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Os fios de sutura cirúrgica e a enfermeira de Os fios de sutura

cirúrgica e a enfermeira
de centro cirúrgico:

centro cirúrgico: critérios de previsão e provisão critérios de previsão


e provisão segundo a
natureza das

segundo a natureza das instituições hospitalares* instituições hospitalares

SUTURES AND THE OPERATING ROOM NURSE: CRITERIA IN FORECASTING THE NEED FOR SUTURES
AND PROVISIONING ACCORDING TO NATURE OF THE HOSPITAL INSTITUTION

LOS HILOS DE SUTURA QUIRÚRGICAS Y LA ENFERMERA DE CENTRO QUIRÚRGICO: CRITERIOS DE


PREVISIÓN Y PROVISIÓN SEGÚN LA NATURALEZA DE LAS INSTITUCIONES HOSPITALARIAS

Anita Romano Ribeiro1, Kazuko Uchikawa Graziano2

RESUMO ABSTRACT RESUMEN * Extraído da Dissertação


O estudo identificou e The study has identified and El estudio identificó y describió “Os fios de sutura
cirúrgica e a enfemeira
descreveu os critérios described criteria adopted by los criterios adoptados por las de centro cirúrgico:
adotados pelas enfermeiras the nurses in selecting and enfermeras al seleccionar los critérios de previsão e
na seleção dos fios de sutura calculating quantities of hilos de sutura quirúrgica para provisão segundo a
natureza pública ou
cirúrgica para a elaboração surgical sutures to supply the hacer la planificación y privada das instituições
da sua previsão e posterior Surgical Center, according to posterior adquisición de los hospitalares.”
provisão das Unidades de the public or private nature of mismos para cada unidad de apresentada ao
Programa de Pós-
Centro Cirúrgico, segundo a the surgical centers. The data Cirugía, con variables según el Graduação da Escola de
natureza pública ou privada were collected using structured tipo de institución hospitalaria, Enfermagem da USP
das instituições hospitalares. questionnaires in 74 hospitals ya sea pública o privada. Los (EEUSP), 2001.
Área de concentração
Os dados foram coletados within the municipality of São datos fueron obtenidos por Fundamentos de
por meio de entrevista Paulo. The majority of medio de entrevistas Enfermagem.
estruturada e participaram do hospitals are medium in size estructuradas realizadas en 74 1 Enfermeira. Mestre em
Enfermagem pela
estudo 74 hospitais do and privately owned with a hospitales del municipio del EEUSP.
município de São Paulo. A general Operation Room and Estado de São Paulo, Brasil. aribeiro@medbr.jnj.com
maioria dos hospitais up to 500 surgical procedures La mayoría de los hospitales de 2 Enfermeira. Professora
Livre-Docente do
pertence à rede privada e de performed per month. The la red privada se clasifican Departamento de
porte médio, com Centro procedures, the type and the como de porte medio, con una Enfermagem Médico-
Cirúrgico geral e até 500 variety of surgical sutures are unidad de Cirugía General y Cirúrgica da EEUSP.
rwgraziano@uol.com.br
procedimentos/mês. A related to the nature of hasta 500 procedimientos por
natureza determina a hospital management. mes. La naturaleza de la
modalidade de aquisição, However, there are no criteria Institución determina la
tipos de procedimentos to select surgical sutures and modalidad de adquisición, tipos
cirúrgicos e a variedade de their distribution in the de procedimientos quirúrgicos
fios adquiridos. As operation rooms. The nurses y la variedad de hilos de sutura
enfermeiras participam dos participate on the procedures adquiridos. Las enfermeras
processos de aquisição, for purchasing, distribution participan de los procesos de
distribuição e utilização de and use of the surgical adquisición, distribución y uso
fios de sutura. sutures. de los hilos de sutura.

PALAVRAS-CHAVE KEYWORDS PALABRAS CLAVE


Enfermagem de Centro Operating room nursing. Enfermería en Centro
Cirúrgico. Suturas. Sutures. Quirúrgico. Suturas.
Armazenamento de materiais Materials and supplies Almacenamiento de materiales
e provisões. stockpiling. y suministros. Servicio de
Centro Cirúrgico hospitalar. Surgery department hospital. cirurgia en hospital

