de IP sejam capazes de
reconhecer os utilizadores
onde quer que eles estejam
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
Jonathan Hindle
Director de Estratégia Tecnológica
da Cisco Systems para as Redes
Móveis
— por outras palavras,
a articulação do IP com
a mobilidade. Aliás, pas-
sará por esta articulação
e pela oferta de serviços
aos profissionais e às
empresas a viabilidade
do arranque efectivo do
UMTS na Europa (ver,
ao lado, Uma Pergunta a
Jonathan Hindle, director
de Estratégia Tecnológica
da Cisco Systems para as
Redes Móveis).
Aliás, já num documento
que a Cisco divulgou em
Março último, na CeBIT
(Alemanha), a empresa
apontava o estreitamento
de opções com que estavam,
já então, a confrontar-se os
operadores de telecomuni-
cações móveis: “as margens
dos serviços tradicionais
estão a ser sujeitas a uma
erosão, na medida em que,
por um lado, as autorida-
des reguladoras actuam
constantemente no sentido
da redução dos preços ao
consumidor e, por outro, os
operadores diversificam e
enriquecem as suas ofertas
de serviço”.
E acrescentava o começando por onde estão concentrados os utiliza-
mesmo texto — “Mobility
and the Internet: the
Opportunity” — mais
adiante: “Num mundo de
redes de pacotes [de dados],
assistimos aos serviços de
dados a serem prestados
através de redes de múl-
tiplas naturezas: xDSL,
cabo, RDIS, PSTN, GSM e,
mais recentemente, GPRS.
O factor comum a todas
estas redes é uma rede
nuclear assente no proto-
colo da Internet (IP) e uma
convergência correlativa
de aplicações e serviços
baseados em IP.” ●
uma pergunta a
O que pensa da terceira geração de teleco-
municações móveis na Europa: vai arrancar
de verdade e quando? Não concorda que um
arranque baseado sobretudo nos serviços
dirigidos às empresas não permitirá uma
curva de adopção rápida, adiando a massifi-
cação do uso da nova tecnologia?
Um UMTS
de mãos dadas
com o IP
E
stou certo de que, na Europa, a terceira
geração de telecomunicações móveis,
o chamado UMTS, acabará mesmo por
arrancar, talvez não tão depressa quanto
as pessoas esperariam, sobretudo há dois
ou três anos. Mas os operadores de telecomunicações
e outras entidades já investiram demasiado nesta
terceira geração de telecomunicações móveis, pelo
que terão de rendibilizar o dinheiro investido — uns
mais rápida e agressivamente, outros mais devagar e
à medida que o negócio o permitir, outras ainda no
quadro de múltiplas e variadas parcerias. As parcerias
para o “roaming” ensinaram muito aos operadores em
matéria de cooperação. Será essencial avançar por
pequenos passos, com segurança e de forma efectiva,
sem elevar demasiado as expectativas a níveis incom-
portáveis.
Em qualquer dos casos, é hoje evidente — mesmo
para os operadores de — que as infra-estruturas
de rede da terceira geração de telecomunicações
móveis não serão montadas nos moldes que se
previa há três ou quatro anos. Essas infra-estruturas
serão, antes, muito mais centradas nas tecnologias
da Internet, muito mais IP-cêntricas, devendo ainda
contar com outras tecnologias de comunicações,
como o WiFi ou o WLAN, bem como redes priva-
das virtuais (VPN), para além do GPRS. Sou mesmo
capaz de admitir que, em certos casos, a tecnologia
UMTS poderá mesmo ser usada para o que se pode
chamar o lacete local — a “recolha” da chamada na
origem e a sua “entrega” ao destinatário —, sendo
o restante encaminhamento assegurado por uma
infra-estrutura baseada noutras normas tecnológi-
cas e deixando de lado o requisito de cobertura do
todo o território. Essa cobertura poderá ser gradual,
dores-alvo dos serviços dos operadores.
As instalações de redes para suportarem a terceira
geração de telecomunicações móveis terão que estar
viradas não só para os pacotes de dados mas também
para as aplicações, pois só assim será possível oferecer
serviços que proporcionem um valor diferente face
aos que já hoje existem — mesmo com o GSM e com
o GPRS —, pois só assim os operadores poderão gerar
receitas que lhes permitam começar a amortizar os
investimentos realizados.
Esta necessidade levará os operadores de telecomu-
nicações móveis a dedicarem-se com toda a força aos
serviços de dados de carácter profissional e empresa-
rial, mesmo que, à partida, não seja completamente
claro o quadro no seu conjunto: há aqui também uma
curva de aprendizagem a que os operadores terão que
se sujeitar, sob pena de verem os seus investimentos
perderem-se por completo. Mas o essencial das pro-
postas que têm de apresentar aos potenciais clientes
empresariais é claro: serviços que tragam ganhos de
produtividade. Por outras palavras, é já hoje claro
também para os operadores de telecomunicações
que o valor se encontrará ao nível do que poderemos
chamar a camada IP e não no acesso. ●
Depoimento colhido por Rui Jorge Cruz
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2 computadores .3
Microsoft lança
Smartphone para nova
geração de telemóveis
A Microsoft apresentou
na passada semana,
em Londres, o seu novo
Windows Smartphone aos
operadores móveis, aos
fabricantes de equipamentos
e aos editores de “software”.
Segundo a Microsoft, o
Windows Smartphone é
“um ‘software’ inovador para
telefones móveis com mais
potencialidades do que
simplesmente falar ao telefone”,
pois, para além de manter as
pessoas em contacto,“permite
também aceder a programas
de entretimento” através de
numerosas funcionalidades,
entre as quais a identificação
da chamada, chamadas em
conferência, opção entre
voz, E-mail, MSN Messenger
ou SMS, articulação com o
Outlook (contactos, calendário
e tarefas) e opções de
personalização. A Orange SA,
do grupo France Télécom, será
o primeiro operador a propor
o Smartphone associado ao
Orange SPV (um componente
de som, imagens e vídeo), a
lançar no Reino Unido neste
final de mês. Nos EUA, também
a AT&T Wireless já anunciou
para meados de 2003os seus
planos de lançamento do
Smartphone também com o
“kit” de mãos livres. ●
Satélite Stentor
vai para órbita
O lançamento do satélite de
telecomunicações Stentor,
do Centre Nacional d’Études
Spaciales francês (CNES),
deverá ser concretizado no
voo 157 da Arianespace, a
partir de 20 de Novembro —
indicaram na passada semana
técnicos ligados ao programa.
O lançamento, de Kuru, na
Guiana Francesa, marcará uma
etapa decisiva num programa
experimental lançado em
1994 e orçado em 385
milhões de euros. O programa
Stentor foi desenvolvido sob
a égide do CNES em parceria
com a France Télécom e a
Delegation Général pour
l’Armement (DGA), tendo sido
adjudicado à Alcatel Space
e à Astrium, filial do grupo
europeu de aeronáutica e de
defesa EADS. O dispositivo
deverá permitir validar em
voo algumas tecnologias
novas, que serão integradas
na próxima geração de
satélites de telecomunicações,
afirmou Bernard Ehster,
responsável pelo projecto
Stentor no CNES. O Stentor
foi especialmente concebido
para experimentar novos
serviços, como aplicações
multimédia ou pacotes de
programas de televisão digital
mas contribuirá também
para o desenvolvimento
da telemedicina (ainda em
estado experimental) ou para
possibilitar o acesso à Internet
nos aviões, declarou Pierre
Lafuma, subdirector para as
radiocomunicações
no CNES. ●
computadores .4
release 3.0
É a informação, estúpido!
E ONDE É QUE VIRÁ a recuperação
D
económica?
Para os economistas, ela virá
dos factores macroeconómicos:
taxas de juro, ciclos de investi-
mento e coisas assim. As pessoas cansar-se-
ão de andarem deprimidas, os preços hão-de
tornar-se tão competitivos que será difícil
resistir-se a comprar e por aí adiante…
Mas, para o sector das tecnologias de
informação (TI), como para qualquer outro,
terá que haver razões específicas para se
gastar dinheiro. A maioria dos “chief infor-
mation officers” (CIO) não dispõe de mais
que um magro orçamento, simplesmente
para manterem os seus sistemas de infor-
mação a funcionar. E, se quiserem qualquer
aumento desse orçamento, precisam de pro-
jectos que os justifiquem.
Ora serão estes aumentos que vão ali-
mentar a recuperação.
Mas como é que eles vão ser gastos?
Já tivemos o longo ciclo de adopção dos
computadores pessoais — chamemos-lhe
“autocapacitação”. Depois, veio a Web:
entretimento, média, a Internet como
suporte publicitário. Poder-se-á apontar
o que se quiser à Amazon.com e à eBay
mas este modelo de negócio não mostrou lá
grande sucesso.
Por isso, agora é tempo de voltarmos aos
fundamentos. A tecnologia precisa de pro-
porcionar uma melhor informação acerca
do mundo real e de melhores maneiras de
partilhar essa informação através dos siste-
mas. Nas últimas dezenas de anos, o pessoal
das tecnologias de informação desenvolveu
uma enorme infra-estrutura de sistemas a
abarrotar de dados sobre clientes, finanças,
existências e sei lá mais o quê. Mas a maio-
ria desses sistemas não estão devidamente
ligados ao mundo real.
Bem-vindos ao mundo real
Nesta nova era de consciência da necessidade
de segurança e de sistemas interconectados,
a nossa infra-estrutura de informação precisa
de dispor de um melhor entendimento do que
a rodeia e da sua evolução.
Por exemplo, o projecto de relatório apre-
sentado pelas autoridades dos EUA em 18
de Setembro último, intitulado “National
Strategy to Secure Cyberspace” [“Estratégia
Nacional para a Segurança no Ciberespaço”]
foi elaborado com o objectivo de orientar a
acção do Estado mas, infelizmente, era escasso
em aspectos concretos. No entanto, ele aponta
na direcção certa: uma melhor recolha e parti-
lha de informação. Qualquer CIO avisado em
busca de um reforço do seu orçamento nele
poderá encontrar boas razões.
As empresas e os governos precisam
de saber muito: quem está a usar os seus
sistemas? Onde estão aquelas peças que
foram encomendadas? Quando se prevê
que cheguem? E se elas não chegarem a
tempo, se ficarem retidas, digamos, num
cais da Califórnia?
Os sistemas de hoje precisam de abarcar o
mundo real em toda a sua confusão, em toda
a sua complexidade, em toda a sua riqueza e
em toda a sua imprevisibilidade. Essa con-
fusão não deriva apenas do “software” com-
plexo, mas da complexidade do real.
Se o nosso sistema precisar de falar com
outro sistema, necessita de uma linguagem
comum. Por exemplo, palavras simples
como “driver” ou “renter” ou “passenger”
tornaram-se importantes. Se não, como é
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
E S T H E R D Y S O N
As TI têm de
proporcionar uma
melhor informação
acerca do mundo
real e de melhores
maneiras de partilhar
essa informação. Hoje
há uma enorme infra-
estrutura de sistemas
a abarrotar de dados
sobre clientes,
finanças, existências
e sei lá mais o quê.
Mas a maioria desses
sistemas não estão
devidamente ligados
ao mundo real.
que os sistemas poderão transmitir (com o
consentimento do utilizador) a identidade
de um passageiro frequente do sítio de uma
companhia aérea na Web para o sítio de
uma empresa de aluguer de automóveis de
modo a que o carro esteja a postos quando
ele sair do avião? Há anos que andamos a
ouvir falar de interoperabilidade do “sof-
tware”; agora precisamos de interoperabi-
lidade dos dados.
Inquirir a nível global,
responder a nível local
Mas então o que é que os CIO vão comprar?
Não serão sistemas novos para con-
tabilidade ou gestão de existências. Eles
vão comprar ferramentas que os ajudem a
extrair mais valor dos seus actuais siste-
mas e os ajudem a interpretar dados que
já existem mas que não são passíveis dessa
interpretação.
Isto poderá parecer de âmbito algo
limitado. Mas o leque de necessidades é
suficientemente amplo para dar muito que
fazer, tanto aos fornecedores como aos com-
pradores de TI. Por exemplo, as empresas
vão comprar catálogos e directórios para
definirem as suas existências entre os seus
fornecedores. Se eu estiver com falta da
peça XG-3/8092 da MultiWidgets, qual será
a peça equivalente na MacroWidgets? E se
eu puder descobrir uma outra alternativa
junto da MonsterWidgets, talvez consiga
que a MacroWidgets baixe o seu preço.
Eu posso saber onde estão as minhas
peças — mas o que eu realmente quero
saber (com a devida autorização) é onde é
que estão as peças do meu fornecedor. Só
assim poderei ter a certeza de que o produto
acabado me chegará a tempo. É evidente
que, por esse mundo fora, toda a gente
— desde as transportadoras aéreas às polí-
cias preocupadas com os atiradores furtivos
— anda a prestar mais atenção ao acompa-
nhamento dos bens e dos serviços.
Eis outro exemplo: Hal Rosenbluth, da
Rosenbluth International, uma empresa de
gestão global de viagens, diz que os seus
clientes empresariais querem ter possibili-
dades de fazer o acompanhamento dos seus
empregados. Se houver um ataque terro-
rista em Phoenix, por exemplo, eles querem
saber logo quais dos seus empregados é que
estavam nessa cidade ou a dirigirem-se
para lá. Ou, se for necessária uma reunião
urgente, acrescenta Jeff Katz, da Orbitz (a
cujo conselho consultivo eu pertenço), deter-
minar qual será o local mais barato tendo
em conta os preços dos hotéis e a soma dos
custos de todas as viagens aéreas a partir de
onde se encontra cada um dos empregados.
E todos estes sistemas precisam de poder
falar uns com os outros não apenas ao nível
técnico — tal como uma aplicação corrente —
mas ao nível do concreto, como uma referência
a um preço de determinadas acções.
Há, hoje, uma norma para os sistemas
falarem uns com os outros, chamada XML.
Mas trata-se apenas do início, não do fim. O
sistema do Juan consegue obter as cotações
de acções do sistema da Alice mas o que sig-
nificam essas “cotações das acções”? É o preço
das ofertas de compra ou o valor pedido pelos
vendedores? É o valor do momento ou o de 15
minutos antes?
Este tipo de interoperabilidade dos dados
entre sistemas vai muito para além das cha-
madas ferramentas de inquirição da “lingua-
gem natural” já existentes. Elas deveriam
permitir aos utilizadores normais obterem
praticamente qualquer informação através
de uma mera interrogação do sistema.
Ora essas ferramentas não conseguiram
nada disto. Não porque as ferramentas de lin-
guagem natural fossem inadequadas (embora
pudessem sê-lo). Foi porque os sistemas não
dispunham da necessária informação. Os
dados podem já ter existido algures mas dei-
xaram de estar acessíveis.
Há dez anos, era porque os sistemas não
estavam ligados entre si. Hoje, eles prova-
velmente estão ligados — estão todos na
Internet — mas não conseguem comunicar
entre si de forma eficiente.
Conferir a todos esses sistemas maior
valor — tornando os seus dados acessíveis
à periferia da empresa — é a grande tarefa
das TI nos próximos anos. Eu prevejo que
será isso a impulsionar a recuperação do
sector. Muitos dos actores-chave serão
pequenas empresas a funcionarem como
intermediárias entre os grandes fornecedo-
res e as bases instaladas já existentes.
Todos os fornecedores de maior dimensão
querem vender projectos multimilionários.
Mas os pequenos fornecedores contentam-
se com vendas de centenas de milhares de
dólares que materializem o valor contido nos
sistemas milionários que já existem. ●
Esther Dyson (edyson@edventure.com) é analista das TI,
edita o boletim “Release 1.0”, é presidente da EDventure
Holdings (organizadora do PC Fórum) e foi,
até Novembro de 2000, presidente da Internet
Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN)
Exclusivo New York Times / PÚBLICO
 CERTIC ACAUTELA INTERESSES DOS CIDADÃOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Vender a rede fixa sem
esquecer serviço público
CASO de o está em discussão até à
N
O
Estado vir próxima quarta-feira, em
a alienar a www.acessibilidade.net/
rede fixa de redefixa , e será pos-
telecomuni- teriormente entregue
cações, o novo serviço ao Governo, que ainda
deverá ter em conta as neste ano pretende
necessidades das pessoas alienar a rede fixa de
com deficiência. Deverão telecomunicações, a qual
ser criados serviços deverá ser vendida à
especiais, com preços Portugal Telecom.
acessíveis, para que as No passado dia 10 de
pessoas com deficiência Outubro, a Assembleia
possam comunicar e da República aprovou
trabalhar. Quem o diz o diploma que permite
são os responsáveis do ao Estado vender a rede
Centro de fixa de
Engenha- ISABEL GORJÃO telecomu-
ria de Rea- SANTOS com Lusa nicações.
bilitação Por isso, o
em Tecnologias de Infor- CERTIC aproveitou a oca-
mação e Comunicação sião para preparar uma
(CERTIC), da Universi- proposta com algumas das
dade de Trás-os-Montes medidas que considera
e Alto Douro (UTAD), essenciais. Explica Fran-
que, na passada semana, cisco Godinho, engenheiro
elaboraram uma pro- de reabilitação e um dos
posta para que sejam responsáveis do CERTIC,
contemplados serviços que é importante “definir
vocacionados para pes- o que é serviço público
soas com necessidades de telecomunicações”. Se
especiais. Essa proposta a rede fixa for vendida,
ao ensino à dis-
tância”, explicou
a Computadores
Francisco Godi-
nho.
Este respon-
sável do CERTIC
adiantou que a
proposta em dis-
cussão foi criada
na sequência dos
esforços que estão
a ser desenvolvi-
dos pelo Governo
para a venda da
rede fixa de tele-
comunicações,
o que implicará
também a nego-
ciação de acordos
que vão substituir
é importante que seja alarme, que permitem o antigo contrato de con-
assegurado um serviço de ligar para os serviços de cessão do serviço público
intermediação para que emergência médica ou de telecomunicações. Para
as pessoas com deficiên- familiares através de um Francisco Godinho, os
cia auditiva, por exemplo, único botão, deveriam cidadãos com necessida-
possam comunicar, utili- também ser assegurados, des especiais — nos quais
zando o vídeo ou o texto. isto para além de outros se podem incluir pessoas
A videotelefonia — que serviços que procurem com deficiência, idosos,
possibilita, por exemplo, a “integrar as pessoas com acamados e doentes em
comunicação entre surdos deficiência, dando-lhes situação de isolamento
—, ou os serviços de tele- acesso ao teletrabalho e — deverão usar os servi-
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
ços de telecomunicações
a custos equivalentes ou
mesmo inferiores aos dos
outros cidadãos.
Para o responsável do
CERTIC, se uma pessoa
surda precisa de uma
videotelefonia ou de um
serviço de intermedia-
ção para conversar, não
deverá pagar mais do
que alguém que pode
usar a simples telefonia
de voz. O docente da
UTAD salientou ainda
as oportunidades de vida
autónoma, emprego e
participação social que as
telecomunicações podem
proporcionar a esta popu-
lação: “O serviço público
de telecomunicações
deve prever preços eco-
nómicos para as funções
que viabilizem situações
de teletrabalho, acesso ao
ensino e formação à dis-
tância, tele-reabilitação e
tele-alarme.” A proposta
final do CERTIC será
enviada ao Governo já no
próximo mês. ●
computadores .5
 DUZENTAS EMPRESAS MARCARAM PRESENÇA NA FIL
A Inforpor do ‘hardware’
ao multimédia
sam de fazer os seus
N
OS ÚLTIMOS
quatro dias, trabalhos ou para
a Feira Inter- os profissionais que
nacional de pretendem elaborar
Lisboa (FIL), um projecto e pes-
no Parque das Nações, quisar sobre deter-
voltou a receber a Inforpor, minado assunto, da
a maior feira portuguesa literatura à geogra-
dedicada às tecnologias de fia, passando pela
informação e comunicação. ciência, desporto ou
“Hardware”, “software”, qualquer outro tema
multimédia e telecomu- da actualidade.
nicações foram algumas Quanto a jogos, a
das áreas em destaque Microsoft prepara-se
nesta feira, que em dois para lançar um con-
pavilhões (20 mil metros junto de títulos que
quadrados) reuniu duas farão as delícias dos
centenas de expositores jogadores no próximo
e milhares de visitantes. Natal. “Age of Mytho-
Entre algumas novidades logy” e “Zoo Tycoon
e a mostra de produtos já - Marine Mania”, na
há algum tempo no mer- área da estratégia,
cado, a 19ª edição da Infor- o “Combat Flight
por foi o ponto de encontro Simulator 3 “ (simu-
anual dos profissionais das lação de combate
tecnologias de informação aéreo), o “Links 2003”
e comunicação (TIC), dos (golfe), o “RalliSport
clientes e parceiros, dos Challenge” (compe-
utilizadores e dos estudan- tição automóvel),
tes — enfim, de todos os “Asheron’s Call 2” e
que se interessam por esta “The Mech Collec-
área e não perdem uma tion”, que inclui três
oportunidade de espreitar diferentes jogos, são
as novidades. algumas das propos-
Com várias consolas X- tas para PC que bre-
box instaladas e muitos fãs vemente chegarão às
dos videojogos entretidos, lojas.
o espaço da Microsoft foi A partilhar o
um dos mais concorridos maior “stand” da
e animados da feira. De feira com a Microsoft
facto, os jogos e a mobili- esteve a nova HP
dade estiveram em des- — na sua primeira parti-
taque no “stand”, onde se cipação após a fusão com
podia jogar os títulos mais a Compaq —, que, para
recentes da Microsoft ou, além das soluções para
por exemplo, experimentar empresas e impressão de
os pequenos computadores grandes formatos apresen-
de bolso com o sistema ope- tadas recentemente (ver
rativo PocketPC. Apesar Computadores do passado
de não serem dia 7), mostrou
novidade, ISABEL GORJÃO outras novida-
estes conti- SANTOS des para a área
nuam a fazer do consumo,
as delícias de quem quer como um equipamento
levar para toda a parte os multifunções, o PSC 2210,
seus documentos, o correio e uma máquina fotográfica
electrónico ou o acesso à digital, a Photosmart 850,
Internet. ambos disponíveis desde o
Acabada de sair, início de Outubro.
a versão de 2003 da O PSC 2210 é uma
“Encarta Premium Suite”, solução para imagem
a enciclopédia da Micro- digital que desempenha
soft, foi também uma as funções de impressora,
das novidades mostradas digitalizador e fotoco-
na feira. Composto por piadora, permite fazer
quatro diferentes títulos a leitura de cartões de
— o “Encarta Encyclo- memória como o Memory
pedia Plus”, “Encarta Stick, CompactFlash,
Interactive World Atlas”, Secure Digital e SmartMe-
“Encarta World English dia, e possibilita ainda a
Dictionary” e “Thesaurus” impressão directa a partir
—, este produto multi- de máquinas fotográficas
média inclui centenas digitais. A sua resolução
de vídeos, animações e é de 4800 pontos por pole-
mapas, pode ser actuali- gada, em modo fotográfico,
zado através da Internet e e o utilizador pode usufruir
integra uma série de ferra- da tecnologia de precisão
mentas e informações. É, PhotoRet IV no caso de
por isso, bastante útil para adquirir separadamente
os estudantes que preci- um cartucho fotográfico.
computadores .6
A velocidade de
impressão vai até
às 17 páginas por
minuto e o preço
rondará os 400
euros.
Quanto à mente. São ambos
Photosmart 850,
é uma máquina
fotográfica digital
com 4,13 megapi-
xels de resolução
total, “zoom” de
56 vezes e um ecrã
de cristais líquidos
de 5 centímetros
(duas polegadas).
As imagens podem
ser armazena-
das no cartão de
memória Secure
Digital, de 16 MB,
onde os utilizado-
res podem também gravar
até um minuto de vídeo.
Para a impressão das
imagens, a Photosmart
pode ser ligada a um PC
ou a uma impressora como
as da gama Photosmart
ou DeskJet, através de
portas USB. Esta máquina
fotográfica digital estará
disponível por cerca de 750
euros.
Ainda na área da foto-
grafia, a HP apresentou
a impressora Photosmart
7550, um modelo a jacto de
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
tinta para os entusiastas
da fotografia digital, que
suporta também a tecno-
logia PhotoRet IV e possui
uma resolução de 4800 x
1200 pontos por polegada
optimizados em papéis
fotográficos. O seu preço
rondará os 450 euros.
Quem passou no pavi-
lhão 1 da FIL não pôde
deixar de reparar também
no “stand” da Samsung,
que mostrou 15 modelos
de impressoras e faxes,
vários monitores, retro-
projectores e, como minuto, a primeira página
não poderia deixar de é impressa em 11 segun-
ser, os telemóveis. Em dos e a resolução é de 1200
demonstração esteve pontos por polegada. Estas
o primeiro telemóvel impressoras destinam-
da Samsung com se a grandes grupos de
máquina fotográfica trabalho, são compatíveis
e tecnologia MMS com as plataformas PC,
— a “sucessora” do Macintosh, Unix e Linux,
SMS mas que permite e estão já disponíveis por
também o envio de um preço aproximado de
imagens —, o Camera 1450 euros.
Phone CMP. Trata-se Tal como em anos
de um modelo “tri- anteriores, também a
band” (GSM, DCS Porto Editora apostou na
1800 MHz e PCS 1900 Inforpor, embora desta
MHz), com ecrã de 65 vez não tenha aproveitado
mil cores e 92 gramas para lá fazer o lançamento
de peso. do uma nova versão do
A este juntam-se seu principal produto, a
dois novos modelos “Diciopédia”. Na verdade,
GSM e GPRS, o T100 a “Diciopédia 2003” foi
e o S100, que deverão lançada já no mês passado
estar disponíveis em e a feira foi mais uma
Novembro. O pri- oportunidade para a divul-
meiro possui um ecrã gar. Mas isso não quer
de 4096 cores, som dizer que a empresa tenha
polifónico, acesso à deixado de trazer para a
Internet e “download” FIL produtos novos, e um
de toques e imagens dos exemplos é o título
via PC e WAP. O seu da colecção “O Professor
preço ronda os 540 Teles Cópio Explora”
euros. Já o S100 é dedicado à história de
um modelo “tri-band” Portugal. Trata-se de um
com ecrã de 65 mil produto para crianças com
cores, som polifónico, mais de 11 anos, que inclui
92 gramas de peso e diversas animações, ima-
dimensões de 88,5 x gens e mapas, para além
46,5 x 23 milímetros. de uma série de textos e
No que diz res- cronologias que explicam
peito a monitores, o os mais importantes factos
destaque vai para os da história de Portugal,
SyncMaster 241MP até aos nossos dias. Para
e 211MP, que foram divertir os mais pequenos,
agora lançados e este título inclui também
custam 4914 e 3729 um jogo de perguntas e
euros, respectiva- respostas chamado “A
Conquista”. O objectivo
monitores TFT — é conquistar um castelo,
multifuncionais com o que só se consegue com
TV — com 24,06 pole- uma boa quantidade de
gadas de área visível, respostas certas.
170 graus de ângulo Também a Texto Edi-
de visão, colunas inte- tora reforçou a sua colec-
gradas (dois canais de ção de produtos Júnior,
5 Watt), capacidades desta vez com dois títulos
de televisão e controlo chamados “Aula Mágica”,
remoto. destinados respectiva-
Há pouco tempo mente à crianças do
representada no terceiro e do quarto ano
país, a Brother esteve de escolaridade. Ambos
presente na Inforpor incluem secções dedicadas
“com o objectivo de à língua portuguesa e à
mostrar os produtos, matemática, para além
mostrar que a empresa de um conjunto de jogos e
já está directamente em actividades. Estes títulos
Portugal e fazer contac- custam aproximadamente
tos”, tal como disse Inês 25 euros. Para além da
Loureiro, responsável pelo “Aula Mágica”, a Texto
“marketing” da empresa. Editora levou para a
Apesar de ter toda a sua Inforpor a versão 2.0 da
gama de produtos exposta, “Enciclopédia Universal”,
a Brother apresentou que agora possui quase
sobretudo uma novidade: 130 mil entradas, 8625
a série de impressoras a imagens, 496 áudios, 401
laser HL-7050. Composta vídeos e 1306 ligações para
por dois modelos — a a Internet. A “Enciclopédia
HL-7050 e a HL-7050N Universal” está também já
— , esta série permite disponível e o seu preço
imprimir 28 páginas por ronda os 50 euros. ●
O ‘software’ que a feira deixou
Apesar de ter dedicado grande parte do seu espaço ao
equipamento, às telecomunicações e a outros aspectos
relacionados com as tecnologias de informação e
comunicação, a Inforpor (ver peça ao lado) contou
também com uma área reservada ao “software”. Foi aí
que a Panda Software apresentou a versão 7.0 do seu
antivírus Platinum, que existe ainda numa versão de
demonstração mas que será disponibilizado até ao
final do ano.
Para Nelson Verde, da Eurocarisma (representante
da Panda Software em Portugal), uma das novidades
desta versão é o facto de incluir uma “firewall” que “não
é um produto à parte, como habitual, mas vem incluída
no antivírus”. A versão de demonstração do Platinum
7.0 está já disponível no “site” da Panda e Nelson Verde
adiantou que o produto final irá incluir protecção
permanente, actualizações gratuitas diárias, protecção
de “firewall” e do correio electrónico. Este será um
produto mais leve e mais rápido no rastreio, segundo o
responsável da Eurocarisma. O seu preço deverá rondar
os 55 euros.
Também o “software” empresarial esteve presente
na Inforpor 2002. A Sage Portugal, subsidiária do
grupo Sage, é especializada no desenvolvimento
de aplicações de gestão para pequenas e médias
empresas (PME) e apresentou novidades relativas
à Linha Next, Linha 100 e Linha 50, que integram
agora novas funcionalidades. A Linha 100, por
exemplo, foi reforçada com novos módulos de
contabilidade e meios de pagamento, enquanto
a Linha Next utiliza agora o sistema de bases de
dados SQL Server, da Microsoft. Um novo “software”
de gestão de contactos, o Sage Contact, marca a
entrada da Sage Portugal na área da gestão da
relação com os clientes (o chamado CRM) e será
comercializado com a Linha 60, Linha Next e Linha
100,
A SP, também especializada em “software” de gestão
para PME, lançou na Inforpor as versões para 2003 de
todos os seus produtos, os quais têm agora integradas
novas funcionalidades de CRM. As funcionalidades
de painel de gestão, consultas e edições interactivas,
e novo configurador visual de documentos foram
também incluídas nas novas versões. Todas as
aplicações da SP — nomeadamente, a GlobalPlus,
para contabilidade e gestão comercial integradas, a
FactuPlus para gestão comercial, a ContaPlus para
contabilidade e a POPplus para gestão do ponto
de venda — estão disponíveis nas variantes Elite e
Profissional, adaptando-se desta forma às diferentes
dimensões das empresas. ● I.G.S.

