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IGREJA O BRASIL PARA CRISTO EM PICUÍ

1 CORÍNTIOS
FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS

LUCIANO DE MEDEIROS DANTAS

PICUÍ

2018
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 2

CAPÍTULO 1.................................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 2.................................................................................................................................26

CAPÍTULO 3.................................................................................................................................35

CAPÍTULO 4.................................................................................................................................49

CAPÍTULO 5.................................................................................................................................60

CAPÍTULO 6.................................................................................................................................71

CAPÍTULO 7.................................................................................................................................85

CAPÍTULO 8...............................................................................................................................105

CAPÍTULO 9...............................................................................................................................112

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................113
2

“Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de
Deus.” – 1Co 10.31 (A21)

INTRODUÇÃO1

(1. Cidade; 2. Povo; 3. Religião e Cultura; 4. Igreja; 5. Carta; 6. Temas; 7. Importância)

1 A cidade de Corinto
 Localização: a extensa planície abaixo da acrópole2 Acrocorinto3.
o O Acrocorinto possui 575 m de altura e fica na Península4 do Peloponeso5.
o Devido à altitude era uma cidade relativamente segura (praticamente invencível).
 Possuía 2 cidades portuárias que a traziam comércio/riqueza e reconhecimento
internacional.
o Lacaeum (Lechaio) a 3 km ao norte.
 Aportavam navios do Ocidente (Itália, Espanha e Norte da África).
o Cencréia (Kechries) a 11 km ao leste.
 Onde Paulo raspou a cabeça em At 18.18.
 Aportavam navios de Oriente (Ásia Menor, Fenícia, Palestina, Egito e Cirene).
 Um dos portos mais importantes da época. Tornando-a uma cidade de intenso
intercâmbio cultural6
o Para facilitar o transporte de mercadorias foi construído um canal no istmo7 que une a
península à Grécia central.
 Antes da construção do canal os navios atravessavam o istmo por uma
estrada pavimentada (diolkos – 7,2 km), onde os navios (pequenos) eram
colocados em plataformas e arrastados.
 Sua construção começou com Nero, até concluir-se no séc. IX por
engenheiros franceses (Sacro Império Romano-Germânico).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 Local mais alto das antigas cidades gregas, que servia de cidadela e onde eventualmente se erguiam templos e palácio

(Google Dicionário).
3 Rocha com vista para a antiga cidade de Corinto, na Grécia Antiga. É a mais impressionante das acrópoles (Wikipédia).
4 Porção de terra de certa extensão, cercada de água por todos os lados, salvo por um, através do qual se une a uma área

maior de terreno (Google Dicionário).


5 Nome derivado do antigo herói grego Pélope, o qual teria dominado toda a região, mais a palavra grega que designa ilha

(níssos), donde teríamos o nome Ilha de Pélops (Wikipédia).


6 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
7 Estreita faixa de terra que liga duas áreas de terra maiores (Google Dicionário).
3

 Mede 6,3 km.


 Continha um auditório com capacidade para 18 mil pessoas sentadas8
o Odeon – odeão (para apresentações de teatro e música)9

2 O povo de Corinto
 Pessoas de todo tipo: oficiais romanos, colonos, mercadores, artesãos, artistas, filósofos,
mestres e trabalhadores de muitos países ao redor do Mediterrâneo, além de judeus.
o Trabalhavam ou em Corinto, ou em suas cidades portuárias.
 O povo do interior contribuía para a base agrícola de Corinto.

3 A religião e cultura de Corinto


 Famosa por sua devassidão10 e licenciosidade11.12
o “Cidade da fornicação e da prostituição”.
o Era uma das mais luxuriantes, efeminadas, ostentadoras e dissolutas cidades do
mundo13
o Gírias da época
 Corinthiazesthai: (“corintizar” ou “corintianizar”) “viver uma vida coríntia”, ou
seja, fácil e licenciosa, ou “ir para o diabo”14
 “Moça de Corinto” (prostituta) e “agir como um corinto” (praticar
fornicação, agir desenfreadamente, ou estar solto)15.
 Termos cunhados pelos gregos para descrever a imoralidade da cidade.
 O ideal dos coríntios era pronunciadamente satisfazer os seus desejos16
o Ao negociante lucro; ao amante prazer; ao atleta orgulho pela sua força.
 Possuía uma dúzia de templos
o Afrodite: deusa do amor conhecida na Antiguidade por sua imoralidade.
 Seu templo possuía mil prostitutas cultuais.

8 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
9 LOPES, op. cit.
10 Depravação/alteração de costumes (Google Dicionário).
11 Abuso de liberdade (Google Dicionário).
12 BIBLIA, Português. Bíblia Sagrada Almeida Século 21: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de

Almeida. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.


13 METZ, op. cit.
14 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
15 DANTAS, L. M. Atos dos Apóstolos: o evangelho até os confins da terra. Picuí: OBPC, 2016. Disponível em:

<https://drive.google.com/open?id=0BxsiwXgwzSFQRGZhRUJCZHNta1U>. Acesso em: 2018.


16 MORRIS, op. cit.
4

 Elas desciam durante a noite e se entregavam aos turistas que


aportavam ali17
 O templo ficava na Acrópole18
 Paulo faz claras exortações sobre a imoralidade (1Co 5.1; 6.18; 10.8).
o Também cultuavam: Asclépio, Apolo e Posêidon.
 Possuía os principais monumentos ao deus Apolo19
 Representante da beleza do corpo masculino.
 Sua adoração induzia ao homossexualismo
 Pode ter servido de inspiração para Paulo em Rm 1.26-27.
 Rm 1.18-32 descreve essa cidade20
 Talvez fosse o centro homossexual do mundo na época21.
 Muitos membros da igreja de Corinto, antes da sua conversão, tinham
vivido na prática do homossexualismo (1Co 6.9-11).
o Havia também altares as divindades gregas: Atenas, Hera e Hermes.
o E também santuários para deuses egípcios: Ísis e Serapis.
 Foi dado aos judeus liberdade para praticarem sua religião desde que se abstivessem de
atos de rebelião contra o governo romano.
o Tinham a própria sinagoga (onde Paulo pregara At 18.4-6).
 Cristianismo: chegou à cidade durante a 2ª viagem missionária de Paulo (At 18.1-18).
 Jogos do Istmo (ou jogos ístmicos): 2º maior em importância (perdendo apenas para os
Jogos Olímpicos).
o Realizados a cada 2 anos.
o Incluía: corridas, lutas e corridas de bigas22.
o Por isso Paulo usava bastante alegoria sobre jogos (1Co 9.24-25).
 Era uma cidade arrogante e filosófica23
o Inúmeros pregadores itinerantes promoviam suas especulações.
o O principal hobby da cidade era ir para as praças e ouvir esses grandes filósofos e
pensadores exporem suas ideias24

17 DANTAS, op. cit.


18 LOPES, op. cit.
19 DANTAS, op. cit.
20 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
21 LOPES, op. cit.
22 Variação da corrida de cavalos, sendo que os animais puxavam uma pequena charretinha (Wikipédia).
23 WIERSBE, op. cit.
24 LOPES, op. cit.
5

o Isso influenciou a igreja que passou a se tornar adepta a diferentes "escolas de


pensamento".

4 A igreja de Corinto
 Fundada por Paulo nos anos 50-52 d.C.
o Proconsulado de Gálio (At 18.12).
o Foi uma das cidades onde Paulo passou mais tempo
 18 meses (1 ano e ½) – At 18.11 (na primeira visita).
 Nesse período trabalhou como fabricante de tendas junto com Áquila (At 18.3).
 Foi visitada 3x pelo apóstolo (2Co 13.1).
o Encontravam-se nas casas dos membros da igreja (Tício Justo, que morava ao lado da
sinagoga – At 18.7).
 Era uma das maiores congregações da igreja primitiva25
 Seria um trampolim para o evangelho26
 Foram enriquecidos com grande variedade de dons espirituais27.
 Seus líderes não eram presbíteros – At 18.8, 17; 1Co 1.1; 16.17.
 Depois que Paulo partiu de Corinto, o trabalho na igreja foi dado a Apolo (At 19.1)28

5 Sobre a carta
 Autor: apóstolo Paulo (1Co 1.1).
 Período: primavera de 55-57 d.C.29
 Local: estava em Éfeso (1Co 16.8, 1930), no decurso de sua 3º viagem missionária (At 19).
 Motivação: nem tudo ia bem na igreja de Corinto
o Provavelmente, Apolo relatou as condições da igreja ao retornar a Éfeso, motivando
Paulo a escrever uma carta (Carta Anterior).
o Relatório trazido por membros da casa de Cloe (1Co 1.11).
o Informações dadas por Estéfanas, Fortunato e Acaico (1Co 16.17).
o Carta da igreja (1Co 7.1a).

25 METZ, op. cit.


26 LOPES, op. cit.
27 BÍBLIA, op. cit.
28 METZ, op. cit.
29 BÍBLIA, op. cit.
30 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
6

 Resolveu enviar Timóteo antes da carta (1Co 4.17; 16.10).


 É uma continuação (resposta) de uma epístola anterior que não foi preservada.
o O que a carta dizia? – exortava a não associação com os imorais (1Co 5.9).
o Tudo indica que essa carta fora mal compreendida. Assim, a carta mais recente
(1Coríntios) a substituiu, e não houve propósito em preservar a anterior31.
 Após enviar 1Coríntios, Paulo os visitou “em tristeza”, o motivando a escrever outra carta “com
muitas lágrimas” (2Co 2.1, 3 e 4)32.
o Essa carta entre 1 e 2Coríntios foi escrita em tom muito severo (2Co 7.8).
o Após essa carta escreveu 2Coríntios e os visitou.
o Portanto temos3 visitas de Paulo e 4 epístolas:
Carta Visita Carta
Fundação I II Última
Anterior penosa Severa
(At 18) Coríntios Coríntios visita
(1Co 5.9) (2Co 2.1) (2Co 7.8)

6 Temas
 Corinto tinha algumas complicações na tentativa de se separarem da sociedade pecadora33
o Era uma igreja problemática.
o Isso se deu porque permitiu que os pecados do mundo se infiltrassem na
congregação34
o Paulo denunciou seus pecados que quase anularam o seu direito de se intitular
cristã.
 Se não fossem os primeiros versículos do capítulo 1, o leitor pensaria: Será
que essa igreja é mesmo cristão?35
 Infelizmente, seus problemas não se limitavam ao âmbito da comunidade Cristã, mas
eram também do conhecimento dos incrédulos de fora da igreja36
o Era uma igreja depravada e um empecilho para o Evangelho.
o Tinham conhecimento, mas não amor; tinha carisma, mas não caráter. Era uma igreja
infantil e carnal37

31 MORRIS, op. cit.


32 Ibidem.
33 METZ, op. cit.
34 WIERSBE, op. cit.
35 LOPES, op. cit.
36 WIERSBE, op. cit.
37 LOPES, op. cit.
7

 Problemas da igreja38
o Divisões (cap. 1 e 6): estavam divididos em 4 grupos (Paulo, Apolo, Cefas e Cristo) e
alguns irmãos estavam confrontando-se nos tribunais.
o Oposição de alguns líderes a Paulo (cap. 4 e 9).
o Imoralidade (cap. 5 e 6).
o Erros de conduta (testemunho): viviam como ímpios, sem distinção.
o Profanação da Ceia do Senhor.
o Desordem no culto (dons espirituais).
o Heresias (cap. 15): negação da ressurreição.
 Dúvidas da igreja39
o Casamento (cap. 7): celibato, divórcio, novo casamento, sexualidade.
o Religiosidade e cultura (cap. 8): comidas sacrificadas a ídolos.
o Uso do véu na igreja (cap. 11).
o O sentido dos dons espirituais (cap. 12).
o Como coletar as ofertas de auxílio (cap. 16).
 Essa epístola não é só problema! Possui o mais belo texto sobre o amor de toda a literatura
(1Co 13)40

7 Importância
 Nela vemos conselhos e orientações acerca de questões importantes da fé e da conduta
cristã, mas também lança luz sobre problemas graves da igreja41 que surgiram devidos um
discernimento e uma aplicação insuficientes da Palavra de Deus.
 Provavelmente tem mais conselhos práticos para os cristãos de hoje do que qualquer livro
da Bíblia42
o Estudá-la é fazer um diagnóstico da igreja contemporânea. É colocar um grande
espelho diante de nós mesmos.
 Termos os mesmos propósitos da epístola
o Promover um espírito de unidade na igreja;
o Corrigir nossos erros na comunidade;

38 BÍBLIA, op. cit.


39 Ibidem.
40 MACDONALD, op. cit.
41 BÍBLIA, op. cit.
42 LOPES, op. cit.
8

o Esclarecermos nossas dúvidas a questões diversas;


o Tudo isso [a fim de vivermos] para a glória de Deus.
9

CAPÍTULO 11

(1-9: a igreja que Deus vê – nossa posição; 10-31: a igreja que o homem vê – nossa prática)2

1 Paulo introduz a carta seguindo o costume do séc. I (1-3)3: autor, destinatário e uma oração.
Porém, com um toque caracteristicamente cristão.
1.1 “Chamado”: foi chamado ao apostolado em sua conversão pelo próprio Cristo (At 9.15).
1.1.1 Paulo invoca várias vezes sua autoridade apostólica nesta carta4.
1.1.2 Cartas em que ele omitiu sua credencial apostólica: Filipenses, 1 e 2
Tessalonicenses e Filemon.
1.2 αποστολος (apostolo) é o termo grego para o hebraico shaliah (“enviar”)5.
1.2.1 No mundo antigo, a palavra tinha a ver com expedições marítimas, especialmente
as de natureza militar. Seu uso no NT representa uma pessoa enviada com
autoridade e poderes de representação6 (ex.: delegado, emissário ou
embaixador)7.
1.2.1.1 No NT é usado tanto em sentido amplo (missionários desbravadores)
como estrito (os Doze e Paulo)8.
1.2.1.2 Às vezes o título é usado para associados e assistentes dos apóstolos.
1.2.1.2.1 Apóstolos fora os Doze: Tiago, o irmão do Senhor (Gl 1.19);
Barnabé (At 14.4; 1Co 9.1-6); Andrônico e Júnias (Rm 16.7)9.
1.2.1.2.2 Fora os Doze e Paulo, todas as passagens onde algumas
outras pessoas são citadas como "apóstolos", são casos em
que o termo é usado no sentido mais amplo da palavra10.
1.2.1.3 Nesse verso o termo é estrito, referindo-se a autoridade que só pertencia
aos Doze (Lc 6.13) e a Paulo.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2 WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
3 MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4 Ibidem.
5 PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
6 MACARTHUR, J. 12 homens extraordinariamente comuns: como os apóstolos foram mudados para alcançar o sucesso

em sua missão. Thomas Nelson Brasil: Rio de Janeiro, 2016.


7 METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
8 PFEIFFER, op. cit.
9 Ibidem.
10 LOPES, A. N. Apóstolos: a verdade bíblica sobre o apostolado. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
10

1.2.2 Credenciais: os apóstolos foram testemunhas da ressurreição e receberam poder


para realizar milagres confirmando a natureza divina da mensagem11.
1.2.2.1 Ser testemunha da ressurreição (At 1.21-22).
1.2.2.2 Poderes sobrenaturais para realizar maravilhas e sinais (Mt 10.1; Mc
6.7, 13; Lc 9.1-2; At 5.12)12.
1.2.3 Quanto a substituição apostólica nesta função única (At 1.21-22)13.
1.2.3.1 A substituição ocorreu devido o número 12 ser significativo (At 1.23-26)14.
1.2.3.2 Representava o novo Israel, sendo a contraparte dos doze patriarcas da
nação. Os Doze seriam os líderes dessa nação espiritual (Mt 19.28; Lc
22.30)15.
1.2.4 O que é importante saber sobre os apóstolos: sempre serão a norma e
fundamento sobre o qual Cristo edifica a sua igreja (Ef 2.20; Ap 21.14).
1.2.4.1 Tiveram posição de liderança e autoridade exclusiva de ensino na
igreja. As Escrituras do NT foram inteiramente compiladas pelos apóstolos
ou por seus colaboradores próximos16.
1.3 “Pela vontade de Deus”: reafirma que seu chamado tem origem em Deus.
1.3.1 Paulo ensina que o ministério apostólico não é de caráter autonominal (em
oposição aos profetas/apóstolos de hoje)17.
1.3.2 Seu chamado veio da parte do Deus Trino: Jesus o chamou (At 9.15), o Espírito
confirmou ao separá-lo (At 13.2) e o próprio Deus Pai ordenou (Gl 1.1).
1.3.3 Ninguém de Corinto podia duvidar de sua apostolicidade (1Co 9.1-2).
1.4 “Irmão Sóstenes”: a ordem das palavras exclui Sóstenes do ofício apostólico.
1.4.1 Deve ser o mesmo de At 18.17.
1.4.2 Principal líder da sinagoga de Corinto, judeu de nascimento, que foi espancado no
tribunal de Gálio18.
1.4.2.1 O espancamento deve ter sido por defender Paulo ou se declarar cristão.
1.4.2.2 Estava com Paulo em Éfeso.
1.4.3 Pela sua citação seria alguém bem conhecido dos irmãos.

11 MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
12 MACARTHUR, op. cit.
13 PFEIFFER, op. cit.
14 MACARTHUR, op. cit.
15 LOPES, A. N. op. cit.
16 MACARTHUR, op. cit.
17 METZ, op. cit.
18 Ibidem.
11

2 “Igreja” (ekklēsia): termo que se refere a reuniões políticas ou agremiações (qualquer


assembleia secular19).
2.1 O termo literalmente significa “o povo chamado para fora”20.
2.1.1 Refere-se ao chamado feito aos cidadãos gregos para que saíssem de suas
casas a fim de assistirem assembleias públicas21.
2.1.2 Nunca foi usada com referência a um edifício22.
2.2 No séc. I os cristãos começaram a designar suas assembleias como ekklēsia,
distinguindo-se dos judeus, que usavam o termo synagogue para suas reuniões.
2.2.1 Também por ser o termo empregado na LXX para à assembleia de Israel23.
2.2.2 Portanto, no NT irá significar “a comunidade de remidos”24 ou “o povo tirado do
mundo e separado para Deus”25.
2.3 “De Deus”: a igreja pertence a Deus.
2.3.1 Porque Ele a comprou com o sangue de Seu Filho (At 20.28)26.
2.3.2 O destinatário é a igreja de Deus – Paulo abrange o conteúdo da carta para outras
igrejas (circulação de cartas)27.
2.4 “Em Corinto”: nenhum lugar é tão imoral que não possa ser gerado ali uma congregação28.
2.4.1 Toda igreja possui dois endereços: geográfico (Corinto) e celeste29.
2.5 “Santificados em Cristo Jesus”: é o Senhor Jesus que nos santifica (Ef 5.25-27).
2.5.1 Essa frase descreve a posição de todos que pertencem a Cristo30.
2.5.2 O termo expõe o fato dos cristãos serem separados para o serviço de Cristo31.
2.5.3 Aspecto posicional da salvação: toda pessoa que crê em Jesus é santa32.
2.5.3.1 É um ato Divino realizado pelo fato de estarmos em Cristo.
2.5.4 Para nós a palavra pode denotar caráter moral elevado, coisa que naturalmente
não está separado do termo33.

19 MORRIS, op. cit.


20 WIERSBE, op. cit.
21 DANTAS, L. M. Atos dos Apóstolos: o evangelho até os confins da terra. Picuí: OBPC, 2016. Disponível em:

<https://drive.google.com/open?id=0BxsiwXgwzSFQRGZhRUJCZHNta1U>. Acesso em: 2018.


22 Ibidem.
23 MORRIS, op. cit.
24 METZ, op. cit.
25 LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
26 Ibidem.
27 METZ, op. cit.
28 MACDONALD, op. cit.
29 LOPES, H. D. op. cit.
30 MACDONALD, op. cit.
31 MORRIS, op. cit.
32 LOPES, H. D. op. cit.
33 MORRIS, op. cit.
12

2.5.5 Somos separados para Deus e, consequentemente, separados do Pecado34.


2.6 “Chamados para serem santos”: o ato pelo qual Deus santifica os crentes inclui a
responsabilidade destes de serem santos.
2.6.1 Expressa à condição (processo) na qual estamos de separação prática diária do
pecado35.
2.6.2 Aspecto processual da santificação: quem está em Cristo é chamado para andar
com Ele (parecer-se com Ele)36.
2.6.2.1 Transformação progressiva até a glorificação.
2.7 O termo hagios (“αγιοις” – santos) denota essa separação para Deus e do pecado,
evidenciado em nossa vida pela santidade (pureza moral)37.
2.7.1 Santo não é alguém que morreu e que agora é venerado38.
2.7.1.1 A teologia católica define santa como a pessoa que depois de morta é
canonizada39.
2.7.1.2 Paulo escreve para santos vivos!
2.7.1.3 Todo cristão é um santo.
2.7.2 Deus vê a Igreja como um povo exclusivo seu.
2.8 Paulo, primeiro, afirma que os crentes de Corinto são santos, depois os instrui acerca
de seu compromisso com essa santidade para, depois, apontar os seus pecados e
faltas.
2.9 “Com todos”: refere-se à Igreja Universal.
2.10 “Invocam”: o que nos une como igreja universal é a pessoa do Senhor Jesus Cristo.
2.10.1 A igreja de Deus é maior que a nossa denominação40.
2.10.1.1 Pertencemos a uma família espalhada pelo mundo.
2.11 “Senhor Jesus Cristo”: título que aparece 5x nos 9 primeiros versículos, servindo de
lembrete para uma igreja dividida e com tendência a cultuar personalidades41.
2.11.1 Versículos: 2, 3, 7, 8 e 9.
2.11.2 Em todos os 9 versículos, Paulo cita o nome do Salvador (mostrando que Cristo é
absolutamente central)42.

34 METZ, op. cit.


35 MACDONALD, op. cit.
36 LOPES, H. D. op. cit.
37 METZ, op. cit.
38 WIERSBE, op. cit.
39 LOPES, H. D. op. cit.
40 Ibidem.
41 METZ, op. cit.
42 MORRIS, op. cit.
13

2.12 “Senhor deles e nosso”: quer que os coríntios saibam que pertencem a um corpo. Não é
uma igreja à parte (independente).
2.12.1 Agiam como que por uma lei particular/especial/diferente em questões de
conduta e doutrina43.
2.12.1.1 Igrejas podem diferir de costumes, política, etc., mas pertencem ao
mesmo corpo.
2.12.2 Jesus não é propriedade exclusiva de nenhuma igreja44.
3 Saudação usual de Paulo
3.1 Semelhantemente aparece nas cartas de Pedro e João.
3.2 Saudação: os gregos saudavam-se com a palavra “charis” (graça) e os judeus, com a
palavra “shalom” (paz).
3.2.1 Há uma diferença entre ”chairein” (saudação grega – “graça”) e “charis” (saudação
cristã) – charis nos lembra da livre dádiva de Deus aos homens45.
3.2.1.1 Pode ser definida também como “a santidade e a pureza de Deus
estendidas ao homem”. Sendo a disposição Divina de compartilhar a si
mesmo com pecadores indignos46.
3.2.2 “Shalom” significa mais do que “paz” (ausência de luta), mas a presença de
bênçãos (prosperidade espiritual)47.
3.2.2.1 Atua interiormente (destruindo a culpa do pecado) e exteriormente
(acabando com o poder do pecado sobre nós)48.
3.2.3 As duas expressões aparecem na literatura da igreja juntas e possui sentido
teológico.
3.2.3.1 “Graça” vem sempre antes, pois sem graça não pode haver “paz”.
3.2.3.2 Tornou-se a saudação típica da igreja e está presente em quase todas
as cartas49.
3.3 “Da parte de Deus”: a origem da graça e da paz.
3.4 “Nosso Pai”: todos os crentes são filhos de Deus por meio de Cristo.

4 Normalmente Paulo faz ação de graças no início das suas cartas50.

43 METZ, op. cit.


44 LOPES, H. D. op. cit.
45 MORRIS, op. cit.
46 METZ, op. cit.
47 MORRIS, op. cit.
48 METZ, op. cit.
49 MORRIS, op. cit.
14

4.1 Paulo sempre ora pelas igrejas que fundou e agradece a Deus por elas.
4.2 Como Paulo pode expressar gratidão pela igreja de Corinto? Ela lhe causou enormes
tristezas.
4.2.1 Esforça-se para encontrar um motivo de gratidão na vida de seus irmãos51.
4.2.2 Paulo agradece pela graça e fidelidade de Deus aos coríntios, na forma dos dons
espirituais – v.5-7 (não cita nenhuma virtude deles).
4.2.3 Deus vê a Igreja como um povo salvo.
5 “Pois”: exprime um “porque”, de explicação.
5.1 “Em tudo fostes enriquecidos”: Os Coríntios receberam riquezas espirituais no sentido de
toda a palavra e em todo o conhecimento.
5.1.1 “Enriquecidos”: (plutocrata) “pessoa influente e preponderante por seu dinheiro”52.
5.1.2 "Palavra": transmissão da verdade; "Conhecimento": apreensão da verdade53.
5.1.2.1 Uma refere-se à expressão exterior enquanto a outra à compreensão
interior54.
5.1.3 Eram ricos na palavra, no conhecimento e na capacitação dos dons55.
5.1.3.1 Tinham tudo para realizar a obra de Deus.
5.1.3.2 Tudo isso deveria motivá-los à santidade.
5.1.4 Deus vê a Igreja como um povo detentor de riquezas espirituais.
6 O "testemunho de Cristo": pode ser entendido como uma referência ao conteúdo do Evangelho.
6.1 É o testemunho dado por Paulo e seus companheiros (as boas novas do Evangelho) 56.
6.2 Deus Confirmou a mensagem do Evangelho nos crentes por meio da operação do
Espírito Santo.
6.2.1 “Confirmado”: “bebaioo” – “garantia da entrega de algo cujo penhor já foi pago”57.
6.2.2 Os efeitos da pregação eram a garantia da sua veracidade58.
6.2.3 Deus vê a Igreja como um povo confirmado pelo seu Espírito.
7 “Não vos falta”: não faltava nenhum dom por causa da pregação do evangelho.
7.1 "Dom": (“charisma”59) primeira vez que a palavra aparece na epístola.
7.1.1 Aqui é usada no sentido amplo dos dons espirituais60.
50 MORRIS, op. cit.
51 MACDONALD, op. cit.
52 WIERSBE, op. cit.
53 MORRIS, op. cit.
54 MACDONALD, op. cit.
55 LOPES, H. D. op. cit.
56 MORRIS, op. cit.
57 METZ, op. cit.
58 MORRIS, op. cit.
59 METZ, op. cit.
15

7.1.2 Contudo, os dons não eram sinal de espiritualidade autêntica61.


7.2 "Aguardais": expressa o genuíno desejo dos crentes pela restauração de todas as coisas
(Rm 8.19, 23, 25; Gl 5.5; Fp 3.20).
7.2.1 Essa expectativa é um estímulo a santidade62 e um enriquecimento espiritual
(2Pe 3.11-12; 1Jo 3.3)63.
7.3 "Revelação": (“apocalypsis” – descobrir, desvendar64) nesse dia Ele se revelará
plenamente (1Jo 3.2)65.
8 A locução "firmará" expressa uma promessa que será cumprida.
8.1 Os próprios dons do Espírito são uma segurança das coisas vindouras66.
8.2 "Para serdes irrepreensíveis": não está afirmando que os coríntios são irrepreensíveis
8.2.1 Ele olha para o futuro expressa sua certeza de que Deus os apresentará
irrepreensíveis no julgamento final.
8.3 “Dia de nosso Senhor Jesus Cristo”: no AT refere-se ao dia de juízo (Jl 3.14; Am 5.18-
20). No NT alude ao retorno de Cristo (Fp 1.6, 10; 2.16; 1Ts 5.2).
8.3.1 Inclui um julgamento em que tanto Deus como Cristo será juiz (Rm 14.10; 2Co
5.10).
8.3.2 Nesse dia seremos declarados irrepreensíveis (“inocente” ou “sem culpa”67 – Rm
8.33) pelo veredicto divino.
8.4 Bom é saber que nossa vida está nas mãos de Cristo!68
8.4.1 E das suas mãos ninguém pode nos tirar! (Jo 10.28).
9 "Fiel é Deus": Deus é fiel no cumprimento de suas promessas (quanto à promessa do versículo
precedente).
9.1 Podemos confiar, pois o que está em jogo é o caráter de Deus69.
9.2 O homem tende a duvidar, por isso somos lembrados aqui70.
9.3 "Chamados": só os que foram chamados à comunhão do Filho tem experiência da
fidelidade do Pai.
9.3.1 “Comunhão”: (“koinonia”) comunhão que inclui compartilhamento71.

60 MORRIS, op. cit.


61 MACDONALD, op. cit.
62 LOPES, H. D. op. cit.
63 METZ, op. cit.
64 Ibidem.
65 MORRIS, op. cit.
66 Ibidem.
67 Ibidem.
68 LOPES, H. D. op. cit.
69 MORRIS, op. cit
70 METZ, op. cit.
16

9.3.2 A proclamação do Evangelho, aceita com fé verdadeira, conduz a comunhão com


Pai e o Filho (1Jo 1.3).
9.4 Como Deus vê a Igreja em Corinto? 72
9.4.1 Os coríntios foram salvos (1.4), enriquecidos (1.5) e confirmados (1.6). Foram
separados para Deus (1.2).
9.4.2 Mas sua prática não condizia com sua posição.

