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PROCESSO CIVIL – FREDIE DIDIER

Aula 1

Indicação Bibliográfica:
1) Alexandre Câmara – Lições de Processo Civil – Ed. Atlas. Volumes 1 e 2
É um curso simples para a graduação.

2) Marinoni - Curso de Processo Civil – Coleção RT. Vol.2.


É um livro escrito de maneira mais elaborada e aprofundada. Livro para
quem tem noção de processo. Um livro muito importante/imprescindível
para juiz federal ou MPF.

3) Manual de Processo Civil de Daniel Assunção – Vol. Único – Método.


É didático e de bom conteúdo.

4) Fredie Didier – Ed. Juspodivm. Vol I e II


É uma coincidência entre as aulas. É mais bem elaborado. Não é um curso
simples.

Contatos:
alexandre@gialluca.com.br

INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

Conceito:
Processo tem vários significados e todas elas se complementam.

Processo
3 acepções da palavra “processo”:

a) Teoria da norma jurídica


b) Teoria do fato jurídico
Processo c) Eficácia Jurídica

a) Teoria da norma jurídica: modo pelo qual se produz norma jurídica.

Daí falamos em processo legislativo, processo administrativo, jurisdicional. O


processo que vamos estudar é o jurisdicional civil.

Qual é a norma jurídica que se produz pelo processo jurisdicional?


Pelo processo jurisdicional são produzidas 2 espécies de normas.
1ª – a norma jurídica no caso concreto. Juiz aplica ao conflito de João
e José uma norma para solução dos casos.
2ª – precedente: é uma norma geral que serve para casos futuros
semelhantes.
Todo processo jurisdicional serve para a solução de um caso e um modelo
de solução para outros casos semelhantes.

b) Teoria do fato jurídico: processo é um conjunto de atos e fatos


concatenados entre si tendentes todos eles a produção de um ato
final.
Processo é uma corrente com vários elos organizado para a solução de um ato
final.

Cada um desses elos da corrente é um elo da corrente. Ex. distribuição um elo,


mandar citar outro elo/ato, citar outro elo/ato.
A soma de todos eles/ o conjunto dos atos é um ato jurídico.
Cada elo é um ato jurídico, mas o conjunto dos atos também é um ato jurídico.
Ex. cardume é um substantivo, composto por vários outros peixes (cada um é
um substantivo).
Um processo é um substantivo coletivo.
O processo é um ato jurídico complexo, pois é um ato jurídico formado por
outros atos jurídicos.

c) Eficácia Jurídica: o processo sob este ponto de vista é um conjunto de


relações jurídicas travadas entre os diversos sujeitos processuais.
Ex. contestação:autor – réu; distribuição: autor – juiz; prova: testemunha- juiz

O processo forma um feixe de relações jurídicas.


Alguns simplificam dizendo “que processo é relação jurídica”. Entretanto, Didier
acha impróprio esta frase, porque o processo gera, mas não é. Ademais, o
processo é um conjunto de relações jurídicas.

OBS: Nesse sentido, processo e procedimento se equivalem.


Alguns autores, porém, entendem que processo é o procedimento em que
há contraditório.
Prevalece a idéia de que o processo é uma espécie de procedimento que
se caracteriza por ser organizado e com contraditório.

Vetores metodológicos para a compreensão do direito processual civil:


Para que se possa compreender o direito processual contemporâneo é
necessário saber outras coisas. São ferramentas de introdução ao processo e
outras disciplinas do direito.
São 3 vetores metodológicos:
1) Teoria do Direito
3 vetores metodológicos 2) Processo de acordo com o Direito Constitucional
3) Processo de acordo com o Direito Material

1) Teoria do Direito:

A teoria do Direito se transformou a ponto de dizer que temos uma nova teoria
do Direito. Assim, tenho que compreender o direito através destes novos
paradigmas. Houveram várias transformações, destacando-se 6 delas:

Transformações na Transformações na
Teoria das fontes do direito Hermenêutica
I) Força normativa dos IV) Distinção entre texto e norma
Princípios jurídica
II) Reconhecimento da força V) Quem interpreta cria
normativa da Jurisprudência VI) Surgimento da
III) Técnica Legislativa Proporcionalidade e
razoabilidade como limites à
interpretação.

Transformações na Teoria das fontes do direito:

I) Força normativa dos Princípios


Princípio é espécie de norma jurídica. Norma é gênero, no qual princípios e
regras seriam espécies.
Na prática, significa que, com base em um princípio é possível pleitear/postular
algo e decidir algo com base em um princípio.
É possível extrair conseqüências jurídicas através dos princípios. Há 30 anos
atrás isso era inconcebível, mas hoje isso é possível.

Sendo assim, é um equivoco contrapor norma e princípio: ex. “o direito


administrativo é um conjunto de normas e princípios que regulam a
administração pública”.

Está superada a idéia de que princípio é uma técnica de integração de lacuna.


Princípio é norma jurídica da qual se extraem conseqüências jurídicas.

Dicas de terminologia:
a) nem todo princípio é constitucional. Existem princípios legais, que
não decorrem da constituição.
b) Nem toda norma constitucional é um princípio. Existem normas
constitucionais que são regras. Ex. colégio Dom Pedro II fica sob a
administração da União.
c) Nem toda norma muito importante é um princípio. Há regras que
são muito importantes. Ex. regra da motivação das decisões, sob pena
de nulidade.
d) O Princípio objetiva uma meta, um estado de coisas, sem
estabelecer como se chega a isso.
e) A decisão que se baseia em princípio é uma fundamentação
diferente e mais complexa. Ex. motivar a intempestividade de recurso
é mais fácil do que motivar a união homoafetiva.

Recomendação de leitura: Teoria dos Princípios de Humberto Ávila (Malheiros).


Para Didier é o livro mais importante produzido no Brasil em 20 anos.

II) Reconhecimento da força normativa da Jurisprudência:

Jurisprudência é norma.
É pacífico que a jurisprudência possui eficácia jurídica/força normativa.
Porém, nem toda jurisprudência tem força normativa, mas apenas de alguns
tribunais. Todo o sistema jurídico brasileiro é formado nessa premissa e hoje
nem se discute mais essa questão.

III) Técnica Legislativa

Se passou a legislar também valendo-se das cláusulas gerais.

Conceito: cláusula geral é um dispositivo/ enunciado normativo que se


caracteriza por ser aberto na hipótese de incidência e aberto também no
conseqüente normativo/ preceito.
No enunciado normativo há a hipótese do fato que aquela norma vai incidir e as
conseqüências jurídicas que decorrem disso.
Assim, cláusula geral é um tipo de texto normativo duplamente
indeterminado: na hipótese e no conseqüente.

Antes as normas eram muito detalhadas, casuísticas. Depois houve a


necessidade de adequar para normas flexíveis e duradouras, adaptáveis,
tornando o sistema jurídico um sistema mais permanente.

Ex. cláusula geral da função social da propriedade; da boa fé; da função social
do contrato;

O direito processual atualmente tem diversas cláusulas gerais, inclusive o CPC


e seu novo projeto.

Ex. §5º art.461 CPC

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente,


poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de
força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Ler: cláusulas gerais Processuais (Fredie Didier – no site dele)
Judith Martins-Costa – O direito Privado como um sistema em construção.

A compreensão das cláusulas gerais como técnica normativa depende das


noções atuais de hermenêutica. Ver abaixo.

Transformações na Hermenêutica:

IV) Distinção entre texto e norma jurídica

Norma jurídica é o que resulta da interpretação dos enunciados normativos.


Não se interpretam normas, se interpretam textos/enunciados.
Sendo assim, cláusula geral é enunciado, do qual eu extraio normas
(regras ou princípios).
Norma é o sentido que se dá a um texto.

Ex. Proibida a entrada de cão.


Se tenho um elefante de estimação e quero entrar isso não é possível, pois se
está proibido a entrada de cão, então não pode entrar elefante.

Ex. placa na praia: proibida a utilização de biquini. Essa placa está em


Ipanema.
Pode-se interpretar de 2 formas: seria necessário a utilização de maiô ou seria
uma praia de nudismo.
Se for uma praia no Qatar – nadar de vestido
Se for no Brasil – naturismo.

O Princípio da Boa Fé é extraído da cláusula geral de Boa Fé. Desta cláusula


geral pode-se retirar também outros princípios e regras.

Cláusula geral é texto. Princípio é norma.

V) Quem interpreta cria:


Toda atividade interpretativa é uma atividade criativa.
Toda interpretação é uma atividade criativa. Quem interpreta cria.
Há diversos níveis de criatividade. Nas cláusulas gerais tanto a hipótese,
quanto o consequente jurídico são criados no caso concreto pelo juiz. Há um
alto grau de intensidade.
Já a norma que estipula 15 dias para apelar a norma tem interpretação
limitada.

VI) Surgimento da Proporcionalidade e razoabilidade como limites


à interpretação

Interpretação tem que ser proporcional/razoável. Isso humanizou o direito e


tornaram a interpretação jurídica uma interpretação mais ética
2) Processo de acordo com o Direito Constitucional

Houve 3 grandes transformações em Direito Constitucional:

VII) Reconhecimento da força normativa da Constituição.


(aplicação imediata das normas constitucionais).
VIII) Expansão da jurisdição constitucional. (expansão do controle
de constitucionalidade).
IX) Teoria dos Direitos Fundamentais: (teoria normativa dos direitos
fundamentais é recente; inclusive há direitos fundamentais processuais
– ex. contraditório).

Os direitos fundamentais costuma ser estudados em 2 dimensões:

I) Objetiva: os direitos fundamentais são normas jurídicas


constitucionais que devem ser observadas pelo legislador
infraconstitucional. Nesse sentido, o legislador, tem que se pautar
nos direitos fundamentais. O processo deve ser construído de
acordo com as normas de direitos fundamentais. Ex. processo
que permita o contraditório; que proíba a prova ilícita

II) Subjetiva: são direitos que devem ser protegidos. O processo tem
de ser adequado para bem tutelar direitos fundamentais.

Questão: relacione sobre processo e direitos fundamentais.


1º falar sobre a importância dos direitos fundamentais hoje e que o processo
não poderia ficar a margem disso.
2º dizer que há direitos fundamentais processuais
3º dizer que há a dimensão subjetiva e objetiva dos direitos fundamentais e
explicar cada uma.

Esse conjunto de 9 transformações fez com que alguns dissessem que


estamos vivendo uma nova fase do pensamento jurídico. O nome mais
difundido foi Neoconstitucionalismo:

Resumindo:

Neoconstitucionalismo (nome mais pop)/ Neopositivismo/ Pós-


positivismo:
Transformações na Teoria das fontes do direito:
I) Força normativa dos Princípios
II) Reconhecimento da força normativa da Jurisprudência
III) Técnica Legislativa

Transformações na Hermenêutica:
IV) Distinção entre texto e norma jurídica
V) Quem interpreta cria
VI) Surgimento da Proporcionalidade e razoabilidade como limites à
interpretação.

3 grandes transformações em Direito Constitucional:


VII) Reconhecimento da força normativa da Constituição.
(aplicação imediata das normas constitucionais).
VIII) Expansão da jurisdição constitucional. (expansão do controle
de constitucionalidade).
IX) Teoria dos Direitos Fundamentais: (teoria normativa dos direitos
fundamentais é recente; inclusive há direitos fundamentais processuais
– ex. contraditório).

Didier prefere o termo Neopositivismo, pois não se resume ao direito


constitucional, mas abrange a todos os ramos do direito.

Procurar na internet 3 textos:


I) Humberto Ávila sobre Neoconstitucionalismo – entre a ciência do
direito e o direito da ciência. Ele discute o abuso dessas premissas.
II) Daniel Sarmento sobre Neoconstitucionalismo
III) Teoria da Katchanga

Tudo o que foi falado até agora diz respeito ao Neoprocessualismo.


Para saber o que é isso, tem que saber o que é
Neoconstitucionalismo/Neopositivismo.

Textos da aula 1:
I) Humberto Ávila sobre Neoconstitucionalismo – entre a ciência do
direito e o direito da ciência. Ele discute o abuso dessas premissas.
II) Daniel Sarmento sobre Neoconstitucionalismo
III) Teoria da Katchanga
IV) Ler: cláusulas gerais Processuais (Fredie Didier – no site dele)
V) Judith Martins-Costa – O direito Privado como um sistema em
construção.

Quanto à função obrigatória:

Cogentes ou injuntivas: leis de ordem pública que não podem ser modificadas por vontade das partes.

Podem ser:

a) Imperativas: Ordenam um comportamento do particular;


b) Proibitivas: Vedam um comportamento do particular;

Supletivas ou permissivas: Regem interesses particulares. Logo, podem ser alteradas por vontade das partes.

Quanto à sanção:

a) Perfeitas: Se forem violadas, o ato será considerado nulo ou inválido.


b) Mais que perfeita: Se forem violadas, tem-se a nulidade ou anulabilidade do ato seguida de sanção criminal.
c) Menos perfeita: Há sanção diferente da nulidade.

Ex: divorciado que se casa antes de fazer a partilha de bens somente pode se casar no regime de separação
obrigatória de bens.

d) Imperfeitas: São normas que, se forem violadas, não acarretam qualquer sanção.

Ex: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar.

Aula 02

A maior parte da doutrina nacional, ainda identifica apenas 3 fases na


evolução da ciência do processo.

Transformação da Ciência do Processo:

1) Praxismo/Imanentismo:
É a pré-história da ciência do processo. Há a preocupação das práticas do foro.
Não se examina o processo de uma forma isolada.
O processo e o direito material se confundem.

“o processo é o direito material em movimento”


A preocupação é prática. Ex. como faz uma petição, prazos, etc.
Essa fase durou até o século XIX e foi quebrada por Oskar von Bullow que
defende o processo como relação jurídica (diferenciação entre direito
material e direito processual)

2) Processualismo:
É a fase do processo material e da construção da ciência do processo. O
propósito era distinguir/afimar o direito do processo frente ao direito material.
Essa fase vai até meados do século XX.

3) Instrumentalismo:
Preocupação com as funções do processo, sobretudo com a efetividade do
processo. Passou-se a preocupar com o funcionamento/ acesso à justiça,
efetividade do processo. Passou a pugnar uma aproximação do processo
com o direito material.

Para boa parte da doutrina (ex.Dinamarco) brasileira esta é a fase atual do


processo

4) Neoprocessualismo/Formalismo-valorativo:
Fase de reconstrução da ciência do processo, tendo em vista as
transformações havidas na ciência jurídica com a
Neopositivismo/Neoconstitucionalismo.
Para Didier é a fase que estamos vivenciando.
Carlos Alberto Alvaro de Oliveiro designou essa fase como formalismo-
valorativo (cai muito em concurso), pois trata-se de um conjunto de
formas que concretizam valores (direitos fundamentais).

3) Processo de acordo com o Direito Material

Todo processo, por mais simples que ele seja, traz em seu conteúdo um
problema de direito material a ser resolvido.

Todo processo tem a afirmação do direito material.


O processo vai organizar-se, tendo em vista o direito que foi afirmado.
A razão de ser/sentido do processo é o direito material afirmado/problema.

Instrumentalidade do Processo: tudo no processo tem que ser pensado à


luz do direito material.

Ex. se o problema é uma possessória – vai para vara cível com rito específico.

