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CLÁUDIABERNHARDTDESOUZAPACHECO

A Multinacional
Americana
das Drogas

Av. Rebouças 3819 · 05401-450 São Paulo


Tel. (11) 3032-3616 · Fax. (11) 3815-9920
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Capa:
Ângela Stein

Assistente de Redação
José Ortiz de Camargo Neto

Revisão da 3ª edição
José Ortiz de Camargo Neto, Regina Pacheco
Maria Regina T. Weckwerth

Ilustrações:
Angela Stein e Sandra Segurado

Diagramação:
Ricardo Montanari

Fotocomposição:
Mara Lúcia Szankowski

Impressão e acabamentos:
Gráfica Energética Ltda.

Copyright © 2009 Proton Editora Ltda 100

Todos os direitos reservados.


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ISBN 978-85-7072-060-3 75

Tiragem: 3ª edição, Novembro de 2009 (1000 exemplares)


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“Dedico este dossiê a todos os indivíduos que


deram a vida pelo combate à corrupção, bem como às
crianças, que merecem ter uma vida melhor do que a 100

sociedade lhes oferece.” 95

Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco 75

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“Agradeço ao jornalista José Ortiz de Camargo 100

Neto pela contribuição dada na pesquisa dos dados 95

contidos neste dossiê.”


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Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco


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ÍNDICE

Apresentação ............................................................................. 7
Explicação (datada de outubro de 2007) ............................................ 15

1ª Parte – A Multinacional Americana das Drogas ................................... 25


Tio Sam depende totalmente das drogas,
psicológica e economicamente considerando ................... 27
Drogas: A arma do sistema (“establishment”)
para adormecer a consciência social ................................. 31
A multinacional americana das drogas .................................... 37
As bases militares: uma possível conexão do tráfico ................ 53
A Cia e o poder americano controlam as mentes
através das drogas .............................................................. 65
O tráfico da morte em Portugal .......................................... 75
100

2ª Parte – A Dimensão Mundial do Negócio das Drogas ........................ 85 95

As drogas através da História .............................................. 87 75

Quem são os responsáveis pelo tráfico da morte? .................... 103


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6 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

A “lavagem" do dinheiro .......................................................... 119


A guerra das multinacionais da droga
contra os que se opõem ao narcotráfico .............................. 131
A promoção subliminar (e direta)
das multinacionais das drogas ............................................ 145
Soluções propostas para o problema das drogas ...................... 157
Libertação, o poder e as drogas ................................................. 165
Sugestões de Leitura .......................................................... 172

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APRESENTAÇÃO
O Projeto do Dossiê
Multinacional Americana das Drogas
(o sonho em Lisboa)
Na noite do dia 26 para 27 de abril do ano de 1990, época
em que eu estava trabalhando em Lisboa, tive um sonho revelador
no qual recebi interiormente uma “ordem”: pesquisar mais, escrever,
falar, conscientizar o maior número possível de pessoas sobre a
situação do narcotráfico no mundo.
Desse sonho nasceu o dossiê Multinacional Americana das
Drogas publicado em inglês, francês e português e que mudou
totalmente o conceito de milhares de europeus a respeito do
problema do narcotráfico.
Após a publicação desse dossiê, as mídias francesas e outras
fizeram uma série de programas e publicaram livros mostrando a conexão
da CIA e dos Serviços Secretos com o tráfico de narcóticos.
A seguir a carta que enviei para Martha e José Ortiz1, com
quem eu trabalhava proximamente. 100

95

75

[1] José Ortiz de Camargo Neto, jornalista que colaborou nas pesquisas e
na redação deste dossiê.
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8 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Lisboa, 27 de Abril de 1990


Caros Martha e Ortiz,
Esta noite, tive um sonho que mostrava a mim mesma
prevenindo (conscientizando) as famílias em Portugal, na França
e em todos os locais onde existe ISAT2, quanto ao perigo que
ronda as suas casas com relação aos traficantes de drogas. Eu
acordei e escrevi aqui o que eu percebi, com muita lucidez, e que
deve ser divulgado.
Esses criminosos de alta periculosidade se infiltram nas
comunidades e órgãos públicos como governos, justiça, polícia,
igrejas, escolas, empresas, principalmente nos postos de poder
econômico e poder público. Que eles são muito mais perigosos
do que as drogas que eles distribuem.
Eles são os psicóticos e psicopatas descritos no livro “A
Libertação dos Povos – Patologia do Poder” (de Keppe, Pacheco e outros
autores), que agem como demônios, destruindo a civilização.
Eles agem, se insinuam, mentem, corrompem, ameaçam,
atacam, matam, mutilam crianças, jovens, adultos inteligentes e
produtivos, cientistas, artistas — eles trituram os seres humanos
na máquina de fazer dinheiro chamada: tráfico das drogas.
Eles matam de várias maneiras:
a) através das drogas que vendem;
b) através do “enxugamento” da economia das nações – eles
sugam todo o dinheiro que está nas mãos do povo –
acabando com a produção construtiva de uma nação, pois 100

retiram-lhe a riqueza (o capital), retendo-a em suas enormes 95


fortunas privadas;
75

[2] Sociedade Internacional de Trilogia Analítica.


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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 9

c) assassinando todos os que põem resistência a sua marcha


determinada e desenfreada de destruição.
Esses indivíduos não são somente problema da polícia e de
juízes e de promotores públicos são o nosso problema, são “o”
problema do povo:
a) primeiro, porque muitos dos juízes, policiais e promotores já
se corromperam e ingressaram na milionária máquina da
MORTE favorecendo os traficantes no seu trabalho;
b) segundo, porque se resistem à tentação da corrupção, caem
no problema do medo. Eles temem ser assassinados ou ver
suas famílias dizimadas, caso resistam e se oponham aos
criminosos.
c) e terceiro, porque a luta é desproporcional:
1. há muito mais pessoas envolvidas no tráfico de drogas, com
todo o poder nas mãos e toda a estrutura organizada para o
ataque (são fortalezas bem armadas);
2. há muito mais indivíduos dependentes da droga que podem
até matar para poder adquiri-las;
3. do que o pequeno grupo de indivíduos que, heroicamente,
doam suas vidas para a erradicação deste mal.
Por isso Keppe e Pacheco foram atacados nos EUA, Brasil, e
sofrem perseguição e sabotagem de grupos secretos, infiltrados por
toda a parte nos países onde há sedes da Sociedade Internacional de
Trilogia Analítica.
100
É necessário que o povo, o indivíduo “leigo”, o pai e mãe de
família, o(a) irmão(ã), o(a) filho(a), o(a) namorado(a), o marido 95

(mulher) que vivem o drama da toxicomania, mesmo sem o desejar, 75


ou que ainda não o vivem, mas temem a qualquer momento ser
atingidos pelo problema, que ajudem a esse pequeno exército de
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10 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

indivíduos corajosos e idealistas, que amam a vida e ainda esperam


ver nascer uma humanidade melhor.
A responsabilidade pelo futuro da humanidade está nas mãos
de todos os seres humanos – do povo – e não só de seus governantes.
Os próprios governos estão contaminados por esse proble-
ma, e é necessário que a população acorde para essa realidade. A
situação é grave: o mal já foi longe demais e, mesmo os
governantes honestos que se propõem atualmente a realizar essa
guerra já não poderão abater o inimigo sozinhos.
Inclusive – e o que é mais importante – é justamente
dentro da estrutura de poder – público e econômico – que os
maiores assassinos das drogas se infiltram formando as milionárias
máfias modernas: as Multinacionais das Drogas.
O problema é mais difícil do que se apresenta; ele é a ponta
de um iceberg enorme, pois as multinacionais das drogas são
como fantasmas que não se mostram à luz da verdade – elas se
mascaram, se escondem dos olhos do povo e agem às escuras,
pelas costas.
Se pudéssemos designá-las com um sinônimo, o ideal seria:
são demônios.

A influência americana
Outro ponto extremamente importante é que o mundo
parece estar adormecido para o grande dragão das drogas que
atua dentro e através dos Estados Unidos. 100

Primeiro, “ele” disseminou as drogas nos Estados Unidos 95

levando-o ao caos da destruição econômica, educacional, política,


humana, moral – destruição esta que pouco a pouco aparece
75

para o resto do mundo. Depois, tem sido a própria nação


americana que, basicamente, se encarregou de disseminar esse
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 11

mesmo "dragão" de fogo que espalha a morte e decadência no


planeta assim:
1º) através da promoção que fazem de seus hábitos e filosofia
de vida com seus filmes de cinema, TV, livros, revistas,
escolas, música etc, que propagam a violência, o abuso das
drogas, a promiscuidade, a decadência cultural, ética,
profissional. Promovem os “psicologismos” alienantes e as
filosofias “liberalizantes”, que pregam que "tudo pode ser
feito”, seja o bem ou o mal;
2º) através da política econômica imperialista, que obrigou
vários países do terceiro mundo, estrangulados e sugados
em suas fontes reais de riqueza, naturais e advindas do
trabalho, a optar por “economias alternativas” de produção
de matéria-prima para as drogas (coca, maconha, papoula
etc.) para poderem sobreviver. (É o caso da Colômbia, que
é riquíssima em ouro, pedras preciosas, café etc., mas que é
sugada pelos americanos, e o povo optou pelo plantio da
coca para terem o que comer.)
3º) e, muito importante, através da rede internacional americana
da produção, distribuição e vendas de entorpecentes que
está atuante, muitíssimo bem organizada, e camuflada, em
todos os países aonde ela tem acesso.
Obs.: O grande problema com relação à Multinacional Americana
das Drogas é que seus agentes são, praticamente,
desconhecidos do mundo. Eles se escondem atrás de uma
falsa imagem, construída profissionalmente, através da
promoção especializada. Eles vestem a camisa de soldados 100

que lutam contra o tráfico na espalhafatosa “Guerra contra 95


as Drogas” desencadeada por Ronald Reagan, e seguida
atualmente por Bush3. 75

[3] 1990
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12 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Essa guerra, mais parece uma grande produção de


Holywood, mais uma farsa promocional. Como cita Frederic
Filloux, jornalista (correspondente de New York) do periódico
francês Liberation, no artigo do dia 19 de Abril de 1990,
referindo-se às medidas adotadas pelo Promotor Geral
americano Dick Thornburgh com relação à lavagem do dinheiro
do tráfico através de bancos americanos: “Mais cette action de
justice ressemble surtout a un coup de pub. Ce dont a bien besoin
1’administration Bush au moment où la lutte contre le trafic de drogue
apparaît comme un échec jusque dans la capitale fédérale”4.
Os demais americanos são vistos como vítimas do vício,
como consumidores, mas nunca o mundo os viu ou vê como
concorrentes dos colombianos, brasileiros e mesmo europeus no
mercado internacional de morte!
O maior perigo é sempre o que está escondido de nossa
percepção. Uma vez detectado um problema, ele pode ser erra-
dicado – com esforço, dedicação e amor, mas a conscientização de
um problema já é 50% do caminho andado em direção a sua
solução.
Tudo isso eu percebi esta noite, e de madrugada redigi este
apelo aos nossos futuros amigos. Digo futuros amigos porque sei
que poderá ser formada uma resistência ou um exército mesmo,
decidido a acabar de uma vez por todas com esse terror que
atormenta e persegue não só a Keppe e Pacheco, mas a todas as
criaturas de Deus.

100

95

[4] “Mas esta ação de justiça parece, sobretudo um golpe publicitário. Do 75


qual a administração Bush tem tanta necessidade atualmente onde a
luta contra o tráfico de drogas aparece como um fracasso até na capital
federal.” (traduzido pela Luciara Avelino, professora de francês da
Escola de Línguas Millennium - São Paulo.)
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Eu peço a vocês que tornem público este apelo, que o


divulguem ao máximo, e rapidamente, pois não temos muito
tempo.
Estamos num estrangulamento final: desde junho em
diante ou o exército de indivíduos verdadeiros se ergue para
acabar com esse “Dragão da Morte” (o poder econômico gerado
pelo tráfico de entorpecentes) ou seremos, todos, fatalmente e
gradativamente liquidados.
Com muita esperança saúdo-os,

Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco

100

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14 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

"As multinacionais das drogas são como fantasmas 100

que não se mostram à luz da verdade – eles se 95

mascaram, se escondem dos olhos do povo e agem às 75

escuras, pelas costas, amordaçando os jornalistas para


que não os denunciem." 25

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EXPLICAÇÃO
(datada de outubro de 2007)
Preparamos este dossiê na França, no início dos anos 90,
com a finalidade de mostrar o lado oculto do narcotráfico,
justamente o mais perigoso, porque inconscientizado. Do mesmo
modo que na psicanálise o restabelecimento do cliente advém de
conscientizar o que rejeita ver, na sociedade é também a visão exata
dos problemas ocultados que poderá trazer um reequilíbrio social.
Naquela época, não poderíamos imaginar quanto se
propagaria o tráfico da morte dali a dez ou quinze anos, até ser
conscientizado. Em 2007, após cuidadosa pesquisa, notamos que as
hipóteses contidas neste dossiê se comprovaram inteiramente
corretas – e nunca, como hoje, há tanta necessidade de
conscientizarmos definitivamente este problema, para chegarmos a
uma solução almejada por todos.
Para que o leitor possa situar-se melhor, fizemos inicial-
mente uma comparação entre dados atuais e os do início de nossa
pesquisa – este é, em suma, o conteúdo desta apresentação.

EUA, o maior produtor mundial de marijuana


“Os Estados Unidos tornaram-se sem dúvida, o mais importante 100

produtor de marijuana do mundo, e esta planta é, certamente, a 2ª ou 3ª 95


cultura da Califórnia” , declarou o prêmio Nobel de economia
Milton Friedman ao jornal Le Figaro (19/05/90), quando 75

escrevíamos este dossiê na França. E atualmente como estaria a


situação?
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16 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“A produção de marijuana se multiplicou por 10 nos Estados


Unidos desde 1981; é a cultura que mais gera dinheiro no país, acima das
plantações como milho e trigo combinados”, segundo estudo divulgado
pela BBC (BBC.mundo.com) dia 19/12/2006.
“É o cultivo mais rentável em 12 estados do país, um dos três que
gera mais dinheiro em 30 estados e um dos cinco primeiros em 39
estados”, informa o estudo divulgado pela BBC, apresentado pela
Coalizão para a Reclassificação da Cannabis, “baseado em cifras
oficiais do governo dos EUA”.
Segundo o documento, “o valor anual da produção é de 35
bilhões de dólares” (compare o leitor com a cifra de 18,6 bilhões em
1985, divulgada pelo jornal USA Today, de 10/01/86), e “a
produção de marijuana se tem convertido em uma parte onipresente e
não erradicável da economia nacional”.
De acordo com a notícia da BBC, "um porta-voz da Agência
Antidrogas dos Estados Unidos disse que (...) esta é a droga de que mais
comumente se abusa no país”.
Nos Estados Unidos 45 bilhões de pés de maconha (cannabis)
foram cultivados no ano de 2006, ou seja, 8.942 toneladas,
afirma Wálter Fanganiello Maierovitch, colunista da revista
Carta Capital e presidente do Instituto Giovanni Falcone, em artigo
intitulado “Maconha fatura mais que milho e soja nos EUA”, de
quinta-feira, 21/12/2006, (www.ibgf.org.br).
Segundo ele, “O levantamento (a que se refere a notícia da
BBC) foi realizado pelo pesquisador Jon Gettman, conhecido nos EUA
como especialista respeitado nos estudos e pesquisas sobre o fenômeno de 100

drogas pesadas”.
95

Do artigo de Fanganielo deduz-se que a marijuana é


plantada nas barbas da Casa Branca, ou seja, na própria capital 75

dos Estados Unidos, Washington, onde “o plantio de marijuana


rendeu 591 milhões de dólares”. “A Califórnia – chamada de Golden
State (Estado de Ouro) – é o maior produtor”, e os cultivos atravessam 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 17

os Estados Unidos de ponta a ponta, “são encontrados da Costa do


Pacífico à Costa Atlântica”.

A “guerra” teatral do governo dos EUA


contra as drogas
Por que o governo norte-americano não combate a
produção, tráfico e lavagem do dinheiro das drogas dentro de
seu próprio país, se está em “guerra contra as drogas”? Por esse
motivo, inúmeros autores aqui citados afirmavam já nos anos 90
que essa “guerra” era “teatral”, ou “golpe publicitário” (para
acobertar suas verdadeiras atitudes e intenções, dizemos nós). E
atualmente, como pensam os analistas?
“Os EUA recorrem ao protecionismo para resguardar seus
“narcoprodutores” da competição externa. Utiliza desfolhantes contra o
cultivo de marijuana no México, para favorecer seu desenvolvimento na
Califórnia;(...); guerreia contra os cultivadores latino-americanos
auxiliando seus velhos sócios do sudeste asiático”, afirma no artigo “O
Comércio das Drogas Hoje”, o historiador Osvaldo Coggiola, prof.
dr. do Departamento de História da USP e autor de diversos
livros sobre história econômica (revista De Olho na História n° 4,
2003 – Revista de História Contemporânea da Universidade
Federal da Bahia).
“Se os EUA tivessem vontade política de combater o narcotráfico
poderiam (...) agir contra os bancos norte-americanos que lavam os
narcodólares. (...) Por que não fazê-la contra os produtores californianos
de maconha, que depois de substituir a Colômbia no primeiro lugar do 100

fornecimento dessa droga, colocaram os EUA entre os três primeiros


produtores mundiais?” indaga ele. 95

A “guerra contra as drogas” do governo dos EUA é apenas 75

um combate do narcotráfico “institucional”, realizado pelos


agentes norte-americanos, contra o “não institucional”, praticado
por quadrilhas que não fazem parte do esquema, diz o jornalista 25

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18 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

mexicano Mário Menéndez Rodriguez, do periódico Por Esto! –


ou seja, um ataque seletivo aos traficantes concorrentes (tese,
aliás, que aventamos na 1ª edição deste dossiê).
“O preço da droga é fixado pela DEA (agência norte-americana
antidrogas) em conivência com as máfias”, disse Menéndez em
entrevista a Luciano Alzaga (www.rebelion.org) em 16/06/2007.
“O narcotráfico institucional serve para garantir e controlar o setor da
economia norte-americana em que estão envolvidos 25 milhões de
viciados. Porém, outra gente começa a meter droga por outros pontos da
fronteira dos Estados Unidos, (...) e assim inundam o mercado. A DEA
sabe que ocorre isso quando há excesso de droga nos EUA. O preço vem
abaixo, portanto há competição com os institucionais, e essa concorrência
é que eles combatem. Quando se lê: “Grande Campanha Contra o
Narcotráfico”, é contra o não institucional, no institucional não se toca.”
Declarou ainda o jornalista: “A droga segue a rota (...) e se
entrega na fronteira dos EUA à DEA, que não suja as mãos para nada.
Os países pelos quais percorre a droga são os que fazem o trabalho sujo.
Por isso nada denuncia o tráfico institucional. E por que o governo do
México aceita tudo isto? Porque é ordem dos Estados Unidos e existe
uma dependência absoluta com o governo norte-americano”.
Também a perseguição aos envolvidos é seletiva, segundo
o prof. de Sociologia na UNISUL, Mauri Antonio da Silva: “As
prisões dos Estados Unidos, as mais povoadas do planeta, estão cheias de
jovens drogados, pobres e negros. Na América Latina, milhares de jovens
estão morrendo na guerra do narcotráfico. Até agora, nenhum banqueiro
foi preso.” (Artigo “A lavagem do dinheiro sujo nos Estados Unidos”).
100

O papel dos bancos como sócios do narcotráfico 95

“O narcotráfico (...) favorece principalmente o sistema financeiro 75

mundial”, afirma o prof. Osvaldo Coggiola, já citado. (...) “Todos os


bancos de envergadura, desde o Boston até o Credit Suisse, participam
desta operação. Pelas somas envolvidas, a “lavagem” seria impossível 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 19

sem a cumplicidade dos banqueiros que intermedeiam a legalização do


dinheiro sujo e a sua conversão em ativos, empresas ou imóveis.(...) Esta
associação entre mafiosos e banqueiros se apoia, em última instância, no
sigilo bancário”.
“Mais de 95% do rendimento gerado pelo contrabando dos
opiáceos vai para o crime organizado e instituições bancárias e
financeiras”. (...) “O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que
a lavagem global de dinheiro se situa entre os USD 590 bilhões e 1,5
trilhão de dólares ao ano. (...) Uma grande fatia da lavagem (...) está
relacionada com o comércio de narcóticos”, escreveu Michel
Chossudovsky, professor de economia na Universidade de
Otawa, autor do livro America’s “War On Terrorism” (Global
Research, 2005) no artigo “Quem beneficia com o negócio do ópio
afegão” (24 /10/ 2006).
“Na última década os bancos estadunidenses “lavaram” em torno
de 2,5 a 5 trilhões de dólares de dinheiro “sujo”, que passou a fazer parte
do circuito financeiro dos Estados Unidos, servindo de suporte para
equilibrar o déficit da balança de pagamentos dos Estados Unidos da
América do Norte”, escreveu no artigo “A lavagem de dinheiro “sujo”
nos Estados Unidos”, o professor de Sociologia da UNISUL Mauri
Antonio da Silva, citando o sociólogo James Petras, que, em seu
mais recente livro “Império e Políticas Revolucionárias na América
Latina", destaca “a magnitude e o âmbito da “lavagem” de dinheiro
pelos grandes bancos estadunidenses e europeus".
Segundo ele, “ (...) “Os cerca de 500 bilhões de dólares de
dinheiro ‘sujo’ que entram anualmente neste país superam os
rendimentos líquidos de todas as companhias de computação dos 100

Estados Unidos e certamente seus lucros” (...)“Os maiores bancos 95


estadunidenses, Bank Of America, J.P. Morgan, Chase Manhatan e
Citibank , estão obtendo altos lucros com a gestão de dinheiro de origem 75

criminosa.”

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20 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“O Citibank, o primeiro em “lavagem” de dinheiro é o maior banco


dos Estados Unidos, com 180 mil empregados em todo o mundo, com 700
bilhões de dólares em depósitos conhecidos e mais de 100 bilhões de dólares
em contas particulares secretas; realiza operações de private bank, que é o
gerenciamento de contas milionárias de 1 milhão de dólares no mínimo, com
taxa de rendimento de 20 a 25% ao ano, em mais de 30 países,
constituindo-se no banco privado de maior presença global.”

As novas guerras do ópio


Atualmente, fala-se muito em “guerras do petróleo” como
o ex-presidente do Federal Reserve (banco central americano),
Alan Greenspan, disse em sua autobiografia, que a guerra do
Iraque foi devida ao petróleo – artigo : Greenspan: sede de petróleo
dos EUA provocou guerra no Iraque – Washington AFP,
16/09/2007, 04h20). Porém, poucos conscientizaram as
“guerras das drogas”, que estão por trás de conflitos modernos.
“Há poderosos interesses financeiros e de negócios por detrás dos
narcóticos. Deste ponto de vista o controle geo-político e militar das rotas
da droga é tão estratégico como o petróleo e os condutos de petróleo.”
(“Quem beneficia com o negócio do ópio afegão?” Michel Chossudovsky,
artigo citado.)
Muitos dos conflitos modernos lembram a Guerra do Ópio
(1840-60), vencida pela Inglaterra contra a China, “resultante da
postura da Inglaterra como promotora do tráfico de ópio na China do
século XIX, bem como das plantações deste mesmo narcótico em
território indiano. A Inglaterra (...) auferia lucros exorbitantes (...) com o 100
tráfico de ópio para a cidade chinesa de Lintim.. (...) Tudo isso acontecia
com a aprovação declarada, e documentalmente registrada, do 95

parlamento inglês, que por inúmeras vezes manifestou os inconvenientes 75


da interrupção de um negócio tão rentável”. (“O comércio das drogas
hoje”, Osvaldo Coggiola, artigo citado.)
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 21

Afeganistão
No ano 2000–2001, os Estados Unidos passaram por uma
crise econômica muito séria, noticiada em todos os jornais do
mundo. Com a economia em queda livre, buscava-se saber a
causa. E então houve a invasão do Afeganistão.
A BBC BRASIL, em 19 de janeiro de 2004, noticiou que
“O regime do Talebã no Afeganistão (deposto pela invasão
norte-americana em 2001) teve a política mais eficaz de combate às
drogas dos tempos modernos. (...) resultou numa redução de 65% na
quantidade de heroína que circulava no mundo.” – ou seja, reduziu
em quase dois terços o milionário fluxo de dinheiro que
alimentava os grandes bancos norte-americanos. (Artigo “Talebã
tinha o regime mais eficaz do mundo contra drogas, diz estudo – Regime
afegão reduziu produção mundial de heroína em 65%).
“Em 2001, de acordo com os dados da ONU, a produção do ópio
caiu para 185 toneladas. Imediatamente após a invasão levada a cabo
pelos EUA em outubro de 2001, a produção aumentou substancialmente,
recuperando níveis históricos”, escreveu Michel Chossudovsky no
artigo “Quem beneficia com o negócio do ópio afegão?” já citado. "(...)
Está amplamente documentado o papel central da CIA no desenvolvimento
do triângulo da droga latino-americano e asiático”, disse ele.
“Afeganistão atinge recorde na produção de ópio, diz ONU”,
publicou a Folha Online, (com France Presse e Associated Press),
dia 27/08/2007. “A colheita de ópio no Afeganistão aumentará 34%
e chegará a mais de 8.000 toneladas em 2007. Trata-se do maior
volume de ópio já colhido no Afeganistão, principal produtor da droga 100

no mundo.”
95

Segundo esta notícia, “O ópio afegão representa 93% do


cultivo mundial, contra 92% em 2006. Nenhum outro país produzia 75

narcóticos em escala semelhante desde a China no século 19“, fazendo


já a relação com a Guerra do Ópio movida pela Inglaterra.
25

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22 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Esta tabela, divulgada pela ONU é bem ilustrativa:


Plantação da papoula do ópio no Afeganistão

Ano Plantação Produção


(hectares) (toneladas)
1994 71,470 3,400
1995 53,759 2,300
1996 56,824 2,200
1997 58,416 2,800
1998 63,674 2,700
1999 90,983 4,600
2000 82,172 3,300
2001 7,606 185
2002 74,000 3400
2003 80,000 3600
2004 131,000 4200
2005 104,000 3800
2006 165,000** 6100**

http://www.unodc.org/pdf/afg/afghanistan_opium_survey_2004.p
df Nações Unidas . ** Estimativa

Como se vê, o comércio de heroína no país não só foi


restabelecido, mas atingiu níveis de produção nunca dantes
alcançados.
“Com base na estrutura inglesa dos preços de retalho da heroína, o total 100
dos lucros do mercado da heroína afegã andará à volta dos USD 124,4 bilhões
(...) a USD 194,4 bilhões de dólares. (...) A movimentação anual de narcóticos 95

ao nível mundial é estimada pelas Nações Unidas em USD 400-500 bilhões.O 75


que não é mencionado é o fato de mais de 95% do rendimento gerado
por este contrabando lucrativo ir para as organizações de negócios,
para o crime organizado e para as instituições bancárias e 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 23

financeiras.” (http://globalresearch.ca.index.php?context=viewArticle&code=
CO200609212articleld=3294ONU)

“O Afeganistão já não exporta ópio bruto, mas diretamente


heroína, refinada em laboratórios afegãos" noticiou Antonio
Pimenta, do jornal Hora do Povo no artigo “ONU: Afeganistão
ocupado torna-se o centro da produção de heroína” (19.07.2007).
“Após cinco anos de ocupação, sob proteção armada de marines e
soldados da Otan, e suporte do governo fantoche, (...) alcançou o nível
recorde de 6.100 toneladas de ópio. (...) Nada menos de 37 mil soldados
norte-americanos e da Otan bancam essa transformação do país em uma
fábrica de entorpecentes.”

Kosovo
Em 1999, se inicia a guerra dos Estados Unidos e da Otan no
Kosovo, com um brutal ataque aéreo contra a República Federativa da
Iugoslávia, à margem do Conselho de Segurança da ONU. O terrível
bombardeio ocorreu para garantir que a província do Kosovo se
tornasse independente, como queriam grupos albaneses armados.
Bush deu total apoio ao ingresso imediato da Albânia na Otan e sua
decisão de exigir a independência da província do Kosovo. Acusada de
empreender um genocídio contra a população albanesa, a Sérvia foi
bombardeada pela OTAN, em nome dos direitos humanos. No
bombardeio, foram testadas novas bombas de grafite, destruídos
complexos químicos para provocar deliberadamente poluição, e não
foram poupados alvos civis. Agora, findo esse espetáculo tenebroso de
guerra, como está a situação?
100
“Desde a intervenção da OTAN e da ONU no Kosovo, em
1999, este tornou-se a capital européia do crime. O comércio de escravos 95

sexuais ali floresce. A província transformou-se na placa giratória da 75


droga para a Europa e a América do Norte e o cúmulo é que a maior
parte das drogas provém de um outro país “libertado” pelo Ocidente: o
Afeganistão. Os membros do UÇK, que foi desmobilizado mas não 25

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24 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

desmantelado, participam tanto nesse tráfico como no governo. A polícia


da ONU prende alguns dos implicados nesse tráfico e entrega-os a uma
justiça permeável, aberta à corrupção e às pressões” (artigo:
“Bombardeamos o lado errado”, afirma o ex-comandante da NATO no
Kosovo“ por Lewis Mackenzie). 5.
“O Comércio da droga do Crescente Dourado (...) foi usado para
financiar e equipar o Exército Muçulmano Bósnio (no príncípio dos anos 90) e o
Exército de Libertação do Kosovo (KLA)" (artigo: Osama Bin Laden: un
guerrero de la CIA, por Michel Chossudovsky, Professor de economia na
Universidad de Ottawa).
Nesse mesmo artigo, afirma que “Os principais líderes rebeldes da
Chechênia, Shamil Basayev e Al Khattab foram treinados e doutrinados em
acampamentos patrocinados pela CIA no Afeganistão e Paquistão (...) O
principal oleoduto da Rússia passa pela Chechênia e Daguestan. (...) Os
beneficiados indiretos da guerra chechena são os conglomerados petrolíferos
anglo-estadunidenses que estão lutando pelo controle dos recursos petrolíferos e os
corredores de oleodutos.”
Deixamos que os leitores sigam lendo a respeito desta
importante revelação feita há quase vinte anos, a ser conscientizada por
todos os povos a fim de melhor preservarem a si mesmos, suas famílias
e as suas comunidades.
O Dragão do Narcotráfico já calou, envolveu ou corrompeu
praticamente a todos os governos e polícias do mundo. Caberá agora
aos cidadãos mais honestos tomarem providências a respeito e
passarem adiante as informações contidas neste dossiê.
100

95
[5] O autor comandou tropas em Gaza, Chipre, Vietnã, Cairo, América Central. Em
Sarajevo, durante a guerra civil, foi o responsável pelos contingentes de 31 nações. 75
Atualmente na reforma, trabalha como comentador de assuntos internacionais para o
National Post e para cadeias de televisão americanas. O original encontra-se em The
National Post , 06/Abr/04. Tradução de MJS. Este artigo encontra-se em
http://resistir.info .
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 25

1ª PARTE

A Multinacional
Americana das Drogas

“A separação entre países


consumidores e produtores já não é válida
(...) nos países consumidores há uma
produção crescente de droga
para o consumo próprio
e para o estrangeiro”.

Phillip Shenon, The New York Times

100

95

75

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26 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

100

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27

ESPECIAL

Tio Sam depende totalmente das


drogas psicológica e
economicamente considerando
por Norberto Keppe

“Somente neste ano de 1990 é que conscientizei que os Estados


Unidos como nação é inteiramente dependente do Tráfico da Morte, e
principalmente das drogas – não só no sentido de ingeri-las, mas
economicamente.” (*)
Em 1984 quando me mudei para os Estados Unidos,
fiquei horrorizado ao constatar a orientação totalmente errônea
da sua economia; as fábricas estavam desativadas, a agricultura
totalmente abandonada, grande parte da população vivia do
seguro social, os estudantes pouco sabiam – e, pior ainda, havia 100
um clima de agressão, de descontentamento (e de alegria louca
de outro lado). Realmente não estava no país que havia 95

idealizado e, ao mesmo tempo, contemplava com estupefação, 75


um ex-artista de cinema (Reagan) representando o tempo todo,
mentindo e seguindo uma política de plena especulação. Via que
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28 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

a nação caminhava para a sua destruição, repetindo o mesmo erro


de 1920 e década de 30.
Hoje sei que aquela nação é inviável, pois só se recuperou
quando entrou na 2ª Guerra Mundial (e partiu para a produção de
armamentos), retornando ao pleno emprego, quando a situação
econômica da Europa entrou em colapso. Portanto, Hitler foi quem
a “recuperou”. Mais tarde, a União Soviética deu-lhe incrível força
internacional, levando-a a continuar produzindo armas e a colocar
seus exércitos em todo o mundo ocidental, com suas empresas
multinacionais a explorar os outros países.
Quando fizemos manifestações em Nova York, Boston,
Washington, Filadélfia, não entendíamos por que o povo não se
juntava a nós para recuperar o país. Pouco a pouco fui
percebendo que tinha havido uma verdadeira “mutação” na
mentalidade daquele povo, como se todo ele tivesse entrado em
uma psicose coletiva. O pior de tudo era esse grupo de traficantes
de drogas imiscuído no governo que nos perseguia.
Somente neste ano de 1990 é que conscientizei que os
Estados Unidos como nação é inteiramente dependente do
Tráfico da Morte, e principalmente das drogas – não só no
sentido de ingeri-las, mas economicamente. Desde que terminou
sua fase industrial, agrícola, e agora com a cessação das
hostilidades internacionais, sua fonte de divisas principal passou
a ser esse tipo de fabuloso lucro; afinal eles são o país de maior
consumo.
Quando viajamos pelo interior do país encontramos o
tempo todo proibições de sair fora das estradas; a vigilância da 100

polícia rodoviária era extrema, demonstrando que o Governo 95


não quer realmente que o povo saiba o que se passa dentro daqueles
9 e 1/2 milhões de quilômetros quadrados — e sabemos que 75

existem enormes plantações de marijuana, provavelmente


refinarias para o fabrico de cocaína etc. A revista Vida Soviética,
de fevereiro de 1990, página 4, publicou o seguinte: 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 29

“Os Estados Unidos pretendem passar por grandes campeões da luta


contra o tráfico de drogas, a ponto de “justificar” a invasão do Panamá.
“No entanto, as zonas de Afeganistão controladas pelos Estados
Unidos produzem 600 toneladas de droga por ano.
“Hoje o Afeganistão é um novo centro mundial de droga, disse-nos
Akmed.”
Como o leitor está vendo, o Governo Americano jamais
poderia gostar de nós, que prometíamos recuperar grande
número de drogados, e conscientizar o povo de que ele estava
servindo a multinacional das drogas; éramos uma enorme pedra
no sapato do Tio Sam.
(*) Texto de um livro em elaboração por Norberto Keppe,
sobre sua experiência nos Estados Unidos da América.