10 Paulo conclui o verso 9 como uma preparação para tratar das divisões na igreja.
10.1 Diante do que Cristo disse as divisões são algo perigoso para a espiritualidade da
igreja (Mt 12.25; Mc 3.24-25; Lc 11.17).
10.2 “Irmãos”: a sua exortação tem caráter pastoral, mostrando querer boas relações.
10.3 “Rogo-vos”: Paulo faz um apelo73.
10.3.1 “Senhor Jesus Cristo”: este nome firma-se contra todos os nomes de partidos.
10.3.1.1 Os coríntios exaltavam nome de homens, Paulo exalta o nome de Jesus,
única fonte de unidade do povo de Deus74.
10.4 “Entreis em acordo”: Paulo não está pedindo uniformidade de opinião, mas uma atitude
de empenho por harmonia e paz.
10.4.1 É uma expressão estritamente clássica: relaciona-se com estados que mantêm
relações políticas amistosas75.
10.5 “Não haja divisões”: pode haver discussões, mas não pode haver divisões (rivalidade).
10.6 “Unidos”: katartizim = tornar-se aquilo que Deus quer que seja (perfeito).
10.6.1 Termo empregado em restauração à condição correta76.
10.6.1.1 A igreja estava longe daquilo que deveria ser.
10.6.2 Ou seja, semelhantes a Cristo no mesmo...
10.7 “Pensamento”: relaciona-se ao poder de observação.
10.7.1 Disposição mental, ou inclinamento77. Um entendimento correto78.
10.8 “Parecer”: julgamento ou opinião.
11 “Família de Cloe”: possivelmente residia em Corinto (o texto pressupõe ser conhecida da igreja).

71 METZ, op. cit.


72 WIERSBE, op. cit.
73 MORRIS, op. cit.
74
MACDONALD, op. cit.
75 MORRIS, op. cit.
76 Ibidem.
77 Ibidem.
78
METZ, op. cit.
17

11.1 A referência indica que este relatório não era constituído de rumores infundados, e que
essa mulher possuía bom caráter e boa posição79.
11.2 Princípio importante da conduta cristã: só devemos passar notícias de irmãos se
estivermos dispostos a ter nosso nome associado a tais informações80.
11.2.1 Não esconderam o problema, procuraram a pessoa certa, sem ter medo de ser
mencionados81.
11.2.2 A transparência neutraliza a maledicência na igreja82.
11.3 “Há discórdias”: ainda não estavam divididos permanentemente, mas contribuíam para um
sectarismo.
11.3.1 Em Gl 5.20 isso é elencado como “obras da carne” (porfias/rivalidades)83.
11.3.1.1 O termo eris ("discórdias") significa "discussões amargas"84.
11.3.1.2 Contendas apontam-nos brigas.
11.3.2 Contendas indicam falta de amor e é uma quebra do mandamento de Deus.
12 “O que quero dizer”: Paulo mostra estar plenamente informado sobre as contendas em Corinto.
12.1 Os irmãos criaram grupos dentro da igreja e os relacionados a pessoas específicas.
12.1.1 A base dos partidos foram os métodos de pregação85.
12.2 Sem dúvida havia irmãos que não se incluíam em nenhum dos partidos.
12.3 “Eu sou de...”: ele cita uma lista ascendente de importância.
12.3.1 De Paulo (o menor) a Cristo (o maior).
12.3.2 Paulo entende que nenhum dos citados aceitava essas facções.
12.3.3 O termo significa “eu sou discípulo de...”, “eu digo o caminho de...”86.
12.4 “Eu sou de Paulo”: provavelmente gentios convertidos que abusavam da liberdade 87.
12.5 "Eu sou de Apolo": era de Alexandria (centro Acadêmico da época), possuía
conhecimento magistral das Escrituras (embora precisasse aprender com mais exatidão
o caminho da salvação - At 18.24-26).
12.5.1 Sucedeu Paulo em Corinto.
12.5.2 Foi um orador eloquente (At 18.24-25, 28).

79
METZ, op. cit.
80
MACDONALD, op. cit.
81
WIERSBE, op. cit.
82
LOPES, H. D. op. cit.
83 MORRIS, op. cit.
84
METZ, op. cit.
85 MORRIS, op. cit.
86 Ibidem.
87
LOPES, H. D. op. cit.
18

12.5.3 Algumas pessoas da igreja impressionaram se com sua oratória, especialmente por
considerarem Paulo de fraca apresentação oral e sem eloquência (1Co 2.1;
2Co 10.10; 11.6).
12.5.3.1 Era mais esmerado e mais retórico do que Paulo88.
12.5.3.2 Pode ter tido formação intelectual que, acrescida de sua habilidade
oratória, teria feito dele um pregador que a traía muitas pessoas89.
12.6 "Eu sou de Cefas": supõe-se que Pedro esteve pessoalmente em Corinto (Paulo o
menciona acompanhado por sua esposa nas viagens).
12.6.1 "Cefas": nome aramaico de Pedro.
12.6.2 Era conhecido como cabeça da igreja e porta-voz dos apóstolos, altamente
respeitado.
12.6.3 Sua pregação deveria ter uma ênfase diferente da de Paulo (acomodada à lei
judaica)90.
12.6.4 Seu grupo deveria ser constituído de judeus convertidos ou gentios legalistas91.
12.7 "Eu sou de Cristo": dizem ser uma intervenção do autor, mas o grego indica um 4º
partido92.
12.7.1 Diziam pertencer a Cristo e a nenhum líder humano.
12.7.2 Podiam estar sugerindo que somente eles pertenciam ao Senhor93.
12.7.3 Achavam-se os iluminados, os espirituais, com quem Deus falava diretamente94.
12.8 A igreja estava sendo influenciada pelo mundanismo (culto à personalidade)95.
12.8.1 Quando iam à praça e ouviam um filósofo, diziam: “eu sou de fulano de tal”.
12.8.2 Foram influenciados pela tietagem.
13 Paulo faz 3 perguntas retóricas de resposta negativa.
13.1 “Cristo está dividido?”: significa: “Cristo foi dado em partilha?”, isto é, a uma parte e
outra não?96
13.1.1 Referindo-se a pregação. Paulo, Apolo e Cefas pregavam o mesmo Cristo97.
13.1.2 Há apenas uma Salvador e Evangelho (Gl 1.6-9)98.

88 MORRIS, op. cit.


89
METZ, op. cit.
90 MORRIS, op. cit.
91
METZ, op. cit.
92 MORRIS, op. cit.
93
MACDONALD, op. cit.
94
LOPES, H. D. op. cit.
95
Ibidem.
96 MORRIS, op. cit.
97
WIERSBE, op. cit.
98
LOPES, H. D. op. cit.
19

13.2 "Foi Paulo crucificado em vosso favor?": Alguns poderiam ter estima pelo fundador da
igreja, mas deviam reconhecer que não pertenciam a homem algum a não ser Cristo.
13.2.1 Dizendo isso estavam desonrando a Cristo.
13.2.2 A natureza humana gosta de seguir líderes humanos99.
13.2.3 Nunca se deve colocar um homem na posição em que ele não pode estar100.
13.3 "Fostes batizados": o batismo ou fé constituem o ato de pertencer a Deus ou ao Filho de
Deus.
13.3.1 Por causa do sinal e do selo do batismo, eram chamados cristãos.
13.3.2 Significa identificação plena com a pessoa em cujo nome é batizado. Devido o
batismo deles na morte de Cristo (Rm 6.3), pertenciam a Jesus e viviam uma nova
vida.
14 Deve ter delegado a outros a tarefa de batizar os convertidos.
14.1 Agora considera isso providencial101 diante do surgimento desses partidos102.
14.1.1 Crispo, Gaio e Estéfanas foram exceções em seu ministério.
14.2 "Crispo": foi um dirigente da Sinagoga em Corinto que creio em Jesus junto com os
membros de sua casa (At 18.8).
14.2.1 Quando deixou a sinagoga Sóstenes o sucedeu (At 18.17).
14.3 "Gaio": esse nome ocorre 5x no NT (At 19.29; 20.4; Rm 16.23; 1Co 1.14; 3Jo 1).
14.3.1 No inverno, em Corinto, Paulo hospedou-se em sua casa quando escreveu a
carta aos romanos (Rm 16.23).
15 "Para que ninguém diga": Paulo não batizava os que criam para não atribuírem importância
ao seu nome.
15.1 Isso evitaria a tentativa de ligar pessoalmente a ele os conversos103.
15.1.1 “Nome”: na antiguidade significa a suma do homem integral. Tal batismo
implicaria em comunhão e fidelidade semelhantes à de Cristo e os remidos104.
16 Paulo parece ter tido um lapso de memória. Se esquece de citar Estéfanas e sua família.
16.1 É um toque natural em uma carta ditada105.
16.2 Primeiros crentes da província da Acaia e trabalhadores ardorosos na igreja (1Co
16.15).

99
WIERSBE, op. cit.
100
LOPES, H. D. op. cit.
101 MORRIS, op. cit.
102
MACDONALD, op. cit.
103 MORRIS, op. cit.
104 Ibidem.
105 Ibidem.
20

16.3 Pode ter sido o amanuense que escreveu a carta para Paulo e o lembrou do fato.
17 Agora ele explica porque não se interessou em batizar os convertidos.
17.1 "Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar": Gl 1.15-16.
17.1.1 Apóstolos seguiam o exemplo que Jesus deixou (Jo 4.1-2).
17.1.1.1 Deixavam a outros a tarefa de batizar.
17.1.1.2 Pedro fez assim (At 10.48).
17.1.1.3 A essência da comissão não era administrar ritos. Pregar era a função
principal dos apóstolos (Mc 3.14)106.
17.2 Esse texto refuta a ideia de que o batismo é critério para salvação107.
17.3 "Não por sabedoria de palavras": descreve o método de um orador grego discursar
com eloquência.
17.3.1 A primeira vista parece que Paulo faz uma defesa ao antiintelectualismo. Na
verdade tenta mostrar que a verdadeira sabedoria é revelada na cruz de Cristo e
através dela108.
17.3.2 A retórica grega dos oradores consistia na apresentação de argumentos
filosóficos para defender um ponto de vista.
17.3.3 Os gregos admiravam a retórica109 e os estudos filosóficos110.
17.3.4 Consideravam seus filósofos heróis nacionais111.
17.3.5 Paulo proclama a mensagem da cruz em termos simples (1Co 2.1; 2Co 10.10;
11.6).
17.3.5.1 Não usou ornamento oratório estranho e nenhuma pretensão de exibição
intelectual. Estava ciente de que qualquer outra mensagem tornaria o
Evangelho vazio e inoperante112.
17.4 "Para não esvaziar o significado da cruz": a técnica de retórica e eloquência levaria a
mensagem da cruz a ser esvaziada de seu poder e glória.
17.4.1 Esse tipo de pregação atrairia os homens para o pregador em oposição à
pregação da cruz que resulta parar a confiança humana e firmar-se na ação
Divina113.
17.4.1.1 A retórica levaria os homens a confiarem nos homens.

106 MORRIS, op. cit.


107
MACDONALD, op. cit.
108
METZ, op. cit.
109 Arte de bem argumentar; arte da palavra (Google Dicionário).
110 MORRIS, op. cit.
111
MACDONALD, op. cit.
112
METZ, op. cit.
113 MORRIS, op. cit.
21

18 "Palavra da Cruz": faz o posto a "sabedoria de palavras" (v17). É a mensagem que aponta para
Cristo e sua morte (pregação114).
18.1 Há um contrate com a sabedoria de palavras115 que é contrária à mensagem da cruz.
18.2 "É insensatez para os que estão perecendo": para os gentios a morte de Cristo numa
cruz classificava-o como criminoso ou escravo degenerado.
18.2.1 Por isso essa mensagem é absurda para os gentios (v. 23).
18.2.2 O Evangelho não os agrada. Eles não enxergam nada nela, senão loucura. São
cegos116.
18.3 O efeito da rejeição da mensagem pregada é condenação irrevogável (2Ts 2.10).
18.3.1 Eles não estão a ponto de perecer, mas estão perecendo realmente.
18.3.2 Todos terão que cair, ou na classe dos salvos, ou na dos perdidos117.
18.4 "É o poder de Deus": essa linguagem lembra Rm 1.16.
18.4.1 O Evangelho não fala do poder de Deus. Ele é o poder de Deus118.
18.4.2 A Palavra da Cruz é poder para ressuscitar o pecador da morte espiritual e dá-lo
novidade de vida (redenção).
18.4.3 Pensaram que ele proclamava uma tolice relacionando o poder de Deus à
fraqueza da cruz.
19 Citação de Is 29.14b (ligeira variação da versão LXX).
19.1 Desde os tempos antigos o método de Deus contrasta com a sabedoria humana119.
19.1.1 Os homens sempre acham que seu método é o certo (Pv 14.12; 16.25).
19.1.2 Sabedoria e inteligência é a mesma coisa (regra de poesia hebraica).
19.2 A sabedoria terrena é não-espiritual e do diabo (Tg 3.15).
19.3 Deus não depende de nossa sabedoria, pelo contrário, somos instigados a rogá-lo pela
sua sabedoria (Tg 1.5).
19.4 Paulo ilustra esse contraste de 2 formas.
19.4.1 A 1ª ilustração refere-se a uma aliança política com o Egito que foi considerada
uma obra prima de sabedoria e diplomacia (quando foram ameaçados por
Senaqueribe120). Mas aos olhos de Deus foi rebelião. Deus mostrou que concederia

114 MORRIS, op. cit.


115 Ibidem.
116 Ibidem.
117 Ibidem.
118 Ibidem.
119 Ibidem.
120
MACDONALD, op. cit.
22

libertação através de seu próprio braço (derrotando Senaqueribe) e não com os


hábeis políticos que dirigiam o reino121.
20 As duas primeiras perguntas são citações do profeta Isaías (Is 19.12a; 33.18b).
20.1 A intenção de Paulo é mostra que nenhuma sabedoria humana serve diante de Deus122.
20.1.1 A 2ª ilustração refere-se aos conquistadores assírios que esmagaram judeus
que levaram as recompensas da conquista123.
20.2 "Onde está o sábio?": a sabedoria desaparece quando os mestres que se opõem a Deus
proclamam sabedoria humana.
20.2.1 A tentativa deles de frustrar a obra de Deus é fútil (1Co 3.19).
20.3 “Onde está o instruído”: refere-se ao escriba, especialista nas Escrituras do AT.
20.3.1 Recusavam-se a aceitar a mensagem da cruz como o cumprimento das doutrinas.
20.4 "Questionador desta era?": Aplica-se aos filósofos.
20.4.1 “Era” = aiōn (“mundo” passageiro). Assim como esse mundo, essa sabedoria
passará124.
20.5 "Deus não tornou absurda a lógica deste mundo?": Deus tornou louca a sabedoria
mundana daqueles que rejeitam a mensagem da cruz de Cristo.
20.5.1 Nem o sábio, nem o instruído e nem o questionador conseguiram conhecer a Deus
com sua própria sabedoria125.
20.6 A rejeição aqui consiste em tudo que repousa em uma sabedoria meramente
humana126.
21 O verso apresenta dois casos de confiança.
21.1 O mundo confia na sabedoria humana, e os crentes na loucura da pregação.
21.2 Deus aprouve salvar os homens por meio da cruz, e por nenhum outro meio127.
21.2.1 Os homens não são salvos exercendo sabedoria, mas fé128.
22 Paulo apresenta o mundo dividido em dois grupos: os judeus e os gregos.
22.1 "Os judeus pedem sinais": repetidamente pediram sinais a Jesus que não se submeteu a
eles.

121
METZ, op. cit.
122 MORRIS, op. cit.
123
METZ, op. cit.
124 MORRIS, op. cit.
125
WIERSBE, op. cit.
126 MORRIS, op. cit.
127 Ibidem.
128 Ibidem.
23

22.1.1 Sempre desprezaram o pensamento especulativo, interessavam-se no que era


prático. Pensavam em Deus manifestando-se com sinais e poderosas
maravilhas129.
22.1.1.1 Exigiam as credenciais do Messias (Mt 12.38-39; 16.1, 4; Mc 8.11-12; Jo
4.48; 6.30).
22.1.1.2 Um Messias crucificado era uma contradição.
22.2 "Gregos buscam sabedoria": os gregos possuíam mentes inquisitivas buscando razões
para a existência no mundo.
22.2.1 Embebiam-se em filosofia especulativa (raciocínio abstrato – “achismo”)130.
22.2.1.1 Eram orgulhosos em seus sofismas131 e não achavam lugar para o
Evangelho.
22.2.1.2 Interessavam-se pela lógica132.
22.3 O homem exige que Deus se revele em harmonia com as suas ideias particulares133.
23 Para um judeu, Deus amaldiçoava eternamente uma pessoa crucificada.
23.1 Uma simples referência a tal pessoa era uma ofensa a um judeu de sensibilidade religiosa
(Dt 21.23; Gl 3.13; 5.11).
23.1.1 Identificar um crucificado como o Cristo era o extremo da insensibilidade religiosa.
23.2 "Loucura para os gentios": o crucificado para os romanos eram escravos criminoso. Seria
ridículo considerar um crucificado como Senhor e Salvador da humanidade.
23.2.1 O termo é usado para todos os povos não judeus134.
23.3 “Cristo crucificado”: Paulo não agrada nem judeus nem gentios135.
23.4 Isso mostra que Deus não se reduz ao conceito do homem. A essência do Evangelho é o
anúncio de uma mensagem de Deus, não a acomodação de Deus à sabedoria do
homem136.
24 Somente os chamados por Deus são capazes de crer na mensagem da cruz e aceitá-la sem
reservas.
24.1 "Poder de Deus": Paulo faz relação à obra da redenção (v. 18; Rm 1.4, 16).
24.2 Essa palavra é uma resposta aos pedidos de um sinal pelos judeus e sabedoria pelos
gentios (v. 22).

129 MORRIS, op. cit.


130 Ibidem.
131 Argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade (Google Dicionário).
132
MACDONALD, op. cit.
133
METZ, op. cit.
134
MORRIS, op. cit.
135
MACDONALD, op. cit.
136
METZ, op. cit.
24

24.2.1 O que judeus e gentios buscavam pode ser encontrado no Senhor Jesus137.
25 O que os homens consideram absurdo é mais lógico que eles138.
25.1 O Messias crucificado para eles é símbolo de fraqueza, mas isso é mais forte que
qualquer coisa que o homem possa produzir.
26 A igreja de Corinto consistia de pessoas simples e de poucos que alcançaram proeminência
educacional, financeira e social.
26.1 Proeminentes: Estéfanas (v. 16; 16.17), Sóstenes e Crispo (vs. 1, 14) – chefes da
sinagoga, Gaio (v. 14; Rm 16.23) e Erasto (Rm 16.23) – tesoureiro da cidade.
26.2 Os convida a refletirem no tipo de pessoa que de fato Deus escolheu139.
26.2.1 “Vosso chamado”: chamamento divino (salvação).
26.2.2 “Chamados muitos”: isso não quer dizer que Deus não salve ninguém dessas
classes. Implica que havia poucos.
27 "Escolheu": ensina a doutrina da soberania de Deus.
27.1 Em sua soberania Ele escolheu as coisas fracas para envergonhar as fortes (Mt 5.5; 20.16;
Lc 14.16-24).
27.1.1 Todos os termos inferiores (v. 27-28) fazem alusão aos cristãos140.
27.2 O propósito de Deus são 3 coisas: envergonhar os sábios, envergonhar os fortes e anular
coisas que aos olhos do homem são importantes.
28 Deus inverte os padrões do mundo.
28.1 “Ele escolheu... as que são nada”: a atividade de Deus nos homens é criadora141.
28.1.1 Quanto mais rudimentar a matéria-prima, maior a honra do Mestre142.
28.2 "Reduzir a nada": (katargeō) “anular”, remove completamente, tornar inútil.
29 Deus faz tudo isso com o propósito de retirar dos homens toda ocasião para jactância143.
29.1 Deus vai às coisas mais humildes e as exalta. Ninguém pode atribuir crédito a si mesmo.
29.2 Gloriar-se na presença de Deus ≠ gloriar-se em Deus.
29.3 Os coríntios vangloriavam-se livremente de suas realizações e posses (1Co 4.6; 5.2144).
29.4 Frequentemente Paulo censura-os pelo pecado da vanglória.
29.4.1 Paulo os ensina a louvar ao Senhor em tudo que fazem (10.31).

137
MACDONALD, op. cit.
138
MORRIS, op. cit.
139
Ibidem.
140
METZ, op. cit.
141
MORRIS, op. cit.
142
MACDONALD, op. cit.
143
MORRIS, op. cit.
144
LOPES, H. D. op. cit.
25

30 Estar em Cristo é um privilégio e ao mesmo tempo uma obrigação de viver uma vida
dedicada a ele.
30.1 O texto indica que a palavra sabedoria deve ser explicada pelos outros três substantivos.
Ela se mantém por si mesma com os outros três ligados a ela a título de definição
30.2 Mediante nossa união com Cristo possuímos: sabedoria espiritual para conhecer a Deus
(v. 21; Cl 2.3) e tomamos posse de sua obra para nossa salvação.
30.2.1 Em Cristo somos: justificados (Rm 10.4; 2Co 5.21; Fp 3.9), santificados (Jo 17.19;
1Co 1.2) e redimidos (Rm 3.24)145.
30.3 “Redenção”: termo usado em relação à libertação de escravos através do pagamento de
um resgate146.
31 Citação de Jr 9.23-24 (repetida em 2Co 10.17147).
31.1 Usa essa passagem resumida para ensiná-los a conhecerem a Deus pessoalmente em
Cristo e gloriar-se nele.
31.2 Todo orgulho deve estar naquilo que Cristo fez, e não nas coisas insignificantes que
nós, na melhor das hipóteses, podemos fazer148.
31.3 Sabermos que somos devedores do Senhor nos impede de glorificar a nós mesmos e a
outros149.
31.4 Como é a igreja que o homem vê?
31.4.1 Friedrich Wilhelm Nietzsche falou: os cristãos são favoráveis ao sofrimento,
desprezam as riquezas e a sabedoria, além de preferir o fraco ao forte. Para ele,
Deus estava morto e Jesus era um insensato.
31.4.2 Deus escolheu as coisas loucas e fracas do mundo para envergonhar os padrões
deste século. O que o mundo valoriza os faz experimentar uma falência moral e
uma violência física numa sociedade decadente. Enquanto isso as coisas
loucas e fracas que Deus escolhe promovem sua igreja e seu reino.

145
MORRIS, op. cit.
146
METZ, op. cit.
147
WIERSBE, op. cit.
148
MORRIS, op. cit.
149
METZ, op. cit.
26

CAPÍTULO 21

Em Corinto, como hoje, o Evangelho estava misturado com o pragmatismo. Faziam de tudo para
agradar a freguesia. Para corrigir esse problema Paulo expõe os fundamentos básicos do
Evangelho2.

(1-5: a obra de Cristo na cruz; 6-9: o plano de Deus Pai; 10-16: a ação do Espirito Santo)

1 “Quando fui até vós”: Paulo fala da sua primeira visita à Corinto (At 18).
1.1 “Mistério”: (“μαρτυριον” – “marturion”; “testemunho”) refere-se ao Evangelho. O
testemunho de Deus revelado em Cristo (cf. 1Co 1.6).
1.1.1 No NT a pregação é considerada como o ato de dar testemunho de dados atos3.
1.2 “Não fui com linguagem...”: seus debates em Atenas foram infrutíferos, o que o fez mudar
de estratégia. Apresentou o Evangelho de forma simples, modo incomum em um
ambiente helenista.
1.3 “Linguagem pomposa nem de sabedoria”: Paulo mostra em suas epístolas que possui
tanto eloquência como sabedoria. Ele não deseja mostrar suas habilidades, mas a cruz
de Cristo.
1.3.1 Simplicidade não significa superficialidade, ou ausência de estudo árduo e
preparação cuidadosa. Significa linguagem clara, direta e compreensível4.
1.3.2 Os que ministram a Palavra devem se preparar e usar todos os dons que Deus lhes
deu – mas não devem se fiar em si mesmos (2Co 3.5)5.
1.3.2.1 Os filósofos e mestres itinerantes dependiam de sua sabedoria e
eloquência para granjear seguidores. Paulo era um embaixador, não um
vendedor do Evangelho.
1.4 Reconhecia a diferença entre o ministério apelativo e o ministério espiritual6.
1.4.1 Apelativo: entretém ou atrai as emoções.
1.4.2 Espiritual: apresenta a verdade, glorifica a Cristo e fala à consciência e coração.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2
LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
3
MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4
METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
5
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
6
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
27

2 Paulo escolheu não demonstrar sabedoria em sua pregação a não ser sabedoria acerca de
Jesus Cristo7.
2.1 “E este, crucificado”: excluiu os elementos humanos e focou o que era mais criticado
pelos judeus e gregos (1Co 1.23)8.
2.2 Muitos pregadores engrandecem de tal modo a si mesmo e a seus dons que deixam de
revelar a glória de Cristo9.
2.3 O conteúdo do Evangelho é: “Jesus Cristo (se refere a sua Pessoa), e este, crucificado”
(se refere a sua obra)10.
3 “Em fraqueza, em temor e em grande tremor”: pode referir-se a hostilidade recebida em
Corinto, tendo que ser encorajado pelo Senhor (At 18.9-10).
3.1 Também tinha muito para desanimar-se pouco antes de ir para Corinto (Atenas)11.
3.2 O seu temor, provavelmente, era temor em face da tarefa a ele confiada. Um angustiado
desejo de cumprir o seu dever12.
3.2.1 “Grande tremor”: (“τρομω” – “tromos”; “estremecer de medo”) descreve alguém
que desconfia plenamente de suas habilidades, mas faz o melhor para cumprir
o seu dever13.
3.2.2 Não estava relutante a ir à Corinto, nem com vergonha do Evangelho14.
3.2.3 Aos olhos dos coríntios, Paulo era sem força, sem recurso e sem privilégios (2Co
10.10).
3.3 Em sua fraqueza, foi fortalecido por Deus (v. 4).
4 Repete o que falou no v. 1 e adiciona o que foi sua linguagem e pregação.
4.1 “Minha linguagem e pregação”: um salienta o modo que pregava e outro o conteúdo da
mensagem15.
4.2 “Palavras persuasivas de sabedoria”: os métodos da sabedoria humana (retórica da
época).
4.2.1 A arte espúria (não genuína) de persuadir sem instruir era considerada em
elevada estima em Corinto16.

7
MORRIS, op. cit.
8
METZ, op. cit.
9
WIERSBE, op. cit.
10
MACDONALD, op. cit.
11
MORRIS, op. cit.
12
Ibidem.
13
STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
14
METZ, op. cit.
15
MORRIS, op. cit.
16
METZ, op. cit.
28

4.2.2 Com os padrões da época, o apóstolo provavelmente não venceria uma competição
de retórica dessa maneira17.
4.3 Descreve o poder espiritual disponível aos que pregam a Palavra.
4.3.1 “Demonstração” (“αποδειξει” – “apodeixis”18): termo jurídico que indica um
testemunho (prova) incapaz de refutação.
4.3.2 “Poder do Espírito”: (“δυναμεως” – “dunamis”; “poder”) tudo que realizamos é
obra do Espírito.
4.3.2.1 Dunamis: pode significar “habilidade” (2Co 8.3); “força” (Ef 3.16); “poder
para realizar milagres” (Rm 15.19); “o poder que ressuscitou Jesus” (Ef
1.19-20; Fp 3.10); “o poder evangelho” (Rm 1.16; 1Co 1.18, 24); “o poder
do Espírito em Cristo” (Lc 4.14); e “o poder enviado no Pentecostes” (At
1.8)19.
4.3.2.2 Convencimento de pecado para conversão dos coríntios20.
4.3.2.3 Vidas transformadas são verdadeiros milagres dos céus21.
4.3.3 Os próprios defeitos do apóstolo demonstram o poder do Espírito22.
4.3.3.1 Os versos 4 e 5 mostram como Paulo é um exemplo de 2Co 4.723.
4.3.4 Uma obra espiritual deve ser feita por meios espirituais. Então, ele
simplesmente pregou o Evangelho24.
4.3.5 As vidas transformadas, para o apóstolo, eram prova suficiente de que sua
mensagem era de Deus (1Co 6.9-11)25.
4.4 Paulo não está contra o uso da oratória, mas da oratória sem a unção do Espírito ou para
autoexaltação26.
4.4.1 Paulo era capaz de apresentar o evangelho persuasivamente (At 26.27-28).
4.4.2 Paulo não é contra o preparo para pregar, mas enfatiza sobre quem devem estar
os holofotes.
4.4.3 Pregadores não podem cometer o grave erro de enfatizar mais a forma do que o
conteúdo.

17
MACDONALD, op. cit.
18
MORRIS, op. cit.
19
PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
20
MACDONALD, op. cit.
21
LOPES, op. cit.
22
MORRIS, op. cit.
23
MACDONALD, op. cit.
24
METZ, op. cit.
25
WIERSBE, op. cit.
26
LOPES, op. cit.
29

5 Explica porque rejeita a persuasão.


5.1 Para que a fé apoie-se no poder de Deus (Cristo ou o Evangelho – 1Co 1.18, 24).
5.2 Uma fé baseada apenas em discursos comoventes pode ser removida pelo mesmo tipo
de mensagem de outra pessoa27.
5.2.1 A eficácia do evangelismo não depende de nossos argumentos nem de
expediente persuasivos, mas do poder de Deus operando em nossa vida e por
meio da palavra que compartilhamos28.
5.3 O homem tende a se interessar por personalidades. Evangelistas e mestres devem ter
isso sempre em mente29.

6 “Falamos”: o plural liga o ensino de Paulo ao de outros mestres cristãos, sugerindo que não
havia divisão entre eles30.
6.1 “Maduros”: os escritores do NT não demonstram qualquer evidência em uma distinção
entre cristãos (maduro e imaturo).
6.1.1 "Teleios": (“τελειοις”) “perfeito”, “adulto”. Dá a entender “aquilo que obedece a um
padrão ou modelo”31.
6.1.1.1 Denota um estado de homem maduro em oposição à criança32.
6.1.2 A sabedoria de Deus não é para as massas nem para cristãos imaturos (crianças
na fé). É reservada a cristãos maduros33.
6.1.2.1 O Cristão imaturo seria o "homem carnal" (1Co 3.1-4) que é infantil e
não se alimenta da Palavra nem se desenvolve.
6.1.2.2 Ele distingue maduros de descrentes.
6.2 Somos todos exortados a avançar para a maturidade (Hb 6.1).
6.2.1 Entre o povo de Deus reconhecemos níveis de desenvolvimento, pois ninguém
alcançou a perfeição (Fp 3.12-16).
6.3 “Sabedoria desta era”: igual à sabedoria do mundo (1Co 1.20).
6.4 “Seus governantes”: alguns interpretam como poderes demoníacos, mas esta
interpretação encontra dificuldade no v. 8.
6.4.1 Líderes judeus e romanos.
27
METZ, op. cit.
28
WIERSBE, op. cit.
29
MACDONALD, op. cit.
30
MORRIS, op. cit.
31
PFEIFFER, op. cit.
32
METZ, op. cit.
33
WIERSBE, op. cit.
30

6.5 “Estão sendo reduzidos a nada”: o conhecimento do homem não é eterno34.