Não há assunto de direito processual que não seja relacionado ao direito


processual afirmado.
O processo serve para realizar/concretizar o direito material. Há uma relação
de mutualismo entre processo e direito material, pois um serve ao outro.

“o processo serve ao direito material ao mesmo tempo em que é servido por


ele” - relação circular entre processo e direito material. (Magis ES).

Direito Material Direito Processual


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO

Não vamos colocar um rol exaustivo.

1) Princípio do Devido Processo Legal (o mais importante):

“Ninguém será privado de seus bens, de seus direitos sem o devido


processo legal” - Art.5º, LIV CF
É um instituto medieval que nasceu da expressão “law of the land” (ano de
1037). Nasceu como uma garantia dos barões feudais contra o rei. Até mesmo
o rei deve submeter-se ao direito daquele povo. O direito é limite ao exercício
do Poder.
Desta expressão derivou em 1354 – “Due Process of Law” – o poder de
acordo com o estabelecido pelo direito.
Sendo ela uma cláusula geral, houve uma adaptação histórica do seu sentido.

Ex. atualmente estamos construindo um processo eletrônico.

Além disso, houve um acúmulo histórico do devido processo legal. A


cláusula geral permanece “cheia” para salvaguardar a liberdade.
Ex. garantias de proibição de prova ilícita, juiz natural, motivação,
contraditório, ampla defesa.

“of law” significa em conformidade com o direito e o direito não se resume a


lei. Sendo assim, alguns autores preferem designá-lo de devido processo
constitucional (na prova colocar qualquer um deles).

Em Portugal chama-se de Direito ao processo equitativo (fair trial).


Na Itália (e RS) chama-se de Direito ao Processo Justo.

 O que é “Processo” no Devido Processo Legal?


É o modo pelo qual se produz norma jurídica (1º sentido). É o devido
processo legislativo, o devido processo administrativo e o devido processo
jurisdicional.
É possível falar, ainda, de um devido processo privado, ou seja, não estatal.

Ex. uma decisão do diretor de um clube que expulsou deliberadamente um


associado. Não houve respeito à ampla defesa e ao juiz natural, neste caso
porque o próprio diretor do estabelecimento fez a expulsão, ou seja, não era
imparcial.

Ex. nas convenções de condomínio deve estar previsto o direito de defesa do


condômino que cometeu infração.

Art. 57 do CC. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim


reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos
previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
O STF já reconheceu a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, inclusive
tendo como precedente o devido processo legal.

A aplicação de direito fundamental ao direito privado chama-se eficácia


horizontal dos direitos fundamentais.
A Eficácia vertical dos direitos fundamentais é a eficácia dos direitos
fundamentais na relação entre Estado e particular.

A doutrina faz uma divisão no


a) Devido processo formal-procedimental. Essa dimensão é o
fundamento de todas as garantias processuais que se conhece. O DPL
é o fundamento de diversas normas. Processo justo, juiz deve observar
princípios processuais na condução do processo. Trata-se da
obediência do procedimento. Decorrem desta o contraditório, a ampla
defesa, juiz natural.
b) Devido processo legal substancial-material: trata-se de uma decisão
essencialmente justa. Decorrem dela o juiz competente, imparcial,
decisão motivada (art.93,IX) Além da eficácia formal, há a vertente
material. Ela nasceu nos EUA foi criada para servir como fundamento
para reconhecimento de direitos fundamentais não expressamente
previstos.

STF e o Devido Processo Legal à brasileira: O Supremo entendeu que este


princípio de forma diversa a dos norte-americanos. Para ele, a dimensão
substancial do Devido Processo Legal era um fundamento dos deveres de
proporcionalidade e razoabilidade (na interpretação das normas jurídicas). A
justificativa do STF para o novo sentido do DPL é que, para o Brasil, o sentido
que os americanos deram é inútil, pois a Constituição pátria expressamente
dispõe que o rol de direitos fundamentais é exemplificativo.

A doutrina critica o entendimento do STF:


a) Erro técnico: O Supremo não entendeu o que é devido processo legal,
conforme o entendimento norte-americano.
Didier critica: este é o sentido cultural que o Brasil deu, e na cultura jurídica não
há certo nem errado.

b) Inutilidade: esse entendimento é inútil, pois o STF poderia fundamentar


a proporcionalidade e a razoabilidade em outras normas como a
igualdade e o Estado de Direito. Argumenta-se que a Constituição Alemã
não fala do Devido Processo Legal, mas mesmo assim se construiu a
proporcionalidade.
Didier critica: esta argumentação já é sólida e difundida no ordenamento pátrio,
e por isso não é inútil.

Autonomia textual: esses princípios/garantias oriundos do DPL, que de


tamanha importância, ganharam uma autonomia textual (art.5 CF) e são
considerados princípios constitucionais expressos. São características:
 Constitucionais
 Fundamentais
 Previsão expressa
 Decorrem do devido processo legal

Princípios constitucionais expressos:


 Contraditório
 Publicidade
 Duração razoável
 Eficiência

Há, princípios constitucionais fundamentais, também decorrentes do devido


processo legal (é um postulado), que ainda não tem texto expresso na
constituição.

São Princípios constitucionais implícitos:


 Boa fé processual
 Efetividade
 Adequação

Princípios constitucionais Princípios constitucionais


expressos: implícitos:

 Contraditório  Boa fé processual


 Publicidade  Efetividade
 Duração razoável  Adequação
 Eficiência

Princípios Constitucionais Explícitos

I - CONTRADITÓRIO:

Possui 2 dimensões:

1) Dimensão formal do contraditório: Garante a participação no


processo. É pro forma.
2) Dimensão substancial do contraditório: o contraditório garante o
direito de poder influenciar a decisão. Mecanismo que a pessoa está
participando possa interferir/influenciar na decisão. Não basta estar
presente no processo, a argumentação alegada tem que ser levada em
consideração para motivar a decisão.
A ampla defesa é o aspecto substancial do contraditório.

Contraditório e motivação se relacionam, pois o juiz deverá considerar


esses argumentos na decisão, mesmo que não for acatá-los.
Motivação e regra da congruência: (caiu Procurador da República) o juiz só
pode decidir de acordo com o que foi pedido. Isso se relaciona com o
contraditório?
R: Estão relacionados, porque o réu só se manifesta, ou seja, exerce o
contraditório em contraposição ao pleito do autor. Sendo assim, o juiz está
adstrito ao que foi alegado pelo autor e pelo contraditório da parte contrária.

 As liminares seriam inconstitucionais por não terem contraditório


imediatamente?
R: Não. As liminares são decisões provisórias e por isso são constitucionais.
O contraditório, nesses casos, é jogado para um momento posterior
(postecipado).

As liminares são uma técnica de ponderação de contraditório e


efetividade.

Importante: no tocante à possibilidade de reação dada pelo contraditório é


possível:
 Direitos disponíveis: basta a oportunidade de reagir, podendo ser feita
ou não.
 Direitos indisponíveis: exige efetiva reação, mesmo que ficta. Ex. não há
revelia em direitos indisponíveis.
Para evitar surpresa as partes, o contraditório possibilita a oitiva destas,
mesmo em decisão de ofício pelo juiz.

II - PUBLICIDADE:

Os atos processuais tem que ser públicos para os sujeitos do processo


(interna) e fora (externa).

A publicidade interna não poderá sofrer mitigações, mas a publicidade


externa pode ser restringida nos casos em que se deva proteger a intimidade
das pessoas envolvidas e/ou houver interesse público no sigilo.

Atualmente, no Brasil, a publicidade externa vem cada vez mais tomando


espaço. Ex. transmissão dos julgamentos do STF.

Crítica: esta publicidade seria o exercício da jurisdição com caráter populista,


mas em compensação ninguém pode suprimir mais esta tendência no Brasil,
pois isso já foi conquistado.

 Publicidade e motivação se relacionam?


R: Sim. A motivação não é somente um discurso dirigido às partes, mas uma
publicização das razões da decisão.

III- DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO:

O processo deve durar o tempo adequado para a solução do problema. É,


dos princípios expressos, o mais recente.
Não parte do pressuposto que ele tem que ser veloz, mas que tem que durar
um tempo adequado. Para Didier, é um Princípio um pouco arbitrário, pois um
processo para ter o mínimo de respeito aos direitos fundamentais demanda
bastante tempo.
O fato do processo ter que demorar minimamente para garantir o contraditório,
para a oitiva de testemunhas, direito de recurso etc.

A Corte Européia de Direitos Humanos/ Tribunal Europeu de Direitos


Humanos estabeleceu os critérios para aferição da razoabilidade dos
efeitos do processo. São eles:

a) Complexidade da causa (quanto mais complexo, mais demora)


b) Estrutura do órgão jurisdicional (se precária, demora mais)
c) Comportamento das partes (a parte deu causa a demora)
d) Comportamento do juiz (ele empurra o processo a toque de caixa)

 Qual a conseqüência se a duração do processo não for razoável?


1. Gera direito a reparação civil.
2. Os sujeitos responsáveis pela demora podem sofrer representação.
3. Perda da competência para julgar pela causa. Art.198 CPC

Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá representar ao
presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei.
Distribuída a representação ao órgão competente, instaurar-se-á procedimento para
apuração da responsabilidade. O relator, conforme as circunstâncias, poderá avocar os
autos em que ocorreu excesso de prazo, designando outro juiz para decidir a causa.

Exs: julgamento antecipado do mérito (art.330CPC); procedimento sumário


(art.275) CPC e sumaríssimo (L9.099), súmula impeditiva de recursos; prova
emprestada, processo sincrético, julgamentos monocráticos do relator do
recurso.

IV – EFICIÊNCIA:

É a conjugação do art.37 c/c art.5º (Devido Processo Legal) CF. O art.37 fala
em “qualquer dos poderes”.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

É o Devido Processo Eficiente ou Princípio da Eficiência do Processo.

O Princípio da Eficiência do Processo possui 2 dimensões:

a) Administrativa (Marinela explicará): o poder judiciário também é uma


instância administrativa nos tribunais. É um ente da administração.

b) Processual: o órgão julgador deve ser considerado como administrador


de um processo. É um ente julgador. Exige do juiz uma
administração/condução eficiente de um determinado processo, ou seja,
de maneira gerencial com racionalidade e econômica, fazendo com
que o processo atinja seus fins com menor gasto possível e da melhor
maneira.

O Princípio da Eficiência Processual é a versão atualizada do Princípio da


Economia Processual. Alterou a nomenclatura por 2 razões:

a) É preciso reforçar a necessidade de se dar uma administração


gerencial ao processo. Juiz deve aplicar técnicas de
gestão/gerenciamento. Ex. curso de gestão para juízes promovidas
pelo CNJ. O projeto CPC consagra expressamente este Princípio.

Aula 3

Exemplos de boa gestão de recursos econômicos do processo:


I) Segundo a doutrina, o juiz pode estabelecer um cronograma para o
processo e isso dispensa a intimação dos atos, tornando o processo
mais célere e econômico
II) A escolha do meio executivo pelo juiz, de maneira mais eficiente e
menos onerosa.
III) Possibilidade do juiz determinar uma espécie de conexão
probatória. Ex. Existem processos que não possuem conexão, mas
uma perícia serviria para todos eles. Sendo assim o juiz pode
determinar uma perícia que vai aproveitar a todos. Isso não tem
dispositivo expresso.

Princípios Constitucionais Implícitos

I- Princípio da EFETIVIDADE:

Processo Efetivo é aquele que consegue realizar o direito material afirmado.


O processo pode ser efetivo sem ter sido eficiente. Posso ter realizado o direito
com alto custo, má administração, etc.
Entretanto o processo jamais será eficiente se não for efetivo.
Assim:

O processo pode ser efetivo sem ter sido eficiente. Entretanto o


processo jamais será eficiente se não for efetivo.

Apesar de tamanha importância, este Princípio não está expresso.


Este Princípio cria um direito fundamental à efetividade titularizado pelos
credores/exeqüentes, titulares de direito afirmados.

Antes se falava apenas de Direitos Fundamentais para o réu. O executado era


o único que tinha dignidade da pessoa humana a ser protegido. O exeqüente
não tinha este direito. Isso porque o Brasil foi muito influenciado pelos valores
da misericórdia, clemência e perdão do cristianismo, presentes, também, no
Direito Romano e Portugal. Assim, o devedor passou a ser super protegido e o
credor foi visto como alguém mesquinho, avaro.
Ex. impenhorabilidade do salário do réu.

Nos últimos 10 anos isso tem mudado. A proteção da dignidade do executado


se mantém, mas começou-se a construir uma teoria para proteger o direito
fundamental do executado e essas passaram a se confrontar. Assim, chegou-
se ao Princípio da Efetividade.

Exemplos de importância prática do Princípio da Efetividade:


Ex.1: A jurisprudência começou a entender que é possível a penhora de parte
do salário, desde que não comprometa a dignidade do executado para
satisfazer o exeqüente.
Ex.2 Mesma coisa, em menor quantidade, tem acontecido com o bem de
família. Quando o bem de família for muito caro/ valioso, há a possibilidade
de vender aquele bem e comprar um de menor valor.

O processo de sentença declaratória é eficiente se declarar o direito.

II – Princípio da BOA FÉ PROCESSUAL

É implícito em nível Constitucional. Em nível Legal ele tem previsão expressa.


Art.14,II CPC.

Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do
processo: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001)
II - proceder com lealdade e boa-fé;

O STF decidiu reconhecendo que o Princípio da Boa Fé decorre do Devido


Processo Legal.

Boa fé Subjetiva Boa fé Objetiva

É um fato da vida: é a crença da É uma norma que impõe que as


licitude do seu comportamento. pessoas se comportem de acordo
É muito comum no âmbito da tutela com um padrão de conduta
da posse. considerado ético/leal.
É irrelevante a crença do sujeito.
Ela não faz parte do Princípio da Boa Deve analisar se o padrão de
Fé Objetiva. comportamento devido por uma
comunidade.

É aqui que incide o Princípio da


Boa Fé: é o Princípio segundo o qual
as pessoas em suas relações devem
comportar-se segundo a boa fé
objetiva.

O Princípio da Boa Fé passou por uma grande expansão no século XX


influenciando todos os ramos do Direito, inclusive o público.
Também no âmbito do processo, as partes devem agir com ética. O
Princípio da Boa Fé Processual nada mais é que a aplicação para o processo
da boa fé processual, atingindo, inclusive, o órgão jurisdicional (também o
juiz deve se comportar com o Princípio da Boa Fé – Ministro Luiz Fux
determinou isso em um voto).

Nos últimos 100 anos, a doutrina e a jurisprudência dos Tribunais –


ex.TJDF (não do STJ) - passaram a identificar (fazer um rol) dos casos típicos
de comportamento contrário a boa fé.

Esse rol não é exaustivo, mas é algo já pacificado e aplicado. Ele se


aplica aos mais variados ramos, mas vamos verificar tão somente a sua
aplicação no âmbito processual:

1) Proibição do Exercício Disfuncional do Direito Processual: é


considerado ilícito/proibido.

Ex. uma execução pode ser realizada de formas eficiente e efetiva por 2
maneiras. Entretanto, eu escolho a mais danosa.

Ex.2 em contestação o réu pede o julgamento do processo sem julgamento do


mérito e o autor desiste da ação. Após, o réu não concorda com a desistência.