agenda

HLDVT 2002 – 7th Annual IEEE International

Workshop on High Level Design Validation and
Test
Data: 27-10-2002 a 29-10-2002
Local: Cannes, França
Contacto: Ahmed A. Jerraya, General Chair
E-mail: Ahmed.Jerraya@imag.fr
URL: tima.imag.fr/conferences/hldvt/

Jornadas sobre a Regulação dos Mercados de

Telecomunicações
Data: 5-11-2002 a 6-11-2002
Local: Centro Cultural de Belém, Lisboa
Organização: Instituto Jurídico da Comunicação (IJC);
Centro de Estudos de Direito Público e Regulação da
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

DFT 2002 – 17th International Symposium on

Defect and Fault Tolerance in VLSI Systems
Data: 6-11-2002 a 8-11-2002
Local: Vancouver, Canadá
Contacto: Glenn Chapman, General Co-chair
E-mail: glennc@cs.sfu.ca
URL: www.elet.polimi.it/dft7dft2002.htm

ICCAD 2002 - The International Conference on

Computer-Aided Design
Data: 10-11-2002 a 14-11-2002
Local: San Jose, Califórnia, EUA
E-mail: terri@mpassociates.com
URL: www.iccad.com

IISREEC - International interdisciplinary seminar

on new robotics, evolution and embodied
cognition
Data: 12-11-2002 a 15-11-2002
Local: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

ESIG 2002 - VII Encontro dos Utilizadores de

Informação Geográfica
Data: 13-11-2002 a 15-11-2002
Local: Tagus Park, Porto Salvo, Oeiras
Organização: Associação dos Utilizadores de
Informação Geográfica (USIG)
URL: www.esig2002.web.pt

ATS 2002 - The 11th Asian Test Symposium

Data: 18-11-2002 a 20-11-2002
Local: Hyatt Regency Guam, Guam, EUA
Contacto: Kozo Kinoshita, General Chair
E-mail: kozo@utc.osaka-gu.ac.jp
URL: ats02.ip.elec.mie-u.ac.jp/
WRTLT 2002 - 3rd Workshop on RTL and High
Level Testing
Data: 21-11-2002 a 22-11-2002
Local: Hyatt Regency Guam, Guam, EUA
URL: www.ip.elev.mie-um.ac.jp/~wrtlt02/
12º Congresso das Comunicações
Data: 26-11-2002 a 28-11-2002
Local: Centro de Congressos de Lisboa
Contacto: Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento das Comunicações (APDC)
E-mail: apdc@apdc.pt
URL: www.apdc.pt
ITU Telecom Asia 2002
Data: 2-12-2002 a 7-12-2002
Local: Hong Kong, República Popular da China
Contacto: International Telecommunication Union
– ITU Telecom
E-mail: telecominf@itu.int
URL: www.itu.int/asia2002
FPT 2002 - IEEE International Conference on Field-
Programmable Technology
Data: 16-12-2002 a 18-12-2002
Local: Hong Kong, China
E-mail: fpt@aicfpt.org
URL: www.icfpt.org