100

95

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30 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Os habitantes da Terra gastam mais dinheiro em drogas ilícitas


do que em alimentação. Mais do que gastam com moradia, roupas,
educação, assistência médica ou qualquer outro produto ou serviço. A
indústria internacional de narcóticos é a de maior crescimento no mundo.
Sua renda anual excede meio trilhão de dólares — três vezes o valor de
toda a moeda circulante nos Estados Unidos, mais que o Produto
Interno Bruto de todos os países industrializados, exceto meia dúzia
deles. Para imaginar a vastidão de tal riqueza, considere o seguinte: 1
milhão de dólares em ouro pesa o equivalente a um homem grande. Meio
trilhão de dólares pesaria mais que a população inteira de Washington,
D.C.
100
“Os lucros da indústria de entorpecentes, secretamente depositados
em países competidores do ramo, rendem juros que excedem os 3 milhões de 95

dólares por hora. Com que finalidade esse dinheiro será posteriormente
75
empregado? Qual seu efeito final?” (James Mills, Império Subterrâneo,
Edi. Best Setter, São Paulo, 1989, página 13).
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 31

DROGAS:
A arma do sistema
(“establishment”) para adormecer
a consciência social
A juventude que se droga faz isso pensando que assim está indo contra
o “establishment”. Que grande engano! Os únicos beneficiados diretos com o
seu vício são justamente aqueles que detêm o poder econômico (traficantes,
banqueiros, políticos) e que são os indivíduos mais mal intencionados entre
todos.
Não existe qualquer pessoa, qualquer setor da sociedade que
aprove a tóxico-dependência, a não ser os que comercializam a
droga e têm interesse econômico direto no seu consumo.
Nem sequer os viciados estão contentes com o seu vício; e os
próprios barões da droga não ficariam satisfeitos se vissem seus
filhos morrerem intoxicados ou assassinados em consequência do
tráfico.
A droga é como o diabo: ninguém, em sã consciência o 100

aceita, embora a maior parte da humanidade esteja pactuada com


ele6. Esse é o problema: todos sabem que as drogas matam, mas se 95

deixam seduzir por elas. 75

[6] (*) A origem da palavra droga é da língua persa, que quer dizer demônio.
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32 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Por isso, muitos estudiosos citam que a droga é, indiscuti-


velmente, o maior flagelo atual da humanidade. Ela é atuante, mais
do que nunca, no sentido de destruir as consciências humanas.
Sabe-se que os tóxicos sempre interessaram aos seres
humanos em dois níveis:
1. nível do consumidor: o seu uso propicia o anestesiamento da
consciência, a fuga temporária da realidade, da percepção dos
problemas pessoais e sociais; fornece uma falsa sensação de
liberdade e poder;
2. nível dos que as comercializam: o consumo de drogas pelo
povo oferece-lhes vantagens:
a) de ordem econômica: a droga é o produto que dá a maior
margem de lucro aos que a comercializam. Os narcóticos,
muitíssimo mais lucrativos do que o ouro, do que o petróleo,
têm um mercado seguro, de dependentes de todas as idades,
sexo, raça, religiões etc., que abdicam de qualquer coisa para
adquirirem uma dose de “alívio” passageiro. Deixam de
comer, de vestir, de morar decentemente; chegam a matar
para manterem o vício. Nenhum outro produto até hoje
garantiu fregueses tão fiéis e renda tão constante;
b) de ordem político-social: a droga vem sendo usada, há tempo
(mas nunca tão sistematicamente), pelos poderes interessados
em adormecer a consciência do povo.
Isso já foi feito regularmente na época da revolução
industrial, quando os capitalistas ingleses forneciam ópio para as
famílias pobres dos operários, que as administravam também 100

para seus filhos, com o fito de “abrandar” as durezas de suas


condições de vida. Muitas vezes as crianças permaneciam 95

sozinhas por longas horas em casa, enquanto seus pais iam para o 75

trabalho – e como alternativa, os pais as drogavam para que


permanecessem dormindo.
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 33

Nos campos de lavoura do Peru e da maioria dos países


produtores de coca, os campesinos mascam as folhas “mágicas” para
obterem forças para trabalhar mais tempo e melhor, com os
estômagos vazios por falta de comida.
Na União Soviética, por exemplo, o governo só mantém o
povo mais ou menos sob controle porque lhe fornece “mares” de
vodka. Certa vez, em Leningrado, um artista russo disse-me que se o
governo colocasse restrições ao consumo de bebida para o povo, a
União Soviética implodiria.
Foi precisamente injetando milhares de doses de LSD nos
jovens americanos que, nos anos 60, a CIA e o poder americano
malévolo conseguiram exterminar a “revolução da consciência”
política e social que lá teve início e se chamou “New Left
Movement” (Movimento da Nova Esquerda). Os jovens exigiam
justamente (além do fim da Guerra do Vietnã) muitas mudanças
sociais e econômicas nos Estados Unidos.
Os anos 60 e 70 foram ricos em movimentos estudantis e
trabalhistas na Europa e Américas, que confrontavam a maneira
injusta e anti-humana de viver imposta pelo “establishment”. Desde
que as drogas tomaram conta dos jovens, gradativamente os protestos
foram se extinguindo, até chegarmos à situação atual que é a de total
aridez intelectual, de “pseudocalmaria”, de aparente satisfação social e
conformismo econômico. É o câncer instalado na consciência dos
povos, que pararam de se questionar a respeito das coisas.
No entanto, nunca a qualidade de vida para o ser humano
esteve pior – a satisfação que as sociedades atuais podem oferecer é
praticamente nula. Jamais houve tanta escassez de pensadores, bons 100

escritores, de artistas, de cientistas, de bons filmes, de peças de teatro. 95

O ensino nas escolas e universidades a cada dia está pior; o


desemprego e as condições de trabalho e de vida nas cidades dia a dia 75

são mais desumanas e saturantes.


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34 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

O estilo de vida “trabalhar para consumir e pagar contas” é


extremamente desgastante, árido e insatisfatório. Temos de convir
que a sociedade de consumo organizada pelo poder econômico é um
grande fracasso.
Na TV e cinema, os filmes são geralmente de violência,
perversão e nos intervalos somos bombardeados pela propaganda
que nos obriga a consumir e gastar.
Os governos retiram o apoio às iniciativas culturais e artísticas;
a moda é reflexo da mentalidade do lucro: muita quantidade e baixa
qualidade. Ninguém questiona mais se o sangue humano vale mais
do que o petróleo ou do que a heroína.
Em casa, dia a dia a vida em família torna-se mais tensa, como
resultado das pressões para a sobrevivência. Nem ar puro podemos
mais respirar e, logo, sair às ruas será um suicídio, pois o sol vai atingir
a Terra com raios mortíferos, devido à destruição das camadas de
ozônio pelos gases poluentes na atmosfera.
A comida está cada vez mais cara e de pior qualidade; a maior
parte da humanidade morre de fome e a maioria do povo nos países
“desenvolvidos” trabalha para conseguir comer o essencial, dormir,
vestir-se modestamente, pagar os transportes e ir trabalhar.
O povo economiza o que pode para, uma vez por ano, tirar 15
dias de férias. Mas, quão desgastantes são essas viagens, pois, também
é explorado aonde vai – tudo caro, difícil, há multidões apinhadas em
espaços minúsculos – enfim, tudo leva a gastar, consumir, pagar para
poucos. Caso falhe aos “compromissos”, o sistema de repressão está
pronto para atacar, prender, punir. Encurralado por todos os cantos, 100
o povo é seduzido mais uma vez: agora pela promessa de ser livre
através das drogas. 95

Como podemos culpar os jovens (ou suas famílias e profes- 75

sores) pelo fato de se consumirem drogas?! Uma dose de heroína ou


de cocaína é vista como a única válvula de escape para essa vida
insuportável que foi organizada por certos doentes mentais que 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 35

atualmente dirigem o destino dos povos e das nações. Porém, até essa
suposta válvula de escape serve de benefício a esses mesmos grupos de
poder do narcotráfico, pois o povo mesmo, acaba por se escravizar
mais depressa com esse vício: destrói o próprio cérebro e gasta o que
não tem em favor de seus exploradores.
Não há a menor possibilidade de haver uma solução para o
flagelo das drogas, se não houver uma mudança fundamental na
organização das estruturas sociais e econômicas, bem como na
filosofia de vida. O poder organizou uma vida infernal e agora
entorpece a consciência do povo para que ele não reclame.
Muitos indivíduos que participam dessas estruturas patoló-
gicas de poder, estão inconscientes do que se passa. Nem todos
sabem o que fazer e muito menos imaginam que contribuem para as
intenções tão malévolas desse grupo dominante. Felizmente não são
todos que exploram deliberadamente e que friamente planejam os
seus lucros em detrimento de muitos.
E não haverá condições de se continuar com a vida neste
planeta, se não se brecar, imediatamente, esse mecanismo destrutivo
no qual se encontra a humanidade. Jamais teremos cientistas,
políticos, artistas, educadores de valor para conduzirem os destinos
da humanidade se atualmente seus cérebros estão sendo corroídos
pelos tóxicos. Dia após dia a vida tornar-se-á mais insuportável.
Esse ciclo vicioso precisa ser interrompido o mais rápido pos-
sível. Os indivíduos mais lúcidos, que detêm algum poder de
influência, precisam se conscientizar de que uma grande reforma
deverá ocorrer para que possamos salvar as novas gerações e preservar
o que resta do que os nossos antepassados construíram. 100

A humanidade vinha num crescendo contínuo e gradativo de 95

conscientização e de libertação da opressão dos poderes mal 75

intencionados. Revolução após revolução, ela foi se encaminhando


para condições mais desenvolvidas, mais democráticas.
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36 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

O ser humano caminhava em direção à dignidade e ao


progresso, até que, bruscamente, sua marcha foi interrompida, em
grande parte, pela introdução do uso dos tóxicos. Técnica eficaz foi
utilizada pelas inteligências maquiavélicas, detentoras do poder
econômico!
Felizmente quase ninguém mais aceita qualquer tipo de
violência. Esse é um legado que ninguém jamais rouba da humani-
dade: a consciência de que a violência só pode gerar violência. Mas, as
reformas têm de continuar – racionais, conscientes, baseadas no uso
da inteligência e do afeto, isto é, na preciosa consciência.
Estamos numa era em que, ou o ser humano se sintoniza com
as leis universais, da harmonia, beleza, verdade e bondade que exis-
tem no cosmos e organiza uma vida realmente madura e digna de
existência, ou iremos assistir à derrocada total da espécie humana.
Sem dúvida alguma, as drogas têm servido como um dos meios
mais eficazes, senão o mais eficaz, de anestesiar a consciência humana
e social e de paralisar o desenvolvimento natural da civilização.

100

95

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 37

A MULTINACIONAL
AMERICANA
DAS DROGAS
Nossa experiência e pesquisa demonstram que a economia
americana atual depende grandemente do milionário “business”
internacional dos tóxicos. O imperialismo americano, antes baseado em
certos setores de produção e comércio de produtos, agora gira em torno de
golpes financeiros e da máquina do crime em âmbito nacional e
internacional, principalmente o “business” do narcotráfico, comércio muito
mais lucrativo do que os anteriores.
“De longe, a maior parte do dinheiro da droga é ganha, depositada e
gasta nos Estados Unidos” (The Economist, 21/7/90, pág. 60)

EUA: uma vítima nas mãos dos traficantes?


Um ponto muito importante na situação americana perante a
lucrativa indústria internacional das drogas é que os EUA se colocam
“acima de qualquer suspeita” no sentido de exercer tanto a produção,
quanto a refinação, a distribuição, a venda e também a lavagem do
dinheiro advindo dos entorpecentes.
Embora alguns jornalistas, como Phillip Shenon do The New
York Times, já tenham levantado dúvidas sobre o assunto, dizendo
100

que “A separação entre países consumidores e produtores já não é válida (...) 95

nos países consumidores há uma produção crescente de droga para o consumo


próprio e para o estrangeiro”, a questão não parece estar devidamente
75

conscientizada. (Artigo “Droga nos Estados Unidos é Sinônimo de


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38 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Corrupção”, de Phillip Shenon, do The New York Times, transcrito


pelo Diário de Notícias de 8/5/88).
Até agora, o papel representado pela sociedade norte-
-americana é o de vítima nas garras de traficantes de drogas
trazidas do exterior e traficadas na maior parte por estrangeiros.
E, o próprio governo, investigadores, máquina judiciária são
apresentados como absolutamente incorruptíveis e “os grandes
heróis mundiais” no combate do tráfico da morte.
Esse “papel” já está sendo questionado, pela imprensa
liberal e escritores de alguns países, que qualificam o “combate”
ao narcotráfico da Administração Reagan e Bush não só como
um grande fracasso, mas também como um enorme golpe
publicitário. (Liberation, 19/4/90)
Pouco a pouco se clarifica a desonesta insistência do governo
americano de lançar os seus crimes em outros povos, numa
projeção paranóide típica dos doentes mentais mais graves,
colocando-se como íntegro, e vítima das más ações dos demais.

A economia americana atual baseia-se principalmente


no milionário “business” do narcotráfico
Nossa experiência e pesquisa demonstram que a economia
americana atual depende grandemente do milionário “business” dos
tóxicos em escala mundial. Infelizmente, nos países sobre os quais os
norte-americanos têm muita influência, a economia acaba sendo
baseada em atividades de corrupção, contrabando, crime, deixando
de lado a produção construtiva. Por exemplo: a Colômbia deixou de 100

ter a economia baseada em ouro e café, para atualmente ser um


95
membro da multinacional norte-americana das drogas. O mesmo
está acontecendo com o Brasil, que tem sua economia estagnada e o 75

contrabando criminoso é o grande “business” do momento. Portugal


parece estar em risco de seguir o mesmo caminho. Nos outros países
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 39

onde os Estados Unidos não têm domínio, há contrabando também,


mas ele não representa a principal fatia da economia.
Os seguintes fatos ilustram esta tese:
O povo norte-americano é, de longe, o maior consumidor de
drogas do mundo. O fato de querer consumir tantas drogas não é
culpa dos outros povos, mas consequência de um grave desequilíbrio
psicossocial da nação.
Após a famosa “guerra antidrogas” lançada pela administração
Reagan e seguida por Bush, a oferta de drogas no mercado dos Estados
Unidos aumentou em volume e em disponibilidade.
“O orçamento para o combate à droga subiu para 2,5 bilhões de
dólares no ano fiscal de 1988 (...) Só que este esforço (...) tem se mostrado
ineficaz ( ..) Nunca o fornecimento da cocaína foi tão grande nas ruas, nunca
o preço foi tão baixo e nunca a droga foi tão pura.” (Diário de Notícias,
Phillip Shenon, artigo citado).
"Quando o presidente Bush desencadeou sua guerra contra as drogas
(...) as drogas estavam sendo vendidas em profusão por toda cidade
(Washington) desde os parques que circundam a Casa Branca, até os “guetos”
negros da periferia (...) Até o fim de março (um ano depois), a queda no preço
dos pacotinhos de cocaína nas ruas da cidade demonstra que os suprimentos
continuam até mais abundantes do que antes.” (Revista Veja, abril de 90,
pág. 63).
O mercado norte-americano das drogas (e o mundial) já está
invadido por drogas sintéticas, muito mais potentes e nocivas, por
preços irrisórios, fabricadas dentro dos EUA. O “crack”, por 100
exemplo, derivado da cocaína, preparado por eles, está, mais do que
nunca, disponível a preços irrisórios (2 ou 3 dólares a dose!) não só 95

nas ruas das grandes capitais, mas de ponta a ponta da nação;


75

A produção e o comércio de drogas é, de longe, o mais


lucrativo do mundo. Nos EUA não é exceção. Drogas são a única
coisa que o americano não pode mais dispensar, mesmo 25

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40 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

empobrecido, devido à dependência adquirida e à sua filosofia de


vida voltada para o prazer.
Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia, diz que os
EUA tornaram-se, “sem dúvida o mais importante produtor de marijuana
do mundo, e esta planta é, certamente, a segunda ou terceira cultura da
Califórnia” (Le Figaro, 19/5/90). A produção agrícola mais lucrativa na
Carolina do Norte, embora ilegal, é a de marijuana, “movimentando
anualmente 1,5 bilhão de dólares”. (Veja, 16 de maio, 1990). Também o
Jornal USA Today noticiou que a marijuana é a mais lucrativa
produção agrícola dos Estados Unidos, representando um comércio,
só em 1985, de 18.6 bilhões de dólares. (USA Today, 10/1/86).
Do mesmo modo, a revista Terceiro Mundo informou que:
“William Proxmire, presidente da Comissão de Bancos do Senado
norte-americano afirma que seis entre cada dez bancos movem contas de
traficantes (..) Os dólares dos traficantes circulam livremente pelas veias do
sistema financeiro norte-americano (...) O volume de dinheiro ilícito que corrói
sua estrutura é tão alto que leva a crer que ela ruiria sem os narcodólares”
(Terceiro Mundo, jul/86, n° 91, pág. 70).
Não existe mercado mais atraente para os ávidos de poder
econômico do que o bilionário e sem concorrentes mercado das
drogas!

A “lavagem” do dinheiro sujo em Wall Street


Portanto, fica claro que existe um lucro diário no mercado das
drogas em território norte-americano, possivelmente superior ao de 100
Wall Street. Para onde vai todo esse dinheiro? Por onde ele passa? Em
aviões, “escondido” entre roupas dos passageiros? Certamente que 95

não! A maior fatia da receita milionária das drogas só pode estar 75


sendo depositada nos bancos americanos, aliás, deve ser muito
bem-vinda e apreciada!
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 41

Parte dessas quantias é lavada ilegalmente via bancária fora dos


Estados Unidos. Mas a maior parte é aplicada em Wall Street, no
mercado imobiliário internacional e na compra de ações do Tesouro
Americano. Pelo altíssimo volume de narcodólares aplicado nos
EUA, podemos concluir que boa parte das ações do governo já está
nas mãos das Máfias de Drogas. Isto equivale a dizer que quem
governa os EUA são, de fato, as máfias.
“A revista norte-americana Executive Intelligence Review (EIR)
aponta a Merril Lynch, uma das firmas de corretagem de valores mais
importantes dos Estados Unidos, como pioneira nas operações de lavagem de
dinheiro (...)
De outra fonte:
Uma parte substancial dos (...) lucros da Máfia é “lavada” em contas
numeradas em eurodólares que, como se sabe, são transações contábeis de
moeda que fisicamente permanece nos Estados Unidos. Obviamente, a rota
da heroína passa por muitos outros países europeus, mas o destino final dos
recursos são invariavelmente os bancos de Wall Street, através do circuito dos
eurodólares, o eixo Zurique-Nova Iorque.” (apud revista Cadernos do
Terceiro Mundo, julho, 1986, página 70).
Importante notar que a Merril Lynch foi denunciada não por
“lavar” o dinheiro das drogas, como a maioria dos bancos americanos
faz, mas por ter feito um acordo com o Credit Suisse de Zurique,
para dominar o mercado de 140 bilhões de euro-dólares,
dinheiro que, em sua maior parte provém do narcotráfico. Tal
acordo permitiria, obviamente, a evasão de divisas dos EUA para
a Suíça, algo indesejável para o governo americano (foi uma
Comissão Presidencial sobre o Crime Organizado que, em 1984,
100

acusou a Merril Lynch – deixando outros bancos incólumes). 95

As leis de segurança bancária nos Estados Unidos que 75

dizem que ninguém pode depositar ou remeter mais do que


10.000 dólares para fora do país, sem registrar quem é o seu
proprietário, de onde esse dinheiro é proveniente e para onde ele 25

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42 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

se dirige, deveriam ser utilizadas com relação aos bilhões de


dólares que advêm da venda de drogas em solo americano e lá
são depositados. No entanto, isso não é feito. Provavelmente essa
lei foi promulgada só para se aplicar aos casos que interessam ao
governo americano: uma perseguição seletiva.
“Neste ano, Dick Thornburgh anunciou o confisco de documentos
correspondentes a 750 contas bancárias e o congelamento de 684 outras
contas, ordenadas por um juiz de Atlanta (...) mas, no momento, os
únicos confiscos efetivos do FBI e do DEA referem-se a 20 milhões de
dólares nas contas de Miami e 15 milhões nos bancos de Nova Iorque.
Eles não representam senão 0,03% dos 110 bilhões de dólares (cifras
fornecidas pelo Departamento do Tesouro) gerados pelo comércio da
droga sobre o território americano. A que se deve tão modesto triunfo?”
(Liberation, 19/4/90, artigo de Frederic Filloux).
A revista The Economist, de 21/7/90, informa:
“O Sr. Crawley (Eduardo Crawley, editor da Latin American
Newsletter) avalia que os ganhos do Peru com a exportação de coca
estão entre 1,3 bilhão e 2,8 bilhões de dólares; os da Bolívia, entre 1,4
bilhão e 2 bilhões. Diferentemente deles, os processadores colombianos
precisam importar produtos químicos caros; seus ganhos líquidos de
exportação podem estar entre 7 bilhões e 15 bilhões. Ele pensa que a
receita líquida das transações nos Estados Unidos é de longe maior: 76
bilhões-181 bilhões – suficiente para uma terrível quantidade de
subornos e armas para proteger o pessoal das vendas”.
A mesma revista alinha os preços da droga nas diferentes
etapas de produção ou comércio:
100

“Folha de coca: $2,10/kg; Pasta de coca: $875/kg; Base de


cocaína: (não há); cocaína pura: $11.000/kg; Cocaína na rua: 95

$90.000/kg.” 75

Nota-se que o grande lucro ocorre com a venda nas ruas do


maior país consumidor: EUA.
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 43

Há muitos que dizem que:


“Na verdade, os bancos não só não fogem do dinheiro da droga
como atiram-se numa concorrência encarniçada para obtê-lo. (...) Nas
menores cidades das zonas de coca, na Bolívia, Peru, Colômbia,
encontram-se sucursais de bancos norte-americanos, britânicos, alemães,
suíços e franceses. Para que negócios e qual dinheiro, senão o das drogas?
(...) Entre os numerosos bancos implicados há muito tempo na lavagem
da droga (uma dezena de grandes bancos na Suíça, mais de vinte em
Miami) figuram nomes conhecidos como Chase Manhattan, American
Express, o banco Louis Dreifus, o Algemene Bank Nederlande e firmas de
corretagem como Merril Lynch”. (Le Monde Diplomatique, 24/4/90,
vários textos, artigo de Christian de Brie, já citado).
A maior preocupação desta administração americana é a de
que o lucro da venda das drogas permaneça na maior parte possível
em território estadunidense, e que seja lavado pelos bancos
americanos, pela Wall Street e pelo Tesouro dos Estados Unidos.
Isto é, essas leis de restrição bancária servem para segurar o dinheiro
das drogas dentro dos EUA, para lá ser usado. Não seria atualmente
esse o dinheiro que sustenta os Estados Unidos? Não estaria o
governo norte-americano mais preocupado com a evasão de divisas,
que estariam sendo escoadas, via comércio de drogas, para a
Colômbia, Suíça, Luxemburgo, Uruguai, Panamá etc.? Não seria
essa a maior rivalidade com Noriega e o motivo principal da luta
contra as máfias colombianas? Pois a administração Reagan/Bush
não deseja que os narcodólares se escoem para outros países?

A luta teatral do governo americano contra o 100

comércio ilícito de estupefacientes 95

“Há muito quem pense que o julgamento do general Noriega seria 75

um ato circense, capaz de rivalizar com o que se via no Coliseu


Romano.” (Tony Jenkins, de Nova York para a Revista Expresso de
20/1/90, artigo “Noriega: a “lição americana”, em que o jornalista 25

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44 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

mostra que o ditador e traficante panamenho sempre fora agente


da CIA, apoiado desde 1950 pelos sucessivos governos
americanos, inclusive por Bush, quando este era diretor da CIA e
vice-presidente dos EUA). Comenta-se igualmente que Noriega
saberia demais sobre as operações ilegais de narcotráfico e
lavagem de dinheiro praticadas pelo governo americano e que
esse foi o real motivo da sua prisão.
Por que motivo não legalizaram o uso das drogas nos
Estados Unidos até então? Obviamente que não são questões
morais as que determinam o cenário. Num país onde a explo-
ração, o racismo, o fanatismo, a corrupção são absolutamente
livres, como pensar em questões morais? O problema das drogas é
o mesmo do álcool na época da Lei Seca – se o governo legalizar as
drogas, os impostos advindos de sua comercialização irão
forçosamente aos cofres públicos e a negociatas de corrupção
terão fim. Além do que a exportação e distribuição feitas pelos
Estados Unidos no mundo todo virá à luz e o planeta saberá o
que sustenta a economia americana atualmente.
Há muitos que se debatem no sentido de descriminalizar o
consumo das drogas, como a única maneira de acabar com um
mal ainda maior do que o primeiro.
Friedman pergunta: “Onde está a ação criminal nesse caso: com
os fornecedores de marijuana ou com os que interditam a sua legalização?”,
comentando sobre o perigo do aumento de consumo das drogas
sintéticas, fornecidas no mercado negro (Milton Friedman,
entrevista ao jornal Le Figaro, 19/5/90).
Friedman afirma que: “Se se conseguisse impedir completamente 100

a entrada de drogas nos Estados Unidos, o país seria submerso pelos 95


produtos de substituição, já fabricados no interior das nossas fronteiras e
como esses produtos são de qualidade muito inferior, o problema seria 75

agravado em lugar de ser reduzido.”

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 45

A questão de se legalizar ou não as drogas é um assunto


muito controverso. O uso da droga, em si, é um mal e nenhum
mal é “legalizável”. Parece que esta discussão ocorre pois há os
que querem manter os lucros do crime “oficializando-o”, o que,
de acordo com algumas opiniões, poderia agravar o problema.
Entretanto, a legalização permitiria que se acabassem as gangues
e quadrilhas de traficantes, bem como a lavagem de dinheiro
pelos bancos, o que é muito benéfico. Talvez o primeiro passo
deveria ser a legalização e, concomitantemente, uma intensa
campanha de conscientização para que as futuras gerações não
aceitassem mais se entorpecer com as drogas.
Os Estados Unidos têm uma longa história de lucro
através da morte e da corrupção. Muitas facetas dessa história são
bastante conhecidas:
• O proveito que tiraram da Segunda Guerra Mundial com a
destruição da Europa e a divisão do mundo entregue às duas
super-potências;
• Uma tradição de violência e corrupção no interior do país.
“Dizem alguns investigadores que nalgumas comunidades norte-
-americanas a corrupção entre os agentes da lei – polícias, xerifes,
guardas prisionais e até promotores de justiça e juízes – está fora de
controle. ” (Phillip Shenon, artigo citado);
• A indústria bélica usada para defender a exploração
capitalista;
• O incentivo aos atritos internacionais para garantir os seus
interesses econômicos e a venda de armas. A própria guerra do 100

Vietnã parece ter sido muito ligada à questão das drogas, como 95
se vê no artigo a seguir: “Os Estados Unidos e a CIA favoreceram a
formação de exércitos rebeldes no Laos e na Birmânia, (...) controlando 75

a produção de ópio e de morfina (...) única moeda para compra e


fornecimento de armas fornecidas pela CIA, cujos aviões transportam
de volta a droga. Esse arranjo, feito naquela época, funcionou 25

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46 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

durante toda a guerra do Vietnã, alimentando os GI e hoje perto da


metade do mercado mundial de heroína.” (Le Monde Diplomatique,
25/4/90, texto de Christian de Brie);
• As máfias de álcool, jogo e prostituição que sempre lá
proliferaram. “Nós já conhecemos, com a proibição do álcool nos
anos 20, um episódio semelhante na história norte-americana. Ela
produzia os mesmos efeitos que a droga: crimes, gangues, mortes de
alcoólatras, particularmente após o consumo do álcool traficado” –
diz Milton Friedman em sua entrevista ao Figaro;
• O colonialismo capitalista que vive da exploração do trabalho
e da fome dos povos do terceiro mundo;
• E, por que não, agora, as multinacionais das drogas?
Diz Christian de Brie: “ O desejo recente dos Estados Unidos de
dar fim ao tráfico de drogas deixa dúvidas. Seria preciso muita virtude às
democracias para desaprovar a pior forma de capitalismo selvagem que
já existiu e que aliás é triunfante.” (Le Monde Diplomatique, artigo
citado).
Ao que nós acrescentamos: não nos parece que virtude seja
o mais forte da civilização americana.
Sim, o poder parece ter desenvolvido um plano muito bem
arquitetado de obter lucro através das drogas, não só internamente
nos EUA, mas, no cenário internacional.

O interesse dos EUA pelo mercado europeu 100

Portugal tem se tornado a principal porta de entrada às


drogas para a Europa. E as ilhas dos Açores são as rotas mais 95

recentes, mais visadas ultimamente. Não são justamente nestas 75

ilhas que se encontram as bases militares americanas?


Coincidência? Ou proteção intencional ao tráfico da morte?
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 47

“Estudos recentes mostram que Portugal é o centro de trânsito do


narcotráfico internacional vindo do Panamá, Venezuela, Colômbia,
Brasil, Bolívia, Paraguai, Marrocos, Nigéria, Espanha, Turquia,
Paquistão, India, Suíça e RFA" (a maior parte desses países
controlados pelos Estados Unidos, que também é produtor
direto – caso do Paquistão) (Revista Expresso, 28/4/90, pág. 46R).
Os Açores, onde há bases norte-americanas, constitui grande
plataforma de narcotráfico para a Europa e Estados Unidos.
(Revista Semana, Rui dos Anjos, página 24)
Os Estados Unidos vêm demonstrando enorme interesse
em penetrar no Mercado Comum Europeu, sem contudo dispor
de artigos competitivos neste mercado. Tentaram desesperadamente
manter a corrida armamentista em pé, mas fracassaram.
“Durante uma conferência para estudantes, o presidente
norte-americano reafirmou a necessidade para os Estados Unidos de assegurar
seu lugar na Europa. (Disse ele:) A América (do Norte) está à procura de
novas razões para estar na Europa. Nosso envolvimento não diz respeito
apenas à defesa, deve tornar-se um envolvimento em todas as dimensões dos
negócios europeus. Desejo ver a Otan, a única organização que a América do
Norte possui na Europa, tornar-se uma organização política.” (Liberation,
6/5/90, página 2, François Sergent).
A consciência da necessidade da paz e da democracia
parece estar crescendo por todas as partes do mundo, menos no
governo americano. Que produtos, então, poderiam oferecer aos
europeus, sem concorrência, que não os da indústria da morte?
Nisso eles não têm competidores à altura: ninguém como eles
convive e conhece melhor o mercado de drogas. 100

E outro ponto importante a considerar: os Estados Unidos 95

dispõem de bases militares em vários locais da Europa e do


mundo; não estariam sendo elas utilizadas como centros 75

disseminadores e distribuidores do vício?


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48 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Nós próprios cultivamos cerca de quatro mil toneladas métricas de


marijuana e temos capacidade para produzir em laboratório cocaína e heroína
sintéticas, com duas vezes mais potência do que o produto natural.” (Sterling
Johnson, promotor público de Nova Iorque para casos de droga,
Expresso, 28/4/1990, artigo de Miguel C. Lopes, correspondente
de Washington).
Os europeus que ainda têm amor pela vida, que têm ética e
esperam construir um futuro melhor e mais decente para seus
filhos, abram os olhos ao perigo vindo dos Estados Unidos
enquanto é tempo: estamos pedindo que verifiquem, que
pesquisem as atividades dos oficiais do governo americano,
militares, soldados, homens de negócios, bancos espalhados pelas
nações. Com certeza encontrarão surpresas desagradáveis. Parte
dessas bases e muitas dessas empresas já devem estar operando
secretamente no campo do crime.
A intenção deles parece ser a de disseminar mundo afora o
que experimentam dentro das suas fronteiras: a corrupção e a
decadência. As máfias do poder americano, sejam de drogas ou de
qualquer tipo de corrupção econômica, podem já ter sugado o
bastante o mercado americano interno – agora o grande
“manjar” é a Europa.
“Meus colegas europeus querem que os Estados Unidos façam parte do
futuro da Europa” – afirmou Bush, tomando todos seus aliados ao pé da letra
– (...) “mas a América do Norte deve ser um sócio da parte inteira da
Comunidade (CEE) e líder do Ocidente” (Liberation, 6/5/90, página 2,
François Sergent).
Que espécie de liderança pretendem os americanos exercer 100

na Europa? O mesmo tipo da que têm em outras regiões mais 95


pobres do planeta? Por exemplo:
75
“Nas zonas do Afeganistão controladas pela oposição, com o apoio dos
Estados Unidos, produzem-se 600 toneladas de droga por ano.” (Nassir
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 49

Akmed, do Ministério Afegão de Segurança, para a revista Vida


Soviética n° 175, Fev./90)

O que os EUA podem exportar hoje é o que mais


produzem internamente: corrupção e decadência
O povo norte-americano já está vivendo em colapso: a
violência atinge níveis recordes (285 crimes violentos por dia só
na cidade de Nova York!), a promiscuidade sexual e o abuso de
tóxicos já fez da AIDS uma epidemia nacional, a dívida do país
chega perto dos 3 trilhões de dólares, a pobreza e desemprego são
crescentes, o sistema de ensino faliu, com altos índices de analfa-
betismo e de crimes nas escolas, tudo isso insuflado pelo abuso
indiscriminado das drogas – desde as mais tenras idades
(crianças de 5, 6 anos) aos idosos, de todas as raças, religiões – os
Estados Unidos atualmente tornaram-se num grande monstro
em estado de decomposição. É necessário que se viva naquele
país por alguns anos, que se percorram todos os seus Estados, e
se pesquisem os dados “in loco” para se perceber bem isso. Os
dados oficiais do governo minimizam a gravidade dos fatos, pois
a cotação do dólar baseia-se, atualmente, na confiança dos inves-
tidores na economia americana.
Assim sendo, os interesses dos comerciantes da morte
voltam-se para mercados mais promissores: principalmente a Europa!
Verifica-se um pacto geral nas mídias e na estrutura
sócio-econômica e política americana no sentido de abafar a
consciência da situação de colapso em que se encontra a nação. 100

O jornal USA Today publicou no dia 29 de março de 1990 95

que como o seu mercado interno está saturado, os traficantes


conseguem vender a cocaína pelo dobro do preço na Europa: 75

$55.000 por quilo, no mínimo e que o porta-voz da Miami Drug


Enforcement Administration, John Fernandes disse:
25

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50 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Não há dúvidas de que o mercado europeu está aberto”.


“Nossos esforços de interdição basicamente faliram”, disse Dick
Powerll, diretor do Vennont’s Alcohol and Drug Abuse Programs. “Cocaína
agora está ao alcance de qualquer um.”
Em seguida, afirma que todo o tráfico é proveniente da
Colômbia, induzindo o mundo a ver as culpas somente nos
colombianos, desviando a atenção de que o tráfico é efetuado pelos
próprios americanos – muitos dos quais membros do FBI, da CIA, e
do governo dos Estados Unidos.
Essa é a tática de desinformação frequentemente utilizada não
somente nas questões do tráfico de entorpecentes, mas em relação a
qualquer problema: culpar e atacar outros povos para se defender das
acusações de seus erros. E os americanos que estão dispostos a corrigir
as suas dificuldades, a levantar suas falhas, não têm a menor hipótese
de serem ouvidos. São imediatamente aniquilados pela estrutura de
superpoder já corrompida nas suas bases.