2) Proibição do (Nemo Potest) “Venire contra Factum Proprium”

É a proibição do comportamento contraditório. É proibido levar uma pessoa


a acreditar que vou manter uma linha de coerência e comportar-se
posteriormente de forma contrária/diversa.

Ex. desisto do processo, juiz homologa a desistência e depois eu recorro.


Ex.2. A decisão é proferida, eu a cumpro espontaneamente e depois recorro.
Ex. 3 Eu voluntariamente ofereço bem a penhora, o juiz faz a penhora e depois
venho a dizer que o bem é impenhorável.

3) Torna Ilícitas Condutas de Má-Fé. (Litigância de Má Fé)


O sujeito age dolosamente no processo de forma ilícita. Sendo assim, tornam
ilícitas comportamentos de dolo.

4) Deveres de Cooperação Processual

Processo ético, leal é um processo em que os sujeitos respeitem os deveres


recíprocos de cooperação.
Ver abaixo, mais a frente, a comparação do processo.

III - Princípio da ADEQUAÇÃO


O Princípio para ser devido tem que ser estruturalmente adequado. A
doutrina cria os critérios de adequação do Processo. Ela identifica 3 critérios
para que o processo seja considerado adequado: Objetivo, Subjetivo,
Teleolégico:

1) Objetivo: o processo tende ser adequado ao direito material


afirmado.
Ex. A criação de procedimentos especiais está intimamente ligada à
adequação.

Ex. procedimento dos juizados especiais (para causas menos complexas).

2) Subjetiva:
O processo tem que ser adequado aos sujeitos que vão participar deles.
Ex. Processo próprio para incapazes, pessoas de direito público,
hipossuficientes econômicos, idosos.
Ex. intervenção do MP quando há um incapaz.

Pode-se dizer que a adequação subjetiva do processo é também uma


manifestação da igualdade.

3) Teleológica:
É a adequação do Processo aos seus fins/propósitos.
Ex. Não permitir um processo sem fim.
Ex. o juizado não admite perícias complexas, pois está incompatível com o
fim do juizado.

O processo tem que ser adequado aos 3 critérios.


Este Princípio da Adequação se dirige a quem?
Tradicionalmente, o Princípio da Adequação era considerado um
Princípio que se dirigia ao Legislador criar regras processuais adequadas
para o processo.

A doutrina, atualmente, fala acerca de uma aplicação/dever de Adequação


Jurisdicional do Processo. O juiz teria o dever de adequar o processo
(regras processuais) às peculiaridades do caso.

Ex. Legislador prevê o prazo de 15 dias para defesa. Mas em um caso


concreto o autor juntou 20 mil documentos. Sendo assim, para este
processo, o prazo de 15 dias não seria adequado. O juiz tem o dever de
estipular um prazo maior para a defesa pelo Princípio Jurisdicional do
Processo.

Princípio da Elasticidade/Adaptabilidade/Flexibilidade do Procedimento:


é Adequação Jurisdicional do Processo.

IV – Princípio da PROTEÇÃO DA CONFIANÇA APLICADO AO PROCESSO.


É um assunto geral, sobretudo do direito público. O Princípio da Proteção da
Confiança Aplicado ao Processo é um corolário do Princípio da Segurança
Jurídica, pois ele impõe que se proteja a confiança que alguém depositou em
um ato do poder público.

É necessária a proteção da confiança que alguém teve em um ato do Poder


Público. Ele não tem texto expresso na Constituição.

A proteção da confiança resulta dos trechos da Constituição que falam do


Estado de Direito.
Trata-se de um princípio que ganhou destaque inicialmente na Alemanha, por volta da década
de 50.
Segundo esse princípio, os comportamentos adotados pelo Estado, em virtude da presunção
de legitimidade, geram no particular a confiança de que são atos legais. Logo, o administrado
não pode ser prejudicado caso esse ato seja desfeito (revogado ou anulado) já que, de boa-fé,
acreditou (confiou) que eram legítimos.
O princípio da proteção da confiança legítima está relacionado com a boa-fé e com o princípio
da segurança jurídica.

São 4 os pressupostos para a tutela da confiança:

1) Base da Confiança: é um ato normativo em que você confia. É um ato


administrativo, uma lei, etc. Não é qualquer ato.
A sentença/decisão possui coisa julgada e jurisprudência. O acórdão do STF é
o principal exemplo de base da confiança.

2) Confiança na Base: o ato do poder público é aparentemente confiável.


A partir disso, alguém tem que confiar na base. Se ninguém confiou não
há direito a ser protegido.

3) Investimento na Confiança: é a confiança de alguém que investiu


naquilo/ é o exercício da confiança.

4) Existência de um outro ato do Poder Público que frustre esta


confiança: é o ato contra a confiança. Confiança não impõe
permanência/estabilidade eterna do Poder Público, mas proteção
enquanto durar.

É a base para que se entenda que os Tribunais tem o dever de uniformizar a


sua jurisprudência. Ela é um imperativo da proteção da confiança. Ela é o
dever de modular os efeitos de uma decisão que muda uma
jurisprudência. Isso evita que mudanças repentinas prejudiquem quem
investiu
Ex. um certo tribunal tinha um entendimento e muitas pessoas investiram
tempo e dinheiro baseado nisso. Para salvaguardar essas pessoas, os
Tribunais tem que modular o efeito das decisões.

Há quem diga que com base na proteção a confiança os tribunais, em alguns


casos, podem estabelecer uma justiça de transição. Seria mais que modular
os efeitos e criar um período de transição para proteger todo mundo.

Ex. Demarcação das Terras indíginas em Roraima. O STF criou 18 regras de


transição.

A proibição do venire contra factum proprium também é uma manifestação


deste Princípio.

PRECLUSÃO

Conceito:
É a perda de um poder jurídico processual (de um direito). Pode ocorrer
tanto em relação às partes como para o juiz.
Ex. Se o juiz sentencia ele não pode sentenciar de novo.

Não é preclusão pro iudicato. É preclusão para o juiz.

Fundamentos da preclusão
É uma técnica processual que se fundamenta em 3 Princípios:
a) Princípio da Segurança Jurídica
b) Princípio da Boa Fé Processual
c) Princípio da Duração razoável do Processo

O processo sem preclusão é um processo permanentemente instável. Se ele


não tem preclusão ele admite armadilhas contrárias a boa fé. A preclusão faz
com que ele ande mais rápido, garantindo a sua duração prazo. Procura assim:
 Evitar Instabilidade
 Garantir a ética
 Garantir duração razoável

Não existe processo sem preclusão, senão seria um processo


interminável.

A doutrina costuma identificar 3 espécies de preclusão:


a) Temporal: perde-se o poder processual, porque não o exerceu no prazo
fixado.
b) Lógica: é a perda do direito de praticar determinado ato em razão da
prática anterior com ele incompatível. É a proibição de
comportamento contraditório no processo (venire contra factum
proprio). Se aplica também ao juiz.
Ex. preclusão lógica para o juiz: entra-se com um recurso e o relator requereu a
juntada de documento e, após feito, ele indefere o recurso.

Ex. o julgamento antecipado da lide gera a preclusão lógica, ou seja, não pode
ser julgado pela improcedência por falta de provas. Se faltam provas, não
dispense as provas e julgue antecipadamente.

c) Consumativa: perde-se o poder processual em razão do exercício


desse poder. O direito é extinto.

Ex. tinha o direito de recorrer, mas não recorri.

Atenção!! A preclusão é uma conseqüência de fatos LÍCITOS. Por isso,


muitos dizem que preclusão não é sanção.

É possível falar de preclusão decorrente de ato ilícito?

Questões CESPE sobre Teoria Geral do Processo


Questões Gerais:

 Princípio da adstrição ou adstrintigência ou congruência:


magistrado fica restrito ao pedido.
 Quem representa as pessoas jurídicas: as pessoas que o estatuto
designar, ou na sua ausência, os diretores (não é o gerente se não estiver
previsto).
 Ação Declaratória Incidente do Autor: Quando o réu contestar o
fundamento do direito, o autor poderá requerer para que em 10 dias o juiz
declare em sentença ação declaratória incidente.
 Ação declaratória incidente: competência absoluta funcional do juiz
da ação principal. É privativa do processo de conhecimento.
 Relação Processual é tríplice, mas a partir da propositura da
demanda pelo autor já existirá uma relação jurídica.
 Advogado sem procuração – ato ineficaz.
Advogado sem inscrição OAB – Absolutamente nulo. STF – ausência
de capacidade postulatória só gera nulidade se demonstrado prejuízo.
 Citação válida – é um pressuposto de validade. Se invalida, gera
nulidade absoluta e não pode ser convalidada, mesmo após o prazo da
rescisória (vício transrescisório).

Aula 04

Preclusão (continuação)

Preclusão de fato ilícito - Podemos chamar essa preclusão de preclusão


sanção, pois ela decorre de ato ilícito.
Ex.1: O juiz que excede extrapola os seus prazos pra julgar ele comete um
ilícito contra a duração razoável do processo ele perde a competência para
julgar a causa art. 198 do CPC.
Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá representar ao
presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei.
Distribuída a representação ao órgão competente, instaurar-se-á procedimento para apuração
da responsabilidade. O relator, conforme as circunstâncias, poderá avocar os autos em que
ocorreu excesso de prazo, designando outro juiz para decidir a causa.

Ex.2: Existe um ilícito processual chamado de atentado (é a parte pratica


inovações ilícitas no estado de fato – mexer nas coisas no estado de fato
para tumultuar o processo. Ex.: pessoa brigando pelos limites entre dois
terrenos.
Enquanto as pessoas não corrigirem o ato praticado a parte não poderá falar
nos autos.

Preclusão e as questões de ordem pública: “aquelas em que o juiz pode


conhecer de ofício” – conhecer de ofício é conhecer sem ser provocado.

Relação entre a preclusão e questão de ordem pública:

 Há preclusão para o exame das questões de ordem pública?


R. Enquanto o processo estiver pendente não há preclusão para o exame
das questões de ordem pública. Pendente o processo a qualquer tempo as
questões de ordem pública podem ser examinadas.

Obs: o problema do exame das questões de ordem pública na pendência dos


recursos extraordinários a gente verá no intensivo II.

 Há preclusão para o reexame das questões de ordem pública? Até


quando é possível reexaminar uma questão de ordem pública já
examinada.
R. Existem 2 correntes:
1ª corrente – Majoritária: enquanto o processo estiver pendente as questões
de ordem pública podem ser reexaminadas a qualquer tempo.
Didier critica esta posição pelo efeito
2ª corrente – (Minoritária – Didier, Barbosa Moreira): há preclusão para o
reexame.

Na concepção de Fred Barbosa Moreira é o maior de todos prevalece a 2ª


corrente.

O que fazer no concurso? Depende da banca e como foi formulada. Tem que
saber quais são as correntes e falar qual é majoritária e qual é a minoritária.

A preclusão é um instrumento da Administração da Justiça e não um


obstáculo.

MODELOS DE PROCESSO
O devido processo legal estabelece um modelo de processo a ser seguido.
Cada país estruturará o modelo de acordo a sua cultura, ou seja, não é
universal.
Os estudiosos do mundo ocidental costumam dividir o processo de 2 formas. É
uma divisão feita de acordo com a distribuição do trabalho entre juiz e parte:

1) Inquisitivo (ou Inquisitorial): se caracteriza por uma predominância


do papel do juiz no processo, sobretudo na sua condução.
2) Dispositivo (ou Adversarial): o protagonismo é das partes. O papel
do juiz é somente de fiscalizar e julgar o processo. Tudo mais cabe as
partes, pois o juiz possui um papel de espectador.

Nenhum sistema é puro, ou seja, puramente inquisitivo ou dispositivo. Em


todo processo há manifestação de inquisitoriedade ou dispositividade. O que
vai dizer se é um ou outro modelo é a predominância de um destes sistemas.

 Quais são os pontos a serem examinados para definir o modelo?


Observar:
a) A iniciativa das partes?
b) Quem define o mérito?
c) Juiz e a prova? O juiz pode determinar prova de ofício?
(importante)
d) Poderes de Gestão? Quem gere o processo?
e) O juiz pode escolher como executar sua decisão.

Por conta deste fenômeno a doutrina fala muito em 2 princípios:


 O Princípio Inquisitivo
 O Princípio Dispositivo

Qual é a regra que concretiza o Princípio Inquisitivo? É a regra que atribui ao


juiz um poder que vai além do poder de julgar. Quando uma regra limita o
poder do juiz a vontade das partes fala-se que é uma regra ligada ao
Princípio Dispositivo.

Como cai em concurso? Não dá pra decorar. Tem que observar o que
perguntou na questão.
Ex. O juiz pode pedir prova de ofício. Isso está de acordo com o Princípio
Inquisitivo.
Ex. O juiz pode agir de acordo com as partes. Isso está de acordo com o
Princípio Dispositivo.

O modelo brasileiro adota predominantemente ao Sistema Inquisitivo,


tendo em vista que o Juiz pode produzir prova de ofício no Brasil (requisito
mais importante) e possui poderes de gestão. Ademais O juiz pode escolher
como executar sua decisão Art. 461 §5º CPC.

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente,


poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de
força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Geralmente, os livros dispõe erroneamente a idéia que o Modelo Inquisitivo é
para os países de Civil Law (países de tradição Romano Germânica) e o
Modelo Dispositivo para países do Common Law. Na prova de concurso é
melhor só citar que isso é dito nos livros, mas sem falar que está certo ou
errado.

GARANTISMO PROCESSUAL

Conceito: garantismo processual é uma concepção filosófica que defende


um modelo de processo dispositivo partindo da premissa de que qualquer
poder do juiz além do poder de julgar é manifestação de autoritarismo. É
preciso proteger as partes do fortalecimento do protagonismo judicial, para que
o processo seja um duelo e o juiz apenas julgue. É uma garantia constitucional
para evitar autoritarismo do processo.

Para Didier, relacionar autoritarismo ao Sistema inquisitivo é um equívoco, mas


é o que acontece. Glauco Gumerato é o grande responsável pelo garantismo
processual Civil. A influência do garantismo advém da Espanha.

O ativismo judicial tem a ver com até onde pode ir o juiz na condução do
processo. Ela se revela em 2 dimensões:
a) Material: que se revela com a proliferação das normas abertas (ex.
Proliferação dos Princípios, Cláusulas Gerais, controle das políticas
públicas pelo judiciário, expansão pelo controle de
constitucionalidade.
b) Processual: se revela no incremento de poderes de juiz na condução
de um processo. O reforço dos poderes do juiz na produção do
processo diz respeito ao Princípio Inquisitivo. Nos últimos anos isso tem
fortalecido aqui no Brasil, reforçando a inquisitividade do processo
pátrio.

Os estudiosos hoje começam a perceber que apenas esses 2 modelos não


sirvam/são insuficientes para explicar a diversidade do modelo existente.
Sendo assim, criaram uma classificação de modelo de processo para países
democráticos que não fosse inquisitivo ou dispositivo. Surgiu assim o Modelo
Cooperativo.

Para alguns autores o modelo adequado para países democráticos é o


Modelo Coopertativo de Processo. Na condução do processo não há
protagonismo, ou seja, há uma condução compartilhada e regida pela boa
fé e contraditório envolvendo todos os sujeitos (Juiz e partes- autor e réu).