S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2 computadores .7
 virose

Variante ‘brasileira’ do Opaserv

A semana que passou viu aparecer e propagar-se, logo
no início, com alguma velocidade, uma nova variante do
“worm” Opaserv, cuja primeira versão havia surgido
nos finais de Setembro. A variante E irrompeu a 21 de
Outubro e logo ocupou um lugar nos vírus com maior
número de ocorrências.
O Opaserv.E tira partido de uma conhecida vulnerabilidade
dos sistemas operativos Windows 9x e ME — Share Level
Password —, que permite aceder aos recursos e ficheiros
partilhados dentro de uma rede, o que faz deste “worm” um
perigo sobretudo importante para os ambientes empresariais.
Esta variante propaga-se, como as anteriores, através das
unidades de rede partilhadas, copiando-se a si próprio
para o sistema sob a forma do ficheiro Brasil.exe ou
Brasil.pif, ficando residente na memória dos computadores
infectados. Cria também uma entrada no Registo do
Windows de modo a garantir que o “worm” seja executado
de cada vez que o computador é iniciado.
À semelhança do que acontecia com a primeira versão,
o Opaserv.E tenta ligar-se a dois endereços na Internet
de modo a descarregar aplicações e fazê-las correr nos
computadores infectados. E, também como antes, estes
endereços ficaram entretanto indisponíveis.
Uma novidade desta variante E do Opaserv está em
propagar-se também através da Internet, procurando
computadores vulneráveis que apresentem a porta 137
aberta (algo que é comum), usando-a então para infectar
o computador e, de seguida, a rede respectiva. Esta forma
de propagação é muito perigosa pois faz-se totalmente “às
escondidas” do utilizador.
… e mais variantes do mesmo Opaserv
No dia 23, apareceram as variantes F e G do mesmo
Opaserv, que são muito semelhantes à E, com o mesmo
processo de infecção via Internet, aparecendo o “worm”
agora a utilizar também a porta 139 (que, como a 137,
também costuma estar aberta) como meio de entrada
nos computadores. Os ficheiros criados por estas novas
variantes do Opaserv apresentam nomes diferentes dos
anteriores: a variante F cria o ficheiro Alevir.exe, enquanto a
variante G cria o ficheiro Puta!!.exe.
Esta forma de infecção via Internet é especialmente perigosa
quando não existe uma “firewall” instalada no computador,
o que o torna bastante mais vulnerável a este tipo de
ataques. Nestes casos, a única forma de detectar e
remover o “worm” é fazendo correr um programa antivírus
com uma base de dados actualizada. A permeabilidade
destes sistemas é então tão grande que, segundo os
serviços de suporte técnico da Panda Software, chegaram
a ser detectados casos em que foram encontradas até três
variantes do Opaserv a infectar um mesmo computador.
Cartão electrónico não é ‘worm’
Foi, entretanto, registado o aparecimento de um “e-card”
que parece apresentar as características de um “worm” mas
que as empresas de programas antivírus não classificam
como tal, pois o programa obriga o utilizador a descarregar
um instalador e a aceitar que seja enviado um E-mail de
ligação para todos os contactos do Microsoft Outlook.
Isto acontece quando se visita uma página específica
no sítio www.friendgreetings.com utilizando um “link”
que vem numa mensagem. Esta finge conter um “e-
card” enviado por alguém conhecido, ou pelo menos
identificado. Um dos efeitos da sua utilização é o
desaparecimento dos botões dos programas e janelas
minimizados da barra de tarefas.● JOSÉ DOUTIL

OS VÍRUS DA SEMANA
Dia 28 Dia 29 Dia 30 Dia 31 Dia 1 Dia 2 Dia 3
WM/MDMA.C;D;H, WM/MDMA.C;D;H, VBS/ WM/MDMA.C;D;H, AOS.A, WM/MDMA.C;D;H, WM/ WM/BADBOY.A;B;C, WM/ Flip, WM/Alliance.A, WM/Eraser.A:Tw, WM/
WM/Eraser.B;C:Tw, VBS/ Gaggle@MM, W97M/Bablas.aj, Tribute.A;B, FHD.A, W97M/ PHARDERA.C ;D (INTENDED), CVCK1.B;E, Tribute.A;B, Acid.A WM/Helper.C;D;E, VBS/ HELPER.F;G;H
Gaggle@MM, W97M/Clave.a, VBS/Valentin@MM, VBS/ Jackal.A, W32/Urick@MM, VBS/ WM/CVCK1.A, Tribute.A;B, (intended), WM/Theatre.A, Baracu.A@mm, W97M/Jany.a
VBS/Baracu.A@mm, W97M/ San@M Gaggle@MM, W97M/Fifteen.a, FHD.A, W97M/Caligula.a, VBS/ W32/PetLil@MM, JS/
Este VBS/Loveletter.ar, X97M/Anis, Gaggle@MM, W97M/WMVG.c, Gigger.a@MM, W97M/Shore.p,
XM/Laroux.IC W32/PetLil@MM, W97M/ W97M/Bablas.aj, VBS/Count,
Concon, W97M/Jany.a W97M/Tarap, VBS/Bhong,
VBS/LoveLetter.bi, W97M/
Jany.a, W97M/Change.A,
X97M/Hopper.r

computadores .8 S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2

Das soluções da Sun à
integração de sistemas
DA AITEC,
F
ILHAS
como tantas deze-
nas de empresas
de tecnologias
da informação
(TI) portuguesas, a Sol-S
e a Solsuni nasceram na
mesma altura, como for-
necedoras de soluções e
sistemas da Sun Microsys-
tems. Traçaram caminhos
paralelos até se reunirem
em 2001, quando a Sol-
suni passou a fazer parte
da Sol-S — entretanto já
abraçada pelo grupo de
construção civil Mota-
Engil. Há dez anos que
contribuem para a cons-
trução da infra-estrutura
informática do país.
A Sol-S assume-se hoje
como um integrador de sis-
temas que tem o seu “core-
business” no fornecimento
de infra-estruturas de tec-
nologias de informação. Da
sua oferta constam soluções
na áreas de E-business,
segurança, redes, gestão de
redes, sistemas, Customer
Relationship Management
(CRM) e “help-desk”, Enter-
prise Resource Planning
(ERP), desenvolvimento de
“software”, formação, con-
sultoria, suporte, “outsour-
cing” e gestão de projectos
— uma diversidade que não
existia quando a empresa
foi criada, em 1992, no seio
da Aitec, incubadora de
empresas de
TI ligada ao R I TA H A S S E
Instituto de
Engenharia de Sistemas
e Computadores (Inesc).
Nesse ano, foi criada a
Solsuni, para comercializar
equipamento da norte-ame-
ricana Sun Microsystems,
e a Sol-S para prestar
serviços a esses mesmos
equipamentos.
A ligação à Sun
Microsystems explica-se
por dois motivos. Por um
lado, o distribuidor local
da Sun abrira falência,
segundo recorda António
Ramos Costa, presidente
e administrador executivo
da Sol-S. Por outro, o Inesc
era o principal cliente da
Sun em Portugal, tendo,
por isso, um interesse
directo no preenchimento
do vazio da comerciali-
zação da marca no país.
Além disso, as caracterís-
ticas tecnológicas da oferta
da Sun — sistemas Unix,
abertos e distribuídos
— conjugavam-se com o
espírito do Inesc e do pro-
jecto da Aitec.
Em ambas as empresas
a Aitec detinha, de início,
entre 60 a 70 por cento
do capital, pertencendo
SOL-S E SOLSUNI JUNTAS DESDE O ANO PASSADO
o restante a promotores
individuais. Ramos Costa
faz parte do grupo de
promotores da Sol-S que
“tomou conta” do projecto
no segundo ano de activi-
dade: “A partir de 1993,
as duas empresas fizeram
cada uma o seu caminho,
afastando-se um pouco, de
alguma forma traçando
caminhos paralelos.” Com
a Sol-S cada vez mais
orientada para a área
das redes e a Solsuni
mais vocacionada para
os sistemas, “o ano
da maturidade” foi
1995, com as duas
empresas já bem
implantadas no mer-
cado e a facturação a
ultrapassar o milhão
de contos.
No início da
década de 90, os
projectos de infra-
estrutura informática
em Portugal eram
feitos pelas grandes
empresas, como a Sie-
mens, a Alcatel, a Bull,
a IBM, que dominavam
os concursos públicos e os
projectos para as grandes
contas. “No início, perdía-
mos quase tudo”, lembra
Ramos Costa. “Depois,
apanhámos uns distra-
ídos” — e a Sol-S come-
çou a mostrar que as
empresas de TI portugue-
sas também
FERREIRA e r a m
capazes de
fornecer grandes soluções
informáticas.
“Esta estratégia teve o
seu corolário em 1996-97,
com um projecto emblemá-
tico: a ligação em rede de
todos os consulados de Por-
tugal no mundo.” A Sol-S
ganhou o concurso público
aberto pelo Ministério dos
Negócios Estrangeiros
para o fornecimento da
rede consular, um projecto
à partida mais talhado
para ser assegurado por
uma grande multinacio-
nal, com operações nos
diversos países.
Tanto a Sol-S como a
Solsuni, fornecedora privi-
legiada da Telepac, atingi-
ram então uma dimensão
demasiado grande para
continuarem a fazer parte
de uma incubadora. A
Aitec foi saindo progres-
sivamente do capital de
ambas as empresas, dei-
xando de deter participa-
ções na Solsuni em 1997
e na Sol-S em 1998. Em
ambos os casos, foi feito
o chamado “management
buy out” (MBO), uma ope-
ração em que um conjunto
de administradores ou fosse uma multinacional
gestores de topo adqui- do sector, que acabaria por
rem a maioria do capi- absorver a Sol-S, fazendo
tal da empresa. Nessa desaparecer a empresa e a
altura, “as empresas de marca. “Com toda a humil-
TI [ainda] não eram par- dade e sem pressas, come-
çámos a ver o que podia ser
interessante”. E, no início
de 1999, a Sol-S viria a
“encontrar a Engil”,
empresa conceitu-
ada do sector da
construção civil que
queria diversificar
a sua actividade.
Foi uma “junção
de vontades”,
classifica o presi-
dente da Sol-S.
No Verão desse
ano era assinado
o contrato que
conferia à Engil 60
por cento do capital
da Sol-S.
No ano seguinte,
a Engil foi com-
prada pela Mota,
dando origem ao
grupo Mota-Engil,
actual accionista
maioritário da Sol-S.
“A administração da
Mota manifestou um
grande interesse, até
em reforçar o projecto”,
recorda António
Ramos Costa. E
“foram introduzidos
factores de aceleração”
no projecto de cres-
cimento da empresa,
nomeadamente o aumento
do capital social, para
10 milhões de euros, a
diversificação da activi-
dade para novas áreas de
negócio e uma estratégia
UIVO
cautelosa de aquisição de
RÉ R
outras empresas, como foi
AND
o caso da Infomania.
E também o da Solsuni,
cuja aquisição seria concre-
tizada já em 2001. O reen-
contro das duas “irmãs”
ticularmente apetecíveis estava no separadas à nascença
para os grupos financeiros” mapa nacio- resultou num “encaixe
e daí que o MBO fosse uma nal” — ou seja, entre os harmonioso”, segundo
solução “natural”, observa principais fornecedores de Ramos Costa, sobretudo do
Ramos Costa. TI. Para “ir às competições ponto de vista tecnológico.
A Sol-S era uma europeias”, nas palavras Em termos de mercado,
empresa sustentada e de Ramos Costa, precisava onde havia alguma sobre-
rentável, que “todos os de um grande parceiro posição, o saldo também
anos dava dinheiro” e “já estratégico — mas que não é positivo. Dos planos de
crescimento ficou adiada
a dispersão de capital
Sol-S – Soluções de Suporte no mercado bolsista, um
e Manutenção Informática SA projecto que “continua a
existir, mas numa óptica
Data da criação: Abril de 1992 de longo prazo”.
Origem dos capitais: institucionais (Aitec) e privados Aproveitando a expe-
Actividade: integrador de sistemas de TI riência da Mota-Engil
Nº de empregados: 200 nalguns mercados estran-
Média de idades: 29 geiros, a Sol-S começou
Cotada em Bolsa: Não também a “apalpar ter-
Facturação em 2001: 25 milhões de euros reno” em países como a
Crescimento médio últimos 3 anos: 10 por cento Argentina, o Peru, Brasil
Internacionalização: apenas vendas pontuais ou Angola. Na Argentina,
URL: http://www.sols.pt surgiu “uma oportunidade
interessante” através de
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
uma parceria com uma
empresa local, que levou à
abertura de um escritório
naquele país. A experi-
ência durou apenas seis
meses. Em meados do
ano passado, chegaram à
conclusão de que os resul-
tados estavam aquém do
pretendido e venderam a
participação ao parceiro
local. A Sol-S perdeu
algum dinheiro mas,
mesmo assim, foi um golpe
de sorte, segundo Ramos
Costa, uma vez que, pouco
tempo depois, a Argentina
“falia” e a crise económica
e política instalava-se nos
países da América do Sul.
A Sol-S realizou algumas
vendas para Espanha,
Argentina, Angola e
Moçambique, mas com
expressão marginal no
bolo global do volume de
negócios, que, no ano pas-
sado, atingiu os 25 milhões
de euros (facturação con-
solidada). Agora, a estra-
tégia é deixar passar este
momento mais recessivo
da economia mundial para
voltar a apostar numa
estratégia de internacio-
nalização.
A Sol-S, neste ano, não
apresentará crescimento,
o que, para Ramos Costa,
é “um resultado muito
simpático” tendo em conta
“o estado de retracção do
mercado”: “Estamos mais
apreensivos em relação a
2003”. Este administrador
prevê uma quebra nos
resultados financeiros —
e, se ainda houver alguma
retoma do investimento,
isso só deverá ter reflexo
no volume de negócios de
2004.
Já no Verão deste ano,
a empresa procedeu ao
reagrupamento de uma
dezena de unidades de
negócio em quatro grandes
áreas, o que permite apro-
veitar melhor as sinergias:
sistemas de grande porte
(sistemas Unix), sistemas
de médio e pequeno porte
(sistemas NT), redes e
segurança, e “software”.
“Em fase de crescimento,
fazia sentido ter unidades
pequenas e ágeis, muito
focalizadas e de cresci-
mento rápido” — o que,
em tempos de recessão,
deixa de fazer sentido,
até porque este “não é um
período que vá acabar para
o mês que vem”. Ramos
Costa acredita, no entanto,
que “passada toda esta
turbulência, o sector [das
TI] vai voltar a ter taxas
de crescimento de 10 a 15
por cento”. ●
computadores .9

