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Resumo
Abstract
The Seventh-day Adventist Church (SDA) is known to be considered heir to the Millerite
movement of the nineteenth century occurred in the U.S.. The SDA church retains its basic
doctrines of the belief in the prophetic ministry of Ellen G. White. Based on the
systematization of literature and reading Adventist church, this article aims to present briefly
the constitution of the place occupied by Ellen G. White in maintaining the church's identity
and work in their expanding world.
Introdução
1
Mestrando em Ciências da Religião na PUCSP. E-mail: fluizg@yahoo.com.br.
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2
Teve a liderança de Guilherme Miller (178–1849) que depois de intenso estudo da Bíblia e interpretação
peculiar de textos proféticos anunciou a volta de Jesus para uma época marcada, entre a primavera de 1843 e a
primavera de 1844. Para um breve resumo acesse:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_Miller. Acesso em: 01 ago. 2011.
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15) ao descrever o ambiente religioso em que foi gestado o movimento milereita afirma que,
“[...] revivalistas e milenialistas, comunitários e utopistas, espiritualistas e prognosticadores,
celibatários e polígamos, perfecionistas e transcendentalistas [...]” compunham o cenário que
anteriormente era dominado pelas organizações religiosas convencionais. O movimento
milerita, além de mostrar inconformismo com as associações religiosas já estabelecidas
apresentava algumas características gerais, aqui assinaladas. São elas: a) reivindicação de
certa primazia de iluminação interior e do Espírito Santo; b) pregação que enfatizava o
aspecto não conclusivo da Revelação; c) propugnação da realização da Igreja no mundo alheia
aos poderes estabelecidos (QUEIROZ, 1965, p. 92).
Com o desapontamento vivido em 1844 advindo da frustração do não retorno de Jesus,
no interior de um dos grupos remanescentes do movimento milerita foram lançadas as bases
ideológicas que culminaram posteriormente na sistematização de crenças e organização
institucional da denominação religiosa que se tornou conhecida como Igreja Adventista do
Sétimo Dia (TARLING, 1981).
De acordo com Knight (1993), esse foi um movimento religioso marcadamente
interconfessional e o não cumprimento das predições de Miller culminou na multiplicidade de
interpretações referentes ao advento de Jesus. As diferenças doutrinárias contribuíram para
separar os seguidores de Miller, o que fez surgir pelo menos quatro grupos. Um deles que
ficou conhecido como os adventistas do “Sábado e da Porta Fechada” 3 finalmente encontrou
unidade e missão (DOUGLASS, 2001, p.50).
Em 1863 houve a organização da IASD, nesta ocasião contava com cerca de 3.500
membros, já em 2009 a membresia era estimada em mais de 16 milhões4 distribuídos ao redor
do mundo. A IASD desenvolveu um sistema de crenças5 formado de doutrinas comuns ao
Cristianismo, ensinos mantidos por alguns segmentos conservadores, bem como por outros
que lhe são particulares. Diz Nunes (1999, p. 56), que a IASD “[...] ensina verdades que lhe
são distintas (santuário, juízo investigativo, a manifestação do espírito de profecia na vida e
obra de Ellen G. White, o selo de Deus, a marca da besta e a tríplice mensagem angélica)”.
3
O grupo que originou a IASD apresentava três núcleos principais, sendo eles: a) estudo acerca do Santuário; b)
estudo referente ao dia de santificação (sábado) e c) aceitação do dom profético de Ellen G. White. Para maiores
detalhes ver: TIMM, Albert R. O santuário e as três mensagens angélicas. Fatores integrativos no
desenvolvimento das doutrinas adventistas. 4ª ed. Engenheiro Coelho, SP: UNASPRESS, 2002.
4
Para relatório detalhado acesse: http://www.adventistarchives.org/docs/ASR/ASR2009.pdf. Acesso em: 10 jun.
2011.
5
Para informações acerca de todas as doutrinas adventistas acesse: http://www.apac.org.br/nistocremos.html.
Acesso em: 10 jun. 2011.
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Embora a maior parte das crenças da IASD reafirme as bases cristãs 6, há crenças
diferenciadoras, são elas: a) O Grande Conflito; b) O Dom de Profecia; c) O Sábado; d) O
Ministério de Cristo no Santuário Celestial; e) Morte e Ressurreição. Todavia, a doutrina do
Dom profético parece ser caracteristicamente fundamental para a IASD, visto que os
adventistas acreditam que “[...] é uma característica da Igreja remanescente e foi manifestado
no ministério de Ellen G. White” (NISTO CREMOS, 2003, p. 276). Desta forma, ela é
considerada a mensageira do Senhor e seus escritos constituem uma contínua fonte de
autoridade.
A palavra profeta em sua raiz hebraica nabi significa a ação de proclamar e gritar
(FONSATI, 2002). Já no grego, o termo é prophetes que indica a idéia de mensageiro.
Segundo Coenen e Brown (2000, vol. 2, p. 1877) é um “[...] substantivo composto da raiz –
phe-, ‘dizer‟, „proclamar‟, que sempre tem uma conotação religiosa, e o prefixo pro-, um
advérbio de tempo que tem significado de „antes‟, „de antemão‟”. Weber por sua vez afirma
que o profeta é portador de um carisma que em juízo de sua missão anuncia uma doutrina ou
mandato divino, pois que diferente do mago “[...] anuncia revelações substanciais e que a
substância de sua missão não consiste em magia, mas em doutrina ou mandamento”
(WEBER, 1999, p. 303). A definição de carisma que perpassa a obra weberiana aparece com
as seguintes palavras:
6
Essa percepção pode ser adquirida pela comparação com obras conhecidas: AULÉN, Gustav. A fé cristã. São
Paulo: ASTE, 2002; STRONG, Augustus H. Teologia sistemática. v. 1 e 2. São Paulo: Hagnos, 2003;
GRUDEM, Wayne. Manual de doutrinas cristãs: teologia sistemática ao alcance de todos. São Paulo: Vida,
2005.
