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Nova Odessa
Janeiro - 2014
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
Nova Odessa
Janeiro - 2014
Ficha catalográfica elaborada pelo
Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia
Bibliotecária: Tatiane Helena Borges de Salles CRB 8/8946
CDD 636.4085
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Instituto de Zootecnia
Aos meus queridos pais, José e Lourdes pelo amor e apoio incondicional.
Aos meus amados irmãos José Carlos, Cláudio e Adriana por estarem sempre ao
meu lado, sob qualquer circunstância.
As minhas cunhadas Gisélia e Polyana, e ao cunhado Rubinho, pelo carinho,
amizade e apoio.
A sogra Zilda e aos cunhados Juliana, Sebastian e Gabriel pela amizade e o
estímulo constante.
Aos meus sobrinhos Athos, Gabriel, Giovanni, Daniel, Lucas, Lorenzo, Luigi e as
princesas Larissa, Lorena e Maria Rita, por me encherem de carinho e amor.
Ao meu filho canino Bob Lee, pelo amor incondicional.
A Deus por estar sempre presente em minha vida, guiando meus sonhos.
Ao meu marido Mauro, pelo amor, carinho, dedicação e paciência de sempre, e por
ser além de meu melhor amigo, meu companheiro de todas as horas.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof.º Dr.º Fábio Enrique Lemos Budiño, pela oportunidade,
confiança e pela paciência constante. Obrigada por gentilmente compartilhar seus
conhecimentos.
Ao meu Co-orientador Prof.° Dr.° Messias Alves Trindade Neto da FMVZ-USP, pela
oportunidade do projeto e pelos conhecimentos transmitidos.
Aos Pesquisadores Dr°. Mauro Sartori e Dr. Rosana Possenti, pela participação no
exame de qualificação e pela significativa contribuição no trabalho.
Aos amigos Renato Monferdini e Júlio Dadalt, e aos pesquisadores Carla Pizzolante
e Evandro Moraes (APTA), pela ajuda durante o experimento. Vocês foram incríveis!
Ao Marcelo Vinsly da empresa Ceze Rações, por nos ceder gentilmente sua fábrica
e pela ajuda durante o processo.
A querida amiga Marisa Manso pela companhia e amizade de sempre, e aos novos
amigos que fiz no IZ, vocês são especiais!
Ao grande amigo Lauro Lucchesi, por me apresentar ao curso do IZ, e ainda pela
amizade e parceria de sempre.
E por fim, agradeço a cada um dos 88 leitões utilizados nos experimentos, a eles
todo o meu respeito.
A grandiosidade de uma nação e o seu progresso moral
podem ser medidos pela forma como os seus animais são
tratados.
(Mahatma Gandhi)
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Suplementação de ácidos orgânicos em dietas para leitões na fase de creche.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da inclusão dietética de ácidos orgânicos
sobre o desempenho, digestibilidade e viabilidade econômica de leitões na fase de
creche. Dois experimentos foram conduzidos, onde no ensaio de desempenho
(experimento 1), foram utilizados 64 leitões híbridos com pesos iniciais médios de
5,87±0,31kg, em um delineamento em blocos casualizados, para comparar o efeito
de 4 tratamentos com 8 repetições, sendo dois leitões por baia (macho e fêmea).
Para o ensaio de digestibilidade (experimento 2), foram utilizados 24 leitões híbridos
com pesos iniciais médios de 8,21±0,79kg, em um delineamento em blocos
casualizados, para comparar o efeito de tratamentos com 6 repetições cada. Os
tratamentos foram: T1 (Controle) - dieta sem acidificantes; T2 (Blend) - controle +
0,5% do Blend (21% ácido lático, 18% de ácido fórmico e 10% de ácido cítrico); T3
(Butirato) - controle + 0,1% de Butirato de Sódio; T4 (Blend + Butirato) - controle +
0,5% do Blend e + 0,1% de Butirato de Sódio. Não houve efeito dos acidificantes
(p>0,05) sobre o consumo diário de ração (CDR), ganho de peso diário (GDP), e
índice de conversão alimentar (CA), nos três períodos estudados (0 a 10, 0 a 24, e 0
a 45 dias de experimento). Não houve efeito dos ácidos orgânicos (p>0,05), sobre os
coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta, energia
bruta e sobre os valores de energia digestível e metabolizável. Dietas com
suplementação de butirato de sódio (T3), apresentou melhor vantagem econômica
apenas para o período de 10 a 24 dias de experimento, no entanto, os acidificantes
não proporcionaram melhor resultado econômico para as outras fases e também
para o período total. Assim, em condições experimentais não ficou evidenciado o
efeito dos aditivos acidificantes como promotores de crescimento para leitões
desmamados, consumindo dietas complexas altamente digestíveis.
x
Supplementation of organic acids in diets of weaned piglets
ABSTRACT
The purpose of this work was to evaluate the effects of dietary supplementation of
organic acids on performance, digestibility and economical viability of weaning
piglets. Two experiments were carried which performance trial (assay 1), it was used
64 piglets with an average weight of 5,87±0,31 kg in a completely randomized block
design experiment to compare four treatments, with eight replicates of two pigs (male
and female) per pen. In the digestibility trial (assay 2), it was allocated 24 piglets with
an average weight of 8,21±0,79 kg in a completely randomized block design
experiment to compare four treatments with six replicates each. The treatments were:
T1 (Control) – diet without acidifier; T2 (Blend) - control + 0,5% of Blend ( 21% lactic
acid, 18% of formic acid and 10% of citric acid); T3 (Butyrate) - control + 0,1% of
sodium butyrate (coated butyrate) ; T4 (Blend + Butyrate) - control + 0,5% of Blend +
0,1% of Sodium Butyrate. There were no acidifiers effects (p>0,05) on daily feed
intake, average daily weight gain and feed conversion over the three experimental
period (from 0 to 10 days, from 0 to 24 days and from 0 and 45 days). There were no
significant effects of acidifiers (p>0,05) on apparent digestibility coefficients of dry
matter, crude protein, gross energy and the values of digestible and metabolizable
energy. Diets containing sodium butirate (T3) provided best economical results only
for 10 to 24 days experimental period, however acidifiers did not show economical
efficiency for the other phases and also for complete period. Therefore, in the
experimental conditions, there was no evidence of organic acids as grow promoter
for weaning piglets fed with high digestibility complex diet.