IBM propõe
computação
autónoma…
A IBM anunciou na semana
passada a criação de um grupo
de computação autónoma,
um ano após ter apresentado
um manifesto sobre este
tipo de computadores que
incorporam capacidades
de autodiagnóstico e
acompanhamento à distância
“on-line” para libertar os
utilizadores de certas tarefas.
Desta forma, por exemplo,
um sítio na Web de compras
pode antecipar um pico de
tráfego e ajustar-se para não
perder transacções; ou um
computador pode antecipar
certos problemas e resolvê-los
por forma a que o utilizador
nem sequer se dê conta do
sucedido. A computação
autónoma irá “libertar os
clientes para pensarem
mais no seu negócio do
que na sua infra-estrutura”
informática, declarou à CNet
Alan Ganek, vice-presidente
da IBM responsável do grupo
e antes pela estratégia da IBM
Research. O grupo trabalhará
em conjunto com a vertente
de investigação da empresa
e os grupos de produtos para
servidores, computadores
pessoais e “software”, bem
como com os IBM Global
Services. Embora algumas
tecnologias deste grupo
tenham já sido incorporadas
nalguns produtos, a IBM quer
generalizá-las dentro e fora da
empresa, promovendo normas
abertas que a indústria possa
adoptar e incorporar nos seus
produtos. ●
… na sequência
de Eliza
A ideia da computação
autónoma não é nova na
IBM nem única no mercado.
A empresa divulgou
o seu “manifesto” em
Outubro de 2001 ( http:
//www.research.ibm.com/
autonomic/manifesto/ ),
tendo um primeiro passo
sido dado no ano passado,
em Novembro, quando a IBM
anunciou o desenvolvimento
do supercomputador Blue
Sky para o National Center for
Atmospheric Research, que
já incorporava a tecnologia
Eliza. Trata-se de um programa
com capacidades para se
auto-reparar em certas
circunstâncias e manter o
supercomputador a funcionar
sem intervenção humana.
Mas a criação de um grupo
específico dentro da IBM
dará um novo impulso à
computação autónoma, até
porque esta “é uma visão
que demorará vários anos a
concretizar”, alerta Mike Gilpin,
analista do Giga Information
Group.
Por seu lado, tanto a
Hewlett-Packard como a Sun
Microsystems estão a trabalhar
em propostas semelhantes,
tendo a da Sun a designação
N1. ●
computadores .10
INFRA-ESTRUTURA DA INTERNET AMEAÇADA EM MOMENTOS CONSECUTIVOS
Ataques à raiz
à infra-
O
MAIOR ATAQUE
estrutura de base da
Internet, registado
no início da passada
semana, não foi
sentido em Portugal apesar de
alguns dos 13 servidores que asse-
guram o funcionamento global do
sistema de nomes de domínio na
Internet terem estado, na passada
segunda-feira, com um desempe-
nho 6 por cento abaixo do que é
normal no seu funcionamento.
O “assalto”, como foi deno-
minado, baseou-se num ataque
distribuído de negação de serviço
— “distributed denial of service”
(DDoS) — e durou uma hora. Um
DDoS é um ataque que “entope”
os servidores informáticos com
pedidos de acesso acima do normal
— neste caso, 30 a 40 vezes mais
— numa acção concertada, desen-
cadeada a partir de diferentes
computadores. “Foi o maior e mais
complexo ataque de DDoS aos 13
servidores”, referiu à “Compu-
terWire” uma fonte conhecedora
do problema. “Apenas quatro
dos 13 servidores primários de
raiz estiveram a funcionar. Sete
foram completamente abaixo e
dois sofreram uma severa degra-
dação [do seu desempenho].”
Pouco depois, seguir-se-ia um
segundo ataque aos servidores dos
domínios específicos “.com”, “.biz”,
“.info” e de países
como a Grã-Bretanha PEDRO
(.uk) e Canadá (.ca) —
explicou, ao diário norte-americano
“Washington Post”, Chris Morrow,
da UUNET, a unidade da World-
Com que gere cerca de metade do
tráfego global da Internet e fornece
o serviço a dois servidores de raiz. A
VeriSign, entidade gestora dos domí-
nios “.com”, “.net” e “.org”, confirmou
esse segundo ataque, tal como a Afi-
lias, que gere o domínio “.info”. Na
quarta-feira, Bill Palumbo, CEO
da Matrix NetSystems, confirmou
à CNet haver “cinco servidores
que continuam com problemas”,
embora isso se pudesse dever a
questões de manutenção.
A maior parte dos utilizadores
da Internet não notou qualquer
degradação no serviço de acesso à
Internet. Pedro Veiga, responsá-
vel pela Fundação para a Compu-
tação Científica Nacional (FCCN)
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
confirmou a Computadores que o
mesmo sucedeu em Portugal.
Os 13 servidores mantêm as
listas actualizadas
FONSECA de endereços de todas
as máquinas ligadas
à Internet e permitem a tradução
de endereços como www.publico.pt
— mais fácil de usar pelas pes-
soas — para o seu equivalente
numérico 195.23.4.80, utilizado
pelas máquinas, no denominado
Domain Name System (DNS).
Os gráficos junto mostram as
curvas de desempenho do sistema
global desdobrado por cinco verten-
tes: Global Paths, Global ISP1000,
DNS TDL Servers, Global Web e
Global Internet. O gráfico relativo
à acessibilidade mostra que, em
termos pontuais, foram estas duas
últimas funções aquelas que — e
em simultâneo — mais sofreram
os efeitos do ataque, tendo mesmo
a Global Web descido aos 86 por
cento. De forma mais continuada
foi, no entanto, a função de DNS a
que mais acusou o DdoS.
Quanto à perda de pacotes
de dados, o perfil cronológico das
curvas de desempenho é coerente
(embora de sinal contrário, como
seria de esperar) com o das curvas
de acessibilidade. As funções de
Global Web e Global Internet
apresentam dois picos coinciden-
tes — com um primeiro bem menos
pronunciado e o outro a não exceder
os 5 a 6 por cento — e o Sistema de
Nomes de Domínio evidencia uma
perturbação mais prolongada no
tempo mas dentro de um intervalo
de variação mais reduzido.
Os Estados Unidos da América
albergam 10 dos 13 servidores,
instalados nas seguintes insti-
tuições: Information Sciences
Institute, Cogent Communica-
tions, Universidade de Maryland,
NASA Ames Research Center,
Internet Software Consortium,
Network Information Center, do
Departamento de Defesa, U.S.
Army Research Lab, Internet
Corporation for Assigned Names
and Numbers (ICANN) e VeriSign
— que aloja dois servidores.
A Europa tem dois servidores
na Autonomica, na Suécia, e no
Réseaux IP Européens, em Lon-
dres; um outro servidor está no
Japão, no WIDE Project. Segundo
a Matrix NetSystems, os servido-
res europeus foram, neste caso, dos
mais afectados.
Para Paul Vixie, presidente do
Internet Software Consortium, este
ataque terá demonstrado a robus-
tez da Internet: “O que aprendemos
hoje é que é difícil acabar com este
sistema.” A explicação para esta
robustez reside também no facto
de vários fornecedores de acesso
guardarem cópias de informação
relevante e mais frequentemente
solicitada — o chamado sistema
de “cache” — nos seus próprios
servidores, evitando o acesso aos
servidores de raiz. Mas isto “foi
um exemplo de pessoas não a
apontarem para empresas mas
para a própria Internet ao ataca-
rem a arquitectura e os protocolos
[técnicos] em que ela está base-
ada”, como salientou Ted Julian,
da Arbor Networks.
O National Infrastructure
Protection Center, do FBI, está a
investigar o caso e a Administração
norte-americana acompanha a situ-
ação através do Office of Homeland
Security e do Critical Infrastructure
Protection Board, tendo refutado a
ideia de se tratar de ataques terro-
ristas. Por coincidência ou não, há
duas semanas, o National Commu-
nications System norte-americano
tinha salientado a necessidade de
um plano de alerta, denominado
Global Early Warning Information
System (GEWIS), tendo precisa-
mente em vista este tipo de casos
com os servidores de raiz.
Não é a primeira vez que a
Internet sofre quebras de serviço
mas, nessas alturas, as causas
foram diferentes. Em Agosto de
2000, quatro servidores falharam
devido a um erro técnico. Em Julho
de 1997, numa transferência de
dados errados para sete servidores,
a Internet também “parou”. Teori-
camente — dado que tal situação
nunca foi testada na realidade
—, a Internet deverá funcionar com
apenas um servidor de raiz mas,
quando mais de quatro servidores
deixam de funcionar, passa a veri-
ficar-se uma degradação notável no
desempenho do serviço.
Para resolver estes problemas,
Ted Hardie, da empresa Nomi-
num, propôs em Abril um conjunto
de práticas para possibilitar o
acesso distribuído a diferentes
servidores com o sistema de DNS.
Karl Auerbach, membro da direc-
ção da ICANN — mas em ruptura
com este organismo por questões
de acesso a informação que lhe foi
negada —, propôs igualmente a
distribuição de um CD-ROM do
tipo “DNS in a box” para ajudar a
resolver este tipo de problemas.
No entanto, segundo Pedro
Veiga, o ataque poderá estar
ligado à reunião da ICANN que
esta semana se inicia em Xangai,
na República Popular da China,
como um “aviso” para algo que tec-
nicamente já devia estar resolvido,
tanto mais que estes servidores de
raiz sempre foram considerados
excessivamente vulneráveis para
a estabilidade da Internet e não
existirem defesas comprovadas
para as máquinas que são sujei-
tas a um ataque maciço de nega-
ção de serviço (DdoS). ●
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2 computadores .11

A utilidade do FLiPEd
Este editor de texto que acompanha o FLiP
destina-se a quem não dispõe do popular
processador da Microsoft — para o qual,
aliás, a própria Priberam tem essencialmente
orientado o desenho das suas ferramentas
linguísticas. Mas as suas insuficiências e
crescente desfasamento face ao progresso
do resto do pacote contribuem para essa
interrogação: que futuro terá, de facto, o
FLiPEd?
Aos aspectos já aflorados no texto principal
— acesso indirecto ao dicionário “on-
line” e uso circunscrito a uma língua, o
português da Europa — acrescem outros,
como, por exemplo: ausência de comando
para fechar um texto (existe apenas para
sair do programa, abrir texto novo ou já
existente); impossibilidade de ter mais de
um texto aberto em simultâneo (havendo
um truque que resulta: lançar novamente
a aplicação, mas que poderá talvez gerar
conflitos; o computador de teste bloqueou,
aliás, duas ou três vez nestas circunstâncias);
indiferenciação à vista dos parágrafos, já
que não existe qualquer controlo sobre a
sua formatação; e incapacidade de fazer
contagens parciais de caracteres, palavras
O
S PROFISSIONAIS
da escrita ou
os amantes
de um uso
escorreito da
língua nacional em letra
de forma têm à sua dispo-
sição um novo-velho aju-
dante — a quarta versão
das Ferramentas para a
Língua Portuguesa, mais
conhecidas pelo seu acró-
nimo FLiP. Este pacote
de auxiliares linguísticos
apresenta, além dos ine-
vitáveis melhoramentos
em matéria de variedade
vocabular e de regras gra-
maticais, um conjunto de
novidades, entre as quais
a possibilidade de consul-
tar dicionários “on-line”,
a correcção ortográfica e
hifenização em português
do Brasil, e a activação-
registo da licença e actu-
alização dos seus módulos
através da Internet.
O FLiP4 é composto
essencialmente por correc-
tores ortográfico e sintáctico, deste “software” é mesmo
sete dicionários temáticos,
dicionário de sinónimos,
hifenizador e um editor, o
FLiPEd, para quem não
dispuser do processador de
texto da Microsoft. Há ainda
um suplemento (“add-in”)
para o Word — versões 2000
e XP. E, a partir de agora,
são dois os dicionários a que
este produto da Priberam
faculta o acesso “on-line”,
embora não cumulativa-
mente: isto é, do FLiPEd
consulta-se a obra da Texto
ção deste programa inclui
igualmente uma opção que
faculta ao utilizador o envio
automático de cópias dos
seus dicionários pessoais,
a fim de contribuir para o
esforço da equipa da Pri-
beram em aumentar o seu
léxico.
O FLiP está no mercado
há poucas semanas mas
já há actualizações dispo-
níveis no respectivo “site”
(www.flip.pt), assim como
documentação (bibliografia
usada para a construção dos
diferentes módulos e excer-
tos de um livro de dicas
acerca do uso do Office XP)
e outras informações sobre
problemas entretanto detec-
tados. Pode encontrar-se aí
também um FLiP On-line,
para testes de correcção
ortográfica. E o serviço
de apoio “on-line” parece
igualmente eficaz — duas
perguntas nossas obtive-
ram resposta pronta.
Mas a principal função
a apresentação de textos
limpos — sobretudo dos
malfadados erros ortográfi-
cos — e nada melhor do que
uns testes para comprovar
a sua eficácia. Foi o que se
fez, em dois tempos (ver
caixa “Os testes realizados”):
primeiro, com um enorme
texto corrido, em linguagem
comum; depois, com uma
extensa lista de palavras,
muitas delas menos comuns. VERSÃO 4 DO
O resultado foi francamente
satisfatório, tendo um peso

e parágrafos, em texto seleccionado, e
resultados por vezes despropositados no que
diz respeito a parágrafos.
Apesar de, na barra de estado (em baixo
na janela, à esquerda), constar “Para obter
ajuda carregue em F1”, isso também não se
Editora (abrindo-se auto-
maticamente uma janela
de “browser”), enquanto do
Word se acede aos da Porto
Editora — que são cinco:
um da língua portuguesa
O portug
razoável, no conjunto dos
termos não reconhecidos, as
palavras compostas e deri-
vadas, alguns diminutivos,
plurais e mesmo erros do
programa.

verifica, sendo mesmo preciso recorrer ao
respectivo menu e comando. E nem mesmo
o configurador do FLiP4 é activável a partir
do seu próprio editor, impondo-se também
aqui o lançamento de um programa instalado
na directoria do “software”, com atalho no
submenu Programas do Windows. O FLiPEd
parece ficar mais lento e instável quando
o texto começa a ficar longo — a partir,
aproximadamente, dos 6 a 7 mil caracteres
—, mas não foi possível determiná-lo de
forma mais concludente. ● F.S.
e quatro bilingues, entre
o português e o inglês e o
francês.
A correcção ortográfica e
a hifenização na versão bra-
sileira do português, outra
das novidades, vieram
agora juntar-se no FLiP à
correcção ortográfica (sem
hifenização) nas línguas
alemã, espanhola, francesa,
inglesa e italiana. Tudo isto, lanugem, moradiazinha,
porém, apenas para o Word,
já que o FLiPEd funciona
exclusivamente na vertente
europeia do português.
O recurso à Internet
para activar a licença
destas ferramentas — obri-
gatória para
funcionar FERNANDO SANTOS
com elas
após os primeiros 15 dias
— e o seu registo, facul-
tativo mas que permite
acrescentar palavras ao
léxico, corrigir eventuais
erros e actualizar as versões
dos diversos módulos, é um
progresso desta versão pela
sua simplicidade. Há, para
esse efeito, dois comandos
incluídos; todavia, quem
usar só o FLiPEd terá de
recorrer a dois programas
instalados na directoria
deste “software”, com ata-
lhos no submenu Progra-
mas do Windows (ver caixa
“A utilidade do FLiPEd”).
O dispositivo de actualiza-
Eis algumas palavras
“desconhecidas”, de carác-
ter geral: alfena, alsaciana,
amarelo-claro (embora
aceite ‘azul-claro’), ani-
malescos, bem-apessoado,
casca-grossa, chui, cinquen-
tão, co-incineração, contra-
argumentar, couve-roxa,
crocitante, escalvados, ex-
ministro, inspector-chefe,
pazadas, peçazinhas,
pinázios, pós-guerra, pós-
modernista, pós-traumá-
tico, primeiro-bailarino,
rescende, semeadura, semi-
deitada, sobrinha-neta,
tanchão, vermelho-escuro
(embora
reconheça
‘verde-
escuro’), vermelhusca. Mais
relevantes são as sugestões
erradas: para “arrebica”
propõe “arre bica”, Siena
(Si ena), superprotegidos
(super protegidos), disse-
cante (disse cante), palrear
(palre ar).
O FLiP também não
aceita uma palavra bem
grafada se estiver antece-
dida, entre ou seguida de
aspas ou comas simples,
sugerindo, pura e sim-
plesmente, a palavra sem
qualquer sinal, nem sequer
aspas ou comas duplas.
A hifenização em por-
tuguês também foi experi-
de p
mentada no mesmo texto
de grandes dimensões e a
consequência foi uma trans-
lineação simplesmente irre-
preensível… Por seu turno,
no dicionário de sinónimos,
foi agora incluída a flexão
dos termos propostos de
acordo com as característi-
cas do vocábulo de partida,
para tornar mais simples e
eficiente o seu uso. Assim,
se a palavra de que se quer
sinónimo for ‘excluída’, a
resposta será ‘eliminada,
omitida, omissa’, e não ‘eli-
minado’, etc.
E o suplemento do Word
dispõe de uma nova função
— a localização de todas
as formas de uma palavra
num texto, à qual é auto-
maticamente associada
uma lista de filtros onde se
pode excluir termos conexos
aí propostos. Por exemplo,
localizar a partir de ‘ser’
poderá ter como resultado
tanto ‘sou’, como ‘és’ ou
‘foram’ (se nenhuma destas
formas tiver sido excluída
da filtragem), o que permite
ir muito mais longe do que
a função nativa de busca do
editor da Microsoft. Ainda
assim, seria interessante
que tivesse igualmente
a capacidade de incidir
apenas sobre uma parte de
texto seleccionada, assina-
lar ao mesmo tempo todas
as ocorrências e actuar
sobre a parte antecedente
do texto no caso de ter sido
iniciada a meio, como o seu
‘congénere’.
O verdadeiro calcanhar-
de-Aquiles deste pacote de
ferramentas linguísticas é,
porém — e sem quaisquer
surpresas — o corrector sin-
táctico. Pôr um programa
de computador a analisar
a estrutura de um texto e o
papel e a interacção de todos
os elementos das suas ora-
ções não é tarefa fácil. Um
bom exemplo é a seguinte
frase: “Portas decide reti-
rar confiança ao general”,
frase correcta, para a qual
é inadequadamente suge-
rido, embora com lógica
gramatical: ‘Portas deci-
dem’, ‘Portas decidam’ ou
‘Porta decide’.
Mas o FLiP tem, também
aqui, um bom e útil nível de
eficácia: por exemplo, face a
“Acabámos, não damos um

