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CONSOANTES

 Este capítulo apresenta o sistema consonantal da Língua Portuguesa,


considerando a consoante em sua posição na sílaba e tem como
objetivos:

- descrever o sistema consonantal;


- identificar as consoantes que ocorrem como primeiro segmento
de uma sílaba CV;
- identificar as consoantes que ocorrem como segundo segmento
de uma sílaba CCV;
- identificar as consoantes que ocorrem na posição de coda do
padrão silábico CVC.

 As consoantes, como sabemos, são segmentos que têm como


características principais serem articuladas sempre com algum tipo
de obstrução e ocuparem as margens da sílaba.
 O número de consoantes da Língua Portuguesa é bem maior do que
o número de vogais, consequentemente, na sua variabilidade, é de se
esperar que seja mais produtiva.
 Em geral, o quadro de fonemas consonantais da Língua Portuguesa é
constituído de 19 fonemas, como ilustra o quadro abaixo:
 Para elencarmos o número de consoantes, vamos considerar a sua
posição na sílaba, levando em conta, para isso, o padrão silábico da
língua;
 Nossa língua tem um padrão silábico relativamente simples, não
permitindo mais do que duas consoantes nem na posição inicial
(ataque) nem na posição final (coda);
 Assim, se a consoante ocupa o ataque silábico ou segunda posição
de ataque complexo, ter-se-á um número de consoantes, que, por sua
vez, será alterado se a consoante ocupa a posição de coda;
 Aqui, serão analisadas as consoantes nas três posições, considerando
a variação existente;
 Antes de descrevermos o sistema consonântico da Língua
Portuguesa, apresentaremos alguns conceitos relacionados com a
sílaba, o que facilitará a compreensão do que virá em seguida.
Sobre Sílabas

 Em Chomsky & Halle (1968), com a proposta denominada de The


Sound Patterns of English (SPE), foi defendido que uma
representação fonológica seja simplesmente uma sequência de feixe
de traços não-ordenados, apresentada com um conjunto de símbolos
de fronteira que reflitam a composição morfológica das palavras, e
um sistema de colchetes rotulados representando a organização
sintática dessas palavras;

 Hoje, com o passar dos anos e com os estudos que vêm sendo
desenvolvidos, sabe-se que fazer fonologia sem sílaba é um erro;
 Com o aparecimento da estrutura hierárquica, envolvendo não só a
estrutura silábica, mas também a estrutura prosódica mais alta, e a
desconstrução do segmento em termos de uma hierarquia das
camadas de traços;
 A proposta do SPE foi substituída por uma visão sobre as
representações que favoreceram uma estrutura mais elaborada;
 Interessante observar que o falante nativo, em geral, sabe algo sobre
a estrutura silábica das palavras em sua língua, ou seja, eles podem
identificar quantas sílabas constituem uma determinada palavra e até
sabem onde cada uma delas começa e onde termina.

Organização interna da sílaba

 Ao identificar o número de sílabas, o falante está demonstrando seu


conhecimento acerca da arquitetura envolvida na sua realização.
 De um ponto de vista fonético, cada sílaba tem um pico de
sonoridade, isto é, um segmento que é mais sonoro do que outro.
Logo, a sonoridade é uma propriedade relativa;
 Em termos auditivos, o pico de sonoridade é mais proeminente do
que os segmentos vizinhos, e forma o elemento silábico;
 No caso do Português, por exemplo, as vogais são inerentemente
mais sonoras do que as consoantes e só elas constituem o pico
silábico;
 Há línguas, como o Inglês, em que os segmentos com sonoridade
espontânea, como o /r/ e o /l/ podem ser o pico silábico: apple /æ.pl/;
 Aqui será adotada a proposta de Selkirk (1982), segundo a qual, a
sílaba pode ter os seguintes constituintes: há uma divisão principal
da sílaba em ataque e rima; e a rima, por sua vez, se divide em
núcleo e coda, conforme o diagrama que segue:
 É óbvio que nem todas as sílabas do Português preenchem todas as
posições. Há aquelas do tipo CV, como em ‘cá’, em que apenas o
ataque e o núcleo são preenchidos, a exemplo do que apresenta o
diagrama:
 Há algumas em que apenas o núcleo é preenchido, a exemplo de ‘a’:

 E ainda outras em que apenas o núcleo e a coda são preenchidas,


como em ‘ar’:
 Comum a todas elas é o fato de o núcleo ser sempre preenchido por
uma vogal, como já foi mencionado anteriormente;
 Além disso, o Português apresenta também possibilidades de o
ataque e a coda serem complexos/ramificados, como em ‘pra’, em
que o ataque é constituído por ‘p’ e ‘r’, como por exemplo:

 E também tem a coda complexa, como ‘mons’ da palavra


‘mons.tro’, em que ‘n’ e ‘s’ ocupam tal posição:
 Vale chamar a atenção para o fato de o ataque e a coda complexos
serem muito pouco produtivos no PB, como vermos adiante.

Fonotática do PB
 A estrutura fonotática das palavras pode ser entendida ao se pensar
que os segmentos estão organizados em unidades silábicas, e que as
palavras podem conter várias ocorrências diferentes ou semelhantes
entre si;
 Algumas línguas apresentam palavras que mostram uma simples
repetição de sílabas CV, outras apresentam padrões diferenciados.
Entre estas últimas está a Língua Portuguesa.

Padrões Silábicos

 Em seu estudo sobre a sílaba na Língua Portuguesa, Collischonn


(2002) apresenta um molde silábico que determina o número
máximo e o número mínimo de elementos permitidos, variando de
um a cinco segmentos.
 Os padrões silábicos são preenchidos por vogais (V) e consoantes
(C). A seguir, serão apresentados os padrões silábicos, com base em
Collischonn (2002), com algumas alterações, a partir do trabalho de
Lima (2008), para melhor entendimento:
 Para a Língua Portuguesa, como já afirmamos anteriormente, o que
existe de comum a todos os padrões é a presença do elemento V, que
constitui o núcleo da sílaba;
 A sua esquerda, o ataque silábico, tem-se o preenchimento por até
duas consoantes.

A Posição de Ataque

 Ao se examinar o ataque, temos que levar em consideração que ele


pode ser preenchido por um elemento (ataque simples) e por dois
elementos (ataque complexo);
 O ataque simples pode ocorrer tanto em posição inicial como em
posição medial. Alguns segmentos, dependendo da posição, são
muito pouco produtivos. Como é o caso de /ɲ/ e /ʎ/ na posição
inicial.
 Outros se circunscrevem, a
exemplo do /r/, a realizações
de dialetos específicos. Ao
lado, tem-se uma descrição
das possíveis ocorrências, de
acordo com Monaretto (1992):
 Se olharmos o quadro anterior, verificaremos que a posição do
ataque é preenchida por todas as consoantes.
 Algo que merece atenção, entretanto, é que a realização dessas
consoantes nem sempre é categórica. Vejamos alguns casos:
a. As consoantes oclusivas bilabiais /p, b/ têm realização categórica,
independente de qual seja a posição da sílaba, se inicial, medial ou
final, e também da vogal que lhe acompanha, como nos exemplos
a seguir:
b. O mesmo não acontece com as oclusivas dentais /t, d/, que têm
realização condicionada à vogal que lhe segue, como:

 Neste caso, podemos observar que, se as consoantes /t, d/ forem


seguidas de /i/, independente de qual seja a posição em que ocorram,
teremos duas possibilidades de realizações:
[d]i.to ~ [dʒ]i.to po.[d]i.do ~ po.[dʒ]i.do
[t]i.ro ~ [t]i.ro po.lí.[t]i.co ~ po.lí.[t]i.co
 Em se tratando do ataque complexo, a Língua Portuguesa se
configura de forma bastante simples;
 Apenas as consoantes /r/ e /l/ podem ocupar a segunda posição do
ataque, independente de a sílaba ocorrer em posição inicial ou
medial, como podemos ver em:
 O fato de termos apenas duas consoantes podendo ocupar tal posição
pode ser uma das explicações para a grande produtividade de
substituições de uma pela outra, principalmente, na fase de aquisição
da língua. Não sendo incomum, ouvirmos, por exemplo, “praca” em
vez de “placa”.