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Rev Esc Enferm USP
2003; 37(4):61-8.
INTRODUÇÃO em solução esterilizante. A partir da Primeira
Anita Romano Ribeiro
Kazuko Uchikawa Graziano Guerra Mundial foram sendo desenvolvidos
Os fios de sutura cirúrgica foram concei- métodos de esterilização mais seguros, como
tuados por Goffi; Tolosa (1) como materiais o Cobalto 60, além de materiais sintéticos para
utilizados para selar vasos sangüíneos e apro- a confecção dos fios de sutura cirúrgica. Por
ximar tecidos, em ações de ligar e suturar. volta de 1940 começou a utilização da
Surgiram e foram desenvolvidos ao longo dos Poliamida e Poliéster, em 1962 do Polipro-
séculos em função da necessidade de con- pileno e a partir de 1970 os primeiros fios
trolar hemorragias e também de favorecer a absorvíveis de origem sintética começaram a
cicatrização de ferimentos ou incisões por ser comercializados. Assim começou a ten-
primeira intenção. dência de se utilizar uma variedade de fios
para sutura cirúrgica esterilizados, com agu-
Desde a antiguidade, um grande número lhas pré-instaladas e fornecidos para pronto
de materiais de sutura foi testado e utiliza- uso (2).
do, tais como fibras vegetais, tendões, in-
testinos de vários animais, crina de cavalo, Os fios utilizados para sutura e ligadura
filamentos de ouro, dentre outros. Uma das cirúrgica estão divididos em 2 grandes gru-
menções mais antigas ao ato de suturar está pos: absorvíveis e inabsorvíveis. Os fios
registrada no papiro egípcio de Edwin Smith, absorvíveis perdem gradualmente sua resis-
que data de 3.500 a.C. O conceito de ligadu- tência à tração até serem fagocitados ou
ra e sutura está também registrado nos es- hidrolisados. Eles podem ser de origem ani-
critos de Hipócrates e Galeno. Atribui-se ao mal (Catgut Simples e Cromado) ou sintéti-
médico árabe Rhazes a introdução da pala- cos multi ou monofilamentares (Poliglactina,
vra kitgut, em 900 d.C., para designar fios Poliglecaprone e Polidioxanona). Os fios
confeccionados com tiras do intestino de inabsorvíveis se mantém no tecido onde fo-
animais herbívoros, utilizados como cordas ram implantados e podem ser de origem ani-
de instrumentos musicais (kit) e largamente mal (Seda), mineral (Aço), vegetal (Algodão
aplicados como sutura. Acredita-se que essa ou Linho) ou sintéticos (Poliamida, Poliéster,
seja a origem da palavra Catgut, que deno- Polipropileno). Suas características e propri-
mina o fio de sutura cirúrgica mais conheci- edades são definidas por órgãos oficiais e
do em todos os tempos (2). associações normatizadoras. No Brasil temos
a Farmacopéia Brasileira (3) e a norma brasilei-
Muitos séculos se passaram e persistiu a ra NBR13904 da Associação Brasileira de
idéia de que toda ferida deveria ser estimula- Normas Técnicas (4), dentre outras que se re-
da a formar pus, para que ocorresse a cicatri- ferem aos processos industriais.
zação. Ambroise Paré, no século XVI, foi um
dos primeiros cirurgiões a acreditar na capa- Em cada sutura realizada, de acordo com o
cidade de regeneração dos tecidos vivos. In- tipo de tecido ou a estrutura onde o material
troduziu fitas adesivas para coaptar bordas, está sendo implantado e as particularidades do
além de difundir a ligadura, em substituição à paciente, o cirurgião busca encontrar o Fio Ideal.
cauterização com azeite fervente. No século Hering (5) aponta características, tais como:
XIX, o médico americano Philipe S. Physick, • alta resistência à ruptura permitindo o
através de seus experimentos com suturas, uso de diâmetros menores;
admitiu a possibilidade de um fio que cum-
prisse sua função e depois desaparecesse, • boa segurança do nó;
sendo absorvido pelos tecidos circundantes.
Ao final do mesmo século, Joseph J. Lister • baixa reação tecidual;
introduziu métodos para redução da infecção • não favorecimento da instalação ou con-
cirúrgica, inclusive a desinfecção dos fios em tinuidade de um processo infeccioso;
solução de ácido carbólico ou fenol. Ele foi
também pioneiro na utilização de Ácido • manutenção das bordas da incisão
Crômico para aumentar a resistência do aproximadas até a fase proliferativa da
Catgut à absorção. Com o advento da indus- cicatrização;