6.5.1 Assim como eles, sua sabedoria humana é perecível35.
7 Paulo passa a diferenciar a Sabedoria de Deus da Sabedoria do Mundo.
7.1 "Mistério": a sabedoria de Deus é misteriosa para o descrente.
7.1.1 "Mustērion": (“μυστηριω”) "mistério". Não tem caráter misterioso do sentido que
damos à palavra hoje. Significa um segredo que o homem é totalmente incapaz
de penetrar36.
7.1.2 Aqui se refere ao Evangelho (cf. Rm 16.25-26; 1Co 4.1; Ef 1.9-10)37.
7.1.3 “Esteve oculto”: foi revelada aos crentes por meio da pregação do Evangelho
(1Pe 1.10-12).
7.2 “Preordenou antes dos séculos”: a sabedoria de Deus é eterna.
7.2.1 O evangelho não é o plano B de Deus38.
7.2.2 Pela sua sabedoria predestinou esta salvação para nossa glória (Rm 9.23).
7.3 “Para nossa glória”: ela nos conduz à salvação e glória (Fp 3.21).
7.3.1 O propósito para Deus se revelar a nós: glorificar os remidos, a Igreja39.
7.3.2 Um dia participaremos (ou compartilharemos40) da própria glória de Deus (Ef
1.6, 12, 14; Jo 17.22; Rm 8.28-30)41.
8 O fato dos “governantes dessa era” não o conhecerem é demonstrado por eles terem
crucificado o Senhor da Glória (Lc 23.34)42.
8.1 “Nenhum... compreendeu”: o evangelho de Deus não foi conhecido por nenhum outro
meio que a revelação.
9 Is 64.4 parafraseado.
9.1 O contexto da profecia é relacionado a Israel no cativeiro. A nação estava na Babilônia
devido o seu pecado. O povo clamou a Deus, pedindo que descesse para livrá-los. Após 70
anos Deus respondeu: Deus tinha planos para seu povo e ninguém precisava a temer 43.

34
METZ, op. cit.
35
MACDONALD, op. cit.
36
MORRIS, op. cit.
37
PFEIFFER, op. cit.
38
LOPES, op. cit.
39
Ibidem.
40
PFEIFFER, op. cit.
41
WIERSBE, op. cit.
42
MORRIS, op. cit.
43
WIERSBE, op. cit.
31

9.1.1 A profecia se trata de verdades maravilhosas que Deus havia entesourado e que
não poderiam ser descobertas pelos sentidos naturais, mas que, no devido
tempo, seriam reveladas àqueles que o amam44.
9.2 “As coisas”: refere-se à sabedoria de Deus (o Evangelho).
9.3 “Olhos... ouvidos... coração”: todos esses órgãos pertencem ao processo de percepção e
assimilação humana.
9.3.1 "Coração": entre os gregos equivalia a vida interior completa do homem, incluindo
o intelecto e a vontade. Aqui talvez se refira à mente45.
9.3.2 O entendimento da sabedoria de Deus emana do próprio Deus.
9.4 “Deus preparou para os que o amam”: assemelha-se a Rm 8.28.
9.5 Muitos acham que se refere ao céu, mas trata-se das verdades reveladas no NT46.

10 “Revelou-as a nós pelo Espírito”: Deus revela sua sabedoria por meio do Espírito, de modo que
a salvação é obra da Trindade.
10.1 "A nós": Paulo não tem dúvida quanto a quem possui a verdade47.
10.1.1 Os crentes sabem o que sabem, não por causa de alguma habilidade, mas porque
aprouve a Deus lhe revelar.
10.2 Os apóstolos foram os primeiros a serem iluminados pelo Espírito nessa verdade48.
10.3 "Examina": modo de dizer que o Espírito penetra todas as coisas. Não há nada além de
seu conhecimento49.
10.4 “Profundezas de Deus”: outra descrição do que Deus tem preparado para aqueles que o
amam (v. 9). Deus deseja que descubramos todas as bênçãos de sua graça planejadas
para nós50.
10.4.1 Empregada muitas vezes à enorme profundidade do mar (algo desconhecido)51.
10.4.2 Designa a essência de Deus (atributos, vontades e planos)52.
11 “Conhece”: Oida: (“οιδεν”) saber a respeito de tudo53.

44
MACDONALD, op. cit.
45
MORRIS, op. cit.
46
MACDONALD, op. cit.
47
MORRIS, op. cit.
48
MACDONALD, op. cit.
49
MORRIS, op. cit.
50
WIERSBE, op. cit.
51
MORRIS, op. cit.
52
METZ, op. cit.
53
STRONG, op. cit.
32

11.1 O homem é capaz de conhecer as coisas referentes a si, mas não as coisas referentes
a Deus.
11.2 “O espírito do homem”: ninguém de fora do homem pode saber o que se passa em seu
interior54.
11.2.1 Do mesmo modo, ninguém de fora de Deus pode saber o que acontece dentro
de Deus.
11.2.2 O Espírito é uma personalidade: tem conhecimento e é onisciente55.
11.3 Paulo nega o conceito de Filo56, de que o espírito humano pode conhecer o divino por si
só57.
12 Paulo nos conforta garantindo que recebemos o Espírito de Deus.
12.1 "Espírito do mundo": é o espírito que torna o mundo secular, é o poder que determina o
pensar e o agir daqueles que se opõem ao Espírito de Deus.
12.1.1 A sabedoria que Paulo se opõe em toda a passagem não é satânica, mas humana.
Portanto, significa a índole deste mundo58.
12.2 O Espírito de Deus habita em todos os salvos (1Co 6.19).
12.2.1 Quando cremos recebemos o Espírito Santo (Ef 1.13-14)59.
12.3 Ele nos é dado para que possamos conhecer de maneira inata as coisas que dizem
respeito à nossa salvação.
13 “Falamos dessas coisas”: o homem espiritual ensina as coisas que Deus o revelou60.
13.1 “Ensinadas pelo Espírito”: o Espírito nos ensina (Jo 14.26) e nos conduz a verdade
(Jo 16.13) 61.
13.1.1 Porém, segue uma sequência: o Espírito ensinou Paulo sobre a Palavra, e só
depois Paulo ensinou aos cristãos.
13.2 O Espírito nos capacita a proclamar o Evangelho.
13.2.1 Não quer dizer que o Espírito não usou dos talentos, capacidades, características e
peculiaridades dos apóstolos (Ex.: Paulo escreve muito diferente de Lucas62).
13.2.2 Deus concedeu as Escrituras aos apóstolos e “vestiu-as” com o estilo peculiar de
cada escritor63.

54
MORRIS, op. cit.
55
LOPES, op. cit.
56
Filo de Alexandria, filósofo judeu-helenista do período helenista, 20 a.C.- 50 d.C. (Wikipédia).
57
LOPES, op. cit.
58
MORRIS, op. cit.
59
LOPES, op. cit.
60
METZ, op. cit.
61
WIERSBE, op. cit.
62
MACDONALD, op. cit.
33

13.2.3 A verdade divina não depende do artifício humano em sua apresentação64.


13.2.4 De que forma o Espírito nos ensina?...
13.3 “Comparando coisas espirituais com espirituais”: pode ser interpretado de 2 maneiras.
13.3.1 “Interpretando verdades espirituais (conteúdo) em palavras espirituais (modo de
oratória)”.
13.3.1.1 Vocabulário que Deus dá ao crente para que possa expressar as
verdades divinas de forma espiritual65.
13.3.1.2 Ou seja, “combinando as palavras ditas com as verdades expressas”66.
13.3.2 Synkrinō: (“συγκρινοντες”) pode ser traduzido como “combinar”, “comparar”,
“interpretar” ou “colocar junto de maneira adequada”67.
13.3.3 O método como o Espírito nos ensina68.
13.3.3.1 O Espírito Santo é semelhante a um pai de família que "tira do seu
depósito coisas novas e coisas velhas" (Mt 13.52). O que é novo
sempre surge do que é velho e nos ajuda a compreender melhor as
coisas conhecidas.
13.3.3.2 Quando comparamos parte das Escrituras entre si, Deus nos dá novos
conhecimentos sobre a verdade.
13.3.3.3 É importante separar um tempo para orar e meditar na Palavra.
14 “Homem natural”: não se refere a um homem pecaminoso, mas alguém limitado às coisas
naturais, que segue os instintos naturais (Jd 19).
14.1 "Não aceita": o termo (“δεχεται”; dechomai) é usual para acolhida a um hóspede. Assim,
o homem natural não dá boas vindas às coisas do Espírito. Ele às rejeita69.
14.1.1 “Pois lhe são absurdas; e não pode entendê-las”: Não aceita as coisas do
Espírito porque não as entende nem as deseja.
14.2 “Se compreendem espiritualmente”: há uma incapacidade no descrente para entender a
sabedoria de Deus devido à ausência do Espírito Santo em sua vida.
14.2.1 A atividade da alma e da mente é obscurecida pela depravação do pecado70.
14.3 “Compreendem”: (“γνωναι”; “ginosko”) “discernir”, “julgar” – processo de avaliação (1Jo
4.1).
63
MACDONALD, op. cit.
64
METZ, op. cit.
65
PFEIFFER, op. cit.
66
MORRIS, op. cit.
67
STRONG, op. cit.
68
WIERSBE, op. cit.
69
MORRIS, op. cit.
70
METZ, op. cit.
34

14.4 Uma das marcas da maturidade é o discernimento71.


15 “Homem espiritual": pessoa em quem o Espírito de Deus opera72. Cristão que atingiu a
maturidade, no qual abunda o fruto do Espírito73.
15.1 O crente, pelo Espírito, tem conhecimento da verdade (1Jo 2.20) e é capaz de distinguir a
verdade do erro.
15.1.1 Isso não é uma licença para que se posicione como juiz sobre os outros ou
imune à crítica ou avaliação74.
15.1.2 É capacitado a fazer julgamento certo, isso porque o Espírito de Deus o equipa75.
15.1.3 Usa as Escrituras como bússola e lanterna (Sl 119.105).
15.2 “Ele mesmo não é julgado por ninguém”: não quer dizer que os cristãos jamais são
julgados (1Co 14.29).
15.2.1 Não significa que uma pessoa não salva não pode mostrar as falhas que vê na
vida do cristão76.
15.2.2 O descrente não pode julgar o crente da mesma maneira que esse o
faz (espiritualmente).
15.2.2.1 “Por ninguém”: isso inclui outros cristãos. Devemos nos cuidar para não
sermos ditadores espirituais na vida de outros membros do povo de
Deus (2Co 1.24).
16 Citações de Is 40.13.
16.1 “Quem jamais conheceu a mente do Senhor”: os caminhos de Deus estão além do
entendimento do homem77.
16.1.1 Seria egocentrismo supremo um homem tentar instruir (dar conselhos) ao Senhor.
16.2 “Mente de Cristo”: o conhecimento e apropriação desse evangelho pela ação do Espírito.
16.2.1 Significa que não temos a mesma forma de pensar do mundo78.
16.3 Consequentemente, vemos as coisas na perspectiva de Cristo e não na perspectiva do
homem do mundo79.

71
WIERSBE, op. cit.
72
MORRIS, op. cit.
73
PFEIFFER, op. cit.
74
METZ, op. cit.
75
MORRIS, op. cit.
76
WIERSBE, op. cit.
77
METZ, op. cit.
78
WIERSBE, op. cit.
79
MORRIS, op. cit.
35

CAPÍTULO 31

Até então, comparou o homem espiritual com o natural de modo amplo, agora se torna direto e
específico. Com severidade, e ao mesmo tempo delicadeza2, Paulo mostra que os corintos são
crianças espirituais, sem crescimento. Ele usa a compreensão espiritual citada em 1Co 2.15.

(1-4: uma família que busca maturidade; 5-9: um campo que busca produtividade; 10-23: um edifício
que busca qualidade)

1 "Irmãos": embora a mensagem seja áspera, Paulo expressa unidade (ex., 1Co 1.10-11, 26; 2.1).
1.1 “Não vos pude falar”: indica a sua primeira visita (cf. 1Co 2.1).
1.1.1 Na 1ª visita não pôde falar a eles como a “pessoas espirituais” (espécie de
homem que acabara de falar no capítulo 2)3.
1.2 "Mas como pessoas carnais": (não-espirituais) uma igreja santificada em Cristo (1Co
1.2), que possuía os dons espirituais (1Co 1.7) e a quem Paulo chama de irmãos não pode
ser não-cristã.
1.2.1 Sarkinoi: (“feito de carne”) essência ou substância de carne (imutável).
1.2.2 No NT o termo está relacionado à antiga natureza corrompida4.
1.2.3 Nesse sentido, eles são "carnais", não porque não têm o Espírito, mas porque
estavam pensando e vivendo exatamente como aqueles que não o têm (cf. v.
3; Gl 5.16-17).
1.3 "Crianças em Cristo": termo humilhante.
1.3.1 “Criança”: é usado, por vezes, para denotar um estágio de ignorância e
imaturidade5.
1.3.2 Os que acabam de serem ganhos para Cristo são crianças em Cristo6.
1.3.3 O ensino que receberam foi adequado a sua condição7.
1.3.4 Mas Paulo não fala dos recém-convertidos8.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2
METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
3
MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4
PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
5
Ibidem.
6
MORRIS, op. cit.
7
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
8
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
36

1.3.5 Crente imaturo: aqueles que não crescem no conhecimento e na prática da


Palavra9.
1.3.6 Paulo é contraditório: descreve os corintos como amadurecidos (1Co 2.6), mas
agora ele os descreve como crianças em Cristo.
1.3.6.1 Paulo faz essa diferenciação para incitá-los à ação.
2 Assim como uma mãe se preocupa quando seu filho não cresce fisicamente, Paulo demonstra a
preocupação pelos coríntios.
2.1 Assim como em uma família humana, também na família de Deus devemos encorajar a
maturidade espiritual10.
2.2 A diferença dos alimentos se dá quanto à forma, e não quanto ao conteúdo.
2.2.1 O evangelho de Paulo era o mesmo para todos11.
2.2.1.1 Ambos são nutritivos. Mas o leite é para a criança de corpo delicado e
não desenvolvido, e o alimento sólido é para a pessoa forte e madura
que precisa de força para fazer o trabalho árduo12.
2.2.1.2 O que diferencia o crente maduro do imaturo é o alimento (assim como
nas crianças)13.
2.2.2 O sábio adapta sua instrução à capacidade dos seus alunos14.
2.2.3 Nessa mesma linha o Senhor Jesus ensinou os seus discípulos (Jo 16.12)15.
2.2.4 A ideia de doutrinas secretas destinadas apenas aos iniciados e experimentados
é um modelo do Gnosticismo16.
2.3 "Leite": usa a mesma linguagem do autor de Hebreus (Hb 5.12-14).
2.3.1 Em Hebreus o "leite" significa as doutrinas rudimentares da fé cristã.
2.3.2 Declaração simples do evangelho aos pecadores. É a pregação missionária ou
evangelística17.
2.3.3 Os elementos a cerca de Cristo18.
2.4 "Alimento sólido": seria a doutrina cristã avançada.

9
LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
10
WIERSBE, op. cit.
11
METZ, op. cit.
12
Ibidem.
13
WIERSBE, op. cit.
14
MORRIS, op. cit.
15
MACDONALD, op. cit.
16
LOPES, op. cit.
17
METZ, op. cit.
18
MACDONALD, op. cit.
37

2.4.1 Tipo de pregação que mostra as possibilidades da graça, que expõe as obrigações
e deveres da vida cristã19.
2.5 A Palavra é nosso alimento espiritual: leite (1Pe 2.2), pão (Mt 4.4), carne (Hb 5.14) e até
mesmo mel (SI 119.103)20.
2.6 Até aqui narra o que aconteceu21.
2.7 “Nem mesmo agora podeis”: no presente, deveriam ter progredido espiritualmente22.
2.7.1 O desmame de uma criança era ocasião para festa23.
3 “Sois carnais”: “Sarkikoi” (“σαρκικος” = “dominado pela carne”) – aparência ou característica que
pode ser alterada.
3.1 Paulo afirma que os coríntios se igualam aos descrentes quanto à conduta.
3.1.1 Eles também eram carnais por causa de suas ações24.
3.1.2 “Carne”: nos escritos de Paulo refere-se aos aspectos inferiores da natureza moral
e ética do homem (Rm 13.14; Gl 5.13; Ef 2.3)25.
3.2 No início da vida cristã as pessoas são carnais por causa da “persistência prejudicial do
estado da natureza” 26.
3.2.1 Mas a vida cristã não é estática. Ou alguém se desenvolve como um cristão
maduro através da eliminação das tendências carnais, ou invariavelmente se
estaciona em um estado de meninice deliberada.
3.3 “Visto que há inveja e discórdias entre vós”: os coríntios discutiam entre si, eram
destituídos de amor uns pelos outros e se comportavam como pessoas não-espirituais.
3.3.1 Os cismas e rachas dentro das igrejas existem por imaturidade dos crentes27.
3.3.2 Inveja e discórdia apontam para rivalidades doentias28.
3.3.3 “Inveja”: espírito que faz uma pessoa arrasar outra a fim de exaltar-se a si
mesma29.
3.3.4 “Discórdia”: natureza “dominada pelo ódio” (causa discussões amargas)30.

19
METZ, op. cit.
20
WIERSBE, op. cit.
21
MORRIS, op. cit.
22
Ibidem.
23
PFEIFFER, op. cit.
24
METZ, op. cit.
25
MORRIS, op. cit.
26
METZ, op. cit.
27
LOPES, op. cit.
28
MORRIS, op. cit.
29
METZ, op. cit.
30
Ibidem.
38

3.3.5 Outra maneira de determinar a maturidade: o cristão maduro pratica o amor e


procura entender-se com os outros. As crianças gostam de brigar e também de
se identificar com seus heróis31.
3.4 Paulo usa uma pergunta retórica para fazê-los enxergar que a presença do Espírito neles
não fazia diferença. Não andavam como alguém que crê.
3.5 Ser caracterizado pela carne é o oposto daquilo que o cristão deve ser32.
4 Paulo repete as palavras sobre a divisão da igreja.
4.1 Cita apenas Paulo e Apolo por terem sido os que serviram mais tempo aos coríntios.
4.2 Ambos os versículos (3 e 4) equiparam os cristãos de Corinto às pessoas não-
espirituais do mundo.
4.2.1 As divisões eram um notório testemunho da sua mentalidade humana33.
4.3 A Bíblia apresenta 2 classes de humanos: os não regenerados e os crentes espirituais.
Paulo não está inserindo uma nova classe “crentes carnais”.
4.4 Os coríntios eram crentes espirituais que lutavam com problemas comportamentais.

5 Paulo censura o partidarismo da igreja. Eles não deveriam prestar atenção nas pessoas, mas na
obra que essas pessoas realizavam para Cristo.
5.1 "Apenas servos": dá a mesma função para ambos a fim de remover qualquer ideia de que
fossem rivais34.
5.1.1 "Servos" (diakonoi): originalmente aplicada a um copeiro. Depois ao serviço em
geral. No NT relaciona-se ao serviço que os cristãos prestam a Deus.
5.1.2 “Apenas": lembra-nos de que nenhum obreiro deve ser idolatrado (Lc 17.10; cf.
v. 7).
5.1.2.1 O termo tira a importância dos pregadores tendo em vista o caráter
modesto do serviço prestado35.
5.1.2.2 É insensato exaltar servos ao nível de senhores (“imagine uma família
dividida por causa de seus servos”)36.
5.1.2.3 Paulo não está menosprezando obreiro, mas exaltando a Jesus37.
5.2 "Por meio de quem": a verdadeira obra foi realizada por outro (Deus)38.
31
WIERSBE, op. cit.
32
MORRIS, op. cit.
33
Ibidem.
34
Ibidem.
35
Ibidem.
36
MACDONALD, op. cit.
37
LOPES, op. cit.
39

5.3 "Conforme o Senhor concedeu a cada um": Deus dá diferentes tarefas para seus servos.
Paulo foi um professor e Apolo um pregador (mostra a diversidade do ministério39).
6 Ilustração de um cenário agrícola.
6.1 Cristo comparou o coração humano há um terreno onde a Palavra é semeada (Mt 13.18-
23). A igreja é um campo que deve produzir fruto (Jo 15.1-2)40.
6.2 Para que as sementes germinem, o colaborador do agricultor rega o solo com a água
necessária. Mas a atividade humana para por aqui, pois não pode fazer as plantas
crescerem, nem controlar as condições climáticas. Depende inteiramente de Deus para o
produto da colheita.
6.2.1 Alguns podem pregar, todos podem orar, mas a obra da salvação só pode ser
realizada pelo Senhor41.
6.3 Os verbos gregos indicam que o trabalho de Paulo e de Apolo era temporário (plantou,
regou), mas o de Deus, permanente (quem dá [melhor tradução] o crescimento).
6.3.1 Os homens vêm e vão na obra. Cada um dá uma contribuição, mas Deus opera ao
longo de todo o processo42.
7 "Nem o que Planta, nem o que rega": não o homem, mas Deus recebe a honra e a glória pelo
trabalho realizado na Igreja.
7.1 Embora o trabalho do plantador e do colaborador seja vital (a obra de um não pode ter
sucesso sem a do outro43), Deus é quem recebe o louvor. Deus é quem é importante.
7.2 O crescimento numérico da igreja pode até ser fabricado, mas o crescimento espiritual só
Deus o produz44.
7.3 Os nossos maiores esforços sem a bênção divina não trazem resultado algum45.
8 "O mesmo propósito": tanto o agricultor como seu cooperador trabalha para ver os frutos da
colheita (não há rivalidade nem disputa).
8.1 Apesar de haver diversidade no ministério, deve haver unidade em seu propósito46.
8.1.1 Não pode haver ministérios isolados: cada obreiro participa do trabalho do outro.
8.2 "Receberá sua recompensa segundo seu trabalho": fato bem exemplificado na parábola
dos talentos (Mt 25.14-23).

38
MORRIS, op. cit.
39
WIERSBE, op. cit.
40
LOPES, op. cit.
41
MACDONALD, op. cit.
42
METZ, op. cit.
43
MORRIS, op. cit.
44
LOPES, op. cit.
45
WIERSBE, op. cit.
46
Ibidem.
40

8.2.1 "Recompensa": (“μισθον” – “mysthos”) melhor tradução seria "salário"47.


8.2.1.1 Usada primeiramente com relação aos salários, mas passou a significar
qualquer recompensa ou reconhecimento por serviços prestados48.
8.2.1.2 Essa distinção é perante Deus, e não perante os homens.
8.2.1.3 O critério não é o "sucesso", mas o "trabalho".
8.2.1.4 O que pensam de nosso ministério não importa; o mais essencial é o
que Deus pensa. Nossa recompensa não deve ser o louvor de homens,
mas o "muito bem!" do Senhor da ceifa49.
8.3 O trabalho para a glória de Deus nos dá recompensas como resultado da nossa fidelidade.
8.4 “Trabalho”: (kopos) sugere um trabalho difícil envolvendo fadiga e esforço intenso50.
9 "Somos cooperadores de Deus": o homem é um instrumento na mão de Deus, trabalhando para
Deus (cf. At 9.15).
9.1 Paulo enfatiza que tudo é de Deus, e todos pertencem a Deus51.
9.2 "E dele sois lavoura e edifício": estavam errados em submeterem-se a homens quando
pertencem somente a Deus.
9.2.1 Assim como uma lavoura, um edifício passa por um processo para ser erguido (cf.
1Pe 2.5).
9.2.2 Paulo pode querer dizer que os coríntios são o campo, ou o edifício, em que Deus
está trabalhando52.
9.2.2.1 "Lavoura" (“γεωργιον” – “georgiōn”): significa "campo" ou o processo de
cultivo.
9.2.2.2 "Edifício" (οικοδομη – “oikodomē”): significa o edifício ou o processo de
construção.
9.3 Os que servem no ministério devem estar sempre cuidando do "solo" da igreja. É
preciso diligência e trabalho árduo para produzir uma colheita53.
9.4 Essa produtividade pode ser numérica, mas, pelo contexto, deve ser o crescimento da
igreja.
10 Eliminando qualquer ideia de arrogância, atribui sua posição à graça que Deus lhe concedeu.
10.1 “Graça”: capacidade imerecida para realizar o trabalho de apóstolo54.

47
MORRIS, op. cit.
48
METZ, op. cit.
49
WIERSBE, op. cit.
50
METZ, op. cit.
51
MORRIS, op. cit.
52
Ibidem.
53
WIERSBE, op. cit.
41

10.2 "Lancei o alicerce como sábio construtor, e outro constrói sobre ele": termos
referentes a um mestre construtor (que supervisiona o trabalho dos construtores).
10.2.1 Os coríntios tinham conhecimento de construção, especialmente a de templos.
10.2.2 "Sábio": (“σοφος” – “sophos”) "habilidoso"55; “que elabora melhores planos para
executar”56.
10.2.3 "Construtor”: (“αρχιτεκτων” – “architektōn”) o homem que superintendia a obra de
construção (diferente do "ergastikos", alguém que contribui com conhecimento e
não com trabalho)57.
10.2.3.1 Semelhantemente, Paulo supervisionava o trabalho realizado por seus
cooperadores na edificação da igreja em Corinto.
10.2.4 O verbo "lancei" indica uma ação completa, enquanto o "constrói" indica uma ação
contínua58.
10.3 A obra de Paulo tinha que ver com o fundamento, a de outros trabalhadores com a
construção sobre o fundamento59.
10.4 "Cada um veja como constrói": os construtores devem construir com qualidade.
10.4.1 "Cada um" (“εκαστος” – “hekastos"): traz a ideia de responsabilidade individual60.
10.4.2 Devem edificar os membros individuais da igreja mediante o ensino e a pregação
fiel do evangelho.
10.5 Defeitos em uma construção em um bom alicerce são responsabilidades atribuídas ao
trabalho negligente dos que cuidam da estrutura.
10.6 O exercício do ministério de ensino na igreja é algo extremamente sério61.
11 "Alicerce": princípios fundamentais do Evangelho ensinado pelos apóstolos (Ef 2.20-22)62.
11.1 A pessoa e a obra de Jesus Cristo, reveladas nas Escrituras, é o verdadeiro fundamento
sobre o qual a Igreja é constituída.
11.1.1 Um ministério pode ser bem-sucedido por um tempo, mas se não é fundamentado
em Cristo, acabará desmoronando e desaparecendo63.

54
MACDONALD, op. cit.
55
MORRIS, op. cit.
56
STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
57
MORRIS, op. cit.
58
METZ, op. cit.
59
MORRIS, op. cit.
60
Ibidem.
61
MACDONALD, op. cit.
62
PFEIFFER, op. cit.
63
WIERSBE, op. cit.
42

11.2 “Ninguém pode lançar outro alicerce”: os ministros do evangelho devem construir a
Igreja em harmonia com evangelho.
11.2.1 Ninguém pode ensinar e pregar um evangelho que é contrário ao evangelho
de Cristo sem incorrer na ira de Deus (cf. v. 17).
11.2.2 “Outro”: (“αλλον” – “allos”) “diferente”64.
11.3 Ninguém pode começar em nenhum outro lugar. Isso é enfático numa época em que
tantos edificam o seu "cristianismo"65.
11.4 Algumas igrejas são construídas sobre personalidades [apóstolos, bispos], métodos [G12],
ou doutrinas [confissão positiva, prosperidade, batalha espiritual, maldições hereditárias]66.
12 Se só pode haver um fundamento, é diferente com a estrutura edificada67.
12.1 "O que alguém constrói": refere-se a cada pessoa que trabalha na obra de Deus.
12.2 "Ouro, prata, pedra preciosa, madeira, feno ou palha": são 6 materiais apresentados em
ordem decrescente de importância68.
12.2.1 Valiosos, duráveis, belos e difíceis de obter (ouro, prata e pedras preciosas).
Insignificantes, perecíveis, baratos e fáceis de encontrar (madeira, feno e
palha)69.
12.2.2 “Prata”: (“αργυρον” – “arguros”) refere-se à prata com a qual as colunas de
construções nobres eram cobertas e as vigas adornadas70.
12.2.3 "Pedras preciosas": granito, mármore e alabastro. Materiais usados na construção
de templos71.
12.2.3.1 As casas comuns eram de madeira e tijolos feitos da mistura de barro e
palha.
12.3 Os materiais da estrutura precisam corresponder ao alicerce (precioso e durável).
12.4 Paulo está se referindo às doutrinas da Palavra de Deus. A Palavra é alimento para a
família, semente para o campo e material para a construção72.
12.4.1 Os materiais de valor significam a verdade, e os materiais comuns o erro73.