Keywords: acidifiers, swine, additives, performance, digestibility
xi
1 INTRODUÇÃO
12
dias é uma prática muito comum, e esta fase, assim como os dias subsequentes,
constitui um período crítico para o desenvolvimento dos leitões.
O desmame é caracterizado pela alta taxa de mortalidade e outros fatores
também influenciam diretamente o desempenho de leitões: como separação da mãe,
formação de novos lotes com outros leitões, mudança de alimentação que
favorecem o aparecimento de diarréia pós-desmame, que em geral ocorre
normalmente entre três a dez dias após desmame, que debilita o animal, e pode o
levá-lo a morte (CORASSA, 2004).
Sabe-se que nesta fase, o sistema digestivo do leitão é imaturo. O pH no trato
digestivo de leitões recém-desmamados é alto, quando comparado ao de adultos, o
que afeta intensamente a fisiologia do animal.
A digestão dos nutrientes é reduzida pela baixa atividade enzimática no trato
digestivo, resultando em diarréia osmótica, favorecendo a proliferação de micro-
organismos patogênicos como Escherichia coli e a Salmonella Spp. (MIGUEL, 2008;
VIOLA et al. 2003), além de alterar morfologicamente a estrutura da mucosa
intestinal e tornar o animal susceptível a doenças infecciosas (FREITAS, 2005).
Nesta fase, a simples redução do pH, via secreção gástrica já controlaria o
desenvolvimento de patógenos.
Problemas com o pós-desmame podem ser controlados com a utilização de
aditivos antimicrobianos, como promotores de crescimento. Ácidos orgânicos, seus
sais, bem como as misturas de dois ou mais ácidos, são utilizados em dietas para
leitões recém desmamados como alternativas ao uso de antibióticos promotores de
crescimento, ou ainda associados aos antimicrobianos.
A suplementação de dietas de leitões desmamados com ácidos orgânicos,
tem demonstrado importantes ações na redução do pH estomacal, ação bactericida
e aumento da atividade enzimática com estimulo a secreções pancreáticas,
reduzindo a frequência de diarréia e melhorando o desempenho de leitões,
especialmente nas duas primeiras semanas que seguem o desmame (FREITAS,
2005).
Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da
suplementação de ácidos orgânicos em dietas para leitões desmamados, na
avaliação de desempenho, balanço nutricional e viabilidade econômica.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
14
lenta e constante), para refeições maiores e com menor frequência (MCDONALDS
et al., 2002).
Outro fator importante nesta fase de desmame é a retirada do leite materno,
que representa a supressão de fatores de crescimento que auxiliam no
desenvolvimento e na maturação intestinal (KELLY et al., 1990; MELLOR, 2000),
além da perda da imunidade passiva conferida pelas imunoglobulinas quando os
leitões ainda não apresentam seu sistema imune totalmente desenvolvido,
predispondo-os a doenças entéricas e respiratórias (GASKINS et al., 1995;
MELLOR, 2000; SILVA, 2009).
O sistema digestivo dos leitões, desde ao nascimento e até o desmame, é
adaptado para secretar enzimas que digerem o leite, mas não para alimentos de
origem vegetal. Assim, a atividade de lactase é alta e das lípases e proteases são
suficientes para agir sobre a gordura e as proteínas do leite. Imediatamente após o
desmame, o sistema digestivo do leitão deve-se adaptar à mudança do regime
alimentar, com a secreção de enzimas especializadas. Entretanto, as atividades das
enzimas pancreáticas sofrem redução imediatamente após o desmame, tendendo a
voltar ao padrão normal de desenvolvimento após este período (VIEIRA, 2010).
Associadas ao processo de desmame, a mucosa intestinal altera-se,
diminuindo as capacidades digestivas e absortivas do intestino delgado (SILVA,
2009). Alterações histológicas e bioquímicas ocorrem no intestino delgado, como
atrofia de vilosidades e hiperplasias de criptas, diminuindo a capacidade digestiva e
absortiva, estimulando a incidência de diarreia. Quanto mais cedo é realizado o
desmame, maiores e mais duradouras são estas alterações (HOTZEL, 2004).
Neste sentido, o desmame precoce pode-se associar a distúrbios
gastrointestinais e diminuição no crescimento, sendo indicada nesta fase, a
formulação de dietas de alto valor biológico, a partir do sétimo ou décimo dia após o
nascimento, onde o consumo de ração precoce pode estimular o desenvolvimento
do sistema enzimático, favorecendo melhor aproveitamento das dietas (FERREIRA,
2001).
16
que é prontamente hidrolisado no trato digestivo dos leitões. Em particular é um bom
nutriente para Lactobacillus que quando presente em grandes quantidades, inibe a
proliferação da E. coli. Os níveis de lactase em leitões lactentes são elevados nas
primeiras 3 semanas de vida (LOVATTO, 2013).
Animais adultos conseguem ajustar o pH gástrico por intermédio da secreção
de HCl, mas como a fase de desmama é caracterizada pela baixa capacidade
secretora, o pH neste período é mais alto devido a pequena quantidade de HCl
produzida.
O pH elevado, no início da vida é necessário para que as imunoglobulinas
passem intactas, pois em condições ácidas adequadas, a ação das peptidases
gástricas é mais intensa. Mas para leitões desmamados, a incapacidade de manter o
pH gástrico baixo nas primeiras semanas pode estar relacionado ao baixo ganho de
peso, má absorção de nutrientes e distúrbios intestinais que ocorrem nesta fase
(BIAGI et al., 2007; BOUDRY et al., 2004).
Como consequência, o período pós-desmame é caracterizado ainda por
redução do consumo e redução das taxas de crescimento. As alterações intestinais
mais frequentes neste período incluem modificações na morfologia das
vilosidades/criptas e na atividade das enzimas no rebordo das vilosidades, bem
como, implicações nos patógenos entéricos, que diminuem a atividade das enzimas
digestivas no intestino (TONEL, 2009; MROZ et al., 2003; PLUSKE et al., 1997).