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trialização, materiais como a Seda e o Algo-
dão tiveram seu uso difundido e passaram a
ser anexados em agulha. Em 1900, já se dispu-
• boa visualização no campo operatório;
• desaparecer do tecido onde foi implan-
2003; 37(4): 61-8. nha de Catgut em tubo de vidro mergulhado tado, quando não for mais necessário.
Dentro da variedade de fios cirúrgicos comportamentos organizacionais destinados
Os fios de sutura
para ligadura e para sutura, não há como de- ao manejo de situações para a conquista de cirúrgica e a enfermeira
terminar um único fio, como fio ideal, uma vez um objetivo. Os comportamentos baseados de centro cirúrgico:
critérios de previsão
que os tecidos a serem suturados possuem no pensamento estratégico não garantem o e provisão segundo a
características morfológicas e funcionais dis- alcance da meta estabelecida, mas colocam natureza das
instituições hospitalares
tintas. Trabalhos como o de Benicewicz, as condições necessárias para alcançá-la.
Hopper (6) consideram que o cirurgião esco-
lhe o fio de sutura influenciado por vários Dentro do planejamento estratégico, o fio
fatores, dentre eles: seu treinamento ou pre- para sutura cirúrgica pode ser definido como
ferência individual, a característica biológica um insumo durável, não-reutilizável, que é
do material, se absorvível ou inabsorvível; a consumido na execução da cirurgia, uma ati-
resistência à tensão de uma sutura, que influ- vidade de assistência à saúde. Esse objeto
encia no tipo e diâmetro do fio a ser escolhi- está vinculado a processos e faz parte da ló-
do; a localização e o tamanho da incisão ou gica de programação de uma instituição hos-
do campo operatório e as condições particu- pitalar, requerendo duplo manejo: pelo pes-
lares do paciente, tais como: idade, peso cor- soal da administração, no que se refere à ob-
poral, outras doenças ou condições clínicas tenção, ao armazenamento e ao fornecimen-
desfavoráveis. to, e pelo pessoal de saúde, no que diz res-
peito a sua utilização final.
No que se refere a materiais para uso cirúr-
gico sabe-se que a enfermagem esteve envol- Assim, o fio de sutura cirúrgica pode ser
vida no preparo de fios e agulhas destinados analisado, por um lado, no ato operatório e,
às suturas desde que os procedimentos cirúr- por outro lado, na dinâmica da Unidade de
gicos passaram a ser realizados em institui- Centro Cirúrgico ou ainda em um contexto
ções hospitalares. Atualmente, com a utiliza- mais amplo – a administração do hospital –
ção de fios de sutura cirúrgica com proprieda- de planejamento estratégico da totalidade dos
des físicas uniformes, desempenho previsível, insumos materiais utilizados na instituição
agulha(s) pré-instalada(s), embalagens apro- hospitalar. Ou seja, o envolvimento de cada
priadas e já estéreis, a tarefa das enfermeiras grupo que irá manipular o material é diferen-
de Centro Cirúrgico passa a constituir-se mais te. Para o médico, o enfoque pode estar mais
em relação à diversidade de opções em fios e restrito à escolha do fio adequado a cada pla-
agulhas existentes no mercado. Apesar de não no de sutura do procedimento cirúrgico. Para
ser usuária direta dos fios de sutura cirúrgica, a enfermeira, podemos imaginar que o enfoque
a enfermeira é muitas vezes responsável por muda na medida em que são várias as especi-
escolher os fios que serão comprados, elabo- alidades e/ou equipes médicas que utilizam o
rar a estimativa de consumo, providenciar o mesmo material, além de ser necessário cui-
armazenamento dos fios, assim como a forma dar do armazenamento e da distribuição. Já
de sua distribuição. Para tanto, são seguidas para o setor de compras, trata-se de mais um
as preferências dos cirurgiões, a rotina de com- item orçamentário que necessita entrar no
pra estabelecida pelas normas da instituição, processo de aquisição, estocagem e distri-
a melhor relação custo-benefício, além da dis- buição. Conhecer as questões administrati-
ponibilidade no mercado e da influência pela vas da instituição, o material e os usuários
propaganda (7-8). finais, interagindo nos processos a eles rela-
cionados pode favorecer o trabalho diário da
Castilho, Leite (9) definem previsão de enfermeira de Centro Cirúrgico.
materiais como o levantamento das necessi-
dades da Unidade de Enfermagem, identifi- Apesar de não ser usuária direta dos fios
cando a quantidade e a especificidade dos de sutura cirúrgica, a enfermeira é muitas ve-
materiais para suprir essas necessidades. zes responsável por escolher os fios que se-
Quanto à provisão, afirmam que consiste na rão comprados, elaborar a estimativa de con-
reposição dos materiais, podendo ser realiza- sumo, providenciar o armazenamento dos fios,
da conforme o sistema de reposição por tem- assim como organizar sua forma de sua distri-
po, reposição por quantidade ou reposição buição. Para tanto, são seguidas as preferên-
cias dos cirurgiões, a rotina de compra