computadores .12 S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2

FLIP JÁ DISPONÍVEL NO MERCADO
guês de novo
parabéns
para outro”, sugere ‘um
para o outro’), alertando
também o programa para
certos erros comuns. É
pena que tenham ficado
de fora outros que estão
muito na moda, como “à
última da hora” (à última
hora), “sicrano pensa de
que” (pensa que) e outros
como “beltrano é um dos
que fez” (dos que fizeram),
“um buraco de centenas de
milhar de euros” (centenas
de milhares), etc.
Para a análise grama-
tical, existem no FLiP4 29
conjuntos de regras opcionais
que podem ser agrupados
em quatro estilos de escrita,
também eles à escolha
do utilizador — Corrente
(seleccionado por omissão),
Formal, Informal e Persona-
lizado. A definição de partida
de alguns destes estilos é, no
entanto, um pouco estranha.
Deixando de fora o persona-
lizado, por razões óbvias, dos
outros três, o mais abran-
gente em preocupações e
regras (e, portanto, de rigor)
é o corrente (!), surgindo o
formal apenas em segundo
lugar e o informal em
último. Aliás, o estilo formal
nem sequer apresenta selec-
cionada a opção de acautelar
a linguagem informal.
Mas tudo isto pode ser
alterado pelo utilizador,
seguindo no Word o cami-
nho Ortografia & Gramá-
tica, Opções e Definições
em Gramática. Das referi-
das regras constam, entre
outras, preocupações com a
estrutura nominal e verbal,
vários tipos de concordân-
cias, pontuação, palavras
homófonas, homógrafas
acentuadas e parónimas,
redundâncias, estrangeiris-
mos, regionalismos, lingua-
gem informal e calão. Mas
podia e devia haver mais,
como, por exemplo, nos
números reais, assinalar-
se o uso indevido do ponto
a separar a parte inteira da
decimal, em vez da vírgula
— 12.34% (quando devia ser
12,34%), 45.67_ (45,67_). E,
já agora, admitir-se a possi-
bilidade de, num parágrafo
iniciado por travessão ou
número (aqui também
num período), a primeira
palavra começar com letra
minúscula.
No sensível e muito
maltratado capítulo da pon-
tuação, a ênfase foi posta na
indevida separação entre o
sujeito e o predicado, embora
apenas circunscrita à vír-
gula e ao travessão. Assim,
situações como “a caneta,
caiu” ou “o árbitro e os seu
auxiliares, foram apupados”
não passam despercebidas.
O FLiP não se deixa igual-
mente fintar pelo uso de um
travessão seguido de espaço
e vírgula, mas o mesmo já
não se passa se, em vez da
vírgula, estiver qualquer
outro sinal de pontuação.
Aliás, no que diz res-
peito aos sinais de pontu-
ação propriamente ditos, é
revelada uma fragilidade,
já que aceita qualquer
sinal de pontuação seguido
de parêntesis fechado — o
que é um erro quando se
trata da vírgula, dois
pontos, ponto e vírgula e
travessão —, assim como
o parêntesis aberto ante-
cedido de todos os sinais de
pontuação. E também não
há uma reacção uniforme e
correcta perante dois sinais
de pontuação repetidos,
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
nem assinala ponto e vír-
gula ou travessão seguido
de ponto.
As partes do texto que
são objecto de sugestões
gramaticais aparecem
sublinhadas num tom
verde-acinzentado não tão
evidente como o sublinhado
vermelho do corrector orto-
gráfico, e nos casos em que
é apenas assinalado um
caracter — por exemplo,
um traço-de-união, vulgo
hífen, uma vírgula ou um
ponto — isso dificilmente é
perceptível a não ser que se
esteja a trabalhar com um
corpo de letra muitíssimo
grande. Uma cor mais viva
e, sobretudo, o alargamento
da zona sublinhada em
certos casos seriam muito
bem-vindos.
É um lugar-comum dizer-
se que “errar é humano”,
inclusive na escrita; a despre-
ocupação em relação a isso
ou a insistência nos mesmos
erros já não o é tanto. E, para
ajudar neste domínio, o FLiP
é insubstituível para a nossa
língua, apesar do exagero
do principal “slogan” que o
acompanha — “dá a volta
ao texto”. Não dá mas ajuda
muito… e por certo que quem
usar esta nova versão não
ficará decepcionado, quanto
muito expectante — à espera
de proceder a mais actualiza-
ções “on-line” das ferramen-
tas, que melhorem o seu
desempenho. E até, quem
sabe, da versão seguinte.
Uma última palavra
para os já referidos dicio-
nários acessíveis a partir
do FLiP. No caso da língua
portuguesa, os dois dicio-
nários são, na prática e de
certo modo, complemen-
tares e aceder-lhes facil-
mente ajudaria a colmatar
algumas deficiências do
FLiP em termos de varie-
dade de léxico, sinonímia
e significação. O da Porto
Editora regista ainda uma
contrariedade: o reduzido
comprimento do campo
de inscrição da palavra a
consultar (apenas 15 carac-
teres), não aceitando, por
exemplo, “otorrinolaringo-
logista”. Ainda assim, cons-
tituem bons auxiliares.
O tempo de resposta
dos dicionários da Porto
Editora é aceitável no caso
do da língua portuguesa
(com ligação à Internet via
cabo), porém o mesmo nem
sempre acontece nos bilin-
gues, para além de estes
apresentarem várias limi-
tações, sobretudo a nível
de verbos (ausência de
flexões verbais em inglês
e francês ou, identificando-
as, não atribuir qualquer
significado e nem sequer
ter ‘link’ para a entrada
desse verbo). A respectiva
janela de diálogo tem dois
botões, mas conviria que
fossem três: além dos actu-
ais Consultar e Cancelar,
um novo — Recuar — para
regressar ao texto ante-
rior, nos casos de demora
excessiva na resposta ou
mesmo na sua ausência. ●
Os testes realizados
O primeiro teste ao corrector ortográfico
do FLiP4 para português da Europa foi
concretizado com o texto de um romance
traduzido, com quase 100.000 palavras (mais de
meio milhão de caracteres), que já havia sido
submetido a outro programa de correcção, de
uma versão não recente do Microsoft Word.
O balanço traduziu-se na detecção de duas
dúzias de erros que tinham passado incólumes
na primeira limpeza e em apenas menos de
uma centena de palavras desconhecidas (sem
contar com nomes estrangeiros de pessoas,
locais e organizações). Foi igualmente aqui
que foi verificada a hifenização portuguesa, de
excelente “performance”.
O teste seguinte recaiu sobre o conteúdo
de um dicionário de utilizador, longamente
elaborado para trabalhar com um programa de
correcção ortográfica de um sistema integrado
de produção editorial. Essa lista continha
cerca de 8600 termos ou flexões, muitos deles
pouco comuns (quase 94.000 caracteres),
e o resultado foi aqui, de certo modo, mais
expressivo, dada a natureza do texto analisado:
apenas seis centenas de vocábulos não
identificados.
Os resultados de ambos os testes apontam,
assim, para a grande utilidade e fiabilidade do
FLiP enquanto ferramenta para um leque muito
amplo de textos. É claro que tem ainda falhas
e lacunas, mas, se toda a gente que escreve
nos e para os meios de comunicação o usasse,
estaríamos uns quantos patamares acima no
uso da língua portuguesa. E o FLiP continuará
a progredir, inclusive com os contributos dos
seus utilizadores! ● F.S.
Requisitos do equipamento
e compatibilidades de ‘software’
Para instalar o FLiP4, o computador deverá ter as
seguintes características: ser um PC compatível, ter placa
gráfica VGA ou superior; leitor de CD-ROM, 16 megabytes
de memória (32 MB no Windows NT 4, 2000 e XP), disco
rígido com 25 MB disponíveis e ter instalado o sistema
operativo Windows 95, Windows 98 ou 98 Second
Edition, Windows ME, Windows NT 4 (SP6), Windows
2000 ou Windows XP, da Microsoft; e ainda dispor do
Internet Explorer 4.0 ou superior (IE 5.0 ou superior no
caso do Windows NT). Esta versão não está disponível
para o universo dos Macintosh.
Os módulos que integram o FLiP4 são compatíveis com
as seguintes aplicações da Microsoft:
- Correctores ortográficos (de todas as línguas): Access,
Excel, PowerPoint e Word (todos nas versões 95, 97, 2000
e XP); Project (97, 2000 e 2002), Outlook (97, 98, 2000 e
XP), Publisher (97, 2000 e 2002), FrontPage (98, 2000 e
2002), Visio (2002), Outlook Express (4, 5 e 6) e Works (4,
6 e 2002);
- Corrector sintáctico (português): Word (97 SR-2, 2000 e
XP);
- Dicionário de sinónimos (port.): Word (95, 97, 2000 e
XP), Works (4 e 2000), FrontPage (2000 e XP) e Publisher
(2002).
O preço indicativo fornecido pela Priberam no “site” do
FLiP, para uma única licença destas ferramentas, é de
59,49 euros na compra do pacote normal (já com IVA) e
de 44,49 euros no caso de se tratar de uma actualização,
que só é possível em relação à versão anterior — FLiP3
— e se ainda se dispuser da respectiva disquete de
instalação. ●
computadores .13
 DEBATE SOBRE ‘GOVERNO ELECTRÓNICO’ EM PORTUGAL
Muito longe do
‘easy government’
A
FALTA DE
“governo
electró-
nico” em
Portugal
não é um problema
de tecnologias, mas
de pessoas — pes-
soas em todos os
níveis da adminis-
tração pública, desde
responsáveis minis-
teriais que adiam a
tomada de decisões
a figuras desco-
nhecidas que, nos
meandros do fun-
cionalismo público,
parecem esquecer-se
que devem servir o
cidadão com eficácia
e não complicar-lhe
a vida com uma
burocracia que gera
perdas de produti-
vidade.
Com o apoio de
diferentes casos pes-
soais ilustrativos,
esta foi a principal
conclusão da mesa
redonda “As Tecno-
logias de Informação
e Comunicação na
relação do Cidadão
com a Administração
Pública — Visões de
eGovernment”, que
decorreu na passada
quinta-feira, na
Inforpor 2002, em
Lisboa.
O “governo electrónico”
(ou eGov) consiste numa
conjugação de sistemas
e tecnologias capazes de
acelerar e melhorar as
trocas entre cidadãos e a
administração pública, a
todos os níveis. Ou, como
disse na ocasião, Fran-
cisco Araújo,
da Oracle, o PEDRO
eGov “é uma
visão e tem uma missão
nobre a cumprir: servir
o cidadão com a quali-
dade que este merece e
anseia”. “O objectivo é
criar um modelo capaz
de maximizar a eficiência
minimizando os custos
operacionais”, acrescentou
Francisco Araújo.
As vertentes desse
modelo passam pela
Internet, pela criação de
portais e de um “centro
de interacção” — um
ponto de acesso do cida-
dão à administração
pública através de dife-
rentes tecnologias, como
o telemóvel ou o correio
electrónico — e pelo E-
procurement, um sistema
centralizado de compras
do Estado assente na
Internet e nas respecti-
vas tecnologias.
Mas “Portugal está
atrasado” para atingir este
cenário, salientou José Oli-
veira, da Siemens Business
Services. Em geral, está-se
na fase inicial da presença
puramente informativa na
Internet. Do
FONSECA que está bem
feito, há falta
de “marketing” e o público
acaba por desconhecer a
sua existência, alertou
Pedro Quintas, da Altitude
Software.
Para se avançar mais
rapidamente, não só falta
legislação adequada como
faltam quadros dirigentes
do processo, pessoas com
uma visão global e trans-
versal — função que, nas
empresas, é assegurada
pelos “chief information
officer” (CIO) e respecti-
vos colaboradores mais
directos. Há também que
alterar factores cultu-
rais, como a resistência
à mudança nos variados
centros de poder com ati-
tudes corporativas.
Nesse sentido, “é um
problema de agilizar
processos no Estado” por
forma a criar um “easy
government” que “vê o
cidadão como cliente, como
significado da sua exis-
tência”, salientou Pedro
Morão, da NextiraOne.
“Não é um problema de
tecnologias”. Aliás, os
diferentes intervenientes
concordaram em que a
integração de sistemas
de diferentes fabricantes
já não colocam problemas
em termos de compati-
bilidade, evitando, por
exemplo, a colocação de
um sistema “proprietário”
num ministério, incapaz
de “falar” com o de outro
ministério.
Para se ter “menos
administração mas melhor
administração” pública,
José Oliveira apontou como
factores de sucesso a defi-
nição de uma visão global,
com uma linha de comando
única, a criação de planos
estratégicos global e sec-
toriais, o fomento das
mudanças culturais, algu-
mas alterações legislativas,
parcerias “sérias” com o
sector privado, análise das
questões de segurança e,
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
da.net
em termos de
implantação,
“pensar em
grande, começar
pequeno e avan-
çar rápido”.
“Não há
alternativa à
informatização
da administração
pública”, sinteti-
Desemprego no Silicon Valley
zou o deputado gera diversificação…
do PS José Maga-
lhães, o único O colapso das empresas de tecnologias de
político presente informação e, em particular, das que surgiram
no debate. Não na segunda metade dos anos 90 em torno da
só pela pressão Internet fez disparar a taxa de desemprego no
comunitária, como Silicon Valley, na Califórnia (EUA), berço de muitos
porque “a visão do avanços informáticos dos últimos decénios,
Governo actual é obrigando quadros qualificados a procurarem
de continuidade outros tipos de trabalho. Segundo informações
com o que vinha das autoridades estaduais da Califórnia, citados
sendo feito antes”. pela Agência Lusa, o desemprego na região
Nesse sentido, saltou de 1,3 por cento em Dezembro do ano
“os objectivos não 2000 para 7,6 por cento em Agosto de 2002.
merecem reparos” Dados oficiais quantificam em cerca de 100 mil
nem Portugal está o número de pessoas que perderam os seus
de “tanga digital”, empregos só na área de Santa Clara nos últimos
referiu, ainda dois anos. A maioria dos executivos das empresas
entusiasmado de tecnologias de informação abandonou o
com a aprovação seu proverbial optimismo e, como já disse Larry
unânime, nesse Ellison, presidente e “chief executive officer”
mesmo dia, na (CEO) da Oracle — o maior fornecedor mundial
Assembleia da de “software” para bases de dados —, esta é a
República, da pior crise da história no sector. Por isso, não é
proposta de lei de estranhar que ideias como a do sítio da Web
sobre a petição Geekmaids.com (algo que poderá ser traduzido
electrónica. como “empregados domésticos loucos pela
Isso não Internet”) floresçam, dando corpo à necessidade
significa que se de subsistir como se vai podendo. ●
possa falar de
um “bloco central … com apoio na Web e tudo
para a sociedade da infor-
mação” porque é quando Os trabalhadores da Geekmaids estão dispostos
surgem as críticas: “Falta a esfregar o chão da cozinha, a limpar o pó,
verbo e verba”, referiu a passar a roupa a ferro ou a desempenhar
José Magalhães, e não há qualquer outra actividade doméstica, incluindo
comando nestas matérias. tratar do jardim. O que os distingue dos
“É uma solução ‘light’ e tradicionais empregados domésticos é o facto
insuficiente” a criação de de também estarem capacitados para outras
uma unidade com pode- tarefas mais próprias de um especialista em
res abaixo de secretaria programação ou em computadores. Entre
de Estado — unidade de outras coisas, os trabalhadores da Geekmaids
missão gerida pelo depu- também dão uma ajuda no desenho de páginas
tado do PSD Diogo Vas- da Internet, na instalação de redes sem fios, na
concelos, cuja posse deverá implantação de filtros para barrar o caminho
ter-se verificado neste ao lixo electrónico, na instalação de “software”
sábado), quando, antes, antivírus ou de outras ferramentas para manter a
a ciência e a tecnologia segurança no computador — ou, simplesmente,
estavam sob a alçada de limpar a mesa do escritório. A fundadora, Lile
um ministério. Elam, trabalhava numa empresa do Silicon
Há a juntar a apreen- Valley que se dedica à venda de domínios na
são do clima económico e Internet. Quando foi despedida, decidiu criar
um ambiente financeiro este serviço, cujos preços rondam os 25 euros
marcado por cortes “dra- por hora. A quantia permite aos Geekmaids
conianos”, a indefinição ganharem salários modestos, pelo menos
em matérias como o tele- quando comparados com os pagamentos
trabalho, o tele-ensino ou acima dos 100.000 dólares mensais que, após o
a tele-saúde, ou a indispo- “boom” da Internet, eram frequentes no Valley.
nibilidade de plataformas Outros informáticos despedidos estão a optar
para serem usadas num por retomar os seus estudos académicos, por
“governo electrónico”, se tornarem voluntários em actividades de
como o UMTS (a terceira natureza social ou, mais prosaicamente, por
geração de telecomunica- montarem bares, entre outras iniciativas mais ou
ções móveis) ou a televisão menos inesperadas mas que estão a permitir-
digital terrestre, que “têm lhes sobreviver. ●
os seus processos cheios de
pontos de interrogação”. ●
computadores .15
 WEBMANIA