O protagonismo do juiz se revela somente no momento de decidir. O exercício


do poder é mais participativo e, portanto, democrático.
O Princípio da Cooperação é um Princípio que estrutura o modelo cooperativo
de processo. Ele seria resultado dos seguintes Princípios:
 Democrático
 Devido Processo Legal
 Boa Fé
 Contraditório.

Para muitos autores, inclusive Didier, esse é o modelo adotado no Brasil.


Sendo assim, para quem trabalha como o sistema binômio o Brasil é
inquisitivo. Já no Sistema Trinômio o Brasil adota o Modelo Cooperativo. Isso
se reforça ainda mais no novo CPC art.7º.
O principal papel do Princípio da Cooperação é a mudança pela qual o juiz
deve manter o seu exercício no processo. Se resume basicamente a 3 deveres
de cooperação para o juiz:

1) Dever de esclarecimento. Este se revela em 2 dimensões:


a) O juiz tem o dever de ser claro, ou seja, esclarecer o que ele
diz para as partes. Ex. evitar linguagem rebuscada em
audiência.
b) Há o dever de o juiz esclarecer-se em relação à postulação
das partes, ou seja, o juiz tem o dever de pedir
esclarecimento às partes, sempre que ele tiver dúvida à essas
postulações. Ex. juiz não pode indeferir uma petição inicial sob
o fundamento que ela é obscura sem antes pedir
esclarecimento (dar a parte oportunidade para esclarecer).

2) Dever de prevenção. O Juiz tem o dever de apontar um defeito


processual e dizer o modo pelo qual ele deve ser corrigido.

Ex. se juiz percebe um defeito, mas deixa o processo correr e depois de


toda a discussão extingue o processo. Isso não é admitido. O juiz tem de
apontar especificamente o defeito e por que ele deve ser corrigido. No novo
CPC este dever é muito claro.
Há na doutrina quem dê esse dever de prevenção, uma maior amplitude, a
ponto de exigir que o juiz aponte para as partes, no caso a autora, a
postulação de um absurdo. Ex. pedido de modificação do pedido. Para
Didier, essa é uma postura muito exagerada do juiz. Neste caso ele deve
simplesmente indeferir o pedido.

3) Dever de consulta (o mais importante do princípio cooperativo): o


juiz tem o dever de consultar as partes acerca de qualquer ponto de
fato ou de direito relevante para o julgamento da causa, ou seja, o juiz
não pode decidir com base em questão, qualquer que seja ela, que
não tenha sido submetida ao contraditório das partes, mesmo que se
trate de questões em que o juiz pode deva conhecer ex officio. O dever
de consulta evita que as partes sejam surpreendidas, ou seja, as dá às
partes o direito de poder influenciar o juiz. Se não observado gera
nulidade da decisão e no novo código ele é expresso.
Questões que o juiz pode reconhecer de ofício: o juiz pode ser o sujeito que
traz a questão no processo, mas ele não pode trazer a questão e já decidi-
la de plano. Ele deve dar a oportunidade que as pessoas se manifestem.
Ex. Lei de execução fiscal foi alterada. O juiz pode reconhecer da
prescrição tributária de ofício, mas antes de fazê-lo deve consultar a
Fazenda Pública.

Aula 05 – 18/02/2013

1)JURISDIÇÃO

Conceito: Jurisdição é função atribuída a terceiro imparcial para, mediante o


processo, reconhecer, efetivar ou proteger situações jurídicas concretas
deduzidas em juízo, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível
de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível (coisa
julgada).

Jurisdição é um dos assuntos que mais se alterou ao longo do tempo.

1) Jurisdição é função atribuída a terceiro imparcial.

A jurisdição pressupõe sempre um terceiro que é distinto dos sujeitos do


conflito. Assim, diz-se que a jurisdição é um exemplo de heterocomposição
dos conflitos.

Essa condição do juiz ser um terceiro para poder julgar chama-se


ImparTialidade (terziata em italiano). Em regra, o terceiro que exerce a
jurisdição é o Estado, mas pode haver exceções, ou seja, a jurisdição pode ser
exercida por entes privados, desde que autorizados.
Ex. arbitragem no Brasil é jurisdição, mas isso varia de Estado para Estado na
ordem mundial.

 Questão de concurso: a jurisdição é monopólio do Estado no Brasil?


R. Sim. A jurisdição é monopólio do Estado brasileiro, pois quem presta a
função jurisdicional é o Estado. Entretanto o Estado brasileiro autoriza o
exercício da jurisdição privada.

Fala-se que a Jurisdição é substitutiva. Significa dizer que a jurisdição


substitui a vontade das partes pela vontade do Estado Juiz. (órgão
julgador). O autor dessa designação é CHIOVENDA.

Além do juiz ser um terceiro, ele deve ser ainda imparcial. Imparcial é aquele
juiz que não tem interesse na causa, ou seja, ele é um desinteressado. A
ImparCialidade é um dado subjetivo.
Não confundir imparcialidade com neutralidade, pois esta não existe. Ninguém
é despido de valor.

Questão de concurso: Distinga imparcialidade de impartialidade:


Ambos são atributos do juiz. Imparcialidade é um dado subjetivo que
pressupõe um desinteresse no caso. Já a impartialidade pressupõe que o
julgador é sujeito distinto dos agentes do conflito.

2) Jurisdição é atribuição a terceiro imparcial mediante o processo.


Em um Estado Democrático, a jurisdição não pode ser instantânea, pois ela é
fruto de um processo devido. Processo é um processo dialógico em que as
partes dialogam sobre o conflito.

3) Reconhecer, efetivar ou proteger


O juiz reconhece se a situação existe ou não. Ele as efetiva ou as protege.
Significa que a jurisdição não é apenas dizer/reconhecer. Além disso ela
efetiva e protege esses direitos.

4) Situações jurídicas concretas deduzidas em juízo.

A jurisdição é um poder que se exerce para a solução de um ou mais


casos/problemas. Essa é a grande diferença de legislação e jurisdição, pois
naquela o legislador trabalha com hipóteses. O julgador trabalha com
problemas concretos deduzidos em juízo, ou seja, é preciso que alguém
submeta o problema ao julgador.

Tradicionalmente a doutrina dizia que a jurisdição resolvia somente uma lide


(conflito). Isso está superado, pois a lide é apenas o mais comum dos
problemas que o juiz resolve. Existem outros, por exemplo:
Ex. pedido de alteração de nome, sob o fundamento de que ele é vexatório.
Ex. ADIN de uma lei. A inconstitucionalidade da lei é um problema concreto
(não é um problema em tese).

A jurisdição sempre se exerce sobre um caso e isso é um pressuposto para a


coisa julgada. (chamado de “caso julgado” em Portugal)

Carneluti: “a jurisdição é uma solução que é levada por encomenda”.

5) de modo imperativo e criativo.


Jurisdição é um poder, uma manifestação de império.
A jurisdição é inevitável, inescapável, pois ninguém está imune a
possibilidade de ser submetido a ela.
Ex. Se o processo acaba a parte não pode deixar de cumpri-lo quando perder.

A atividade jurisdicional é criativa, pois o julgador cria através de uma


atividade hermenêutica quando julga um caso concreto. O juiz não é a boca do
legislador, ele não legisla. O julgador julga um caso concreto.

Problemas: essa criatividade possui limites?


R. Sim. A atividade jurisdicional tem 02 grandes limites: o direito e o caso.

Se limita pelos textos da lei, ou seja, deve decidir conforme o direito. Ele
pode até não aplicar a lei, mas tem que dizer que ela é inconstitucional . O juiz
não pode decidir contra o direito.
Ademais, o juiz se limita a decidir aquele caso concreto.

A criatividade jurisdicional se manifesta/revela em 02 dimensões: cria uma


norma jurídica concreta e um precedente para casos futuros.

1) o juiz cria a norma jurídica concreta do caso.


Ex. João deve a José. João deve pagar a José.
Ex. Francisco deve ser preso.

2) O juiz ao julgar também cria um precedente, pois é um modelo de


solução para casos futuros semelhantes àquele. Este parâmetro, se
julgado várias vezes no mesmo sentido, se torna jurisprudência.

Criatividade jurisdicional:
 Limites: direito e caso.
 Manifestões: cria norma jurídica concreta e precedente para casos
futuros.

Aula 06 – Online 01

6 ) Em decisão insuscetível de controle externo.


A jurisdição não se submete a controle de outro poder. Ela se controla
internamente p. ex. recurso.
A jurisdição pode controlar os poderes executivo e legislativos: p.ex. anular um
ato administrativo; fazer controle de constitucionalidade; mas não pode ser
controlado.
Ex. anistia não revê decisão judicial. A lei de anistia pressupõe a decisão
judicial para perdoar quem foi condenado.

7) e com aptidão para tornar-se indiscutível.


A coisa julgada é atributo de definitividade, pois torna a decisão judicial
estável/indiscutível, ou seja, a coisa julgada é exclusiva da jurisdição.
A lei pode ser mutável; a coisa julgada administrativa pode ser revista
judicialmente.
Toda decisão tem aptidão para coisa julgada, mas só a decisão judicial
pode fazer coisa julgada. A coisa julgada é um limite até para a própria
Jurisdição.

2)EQUIVALENTES JURISDICIONAIS

Conceito: é toda forma de solução de um conflito, mas não é jurisdição e serve


para compor litígios,

1) Autotutela:
Conceito: é a solução do conflito imposta por um dos conflitantes; submete ao
outro a solução do conflito. É uma forma de fazer justiça com as próprias mãos
e pela força.
Em princípio, a autotutela é proibida. Entretanto, há casos residuais em que se
permite a autotutela.
Ex. legítima defesa, direto de greve, direito de retenção, desforço incontinente
(direito do possuidor reagir para proteger a sua posse); poder da administração
efetivar os seus próprios atos.

A autotutela permitida é residual. Se não permitida, é crime.

2) Autocomposição:
É a solução negocial do conflito. Os sujeitos do conflito põe fim a este de
forma negocial. É considerada a forma mais efetiva de solução de conflito,
tanto que ela é estimulada.
Ex. fazer divórcio e inventário consensuais em cartório.

Trata-se de uma das principais marcas do movimento do acesso à justiça.


Nos EUA chama-se ADR (alternative dispute resolution).
A ADR e a autocomposição são toda forma de resolver o conflito que escape
a solução do juiz estatal (solução tradicional/ortodoxa).

Autocomposição:
Pode resultar de uma:
 Transação
 Submissão:
Ela pode ser realizada:
 Extrajudicial
 Judicial
Modo de chegar a autocomposição (transação e submissão)
 Com a participação de um terceiro (mediação e conciliação)
 Sem a participação de um terceiro

A autocomposição pode concretizar-se de 02 maneiras. Pode resultar de uma:


 Transação: há concessões recíprocas entre os conflitantes.
 Submissão: um dos conflitantes se submete a vontade do outro
voluntariamente. Ex. renúncia, confissão de dívida, réu reconhece o
pedido do autor, desde que sejam voluntárias.

Submissão judicial:
a) sendo o autor que se submete ao réu há a renúncia ao direito sobre o qual
se funda a ação.
b) Sendo o réu que se submete a vontade do autor fala-se em
reconhecimento da procedência do pedido.

Ela pode ser realizada:


 Extrajudicial
 Judicial

Atualmente no Brasil, qualquer autocomposição extrajudicial poderá ser levada


à homologação pelo juiz. Art.57,Lei 9.099/95; art.475-N, V CPC.

Modo de chegar à autocomposição:


 Com a participação de um terceiro – terceiro é agente facilitador da
negociação.
 Sem a participação de um terceiro

Neste estudo, vamos nos ater à autocomposição com participação de um


terceiro:

As partes que resolvem o conflito, enquanto o terceiro só facilita a negociação.


A doutrina identifica 02 tipos de terceiro para facilitar a negociação:
 Mediador
 Conciliação

Ambas são ADR’s mais sofisticadas, pois o terceiro facilita a negociação.

Dica de prova: para distinguir algo é importante, identificar primeiramente as


suas semelhanças.

A mediação e a conciliação possuem a mesma estrutura, entretanto com


técnicas distintas.
A mediação é uma técnica não estatal de solução de conflitos, em que o 3º se
insere para ajudar as partes a resolver o conflito, mas não propõe soluções. Ele
é menos invasivo, pois apenas visa facilitar o diálogo entre as partes. Por
isso a mediação é recomendada para a solução de conflitos que envolvam
relações jurídicas permanentes.
Ex. conflitos de família; societários; entre países.

A conciliação, por sua vez, é uma técnica mais incisiva e participativa. O


conciliador pode formular propostas e é mais indicado para conflitos
episódicos, ou seja, conflitos que não mantinham uma relação prévia.
Ex. batida de carro.
A resolução 125/2010 do CNJ (tem que ler) regulamenta no Brasil a mediação
e a conciliação. Ela institui no Brasil a “Política Nacional De Tratamento
Adequado Aos Conflitos” que dispõe que nem todos os conflitos devem ser
levados ao judiciário; para ser mediador/conciliador é necessário a realização
de cursos; eles devem ser remunerados; devem ser criadas câmaras de
solução de conflitos. Essa resolução foi incorporada ao projeto do novo CPC
que por sua vez dispõe que deverá haver uma fase de conciliação/mediação no
processo. Ex. prevê a criação de câmaras administrativa da solução de
conflitos. No âmbito federal já há uma câmara administrativa de mediação.

A conciliação e a mediação necessitam ser feitas em locais claros, linguajar


fácil, roupas comuns, etc.

3) Solução de conflito por Tribunal Administrativo


No Brasil há diversos Tribunais administrativos que resolvem conflitos.
Trata-se de uma solução do conflito por heterocomposição, mas não é
jurisdição, pois as decisões dos tribunais administrativos são decisões que se
sujeitam ao controle jurisdicional.
Exs.
 Tribunal Marítimo
 Justiça Desportiva
 TCU
 tribunal de contribuintes
 tribunal de ética da OAB
 CADE.
 CVM

3)ARBITRAGEM

(não está incluída entre os equivalentes jurisdicionais)

1) Conceito: forma de solução de conflito em que um 3º, escolhido pelas


partes decide o conflito.
Na mediação o 3º não decide o conflito, mas ajuda as partes a reslvê-lo.
No Brasil a arbitragem é voluntária/exercício da liberdade individual, ou seja,
produto de um negócio jurídico.
É preciso que as partes sejam capazes envolvendo direitos sejam
disponíveis.
É possível a arbitragem que envolva entes públicos (previsto na Lei das
Parcerias Público-Privadas).

2) Quem pode ser árbitro:


Qualquer pessoa capaz pode ser árbitro. Não precisa ser formado em direito.
As partes podem escolher um árbitro único ou um tribunal de árbitros (desde
que com nº de componentes ímpar).

As partes podem optar por uma arbitragem avulsa ou institucional (perante uma
câmara de arbitragem – Ex. Câmara Brasil-Canadá; Câmara da Bahia). Ela é
amplamente utilizada no Brasil.
3) Árbitro e Juiz Estatal:
A decisão arbitral é chamada de sentença arbitral que é título executivo
judicial, ou seja, não precisa ser homologada pelo juiz estatal (até 1996
isso era necessário).

A sentença arbitral é insuscetível de controle de mérito pelo juiz estatal


(mesmo que ela seja absurda). Ademais, as partes podem escolher o direito
aplicado ao caso; que o conflito seja resolvido por equidade.
A sentença arbitral pode ser invalidada por vício formal. Para isso é necessário
interpor ação para invalidar a sentença arbitral que deve ser feita pelo juiz
arbitral no prazo de 90 dias do processo arbitral (art.33 da Lei 9.307/96).
Passado este prazo a decisão arbitral passa a ser imutável. A execução da
sentença arbitral é feita pelo juiz estatal.

