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do Brasil
Homossexual
Fronteiras,
Subjetividades
e Desejos
Secretaria Especial
dos Direitos Humanos
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
COMISSÃO EDITORIAL
Presidente José Mindlin
Vice-presidente Carlos Alberto Barbosa Dantas
Adolpho José Melfi
Benjamin Abdala Júnior
Maria Arminda do Nascimento Arruda
Nélio Marco Vincenzo Bizzo
Ricardo Toledo Silva
Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP
CDD 306.766
Direitos reservados à
Parte I
Homocultura e Direitos Humanos
Constâncias
PAULA VITURRO ...................................................................................... 77
5
A Arte-Educação como Instrumento Significativo de Diminuição
da Evasão Escolar da População LGBT
JOÃO BATISTA DA SILVA JUNIOR ............................................................... 717
Parte VI
Homocultura, Psicologia e Saúde Pública
Homoparentalidade e Práticas Sutis de Discriminação à
Diversidade Sexual: Um Estudo de Caso
LINDOMAR EXPEDITO S. DARÓS .............................................................. 741
Parte VII
Homocultura e Catolicismo
Homossexualidade e Contra-Hegemonia no Catolicismo
LUÍS CORRÊA LIMA ................................................................................ 791
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Aspectos da Homossexualidade sob a Ótica da
Dominação Masculina de Bourdieu
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Bourdieu e a homossexualidade
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Aspectos da Homossexualidade
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existem leis2 que as protegem, tendo muito mais provisões legais em textos da
Lei do que os homossexuais. Como exemplo, poderíamos citar a Lei Maria da
Penha, que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e
proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar sob o nº
11.340, de 7 de agosto de 2006.
A outra dimensão refere-se a aspectos de criminalidade que são pra-
ticados e percebidos de diferentes maneiras. Um exemplo típico de extremo
desrespeito se dá quando um homossexual chega a uma delegacia para fazer
uma denúncia. Normalmente, ele é tratado como se ele fosse “o problema”
enquanto no caso das mulheres este tratamento é “diferenciado”. Não estamos
aqui dizendo que elas não sejam discriminadas, mas são tratadas, geralmente,
como “as vítimas”, mesmo que não sejam. Ainda para as mulheres, já existem
instituições públicas destinadas ao atendimento de mulheres, tendo em vista
o alto índice de violência doméstica.
Estes seriam dois exemplos num universo macro, mas se refletirmos
sobre o âmbito da escola, nos dias de hoje, a discriminação em relação aos
homossexuais ainda é explícita, enquanto com relação às mulheres parece
haver uma tendência a ser mais controlada.
Outro trecho do livro em análise que nos fez questionar o uso não só de
termos como homossexuais e homossexualidade, mas também o pensamento
do autor sobre a postura e o proceder de homossexuais, foi o encontrado no
capítulo I, que se inicia da seguinte forma:
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Aspectos da Homossexualidade
Quando o autor faz referência à relação sexual como uma relação social
de dominação, dizendo que ela é construída nas bases do masculino/ativo e
do feminino/passivo, e não só isso, mas também reconhecendo o desejo
masculino como o de posse e de dominação erotizada e o desejo feminino
como desejo da dominação masculina e de subordinação erotizada, pode-
ríamos pensar nas bases do patriarcado, em que é clara a dominação e o poder
do homem sobre a mulher.
No entanto, nossas dúvidas começam a surgir quando ele começa a
falar das relações homossexuais e destacando a reciprocidade ser possível, que
os laços entre a sexualidade e o poder se desvelariam de maneira particular-
mente clara, e ainda que as posições e os papéis assumidos nas relações
sexuais, ativos ou passivos, mostrar-se-iam-se indissociáveis das relações
entre as condições sociais.
Inevitavelmente, surgem as seguintes questões para reflexão: será que
somente nas relações homossexuais a troca, o dar e o receber são possíveis?
Se considerarmos as inúmeras formas de possibilidades de relações sexuais
homossexuais, se considerarmos ainda a diversidade de gostos de maneiras
de relação do tipo “homossexual”, bem como nas do tipo “heterossexual”,
podemos reconhecer que Bourdieu (2007) sinalizou algo, mas temos que
admitir que aprofundou pouco. A sinalização importante dá-se quando ele
vincula reciprocidade, laços, posições e papéis à condições sociais. Certa-
mente, há que se reconhecer que tal vínculo é inevitável, pois que o (des)valor
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Aspectos da Homossexualidade
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Aspectos da Homossexualidade
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Sob esse aspecto estamos de acordo com Bourdieu, pois achamos que
a escola como um todo deve perceber a existência dos preconceitos e suas
consequências, bem como adotar uma postura de enfrentamento em relação
a quaisquer tipos de discriminação e violência. Para tanto, a escola precisa ter
consciência de que, enquanto instituição que educa e protege, jamais deve ter
ligada à sua estrutura ações discriminatórias ou preconceituosas, silenciosas
ou não.
Para que isso ocorra será necessário que algumas mudanças ocorrem.
O ambiente escolar deve ser um espaço onde se pratique os esclarecimentos,
a discussão e a reflexão sobre as questões da homossexualidade, de forma res-
peitosa, adotando-se uma postura crítica e inovadora, propiciando, assim, a
inclusão deste segmento populacional na vida cotidiana das instituições, e que
todos que participem desse movimento se sintam tocados e propensos a criar
em si espaços renovadores com novos conceitos e modelos que fujam aos
antigos, preconceituosos e heteronormativos.
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Aspectos da Homossexualidade
Referências bibliográficas
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