À medida que a ameaça de guerra dos EUA contra o Iraque vai

ganhando contornos mais reais, a cobertura jornalística do
tema vai igualmente ganhando importância. O repórter Jeremy
Scahill e alguns dos seus colegas sentem que muitos dos meios
de comunicação e os profissionais que neles trabalham puseram
em causa a sua credibilidade ao apoiarem incondicionalmente

O BEIJO
a Administração Bush nesta causa da guerra contra o Iraque. A
partir de Bagdad, Scahill e companhia seleccionam os factos que
consideram de interesse e publicam-nos neste sítio. O objectivo é
oferecer visões independentes dos acontecimentos e, ao mesmo
tempo, mostrar a forma como a política externa norte-americana
afecta a vida quotidiana da população iraquiana. Há fotografias,
reportagens e artigos, informação actualizada com frequência.
Concorde-se ou não com o ponto de vista da equipa jornalística
coordenada por Jeremy Scahill, há que sublinhar a coragem dos
impulsionadores do projecto no investigar e recontar de histórias
muitas vezes divergentes das publicadas na maioria dos meios de
comunicação. ● mulher.aranha@publico.pt

http://www.iraqjournal.org

W
WEBBMMAANNI IAA
http://www.notcoming.com http://www.guianet.pt http://www.othertimelines.
com
http://www.t-
shirtsthatsuck.com

E sta base de dados sobre empresas

em Portugal está organizada por
23 grandes tópicos, abrangendo reali-
dades tão diversas como o ambiente,
E ste portal permite-se divagar sobre
aquilo que poderia ter acontecido S e é adepto das “t-shirts”, como
aquelas com mensagens originais
se alguns dos factos históricos mais e irónicas impressas que normalmente

F azendo um trocadilho com a frase

“Coming to a theater near you” (o
equivalente ao nosso “Brevemente
num cinema perto de si”), este espaço
da Internet dedica a sua actividade à
crítica de
filmes já
esquecidos
“na obscu-
ridade do
vídeo” mas
que mere-
cem uma
segunda
hipótese.
Hoje,
conjunto
de obras
observadas
já ultra-
passa as 60,
número que continuará a crescer nos
próximos tempos. Entre elas, poderá
encontrar o filme italiano de terror
“Suspiria” ou o tumultuoso “The Mea-
ning of Life”, da série Monty Python,
“Videodrome”, de David Cronenberg,
e o clássico “Blue Velvet”, de David
Lynch. Os internautas têm igualmente
à sua disposição alguns “tops” que
apresentam os “cinco melhores” em
diferentes aspectos, como, por exem-
plo, em termos de final ou quanto ao
personagem mais paranóico. ●
a indústria metalomecânica, o desporto
ou as tecnologias. Estes tópicos desen-
volvem-se numa cadeia hierarquizada
marcantes nunca tivessem tido lugar,
fazendo-nos imaginar o quão dife-
rente seria o mundo se as escolhas
despertam a atenção de quem con-
nosco se cruza, não pode faltar ao
chamamento deste espaço virtual com
de grupos e subgrupos, onde o grau pudessem ter sido diferentes. O calen- sede nos EUA. Aqui comercializam-se
de especificidade da informação vai dário do sítio apresenta alternativas camisolas com uma variedade imensa
sendo sucessivamente mais detalhado. históricas para cada um dos dias do de logotipos, normalmente ousados
Navegando nesta estrutura, construída ano, na maioria baseadas em factos (uns mais do que outros) e em regra
com uma linguagem adaptada a cada reais, enquanto outras versam o fic- associados a marcas ou a símbolos que
universo temático, encontrará infor- tício absoluto. Os temas alternativos assinalam locais ou serviços. Ficam dois
mação sobre empresas, classificadas de estão abertos à discussão de todos os exemplos, bastante elucidativos do tipo
acordo com a respectiva área de activi- cibervisitantes que se proponham a de “t-shirts” comercializadas, aos quais
dade. Visando uma maior segmentação, tal, aceitando-se igualmente sugestões não será efectuado nenhum comentá-
os responsáveis por esta base de dados de ideias sobre as coisas que poderiam rio adicional: “Carpe Scrotum — grab
acrescentaram recentemente ao seu ter mudado se fossem outros a gerir os life by the balls” e “MasterBate” (no lugar
motor de busca uma opção de pesquisa contornos da história. ● de MasterCard). ●
o por agente económico. ●
http://www.iusedtobelieve.com
S ão muitos os personagens e as situações que existiram na sua imaginação, tal como existiram e
continuam a existir no imaginário de milhares de crianças. O “I used to believe” é uma colecção
de algumas das ideias que os adultos pensavam ser verdade quando ainda eram crianças, com toda a
inocência que lhes era característica como tal. Divididos por um largo conjunto de temas e subtemas,
desde as ideias imaginadas em relação a animais àquilo que se pensava dos meios de transporte, os
textos submetidos pelos internautas que o desejem fazer são, por vezes, comovedores mas, na maior
parte das vezes, cómicos. E se algumas das histórias nasceram de uma imaginação desinibida, notará
que outras surgiram face a explicações incompletas ou mal dadas pelos progenitores. ●

computadores .16 S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
 .com

HP com bons resultados nos PC
A HP apresentou, segundo relatórios de analistas, “um saudável
crescimento sequencial” nos mercados globais de PC durante o
terceiro trimestre de 2002, ultrapassando o crescimento geral
do sector e reflectindo progressos pós-fusão com a Compaq.
Os resultados preliminares, publicados pela International Data
Corporation (IDC) e pela Gartner Dataquest, indicam um empate
virtual entre a HP e a Dell em termos de quota de mercado mun-
dial, estando as empresas separadas por apenas 0,1 por cento de
quota de mercado. No que respeita ao mercado dos EUA, a HP
está a crescer a um ritmo semelhante ao da Dell, o que reflecte
um bom momento da nova HP. De acordo com os dados da
IDC, a HP alcançou um crescimento trimestral de 15 por cento
no mercado dos EUA face aos 16,3 por cento da Dell. Os dados
publicados pelas duas empresas reflectem também o regresso
da HP ao crescimento sequencial nas vendas mundiais de PC.
Segundo as estimativas da IDC, a HP cresceu mais rapidamente
que o mercado global, tendo aumentado 6,3 por cento em
termos de vendas globais entre o segundo e o terceiro trimes-
tre. A Gartner declarou ter havido um empate entre a HP e a Dell
na corrida mundial pela liderança do mercado, tendo ainda des-
tacado a liderança da HP em mercados como o europeu, onde
obteve uma quota de mercado de 18,5 por cento. ●
executivo da IBM na Hungria, Péter Mohãcsi, explicou que a empresa
procederá à indemnização de todos os funcionários dispensados com
os montantes máximos que puder, e tentará procurar para eles novos
postos de trabalho na mesma cidade. A direcção da IBM reconheceu
que, apesar da quebra nas vendas de computadores, a sua subsidiá-
ria húngara — que produzia discos rígidos — sempre fora rentável.
O Governo húngaro iniciou hoje conversações para tentar garantir
trabalho para as 3700 pessoas afectadas, que deverão abandonar a
empresa até 30 de Novembro.Versões não confirmadas, referidas pela
Agência Lusa, apontam para que o encerramento da IBM na Hungria
está relacionado com a possível mudança da fábrica para a China,
onde a mão-de-obra é mais barata. ●
Symantec cresceu 34 por cento
A Symantec apresentou os resultados do segundo trimestre
fiscal de 2002, que terminou a 27 de Setembro, tendo regis-
tado um volume de negócios de 325 milhões de dólares, o que
representa um crescimento de 34 por cento quando compa-
rado com os 242 milhões registados no mesmo período do
ano anterior. As vendas mundiais de produtos de segurança
da Symantec cresceu 30 por cento face ao mesmo trimestre do
ano transacto e representou 44 por cento das receitas totais.
A empresa registou também um crescimento de 61 por cento
nas vendas de produtos de “firewall”/VPN e de 36 por cento
nas vendas de antivírus. Os serviços de segurança da Symantec
cresceram 102 por cento face ao mesmo trimestre do ano tran-
sacto. As vendas de antivírus para o retalho cresceram 76 por
cento face ao período homólogo do ano anterior e o negócio
de gestão de empresas da Symantec representou 16 por cento
das receitas, tendo decrescido 2 por cento. As receitas interna-
cionais cresceram 45 por cento face ao mesmo trimestre do ano
transacto e representaram 47 por cento do total no segundo
trimestre. A Symantec apresentou crescimento em todas as
regiões. As vendas na Europa, Médio Oriente e África encabe-
çaram o aumento, com 55 por cento, seguidas de 51 por cento
no Japão, 35 por cento no Canadá, 26 por cento nos EUA e 24
por cento na Ásia e Pacífico. ●

Enterasys prevê receitas de 120 milhões

A Enterasys Networks apresentou uma estimativa preliminar
de receitas de 120 a 125 milhões de dólares para o segundo
trimestre fiscal de 2002, terminado a 29 de Junho. A empresa
anunciou também que reviu as suas estimativas de receitas do
primeiro trimestre fiscal, terminado a 30 de Março de 2002, de
122 a 127 milhões de dólares, de uma primeira estimativa de 110
a 120 milhões para o primeiro trimestre. “Desde Abril que temos
feito progressos substanciais no nosso objectivo de estabilizar
o negócio, melhorando a execução e resolvendo questões de
reconhecimento de receitas de períodos anteriores”, afirmou Bill
O’Brien,“chief executive officer” (CEO) da Enterasys Networks. Até
29 de Junho de 2002, a Enterasys tinha em activos financeiros
cerca de 295 milhões de dólares. A empresa pagou 18 milhões
de dólares de indemnizações a fim de reduzir em 30 por cento
o número dos seus trabalhadores e ainda 10 milhões de dóla-
res noutras despesas de reestruturação. A empresa anunciou
também que William O’Brien, que fora nomeado CEO interino,
aceitou o cargo a título efectivo. ●

IBM despede 3700 na Hungria

A IBM vai encerrar a sua fábrica de componentes na cidade húngara
de Székesfehérvãr, no Centro do país, despedindo 3700 trabalhado-
res — anunciou na semana passada a direcção da Big Blue. Fontes
sindicais húngaras comentaram na altura que se trata do maior
despedimento colectivo da última década na Hungria. O director

S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2 computadores .17
 FICHA S H A R E WA R E

FRUIT Y LOOPS 3.56

Ainda os sons num PC

FRUITY LOOPS foi criado

Editor
Rui Jorge Cruz
Redactores, colaboradores
e cronistas
Ana Gerschenfeld, Ana Machado,
André Ruivo, António Granado,
Casa dos Bits, Fernando Fraga,
Helena Viegas, Henrique Carreiro,
Henrique Saias, Isabel Gorjão
Santos, João Cruz, José Antunes,
José Doutil, Luís Félix, Miguel
Crespo, Nuno Bernardo, Paulo
Almeida, Pedro Fonseca, Rita
Cruz, Rita Hasse Ferreira
Secretariado
Ana Lúcia Zacarias
Paginação
Ana Carvalho, Ivone Ralha,
Hugo Pinto, Jorge Guimarães
Projecto Gráfico & Designer
Luis Carlos Amaro/
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Portugal €36.40
Europa €117.00
Resto do Mundo €189.80
Desconto na assinatura anual
para escolas e instituições de
solidariedade social. Preços
especiais para Macau, Timor, São
Tomé e Guiné. Os preços incluem
IVA à taxa legal em vigor.
O
originalmente para ser
uma caixa de ritmos
electrónica que fun-
cionasse como apoio
aos compositores musicais. Mas o
programa ganhou uma tal popula-
ridade que não muito que passasse
a ser usada como gerador de um
conjunto de outros sons, desde
baixos, pianos e cordas até vozes, o
que acabou por tornar o programa
num estúdio portátil dentro do
computador. No essencial, o Fruity
Loops é uma ferramenta de desen-
volvimento de músicas electrónicas:
um poderoso sequenciador de sons
(alinha os sons numa determinada
ordem de modo a criar canção) o que
permite substituir diversos equipa-
mentos de estúdio.
Mas, além de possibilitar a criação
de músicas com poderosos efeitos, o
Fruity Loops torna o processo de cria-
ção muito mais interessante e diver-
tido graças a uma interface muito uma questão de gosto pessoal do
apelativa. O programa sempre foi criador. Mas, para obter os melho-
bonito, leve e fácil de usar mas muito res resultados, o utilizador terá
completo e poderoso na de munir-se de um
sua tarefa de auxiliar NUNO BERNARDO conjunto de “samples”
à composição musical. (amostras de som gra-
Os arquivos de música gerados pelo vadas a partir de instrumentos reais).
Fruity Loops dificilmente ultrapas- Estes “samples” podem ser adquiri- O grande problema deste pro-
sam os 30 KB, oferecendo a possi- dos em CD-ROM ou copiados gra- grama é adquiri-lo. A versão mais
bilidade de extrair sons em formato tuitamente de muitos sítios na Web. programa. Uma das formas mais completa custa 150 euros, o que
Wave, MIDI e MP3 — o que permite Experimente fazer uma pesquisa de fáceis de criar o seu tema musical poderá ser um obstáculo para a
ao programa correr num computador “music samples” no Google.com para é usar “loops”, excertos de outros maioria dos utilizadores. Por outro
de potência mediana, como um Pen- encontrar alguns arquivos “on-line” temas musicais (em geral, com 2 a lado, o Fruity Loops é vendido numa
tium II com 64 megatytes de RAM. de sons musicais. 10 segundos) que podem ser usados estratégia do tipo “pizza”, ou seja, ao
Nas suas últimas versões, o O funcionamento de Fruity Loops, de forma sequencial. O Fruity Loops comprar o programa, o utilizador está
Fruity Loops tem excedido as expec- ao contrário de outros programas inclui algumas ferramentas úteis apenas a comprar a massa, o queijo
tativas dos seus utilizadores mais similares, é bastante simplificado e para tornar o processo de manipu- e o molho: se quiser usar todas as
fiéis, permitindo concentrar numa funcional, e, além disso, pode-se usar lação de “loops” em algo de muito funcionalidades descritas no sítio de
única aplicação um “sampler”, “skins” (capas) que permitem alterar simples e intuitivo. suporte ao programa, ou seja, usar
vários sintetizadores de som e uma o aspecto da interface do programa. Os utilizadores mais avançados todas as suas potencialidades, terá
completa mesa de mistura. Montar A grande vantagem deste é que a poderão integrar o Fruity Loops com de adquirir algumas aplicações e
uma música é, assim, absurda- dimensão dos arquivos pode ser bem sequenciadores profissionais, como ferramentas extras.
mente fácil e rápido: são mais de reduzida, porque a maioria dos sons o Cakewalk Sonar e o Cubase. Neste Ao visitar a loja electrónica em
500 canais virtuais, que se podem que o utilizador usará já vêm dentro formato, o programa pode ser usado http://www.fruityloops.com , rapi-
se transformar em 64 canais reais. do programa. Por outro lado, os arqui- como gerador de sons, permitindo damente se verifica que se terá
Com apenas uma nota de um instru- vos que ele cria utilizam os sons que misturar criações desenvolvidas no de gastar mais de 300 euros para
mento (por exemplo, um clarinete), estão na pasta do programa. Isto Fruity Loops com outras composi- conseguir ter um pacote completo
é possível construir toda a escala traduz-se no uso de menos recursos ções musicais ou com sons gravados de aplicações que permitam criar
e compor uma melodia marcando e num imediatismo na execução de em estúdios profissionais. Estas o próximo “hit”. É que todas estas
simplesmente as notas que devem todas as operações, evitando os abor- operações mais complexas sãos opções foram pensadas para um
ser tocadas num piano virtual. recidos “renderings”. descritas nos muitos documentos uso mais profissional da aplicação
O Fruity Loops é mais utilizado A criação de um tema musical de ajuda que acompanham o pro- — e quem apenas queira divertir-
para criação de músicas “techno”, inicia-se com a selecção dos sons grama. A comunidade de utilizado- se e surpreender os amigos numa
“dance”, “house” e estilos similares (“samples”) a serem usados. Alinha- res do Fruity Loops mantém ainda próxima festa deverá recorrer à
mas nada impede a criação de músi- se todos esses sons numa sequência, vários sítios de apoio e fóruns espe- versão Pro, que, por cerca de 50
cas de outros géneros. Há exemplos cria-se um batida na caixa de ritmos cializados, pelo que não será difícil euros, oferece grande parte das
de rock nos ficheiros de ajuda que e adiciona-se alguns sons criados encontrar ajudar para os seus pro- funcionalidades aqui descritas e
acompanham o programa — é tudo no sintetizador virtual incluído no blemas ou dúvidas. muitas horas de diversão. ●

computadores .18 S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
 DISCREET LANÇOU NOVA VERSÃO DO 3DS MAX