A Posição de Coda
 Se no ataque simples, como vimos, é possível ocorrer qualquer
segmento consonantal, o mesmo não se pode afirmar sobre a coda
simples, quer em posição medial quer em posição final;
 Os padrões silábicos VC e CVC só podem ter a coda preenchida por
uma dessas quatro consoantes /l, r, S, N/ ou por uma semivogal,
como atesta Câmara Jr. (2002), como:
 Na Língua Portuguesa, com exceção de /S/, todos os outros
segmentos têm sonoridade espontânea, ou seja, são soantes, o que
leva a concluir que os obstruintes, aqueles que não têm sonoridade
espontânea por terem uma contraparte não-vozeada, são
extremamente raros nesta posição;
 Vocábulos que são incorporados à Língua Portuguesa através de
empréstimos, quando apresentam uma consoante na coda que não
seja uma das mencionadas, acaba, a partir de um processo de
ressilabificação, desenvolvendo uma vogal, e o segmento que era
coda torna-se ataque, como “club” > “clube”, ou muitas vezes
sofrendo processo de apagamento da consoante, a exemplo de
“carnet” > “carnê”;
 Em se tratando de coda complexa, as possibilidades no PB são ainda
mais limitadas, e, em final de vocábulo, elas, praticamente, não
existem;
 Em posição medial, é interessante observar que a segunda posição
será sempre preenchida pelo segmento “s”, e, quando em posição
final pelo “x” [ks] como se vê abaixo:

 Este tipo de padrão silábico, como se vê, é muito pouco produtivo na


Língua Portuguesa;
 Fica evidente, a partir dos exemplos acima, que há uma unidade que
o falante nativo reconhece como uma sílaba. Ele tem a capacidade
de julgar se uma sequência arbitrária de segmentos pode ter ou não
lugar em uma palavra na língua;
 Uma organização silábica bem-formada será atualizada pelo falante
apenas se ela for possível em uma palavra;
 A seguir, discutiremos os quatro segmentos que ocupam a coda
silábica do tipo simples, nas posições medial e final, enfatizando o
comportamento variável de cada uma delas em diferentes falares
brasileiros.

A Consoante Lateral /l/


 A consoante lateral em posição de coda tem como variantes as
possibilidades: [w], [ ł ] e [ø];
 A variante semivocalizada [w], tanto em posição medial como em
posição final, é a mais recorrente no Brasil. De norte a sul, é possível
encontrá-la, e sua utilização independe de sexo, idade ou
escolaridade;
 Vale observar que se ela for precedida pela vogal “u”, seu
apagamento é praticamente categórico, devido à impossibilidade de
se ter um ditongo com vogal e semivogal com o mesmo ponto *[uw],
já que ambas são posteriores e altas, como vou /vo:/;
 A realização semivocalizada da consoante lateral tem fortes
implicações na escrita. Muito comum é encontrar-se a substituição
da lateral pela vogal “u”, principalmente em posição final, pois
temos na Língua Portuguesa formas como “degrau”, “véu” etc.
 Estudo realizado em grupos do ensino fundamental (HORA &
JONES, 2003) mostra que, principalmente com palavras novas, há
uma forte tendência à substituição. Dois aspectos valem ressaltar:
a. Os professores que atuam nas séries iniciais, em sua maioria,
ignoram o fato de que, se utilizarem o processo derivacional de
formação de palavras, poderão facilitar a vida dos estudantes,
como se vê em:
b. Palavras com coda “l”, no PB, são muito mais produtivas do que
com coda “u”.