De acordo com HERDT (1999), os enterócitos das criptas têm alta capacidade
mitótica regenerando com rapidez. À medida que as células das criptas se
multiplicam, migram até à base das vilosidades e vão empurrando as outras células
para a extremidade das mesmas. Enquanto migram sofrem uma maturação, de
células relativamente indiferenciadas, ao nível das criptas, para células
especializadas de absorção, nas vilosidades. Na extremidade da vilosidade ocorre
descamação devido à idade das células e à sua exposição ao conteúdo intestinal,
sendo o que determina o comprimento das vilosidades a relação entre
descamação/substituição. Em média, o tempo de reposição de um enterócito é de 4
a 7 dias, variando com a espécie e estado fisiológico (MORAIS, 2009; HERDT,
1999).
No período pós-desmama ocorre normalmente atrofia das vilosidades em
decorrência do maior aumento na taxa de descamação epitelial por consequência do
17
início do consumo da ração sólida, do baixo consumo de ração, de toxinas
bacterianas e da adesão de bactérias aos enterócitos (OETTING et al., 2006; CERA
et al., 1988).
Nesse processo ocorre o incremento da profundidade da cripta para
assegurar a adequada taxa de renovação celular e garantir a reposição das perdas
de células da região apical. Nesse sentido, quanto maior a altura de vilosidades, e
menor a profundidade das criptas, melhor a absorção de nutrientes e menores as
perdas energéticas com a renovação celular (OETTING et al., 2006).
Nesse período também podem ocorrer à colonização da superfície epitelial
por patógenos, como a Escherichia coli enterotoxigênica, Salmonella Typhimurium e
Clostridium spp, provocando diarreias (UTYAMA et al., 2006).
19
antimicrobianos e de anticoccidianos em produtos destinados à alimentação animal
(PENZ JUNIOR et al. 2010).
O uso de antibióticos promotores de crescimento associados era uma prática
comum nas granjas brasileiras visando o controle de duas categorias de micro-
organismos (Gram+ e Gram-), o que atualmente é proibido pela legislação. Uma
opção é a escolha de um promotor de crescimento, aliado a outros tipos de aditivos
zootécnicos (como ácidos orgânicos, probióticos, prébioticos, dentre outros), visando
a promoção da saúde intestinal e melhoria do desempenho animal.
20
A utilização de ácidos orgânicos nas dietas de leitões contribui para a redução
do pH estomacal, aumenta a atividade de enzimas, melhora a digestibilidade de
alguns nutrientes e reduz o crescimento de microrganismos (PENZ JUNIOR, 1991;
BOCKLOR et al., 2007;).
21
Tabela 1. Fórmulas físicas e características químicas de alguns dos ácidos orgânicos utilizados como
acidificantes em dietas de leitões.
Ácido Formula MM1 Forma pKa2
(g/mol)
Formico HCOOH 46.03 Líquido 3.75
Acetico CH3COOH 60.05 Líquido 4.76
Propionico CH3CH2COOH 74.08 Líquido 4.88
Butirico CH3CH2CH2COOH 88.12 Líquido 4.82
Latico CH3CH(OH)COOH 90.08 Líquido 3.83
Fumarico COOHCH:CHCOOH 116.07 Solido 3.02 / 4.38
Cítrico COOHCH2C(OH)(COOH) 192.14 Solido 3.13/ 4.76/ 6.40
CH2COOH
1
MM – massa molecular expressa em gramas.
2
pKa- constante de dissociação
Adaptado de Partanen et al., 1999.
23
Diferentes nutrientes na alimentação animal aumentam a capacidade tampão
do alimento, fator muito importante na alimentação de leitões. O B-value de um
alimento é importante, pois pode afetar o curso da digestão. Fornecendo uma ração
com elevado B-value significa que este pode absorver grandes quantidades de H+ e
que o pH do estomago e do trato digestivo proximal irão permanecer elevados
(LEVIC et al., 2005).
A manutenção do pH gástrico baixo é importante por várias razões. Primeiro,
a pepsina, enzima proteolítica do estomago só é ativada a um pH baixo (pH 2 a 4).
Se o pH gástrico permanece alto, altera a degradação de proteínas no estomago,
afetando não só a facilidade de digestão e utilização de nitrogênio, como também de
minerais (MAKKINK, 2002; MROZ et al., 1997). Também é essencial para controle
da população de bactérias patogênicas no estomago, como Salmonella, E. coli e
espécies de Klebsiella. Já espécies benéficas de bactérias como Bifido e
Lactobacillus são mais tolerantes a valores mais baixos de pH (LEVIC et al., 2005;
MAKKINK, 2002).
No caso de animais jovens como leitões, os valores de B-value elevados
podem causar problemas à saúde desses animais principalmente devido a menor
capacidade dos mesmos de secretar ácido gástrico. Os valores ótimos de B-value na
dieta variam devido a diversos fatores, como ingredientes, espécie animal, nível de
desenvolvimento, dentre outros. Mas a escolha adequada dos ingredientes e níveis
de inclusão podem contribuir de maneira significativa no efeito da capacidade
tamponante.
Levic et al. (2005), ao avaliarem a capacidade tamponante de 22 ingredientes
utilizados em rações, verificaram que fontes de proteínas (grão soja, farinha de
peixe, leite em pó), geralmente possuem elevada capacidade tamponante, e cereais
(milho, trigo, cevada) possuem baixo valor de B-value. Os suplementos minerais
possuem valores elevados de B-value, principalmente devido ao carbonato de
cálcio, normalmente usado como veículo.
Portanto, dietas com elevadas concentrações de proteínas e minerais tendem
a ter valores de B-value maiores, e estas características são típicas de dietas para
leitões jovens, recém desmamados. Aumentar o conteúdo mineral de uma dieta de
leitões de 0 para 4% promove como resultado o triplo de aumento do valor do B-
value (MAKKINK, 2002).