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imediata ao uso.
estabelecida pelas normas da instituição, a
Testa (10) define estratégia como manobra melhor relação custo-benefício, além da dis-
destinada a ganhar liberdade de ação e pen- ponibilidade no mercado e da influência pela Rev Esc Enferm USP
samento estratégico como um conjunto de propaganda. 2003; 37(4):61-8.
Considerando-se os aspectos relaciona- Do total de 171 hospitais, 27 foram elimi-
Anita Romano Ribeiro
Kazuko Uchikawa Graziano dos, este estudo teve como propósito: nados por serem Casas de Repouso ou hos-
pitais especializados em Psiquiatria. Outros
• Identificar e descrever os critérios 24 hospitais foram eliminados porque não ti-
adotados pelas enfermeiras na seleção dos nham uma enfermeira específica para a Uni-
fios de sutura cirúrgica para a elaboração da dade de Centro Cirúrgico. A população de
sua previsão. acesso foi composta por 74 hospitais da rede
pública e privada do Município de São Pau-
• Levantar as modalidades de provisão
lo, que atendiam os critérios de elegibilidade.
de fios de sutura cirúrgica adotadas nas Uni-
Os dados foram coletados pela autora de ja-
dades de Centro Cirúrgico.
neiro a abril de 2001.
MATERIAL E MÉTODO
APRESENTAÇÃO E
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A pesquisa caracterizou-se como
exploratória, descritiva, de campo, transver- Os dados coletados foram inseridos em
sal, com abordagem quantitativa. um banco de dados eletrônico do Programa
Inicialmente o projeto desta pesquisa foi EXCEL para tratamento e apresentação. Foi
encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa utilizada estatística descritiva para sinteti-
da Escola de Enfermagem da Universidade zar e apresentar os dados em tabelas e figu-
de São Paulo, tendo sido aprovado. A pes- ras, utilizando-se freqüência absoluta e
quisa desenvolveu-se junto aos Hospitais do percentual. Também foram feitos alguns cru-
Município de São Paulo de porte pequeno zamentos de interesse, por meio de tabelas
(até 51 leitos), médio (51 a 150 leitos), grande de contingência e utilizado o teste de qui-
(151 a 500 leitos) e especial (acima de 500 lei- quadrado de Pearson, para inferência. Es-
tos), que possuem centro cirúrgico, enfermeira ses testes estatísticos tinham a finalidade
exclusiva para esta unidade e aceitaram parti- de se detectar se havia dependência entre
cipar da pesquisa em resposta à carta convite as respostas.
enviada.
Características das instituições hospitalares
O instrumento de coleta de dados abor-
dou: características da instituição hospitalar, A natureza da instituição hospitalar é
perfil das enfermeiras que participaram da na maioria (68%) privada, seguida de pública
pesquisa e aspectos relacionados aos critéri- estadual (22%), pública municipal (9%) e ape-
os de previsão e provisão dos fios de sutura. nas uma é pública federal. Quanto ao porte
A validação de forma e conteúdo do instru- do hospital a maioria tem porte médio (54%),
mento de coleta de dados foi obtida por meio seguido de porte grande (39%). Das Unida-
da aplicação a um grupo de cinco enfermei- des de Centro Cirúrgico, quase a totalidade
ras, com experiência em Centro Cirúrgico e (80%) é geral, apenas 20% é especializada.
alunas de curso de pós-graduação. Para a Das 15 respostas obtidas para as especiali-
coleta dos dados foi utilizada a técnica de dades na Unidade de Centro Cirúrgico, 40%
entrevista estruturada e semi-estruturada, vi- é Ginecologia e Obstetrícia, seguida de Cirur-
sando obter informações específicas sobre o gia Pediátrica (27%) e Oncologia (13%). As
problema investigado. demais especialidades, Cirurgia Cardíaca,
Otorrino, dentre outras, participaram igual-
A população alvo deste estudo consti- mente com 7%. O movimento cirúrgico men-
tuiu-se de 171 hospitais do município de sal mostra maior concentração nas categori-
São Paulo obtida na Secretaria de Estado as de 101 a 250 e de 251 a 500 procedimentos
da Saúde de São Paulo em junho de 2000. anestésico-cirúrgicos por mês, que somados
Fizeram parte as enfermeiras que atende- foram responsáveis por 69%. Com relação às
ram aos seguintes critérios de elegibilida- modalidades de aquisição de fios de sutura
de: serem responsáveis (chefes ou substi- cirúrgica a maioria é feita através de contra-
tutas legais) pela Unidade de Centro Cirúr- to do hospital com fornecedores (46%), se-