 A variante velarizada [ ł ] está muito associada à variável faixa


etária. Estudos realizados no Brasil (QUEDNAU, 1993; TASCA,
1999; SPIGA, 2004) mostram que, na região sul, é muito recorrente,
principalmente nas comunidades do interior do estado;
 Em estudo realizado por Hora (2005), na comunidade pessoense, há
indícios de que sua principal restrição é a faixa etária, tendo a
probabilidade de ser encontrada com mais força entre os falantes
mais idosos, independente da posição, quer medial quer final;
 O apagamento da lateral em posição de coda tem comportamento
curioso, dependendo da posição analisada e a vogal que antecede a
lateral tem papel fundamental, principalmente se for levado em
conta resultado obtido em João Pessoa, que pode ser, acredita-se,
generalizado para o Nordeste;
 Em posição medial, se a vogal que antecede a lateral for anterior
(filme ~ *fime; pelves ~ *peves; selva ~ *seva), o apagamento nunca
deverá ocorrer, uma vez que geraria ou uma palavra inexistente em
PB ou uma palavra com outro valor semântico;
 Se a vogal for posterior, há uma espécie de gradação em direção à
elevação, à medida que a vogal vai-se elevando o apagamento torna-
se mais previsível;
 Ao chegar ao último grau, que seria uma vogal alta, o apagamento é
praticamente previsível, devido à impossibilidade de se ter um
ditongo com formação do tipo *[uw];
 Em posição final, o apagamento da lateral pode ter outros
condicionamentos e sua realização está diretamente ligada à
escolarização do falante;
 Em geral, falantes com menos anos de escolarização apagam mais,
exceto quando a vogal antecedente é “u”, com realização
praticamente categórica entre todos os falantes, conforme dados
obtidos em João Pessoa (HORA, 2005).
 Desta consoante e suas variantes, o que podemos concluir, no
estágio atual das pesquisas realizadas no Brasil é que a forma
semivocalizada [ w ] é a mais forte entre os falares, e as demais se
circunscrevem ou à faixa etária, no caso do [ ł ], ou à escolaridade,
no caso do [ø].

Os Róticos
 Os róticos, na Língua Portuguesa e nas demais línguas do mundo,
têm um comportamento extremamente variável, apresentando uma
multiplicidade de variantes, principalmente se em posição medial;
 Estudos realizados acerca dos róticos no Brasil, que datam da
primeira metade do século XX;
 Alguns destes trabalhos são relatos de observações, principalmente
os primeiros; outros resultam de pesquisa sistemática, seguindo uma
metodologia variacionista, como é o caso dos estudos realizados por
Oliveira (1983); Callou, Moraes e Leite (1996) e Monaretto (1997).
 Os problemas que envolvem a variação dos róticos, salientados
nesses trabalhos, são mais abundantes do que aqueles voltados para
seu apagamento;
 Alguns deles mencionam o aspecto estigmatizante que algumas
variantes carregavam na primeira metade do século XX,
principalmente em estados da região Nordeste;
 Bueno (1944, p. 22-23) afirma que em vários meses de observação
nos estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco e na cidade do Rio de
Janeiro, muitas pessoas, principalmente com nível intelectual baixo,
realizam o rótico com som aspirado;
 Oliveira (1983, p. 89) afirma que relatos sobre o apagamento do
rótico estão mais relacionados à sua posição de coda em final de
palavra. Há apenas três deles que mencionam seu apagamento em
posição interna;
 O primeiro deles é o de Jucá-Filho (1937, p. 112), que afirma haver
uma tendência no Português do Brasil ao apagamento de consoantes
em final de sílaba, mesmo quando ocorrem internamente. Os
exemplos dados são: ca(r)naval, me(s)mo e ma(r)melada. Para ele, a
nasal condiciona o apagamento;
 A segunda referência é encontrada em Chaves de Mello (1976, p.
57), para quem o pagamento do rótico é um processo que pode afetar
até os erres que fecham uma sílaba na posição interna. Um de seus
exemplos é o nome de família Albuque(r)que;
 O terceiro relato é fornecido por Marroquim (1945, p.90), onde a
possibilidade de ocorrer supresa x surpresa sugere o apagamento do
rótico interno;
 Em se tratando do apagamento do rótico, em linhas gerais, Oliveira
(1983, p. 93) afirma que:

a. O apagamento é muito mais frequente e saliente em posição de


final de palavra do que no interior da palavra;
b. Sua ausência em final de palavra é mais comum em verbos do que
em não-verbos;
c. De acordo com alguns relatos, o apagamento está relacionado a
falantes de classe mais baixa e é considerado um vulgarismo;
d. O apagamento é um processo variável, sujeito a condicionamento
fonológico.