24
Redução dos níveis de inclusão de ingredientes proteicos e minerais e a
utilização de estratégias com o uso de aditivos como ácidos orgânicos, contribuem
para redução do pH gástrico e redução do efeito tampão. A escolha adequada de
ingredientes da dieta e sua composição é extremamente importante, pois pode
influenciar inclusive na eficácia dos ácidos orgânicos (PARTANEN et al., 2002).
A adição de ácidos orgânicos é mais efetiva quando realizada em dietas
simples, à base de cereais e farelo de soja, que em rações de maior complexidade,
com proteínas de origem animal e produtos lácteos (SILVA et al. 2008).
No leitão em fase de desmama, a lactose derivada dos produtos de leite é
convertida a ácido lático (BOCKOR et al, 2007), criando mudanças desejáveis no
desenvolvimento gástrico e também reduzindo a eficácia da acidificação
(PARTANEN, 2001). O uso da lactose e sua fermentação a ácido lático reduz a
necessidade de acidificação da dieta (PARTANEN e MROZ, 1999; SILVA et al.
2008).
25
sensíveis com o aumento do comprimento da cadeia e da molécula, tornando-se
mais lipofílicas.
A eficácia de um ácido em inibir micro-organismos é dependente do seu valor
de pKa (relacionado a constante de dissociação de um ácido), que é a capacidade
de um ácido orgânico estar dissociado em solução aquosa. Portanto, cada ácido
orgânico tem seu valor de pKa, quando este ácido está presente em uma solução
aquosa com o mesmo valor em pH, significa que nesse momento 50% desse ácido
estará dissociado e 50% indissociado, ou seja, as formas ionizadas e não ionizadas
estão na mesma concentração em equilíbrio. Este conceito de pKa proporciona uma
medida da força do ácido. Os ácidos fortes tendem a valores próximos a 1, onde a
maioria dos ácidos orgânicos tem valores entre 3 e 5 (PARTANEN, 2001;
PALENZUELA, 2000). Ácidos orgânicos com elevado valor de pKa são mais efetivos
como preservativos e sua eficácia antimicrobiana é geralmente melhorada com o
aumento do comprimento da cadeia e grau de insaturação (CORASSA, 2004).
Os ácidos orgânicos indissociados (ou não dissociados), são lipofílicos e
podem difundir-se passivamente através da parede celular das bactérias
(PARTANEN, 2001), dissociar-se quando o pH interno é superior a constante de
dissociação (pKa), e promover a diminuição do pH interno. Os íons de H+ reduzem o
pH interno, sendo incompatível com bactérias que não toleram um gradiente
significativo de pH em ambos os lados da membrana. Os prótons são bombeados
para fora da bactéria, por ação da bomba de ATPase, consumindo energia e
esgotando completamente a bactéria. A síntese de ácido nucleico é interrompida,
bloqueando as reações enzimáticas e alterando o transporte através da membrana
(CHIQUIERI et al., 2009; GAUTHIER, 2005).
26
2.4.2 Acidificantes Utilizados Na Nutrição e Suínos
2.4.2.5.1 Acidificação
31
de ração sólida, de toxinas bacterianas e da adesão das bactérias aos enterócitos. O
aumento da descamação resulta em incremento da profundidade da cripta. Assim,
quanto maior a altura das vilosidades e menor a profundidade das criptas, melhor a
absorção de nutrientes e menores as perdas energéticas com o turnover celular
(OETTING et al.,2006).
O butirato fornecido no alimento poderá reduzir alguns dos efeitos negativos
do desmame, providenciando à mucosa ileal e à mucosa da parte posterior do
intestino, uma fonte preferencial de energia, visto o butirato ser considerado um
nutriente importante para a integridade do epitélio ao longo do trato gastrointestinal.
Parece haver uma preferência dos colonócitos para o metabolismo de
butirato, que contribui diretamente como fonte de energia para estas células,
podendo representar ate 70% de seu consumo energético O suprimento de butirato
ajuda a manter a integridade da mucosa, desempenhando importante papel na
manutenção de um fenótipo celular normal e redução do risco de carcinomas
colonicos (GOMES, 2009; SWANSON; FAHEY, 2007).
A absorção do butirato é acoplada à reabsorção de sódio e água, e pode,
assim, proporcionar um efeito antidiarreico. Isso é apoiado por evidências obtidas
em ratos desnutridos, em que a ausência de produção de butirato induziu a "diarreia
de inanição" porque a reabsorção de água e sódio foi diminuída. A alimentação dos
enterócitos e colonócitos pelos ácidos graxos de cadeia curta conduzem a uma
hipertrofia da mucosa intestinal, aumento de seus peso e superfície, o que otimiza a
digestibilidade dos nutrientes por uma expansão da sua superfície de absorção
(BORGES et al. 2011).
Claus et al. (2007) verificaram que o uso do butirato de cálcio protegido (29
g/kg) aumentou a capacidade digestiva e de absorção no intestino delgado de
leitões. O mecanismo provavelmente foi um efeito específico na mitose dos
enterócitos o qual conduziu ao aumento do tamanho da dobra pela fissão da cripta.
Lu et al. (2008) com o objetivo de testarem os efeito do uso do butirato de
sódio no desempenho, morfologia e microflora intestinal de leitões desmamados aos
21 dias, verificaram que os animais suplementados com 1000 mg/kg de butirato de
sódio melhoraram o desempenho, com aumento de altura de vilos e da relação
vila:cripta, além de reduzirem a contagem intestinal de Clostridium e Escherichia coli.
32
De acordo com Manzanilla et al (2006), os enterócitos apresentam uma
função secretora quando estão na cripta, e uma função de absorção quando migram
para a vilosidade, o que implica que a absorção líquida no intestino delgado
depende da razão entre a altura das vilosidades e da profundidade das criptas
(AV/PC). O decréscimo nesta razão após o desmame prejudica a absorção e
incrementa o risco de diarreias (PLUSKKE et al., 1997).
No estudo de Manzanilla et al. (2006) nos animais que ingeriram butirato de
sódio, ocorreu um decréscimo da relação AV/PC, devido a um aumento da
profundidade da cripta, no entanto, essa alteração isoladamente não foi considerado
um fator de risco para os leitões, além disso nos animais suplementados com
butirato de sódio, os linfócitos interepiteliais (LIE) não sofreram qualquer alteração e
as células de Goblet aumentaram no íleo, não mostrando um efeito negativo.