64
STRONG, op. cit.
65
MORRIS, op. cit.
66
WIERSBE, op. cit.
67
MORRIS, op. cit.
68
Ibidem.
69
WIERSBE, op. cit.
70
STRONG, op. cit.
71
MACDONALD, op. cit.
72
WIERSBE, op. cit.
73
LOPES, op. cit.
43

12.4.2 Muitos estavam tentando construir a igreja com um evangelho misturado à


filosofia pagã. Para Paulo, esse tipo de pregação, era madeira, palha e feno74.
12.5 Tal passagem costuma ser usada para a vida dos cristãos em geral (aplicação válida75),
porém, faz referência aos pregadores e mestres76.
12.5.1 Os materiais valiosos e duráveis indicam cristãos maduros e estáveis alimentados
com doutrinas sólidas. Os outros tipos são crentes infantis e instáveis
alimentados com a palha frágil e os pedaços de madeira aleatórios da
sabedoria humana77.
12.6 Provérbios apresenta a sabedoria de Deus como um tesouro que precisa ser procurado,
protegido e investido na vida (Pv 2.3-5; 3.13-15)78.
13 "A obra de cada um se manifestará": cada pessoa prestará contas do que tiver feito com a
revelação de Deus (Mt 25.14-30; Ap 20.12).
13.1 Paulo aponta para um dia futuro em que cada obra será manifesta.
13.1.1 No presente, o homem pode ocultar sua obra, mas o dia de sua manifestação virá.
13.2 "Aquele dia": a referência é ao dia do juízo final, onde serão julgadas as obras dos
crentes, resultando em ganha ou perca de galardão (cf. v. 14-15)79.
13.3 "Demonstrará" (“δηλωσει” – “dēlōsei”): significa "mostrar em seu verdadeiro caráter",
"revelar pelo que é"80.
13.4 "Porque será revelada pelo fogo": o sujeito da frase é "aquele dia" e não "obra" (Ml 4.1).
13.5 Lembrá-los de que as obras dos crentes serão julgadas os ajudariam a buscar
santidade81.
14 O teste pelo fogo não determina o destino eterno, em vez disso, determina se receberão ou não
recompensas (cf. v. 15; Ap 22.12).
14.1 Todos considerados aqui são salvos. Construíram sobre o fundamento (Jesus Cristo)82.
14.1.1 Há distinção é entre os que construíram bem e os que construíram precariamente.
14.2 "Permanecer": referência aos materiais duráveis aplicados na construção (outo, prata e
pedra preciosa). O obreiro aplicado receberá uma recompensa.
15 "Sofrerá prejuízo": significa que perderá sua recompensa (galardão)83.

74
Ibidem.
75
WIERSBE, op. cit.
76
MACDONALD, op. cit.
77
METZ, op. cit.
78
LOPES, op. cit.
79
PFEIFFER, op. cit.
80
MORRIS, op. cit.
81
METZ, op. cit.
82
MORRIS, op. cit.
44

15.1 Apresenta o perigo de tentar fazer a obra espiritual por motivos/métodos carnais. Como
responsáveis por uma construção defeituosa, tais obras serão deterioradas84.
15.2 "Mas será salvo": apesar do dano Deus lhe concede graciosamente o dom da salvação.
15.2.1 “Sozo” – “σωζω": “preservar alguém que está em perigo de destruição”85.
15.3 “Como alguém que passa pelo fogo”: expressão proverbial usada para indicar alguém
que foi salvo (Am 4.11; Zc 3.1-2)86.
15.4 A Igreja Católica não faz distinção entre salvação e galardão, portanto usa o versículo para
corroborar a doutrina do purgatório87.
15.4.1 O fogo não é "purgatório", mas "probatório". Tem caráter universal e testa
piedosos e ímpios da mesma forma (2Co 5.10)88.
15.4.1.1 O fogo é alegórico assim como o edifício.
15.4.1.2 Refere-se apenas aos que ensinam.
15.4.1.3 É uma avaliação e não purificação.
15.4.1.4 Ocorre na vinda de Cristo e não antes.
15.4.1.5 A salvação citada não ocorre pelo fogo, mas apesar dele.
15.5 Isso não equivale a dizer que qualquer um que realize a obra que Cristo lhe confiou será
salvo (Mt 7.21-23).
15.6 A Palavra de Deus é fogo (Is 5.24; Jr 23.29), e provará nosso serviço. Se edificarmos de
acordo com os seus ensinos, nosso trabalho resistirá89.
16 "Não sabeis": A pergunta é um censura. Eles sabem que são templo de Deus, mas são
negligentes e preguiçosos em usar tal conhecimento.
16.1 Eram um tipo de edifício específico (santuário de Deus)90.
16.2 "Sois santuário de Deus": o santuário de Deus é a igreja (singular), o corpo de crentes.
16.2.1 Naos: (“ναος”) o próprio templo (Santo Lugar e Santo dos Santos91) e não todo o
recinto do templo (conhecido em grego como hieron).
16.2.1.1 Aponta para o altar do Templo, o santuário interior92.

83
MORRIS, op. cit.
84
METZ, op. cit.
85
STRONG, op. cit.
86
MORRIS, op. cit.
87
MACDONALD, op. cit.
88
METZ, op. cit.
89
MACDONALD, op. cit.
90
METZ, op. cit.
91
STRONG, op. cit.
92
METZ, op. cit.
45

16.3 "E que o Espírito habita em vós?": Paulo afirma que o Espírito Santo vive no corpo físico
dos crentes.
16.3.1 Já havia dito que receberam o Espírito de Deus (1Co 2.12).
16.3.2 O Espírito Santo habita o crente a partir do momento que ele crê (Ef 1.13).
16.3.2.1 A regeneração é citada como um novo nascimento (Ef 2.1; 1Jo 5.1).
16.3.2.2 Esse ato é realizado quando o Espírito é derramado em nós (Tt 3.3-7; 1Jo
4.15).
16.3.2.3 Ele permanece no cristão para sempre (Jo 14.16-17)93.
17 O trabalho eclesiástico pode ser dividido em três categorias: o serviço proveitoso (v. 14); o inútil
(v. 15); e o destrutivo (v. 17)94.
17.1 “Se alguém destruir o santuário de Deus, este o destruirá”: os que arruínam a igreja,
seja por doutrina ou modo de vida, receberão a ira de Deus (Lv 15.31; Nm 19.2095).
17.2 Aquele que atinge a Igreja de Deus atinge o próprio Deus (At 9.4).
17.3 “Destruir”: (“φθειρει” – “phtheirō”) significa corromper, destruir, contaminar96. Desviar a
igreja cristã daquele estado de conhecimento e santidade, no qual ela deve permanecer 97.
17.3.1 Ou seja, práticas corruptas, ou falsas doutrinas98.
17.3.2 As próprias divisões são um atentado à sociedade divina.
17.3.3 O castigo é na mesma proporção da ofensa (destruiu, será destruído).
17.3.3.1 Considerado um reflexo do que construímos em nossa vida. Se não
construirmos valores duradouros na igreja, acabaremos demolindo nossa
própria vida espiritual99.
17.3.3.2 O termo não é específico (não representa aniquilamento ou tormento
eterno).
17.4 "Pois o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado": apesar dos pecados, eles foram
santificados em Cristo.
17.4.1 A igreja é posse pessoal de Deus100.
17.5 A passagem refere-se a falsos mestres101.

93
PFEIFFER, op. cit.
94
MACDONALD, op. cit.
95
LOPES, op. cit.
96
MORRIS, op. cit.
97
STRONG, op. cit.
98
METZ, op. cit.
99
WIERSBE, op. cit.
100
MORRIS, op. cit.
101
MACDONALD, op. cit.
46

18 "Ninguém se engane": adverte quanto ao autoengano. Alerta quanto ao perigo de se


afastarem da verdadeira doutrina.
18.1 "Considera": (“δοκει” – “dokei") "pensa". Pensamento de si próprio102.
18.2 “Sábio nesta era”: pode ser o orgulho humano na mera habilidade de debate103.
18.3 "Torne-se tolo para vir a ser sábio": ao descartar a sabedoria enganadora deste mundo,
eles parecerão tolos104.
18.3.1 A verdadeira sabedoria se acha em renunciar à sabedoria desta era105.
18.4 Não se pode dirigir uma congregação da mesma forma que se administra um negócio. A
sabedoria do mundo funciona para o mundo, mas não para a igreja106.
18.4.1 A igreja apostólica não tinha nenhum dos "segredos do sucesso" que parecem
tão importantes hoje (propriedades, influência política, líderes comuns, não traziam
convidados famosos), no entanto revolucionaram o mundo.
19 Paulo repete os pensamentos que já havia expressado em 1Co 1.20.
19.1 Visto a sabedoria humana ser tolice para Deus, é um desperdício discutir sobre a
superioridade de um líder humano sobre outro107.
19.2 Cita o Livro de Jó e o Livro dos Salmos para mostrar que Deus despreza a sabedoria
que se origina no coração do homem.
19.3 Aplica Jó 5.13 às pessoas sábias que maquinam favorecer a causa de sua própria
sabedoria.
19.3.1 Trata os sábios são como um pássaro capturado numa rede; não podem escapar.
19.4 A sabedoria do homem é uma armadilha108.
20 Cita uma adaptação do Salmo 94.11 baseado no texto da LXX.
20.1 Mesmo antes de conseguirem formular seus pensamentos, Deus já declara suas
deliberações como sendo vãs.
20.2 O pensamento humano é infrutífero no sentido de que ele é incapaz de produzir qualquer
coisa de valor espiritual que redima o homem do pecado109.
20.3 Pensamento principal até aqui: os sábios deste mundo, que estimavam tanto, são
incapazes de penetrar os mistérios divinos110.

102
MORRIS, op. cit.
103
METZ, op. cit.
104
Ibidem.
105
MORRIS, op. cit.
106
WIERSBE, op. cit.
107
METZ, op. cit.
108
WIERSBE, op. cit.
109
METZ, op. cit.
110
MORRIS, op. cit.
47

21 "Ninguém se glorie nos homens": não deveriam se vangloriar em homens, sejam eles Paulo,
Apolo ou Cefas.
21.1 Os coríntios eram propensos a orgulhar-se da sua sabedoria, e dos mestres a que
estavam ligados111.
21.2 "Porque todas as coisas são vossas": exorta-os a verem que o Senhor tudo lhes
concede, tanto o espiritual como o material.
21.2.1 Se todas as coisas pertencem a todos os cristãos, que motivo há para
competição e rivalidade?112
21.2.2 Suas divisões estavam os privando dos tesouros que tinham em Cristo, pois tudo
é deles, não só os mestres cristãos113.
21.2.3 Como todas as coisas pertencem a Cristo, quem está nEle desfruta de uma
propriedade conjunta114.
22 Paulo começa a elencar as categorias que integram o "tudo" citado.
22.1 "Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas": são servos enviados para atender às necessidades
espirituais do povo de Deus.
22.2 "Seja o mundo": (“kosmos”, mundo físico115) Cristo fez o mundo, o redimiu, o sustenta e
nomeia o seu povo para ser o seu despenseiro nele.
22.3 “A vida”: Cristo é o doador da vida (2Tm 1.10). Refere-se à vida que temos em Cristo116 e
todas as bênçãos que a abrangem117.
22.4 “A morte”: em Cristo morremos para o pecado (Rm 6.10-11).
22.4.1 Para Paulo a morte é lucro, pois Cristo a venceu (Fp 1.21)118.
22.4.2 A morte, para nós, não é mais um inimigo temido que envia a alma para o além.
Antes, é um mensageiro de Deus que conduz a alma ao céu119.
22.5 “As coisas presentes”: as coisas que Deus soberanamente governa (saúde, enfermidade,
alegria, pesar), tais fatos não fogem do Seu controle.
22.6 “As futuras”: sobre as quais depositamos nossa fé em Cristo, pois nada pode separar-nos
do amor de Deus (Rm 8.28).
22.6.1 Em Cristo só temos perspectivas de triunfo120.

111
Ibidem.
112
WIERSBE, op. cit.
113
MORRIS, op. cit.
114
METZ, op. cit.
115
MORRIS, op. cit.
116
Ibidem.
117
METZ, op. cit.
118
MORRIS, op. cit.
119
MACDONALD, op. cit.
48

22.7 “Todas as coisas são vossas”: essa afirmação está diretamente vinculada a Cristo.
23 “E vós sois de Cristo”: os coríntios pertencem a Cristo.
23.1 Alguns irmãos de Corinto afirmavam que somente eles pertenciam ao Senhor121.
23.2 As grandes posses dos cristãos citadas só são suas por estarem em Cristo122.
23.3 É a Cristo que pertencem e servem, e não a partidos dentro da igreja.
23.3.1 Os coríntios viviam como se fossem seus próprios senhores123.
23.4 “E Cristo, de Deus”: Cristo está sujeito a Deus o Pai, como Paulo explica em outra parte
desta epístola (1Co 15.28).
23.5 Como é importante orar pelos que ministram a Palavra! Cabe a eles alimentar a família
de Deus e conduzir os "bebês" à maturidade. Devem plantar a semente no campo e
orar para que produza em abundância. Devem escavar os tesouros da Palavra e usá-
los para a edificação do templo124.

120
MORRIS, op. cit.
121
MACDONALD, op. cit.
122
MORRIS, op. cit.
123
Ibidem.
124
WIERSBE, op. cit.
49

CAPÍTULO 41

Aqui, Paulo demonstra que o julgamento que os homens fazem dos ministros não possuem tanta
importância, pois só Deus pode fazer um verdadeiro julgamento deles2. Ao avaliar os obreiros e seus
ministérios, devem-se evitar extremos (não se pode ser tão indiferente a ponto de aceitar qualquer
um e nem ser tão crítico a ponto de desaprovar alguém como Paulo). Com isso, Paulo apresenta 3
características do verdadeiro ministro de Jesus Cristo3.

(1-5: fidelidade; 6-13: humildade; 14-21: ternura)

1 "Assim": conecta o ensino do capítulo 3 com o que escreverá a seguir.


1.1 "Nos considerar servos de Cristo": usa o plural para se referir aos apóstolos e seus
auxiliares.
1.1.1 "Servos": (hupēretēs – “υπηρετας”) "servos sob seu senhor". Palavra que
descrevia os escravos que remavam no convés de uma embarcação (“remador
inferior”), mas que passou a significar um trabalhador doméstico (Lc 4.20).
1.1.1.1 Estes escravos estavam sentenciados à morte, realizando seu último
serviço antes de morrer4.
1.1.1.2 A palavra sugere a labuta e o trabalho contínuo envolvido na obra do
evangelho5.
1.1.2 Enfatiza que a igreja deve compreender os apóstolos como servos na Igreja, e não
senhores da Igreja.
1.1.2.1 Os obreiros não são os capitães do navio, mas apenas escravos
obedecendo a ordens. Por acaso um escravo é maior do que outro?6.
1.2 "Encarregados": ou "despenseiros" (oikonomos – οικονομους: mordomo). Refere-se ao
servo a quem o senhor confiou à supervisão da casa. Este é considerado responsável
pelos bens de seu senhor e precisa prestar contas de sua administração (Mt 25.14; Lc
16.2; 19.11-27).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2
MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
3
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
4
LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
5
METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
6
WIERSBE, op. cit.
50

1.2.1 O despenseiro administra os bens de seu senhor, mas ele próprio não possui
bem algum7.
1.2.2 Contudo, ele estava sempre ciente de que era um escravo, e estava sob a
obrigação de iniciar e executar a vontade do proprietário8.
1.2.3 O mordomo era quem cuidava da alimentação de toda a família9.
1.2.3.1 Não era sua competência prover o alimento, apenas servi-lo. Também
não podia sonegar, adulterar ou substituir o alimento.
1.2.4 Metaforicamente usado para os apóstolos e outros mestres, bispos e
supervisores cristãos10.
1.3 "Mistérios": são despenseiros da revelação de Deus (todo o plano de salvação – cf.
2.711).
2 Os corintos apreciavam a capacidade de falar e a eloquência, mas a exigência básica de um
despenseiro é a fidelidade (Lc 12.42).
2.1 Essa é a qualidade que os Corintos deveriam examinar e estimar nos obreiros.
2.2 Também é um princípio importante para todos os cristãos, pois, 1Pe 4.10 nos ensina que
todos são despenseiros12.
2.3 Talvez não agrade aos membros da família, aos outros servos, mas, se agradar ao senhor,
é um bom despenseiro13.
3 “Pouco me importa se sou julgado por vós”: Paulo não está falando de ações humanas que
precisem ser averiguadas de tempos em tempos; está falando de seu apostolado.
3.1 "Julgado": "anakrinō" – ανακριθω, indica o processo de exame crítico com vista ao
julgamento14.
3.2 “Tribunal humano”: provavelmente faz uma alusão à corte eclesiástica que foi convocada
para provar o apostolado de Paulo (1Co 9.3).
3.2.1 Paulo não tinha receio de ser investigado ou interrogado. Se eles quisessem
convocá-lo perante uma corte humana, ele também consideraria isso de pouca
importância.
3.2.2 O julgamento de seu Senhor é muito mais importante15.

7
WIERSBE, op. cit.
8
METZ, op. cit.
9
LOPES, op. cit.
10
STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
11
METZ, op. cit.
12
MORRIS, op. cit.
13
WIERSBE, op. cit.
14
MORRIS, op. cit.
51

3.3 Paulo não exclui o autoexame com vistas a melhorar o serviço, mas à antecipação do
juízo do Senhor16.
3.3.1 Pastores devem estar dispostos a submeterem-se à avaliação da igreja quanto à
sua doutrina e vida. Não devem se tornar reféns do medo ou temer perder a
autoestima.
3.4 “Nem eu julgo a mim mesmo”: Paulo sabe que não pode ser objetivo na avaliação de
seus próprios pensamentos, palavras e ações.
3.4.1 O juízo próprio é perigoso porque uma pessoa facilmente pode argumentar a
favor de seus próprios erros17.
3.4.2 Muitas vezes achamos que sabemos qual é o nosso estado espiritual e o que
nosso serviço efetuou. O resultado pode causar exaltação além dos limites ou
depressão indevida18.
3.4.3 Platão e Sêneca consideravam a consciência como juiz máximo do homem19.
4 "Consciente de que não há nada contra mim": com respeito ao seu apostolado, Paulo está de
consciência limpa.
4.1 "Justifico": "Dedikaiōmai" (δεδικαιωμαι), termo judicial que significa "absolvido de uma
acusação", "declarado 'não culpado'". A absolvição de Paulo não irrompe da sua
avaliação pessoal20.
4.2 "Quem me julga é o Senhor": sua prestação de contas é ao Senhor (cf. 1Co 3.12-13; 2Co
5.10).
4.2.1 É referente à avaliação final pela qual todo cristão passará no tribunal de Deus (Rm
14:10; 1Co 3.14-15; 2Co 5:10)21.
5 "Nada julgueis antes do tempo": encerra a discussão sobre os comentários dirigidos a ele e a
seus cooperadores.
5.1 Exortação a não julgar prematuramente (krinō – κρινετε)22.
5.1.1 É importante provarmos os espíritos (1Jo 4:1)23.
5.1.1.1 A Palavra (Hb 4.12) e irmãos (Mt 18.15-17) nos julgam no presente.

15
WIERSBE, op. cit.
16
MORRIS, op. cit.
17
METZ, op. cit.
18
MORRIS, op. cit.
19
LOPES, op. cit.
20
MORRIS, op. cit.
21
WIERSBE, op. cit.
22
MORRIS, op. cit.
23
WIERSBE, op. cit.
52

5.1.2 Ele não está dizendo que deveriam deixar completamente de julgar. Paulo
proíbe que se critique uma pessoa cuja doutrina e conduta estejam em harmonia
com a Escritura.
5.1.3 Devemos ter cautela em nossa avaliação, pois tendemos a exaltar o espetacular e
o sensacional e depreciar as tarefas simples e menos visíveis24.
5.2 "Motivos dos corações": motivos secretos dos homens. Só o Senhor pode julgar os atos e
motivos secretos (Rm 2.16)25.
5.3 "Cada um receberá seu reconhecimento da parte de Deus": deveriam ser cuidadosos
para não colher louvor prematuro sobre pregadores favoritos, nem derramar escárnio sobre
as pessoas que não são de seu agrado26.

6 "Essas coisas": as metáforas empregadas desde o capítulo 3.


6.1 "Apliquei... mim e a Apolo, por causa de vós": a figura do agricultor, construtor e
despenseiro foram aplicadas a Paulo e a Apolo para benefício dos coríntios.
6.1.1 Foram os que serviram a igreja de Corinto por maior período de tempo.
6.2 "Não ir além do que está escrito": provérbio ou ditado político da época que servia para
promover a unidade.
6.2.1 Provavelmente refere-se às Escrituras do AT.
6.2.2 As Escrituras constantemente exaltam a Deus, não ao homem27.
6.2.2.1 Deviam aprender a subordinação do homem, pois os tinham em
demasiada estima28.
6.2.3 Muitas igrejas exigem de seus pastores mais do que Deus requer deles em sua
Palavra29.
6.2.3.1 Se tiver que examinar alguém, a única base de avaliação é a Palavra de
Deus e não nossas opiniões30.
6.3 "Nenhum de vós se encha de orgulho em favor de um contra o outro": fala sobre as
divisões na igreja.
6.3.1 Macular a imagem de outro para promover a minha é algo vil, e os coríntios
estavam agindo assim31.
24
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
25
MORRIS, op. cit.
26
METZ, op. cit.
27
Ibidem.
28
MORRIS, op. cit.
29
WIERSBE, op. cit.
30
LOPES, op. cit.
53

6.3.2 Precisavam aprender a ser humildes com Paulo e Apolo.


7 Paulo faz 3 perguntas retóricas de resposta negativa.
7.1 "Quem te faz diferente dos demais?": os desafia a mostrar de quem receberam a
superioridade da qual se apropriaram.
7.1.1 Quem deu a eles autoridade para colocar um obreiro contra o outro?32
7.2 "O que tens que não tenhas recebido?": todo dom material e espiritual vem de Deus (Jo
3.27, 30; Tg 1.17). Dessa forma, não há base para arrogância.
7.3 "Se o recebeste por que te orgulhas, como se não o tivesse recebido?": agiam como
se fossem proprietários do que receberam de Deus.
7.4 O princípio aplica-se a nós. Tudo que possuímos (bens, dons, talentos) é uma dádiva de
Deus. Uma vez que não são resultado de nossa própria aptidão, que motivo temos para nos
orgulhar ou envaidecer?33
7.4.1 Dizem: "oro para permanecer humilde". Mas que motivos têm para se orgulhar?34
8 "Já estais satisfeitos! Já estais ricos!": consideravam-se bem-sucedidos na igreja, por isso
cultivavam a falsa noção de superioridade.
8.1 Eles não tinham “fome e sede de justiça” (Mt 5.6) e não eram “pobres de espírito” (Mt 5.3)35.
8.1.1 Não precisavam mais de ensino.
8.2 "Sem nós, já chegastes a reinar!": alimentavam uma autossuficiência.
8.2.1 “Sem nós”: sem a companhia/participação dos apóstolos. Afirmavam ter alcançado
uma posição que nenhum dos apóstolos alcançou36.
8.2.2 Tinham se esquecido de quem os ensinou e nutriu37.
8.3 "Quisera eu reinásseis de fato, para que também nós reinássemos convosco!": Paulo
é irônico referindo-se ao Reino de Deus onde, quando revelado, os crentes reinarão com
Cristo (2Tm 2.12; Ap 3.21).
8.3.1 Agindo como reis eles se colocavam acima dos apóstolos que ainda
aguardavam a vinda do reino.
9 "Deus colocou": não está criticando, mas aceitando serenamente o que Deus fez38.
9.1 "Os apóstolos, como últimos": a figura é derivada da arena. Os condenados entravam no
fim do desfile triunfal até o anfiteatro39.
31
LOPES, op. cit.
32
METZ, op. cit.
33
MACDONALD, op. cit.
34
WIERSBE, op. cit.
35
METZ, op. cit.
36
MORRIS, op. cit.
37
METZ, op. cit.
38
MORRIS, op. cit.
54

9.1.1 Condição oposta daqueles que já se achavam na posição mais alta.


9.1.2 Por causa do apostolado eram ridicularizados, odiados e maltratados.
9.2 "Condenados à morte": refere-se a criminosos condenados que eram obrigados a desfilar
diante do público para serem objetos de escárnio40.
9.3 "Espetáculo": (theatron – θεατρον) termo que deriva a palavra teatro. Embora fosse usada
em relação ao local, também era usada em relação às pessoas expostas41.
9.3.1 Metaforicamente relaciona-se à pessoa que é exibida para ser fitada e transformada
em objeto de diversão42.
9.3.2 Em anfiteatros assistia-se a escravos e criminosos.
9.3.3 Descreve a vida de um apóstolo como um espetáculo para o mundo43.
9.4 "Mundo": (cosmos – κοσμω) universo amplo de seres inteligentes (“tanto anjos como
homens”)44.
9.5 Os ministros não estão no pódio para os aplausos dos homens, mas na arena do teatro,
para serem entregues à morte45.
10 "Somos um absurdo por causa de Cristo": ou "tolo". Da perspectiva humana, os apóstolos
eram tolos ao arriscarem-se por Cristo.
10.1 Os que buscam a sabedoria espiritual tornam-se loucos aos olhos do mundo (1Co 3:18)46.
10.2 "Mas vós, sábios em Cristo": refere-se à sabedoria humana que tanto apreciavam e
buscavam em vez da sabedoria de Cristo.
10.3 "Somo fracos, mas vós, fortes; sois estimados, mas nós, desprezados": Paulo
contrasta isso em um mundo em que a fraqueza é desprezada e a força é louvada.
10.3.1 “Estimados”: “endoxos” (ενδοξοι) – “envolto em glória” ou “livre de pecado”47.
Agiam como se já possuíssem aréolas sobre suas cabeças48.
10.3.2 Os crentes de Corinto se achavam importantes por estarem associados a homens
famosos49.
11 Não está suplicando piedade, mas mostra quem são os verdadeiros servos de Cristo.

39
MORRIS, op. cit.
40
Ibidem.
41
METZ, op. cit.
42
STRONG, op. cit.
43
PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
44
MORRIS, op. cit.
45
LOPES, op. cit.
46
WIERSBE, op. cit.
47
STRONG, op. cit.
48
METZ, op. cit.
49
LOPES, op. cit.
55

11.1 Essa descrição concorda com outras passagens (2Co 4.8-9; 6.4-10; 11.23-27; 12.10; Fp
4.12).
11.2 "Até o presente": não está citando um passado distante50.
11.3 "Passamos fome": o trabalhador merece seu salário (Lc 10.7b), os pregadores devem ser
sustentados por quem ouve a pregação (1Co 9.14; 1Tm 5.18), mas Paulo não fez uso
desse direito (1Co 9.12), por tanto, deve ter carecido, algumas vezes de comida, bebida
e agasalho.
11.4 "Esbofeteados": "bater com o punho". É a palavra usada com referência aos maus tratos
dados a Cristo (Mt 26.67)51.
11.5 "Não temos pousada certa": não o descreve como um morador de rua, mas como um
peregrino.
12 “Cansamo-nos, trabalhando com as próprias mãos”: não faltam referências de Paulo se
dispondo ao trabalho (At 18.3; 20.34; 1Co 9.6; 1Ts 2.9; 2Ts 3.8).
12.1 Sua profissão era considerada inferior e a cultura helenista desprezava o trabalho
manual (era para escravos).
12.1.1 Fazendo isso estava rebaixando-se diante dos olhos da sociedade.
12.2 "Quando somos ofendidos, bendizemos; quando perseguidos, suportamos": lembra-
nos as palavras do Senhor aos seus discípulos (Lc 6.28)52.
13 "Somos o lixo do mundo e a escória de todos":
13.1 "Lixo": (perikatharmata – περικαθαρματα) "aquilo que é retirado como resultado de uma
purificação completa"53. Lixo que é removido numa faxina completa.
13.1.1 Pessoas mais abjetas e desprezíveis. Termo aplicado pelos gregos para as
vítimas sacrificadas para expiação pelo povo ou criminosos sacrificados para
aplacar uma peste ou calamidade54.
13.2 "Escória": (peripsēma – περιψημα) comumente empregada em relação ao sacrifício anual
de criminosos ou pessoas deformadas (o "lixo da sociedade"). Eram feitas em benefício da
sociedade.
13.2.1 Os atenienses, a fim de evitar calamidades públicas, anualmente jogavam um
criminoso no mar como uma oferta a Posseidon; por isso, o termo passou a ser

50
MORRIS, op. cit.
51
Ibidem.
52
Ibidem.
53
Ibidem.
54
STRONG, op. cit.
56

usado para uma oferta expiatória. É usado para um homem que em benefício da
religião passa por provas horrendas pela salvação de outros55.
13.2.2 Os apóstolos representavam Jesus, considerado criminoso e sacrificado em
benefício do povo.
13.3 Assim como Jesus, foram considerados os mais vis dos homens56.

14 A severidade de Paulo agora dá lugar à ternura57.


14.1 Já havia comparado a igreja a uma família (3.1-4), agora compara o ministro a um “pai
espiritual”58.
14.2 “Para vos envergonhar”: em outras ocasiões o propósito de Paulo será envergonhá-los
mesmo (1Co 6.5; 15.34).
14.3 Paulo nunca se chamou de "pai" (Mt 23.9). Ao se comparar como "pai espiritual", lembra-
os dos trabalhos importantes que realizou em favor da igreja59.
14.3.1 Ser "pai espiritual" não nos dá domínio sobre a fé das pessoas (2Co 1.24).
14.4 "Advertir": (ou "admoestar" - "noutheteō"; “νουθετω”) repreender por erro cometido, ou
“crítica com amor”60.
14.5 Toda essa censura áspera é uma prova de amor e cuidado (assim como sempre faz 2Co
6.13; Gl 4.19; 1Ts 2.11).
15 Paulo foi o pai espiritual da igreja de Corinto, pois foi quem primeiro lhes ensinou o evangelho.
15.1 "Instrutores": "paidagōgous" (παιδαγωγους) – pedagogo. Responsáveis pelo
acompanhamento educacional de crianças (levar e trazer da escola, disciplinar, castigar,
proteger, cuidar e auxiliar no aprendizado).
15.1.1 Esses escravos eram chamados de "aios" ("tutor")61.
15.1.2 Mesmo assim, o pai que contratava um pedagogo continuava sendo
responsável pela educação do filho e era mais chegado ao filho que o pedagogo.
15.1.3 Não importa quanto proveito eles pudessem ter tido com o ministério de outros,
deviam ouvir a Paulo62.
15.1.4 "Dez mil instrutores": exagero proposital.