O papel da Casa Branca no narcotráfico


A estrutura social americana já atingiu um tal grau de
corrupção que dificilmente indivíduos honestos dentro do país
terão hipótese de sobrevivência; muito menos de reagir para
organizar algo melhor para seus filhos viverem.
“A história está a precipitar-se rapidamente sobre Ronald
Reagan. Quinze meses depois de ter cessado funções, rodeado por uma
aura de apreço público, é hoje cada vez mais identificado com a ganância,
100
a corrupção e a conspiração.
95
“A conspiração foi um dos cinco crimes com base nos quais o júri
condenou o seu conselheiro de Segurança Nacional, John Poindexter. O 75

júri considerou que houve uma conspiração na Casa Branca de Reagan,


para esconder a verdade sobre a venda de armas ao Irã e sobre a ajuda aos
contras da Nicarágua. Reagan negou que tenha havido algum esforço 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 51

desse gênero para iludir o Congresso e o povo. O veredito do júri significa


ou que tal negação era falsa ou que ele não sabia o que se passava: ou era
mentiroso ou tolo.
“Consideremos apenas um aspecto: o embarque de mísseis Hawk,
americanos, de Israel para o Irã em 1985. A Casa Branca e várias agências
de segurança estavam envolvidas no negócio. O presidente Reagan sabia
dele. (..) Negou ter tido conhecimento prévio do embarque de mísseis Hawk.
(...)” (“O Veredito sobre Reagan – Antony Lewis. Exclusivo DN/New
York Times – Opinião, 7, Diário de Notícias, 1/5/90).
É importante verificar o que estava realmente por trás desse
embarque de armas ao Irã. Para isto, veja o texto abaixo, de
Ziegler, no livro A Suíça Lava Mais Branco:
“O tráfico de armas utiliza geralmente os mesmos canais que o
tráfico da droga. Os casos de permuta (droga contra armas) são
inúmeros” (Página 151). “(...) O caso do lrangate, marcado pela
condenação do coronel Oliver North e de seus cúmplices pela justiça
norte-americana em abril de 1989 continua a ocupar os tribunais
suíços. O comércio que North e seus cúmplices desenvolviam era tão
simples quanto lucrativo: entregavam armas de guerra norte- americanas
e israelitas ao imã Khomeyni. O imã pagava em dólares, mas sobretudo
em droga (morfina-base e heroína). Os padrinhos das redes turcas e
libanesas instaladas em Zurique passavam a sua cota-parte e
depositavam o saldo em contas numeradas, abertas em alguns dos
principais bancos e sociedades financeiras de Genebra e de Zurique. Por
ordem de North e de seus cúmplices, os emires (banqueiros) organizavam
em seguida a transferência dos fundos para a América Central:
financiavam a guerra de sabotagens, de terror e de assassinatos travada 100

pelos bandos de mercenários a partir de Honduras contra a frente 95


Farabundo Marti no Salvador e contra o governo sandinista na
Nicarágua.” 75

Presentemente há suspeitas de que esses fundos desviados


para a América Central e Nicarágua destinavam-se não somente a 25

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52 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

ajudar os “contras” mas a fortalecer – armar – os narco-traficantes


localizados em El Salvador e outros centros internacionais de
produção e comercialização de entorpecentes.
Pensamos que haverá necessidade de uma conscientização
internacional destes fatos, para que, pelo menos, a multinacional
americana da corrupção e do tráfico da morte não estenda ao
mercado europeu as marcas de destruição já deixadas nos
Estados Unidos, no Brasil e em outros locais.

100

“As leis deverão ser feitas para tirar o poder dos 95

poderosos e não contra o povo, e para impedir que


indivíduos do povo queiram ter poder.”
75

Norberto R. Keppe 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 53

AS BASES MILITARES
AMERICANAS: UMA POSSÍVEL
CONEXÃO DO TRÁFICO
Se compararmos três mapas: um, das zonas de produção e de lavagem
do dinheiro das drogas; outro, dos locais de onde saem, aonde chegam ou por
onde passam os maiores carregamentos de entorpecentes; e um terceiro que
mostre as áreas de influência e presença militar americana, verificaremos uma
coincidência surpreendente:
Justamente nestas regiões militarizadas pelos EUA, produzem-se,
partem, chegam ou passam os maiores carregamentos de drogas. (Vide
ilustração deste capítulo.)

1989: plena guerra da administração Bush


contra o narcotráfico em escala internacional
1989: Portugal, sobretudo, via Açores, torna-se uma das
principais portas de entrada das drogas na Europa. Recebe 100

carregamentos maciços de narcóticos provenientes, entre outros


locais, do Paquistão, Índia, Marrocos, Turquia, Espanha, América 95

Latina e Central. 75

Açores, mais especialmente Lajes, local onde se encontra


uma base militar americana, torna-se “rota indispensável no
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54 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

narcotráfico”, o que também se passa em outras regiões onde há


suas bases.
Pergunta-se: por que aconteceria isso justamente na época
em que os Estados Unidos afirma estar em guerra aberta, armada,
contra o narcotráfico? Pela lógica, não deveriam ser justamente as
regiões de influência e presença militar americana, as mais livres
desse problema? Mas o contrário é o que se observa.
Aliás, o jornal francês Liberation publicou em sua edição
especial intitulada “Drogue – La Guerre Mondiale” (maio de 1990) um
mapa-múndi contendo as regiões produtoras de entorpecentes, as
rotas de tráfico e as zonas de “lavagem” de dinheiro,
demonstrando que muitas das principais delas estavam dentro
dos Estados Unidos. É de assinalar que a fonte para a confecção
desse mapa foi o Ministério da Justiça dos Estados Unidos — o
que demonstra que esses detalhes internos do narcotráfico nos
EUA são do conhecimento do governo daquele país.

Fatos apontados no mapa:


1. O Estado norte-americano de Oregon é produtor de
marijuana;
2. O Estado da Califórnia, além de produtor de marijuana
(segunda ou terceira cultura do Estado em ordem de
importância, segundo o economista Milton Friedman), é a
principal porta de entrada (via Los Angeles) para a cocaína
e marijuana provenientes da Colômbia, Equador, Peru,
Bolívia e Venezuela e também para o ópio e marijuana 100

vindos respectivamente de Curaçau e Guadalajara, no 95


México;
75
3. O Texas (famoso Estado onde foi assassinado o presiden-
te John Kennedy) é também importador, via Houston, da
cocaína e marijuana provenientes da América Latina; 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 55

4. Miami e New York também figuram entre os centros


norte-americanos receptores e difusores destas drogas;
5. A “lavagem” do dinheiro da droga é feita pelos bancos
situados principalmente em Los Angeles, Houston,
Miami, New York, Bahamas, Ilhas Cayman.
Pergunta-se: uma vez que tais fatos são do conhecimento
do Ministério da Justiça dos EUA, por que a “guerra total” contra
a droga, alardeada pelo governo norte-americano não é movida
no interior de seu próprio país? Por que ir tão longe combater os
produtores de droga, se eles estão instalados no interior dos
próprios Estados Unidos?
O mapa do Liberation serviu de base aos dois que
confeccionamos, sobre produção, lavagem de dinheiro e tráfico.
Como o leitor poderá ver na nossa ilustração, comparando-os
com o terceiro mapa, que mostra onde estão situadas as bases
americanas, ou as suas zonas de influência militar, verificaremos o
seguinte: assim como dentro dos Estados Unidos produz-se,
trafica-se e importa-se a droga sem grandes problemas (sendo o
país que consome cerca de 60% da droga produzida no mundo)
assim também nas regiões militarmente dominadas, controladas
ou “assistidas” pelos Estados Unidos, a droga prolifera furiosa-
mente. As bases militares parecem ser como adubo para as
plantações de papoula, marijuana, ou folhas de coca.

Vamos ver os exemplos a seguir:


100

1. América do Norte
95

1.1 O Canadá, que tem bases militares norte-americanas, 75

consta como centro de lavagem de dinheiro da droga (em


Toronto, bem na divisa com os EUA e nas vizinhanças do
Estado e da cidade de Nova York); 25

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1.2 México: (zona de “assistência pessoal em segurança” e de


“concentração militar norte-americana”) é produtor de ópio e
de marijuana, traficado para a Califórnia;
2. América Central
Os países da América Central, que servem de corredor entre
América do Sul e do Norte, apresentam a seguinte situação:
2.1 El Salvador: (zona de “assistência” militar norte-americana,
em permanente clima de guerra civil) é rota de tráfico de
marijuana entre Medellin e Los Angeles;
2.2 Honduras: (onde há bases americanas e onde são treinados
os “contras” nicaraguenses) é zona de tráfico de cocaína e
marijuana, que atravessa o país inteiro em sua rota entre
Colômbia e EUA;
2.3 Nicarágua: consta como “zona de conflito”; sabe-se que a
Casa Branca, com auxílio de Noriega, implantou aí o grupo
de “contras”, com a suposta finalidade de combater o
governo nicaraguense e que este grupo militarizado
“possibilitou um importante tráfico de cocaína entre a Colômbia e os
Estados Unidos, com apoio logístico dos agentes norte-americanos”,
conforme o Le Monde Diplomatique, 24/4/90, de Christian de
Brie);
2.4 Panamá: contém uma enorme base militar norte- americana,
e vive sob total domínio dos EUA; é um centro de tráfico de
armas, de drogas, prostituição, jogo, lavagem de dinheiro,
tendo sido o organizador destes crimes o general Noriega,
agente da CIA desde 1950, recebendo dos sucessivos 100

governos norte-americanos um salário anual de 100 mil 95


dólares pelos seus serviços, (conforme artigo “Noriega, a lição
Americana”, de Tony Jenkins, Revista Expresso, 20/1/90); 75

2.5 Costa Rica: Ponto vital das operações da CIA na troca de


armamentos e munições por cocaína. “A “placa giratória” 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 57

do tráfico era uma imensa fazenda situada perto da


fronteira norte de Costa Rica, cujo proprietário John Hall,
pertence à CIA. Os aviões carregados de cocaína na
Colômbia pelo Cartel de Medellin faziam lá escala, antes de
partir em direção a Miami. O dinheiro deste tráfico serviu
para comprar centenas de toneladas de armamentos e de
munições destinadas ao equipamento dos Contras da
frente sul, baseada na Costa Rica” (Croissance des Jeunes
Nations, n° 5, “Amerique Latine: Le Boom de la Cocaíne”,
página 33).
3. América do Sul
Os países da América do Sul, todos sob controle total
(econômico, político, militar) norte-americano, apresentam a
seguinte situação:
3.1 Colômbia: considerada “zona de assistência militar
norte-americana” é o maior produtor mundial de cocaína
(Medellin); produz também ópio na região de Cauca e
marijuana em Santa Marta, exportando para os EUA,
Canadá e Europa, por mar, ar e terra;
3.2 Equador: também “zona de assistência militar”, produz
coca para os EUA;
3.3 Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil têm
todos as seguintes características: são “zonas de assistência
pessoal em segurança ou de concentração militar
norte-americana”, foram governados por Washington
através de ditadores ou “amigos” colocados diretamente 100

pela CIA, como Videla, Stroessner, e todos estes países


estão envolvidos com produção e tráfico ou lavagem de 95

dinheiro da droga. O Peru produz coca que exporta para a 75

Colômbia, Equador e EUA; a Bolívia, igualmente


produtora de coca, é um centro irradiador do produto para
Colômbia e EUA, norte, centro-oeste e sudeste do Brasil, 25

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58 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Argentina e Paraguai; este país (Paraguai) produz


marijuana que exporta para o Brasil e Argentina; esta
(Argentina) envia coca para EUA, Canadá e Europa; o
Uruguai é um centro de lavagem de dinheiro (assim como
de contrabando entre EUA e Brasil) via Montevidéu;
Brasil exporta cocaína para EUA, Canadá e Europa.
4. Europa
Saindo-se da América para a Europa, vê-se o seguinte:
4.1 O Reino Unido que tem grande base militar norte-americana
(e grande pacto político e econômico com os Estados
Unidos) figura não só como centro lavador de dinheiro
mas também como centro receptor e exportador de ópio
para os Estados Unidos e para a Escandinávia (Suécia,
Noruega e Finlândia);
4.2 Os Países Baixos (Holanda e Bélgica) zonas de bases
americanas, são receptadores do ópio e cocaína provenientes
do Líbano, sendo Luxemburgo apontado como centro
lavador de dinheiro;
4.3 A República Federal da Alemanha, que tem as maiores
bases militares americanas de toda a Europa, é o centro
regular importador de ópio e de marijuana proveniente do
Irã, Paquistão e do Afeganistão;
4.4 Portugal e Espanha, onde há também bases americanas,
estão sendo consideradas pela própria imprensa local,
como corredores do tráfico da droga proveniente da
América do Sul, EUA, África e Europa. 100

5. Austrália 95

A Austrália, país de domínio dos EUA, com bases 75

norte-americanas lá situadas, é importador de ópio e marijuana


provenientes da Tailândia e do Cambodja que têm nas proximi-
dades um centro de lavagem de dinheiro (Ilha de Vanuatu); 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 59

6. Médio Oriente
6.1 O Paquistão, zona de “assistência militar” norte-americana,
forma com o Irã e o Afeganistão o chamado “Croissant D’Or”,
centro mundial de produção de ópio, heroína e marijuana. A
“assistência militar” dos EUA ao Paquistão é nestes termos:
formação de forças militares para fazer oposição ao governo do
Afeganistão (espécie de “contras” no Oriente); esta oposição
controla zonas bastante fortificadas.
É nestas zonas que se está produzindo 600 toneladas de
droga por ano, segundo a revista Vida Soviética, de abril de 1990; o
Irã, como se pode ver nos outros capítulos, foi o centro do
escândalo Irangate, que envolveu a Casa Branca e o governo
Reagan /Bush, em que a Casa Branca fornecia armas ao governo
iraniano, que as pagava com drogas (conforme Jean Ziegler, A
Suíça Lava Mais Branco, página 151).
O leitor poderá, comparando os mapas, verificar que a
mesma “coincidência” (zonas de influência militar dos EUA/
zonas ligadas a drogas) repete-se nos demais países (Líbano, Laos,
Cambodja, Marrocos etc.).
Tudo isto leva a desconfiar das intenções com que são
implantadas as bases militares. A Agência Reuter, inglesa, artigo
de Bernard Debusmann, noticiou o seguinte:
“No coração da região produtora de coca no Peru, por exemplo, os
EUA construíram uma base militar fortificada cujos perímetros
defensivos, bunkers protegidos com sacos de areia e rampas para
helicópteros fazem recordar os tempos do Vietnã”. (Estas bases serviriam, 100

segundo o artigo, para agentes da DEA e policiais peruanos,


utilizando helicópteros, atacar pistas clandestinas e laboratórios 95

de processamento de cocaína na selva vizinha). Porém, tendo em 75

vista que o fluxo de cocaína para os EUA continua até mais


intenso do que antes, pergunta-se acerca da funcionalidade desta
gigantesca base. Estaria mesmo combatendo o tráfico de drogas? 25

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60 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Ou estaria lhe dando “apoio logístico”, o mesmo que os agentes


americanos ligados aos “contras” da Nicarágua davam a esse
mesmo tráfico da cocaína?

O tráfico de drogas pode ter-se tornado uma


questão de “segurança nacional” para os EUA
como para os países do Terceiro Mundo que para
terem armas e exército sem dinheiro, só mesmo
recorrendo aos lucros da cocaína, ópio, heróina e
outros entorpecentes.
É amplamente conhecida a dificuldade econômica que os
Estados Unidos enfrentam para sustentar todo o aparato de seu
poderio militar: cortes orçamentários na assistência social num
país onde o índice de pobreza, de analfabetismo, de falta de
moradia atingem níveis cada vez maiores. Sem se mencionar o
fato de que os EUA tornaram-se o país que mais deve no mundo,
logo seguido pelo Canadá, possuindo uma dívida muitas vezes
superior à do Brasil, o maior devedor da América Latina.
Se contarmos os números absolutos do total da dívida
interna e externa dos Estados Unidos (atualmente perto de USD 3
trilhões), veremos que os EUA tornaram-se de fato, um país do
Terceiro Mundo, endividado, e que para manter seu poderio
militar (o único, de fato, que o vem sustentando no “ranking” dos 7
“grandes”) parece estar lançando mão das mesmas técnicas
utilizadas por outros povos do terceiro mundo. Ou seja, para se
armarem e sustentarem seus exércitos, ou suas guerrilhas, são
obrigados a trocar armas por drogas (como é o caso do Afeganistão, 100

Laos, Birmânia, Líbano etc.). Em outras palavras, o tráfico de drogas 95

pode ter-se tornado uma questão de “segurança nacional” para os


EUA como para os países do Terceiro Mundo que para terem 75

armas e exército sem dinheiro, só mesmo recorrendo aos lucros da


cocaína, ópio, heroína e outros entorpecentes.
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 61

Indo um pouco adiante no raciocínio: quais seriam os locais


mais seguros, mais invulneráveis para se organizarem quartéis
generais de armazenagem, de transporte, de vendas de drogas do que
as bases militares com seus aviões, navios, lanchas, tanques,
comboios, e outros veículos, além de pessoal altamente treinado,
possuidor de toda a imunidade, toda a segurança e confidencialidade
de operações?
É largamente conhecido de todos que os soldados americanos
foram viciados em entorpecentes durante a guerra do Vietnã para
conseguirem suportar os rigores do combate, e que essa prática,
obviamente, continuou após a guerra. O uso do LSD, por exemplo,
foi introduzido pela CIA no exército americano, bem como em
outros setores da defesa e da Inteligência Americana. (Acid Dreams,
The Cia, LSD and the Sixties Rebellion, Martin A. Lee e Bruce Shlain).
Atualmente não existem já nações inteiras que têm sua
economia baseada no narcotráfico? Pois não foram sempre choques
de interesses econômicos os que motivaram as guerras entre as
nações? Portanto, a questão do narcotráfico e do narcoterrorismo já
se tornaram uma questão de segurança nacional entre Estados. A
seguinte notícia ilustra bem isso:
“Garcia Meza e a máfia boliviana – Foi divulgado recentemente
em La Paz um relatório secreto elaborado por um dos colaboradores
imediatos do ex-presidente Luis Garcia Meza, sobre um plano feito pelo
então presidente da Bolívia e pelos mais importantes narcotraficantes do
país para arrecadar, para o governo, a quantia de 200 milhões de dólares
por ano.
“O relatório revela também que os “exportadores” de cocaína 100

concordaram em dar apoio ao ex-presidente com a condição de que este 95

reprimisse os pequenos produtores e garantisse o funcionamento de fábricas


com capacidade para produzir cinco toneladas mensais de droga. 75

“A divulgação do relatório acontece no momento em que o general


Garcia Meza está sendo processado pela Suprema Corte de Justiça, entre 25

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62 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

outras coisas, por sua ligação com os narcotraficantes. ” (Revista Terceiro


Mundo, n° 91, Jul/86, pág.68).

Somos levados a suspeitar, seriamente,


sobre o envolvimento das Forças Armadas
Americanas nas Multinacionais das Drogas
Se:
1. ... a cúpula da CIA já foi denunciada como participante da
produção e tráfico de drogas e de lavagens de dinheiro (por
exemplo, foi a CIA que, nos anos de 1940 e 1950
contrabandeou heroína do Triângulo de Ouro no sudeste
da Asia e a injetou nos guetos americanos, conforme o livro
Acid Dreams, the CIA, LSD and the Sixties Rebellion, de Lee
Martin, Crone Weidenfeld, N.Y., 1985);
2. ... posteriormente a CIA controlou durante toda a guerra do
Vietnã a produção de ópio e de morfina nessa região do
Triângulo de Ouro, sendo a droga a única moeda para a
compra das armas fornecidas pela agência norte-americana,
que a traficava para os Estados Unidos (conforme Le Monde
Diplomatique, 25/4/90, artigo de Christian de Brie);
3. ... a administração Reagan foi apontada como envolvida
direta no contrabando de armas para o Irã, pago com
drogas, cujo lucro de revenda foi destinado aos “contras”
da Nicarágua, que, por sua vez, têm ligações com o maior
traficante colombiano, “D. Pablo” (Conforme artigos: “O
Veredicto Sobre Reagan”, de Antony Lewis, New York 100

Times/Diário de Notícias, 1/5/90; “Quem lucra com o tráfico


95
de narcóticos”, de Christian de Brie, Le Monde Diplomatique,
25/4/90; e livro A Suíça Lava Mais Branco, de Jean Ziegler, 75

página 151);
4. ... o sr. Bush invadiu o Panamá para prender Noriega
(numa das operações mais questionadas do governo 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 63

norte-americano), sendo Noriega por muitos conhecido


como contratado dele mesmo e da CIA para diversos
trabalhos conjuntos (conforme artigo “Noriega, a “lição
Americana”, de Tony Jenkins, Revista Expresso, 20/1/90);
5. ... a CIA já foi apontada pela comunicação social como
envolvida na troca de armas por cocaína no Afeganistão,
Burma, e é suspeita de promover essas operações também
em outras áreas de conflito armado (Dossiê Le Monde
sobre drogas, fev. 90, Christian de Brie, página 6);
6. ... o Senado americano (sob a presidência de Ted Kennedy),
já revelou uma pequena parte das operações secretas com
LSD e muitas outras drogas promovidas pela CIA e
apoiadas por vários setores do Governo Americano e
aplicadas a milhares de cidadãos, militares, agentes e civis
(Conforme livro Acid Dreams, the CIA, LSD and The Sixties
Rebellion, Lee Martin, Crone Weidenfeld, N.Y. 1985);
7. ... essas operações secretas se estenderam a outros países da
Europa e do mundo (conforme mesmo livro acima);
8. ... o sr. Bush insiste veementemente em manter suas tropas
em solo europeu, sem a menor razão objetiva para tal fato,
numa era em que toda a Europa caminha rapidamente
para uma situação de paz e de desarmamento, com isso
contrariando a vontade do povo europeu e norte-
americano; somos levados a suspeitar, seriamente, sobre o
grau de envolvimento das Forças Armadas Americanas nas
multinacionais das drogas.
100
A seguir, a transcrição de um relato da dra. I. D. médica e
psicanalista da SITA, de origem japonesa, que evidencia o 95

resultado de suas pesquisas sobre a atuação dos militares 75


americanos no Japão:
“No período de junho a dezembro de 1986, trabalhei na Brittanica
Encyclopaedia como professora de inglês numa das nove escolas pertencentes a 25

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64 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

este grupo no Japão. Trabalhei nessa ocasião com diversos americanos, que
também lecionavam na mesma escola; em comum vários deles tinham o fato
de terem pertencido ao exército e marinha dos Estados Unidos. Meu “chefe”,
coordenador dos professores, fora sargento e participara da guerra do Vietnã
por cerca de dois anos. Ele mesmo confidenciou-me que durante a guerra a
grande maioria dos soldados e oficiais americanos usavam drogas como
heroína, cocaína e marijuana diariamente; disse que até aquela data (1986)
fumava marijuana e que no Japão ainda era um pouco difícil obtê-la. Outro
professor, que trabalhava comigo na mesma escola em Tiba, contou-me que
em San Diego, Califórnia, era não somente viciado em cocaína e marijuana
como também traficava estas drogas. Havia tido por esta razão problemas com
sua família e com a polícia tendo então entrado para a marinha americana e
tendo por dois anos vivido em bases dos Estados Unidos nas Filipinas e
Malásia. As drogas segundo ele, sempre foram lá abundantes. Dizia que no
Japão era mais difícil de arranjá-las, mas tinha “contatos” que estavam
facilitando a aquisição delas. Na época comprara uma enorme moto,
impossível de ser comprada com o salário que recebíamos na escola, assim
como várias outras coisas, todas de uma vez, relógio de ouro, jóias para ele
e sua esposa que também trabalhava na escola. Isso leva agora a crer que
ele, assim como muitos outros americanos no Japão, estejam vivendo à
custa de tráfico de drogas para aquele país.
“Hoje penso que a escola seria mais de “fachada” para operações
de tráfico de drogas, muito mais lucrativas.
“Outro professor na escola Brittanica de Tóquio era ex-militar
americano e conhecido entre os professores como “conseguidor de
marijuana”. Era proveniente da Flórida e se havia engajado na marinha
em Miami, pelo que fui informada. É sabido por todos que a ilha de
Okinawa (no Sul do arquipélago japonês) tem até hoje uma base militar 100

americana enorme. Deve ser de grande preocupação para todos os 95

japoneses conseguir se livrar dessa presença indesejável e perigosa para a


juventude japonesa, ligada ao campo do narco- tráfico. Portanto, torna-se 75

importante a verificação do tipo de atividades e influências exercidas pelo


Exército e Marinha americanos.”
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 65

A CIA E O PODER AMERICANO


CONTROLAM AS MENTES
ATRAVÉS DAS DROGAS
“O objetivo dos indivíduos que trabalham a serviço de certas
internacionais (referindo-se às multinacionais das drogas) é enfraquecer a
resistência moral e física das elites ocidentais por intermédio da droga.”
Yann Moncomble, La Pouvoir de la Drogue dans la Politique
Mondiale, 1990, Paris

O mundo em 1984 – Orwell descreveu profeticamente o


futuro da civilização: os poderes político, econômico e social,
unidos numa tríade diabólica, conseguem finalmente o domínio
total das mentes dos cidadãos. A lavagem cerebral, absolutamente
vencedora, dá chances, ao poder, de controlar intelectos,
espíritos e vontades. A massa descerebrada age com a violência de
monstros, de gigantes lobotomizados. O exército zumbi é
programado no sentido de arrasar qualquer vestígio de
consciência e lucidez que possam brotar dentro da lama cinzenta 100

chamada alienação. Dois indivíduos (um homem e uma mulher)


contrariam o status quo. O livro discorre justamente sobre a luta 95

no sentido de aniquilar a consciência trazida por esses dois seres, 75

empreendida pelo poder arbitrário e a massa humana com


cérebros lavados.
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66 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Os EUA em 1984 – O problema das drogas atinge índices


alarmantes. Grande parte da população já está inutilizada pelo
vício. Nas grandes capitais como Nova York, nascem 10.000
“bebês tóxicos” por ano (ou “crack babies”), filhos de mães
viciadas em “crack” que sofrerão terríveis consequências do vício
materno; a violência assume níveis apavorantes, assim como a
pobreza, os doentes e vadios drogados jogados às ruas. Mas, o
que é o pior: a população americana parece constituída de
milhões de indivíduos que pensam, falam, sentem, agem e
comem da mesma maneira, vão aos mesmos lugares, como robôs
pré-programados, através de um sistema de lavagem cerebral em
massa. Espantosamente, pensam que os EUA são a melhor nação
do mundo, com a melhor forma de governo e de vida, a melhor
economia, estando unidos na defesa dos “bons ideais de seus
governantes” e de suas leis.
Nesse ano Keppe e eu mudamo-nos para Nova York e
ficamos terrivelmente chocados com o que percebemos na nação.
Pesquisamos detalhadamente e, em 1985 iniciamos um programa
intensivo de conscientização em solo americano, sobre o estado
catrastrófico de deterioração da nação e do povo – no sentido
psicológico, econômico, cultural, social, ecológico; em todos os
níveis. É o “1984” de Orwell tornado realidade. Era vital acordar
a população em tempo.
Essa luta desesperada para trazer lucidez ao povo durou 3
anos e meio, através da TV, rádio, jornais e revistas publicados
pela Sociedade Internacional de Psicanálise Integral (Trilogia
Analítica) – SITA, palestras, panfletos, contatos nas mídias,
remessa de livros às autoridades do país (governadores, prefeitos, 100

deputados, presidente da República...)


95

Contudo, a tentativa foi fracassada. O povo estava já dema-


75
siadamente descerebrado e não ouviu os gritos de alerta para o grande
perigo. Após uma série interminável de atos de terrorismo contra nós
, o “sistema” americano (atualmente se sabe, o sistema criminoso
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 67

americano) nos prende, tenta assassinar-nos, confisca todos os nossos


bens, move campanha difamatória e desmoralizadora na imprensa
contra nós e nossa obra; literalmente arrasa nós dois e nosso trabalho
nos EUA, em 88.
Meio que milagrosamente, Keppe e eu conseguimos fugir
à vigilância estreita do FBI e da CIA e escapamos das garras desse
poder diabólico.
Protegidos, em parte, em território europeu, onde os
tentáculos do poder maquiavélico ainda não conseguiram a
dominação, iniciamos o alarme, um grito de urgência para a
salvação da consciência humana, em âmbito universal, posto que
a lavagem cerebral via consumo de drogas, de filosofias
robotizantes, do apego excessivo ao dinheiro e da especulação
materialista – o american way of life – já conseguira ganhar adesão
de muitos em toda a Europa. Mera coincidência entre a previsão
de Orwell e a realidade?
No passado, o poder maquiavélico introduziu-se nos países
comunistas através da corrupção das ditaduras; nos Estados
Unidos e países capitalistas domina através da corrupção
econômica (consumo, exploração e especulação). Ultimamente, o
“trust” dos poderosos planeja o domínio planetário através da
disseminação da tóxico-dependência combinada com várias
técnicas de lavagem cerebral.
Esses indivíduos – muitos psicóticos e até psicopatas –
ávidos de poder, conseguiram a completa manipulação das
mentes do povo americano e vêm tentando insistentemente
introduzir o mesmo mecanismo nos países de influência dos 100

EUA e, mais recentemente na Europa, ocidental e oriental. 95

75

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68 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Os experimentos da ClA – projetos especiais


chamados “Bluebird”, “Artichoke” e outros – foram
dirigidos por Ewen Cameron, presidente da
Associação Mundial de Psiquiatria”
Esse plano de dominação através das drogas já vem de
longa data; havendo dados concretos que a CIA já financiou e
desenvolveu, em 1947, trabalhos tenebrosos com o fito de
descobrir armas secretas para a obtenção do controle dos
cérebros.
A revista Actuel trouxe a seguinte reportagem (março/89):
“Quando a América queria controlar os cérebros. Em 1947, o
Ocidente é persuadido de que os russos possuem uma arma secreta que
lhes fornece o controle dos cérebros. Para compensar o atraso, a CIA
financiou durante vinte anos os trabalhos mais incríveis. Num
castelo-hospital de Montreal, a CIA fez experimentos com todos os tipos
de drogas, eletrochoques, de isolação sensorial. Experiências e torturas
com pessoas que não eram voluntárias.”
Esses experimentos – um projeto especial da CIA,
chamado de “Bluebird” ou “Artichoke” – foram dirigidos por
Ewen Cameron, presidente da Associação Mundial de
Psiquiatria.
Com a desculpa de defender o equilíbrio no mundo, a
CIA procura criar uma metodologia de modificação do
comportamento dos indivíduos definidos por Cameron “como
perigosos para o equilíbrio social de um país: os ansiosos, os frustrados, os
espíritos pequenos e estreitos, as neuroses de todos os tipos etc. Indivíduos 100

dos quais seria absolutamente necessário modificar o comportamento sob 95

pena de condenar a democracia à morte”. (Nota: quem se exclui da


classificação acima?!) 75

Levados até o barbarismo, com o lema de que para


conseguirem os objetivos – “Anything Goes”, utilizaram, além de 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 69

cirurgias cerebrais, barbitúricos e muitas drogas trazidas dos


quatro cantos do globo – principalmente cocaína e heroína, esta
última apreciada pela incrível dependência que ela cria.
A CIA não ocultava seu interesse em descobrir meios de
manipular facilmente os espíritos humanos – “técnicas para
acabar com todas as defesas psicológicas dos homens” – que já
seriam do domínio dos russos e dos nazistas, o que na realidade,
era um pretexto para a agência norte-americana seguir adiante
em seus planos de dominação. O seu ideal: manter o indivíduo
suficientemente lúcido para que fale tudo e, ao mesmo tempo,
colocá-lo num estado em que seja impedido de compreender o
que se passa.

A maior parte dos americanos já se tornou uma


massa de zumbis drogados; seres despojados de
consciência, intelecto e vontade própria.
O que Norberto Keppe, eu e nossos colaboradores nota- mos
com clareza é ser este exatamente o estado atual do povo americano.
O plano que alegadamente visava atingir os inimigos russos, foi
estendido a praticamente toda a população como a técnica mais
eficaz de mantê-la sob o “controle democrático americano”,
suficientemente imbecil para não questionar adequadamente o
sistema vigente e dócil a todas as suas orientações.
Muitas vezes nós nos perguntávamos como o poder havia
conseguido tornar a civilização americana dos últimos anos a
mais desagradável do planeta, e ao mesmo tempo, logrado 100

convencer o povo de que este possuía a melhor qualidade de vida


jamais obtida por outra nação! Como era possível o americano 95

não perceber a situação horrível em que até hoje se encontra, a 75


existência tão sem liberdade que leva, e ainda defender o seu
estilo de vida como o modelo de civilização para o mundo?! Só se
consegue entender o problema quando se percebe que: 25

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70 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

1. a maior parte dos americanos já se tornou uma massa de


zumbis drogados; seres despojados de consciência, intelecto, e
vontade própria; escravos dos poderes patológicos que os
governam;
2. o consumo de drogas foi a técnica estudada, maquiave-
licamente, como a mais eficaz no sentido de obter o desejado
domínio sobre as mentes humanas.
O mais preocupante, contudo, é que o plano desenvolvido
pela CIA em 1947, de introduzir a cocaína, a heroína, o LSD nos
cargos de direção do governo americano, incluindo o Pentágono,
foi levado a cabo. O mesmo artigo cita na página 99:
“De fato, estendia-se o jogo a todos os agentes da CIA que
passavam por lá. Um agente de volta de uma missão, um jovem recruta,
um veterano passando dizendo bom dia: “Hop”, um uísque borrado de
ácido. Ao ponto que as “viagens” se tornaram uma ocupação como
qualquer outra à CIA !
“(...) Alarmaram-se francamente assim que um oficial descobriu
que eles queriam “borrar” de ácido o suco de frutas durante a festa de
Natal da agência. Duas mil e quinhentas pessoas deveriam aí
comparecer, entre os quais todos os chefes do Pentágono!
“Faltava, portanto, um estudo sobre as reações do
norte-americano médio. Sabia-se que o ácido não poderia ser aplicado
como arma massiva. O velho fantasma de certos hippies que consistia em
entornar hectolitros de LSD nas reservas de água de uma cidade para
fazer voar todo o mundo era impossível. O cloro anula os efeitos.”
100

95

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 71

Ao consumirem LSD, os jovens julgavam estar se


opondo ao “establishment”, quando na verdade,
haviam sido viciados por ele.
O artigo a seguir discorre a respeito de experiências aplicadas a
milhares de indivíduos, cobaias involuntárias, e que, também sem
terem consciência, eram observados e estudados.
Informações mais detalhadas a respeito, e mais chocantes,
podem ser obtidas no livro Acid Dreams, the CIA, LSD and the Sixties
Rebellion de Martin A. Lee e Bruce Shlain. Os dois jornalistas, que
tiveram acesso a certos arquivos da CIA, parcialmente desvendados
pelo Senado americano sob a direção de Robert Kennedy, revelam
que a CIA, após a Segunda Guerra Mundial, “importou” 600
nazistas para que dirigissem os experimentos visando a obtenção do
controle das mentes. As mais bárbaras operações foram
desenvolvidas sob sua orientação, como, por exemplo, lobotomias
efetuadas sem anestesia, ao mesmo tempo em que se administrava
LSD para a cobaia humana, para que fosse registrada, a viva voz, o
relato das sensações da vítima.
Milhões de indivíduos, principalmente jovens, foram viciados
pela CIA nos anos 70 com LSD que a agência distribuía
gratuitamente através de psiquiatras, psicólogos, artistas, intelectuais
e professores universitários, especialmente contratados para tal tarefa.
Esses indivíduos utilizavam-se de todos os meios para
propagar as maravilhas da droga psicodélica e, em pouco tempo,
haviam tornado o LSD a grande bandeira para jovens america-
nos da costa leste à oeste – os quais eram induzidos a pensar que 100

com o consumo da droga estariam contrariando o sistema


sócio-político-econômico vigente. Ingenuamente julgavam estar 95

se opondo ao “establishment”, quando, na verdade, estavam 75


sendo viciados por ele.
Numa era de inquietude política, quando jovens e
trabalhadores do mundo todo se organizavam através de greves, 25

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72 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

protestos e propostas inteligentes que exigiam uma mudança


radical na organização socioeconômica e cultural vigente – urgia
que alguma providência fosse tomada no sentido de “neutralizar”
essas consciências inquietas e calar as vozes de protestos
populares. Nos Estados Unidos, o movimento chamado Nova
Esquerda, que protestava, entre outras coisas, contra o ensino
universitário e a guerra do Vietnã, tornara-se uma grande ameaça
para o governo americano.