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gico; estarem na função há pelo menos um
ano; aceitarem voluntariamente fazer parte
da pesquisa assinando um termo de con-
guida de concorrência pública (32%) e cota-
ção mensal, que representou 22%. Esse dado
reflete o fato da maioria dos hospitais serem
2003; 37(4): 61-8. sentimento livre e esclarecido. de rede privada.
Características individuais das enfermeiras Unidade de Centro Cirúrgico apenas uma
Os fios de sutura
que participaram da pesquisa das entrevistadas não citou os fios Catgut cirúrgica e a enfermeira
Simples, Catgut Cromado e Vicryl. Todos de centro cirúrgico:
A maioria das enfermeiras tem mais de 5 critérios de previsão
(100%) citaram o fio de Poliamida. Responde- e provisão segundo a
anos de formada (84%). Quanto a cursos de ram todos, menos o Ácido Poliglicólico 16% natureza das
pós-graduação, a maioria das enfermeiras fez instituições hospitalares
das entrevistadas, enquanto 12% responde-
especialização na área de Administração Hos- ram todos, menos a Polidioxanona e o Ácido
pitalar (48%); seguido de Centro Cirúrgico Poliglicólico. A maioria dos hospitais possui
(43%). Das entrevistadas, a maioria tem de 2 a maioria dos fios de sutura cirúrgica dispo-
a 5 anos como enfermeiras responsáveis pe- níveis no mercado em variedade de composi-
las Unidades de Centro Cirúrgico. Chama ção, tanto absorvíveis, quanto inabsorvíveis.
atenção o grande número de enfermeiras que Com relação aos critérios para seleção dos
exerce há pouco tempo o cargo de chefia da fios de sutura cirúrgica, a maioria (64%) foi
Unidade de Centro Cirúrgico, considerando por solicitação individual do cirurgião, sen-
que temos mais 11 entrevistas que foram ex- do 28% isoladamente, 28% juntamente com
cluídas do estudo, porque as enfermeiras es- padronização por especialidades e 8% com
tão a menos de 1 ano como responsáveis pela demais critérios. Padronização por especiali-
unidade. Quanto à participação em alguma dades, isoladamente, foi responsável por 34%
sociedade de especialista ou associação das respostas. No que diz respeito aos meios
houve uma pequena vantagem do sim (55%) de provisão dos fios de sutura cirúrgica a
sobre o não (45%), mas, grande diferença maioria das respostas foi para estoque no
entre as enfermeiras de hospitais públicos e Centro Cirúrgico (40%) seguida de kit por pro-
privados. Do total de 41 enfermeiras que fa- cedimento ou especialidade (32%). O esto-
zem parte de uma sociedade, 33 trabalham na que principal de fios localiza-se em sua mai-
rede privada e apenas 8 na rede pública. To- oria no almoxarifado do hospital (77%) segui-
das as enfermeiras que são sócias de socie- do de estoque no Centro Cirúrgico (18%). A
dades estão associadas a Sociedade Brasi- aquisição de fios de sutura cirúrgica é feita
leira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico em sua maioria por contrato com fornecedo-
(SOBECC) sendo, 61% apenas à SOBECC, res (46%), seguida de concorrência pública
32% à SOBECC e Associação Brasileira de En- (32%) e de cotação mensal (22%). Os proce-
fermagem (ABEn) e 7% à SOBECC e Socieda- dimentos para provisão de fios no hospital
de Brasileira de Gerenciamento (SOBRAGEN). são na maioria por reposição da cota
Com relação à abordagem do tema fio de su- estabelecida (58%), seguida de contagem
tura cirúrgica em evento científico, a maioria periódica (38%). Quanto aos critérios para
(84%) respondeu que o tema não foi aborda- exclusão de um fio de sutura cirúrgica, a
do em nenhum evento de que participou. Na baixa freqüência de uso foi responsável pela
questão sobre a situação em que adquiriu a maioria das respostas (76%), sendo que des-
maior parte dos conhecimentos sobre fio de sas, 27% foi de baixa freqüência de uso e so-
sutura cirúrgica, quase a totalidade (96%) res- licitação de substituição por parte do cirur-
pondeu que foi na prática diária isoladamente, gião. No que se relaciona aos meios para co-
ou na prática diária e outros meios. Esses da- nhecer novas opções em fios de sutura cirúr-
dos confirmam o pressuposto de que o tema gica o contato com representante de fabri-
“fio de sutura cirúrgica” tem sido pouco dis- cantes esteve presente em 78%, isoladamen-
cutido, apesar do interesse e da valorização te ou junto com outras opções. A opção atra-
do assunto que ficou demonstrado nas entre- vés dos cirurgiões apareceu em 58% das res-
vistas realizadas para este trabalho. postas, também isoladamente ou junto com
outras. O conjunto dessas duas foi respon-
Aspectos relacionados aos fios de sutura sável por 28% das respostas, enquanto que a
cirúrgica opção contato com representante do fabri-
cante isoladamente em 22%. Com relação aos
Os aspectos relacionados aos fios de su- últimos fios de sutura cirúrgica que passa-
tura cirúrgica que mais interessam às enfer- ram a ser adquiridos pelo hospital, o
meiras que responderam a pesquisa dizem Monocryl (Poliglecaprone) foi responsável
respeito à aplicação/indicação dos fios em
geral (35%), seguido de características de
cada fio e de critérios de substituição, ambos
por 45%, enquanto o PDS (Polidioxanona) por
39%. Os demais se diluíram. Deve ser obser-
vado que apenas 33 pessoas responderam a
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com 26%. Quanto aos fios disponíveis na essa questão. Quanto ao solicitante, a maio- 2003; 37(4):61-8.
ria dos que responderam, declararam ter sido tuição hospitalar com modalidade de aqui-
Anita Romano Ribeiro
Kazuko Uchikawa Graziano a Cirurgia Geral (41%) seguido da Cirurgia sição dos fios de sutura cirúrgica, procedi-
Urológica (28%) e da Cirurgia Plástica (25%). mentos para provisão, formas de seleção
e tipos de fios, valor do qui-quadrado
A Tabela 1 mostra as freqüências obser- observado e a respectiva significância
vadas para o cruzamento de natureza da insti- estatística.