Teoria da dupla porta está ligada a ideia de que a sentença arbitral pode ser
revista através do cumprimento de sentença ou de ação anulatória. Mas
prevalece na jurispudencia que a via mais adequada é a anulatória conforme
art.33 da Lei de Arbitragem.

 Há coisa julgada arbitral?


R. Sim, para Didier, a sentença arbitral faz coisa julgada, pois ela se torna
imutável/indiscutível.

No Brasil arbitragem é jurisdição.

Marinoni defende que arbitragem não é jurisdição, porque o árbitro não


executa a sua decisão. Didier critica este entendimento, porque se assim fosse,
o juiz penal não seria juiz, pois quem executa as sentenças condenatórias
penais é o juiz da execução.

 Seria inconstitucional restringir o acesso ao judiciário?


R. Não, porque a própria pessoa optou pela arbitragem (vontade) e não foi
imposto por lei. Além disso, a arbitragem nada mais é que uma jurisdição
privada.

 Há violação do Princípio do juiz natural em razão da arbitragem?


R.Não há violação do juiz natural, pois a própria lei determina como o árbitro se
torna competente para julgar as causas, ou seja, determinado pela vontade.

4) Convenção de Arbitragem:
É o Negócio Jurídico (sempre escrito) pelo qual as partes optam pela
arbitragem. A convenção de arbitragem tem 2 espécies:
a) Cláusula Compromissória.
b) Compromisso Arbitral.

Cláusula Compromissória: é a convenção de arbitragem em que as partes


decidem que qualquer conflito futuro relativo a determinado Negócio Jurídico
vai ser resolvido por arbitragem. A arbitragem se refere a conflitos futuros e
abstratos.
Compromisso Arbitral: é a convenção de arbitragem relativa a um conflito
determinado já existente. Ele tem que ser bem detalhado.
Art.301 §4º Lei de Arbitragem – a existência de um compromisso arbitral é um
fato que não pode ser conhecido de ofício. Já a existência da Cláusula
compromissória o juiz pode conhecer de ofício. Para Didier isso é um equívoco,
pois o juiz nunca poderia conhecer de ofício uma convenção de arbitragem.

Pela Lei de Arbitragem o árbitro é juiz de fato e de direito. Ele possui os


mesmos poderes e deveres do juiz estatal. Ex. árbitro não pode receber
dinheiro.

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973)
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada
neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

4) PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO

Vamos estudar 04 Princípios da Jurisdição:


i) Territorialidade
ii) Indelegabilidade
iii) Inafastabilidade
iv) Juiz Natural

i) Princípio da Territorialidade da Jurisdição:


Toda a jurisdição é dada sobre um território; há sempre uma limitação territorial
da jurisdição.
Ex. STF exerce jurisdição em todo território Nacional; o juiz de Salvador só em
salvado
Foro é o nome que se dá ao território sobre o qual a jurisdição é exercida.

Na Justiça Estadual o foro pode se dividir em uma comarca.


A comarca pode dizer respeito a uma cidade ou a um grupo de cidades.
Uma comarca pode se dividir em distrito. Às vezes a comarca é tão grande que
ela deve ser subdividida em distrito. Ela pode ser um bairro, grupo de bairros,
cidades. Ex. uma cidade menor pode ser distrito de uma comarca.

A Justiça Federal se divide em sessão judiciária que é sempre um Estado.


Sessão Judiciária da Bahia. A subseção é uma cidade ou um grupo de cidades.

Casos de Extraterritorialidade:
Obs.1O art.230 CPC é um exemplo de extraterritorialidade, pois admite que um
oficial de justiça de uma cidade vá a uma comarca contigua ou da mesma
região metropolitana para fazer atos de comunicação. Ex. citação, intimação.
Neste só são admitidos atos de comunicação, ou seja não é admitido penhora.
Pode até ocorrer em Estados diferentes. Ex. Juazeiro e Petrolina.
Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma
região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em qualquer
delas.(Redação dada pela Lei nº 8.710, de 24.9.1993)

Obs.2
Art.107 CPC - extraterritorialidade
Ex. um mesmo imóvel está localizado em 2 comarcas diferentes. O juiz de uma
dessas comarcas, ao conhecer da ação terá conhecimento de todo o imóvel.

Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o


foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.

ii) Princípio da Indelegabilidade:


O exercício da jurisdição é indelegável. Ex. estagiário não pode assinar
sentença para juiz.

O juiz possui poderes jurisdicionais que podem ser:


 Ordinatórios
 Instrutórios
 Decisórios – é o único indelegável. Os demais podem ser delegados.
 Executivos

Poderes jurisdicionais Ordinatórios: poder de conduzir o processo – é


delegável à servidores. Está previsto no art.93,XIV, CF/88 e art.162 §4º CPC

Poderes Jurisdicionais Instrutórios: poder de produzir provas. O tribunal


pode atribuir a um juiz de 1ª instância a produção de provas.
Atenção! Quando há carta precatória não há uma transferência de atribuição,
mas uma ajuda para a produção de uma prova.

Poder Jurisdicional Decisório: é o Poder de decidir a questão. Ele é o único


poder do juiz totalmente indelegável, ou seja, o princípio da indelegabilidade é
plenamente cumprido.

O Poder Jurisdicional Executivo: é o Poder de executar as decisões . Os


tribunais podem delegar à juézes o poder de executar as duas decisões.

iii) Princípio da Inafastabilidade:


A lei não excluirá lesão ou ameaça de lesão a direito do Poder Judiciário.
Poder Judiciário significa acesso à jurisdição/justiça.
O Princípio da Inafastabilidade consagra o Direito de Ação.
O direito de ação não se restringe a bater as portas do judiciário.Trata-se
também de acesso à justiça e ter um processo adequado/razoável.
O juiz constitucionalizou a tutela preventiva, ou seja, contra a ameaça/ para
evitar uma lesão.
A lesão ou ameaça é a qualquer direito. Podem, assim, ser relativo a direitos
individuais ou coletivos.
O Poder Judiciário pode até realizar o Controle do mérito dos atos
administrativos discricionários podem ser levados a judiciário caso haja uma
decisão administrativa irrazoável.
A própria lei pode afastar a jurisdição. Ex. de possibilidade de afastamento da
jurisdição: nos crimes de responsabilidade contra o presidente da república, a
competência para julgar é do Senado (que age com função jurisdicional).

Antes, havia o entendimento de que os atos praticados com base em atos


institucionais não poderiam ser submetidos à controle, o que já foi superado.

No caso da arbitragem, as próprias partes optam pela jurisdição privada, já que


as partes são capazes e o direito é disponível.

Há casos em que o juiz deixa de examinar o problema, sob o argumento de


que aquele conflito poderia ser resolvido administrativamente, uma vez eu seria
uma reclamação abusiva. Na Constituição passada havia uma autorização que
a lei infraconstitucional condicionasse o ingresso no judiciário ao esgotamento
das vias administrativas. Neste contexto começaram a surgir várias leis neste
sentido. Entretanto, a CF88 não contém mais essa autorização. Sendo assim,
há a seguinte dúvida:

 Pode uma lei condicionar o exercício de direito de ação ao exaurimento


da via administrativa?
R. Para Didier não é possível. Entretanto ele acredita que o juiz pode, no caso
concreto, entender que trata-se de uma propositura abusiva de ação.
Não é possível, em tese, proibir a ida ao judiciário sem o esgotamento da via
administrativa. Entretanto, nada impede que o juiz, no caso concreto, entenda
que a propositura da ação foi abusiva. Assim, para demonstrar que não houve
abuso é necessário demonstrar nos autos a urgência para recorrer ao
Judiciário.
O STF entendeu como inconstitucional a exigência de, em tese, um trabalhador
a uma câmara de conciliação prévia para só então ir ao Judiciário.

Exceção ao Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição: a CF expressamente


dispõe que as questões desportivas primeiro tem de passar pela Justiça
desportiva. Art.217 §1º CF.

iv) Princípio do Juiz Natural:


Está previsto em 2 momentos:
Art. 5, XXXVII e LIII CF
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

Todos tem o direito de ter um juiz competente (aspecto formal/objetivo) e


imparcial (aspecto material/subjetivo).

O juiz é competente de acordo com regras legais, prévias e gerais.


A competência do juiz é determinada pela lei anterior ao fato que se aplica a
todos. Veda-se o tribunal de exceção, ou seja, aquele constituído depois do
fato (ad doc – significa para isso).
Ex. Tribunal de Nuremberg é um tribunal de exceção. Foi criado para julgar os
crime de guerra. Isso hoje não é possível.

A imparcialidade do juiz no processo é garantida pela distribuição dos


processos. Assim, o juiz não poderá escolher a causa que vai julgar ou deixar
de julgar.

Ex.1 Estado de RR foi criado e não havia juízes. Foi feito um concurso e só
foram aprovados 04 juízes, sendo que haviam 7 desembargadores. Foi
ajuizada uma ação popular contra todos os desembargadores. O STF entendeu
que não havia juiz natural neste caso, pois todos os juízes recém concursados
estavam em estágio probatório e não havia condições de independência que
garantisse a imparcialidade destes.
Ex.2 é vedado o presidente do tribunal indicar um juiz específico para julgar
determinada causa.

5) JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Como o assunto é polêmico ele será dividido em 2 partes.


Primeiro veremos os pontos pacíficos; após veremos as polêmicas.

5.1) Características Pacíficas da Jurisdição Voluntária:

a) Atividade integrativa:
Pela jurisdição voluntária o juiz integra a vontade do particular para que
determinados efeitos jurídicos se produza.

b) Atividade de fiscalização
O juiz fiscaliza a prática de uma ato para verificar se este preenche os
requisitos legais necessários para a produção de efeitos jurídicos.

c) Atividade necessária, em regra:


Aqueles efeitos jurídicos necessários somente podem ser alcançados através
da jurisdição.
Ex. Interdição, mudança de nome; alienação de imóvel de incapaz, adoção,
naturalização

Entretanto, há casos de jurisdição voluntária:


Ex. divórcio consensual; homologação de um acordo extrajudicial
d) Há Contraditório:
A jurisdição voluntária se organiza pelo contraditório. Todas as pessoas tem
que ser ouvidas. Art.1105 CPC Ex. o interditando tem que ser ouvido na
interdição

Art. 1.105. Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como o Ministério
Público.
Art. 1.106. O prazo para responder é de 10 (dez) dias.

e) Inquisitivo:
O processo de Jurisdição voluntária segue um modelo inquisitivo mais forte que
o da Jurisdição Contenciosa. Se destaca na jurisdição voluntária por 2 razões:
 Existem vários procedimentos de jurisdição voluntária que podem
começar ex officio. Vide art.1129, 1142, 1160, 1171 CPC.
 Art.1109 CPC – decisão por equidade.
Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a
observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputar
mais conveniente ou oportuna.

O legislador permitiu que o juiz não observasse a legalidade estrita no


procedimento voluntário, ou seja, uma justiça de equidade na jurisdição
voluntária. O juiz possui um poder maior de acordo com conveniência e
oportunidade.
Ex. guarda compartilhada de filhos tem desde 2008 previsão expressa. Antes
disso, o juiz em separação consensual dava a guarda compartilhada, mesmo
sem autorização legal com base no art.1.109 CC.

Ex. Interdição. Pela lei, antes de o juiz fazer a interdição ele terá que fazer uma
interdição. Entretanto, alguns juizes diante de um interditando em coma
adaptava o procedimento de interdição.

f) Essencialmente Constitutivas:

A jurisdição voluntária é essencialmente constitutiva: servem para criar/extinguir ou modificar


situações jurídicas

g) Interdição do MP:
Não necessariamente o MP intervém em todo procedimento de interdição voluntária. Ele só
intervirá se tratar de caso de sua intervenção. Art.82 CPC
Ex. envolve incapaz tem intervenção MP
Ex. homologação de acordo por pessoas capazes não tem intervenção do MP.

5.2) Temas Controvertidos Da Jurisdição Voluntária:


i) Natureza Jurídica:

Corrente Administrativa de Corrente Jurisdicionalista


Interesses Privados:
O magistrado não atua como juiz, Jurisdição Voluntária é Jurisdição.
mas como administrador de Adotada por Didier, Calmon de
interesses privados. Passos, Leonardo Greco.
Não se trata, portanto de uma É minoritária, mas não é pequena.
jurisdição.
Esta concepção tradicional
prevalece no Brasil.
Partem da premissa que só há a)Lide não é pressuposto da
jurisdição se houver lide. jurisdição. O que é pressuposto da
Logo, como não há lide na jurisdição é a existência de uma
jurisdição voluntária então não há situação concreta, podendo ela ser
jurisdição, mas administração conflituosa ou não
b) em jurisdição voluntária pode haver
lide, tanto que os interessados são
citados.
O que ocorre na jurisdição voluntária
é que pode ser que não haja
lide/conflito; mas ela pode existir. Ex.
interditando pode se opor a sua
interdição
Não há ação de jurisdição voluntária, Há ação de jurisdição voluntária
só requerimento.
Não há processo, só procedimento. Há processo, mesmo se fosse
administrativo, pois há contraditório.
Não há partes, só há interessados. Há partes
Não há coisa julgada, só preclusão. Há coisa Julgada

Aula 07- Online 02

1 - Coisa Julgada na Jurisdição Voluntária (Art.1.111 CPC):

Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se
ocorrerem circunstâncias supervenientes.

A coisa julgada permanece a mesma; ela é indiscutível. Fato superveniente a


coisa julgada não diz respeito a coisa julgada. Isso se aplica a qualquer
sentença, ou seja, há coisa julgada, salvo se vier caso novo há uma nova
decisão.
Ex. Na década de 80 o sujeito quer mudar o nome Bráulio, que foi indeferido
por falta de justificativa. Em 1996 houve uma propaganda de camisinha do
Governo Federal , ou seja, fato novo para mudar o nome.

 Cabe rescisória na decisão voluntária?


R. depende da premissa que for adotada. Se considerar que há jurisdição na
decisão voluntária há rescisória; se não há, não cabe rescisória.

COMPETÊNCIA
1) Conceito: competência é a quantidade de poder atribuída a um órgão; é
uma medida do poder, pois mede a quantidade de poder verificando quanto lhe
foi atribuída.
Ex. competência administrativa, executiva, jurisdicional.

Competênica jurisdicional é a quantidade de jurisdição que se atribui a um


órgão.
Estado do Direito é o Estado em que o Direito regula/limita o exercício do
Poder. A competência é uma forma de regular o exercício do Poder. Assim, o
Estado de Direito é um Estado de Competência.

2) Princípios que regem a competência:


a. Princípio do Juiz Natural: é aquele que garante um direito fundamental
a um juízo competente.
b. Princípio da Tipicidade: as competências são aquelas tipicamente
previstas em lei.