 Ainda em relação ao apagamento do rótico em posição de coda,


Oliveira (1983, p. 99-100), analisando dados de Belo Horizonte,
constata que, dos fatores linguísticos, o mais saliente é o contexto
fonológico seguinte, que pode ser vogal, consoante ou pausa;
 Callou et al. (1996) analisam ocorrências do /r/ em cinco capitais
brasileiras (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e
Recife – Projeto NURC) em posição posvocálica no interior e no
final da palavra. (ver vídeo 1)
 Os estudos realizados até então levam a concluir que, na Língua
Portuguesa, só há um contraste significativo, aquele que se percebe
em caro x carro ou em pares semelhantes. Tal contraste se dá entre
vogais e só entre vogais.
 Um fato curioso é que no Nordeste, por exemplo, em posição
medial, o zero [Ø] só se manifesta antes de fricativa, como nos casos
em:
 Já em posição final, a variante [Ø] é a mais produtiva de todas, como
se constata nos exemplos em:

 Ao considerarmos as posições em que ocorrem os róticos,


verificamos que, nos verbos, o apagamento no final, é bastante
produtivo, o que não acontece nos nomes, principalmente na região
sul do Brasil;
 Em posição final, quando o rótico é seguido por uma vogal, em
geral, há um processo de ressilabificação, e aí ele deixa de ser coda
para ser ataque da sílaba resultante, como em ‘mar abaixo’ >
‘ma.ra.bai.xo’.
As Fricativas

 Na posição de coda, as fricativas encontradas são aquelas


classificadas com o traço coronal, semelhantes aos róticos, têm sido
objeto de inúmeros estudos no Brasil e também em diferentes
regiões.
 As suas variantes mais produtivas são: [s], [ʃ], [z], [ʒ], [h], [Ø].
Abaixo, são apresentados os contextos em que elas podem ocorrer:
 Os trabalhos já realizados sobre o PB permitem que se esboce uma
distribuição para as variantes da fricativa coronal entre diferentes
falares.
 O que se observa, quando se trata da posição medial, é que dessas
seis variantes, as mais produtivas são as duas alveolares [s, z] e as
duas palato-alveolares [ʃ, ʒ]. As alveolares ocorrem na maioria dos
falares brasileiros.
 O estudo de Callou, Moraes e Leite (1994), utilizando dados do
NURC, mostra que no Rio Grande do Sul, São Paulo e Salvador há
preferência por elas, ao contrário do Rio de Janeiro e Recife; (ver
vídeo 2)
 Hora (2000), em estudo realizado sobre o falar paraibano, observa
que, na Paraíba, há preferência também pelas formas alveolares;
 As variantes palato-alveolares terão alta probabilidade de ocorrer se
o contexto fonológico seguinte for uma oclusiva dental, como:
 Quando se trata da posição final de palavra, em geral, a opção é
sempre pelas fricativas coronais desvozeadas [s, ].
As Nasais

 As nasais, na posição de coda, podem ser representadas pelas letras


“m” e “n”. Fonologicamente, elas são representadas pelo
arquifonema nasal /N/.
 Na Língua Portuguesa, verificamos que a nasal, nesta posição,
sempre assimila o traça de ponto da consoante que lhe segue:

cam.po can.to ron.ca cân.fora


rom.bo ron.da pon.ga en.vio

 Ainda em relação ao uso da nasal, constatamos que há momentos em


que ela é realizada e há momentos em que ela é apagada;
 Em geral, seu apagamento não é muito produtivo, sendo restrito aos
itens lexicais com a terminações -em e -am, como podemos ver em:
Posição Final
jar.dim
a.tum
ba.tom
on.tem
ca.ta.ram
fa.lam
ór.fã