55
STRONG, op. cit.
56
MORRIS, op. cit.
57
Ibidem.
58
LOPES, op. cit.
59
WIERSBE, op. cit.
60
METZ, op. cit.
61
Ibidem.
62
MORRIS, op. cit.
57

15.2 "Não teríeis, contudo, muitos pais": cada pessoa pode ter inúmeros professores, mas
apenas um pai biológico.
15.3 Na perspectiva judaica, um mestre que ensinasse aos seus alunos a Torá era considerado
um pai. Confirmando a autoridade do apóstolo diante dos membros que o questionavam.
16 "Imitadores": (“mimētai”; “μιμηται” – mímicos63) os chama a adotarem seu testemunho pessoal de
Cristo, ou seja, conclama-os a imitarem Cristo (1Co 11.1; Fp 3.17; 2Ts 3.7, 9).
16.1 Se alguém está imitando a Paulo, está imitando a Cristo.
16.2 Imitando-o aprenderão a imitar a Cristo64.
16.2.1 Se havemos de recomendar o Evangelho, há de ser porque as nossas vidas
revelam o seu poder.
16.2.2 Os filhos aprendem primeiro pelo exemplo, depois pela doutrina65.
17 "Enviei": ou "estou enviando"? O escritor coloca-se no lugar dos destinatários da carta.
17.1 Não foi Timóteo que enviou a carta (1Co 16.10)66.
17.2 "Timóteo": aprendeu a fé de sua vó e mãe (2Tm 1.5). Converteu-se possivelmente na 1ª
viagem missionária (At 14.8-21). Passou a acompanhar Paulo na 2ª viagem missionária (At
16.1-3).
17.2.1 "Meu filho amado": Paulo também foi o pai espiritual de Timóteo.
17.2.2 "Fiel no Senhor": sua lealdade é registrada em vários textos. Frequentemente
completava as tarefas que Paulo não podia fazer (Ex.: Filipos, Tessalônica e Beréia
- At 17.15; Fp 2.22; 1Ts 3.1-3, 6).
17.3 "Modo de vida": desde que nascem as crianças dependem dos pais (sobrevivência,
cuidado, orientação e ensino), imitam seus pais (modo de vida).
17.3.1 Desse modo afirma que praticava aquilo que pregava, um princípio a ser seguido
por todos os que se dedicam ao serviço cristão67.
17.4 "Como por toda parte eu ensino": o ensino é o mesmo.
17.4.1 Deus não tem padrões diferentes para igrejas diferentes. Pode trabalhar de
maneiras distintas, mas as doutrinas são as mesmas68.
17.4.2 Não há lugar para divisões nem doutrinas contrárias ao evangelho.
17.4.3 Timóteo iria resolver o problema através dos ensinos do evangelho69.

63
WIERSBE, op. cit.
64
MORRIS, op. cit.
65
LOPES, op. cit.
66
WIERSBE, op. cit.
67
MACDONALD, op. cit.
68
WIERSBE, op. cit.
69
MORRIS, op. cit.
58

18 "Andam cheios de arrogância": a arrogância não aparecia apenas na forma de divisão (v. 6),
mas na falta de respeito para com Paulo (1Co 9.1-3; 2Co 10.9-10).
18.1 A arrogância torna uma pessoa cega para a realidade.
18.2 "Como se eu não fosse mais visitar-vos": os líderes arrogantes em Corinto
subestimavam o cuidado amoroso de Paulo para com a igreja.
18.2.1 Paulo sempre visitava as igrejas (At 19.21) e orava diariamente por elas (1.4; Fp
1.3-4; Cl 1.3-4).
18.3 Estariam dizendo que Paulo não ousava encará-los70.
19 "Em breve, porém, irei": fala com determinação que irá em breve. Talvez passe todo o inverno
(16.6-7) e deixará Éfeso depois do Pentecoste (16.8).
19.1 "Se o Senhor quiser": o ministro não é seu próprio Senhor. Está sob a direção Divina.
19.1.1 Apenas um impedimento divino o deteria71.
19.2 "Descobrirei não só o que falam... mas também o poder que possuem": Paulo planeja
permanecer em Corinto para descobrir se tais líderes foram capacitados pelo Espírito
para edificarem a igreja.
19.2.1 O Evangelho não fala apenas aos homens o que devem fazer. Nele Deus lhes dá
poder para fazê-lo72.
19.2.2 Esses arrogantes falavam muito, mas não viviam o evangelho73.
20 O reino de Deus não é simplesmente um bom conselho. Do que adiante falar eloquentemente e
ser vazio?74
20.1 O Reino de Deus é espiritual e não utiliza sabedoria humana ou eloquência emocional75.
20.2 Os homens sabem qual é o bem, mas praticam o mal. Necessitam do poder de Deus para
capacitá-los a viverem como convém ao seu reino.
21 Interroga toda a igreja com duas alternativas de escolha: desejam ser punidos ou amados?
21.1 "Disciplina": referindo-se a autoridade da Palavra para corrigir.
21.1.1 Reter a vara do filho é pecar contra ele76.
21.1.2 O filho que só apanha fica revoltado, o que só recebe carinho fica mimado 77.
21.2 O tom da visita dependerá da atitude dos coríntios78.

70
MORRIS, op. cit.
71
Ibidem.
72
Ibidem.
73
LOPES, op. cit.
74
MORRIS, op. cit.
75
METZ, op. cit.
76
LOPES, op. cit.
77
Ibidem.
78
MACDONALD, op. cit.
59

21.3 Essa pergunta presume que estavam preparados para qualquer uma das situações79.
21.4 Infelizmente Paulo fez uma visita rápida e passou por experiências dolorosas (2Co 2.1;
12.14; 13.1)80.

79
MORRIS, op. cit.
80
WIERSBE, op. cit.
60

CAPÍTULO 51

Neste capítulo, Paulo discute sobre um pecado de incesto na igreja. O apóstolo afirma que tanto o
homem (que cometeu o ato) como a igreja (por não ter agido) são culpados de pecar. Trata das
medidas disciplinares na igreja diante de pecados graves e de natureza pública2.

(1-5: lamentar o pecado; 6-8: julgar o pecado 9-13: expurgar o pecado)

1 "De fato, ouve-se": indica que o incidente era conhecido dentro da igreja de Corinto. Era um
tópico de frequente conversa3.
1.1 Holos: (ολως) "muito seguramente", "indiscutivelmente".
1.2 “Imoralidade”: “porneia” (πορνεια) – “fornicação”. Significa qualquer forma de
perversidade sexual4.
1.3 “Entre vós”: o que preocupou Paulo não foi o problema em si, mas a reação da igreja em
relação à situação5.
1.4 “Nem mesmo entre os gentios se vê”: tal arranjo degradante era contrário até aos
padrões sociais promíscuos dos coríntios6.
1.4.1 Nem mesmo a lei romana permitia uniões deste tipo.
1.5 "Alguém manter relações sexuais com a mulher de seu pai": Paulo passa a impressão
de que o pai ainda vive.
1.5.1 Nos meios judaicos, a expressão "esposa de seu pai" significa "madrasta".
1.5.2 Provavelmente essa mulher era incrédula, pois não é mencionada nenhuma
medida a ser tomada em relação a ela7.
1.5.2.1 Disciplina é para os membros da igreja (1Co 5.13)8.
1.5.3 O texto grego pode significar que teve a madrasta como esposa ou como
concubina9.

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
3
METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
4
MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
5
METZ, op. cit.
6
Ibidem.
7
MACDONALD, op. cit.
8
LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
9
MORRIS, op. cit.
61

1.5.4 Alguns rabinos judeus toleravam o casamento de um homem com sua


madrasta (após a morte do pai). Talvez os prosélitos de Corinto tomassem
conhecimento dessa tolerância.
1.5.5 É óbvio, pelo texto, que é uma união ilícita10.
1.5.6 Deus alertou os israelitas repetidamente sobre tal pecado (Lv 18.8, 20; Dt 22.30;
27.20).
1.5.7 “Manter”: sugere que o relacionamento era contínuo (em oposição ao verso 2)11.
2 A igreja negligenciou disciplinar tal pessoa.
2.1 "Estais cheios de arrogância": o mal da arrogância estava em alguns líderes (1Co 4.18-
19), mas Paulo se dirige à toda a igreja.
2.1.1 Paulo tem dificuldade em raciocinar com pessoas a quem falta humildade.
2.1.2 Estavam orgulhosos com seu conhecimento e seus dons12.
2.1.2.1 Gabavam-se do fato de terem uma mente tão aberta que até os impuros
poderiam ser considerados membros de boa reputação13.
2.1.2.2 Orgulhavam-se em ser uma igreja sem imposições, sem fiscalização da
vida alheia14.
2.2 “Não devíeis, pelo contrário”: não sabemos por que o problema não foi tratado (talvez
fosse um homem importante; possuísse um conhecimento superior; demonstrava dons
notáveis que o davam respeito; ou toleraram tal ato para ganhar licença para outros vícios
ou atitudes não cristãs)15.
2.2.1 A disciplina não é uma opção, é uma ordem de Deus16.
2.3 "Lamentar": a igreja deveria expulsar tal homem, mas também se arrepender.
2.3.1 "Epenthēsate": (επενθησατε – “lamentar”) empregado com relação aos mortos.
Pode ser aplicado pela perca do membro da igreja ("devíeis estar chorando a
perda de um membro")17.
2.3.1.1 Tristeza fúnebre. Demonstração pública de pesar pela perca de um
membro da família18.

10
MORRIS, op. cit.
11
METZ, op. cit.
12
Ibidem.
13
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
14
LOPES, op. cit.
15
METZ, op. cit.
16
LOPES, op. cit.
17
MORRIS, op. cit.
18
METZ, op. cit.
62

2.3.1.2 Talvez seja o tipo de tristeza mais profunda e dolorosa que uma pessoa
pode sentir19.
2.3.2 Iniciar um processo de disciplina nunca é prazeroso, mas deve ser obedecido20.
2.4 “Expulsar”: Paulo não sugere que o malfeitor seja tratado com brandura21.
2.5 O pecado do crente tem juízo mais severo, pois está pecando contra o
conhecimento22.
2.6 "Cometeu isso": o grego indica que o homem não continua a praticar o ato de imoralidade
(em contraste com o verso 1).
3 No verso anterior, Paulo dá seu parecer sobre a questão. Agora, dirige a reunião da assembleia
local e bate o martelo sobre o assunto.
3.1 Não temos detalhe do procedimento para a disciplina, mas podemos esperar que a
confirmação por testemunhas teria sido seguida (Mt 18.15-17).
3.1.1 Havia entrado abertamente em um relacionamento, sabendo que desafiava o
costume social, e a nova moralidade da fé cristã. Além disso, persistiu em seu
estado sem qualquer vergonha ou remorso23.
3.2 A igreja falhou em seu dever. Os presentes não fizeram nada. Paulo, que estava longe,
não tardou em agir24.
3.3 “Estou presente em espírito”: pneuma (πνευματι) denota a parte não material da
personalidade humana e pode significar o próprio ser de cada pessoa. Fonte do
discernimento, das emoções e da vontade25.
3.3.1 Refere-se ao espírito racional, o poder pelo qual o ser humano sente, pensa,
decide26.
4 Instrui a igreja a reunir-se em assembleia como se Paulo estivesse presente.
4.1 O pecado público deve ser julgado e condenado publicamente27.
4.2 "Vos reunirdes em nome de nosso Senhor Jesus": Jesus prometeu estar presente em
assembleias (Mt 18.20).
4.2.1 “Em nome de”: sobre a autoridade de28.

19
WIERSBE, op. cit.
20
Ibidem.
21
Ibidem.
22
LOPES, op. cit.
23
METZ, op. cit.
24
MORRIS, op. cit.
25
PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
26
STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
27
WIERSBE, op. cit.
28
MORRIS, op. cit.
63

4.2.2 O nome é a expressão da natureza de seu portador (caráter, posição, etc)29.


4.2.2.1 Os cristãos nunca atribuíram significado mágico ao nome de Jesus.
4.2.2.2 Representava seu poder e autoridade (Mt 7.22; At 4.10, 12; 1Co 6.11).
4.2.2.3 A oração em seu nome refere-se a orar com base em sua autoridade (Jo
16.23).
4.3 "Estando convosco em espírito, junto com o poder de nosso Senhor Jesus": o
apóstolo está presente em espírito, e o Senhor, em poder30.
4.3.1 A igreja deveria obedecer a Paulo e agir com base na autoridade de Jesus.
4.3.2 A base para o juízo é a autoridade dada por Cristo e a orientação das
Escrituras31.
4.3.2.1 Somente o Evangelho pode formar um critério válido para julgar aqueles
que estão em Cristo e os que não estão.
4.4 A disciplina é um ato coletivo e não apenas da liderança da igreja32.
4.4.1 Se a comunidade não referendar a disciplina, ela gerará mais doença que cura.
5 "Entregai esse homem a Satanás": é semelhante à ordem que Jesus deu aos discípulos: "tratar
um pecador impenitente como um pagão ou cobrador de impostos" (Mt 18.17).
5.1 Essa ordem faz paralelo com 1Tm 1.20.
5.2 Tal ação se refere ao ato de excomunhão que expurga o mal da igreja (v. 2, 7, 13)33.
5.2.1 A ideia é que fora da igreja está a esfera de Satanás (Ef 2.12; Cl 1.13; 1Jo 5.19).
5.3 Os crentes gozam de segurança (Jo 10.28-29), mas uma pessoa fora da igreja, não.
5.4 "Para destruição da carne": o pecador excomungado é atacado por Satanás e, aos
poucos, tem seu corpo físico enfraquecido (ex.: Jó 2.4-6; 2Co 12.7). Durante esse
processo, o pecador tem tempo para arrepender-se.
5.4.1 "Destruição": olethtron (ολεθρον) – “arruinar" e não "destruir"34.
5.4.1.1 Entregue ao mal, esgotará suas forças físicas e arruinará suas
oportunidades de felicidade.
5.4.1.2 Esse sofrimento físico quebraria os desejos e hábitos pecaminosos35.
5.5 "Para que o espírito seja salvo": esse é o propósito principal da disciplina.
5.5.1 Paulo concebe esta punição como medicinal36.

29
PFEIFFER, op. cit.
30
MORRIS, op. cit.
31
METZ, op. cit.
32
LOPES, op. cit.
33
MORRIS, op. cit.
34
METZ, op. cit.
35
MACDONALD, op. cit.
64

5.5.1.1 Devemos considerar a sentença corretiva em vez de punitiva (assim


como em 1Tm 1.20)37.
5.5.1.2 A disciplina deve sempre promover a restauração à comunhão38.
5.5.1.3 Quando um irmão cai, a igreja deve lamentar e ajudar o caído (Gl 6.1-2)39.
5.6 "No dia do Senhor Jesus": não significa que o homem precisa aguardar até o fim dos
tempos para poder ser salvo.
5.6.1 No dia do Senhor ele espera ver o ofensor disciplinado40.
5.6.2 A destruição da carne serve para tornar a alma pecadora novamente sã antes da
morte.
5.6.2.1 Ao ser privado de apoio espiritual ele recobra seu juízo e arrepende-se.
5.6.2.2 Dois exemplos característicos: Gômer (Os 2.7) e o Filho Pródigo (Lc
15.17-18, 24).
5.6.2.3 O contraste entre a experiência presente das coisas do Maligno e as
recordações das coisas de Deus, poderia causar uma revulsão dos
sentimentos e conduta41.
5.6.2.4 Se for definitivamente sensível à graça, a rejeição da igreja pode trazê-lo
à sua razão. O homem seria condenado se continuasse em seu
estado de pecado. Mesmo que ele experimentasse a morte física sob o
juízo de Deus, tal morte seria uma bênção se fizesse com que se
arrependesse antes de morrer42.
5.7 A conduta imoral é uma ameaça à existência da igreja.
5.7.1 Vivemos em uma casa de vidro, onde o mundo nos observa. Quando a igreja
deixa de reprimir um pecado que o mundo condena, se torna ineficaz.
5.7.2 A razão para a expansão de seitas é a falta de credibilidade da igreja.

6 Repete o que havia dito antes (v. 2).


6.1 “Vosso orgulho não é bom”: Os coríntios não só consentiam à situação. Orgulhavam-se
da sua atitude43.

36
MORRIS, op. cit.
37
METZ, op. cit.
38
MACDONALD, op. cit.
39
WIERSBE, op. cit.
40
MORRIS, op. cit.
41
Ibidem.
42
METZ, op. cit.
43
MORRIS, op. cit.
65

6.1.1 Kauchema: (καυχημα) orgulho ou vaidade. Achavam-se superiores


espiritualmente.44.
6.2 "Fermento": pelos ensinos de Jesus, o fermento muitas vezes simbolizava o mal (Mt 16.6,
11. Mc 8.15; Lc 12.1).
6.2.1 É uma perfeita imagem do pecado: pequeno, porém poderoso; trabalha em
oculto; faz a massa "inchar" e se espalha45.
6.2.2 Na época, conheciam os resultados do fermento infectado. Se estivesse
contaminado ameaçava a saúde física das pessoas que comessem o pão.
6.2.3 A ilustração transmite a ideia de sua ampla penetração da imoralidade e
potencial para levar a resultados danosos.
6.2.4 Manter o ofensor no rebanho faria a má influência propagar-se (assim como uma
fruta apodrece a outra)46.
6.2.4.1 Às vezes pensamos o contrário47.
7 "Removei": termo forte que significa "limpar totalmente", "purificar", "eliminar"48.
7.1 Cada cristão é exortado a ser liberto do pecado e viver a vida santa em Cristo.
7.2 A disciplina é preventiva. Deve-se tirar o fermento infectado para salvar a massa nova49.
7.2.1 A disciplina protege os membros da contaminação.
7.2.2 Tirar o fermento é tirar o pecado e não o pecador (Mt 16.23).
7.2.3 O que aconteceu com este homem? (2Co 2.5-11).
7.2.4 Somos chamados a odiar o pecado, não o pecador. Tratar duramente o pecado,
mas receber com ternura o pecador arrependido.
7.3 “Fermento velho”: os velhos hábitos que são maus e corrompem50.
7.4 "Para que sejais massa nova": demonstrarem que são um novo povo em Cristo.
7.4.1 Assim como os judeus tinham de remover o fermento velho de suas casas e comer
pão sem levedura por uma semana inteira, assim os coríntios devem expurgar o
mal de seu meio.
7.4.2 A Páscoa dos judeus foi às pressas e simbolizava a libertação da escravidão (no
nosso caso do pecado).

44
METZ, op. cit.
45
WIERSBE, op. cit.
46
MORRIS, op. cit.
47
LOPES, op. cit.
48
METZ, op. cit.
49
LOPES, op. cit.
50
MORRIS, op. cit.
66

7.5 "Assim como, de fato, sois": os lembra de que foram santificados em Cristo (1Co 1.2;
6.11).
7.5.1 Afirma o fato de que são realmente uma nova massa, portanto não lhes é
necessário reintroduzir o velho fermento51.
7.6 "Já foi crucificado": ele lembra aos coríntios de que os israelitas tiveram de remover
fermento de seus lares antes que pudessem comer o cordeiro pascal.
7.6.1 O sacrifício de Cristo é que torna todas as coisas novas para os cristãos,
emergindo-os em uma vida nova52.
8 "Celebremos a festa": Paulo não está pedindo que observassem a festa judaica ou a ceia.
8.1 Está falando figuradamente sobre a alegria que os cristãos sentem por saber que estão
limpos do pecado.
8.1.1 Usa esse termo de modo geral para referir-se à vida do cristão em sua
totalidade53.
8.2 "Não com fermento velho": a celebração da salvação em Cristo exclui o velho homem.
8.2.1 "Maldade": kakia (κακιας) – “malícia”, “perversidade”. Refere-se à inclinação
(persistência e prazer) para o mal.
8.2.2 “Corrupção”: poneria (πονηριας) – “atividades do diabo”. “Esforço para injuriar o
próximo”54.
8.3 "Pães sem fermento": não contaminados.
8.3.1 "Sinceridade": (ou pureza de mente ou motivos) eilikrineias (ειλικρινειας) – o
oposto da inclinação para o mal (“motivo”).
8.3.2 "Verdade": (αληθειας; aletheia – “de acordo com a verdade”55) verdade em Cristo
(Jo 14.6). A vida nova de santidade. Exata concordância com aquilo que é56
(“ação”).
8.4 Em vez de instruí-los a padrões exclusivos de moralidade, chama a atenção deles para a
verdade em Cristo.
8.4.1 Com essa verdade, são capazes de viver em harmonia com os preceitos de Deus.
8.5 Se alguém comesse a Páscoa com fermento, essa pessoa seria morta57.
8.5.1 Não celebre culto a Deus se há fermento, pecado em sua vida.

51
MORRIS, op. cit.
52
Ibidem.
53
MACDONALD, op. cit.
54
METZ, op. cit.
55
STRONG, op. cit.
56
PFEIFFER, op. cit.
57
LOPES, op. cit.
67

8.5.2 Devemos viver a vida cristã fazendo uma faxina diária em nossa vida.

9 "Já vos escrevi por carta": sugere uma carta no passado, em contraste com v. 11. Seria a carta
Anterior não preservada.
9.1 Paulo escreveu muitas cartas que não são canônicas (1Co 16.3; 2Co 10.10).
9.2 "Não vos associásseis com os imorais": conteúdo da carta Anterior.
9.2.1 Reflete a preocupação de Paulo pelos irmãos que convivem na cidade imoral de
Corinto.
9.2.2 "Associásseis": (συναναμιγνυσθαι – “sunanamignumi”) significa "misturar-se com"
ou “ser íntimo de”58. Proibira-lhes intercâmbio familiar59.
9.3 Parece que os coríntios haviam entendido mal a carta Anterior. Portanto, Paulo agora, nos
versos que seguem, explica o que tinha em mente.
10 Os coríntios entenderam, na carta Anterior, que não deviam se associar com pessoas imorais do
mundo. Isso equivaleria a deixar este mundo.
10.1 O que quis dizer, na carta Anterior, era para não se envolverem com essas pessoas.
10.1.1 Na parábola do trigo e do joio, ambos crescem juntos até a ceifa (Mt 13.30). No
presente o crente vive ao lado do incrédulo.
10.1.2 Os crentes não devem ser isolados, mas sim separados. Não podemos evitar
contato com pecadores, mas podemos evitar a contaminação com o pecado60.
10.2 "Avarentos": (πλεονεκταις – pleonektai) os dominados pelo desejo de ter mais, ou espírito
de engrandecimento próprio61.
10.2.1 Adotavam práticas desonestas nos negócios ou questões financeiras (ex.: fraude
tributária)62.
10.3 "Ladrões": (αρπαξιν – harpages) os que agarraram alguma coisa com voracidade (ladrões
de qualquer tipo)63.
10.3.1 Enriquecem por meios violentos (ameaças)64.
11 "Aquele que, dizendo-se irmão, for imoral...": tal tipo de pessoa não pode pertencer à
comunidade cristã. Suas ações contradizem tudo o que a Igreja ensina.

58
STRONG, op. cit.
59
MORRIS, op. cit.
60
WIERSBE, op. cit.
61
MORRIS, op. cit.
62
MACDONALD, op. cit.
63
MORRIS, op. cit.
64
MACDONALD, op. cit.
68

11.1 Eles não deviam manter íntima comunhão com alguém que se professa de cristão, mas
nega a sua profissão com o seu modo de viver65.
11.1.1 Não devemos ter atitudes que possam ser interpretadas como coniventes com
o pecado66.
11.2 "Imoral ou ganancioso, idólatra ou caluniador, bêbado ou ladrão": a imoralidade sexual
não é o único pecado que a comunidade cristã condena.
11.2.1 Apresenta uma lista dos que devem ser excluídos da associação com os cristãos67.
11.2.2 Ganância e idolatria apontam para a condição social de Corinto, onde o dinheiro
e a idolatria reinavam supremos.
11.2.3 "Caluniador": (λοιδορος – loidoros) alguém que injuria outros (blasfemador,
insultador68) (Mt 5.22)69.
11.2.3.1 Usa de linguagem forte para falar contra outrem70.
11.2.3.2 Serve de advertência para termos controle sobre nosso modo de falar.
11.2.4 “Bêbado” (μεθυσος – methusos: bêbado, intoxicado71): quanto ao consumo de
vinho, não há passagem que prescreva uma abstinência total (com exceção dos
nazireus – Nm 6.3-4; e de outros casos – Lv 10.9; Jr 35.6, 8, 14; Ez 44.21).
11.2.4.1 Textos no NT que não proíbem o uso de bebida alcóolica: Mt 11.19; Jo
2.7-9; 1Tm 5.2372.
11.2.4.1.1 Além da uva, as bebidas eram feitas de grãos e também
maçãs, tâmaras, mel e romãs.
11.2.4.2 As Escrituras condenam o beberrão (1Co 6.10).
11.2.4.3 É aquele que consome em excesso bebidas alcóolicas73.
11.2.4.4 As muitas implicações mostram que a embriaguez era comum ao povo de
Israel no AT (Lv 10.9; Dt 21.20; Pv 20.1; 23.20-21, 30-35; Jl 1.5; Na
1.10)74.
11.3 "Nem sequer comer": não se refere à Santa Ceia, mas às refeições comuns75.

65
MORRIS, op. cit.
66
MACDONALD, op. cit.
67
METZ, op. cit.
68
STRONG, op. cit.
69
MORRIS, op. cit.
70
MACDONALD, op. cit.
71
STRONG, op. cit.
72
PFEIFFER, op. cit.
73
MACDONALD, op. cit.
74
PFEIFFER, op. cit.
75
MORRIS, op. cit.
69

11.3.1 Em uma sociedade oriental, não oferecer comida era interpretado como declaração
de guerra (parábola do amigo à meia-noite – Lc 11.5-8).
11.3.1.1 Comer à mesa era uma honra ou gesto de amizade. Era colocar uma
marca pessoal de aprovação nele76.
11.3.2 Era uma função social e religiosa popular77.
11.3.3 A excomunhão resulta numa separação completa entre a comunidade cristã e o
pecador ofensivo (Mt 18.17).
11.4 Em contraste, poderiam seguir os costumes sociais com não cristãos.
11.4.1 Jesus comia com publicanos e pecadores e Paulo permite refeições na casa de
pagãos (1Co 10.27)78.
11.4.2 Mas não os consideravam seus discípulos79.
12 "Os que são de fora": os judeus designavam os que pertenciam a uma religião diferente como
sendo "de fora".
12.1 Há uma diferença entre os de dentro e os de fora. Não cabe a igreja julgar os de fora80.
12.2 Refere-se ao juízo no tempo presente. Em 6.2 refere-se ao juízo final.
12.3 "Não julgais vós os que são de dentro?": pergunta retórica de resposta positiva.
12.3.1 O dever da Igreja é exercer a disciplina com os que estão no âmbito da igreja81.
12.3.2 A igreja deve julgar o pecado na congregação de modo que preserve sua
reputação de santidade e restaure o irmão em pecado82.
12.3.3 Não é um líder eclesiástico individual, mas a igreja toda é responsável por
administrar a disciplina.
13 Qualquer pessoa que afirme ser membro da Igreja precisa prometer obediência a Jesus
Cristo. Mas se optar por viver em desobediência ao Senhor, a congregação deve excluir essa
pessoa de seu rol.
13.1 "Expulsai esse imoral do vosso meio": devem expulsar o transgressor e deixá-lo ao
julgamento de Deus, agora que será um dos "de fora" (cf. Dt 17.7, 12-13)83.
13.1.1 A severidade de deixá-lo sem apoio e cuidado da igreja é comparável à
excomunhão na sociedade judaica do tempo de Jesus. O isolamento total
possibilita o arrependimento real.
76
METZ, op. cit.
77
PFEIFFER, op. cit.
78
MORRIS, op. cit.
79
MACDONALD, op. cit.
80
MORRIS, op. cit.
81
METZ, op. cit.
82
MACDONALD, op. cit.
83
MORRIS, op. cit.
70

13.1.2 A disciplina da igreja é para causar contrição no coração pecador e nutri-lo de


desejo de retornar ao Senhor.
13.2 O anuncio público da expulsão deve ser feito com tristeza e humilhação genuínas,
seguido de orações contínuas pela restauração do caído84.
13.3 O propósito da disciplina. 1) correção do faltoso (v.5): é preciso acompanhar a pessoa
disciplinada; 2) proteção da Igreja (v.6): a disciplina protege da contaminação e do
testemunho aos olhos da sociedade85.
13.4 A aplicação disso tudo ao cenário moderno não é fácil. Mas o ponto principal é que a
igreja não deve tolerar a presença do mal em seu meio86.
13.4.1 A igreja administra a disciplina por amor à sua pureza.
13.4.2 Lembremos o final dessa história (2Co 2.6-8)87.

84
MACDONALD, op. cit.
85
LOPES, op. cit.
86
MORRIS, op. cit.
87
LOPES, op. cit.
71

CAPÍTULO 61

Paulo interrompe a discussão sobre imoralidade para instruí-los com respeito a demandas na
justiça entre os membros da igreja. A discussão sobre julgar (5.12-13) deve ter lembrado o apóstolo
de outro problema na igreja de Corinto. A igreja também é advertida quanto ao perigo de
afundarem-se no pecado, particularmente os pecados sexuais, que parecem ter sido um problema
grave em Corinto. As instruções aqui são de valor perene para a igreja2.

(1-8: disputas judiciais; 9-11: os excluídos do reino de Deus; 12-20: devassidão)

1 "Atreve-se": questiona-os se alguém teria a audácia de fazer o que ele segue expondo.
1.1 Para Paulo, as ações judiciais públicas envolvendo cristãos são impensáveis3.
1.2 "Alguém entre vós": Paulo não dá nenhum exemplo específico. Usa termos gerais. Não se
refere a nenhum caso específico na igreja.
1.3 “Quando há queixa”: a passagem não nega a possibilidade de diferenças reais entre os
cristãos. Mas se opõe a submissão desses casos aos tribunais pagãos4.
1.3.1 As contendas na igreja existem (At 15.36-40; Fp 4.2). Isso ocorre porque os
crentes não são perfeitos. A igreja é uma fábrica de reciclagem de lixo5.
1.4 "Contra outro": o apóstolo não faz distinção entre crente e incrédulo.
1.5 "Levar a questão para ser julgada": uma pessoa que leva outro à justiça não pensa no
efeito prejudicial que a ação poderá causar sobre o acusado.
1.5.1 As partes envolvidas sempre são motivadas por ganância, impaciência, vingança,
hostilidade e obstinação. Essas motivações são incompatíveis com a profissão
cristã.
1.5.2 A prática do amor bíblico se traduz em conciliação. A resolução deve ser
mediada pelo espírito de promover cada um dos interesses.
1.5.3 Um cristão pode pensar em processar alguém? Se puder nisso observar e
cumprir a lei do evangelho, sim (Tg 2.8).