Premissa: Não existe hipótese de que não há competência/ vácuo de


competência. Alguém sempre terá que ser competente. Daí surge a idéia de
Competência Implícita: é uma competência que está inserida em outra que foi
atribuída. Ex. se entende que os Tribunais tem competência implícita para
delegar aos seus juízes a execução de seus julgados.

c. Princípio da Indisponibilidade da Competência: um órgão não pode


dispor de sua competência.
d. Princípio da Competência Adequada (é um desenvolvimento
doutrinário): a regra de competência tem que ser adequada ao prazo.
Trata-se de um corolário dos Princípios do Devido Processo Legal e da
Adequação, aplicado à competência.
Ex. competência para a ação de alimentos é do alimentando; competência para
executar a sentença é da vara que proferiu a sentença. Mas quando do tempo
da execução, o alimentando já não mora mais na vara da ação de alimentos.
Segundo o Princípio da Competência Adequada, aplica-se o domicílio da
alimentando também para a execução para tutelar o interesse do alimentando.

3) Regra da Kompetenzkompetenz:
É a regra que diz que o “juiz é sempre o juiz da sua competência”.

Todo juiz tem competência para examinar a sua própria competência.

Trata-se de uma competência mínima, ou seja, no mínimo o juiz tem a


competência de se dizer incompetente.

4) Distribuição da competência:
O legislador, através da competência que distribui a competência. A CF faz a 1ª
distribuição de competência. Ela cria 5 justiças:

Justiça Federal
Justiça do Trabalho
Justiça Militar
Justiça Eleitoral
Justiça Estadual (residual)
CF

Distribuição de
Competência

* Leis Federais – Ex. CPC


*Constituições Estaduais – Organizam justiça Estadual
*Leis Estaduais – competências restritas à justiça estadual
*Regimento Interno do Tribunal

Competência Residual: Será da competência da justiça estadual tudo quanto


não for das demais justiças.
Essa opção da Constituição dividir entre justiças gerou uma dúvida:
 Se um juiz decidir uma causa que não é competência de sua justiça
(Ex.juiz federal julgando uma causa trabalhista; juiz estadual é juiz )
esse juiz é incompetente ( decisão nula) ou é o mesmo que um “não
juiz” (julgamento inexistente)?
R. Trata-se de decisão proferida por juiz incompetente. A falta de competência
cosntitucional implica nulidade da decisão.

O regimento interno do tribunal não pode criar competência para este, mas
pode distribuir a competência que foi atribuída ao tribunal pelas leis e distribuí-
la internamente (dentre os órgãos do tribunal).

5) Fixação ou determinação da competência:

Ao examinar normas gerais é possível prever os juízos que podem ser


competentes.
 Mas qual deles enfim julgará a causa no caso concreto?
R. Chama-se fixação ou determinação da competência o momento de
definição em que concretamente o juiz vai julgar um caso concreto. Vide Art.87
CPC.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo
quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da
hierarquia.

1ª parte art. 87: É a data da propositura da ação que define qual o juízo
competente para determinada causa: a data da distribuição ou despacho inicial
nos casos em que não houver distribuição (há apenas 1 vara). Vide art.263
CPC.

Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz,
ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia,
só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente
citado.
2ª parte art. 87: Definido qual é o juízo competente para causa é irrelevante as
modificações de dato ou direito ocorridos posteriormente – cria a perpetuação
da jurisdição: a causa ficará naquela vara independentemente do que ocorrer
posteriormente. É uma regra que tem o objetivo de estabilizar o processo
(evita que o processo fique pulando de vara em vara).
Ela traz 2 exceções (2 fatos supervenientes) que quebram a perpetuação da
jurisdição impondo a remissão dos autos para outro juízo:
a) Supressão do órgão judiciário: quando deixar de existir a
vara/juizado.
b) Quando houver alteração em razão da matéria ou hierarquia.
(leia-se “competência absoluta”).
Caso Histórico: com a EC45 houve uma transformação do Poder Judiciário e
mudou a competência da Justiça do Trabalho, atribuindo a esta causas que iam
antes para a Justiça Estadual. A promulgação da EC45 se tornou um fato
superveniente que alterou a competência absoluta. Assim, muitos processos
que estava correndo na justiça estadual foram para a justiça federal.
Só os processos não sentenciados que poderiam ser enviados, pois os
sentenciados já foram julgados por juiz que era competente a época, ou seja, já
tiveram o seu término. Súmula 367 STJ.

Súmula 367
A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já sentenciados.

6) Classificação da Competência:
A competência pode se classificar entre:
 Originária
 Derivada

Competência Originária é a competência para conhecer e julgar a causa


originariamente pela 1ª vez.
Regra: No Brasil, a competência originária é do juiz.
Exceção: às vezes o Tribunal tem competência originária. Ex. ação rescisória.

Competência derivada é a competência para ser julgada em grau de recurso.


Regra: em grau de recurso é julgado pelo tribunal
Exceção: embargos de declaração contra decisão de juiz é julgada pelo
próprio juiz; competência do juiz de julgar embargos infringentes em execução
fiscal de pequeno valor serão julgados pelo juiz da causa.

A mais importante de todas as classificações é a competência:


 Absoluta
 Relativa

Regra de competência absoluta:


 é regra criada para atender finalidade pública e por isso é regra que
não pode ser alterada por vontade das partes.
 O desrespeito a uma regra de incompetência absoluta gera
incompetência absoluta que pode ser conhecida de ofício pelo juiz.
 Assim, qualquer das partes pode alegar incompetência absoluta por
qualquer forma enquanto o processo estiver pendente.
 Não há preclusão para alegar incompetência absoluta na pendência de
um processo.
 Ela é tão grave que autoriza o ajuizamento de ação rescisória, mesmo
após o trânsito em julgado da decisão.

Regra de competência relativa:


 É regra para entender interesse de uma das partes.
 Trata-se de regra que pode ser alterada pela vontade das partes.
 Ela se divide em :
o Tácita: ao não alegar a competência relativa significa a
concordância.
o Expressa: foro de eleição ou foro contratual.
 O juiz não pode reconhecer de ofício a incompetência relativa. Súmula
33 do STJ.
Súmula 33
A INCOMPETENCIA RELATIVA NÃO PODE SER DECLARADA DE OFICIO
 Só o réu pode alegar competência relativa no primeiro momento em que
lhe couber falar nos autos, sob pena e preclusão (mudança tácita da
competência.
 O réu tem que alegar a incompetência relativa por meio de exceção de
incompetência. Trata-se de uma petição escrita avulsa autuada
separadamente.
 Embora o Código estabeleça a exceção de incompetência como meio
para declarar a incompetência relativa, há decisões na jurisprudência de
incompetência relativa no bojo da contestação por não causar prejuízo.

Características comuns à incompetência absoluta e relativa:


 A incompetência, seja ela absoluta ou relativa, não gera extinção do
processo, mas a remessa dos autos ao juízo competente.
 Se a competência for absoluta os autos são remetidos ao juízo
competente os atos decisórios praticados são nulos.
 Há 2 casos em que a incompetência gera extinção do processo:
o A incompetência no âmbito dos juizados especiais.
o A incompetência internacional. Se a causa não for no Brasil deve
o juiz extinguir o processo.

A perpetuação da jurisdição pressupõe que o juiz seja incompetente.

7) Foro de eleição:
Conceito de Foro de eleição: é um território, uma comarca (não pode ser uma
vara) escolhida pelas partes contratualmente para receber todas as causas
relativas aquele negócio.
 Foro tem que ser expresso.
 Nada impede que haja dois foro de eleição um foro para uma parte ser
autora e quando a outra parte for autora.
 O foro de contrato de adesão é possível, salvo quando for abusivo é
nulo.
Controle da abusividade do foro de eleição.
O juiz pode desconsiderar a cláusula do foro de eleição (se abusiva) e remeter
ao domicílio do réu. Caso nem o juiz nem o réu percebam a cláusula de eleição
de foro abusiva há preclusão da matéria

Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.


Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser
declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.
Art. 114 Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único
do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais

8) Critérios de distribuição de competência.

Partes – em razão da pessoa


Objetivo Demanda Causa de Pedir - matéria
Pedido – em razão do valor
Vara/juízo
Funcional

Territorial Loca/cidade

8.1 Três critérios


3.1.1 Critérios objetivo - a competência deve ser distribuída levando-se em
conta os elementos da demanda.
 O que é competência objetiva?
R. é a competência distribuída de acordo com a demanda.

Critérios que levam em consideração a demanda:


 Parte
 Causa de pedir
 Pedido

8.1.1.1. A competência em razão da pessoa é uma competência distribuída


tendo em vista a presença de algum sujeito em juízo. Competência absoluta.

Ex. A vara da fazenda pública faz com que as causa que tramitem naquela
comarca tramitem na Vara da Fazenda Pública.

Atenção! O fato de não haver vara da fazenda pública na comarca não impede
que ela seja julgada por esta. Do mesmo modo, não há alteração de
competência para outra comarca caso esta possua esta vara específica e a
competente não. Vide Súmula 206 STJ:
Súmula 206 STJ a existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a
competência territorial resultante das leis de processo.

Nota: O art. 87 menciona a alteração de competência absoluta


Em 45 o processo sentenciado não remete para a JT o recurso será julgado do
TJ Atos decisórios se reputam nula na incompetência absoluta, salvo Cite-se
não é ato decisório.

8.1.1.2 Competência em razão do pedido - valor da causa leva em


consideração aquilo que foi pedido.
Ex Juizado especial. Se for ao juizado e pede acima do teto, o legislador
considera que o sujeito abdicou do excesso.

8.1.1.3 Competência em razão de causa de pedir o legislador leva em


consideração a relação jurídica discutida para discutir a competência.
A competência em razão da matéria leva em consideração a natureza da
relação jurídica discutida.
Ex: Vara de família – matéria de família
A competência em razão da matéria é uma competência absoluta.

8.1.2 Critério funcional: hipótese de competência absoluta.


Durante um processo, o órgão jurisdicional exerce diversas competências,
desde receber a causa até executar. Ex. recebe a petição inicial, julgar,
executar, instruir, etc.
Em um mesmo processo a muitas funções desde receber a petição até a
decisão do julgado. Quando o legislador pega essas diversas funções a serem
exercidas num processo e as distribui para diversos órgãos essa é a
competência funcional. È a competência para exercer uma função dentro
de um processo.Pode ser visualizada numa dimensão:
 Vertical – Competência funcional vertical: distribuição das funções entre
as instâncias/ entre o juiz e o tribunal.
 Horizontal – Pode ser no mesmo nível na mesma instância
Competência funcional horizontal: é a distribuição das funções em
uma mesma instâncias entre órgãos jurisdicionais

Vertical

Horizontal

Horizontal:
Ex.01 juiz e juri.
Ex.02: Câmara do tribunal tem competência funcional para julgar o recursos, o
órgão especial do tribunal tem competência para julgar a inconstitucionalidade
de uma lei.

Vertical.
Ex.01: o juiz julga a causa e o tribunal julga o recurso.
8.1.3 Critério territorial
É preciso definir em que foro/comarca/território/cidade a causa deve se
ajuizada/tramitar. Em regra a competência territorial é, em regra, relativa.
Existem casos excepcionais de competência territorial absoluta. Alguns
autores quando estão diante de uma regra de competência territorial absoluta
se assustam e tendo em vista desse susto optam por não chamá-la de
competência territorial, mas de competência territorial funcional.

Exemplos de competência territorial absoluta


Ex: art. 2. da lei da ação civil pública 7.347.85 – foro do local do dano. Ao invés
de competência funcional, seria competência territorial absoluta.

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o
dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as
ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
(Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

Ex.2: ECA 8.09.90 art. 209


Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou
deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a
causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais
superiores.

Ex.3: Estatuto do Idoso 10.741/03 art. 80.


Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso,
cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da
Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.

Atenção! A competência absoluta para o domicilio do idoso é só para


ações coletivas dos idosos envolvidos na questão. Já para ação individual o
domicílio do idoso é uma opção, ou seja, a competência é relativa.

Toda vez que quero proteger uma pessoa coloco a competência relativa do
domicício desta. Ex. consumidor, idoso individual, alimentando, etc.

Competência territorial para ações individuais:


Há 02 regras gerais (além dessas que já foram mencionadas):
a) Domicilio do réu para ações pessoais (é ação que se funda em direito
pessoal) e para as ações reais mobiliárias (ação fundada em direito
real sobre móvel). As ações devem ser propostas no domicilio do
réu.

Art. 94 A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis
serão propostas,
em regra, no foro do domicílio do réu.
§ 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for
encontrado ou
no foro do domicílio do autor.
§ 3o Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro
do domicílio
do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4o Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de
qualquer
deles, à escolha do autor.

b) Foro da situação do imóvel nas ações reais imobiliárias - Foro rei


sitae.

art. 95 do CPC Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da
situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não
recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e
demarcação de terras e nunciação de obra nova.

O legislador criou foros concorrentes no art. 95: o autor pode o ajuizar a ação
no foro da situação do imóvel, do seu domicílio ou de eleição. Ex. anticrese,
usucapião, etc.

Em sete situações o autor não pode optar; será o foro da situação da coisa
que terá competência absoluta – foro da situação da coisa

Quando fundar-se:
Propriedade
posse servidão
nunciação de obra nova direito de vizinhança
divisão ou demarcação de terras

Ler art.100 CPC:


Art. 100. É competente o foro:
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em
divórcio, e para a anulação de casamento; (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977).
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos;
IV - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;
b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;
c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carece de
personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento;
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano;
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.
Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de
veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato.

9) Conflitos de competência
Conceito: há conflito de competência sempre que dois ou mais órgãos
jurisdicionais discutem sobre a competência para julgar uma ou mais de uma
causa.

9.1 Conflito positivo – ambos se dizem competentes para julgar uma causa.
9.2 Conflito negativo – ambos se afirmam incompetentes para julgar uma
causa.
9.3 Conflito pra julgar uma causa só ou pra julgar várias causas.
 1 causa
 + de 1 causa

9.4 Há conflito entre juízes, entre juiz e tribunal e há conflito entre tribunais.
 Juiz X Juiz
 Juiz X Tribunal
 Tribunal X Tribunal

OBS: Não existe conflito entre órgãos jurisdicionais que possuem diferença
hierárquica. Sempre vai prevalecer a competência do órgão superior.
Ex. Nenhum órgão jurisdicional conflita com o STF; TJ não conflita com STJ.
Um TJ pode conflitar com TST/TRE.
Um juiz não conflita com um tribunal ao qual ele esteja submetido, mas ele
pode conflitar com um tribunal ao qual ele não esteja vinculado. Ex. juiz BA
TJSP.

9.1 Características do conflito de competência

Conceito: conflito é um incidente processual

Pode ser instaurado o pelo:


 próprio órgão conflitante
 pelas partes
 MP
Se o MP não suscitar o conflito ele deverá intervir no conflito.

Vide Súmula 59 do STJ:


Conflito de Competência - Trânsito em Julgado
Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por
um dos juízos conflitantes.

 Havendo julgamento de algum dos processos não há conflito de


competência.
 Sempre será julgado por um tribunal o conflito de competência.
 O STF só julga conflito de competência se tiver tribunal superior.
 No âmbito do TJ e TRF só haverá julgamento quando envolver juízes.

Art. 117 do CPC:


Art. 117. Não pode suscitar conflito (SIMULTANEMENTE) a parte que, no processo, ofereceu
exceção de incompetência.
Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que o não
suscitou, ofereça exceção declinatória do foro.