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Durante visões em público, que poderiam vir enquanto ela estava orando ou
falando, Ellen, a princípio, perdia toda a força física; em seguida, recebia tal
força sobrenatural que nem mesmo a pessoa mais forte podia controlar seus
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movimentos corporais. Durante uma visão que durou quase quatro horas não
havia evidencia de respiração, contudo seu batimento cardíaco e cor facial
continuavam normais [...] Embora seus olhos permanecessem abertos, ela
parecia inteiramente do que se passava ao seu redor [...] Uma longa e
profunda respiração indicava que a visão estava terminando. A princípio, ela
dificilmente podia ver, como se tivesse estado olhando para uma luz
brilhante.
Convém relembrar que para Weber, “[...] carisma é a qualidade, que passa por
extraordinária [...], de uma personalidade, graças à qual esta é considerada possuidora de
forças sobrenaturais [...]” (WEBER apud QUINTANEIRO, 2009, p. 131-132). Segundo
Douglas (2001), com freqüência as visões públicas transformavam céticos e/ou adversários
em crentes.
A manifestação da profetisa foi vista inicialmente como providência divina de consolo
e guia. Visto que,
alimentar, cuidado médico, liberdade religiosa, etc.. Fato é que, o interesse por instituições
para-eclesiásticas favoreceu o avanço da denominação tanto do ponto de vista ideológico
quanto institucional. O estabelecimento de instituições educacionais, médicas, de publicações7
no meio da IASD são em muito resultantes das orientações de Ellen G. White provindas de
suas visões e sonhos.8
É unânime entre alguns autores a existência de crises na IASD. Partindo de
perspectivas diferentes, tais crises são vistas desde a ótica demonizadora, lutas pelo poder ou
mesmo resultantes naturais do curso histórico de uma denominação em desenvolvimento e
institucionalização: Oliveira (1985), Knight (2005), Douglas (2001) e Nunes (1999).
Foi principalmente nos momentos de crises que o papel de Ellen G. White na
denominação foi considerado de relevante importância. É perceptível nas obras
denominacionais o grau de consideração atribuído à influência e auxilio da profetisa na
condução e resolução de crises9 no meio adventista. Nesta apresentação limito-me a
apresentar em linhas gerais as crises teológicas vivenciadas pela IASD desde 1840 a 1905,
abordando de forma mais detida – sem pretensão de profundidade no tema – a crise da
justificação pela fé de 1888. O período de abrangência aqui listado foi delimitado pelo fator
determinante de demonstrar que neste período o intenso posicionamento e intervenção de
Ellen G. White.
No capítulo 18 intitulado Crises Teológicas, Douglas (2001) expõe a seguinte lista, a
saber: a) Contrafações nas Décadas de 1840 e 1850; b) Salvação Pela Fé – 1888; c)
Resistência à Luz; d) Movimento da Carne Santa; e) A Crise do Panteísmo; f) Impreciso
Sobre a Personalidade de Deus; e) “Enfrentem-no”; f) Dois Partidos Definidos; g) A Crise
Ballenger/Santuário, 1905; h) Compreensão Errônea do Papel do Espírito Santo.
A crise teológica Salvação Pela Fé – 1888 é considerada aquela que contribuiu
significativamente para alterar a configuração doutrinária adventista com implicações e
desdobramentos históricos e teológicos na história da denominação. Knight (2004) apresenta
que além da temática dominadora, outros temas estavam na baila da discussão, tais como: a
natureza humana de Jesus e perfeccionismo. As principais personalidades envolvidas na crise
e consideradas as contendoras eram George I. Butler (1834-1918) e Uriah Smith (1832-1903)
7
Informações atualizadas acerca das instituições adventista acesse:
http://www.adventistarchives.org/docs/ASR/ASR2009.pdf . Acesso em: 10 ago. 2011.
8
Para informação acerca das visões e sonhos ler o Apêndice D Lista Parcial das Visões de Ellen G. White onde
há uma seleção de visões que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da teologia e organização
adventista (DOUGLAS, 2001, p. 546-549).
9
Nunes (1999) empreendeu um estudo objetivo que descreve e analisa comparativamente as crises na Igreja
Apostólica e na IASD com especial atenção para as implicações missiológicas.
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de crises, visto que se apresenta como autoridade qualificada carismaticamente. Desta forma,
afirma Weber que:
Conclusão
Referências
CONFERENCE OF ADVENTISTS AT NEW YORK. Commencing May 6th. In: Adventist herald, 21
mai. 1845.
GAUSTAD, E. The rise of adventism. New York: Harper & Row, 1975.
GRAYBILL, R. D. The power of prophecy: Ellen G. White and womem religious founders
of the nineteenht century. Tese de Phd. The John Hopkins University, 1983.
NISTO CREMOS. 27 ensinos bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia. Tatuí: Casa
Publicadora Brasileira, 2003.
OLIVEIRA, E. de. A mão de Deus ao leme. Santo André: Casa Publicadora, 1985.
OLIVEIRA F.; José J. de. Formação histórica do movimento adventista. Estud. av.
[online]. 2004, vol.18, n.52, p. 157-179. ISSN 0103-4014.