A animação que parece real

NOVA VERSÃO do purchase ), a nova versão do 3DS

U
MA
programa de mode-
lação e animação
em três dimensões,
o 3DS Max, foi
apresentado pela Discreet, a
divisão da Autodesk especia-
lizada em soluções de projecto
por computador para cinema,
televisão e animação. O novo
3DS Max Studio está, segundo
a Discreet, mais realista do que
nunca, permitindo aos utiliza-
dores uma maior produtividade
e incluindo novas capacidades
artísticas. Os profissionais da
animação podem, com esta nova
versão, trabalhar em ambientes
mais realistas e animar as per-
sonagens dos seus videojogos ou
filmes de forma mais expressiva
e eficaz.
Entre as novas característi-
cas do 3DS Max 5 estão ferra-
mentas de iluminação global, ou
seja, o programa foi melhorado
para permitir a criação de ilu-
minações mais naturais, que
possibilitam que se reconstrua a
iluminação em função da hora do
dia que se pretende caracterizar,
da localização dos personagens
ou dos objectos, de forma precisa
que pode ser testada nas visuali-
zações prévias do trabalho.
A versão 5 do 3DS Max 5
inclui ainda o Reactor, um motor
interactivo desenvolvido pela
Havok que confere ao programa
ferramentas dinâmicas para o
tratamento das texturas e o ajus-
tamento preciso entre os dados
da imagem e os dos modelos.
Através do novo sistema Set
Key, o editor Curve e outras
ferramentas para animação uni-
ficada — que permitem repro-
gramar as partes da animação
da personagem —, o utilizador
possui agora um maior controlo
sobre a animação, o que lhe pro-
Max 5 custa 3529 euros, podendo
a actualização da versão anterior
ser feita por 803 euros.
Philip Miller, vice-presidente
da Discreet para a área de pro-
dutos de animação, adiantou
que, com esta nova versão, a Dis-
creet pretende antecipar-se às
necessidades da indústria 3D. “A
capacidade de inovação, aliada
ao aumento da produtividade
que esta versão permite, fazem
desta solução a preferida dos
profissionais de 3D”, concluiu
Miller. Recentemente, o 3DS
Max 5 foi utilizado na produção
de filmes como “Minority Report”
e “Casa de Pânico”, e de jogos de
computador como “Spider Man”,
“Warcraft III” e “Never Winter
Nights” — isto para além de
diversos anúncios e séries de
televisão. ● ISABEL GORJÃO SANTOS
porciona também um resultado
mais preciso.
Para os animadores que
trabalham em grupo, através
de rede, o 3DS Max 5 oferece
novas opções de licenciamento.
Já disponível na loja da Discreet
na Internet ( www.discreet.com/

QUANTOS UTILIZADORES DA INTERNET HÁ EM PORTUGAL?

Números à escolha
utilizado- têm que ser vistos em perspectiva” porque totais parciais de cada um dos fornecedo-

N
ÃO SE SABE QUANTOS
res de Internet há em Por-
tugal. Embora, na semana
passada, tenham sido divul-
gados dados que “revelam”
ter o nosso país ultrapassado a média
europeia no acesso à Internet, os núme-
ros divulgados não são fiáveis.
Num artigo intitulado “Portugal
supera média europeia”, o “Diário de
Notícias” (DN) declarava, na passada
segunda-feira, que “o número de subs-
critores de serviços de acesso à Internet
em Portugal ultrapassou os 4,4 milhões
no final do segundo trimestre de 2002,
um aumento de mais 48 por cento rela-
tivamente ao período homólogo do ano
passado. Os últimos dados publicados
pela Autoridade Nacional de Comunica-
ções (Anacom) revelam que 43 em cada
100 portugueses se ligam regularmente
à Rede, um número que, comparado com
os últimos dados disponíveis sobre a taxa
de penetração dos serviços de acesso
na Europa dos Quinze, demonstra que
Portugal se encontra já acima da média
comunitária”.
O primeiro problema é que estes dados
divulgados pela Anacom há mais de um
mês estão inflacionados, como confirmou
a Computadores Fernando Marante,
assessor de imprensa do organismo regu-
lador das telecomunicações. “Os dados
“há duplicação de clientes” na informação
disponibilizada à Anacom pelos diferentes
fornecedores do serviço de acesso à Inter-
net. Mas estes seriam “os únicos dados”
disponíveis”.
A duplicação dos dados ocorre prin-
cipalmente com os clientes do chamado
acesso gratuito (“dial up”) e, em princí-
pio, menos com o restante tipo de clien-
tes — empresariais e individuais com
acesso pago e os acessos de banda larga.
O facto de um mesmo cliente poder abrir
contas gratuitas separadas no mesmo
ou em diferentes fornecedores de acesso
induz uma contabilização exagerada
após cada fornecedor revelar à Anacom
o total dos seus clientes.
A Anacom soma esse número de clien-
tes e divulga-os publicamente. Mas não só
não alerta para a forma de contabilização
como induz em erro ao iniciar o docu-
mento de apresentação desses resultados
salientando que “o crescimento verificado
no número total de clientes do serviço de
acesso à Internet em Portugal, no segundo
trimestre de 2002, face ao trimestre ante-
rior, foi de cerca de 16 por cento, o que se
traduz num total de cerca de 4.414 milha-
res de clientes” ( http://www.anacom.pt/
template12.jsp?categoryId=6247 ).
Uma forma de atenuar o problema
seria o organismo regulador divulgar os
res de acesso mas Fernando Marante res-
salva que esses dados são “considerados
confidenciais pela Anacom”, cabendo aos
fornecedores de acesso a sua divulgação
pública, tal como sucede com os operado-
res de telefonia móvel.
O segundo problema deriva do ante-
rior: como saber que posição ocupamos
no “ranking” europeu? O “DN” juntou
os valores “animadores” acumulados
pela Anacom com os dados obtidos por
amostragem pela consultora Forrester
e, assim, Portugal posiciona-se “acima
da média europeia, actualmente situada
nos 39 acessos por cada cem habitantes”
e “acima de países como Espanha, Itália
e França, todos eles a rondar a casa dos
30 por cento”.
Ainda na segunda-feira, a agência
Lusa difundiu a notícia de que “a pene-
tração da Internet em Portugal é já supe-
rior à que se verifica em termos médios
na Europa, onde este indicador se situa
nos 39 acessos por cada cem habitan-
tes”, sem referir a origem destes dados.
Desta forma, Portugal passou a ter uma
visão lisonjeira sobre a sua sociedade da
informação quando muitos outros valores
podem ser atirados para a mesa sem se
conseguir descortinar uma posição fiável.
Por exemplo, no terceiro trimestre
de 2001, só 24 por cento das famílias
portuguesas tinha computador e apenas
13 por cento acesso à Internet, embora
18 por cento da população a utilizasse
— segundo o “Inquérito à Utilização das
Tecnologias de Informação e Comunicação
pelas Famílias”, realizado por entrevista
directa em 20 mil lares pelo Instituto
Nacional de Estatística com o Observató-
rio das Ciências e Tecnologias.
No final de 2001, segundo o Euros-
tat, os acessos domésticos à Internet
em Portugal atingiam os 26,1 por cento,
quando a média comunitária se situava
nos 37,7 por cento. A Anacom, para essa
data, referia uma penetração de 33,4 por
cento de acessos.
Em Junho, o Eurobarometer atirava
com 30,8 por cento de portugueses com
Internet em casa quando a média euro-
peia rondava os 40 por cento. Referente
ao trimestre Maio a Julho deste ano, a
Marktest avançou no seu Bareme Inter-
net com 24,6 por cento de lares ligados
à Internet. Na semana passada, numa
conferência na Inforpor, Pedro Quintas,
da Altitude Software, avançou com o valor
“optimista” de 20 por cento de acessos à
Internet em Portugal.
Como se vê por esta pequena amostra-
gem, raramente os números coincidem. A
única certeza é que ninguém sabe quantos
são os utilizadores — ou mesmo os acessos
— da Internet em Portugal. ● PEDRO FONSECA