Não está amplamente elucidado se o butirato de sódio pode estimular a
fisiologia padrão da mucosa gástrica como observado para o colón e a proliferação
celular do jejuno. Além disso, foi mostrado recentemente que a suplementação com
butirato de sódio em dietas para leitões muito jovens de 3 a 10 dias de idade pode
afetar o desenvolvimento da mucosa do jejuno e íleo (MAZZONI et al. 2008).
Le Gall et al. (2009) verificaram o efeito da administração oral de butirato de
sódio em leitões, sob os parâmetros de crescimento e maturação do trato
gastrointestinal, antes (5 a 28 dias de idade) e após o desmame (28 a 40 dias de
idade). Os resultados mostraram que de maneira geral, a suplementação com
butirado de sódio foi mais eficiente no período pré-desmama, estimulando o
crescimento e a ingestão de alimento no pós-desmama, pela redução do
esvaziamento gástrico e peso da mucosa intestinal e pelo aumento da
digestibilidade da ração.
No caso do ensaio de Biagi et al. (2007) o butirato de sódio, não teve um
efeito significativo na morfologia intestinal, isso pode ter ocorrido devido ao fato da
concentração de butirato de sódio ao longo do intestino não ter sofrido um aumento,
sugerindo uma rápida metabolização antes de chegar ao jejuno, e o fato das
amostras da mucosa intestinal serem colhidas no final do ensaio, somente seis
semanas após o desmame, logo em leitões com um TGI quase totalmente
desenvolvido.
33
Fatores como aumento da concentração do acidificante no estômago,
absorção do acido na parte esofágica, rápida metabolização e conversão do butirato
para substâncias como o acetato, podem influenciar os resultados no uso do
acidificante (TONEL, 2009; MAZANILLA et al., 2006).
2.4.2.5.4 Desempenho
35
3 MATERIAIS E METODOS
3.1 Local
36
ventilação nas laterais do galpão e comedouro com piso de madeira ripado abaixo,
com pisos vazados de material plástico no restante da baia, visando facilitar a
limpeza.
Em cada sala, a temperatura foi controlada através de 2 aparelhos de ar
condicionado e mantidas com temperatura e umidade, respectivamente: Sala 1,
temperatura com máxima de 24,3°C e mínima de 20,7°C, umidade mantida entre
70% e 88%; Sala 2, com temperatura máxima em 29,9°C e mínima 20,9 e umidade
ente 73% e 88%.
37
Tabela 2. Composição de acidificantes Blend (mistura) e Butirato de sódio utilizado nas dietas
experimentais.
Para o estudo, foram utilizados três tipos de rações, de acordo com cada
fase, sendo a Ração Pré I, de 1 a 10 dias de experimento; Ração Pré II de 10 a 24
dias de experimento e Ração Inicial, de 24 a 45 dias de experimento.
As rações foram formuladas de acordo com exigências nutricionais de
Rostagno et al. (2005), e as composições das dietas formuladas para as rações Pré
I, Pré II e Inicial, encontram-se nas Tabelas 3, 4 e 5. A composição nutricional das
rações estudadas encontra-se na Tabela 6.
38
Tabela 3. Proporção de ingredientes das dietas experimentais, fornecidas na fase Pré I (0 a 10 dias).
T1 T2 T3 T4 Blend +
Descrição Controle Blend Butirato Butirato
Milho grão 7.5 % 33,21 33,21 33,21 33,21
Soja Farelo (46%) 20,00 20,00 20,00 20,00
Blend 0,000 0,500 0,000 0,500
Butirato de Sódio 0,000 0,00 0,100 0,100
Caulim 0,600 0,100 0,500 0,000
Arroz Farinha Gelatinizado 10,00 10,00 10,00 10,00
Plasma Sanguíneo 2,00 2,00 2,00 2,00
Óleo Soja 1,20 1,20 1,20 1,20
Leite em Pó Integral 10,00 10,00 10,00 10,00
Açúcar 4,00 4,00 4,00 4,00
Soro Leite 16,0 16,60 16,60 16,60
Fosfato Bicálcico 0,900 0,900 0,900 0,900
DL-Metionina 0,310 0,310 0,310 0,310
L-Lisina 78% 0,500 0,500 0,500 0,500
L-Tryptofano 98% 0,025 0,025 0,025 0,025
L-Treonina 98% 0,200 0,200 0,200 0,200
Colina 60% - Cloreto 0,050 0,050 0,050 0,050
Colistina 80 0,050 0,050 0,050 0,050
Antioxidante (1) 0,010 0,010 0,010 0,010
Aromatizante (2) 0,025 0,025 0,025 0,025
Palatabilizante (3) 0,050 0,050 0,050 0,050
Sulfato de Cobre 35% 0,075 0,075 0,075 0,075
PX VIT Pré Inicial (4) 0,100 0,100 0,100 0,100
PX MIN Pré Inicial (4) 0,100 0,100 0,100 0,100
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00
(1)Produto Comercial Endox 5X; (2) Produto Comercial Cream Sicle; (3) Produto Comercial Powersweet; (4)
Níveis nutricionais por kg de ração: Vit. A - 10000 UI; Vit. D3 – 1650 UI; Vit. E 60mg; Vit. K – 20 mg; Vit. B1
– 1,19 mg; Vit.B2 – 4 mg; Vit.B6 – 2,19 mg; Vit. B12 – 22 µg; Ac. Folico – 0,39 mg; Ac. Pantotenico – 18 mg;
Biotina – 0,15 mg; Niacina - 29,84 mg; Colina – 1113,74mg; Cobre – 273,10 mg; Ferro – 90 mg; Iodo – 1,10mg;
Manganês – 40,20 mg; Selênio – 0,36 mg; Zinco: 117,8 mg.
39
Tabela 4. Proporção de ingredientes das dietas experimentais, fornecidas na fase Pré II (10 a 24 dias).