 Os exemplos mostram que o condicionamento ao acento é um dos


determinante para o apagamento ou não da nasal;
 Ele se dá em palavras com proeminência acentual na penúltima
sílaba e principalmente se a vogal nasalizada é anterior e média,
como em <ontem>.
 Se o acento tônico estiver presente na última sílaba, não há tendência
ao apagamento, a exemplo de <armazém>, <também> etc.
 Palavras como “batom”, “atum”, “jardim” não favorecem o
apagamento.
 Comparando-as às anteriores o que se conclui é que, primeiro, as
motivações para a manutenção do traço nasal nessas palavras é a
tonicidade, visto que todas elas são oxítonas; segundo, não se tem
ditongo nasal, diferente do que acontece com as terminadas em “-
em”.
 Também deve-se observar que a terminação -am é restrita aos verbos
e que podemos encontrar com frequência o apagamento da
consoante, implicando no elevação da vogal baixa, a exemplo de:
cantaram ~ cantaru.
 A coda na Língua Portuguesa, preenchida pelas consoantes /l, r, S,
N/, como vimos, tem uma multiplicidade de variantes, mas possível
de serem identificadas.
 Os estudos realizados até o momento já permitem que se tenha um
perfil de cada uma delas de acordo com o contexto social em que se
inserem e também de acordo com sua fonotática.
 Podemos afirmar que a Língua Portuguesa, como outras línguas do
mundo, tem uma forte tendência ao apagamento da coda e os
comentários aqui apresentados ratificam essa tendência.
VOGAIS
 Este material introduz uma visão acerca das vogais da Língua
Portuguesa, considerando sua tonicidade na palavra, tendo como
objetivos:

- Classificar as vogais do português brasileiro;


- Apresentar as possibilidades de realização das vogais na fala,
seguindo os estudos variacionistas;
- Elencar os processos fonológicos que acompanham na realização
das vogais em suas diferentes possibilidades.
 Aprendemos, desde a infância, que existem cinco vogais no alfabeto
na nossa língua;
 O estudo das vogais do português, no entanto, vai muito além desses
cinco símbolos gráficos usados para representá-las;
 A língua oral apresenta, na verdade, sete fonemas vocálicos, que se
comportam de maneira específica, dependendo da sua posição em
relação ao acento tônico;
 De acordo com modelo exposto por Câmara Jr. (2006), a Língua
Portuguesa do Brasil apresenta um quadro de vogais que são
definidas de acordo com a posição da sílaba a que pertencem, em
relação à tonicidade da palavra, e mutáveis dependendo do processo
de neutralização que sofrem;
 Para caracterizar as vogais da nossa língua em sua plenitude,
podendo identificar todas as suas variedades, a tonicidade das sílabas
da palavra é a melhor opção, no sentido de que a sílaba tônica é o
contexto ideal para representá-las;
 Dessa forma, as vogais classificam-se como no Quadro 1:

Quadro 1: As vogais da Língua Portuguesa segundo Câmara Jr.


As Vogais Tônicas
 Assim, quando temos um contexto de sílaba tônica, os segmentos
vocálicos podem assumir essas sete representações, sem apresentar
variações de um dialeto para o outro:

Vogal Exemplo
/a/ m[a]to
/e/ m[e]do
// m[]tro
/o/ m[o]rro
// m[o]to
/i/ m[i]co
/u/ m[u]ro
 Podemos observar, então, que as vogais tônicas assumem um quadro
categórico, composto de sete vogais /i, e, , a, , o, u / distribuídas
em todas as posições possíveis; (ver vídeo 4)
 Saindo da posição tônica, o quadro de vogais sofre uma redução,
dependendo do processo de neutralização de cada posição;
 Vale lembrar que proeminência da sílaba que tem representação na
vogal, torna-se mais débil à medida que sai da posição tônica;
 E é importante salientar que entre as posições pretônica e postônica,
a posição postônica é mais débil do que a pretônica;
 As posições pretônica e postônica podem nos dar um outro quadro
de vogais. Em se tratando desta última, temos que considerar ainda a
diferenciação entre as finais e as não-finais;
 Antes de passarmos para as vogais pretônicas, consideremos ainda o
comportamento das vogais tônicas em um contexto específico: o de
consoante nasal;
 A presença de uma consoante desse tipo na sílaba seguinte à vogal
tônica elimina as vogais médias baixas, como podemos constatar nos
exemplos em:

 Na Língua Portuguesa, na verdade, não temos vogais nasais, o que


temos são vogais orais seguidas de um arquifonema nasal. Logo, as
vogais do Português são nasalizadas;
 No que concerne à nasalização das vogais, podemos estabelecer,
seguindo a orientação de Câmara Jr., a distinção entre nasalidade
fonética e nasalidade fonológica:

- A nasalidade fonética é aquela que não estabelece distinção de


significado, como a que acontece em palavras como “camelo”,
“banana”, que podem ser realizadas tanto como [kãmel], [bãnãn] ou
como [kamel], [banãn], respectivamente;

- Já a nasalidade fonológica pressupõe alteração de significado, a


exemplo de [kãt] e [kat]. Observe que a não-nasalização da vogal
[a], na segunda palavra, gerou um outro item lexical com significado
totalmente diferente do anterior.

 Consideremos agora as vogais em posição átona:


 Segundo Câmara Jr., as sete vogais tônicas se reduzem a cinco na
posição pretônica (/a/, /o/, /e/, /u/, /i/), a quatro em posição postônica
não-final (/a/, /e/, /i/, /u/) e a três na posição átona final (/a/, /i/, /u/);
 Essa classificação foi feita com base no dialeto culto carioca.
Sabemos, entretanto, que o comportamento das vogais no português
do Brasil apresenta-se de forma variável, atestado pelas inúmeras
pesquisas sociolinguísticas realizadas no país;
 Sendo assim, compreendemos que o contexto das vogais átonas é
bastante complexo, no que concerne à heterogeneidade existente na
língua;
 Para tanto, faremos algumas considerações sobre as vogais em
posição átona, levando em conta os trabalhos já realizados no país
sob a perspectiva variacionista. Comecemos pelas vogais pretônicas:
As Vogais Pretônicas
 O sistema vocálico do português é reduzido, na posição pretônica, de
sete para cinco vogais. Assim, desaparece a oposição entre as médias
altas e as médias baixas:

 Essa supressão é interpretada como um fenômeno de ‘neutralização’,


que consiste numa na redução de mais de um fonema em uma só
unidade fonológica;
 Essa classificação de Mattoso, em favor das médias altas não é
categórica, tendo em vista que as vogais pretônicas do Português do
Brasil apresentam um comportamento bastante variável;
 Como já atestava Antenor Nascentes (1953), aqui estabelecemos
nossa linha que delimita os dois grupos de falares brasileiros em
relação às vogais pretônicas;
 Em geral, afirma-se que, com relação à posição pretônica, os
dialetos das regiões norte-nordeste caracterizam-se pela presença das
vogais médias abertas, mais do que as fechadas, na posição pretônica
(// e //) e os do sudeste-sul pelas vogais fechadas (/e/ e /o/), como
mostram os exemplos que seguem:

Norte - Nordeste Sul - Sudeste


ab[]rtura ab[e]rtura
ch[]fão ch[e]fão
c[]l[]ção c[o]l[e]ção
c[]lapso c[o]lapso
s[]ldado s[o]ldado
 Essa possibilidade, porém, não é categórica. Há uma possibilidade
de variação entre as pretônicas e a alternância se dá entre as médias
de segundo altas [e, o] e as vogais altas [i, u];
 Tal fenômeno é chamado de ‘harmonização vocálica’ e diz respeito
ao processo em que as vogais pretônicas assimilam o traço de altura
da vogal seguinte, tornando-se altas como a vogal tônica, como
podemos ver em:

al[e]gria al[i]gria
b[e]bida b[i]bida
p[e]dido p[i]dido
pr[e]guiça pr[i]guiça
desc[o]berta desc[u]berta
c[o]ruja c[u]ruja
p[o]der p[u]der
c[o]lher c[u]lher
 Havíamos dito que onde prevalecem para os falares do sul e do
sudeste as vogais médias altas, para o nordeste, norte e centro-oeste
prevalecem as médias baixas;
 Esta disposição das vogais pretônicas não é algo tão tranquilo,
principalmente quando se trata da região nordeste. Podemos
encontrar nessa região uma variação muito grande;
 É importante, sobretudo, conhecer o funcionamento variável das
vogais, uma vez que nossa realidade de ensino exige que
trabalhemos conscientemente ante a nossa língua, no sentido de
reconhecer as diferenças e saber lidar com elas.