1 KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
3
METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
4
Ibidem.
5
LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
72

1.6 "Injustos": não indica que os tribunais de Corinto eram corruptos. Expressão aplicada a
todos os de fora da igreja6.
1.6.1 Não eram "justificados", logo eram "não justos" (injustos).
1.6.2 Pessoas que não regulam seu pensamento e viver pela lei de Deus.
1.6.3 A Igreja não deve dar ao mundo a oportunidade de ridicularizá-la e dividi-la.
1.7 "E não pelos santos?": cristãos não devem lavar roupa suja em público. Devem resolver-
se entre o próprio povo de Deus (cf. Mt 18.17).
2 "Não sabeis": Paulo os lembra de lições sobre o final dos tempos.
2.1 "Os santos julgarão o mundo": no Grande Dia do Senhor, os papéis serão invertidos, os
crentes julgarão o mundo pecador, incluindo os juízes terrenos. Não só jugaremos, mas
também reinaremos com Cristo (Dn 7.22; Mt 19.28; Lc 22.30; 2Tm 2.12; Ap 2.26-27; 20.4).
2.1.1 "Julgarão": alguns interpretam esse julgar no sentido de "governar", mas o
contexto é de processo legal e não de governo7.
2.1.1.1 Cristo não afirmou que todos os santos participarão disto, mas Paulo
apela para isto como um fato bem conhecido.
2.2 "Se o mundo será julgado por vocês, como sois incapazes de julgar": ele segue do
maior para o menor. Se realizarão um grande juízo, devem ser capazes de cuidar de
casos comuns entre si.
2.2.1 Os crentes são os futuros juízes das questões eternas e não conseguem tomar
decisões a respeito de questões passageiras dessa vida8.
2.2.2 "Coisas menores": "coisas" (kritēriōn – κριτηριων) significa o lugar de julgamento
ou o meio usado para julgar9. O sentido é: "sois indignos de julgar nos tribunais
menos importantes?"10.
2.2.3 De forma implícita, se somos honrados em julgar o mundo, desonramos a Deus
quando levamos causas judiciais perante um juiz gentio.
2.2.4 A igreja deve saber mediar problemas na congregação e resolver as questões.
2.2.5 Por contraste, Paulo ensina a amar (honrar) Deus e o próximo.
3 "Iremos julgar os anjos?": se inclui quando escreve na primeira pessoa do plural (não só os
apóstolos irão julgar).
3.1 Deus julgará os anjos caídos (Is 24.21-22; 2Pe 2.4; Jd 6; Ap 20.10).

6
MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
7
Ibidem.
8
METZ, op. cit.
9
STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
10
MORRIS, op. cit.
73

3.1.1 Sabemos que Cristo também será o Juiz (Jo 5.22; At 17.31). Com base em nossa
união com Cristo, haveremos de reinar e julgar com Ele11.
3.2 Os anjos são a ordem mais elevada dos seres submissos a Deus12.
3.3 Os filhos de Deus têm posição mais alta do que os anjos: 1) somos a imagem de Deus;
2) fomos remidos por Cristo; 3) somos ajudados por Cristo (Hb 2.16); 4) Deus envia os
anjos para servirem ao homem (Hb 1.14).
3.4 Mais uma vez, emprega o argumento do maior para o menor.
4 “Constituís como juízes os que são de menos estima”: Paulo os repreende por desprezarem
os irmãos cristãos.
4.1 “Os que são de menos estima”: juízes não cristãos (cf. v. 6).
4.1.1 Os padrões do mundo não são nada para Deus. Os que julgam por eles também
(cf. 1Co 3.19-20)13.
4.1.2 Juízes incrédulos não recebem lugares de maior honra ou privilégio na igreja14.
4.1.2.1 São respeitados pelo trabalho que realizam, mas não têm nenhuma
jurisdição sobre questões eclesiásticas.
4.2 Paulo demonstra preferir um princípio empregado na história bíblica (Êx 18.21-22; 2Cr
19.4-6).
4.2.1 Judeus tinham suas próprias cortes. De acordo com o Talmude, era proibido ir
perante juízes gentios.
4.2.1.1 Para os doutores da lei, tal ação estava na mesma categoria que a
blasfêmia15.
4.2.2 Processos envolvendo dois judeus eram resolvidos numa corte judaica (bêt dîn).
4.2.2.1 Na comunidade judaica, a casa de juízo era quase tão comum quanto a
sinagoga (Beth-keneseth)16.
4.3 Um cristão de pequena importância é tão competente como um juiz não cristão para a
resolução de problemas (v. 2-3).
4.3.1 Juízes profanos julgam de acordo com detalhes técnicos, habilidade de debate, ou
peso de evidências. Os cristãos consideram os problemas à luz da graça de
Deus e da comunhão pessoal, além dos procedimentos legais17.

11
MACDONALD, op. cit.
12
METZ, op. cit.
13
MORRIS, op. cit.
14
MACDONALD, op. cit.
15
METZ, op. cit.
16
Ibidem.
17
Ibidem.
74

5 "Para vos envergonhar": seu sentimento é tão forte que contrasta com 4.1418.
5.1 Este comentário tem o objetivo de humilhá-los com a pergunta que está prestes a fazer19.
5.2 “Será que não há entre vós ao menos um que seja sábio”: Paulo espera que a igreja
nomeie homens respeitáveis e sábios na própria comunidade para servir como juízes.
5.2.1 Paulo não sugere que os coríntios nomeiem juízes para terem uma posição
permanente (cf. v. 7).
5.2.2 Os coríntios orgulhavam-se de sua sabedoria. Agora o apóstolo pergunta se eles
têm ao menos um sábio20.
5.3 "Para julgar as questões": esse versículo envolve mediação e não vingança. O sábio age
como alguém que busca unir as duas partes para acordo mútuo (cf. v. 7a).
5.3.1 "Julgar": no tempo aoristo (grego), tem sentido de "dar uma decisão". A palavra
implica em uma "solução amigável por meio de arbítrio"21.
5.3.1.1 Diakrinai (διακριναι) em vez de krinai22. Pode ser interpretado como o
aprendizado por meio da habilidade de ver diferenças23.
5.4 "Entre seus irmãos": irmãos em Cristo.
6 "Um irmão leva outro irmão ao tribunal": ao levar outro irmão ao tribunal, tal cristão quebra a lei
régia (Tg 2.8).
6.1 Atacar um irmão é atacar-se a si mesmo24.
6.2 Um queixoso que vai à justiça não tem em mente o bem-estar espiritual, emocional, físico e
financeiro do irmão.
6.2.1 Um cristão deve tomar cuidado em uma corte judicial, para não chegar ao foro
com qualquer desejo pecaminoso de vingança. O amor será o melhor guia.
6.3 "E isso perante os incrédulos?": quando cristãos e não cristãos se ajuntam, o crente
colhe resultados danosos (2Co 6.15).
6.3.1 Tal atitude arranha a maior evidência do cristianismo, o amor. “Uma igreja despida diante do
mundo perde a sua autoridade de pregar o evangelho. Perde o poder para dizer ao mundo
que o evangelho transforma, envergonha o evangelho e se torna a vergonha do evangelho” 25.
7 "Uns contra os outros": parece que a prática de processar o outro não era incomum na igreja de
Corinto.
18
MORRIS, op. cit.
19
METZ, op. cit.
20
MORRIS, op. cit.
21
Ibidem.
22
METZ, op. cit.
23
STRONG, op. cit.
24
LOPES, H. D. op. cit.
25
Ibidem.
75

7.1 "Já estais derrotados": um processo judicial já é uma derrota, pois a controvérsia já
deveria ter sido resolvida preliminarmente.
7.1.1 Os danos são ao corpo de Cristo, não aos estranhos26.
7.1.2 Nesses casos ninguém sai ganhando, exceto o diabo!27
7.1.3 O cristão deve evitar danos e contendas dentro da igreja28.
7.2 "Em vez disso, por que não sofreis a injustiça?": essa pergunta subentende uma ordem.
7.2.1 Lembra-nos as palavras de Jesus (Mt 5.39-40; Lc 6.29-30).
7.2.2 Instintivamente protegemos nossas posses, mas não devemos nos apegar a
pertences terrenos, e devemos nos dispor a suportar injustiça.
7.2.3 É melhor suportar uma injustiça ou assumir uma perda financeira do que sofrer
um dano espiritual. O método cristão de evitar as ações judiciais deveria ser o de
sofrer em vez de retaliar29.
7.3 "Por que não sofreis o prejuízo?": Paulo pede que se submetam a perda de bens,
incentivando o amor mútuo e um espírito perdoador (1Pe 2.19-23; Cl 3.13).
7.3.1 É melhor perder dinheiro ou bens do que um irmão em Cristo e nosso
testemunho30.
7.3.2 Se a igreja não conseguir resolver, a última opção que resta é sofrer a perda. Só
faz isso quem considera a igreja e o evangelho mais preciosos do que os bens
materiais31.
7.3.3 Temos o exemplo de Abraão e Ló, Davi e Saul32.
8 Dentro do contexto da comunidade cristã, um cristão deve pôr de lado qualquer desejo de ser
injusto ou defraudador de seu irmão. Deve buscar o bem-estar material de seu semelhante.
8.1 “Fazeis injustiça e cometeis fraude... contra irmãos”: os coríntios pecavam duplamente:
contra padrões éticos e contra o amor fraternal33.
8.1.1 Em vez de demonstrarem a unidade cristã, eles eram culpados de fraude34.
8.1.2 Os processos entre os irmãos de Corinto não eram do tipo "amigáveis"35.

26
MORRIS, op. cit.
27
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
28
LOPES, H. D. op. cit.
29
METZ, op. cit.
30
WIERSBE, op. cit.
31
LOPES, A. N. Um irmão em Cristo me deu prejuízo, e agora? 2018. (42m20s). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=p15n95rckS0&t=1060s>. Acesso em: 04 mai. 2018.
32
LOPES, H. D. op. cit.
33
MORRIS, op. cit.
34
METZ, op. cit.
35
WIERSBE, op. cit.
76

8.1.3 Paulo está dizendo que existia uma prática injusta, pecaminosa, e danosa entre os
crentes daquela igreja. Não prevalecia a verdade, a justiça, a caridade e o amor,
nem muito menos o perdão36.
8.2 Um cristão pode em alguma circunstância recorrer a uma ação judicial?
8.2.1 Deus instituiu o governo civil, incluindo o judiciário (Rm 13.1-5).
8.2.2 Paulo fez uso do sistema romano para defender-se (ele não iniciou os
processos) e defender o Cristianismo (At 16.37; 22.25; 25.11).
8.2.3 Os cristãos devem se abster de iniciar ações na justiça (o litígio é uma mancha
na comunidade).
8.2.4 Paulo não encoraja o crente a ser ludibriado sem reagir. Essas coisas não deve
haver (v. 9-10) e se houver devem ser resolvidas entre a igreja (v. 1, 5)37.
8.2.4.1 Jesus falou muito mais do dinheiro do que do amor. Justamente devido o
poder que ele tem de nos destruir.
8.2.4.2 Devemos cuidar bem de nossos bens, pois se chegarmos a uma
situação crítica, devemos estar dispostos a sofrer a perca.

9 Paulo distingue os coríntios dos pecadores imorais (que de vontade própria continuam em
seus pecados e se gloriam neles).
9.1 A contenda dentro da igreja deve leva-la a uma autoanálise. O cristão que pratica a
injustiça e o dano constantemente tem de verificar se de fato é salvo38.
9.2 Nesse versículo, cita os pecados sexuais (cometidos a si mesmo).
9.3 "Não vos enganeis": mais uma vez os exorta sobre o autoengano (cf. 3.18).
9.4 Lista de pecados: 1) imorais (qualquer tipo de pecado sexual); 2) idólatras; 3) adúlteros (os
que violam o leito matrimonial)39.
9.4.1 A inclusão de idolatria entre os pecados sexuais deve-se a relação desses pecados
ao culto pagão da época.
9.5 “Homossexuais”: (malakoi – μαλακοι) "homens e meninos que se permitem serem usados
homossexualmente". Denota passividade e submissão.

36
LOPES, H. D. op. cit.
37
LOPES, A. N. op. cit.
38
LOPES, H. D. op. cit.
39
MORRIS, op. cit.
77

9.5.1 Malakoi significa “ser maleável ao toque” e “ser passivo numa relação
homossexual”. A palavra pode significar delicado, ou efeminado, como em homens
que são penetrados (como uma mulher seria) por outro homem40.
9.6 "Nem os que as procuram": (arsenokoitai – αρσενοκοιται) ou sodomitas. Homens que
iniciam práticas homossexuais. São os parceiros ativos dessas práticas.
9.6.1 Arsenokoitai é composta de homem (arsēn) e cama (koitē) e pode ser traduzido,
literalmente, por “deitadores de homens na cama” ou “aqueles que levam machos
para cama”. As melhores traduções referem-se a homens engajados em
comportamento homossexual41.
10 Nesse versículo, cita os pecados relacionados a outros. É quase uma repetição de 5.10-11.
10.1 “Ladrões”: (cleptês – κλεπται) ladrão barato que pega escondido dos outros, com mania de
furtar (cleptomaníaco)42.
10.1.1 O nome é usado para falsos mestres, que não cuidam em instruir homens, mas
abusam de sua confiança para o seu próprio ganho43.
10.2 “Os que cometem fraude”: aqueles que tiram vantagem dos outros de uma forma legal,
porém completamente injusta44.
10.3 “Herdarão o reino de Deus”: os filhos de Deus herdam o reino de Deus, e os pecadores
impenitentes, no entanto, estão excluídos do reino (cf. v. 11).
10.4 Paulo lhes dá um remédio amargo neste ponto, mas adoça com o lembrete do verso 1145.
11 “Alguns de vós éreis assim”: os primeiros pregadores defrontaram-se com pessoas de valores
opostos aos de Cristo46.
11.1 Fora o poder eficaz do Espírito de Deus para converter pessoas como os crentes de
Corinto.
11.2 "Mas fostes lavados": (apelousasthe – απελουσασθε) o lavar é completo (o prefixo
indica limpeza completa). Quando Deus perdoa um pecador arrependido ele apaga toda a
culpa do relatório (Ap 1.5).
11.3 "Santificados": todo o que crê em Jesus é santificado nEle (Jo 17.19).
11.3.1 Refere-se à mudança de vida da pessoa regenerada que passa a viver de forma
que agrada a Deus47.

40
DEYOUNG, K. O que a Bíblia ensina sobre a homossexualidade. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.
41
Ibidem.
42
LOPES, H. D. op. cit.
43
STRONG, op. cit
44
METZ, op. cit.
45
Ibidem.
46
MORRIS, op. cit.
78

11.4 "Justificados": é um ato declarativo de Deus pelo qual o crente é pronunciado justo em
Cristo.
11.4.1 Termo judicial, empregado com relação aos absolvidos.
11.4.2 No grego, os 3 verbos (lavado, santificado e justificado) estão gramaticalmente no
tempo aoristo, descrevendo uma ação única e instantânea.
11.5 "Em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus": trinitarianismo
implícito.
11.5.1 Tanto o lavar, como o santificar e o justificar estão ligados ao Deus trino.
11.6 Essa narrativa nos mostra a graça perdoadora de Deus. Deus perdoa todo e qualquer
pecado (Mt 12.31-32).
11.6.1 A graça perdoadora de Deus pode ser vista: 1) na mulher pecadora na casa de
Simão (Lc 7.48, 50); na mulher pega em adultério (Jo 8.11); em um dos criminosos
na cruz (Lc 23.43); em Paulo que era perseguidor da igreja (At 9.15); e em
Manassés, rei de Judá (2Re 21.1-9, 16; 2Cr 33.1-9; 33.12-13).
11.7 Os coríntios haviam experimentado a conversão, seria trágico se retornassem a velha
maneira de viver48.
11.7.1 Ninguém deve voltar atrás depois de experimentar a graça de Deus49.

12 Paulo dá alguns princípios de discernimento50, utilizando os lemas usados pelos coríntios e


dando uma resposta apropriada a eles.
12.1 "Todas as coisas me são permitidas": esse lema usado pelos coríntios aparece 4x nessa
carta (2x aqui e 2x em 10.23).
12.1.1 Usavam esse princípio da liberdade cristã como máxima para justificar a sua
conduta51.
12.1.1.1 Essa igreja chegou a se orgulhar do pecado de incesto52.
12.1.1.2 O princípio de liberdade era usado principalmente em referência ao
alimento (em oposição à lei dietética judaica - Lv 20.25; At 10.13-14)53.
12.1.1.3 Outras religiões prescreviam regras para salvação. Leis sobre
alimentação eram especialmente comuns.
47
METZ, op. cit.
48
Ibidem.
49
MACDONALD, op. cit.
50
Ibidem.
51
MORRIS, op. cit.
52
LOPES, H. D. op. cit.
53
METZ, op. cit.
79

12.1.1.4 Ao contrário, no Cristianismo, o crente evita coisas más e vãs, mas isto
não detém a sua salvação.
12.1.2 Alguns achavam que podiam fazer o que bem entendessem (inclusive atos
sexuais imorais).
12.2 "Mas nem todas são proveitosas": não podemos fazer qualquer coisa sem atentarmos ao
efeito nocivo que nosso comportamento possa ter sobre nosso semelhante.
12.2.1 A liberdade deve ser exercida à luz de todos os fatos, deve ser benéfica (a nós
e a outros)54.
12.2.1.1 Não temos direito de participar de atividades que possam parecer
inocentes a nós, mas que podem ser prejudiciais aos outros.
12.3 "Mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas": se uma pessoa cede ao pecado,
ela é seu escravo e o pecado é seu mestre (Gn 4.7; Rm 6.16).
12.3.1 Ao reivindicar a sua liberdade cristã, o homem corre o risco de colocar-se na
escravidão das coisas que pratica55.
12.3.2 A liberdade cristã ocorre dentro da comunhão com Cristo.
12.4 Devemos nos perguntar sempre: "isso irá me escravizar? É, de fato, proveitoso para
minha vida?"56.
13 "Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos": outro ditado
proverbial dos coríntios.
13.1 Alguns libertinos da igreja se consideravam livres para regalar-se no comer e na
imoralidade.
13.1.1 Queriam dar a entender que uma função natural (comer) é semelhante à outra
(fornicação)57.
13.1.1.1 Consideravam o sexo um apetite a ser saciado, não uma dádiva a ser
guardada e usada com cuidado58.
13.1.2 Tais funções (comer) só adquirem um significado espiritual pela motivação e
circunstâncias nas quais ocorrem59.
13.1.2.1 O corpo não pode existir sem alimento, mas pode existir sem a
indulgência sexual.
13.2 Deus criou os alimentos e nosso organismo, um para o outro, mas também impõe limites.

54
METZ, op. cit.
55
MORRIS, op. cit.
56
WIERSBE, op. cit.
57
MORRIS, op. cit.
58
WIERSBE, op. cit.
59
METZ, op. cit.
80

13.3 "Deus, porém, destruirá tanto um quanto o outro": os alimentos são perecíveis, e a vida
humana também.
13.3.1 As funções do corpo cessarão na morte60.
13.3.2 "Destruirá": (katargeō) "reduzir a nada"; “anular”, remove completamente, tornar
inútil. O corpo não está destinado a ser destruído (Fp 3.21)61.
13.3.3 Algumas coisas lícitas podem não ser proveitosas ou nos escravizar e outras tem
valor temporário62.
13.4 "Mas o corpo não é para a imoralidade, e sim para o Senhor, e o Senhor, para o
corpo": não deviam relacionar o apetite sexual com um apetite por comida e bebida.
13.4.1 O consumo moderado de comida e bebida não é questão de moralidade.
Inversamente está a imoralidade, da qual devemos fugir dela.
13.4.2 Deus não destinou o corpo para a fornicação assim como destinou o estômago
para os alimentos63.
13.4.2.1 O Senhor se interessa por nosso corpo, pelo seu bem-estar e uso
apropriado64.
13.4.3 O corpo foi criado para a glória de Deus.
13.4.3.1 É o instrumento em que o homem serve a Deus65.
13.4.3.2 Deus criou o corpo do homem para o trabalho na sua criação (Gn 1.28) e
o casamento para propagação da raça e enriquecimento do casal.
13.4.3.3 O sexo ilícito é contrário ao propósito divino (1Ts 4.3-5).
13.4.4 "O Senhor, para o corpo": assim como o alimento é vital para o funcionamento do
estômago, assim é o Senhor para o funcionamento do corpo (pleno funcionamento
para o qual fomos destinados)66.
13.5 Paralelismo: 1) como o alimento e o estômago são feitos um para o outro, assim o corpo e
o Senhor servem um ao outro; 2) tanto o alimento como o estômago é transitório, mas o
corpo e o Senhor são eternos.
14 O mundo gentio da época considerava o corpo físico insignificante, enquanto a alma tinha
importância total.

60
METZ, op. cit.
61
MORRIS, op. cit.
62
MACDONALD, op. cit.
63
MORRIS, op. cit.
64
MACDONALD, op. cit.
65
MORRIS, op. cit.
66
Ibidem.
81

14.1 Ensinavam que o corpo era uma parte inferior da natureza, que identificava o homem com
os animais. Eles achavam que somente a inteligência e a razão estavam em harmonia com
as esferas mais elevadas da verdade e da realidade67.
14.2 Por isso Paulo frisa a significação do corpo (largamente no capítulo 15).
14.3 Embora seja corruptível, nosso corpo é precioso para Deus, tanto que o vivificará (Rm
8.11; 2Co 4.14; 13.4).
14.3.1 Não seremos corpos desencarnados na eternidade68.
14.3.2 A ressurreição nos proíbe avaliar levianamente o corpo69.
14.3.3 Uma vez que nosso corpo tem uma origem e um futuro tão maravilhoso, como
dedicá-lo a propósitos tão perversos?70
15 "Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo?": mais uma vez Paulo usa de
perguntas retóricas.
15.1 Cristo usa nosso corpo físico para promover a causa do evangelho (somos as mãos e os
pés de Cristo).
15.1.1 A Igreja é o corpo de Cristo (Rm 12.5; 1Co 12.12; Ef 5.29-30).
15.2 “Tomarei”: (airō) significa “levar embora”. Este pecado retira os membros de Cristo do
seu uso apropriado, usurpando-os de seu idôneo Senhor71.
15.3 "Farei deles membros de uma prostituta?": (pornē – prostituta) naquele tempo a
prostituição e a fornicação eram consideradas atividades toleráveis.
15.3.1 Paulo não faz paralelismo, mas contrasta a comunhão sagrada do crente com
Cristo e a de uma relação com uma prostituta.
15.4 "De modo nenhum": Paulo ensina a incompatibilidade da união com Cristo paralela à
união com a prostituição. Algo assim é impensável.
16 "Quem se une a uma prostituta torna-se um corpo com ela?": se uma pessoa tem relações
com uma prostituta, seu ato envolve não apenas seu ser físico, mas também seu ser espiritual.
16.1 Ser identificado com uma meretriz era uma linguagem severa, por ser desprezível como
pessoa72.
16.1.1 Alguns cristãos não viam nada de errado em visitar prostitutas cultuais e em se
entregar à impureza sexual73.

67
METZ, op. cit.
68
MACDONALD, op. cit.
69
MORRIS, op. cit.
70
WIERSBE, op. cit.
71
MORRIS, op. cit.
72
METZ, op. cit.
73
WIERSBE, op. cit.
82

16.2 Afeta nosso ser interior e o orienta material, social e religiosamente.


16.2.1 "Se une": (kollōmenos) se refere a mais do que uma união física; envolve um
apego de implicações espirituais (cf. v. 17). Ex.: Israel (Dt 10.20) e Salomão (1Re
11.2, 8).
16.2.1.1 Significa estar colado a algo.
16.3 "Os dois serão uma só carne": alude ao relato da criação de Eva onde o verbo "unir-se"
ocorre (Gn 2.24).
16.3.1 Um casal cristão são um só corpo em Cristo (Mt 19.5; Ef 5.31).
16.3.2 Quando o esposo tem relações com uma prostituta, ele torna-se um só com ela e
quebra seus laços com o Senhor, e está sob a maldição de Deus (cf. v. 9).
16.3.3 Não está sugerindo que se unir a uma prostituta é o mesmo que se casar com ela.
Casamento envolve compromisso74.
17 Paulo já havia dado ênfase à estrutura física (nosso corpo como membro de Cristo), agora
menciona o relacionamento de nosso espírito unido a Cristo.
17.1 Um crente torna-se unido ao Senhor por meio da presença do Espírito Santo que nele
habita (1Co 15.45; 2Co 3.17; Ef 1.13-14).
18 "Fugi da imoralidade": esse mandamento foi exemplificado por José (Gn 39.12).
18.1 Fugir é o único modo de tratar da fornicação75.
18.1.1 Em relação às tentações sexuais a Bíblia nunca nos manda resistir, mas fugir76.
18.1.2 Significa correr de algo, sair do alcance do perigo (pensar, raciocinar e
argumentar sobre este pecado)77.
18.2 "Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo": a fornicação é um
pecado que prejudica corpo e alma.
18.2.1 A fornicação envolve o corpo como o próprio centro, o motivo e o local do
pecado78.
18.2.1.1 O sexo não é apenas parte do corpo. Ser do sexo "masculino" ou
"feminino" envolve a pessoa como um todo. Logo, a experiência sexual
afeta a personalidade por inteiro79.

74
WIERSBE, op. cit.
75
MORRIS, op. cit.
76
LOPES, H. D. op. cit.
77
METZ, op. cit.
78
Ibidem.
79
WIERSBE, op. cit.
83

18.2.2 E a dependência química? Também prejudicam o corpo! Essas substâncias


entram no corpo e vem de fora do corpo. A fornicação busca gratificação do
próprio corpo. Nesse sentido ele é distinto dos outros pecados.
18.2.3 Paulo não diz que esse é o pior pecado de todos. Mas sua relação com o corpo é
única80.
19 "O vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós": se o Espírito habita em
nós, devemos evitar entristecê-lo (Ef 4.30) ou apagar sua chama (1Ts 5.19).
19.1 Saber disso anula qualquer conduta que não seja apropriada para o templo de Deus81.
19.2 O templo de Deus é santo e precioso. Fornicar é profanar e o danificar.
19.3 "O qual tendes da parte de Deus": a origem do Espírito é de Deus.
19.4 "Não sois de vós mesmos": o corpo físico do cristão pertence ao Senhor porque ele nos
criou, redimiu e habita em nós.
19.4.1 Uma vez que o crente é templo de Deus, não pode pensar de si como
independente, como pertencente a si próprio82.
19.4.2 O Deus triúno reivindica que pertencemos a ele, mas nos deixa livres para
consagrar e ceder nosso corpo a ele.
20 "Fostes comprados por preço": alude à morte de Cristo na cruz, onde pagou por nossa
redenção.
20.1 Paulo não menciona a ocasião nem o preço, mas não é preciso83.
20.2 "Comprados": traz a ideia do mercado de escravos, onde eram comprados e vendidos.
20.2.1 Significa um pagamento que resulta em uma mudança de proprietário84.
20.2.2 Manumissão sacra: processo em que um escravo economizaria o preço da sua
liberdade, pagá-lo-ia ao tesouro do templo, e então seria adquirido como escravo
pelo deus. Para os homens, seria alguém livre85.
20.2.3 Fomos comprados por Cristo para servi-lo. Cristo agora é nosso dono e mestre
(1Co 7.22-23).
20.3 "Glorificai a Deus no vosso corpo": devemos usar o próprio corpo para honrar a Deus
(Rm 12.1; Fp 1.20-21).
20.3.1 Catecismo do séc. XVII (Breve Catecismo de Westminster86, pergunta e resposta
1): "Qual é o fim principal do homem? Glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre".

80
MORRIS, op. cit.
81
Ibidem.
82
Ibidem.
83
Ibidem.
84
METZ, op. cit.
85
MORRIS, op. cit.
84

20.3.2 O motivo primordial do cristão é glorificar a Deus87.


20.3.3 O Espírito Santo nos foi dado com o propósito de glorificarmos a Cristo (Jo 16.14)88.
20.3.3.1 Glorifiquemos a Deus no nosso corpo como um instrumento de justiça e
não do pecado (Rm 6.12-14).

86
Formulado por teólogos ingleses e escoceses da Assembleia de Westminster, no séc. XVII, é um catecismo resumido
(conjunto de instruções), de orientação calvinista, composto de 107 questões.
87
MORRIS, op. cit.
88
LOPES, H. D. op. cit.
85

CAPÍTULO 7

Dos capítulos 7-16, Paulo responde a carta da igreja de Corinto. Aqui aconselha sobre problemas
matrimoniais. Lembremo-nos que está respondendo perguntas específicas, não desenvolvendo uma
teologia do casamento1. Portanto, é necessário considerar o que o resto da Bíblia fala sobre o
assunto. Paulo dirige seus conselhos a 3 grupos de cristãos.

(1-7: princípios gerais; 8-9: solteirismo; 10-16: divórcio; 17-24: permanência; 25-40: solteiros)

1 “Quanto às coisas sobre as quais escrevestes”: Paulo agora responde questionamentos de


uma carta que recebeu dos coríntios com dúvidas sobre a Carta Anterior.
1.1 “Que é bom que o homem não tenha relações com mulher”: parece que na carta eles
supervalorizavam o celibato como algo mais digno espiritualmente.
1.1.1 Paulo está citando uma frase da carta que recebera dos coríntios, pois estaria
contra o pronunciamento divino (Gn 2.18) e a procriação (Gn 1.28). Paulo tem o
matrimônio como elevado (Ef 5.22, 33)2.
1.1.2 Provavelmente Paulo teria afirmado que é bom o homem estar solteiro (cf. 1Co
7.7a, 8). Por isso explica o porquê (1Co 7.26, 28-29, 32, 35).
1.1.2.1 Solteiro são livres para servir a Deus sem preocupações das
responsabilidades maritais3.
1.2 Havia na antiguidade uma admiração pelas práticas ascéticas, incluindo-se o celibato4.
1.2.1 Provavelmente um grupo de crentes em Corinto defendia a abstinência sexual
total (se fosse referente apenas ao casamento, teria a expressão esposo, anēr –
ανηρ, e esposa, gynē – γυναικι)5.
1.2.2 Outros podem ter interpretado erroneamente às palavras de Jesus (Lc 20.35)6.
1.3 Paulo não diz que o celibato é preferível ao casamento7.
1.3.1 “É bom”: não "necessário/melhor"8. Para melhor interesse ou circunstância9.