Conseguir “governar” um povo à base das drogas


e levá-lo a esse tipo de “democracia” não foi difícil
para o poder americano. Difícil seria o povo aceitar
o sistema político-econômico- social lá vigente,
sem estar drogado!
No livro Acid Dreams, Martin Lee, cita nas páginas 284 e
285 o seguinte: “A este respeito, o largo uso do LSD contribuiu
significativamente para a extinção da Nova Esquerda porque eles
intensificaram o metabolismo do corpo político e aceleraram todas as
mudanças que estavam ocorrendo – positivas e negativas, em todas as
suas contradições. Nesta condição, a Nova Esquerda conseguiu depor
um presidente e impedir um outro de desencadear um ataque nuclear no
Vietnã do Norte. Estas realizações eram poderosas, certamente, mas o
movimento queimou a si mesmo no processo. Ele nunca dominou sua
própria intensidade; nem poderia permanecer na direção e manter-se
numa trajetória política sensata.”
Mais adiante, diz claramente: “O uso do LSD entre os jovens
nos EUA atingiu o ápice no fim dos anos 60, logo depois que a CIA 100

iniciou as séries de operações secretas planejadas para destruir, 95

desacreditar e neutralizar a Nova Esquerda. Foi isto meramente uma


coincidência histórica, ou a Agência realmente promoveu o comércio 75

ilícito do ácido?”
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 73

Para tal tarefa utilizaram-se de indivíduos muito inteligentes e


carismáticos, como o literato inglês Aldous Huxley, o psicólogo
norte-americano Thimothy Leary7, o poeta Alan Ginsberg, muitos
artistas de Hollywood, como Cary Grant, e posteriormente, músicos
como John Lennon, que tinham livre acesso e total aceitação da
população jovem, intelectual e criativa dos Estados Unidos e
Inglaterra.
Vale a pena citar o que John Lennon disse, pouco antes de
ser assassinado em 1980: “Você não escuta mais falar sobre isto, mas as
pessoas continuam visitando o Cosmos (referindo-se ao uso do LSD).
Nós devemos sempre lembrar de agradecer a CIA e as Forças Armadas pelo
LSD. Isso é que as pessoas esquecem ... Eles inventaram o LSD para
controlar as pessoas e o que eles fizeram foi dar-nos liberdade. Algumas vezes
as coisas operam de maneiras misteriosas para que as maravilhas
realizem-se”.
Que espécie de liberdade será esta obtida por John Lennon e
pelos indivíduos da geração “psicodélica”, se ele próprio foi
assassinado pouco após sua declaração e se toda esse geração foi
literalmente liquidada no aspecto intelectual, de poder de
transformação?!
Que liberdade têm, atualmente, os milhões de drogados no
mundo? Liberdade de imaginação; de fuga, liberdade para se
destruírem, para consumir, para sustentar o “establishment” sem
contestações?
Depois de viciados, dependentes, a manipulação dos
povos torna-se simples — a consciência dos indivíduos sendo
eliminada, a reprogramação mental torna-se fácil. Conseguir 100

“governar” um povo à base das drogas e levá-lo a esse tipo de 95

“democracia” não foi difícil para o poder americano.!


75

[7] Em 1960, Timothy Leary, psicólogo americano, líder da juventude fabricado pelo poder,
afirmava com relação ao uso das drogas: "Turn on, turne in, drop it", que quer dizer:
"Ligue-se, sintonize-se, solte-se."
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74 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

É simplesmente aterrador notar-se que algo semelhante


poderá estar sendo implantado entre os jovens europeus e
latino-americanos com resultados avançados. E mais aterrador
ainda é verificar-se, nos dados revelados pelas mídias atualmente,
que grande parte do tráfico internacional da morte ainda é
promovida, protegida, financiada pela CIA. O plano, bem
sucedido em solo americano se estende, rapidamente, a todos os
continentes.

100

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 75

O TRÁFICO DA MORTE EM
PORTUGAL
“(...) Os Açores, graças a uma situação geográfica verdadeiramente
privilegiada, são mesmo, neste momento, ponto obrigatório da tão falada
“Rota da Droga”. (Revista Semana.)

Os Estados Unidos – e ultimamente o Brasil – vêm


repetidamente deixando claro o interesse que têm em se manter
atuantes na Europa.
A revista Veja (16.05.1990, pág. 95), cita o Secretário de
Estado Americano: “Nossos soldados devem ficar aqui para ajudar a
Europa e a Alemanha, o que pode ser interpretado como garantia
tranquilizadora e reafirmação de direitos adquiridos”.
Sua presença em Portugal é marcante, porém os investi-
mentos norte-americanos e brasileiros nos negócios e atividades
produtivas não são significativos, comparados com os da
Inglaterra, Suécia, Alemanha e outros países.
Pergunta-se: qual o interesse do governo dos Estados Unidos 100

em manter estreitas relações com Portugal e, mesmo a contragosto


dos europeus, impor a presença das suas bases militares em pontos
95

estratégicos da Europa, sendo que, coin- cidentemente ou não, esse 75

pontos, na maioria, já se demons- traram centros importantes para o


tráfico e/ou consumo das drogas? (Portugal, Alemanha, Turquia
Espanha, Itália, Inglaterra ...). 25

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76 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

A seguir transcrevemos uma série de citações colhidas da


imprensa portuguesa, pois, através delas, podemos observar o
envolvimento de guardas fiscais, da TAP, das bases americanas,
de policiais, empresas de exportação e importação, diplomatas,
brasileiros, com o tráfico da morte.

Portugal entra na rota da droga


“Alguns dos “barões da droga” escolheram Portugal para seu
campo de ação, como alternativa aos países assolados pela guerra aberta
que lhes é feita pela Administração Bush” (Revista Semana, pág. 24).
(Visão ingênua da revista, ao pensar que só os barões
colombianos escolheram Portugal; os norte-americanos já
escolheram este país há muito tempo, haja vista as estranhas
cargas flutuantes de drogas que são encontradas justamente nas
praias das ilhas portuguesas onde os ianques têm suas bases militares,
fato que a própria revista mencionará adiante).
“A situação geográfica estratégica do nosso país a par de uma
legislação vigente absolutamente caduca, tornam-no um campo
privilegiado para os “barões” agirem. (...) No Norte de Portugal (...)
Viana do Castelo (...) conhecida no circuito como “A Princesa do Haxe”,
um verdadeiro esquadrão de lanchas rápidas, as chamadas voadoras,
funciona como autêntica ponta de lança para a introdução da droga em
Portugal e na Europa. Os “barões” assentam arraiais nas encostas de
Santa Luzia e, dali, dirigem as suas operações, o seu assalto à Europa e
ao Mundo” (Revista Semana pág.24).
“Em Portugal o branqueamento ou lavagem de dinheiro 100

proveniente de atividades ilegais como o tráfico de droga não é crime 95


punível pela lei do País. A necessidade que Portugal tem de divisas é tal
que qualquer soma de dólares, libras, ou marcos que seja investida em 75

Portugal é bem-vinda e não está sujeita a controle sobre a sua origem”


(Revista Semana, página 24.)
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78 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“(...) Bragança: Guardas prisionais detidos e suspensos por


venderem droga aos detidos." (Revista Semana, página 24). “No ano
findo aumentou substancialmente entre nós (Portugal) o tráfico de droga”
(Público, 9/4/1990, p. 2).
“Na zona da Grande Lisboa, são cada vez em maior número os
locais de venda (...) autênticos supermercados da droga funcionam
eficientemente.” (Revista Semana, página 24).

Alfândegas dos Aeroportos, Guarda Fiscal,


Companhias Aéreas, Diplomatas –
todos sócios das máfias das drogas
“É fácil desviar malas com droga na alfândega do Aeroporto”
(título).
“Um agente da Polícia Judiciária que prestou depoimentos
sexta-feira perante o tribunal que julga um processo de tráfico de droga,
referiu que “na alfândega há muitas hipóteses de serem desviadas malas
que possam conter droga”.
“(...) O processo envolve elementos da Guarda Fiscal e
companhias aéreas. “(...) Em relação a uma eventual entrada de 800
gramas de cocaína provenientes da Índia, o subinspetor afirmou que a
mesma foi apreendida na Alemanha. O produto terá entrado em Lisboa e
enviado na “mala diplomática” para o antigo cônsul português em
Frankfurt, Walter Leitão, fato pelo qual já fora condenado,
encontrando-se a cumprir pena.
“(...) O processo refere-se a duas estruturas de tráfico: uma da 100

Europa, via Índia, e outra via América Latina.


95

“(...) A droga, transportada em malas idênticas às usadas pela


tripulação aérea, era desviada no aeroporto de Lisboa, dos circuitos
75

normais de outras bagagens. (...) O processo envolve um antigo funcionário


da TAP, dois elementos da Guarda Fiscal e, ainda, um antigo pugilista,
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 79

“candidato à direção no Atlético Clube de Portugal” (Correio da Manhã,


1/4/90, página 9).
“Aeroporto serve ao tráfico de droga. (...) Uma inspetora que
participou em várias diligências no Aeroporto de Lisboa referiu, no seu
depoimento ao tribunal, que tentativas de passar vários quilos de droga
no aeroporto são situações diárias".
“(...) O processo, que envolve vários apensos e 33 arguidos,
reporta-se a fatos ocorridos desde 1981 e nele estão acusados, entre
outros, elementos das companhias aéreas TAP e Varig, bem como da
Guarda Fiscal”. (Diário de Notícias, abril de 1990. Notícia: “Detido
pela PSP no Alto do Pina – Jovem confessou ser traficante mas não
consumidor de droga”).

Base Americana das Lajes (Açores)


e a Rota da Droga
“(...) Os Açores, graças a uma situação geográfica
verdadeiramente privilegiada, são mesmo, neste momento, ponto
obrigatório da tão falada “Rota da Droga”. Aqui o produto faz escala na
sua viagem para a Europa e principalmente para os Estados Unidos.”
(Revista Semana, página 24.)
“(...) Segundo as autoridades, a droga é trazida por alto mar e
guardada em bóias ao largo. Aí são recolhidas mais tarde, pelas
embarcações que partem para a Europa ou para a América; (...) por vezes
(...) as bóias rompem-se e a droga dá à costa, a boiar. No princípio deste
ano, foram encontrados vários sacos com droga, junto à costa, nas ilhas
100
do Faial, Flores e S. Miguel. Na costa da Ilha das Flores, foi encontrada
uma embalagem com 20 quilos de haxixe e no Faial, outra com 10 95

quilos” (Revista Semana, página 24).


75

Por que a droga iria “das ilhas para os Estados Unidos”? Por
que não viria dos Estados Unidos, talvez, via bases militares?
25

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80 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Aliás, a base norte-americana de Lajes já é bastante


conhecida em Portugal como um centro de contrabando de
diversos produtos como nos declarou o jovem português C. J. S.,
26 anos, natural de Lisboa, ex-militar miliciano. “Quando do meu
cumprimento do Serviço Militar, no Exército Português, de 1988 a
1989, era fato corrente a compra e venda de materiais de vários tipos,
contrabandeados, provenientes da base norte-americana dos Açores,
como óculos de sol, aparelhagem eletrônica, máquinas fotográficas, roupas
diversas etc. Se era fácil para eles contrabandear esses produtos, os
mesmos canais, é claro, poderiam ser usados para o tráfico de drogas
Aliás, seria muito mais fácil, pois se uma aparelhagem de som é
volumosa, um saquinho de cocaína é muito menor e vale milhões”.
“(...) A vizinha Espanha também não foge à regra, e do Brasil vêm
correios com droga em quantidades substanciais, que entram em Portugal.
Dos 788 quilos de cocaína apreendidos pela Polícia Judiciária
Portuguesa em 1989, 200 eram provenientes do Brasil por onde passa
quase toda a droga produzida na Colômbia, Bolívia e Peru” (Revista
Semana, página 24).
(Notem os leitores: quatro países dominados pelos Estados
Unidos, produtores e distribuidores de narcóticos.)
Os 788 quilos de cocaína apreendidos em Portugal dariam
o fantástico lucro de 262 milhões de dólares, pois, de acordo
com o jornal Le Monde, 12/10/89, p.13, artigo de Beatrice
Bontman, cada 3 quilos de cocaína são vendidos por 1 milhão de
dólares nas ruas.
Como a quantia apreendida é 10 vezes inferior à circulada,
segundo a Polícia Judiciária, o total real da droga traficada seria 100

7,8 toneladas (2,6 bilhões de dólares). Isto só referente à cocaína. 95

“(...) Açores: Judiciária e F.B.I. desmantelam rede de droga que 75

introduzia haxixe entre os americanos da Base de Lajes” (Revista


Semana, página 24).
Fato muito importante este. Demonstra que: 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 81

a) os americanos da Base das Lajes usam haxixe;


b) frequentemente, onde há americano há drogas.
Aqui fica uma pergunta: não seria a rede desmantelada uma
concorrente dos traficantes que há dentro da base das Lajes? Não seria
útil às nações européias fazer uma melhor investigação e controle
dessas bases militares, para ver se delas não sairiam carregamentos de
droga para a Europa (no caso de Açores, via Portugal)?
Prezado leitor: haveria meio mais seguro e eficaz do que se
utilizar um esquema já montado que dispõe de aviões, lanchas
supermodernas, armas, submarinos, sofisticados sistemas de
segurança, radares, comunicação etc., para o tráfico de narcóticos?
Como se explica o fato de, justamente na zona das bases
militares americanas nas costas de Portugal ter-se verificado o
aumento desse tráfico?
O que fez então o governo de Bush, que faz propaganda aos
quatro ventos da sua guerra internacional “contra” as drogas? O que
fazem os seus militares que não “evitam” esse perigo? Não seriam eles
os que querem conservar o monopólio desse comércio?

O tráfico é suportado por grupos


de grande poderio econômico
“O crime de gravata é mais lucrativo que a ação da metralhadora; os
protagonistas da fraude econômica do Fundo Social Europeu desviaram mais
dinheiro em três anos, e os traficantes de droga num ano, que todos os assaltos
a mão armada em uma década. 100

“(...) Mas é o tráfico da droga (...) o crime mais qualificado e 95

organizado em matéria de alta delinquência. 75

“Quanto aos lucros advindos do tráfico de droga, são incalculáveis e


transformaram-se numa autêntica economia subterrânea. O seu controlo é
nulo, pois até o momento, o Estado português não tem medidas legislativas 25

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82 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

que fiscalizem e impeçam o branqueamento de dinheiro “sujo”. Ao contrário


de outros países, grandes somas em moeda estrangeira podem entrar nos nossos
bancos, sem serem investigadas.
“Na opinião de Gonçalves da Costa, magistrado a exercer funções
docentes no Centro de Estudos Judiciários, ‘preocupante, contudo, é a alta
criminalidade que já se imiscui na área do poder. Daí o seu tratamento
amável. Um grande especulador dilui de tal forma a sua atuação, que nunca
se pode responsabilizar concretamente. Por exemplo, haverá maior
criminalidade do que lançar quantidades astronômicas de títulos que fazem
cair tantos valores? Mas estas pessoas até são muito cumprimentadas. (...) o
que define a alta delinquência são os interesses em causa, o grau de actuação e
a subtileza dos processos. São casos cuja detecção é muito mais difícil (só uma
minoria é que é revelada, a maioria pertence às cifras negras) e, por ironia são
os mais gravemente punidos’.
“Segundo investigadores do tráfico de drogas, as apreensões policiais
representam apenas um décimo da droga que entra no mercado” (Público,
9/4/1990, pág.2).
Nota: O dinheiro assim arrecadado é utilizado pelo poder
econômico patológico para financiar a máfia internacional para esta
se armar, comprar pessoas em todos os países, organizar seu exército
ultramoderno, equipado com sofisticadíssimos aparelhos de
espionagem e armas superiores às de alguns países, para espalhar
tranquilamente a morte e a destruição por entre os pacíficos
trabalhadores de todas as nações do mundo. Nunca o crime
organizado esteve tão poderosamente estruturado! Hoje ele já se
encontra infiltrado no governo de nações, e em casos extremos,
formando um governo paralelo poderoso, como nos EUA, e assim 100

estabeleceu completo domínio sobre os fatos sociais, políticos e


econômicos de nossos dias, determinando o rumo mundialmente 95

maléfico da História contemporânea. 75

“(...) O tráfico de droga é, por excelência, o crime organizado e sem


fronteiras. Segundo Gonçalves Carvalho, diretor de investigação da droga, o
tráfico é suportado por grupos de grande poderio econômico. 25

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"Entre nós, não havendo nomes conhecidos na sua organização, foram


já encontrados grupos economicamente muito fortes, como o que esteve no topo
da rede do C. Ventoso, recentemente desmantelada. (...) Muitas das redes
portuguesas encontram-se em grupos com interesses na indústria hoteleira e em
indivíduos regressados das ex-colônias, que se dedicam preferencialmente ao
tráfico de heroína, vinda do chamado Triângulo Dourado (Índia e Paquistão).
Os países sul-americanos, especialmente o Brasil, são os grandes fornecedores
de cocaína, que, daqui, entra no mercado europeu. (...) Os métodos de
transporte são os mais variados, muitas vezes sob a cobertura de firmas de
“import-export” (Público, 9/4/1990. página 2).

100

95

75

25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 85

2ª PARTE

A Dimensão Mundial
do Negócio das Drogas

“O conjunto do tráfico de estupefacientes


gerou em 1988, 500 bilhões de dólares”
(cifras oficiais, muito aquém da realidade).
“lsto é o equivalente ao PNB da França em
1985”.

Mohaen Toumi, Science et Vie Economie Magazine,


Novembro de 1989. 100

95

75

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 87

AS DROGAS ATRAVÉS
DA HISTÓRIA
Através de pesquisas feitas na história das civilizações sobre
a origem das drogas, constatamos que:
Na Ásia Menor, no ano 5000 a.C, o povo sumério, que
criou o alfabeto cuneiforme, incluía referências ao ópio da
papoula nos seus escritos mais antigos.
Em 3000 a.C, já se usava como inalante a mahuang, que era
um arbusto de éfedra encontrada na China, onde também em
2737 a.C, foi documentado pelo Imperador Shen Nung, num
tratado chinês, que a cannabis sativa poderia ser transformada
(fermentada) em chá e usada para propósitos medicinais.
Já no ano 2000 a.C, na Índia, a cannabis foi introduzida, e
os hindus podem ter sido o primeiro povo a secá-la e fumá-la.
No Egito antigo, papiros datando de 1500 a.C, documentam
temores provocados por elixires de ópio, por causa de
alucinações que ele produzia.
Hipócrates, o pai da Medicina, em cerca de 400 a.C, 100

experimentou preparações medicinais usando o ópio como


ingrediente. Desde então, a Medicina nunca mais parou de 95

danificar o ser humano com drogas perigosas. 75

Cerca de 100 d.C, os índios astecas do México, construí-


ram uma cultura em torno das propriedades mágicas do cacto
25

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88 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

peyote, do cogumelo Psilohybin, ololiuqui, sementes de uma


substância química alucinógena semelhante ao LSD.
Cerca de 1000 d.C, os incas da região que agora é
conhecida como Bolívia e Peru, mascavam folhas de coca devido
aos seus efeitos estimulantes.
No século XI, na Pérsia, surgiu a palavra haxixe, onde as
drogas foram pela primeira vez associadas às atividades criminais.
Sua origem vem do nome de um líder do culto persa Al-Hansan.
Consta que eles consumiam haxixe para entrar em estado de
êxtase de visão do paraíso antes de encarar o martírio, e nesse
estado intoxicado, eles lançavam ataques suicidas contra seus
inimigos (haxixe – mesma origem da palavra assassino).
O narcotráfico já começou no encontro do Velho Mundo
com o Novo; as explorações iniciadas por Colombo, descobriram,
entre outras coisas, a cocaína da América do Sul, alucinógenos
da América Central e tabaco da América do Norte.
Essas drogas foram levadas de volta para as cortes
européias e recebidas com bastante receptividade, devido à
inversão psicológica de se ver grande vantagem na alienação.
O intercâmbio de drogas tornou-se completo, quando os
europeus introduziram nas Américas bebidas alcoólicas destiladas,
no Chile, em 1545, e a cannabis vinda da Ásia.
Os hindus introduziram o tabaco na Europa. Os navios
levaram suprimentos de folhas e sementes, o que fez com que se
espalhasse o cultivo de tabaco.
100
Na Inglaterra, que controlava a região de tabaco da
Virgínia, a loucura pelo tabaco atingiu proporções epidêmicas, 95

apesar do alto preço. A nicotina teve o seu nome devido a 75


Jacques Nicot, que a levou para a França em 1560, dizendo que
ela tinha grande potencial medicinal, o que se revelou, com o
tempo, ser uma fantasia, como tantas outras da ciência médica. 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 89

Em 1623, Sir Francis Bacon descreveu o hábito de fumar


tabaco e escreveu: “Aqueles que uma vez se tornam acostumados, daí
por diante dificilmente poderão se livrar do vício.”
O uso de ópio mais forte, desenvolveu-se na China em
1650. Sua utilização já era conhecida como um sério problema
de saúde. A dinastia Manchu tentou restringir a importação do
ópio a seu povo, mas não funcionou, porque eles não tinham
poder contra a pressão econômica exercida pela “English East
India Company”, cujo objetivo era obter lucros e dominar o povo
pela alienação.
Em 1839, os chineses proibiram a importação do ópio; para
se certificar disso, todas as importações trazidas por navios, eram
detidas. O resultado foi a Guerra do Ópio entre China e Inglaterra
de 1839-1842 (a qual os ingleses venceram). A segunda Guerra do
Ópio foi de 1856-1858.
O uso do ópio tornou-se epidêmico na Europa, no século
XIX, principalmente na Inglaterra e na América. Tragicamente o
uso mais difundido da droga, era nos remédios infantis, que
eram vendidos com os nomes de Godfrey´s Cordial, Munn´s Elixir
e Mother Bailey´s.
O guia caseiro mais popular da época “Beeton’s Book of
Household Management” viu-se na obrigação de alertar a população
de que certas preparações, constantemente dadas às crianças
pelas suas enfermeiras e mães, para fazê-las dormir,
frequentemente eram fatais. A pesquisa inglesa de 1842, chamada
“The Second Report to the Commisioners”, falava do dilema que
levou as mulheres pobres a drogar as suas crianças com ópio. Já
100

desde essa época a droga era utilizada para explorar o trabalho 95

escravo do povo.
75

O alemão Frederick Engels, no seu livro The condition of the


working class, Inglaterra, 1844, descreveu um arrepiante aumento
do consumo das drogas, devido ao fato de os corpos das crianças 25

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90 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

desenvolverem resistência às substâncias. Por causa das doses


cada vez maiores, elas tornavam-se pálidas, fracas, geralmente
morrendo antes de completar 2 anos de idade. O uso deste
“remédio” era difundido em todas as grandes cidades e vilarejos
do país.
No século XX, os franceses regulamentaram na Indochina
o comércio do ópio e do álcool, e criaram um monopólio de
compra, fabricação e venda. Em meados de 1930, existiam 1500
casas de álcool e de ópio.
A Ásia Central é o celeiro da droga da União Soviética.
Oitenta por cento dos entorpecentes consumidos na União
Soviética, provêm das províncias muçulmanas.
Em todos os processos de colonização vemos como as
drogas têm sido uma mercadoria muito destrutiva para o povo e
muito rentável para os traficantes. Têm dado esplêndidos
ingressos ao fisco da metrópole e ao mesmo tempo têm servido
para dominar os povos colonizados. Ao torná-los viciados, a
exploração se facilita. A dependência é dupla. Não só a colônia
depende da metrópole, mas seus habitantes dependem da droga.
Aí se percebe a fortificação do tráfico. Nos governos imperialistas
e nas ditaduras, semelhante fenômeno se verifica, devido à
corrupção e política de exploração.

A questão atual
Se, no passado, o comércio de entorpecentes foi frequen-
temente realizado, suas proporções eram infinitamente 100

modestas, em comparação com as do tráfico atual. Na atualidade


vemos que o problema de narcodependência e narco- tráfico 95

tornaram-se uma epidemia mundial de proporções assustadoras, 75

tendo como país central os EUA, no que se refere tanto ao


consumo das drogas (o maior do mundo) quanto às atividades
do comércio ilícito e aos lucros dele provenientes. 25

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A revista Cadernos do 3º Mundo, em seu número 113, traz a


seguinte notícia: “Neste final de século, o narcotráfico transformou-se num
dos eixos mais importantes nas relações da América Latina com os Estados
Unidos, com expressivas implicações de ordem estratégica e de segurança
nacional e coletiva. Por isso, tratar o problema como simples questão policial
é uma simplificação grosseira que desconhece sua complexa realidade. O
narcotráfico, na sua verdadeira dimensão, é um problema econômico, social
e político, de significação transnacional, que desequilibra o Estado e a
sociedade latino-americanos” (Cadernos do Terceiro Mundo, “Drogas, o
poder paralelo”, de Manuel Gonzalo C. Alvarez, pág.10).
As verdadeiras e aterradoras dimensões mundiais do tráfico
atual são vistas nos outros capítulos, bem como o papel prepon-
derante no comércio da morte, daquela que foi até há bem pouco
tempo a nação líder do Ocidente (Estados Unidos da América).

A dimensão mundial do negócio


americano das drogas
Para se ter uma idéia da grande atração que o mercado europeu de
drogas oferece aos “investidores” americanos: um grama de ouro em Paris
custa de 60 a 70 francos, dependendo da oscilação do mercado (agosto
1990). Em contrapartida, o grama de cocaína é vendido por 1000
francos – o que dá uma vantagem de perto de 940 francos por grama de
cocaína vendido!

A droga é o maior negócio mundial


da atualidade 100

De acordo com números oficiais, colhidos pelo escritor 95

Jean Ziegler (em A Suíça Lava Mais Branco): 75

“os lucros da droga representam hoje um mercado fantástico que


se cifra (...) entre os 300 e os 500 bilhões de dólares por ano. Vários peritos
25

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92 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

famosos, entre os quais Mr. Kendall, secretário-geral da lnterpol,


inclinam-se para o segundo número”.
Números oficiais costumam ser, pelo menos, cinco vezes
inferiores aos reais. Porém, mesmo este índice oficial coloca a
droga entre os maiores negócios mundiais. Equivale a quase cinco
vezes a dívida de alguns países do 3º Mundo (o Brasil, por
exemplo, que está sendo obrigado a exportar praticamente todos
os seus produtos para pagar os juros de uma dívida de 110
bilhões de dólares). De acordo com Ziegler, esse meio trilhão de
dólares referente ao lucro da droga por ano equivale “às despesas
de todos os países ocidentais durante um ano para as suas compras de
petróleo.” E representa mais do que três vezes o orçamento da
França que é de 150 bilhões de dólares!
“O comércio internacional de estupefacientes é uma atividade
econômica combatida mas também protegida (...) ela é uma das
primeiras atividades econômicas mundiais” (Le Monde Diplomatique,
24/4/90, artigo de Christian de Brie, “Quem lucra com o tráfico de
drogas? Esses banqueiros, cúmplices do tráfico de drogas”).
“O crime organizado é apenas um dos sócios do comércio
internacional de estupefacientes (...) O comércio da droga funciona na
base de uma sociedade entre três participantes: o meio dos traficantes, o
meio dos negócios, e o meio político” (Christian de Brie, art. cit.).
Em praticamente todos os países, os banqueiros tornaram-se
cúmplices do negócio, não só “lavando” o dinheiro proveniente da
droga, mas até mesmo orientando, defendendo, mantendo o
segredo das contas, fornecendo advogados e consultores aos
traficantes, auxiliando, enfim, a tornar o dinheiro da droga “limpo e 100

respeitável”. Não é segredo para ninguém o notável poder de 95

influência dos bancos junto aos governos das sociedades modernas,


constituindo-se praticamente na classe dirigente de nossos dias, em 75

muitos países. Em seu livro Psicanálise da Sociedade, Keppe afirma


que antigamente as cidades construíam-se ao redor das igrejas,
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depois ao redor dos castelos e hoje, em torno dos bancos. Em seu


artigo, Christian de Brie afirma que:
“na verdade os bancos não só não fogem do dinheiro da droga, mas
atiram-se numa concorrência encarniçada para obtê-lo (...) Nas menores
cidades das zonas de coca, na Bolívia, Peru, Colômbia, encontram-se
sucursais de bancos norte-americanos, britânicos, alemães, suíços,
franceses. Para que negócios e para qual dinheiro, senão o das drogas?
(...) Entre os numerosos bancos implicados há muito tempo na lavagem
da droga (uma dezena de grandes bancos na Suíça, mais de 20 em
Miami), figuram nomes conhecidos como o Chase Manhattan,
L’American Express, Louis Dreyfus etc.”
Para se ter consciência da dimensão do negócio internacional
do narcotráfico, ler capítulos “Multinacional Norte-Americana das
Drogas” e “Quem são os Responsáveis pelo Narcotráfico.”

O poder dos traficantes já é maior


do que o de muitos Estados
“A força assassina dos traficantes da droga instala-se como poder
concorrente dos Estados (...) Organizemos, contra eles, a proteção da
pessoa humana, atingida nas suas defesas mais íntimas (...) É preciso
ousar, pensar e dizer que nenhum compromisso é possível com esta cadeia
de corrupção, com esses agentes da morte.” (François Miterrand,
discurso inaugural do Arco da Fraternidade, Paris, 26/8/89, no
Le Monde, 29/8/89.)
“A quem dá lucro o crime? A toda a gente e este é bem o drama. Como
lutar contra a corrente, quando as cumplicidades estão por todo o lado e há 100

focos de infecção numerosos?” (Dossier Le Monde sobre a Droga.) 95

“Os Estados parecem desarmados diante do problema, incapazes 75

de desferir um golpe mortal no narcotráfico” (mesmo jornal – Dossier


Le Monde). (Obs.: Há Estados desarmados contra o narcotráfico,
25

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94 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

realmente, mas há Estados promotores do narcotráfico, também,


o que não foi comentado no artigo).

Os Estados Unidos são o maior produtor mundial


de marijuana e favorecem a produção de ópio,
heroína e cocaína através do mundo.
As seguintes zonas geográficas dividem a produção de
ópio, heroína e cocaína:
1. Oriente Médio: produz ópio e heroína. Países: Afeganistão,
Irã, Paquistão (Croissant D’Or), Índia, Nepal e Líbano.
2. Ásia (Sudeste): produz ópio e heroína. Países: Birmânia,
Tailândia e Laos (Triângulo de Ouro).
3. América Latina: produz cocaína. Países: Peru, Bolívia,
Colômbia, Equador, Brasil.
4. México: produz 50 toneladas de ópio, convertidas em 5
toneladas de heroína.
A maioria destas zonas produtoras são controladas direta
ou indiretamente pelos Estados Unidos da América, como é
mostrado a seguir.
Afeganistão, Paquistão
A revista Vida Soviética, de abril de 1990, informou que:
”nas zonas do Afeganistão controladas pela oposição, com apoio do
Paquistão e dos Estados Unidos, produzem-se 600 toneladas de droga por 100

ano.”
95

Segundo a revista, os camponeses são incentivados a


cultivar a papoula que permite produzir ópio; um sistema de 75

transporte via Paquistão assegura a ida do produto aos países da


Europa Ocidental e à América do Norte e que: “são os destacamentos
armados da oposição que transportam a droga para o Paquistão”. 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 95

O Afeganistão é responsável por 1/5 da produção mundial


de ópio e pela metade de produção mundial de heroína.
Irã
Estudos efetuados sobre o escândalo Irangate (venda
clandestina de armas de Israel e Estados Unidos ao Irã)
demonstram que:
a) essas armas eram pagas com dólares, “mas sobretudo com
droga (morfina-base e heroína)” (de acordo com Jean Ziegler,
livro citado, página 151);
b) a Casa Branca participou ativamente da operação; até o
ex-presidente Ronald Reagan foi acusado, mas alegou
desconhecer o que se passara. Seu Conselheiro Nacional
de Segurança, John Poindexter (braço direito do governo)
chegou a ser condenado, mas apenas a seis meses de prisão.
As dúvidas sobre o ex-presidente norte-americano ainda
persistem (conforme artigo “O Veredicto sobre Reagan”, de
Antony Lewis, New York Times/Diário de Notícias, 1/5/90);
c) o dinheiro proveniente da venda de armas (e das drogas, é
claro) era transferido, por ordem do coronel norte-
-americano Oliver North e outros, para a América Central,
para financiar bandos de mercenários contra a frente
Farabundo Marti, em Salvador, e para auxiliar os “contras”
da Nicarágua (grupo de oposição ao governo sandinista);
d) “a venda secreta de armas ao Irã serviu para financiar o
equipamento dos “contras” nicaraguenses, o que possibilitou um
importante tráfico de cocaína entre a Colômbia e os Estados Unidos 100

com apoio logístico de agentes norte-americanos” (conforme Le 95

Monde Diplomatique, 24/4/1990, Christian de Brie).


75

Em julho de 1990, um ex-agente da CIA, Richard


Brancke, afirmou o seguinte à televisão estatal italiana (RAI):
25

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96 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Para quem ficam os lucros das drogas


Entre o plantio e a colheita, nos países do Terceiro
Mundo, até ser transformada em cocaína pelos laboratórios
da Colômbia, Brasil e outros países, e ser vendida nos
mercados internacionais, a folha de coca passa por um
processo vertiginoso de valorização, no qual os maiores
privilegiados sãos os traficantes.