T1 T2 T3 T4 Blend +
Descrição Controle Blend Butirato Butirato
Milho grão 7.5 % 50,90 50,90 50,90 50,90
Soja Farelo (46%) 24,00 24,00 24,00 24,00
Blend 0,000 0,500 0,000 0,500
Butirato de Sódio 0,000 0,000 0,100 0,100
Caulim 0,600 0,100 0,500 0,000
Plasma Sanguíneo 1,50 1,50 1,50 1,50
Óleo Soja 1,50 1,50 1,50 1,50
Açúcar 5,00 5,00 5,00 5,00
Soro Leite 13,50 13,50 13,50 13,50
Fosfato Bicálcico 1,40 1,40 1,40 1,40
Sal Refinado Sem Iodo 0,050 0,050 0,050 0,050
DL-Metionina 0,250 0,250 0,250 0,250
L-Lisina 78% 0,670 0,670 0,670 0,670
L-Tryptofano 98% 0,023 0,023 0,023 0,023
L-Treonina 98% 0,200 0,200 0,200 0,200
Colina 60% - Cloreto 0,050 0,050 0,050 0,050
Colistina 80 0,050 0,050 0,050 0,050
Antioxidante (1) 0,010 0,010 0,010 0,010
Aromatizante (2) 0,025 0,025 0,025 0,025
Palatabilizante (3) 0,050 0,050 0,050 0,050
Sulfato de Cobre 35% 0,030 0,030 0,030 0,030
PX VIT Pré Inicial (4) 0,100 0,100 0,100 0,100
PX MIN Pré Inicial (4) 0,100 0,100 0,100 0,100
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00
(1)Produto Comercial Endox 5X; (2) Produto Comercial Cream Sicle; (3) Produto Comercial Powersweet; (4)
Níveis nutricionais por kg de ração: Vit. A - 10000 UI; Vit. D3 – 1650 UI; Vit. E 60mg; Vit. K – 20 mg; Vit. B1
– 1,19 mg; Vit.B2 – 4 mg; Vit.B6 – 2,19 mg; Vit. B12 – 22 µg; Ac. Folico – 0,39 mg; Ac. Pantotenico – 18 mg;
Biotina – 0,15 mg; Niacina - 29,84 mg; Colina – 1332,36 mg; Cobre – 115,5 mg; Ferro – 90 mg; Iodo – 1,10mg;
Manganês – 40,20 mg; Selênio – 0,36 mg; Zinco: 117,8 mg.
40
Tabela 5. Proporção de ingredientes das dietas experimentais, fornecidas na fase Inicial (24 a 45 dias).
T1 T2 T3 T4 Blend +
Descrição Controle Blend Butirato Butirato
Milho grão 7.5 % 61,16 61,16 61,16 61,16
Soja Farelo (46%) 30,00 30,00 30,00 30,00
Blend 0,000 0,500 0,000 0,500
Butirato de Sódio 0,000 0,000 0,100 0,100
Caulim 0,600 0,100 0,500 0,000
Óleo Soja 2,00 2,00 2,00 2,00
Açúcar 3,00 3,00 3,00 3,00
Fosfato Bicálcico 1,50 1,50 1,50 1,50
Calcáreo 37 0,70 0,70 0,70 0,70
Sal Refinado Sem Iodo 0,500 0,500 0,500 0,500
L-Lisina 78% 0,200 0,200 0,200 0,200
Colina 60% - Cloreto 0,050 0,050 0,050 0,050
Colistina 80 0,050 0,050 0,050 0,050
Antioxidante (1) 0,010 0,010 0,010 0,010
Palatabilizante (2) 0,020 0,020 0,020 0,020
Sulfato de Cobre 35% 0,040 0,040 0,040 0,040
PX VIT Pré Inicial (3) 0,080 0,080 0,080 0,080
PX MIN Pré Inicial (3) 0,090 0,090 0,090 0,090
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00
(1)Produto Comercial Endox 5X; (2) Produto Comercial Powersweet; (3) Níveis nutricionais por kg de ração:
Vit. A - 8000 UI; Vit. D3 – 1319 UI; Vit. E 48 mg; Vit. K – 16 mg; Vit. B1 – 0,96 mg; Vit.B2 – 3,20 mg; Vit.B6
– 1,76 mg; Vit. B12 – 17,6 µg; Ac. Folico – 0,32 mg; Ac. Pantotenico – 14,4 mg; Biotina – 0,12 mg; Niacina –
23,87 mg; Colina – 1588,70 mg; Cobre – 148,45 mg; Ferro – 81,0 mg; Iodo – 0,99 mg; Manganês – 36,18 mg;
Selênio – 0,32 mg; Zinco: 106,0 mg, Magnésio – 5 mg.
41
Tabela 6. Composição nutricional calculada para rações nas fases Pré I (0 a 10 dias), Pré II (10 a 24 dias) e
Inicial (24 a 45 dias).
42
Figura 2. Exemplo de características das fezes observadas no experimento: fezes duras (escore 1) e
fezes líquidas (escore 4).
A análise de viabilidade econômica foi realizada para cada fase (rações Pré I
– 0 a 10 dias, Pré II – 10 a 24 dias e Inicial – 24 a 45 dias) e para o período total do
experimento (1 a 45 dias). Foi determinado inicialmente o custo da ração (em reais
R$), por quilograma de peso vivo ganho (BELLAVER et al., 1985). Em seguida, foi
calculado o Índice de Eficiência Econômica (IEE), como sugerido por Tavernari et al.
(2009), como segue.
Yi = (Pi * Qi)
Gi
Onde:
Yi = custo da ração por quilograma de peso vivo ganho no i-ésimo tratamento; Pi =
preço por quilograma da ração utilizada no i-ésimo tratamento;
Qi, quantidade de ração consumida no i-ésimo tratamento;
Gi = ganho de peso do i-ésimo tratamento.
Onde:
MCe = menor custo da ração por quilograma de ganho observado entre os
tratamentos;
43
CTei = custo do tratamento i considerado.
Os preços dos ingredientes utilizados na elaboração dos custos das dietas
foram baseados no preço praticado em São Paulo/SP, no dia 13 de Agosto de 2013.
46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
47
Tabela 7. Médias para peso vivo inicial (P1), peso vivo aos 10 dias (P10), peso vivos aos 24 dias
(P24), peso vivo aos 45 dias (P45), e consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e
conversão alimentar (CA), para o período de 1 a 45 dias de experimento.