Tabela 1 - Freqüências observadas para o cruzamento da natureza da instituição


com: modalidade de aquisição, procedimentos para provisão, seleção de fios, tipo
de fio e valor do qui-quadrado observado e respectiva significância estatística
(São Paulo, 2001)

Natureza Total x2

Privada Pública

Modalidade de Aquisição

Contrato do hospital com fornecedor(es) 34 0 34


Cotação mensal 15 1 16
Concorrência Pública 1 23 24

Total 50 24 74 65,35**

Procedimentos para provisão

Contagem periódica do estoque/tempo 8 20 28


Reposição da cota estabelecida/quant. 39 4 43
Reposição através do débito na ficha da sala de 2 0 2
operações
Consignação 1 0 1

Total 50 24 74 31,37**

Seleção dos fios

Solicitação individual do cirurgião 16 5 21

Padronização por especialidades 13 12 25

Padronização de grupo de compras 1 0 1

Padronização do hospital 0 1 1

Solicitação individual do cirurgião e Padronização 17 4 21


por especialidades

Solicitação individual do cirurgião, Padronização 1 0 1


por especialidades e Padronização do hospital

Solicitação individual do cirurgião e Padronização 1 0 1


de grupo de compras

Solicitação individual do cirurgião, Padronização 1 0 1


de grupo de compras e Iniciativa da enfermeira
de centro cirúrgico

Solicitação individual do cirurgião e Iniciativa da 0 1 1


enfermeira de centro cirúrgico

Solicitação individual do cirurgião e Padronização 0 1 1


do hospital

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Total 50 24

** = Significativo pelo teste de Qui-quadrado, ao nível de 1% (a £ 0,01);


74 11,28 ns

2003; 37(4): 61-8. ns = Não significativo pelo teste de Qui-quadrado, considerando um n.m.s de 5% (a >0,05);
Observa-se que houve significância es- processos administrativos que envolvem os
Os fios de sutura
tatística de dependência entre natureza da fios de sutura cirúrgica, tudo isso, forma um cirúrgica e a enfermeira
instituição com todas as variáveis cruzadas conjunto que contribui para a solução de con- de centro cirúrgico:
critérios de previsão
na Tabela 1, exceção feita à seleção dos fios flitos surgidos no dia-a-dia. Cada elemento e provisão segundo a
de sutura cujo cruzamento foi não significati- cumprindo bem sua tarefa dentro da lógica natureza das
instituições hospitalares
vo pelo teste de qui-quadrado: do planejamento estratégico favorece um
ambiente de trabalho harmonioso e garante
• quando se cruzou natureza da institui- uma assistência de qualidade ao paciente ci-
ção hospitalar com modalidade de aquisi- rúrgico.
ção de fios pôde se observar que a maioria
das instituições privadas adquire os fios por
CONCLUSÕES E
contrato do hospital com fornecedores, se-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
guido de cotação mensal, enquanto nas ins-
tituições públicas por concorrência pública
(convite, tomada de preços ou registro de Quanto às características das institui-
preços). Essa dependência entre as duas va- ções hospitalares que participaram do estu-
riáveis foi significativa ao nível de 1%. do, a maioria é da rede privada (68%), de por-
te médio (54%), com Unidade de Centro Ci-
• quando se cruzou natureza da institui- rúrgico geral (80%) e movimento de até 500
ção hospitalar com procedimentos para pro- procedimentos mensais (69%). Nesses hos-
visão evidenciou-se que nas privadas a mai- pitais a solicitação do cirurgião é o fator mais
or freqüência foi para reposição da cota importante como critério de seleção dos fios,
estabelecida, ou seja, a reposição é por quan- aparecendo em 36 das 50 respostas para essa
tidade mantendo-se sempre a cota questão, seja isoladamente ou, acompanha-
estabelecida como estoque do hospital. Na da de padronização por especialidade. Em
pública a maior freqüência foi para contagem contraposição, nos hospitais da rede pública
periódica do estoque e reposição, ou seja, a a padronização dos fios é mais freqüen-te-
reposição é por tempo estabelecido mostran- mente estabelecida por cada especialidade.
do que existe um estabelecimento de tempo Solicitação do cirurgião e padronização por
entre as concorrências públicas. O teste de especialidade separadamente aparecem em
qui-quadrado mostrou também aqui depen- seguida.
dência significativa ao nível de 1% entre as
variáveis. Quanto aos fios de sutura cirúrgica, os
aspectos que mais interessam às enfermeiras
Retomando Testa (10) e seguindo a sua estão relacionados à aplicação/indicação,
definição de planejamento estratégico con- características dos fios e critérios de substi-