100

95

75

25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 97

“O tráfico de armas em favor do Irã era a dívida política de


Reagan/Bush com Teerã em troca do atraso na libertação dos reféns
americanos da embaixada americana em Teerã, que tinha provocado a
derrota de Carter nas eleições presidenciais em novembro” e que “Olof
Palmer (Primeiro Ministro da Suécia), teria sido morto (pela Loja
Maçônica P2, com apoio da CIA) porque estava ao par do tráfico ilegal
de armas à época da guerra Irã-Iraque”.
Triângulo de Ouro (Birmânia, Tailândia e Laos)
Os Estados Unidos e a CIA criaram “exércitos rebeldes” no
Laos e na Birmânia, controlando, com base no Triângulo de
Ouro, a produção de ópio e de morfina, única moeda para
compra e suprimento de armas fornecidas pela CIA, cujos aviões
transportavam, de volta, a droga. Esse arranjo funciona até hoje,
alimentando perto de metade do mercado mundial de heroína
(conforme Le Monde Diplomatique, 24/4/90, artigo de Christian
de Brie).
Obs.: De acordo com o dossiê Le Monde sobre a droga, a
produção mundial de heroína está em torno de 106 toneladas por
ano (números oficiais). Tendo em vista que – segundo esse dossiê
– o Afeganistão produz 50 toneladas por ano (na parte
controlada pelos EUA) e o Triângulo de Ouro (sob controle da
CIA) 45 toneladas por ano, concluímos que os Estados Unidos
(Casa Branca, agências, governo) participam diretamente da
produção de praticamente a totalidade de heroína traficada no
mundo (inclusive a heroína vendida na própria América do
Norte).
América Latina
100

95
Conforme o artigo do Le Monde citado, a organização dos
“contras” da Nicarágua pelos Estados Unidos (CIA e Noriega) 75

possibilitou um importante tráfico de cocaína entre a Colômbia


e os Estados Unidos, com apoio logístico de agentes americanos.
25

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98 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

É consabido que, de modo geral, os regimes ditatoriais na


América Latina foram implantados pela CIA. Generais
brasileiros da época da ditadura, por exemplo, mantinham uma
conta secreta no Banco Migros (suíço) onde eram depositados
regularmente um milhão de francos suíços por semana,
proveniente do tráfico de drogas pela rede brasileira. O dinheiro
cambiado no Banco Migros era depositado semanalmente na
conta n° 13.277.201, do Banesto Banking Corporation em Nova
York (conforme livro de Jean Ziegler, citado, págs. 71-72).
O general Noriega, que organizou os “contras” da
Nicarágua e apoiava o cartel de Medellin na Colômbia, sempre foi
agente da CIA, desde 1950, e recebia 100 mil dólares por ano
pelos seus serviços – pagos regularmente tanto por Ronald
Reagan como pelo atual presidente norte-americano (conforme
artigo “Noriega, “a lição” americana”, de Tony Jenkins, Revista
Expresso, 20/1/90). Bush só mandou prendê-lo, depois que o
ditador panamenho deixou de interessar aos EUA.
As seguintes zonas geográficas dividem a produção de
marijuana:
1. Estados Unidos da América (maior produtor mundial,
segundo Le Figaro, 19/5/90);
2. Ásia (Índia, Tailândia e Nepal);
3. Médio Oriente (Líbano, Paquistão, Afeganistão, lenen);
4. África (Marrocos e Quênia) – Como se vê, além de os
Estados Unidos da América serem o maior produtor da
droga (“A marijuana é certamente a segunda ou terceira cultura 100

da Califórnia”, de acordo com Milton Friedman, prêmio 95


Nobel de Economia, em entrevista ao Le Figaro de
19/5/90), países utilizados pelos norte-americanos para 75

produzir ópio e heroína, “coincidentemente” estão


também entre os produtores mundiais de marijuana
(Tailândia, Paquistão, Afeganistão ...). 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 99

Como o narcotráfico ameaça a Europa


O jornal USA Today do dia 29 de Março de 1990 trouxe a
seguinte notícia: “Traficantes transportam para a Europa o excedente da
U. S. cocaína”, onde se afirma o seguinte:
“Os traficantes de droga nos Estados Unidos estão agora
transportando seus excedentes para a Europa, para achar novos mercados. (...)
A quantidade de cocaína vinda para os Estados Unidos é maior do que a que
está sendo usada. (...) Os vendedores de cocaína saturaram o mercado
norte-americano ao preço que eles querem vendê-la, então agora eles são
forçados a transportar (a droga) para o exterior (...) Os preços da Europa
Ocidental são o dobro dos vigentes nos Estados Unidos (...) Não há qualquer
dúvida que o mercado europeu está aberto. Os agentes federais dizem que eles
estão captando mais carregamentos de cocaína indo diretamente da Colômbia
para a Europa – e carregamentos para a Europa Oriental crescerão
rapidamente (...) Agora que as barreiras serão eliminadas, isso abrirá as portas
para os traficantes oportunistas diz Frank Shultz, da DEA em Washington”.
Como se observa, os norte-americanos estão “de olho” na
Europa, agora que a decadência econômica de seu país reduz os
fabulosos lucros advindos do narcotráfico.
É preciso que a Europa acorde para esse perigo, pois há uma
incrível coincidência entre as zonas onde há influência americana e as
áreas de produção e concentração intensa do narcotráfico.
A ameaça para a Europa é seriíssima.
Na França, por exemplo, o consumo de drogas mais que
dobrou, de 1980 a 1987, de acordo com o inquérito “Toxico- 100

manies” do Ministério da Solidariedade da Saúde e da Proteção


Social. 95

Portugal, principalmente nos Açores – (será coincidência 75

que lá se situa uma base norte-americana?) é hoje nova rota


mundial do narcotráfico, segundo notícias publicadas pela
própria imprensa portuguesa. 25

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100 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Há um número dramaticamente crescente de vítimas da droga


na Europa Ocidental. A progressão de politoxicomania, das ligações
extremamente preocupantes entre injeção da droga e a SIDA e a
associação entre os grupos de traficantes e os grupos de terroristas é um
triste balanço, que estabelece o relatório anual-1988 do órgão
internacional de controle de estupefacientes da ONU, publicado em
12/1 em Viena, na sede desta organização” (conforme Dossier Le
Monde sobre a droga).
O mesmo grupo responsável pela introdução maciça da
droga nos Estados Unidos da América – e que vem há tempos
tentando fazer o mesmo na Europa, mas sem os mesmos
resultados – agora volta-se com todas as suas forças para o
mercado europeu, último reduto ainda capaz de oferecer
resistência à invasão. Estamos às portas do conflito final, de uma
luta de vida ou morte – ou os traficantes do poder econômico
patológico destroem o mundo, ou nos unimos para salvar a
civilização.
Em 1985, como colaboradora no livro A Decadência do Povo
Americano, de Norberto Keppe, escrevi o seguinte:
“Uma pesquisa do New York Times, efetuada em 27/5/1984,
mostra que 99% dos colégios internatos do país estavam atingidos pelo
uso da cocaína, além da marijuana. Perguntando-se a essas crianças por
que faziam isso e tentando-se apelar para seus responsáveis, verificou-se
que os próprios pais e professores destas crianças também eram viciados.
Isto significa que provavelmente 90% da população, pelo menos de Nova
York, já teve ou tem experiências com droga, o que afeta irremediavelmente
as funções cerebrais (dado comprovado cientificamente)”. 100

São fatos como este que trouxeram o declínio já tão 95

abertamente comentado para a civilização norte-americana, que


precisam ser evitados a todo custo na nova Europa Unida de 75

1992.
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 101

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 103

QUEM SÃO OS
RESPONSÁVEIS PELO
TRÁFICO DA MORTE?

100

“O livro de hóspedes (de um dos narco- 95

traficantes da Colômbia) assinala os nomes de vários 75

ministros colombianos e estrangeiros, de chefes do


exército e da Polícia.” 25

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104 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Muitas pessoas já conseguem vislumbrar e sentir a


monstruosidade do crime internacional levado a efeito todos os dias, em
quase todos os países, pelas quadrilhas multinacionais de narcotraficantes.
Mas quem são os responsáveis, não apenas pela produção e refino, mas
pela movimentação intercontinental do tráfico da morte?
Certos cartéis da droga já foram bem identificados, sendo de
domínio público, por assim dizer, como os citados na notícia a seguir:
“O comércio internacional das drogas ilícitas é um tráfico
trilateral. Por três motivos:
“Diz respeito sobretudo a três produtos: heroína, cocaína e
maconha.
“É dominado por três grandes organizações criminosas, que
controlam a transformação, transporte e comércio atacadista: os cartéis
colombianos de Medellin e Cali para a cocaína, as tríades chinesas de Hon
Kong para a heroína do Triângulo de Ouro da Ásia, a Máfia Siciliana
para a heroína do Croissant de Ouro no Oriente Próximo. O mercado de
maconha permanece aberto.
“Finalmente, o comércio da droga funciona na base de uma
sociedade entre três participantes: o meio dos traficantes, o meio dos
negócios e o meio político” (Conforme Le Monde Diplomatique,
25/4/90, artigo de Christian de Brie).
O que ainda não é do conhecimento público, é que estas
quadrilhas já adquiriram tal poder que se constituem na
verdadeira classe dominante de nossos dias. Estão mais do que
infiltradas nos aparelhos de Estado de inúmeros países. Têm
aliados entre: ministros de Estado, agentes da lei (policiais juízes, 100

promotores, funcionários de alfândega), diplomatas (cônsules, 95

embaixadores), políticos, funcionários de companhias aéreas e de


navegação, forças de segurança (exército, marinha, aeronáutica) 75

jornalistas, funcionários de empresas de comunicações


(telefônicas, correios) e, sobretudo, banqueiros.
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 105

“A força assassina dos traficantes da droga instala-se como poder


concorrente dos Estados (...) Organizemos, contra eles, a proteção da
pessoa humana, atingida nas suas defesas mais íntimas (...) É preciso
ousar pensar e dizer que nenhum compromisso é possível com esta cadeia
de corrupção, com esses agentes da morte” (François Miterrand,
discurso inaugural do Arco da Fraternidade, Paris, 26/8/89, no
Le Monde 29/8/89).
A existência de cúmplices nos meios político, burocrático,
policial, financeiro é algo inerente à “atividade” do narcotráfico.
De características criminosas e repugnantes ao povo, as
multinacionais da droga organizadas e mantidas pelo poder
econômico automaticamente montam e ampliam uma rede
internacional de “colaboradores” para conseguir se defender das
pessoas idealistas e corajosas que as enfrentam e para garantir a
atuação livre e impune na sociedade.
Os “colaboradores” da rede internacional estão infiltrados,
quase sempre, nas mesmas categorias profissionais, e têm as
seguintes funções:

Policiais Federais e Estaduais


São necessários para “fazer vistas largas”, avisar os trafi-
cantes de investigações em andamento, salvá-los de flagrantes, e
perseguir seus inimigos (até mesmo dentro da própria Polícia).
“Em Miami, (...) o departamento de Polícia é o centro de uma
grande investigação federal de corrupção com narcóticos (...) Em julho de
1985, 16 agentes atacaram um barco de um contrabandista no rio 100

Miami e roubaram mais de 400 quilos de cocaína, tendo três homens 95

que guardavam o barco, saltado para o rio e morrido afogados.


75

“O poder dos círculos da droga em corromper e influenciar os


agentes da autoridade e as figuras políticas é muito claro.
“A corrupção atingiu (...) agentes do FBI. 25

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106 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Segundo o gabinete de investigação da Geórgia (...) já foram


implicados em casos de contrabando de droga, em anos recentes, perto de
uma dúzia de xerifes das 159 comarcas do Estado. Os xerifes e seus
auxiliares receberam milhares de dólares por noite, para deixar passar
lançamentos de droga, feitos pelas centenas de pequenos aviões que ali a
levam.
“Nas noites límpidas, os residentes no sul da Geórgia podem estar
deitados e ouvir o zumbido dos pequenos aviões, recheados de cocaína e
marijuana, a virem das Bahamas, do México, ou da América Central.
Um pequeno campo de aviação no conselho rural de Morgan, na
Geórgia, tornou-se tão popular junto aos traficantes de droga, que foi
alcunhado de Kennedy lnternational Airport pela Polícia do Estado.
“Em Nova York (...) 13 agentes do 77º Distrito Policial, no bairro
de Bedford-Stuyvesant, em Brooklyn, devassado pelo crime, foram
acusados e condenados por ilegalidades, muitas das quais ligadas à
droga” (Artigo “Droga nos Estados Unidos é Sinônimo de Corrupção”,
de Philip Shenom, The New York Times, publicado pelo Diário de
Notícias, 8/5/88, vários trechos).
Evidentemente, os poucos policiais autuados e presos
representam uma ínfima parcela dentro da gigantesca rede
implantada pelos dirigentes mundiais do narcotráfico nas
organizações policiais dos diversos países, sobretudo aquelas que
têm ligações com fronteiras ou estão locadas em espaços
geográficos chaves para o comércio dos entorpecentes.

Guardas fiscais e de fronteiras, 100

agentes de alfândega
95

São indispensáveis para ajudar os narcotraficantes na


entrada e saída de carregamentos de droga nos diversos países; 75

podem ser usados, também, para prender incômodos oponentes


dos contrabandistas.
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 107

“Um agente da Polícia Judiciária que prestou depoimentos


perante o tribunal que julga um processo de tráfico de drogas, referiu que
“na alfândega há muitas hipóteses de serem desviadas malas que possam
conter drogas (...) (o processo) envolve elementos da Guarda Fiscal e
companhias aéreas. (...) (o processo) refere-se a duas estruturas de tráfico:
uma da Europa, via Índia, e outra via América Latina. (...) A droga,
transportada em malas idênticas às usadas pela tripulação aérea, era
desviada no aeroporto de Lisboa, dos circuitos normais de outras
bagagens. (...) O processo envolve um antigo funcionário da TAP e dois
elementos da Guarda Fiscal” (Correio da Manhã, 1/4/90, página 9,
artigo “É fácil desviar malas com droga na alfândega do Aeroporto”).
“A corrupção (relacionada às drogas) atingiu um vasto leque de
autoridades da lei — dos serviços de alfândega até xerifes" (Diário de
Notícias, 8/5/88, Philip Shenon, artigo citado).

Diplomatas (cônsules e embaixadores)


São úteis para ajudar os narcotraficantes nas remessas de
mercadorias sem passar pela alfândega, questões de entrada e
saída dos países, obtenção de visas e passaportes, e mesmo como
agentes do tráfico (há cônsules presos por tráfico de drogas), pois
os diplomatas têm, além da imunidade, total liberdade de
importar, exportar, transportar mercadorias sem sujeição às
alfândegas de outros países.
“Em relação a uma eventual entrada (em Portugal) de 800
gramas de cocaína provenientes da Índia, o subinspetor afirmou que ela
foi apreendida na Alemanha. O produto terá entrado em Lisboa e 100

enviado na “mala diplomática” para o antigo cônsul português em


Frankfurt, Walter Leitão, facto pelo qual já fora condenado, 95

encontrando-se a cumprir pena (Correio de Manhã, 1/4/90, página 9, 75

artigo citado).

25

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108 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Políticos
São úteis para legislar em favor dos narcotraficantes ou
protelar e impedir a aprovação de leis que prejudiquem o
comércio dos entorpecentes; podem ainda oferecer apoio e ajuda
política em caso de necessidade, para neutralizar oponentes, por
exemplo, para nomear indivíduos chaves em funções chaves e
usar de poder político para jogos de influência.
“A Suíça não conhece a lei sobre a incompatibilidade entre os
mandatos de deputados e de membro de um conselho de administração
(de diretor, consultor etc.) de uma empresa privada. Apenas eleitos, um
grande número de legisladores são convidados a juntarem-se ao conselho
de administração dos grandes bancos (...) tudo o que os emires (donos de
bancos) lhes pedem é que votem no Parlamento, de acordo com as suas
instruções” (Jean Ziegler, A Suíça Lava Mais Branco, Editorial
Inquérito Limitada, Lisboa, página 164).
Nesse livro, o autor desenvolve o tema central da lavagem
de dinheiro proveniente de droga pelos bancos suíços, consi-
derada por ele a mais importante fatia de depósitos no sistema
bancário da Suíça.
O mesmo ocorre também, é claro, em outros países,
havendo uma grande quantidade de deputados, senadores,
governantes eleitos graças a campanhas financiadas por organi-
zações bancárias e grupos de pressão (“lobbies”) de diversos tipos
que, posteriormente, é óbvio, exigem a retribuição em leis e
medidas que protejam seus interesses. No caso da Suíça, a lei
principal que se quer manter inalterada é a da inviolabilidade do
segredo bancário, que permite a lavagem, sem problemas, das
100

vultosas quantias provenientes do tráfico das drogas. 95

75

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 109

Funcionários de companhias aéreas


e de navegação
Evidentemente, como o tráfico não é efetuado somente
pelas linhas clandestinas e através de aeroportos particulares,
mas também por linhas regulares de vôo ou roteiros marítimos
normais, torna-se automática a busca de “colaboração” de
pilotos, aeromoças, comissários de bordo, capitães de navios etc.,
em empresas conhecidas.
“Sete indivíduos, três dos quais funcionários da TAP, que em
maio do ano passado fizeram entrar cinco quilos de cocaína em Lisboa,
através do Aeroporto da Portela, foram sentenciados com pesadas penas
de prisão (...) Os três funcionários da TAP facilitaram a saída de
cocaína, proveniente da Venezuela, sem passar no controlo alfandegário
(...) Miguel Fernandes Silva, preparador e controlador auxiliar da TAP
(...) O operador de rampa (da TAP) Igor Antonio Pires de Souza, de 47
anos (...) Sabino Rafael Feion da mesma transportadora (nome dos
condenados)”

Forças de Segurança
(exército, marinha, aeronáutica)
Em alguns países, há apenas pessoas infiltradas nas forças
de defesa, mas em outros, estas instituições militares estão
totalmente nas mãos de um poderoso traficante de drogas
internacional. Exemplo típico deste último caso é o do general
Manuel Antonio Noriega que, colocado pela CIA no Panamá,
tornou-se o homem forte das forças de segurança panamenhas, 100

utilizando-as para os interesses criminosos dele e dos grupos que 95


o contrataram (prisão e tortura de oponentes, contrabando,
tráfico de armas e de drogas etc.) 75

Em muitos casos, as bases militares situadas em pontos


estratégicos são postos ideais para o armazenamento e distribui- 25

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110 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

ção das drogas, dada a sua invulnerabilidade (observando-se uma


coincidente e inquietante proximidade, por exemplo, entre bases
norte-americanas estratégicas e zonas de grande intensidade de
narcotráfico – como em Açores, Portugal, e Frankfurt, Alemanha,
onde foi preso o cônsul Walter Leitão, por tráfico de cocaína).
Aviões, submarinos, lanchas militares são transportadores
ideais de entorpecentes como foi o caso dos aviões da força aérea
norte-americana sob comando da CIA que transportavam armas
ao Laos e Birmânia e voltavam carregados de ópio.
“Os Estados Unidos e a CIA favoreceram a formação de exércitos
rebeldes no Laos e na Birmânia, sob a autoridade de comandantes locais
(...) controlando a produção de ópio e da morfina (...) única moeda para
compra e fornecimento de armas liberadas pela CIA, cujos aviões
transportam, de volta, a droga. Esse arranjo (...) funcionou durante toda
a guerra do Vietnã, alimentando os G.Is. e hoje perto da metade do
mercado mundial de heroína.” (Le monde Diplomatique, 25/4/90,
artigo de Christian de Brie)
Militares brasileiros são outro bom exemplo, como se
observa no texto a seguir:
“Durante anos a rede brasileira funcionara sem obstáculos, de
maneira clássica. A droga, transportada por cidadãos latino-americanos
disfarçados de turistas, desembarcava em Genebra-Coitrin. Daí era
encaminhada para Milão, vendida no mercado da Itália do Norte, em
França e na RFA. Outros brasileiros traziam para a Suíça malas
carregadas de capas de livros, de francos franceses, de deutschmarks.
“A rede tinha um banco preferido: o gabinete de câmbio do Banco 100

Migros, no n.° 16, rue do Mont Blanc em Genebra. Foi aí que, durante
dois anos, os transportadores esvaziaram as suas malas; somas 95

equivalentes a 500 mil francos eram aí cambiadas duas vezes por 75

semana. Com uma tranquila regularidade, estas somas eram depositadas


na conta n.° 13.277.201 – nome de código de “Austral” – do Banco
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 111

Banesto Banking Corporation em Nova York. O títular da conta? Uma


sociedade brasileira com o nome de Walter Exprinter.
“É aí que o inquérito se detém: por detrás da Walter Exprinter
esconder-se-iam – de acordo com as informações detidas pela justiça
italiana e a DEA – generais do Exército brasileiro.” (Jean Ziegler, A
Suíça Lava Mais Branco, páginas 71 e 72.)

Jornais e Jornalistas
É muito frequente os narcotraficantes contarem com
grande apoio nos meios de comunicação social, devido à força
econômica e política de que dispõem, seja junto aos donos dos
jornais, emissoras de rádio e de TV, seja junto a alguns jornalistas
chaves. Este apoio pode ser direto (construindo, através de
notícias bem elaboradas, uma imagem de respeitabilidade para
pessoas ligadas ao narcotráfico e difamando através do mesmo
recurso, os que se opõem à atuação do narcotráfico) ou indireto
(caso da imprensa suíça que, ao defender os impérios bancários,
suas contas secretas – que possibilitam o branqueamento do
dinheiro da droga – está fornecendo grande apoio aos traficantes
de entorpecentes).
Os jornais servem também à promoção subliminar do
consumo de drogas. Os jornalistas mais visados pelos traficantes
são, é claro, os correspondentes estrangeiros de menor impor-
tância (os correspondentes de peso, jornalistas mais famosos não
são abordados com facilidade). Aqueles correspondentes, devi-
do à facilidade de locomoção, entrada e saída fácil dos países , 100
são subornados para se tornarem inclusive agentes do narco-
tráfico, ou defensores dos narcotraficantes. 95

O próprio Jean Ziegler, depois que editou em 1976 o livro 75

Uma Suíça Acima de Qualquer Suspeita, que denuncia o seu


imperialismo secundário contemporâneo e seu papel de recepta-
dora dos capitais em fuga, graças ao segredo bancário e à conta 25

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112 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

com número, foi vítima de uma campanha de difamação pela


imprensa. Recentemente sua editora foi processada por
Edmundo Safra, devido às denúncias feitas no seu livro.

Promotores públicos e procuradores


São necessários para não acusar, ou para protelar a
acusação aos traficantes; e, simultaneamente, para abrir
inquéritos contra pessoas que combatem o uso de drogas;
“acusação seletiva”: prendem os que atrapalham – os concorrentes
– e protegem os de suas quadrilhas.
Um exemplo de perseguição feroz a pessoas “que
atrapalham” o tráfico é o episódio ocorrido com nosso trabalho
científico em Nova York, quando fomos acusados falsamente
pela Promotoria Geral da República do Estados Unidos,
justamente numa tentativa de impedir maiores investigações no
campo do narcotráfico, devido às denúncias que fazíamos.
“A corrupção (relativa às drogas, nos EUA) entre os agentes da lei
(...) até promotores e juízes – está fora de controle”. (Philip Shenon,
“Droga nos Estados Unidos é Sinônimo de Corrupção”, Diário de
Notícias, 8/5/88).

Juízes
São importantes para absolver ou protelar processos
contra os mafiosos da droga e, ao mesmo tempo, indispensáveis
para condenar duramente seus adversários; responsáveis pelo 100

“julgamento seletivo”.
95

“Na cidade de Bellinzona (Suíça) inspetores da polícia (...)


apreendem um estoque de morfina e heroína (...) que havia saído da 75

Turquia. Sua detenção (...) permitiu que se chegasse aos responsáveis


pela Shakarchi Trading S.A. poderosa sociedade financeira de Zurique,
com capacidade de manejar até 100 milhões de dólares por dia, suspeita 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 113

de ter lavado o dinheiro da organização libanesa. Todos (os responsáveis


de Shakarchi) residem na Suíça (...) com a melhor acolhida e espantosa
proteção (...) da parte da polícia e da justiça que bloqueiam no mais alto
nível os pedidos de investigação. O vice-presidente da Shakarchi, Hans
Kopp (...) é marido da Ministra da Justiça. Ele é também advogado de
um dos maiores traficantes de armas e de heroína do mundo. Prevenido
pela mulher, H. Kopp pede demissão e Shakarchi pode tomar decisões.
Nem a firma, nem seu vice-presidente, nem os bancos, serão molestados”
(Jean Ziegler, livro citado).
“O meio criminoso conseguiu, ao longo dos anos, tecer sua rede no
seio do aparelho do Estado, manter sob ameaça ou chantagem ministros,
parlamentares, altos funcionários, prefeitos, juízes, funcionários de
penitenciárias, cuidadosamente escolhidos e colocados em postos-chaves e
cuja carreira é mantida sob controle” (Le Monde Diplomatique, artigo
citado).

Organizações paramilitares
Do tipo CIA norte americana, ou DEA, costumam aliar-se
a notórios traficantes ou corruptos (quando não, colocá-los
diretamente no poder). Por exemplo, a CIA, envolvida, ou
causadora de inúmeros casos de corrupção e tráfico de drogas
através do mundo, colocou no poder no Panamá, o general
Noriega. O “homem forte do Panamá” foi, desde 1950, agente
contratado da CIA recebendo um salário de 100.000 dólares
anuais pelos seus “serviços”. Apoiado pelos sucessivos governos
norte-americanos e diretorias da CIA, desde então, continuou a
ser pago por Bush quando este era diretor da CIA e durante a 100

Administração Reagan-Bush, tendo organizado em seu país o 95

jogo, a prostituição, a corrupção política, a tortura, e tornado o


Panamá centro estratégico para o contrabando de armas e o 75

tráfico de drogas. (Revista Expresso, 20/1/1990, pág. 4R, artigo


“Noriega: a “lição” americana”, de Tony Jenkins, Nova York).
25

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114 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Ziegler também comenta, em seu livro, as ligações de D.


Pablo (principal chefe do Cartel de Medellin) com a DEA norte
-americana (Jean Ziegler, A Suíça Lava Mais Branco, pág. 77).

Funcionários de Correios
e Companhias Telefônicas
São úteis para violar correspondência de oponentes ou
ajudar na escuta telefônica dos adversários.

Ministros de Estado
Ministros, sobretudo os de Relações Exteriores (que
controlam as embaixadas e os consulados do mundo inteiro) e os
ministros da justiça (que se encarregam da punição aos crimes de
narcotráfico e da chefia da própria Polícia Federal) são muito
procurados pelos poderosos da economia dirigentes do
narcotráfico internacional; são preciosos aliados, quando
comprados ou intimidados. Aliás, o próprio presidente Reagan
está sendo acusado em seu país de envolvimento no narcotráfico
internacional (escândalo Irã-Contras), bem como está sendo
tachado ultimamente de corrupto pela própria mídia estaduni-
dense (e está sendo questionado neste dossiê).
Um excelente exemplo do envolvimento de ministros com
o narcotráfico nos é mostrado nesta passagem do livro de Ziegler,
onde o autor descreve o confisco dos castelos e propriedades dos
narcotraficantes do Cartel de Medellin pelo governo colombiano:
100

“No “Castillon Maroquin” (castelo marroquino) pertencente a


95
Camilo Vapata Vasquez, um dos banqueiros do Cartel, os
telespectadores descobrem três piscinas gigantes, cujos fundos, bordos e 75

pranchas estão revestidos de palhetas de ouro. Outra descoberta, mais


inquietante: o livro de hóspedes assinala os nomes de vários ministros
colombianos e estrangeiros, de chefes do exército e da polícia”. 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 115

Bancos
São apontados em todos os artigos e livros sérios sobre
drogas como os sócios fundamentais dos narcotraficantes; sem
os bancos, o narcotráfico seria quase impossível.
“Há muito tempo que os bancos lavam e reciclam o dinheiro da
fraude fiscal, das transferências ilícitas de capital, do tráfico de armas, de
tabaco, álcool, de mercadorias, de comissões ocultas, de falsas faturas, de
fortunas pilhadas por tiranos e ditadores do mundo inteiro. Lavar e
reciclar é justamente o problema dos traficantes. Bilhões de divisas,
produto da venda, chegam em notas pequenas. É preciso depositá-las (...)
transferi-las (...) lavá-las (...) reagrupá-las finalmente (...) tudo isso os
bancos sabem fazer. Eles possuem redes mundiais equipadas para esse
fim. Em resumo os dois sócios (traficantes e banqueiros) têm necessidade
um do outro” (Le Monde Diplomatique, 25/4/90, Christian De
Brie, artigo citado).

Presidentes da República
O ex-presidente Ronald Reagan é acusado publicamente
de ter participado da venda de armas clandestinas ao Irã
(escândalo Irangate). Sabe-se hoje que essas armas, fornecidas
diretamente pela Casa Branca, foram pagas com drogas (“O imã
pagava (...) sobretudo em droga (morfina-base e heroína) (Jean Ziegler, A
Suíça Lava Mais Branco, página 136).
Sabe-se, também, que “a venda secreta de armas ao Irã (...)
serviu para financiar o equipamento dos “contras” nicaraguenses, o que 100
possibilitou um importante tráfico de cocaína entre a Colômbia e os
Estados Unidos com apoio logístico dos agentes americanos. O negócio 95

foi conduzido na Casa Branca pelo Conselho de Segurança Nacional 75


(...) em ligação com a CIA de William Casey” (Le Monde
Diplomatique, 25/4/90, Christian de Brie, artigo citado).
25

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116 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Consideremos um aspecto (do escândalo Irangate): o embarque


de mísseis Howk, americanos, de Israel para o Irã em 1985. A Casa Branca
e várias agências de segurança estavam envolvidos no negócio. O presidente
Reagan sabia dele” (Diário de Notícias, 1/5/90, artigo “O Veredicto Sobre
Reagan” Antony Lewis, DN/New York Times).
Do mesmo modo, o presidente norte-americano, George Bush
foi diretor por muito tempo desta mesma CIA tão profundamente
entranhada no narcotráfico internacional. Razão pela qual a sua
recente guerra contra o tráfico de drogas tem sido vista como algo sem
seriedade, mais um golpe publicitário ou ato circense (Revista
Expresso, 20/1/90, Tony Jenkins, artigo citado).
Segundo esse autor, o ditador panamenho Noriega,
consabidamente um narcotraficante internacional, foi apoiado
diretamente por Bush, tanto na gestão deste como diretor da CIA,
quanto em seu mandato como vice-presidente dos Estados Unidos.
Aliás, Noriega (que havia deixado de receber seu salário anual de
agente da CIA na administração Carter) foi recontratado exatamente
na Administração Reagan.
Com relação ao comprometimento do governo americano e
da classe econômica dirigente (banqueira) com o narco-tráfico
internacional, as citações a seguir darão ao leitor uma ligeira idéia.

Governo dos Estados Unidos


da América
“Os Estados Unidos pretendem fazer-se passar por grandes
campeões da luta contra o tráfico de drogas e chegam ao ponto de 100

“justificar” a intervenção do Panamá com o argumento de que se pretende 95


impedir este tráfico.
75
“No entanto, nas zonas do Afeganistão controladas pela oposição
com o apoio do Paquistão e dos Estados Unidos, produzem-se seiscentas
toneladas de droga por ano. Nassir Akmed, do ministério afegão da 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 117

Segurança, afirmou recentemente que o Partido Islâmico do Afeganistão


e outras organizações antigovernamentais estão intimamente ligadas ao
“negócio” e incentivam os camponeses a cultivar a papoula que permite
produzir o ópio. Hoje o Afeganistão é um novo centro mundial de droga
– disse-nos Akmed. Os extremistas e a máfia internacional criaram um
sistema de transportes via Paquistão que assegura a chegada do produto
à América do Norte e aos países da Europa Ocidental. São os
destacamentos armados da oposição que transportam a droga para o
Paquistão, onde é transformada e depois levada em pequenos barcos até
cargueiros de maior porte que a aguardam em águas neutras” (Revista
Vida Soviética, abril 1990).
Este artigo mostra que são políticos, mafiosos, militares,
paquistaneses e norte-americanos, os responsáveis por mais este
centro mundial de narcóticos. Por que Bush não se mobilizou
para desmantelá-lo? Será que as drogas estão sendo trocadas por
armas, como no caso do Irã? Daria esta atividade lucros aos
Estados Unidos? Seria então o desmantelamento da rede da
Colômbia e do Panamá simples eliminação de concorrentes?

Bancos Americanos
Apreensões feitas durante a invasão americana no
Panamá, o interrogatório de Eduardo Martinez – um
financiador do cartel de Medellin recentemente extraditado para
os Estados Unidos – e finalmente as informações fornecidas
pelos governos colombiano, uruguaio, suíço, luxemburguês,
canadense, austríaco e britânico levaram (ou obrigaram?) o
departamento da Justiça americana a lançar uma “vasta ofensiva” 100

contra a lavagem dos lucros da droga nos E.U.A. O que se passou 95

então é descrito pelo jornal Liberation, de 19/4/90:


75

“O Attorney General Dick Thornburgh anunciou a apreensão dos


documentos correspondentes a 750 contas bancárias e o congelamento de
outras 684 contas, ordenados por um juiz de Atlanta. A investigação vai 25

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118 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

estender-se por 23 Estados, mas a maior parte dos estabelecimentos em


questão encontra-se em Miami e Nova York, onde as contas suspeitas nos
maiores bancos do país Citibank, Chase Manhattan, Bankers Trust,
Morgan Garanty vão ser passados pelo pente fino pelos agentes federais.
Estes estabelecimentos, no entanto, não são suspeitos (para o governo
americano) de terem participado conscientemente (com pleno
conhecimento) das operações de lavagem. (...)
“Porém esta ação da Justiça parece sobretudo um golpe
publicitário (...) Até agora, as únicas apreensões efetivas do FBI e da
DEA têm um montante de 20 milhões de dólares nas contas de Miami e
15 milhões nos bancos de Nova York. O que representa apenas 0,03%
dos 110 bilhões de dólares (cifras fornecidas pelo Departamento do
Tesouro) gerados pelo comércio da droga no território norte-americano. O
que torna o triunfo bem modesto”. (Liberation, 19/4/90, Frederic
Fillow).
O artigo acima é bom para mostrar vários fatos:
• a participação dos grandes bancos americanos na lavagem e
branqueamento do dinheiro proveniente do narcotráfico;
• o pacto do governo norte-americano com os banqueiros,
ao se considerarem os estabelecimentos bancários não
suspeitos de cumplicidade (presunção de inocência),
quando a função do Attorney General seria abrir um
inquérito para averiguar se havia ou não participação
voluntária e consciente no tráfico de drogas por parte
desses bancos;
• o gesto teatral, publicitário, que tem caracterizado as ações 100
governamentais anti-droga nos Estados Unidos; (“golpe
publicitário”, segundo o jornalista francês). 95

75

25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 119

A "LAVAGEM" DE DINHEIRO
“A verdade é que os bancos não apenas não fogem do dinheiro da
droga como também atiram-se numa concorrência encarniçada para
captá-lo”, lembra Christian de Brie.

