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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000507211

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2112524-76.2018.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante CAIXA DE
ASSISTENCIA DOS FUNCIONARIOS DO BANCO DO BRASIL - CASSI, é agravada
VANDA MARIA MARTINS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 5ª Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores ERICKSON GAVAZZA


MARQUES (Presidente sem voto), MOREIRA VIEGAS E FÁBIO PODESTÁ.

São Paulo, 7 de julho de 2018.

James Siano
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº: 33161


AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2112524-76.2018.8.26.0000
COMARCA: São Paulo
AGTE: Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil - Cassi
AGDA: Vanda Maria Martins

AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Irresignação em face da decisão que em cumprimento provisório
de sentença determinou a realização dos exames complementares
de que necessita a autora, sob pena de incidir a ré em crime de
desobediência, sem prejuízo da multa já cominada.
Descabimento. Não se trata de procedimentos de rotina, uma vez
que a procedência da demanda abarcou todos os procedimentos a
serem adotados para a melhora da qualidade de vida da agravada,
inclusive os pós-operatórios. Possibilidade de ocorrer dano
irreparável ou de difícil reparação à saúde da agravada. Aplicação
do CDC para as empresas de autogestão que prestem serviços
médico-hospitalares de forma remunerada aos associados.
Recurso improvido.

Irresignação em face da decisão de f. 565/566, que em


cumprimento provisório de sentença determinou a realização dos exames
complementares de que necessita a autora, sob pena de incidir a ré em crime de
desobediência, sem prejuízo da multa já cominada.

A agravada requereu, em cumprimento provisório de


sentença, que fosse a agravante compelida a custear o tratamento pós-operatório
de que necessita, ante a recusa desta na continuidade do custeio.

Com a determinação para imediato cumprimento sob pena


de incidência de crime de desobediência por parte da operadora de saúde,
interpôs a agravante o presente recurso.

Sustenta a agravante que o alcance da decisão é limitado


ao pós-operatório, não abarcando exames de rotina, dois anos após a realização
do procedimento cirúrgico, razão pela qual inocorreu o aludido descumprimento
de ordem judicial.

Alega que o objeto de uma decisão judicial deve ser restrito


ao tratamento ao qual a agravada possui prescrição médica a ser avaliada pelo
juízo sob o crivo do contraditório, não podendo ser qualquer coisa que vier a ser
prescrita por médico.

Agravo de Instrumento nº 2112524-76.2018.8.26.0000 -Voto nº 33161 JMPR 2


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Afirma que não se trata de operadora que atua livremente o


mercado de consumo de planos de saúde, comercializando-os a qualquer
pessoa.

Inaplicável a legislação consumerista aos contratos de


saúde celebrados com as entidades de autogestão.

É o relatório.

Improcedem as razões recursais.

A sentença proferida nos autos nº


1014989-29.2016.8.26.0100, mantida pelo acórdão, foi procedente ao pedido da
autora, no sentido de que fosse a ela disponibilizada a realização dos exames e
cirurgias para o tratamento de carcinoma mamário invasivo com padrão lobular
de infiltração.

Destarte, não se trata de procedimentos de rotina, uma vez


que a procedência da demanda abarcou todos os procedimentos a serem
adotados para a melhora da qualidade de vida da agravada, inclusive os pós-
operatórios.

Não cabe ao plano se imiscuir na relação havida entre


médico e paciente, a ponto de interferir em decisões técnicas acerca da
conveniência ou não da utilização de determinado tratamento, material cirúrgico
ou medicamento, mormente quando a exigência se mostra densamente
justificada.

É ilícita a conduta da operadora ao ignorar a situação


narrada. Eventual abuso pode em tese ser investigado em expediente próprio,
porém é vedado envolver a parte vulnerável nessa discussão técnica,
desprestigiando sobremaneira o bem maior saúde.

O tratamento conforme determinação médica é imperioso


para que a agravada possa gozar de uma vida digna, devendo o plano de saúde
autorizar e custear o quanto necessário.

Presente a possibilidade de ocorrer dano irreparável ou de

Agravo de Instrumento nº 2112524-76.2018.8.26.0000 -Voto nº 33161 JMPR 3


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difícil reparação à saúde da agravada, que necessita do tratamento exatamente


como indicado por seu médico.
No tocante à aplicação da legislação consumerista, ainda
que de forma subsidiária (art. 35-G da Lei nº 9.656/98), aplica-se o referido
diploma legal também para as empresas de autogestão que prestem serviços
médico-hospitalares de forma remunerada aos associados, como é o caso da
agravante.

Nesse sentido, precedentes do STJ:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ARTIGO 544 DO


CPC) DEMANDA POSTULANDO O CUSTEIO DE
MATERIAL SOLICITADO POR MÉDICO ESPECIALISTA
PARA REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
(ENDOPRÓTESE DE JOELHO) E INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL - DECISÃO MONOCRÁTICA NEGANDO
PROVIMENTO AO RECLAMO, MANTIDA A INADMISSÃO
DO RECURSO ESPECIAL. 1. Aplicação do Código de
Defesa do Consumidor ao contrato de plano de saúde
administrado por entidade de autogestão. É cediço nesta
Corte que "a relação de consumo caracteriza-se pelo objeto
contratado, no caso a cobertura médico-hospitalar, sendo
desinfluente a natureza jurídica da entidade que presta os
serviços, ainda que se diga sem caráter lucrativo, mas que
mantém plano de saúde remunerado" (REsp 469.911/SP,
Rel. Ministro Aldir Passarinho Júnior, Quarta Turma, julgado
em 12.02.2008, DJe 10.03.2008). Incidência da Súmula
469/STJ. (...) (AgRg no AREsp 187473/DF, Quarta Turma,
Rel. Min. MARCO BUZZI, j. 25.06.13). “

“(...) O entendimento predominante no âmbito desta Corte é


de que a relação de consumo caracteriza-se pelo objeto
contratado, no caso, a cobertura médico-hospitalar, sendo
irrelevante a natureza jurídica da entidade que presta os
serviços, ainda que sem fins lucrativos, quando administra
plano de saúde remunerado a seus associados (...)” (AgRg

Agravo de Instrumento nº 2112524-76.2018.8.26.0000 -Voto nº 33161 JMPR 4


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no AREsp 813590/RJ, Terceira Turma, Rel. Min. RICARDO


VILLAS BÔAS CUEVA, j. 04.08.16).”

Tais pronunciamentos do STJ se afiguram mais adequados


ao deslinde da presente controvérsia, pela incidência do CDC, do que os
precedentes invocados pela agravante. Incidente a Súmula 469 do STJ: “Aplica-
se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde”.

Cumpre assim mitigar o princípio do pacta sunt servanda,


uma vez que a proteção do consumidor não se trata de direito previsto apenas no
âmbito legal (Lei nº 8.078/90), mas também da ordem constitucional em nível de
garantia fundamental, estampada no rol das cláusulas pétreas (art. 5º, inc. XXII,
da CF).

Aliás, a interpretação mais favorável ao aderente


hipossuficiente objetiva preservar o equilíbrio das partes e assim resguardar o
princípio da isonomia entre os contratantes.

Em se tratando que as razões do improvimento deste


agravo se encontram devidamente fundamentadas, mister observar que inexiste
vilipêndio aos art. 322; 330, I e §1º, II; e 485, I, CPC.
Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso.
JAMES SIANO
Relator

Agravo de Instrumento nº 2112524-76.2018.8.26.0000 -Voto nº 33161 JMPR 5

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