As Vogais Postônicas
 Quando se trata das vogais postônicas, a primeira consideração a ser
feita é que elas podem estar no meio da palavra (são as postônicas
não-finais) ou no final (são as postônicas finais);
 Diferentes das pretônicas, as vogais postônicas, tanto em posição
não-final como final, apresentam uma configuração mais homogênea
de norte a sul. E os estudos sobre essa questão ainda não são muito
numerosos.

Postônicas Não-Finais ou Mediais


 Já que estamos seguindo a classificação de Câmara Jr. (2006, p. 44),
traremos abaixo o quadro das vogais postônicas não-finais descrito
por ele:
 Segundo esse autor, há neutralização entre as vogais /u/ e /o/, mas
não entre /e/ e /i/, como pode ser visto nos exemplos que seguem:

núm[e]ro *núm[i]ro
pér[o]la pér[u]la

 Outro fenômeno que pode ser observado no comportamento das


vogais postônicas não-finais é o seu ‘apagamento’. Os estudos
realizados sobre as postônicas não-finais têm confirmado essa
tendência, já na passagem do Latim para o Português. Como
constata Amaral (2002, p. 101):
“a variação das proparoxítonas é um fenômeno
difundido em todo território, não só na fala normal
dos menos escolarizados como na fala espontânea dos
mais escolarizados, em determinadas situações”.
 O apagamento das vogais, nesta posição, acaba sendo previsível, isto
porque a ordem dos segmentos no ataque silábico não pode
contrariar o padrão da língua em termos do Princípio de
Sequenciamento de Soância (cf. CLEMENTS, p. 283-284), como
nos casos em:

xícara xicra
árvore arvre
chácara chacra
óculos oclus
véspera vespra

 Caso não ocorra o apagamento, outras alterações podem ser


encontradas, como nos exemplos:

pílula piula
príncipe prinspe
sábado sabo
católico catoico
relâmpago relampo
estômago estombo

 Observando o caso de “relâmpago”, verificamos que, além do


apagamento da vogal postônica, se dá também a queda da consoante
que a segue ‘g’, sua manutenção geraria um ataque mal formado
(com um encontro consonantal inexistente na língua portuguesa).
Para evitar isso, o falante apaga a sequência VC (Vogal Consoante);
 Se observarmos o caso de “estômago”, podemos verificar que o
falante efetua um processo bastante interessante: ele apaga a vogal,
mas mantém a consoante seguinte. Como a consoante nasal que
ocupa a posição do ataque é uma labial, ele altera o traço dorsal da
consoante seguinte de dorsal para labial, resultando, assim um
padrão bem formado;
 Esses são alguns dos processos que ocorrem na variação vocálica do
português;

Postônicas Finais
 O sistema vocálico apresentado por Câmara Jr. é o mais reduzido.
Das sete vogais em posição tônica, passamos a três: /i, a, u/:

 Considerando os estudos realizados no sul do Brasil, este quadro não


se revela categórico, e é possível encontrarmos, convivendo
variavelmente, médias altas e vogais altas;
 Tal variação é atribuída, principalmente, ao tipo de colonização:
leit[e] leit[]
dent[e] dent[]
gat[o] gat[]
post[o] post[]

 Apesar de não termos estudos conclusivos em outras regiões


brasileiras, intuitivamente podemos afirmar que existe um padrão
geral para as postônicas não-finais, com manutenção das cinco
vogais;
 Essas explanações representam uma proposta rumo à organização
dos estudos realizados no Brasil sobre o uso variável das vogais em
todas as suas posições na palavra;
 A compreensão da variabilidade que aparecem nas vogais é apenas
uma primeira etapa, mas essencial para futuros estudos com vistas à
Língua Portuguesa do Brasil e também como forma de avaliar os
processos da língua em geral.

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