Os três sócios:
No comércio internacional das drogas há três sócios
igualmente importantes:
Primeiro sócio: as organizações criminosas que controlam a
transformação, o transporte e o comércio atacadista, como os agentes
da CIA e DEA norte-americana, os cartéis colombianos de Medellin
e Cali para a cocaína, as tríades chinesas de Hong Kong para a
heroína do Triângulo de Ouro da Asia e a máfia siciliana para a
heroína do “Crescente de Ouro” no Próximo Oriente;
Segundo sócio: representado pelo meio econômico (bancário e
financeiro). Faz a lavagem e reciclagem do “dinheiro da morte”.
Terceiro sócio: representado pelo meio político que dá suporte à
produção e ao tráfico da droga, à lavagem e reciclagem do dinheiro
através de inúmeras leis que protegem os narco- traficantes e o
segredo bancário (ministros, juízes, parlamen- tares, governadores, 100

presidentes etc.). 95

“O crime organizado é apenas um dos participantes do comércio de 75

estupefacientes (ao lado dos bancos e dos governos) (...) O comércio da droga
funciona baseado numa sociedade de três participantes: o mundo dos
traficantes, o mundo dos negócios e o mundo político (...) A repressão do 25

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120 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

comércio ilícito de estupefacientes até o presente atingiu sobretudo


consumidores e produtores. Portanto, o mercado continua dominado pelo
crime organizado e por seus aliados indispensáveis sem os quais não pode
prosperar: os bancos e os meios políticos.” (Le Monde Diplomatique,
“Quem Lucra com o Tráfico de Narcóticos. Esses Banqueiros,
Cúmplices do Tráfico de Drogas”, Christian de Brie, 24/4/90).

O Papel do Segundo Sócio:


De acordo com o jornalista do Le Monde Diplomatique, “O
segundo sócio – o mundo dos negócios, incluindo aí a rede bancária e
financeira internacional – é que é difícil de se aceitar que possa colaborar
com o anterior (o mundo do crime) (..) Seu papel real e sua implicação são
menos conhecidos e, sem dúvida, menos colocados ao público (...) Qualquer
que seja a atividade, a partir digamos de um milhão de dólares, nada escapa
aos banqueiros (...) Durante séculos, financiou as conquistas coloniais, o
tráfico de escravos, as guerras, assassinatos. Neste cenário, o tráfico de drogas
não é o mais do que um mercado como outro qualquer”.
O mundo financeiro promove a lavagem e a reciclagem do
dinheiro recolhido nas ruas até chegar à sua aplicação em empresas
respeitáveis. O dinheiro das vendas de droga chega em notas
pequenas. É depositado como receitas fictícias das mais diversas
empresas, ou como depósitos anônimos em contas numeradas,
feitos por advogados agentes de câmbio num banco complacente.
A seguir o dinheiro vai ser transferido para uma conta aberta num
banco, por uma sociedade respeitável, através do pagamento de
faturas ou de um empréstimo aparente. Termina aqui a lavagem
do dinheiro que volta ao seu depositário de origem. Vai ser então 100

aplicado nos mais diversos setores: investimentos financeiros,


investimentos na indústria (têxtil, de automóveis), compra de
95

bônus, no setor imobiliário, como bem explica de Brie: 75

“Há muito tempo que os bancos lavam e reciclam o dinheiro (...)


Lavar e reciclar é justamente o problema dos traficantes. Bilhões de
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 121

dólares, produto da venda, chegam em notas pequenas. É preciso


depositá-las em pequenos maços em contas abertas, agrupá-las em outras
contas em nome de intermediários complacentes, advogados, consultores,
agentes de câmbio, agentes de serviços, depois transferi- las para
estabelecimentos protegidos pelo segredo, lavá-las por uma circulação
interna, transferi-las para múltiplas praças através do mundo,
reagrupá-las e finalmente exibi-las dentro de sociedades de fachada, que
investirão em atividades legais ou que concederam “empréstimos” sem
devolução àquele que enviou o dinheiro, o depositário de origem, para
financiar suas operações. (...) Tudo isso os bancos sabem fazer. Eles
possuem redes mundiais equipadas para este fim e gozam de um
privilégio extraordinário: o segredo em relação a terceiros, incluindo-se aí o
Estado, sobretudo nos chamados paraísos fiscais, que deveriam ser mais
adequadamente denominados paraísos da criminalidade, versão moderna
das ilhas e portos onde os piratas acumulavam suas pilhagens” (Chiristian
de Brie, Le Monde Diplomatique, 24/4/90).
A eficácia da lavagem relaciona-se diretamente com a
multiplicação das contas intermediárias e sua dispersão geo-
gráfica. Através do jogo das transferências bancárias, o dinheiro
desloca-se por centros como Nova York, Los Angeles, Zurique,
paraísos fiscais, e volta para a origem.
Seguir o caminho de volta da lavagem do dinheiro – do
investimento financeiro feito por uma sociedade respeitável para
o dinheiro recolhido nas ruas pelos “dealers” – é quase impossível.
São linhas emaranhadas que se cruzam, e há barreiras
intransponíveis que são as leis do segredo bancário feitas
exatamente para dar essa proteção.
100

A importância do “segundo sócio”: 95

75
Para se ter uma idéia da dimensão do envolvimento do
mundo bancário-financeiro e dos negócios no suporte, incentivo
25

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122 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

e incremento do comércio ilícito dos estupefacientes, basta


examinar alguns textos, a seguir:
“Pascal Auchlin constata: “são milhares de milhões de francos
suíços (provenientes do tráfico internacional da droga) que alimentam e
apodrecem a economia suíça. A torrente de narco-dólares é o rio que
alimenta a terra suíça (...) As vagas arrastam três tipos de dinheiro: o
dinheiro limpo, fruto das transações normais e lícitas; o dinheiro cinzento,
produto da evasão fiscal das classes dirigentes francesa, italiana, alemã,
escandinava; ou fruto dos desvios fraudulentos praticados por inúmeros
dirigentes do Terceiro Mundo; finalmente o dinheiro negro, ou dinheiro
sujo, de longe o mais importante. Os emires suíços (donos de bancos)
acolhem todos os anos – camuflam, “lavam” e reinvestem – milhares de
milhões de dólares, espólio das redes internacionais do tráfico da droga, do
armamento e de outras atividades criminosas” (Jean Ziegler, A Suíça
Lava Mais Branco, Ed. Inquérito, Lisboa, 1990, página 15).
“A Suíça e alguns outros paraísos fiscais, são criações artificiais,
cuja independência ou autonomia é fictícia. (...) Suas atividades
criminosas só se desenvolvem e perduram pela vontade das grandes
potências, do mundo dos negócios e dos bancos, que tiram daí lucros
ilícitos. Todas as grandes multinacionais e estabelecimentos financeiros
têm aí dezenas de filiais (...) Foi constatando a extraordinária
proliferação nos últimos anos, de bancos de todas as nacionalidades em
Palermo, Catane, Sicília, Miami e Los Angeles que investigadores
italianos e americanos adquiriram a convicção de que essas praças
tinham se tornado centros do tráfico de heroína e de cocaína”
(Christian de Brie, art. cit.)
100

Como é feita a “lavagem” do dinheiro: 95

Através de um fluxograma incluído neste capítulo, o leitor 75


pode ter uma compreensão melhor de como se processa a
“lavagem” ou “branqueamento” do dinheiro sujo. À medida que
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 123

for lendo o texto a seguir, o leitor pode ir comparando com o


fluxograma, para um entendimento mais claro.
O dinheiro coletado com a venda das drogas na rua (ou no
comércio atacadista e grossista) pode descrever vários caminhos:
1. Ser depositado diretamente numa conta bancária,
sendo posteriormente “lavado” pelo banco.
Normalmente, pensa-se que o depósito direto só pode ser
feito em alguns países e em certos bancos complacentes.
Ingenuamente, acredita-se que nos Estados Unidos, por
exemplo, ninguém se atreveria a depositar os milhões de dólares
provenientes da venda de drogas, porque existe uma lei
estabelecendo que qualquer pessoa para depositar mais do que
dez mil dólares, é obrigada a se identificar e a provar a origem legal
do dinheiro.
Ora, tal idéia é uma fantasia, pois, na verdade, o dinheiro
ilícito pode ser (e é) depositado facilmente, até sob nome falso, em
qualquer país do mundo e praticamente em qualquer banco,
principalmente nos Estados Unidos.
Neste país, segundo dados oficiais do seu próprio
Departamento do Tesouro, são lavados anualmente na rede
bancário-financeira um total estimado de 110 bilhões de dólares
provenientes do comércio ilícito de estupefacientes (o que
corresponde a 1/5 do total estimado mundial).
O que é feito abertamente em países conhecidos como
“paraísos fiscais” é feito facilmente, mas camufladamente, nos EUA. 100

Os bancos têm muitos mecanismos para burlar leis 95

restritivas às suas operações. Tal fato fica bem esclarecido no


depoimento abaixo, prestado por D.F.M., administrador de
75

empresas, que trabalhou como analista financeiro da diretoria de


um conhecido banco, em Nova York, de 1984 a 1988:
25

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124 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

“Desde o início de meu treinamento no banco em Nova York, eu


ouvia o termo “IBF”, que significa International Banking Facilities
(Facilidades Bancárias Internacionais).
“As transações feitas através do IBF eram sempre feitas em
“eurodólares” ao invés de “Fed Funds” usados em operações normais (...)
“O IBF funciona com seu próprio sistema contábil, não sujeito à
fiscalização e controle do Federal Reserve Bank (Banco Central dos
Estados Unidos), como se fosse um banco estrangeiro dentro do banco
americano.
“(...) Isto significa que qualquer pessoa não residente nos EUA
pode depositar uma grande quantia em dinheiro vivo, tranquilamente,
através das operações IBF.
“(Numa operação normal – “Federal Funds” – a pessoa poderia
depositar somente até dez mil dólares no mesmo dia sem ter que reportar
isso; ninguém poderia depositar ou tentar depositar mais do que essa
quantia sem ser perfeitamente identificado).
“No banco em que eu trabalhava em Nova York, eram vistas
pessoas que depositavam largas somas de dinheiro vivo.
“Também no Departamento de Contas Estrangeiras, grandes
depósitos eram feitos por clientes, sempre sob nomes falsos, através do IBF,
nunca através das contas gerais do banco ( ..)
“Por causa dessa falta de controle e o contato direto que o IBF tem
com os bancos estrangeiros, acredito que é um instrumento extremamente
eficaz para enviar dinheiro das drogas de Nova York para o Exterior.
100
“(...) A maioria das operações em IBF no banco em que eu
trabalhava na ocasião, eram feitas através de agências em Nassau, 95

Bahamas e Granel Cayman, Cayman Islands. 75

“Isto nada teria demais, se não fosse um pequeno detalhe: estas


agências simplesmente não existiam! Em outras palavras, existiam só no
papel.” 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 125

Muitas vezes os depósitos diretos, de quantias superiores a 10


mil dólares, são efetuados até mesmo em “Fed Funds”, com o banco
arriscando-se neste caso a, na pior das hipóteses, levar uma multa
normalmente irrisória.
“O Bank of America, o segundo dos Estados Unidos, pagou 4,7
milhões de dólares, a maior multa registrada até hoje, pela ocultação de 17 mil
depósitos superiores a 10 mil dólares. E, já em junho do ano passado, o Chase
Manhattan, o Manufacturers Hanover, o Chemical Bank e o Irving Trust
haviam pago multas entre 210 mil e 360 mil dólares pela mesma razão.”
(Cadernos do Terceiro Mundo, n° 91, Julho/86, pág.71).
Acerca das operações em eurodólares, a revista comenta o
seguinte:
“Uma parte substancial dos vultosos lucros da máfia (italiana) é
lavada em eurodólares que, como se sabe são transações contábeis de moeda
que fisicamente permanece nos Estados Unidos. (...) O destino final dos
recursos são invariavelmente os bancos de Wall Street, através do circuito dos
eurodólares, o eixo Zurique-Nova York.”
Há, ainda, à disposição dos narcotraficantes, os chamados
“paraísos fiscais”, onde podem depositar qualquer quantia, à
vontade, sendo inteiramente protegidos pelo segredo bancário. Na
Suíça, por exemplo, vários autores comentam que nos dois
aeroportos intercontinentais do país em Zurique-Kloten e em
Genebra-Cointrin, os principais bancos e casas de câmbio
mantêm balcões no hall de partida e na sala de trânsito,
permitindo a qualquer pessoa, traficante ou não, efetuar suas
transações bancárias sem nunca passar por uma alfândega ou um
controle policial. Os bancos suíços possuem ainda, no subsolo,
100

amplas garagens para acolher os agentes da morte ou os seus 95

emissários; estes são recebidos à saída do avião e conduzidos num


Mercedes preto, com as cortinas todas fechadas, ao subsolo do 75

banco; daí vão para o andar da direção, voltando a sair pelo


mesmo caminho.
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126 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Normalmente os donos e responsáveis pelos bancos e


sociedades financeiras alegam desconhecer a origem do dinheiro
que depositam. Entretanto, opõem-se encarniçadamente a
qualquer projeto de lei que obrigue o depositante a declarar a
origem e o destino do dinheiro depositado ou que tornem claras e
transparentes para o Estado e pessoas interessadas, as operações
que realizam.
Na prática, se tais medidas fossem adotadas, os criminosos
seriam facilmente descobertos. Todas as evidências mostram que
os banqueiros sabem muito bem quem está depositando e qual é a
origem do dinheiro depositado; por isso mesmo, cercam os
depósitos e as contas dos depositantes de todo o segredo possível.
“A verdade é que os bancos não apenas não fogem do dinheiro da
droga como também se atiram numa concorrência encarniçada para
captá-lo” lembra de Brie (art. Cit.).
2. Depósitos indiretos com auxilio de um intermediário,
como mostra o fluxograma: podem ser feitos através de
advogados agentes de câmbio exterior, ou como receitas fictícias
obtidas em cassinos, companhias distribuidoras de filmes e outras
empresas.
Ziegler, em sua obra já citada, diz que o agente da morte
desejoso de branquear o seu dinheiro na Suíça, dirige-se em
primeiro lugar a um gabinete de advogado, que abre uma conta a
mandado, fiduciariamente.
Isto quer dizer que só o advogado assina os documentos de
abertura da conta em seu próprio nome, ao mesmo tempo em que 100
indica estar atuando a mandado de um cliente. Recusará dizer o
nome deste cliente, invocando o segredo profissional. 95

O autor comenta também o fato de muitas vezes os 75

narcotraficantes utilizarem, para uma espécie de “pré- lavagem”, as


sociedades financeiras, gerentes de fortunas, negociantes de
divisas, fiduciárias. 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 127

Estas sociedades não estão sujeitas a qualquer controle,


nem mesmo à simbólica vigilância da Comissão Federal dos
Bancos, encarregada teoricamente de vigiar as regras mínimas da
prática bancária vigentes na lei federal sobre os bancos e as
cadernetas de poupança.
“Estes institutos, chamados coletivamente “sociedades financeiras”
exercem um grande poder de atração sobre os agentes da morte.
Contrariamente aos bancos, não dispõem de infraestrutura tecnológica,
da rede mundial de sucursais, dos conhecimentos do sistema de
comunicação, do acesso às bolsas etc., indispensáveis à reciclagem dos
milhares de milhões de narcodólares.
A sua função é mais modesta, mas todavia essencial: acolhem o
pecúlio dos traficantes, procedem a uma primeira lavagem, abrindo em seu
nome, junto dos bancos – com o dinheiro sujo mas fiduciariamente tratado
– depósitos, contas numeradas, cadernetas de títulos, etc. Fornecem deste
modo um duplo anonimato ao traficante” (pág. 91).
O agente da morte pode também depositar seu dinheiro
“pré-lavado” por um cassino, como se fosse um ganho de aposta,
ou por companhias de distribuição de filmes ou outras, como se
houvesse efetuado uma venda com os devidos recibos, àquela
companhia.
3. Como o banco procede à lavagem: De posse do
dinheiro da droga, a instituição bancária pode transferir os fundos
para empresas fantasmas (corporações fictícias) “localizadas”
sobretudo nos paraísos fiscais como Ilhas Cayman, Bahamas,
Nassau e Antilhas Holandesas.
100

O dinheiro depois retorna, “lavado”, ao depositante, como


se fosse retorno de investimento, pagamento de faturas etc., sendo
95

aplicado em nome de uma respeitável companhia, no banco e 75

investido em títulos imobiliários, títulos do tesouro, indústrias e


instituições financeiras.
25

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128 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Desse modo, o narcotraficante pode justificar ao Estado e


perante a lei, a origem perfeitamente limpa e legal de seu dinheiro,
proveniente de aplicações em empresas legalmente estabelecidas e
em negócios lícitos.
O dinheiro pode ser também encaminhado a uma
sociedade financeira que depois o “empresta” ao depositante de
origem (dívida que nunca deverá ser paga).
Tendo em vista que os bilhões de dólares provenientes da
droga estão sendo aplicados na compra de Títulos do Tesouro
(ações governamentais) isso mostra o quanto muitos governos
(EUA) encontram-se literalmente nas mãos das máfias do
narcotráfico (dependência econômica).
O mesmo sucede com outros setores da economia.
4. Que bancos estão implicados
No mundo inteiro bancos aceitam o depósito e a retirada de
milhões de dólares sob uma conta numerada ou um nome
emprestado. Não se interessam em saber nem a origem nem o
destino desse dinheiro.
Fica muito difícil definir quais os bancos que não estão
implicados, mas entre os mais citados em livros e na imprensa
estão: Chase Manhattan, American Express, Banco Louis
Dreyfus, Algemene Bank Nederlande, Crédit Suisse, Union des
Banques Suisses (UBS), Banque de Credit et Commerce
International (BCCI), Nugan Hand Bank, Banker’s Trust, City
Bank, Trade Development Bank, Merril Lynch, Manufacturers
Hanover, Chemical Bank, Irving Trust, Bank of America, entre 100

outros. 95

Segundo o jornal Le Monde (n° 174, fev/90), os principais 75


centros de lavagem de dinheiro são:

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 129

Na Europa: Zurique, Lichtenstein, Luxemburgo, Ilha de


Man, Jersey, Antilhas Holandesas, Mônaco, Andorra, Gibraltar,
Vaticano.
No Pacífico: Hong-Kong, Macau, Tailândia, Singapura.
Nas Américas: Montevidéu, Ilhas Virgens, Panamá, Turks
e Caicos, Brasília, Rio de Janeiro, Cayman, Bahamas, Miami,
Houston, Los Angeles, Toronto, Nova York.
Acreditamos que a economia americana, atualmente,
baseia-se no milionário “business” dos tóxicos em âmbito
internacional. Entidades como a CIA, FBI e DEA teriam
participação ativa nesse alto negócio.
Christian de Brie (Le Monde Diplomatique, 24/4/90) observa
que o Nugan Hand Bank (sede em Sydney), cuja principal
atividade é a reciclagem do dinheiro do tráfico de drogas e armas,
possui em seu quadro de funcionários um grande número de
antigos agentes da CIA. O conselheiro jurídico do banco, William
Colby, é um dos ex-chefes da CIA.
Durante a guerra do Vietnam, os agentes da CIA vendiam
armas aos exércitos rebeldes do Laos e da Birmânia (que
controlavam a produção do ópio no Triângulo de Ouro) e
recebiam de volta ópio e morfina.
A rede montada na época funcionou durante toda a
guerra, e hoje cobre a metade do mercado mundial de heroína. O
dinheiro era lavado no Nugan Hand Bank e financiava as
atividades clandestinas da CIA pelo mundo.
100

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130 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 131

A GUERRA DAS
MULTINACIONAIS
DA DROGA CONTRA OS QUE
SE OPÕEM AO
NARCOTRÁFICO

“Os barões da droga formam um Estado dentro do Estado. As


suas armas: plata y plombo (prata e chumbo). Quer corrompam, quer
matem.” (Jean Ziegler)

Para atuar livremente e sem punições, as multinacionais


da droga precisam se defender de: 1) concorrentes; 2) pessoas
verazes (em qualquer profissão), políticos, policiais corretos, 100

juízes imparciais, pessoas idealistas, isto é, justamente aqueles


que têm valor. Ao iniciarem suas atividades, automaticamente 95

deflagram uma guerra contra estas pessoas. Não há paz possível, 75


pelo simples motivo de que os negócios da droga já constituem
um ataque ostensivo à população.
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132 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

As multinacionais do crime organizado utilizam duas armas: a


corrupção e a violência, como bem expressa Ziegler em seu livro A
Suíça Lava Mais Branco:
“Os barões da droga formam um Estado dentro do Estado. As suas
armas: plata y plombo (prata e chumbo). Quer corrompam, quer matem”
(Jean Ziegler, A Suíça Lava Mais Branco, pág. 74, Editorial Inquérito
Ltda., Lisboa, 1990)
Frequentemente, os narcotraficantes usam as duas formas
conjuntamente: oferecem dinheiro ao juiz, policial, legislador etc., e
também uma foto de sua família (mulher, filhos) acompanhada de
um pequeno caixão. A opção é da pessoa: ou ganha mais e cala-se, ou
perdem a vida os seus entes queridos. Muitos calam-se, muitos
demitem-se, outros resistem e são perseguidos e assassinados.
Tal fato está muito bem descrito no livro de Jean Ziegler, já
citado:
“Mônica de Gried, 36 anos (...) é o sexto ministro da Justiça (da
Colômbia) desde 1986, início do mandato de Barco (presidente colombiano).
Um de seus predecessores, Rodrigo Lara Bonnillo, foi assassinado pelos
sicários; um outro, Enrique Parijo, gravemente ferido. Os outros
ministros da Justiça (...) aderem sucessivamente à chantagem: o cartel
tem o hábito de enviar uma fotografia da família e um pequeno caixão em
madeira negra às suas futuras vítimas. Um a seguir a outro, os ministros
demitiram-se (...) Depois do assassinato de 18 juízes em dois anos,
Mônica organiza “casas-fortes” onde trabalham, vivem com a família (e
julgam) os juízes encarregados dos casos dos narcotraficantes. A 22 de
setembro, todavia, Mônica de Grief rende-se: demite-se e refugia-se com a
família nos Estados Unidos.” 100

A verdade é que com estas armas de sedução e de coerção, 95

as transnacionais da droga conseguiram montar uma rede 75

internacional de “colaboradores”, entre diversas profissões,


como policiais, juízes, promotores, agentes de alfândega,
embaixadores, cônsules, ministros (e até presidentes), 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 133

funcionários de companhias aéreas e de navegação e mesmo


jornalistas, conforme explicamos detalhadamente no capítulo
“Quem são os responsáveis pelo tráfico da morte”. Estes aliados são
frequentemente usados para perseguir oponentes.

Sutileza ou violência
Quando uma pessoa é incorruptível e corajosa, quando
por idealismo combate abertamente as drogas, de forma pública
(revistas, jornais, TV etc.) os cartéis da droga utilizam o recurso
da violência, que pode assumir vários graus: ataques a
propriedades (explosão de automóveis, incêndio de casas,
destruição de uma herdade); ataque físico (espancamento,
tortura), ou assassinato puro e simples (preferivelmente por
formas brutais.)
“Desde 1982, os barões da droga da Colômbia mandaram
assassinar 18 mil pessoas, entre as quais 221 juízes e mais de 2.000
polícias”, afirma Ziegler, em seu livro citado, página 74).
Mas os cartéis do narcotráfico também conhecem
violências mais requintadas: a difamação do combatente da
droga pela imprensa paga (através de seus aliados na
comunicação social), ou até por livros (escritores mercenários).
Já Konrad Lorenz prêmio Nobel, no seu livro Civilização e Pecado,
afirma o seguinte: “Os que tentaram erguer sua voz contra a
utilização de substâncias tóxicas foram reduzidos ao silêncio e
desacreditados de maneira infamante.” (Lorenz, Konrad, Civilização
Pecado, Rio de Janeiro, Editora Arte Nova S/A, 1974). 100

Ou então, corrompem policiais para escutar eletronica- 95

mente e vigiar os passos de seus oponentes; diplomatas, para


ajudá-los a perseguir os opositores (negar vistos, difamar etc.); 75

agentes de alfândega, para armar ciladas e prender pessoas sob


qualquer acusação falsa; juízes, promotores e advogados para
prendê-los. 25

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134 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Com isso podem encerrar por 20, 30 anos ou para sempre,


na cadeia, justamente aqueles que deviam estar livres para
prendê-los. Além disso, contam com leais funcionários, dentro
das penitenciárias, que podem infligir maus tratos, torturas, e até
assassinar suas vítimas, tudo sob os auspícios da lei.

Onda de mortes
Os seguintes fatos ilustram um pouco o que está
ocorrendo em vários países com as pessoas que se opõem à onda
mortífera do narcotráfico internacional:

Kempf:
assassinado
Na Bolívia, em 1986, o professor Noel Kempf, sábio de
renome internacional, foi assassinado em Huanchacha, nos
acessos da maior fábrica de cocaína jamais descoberta no país.
“Em setembro de 1988, seu filho denunciou a aparição de uma
nova fábrica na região, sem que nem as autoridades nem os serviços
anti-droga dos Estados Unidos presentes na Bolívia (DEA) se importassem
em verificar esta informação” (conforme revista Croissance des Jeunes
Nations, n° 219, Setembro de 1988, página 21).

Buendía:
assassinado pela Polícia Federal mexicana 100

No México, o conhecido jornalista Manuel Buendía 95


Tellezgirón, autor do livro La Cia en México e de uma longa série
de denúncias sobre atividades de contrabando de armas e tráfico 75

de drogas, também terminou sua vida assassinado, em 30 de


maio de 1984, fato que a revista The Democratic Journalist, de
Abril de 1990, comenta nestes termos: 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 135

“A integridade de Buendía como jornalista permitiu-lhe não


somente confrontar sua própria morte – ele disse em várias ocasiões que
poderia ser assassinado – mas a levar mais longe seus esforços para lidar
com problemas como corrupção, contrabando de armas, tráfico de drogas,
as ameaças estratégicas à paz mundial implementadas pela CIA (...)
“Na introdução de seu livro A CIA no México, ele escreveu que
“investigar e trazer à luz o pessoal e as ações da CIA no México é um dos
mais importantes deveres em minha vida como jornalista. Nós dividimos
a crença que são estrangeiros no México, engajados em espionagem,
assassinatos, subversão, fraude e corrupção, então eles são perigosos
inimigos que devem ser desmascarados, condenados e, se possível,
capturados. Com um objetivo em mente: que eles saiam daqui.”
Devido a pressões ininterruptas de associações de direitos
humanos, da União dos Jornalistas Democráticos e da Fundação
Buendía, depois de cinco anos os presumíveis responsáveis pelo
crime foram detidos, em 14 de Junho de 1989.
“O autor do crime não era outro senão José Antonio Zorilla
(chefe da Agência de Segurança Federal) e os atuais assassinos eram
policiais sob seu comando” (finaliza a revista).

A cruzada de Bob Kennedy


contra o crime organizado
A revista Newsweek, de 9 de maio de 1988, no artigo
“Relembrando Bob”, traz a seguinte referência:
“Como ministro da Justiça, Robert Kennedy forçou o FBI a 100

desempenhar um papel mais ativo nos direitos civis e no crime


95
organizado. O diretor do FBI, Edgard Hoover, não gostou da nova
orientação, mas ele não poderia ignorar um ministro da Justiça que era 75

também o irmão do presidente” (Página 43).

25

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136 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Em suas próprias palavras, o candidato a presidente


assassinado narra assim esse episódio:
“Eu trabalhei de perto com o FBI quando eu era conselheiro para o
Rackets Comitê do Senado. Depois da reunião (dos chefes do crime) em
Apalachin (Nova York) ao qual compareceram 70 pessoas, eu requeri as
fichas de cada um deles e eles não tinham qualquer informação, eu penso,
sobre 40. Talvez alguns recortes de jornais. Mas nada além daquilo. Eu
enviei o meu requerimento para o Bureau de Narcóticos e eles tinham
alguma coisa sobre cada um deles. O FBI não sabia qualquer coisa,
realmente, sobre estas pessoas, que foram os maiores gangsters dos
Estados Unidos. (O FBI) tomou a posição de que não havia qualquer
coisa como crime organizado nos Estados Unidos. O Bureau de
Narcóticos disse que havia.
“Quando eu me tornei ministro da Justiça, eu parti do princípio de
que havia tal coisa ... Eu disse: “Isto é no que nós vamos nos concentrar
... e eu quero isso feito” (...) Eu disse para que fossem dentro daquilo
como eles foram no Partido Comunista”.

Luther King:
outra vítima dos mesmos criminosos
De acordo com esse mesmo livro, o rev. Marthin Luther
King foi morto também em 1968, com dois meses de diferença de
Bob Kennedy, porque “falou contra o abuso da Máfia no interior das
zonas pobres da cidade”.

Colômbia: 100

30 mil mortes em 3 anos 95

O jornal Le Monde, traz a notícia intitulada “Colômbia. A 75

morte, indústria florescente e próspera”, na qual se afirma o seguinte:

25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 137

“Com 30 mil vítimas estes três últimos anos, o comércio da morte


está em plena expansão (...) 42% dos enterros praticados no sul de
Bogotá – aqueles dos pobres – provêm de mortes violentas. O Instituto
Médico Legal tem visto seus efetivos passarem de 320 a 840 porque o
número de mortes para autópsias que ele aceita a cada dia lhe deixa
menos trégua e descanso. Bogotá realiza por volta de 20 autópsias por dia
e Medellin cerca de 25. Nada espantoso que uma verdadeira indústria
da morte tenha tomado raiz na Colômbia. A razão de 30 mil vítimas no
curso dos três últimos anos, ela representa um dos negócios lícitos dos
mais prósperos.’

O poder à base de ameaças


A revista brasileira Manchete de 8 de janeiro de 1990, trouxe a
seguinte notícia:
“Em 1988, a revista Fortune registrava que um dos chefões do Cartel
de Medellin, Gonzalo Rodrigues Coche, movimentava 10 bilhões de dólares,
colocando-se, assim entre as 50 maiores corporações do mundo (...) O
inevitável respaldo de tanta riqueza passou a ser o poder político. (...) Na
Bolívia acredita-se que 20% da força de trabalho, (...) cerca de 1 milhão e 700
mil pessoas, vivem da economia clandestina da coca. No Peru a proporção é
semelhante (...) Na Colômbia, 9% de 11 milhões, constavam da folha de
pagamento dos barões da cocaína (...) Esse império milionário mantém-se à
base de ameaças e de seguidos assassinatos.”

Ministra colombiana:
renunciou temendo as ameaças 100

É ainda da Revista Manchete, citada acima, este comentário:


95

75
“Em agosto de 89 o poderio dos barões da coca na Colômbia chegava a
tal ponto que a ministra da Justiça, Mônica de Grief resolveu abandonar o
cargo, dada as ameaças que vinha recebendo.”
25

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138 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Galan:
o candidato a presidente, assassinado
“Na praça principal do burgo rural de Soacha, situada a poucos
quilômetros de Bogotá, o senador Luis Carlos Galan, 46 anos, candidato à
presidência da Colômbia, realiza um comício eleitoral, na sexta-feira, 18 de
agosto de 1989, no fim da tarde. Galan é um inimigo declarado dos barões do
Cartel de Medellin. Sobe os poucos degraus. A multidão, alegre, excitada,
afetuosa, aplaude-o sem fim, lança-lhe vivas ao som de guitarra. Galan sorri,
ergue os braços ... e cai, com o rosto e o corpo trespassado por dezenas de balas.
Os assassinos perdem-se na multidão. Pertencem aos serviços ditos de
segurança do Cartel de Medellin” (Jean Ziegler, A Suíça Lava Mais Branco,
pág. 73, Editorial Inquérito Ltda., Lisboa, 1990).

Olof Palme:
morto pela CIA por saber demais sobre o Irangate
Na itália, dois ex-agentes da CIA, em entrevista à RAI (televisão
italiana) declararam que a loja maçônica P-2 foi financiada pela
agência americana para facilitar o desenvolvi- mento do terrorismo na
Itália. O jornal francês Liberation noticiou esse fato:
“Richard Brancke (um dos agentes) tinha acusado ultimamente
George Bush no escândalo do Irangate. Tinha remetido ao jornalista da RAI
diversos documentos, entre os quais uma lista de nomes de pessoas operantes
nas sociedades que serviam para lavar o dinheiro do tráfico de armas e de
drogas entre os Estados Unidos e a Suíça. (...) As afirmações de Ibrahim
Razzin (ou outro agente) eram ainda mais rocambolescas. Olof Palme,
Primeiro Ministro da Suécia, teria sido assassinado (pela P-2, apoiada pela 100

CIA) porque estava ao par do tráfico ilegal de armas à época da guerra


Irã-Iraque.” 95

75

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 139

A tentativa de assassinar
Keppe e Pacheco
Os psicanalistas e escritores brasileiros Norberto Keppe e
Cláudia Pacheco, autora deste dossiê, que vinham fazendo uma
série de denúncias sobre a corrupção do poder econômico e a
destruição causada pelas drogas, sofreram uma sequência de
ataques violentos nos EUA, que culminaram com sua prisão
arbitrária e tentativa de assassinato no presídio, em Nova York, em
junho de 1988. A prisão veio na esteira da publicação de seus livros
A Decadência do Povo Americano e dos EUA (1985) e A Libertação dos
Povos – A Patologia do Poder (1987), enviados a todos os políticos e
autoridades americanas e, ingenuamente, ao FBI e à CIA. Após
sobreviverem a um envenenamento por tálio na prisão,
conseguiram finalmente escapar à fúria de seus perse- guidores
(narcotraficantes com ligações nos governos norte- -americano e
brasileiro) abandonando o país e refugiando-se na Europa, onde
prosseguiram seu trabalho de conscientização dos problemas sociais
causados pela corrupção e pelas drogas. Mesmo em território
europeu continuaram a ser molestados pelos tentáculos da
multinacional norte-americana das drogas, tendo que se deslocar
várias vezes de um país a outro para continuar seu trabalho, devido
à perseguição movida contra eles pelo crime organizado.