1
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
2
KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
3
MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
4
Ibidem.
5
KISTEMAKER, op. cit.
6
METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
7
KISTEMAKER, op. cit.
86

1.3.2 Nos versos decorrentes fala favoravelmente ao casamento. Os apóstatas é que


proibiam o casamento (1Tm 4.3).
1.3.2.1 Embora haja algumas vantagens no celibato, há uma realização mais
completa no casamento (1Co 11.11)10.
1.3.2.2 O matrimônio é digno de honra (Hb 13.4)11.
1.3.3 Devido à filosofia gnóstica, acética e maniqueísta, juntamente com o desejo da
igreja romana de centralizar o poder, o celibato tornou-se aceito e, posteriormente
exaltado. Muitos concílios no início do séc. IV começaram a pedir e, em seguida,
exigir que os clérigos permanecessem solteiros. Em 1123, no 1º Concílio de
Latrão, o celibato tornou-se obrigatório12.
2 “Por causa da imoralidade”: Paulo considera o solteirismo bom, mas devido a imoralidade ser
uma tentação aos coríntios (cf. 1Co 6.12-20), ele os adverte a não ficarem solteiros (cf. 1Co 7.9a).
2.1 Literalmente "por causa das fornicações". Ilustrando as relações sexuais ilícitas que
alguns cristãos tinham com prostitutas devido à incontinência13.
2.1.1 Por isso enfatiza o relacionamento monogâmico e iguala homem e mulher.
2.2 “Cada homem tenha sua mulher”: o casamento é heterossexual e monogâmico.
2.2.1 A monogamia é o princípio ordenado por Deus (Mt 19.8b)14.
2.2.2 O celibato, embora honroso, não é regra (contra o Romanismo).
2.2.2.1 “Tenha”: não é uma permissão. É uma ordem15.
2.2.3 Cada um tem seu dom (1Co 7.7b, 17).
2.2.4 O casamento é bom e não deve ser rejeitado (1Tm 4.1-4)16.
2.3 Casamento não deve ser visto como uma fuga para os fracos (sexuais), embora auxilie
no combate a tentações (cf. 1Co 7.9a).
3 “Cumpra a sua responsabilidade”: cônjuges devem cumprir suas responsabilidades conjugais.
3.1 As palavras "cumprir" e "responsabilidade" (tēn opheilēn – apodidomi / την οφειλομενην –
αποδιδοτω) dão a ideia de dívida. Casamento sem sexo é proibido17.
3.2 Sexo é uma responsabilidade do casamento (contra a fornicação).

8
MORRIS, op. cit.
9
METZ, op. cit.
10
MORRIS, op. cit.
11
LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
12
KÖSTENBERGER, A. J.; JONES, D. W. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. 2. ed. São
Paulo: Vida Nova, 2015.
13
KISTEMAKER, op. cit.
14
Ibidem.
15
MORRIS, op. cit.
16
KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
17
KISTEMAKER, op. cit.
87

4 “Não tem autoridade sobre o próprio corpo”: ambos têm o corpo submisso ao cônjuge.
4.1 “Ouk exousiazei” (ουκ εξουσιαζει): plena autoridade18.
4.2 O esposo é o cabeça da mulher (1Co 11.3; Ef 5.23), mas com respeito à sexualidade, há
completa igualdade19.
4.3 No sexo não deve haver sentimento egoísta. Cada um deve satisfazer seu parceiro.
4.3.1 Qualquer conduta excessiva ou abusiva é proibida20.
4.3.2 A chantagem sexual no casamento é pecado, pois nenhum dos cônjuges tem
autoridade sobre o seu corpo21.
4.4 O livro de Cantares apresenta uma restauração do estado original do desejo do marido
para a sua esposa22.
5 “Não vos negueis um ao outro”: a ordem é para que tenha sexo no casamento.
5.1 Não é bom que se tenha recusa nem chantagem.
5.1.1 Implicitamente alguns casais estavam recusando-se um ao outro23.
5.1.1.1 O verbo dá a entender o roubo de posses ou direitos de outra pessoa.
5.1.2 O boicote sexual no casamento é pecado (desculpas infundadas para fugir da
relação sexual), pois é uma desobediência ao mandamento bíblico24.
5.2 “A não ser...”: a única exceção é em comum acordo, com tempo não prolongado e com
a finalidade de consagração à oração.
5.2.1 "Comum acordo": frisa a igualdade dos sexos com respeito às relações íntimas25.
5.3 Oração diária é marca do cristão sincero, mas na vida conjugal, algumas crises pedem
oração especial26.
5.4 “Uni-vos de novo”: não pode ser perpétuo ou ser uma desculpa para separar-se.
5.4.1 “Para que Satanás não vos tente”: isso evita as tentações malignas devido à
falta de controle.
5.4.1.1 A recusa em entregar-se ao outro é um convite a Satanás para tentar
o cônjuge a buscar satisfação em outro lugar27.
5.4.1.2 Por isso Paulo é tão enfático sobre a relação sexual no casamento28.

18
MORRIS, op. cit.
19
KISTEMAKER, op. cit.
20
METZ, op. cit.
21
LOPES, op. cit.
22
KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
23
KISTEMAKER, op. cit.
24
LOPES, op. cit.
25
KISTEMAKER, op. cit.
26
Ibidem.
27
WIERSBE, op. cit.
28
LOPES, op. cit.
88

5.4.2 Uma das ameaças à vida sexual dos casais é a pornografia29.


5.4.2.1 O leito conjugal deve ser sem mácula (Hb 13.4). Muitos adoecidos por
esse vício desonram e humilham suas esposas querendo importar
essas práticas para o leito conjugal.
5.4.2.2 Sexo é bom e prazeroso, mas precisa ser santo e puro!
6 “Digo isso”: sobre a exceção para consagração.
6.1 “Concessão e não como mandamento”: não deve ser entendido como doutrina.
6.1.1 “Concessão” (sungnōmēn – συγγνωμην) = em opinião30.
6.1.2 Não podemos usar isso como imposição ou regra na igreja.
7 “Desejaria que... estivessem na mesma condição em que estou”: a condição de Paulo era o
solteirismo ou viuvez quando escreveu a carta (cf. 1Co 7.8 – contra essa posição ver 9.5).
7.1 É certo de que ele não era viúvo. Pois como poderia desejar que alguém fosse viúvo?31
7.2 Tendo em vista seu entendimento profundo da vida matrimonial, há possibilidade de que
tenha sido casado em alguma época32.
7.2.1 Para ordenar um rabino, a Lei exigia que o candidato fosse casado. Os rabis eram
ensinados que todo judeu deveria casar-se para procriar.
7.2.2 Judeus consideravam o casamento uma obrigação sagrada e a família o centro da
sociedade33.
7.2.3 Ter direito a voto indica que ele era membro do Sinédrio, onde participavam apenas
homens casados (At 26.10)34.
7.3 Porque teria o desejo pessoal dessa posição para todos? (cf. 7.26, 28-29, 32, 35).
7.3.1 Paulo ensina que, embora o casamento seja bom e recomendável, nem todas as
pessoas devem ser casadas ou buscar o casamento35.
7.4 Sexo não é pecado e casamento não é obrigação para todos36.
7.5 “Cada um tem o seu dom da parte de Deus”: ser celibatário é um dom. Uma situação
não é superior à outra e cada um vive conforme o Senhor tem chamado (cf. 1Co 7.17).
7.5.1 Charisma se refere a dons espirituais. Nessa passagem, Paulo se refere ao dom
da continência e não ao do casamento37.

29
LOPES, op. cit.
30
MORRIS, op. cit.
31
METZ, op. cit.
32
KISTEMAKER, op. cit.
33
METZ, op. cit.
34
Ibidem.
35
KISTEMAKER, op. cit.
36
LOPES, op. cit.
37
KISTEMAKER, op. cit.
89

7.5.1.1 Quando Deus retira a necessidade de casamento de uma pessoa, ele a


contempla com o dom da continência (Mt 19.11-12).
7.5.1.2 Os que não receberam tal dom não devem tentar permanecer solteiros38.
7.5.1.2.1 Tais pessoas devem seguir o padrão de inclinação natural
do plano divino para o casamento39.
7.5.1.2.2 O celibato é permitido, mas não ordenado (Mt 19.11) É por
isso que o romanismo enfrenta problemas com a sexualidade
de seus sacerdotes40.

8 "Solteiros": (tois agamois – τοις αγαμοις) termo redundante para solteiros, divorciados e viúvos41.
8.1 Viúvas são distintas por ser uma classe especial na igreja. Eram sustentadas pela igreja e
tinham seu próprio ministério (1Tm 5.3-16).
8.2 “Seria bom”: para solteiros e viúvas o princípio é o mesmo: “é bom ficar solteiro”.
8.2.1 Por quê? (cf. 1Co 7.26, 32-35).
9 “Se não conseguirem dominar-se, que se casem”: devido à falta de controle, solteiros e viúvas,
devem casar-se (cf. 1Co 7.36-38).
9.1 “Dominar-se”: (egkratevomai – εγκρατευονται) “possuir em si poder de se controlar”42.
9.2 Paulo insistia com as viúvas jovens para que se casassem (1Tm 5.14).
9.3 Ficar sem casar só se receberem o dom da continência43.
9.3.1 Quem tem incontinência devem desfrutar da satisfação sexual que o casamento
proporciona44.
9.4 “Melhor casar do que arder de paixão”: casamento é o único meio santo para a
satisfação sexual.
9.4.1 Se não fosse assim, orientaria outro meio (contra a fornicação, adultério,
masturbação, mancebia, etc).
9.5 Paulo está tratando e respondendo perguntas específicas de Corinto, e não
apresentando um princípio para todo cristão45.

38
MORRIS, op. cit.
39
METZ, op. cit.
40
LOPES, op. cit.
41
KISTEMAKER, op. cit.
42
METZ, op. cit.
43
MORRIS, op. cit.
44
KISTEMAKER, op. cit.
45
METZ, op. cit.
90

QUESTÂO INTRIGANTE

 Solteiros devem ser impedidos de serem oficiais?


o Paulo, João Batista e Jesus eram solteiros.
o O requisito de 1Tm 3.1-13 é a fidelidade conjugal.

POSIÇÕES DA IGREJA QUANTO AO DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO46

 Pais da Igreja: aceita o divórcio por causa do adultério e abandono pelo cônjuge incrédulo,
mas não o novo casamento (“divórcio permitido, novo casamento proibido”).
 Erasmo de Roterdã47: aceita o divórcio e novo casamento para a parte inocente por
imoralidade sexual e por abandono (“divórcio e novo casamento permitidos”). Encontra-se na
Confissão de Fé de Westminster e representa a opinião da maioria dos evangélicos hoje.
 3ª postura: não aceita o divórcio nem o novo casamento no caso de adultério e aceita o
divórcio, mas não o novo casamento no caso de abandono (“divórcio proibido, novo
casamento proibido”).
 4ª postura: não aceita o divórcio nem o novo casamento no caso de adultério, mas aceita
o divórcio e novo casamento no caso de abandono (“divórcio e novo casamento proibidos /
divórcio e novo casamento permitidos”).

Novo
Divórcio Em que situação? Em que situação?
casamento

Pais da Igreja SIM Adultério e abandono NÃO -

Erasmo de Roterdã SIM Adultério e abandono SIM Para a parte inocente

3ª postura SIM Abandono NÃO -

4ª postura SIM Abandono SIM Para a parte inocente

10 “Ordeno aos casados”: o foco é o de casamentos em que ambos são cristãos48.


10.1 “Não eu, mas o Senhor”: esse tema já havia sido discutido por Cristo, os outros não.

46
KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
47
Teólogo e humanista neerlandês.
48
MORRIS, op. cit.
91

10.1.1 Faz distinção entre o seu ensino e o de Cristo, pois não vai tratar aquilo que o
Senhor já decidiu49.
10.1.2 Refere-se às palavras de Jesus em: Mt 5.31-32; 19.3-9; Mc 10.2-12; Lc 16.1850.
10.1.3 O relato da criação ensina que a união do matrimônio não deve ser quebrada.
Malaquias faz a mesma implicação (Ml 2.14-16).
10.1.4 Divórcio no AT: a lei não legitimava o divórcio e/ou o novo casamento, apenas
tentava minimizar uma prática já existente (Dt 24.1-4)51.
10.1.4.1 No tempo de Jesus os rabinos possuíam duas interpretações para a
lei: 1) em caso de imoralidade sexual (escola de Shammai); e 2) em
caso de desagrado (escola de Hillel). A última interpretação era a mais
influente na época (Mt 19.3, 10).
10.1.4.2 A lei não fala sobre divórcio por adultério, pois a pena para o adultério
era a morte e não o divórcio (Lv 20.10; Dt 22.22). Possivelmente refere-
se a objeções que o marido poderia considerar (esterilidade, defeitos
de nascença, comportamento imoral, menstruação irregular, etc).
10.1.4.3 O ato de não retomar a esposa servia para evitar divórcios precipitados.
10.1.5 Jesus permite uma exceção somente em caso de infidelidade (Mt 5.31-32; 19.9).
10.1.6 A opinião de Jesus: também afirma que o divórcio não é o ideal de Deus (Mt
19.6)52.
10.1.6.1 Usa duas passagens – Gn 1.27; 2.24. Usar duas passagens bíblicas era
um recurso rabínico para corroborar um argumento (Gezerah Shawah).
10.1.6.2 Os estatutos mosaicos foram introduzidos para reconhecer a realidade
do coração humano (Mt 19.7-8; Mc 10.5; Rm 7.7).
10.1.6.3 Mas Jesus (e Moisés) permitiu, não exigiu o divórcio em caso de
imoralidade (Mt 19.9) – em oposição a Hillel e Shammai (Mt 19.10).
10.1.7 Não menciona a exceção permitida por Cristo, pois está respondendo perguntas
e não escrevendo um tratado53. Porém, não deixa de corroborar com Cristo.
10.2 “Não se separe”: não deve haver divórcio em um casamento entre cristãos.

49
LOPES, op. cit.
50
KISTEMAKER, op. cit.
51
KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
52
Ibidem.
53
MORRIS, op. cit.
92

10.2.1 Às pessoas arrependidas de terem casado, ou que veem poucas esperanças


em seu casamento, a resposta de Paulo é: casou-se, aguente! Leve em frente,
não pule fora!54
10.3 Algumas mulheres da igreja poderiam ter consultado Paulo a esse respeito. No mundo
greco-romano a mulher tinha o direito de divorciar-se55.
10.3.1 O divórcio era uma questão livre e fácil em todas as cidades sob o governo
romano. A lei judaica também permitia um homem dar carta de divórcio por
razões insignificantes56.
11 “Se, porém, ela se separar”: mesmo sendo inconcebível, a ocorrência de divórcio é provável57.
11.1 “Que não se case, ou que se reconcilie”: se ocorrer o divórcio não deve haver novo
casamento ou deve reconciliar-se.
11.1.1 "Reconciliação": o termo nunca é usado com respeito à parte inocente. Quem
inicia o divórcio é quem deve fazer os esforços de reconciliação58.
11.1.1.1 Paulo demonstra não aprovar o divórcio.
11.1.1.2 Ele liga a primeira afirmação à segunda. Enquanto a mulher
permanecer sem se casar, há esperança para a reconciliação.
11.2 Às pessoas que acham que o casamento se tornou insustentável, Paulo diz: separe e
fique sozinho ou reconcilie59.
11.2.1 Assim, reafirma o ensino de Jesus: 1) não deve haver divórcio (Mt 19.6); 2) só em
caso de adultério (Mt 19.9).
11.3 Para Paulo, aqui, o divórcio só poderia ser lícito em caso de abandono por incrédulo (cf.
1Co 7.15) ou morte (cf. Rm 7.2-3; 1Co 7.39) – e por adultério (adicionando o ensino de
Jesus).
11.4 "O marido não se divorcie": o que é verdade para a mulher é igualmente verdade para o
marido60.
11.5 É melhor que ocorra a confissão, perdão e reconciliação; mas, caso não ocorram, a parte
inocente pode obter divórcio em último recurso61.
11.5.1 A tendência atual assustadora de aumento no número de divórcios entre os
cristãos deve entristecer profundamente o coração de Deus.
54
LOPES, op. cit.
55
KISTEMAKER, op. cit.
56
METZ, op. cit.
57
KISTEMAKER, op. cit.
58
Ibidem.
59
LOPES, op. cit.
60
KISTEMAKER, op. cit.
61
WIERSBE, op. cit.
93

11.6 Deus colocou muros ao redor do casamento não para fazer dele uma prisão, mas um lugar
seguro62.
12 "Mas eu, não o Senhor": Paulo agora usa sua autoridade como apóstolo para tratar de assuntos
que Cristo não tratou (casamento misto).
12.1 Nesta ocasião não temos ordem expressa de Cristo, e Paulo põe às claras a situação 63.
12.2 "Digo aos outros": vai tratar com o último grupo de pessoas (falou aos casados, solteiros e
agora, aos crentes casados com ímpios)64.
12.3 "Se algum irmão tem mulher incrédula": em todo o AT, Deus proíbe seu povo de se
casar com gentios, isso também nos vale hoje (1Co 7.39b).
12.3.1 É um ato de desobediência um cristão casar-se com um incrédulo (2Co 6.14-15)65.
12.3.2 BAM – “se um irmão desposou uma mulher pagã" (vv. 12-13).
12.3.3 Nessa situação, um marido foi convertido, mas a esposa permaneceu incrédula.
12.3.4 Alguns irmãos nessa situação deveriam enfrentar dificuldades em casa e,
provavelmente, perguntaram se deviam permanecer casados66.
12.4 "Não se divorcie dela": Paulo reafirma a permanência do casamento.
12.4.1 A salvação não altera o estado civil; pelo contrário, intensifica a relação
matrimonial67.
13 O mesmo vale para uma irmã que se converteu e seu marido não.
14 “É santificado”: o cônjuge crente pode ganhar o seu cônjuge para Cristo (1Pe 3.1). Sua
conduta é afetada pela do cônjuge cristão68.
14.1 Existe uma maior probabilidade de que o incrédulo seja salvo tendo um cônjuge Cristão
do que o contrário69.
14.1.1 O casamento não é um meio de conversão70.
14.2 Aqui não têm significado "santo em Cristo perante Deus". Isto só pode ser atribuído a
um crente71.
14.3 Hagiazo (ηγιασται) – “reconhecido, respeitado"72. Deus reconhece o ímpio por amor ao
cristão.

62
LOPES, op. cit.
63
MORRIS, op. cit.
64
KISTEMAKER, op. cit.
65
LOPES, op. cit.
66
WIERSBE, op. cit.
67
Ibidem.
68
KISTEMAKER, op. cit.
69
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
70
LOPES, op. cit.
71
METZ, op. cit.
94

14.3.1 A santificação do crente, de algum modo, abriga o cônjuge. As bênçãos


provenientes da comunhão com Deus se estendem aos familiares73.
14.3.2 Através do cônjuge crente, as bênçãos de um casamento santificado são
conferidas sobre o cônjuge descrente e lhe é dado mais do que a sua descrença
merece74.
14.3.3 O descrente é colocado em uma posição de privilégio espiritual: ter alguém que
ore por ele e influencie de forma positiva o lar75.
14.3.3.1 Possibilita o incrédulo conhecer o evangelho ser abençoado por ele e
trazido para mais perto de Deus76.
14.4 "São santos": hagios (αγια) – “algo muito santo”77.
14.4.1 Da mesma maneira o filho, pode ser salvo tendo um pai cristão78.
14.4.2 Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3) e estão debaixo do pacto (Gn 17.7)79.
14.4.3 Não é errado ter filhos quando somente um dos cônjuges é cristão80.
14.5 O casamento misto não é menos abençoado por Deus.
15 "Se o incrédulo se separar, que se separe": se o incrédulo se recusa a apoiar a fé do outro e
acha impossível viver em uma atmosfera cristã, o crente deve deixá-lo ir81.
15.1 Assim não será mais considerado santificado.
15.2 O incrédulo é quem deve ter toda a responsabilidade pelo divórcio.
15.3 "Sujeitos à servidão": refere-se aos votos do casamento, sendo livre para um novo
matrimônio? NÃO – Kistemaker; Wiersbe SIM – Morris; Metz; Köstenberger (cf. Rm 7.2;
1Co 7.39b).
15.3.1 Douloo (δεδουλωται): entregar-me totalmente às necessidades e ao serviço de
alguém, torna-me um servo para ele82.
15.3.2 O cristão está livre da obrigação de sustentar o casamento e de uma vida de
perseguição, abuso e agonia causada pelo pagão83.

72
STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
73
MORRIS, op. cit.
74
METZ, op. cit.
75
MACDONALD, op. cit.
76
LOPES, op. cit.
77
STRONG, op. cit.
78
WIERSBE, op. cit.
79
LOPES, op. cit.
80
MACDONALD, op. cit.
81
KISTEMAKER, op. cit.
82
STRONG, op. cit.
83
METZ, op. cit.
95

15.3.3 O abandonador logo arranja um novo matrimônio automaticamente o primeiro


laço matrimonial (seria um adultério implícito)84.
15.3.3.1 Insistir em que o abandonado não volte a se casar é colocar sobre ele
um julgo que na maioria das vezes não será capaz de suportar.
15.4 "Nos chamou para vivermos em paz": Paulo recomenda ao cristão buscar paz com o
cônjuge incrédulo (cf. v. 11), e prover oportunidade de retornar e restabelecer o
casamento (ex.: Os 2.7).
15.4.1 O casamento deve seguir a linha que conduza à paz. Seja viver com o pagão ou
não85.
16 Não há certeza de conversão em um casamento misto.
16.1 “Como sabes... se salvarás”: somos incapazes de efetuar a salvação. Porém, somos
instrumentos na mão de Deus para isso86.
16.1.1 O cônjuge cristão sempre deve ter esperança em Deus.
16.1.2 Porém agarrar-se a um casamento onde o pagão está determinado a divorciar-
se não levaria a nada. O esforço não é justificado pelo resultado incerto87 (Mt 7.6).
16.1.3 O cristão está na obrigação de ganhar o parceiro (1Pe 3.1), porém, não deve se
condenar pelo fracasso 88.

QUANTO AO NOVO CASAMENTO?

 A lei permitia em caso de divórcio, mas não com a mesma pessoa (Dt 24.1-4)89.
 Na incerteza o que é menos mal? 90
o Não permitir o novo casamento é correr o risco de impor exigências rigorosas
demais para com a parte inocente.
o O perigo inverso é o de ser mais tolerante que a Bíblia.
o Pela falta de plena certeza, parece prudente pecar por excesso de misericórdia do
que de legalismo.

84
MACDONALD, op. cit.
85
MORRIS, op. cit.
86
KISTEMAKER, op. cit.
87
MORRIS, op. cit.
88
METZ, op. cit.
89
KÖSTENBERGER & JONES, op. cit.
90
Ibidem.
96

Divórcio Em que situação? Novo casamento Em que situação?

NÃO É odiável para Deus - -

SIM Adultério e Abandono SIM Adultério e Abandono

ORIENTAÇÕES

Casamento entre cristãos Casamente misto

1) Não se divorcie (v. 12-13).


1) Não se divorcie (v. 10);
2) Seus familiares serão abençoados (v.
2) Se ocorrer? Reconciliem-se (v. 11).
14).
3) Busque o caminho da paz no lar (v. 15c).
4) Se não há paz? O não crente deve se
responsabilizar pelo divórcio (v. 15a). E
não force a união (v. 16).

17 "Cada um viva como o Senhor lhe determinou": em qualquer situação (que em si não seja
pecaminoso91) em que a pessoa esteja quando se torna cristã, ela deve permanecer ali92.
17.1 O cristão tem a obrigação de cumprir todos os deveres do relacionamento em particular
no qual está envolvido na época de sua conversão93.
17.2 Se for chamado para o casamento ou celibato, deve seguir esse caminho. Se for
chamado já casado, não deve romper esse relacionamento94.
17.3 “Chamou”: (kaleo – κεκληκεν) sempre se refere à chamada de Deus aos homens para
participar da redenção95.
17.3.1 Novos convertidos pensam muitas vezes que o único meio de agradecer a Deus
pela salvação é tornar-se um pastor ou missionário96 (Ex.: sapateiro e Lutero).

91
MACDONALD, op. cit.
92
KISTEMAKER, op. cit.
93
METZ, op. cit.
94
MACDONALD, op. cit.
95
PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
96
KISTEMAKER, op. cit.
97

17.4 Esse mandamento não implica que o crente não pode mudar de posição, emprego ou
residência.
17.4.1 Acautela-nos quanto a procurar mudança simplesmente por ser cristão97.
17.4.1.1 A menos que esta ocupação seja visivelmente incompatível com o
cristianismo.
17.4.2 O novo convertido não deve usar o evangelho como uma desculpa para livrar-se
de uma situação infeliz ou uma mudança desnecessária98.
17.5 “É isso que ordeno”: a regra para o crente é ficar onde o Senhor o pôs e viver dignamente
de seu chamado.
17.6 Reafirma esse mandamento (vv. 20, 24).
18 Paulo agora trata das questões de vínculo racial. Provavelmente havia judeus convertidos
casados com esposas judias99.
18.1 "Desfazer sua circuncisão": ("desfazer": επισπασθω) da época de Antíoco Epifanes100
(175-164 a.C.) em diante, haviam judeus que, para esconder dos perseguidores o sinal
externo de sua nacionalidade, a circuncisão, procuravam artificialmente forçar a natureza a
reproduzir o prepúcio, estendendo ou estirando-o com um instrumento de ferro o que dele
ficou, para cobrir as glândulas101.
18.1.1 Jovens judeus submetiam-se a essa operação cirúrgica para serem aceitos no
mundo helenista (1 Mac 1.15 - "dissimularam os sinais da circuncisão, afastaram-
se da aliança com Deus, para se unirem aos estrangeiros e venderam-se ao
pecado")102.
18.1.2 Os ortodoxos reagiram dando valor excessivo a circuncisão, como a mais alta
honra de Israel. Atribuíram circuncisões a Adão, Sete, Noé e Melquisedeque103.
18.1.2.1 No NT os cristãos negaram ser necessária a circuncisão para se
tornar membro da igreja (At 15.1). A verdadeira circuncisão era um selo
de fé (Rm 2.28-29; 4.9-11; Fp 3.3).
18.2 Deus nos chama para sermos testemunha no contexto cultural do qual Deus nos
colocou104.

97
MORRIS, op. cit.
98
METZ, op. cit.
99
MACDONALD, op. cit.
100
Foi um grande perseguidor dos judeus. Governou a Síria e gerou a Revolta dos Macabeus (TOGNINI, E. O período
interbíblico: 400 anos de silêncio profético. São Paulo: Hagnos, 2009).
101
STRONG, op. cit.
102
MORRIS, op. cit.
103
PFEIFFER, op. cit.
104
KISTEMAKER, op. cit.
98

18.2.1 O modo de vida cristão não depende de ritos externo, nem os exige105.
19 "A circuncisão nada é": para um judeu isso era uma incoerência. Circuncidar é mandamento
(Gn 17.10-14)106.
19.1 Neste caso a circuncisão é usada como um símbolo mais abrangente (a observância
dos sábados, das festas, etc)107.
19.2 Paulo distingue a observância exterior de um espírito interior de obediência (Gl 5.6)108.
19.2.1 Uma crença correta entende a obediência como expressão da alegria e gratidão
pela salvação e não como meio para obter a mesma.
19.3 Nenhuma questão ritual pode ser colocada ao lado da obediência aos
mandamentos109.
20 Reafirma o princípio do v. 17, mas com uma adição.
20.1 "Permaneça": dá a ideia de continuidade110.
20.2 “Na condição”: o apóstolo está tratando de coisas que não são erradas em si mesmas,
como a escravidão tratada a seguir111.
20.3 O evangelho é pregado em primeiro lugar para mudar a vida espiritual de uma pessoa.
Mudanças posicionais podem vir mais tarde112.
21 Volta-se das divisões religioso-culturais (ou raciais) para as sociais113.
21.1 "Não se preocupes com isso": porque Paulo não condena a escravidão como instituição
criminosa? Para não perturbar a estrutura social existente de forma abrupta, mas aos
poucos pela expansão do Evangelho114.
21.1.1 A liberdade em Cristo eleva um homem acima de sua posição social115.
21.1.2 É possível ser escravo e, ainda assim, desfrutar as mais excelentes bênçãos do
Cristianismo116.
21.2 É difícil entender o impacto dessa nova doutrina sobre o mundo romano117.