O CPC permite que o relator do conflito de competência possa decidi-lo


sozinho se o conflito de competência envolver matéria já pacificada no
tribunal. Vide art. 120 para único CPC

Parágrafo único. Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão suscitada, o


relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo agravo, no prazo de cinco
dias, contado da intimação da decisão às partes, para o órgão recursal competente. (Incluído
pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

9.2 Competências para o julgamento do conflito (cai mais em concurso)


9.2.1 Quando há tribunal envolvido a competência para julgar o conflito é do
STF

9.2.2 TJ e TRF só julga conflito de juízes vinculados ao tribunal (TRF também é


competente para julgar conflito entre juízes federais e juízes estaduais
investidos em jurisdição federal).

9.2.3 Todos outros casos serão STJ.

STF Envolver tribunal superior

Competência TRF/TJ Juízes vinculados ao mesmo tribunal

STJ O resto

 No concurso partir da premissa que é do STJ.

 Juiz estadual investido de jurisdição federal ele deve ser tratado como
se fosse juiz federal.
Súmula 3 do STJ
Súmula 3
COMPETE AO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DIRIMIR CONFLITO DE COMPETENCIA
VERIFICADO, NA RESPECTIVA REGIÃO, ENTRE JUIZ FEDERAL E JUIZ ESTADUAL
INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL.

Súmula 428 do STJ veio substituir a súmula 348 (que dizia o contrário)
Súmula 428
Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado
especial federal e juízo federal da mesma seção (região) judiciária.

A súmula pode ser aplicada no âmbito Estadual. O TJ é competente para julgar


o conflito de competência entre o juizado especial e o juízo estadual na mesma
comarca.

Decorar:
TRF1: BA, MG, MA, PI GO, MT, Toda Região Norte
TRF2: RJ, ES
TRF3: SP/MS
TRF4: Toda Região Sul
TRF5: SE, AL, PE, PB, RN e CE

Assim, juiz do MA e juiz de MG – TRF1 será competente

Conflito entre juiz do trabalho e juiz estadual – competência do TRT (súmula


180 STJ).
O STJ entende ser possível o conflito de competência entre um órgão jurisdicional e
uma câmara arbitral, ao argumento de que a atividade desenvolvida neste último é de
natureza jurisdicional. E, neste caso, a competência é do juízo arbitral para apreciar
medida cautelar de arrolamento de bens (CC 111.230/DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j.
8.5.2013).

Aula 09 – Online 03:


(Continuação de competência)

I) Competência da Justiça Federal:

Se trata de competência prevista taxativamente na Constituição, pois não há


como o legislador ordinário ampliar ou reduzir esta competência. Elas estão
previstas nos arts.109 e 108 CF.
Art. 109 – competência dos juízes federais
Art.108 – competência do TRF.
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da
União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da
região;
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz
federal;
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes
estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou
onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou
beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição,
a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
estadual.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República,
com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
O art.109 possui 12 incisos, sendo que muitos deles possuem competência
penal. Vamos estudar os incisos de competência cível que podem ser divididos
em razão da:
 Pessoa (incisos I, II, VIII)
 Matéria (incisos III, V-A, X, XI)
 Função (X)

Já em relação ao TRF, o art.108 se divide em:


I – originária
II – derivada
Aqui não há especificação de matéria, mas sim em relação a função.

As causas de competências do art. 109 CF, podem tramitar na justiça


estadual. Nesses casos, o juiz estadual estará investido de competência
federal. Quando causas federais tramitam em justiça estadual, os recursos
eventualmente interpostos irão para o TRF e não pelo TJ. Essa possibilidade é
uma técnica de facilitar o acesso a justiça, pois a justiça federal costuma ter a
sua sede apenas em capitais e grandes cidades, o que dificultaria o acesso a
justiça.

O problema é que não é qualquer causa federal que pode tramitar na justiça
estadual. Para que uma causa federal tramite na justiça estadual são
necessários 2 pressupostos:
1) É preciso que não haja sede da justiça federal na comarca.
2) É preciso que haja autorização legislativa expressa.
Essa autorização legislativa expressa se dá em nível constitucional e
infraconstitucional.
Em nível constitucional o legislador já permitiu que causas que envolvem o
INSS e segurado podem tramitar na justiça estadual se não houver sede da
justiça federal no domicílio do segurado.
Além disso, a constituição prevê que leis infraconstitucionais podem autorizar
outras hipóteses em que a justiça estadual pode atuar em causas federais.
Vide art.109, §3º CF.

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou


beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição,
a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
estadual.

A partir disso, temos as seguintes observações:


a) Essas causas que envolvem o INSS podem ter natureza previdenciária
ou assistencial.
b) O segurado pode optar por demandar o INSS no juízo federal da capital
do Estado, ou seja, se ele mora em uma cidade que não tem sede da
justiça federal ele pode demandar na própria comarca (juiz estadual) ou
recorrer à justiça federal da capital. Vide Súmula 689 STF.

Súmula 689
O SEGURADO PODE AJUIZAR AÇÃO CONTRA A INSTITUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
PERANTE O JUÍZO FEDERAL DO SEU DOMICÍLIO OU NAS VARAS FEDERAIS DA CAPITAL
DO ESTADO-MEMBRO.

c) O STJ mantém o entendimento do antigo TFR (antigo Tribunal Federal


de recursos) no sentido de que se se trata de Mandado de Segurança
Previdenciário, a causa tem que tramitar na Justiça Federal. Vide
Súmula 216 do antigo TRF.
(Didier acha isso um absurdo, pois logo o MS que é um direito fundamental não
tem este privilégio)

d) Se uma vara Federal vier a ser criada na cidade é fato superveniente


que quebra a perpetuação, fazendo com que as causas que tramitavam
na justiça estadual sejam remetidas à justiça federal.

Exemplos de leis infraconstitucionais que AUTORIZARAM causas federais a


tramitar na justiça estadual:
 Execução fiscal federal
 Justificação contra entes federais
 Usucapião especial rural (se envolver algum ente federal)
 Cartas Precatórias Federais
 Súmula 349 STJ
Súmula 349
Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o
julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo
empregador ao FGTS.
Exemplos de ações federais que NÃO podem tramitar na justiça estadual, ou
seja, tem que tramitar na justiça federal:
 Ações civis Públicas Federais.

2) Hipóteses de Competência da Justiça Federal:

2.1) Competência dos juízes federais (art.109):

2.1.1)Competência da Justiça Federal em razão da Pessoa:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

Inciso I:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
É a mais conhecida hipótese de competência da Justiça Federal.
Considerações:

1ª parte:
 Entidade Autárquica Federal é designação genérica, pois não só
engloba as tradicionais autarquias como o INSS, mas também as
Agências Reguladoras federais, as Universidades e Fundações
Federais, os Conselhos de Fiscalização Profissional.
 Empresa Pública Federal: Caixa Econômica, Infraero, Correios.
Não há previsão de SEM (Sociedade de Economia Mista): Petrobrás, Banco
do Brasil, Banco do Nordeste são SEM e tramitam na Justiça Estadual

 Discute-se muito se a simples presença do MPF basta para a


competência ser da Justiça Federal:
Para o STF e Didier não basta a simples presença do MPF como parte para
ação ser de competência da Justiça Federal, pois a CF não menciona o MPF
no art.109 inciso I ; e pela própria Constituição não se pode equiparar o MPF a
União(ente político) por expressa proibição do art.129 CF. Vide RE 596836.
Em um sentido diverso, o STJ entende que a presença do MPF por si só já é
bastante para a competência ser da Justiça federal. Vide REsp 440002.

No concurso, cai na prova oral e dissertativa. Basta colocar a divergência


supracitada.

2ª parte:
São causas que mesmo se envolver um desses entes federais, não tramitarão
na justiça federal, ou seja, não são causas da justiça federal:
 As causas de falência ou recuperação judicial da empresa – Justiça
Estadual.
 Causas de Acidente do Trabalho – Ver explicação abaixo
 Causas de Justiça do Trabalho – Justiça do Trabalho
 Causas da Justiça Eleitoral – Justiça Eleitoral.

Causas de Acidente do Trabalho:


O acidente de trabalho pode ser:
 Trabalhista
 Outra Natureza

O acidente trabalhista gera para o acidentado o direito a uma indenização e


um direito previdenciário.
A ação trabalhista para obter uma indenização corre na Justiça do Trabalho.
Já a ação acidentária trabalhista previdenciária é do INSS, sendo da justiça
estadual competente em todos os casos. Não se trata de hipótese de ação por
delegação de causas da justiça federal para justiça estadual.

O acidente do trabalho não trabalhista gera indenização. Neste caso vai


depender de quem é o responsável pelo acidente.
Ex. explodiu liquidificador – indústria é privada, logo a competente é a justiça
estadual.
Ex. atropelamento por tanque do exército: Justiça Federal é a competente.

Na ação previdenciária de outra natureza (que não trabalhista) a competência é


da justiça federal, pois a CF só excepciona justiça do trabalho.
Vide o esquema a seguir:

Indenização – Justiça do
Trabalho
Trabalhista
Previdenciário – Justiça
Estadual
ACIDENTE
Indenização - Causador
Outra Natureza

Previdenciário – Justiça
Federal
Inciso II:

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa


domiciliada ou residente no País;

 Estado estrangeiro: Argentina, Município ou pessoa


Inglaterra, Espanha, etc. domiciliada ou
 Organismo Internacional: ONU residente no País.
Banco Mundial, cruz Vermelha,
FMI.

São causas que não envolvem entes federais, mas tramitam perante a justiça
federal.
A peculiaridade dessas causas é que os recursos que eventualmente
ocorrerem nestes casos vão para o STJ. O STJ funciona como uma 2ª
instância e não o TRF.
Os Estados estrangeiros só vão ser demandados no Brasil/ submetem a
jurisdição brasileira. em causas que não digam respeito a sua soberania, ou
seja, atuam como ente privado. Ex. despejo; carro da embaixada bateu em
outra pessoa.

Inciso VIII:

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,


excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

MS e HD contra autoridade Federal.


Autoridade federal é um gênero que engloba não só as autoridades que são
funcionárias federais. Pode haver autoridades federais privadas que sejam
consideradas autoridades federais e são demandadas na justiça federal.

Ex. os dirigentes de instituição de ensino superior - são autoridades federais


por delegação, e assim são julgados pela Justiça Federal. Vide Súmula 15 do
antigo TFR; ler também o §1º do art.1º da Lei 12.016 (Lei de Mandado de
Segurança).

2.1.2)Competência da Justiça Federal em razão da Matéria:

Pouco importa se há entes federais envolvidos. A matéria que importa.

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
Inciso III:

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;

Essa hipótese,é a mais rara de todas a hipóteses da justiça federal, pois é


necessário que o tema seja unicamente regulado por tratado. Se houver
regulação por tratado e pela ordem interna, não aplica este inciso.

Ex. Convenção de Varsóvia – fala sobre a aviação internacional.


Mas o CDC regulamenta casos de consumidores de aviação, logo não vai para
a justiça federal.

Ex. alimentos internacionais (alimentos de pessoas em países diversos) e


convenção de Nova York – justiça federal. Este é um exemplo de direito de
família na justiça federal.

Inciso V-A:

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República,
com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

O PGR percebendo que houve uma grave violação de direitos humanos


pode requerer que ao STJ que transfira/desloque a causa da justiça estadual
para a federal.
Atenção! Este inciso é muito utilizado em âmbito penal, mas é perfeitamente
possível que ocorra uma grave violação de direitos humanos em âmbito cível.

O PRG tem que pedir e o STJ tem que autorizar o deslocamento.


O STJ já disse que só pode autorizar este tipo de deslocamento se ficar
demonstrado a ineficiência das autoridades estaduais no cumprimento de
suas atribuições, sob o risco de desrespeitar o pacto federativo.
O STJ já decidiu que no julgamento deste incidente, admite-se a intervenção
do amicus curiae para uma decisão mais justa.

Inciso X:

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

A justiça federal é competente para julgar ações que julguem a opção de


nacionalidade e naturalização.
Inciso XI:

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

Atenção! Não é por que um índio é parte que a competência será da justiça
federal. Esta competência é em relação a matéria e não a pessoa.
Ex. se um índio compra um carro e este vem com defeito, ele vai reclamar na
justiça estadual.

São ações que envolvem direitos dos índios como um grupo/coletividade.


Exemplos:
 Demarcação de terra indígena.
 Possessória de terra indígena.
 Ação Civil Pública por danos morais dos índios.

2.1.3)Competência da Justiça Federal em razão da Função:

Inciso X:

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização

Temos 2 hipóteses no inciso X:


1) Execução de Carta Rogatória: quem cumpre carta rogatória é juiz
federal
2) Executar Sentença Estrangeira: quem executa sentença estrangeira é a
justiça federal.

2.1) Competência do TRF (art.108):

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:


I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do
Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da
União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da
região;
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz
federal;
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes
estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

Só dizem respeito a competência em razão da função.


A competência origiária do TRF está prevista no inciso I, alíneas b, c, e.
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da
região;
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz
federal;

O TRF é responsável por julgar as ações rescisórias, MS, HD de seus próprios


julgados, de juízes federais e de juízes estaduais investidos em jurisdição
federal.
Assim, não pode o TRF rescindir acórdão do TJ, mesmo se proposta por um
ente federal.

É de competência do TRF julgar conflito de competências entre:


 Juiz Federal X Juiz Federal de sua Região
 Juiz Federal X Juizado Federal de sua região
 Juiz Federal X Juiz Estadual investido de Jurisdição Federal. Vide
Súmula 3 do STJ:

Súmula 3
COMPETE AO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DIRIMIR CONFLITO DE COMPETENCIA
VERIFICADO, NA RESPECTIVA REGIÃO, ENTRE JUIZ FEDERAL E JUIZ ESTADUAL
INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL.

Se os juízes forem de regiões diferentes a competência é do STJ.


O STJ em acrescentou as hipóteses de competência do TRF para revisar os
julgados de juízes estaduais investidos em jurisdição federal, apesar de
não estarem previstos em lei.

Competência derivada: o TRF julga recursos contra decisões de juízes federais


e de decisões de juízes estaduais investidos de competência da justiça federal.

Atenção! Na hipótese do art.109,II CF os recursos vão para o STJ e não para


o TRF.
b)Ação *Seus julgados
Rescisória *Juízos Federais
*Juizes Estaduais
c) MS/HD investidos de JF.
Derivada
Competência
TRF e)Conflito de
Competência

 Juiz Federal X Juiz Federal de


Originária sua Região
 Juiz Federal X Juizado Federal de
sua região
 Juiz Federal X Juiz Estadual
investido de Jurisdição Federal.
Vide Súmula 3 do STJ:
CONEXÃO E CONTINÊNCIA

1) Conceitos:
A palavra “litispendência” pode possuir 2 acepções:
 Litispendência: é a pendência de 2 processos de igual conteúdo/
idênticas.
 A palavra litispendência pode aparecer na prova de concurso com outra
acepção: significa a pendência de um processo.
Do dia em que o processo nasce até o dia em que o processo morre é também
chamado de litispendência. É o tempo de vida do processo.

 (questão)O recurso prolonga a litispendência.


R. Correto.

Conexão é o fato em que 2 ou mais causas pendentes guardam entre si um


vínculo de semelhança. Conexão não é a reunião dos processos, mas o
simples fato de haver 2 causas semelhantes e pendentes, embora distintas.