Dietas
T3 T4 Blend +
Período T1 Controle1 T2 Blend 1 Butirato1 Butirato1 CV (%)2
0 - 10 dias
P1(g) 5858 5858 5875 5867 -
P10(g) 7806 7893 7806 8140 -
CDR (g) 516 539 530 592 6,08
GDP (g) 389 407 386 454 7,69
CA 1,34 1,35 1,40 1,32 2,46
0 - 24 dias
P24(g) 13955 14480 14607 15401 -
CDR (g) 970 1037 991 1113 6,12
GDP (g) 675 718 728 794 6,79
CA 1,44 1,45 1,37 1,40 2,67
0 - 45 dias
P45(g) 27708 28905 28926 29746 -
CDR (g) 1619 1727 1695 1755 3,46
GDP (g) 971 1024 1024 1061 3,64
CA 1,68 1,69 1,65 1,66 0,99
1.Ausência de efeito entre os tratamentos pelo teste de Tukey (p<0,05);
2.CV(%): coeficiente de variação.
48
CDR e GDP, somente a CA apresentou efeito significativo, e foi melhor quando
adicionado 0,84% de mistura de ácido orgânico a base de ácido lático.
Gomes et al. (2007), ao avaliarem o desempenho e as características
morfológicas do intestino delgado em leitões desmamados aos 15 dias de idade,
através da utilização de dietas com a inclusão de ácido fumárico, além de misturas a
base de fumárico mais butírico, e fumárico mais fórmico, não observaram efeito
significativo dos tratamentos sobre peso médio aos 36 dias de idade, ganho de
peso, consumo diário e conversão alimentar, dos leitões de 15 a 36 dias de idade,
não apresentando também diferenças entre a altura de vilosidade do jejuno e íleo.
Em contrapartida, Braz et al. (2011), avaliaram combinações de ácidos
orgânicos, como alternativas aos antimicrobianos promotores de crescimento e
verificaram que através de misturas de ácidos orgânicos (produtos a base de ácido
fórmico, lático, butirato de sódio e ácido propiônico), o tratamento com o blend
contendo 0,15% de butirato de sódio, juntamente com 0,4% de uma mistura a base
de lático, proporcionou melhor peso e ganho diário de peso aos 14 dias pós
desmame, em relação a outra mistura de ácidos a base de ácido propiônico, acético
e fórmico; e melhor CA em relação ao tratamento com 0,004% de sulfato de
colistina.
Em um estudo com uso de ácidos orgânicos Miguel et al. (2008), observaram
que a adição do ácido fumárico em diferentes níveis de inclusões, determinou
aumento no consumo de rações em todos os períodos (0 a 42 dias), em relação a
dieta sem a utilização dos ácidos orgânicos. Ainda a adição de ácido fumárico,
propiciou aos leitões aumento de 18,33% em ganho de peso comparando com o
controle e cerca de 8,5% em relação aos demais tratamentos.
Ao avaliarem o efeito de benzoato de cálcio, em dietas com ou sem ácidos
fórmico, fumárico e n-butírico, Mroz et al. (2000) verificaram que o uso dos ácidos
orgânicos aumentou a digestibilidade ileal da maioria dos aminoácidos e a retenção
de nitrogênio no crescimento e terminação de suínos.
Para suplementação de cálcio, foram utilizadas no experimento para as Fases
Pré I, Pré II e Inicial, níveis de 0,9, 1,4 e 1,5% de fosfato bicálcio, respectivamente.
Para a fase Inicial do experimento (de 24 a 45 dias pós-desmame), ainda foi utilizado
o nível de 0,70% de calcário na dieta. Sabe-se que uma possível forma de
acidificação da dieta com melhoria dos resultados zootécnicos pode se observada
49
através da manipulação das fontes minerais orgânicas e inorgânicas, principalmente
controlando o nível de cálcio da dieta, assim diminuindo seu emprego, reduzimos
também seu efeito tamponante. Fontes como fosfato bicálcico e calcário, possuem
elevado poder tamponante, muitas vezes os níveis de cálcio adotados nas dietas
comerciais, conferem um pH básico elevado ao conteúdo intestinal do leitão
(CHARBONNEAU, 2004), o que pode ter afetado o efeito do uso dos ácidos
orgânicos nas dietas testadas. Bockor et al. (2007), ao compararem medidas de
capacidade tamponante de matérias-primas de dietas utilizadas para leitões,
observaram que os valores mais altos de capacidade tamponante foram obtidos com
fosfato bicálcico e mistura vitamínico e mineral.
Canteli (2010), ao avaliar diferentes alternativas nutricionais para controle da
diarreia em leitões, utilizando dietas com alto e baixo calcário, bem como a presença
ou ausência de óxido de zinco e ácido benzoico, verificou que na fase de 15 a 28
dias pós desmame, o tratamento com ácido benzoico (0,75%), associado ao baixo
nível de inclusão do calcário (0,48%), melhorou o GDP e apresentou efeito positivo
na morfologia duodenal.
Podemos observar como uma característica importante ao não favorecimento
dos tratamentos com uso dos ácidos orgânicos, o fato de que em todos os
tratamentos foram utilizados ingredientes lácteos como leite em pó integral e soro de
leite, nas inclusões de 10% e 16,6%, respectivamente para as dietas da fase Pré I,
e, 13,5% de soro de leite nas dietas da fase Pré II, objetivando atender os níveis de
lactose. Bertol et al. (2000), ao avaliarem diferentes níveis de lactose (0,7, 14 e
21%), em dietas para leitões desmamados aos 21 dias de idade, observaram que o
ganho de peso diário, consumo de ração e conversão alimentar melhoraram
significativamente com o aumento dos níveis de lactose. Além disso, a presença de
produtos lácteos pode reduzir a atividade dos acidificantes, pois a lactose já tem
uma ação palatabilizante, de fermentação e consequente acidificação do trato
gastrointestinal (SILVA et al., 2008; CANTELI et al., 2010). Conforme sugerido por
Partanen e Mroz (1999), o uso de ácidos orgânicos é mais efetivo em dietas simples
a base de cereais e farelo de soja, que em rações mais complexas, com ingredientes
lácteos ou proteínas de origem animal.