105
METZ, op. cit.
106
KISTEMAKER, op. cit.
107
METZ, op. cit.
108
KISTEMAKER, op. cit.
109
MORRIS, op. cit.
110
Ibidem.
111
MACDONALD, op. cit.
112
METZ, op. cit.
113
MORRIS, op. cit.
114
KISTEMAKER, op. cit.
115
METZ, op. cit.
116
MACDONALD, op. cit.
117
WIERSBE, op. cit.
99

21.2.1 É possível que a igreja fosse a única agremiação no império em que escravos e
homens livres, homens e mulheres, ricos e pobres poderiam ter comunhão em pé
de igualdade (Gl 3.28).
21.2.2 Essa nova equidade trouxe alguns mal-entendidos na igreja.
21.2.2.1 Escravos não deveriam exigir a liberdade de seus senhores cristãos em
função de sua igualdade diante de Deus.
21.3 "Aproveita a oportunidade": (ou “não é exigido que se torne livre”118) a Bíblia não proíbe
qualquer homem de melhorar a sua posição social e econômica por meios corretos119.
21.3.1 Uma pessoa livre tem melhor condição de difundir o Evangelho120.
21.3.2 Um escravo poderia ser liberto por: 1) testamento legal; 2) recompensa de um
senhor generoso; 3) Manumissão sacra121.
22 "É um liberto do Senhor": os cristãos escravos da igreja deveriam olhar para sua posição diante
da liberdade que receberam em Cristo (Jo 8.36)122.
22.1 Libertos do pecado e da culpa em Cristo.
22.2 "Sendo livre é escravo de Cristo": quando chamados por Deus, nos tornamos escravos
de Deus (Ef 6.6).
22.2.1 Ambos são livres e ambos são escravos123.
22.3 As circunstâncias externas têm pouca importância. O importante é a relação com o seu
Senhor. Ao lado disso, nada importa124.
22.3.1 De acordo com a lei romana, um liberto por um benfeitor generoso era obrigado a
tomar o nome de seu senhor, viver em sua casa, e consultá-lo em assuntos de
negócios. O cristão, da mesma forma, tem uma dívida para com Cristo125.
23 "Fostes comprados por preço": repetição de 6.20 (no contexto de imoralidade)126.
23.1 No contexto atual, lembra-nos de que nossa liberdade foi paga por preço, o sangue de
Cristo (1Pe 1.18-19).
23.2 “Não vos façais escravos”: na Manumissão Sacra (ver 6.20) o escravo vendido ao deus
nunca mais seria comprado de novo para a escravidão. Paulo poderia ter essa ideia em
mente127.

118
MACDONALD, op. cit.
119
METZ, op. cit.
120
MORRIS, op. cit.
121
METZ, op. cit.
122
KISTEMAKER, op. cit.
123
METZ, op. cit.
124
MORRIS, op. cit.
125
METZ, op. cit.
126
KISTEMAKER, op. cit.
100

23.2.1 O cristão deve resguardar a sua liberdade128.


23.2.1.1 Essa passagem é chamada de "a primeira petição da abolição da
escravatura", pois Paulo demonstra não tolerar a escravidão (cf.
Filemon; 1Tm 1.10).
24 "Diante de Deus": nossa vida está diante dos olhos do Senhor129.
24.1 Ou "com Deus" (melhor tradução). A vida deve ser continuada em comunhão com Deus.
Seja qual for a circunstância (física, religiosa, cultural ou social)130.
24.2 Qualquer condição de vida é santificada se vivida com o Senhor131.
24.3 Costumeiramente pensamos que uma mudança de circunstância é sempre uma
solução para nossos problemas. No entanto, em sua maioria, o problema é de caráter
interior, não relacionado com algo a nosso redor132.
24.3.1 Muitos casais passam pelo divórcio e buscam a felicidade em outras
circunstâncias só para descobrir que levaram seus problemas consigo.

25 “Solteiros”: (παρθενων – parthenos) virgem com idade de casar; quem nunca teve relações;
quem se absteve de prostituição para manter a castidade133 (termo abrangente).
25.1 Esse termo é usado, na maioria esmagadora dos casos, relacionado às mulheres
(também no capítulo atual – vv. 28, 34, 36, 37). Refere-se à Igreja (2Co 11.2) e aos 144 mil
(Ap 14.4)134.
25.1.1 Todos os termos usados por Paulo são femininos; provavelmente foram as
mulheres da igreja que o questionaram sobre isso.
25.1.2 É provável que tenha em mente o estado da virgindade135.
25.1.3 Pela oposição do v. 28 (“mas... e se”) parece que o termo aqui é abrangente.
25.2 "O meu parecer": como o Senhor Jesus não mencionou nada sobre a conduta dos
solteiros, Paulo usará seu entendimento para isso.
25.2.1 Aqui, ele dá sua opinião, não doutrina136.
25.2.1.1 Tudo tratado anteriormente é mandamento. Essa parte não.

127
MORRIS, op. cit.
128
METZ, op. cit.
129
KISTEMAKER, op. cit.
130
MORRIS, op. cit.
131
MACDONALD, op. cit.
132
WIERSBE, op. cit.
133
STRONG, op. cit.
134
PFEIFFER, op. cit.
135
KISTEMAKER, op. cit.
136
Ibidem.
101

25.3 "Tem sido fiel": assim como o testemunho do próprio Apóstolo os solteiros devem
permanecer fiéis (virgens).
25.3.1 “Fiel”: (πιστος – pistos) no capítulo atual é usado para indicar aquele que crê, os
crentes (vv. 14-15).
26 Paulo aconselha a permanência no estado de solteiro devido à situação atual da igreja
(perseguição – cf. vv. 28-29a; e melhor disposição para a obra – cf. 32-35).
26.1 “Considero, pois, que é bom”: se não é doutrina, então a solteira pode casar-se.
26.2 “Por causa da dificuldade do momento”: a crise que afligia a comunidade de Corinto era
a perseguição que os cristãos tinham de suportar (vv. 26-31) ou uma fome na terra
(11.21)137.
26.2.1 É possível que houvesse pressões políticas e sociais das quais não temos registro.
Diante dessas dificuldades, o mais aconselhável era permanecer solteiro. No
entanto, isso não era motivo para divórcio138.
27 Mais uma vez reforça a lei da permanência (vv. 17, 20 e 24).
27.1 "Não procures separação": se alguém se converte dentro de um casamento não deve
procurar se separar.
27.1.1 O contexto geral inclui tanto casais casados quanto noivos. Do ponto de vista
judaico, um noivado era equivalente a um casamento (Dt 22.23-24)139.
27.2 “Estás solteiro”: não tem em mente, aqui, divorciados, pois já havia tratado deles140.
27.2.1 A expressão não pode significar apenas viúvo ou divorciado, mas livre dos laços
matrimoniais, podendo incluir quem nunca se casou141.
27.3 "Não procures casamento": com base no argumento dos versículos 26 e 28.
27.3.1 “Me zeteo gune” (μη ζητει γυναικα): lit. “não procure mulher, esposa, etc”142.
Refere-se a homens.
28 “Não pecaste”: a ordem para o solteiro não casar-se no versículo anterior não é uma doutrina,
mas um conselho, tendo em vista que não é pecado um solteiro casar-se.
28.1 “Gostaria de poupar-vos”: ele deseja que os jovens não sofram devido à situação atual.
28.1.1 Os que se casarem devem estar preparados para aceitar as provações que
poderão decorrer dessa decisão143.

137
KISTEMAKER, op. cit.
138
WIERSBE, op. cit.
139
KISTEMAKER, op. cit.
140
Ibidem.
141
MACDONALD, op. cit.
142
STRONG, op. cit.
143
WIERSBE, op. cit.
102

29 "O tempo se abrevia": a igreja apostólica cria na volta iminente de Jesus Cristo.
29.1 Usa frases poéticas para chamar nossa atenção à temporalidade desta era, a rapidez
dos acontecimentos e brevidade da vida (v. 29a = 31b)144.
29.2 "O tempo": refere-se à era do fim dos tempos (Mt 24.22). Desse modo, os crentes devem
concentrar-se nos fundamentos eternos145.
29.3 Para Paulo um solteiro não teria tempo de preparar ou aproveitar um casamento.
29.4 "Vivam como se não tivessem": ou seja, dediquem-se mais ao reino de Deus.
29.4.1 Não significa que o homem casado deve deixar de se comportar como convém a
um marido. Seu relacionamento, no entanto, precisa ser em tudo subserviente à
sua relação prioritária com o Senhor146.
29.4.2 Não está defendendo a separação. Alerta para a limitação do casamento a este
século (Mt 22.30)147.
29.4.2.1 A teologia mórmon do casamento eterno é herética148.
29.4.2.1.1 Em um casamento somos um só corpo, não um só espírito.
29.4.2.2 Devemos viver como se fossemos deixar este mundo iminentemente.
29.4.2.3 As coisas terrenas não devem ser nossos objetivos máximos.
29.4.2.4 Os cristãos estão no mundo, mas não são dele (Jo 17.14, 16).
30 Não devemos nos apegar a relacionamentos, problemas, prazeres, bens ou ao próprio mundo,
pois na volta de Cristo, tudo isso passará.
30.1 “Choram”: (κλαιοντες – klaio) chorar de profunda tristeza, enlutar149.
30.2 A vida cristã, em certo sentido, é contraditória (2Co 6.10)150.
30.3 Os que choram estão sujeitos a deixar-se dominar pelo seu choro. Os que se alegram,
ficam absorvidos em sua felicidade. Os que compram concentram-se em suas novas
possessões151.
31 “Usassem”: (καταχρωμενοι – katachraomai) usar de mais ou mal152.
31.1 Jesus nos ensinou sobre a administração responsável das posses terrenas153.

144
KISTEMAKER, op. cit.
145
Ibidem.
146
MACDONALD, op. cit.
147
KISTEMAKER, op. cit.
148
LOPES, op. cit.
149
STRONG, op. cit.
150
KISTEMAKER, op. cit.
151
MORRIS, op. cit.
152
STRONG, op. cit.
153
KISTEMAKER, op. cit.
103

31.2 “Porque a forma deste mundo passa”: por conhecer a epístola de Paulo, o apóstolo João
escreve palavras quase idênticas em 1Jo 2.17a154.
31.2.1 Não há nada de sólido e duradouro no sistema do presente mundo155.
32 “Livres de preocupações”: melhor tradução “ansiedades”156.
32.1 Reafirma o v. 28157.
32.2 “Se ocupa das coisas do Senhor”: com tal liberdade, o solteiro se empenha em qualquer
função que o Senhor o tenha colocado.
32.3 “Agradá-lo”: (αρεσει – aresko) acomodar-se a opiniões, desejos e interesses de outros158.
33 "Coisas do mundo": trabalho, filhos, contas, lar, etc.
33.1 Isto não denota "mundanismo". É um lembrete de que o casado tem que levar em
consideração os interesses da sua família. Suas obrigações exigem alguma atenção às
coisas deste mundo159.
33.2 "Se ocupa": tem sentido positivo, não é uma crítica160.
33.3 "Agradar": é função dos casados agradar seus cônjuges (cuidar de seu bem-estar).
34 "Fica dividido": o casado tem obrigação dupla (1Tm 5.8)161.
34.1 Dois conjuntos de obrigações são mais difíceis de cumprir do que um162.
34.2 "Mulher que não é casada e a virgem": ou a viúva e a virgem.
34.2.1 A solteira se consagra porque não há restrições que a impeçam disso163.
34.3 "Santas": naturalmente, refere-se à consagração164.
34.4 "Coisas do mundo": do que é secular e terreno165.
34.4.1 A esposa dedica-se ao cuidado do lar como para o Senhor (Ef 5.22).
35 “Limitar”: (βροχον – brochos) laço (armadilha); pela habilidade ou força, um terceiro é
constrangido a obedecer alguma ordem166.
35.1 “Vos dediqueis ao Senhor... sem distração alguma”: é um fato histórico que poderia ter
sido melhor tanto para John Wesley quanto para George Whitefield permanecerem solteiros

154
KISTEMAKER, op. cit.
155
MORRIS, op. cit.
156
KISTEMAKER, op. cit.
157
MORRIS, op. cit.
158
STRONG, op. cit.
159
MORRIS, op. cit.
160
KISTEMAKER, op. cit.
161
Ibidem.
162
METZ, op. cit.
163
KISTEMAKER, op. cit.
164
MORRIS, op. cit.
165
KISTEMAKER, op. cit.
166
STRONG, op. cit.
104

– a esposa de Wesley acabou por deixá-lo, e Whitefield viajava tanto que sua esposa
passava longos períodos sozinha167.
36 Aqui não se têm clareza. Quem é esse "alguém"? Noivo ou pai? Provavelmente o noivo168.
36.1 "Forma desonrosa": prolongamento do noivado.
36.2 "Que se casem": reafirma o que expressa no v. 28.
37 "Firme no coração, não tem necessidade, mas domínio": certeza do chamado para o celibato.
37.1 Nesse caso é melhor desfazer o noivado do que recusar sua vocação (v. 17).
37.2 "Não se casar com sua noiva, fará bem": noivados judaicos não deviam ser
desmanchados (o homem era obrigado a sustentar a virgem por 1 ano em caso de
dissolução). Não sabemos se a igreja coríntia seguia essa lei judaica169.
38 "Faz melhor": com base nos argumentos sobre as vantagens do solteirismo (vv. 26a, 28b, 32-35).
39 "Enquanto ele vive": só a morte deixa o esposo livre dos laços do casamento (Rm 7.2)170.
39.1 "Se o marido morrer, ela ficará livre": viúvos podem contrair novas núpcias (1Tm 5.14).
39.2 "Que seja no Senhor": esse novo matrimônio não pode assumir um jugo desigual.
39.3 Nos séculos II e III, Tertuliano, aconselhou as viúvas a não se casarem de novo, chamando
isso de adultério171.
40 "Segundo o meu parecer": Paulo demonstra que essa posição não é uma doutrina, mas um
conselho pessoal.
40.1 "Tenho o Espírito": possivelmente um argumento a favor de sua autoridade apostólica.
40.1.1 Seu conselho é mais do que uma opinião pessoal. Tem o respaldo da influência do
Espírito Santo172.
40.1.2 Paulo está cônscio da capacitação divina sobre ele173.
40.2 Toda pessoa que está pensando em se casar deve se fazer as seguintes perguntas: 1)
Qual o dom que recebi? 2) A pessoa com quem desejo casar é cristã? 3) É certo casar nas
atuais circunstâncias? 4) De que maneira o casamento afetará meu serviço ao Senhor? 5)
Estou preparado para assumir esse compromisso?174

167
WIERSBE, op. cit.
168
KISTEMAKER, op. cit.
169
Ibidem.
170
Ibidem.
171
Ibidem.
172
Ibidem.
173
MORRIS, op. cit.
174
WIERSBE, op. cit.
105

CAPÍTULO 8

Na época de Paulo, os sacrifícios pagãos eram atos religiosos que envolviam a família. Os
animais oferecidos tinham certas partes queimadas no altar, outras tomadas pelo sacerdote, e o resto
da refeição consagrada era devolvido à família que havia feito a oferta. A família comia a carne com
amigos e parentes em festa. Outras vezes, a carne consagrada era vendida nos mercados1. Os
coríntios tinham dúvidas distintas: tomar parte em festividades idolátricas, e comer comida
previamente sacrificada comprada em armazéns2.

Paulo trata o mesmo assunto em Rm 14, mas em contextos distintos3.

(1-13: a liberdade cristã)

1 “Quanto”: volta-se à próxima pergunta da carta que recebeu dos coríntios4.


1.1 “Carne sacrificada aos ídolos”: (ειδωλοθυτων – eidolothuton) carne que sobrava dos
sacrifícios pagãos que era consumida nas festas ou vendida (pelo pobre e o miserável) no
mercado5 (com preços baixos enquanto que no templo a carne sempre era disponível6).
1.1.1 As carnes de sacrifício também eram as melhores, pois os animais deveriam ser
perfeitos7.
1.1.2 Apenas certas partes da carcaça eram usadas na cerimônia sacrificial8.
1.1.2.1 A lei judaica e o Concílio de Jerusalém (At 15.29; 21.25; Ap 2.14, 20)
proibiam comer essa carne.
1.1.2.2 Os coríntios debatiam se a proibição era abrangente ou flexível9.
1.2 “Todos temos conhecimento”: a igreja de Corinto foi agraciada com o conhecimento da
verdade (cf. 1Co 1.5).

1
KISTEMAKER, S. J. Comentário do Novo Testamento: exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. 1. ed. São Paulo:
Cultura Cristã, 2003.
2
MORRIS, C. L. 1 Coríntios: introdução e comentário. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1986.
3
MARTINS, Y. Como lidar com fracos na fé, escândalos e diferenças teológicas. 2017. (17m08s). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=HsKya-0H36A&list=PLRPNvughqc8Qkipu-tZcL-LBe516QbiUM&index=42&t=0s>.
Acesso em: 30 jun. 2018.
4
KISTEMAKER, op. cit.
5
STRONG, J. Dicionário bíblico Strong: Léxico Hebraico, Aramaico e Grego. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2010.
6
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. vol. 1. Santo André, SP: Editora Geográfica, 2006.
7
LOPES, H. D. 1 Coríntios: como resolver conflitos na Igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
8
PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. Dicionário bíblico Wycliffe. 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
9
KISTEMAKER, op. cit.
106

1.2.1 Afirma que todos os cristãos, não só em Corinto, têm conhecimento10.


1.2.2 “Conhecimento”: (γνωσιν – gnosis) conhecimento mais profundo, mais perfeito e
mais amplo da religião (1Co 13.2; Cl 1.9)11.
1.2.3 Paulo refere-se, especificamente, ao conhecimento de que o ídolo não é nada
(1Co 8.4-6).
1.3 “Dá ocasião à arrogância”: a sabedoria fez muitos dos irmãos coríntios caírem em
soberba (cf. 1Co 4.6-21). Por isso Paulo os exorta.
1.3.1 Paulo não diz que conhecimento é ruim, mas sem amor não edifica.
1.4 “O amor edifica”: Paulo lembra o que ensinará mais tarde, de que todas as relações entre
os irmãos devem ser regidas pelo amor.
1.4.1 O amor é o guia para a liberdade cristã12.
1.4.2 O amor não é arrogante (1Co 13.4). O conhecimento subordinado ao amor torna-se
útil13.
1.4.3 “Edifica”: (οικοδομει – oikodomei) metáf. promover crescimento em sabedoria
cristã, afeição, graça, virtude, santidade, bem-aventurança, crescer em sabedoria
e piedade14.
1.4.3.1 Devemos sempre buscar o caminho da edificação mútua (Rm 14.19).
2 “O ponto em que é necessário conhecer”: o verdadeiro conhecimento pleno leva-nos a
verdadeira humildade.
2.1 O que nos é necessário conhecer? O conhecimento pessoal de Deus (v. 6) que, diante de
sua majestade, reconhecemos nossas limitações15.
2.2 Não existe verdadeiro conhecimento sem amor16 (Ef 4.15; 2Pe 3.18).
2.2.1 Não podemos ser cheios no conhecimento, mas vazios no coração17.
2.3 É possível crescer em conhecimento bíblico e, no entanto, não crescer na graça de Deus
nem no relacionamento pessoal com Deus18.
2.3.1 Os cristãos mais fortes tinham conhecimento, mas não o usavam em amor. Em vez
de edificar os irmãos mais fracos, apenas se tornavam cada vez mais presunçosos.
3 Enfatizando o amor, contrasta com o verso 2 que enfatiza o conhecimento19.

10
KISTEMAKER, op. cit.
11
STRONG, op. cit.
12
METZ, D. S. Comentário Bíblico Beacon: 1 Coríntios. vol. 8. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
13
KISTEMAKER, op. cit.
14
STRONG, op. cit.
15
KISTEMAKER, op. cit.
16
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
17
LOPES, op. cit.
18
WIERSBE, op. cit.
107

3.1 O importante não é que conhecemos a Deus, mas que Ele nos conhece (Gl 4.9; 2Tm
2.19)20.
3.1.1 É evidente que Deus conhece todas as pessoas e, em outro sentido, conhece de
maneira especial aqueles que creem em Cristo21.
3.2 “Conhecido por ele”: significa que “alguém foi aprovado por Deus, tem o seu favor”22.
3.3 Nesses 3 versículos Paulo faz uma repreensão aos que colocam o saber em posição
demasiado elevada.
4 “O ídolo no mundo não é nada”: o ídolo é insignificante (Sl 115.4-8; 135.15-18; Is 44.12-20).
4.1 O mundo pagão considerava que o ídolo mudo era habitado por espíritos invisíveis23.
4.2 Se não há ídolos verdadeiros, eles estão livres para comer da carne que foi dedicada a
tais ídolos24.
5 "Supostos": coloca em dúvida a existência do que os gentios dizem serem deuses. Está
repudiando dos ídolos. Estes existem apenas em nome.25.
5.1 Acreditavam que Júpiter, Juno, Mercúrio, Apolo e Marte habitavam no céu. E Ceres, Netuno
e Pluto sobre a terra26.
5.2 Deuses e senhores são sinônimos. Modo como se referiam à divindade27.
5.2.1 Paulo não estabelece diferença alguma entre as divindades cultuadas no mundo
pagão.
6 Os cristãos contrastam-se agudamente com os idólatras28.
6.1 Diferente dos deuses pagãos, o nosso Deus é único, não está confinado a um local e é
nosso Pai (próximo)29.
6.2 Paulo não chama Jesus de Deus, mas dá a entender que Jesus é divino.
6.2.1 Incluindo Jesus nessa divindade única30.
7 “Nem todos têm esse conhecimento”: de que o ídolo não é nada (1Co 8.4-6).
7.1 Têm em mente os cristãos que tinham vindo há pouco tempo do paganismo, cuja fé é
fraca por causa da ignorância31.

19
KISTEMAKER, op. cit.
20
MORRIS, op. cit.
21
MACDONALD, op. cit.
22
METZ, op. cit.
23
Ibidem.
24
KISTEMAKER, op. cit.
25
Ibidem.
26
MACDONALD, op. cit.
27
MORRIS, op. cit.
28
Ibidem.
29
KISTEMAKER, op. cit.
30
MORRIS, op. cit.
108

7.2 “Acostumados até agora com o ídolo”: refere-se aos costumes do paganismo do qual
tinham recentemente saído, tendo certa influência sobre os cristãos fracos32.
7.2.1 Para esses o ídolo ainda era alguma coisa, assim como um ex-viciado que entra
em contato com as drogas.
7.2.1.1 Estavam tão acostumados a pensar no ídolo como real, que não
conseguiam desfazer-se completamente desses pensamentos33.
7.2.1.2 Alguns, por costume, ainda achavam que as carnes sacrificadas
pertenciam ao ídolo.
7.2.1.3 Habituados com os Ídolos acreditavam que comer carne sacrificada era
uma forma de idolatria34.
7.3 “Se contaminam”: o pecado ocorre pela consciência fraca (falta de conhecimento).
7.3.1 Pela falta de conhecimento, esses irmãos achavam estar pecando (NTLH).
7.3.1.1 Eles mantinham as velhas associações35.
7.3.2 Se comessem comida de um templo, considerariam que de alguma forma
tinham participado da adoração de ídolos36.
7.4 “Consciência fraca”: (συνειδησις αυτων ασθενης – “a própria consciência diferenciadora
do bem e mal frágil”37) possivelmente uma dificuldade em se afastar do que realmente é
pecado em algumas situações.
7.4.1 Consciência é aquilo que estimula alguém a fazer o que é certo e se afastar do
que é errado38.
7.4.1.1 É uma característica inata do homem, que se torna ativa na idade da
responsabilidade (senso de consciência moral).
7.4.1.2 A consciência depende do conhecimento. Quanto mais conhecimento
possuímos e praticamos, mais forte se torna a consciência39.
7.4.2 Para Paulo é o “fraco na fé” (Rm 14.1), que não compreende o cristianismo
plenamente (1Co 8.7a) e acusado pela consciência em questões neutras (1Co
8.7b)40.

31
KISTEMAKER, op. cit.
32
Ibidem.
33
MORRIS, op. cit.
34
MACDONALD, op. cit.
35
MORRIS, op. cit.
36
KISTEMAKER, op. cit.
37
STRONG, op. cit.
38
PFEIFFER, op. cit.
39
WIERSBE, op. cit.
40
PFEIFFER, op. cit.
109

7.4.3 Um irmão mais fraco é aquele que não desfruta de sua liberdade Cristã
plenamente (ex.: Judeu que se converte e não come carne de porco)41.
8 “Não é a comida que nos recomendará”: regras dietéticas não nos santificam ou torna-nos
aceito, muito menos nos contaminam (Rm 14.17).
8.1 Afirma um ensino de Cristo (Mt 15.11; Mc 7.18).
8.2 Esse tema é amoral. Nem virtuoso, nem pecaminoso42.
9 Chamando todos os alimentos de comuns, se recusavam a ver o ponto de vista daqueles cuja
consciência os incomodava quando comiam algo sacrificado43.
9.1 Paulo exige que os fortes preocupem-se com os fracos44.
9.2 “Liberdade”: (εξουσια – exousia) “autoridade”. Provavelmente a atitude dos fortes estava
servindo de modelo ou obrigação para os fracos (cf. v. 10)45.
9.3 “Não se torne em motivo de tropeço”: a nossa liberdade de consciência pode tornar-se
uma cilada para a consciência do fraco, fazendo-lhe pecar.
9.3.1 "Tropeço": (προσκομμα – proskomma) "algo que faz a pessoa tropeçar e dificulta o
avanço"46.
9.3.1.1 Os feitos dos fortes não devem dificultar o progresso dos fracos. Não
podemos impor nossos padrões de certo e errado a outros, cuja
consciência reage diferentemente.
9.3.2 A liberdade cristã deve sempre ser observada no contexto do amor para com o
próximo (Gl 5.13)47.
9.3.2.1 Aqueles que são fortes causam ofensa ao pressionarem
indevidamente os fracos para promoverem seus direitos.
9.3.2.2 Nenhum cristão tem liberdade se isso significar dano a outras pessoas48.
9.4 É preciso ter sabedora para adotar uma postura coerente dentro da liberdade cristã49.
10 “Comendo à mesa no templo de ídolos”: alguns irmãos em Corinto estavam comendo dentro
dos templos pagãos.
10.1 Os sacrifícios eram geralmente acompanhados por um banquete envolvendo o
consumo de, no mínimo, parte da carne sacrificada (1Sm 9.13; 2Sm 6.18-19)50.

41
MACDONALD, op. cit.
42
LOPES, op. cit.
43
KISTEMAKER, op. cit.
44
MORRIS, op. cit.
45
MARTINS, op. cit.
46
MORRIS, op. cit.
47
KISTEMAKER, op. cit.
48
MORRIS, op. cit.
49
LOPES, op. cit.
110

10.1.1 Era possível que Erasto, o tesoureiro (diretor de obras públicas) de Corinto (Rm
16.23) e cristão, devesse comparecer a festas desse tipo51.
10.1.1.1 Tomar refeições em locais associados a ídolos era uma prática social
aceita (prática integrante da etiqueta formal na sociedade)52.
10.1.1.1.1 Privar-se dessas reuniões, era eliminar-se da maior parte das
relações sociais.
10.1.1.2 Aqui ele chama a atenção para o efeito que essa ação poderá ter sobre
um irmão mais fraco.
10.1.1.3 Paulo se contradiz com 10.14-22? Não! No capítulo 8 ele se dirige aos
irmãos fortes e no 10, aos fracos.
10.2 “Incentivado”: (οικοδομηθησεται – oikodomeo) “edificar, construir”53. Provavelmente
fazendo alusão ao modo errado de edificação da Igreja (1Co 3.10b).
10.2.1 O fraco peca se agir contra sua consciência54.
10.2.2 Os imaturos podem decidir imitar os irmãos mais fortes e, desse modo, serem
levados a pecar55.
10.2.2.1 Violentando a própria consciência para conseguir viver assim como os
fortes56.
11 Por que o irmão de consciência fraca peca? Porque será impulsionado a agir sem fé, e tudo
que não provém da fé é pecado (Rm 14.23).
11.1 A consciência ferida de um crente causa uma falta de autoestima 57.
11.2 “É destruído”: mais uma vez refere-se à metáfora do templo (1Co 3.10b; Rm 14.20a).
11.2.1 Como a sua perspectiva é diferente, a sua reação também será diferente. Ele
dedicará algum respeito ao ídolo, ou será atraído pela atmosfera idólatra58.
11.3 “Por quem Cristo morreu”: se Cristo morreu para salvar um homem, será que um cristão
“forte” não estaria disposto a abrir mão de algo para ajudar a alcançar o mesmo objetivo?59
12 Pecamos ao ferir a consciência fraca dos outros.
12.1 Isso é sério! Insensibilidade contra irmãos é um insulto contra Cristo60.

50
PFEIFFER, op. cit.
51
KISTEMAKER, op. cit.
52
MORRIS, op. cit.
53
STRONG, op. cit.
54
MACDONALD, op. cit.
55
WIERSBE, op. cit.
56
MARTINS, op. cit.
57
KISTEMAKER, op. cit.
58
METZ, op. cit.
59
Ibidem.
60
KISTEMAKER, op. cit.
111

12.1.1 Jesus e seus santos são um, de modo que uma ofensa contra um crente é uma
ofensa contra Jesus (Mt 25.40, 45).
12.1.2 É fácil pensar em certos membros como destituídos de importância. Mas não são.
Cristo vive neles61.
12.2 O forte possui responsabilidade maior: não desprezar o fraco na fé (Rm 14.1, 3) e andar
em amor (1Co 8.1b), até mesmo abrindo mão de sua liberdade para edificação do irmão
fraco62.
13 “Nunca mais comerei”: devemos evitar aquilo que, mesmo não sendo pecado, fere a consciência
fraca do irmão.
13.1 O importante não são nossos direitos, nem nossa comodidade, mas o bem-estar da
irmandade63.
13.2 “Não lhe servir de tropeço”: não devemos pecar, nem ser a causa do pecado de outrem.
13.2.1 Os fortes devem adaptar o seu comportamento às consciências dos fracos64.
13.3 O cristão tem o dever de ser um exemplo da graça de Deus65.
13.4 Paulo também ensina que o irmão fraco não deve julgar o forte (Rm 14.3)66.
13.5 Os cristãos fracos se mostram propensos a julgar e criticar os cristãos mais fortes. Isso
torna difícil os mais fracos pelos mais fortes67.

61
MORRIS, op. cit.
62
PFEIFFER, op. cit.
63
MORRIS, op. cit.
64
Ibidem.
65
METZ, op. cit.
66
PFEIFFER, op. cit.
67
WIERSBE, op. cit.
112

CAPÍTULO 9

Resumo.

(Tema)

1 Comentário.
113

REFERÊNCIAS

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Ferreira de Almeida. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.

CARSON, D. A. A manifestação do Espírito: a contemporaneidade dos dons à luz de 1 Coríntios de


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DANTAS, L. M. Atos dos Apóstolos: o evangelho até os confins da terra. Picuí: OBPC, 2016.
Disponível em: <https://drive.google.com/open?id=0BxsiwXgwzSFQRGZhRUJCZHNta1U>. Acesso em:
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114

MACARTHUR, J. 12 homens extraordinariamente comuns: como os apóstolos foram mudados para


alcançar o sucesso em sua missão. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2016.

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