seguimos identificar três lógicas distintas que tuição. Das enfermeiras que participaram da
envolvem os fios de sutura cirúrgica. A lógi- entrevista, 96% declararam ter adquirido a
ca da administração, que se refere à obten- maior parte dos conhecimentos sobre fios na
ção, armazenamento e fornecimento às uni- prática diária, isoladamente, ou acompanha-
dades hospitalares; a lógica do cirurgião, do de outros meios. Dos fios disponíveis, 64%
direcionada à escolha do fio de sutura cirúr- deles são padronizados por solicitação do
gica mais adequado ao paciente; e a lógica cirurgião. Dos meios para provisão de fios na
da enfermeira de Centro Cirúrgico, que en- sala de operações, 40% dos fios são escolhi-
volve previsão, provisão, organização, con- dos no momento da cirurgia, enquanto 32%
trole e disponibilização do material. Por essa são kits por especialidade. No hospital, 46%
razão consideramos a enfermeira um elo im- são adquiridos do fornecedor, 32% através
portante entre a administração e o usuário de concorrência pública. O estoque é repos-
final, sendo freqüentemente responsável por to segundo cota estabelecida em 58% dos
atender as expectativas dos dois lados. Nes- hospitais, o que mantém relação com a natu-
se sentido, o domínio de informações técni- reza privada da instituição, significativo ao
cas, o acesso a lançamentos ou opções dife- nível de 1%. Nas instituições públicas predo-
rentes da já padronizada na instituição, além mina provisão por meio de contagem periódi-
de subsídios para realizar as substituições ca do estoque. A variedade de fios também
que se fizerem necessárias entre marcas e/ou
tipos de fios, e o conhecimento da indicação
de uso de cada fio conforme sua composi-
está relacionada à natureza, havendo maior
variedade de fios em hospitais privados, e
uma inconstância nos públicos, significativo
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ção, assim como, a atuação da enfermeira nos ao nível de 5%. A maioria dos hospitais pos- 2003; 37(4):61-8.
sui a maioria dos fios de sutura cirúrgica dis- que existe pouco subsídio na literatura cientí-
Anita Romano Ribeiro
Kazuko Uchikawa Graziano poníveis no mercado em variedade de com- fica brasileira sobre materiais de síntese cirúr-
posição, tanto na categoria de absorvíveis, gica para fundamentar critérios de determina-
quanto inabsorvíveis. Apenas uma das en- ção da variedade dos itens em fios de sutura
trevistadas não citou os fios Catgut Simples, cirúrgica quanto à composição do fio, diâme-
Catgut Cromado e Vicryl. Os demais citaram tros e agulha(s), da quantidade necessária por
esses fios, entre outros. Todos (100%) cita- procedimento, além de substituição quando
ram o fio de Poliamida. Observa-se também necessário. A complexidade crescente dos
que 16% responderam que usam todos, me- procedimentos cirúrgicos, seu custo e a varie-
nos o Ácido Poliglicólico, 12% responderam dade dos fios de sutura e das marcas disponí-
que usam todos menos o Polidioxanona e o veis no mercado tornam necessária a raciona-
Ácido Poliglicólico. lização do inventário e da distribuição, para a
redução de despesas e do tempo gasto em
A enfermagem esteve envolvida no prepa- atividades não relacionadas à assistência di-
ro de fios e agulhas destinados às suturas, reta ao paciente.
desde que os procedimentos cirúrgicos pas-
saram a ser realizados em instituições hospita- A realização deste estudo mostrou que as
lares. Atualmente, com a utilização de fios de enfermeiras têm interesse em conhecer mais
sutura cirúrgica de pronto-uso, com agulhas sobre fios de sutura cirúrgica para melhor
pré-instaladas, em embalagens apropriadas e direcionar suas atividades de previsão e pro-
já estéreis, a tarefa das enfermeiras tem mais visão. Nossa hipótese inicial de que o assun-
relação com a diversidade de opções existen- to tem lacunas de conhecimento entre as en-
tes no mercado. Na vivência profissional em fermeiras de Centro Cirúrgico foi confirmada.
Unidades de Centro Cirúrgico, observamos Em várias entrevistas elas mostravam-se rece-
que a tarefa de disponibilizar os fios de sutura osas em participar, inclusive verbalizando que
cirúrgica é muitas vezes motivo de tensão por poderiam não ter conhecimento suficiente para
envolver conhecimento técnico, autonomia, responder as questões a serem feitas. Foi fre-
fluxo de decisões, a natureza pública ou priva- qüente o número de enfermeiras que ressaltou
da da administração e a própria rotina da insti- a importância do conhecimento sobre fios de
tuição hospitalar. sutura cirúrgica para a prática diária.