Difamação, outra arma dos narcotraficantes


Jean Ziegler, na página 174 de seu livro, A Suíça Lava Mais
Branco, narra como foi difamado e perseguido por setores da
imprensa de seu país pelas denúncias que fez acerca do papel dos
100

bancos suíços de receptadores de capitais em fuga: 95

“uma grande imprensa, dita de informação, excitou os 75

sentimentos mais perturbados de meus compatriotas (...) Esta imprensa


atribuira-se uma dupla missão: evitar qualquer debate público sobre as
teses expostas no livro e “patologizar” o seu autor.” 25

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140 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

O papel de alguns Estados


Existe uma proximidade entre ações governamentais e
estes atos de violência.
“Abundante documentação, reunida pelo Christic lnstitut mostra
que a Administração Reagan se ocupou de uma operação secreta, de
outubro de 84 a outubro de 86, chamada “coca-gate”, que se referia à
ajuda do Congresso para os “contras” e que envolvia o tráfico de cocaína.
A placa giratória do tráfico era uma imensa fazenda situada na fronteira
próxima do Norte da Costa Rica, cujo proprietário, John Hall, pertencia
à CIA. Os aviões carregados de cocaína na Colômbia pelo Cartel de
Medellin faziam escala nessa fazenda antes de partir em direção a
Miami. O dinheiro desse tráfico servia para comprar centenas de
toneladas de armas e munições para (supostamente) os contras da frente
sul baseados em Costa Rica. O Departamento de Estado contratou ele
mesmo traficantes como Michel B. Palmer, condenado na Colômbia,
para gerir as operações devido à sua experiência.” (Croissance des Jeunes
Nations, Setembro 1989, página 21)
Não é o primeiro caso em que guerras, golpes de Estado,
guerrilhas modernas, repressões ideológicas aparecem associadas
ao narcotráfico ou aos grupos promotores dele. Só alguns
exemplos, que aparecem citados neste dossiê:
• ascensão e queda de Noriega;
• invasão do Panamá;
• guerrilha de El Salvador (frente Farabundo Marti);
• plano atual dos EUA de invasão da Bolívia, Colômbia e Peru; 100

• Laos/Cambodja (Triângulo de Ouro); 95

• Vietnã 75

• Irã-Iraque (guerra)
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 141

• golpes de Estado – América do Sul, Central, Filipinas (onde


Ferdinand Marcos dirigiu o contrabando e o tráfico de armas,
segundo Ziegler, livro citado, página 116), entre outros.
A respeito do narcoterrorismo estar ligado a muitos
Estados, a revista Croissance des Jeunes Nations, setembro de 1989,
traz as seguintes notícias:
“De 1968 a 1972, o padrinho marselhês Auguste Ricord, no
Paraguai, fez entrar mais de cinco toneladas de heroína nos Estados
Unidos antes de ser extraditado pelo seu protetor, o general Stroessner
(presidente do país).
“Três presidentes em exercício na América Latina – da Bolívia,
Venezuela e da Costa Rica – têm sido acusados de terem sido eleitos
graças ao dinheiro da droga. Os homens fortes do Panamá, do Paraguai,
de Belize e do Haiti são periodicamente acusados de ser ligados ao
tráfico.” (...)
“Os observadores têm estado surpresos de ver que o tema do tráfico
de droga fazia parte da agenda das discussões entre Castro e Gorbatchev,
por ocasião da visita deste último a Cuba, em março último. Talvez a
revelação pelo jornal oficial Granma em junho, que um general e vários
oficiais superiores tinham organizado um tráfico de droga com o Cartel
de Medellin, explica a posteriori, este interesse dos soviéticos para o
assunto.
“Na Bolívia, a produção de cocaína foi organizada pelo governo
do general Banzer a partir do ano de 1974.
“A análise do caso colombiano é bastante mais complexa, porque é 100

o país onde a máfia penetra o mais profundamente o aparelho do


Estado, combinando o poder do dinheiro com o uso do terror. 95

“Os homens políticos eleitos graças ao seu dinheiro – por vezes 75

sem serem de início informados – poderiam sem dúvida formar um


verdadeiro grupo parlamentar.
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142 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Por outro lado, centenas de juízes, policiais, jornalistas têm sido


assassinados por não estarem submetidos às injunções dos traficantes.
Este últimos têm sido capazes de organizar um atentado contra um
embaixador em um país do Leste e de censurar uma emissão de televisão
na França.
“No Peru, as pessoas próximas do primeiro-ministro do presidente
Belaunde, Luis Percovich, protegiam as atividades do “padrinho”
Reynaldo Lopez Rodriguez, sem que os agentes da Drug Enforcement
Agency (DEA), que estavam informados, julgassem bom intervir. Este
último (o padrinho) tinha acabado por controlar os serviços de luta
antidroga da Polícia de Investigação do Peru (PIP), que ele mesmo havia
representado em um congresso internacional de luta contra o tráfico.”
Estas notícias são uma amostra dos terríveis perigos a que
estão sujeitas as pessoas que lutam por um mundo melhor,
lúcido, consciente e livre das drogas. Perigo de serem perseguidas
não só pelos narcotraficantes em pessoa, mas por órgãos gover-
namentais, presidentes de República, ministros, políticos,
jornalistas e “agentes da lei”, pois o pacto em torno da corrupção
e das drogas é geral.

100

95

75

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 143

A PROMOÇÃO SUBLIMINAR
(E DIRETA) DAS
MULTINACIONAIS DAS
DROGAS
As multinacionais das drogas atuaram no sentido de utilizar cantores,
guitarristas, cineastas, atores e escritores, como propagandistas dos
estupefacientes.

Toda a empresa gasta parcelas consideráveis de seu


orçamento em promoção, conhecida como “a alma do negócio”.
Somas astronômicas são despendidas em publicidade, porque não
existe produto que entre no mercado sem ela.
É óbvio que sobretudo um produto novo e temido, como a
droga (que já dispõe de uma intensa “contra-propaganda” para
desencorajar seu consumo) necessita de um enorme esforço
publicitário para ser aceito.
Tendo em vista que a toxicomania propagou-se por milhões 100

de pessoas de ambos os sexos e de diferentes faixas etárias ao redor 95

do mundo – tornou-se realmente pandêmica – conclui-se que por


detrás deste consumo monumental deve haver igualmente uma 75

gigantesca estrutura de propaganda, na qual as multinacionais da


droga despendem quantias fantásticas.
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144 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Promoção, por que meios?


Mas como este comércio faria promoção de seu produto? É
óbvio que não poderia fazê-lo tão abertamente como acontece
com outros negócios, legalmente estabelecidos.
Através de pesquisas verifica-se que predominam as técnicas
de promoção indireta ou subliminar, embora às vezes o consumo
da droga seja sugerido abertamente (propaganda direta
disfarçada).
Temos comparado o negócio das drogas às multinacionais
modernas. Isto quer dizer que a “indústria da morte” tem uma
estrutura operacional semelhante.
De um lado, existe a “cúpula administrativa”, que cuida da
organização, promoção, vendas, contabilidade, relações públicas
(para conseguir aliados junto a governos, órgãos de imprensa,
formação de “lobbies” no Congresso etc.).
De outro lado, o setor de produção e entrega, que cuida do
plantio, refinação, empacotamento, transporte e distribuição, o
qual envolve desde os “barões” da droga (feitores) até os milhões
de camponeses a plantar e colher papoula, coca ou marijuana;
desde a mão de obra empregada na industrialização, até as
centenas de milhares de traficantes, que transportam os produtos
internacionalmente.

1. A “venda”
O objetivo é conseguir novos “clientes” e para isso não se 100

poupam esforços, reuniões, nem estratégias de “marketing”. Uma 95


das formas mais usadas (comum a todas as multinacionais) é o
emprego de “vendedores”. No caso das drogas, os “homens de 75

venda” ficam nas ruas e praças, sobretudo nas portas de escola a


oferecer até gratuitamente os entorpecentes a crianças e
adolescentes, para torná-las dependentes desde cedo. 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 145

Posteriormente, para conseguir o produto, estas crianças


têm que se sujeitar à vontade dos traficantes (roubar, traficar,
entregar, distribuir etc.).
A revista brasileira Manchete, de 8 de janeiro de 1990, traz
a foto de uma menina esfarrapada, com um riso angustiado e
uma arma na mão, com a seguinte legenda:
“Na guerra das drogas, uma garota nas favelas. Um riso na boca,
uma pistola 9mm, 16 tiros na mão. É Carla, a Pixota, 14 anos. Ela
apareceu na favela do Vidigal, Rio, numa guerra de quadrilhas, em
1987”.
The New York Times publicou em 27 de maio de 1984
uma pesquisa demonstrando que 99% dos colégios internatos
do país estavam atingidos pelo uso da cocaína, além da
marijuana. Perguntando-se a essas crianças por que faziam isso,
verificou-se que os próprios pais e professores destas crianças
eram também viciados (conforme o livro A Decadência do Povo
Americano e dos Estados Unidos, de Norberto Keppe, Cláudia
Pacheco e colaboradores, Proton Editora, Jan. 1985, São Paulo,
pág. 178).

2. A propaganda subliminar pela imprensa


É visto por muitos com estranheza a publicação de artigos
sobre drogas que parecem ter a intenção de incrementar o seu
uso: por exemplo, ensinam, com fotos, como preparar a droga,
quanto custa cada pacotinho, onde comprar etc. Algumas vezes,
tais artigos chegam a provocar reações indignadas dos leitores, 100

como ocorreu recentemente em Portugal. Fernando Jorge 95

Queiroz e Alexandre Ruas, ambos de Cascais, escreveram uma


carta à Revista Sábado, do seguinte teor: 75

“Somos dois jovens em pleno tratamento da toxicodependência. E


ficamos chocados ao ver, num artigo sobre “terapias” publicado na vossa 25

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146 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

revista de 11 de abril (de 1990), fotografias ilustrando a preparação e o


uso (intravenoso) de drogas duras, tais como a heroína e a cocaína. É que
terapias significa tratamento e não utilização”.
O jornalista Yan Moncomble, em seu livro Le Pouvoir de la
Drogue Dans Le Politique Mondiale (Paris, 1990, pag. 95 a 98)
escreve o seguinte:
“Bob Gutwilling, o vice-presidente da Playboy consegue destinar
75 mil dólares a um certo Tom Forcade (...) que utiliza esta soma, com a
benção da Play Boy, para lançar a revista High Times (Dos Bons
Tempos), voz oficiosa dos vendedores de heroína, cocaína e marijuana (...)
Estima--se que Forcade era um grande revendedor de drogas.
“O ano de 1971 não foi o primeiro no qual a Playboy inaugurou
sua intervenção no mercado de drogas. No começo de 1960 Playboy
publica um longo artigo intitulado “O Jazz e as Drogas”, que faz reavivar
o papel da cocaína, da marijuana e da heroína dentro da opulenta
subcultura da música jazz e rock. (...) Seu número de novembro de 1963
era quase exclusivamente consagrado a toda uma série de artigos que
glorificam a utilização do LSD. (...) O “fórum” da Playboy faz
oficialmente lançar um aumento averiguado da droga nos Estados
Unidos.”
Todo o esforço do jornalista nesta parte do livro é para
mostrar que a cúpula da Playboy era exatamente a máfia das drogas;
a mesma que incutiu na cabeça dos jovens dos anos 60 o lema
“sexo, drogas e rock’n roll”, desviando a revolução que a
juventude fazia contra o sistema por um mundo melhor.
Como o narcotráfico consegue tal promoção na mídia? A 100

explicação que ocorre é que a imprensa está cada vez mais sujeita à
influência de indivíduos poderosos economicamente, que 95

dependem do narcotráfico (bancos, meios políticos etc.) para 75

obter lucros.

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 147

Sem dizer que o próprio crime organizado pode controlar


meios de comunicação como os exemplos da Playboy, High Times,
Columbia Pictures etc.

3. A propaganda subliminar pelo cinema


É comum haver filmes que transformam os toxicômanos
em heróis românticos e que de muitas formas diferentes e sutis
parecem encorajar o uso de drogas (e encorajam mesmo).
Uma das explicações para isto pode ser colhida no fato da
ligação entre setores da indústria cinematográfica e o crime
organizado.
O jornalista Yann Moncomble, em seu livro já citado, é
quem informa o seguinte:
“Em 1978, a New York Times Magazine acusou a Charles
Allen and Company de ser veiculada entre as “Caraibes Connection” da
droga e do jogo. O dinheiro proveniente das operações da Charles Allen
and Company foram reciclados (“lavados”) por uma sociedade
cinematográfica, a Columbia Pictures”...
Sabe-se que o cinema americano foi frequentemente
acusado de estar sob controle da Máfia; e fez realmente a
promoção do cigarro, do álcool e do jogo (o herói mais bonito,
corajoso e saudável era sempre visto a acender um cigarro após um
grande feito ou a frequentar bares em busca de jogos, mulheres e
bebidas) motivo pelo qual a figura romântica do “cow-boy” é até
hoje utilizada para promover o tabaco (por exemplo, o cigarro 100

Marlboro, tem como cenário de propaganda o Texas e vaqueiros,


na TV e em cartazes). 95

Do mesmo modo, comenta-se abertamente o envolvi- 75

mento de muitos atores com a máfia ítalo-americana (La Cosa


Nostra) dos EUA: Frank Sinatra, Samy Davis Jr., Dean Martin e o
próprio Ronald Reagan, pelo que compreende-se agora a 25

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148 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

existência de tantos filmes que fizeram a promoção direta ou


subliminar das drogas (“Sem Destino”, por exemplo, entre tantos
outros).

4. A propaganda por celebridades


As multinacionais das drogas atuaram no sentido de utilizar
cantores, guitarristas, cineastas, atores e escritores, como
propagandistas dos estupefacientes. Muitos deles foram induzidos
ao uso da droga, tornando-se toxicodependentes (inocentes úteis);
outros foram pagos para escrever livros ou artigos encomendados
(como alguns colaboradores da Playboy, ou o norte-americano
Castañeda, que apregoava os benefícios do uso da mescalina), e
muitos grupos de má qualidade artística foram “produzidos” já
com a intenção de difundir o uso das drogas.
No livro Acid Dreams, The Cia, LSD and the Sixties Rebellion,
de Martin A. Lee e Bruce Shlain, o leitor poderá ter melhores
informações sobre como a agência central norte-americana
propagandeou a utilização da droga utilizando pessoas famosas em
Hollywood (Cary Grant, por exemplo), poetas (Ginsberg), atores,
cineastas, escritores, músicos etc.
A esse respeito, a pesquisadora M.C. escreveu o seguinte:
“Existe toda uma conspiração, ou um pacto no sentido de
incentivar o uso de drogas, desde a comunicação social (TV, rádio, revistas
e jornais) até filmes e livros como Hair, Tommy, toda a série de livros do
Castañeda, Aldous Huxley e Timothy Leary, bem como muitos outros que
não cabe citar aqui. E isto, na maioria das vezes, é feito de uma forma 100

muito sutil, denunciando a hipocrisia e corrupção do poder 95


econômico-social e colocando a droga como única saída”. Mais adiante
diz o seguinte: “De acordo com Susan Newman (filha de Paul 75

Newman), em 1982 foi feita uma pesquisa que dizia que na CBS
mostravam a cada 15 minutos alguém comprando bebida alcoólica,
bebendo ou tendo um copo de bebida nas mãos. E isto só em uma das 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 149

emissoras que invadem os lares americanos dia e noite (...) O escândalo


que foi mostrado em tantas revistas e jornais sobre o fato de Freud usar
cocaína e oferecê-la aos amigos, clientes e namorada, funcionou também
no sentido de dizer: “Olhem, os grandes gênios também usam
drogas. Vocês também podem usá-las” (“Libertação, o poder e as
drogas”, capítulo do livro A Libertação dos Povos – Patologia do
Poder, de N. Keppe e colaboradores, Proton Editora Ltda., New
York, 1986, pág. 265).
Como bem lembrou a autora, quem leu os jornais e revistas
sobre Freud notou que os artigos não retratavam a psicopatologia
do pai da Psicanálise, que, apesar de suas realizações, tinha uma
conduta extremamente doentia, terminando sua vida gravemente
enfermo e no suicídio.
Vamos dizer que o poder econômico ligado às drogas
assenhoreou-se dos meios de comunicação (revistas, cinemas,
rádios, TV) e passou a manipular artistas para defender seus
interesses, fabricando uns, financiando outros e “neutralizando”
seus opositores.

5. A propaganda subliminar
da criação da decadência
Faz relativamente pouco tempo que Paris começou a ter
seus metrôs, seus prédios, muros e monumentos degradados com
riscos de tinta (“graffitis”). Percebe-se que, de um dia para o outro,
vários vagões são sujos com letras código, incompreensíveis para as
pessoas comuns. Paris torna-se, dia a dia, numa grande Nova 100

York!
95

Diversas questões se levantam: essas tintas “spray” são


muito caras; para se pintar todo um comboio, com vários vagões, 75

de um dia para o outro, requer-se muito dinheiro, habilidade, um


profissionalismo não próprio de adolescentes drogados.
25

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150 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Surge a dúvida se não seria essa mais uma técnica sub-


liminar de promoção do consumo das drogas, executada por
profissionais, pois o resultado atingido é o de criar um ambiente
de decadência, de ruptura e afronta contra os valores sociais,
éticos, morais da civilização, favorável à disseminação de qualquer
tipo de vício auto ou hetero destrutivo.
Os principais grupos que sujam os muros em Paris são os
chamados “zulus” – não são os jovens viciados. Esses grupos,
compostos de pretos, brancos, norte-americanos, franceses,
árabes, caracterizam-se pela agressividade e pelo culto que
promovem da civilização norte-americana – principalmente do
rock metálico, o estilo, roupas e hábitos das “gangs” americanas.
Têm o mesmo hábito de carregar aparelhos de som portáteis com
música em alto volume, criando uma grande poluição sonora – tal
qual fazem em Manhattan.
A Revista Paris Match de 12 de Julho de 1990 traz, na página
60, uma reportagem que ilustra bem quem são os “zulus”: “(Eles)
sonham em transformar a capital (Paris) em um novo Bronx (um dos
bairros mais sujos, violentos e degradados da cidade de Nova Iorque). (...)
Após os “tags”,inscrições que invadem o Metro desde há dois anos, Paris
descobre agora os “grafs”, gigantescos murais muito coloridos, pintados
com toda a ligeireza a spray (...) Os “tags” e os “grafs” são signos distintivos
dos “zulus”, os bandos do arrabalde. (..) Eles têm a mesma aparência:
bonés, blusão bomber, jeans largos, tênis Troops, a mesma gíria. (...)
Candy me diz: eu venho da América. Mais precisamente de Nova York.
(...) “Que é um zulu?” (pergunta o repórter) “Bem é a moda “reggae resta”
(música de Bob Marley), os cabelos longos, a droga e tudo o mais. A “shit”
(designação de um charro de marijuana) “h” em francês (haxixe).” 100

Esta reportagem é muito interessante por levantar os 95

seguintes pontos: 75

a) muitos dos “sujadores” vêm de Nova York;


b) estão ligados às drogas; 25

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c) querem degradar o ambiente ao nível do Bronx;


d) pintam com ligeireza e tintas caras (profissionalismo);
Resta saber quem os paga e com que intenção, para
gastarem o seu tempo nesta atividade.
Já a revista New Look de julho de 1990, traz também uma
reportagem sobre outro grupo de origem norte-americana, os
“Skin-Heads”, que além dos uniformes, blusões de couro pretos,
calças de brim, botas de cano longo, tatuagens de inspiração
nazista, raspam as cabeças e inspiram-se na Klu-Klux-Klan.
“3.000 Skin Heads do White Aryan Resistance (W.A.R.)
patrulham as ruas de Chicago e de Atlanta para defender a raça. Eles já
mataram. O grito de junção dessa nova falange é “Viva La Muerte”.
Interessante é que eles formam grupos iguais no Brasil (São
Paulo, Rio), na França (Paris).
Qual a função desses grupos, senão criar um clima de
violência, corrupção, angústia, decadência, medo, rancor,
desilusão – exatamente o desespero que leva à busca das drogas?
Se o “business” do consumo de tóxicos não pode utilizar
os meios normais para a sua promoção como os demais, então
tem que lançar mão de muitas outras técnicas subliminares, não
menos eficazes em seus propósitos. Em pouco tempo, as gangs de
narcotráfico terão infestado toda a Paris com o “toque” decadente
das suas artes “diabólicas”.
Este é um exemplo, narrado pela médica D.I., japonesa
que residiu em Tóquio, de uma técnica de promoção e
100

organização do narcotráfico levada a efeito no Japão: 95

“Os “Yakusas”, são mafiosos japoneses que ganham a vida 75

também da promoção do jogo, drogas e prostituição. Curioso é que


“Yakusa” é o nome japonês para o carro Mustang americano. “Para
você reconhecer um “Yakusa” é só notar estas características: a) anda 25

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152 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

sempre com carros americanos; b) tatua o corpo; c) faz permanente


(ondulações) nos cabelos; d) corta a primeira falange de um dos dedos
mínimos, sinal de pacto entre eles; e) faz um culto aos hábitos e modas
inspiradas nos americanos.”

6. A propaganda subliminar pelo culto à violência


A droga prolifera onde o medo, a raiva, a desilusão, a
desesperança se instalam. Quanto mais decadência, violência,
sujeira, depressão, angústia – melhor para os traficantes. Quanto
menos afeto, amizade, união, e ajuda entre as pessoas – mais
jovens sucumbirão ao desespero de procurar o consolo nos “acid
dreams” que levam à morte!
Tal fato não parece ser do desconhecimento dos estrategistas
da promoção do marketing das drogas. Tanto é assim, que os filmes
que mostram violência são feitos com uma regularidade
impressionante.
No Brasil, país onde a droga e a violência proliferam
rapidamente entre a juventude, lê-se o seguinte: “Antes a publi-
cidade usava status e apetite para que as pessoas consumissem. Hoje,
sexo e violência são as armas”. (Ricardo Van Steen, publicitário).
“A TV provoca uma banalização do terror até o ponto de anular
as reações e os sentimentos das pessoas com relação à violência.” (Bruna
Lombardi, atriz brasileira). (O desejo dos narcotraficantes parece
ser exatamente esse: criar indiferença face à destruição e à
violência contra si mesmo ou contra os outros).
100

Essas declarações estão na Revista Veja (4/07/90), que


trouxe na página 50 a reportagem “Sexo, socos e babás (amas): uma 95

pesquisa mostra com quantos tiros e cenas eróticas a televisão cria as 75

crianças enquanto os pais acham tudo natural.”


Segundo a reportagem, em uma semana, de 28/5 a 3/6, os
quatro principais canais de televisão brasileiros apresentaram 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 153

1940 cenas de tiros, 886 explosões, 651 brigas, 233 colisões de


carros, 56 facadas e 23 cenas de tortura.
“Não vale o argumento de que as crianças não têm acesso (...)
porque as cenas mais fortes são mostradas no horário nobre, das 7 às 10
horas da noite e porque as cenas mais chocantes são usadas como
chamadas ao longo de toda a programação.
“Uma criança de cinco anos que fique na frente da televisão duas
horas por dia, ao fim de um ano terá sido exposta a 1.168 piadas sobre
sexo, 7.446 cenas de nudez e a mais de 12.600 estampidos de tiros. Até
atingir a maioridade, essa criança teria tomado contato com 15.184
anedotas de sexo, 96.798 cenas de nudez e mais de 163.000 tiros.
Razoável supor que uma criança mesmo vivendo num país em guerra ou
fazendo o trajeto entre Sodoma e Gomorra jamais terá oportunidade de
chegar a tais números” (antropólogo Gilberto Velho).
“A relação entre violência e televisão foi objeto de uma extensa
pesquisa do governo americano em 1972, que chegou a conclusões
semelhantes a de um outro estudo, patrocinado uma década depois pelo
Instituto de Saúde Mental dos Estados Unidos. As pesquisas
estabeleceram que o telespectador habitual de violência tende a encarar
a brutalidade com menos traumas e ele próprio a ser mais violento.”

100

95

75

25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 155

SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA


O PROBLEMA DAS DROGAS
“Só pela renúncia à corrupção é que o ser humano fará algo bom
(inclusive para si)”
Norberto R. Keppe

A solução para o problema das drogas e dos drogados


depende, a nosso ver, de três pontos:
1 Queda das imunidades (todas) e do segredo bancário (a
curto prazo);
2. Intensa campanha de conscientização das causas psicos-
-sociais da tóxico-dependência, prevenção e tratamento
psicossócioterapêutico para os drogados (a curto prazo);
3. Transformação da presente estrutura social e econômica (a
médio prazo).

1. Queda das imunidades


100

Uma proposta interessante a ser considerada seria o


banimento da imunidade e dos direitos especiais de que gozam 95

os diplomatas, os governantes, os políticos, a polícia. 75

Pela nossa experiência e pelo farto material publicado pela


mídia a respeito, grande parte do contrabando é efetuado, ou
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156 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

acobertado por essa classe de pessoas que agem destemidamente


no mundo do crime sob “os auspícios da lei”.
Embaixadores, cônsules, oficiais de consulados e
embaixadas, senadores, oficiais de alfândega, de imigração,
policiais de fronteiras, policiais de investigação e, pelo que se
evidencia, as bases militares – são justamente eles que estabelecem
pontes importantes nessa rede sinistra.
Nós pensamos que a facilidade que a lei de imunidade
concede às operações ilegais acaba por corromper aqueles
indivíduos que, em condições normais, evitariam o crime por
temerem as consequências.
Quanto ao segredo bancário, vários autores mencionados
neste dossiê, denunciam o pacto dos bancos (sobretudo os
grandes, os maiores) com os traficantes de droga.
Os bancos prestam-se à lavagem (branqueamento) não só
do dinheiro “cinzento” (proveniente de sonegações e roubos de
ditadores do mundo todo) mas também – e principalmente –
do dinheiro “sujo” (proveniente da droga).
Através das contas numeradas, da lei do segredo bancário,
do IBF (International Banking Facilities) e de outros expedientes,
protegem o “sigilo” das atividades criminosas destes grupos.
Quando autoridades requerem o exame dessas contas, os
pedidos são sistematicamente negados.
O povo precisaria romper o pacto geral de corrupção e
aumentar ainda mais a pressão sobre os bancos, para que os
negócios bancários (todos eles) sejam feitos às claras, como única 100

forma de controlar esse importantíssimo cúmplice dos cartéis do 95


narcotráfico mundial.
75

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 157

2. Campanha de Conscientização, Prevenção e


Tratamento para os Drogados
Somente com conscientização de suas verdadeiras causas
psicossociais é que podemos diminuir a demanda das drogas.
Os programas de prevenção e tratamento mais aconse-
lháveis são os que não utilizam qualquer forma de medicação,
para evitar a transferência de dependência (ao contrário de
alguns programas governamentais norte-americanos por
exemplo, que usam drogas como a metadona para o “tratamento”
e depois passam a traficar a metadona. É isso que todos os
centros de reabilitação norte-americanos faziam enquanto
estivemos lá de 1984 a 1988).
O método utilizado pela Psicanálise Integral é o da cons-
cientização da psico e sociopatologia.
A pessoa que procura drogas, toma essa conduta por causa
dos problemas psicológicos que já tem. Não se torna doente por
utilizar drogas; já é doente por procurá-las. A droga constitui-se
numa forma que utiliza, para inconscientizar sua patologia e
entrar no mundo da imaginação. Quando o psicoterapeuta
mostra ao drogado de que ele quer fugir e ajuda-o a aceitar a
consciência da realidade, este acalma-se e, consequentemente,
perde a obsessão pelas drogas. Os problemas dos quais os
indivíduos viciados querem fugir são os mesmos que todos os
seres humanos apresentam em maior ou menor grau.
De acordo com Keppe todo ser humano nasce com um
problema e corrupção no uso da vontade, frequentemente 100

utilizando-a mais no sentido de destruir, sabotar, omitir a reali- 95


dade, o bem, o afeto, a beleza, a consciência e o conhecimento.
75
Essa patologia é central na personalidade, causando uma
diversidade de outros problemas como ódio, inveja, arrogância,
preguiça, censura, alienação e, principalmente, a inversão. 25

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158 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Na inversão (uma das descobertas fundamentais sobre a


psicopatologia efetuada por Keppe), o indivíduo inverte todos os
valores, vendo com aversão a honestidade, a bondade, o trabalho
em si, o amor, a dedicação, a disciplina, o conhecimento de seus
erros e da realidade em geral.
Busca obter vantagens através da corrupção, da agressão,
da preguiça, da fantasia, dos golpes, da alienação, mesmo que o
faça de uma maneira inconscientizada (sem perceber o que está
fazendo).
O ser humano, especialmente o toxicômano e os mais
doentes, retiram grande prazer em estragar a vida. Nesse sentido
manifestam um sério problema no aspecto da ética, opondo-se
fortemente ao Criador, preferindo ser “grandes e poderosos”
(teomania), na destruição da vida, ao invés de usarem a vontade
no sentido de acatar a consciência, a bondade, a beleza e serem
“pequenos” dentro da realidade da criação.
A finalidade do processo analítico integral é o de levar a
pessoa a conscientizar essa corrupção interna, que se manifesta,
entre outras coisas, através do uso das drogas e a perceber os
motivos que a levam a continuar optando pela corrupção
(inversão).
O consumidor de tóxico também pensa que com o vício
está atacando e corrompendo o sistema; é-lhe então mostrado
que está, na verdade, dando lucro ao poder econômico e que os
poderosos corruptos desejam que ele seja alienado e drogado.
Desse modo, é necessário que haja uma urgente campanha 100
de conscientização do povo, através de campanhas nacionais,
baseadas nestas descobertas científicas. Como dizia o psicanalista 95

inglês Wilfred R. Bion: “só a verdade cura” e os métodos que 75


tratarem dos clientes mostrando-lhes a verdade, estarão
cumprindo os seus objetivos. O necessário é solucionarmos este
gravíssimo problema psicossocial de nossos dias. 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 159

3. Transformação da estrutura socioeconômica


Não é difícil perceber que há necessidade de se transfor-
marem as leis e as estruturas socioeconômicas tradicionais para
se atingir alguma paz e desenvolvimento; que é preciso garantir a
verdadeira liberdade de iniciativa individual dentro de leis
menos corruptas, para a realização do que é bom, belo e
verdadeiro.
Os artistas, sobretudo, percebem muito bem isso. “Que tal
legalizar a lei?” perguntou certa vez o humorista Millor
Fernandes, mostrando que há uma certa consciência de que as
leis, de um modo geral, mesmo que não se tenha a percepção
clara, são totalmente ilícitas ou imorais. Rousseau tinha a mesma
sensação ao dizer que a sociedade (estrutura social) perverte o
homem; só errou ao não ver que o homem também corrompe a
si e à sociedade; para ele, o verdadeiro poder de uma nação é o
legislativo, sendo o executivo e o judiciário meros desdobramentos
do primeiro; e isto é correto, pois são as leis, que realmente fixam
o “modus vivendi” social; são as normas e regras estabelecidas
que indicam o que deve ser ensinado nas escolas, como se deve
agir em sociedade, para quem vai o dinheiro da produção
industrial, agrícola, quem tem poder sobre quem etc.
De um modo geral, as leis, em todos os países, têm sido
promulgadas, basicamente, com os seguintes objetivos:
a) proteger os grupos dominantes;
b) impedir a ascensão dos grupos dominados;
c) para garantir a exploração e a corrupção.
100

E se as leis estão assim tão erradas, por que não são corrigidas?
95

As leis deverão ser organizadas no sentido de impedir o poder


75

maléfico (tirânico) dos poderosos sobre o povo e de impedir que


indivíduos do povo adquiram excessivo poder, pois ele poderá
ser usado para corromper, agredir, destruir a sociedade. 25

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160 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Keppe explica que uma boa parte da corrupção individual


e social do ser humano ainda é inconsciente. Alguns
antropólogos como Margareth Mead, descreveram que em certas
sociedades tribais não existe a chamada “crise da adolescência”;
que isto é um privilégio das sociedades do chamado mundo
civilizado.
Na verdade, esta crise ocorre quando o adolescente
começa a intuir que terá que se encaixar no terrível mundo que o
rodeia; pressente que terá que ser um empregado (escravo de
terceiros) ou ter uma atividade estéril (especulação, negócios);
que se algum poderoso psicótico declarar guerra a outro país, terá
que morrer por “causas” escusas, para escapar da pena de morte;
sente, que, na guerra, o que é criminoso na paz torna-se
“virtuoso” (assassinatos, roubos).
O ser humano precisará conscientizar-se de que age contra a
honestidade, a dignidade, a justiça; que a maior parte dos negócios
tornou-se em nada mais do que jogos de golpes; que o sistema de
especulação beneficia-se da riqueza dos que trabalham e são pobres.
E os pobres de hoje anseiam pelo poder para fazerem amanhã, o
mesmo que os poderosos fazem.
Caso o ser humano se conscientize do grau de corrupção que
tem no seu interior e na sociedade em que vive, e esteja disposto a
corrigir esse mal, a alienação perderá a razão de ser, pois ela é devida
ao pacto social que tenta acobertar essa realidade.
Só assim os homens desistirão de se dopar com qualquer
espécie de material tóxico.
100

Legalização: sim ou não? 95

75
Inúmeros estudiosos referem que as políticas mundiais de
combate às drogas fracassaram – o que é até certo ponto evidente
por si.
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 161

No momento, assistimos por toda parte a uma guerra


entre máfias ligadas ao poder econômico internacional pelo
mercado das drogas, em meio ao terror da população ordeira que
trabalha e estuda; até em lugares que outrora eram verdadeiros
paraísos naturais e urbanos da Terra, chacinas são frequentes,
tiroteios, balas perdidas que atingem homens, mulheres e
crianças inocentes, toques de recolher, ataques à polícia e à
população, sequestros, suborno de autoridades, imposição de
hábitos e tarefas, medo, censura, silêncio, gerando um inferno
em lugares outrora tão pacíficos e maravilhosos do mundo.
Ou seja: exatamente o mesmo que ocorreu no tempo de
Al Capone, quando a Lei Seca proibiu a produção e venda de
bebidas alcoólicas nos Estados Unidos e imediatamente
surgiram as gangues clandestinas, as máfias, pactuadas com
governos e autoridades, para produzir em refinarias, que eram
quartéis bem armados, e vender a peso de ouro as bebidas, que
continuaram a ser consumidas pela parte viciada da população.
O dinheiro que vertia para as quadrilhas e alimentava os
bancos gerou poder econômico incrível em mãos criminosas,
possibilitando os subornos, o controle de cidades inteiras, as
guerras entre máfias, as chacinas, o terror da população... Tudo
isto somente terminou quando, finalmente, foi liberada a
produção e a venda das bebidas alcoólicas. Com esta medida,
não diminuiu o número de pessoas dependentes, viciadas, mas,
pelo menos, as destilarias se tornaram visíveis, conhecidas,
bebidas passaram a ser vendidas em bares, restaurantes e
supermercados, a baixos preços, e o dinheiro advindo (em muito
menor volume) deixou de se concentrar em poucas mãos, 100

retirando o poder dos bancos e dos criminosos. Em outras 95


palavras, tal fato permitiu ver que a proibição e a criminalização
favorece o tráfico, a criminalidade, e o poder maléfico na 75

humanidade.

25

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162 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Assim sendo, a nosso ver, a questão das drogas deveria ser


abordada em duas frentes, ou até três: uma, e a mais imediata,
seria a legalização, para acabar com o tráfico, mortes e
monopólios de máfias. Segunda frente: a conscientização do
porquê os poderes do mundo e a CIA quiseram introduzir as
drogas: para acabar com as inteligências que se opunham às suas
bandidagens. E a terceira frente: conscientizar por que o ser
humano quer se drogar: a inversão , a inveja, a alienação etc.
Sem isso o combate a esta questão vital para a humanidade ficará
capenga.
Dentre todas essas medidas, a fundamental está na
conscientização da inveja e inversão, pois se as pessoas não
quiserem mais se destruir e se drogar, não haverá quem consiga
impingir-lhes o vício – e todo esse edifício de maldade e crime se
dissolverá em nada, para dar lugar ao Reino do Bem, como na
famosa passagem da estátua de Nabucodonosor.

100

95

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 163

LIBERTAÇÃO,
O PODER E AS DROGAS
(Capítulo de autoria de Martha G. Cruz, extraído do livro A
Libertação dos Povos – A Patologia do Poder, (Keppe, Norberto
R. e colaboradores, São Paulo, Proton Editora Ltda, 1985).

Existem basicamente duas formas de busca de poder,


ambas relacionadas ao uso e abuso de drogas: a social, das
pessoas que buscam e estão nas posições de comando no mundo
econômico, e a psicológica, que envolve a psique do indivíduo
que toma drogas, na crença de que elas lhe trarão o poder de
libertação das pressões sociais e psicológicas que sofre.