Uma característica importante das dietas testadas é a de que todos os
tratamentos receberam a suplementação do aditivo antimicrobiano Colistina, prática
50
usual nas granjas industriais, sendo as rações formuladas com 0,05% de inclusão.
De acordo com Lovatto et al. (2005), de maneira geral o uso de antibiótico nas
dietas, promove maior taxa de crescimento, melhor conversão alimentar e redução
da mortalidade por infecções, principalmente devido ao controle de micro-
organismos moderadamente patogênicos que colonizam o trato gastrintestinal.
Essas características possivelmente contribuíram para manutenção da saúde dos
animais do estudo e reduziram a ação dos acidificantes nos tratamentos avaliados.
Diversos autores sugeriram que desafios impostos no ambiente de criação,
variações nas condições ambientais, e fatores estressantes inerentes ao manejo,
favorecem a ação dos ácidos orgânicos e potencializam seus efeitos no
desempenho de leitões desmamados (RAVINDRAN et al.1993; RADCLIFFE et al.
1998; SILVA et al., 2008). Como os ensaios foram conduzidos em granja
experimental, com instalações adequadamente limpas com baixo desafio sanitário,
sem a prevalência de diarreias; as rações continham antibiótico colistina e sulfato de
cobre em sua formulação; e durante o experimento a temperatura foi mantida na
faixa de conforto térmico dos animais, acredita-se que o desafio durante o
experimento foi mínimo, com reduzida expressão das características dos ácidos
orgânicos em relação ao desempenho dos animais.
Seguem os valores de coeficientes de digestibilidade e os teores energéticos
das rações avaliadas nos ensaios com a dieta Pré I, Pré II e Inicial, nas Tabelas 8, 9
e 10, respectivamente.
51
Tabela 8. Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS%), da proteína bruta
(CDPB%), coeficiente de retenção nitrogênio (%), e valores de energia bruta (Kcal/kg), energia
digestível (kcal/kg) e energia metabolizável (Kcal/Kg) da dieta Pré I para leitões.
Acidificantes
T4 Blend 1+
Variáveis T1 Controle T2- Blend 1 T3 Butirato Butirato
CDMS (%) 89,37 87,07 88,80 89,15
CDPB (%) 91,91 92,00 92,13 92,86
CRN(%) 80,99 78,51 80,55 80,07
EB(Kcal/kg) 4312 4316 4310 4309
ED (Kcal/Kg) 3596 3591 3604 3622
EM (Kcal/Kg) 3527 3529 3546 3563
Ausência de efeito entre os tratamentos pelo teste de Tukey (p>0,05).
Acidificantes
Variáveis T1 Controle T2- Blend 1 T3 Butirato T4 Blend 1+ Butirato
CDMS (%) 91,19 90,60 91,30 90,74
CDPB (%) 89,51 86,81 88,15 87,06
CRN(%) 83,81 80,86 81,31 81,39
EB (Kcal/Kg) 4427 4444 4443 4551
ED (Kcal/Kg) 3570 3531 3570 3546
EM (Kcal/Kg) 3523 3493 3525 3512
Ausência de efeito entre os tratamentos pelo teste de Tukey (p>0,05).
52
Tabela 10. Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS%), da proteína bruta
(CDPB%), coeficiente de retenção nitrogênio (%), e valores de energia bruta (Kcal/kg), energia
digestível (kcal/kg) e energia metabolizável (Kcal/Kg) da dieta Inicial para leitões.
Acidificantes
T4 Blend 1+
Variáveis T1 Controle T2- Blend 1 T3 Butirato Butirato
CDMS (%) 89,67 89,55 89,97 89,89
CDPB (%) 87,58 86,83 88,05 88,00
CRN(%) 71,50 72,82 72,60 73,13
EB (Kcal/kg) 4480 4485 4484 4543
ED (Kcal/Kg) 3515 3506 3524 3518
EM (Kcal/Kg) 3442 3449 3469 3457
Ausência de efeito entre os tratamentos pelo teste de Tukey (p>0,05).
53
melhorou a digestibilidade da proteína bruta, individualmente ou em combinação
com a fitase.
Os resultados da análise econômica (custo por quilograma de ração e custo
de ração por quilograma de peso vivo ganho) são apresentados na Tabela 11.
Tabela 11. Custo por quilograma de ração (R$/kg ração), custo de ração por quilograma de peso vivo
ganho (R$/kg GP) e índice de eficiência econômica, por fase e no período total do experimento.
Acidificantes
T4 Blend +
Fases T1 Controle T2- Blend T3 Butirato Butirato
PRE I (0 a 10 dias)
R$/kg Ração 1,7820 1,8471 1,8018 1,8670
Custo da Ração R$/Kg GP 2,3604 2,4480 2,4728 2,4307
IEE% 100,00 96,42 95,45 97,10
Total (0 a 45 dias)
R$/kg Ração 1,1174 1,1825 1,1372 1,2024
Custo da Ração R$/Kg GP 1,8633 1,9945 1,8815 1,9889
IEE% 100,00 93,42 99,03 93,69
Calculado com base no preço das matérias-primas em 13/08/13, com o dólar a R$ 2,41.
54
Em relação ao custo por kilograma de GDP, a dieta controle foi mais eficiente
e apresentou menores custos para as fases: Pré I (3 a 4,78% menor), Inicial (4,31 a
13,24% menor), e para a Fase Total do experimento (de 0,98 a 6,74% menor).
Somente para a fase Pre II (10 a 24 dias de experimento), o uso do acidificante
Butirato (Tratamento T3), apresentou melhor índice de eficiência econômica, com
custo por kilograma de GDP menor (6,75 a 12,71%), que os demais tratamentos.
Como a fase Pré II contempla somente 14 dias do período total de 45 dias de
avaliação, e todas as dietas com inclusão de acidificantes apresentaram maiores
custos, o uso dos acidificantes tornou-se inviável sob o ponto de vista econômico.
55
5 CONCLUSÃO
56
6 REFERÊNCIAS
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