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Mobilidade para todos
MOBILIDADE das
A
comunicações e
dos equipamen-
tos informáti-
cos é definida
pelos especialistas desta
área como uma das grande
tendências para os próxi-
mos anos — mas de facto,
muita da tecnologia e dos
equipamentos necessários
estão já disponíveis a qual-
quer pessoa que queira
usufruir das suas van-
tagens. Telemóveis com
Bluetooth, computadores
portáteis e de bolso com
Wi-Fi e pontos de acesso
e “routers” que suportam
comunicações sem fios
começam a tornar-se
uma realidade nas lojas,
a preços suficientemente
baixos para serem uma
alternativa viável às
formas de comunicação
com fios.
Subsiste ainda
muita confusão face
às diferentes tecno-
logias que podem ser
consideradas para a
comunicação sem fios,
as tais que permitirão
obter a tão desejada
“mobilidade” pela ausência
de cabos. Muitas empresas
têm vindo a lançar periféri-
cos que usam tecnologias
como os infravermelhos e o
Bluetooth para comunicar
de forma mais livre com
os computadores — e algu-
mas destas tecnologias de
comunicações são também
usadas para permitir liga-
ções rápidas de computado-
res de bolso e computadores
portáteis com impressoras,
projectores e telemóveis,
estabelecendo, desta forma,
a ligação a outras redes.
A somar a estas tecno-
logias mais ligadas com o
mundo da
informática, FÁTIMA
estão as tão / Casa
badaladas
redes de comunicações
móveis, cuja segunda gera-
ção e meia (2,5 G), o GPRS,
e terceira geração (UMTS)
também garantem o acesso
sem fios à Internet e ainda
a possibilidade de, desta
forma, o utilizador se ligar
a redes empresariais.
No meio de toda esta
“confusão sem fios” está o
utilizador, que, indepen-
dentemente do nome do
protocolo ou da tecnologia
usada, quer ter a certeza de
estar a apostar no “cavalo
certo”, não comprando algo
que rapidamente se tornará
obsoleto ou ultrapassado
por outra qualquer tecno-
logia que se imponha como
mais forte no mercado.
Garantias, como
sempre, não existem mas a
aposta que empresas como a
Microsoft, a Intel, a Toshiba
e a Siemens estão a fazer
EQUIPAMENTOS DE WI-FI FACILITAM CRIAÇÃO DE REDES LOC AIS SEM FIOS
no Wi-Fi, além de outras
tradicionalmente ligadas
aos telemóveis (Nokia e
Ericsson, por exemplo)
podem assegurar algum
fôlego a este protocolo de
comunicação. O suporte a
redes Wi-Fi já está inte-
grado no Windows XP e a
Intel anunciou, na semana
passada, a disponibilização
de 150 milhões de dólares
para investimento em
empresas que desen-
volvam a tecnolo-
gia Wi-Fi.
Este anúncio da Intel
está ligado ao reforço do
empenho da empresa na
integração da conectivi-
dade na sua plataforma
Banias, que deverá chegar
ao mercado no final do pri-
meiro trimestre do próximo
ano. Desta forma, a Intel
pretende
CAÇADOR facilitar o permite montar um sis-
dos Bits alargamento
do número
de utilizadores de tecno-
logia Wi-Fi, explicou a
Computadores Frederico
Carvalho, director da Intel
em Portugal. Os estudos
indicam que, em três anos,
o número de computadores
com suporte do Wi-Fi poderá
chegar aos 30 milhões e
começa a ser cada vez maior
o número de locais públicos
e privados equipados com
pontos de acesso à Internet
através desta norma.
A Toshiba é outra das
empresas que está clara-
mente a apostar no Wi-Fi
para a criação de redes
móveis sem fios e comuni-
cação de mobilidade — e
a sua gama de produtos
acaba por demonstrá-lo.
Todos os computadores
portáteis da empresa e
os seus computadores de
bolso suportam conecti-
vidade por Wi-Fi e alguns
dos novos equipamentos vidores aplicacionais que modems existentes, assegu- a quem detiver suporte Wi-
que estão agora a chegar são pontos de acesso sem rando a ligação através de Fi e entre no raio de cober-
ao mercado já integram fios, os Magnia, e os Wire- uma porta de rede Ethernet tura da rede pode gerar
esta tecnologia de base, less Gateways, equipa- 10/100. problemas, que podem ser
sem necessidade de mentos destinados a criar Estes dois equipamen- “evitados através de con-
adquirir equipamentos pequenas redes locais sem tos permitem alargar a figuração”. A Toshiba está
adicionais. fios mas que não são ser- partilha da ligação à Inter- precisamente a desenvolver
O mesmo se passa vidores. O Wireless Broa- net a todos os computadores um programa para certifi-
também com o Bluetooth dband Gateway (WBG), cação e formação de reven-
mas João Amaral, também conhecido dedores, que permitirá aos
por Waikiki, já está clientes encontrarem nas
lojas soluções completas e
com resposta ao nível da
configuração necessária
para os equipamentos.
Também a NetCabo
está, desde o Verão, a
comercializar uma solução
de criação de redes Wi-Fi,
interligada ao serviço de
acesso à Internet em banda
larga, tendo já vendido cerca
de um milhar de unidades.
A linha de produtos Net-
Cabo Wireless inclui
um “router” Wi-Fi e
um terminal USB ou
placas PCMCIA, que
são depois ligadas ao
PC. A solução para
partilhar a rede de
cabo entre dois com-
putadores pode custar
cerca de 500 euros,
preço a que deverá ser
somado o investimento
no modem de cabo.
A presença de mais
do que um computador
em casa, com a necessi-
dade de partilhar acessos
à Internet e ainda perifé-
ricos, poderá justificar os
investimentos, sobretudo
se estes forem complemen-
tados com a utilização da
director-geral tecnologia noutros locais
da Toshiba portuguesa, no mercado há algum convencionais e de bolso que públicos, uma possibilidade
explica que as duas tecno- tempo através do modelo possuam suporte para liga- que se afigura cada vez mais
logias servem propósitos WBG 1000, sendo agora ções Wi-Fi. Desta forma, real.
diferentes: “Enquanto o introduzido o WBG 1200, poderão estar até 30 pes- Os “hot spots”, ou pontos
Bluetooth cria uma ligação que já integra um modem soas em simultâneo a usar de acesso, estão a tornar-se
ponto a ponto, para redes de ADSL para linhas ana- a mesma largura de banda, mais comuns nos EUA e
‘ad hoc’, o Wi-Fi é um pro- lógicas. sendo possível gerir a repar- no Norte da Europa — e
tocolo de ‘networking’ que Ainda nesta semana, tição da largura de banda empresas como a Megabean
a Toshiba vai colocar no entre os utilizadores. estão a investir no alarga-
tema de rede e introduzir mercado o Wireless Router Em termos de segu- mento das redes a locais
segurança.” Center 1000 — ou WRC rança, João Amaral asse- públicos como aeroportos,
Para além dos com- 1000, que dá pelo “nome de gura que é uma questão hotéis, cafés e restaurantes,
putadores, a Toshiba guerra” Carmelo —, que de configuração. O facto de enquanto outros projectos
comercializa ainda ser- funciona com todo o tipo de estas redes se anunciarem garantem já o alargamento
da cobertura a cidades,
sendo a espanhola Zamora
Diferentes tipos de redes sem fios um exemplo a fixar. Para
já, em Portugal, existe um
As redes sem fios (“wireless”) podem agru- suas especificações baseiam-se na norma único “hot spot” da Mega-
par-se em três grandes tipos: 802.11b do Institute of Electrical and Elec- bean, localizado no Hotel
Personal Wireless LAN – redes pessoais, tronics Engineers (IEEE), fazendo parte de Marriott, em Lisboa, mas
ponto a ponto, que usam a tecnologia Blue- uma série de especificações sem fios, jun- outros pontos de acesso
tooth ou de infravermelhos para assegurar a tamente com a 802.11, 802.11a e 802.11g; semipúblicos estão a come-
ligação entre dois equipamentos. todos estas normas usam o protocolo çar a aparecer em universi-
Wireless LAN – redes locais sem fios que Ethernet (a versão com maior segurança dades.
usam os protocolos Wi-Fi. designa-se 802.11X e deverá ser publicada Num futuro muito pró-
Wireless WAN – ou redes sem fios de largo no final deste ano). A cobertura garantida ximo, acreditam Frederico
espectro, onde se enquadram as redes de vai até aos 100 metros dentro de edifícios Carvalho e João Amaral,
GSM, GPRS e UMTS. e 450 metros em campo aberto. a convergência total deverá
Entre os termos a fixar para deslindar estas IEEE 802.11 – conjunto de normas designa- acontecer entre os equipa-
tecnologias estão: das por Wi-Fi. mentos de comunicação e
Wi-Fi – uma rede local sem fios de fre- Bluetooth – tecnologia de curto alcance, de computação, tornando-
quência elevada; esta tecnologia está suportada por várias empresas (Ericsson, se as redes sem fios um
rapidamente a ganhar aceitação junto de IBM, Intel, Nokia e Toshiba), usa a frequência complemento das redes
várias empresas como uma alternativa às de rádio de 2,4 GHz e alcança entre 10 e 100 com fios e estendendo a sua
redes locais com fios; pode também ser metros de distância, e comunicação ponto a capacidade em termos de
instalada para uma rede doméstica. As ponto ou multiponto. ● F.C./CdB conectividade permanente
em qualquer lugar. ●
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2 computadores .21
 JOGOS
O jeito do costume
com a série
T
AL COMO ACONTECE
“Gran Turismo”, também com
“Colin McRae Rally” existe um
contínuo de expectativa: mal
acaba de sair um novo jogo da
saga, já se começa a imaginar como será o
seguinte. E a esperar pela sua chegada.
Inicia-se então um processo — penoso para
os fãs — de gestão e construção
mental da antecipação do “passo” MIGUEL
seguinte. Como o ciclo de produ-
ção destes jogos se alarga já por cerca de dois
anos (tanto quanto uma longa-metragem), aos
meses de consumo voraz do produto do momento
seguem-se meses de água na boca e depois quase
um ano de busca incessante de indícios do que
será a “next big thing”, seja a indicação de que
terá novos troços, de que as opções serão melho-
radas, de que será revisto aquele pormenor que
não agradou, etc. Até que chega o momento de
revelar a primeira imagem, depois o vídeo,
depois a “preview”… e o jogo, num momento
em que o “stress” está já no máximo.
O resultado, além da vontade irreprimível
do fã de estar à porta das lojas no dia em que ele
chega ao mercado (tendo previamente metido
uns dias de férias ou planeando uma gazeta às
aulas) é a garantia de vender milhões de cópias
rapidamente — centenas de milhares das quais
logo nos primeiros dias — com resultados mais
que satisfatórios para produtores e editores.
Mas esta história de clímaxes e anticlíma-
xes tem os seus escolhos. Funciona se o produto
cumprir as expectativas, acaba com qualquer
computadores .22
‘COLIN MCRAE RALLY 3’
saga (e até pode pôr em risco os produtores
financeiramente mais frágeis) se fugir muito
à expectativa geral criada à volta do produto.
Daí que se opte geralmente por abordagens
mais cautelosas que revolucionárias.
“Colin McRae 3” é, nesta lógica, o produto
esperado por milhões de fãs, não um arriscado
passo em frente. Ou seja, cumpre todas as
construções mentais imaginá-
CRESPO veis de forma massificada, não
arrisca em delírios. Claro que
há novidades mas produzidas em laboratório
e em ambiente controlado. O resto é o desen-
volvimento expectável a nível gráfico e sonoro,
melhoria na dinâmica dos carros, na física dos
efeitos especiais, no “design” da interface.
Uma das grandes novidades é a troca de pla-
taformas. Se a estreia na PlayStation 2 é a evo-
lução natural da presença na primeira consola
da Sony, a troca do PC pela Xbox denota uma
aposta realista que acompanha a tendência de
mercado, substituindo o tradicional computador
pelas consolas de última geração como platafor-
mas por excelência para a produção de jogos.
Entre as novidades concretas, a mais
visível é resultado apenas de estratégia
comercial: o surgimento de provas de ralis no
Japão e nos EUA, países por onde não passa o
campeonato mundial mas por onde passa um
grande volume de jogos vendidos. As outras
têm a ver com a existência de um “shakedown”
antes de cada rali, que, tal como na vida real,
serve para verificar se as afinações do carro são
as correctas, ou a possibilidade de examinar a
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
telemetria com vista a melhorar as afinações
e os tempos — tarefa exclusiva para os joga-
dores mais dedicados e “profissionais”.
No desenvolvimento dos conceitos ante-
riores, aquele que mais choca — e é pela
negativa — é a interface. Esta não seria
o motivo único da fama de “Colin McRae
Rally” mas a riqueza das interfaces anterio-
res também era motivo de admiração. Agora
temos uma redução do “design” até ao nível
mais ínfimo e nem por isso mais funcional.
Pelo lado positivo, a apresentação em raios X
do carro na parte das afinações, de belo efeito
visual, vem colmatar um pouco essa falha.
Quanto ao jogo em si a jogabilidade de
excepção mantém-se inalterada, sendo, na
versão para Xbox, necessária uma habitua-
ção à relação controlo-efeito antes de se domi-
nar o carro. Agora com mais provas temos
também direito a mais tipos de pisos — além
dos clássicos asfalto, terra, lama, gravilha e
neve-gelo —, num total de 56 classificativas
divididas em oito ralis.
Quanto aos carros, o herói continua a
“montar” um Ford Focus WRC, apesar de,
na vida real, o piloto ir abandonar a equipa
no final da temporada e passar a conduzir o
Citroën Xsara em 2003. Além dos principais
bólides do actual mundial — cada um repro-
duzido com as suas características próprias
—, há também vários clássicos “escondidos”,
nomeadamente o Ford RS200, uma espécie de
Fórmula 1 do velho Grupo B dos anos 80 que
teve carreira efémera.
Título “Colin McRae Rally 3”
Estilo Corridas 9 /10
Plataforma PS2 e Xbox
Produtor Codemasters
Distribuidor Ecogames
Edição Outubro 2002
De resto, é o jogador, as notas dadas por
Nicky Grist (que também vai deixar de ser
o navegador de Colin…), o cronómetro e as
adversidades do terreno e da meteorologia.
E, neste campo dos efeitos de chuva, neve ou
nevoeiro, há resultados espantosos, nomeada-
mente nas gotas nos vidros e o efeito de arras-
tamento dos limpa-pára-brisas. E falando de
efeitos e resultado gráfico, a Xbox bate niti-
damente a PS2 neste confronto directo. Na
PS2 o jogo não deslumbra mas, na Xbox, roça
muitas vezes o foto-realismo. Na consola da
Microsoft, há ainda uma vantagem prática:
permite quatro jogadores em simultâneo,
enquanto a PS2 se fica pelos dois.
Similar para ambos é a maior interactivi-
dade do cenário — as redes de protecção, por
exemplo, dobram-se com o encostar do carro,
não se comportando como um muro — e a des-
trutibilidade dos carros, que se vão “partindo”
de forma idêntica à real e com causas-conse-
quências muito variadas e bem definidas.
Excelente jogo, “Colin McRae Rally 3” só
não atinge a excelência absoluta por não con-
seguir ultrapassar as expectativas gerais.
Que eram muito altas, é verdade. ●
 JOGOS
ALGUNS DOS ACESSÓRIOS QUE DÃO MAIS REALISMO AOS JOGOS
Golpes e pontapés
no meio da sala
Á SE IMAGINOU a praticar futebol
J
dando pontapés no meio da sua
sala? E que tal um pouco de “surf”
relaxante sem molhar os dedos dos
pés? Ou de “snowboard” sem sair
do calor do lar? Ou de dar golpes de karate
em frente ao televisor? Se calhar já e até é
provável que já tenha jogado
num simulador virtual destes MIGUEL
desportos. Mas quase de cer-
teza que não o fez usando um campo de fute-
bol, uma prancha ou uma arena para lutas.
Mas se é fã de um destes desportos ou
ainda de motociclismo ou tiro ao alvo, fique
sabendo que a Thrustmaster — um dos
mais prestigiados fabricantes de acessórios
lúdicos para PC e consolas — pensou em
si, oferecendo no seu catálogo os acessórios
mais inesperados para aumentar o realismo
dos videojogos. E não pense que é só lá fora,
porque a representante oficial da Thrustmas-
ter, a Inforjogos, comercializa todo o catálogo
do fabricante em Portugal.
O mais apelativo de todos os acessórios é
o Football Stadium, com licenciamento oficial
do Campeonato Mundial de Futebol 2002. Na
prática, trata-se de um tapete com detecção de
movimento que permite ao jogador, colocado
sobre ele, fazer os passes e remates como
se estivesse em pleno campo. Além disso,
este tapete é suficientemente “esperto” para
permitir a realização de cortes defensivos
destinados a desarmar o adversário.
Para aumentar a compatibilidade com
os numerosos jogos de futebol existentes, o
Football Stadium tem quatro configurações
pré-definidas. Este acessório está disponível
para PlayStation 2 e para a GameCube por
um preço de 65 euros.
O Free Styler Board, disponível para a
PlayStation 2 e para a Xbox (90 euros e 110
euros, respectivamente), é uma prancha do
tipo “snowboard” que permite ao jogador
sentir na sola dos pés as emoções de todos
os jogos com prancha, do “skate” ao “surf”,
passando pelo “snowboard”. Como seria
de esperar, o jogador coloca-se em cima da
prancha… e é só jogar.
Esta prancha, com superfície antiderra-
pante que suporta até 120 kilogramas (não
sendo aconselhável a menores
CRESPO de 6 anos e a quem pese menos
de 50 Kg) tem um sensor de
inclinação, para movimentos laterais, que
proporciona a sensação de movimento. Inclui
dois botões analógicos para as funções de subir
e descer, e, num minicontrolo, dois gatilhos e
os típicos seis botões de acção, além do D-pad
digital com oito direcções, um “minijoystick” e
os obrigatórios botões de Start e Back.
Trocando os desportos radicais pelos
combates corpo a corpo, podemos recorrer à
Fighting Arena. Disponível apenas para a
PlayStation 2 e a PSOne (por 110 euros),
trata-se um tapete táctil, com duas estru-
turas verticais que funcionam como arena
para todos os jogos de boxe ou de luta.
No tapete e nas barras, existem quatro
sensores de infravermelhos para permitir
a realização dos golpes, tanto na frente
como nos lados. No chão, estão os botões
direccionais e ainda as teclas de função que
permitem o acesso aos golpes especiais.
Para os amantes das duas rodas — ou
sem elas —, existe o Free Styler Bike, um
guiador do tipo mota que pode ser usado para
simuladores de motociclismo, motas de água
ou mesmo motas de neve. Disponível para a
PSOne ou a PlayStation 2 (100 euros), tem um
botão que permite alterar as sensações entre
todo-o-terreno ou velocidade, alavanca digital
para embraiagem ou travão, os habituais
botões de função e direccionais, alavanca de
travagem analógica, manípulo de aceleração
analógico com textura de borracha, vibração e
duas posições de uso: com mesa ou no sofá.
S E G U N D A - F E I R A . 2 8 . O U T U B R O . 2 0 0 2
Mais comuns são as pistolas e outras
armas de fogo mas a Thrustmaster
propõe uma das mais compactas e atra-
entes, a Walther PPK, uma réplica da
pistola preferida de James Bond, com
motor de vibração incorporado.
Compatível com as normas Guncom 2
e 1 — da PlayStation 2 e da PSOne (por 45
euros) —, permite a selecção de funções,
tem três modos de disparo (normal, “auto-
reload” e “auto-fire+auto-reload”) e vibração
com possibilidade de ser desactivada.
Habituais são também os “joysticks” e os
volantes, existindo, no primeiro caso, versões
licenciadas do tipo “Top Gun”, com motor
incluído no punho e compatível com jogos de
simulação espacial e de combate aéreo (PlayS-
tation 2, a 50 euros, e Xbox, a 55 euros), e do
tipo “FIFA World Cup 2002” (PlayStation 2,
a 46 euros). Nos volantes, estão disponíveis os
do “Ferrari 360 Modena: Red Edition”, para
PlayStation 2 (65 euros) e para a Xbox (90
euros), e o “Ferrari Challenge 2 Racing Wheel”
(GameCube, a 45 euros, e Xbox, a 60 euros).
No campo dos controlos alternativos
aos originais das consolas, a Thrustmas-
ter também tem vasta gama, dos quais se
destacam os personalizados com vários
licenciamentos.
Assim, existem controlos para PlaySta-
tion 2, Xbox e GameCube, com licenciamento
do Mundial de futebol, da Ferrari (com um
desenho do tipo painel de instrumentos para
a Xbox ou todo vermelho para a PlayStation 2)
ou com formas mais afastadas das dos contro-
los originais, como acontece com o U Pad para
PlayStation 2 (bojudo e em forma de U) ou com
o Firestorm Powershock para GameCube. Os
preços variam entre os 20 e os 38 euros.
Para os interessados, destaque ainda
para uma curiosa mala de transporte
para a GameCube, a que foi dado o nome
de “Move’n Play” (30 euros). ●
dica
Sincronização da hora da Internet
Uma das funcionalidades introduzidas no
Windows XP (nas suas versões Home ou
Professional) é a da sincronização automática
da hora do computador com a hora definida
num servidor de horas na Internet.
Para se aceder a esta função, tem que se abrir
as Propriedades de Data e Hora ou, através do
menu Iniciar/Painel de Controlo/Data e Hora,
ou dando dois cliques sobre o relógio da Barra
de Tarefas. Esta janela apresenta no Windows
XP um terceiro separador denominado
Hora da Internet (ver imagem), onde, por
omissão, está activada a função “Sincronizar
automaticamente com um servidor de horas
na Internet”, sendo o servidor escolhido o
time.windows.com.
Também por omissão, só aparecem disponíveis
este e o time.nist.gov, os dois primeiros que
aparecem na lista da nossa imagem. No entanto,
é possível acrescentar outros servidores, sendo
para tal necessário utilizar o Editor de Registo
do Windows.
Como já de outras vezes avisámos, quando se
mexe no Registo (ou Registry), é necessário
fazê-lo com muito cuidado — devendo, se
possível, criar cópias dele ou pelo menos da
chave onde se fazem alterações.
No caso português, existe um “site” que
disponibiliza a hora legal, pertencente ao
Observatório Astronómico de Lisboa, da
Faculdade de Ciências, e que, desde Julho
último, através do Centro Horário de Alta
Segurança, ainda permite fazer a certificação da
Hora Legal Digital.
A hora legal pode ser directamente acedida
via “browser” através do endereço http:
//www.oal.ul.pt/cgi-bin/hora.cgi , ou,
então, sincronizada utilizando o servidor
ntp02.oal.ul.pt — sendo necessário para tal
acrescentar, então, este endereço à lista dos dois
existentes por omissão no Windows XP.
Para iniciar o Editor de Registo do Windows,
escolhe-se Iniciar/Executar e escreve-se
Regedit na linha Abrir. Na janela do Registo,
procura-se e selecciona-se a chave HKEY_
LOCAL_MACHINE\SOFTWARE\Microsoft\
Windows\CurrentVersion\DateTime\Servers. No
menu Editar, escolhe-se Novo/Valor da Cadeia,
ou então dá-se um clique com o botão direito
do rato na área da direita da janela e escolhe-
se aquele comando no menu que aparece em
seguida.
Isto faz aparecer um novo valor, por baixo dos 1
e 2 já existentes, com um campo para introduzir
o respectivo nome. Se só existirem aqueles dois
de origem, dá-se o nome “3”; se não, atribui-se-
lhe o número a seguir ao último existente.
A seguir, com o valor seleccionado, escolhe-se
Editar/Modificar ou então dá-se dois cliques
sobre ele. Aparece a janela Editar Cadeia com o
campo Dados do Valor em branco, digitando-se
então aí o endereço ntp02.oal.ul.pt. Carrega-
se no botão OK e fecha-se o Editor de Registo,
ficando a alteração automaticamente gravada.
Se se abrir em seguida, de novo, a janela
Propriedades de Data e Hora e se desenrolar
a lista dos servidores do separador Hora da
Internet, ela terá o aspecto que se pode ver na
imagem, com o endereço que acrescentámos a
aparecer em terceiro lugar. ● JOSÉ DOUTIL
computadores .23
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