O social
No primeiro caso não é tanto uma busca de poder mas, de
fato, um meio de manter o poder que já se tem.
“Um relatório recente sobre o abuso de drogas entre os
adolescentes levou alguns especialistas a lançar um alerta de que
existiria uma “bomba-relógio” entre a população estudantil” (U.S. News 100

& World Report, 18 de novembro de 1985). 95

É interessante notar que o abuso de drogas vem 75

aumentando assustadoramente entre os jovens. Exatamente


entre os jovens que poderiam denunciar, revoltar-se contra todas
as injustiças e pressões econômicas e sociais que existem 25

atualmente.
5

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164 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Na revista Psychology Today, de dezembro de 1984, Richard


M. Ritter nos diz: “A nossa sociedade super-impregnada de drogas nos
encoraja para a busca de meios químicos para resolver muito de nossos
problemas”.
Podemos lançar aqui a hipótese que existe um enorme
interesse por parte das pessoas postadas numa posição de poder
socioeconômico em manter o povo e a juventude (principal-
mente) totalmente alienados, na crença de que “tudo está bem”.
E qual seria a melhor forma para se conseguir isto? Obviamente,
através de fazê-los viver num mundo de ilusões e fantasias,
através das drogas e álcool.
Atualmente é quase que impossível se viver bem em
qualquer lugar do mundo, e principalmente nos EUA, sem
recorrer a qualquer tipo de fuga, no caso, através das drogas. O
povo (americano) é totalmente enganado com relação a sua
liberdade. É uma crença geral, até mesmo um dogma, de que este
é o país da Liberdade. Mas após viver aqui por mais de 3 anos
pudemos constatar exatamente o contrário. O que existe aqui é
uma pressão insuportável no sentido da massificação, da
alienação, do materialismo, de uma busca exasperada de
“divertimentos”, para se esconder o enorme vazio que existe na
vida de cada um, exatamente como consequência desta alienação,
deste descontato com nossos valores básicos. O que mais se vê
neste país são placas de proibição: proibido entrar, não
estacione, não toque, propriedades particulares, ao longo de
todas as estradas e praias, não se permitem cachorros, proibido
isto, proibido aquilo. Aqui é o país da liberdade para explorar. É o
reino dos poderosos economicamente. 100

Existe toda uma conspiração, ou um pacto no sentido de 95

incentivar o uso de drogas, desde a mídia (TV, rádio, magazines e 75


jornais) até filmes e livros como Hair, Tommy, toda a série de livros
do Castañeda, Aldoux Huxley e Timothy Leary, bem como
muitos outros que não cabe citar aqui. E isto na maioria das vezes
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 165

é feito de uma forma muito sutil, denunciando a hipocrisia e


corrupção do poder econômico-social e colocando as drogas
como única saída. De acordo com Susan Newman (filha de Paul
Newman), em 1982 foi feita uma pesquisa que dizia que na CBS
mostravam a cada 15 minutos alguém comprando bebida
alcoólica, bebendo, ou tendo um copo de bebida nas mãos. E
isto é só em uma das várias emissoras que invadem os lares
americanos dia e noite, atingindo crianças, jovens, adultos e
velhos.
O escândalo que foi mostrado em tantas revistas e jornais
sobre o fato de Freud usar cocaína e oferecê-la a amigos, clientes
e namorada, funcionou também no sentido de dizer: “Olhem, os
grandes gênios também usam drogas. Vocês também podem usá-las”. De
acordo com a revista U.S. News & World Report, 18.11.85: “Uma
recente pesquisa federal revelou 617 mortes devidas ao uso de cocaína
em 1984 e, entre pessoas de todas as idades no país, houve um aumento
de 77 por cento no período de um ano”.
Isso mostra um dos vários efeitos da intensa propaganda
subliminar que é feita com relação às drogas. No jornal The New
York Times de maio de 1984 disseram que o uso de cocaína quase
triplicou nos últimos 5 anos; já a revista National Geographic de
fevereiro de 1985 nos diz que o crime relacionado com heroína é
a maior causa de crime em todas as cidades americanas.
Um fato curioso é o grande aumento no uso e abuso de
drogas desde os anos 60, exatamente os anos da revolução dos
jovens americanos. De acordo com o Dr. William Pollin, diretor
do Instituto Nacional de Abuso de Drogas: “O consumo de todas 100

as drogas aumentou 100 por cento desde 1960”. Dr. Mitch Rosenthal,
diretor da Casa Phoenix de N.Y.C., disse: “Hoje mais do que 36 por 95

cento da população já usou alguma droga ilegal.” Ele comentou: “Já 75

não é mais um fenômeno da minoria, dos pobres, das classes menos


privilegiadas. Durante 20 anos houve de fato uma banalização do
consumo de drogas.” 25

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166 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

No New York Times de março 1983 foi dito: “As tendências no


abuso de drogas são mais deprimentes do que encorajadoras. Em 1962
menos de 4 por cento da população usou alguma droga ilegal, porém
duas décadas mais tarde, 33 por cento de todos os americanos com a
idade de 12 e acima relataram terem usado maconha, alucinógenos,
cocaína, heroína ou drogas psicoterapêuticas para fins não medicinais. E
além do aumento do número de pessoas que tomam drogas, a pureza e a
força das drogas também estão aumentando.”
O jornal New York Times de junho de 1984, trazia um
artigo que diz: “A maconha de hoje é 5 a 10 vezes mais poderosa e
perigosa do que aquela de 10 anos atrás”, e na revista High Times de
março de 1985, foi dito que “a pureza média de amostras da rua de
cocaína passou de 10 por cento a 33 por cento em pureza no ano
passado”. Outro fato assustador é a manchete que saiu no jornal
USA Today em 10 de janeiro de 1986: “Estimativa de colheita de
maconha é de $18,6 bilhões. Drogas vistas como plantação mais rendosa”
– onde dão uma lista de quanto cada Estado americano vendeu
em 1984 e 1985 de maconha variando desde $27.8 milhões
(Nevada) a $2.55 bilhões (Califórnia). É quase impossível de
acreditar que a plantação mais rendosa de 1985 tenha sido a
maconha – isto se tratando do primeiro país do mundo.

A questão interna
Como disse no início, a segunda forma de poder ligada ao
abuso de drogas é relacionada à patologia de cada um. Durante
os últimos cinco anos em que temos pesquisado na área de uso e
abuso de drogas e álcool, baseados na Trilogia Analítica, 100

chegamos à conclusão de que, no que toca ao indivíduo, a busca 95


da liberdade é o fator determinante do vício.
75
No contato que tivemos com drogados, nas entrevistas e
questionários que aplicamos, um fator presente em todos os
casos era a sensação de extrema liberdade e poder quando sob o
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 167

efeito da droga. O jovem S.D. falou o seguinte: “Diante do perigo


me achava invulnerável, acreditava que a polícia nunca me pegaria, que
poderia ir nos lugares mais perigosos com marginais que nada me
aconteceria, me gabava de enganar a polícia, tinha muito orgulho de
tomar drogas, achava que poderia dirigir o carro tão imprudente- mente
quanto quisesse que nada me aconteceria, me achava superior à própria
morte, e passei a acreditar que Deus não existia”. Este é um dos vários
depoimentos que colhemos, que mostram a falsa sensação de
liberdade, enorme fantasia de poder e invulnerabilidade da
pessoa que toma drogas.
As pessoas que não conseguem realizar seus sonhos de
libertação no domínio econômico-social, recorrem às drogas
para realizá-los no seu mundo imaginário, onde ela é a rainha, a
deusa, sempre vitoriosa, comandando tudo e todos. O jovem
M.A. dizia: “Eu me achava dono da região, queria fama, pessoas sob
meu comando. Pensava saber tudo a respeito das coisas. Gostava de me
colocar em evidência e sentir-me diferente dos outros”. Um outro
exemplo é de J.J. “Sentia meu pensamento veloz, numa velocidade
incrível, podia pensar milhões de coisas num só tempo. Tinha idéia de que
não tinha problemas. Me sentia uma pessoa muito sã, contente,
auto-afirmada, alguém assim poderoso, corpo leve, sentidos aguçados”.
Este depoimento mostra-nos como as drogas servem ao
propósito dos poderosos, que querem que o povo tenha uma
vida desgraçada e ainda assim se veja como estando bem,
saudável e até poderoso em seu “mundinho” – eles têm toda a
“liberdade” do mundo para imaginar o que quiserem sobre si
mesmos, contando que não interfiram no reino dos “verdadeiros
poderosos” que comandam. 100

A jovem C.R. dizia: “Eu me sentia muito ligada, mais elétrica, 95

mais viva, mais popular. Não tinha sono, me sentia agitada. Sentia uma
ansiedade boa, uma vontade de fazer as coisas (só que não fazia, só 75

imaginava o que iria fazer). Tinha uma sensação de esperteza, de


superioridade, de descontração. Acreditava ter mais amigos e ser mais
alegre. Achava também que as drogas abriam minha percepção.” Aqui 25

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168 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

podemos ver como as drogas abafam a consciência da morte em


que as pessoas vivem, de seu marasmo, da sua tristeza, enfim, de
sua impotência diante da vida como está organizada social e
economicamente. Em consequência, elas se tornam robôs nas
mãos dos poderosos, dizendo amém a todas as restrições que lhes
impingem, desde que tenham o seu mundo de fantasia.
É muito triste ver uma nação assim, que já esteve na
posição de mais adiantada do mundo, destruindo desse modo
todos os seus valores, todo o seu potencial, e arrasando sua
filosofia filantrópica e pragmática, que serviu de exemplo e
estímulo a tantos outros países. A jovem K.J. disse: “Eu me achava
bacana por tomar drogas. Me achava melhor que as pessoas que não
tomavam porque achava-as covardes. Acreditava que era forte e
aventureira. Tinha admiração pelos caras que tomavam droga,
admirava a loucura deles. No meu grupo havia uma crença geral de que
a pessoa que toma drogas percebe melhor o mundo, “saca” mais as coisas
como filmes, livros, teatros e até músicas.” Parece que os jovens
associam loucura à liberdade e poder. Quanto mais loucas e
perigosas as coisas que fazem, mais bacanas se acham. Podemos
dizer que eles têm uma paixão pelo medo e um orgulho do
perigo. Isto ocorre devido ao fenômeno da inversão. O que é
realmente bom, o que tem realmente valor, o esforço, a
inteligência, a cultura, o sentimento são considerados ruins, algo
do qual se deve ter vergonha. E o que destrói, como as drogas, o
perigo, a fantasia e a alienação são considerados coisas excelentes
que devem ser cultivadas, como se fossem essenciais à vida.
Algumas pessoas recorrem ao uso de drogas para esconder
a frustração que sentem ao não conseguirem ser tão poderosas na 100

realidade como gostariam, ou se imaginam. Por exemplo, 95


algumas donas-de-casa que gostariam de controlar marido e
filhos, em face ao insucesso, tentam se realizar, ou abafar a 75

frustração através de tranquilizantes, anestesiando-se


psicologicamente.
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 169

Outra forma de poder que acredito estar ligada às drogas é


o convívio com o mundo artístico, com músicos especialmente.
As drogas são como que um passaporte para os camarins. Aliás, é
interessante o fato dos artistas e músicos modernos se envolverem
tanto com drogas. Acredito que, devido ao fato de muitos deles
não terem consciência de seu desejo de poder, isto passa a
dominá-los, e eles se envolvem com as drogas perdendo sua
criatividade e capacidade artística, fazendo obras cada vez mais
medíocres. Há também o fato da pressão econômica que é
exercida sobre os artistas exigindo que eles comercializem a sua
arte para que possam sobreviver. Talvez o uso de drogas seja tão
grande no meio artístico para fugirem desta pressão e da
consciência que isto lhes traz – enfim é outra vez uma tentativa vã
de buscar uma libertação.

100

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Sugestões de Leitura
NORBERTO R. KEPPE
O Reino Divino
1ª Ed., 2008, 135 páginas
Este livro tem a finalidade de conscientizar o leitor sobre a chegada
da última e definitiva etapa da humanidade, graças ao desen- volvimento do
que denominei de ciência trilógica – que constitui a junção da
experimentação da estética, razão e principalmente da revelação. O leitor
notará aí o retorno ao homem universal de priscas eras, que constituiu a
autêntica sociedade – que está voltando providencialmente neste último e
maravilhoso período em que a civilização está entrando. Estou tentando
mostrar aqui como será o mundo do amanhã, que já houve no passado
remoto deixando-nos resquícios através dos monumentos e estátuas gregas e
egípcias — e principalmente em nosso interior, que está renascendo
verdadeira- mente só agora.

Bíblia Trilógica
1ª ed., 2007, 160 págs.
Desde que Agostinho e Tomás de Aquino realizaram a fusão da
teologia com filosofia, trazendo enorme desenvolvimento para a civilização,
faltava um terceiro elemento para fechar o triângulo divino – que estou
tentando agora, incluindo a experimentação científica, que se baseia na
estética.
“Note o leitor que esse terceiro elemento, para completar o triângulo 100

divino, constitui o homem universal que na essência (original) é bom,


verdadeiro e belo – ESTÉTICA/AMOR/RAZÃO. Portanto, chegamos ao 95

3º Milênio que estava faltando, para formar a tão decantada Parusia, 75


esperada por todos os indivíduos de mente mais aberta.”

O Universo dos Espíritos


1ª ed., 2006, 172 págs. 25

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172 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Nesta obra o psicanalista Norberto Keppe trata das influências


psíquicas dos espíritos no ser humano. Sua pesquisa científica neste campo
tem a finalidade de completar os estudos iniciados por Allan Kardec sobre
a vida espiritual.
“A realidade é que habitamos um universo espiritual sem limites, e
quero conscientizar o ser humano, pela percepção dos elementos
patológicos (soberba, inveja e megalomania) que impedem de alcançar todo
o bem e a felicidade a que temos direito.”

O Homem Interior
1ª ed., 2005, 153 págs.
Segundo o autor, "todas as orientações psicoterápicas têm visto o homem
como vítima, ou da sociedade, da família, do trabalho, ou até mesmo de forças
estranhas que o levam a cometer desatinos. Em meu trabalho, estou mostrando agora
que o ser humano é muito mais vítima de si próprio, por causa dos seus sentimentos e
idéias ruins, que vêm de dentro de sua mente. E a única maneira de resolver suas
doenças, males e guerras é a de conscientizar principalmente sua soberba (teomania),
inveja e raiva – inclusive sua etiologia através da metodologia descoberta por Freud."
- Traduzido para: sueco.

Terra, o Planeta Ilusório


1ª ed., 2003, 175 págs.
“Este livro constitui uma súmula da orientação científica, filosófica e
revelatória sobre a civilização humana do nosso planeta. O autor pretende
mostrar também um universo incrível no interior do ser humano pronto
para ser despertado.”

A Origem da Sanidade
1ª ed., 2001, 133 págs.
“O prazer vem dos sentidos, mas a felicidade vem do psiquismo”,
100

afirma Keppe neste livro. Autor de mais de 30 obras sobre Psicanálise (A 95


Libertação, Metafísica Trilógica, A Origem das Enfermidades) ele demonstra
neste trabalho por que os seres humanos não conseguem obter equilíbrio e 75

satisfação através da vida sensorial: o pensamento, o amor e o belo vêm do


ser (e não dos sentidos).” - Traduzido para: sueco.
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 173

A Origem das Enfermidades


(Psíquicas, Orgânicas e Sociais)
2ª ed., 2001, 145 págs.
Segundo o autor, “a capa deste livro constitui uma homenagem ao grande
psiquiatra francês Philippe Pinel que no ano de 1798 (9 anos após o início da
Revolução Francesa) libertou os doentes mentais das prisões que os amarravam
fisicamente às verdadeiras masmorras que eram os hospitais psiquiátricos. Minha
intenção com este livro também é a de libertar os doentes psicológicos de seus
sofrimentos (ansiedades e angústias), o que constituiria uma realização máxima para
a humanidade – vamos dizer, uma libertação dos grilhões internos que acorrentam o
ser humano às suas enfermidades.”
Traduzido para: Inglês, Sueco, Finlandês

O Homem Universal
1999, 155 págs.
A conscientização dos nossos próprios erros leva-nos à possibilidade
de elaborar os meios para evitá-los e corrigi-los. O autor leva-nos, neste livro,
à conscientização dos erros principalmente da ciência positivista moderna,
revelando-nos a correção que se faz necessária. O leitor verificará os
resultados obtidos por Keppe ao questionar a validade do método científico
na atualidade desligado dos campos que o formaram (teologia e filosofia). E
desse questionamento, chegar-se-á à conclusão de que o ser humano precisa
retornar a sua estrutura trinitária “bondade, verdade e ato puro”, única via
que leva à normalidade pessoal e social. - Traduzido para: Sueco.

A Nova Física da Metafísica Desinvertida


1996, 155 págs.
As descobertas da física são fundamentais para haver conheci- mento
não só da biologia (com sua genética), mas principalmente da psicologia. 100
Porém, todos esses setores científicos foram inspirados na metafísica de
Aristóteles (que o escritor deste livro vem estudando há 48 anos – 95

acreditando que em sua estrutura básica, está invertida, tendo levado as


ciências para idêntico rumo). Norberto R. Keppe mostra aqui a necessidade 75

de unir esses três setores (física, biologia e psicologia), para que sejam
entendidos inteiramente, desde que ao mesmo tempo, são complementares
e independentes entre si. 25

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174 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

Metafísica Trilógica III


– Cura Através das Forças Energéticas
1995, 192 págs.
"O Funcionamento Cerebral e as Energias Curativas." "O
Verdadeiro Esoterismo." "As Seitas, as Sociedades Secretas e a Doença
Social." Estes são alguns dos assuntos abordados neste livro, onde Keppe
afirma que “A Saúde advém da conduta interna relacionada com os pensamentos
corretos e sentimentos bons, que formam uma tríade perfeita, captando a energia
escalar (energia essencial) que fornece o equilíbrio suficiente ao organismo
psicossomático para funcionar.”

Metafísica Trilógica II
– Fenômenos Sensoriais “Transcendentais”
1994, 270 págs.
Trata-se de um livro que estuda os fenômenos denominados pela
parapsicologia de transcendentais, perfeitamente explicados por meio da
ciência física – mesmo que seu funcionamento se estenda ao campo da
energia pura; de qualquer forma, é lá que habitam os seres espirituais. De
outro lado, é uma nova visão sobre a origem e tratamento das doenças por
meio do campo psicoenergético, que abarca as grandes descobertas, neste
século XX, da chamada rainha das ciências (física): Aharonov, Bohm, De La
Warr, Einstein, Heisenberg, Hoaf, Plank e, principalmente, Tesla, com a
descoberta máxima sobre a energia escalar. Traduzido para: finlandês

Metafísica Trilógica I
– A Libertação do Ser
2ª ed., 2000, 226 págs.
Neste primeiro estudo científico da Metafísica, Keppe baseia-se em
Aristóteles e nos filósofos aristotélico-tomistas, desinvertendo esse setor e 100

estabelecendo uma relação das doenças humanas e sociais com a negação


do ser. Estamos atualmente em condições de libertar o ser de prisões 95

milenares, posto que finalmente os conhecimentos da teologia e filosofia 75


integraram-se à ciência. A religação à realidade dá-se por meio do ATO
PURO (ação boa, bela e verdadeira) que é o caminho de volta à sanidade.
Traduzido para: inglês, francês, sueco
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 175

A Libertação da Vontade
(A Libertação do Livre Arbítrio)
2ª ed., 2000, 202 págs.
Este livro mostra que a origem da neurose e de todos os males
humanos e sociais consiste no uso da vontade invertida no homem,
ocasionando-lhe todos os prejuízos que vem sofrendo. Daí a importância de
se libertar da escravidão desse tipo de “liberdade”, ou seja, em se livrar da
vontade (errônea). De outro lado, o autor esclarece o valor da filosofia
estoicista do Império Romano, dos mais extensos que a humanidade teve,
justamente por causa disso. - Traduzido para: francês, italiano, sueco, finlandês

A Libertação pelo Conhecimento


(A Idade da Razão)
2ª ed., 2001, 307 págs.
Neste livro, o 21º de sua obra, Norberto Keppe trata da principal
ferida do gênero humano: a corrupção – raiz de todas as doenças e de
todos os males individuais e sociais. Mostra como a sua conscientização é o
mais importante de todos os conhecimentos, podendo conduzir a
humanidade a uma liberdade total e o seu consequente desenvolvimento.
Keppe propõe uma metodologia científica para que os povos e indivíduos se
libertem das emoções e racionalismos que vivem até hoje, causadores de
todas as formas de dificuldade (guerras, pobreza, doenças), para finalmente
entrar na idade da Razão. - Traduzido para: inglês e francês

Sociopatologia
(Bases para a Civilização do 3º Milênio)
2ª ed., 2002, 299 págs.
Este livro constitui um verdadeiro hino à beleza e às artes na
civilização. O autor analisa o processo doentio da organização social 100

mostrando suas origens e consequências, bem como uma forma de


95
socioterapia (tratamento da patologia social). Mostra que a ética, a estética e
as artes são a base da civilização e da ciência e não a matemática, colocada 75

erroneamente como base da vida científica e social. Esclarece a unificação


de todos os campos do conhecimento – e como um elemento não pode
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176 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

existir sem outro – ou seja, a unidade existente entre todos os


conhecimentos e sentimentos humanos. Traduzido para: francês

Trabalho & Capital


2ª ed., 2003, 340 págs.
Confiscado do autor pelo FBI (1988), em Nova York, revela a
importância da dialética entre o trabalho e o capital, colocando o último a
serviço do anterior, e neutralizando os grupos daninhos de exploração e
especulação do “establishment” dos países. Mostra, também, como uma
nação que conseguiu muito poder sobre as outras, através de filosofias
econômicas corruptas, como os EUA, acaba perigosamente por destruir a si
mesma, ameaçando a economia internacional. Esclarece o papel daninho
dos bancos e especulação capitalista que vivem do trabalho do povo e ainda
explorando-o – o que conduz à destruição de todos.
Traduzido para: inglês, francês, alemão, sueco, finlandês

A Libertação dos Povos


– A Patologia do Poder
1986, 290 págs.
Livro que serviu de fonte para o trabalho da Perestroika, é uma
análise científica profunda da patologia social. Trata-se de um estudo do
poder econômico-social que passou a dominar todos os outros (inclusive o
político) colocando a cultura e civilização em perigo. As nações são
dominadas pelos especuladores e banqueiros que criaram as “leis” sociais
para proteger seus negócios – que são ilícitos porque destroem os países.
Apresenta uma proposta prática para um novo modelo de economia, de
empresas e de residências trilógicas, onde o poder patológico e corrupção
são denunciados, para que não possam destruir o indivíduo e a sociedade.
Traduzido para: inglês, francês

A Decadência do Povo Americano (e dos E.U.A.)


100

1985, 240 págs. 95

Livro pioneiro, posteriormente muito copiado por outros autores, 75


como Paul Kennedy e Norman Cousins, é a análise das causas psicológicas,
filosóficas e econômico-sociais que levaram os EUA à decadência atual,
diagnosticada por Keppe com anos de antecedência. Traz vasto material
estatístico e científico que mostra como a orientação filosófica e psicológica
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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 177

errônea levou a primeira nação do mundo à derrocada, que só 10 anos


depois (a partir de 1995) a humanidade está constatando. Traduzido para:
inglês

O Reino do Homem — Volumes I e II


1982, 303 págs.
O autor realiza aqui o estudo da patologia dos filósofos, cientistas e
teólogos, bem como os erros que cometeram em seu trabalho por causa da
própria doença; este é o motivo de ter sido organizada uma sociedade
anti-humana, causando problemas para o homem e sua existência. Antes de
tratar do indivíduo, é necessário haver uma grande mudança social para que
a situação seja normalizada, não só do ser humano, mas principalmente da
estrutura social.

Contemplação e Ação
2ª ed., 2004, 166 págs.
Trata-se de uma análise científica sobre a espiritualidade, dentro da
qual o autor demonstra que a teologia não pode estar separada de filosofia e
ciência – a verdade, sendo uma só, não poderá haver contradição entre uma
e outra, motivo pelo qual as instituições religiosas vêm perdendo sua
credibilidade. Aliás, a única maneira de a humanidade se desenvolver é
através da aceitação dessa unidade.

A Glorificação
2ª ed., 1987, 168 págs.
Este livro já foi denominado na América Central e Rússia como
Nova Teologia do 3º Milênio, ou seja, a unificação entre ciência, filosofia e
teologia (corrigidas). É constituído de três partes: Revelação (da patologia
humana), Ascensão (tratamento) e Glorificação (do bem, juntamente com
Deus). Trata-se de um hino de glória ao Criador e sua criação, bem como a 100

consciência da participação do ser humano em todo o processo divino.


Traduzido para: inglês, sueco, finlandês 95

A Libertação
75

3ª Ed., 1998, 273 págs.


25

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178 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

A origem da neurose, seu tratamento e o processo de cura do cliente,


dentro de uma compreensão psicanalítica nova. Sua leitura é terapêutica em
si, com uma linguagem simples e uma mensagem profunda. É nesta obra
que o autor organiza a estrutura metodológica e teórica da Trilogia
Analítica, sendo o livro básico para a sua compreensão. Traduzido para: inglês,
sueco, finlandês

Trilogia
1978, 174 págs.
Nesta época, o autor passou a perceber a tríade existente em todos os
elementos naturais ou criados pelo homem. Keppe mostra que tanto a
patologia individual como a social têm de ser cuidadas conjuntamente, para
haver o autêntico processo de cura – desde que todos os fatores são
interligados de maneira trina.

A Consciência
2ª ed., 2004, 179 págs.
Este foi o primeiro livro que Keppe escreveu sobre suas descobertas a
respeito da nova psicopatologia, ou melhor, o que pode ser denominada
verdadeira patologia do homem: sua oposição à consciência. A partir daí,
trouxe conceitos fundamentais: doença é a atitude de não querer ver
(inconscientização), devido à inversão em que o ser humano vive; não é bem
questão de ter problemas, mas de não querer conscientizá-los. Aliás, a maior
dificuldade do homem está no fato de não querer ter consciência.

Auto-Sentimento
1977, 228 págs.
Auto-sentimento é um neologismo para dizer sobre a necessidade da
pessoa sentir a si mesma, como único meio de entrar em contato com a
patologia – desde que a doença está localizada nesse setor (Patós, em grego, 100

significa paixão). O maior problema atual está na alienação que a sociedade


traz para os indivíduos, não permitindo que sintam seu interior, cujo 95

protótipo é a civilização americana, que coloca fora, projeta todas as


75
dificuldades. Alienação significa estar alheio a si mesmo, distante dos
próprios sentimentos.

Psicanálise da Sociedade 25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 179

2ª ed., 2004, 384 págs.


Trata-se do estudo da patologia social, mas usando as descobertas de
S. Freud e M. Klein. Os leitores que já conhecem o trabalho trilógico,
poderão observar que, naquele tempo (1975), Keppe tinha basicamente
idêntico anseio de resolver os problemas sociais: (teomania, egocentrismo,
narcisismo, sadismo), com predomínio do desejo de poder (errôneo), que
elabora toda espécie de atritos e desavenças sociais). Foi nessa ocasião que a
CIA iniciou seu ataque contra o autor, ainda se servindo do Conselho
Regional de Psicologia (que sempre tem sob seu controle).

CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO


De Olho na Saúde
1ª ed., 2007, 186 págs.
Em linguagem simples e com ilustrações do artista plástico Nelson
Coletti, a obra trata de assuntos ligados a saúde e qualidade de vida como
relacionamentos, trabalho, depressão, problemas de obesidade e outros
temas de interesse.

História Secreta do Brasil.


O Millennium e o Homem Universal
3ª ed., 2007, 296 págs.
O livro revela a história que não nos contam nas escolas – 2.500
anos do mais belo sonho acalentado por nossos ancestrais e continua
entusiasmando até hoje as pessoas idealistas: o de realizar, neste milênio, no
Brasil, a Era de Ouro, ou seja, uma sociedade justa, próspera, livre e
universal. 100

Dossiê América: 95

Caso U.S. Government X Keppe & Pacheco 75

Cláudia B.S. Pacheco e Márcia R. Bull 1995, 240 págs.


O Dossiê América tem a finalidade de levar ao conhecimento do
público em geral o Caso Keppe & Pacheco – resultado de uma armadilha 25

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180 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

perpetrada por agentes especiais do FBI, articulada a nível de altos escalões


da Justiça Americana, em conluio com a Administração e mídias brasileiras,
por motivos ideológicos, e com o fito de impedir que ambos levassem
adiante no mundo as denúncias sobre crimes de corrupção: tráfico de armas
e narcóticos que, ao que tudo indica, levaram ao escândalo Irã/Contra e
Iraque-Gate.

A Cura Pela Consciência – Teomania e Stress


4ª ed., 2001, 197 págs.
Aplicação da Ciência Trilógica na Medicina Psicossomática, este
livro mostra que a verdadeira causa do estresse e das doenças psicológicas e
orgânicas está no desconhecimento, tanto das atitudes e emoções
patológicas do indivíduo, como da doença da sociedade. Relata casos
clínicos e mostra como o leitor pode curar a si mesmo e aos demais pelo
método de interiorização (conscientização). Leitura indicada para qualquer
pessoa, é de grande utilidade a profissionais da área de saúde e psicoterapia.
Publicado em 8 idiomas.
Traduzido para: inglês, francês, alemão, italiano, sueco, finlandês e russo

As Mulheres no Divã
(Uma Análise da Patologia Feminina)
1987, 175 págs.
Baseado na experiência com centenas de casos clínicos, a autora
analisa a realidade social e psicológica das mulheres e de sua luta pela real
libertação, mostrando, em termos práticos, que elas podem obter realização
genuína e felicidade duradoura, através de uma maior percepção das suas
atitudes psicopatológicas.
Traduzido para: inglês, francês, finlandês

ABC da Trilogia Analítica (Psicanálise Integral) 100


7ª ed., 2003, 150 págs.
Explica os princípios fundamentais da Trilogia Analítica (Psicanálise
95

Integral) que unifica ciência, filosofia e espiritualidade. Escrito em 75


linguagem simples, é dirigido aos interessados na área de psicoterapia,
saúde, educação, economia, sociologia, filosofia e a todas as pessoas que
desejam orientação.Traduzido para: inglês, francês, alemão, sueco, finlandês e
russo
25

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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 181

OUTROS AUTORES
Por Dentro da Música
Gilbert Gambucci, 1ª ed., 2000, 115 págs.
Por Dentro da Música é um núcleo de vital conhecimento científico
necessário para a recuperação da arte erudita contemporânea. Este estudo
revolucionário pela primeira vez esclarece como idéias equivocadas na
filosofia moderna providenciaram a total derrocada da música erudita
contemporânea (dodecafonia).

Odontologia do 3º Milênio (Trilógica) — Vol. II


Márcia Sgrinhelli e Heloisa Coelho, Supervisão de Cláudia B. Pacheco,
2005, 110 págs.
Experiências e trabalhos das cientistas psicossomáticas Márcia e
Heloisa no tratamento do ser humano como um ser integral, um todo
energético, psicossomático (corpo e alma), além de uma avaliação dos
rumos da odontologia após o ano 2000 e suas consequências como o uso
indiscriminado de medicamentos, antissépticos etc.

Odontologia do 3º Milênio (Trilógica)


Márcia Sgrinhelli e Heloisa Coelho, Supervisão de Cláudia B.S. Pacheco,
1998, 190 págs.
O único método de tratamento e prevenção das doenças bucais que
vê o cliente como um todo, um ser integral, psicossomático (corpo e alma), é
tratado neste livro, escrito em linguagem simples, para todos os leigos e
profissionais de saúde que estejam interessados em melhorar a qualidade de
vida. Ele é bastante elucidativo, porque relata 80 casos clínicos dentre os 8
mil clientes atendidos pelas autoras no Brasil, EUA e Europa. 100

Stop a Destruição do Mundo 95

Diversos Autores, 1994, 340 págs.


75

Este livro, redigido pelo jornalista José Ortiz Neto, professor de


Redação da Escola de Línguas Millennium, contém teses elaboradas em
grupo por alunos e professores da Escola Norberto Keppe, as quais foram 25

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182 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

apresentadas no Fórum “STOP a Destruição do Mundo”, em maio de


1993, no Palácio Galveias, Lisboa. As teses referem-se à necessidade de
conscientização social e individual acerca das causas da destruição
generalizada em nosso planeta, as quais encontram-se na predominância
doentia do poder econômico sobre todos os setores: educação,
comunicação social, saúde e artes, entre outros. O propósito é de que sejam
formuladas novas leis mais justas que levarão à realização de um novo
mundo de paz.

Vida e Obra de Norberto Keppe


Marc André da Rocha Keppe, 1990, 206 págs.
Uma análise histórica da vida de Norberto Keppe, criador da
Trilogia Analítica. As palestras, artigos nas mídias, participação em
congressos e tudo o que contribuiu para o desenvolvimento desta nova
ciência, bem como a rede de ataques e intrigas levados a cabo pelos grupos
de corrupção, que tentam até hoje impedir a difusão dessa ciência
revolucionária.

A Origem da Terra
Marc André R. Keppe, 1984, 185 págs.
Aplicando a Trilogia Analítica aos campos da história, geologia e
biologia, o autor contesta as teorias evolucionistas de Darwin, mostrando
que cientificamente a teoria evolucionista é uma aberração e não ciência.

Novas Perspectivas na Educação Infantil


Suely M. Keppe, 2ª ed., 2007, 245 págs.
Como ensinar a criança a ser sã? O que é a bondade, beleza e
verdade? Como educar a criança sem interferir na sua individualidade e
liberdade de escolha, e sem incorrer no método patologizante de
intransigência e censura? Tudo isso a autora esclarece neste livro, de 100

maneira clara e sensata, para os educadores, pais e adultos em geral.


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CLÁUDIA BERNHARDT DE SOUZA PACHECO 183

O Segredo de Alguino
Suely M. Keppe, 1983, 16 págs.
Esta história não foi escrita somente para crianças, mas também,
para os pais, que nela encontrarão mensagens muito importantes para
ajudá-los a educar seus filhos, resolver problemas e serem felizes.

O Dentinho Porcalhão
na Fábrica da Mastigação
Márcia Sgrinhelli e Maria Silvia Almeida, 2000, 10 págs.
Este livro para colorir tem como objetivo mostrar às crianças e aos
pais a interrelação existente entre as nossas emoções e a saúde bucal. A
história é baseada nas descobertas de Norberto R. Keppe, fundador da
SITA–Sociedade Internacional de Trilogia Analítica (Psicanálise Integral),
que explica que o aspecto essencial da vida é a ação real, isto é, ação dirigida
pela bondade, beleza e verdade, em harmonia com a essência do ser
humano. Baseando-se também no livro A Cura pela Consciência – Teomania e
Stress, de Cláudia B.S. Pacheco, vice-presidente da SITA, esta história ilustra
a causa e a prevenção das cáries dentárias numa perspectiva psicológica
única, mostrando à criança como obter saúde bucal.

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184 A MULTINACIONAL AMERICANA DAS DROGAS

PROTON EDITORA LTDA.


Os temas principais abordados pela editora são: sociedade
(sociologia, ecologia etc.), saúde, ciências naturais e psicanálise, com
ênfase nas obras de Norberto R. Keppe, psicanalista e criador da
Escola de Psicanálise Integral (Trilogia Analítica) e de sua principal
assistente Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco.

Proton Editora Ltda


Av. Rebouças nº 3819 - Jd. Paulistano
CEP. 05401-450 - São Paulo, Brasil
Tel.: 11-3032-3616 - Fax.: 11-3815-9920

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quinta-feira, 5 de novembro de 2009 16:54:22
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