Blust (7) e Zokal (8) advertem sobre a neces- Esperamos ter contribuído para reflexões
sidade de reduzir gastos com os fios de sutura sobre o tema e até mesmo para a busca de
cirúrgica e resolver questões relacionadas a soluções para dificuldades identificadas nas
inventário - como a variedade e a quantidade -, atividades que permeiam a tarefa de
mantendo a qualidade da assistência prestada disponibilizar os fios de sutura cirúrgica, uma
ao paciente e o atendimento às necessidades das várias atribuições das enfermeiras de
e às preferências dos cirurgiões. Constatamos Centro Cirúrgico.

REFERÊNCIAS

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tais. In: Goffi FS. Técnica Cirúrgica: bases absorbable surgical sutures Part I. J Bioact
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Hist 1973; 4:158-68.
Recebido: 20/11/2002 (8) Zokal F. Made-to-order suture packs. AORN
Aprovado: 27/08/2003
(3) Farmacopéia brasileira. 4 a ed. São Paulo: J 1990; 51(3): 817-27.
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(9) Castilho V, Leite MMJ. A administração de
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NBR 13904 - Fios para sutura cirúrgica. Rio Kurcgant P. Administração em enfermagem.

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de Janeiro; 2003. São Paulo: EPU; 1991. p. 73-88.

(5) Hering FLO, Gabor S, Rosenberg D. Bases (10)Testa M. Pensamento estratégico e a lógica de
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técnicas e teóricas de fios e suturas. São programação: o caso da saúde. São Paulo:
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