A conexão é relevante para o direito, uma vez que é conveniente a reunião dos
processos e seu julgamento simultâneo para haver economia processual e
harmonia das decisões. Em razão disso, ocorre o fenômeno da modificação
da competência, ou seja, a conexão é uma hipótese de modificação legal da
competência. Ela se dá de 2 formas:
 Um juiz perde a competência para julgar uma causa.
 Outro juiz ganha a competência de uma ação que ele não julgaria.

Observações:
 A conexão só pode mudar competência relativa. Assim, se as ações
semelhantes tramitam em juízos de competência absoluta distintas não
podem se reunir. Neste caso, para evitar desarmonia uma das ações
será suspensa.
Ex.1. Uma ação de família e ação cível não podem reunir por falta de
competência absoluta.
Ex.2. Ação cível geralmente espera ação penal.
Ex.3. uma ação tramita em 1ª instância e outra em 2ª instância. Não pode
reunir, pois há competência funcional (absoluta) diferente.
evita que um mesmo conflito de direito material receba disparidade de
soluções (decisões conflitantes) perante o Poder Judiciário; objeto é o pedido
mediato (específico bem da vida sobre o qual o autor
pretende a prestação da tutela jurisdicional); causa de pedir é a próxima e a
remota (fundamentos de fato e de direito que ensejem
a prestação da tutela jurisdicional); assegura a reunião das duas demandas
perante um mesmo órgão jurisdicional, que decidirá uniformemente sobre
ambas; qual dos dois juízos julgará as causas conexas ? (perante o
juízo prevento, 106, 219 e 253); importante destacar que a conexão não
determina a reunião dos processos, se um deles já foi
julgado (Súmula 235 – STJ).

Vide Súmula 235 STJ


Súmula 235
A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.

LEMBRETE SOBRE PREVENÇÃO:

A prevenção original é dada pela propositura da demanda, quando a petição


inicial é entregue ao Poder Judiciário para distribuição, onde houver mais de um
juízo, ou para despacho (CPC, art. 263). O juízo prevento será aquele para o qual a
ação foi distribuída ou entregue para despacho.
A prevenção expansiva é aquela que relaciona uma ação nova com outra
anteriormente ajuizada, idêntica ou semelhante. Se houver semelhança, como nos
casos de conexão ou continência, a nova ação deverá ser distribuída por dependência
para o juízo onde corre a anteriormente ajuizada (art. 253, I, do CPC). Caso as duas
ações conexas, ou que mantenham relação de continência, já tenham sido ajuizadas
em juízos distintos, deve ser feita a reunião no juízo prevento, conforme as regras
dos arts. 219 e 106, do CPC.

Ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial = prevento
aquele que DESPACHOU EM PRIMEIRO LUGAR (art. 106, CPC).

Ações conexas perante juízes que têm competência territorial diversa = CITAÇÃO
torna prevento o juízo (art. 219, CPC).

 O juiz pode de ofício reconhecer a conexão, mas não pode


reconhecer de ofício a competência relativa.
O juiz era competente, e em razão da conexão ele perde a competência. As
partes pode alegar a conexão e o juiz pode reconhecê-la de ofício. A conexão
pode ser alegada por qualquer parte, e se for o réu será alegado na sua
contestação

Já na competência relativa o juiz já era incompetente; neste caso só o réu


pode alegar a incompetência. Ela tem que ser alegada por exceção.
Conexão Competência Relativa
O juiz pode de ofício reconhecer a Juiz não pode reconhecer de ofício a
conexão competência relativa.

O juiz era competente, e em razão da na competência relativa o juiz já era


conexão ele perde a competência incompetente
pode ser alegada por qualquer parte, só o réu pode alegar a incompetência
e se for o réu será alegado na sua Ela tem que ser alegada por exceção
contestação

 A conexão é um ato discricionário ou obrigatório? O juiz pode não reunir


o processo podendo fazê-lo?
R. Para Didier, trata-se de uma matéria absoluta, devendo obrigatoriamente
ser reunidas quando possível. Ver tabela distinguindo conexão e competência
relativa no livro do Didier; no site ter a tabela.

Quando há conexão:
O Código conceitua a conexão de maneira restrita. Art.103 CPC

Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a
causa de pedir.

Para o art. 103 CPC haverá conexão quando houver semelhança da Causa de
Pedir do Pedido.
Ex. pedido de plano econômico a conta de poupança fosse reajustado. Apesar
por várias pessoas não acarreta conexão, pois são contas diferentes.

Ex. O MP e um 3º pedem a anulação de um casamento. Aqui há uma conexão,


pois se referem ao mesmo casamento.

O problema é que a doutrina de maneira unânime entende que esta conexão


ocorre de maneira mínima, ou seja, quando isto acontecer há conexão.
Entretanto, há conexão em outras situações: a jurisprudência diz que sempre
que a solução de uma causa puder interferir em outra há conexão por
prejudicialidade.
Ex. investigação de paternidade e alimentos. Não tem causa de pedir e pedido
iguais. Trata-se de conexão por prejudicialidade.

Ex. despejo por falta de pagamento e consignação de pagamento desses


aluguéis.

A continência é um exemplo de conexão com os mesmo efeitos. Continência


está previsto no art.104 CPC

Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

Partes e causa de pedir são iguais, mas o pedido de uma abrange o de outro.
Ex. em uma ação peço para anular uma cláusula de um contrato em face de
um sujeito. Em outra, peço para anular todo o contrato em face da mesma
pessoa.

Obs. Os direitos individuais homogêneos geram ações repetitivas.


Tradicionalmente, entende-se que não são ações conexas
Ex. Ação de revisão de poupança do plano Collor; revisão de FGTS por várias
pessoas
Ao menos quando elas chegam aos Tribunais superiores elas acabam sendo
agrupadas/há conexão para uma decisão única que se dá pelo julgamento dos
recursos repetitivos. Possivelmente, no futuro, essas causa serão conexas nos
tribunais inferiores.

As causas tem que ser reunidas no juízo prevento (em que houve prevenção).
Para saber qual o juízo prevento, vide art.106 CPC. Se as causas estiverem
na:
 mesma comarca: prevento que despachou primeiro.
 comarcas diversas: prevento é o juízo onde primeiro ocorreu a citação.
Art.219 CPC

Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência
territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e,
ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a
prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

 Continência: espécie de conexão (104); pressupõe comunhão de partes e


causa de pedir, mas um dos pedidos formulados é mais amplo que o outro,
contendo-o; há uma identidade de objetos; certa coincidência entre
os pedidos; regime jurídico é o mesmo da conexão.

Qual critério deve prevalecer nas hipóteses de conexão ou continência? (106 ou 219); o
juízo que despachou em primeiro lugar ou o juízo em que, em primeiro lugar, deu-se a
citação? ; 106 só tem aplicação quando ascausas conexas correm perante juízos com a
mesma competência territorial (juízos do mesmo foro); 219 só se aplica quando a
conexão se dá entre causas que têm trâmite perante juízos de competência territorial
diversa (foros diversos); se a demanda conexa ou continente vier a ser proposta quando
autor já tem conhecimento da existência da anterior, a hipótese é de “conexão
sucessiva”
a distribuição se dará por dependência (I, 253);é o que justifica a redação do 108 e 109.
 Em havendo identidade de demandas (p. 2°, 301), o critério é outro, o da mera
distribuição da petição inicial (II e III, 253); a finalidade do II, 253, é a de impedir que o
autor possa burlar as regras de prevenção, apresentando tantas petições iniciais quantas
sejam suficientes para que ela seja distribuída para um juízo integrado por um
magistrado quepossa se manifestar mais propício a acolher o pedido do autor; princípio
do “juiz natural”(XXXVII e LIII, 5°) deve ser garantido.

Conexão e continência:
Igual foro: 106 – despacho inicial
Foro diferente: 219 – citação válida

Identidade de demandas (juiz natural): distribuição da inicial (art.301,§2)

AULA 08 – 2ª entrada 11/03/2013

AÇÃO

É o assunto mais importante do semestre.


A palavra “ação” pode ser utilizada em 03 principais acepções, quais sejam:

I) Direito de Ação:
Ação como Direito de Ação significa o direito de provocar a jurisdição e
decorre do Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. É o Direito ao
Acesso à Justiça. Trata-se de um Direito autônomo, distinto do direito que se
afirma ter no Judiciário contra o Estado. É um direito abstrato, pois qualquer
direito pode ser levado a proteção/apreciação pelo judiciário, ou seja, não
precisa de um direito material específico.
O direito de ação se desenvolve ao longo do processo, uma vez que não se
esgota com a propositura da ação. Assim, por exemplo, pode-se dizer que o
direito de recurso é um direito de ação.
O direito de ação é um direito de conteúdo complexo (compósito), pois se
refere a um feixe/conjunto/complexo de direitos. Este complexo de direitos
permeia vários direitos, como o de provocar, escolher o procedimento, definir o
réu, direito ao recurso. Ex. direito de ação não se esgota quando protocolo a
ação; ele se desenvolve durante o processo.

Apesar do Direito de Ação ser um tema importante, ele não é estudado nesta
aula, pois já foi visto em Princípio da Inafastabilidade e Princípio do Devido
Processo Legal.

II) Ação material: Direito afirmado em juízo; quando se recorre ao Judiciário


afirma-se um direito (ex. anular um contrato). Esse direito pode ser
chamado de ação em sentido material, pois pode ser confundido com o
direito que algumas pessoas tem contra as outras.

Ex: art. 195, CC


Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus
assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem
oportunamente.

III) Demanda: demanda é a acepção processual da palavra ação. Neste


contexto, ação corresponde a um ato, uma conduta, enquanto nas outras
2 acepções anteriores são um direito.
Esse ato é o exercício do Direito de ação (1ª acepção), através do qual se
afirma um direito em juízo (2ª acepção).
A demanda é um ato processual, pelo qual se afirma um direito que é
conteúdo de uma relação jurídica.

Geralmente nos livros o capítulo de “ação” é conceituado como direito de ação.


Entretanto, no concurso cobra-se ação como demanda, que para Didier é a
acepção mais importante da palavra ação.

Demanda e Relação Jurídica deduzida em juízo:

Demanda é afirmação de um direito, que por sua vez é conteúdo de uma


relação jurídica.
Assim, em toda demanda há a formação de pelo menos uma relação
jurídica. Esta relação deduzida/afirmada em juízo não significa
necessariamente que ela seja existente.

(tabela para revisão)

Elementos de uma Elementos da Condições da ação:


relação jurídica: ação:

A) Partes (sujeitos) – A) Partes A) Legitimidade


“das Pessoas “
B) Objeto - “dos bens” B) Pedido B)Possibilidade
Jurídica do pedido
C) Fato – “dos fatos C) Causa de pedir C) Interesse de agir
jurídicos”

Elementos da Ação:

03 são os elementos da ação, pois 3 são os elementos da relação jurídica:


A) Partes
B) Pedido
C) Causa de pedir

1- Partes:
É todo aquele que está no processo agindo com parcialidade. As partes
da demanda, que são as partes principais, são o demandante e o demandado
(autor e réu).
Mas há quem seja parte, sem contudo ser parte principal, tal como a
parte auxiliar que é aquele sujeito que nem pede, nem tem contra ele um
pedido, mas atua no processo com parcialidade.
Existe aquele sujeito, ainda, que só é parte em alguns momentos/
pedaços do processo. É o caso da parte do incidente. Ex.: perito; juiz contra o
qual foi arguido incidente de suspeição.

Parte do Processo ≠ Parte do Conflito

Distinção entre parte do processo e parte do conflito: Normalmente quem é


parte do processo é parte do conflito. Mas pode ocorrer das partes do processo
serem distintas das partes do conflito.

ex.: alimentos partes do conflito: Guri X Pai ou Mãe


ou
partes do processo: MP X Pai ou Mãe

Obs. Parte complexa: em alguns casos para que a pessoa possa ser parte,
ela deve estar acompanhada de um representante (ex.: um menor é a parte,
mas para ingressar em juízo deve estar representado). Não há litisconsórcio,
não há duas partes. O que há é uma parte só que necessita de outro sujeito ao
seu lado para representar.

Atenção! O assistente é parte auxiliar. A dupla assistente-parte não forma


uma parte complexa; há na verdade 2 partes.

2- Causa de pedir: (tabela para revisão)

Se o fato da vida possuir uma hipótese normativa, ela incide sobre o fato e
transforma em um fato jurídico (é um fato da vida que sofreu a incidência de
uma norma). Ele gera uma relação jurídica, que por sua vez possui direitos e
deveres.
O fato jurídico me dá um direito (pilar de fato). Causa de pedir são os
fundamentos de fato e de direito (relação jurídica).

Causa de pedir é igual a 7 (3 + 4), ou seja, causa de pedir é a soma das


afirmações do fato jurídico - causa de pedir remota- (3) e da relação
jurídica - causa de pedir próxima - direito afirmado! (4).

Obs.: causa de pedir não é a hipótese normativa (2)!

Dica:
Direito: é o ordenamento jurídico.
direito: é o direito que a pessoa demanda.
A causa de pedir tem dois pilares, quais sejam: um fático (fato jurídico) e um
jurídico (relação jurídica).

CP= CPP + CPR

CP - Causa de Pedir
CPP – Causa de Pedir Próxima – Relação jurídica – direito afirmado -
demanda
CPR – Causa de Pedir Remota – fato jurídico

O nosso Código adotou a Teoria da Substanciação/Substancialização


da Causa de Pedir. De acordo com essa teoria, a causa de pedir é o conjunto
do fato jurídico e da causa jurídica.

Teoria da Substanciação:
Causa de Pedir = Fatos + Causa (Fundamento) Jurídica.

Se contrapõe a Teoria da Individuação da Causa de Pedir. Para essa última


teoria a causa de pedir é apenas o direito afirmado em juízo (4), ou seja, o
fato jurídico (3) está fora da causa de pedir.

Exemplo 1: um sujeito vai a juízo, pleiteando a invalidação de um contrato e


alega erro.

(tabela para revisão)


Teoria Substanciação Teoria Individuação
1ª ação: 1ª ação:
3 – Fato Jurídico é erro 4- A relação jurídica é o direito de
4- A relação jurídica é o direito de anular
anular
2ª ação 2ª ação:
3 – Fato é dolo 4- A relação jurídica é o direito de
4- A relação jurídica é o direito de anular
anular

As causas de pedir são diferentes, As causas de pedir são iguais,


portanto seria possível entrar com as portanto há litispendência.
2 ações

Exemplo 2:
Teoria Substanciação
1ª ação: Causas de Pedir
3 – Fato Jurídico é reivindicar a coisa porque são distintas
herdei.
4- A relação jurídica é o direito de reivindicar.
2ª ação
3 – Fato é reivindicar a coisa porque comprei.
4- A relação jurídica é o direito de reivindicar.

Através destes exemplos fica fácil visualizar que o CC2002 adotou a Teoria da
Substanciação.

Ex. 3: Execução: (dar este exemplo na prova)


Causa de Pedir Remota (3): inadimplemento do contrato.
Causa de Pedir Próxima (4): direito de executar.

Causa de pedir remota (fato jurídico) pode se subdividir em:


 causa de pedir remota ativa: É o fato-título. É o fato gerador do
direito. ex.: inadimplemento do contrato -> contrato.
 causa de pedir remota passiva: É o fato que impulsiona o interesse de
agir. ex.: inadimplemento do contrato -> inadimplemento.

ativa + passiva = remota


remota (3) + próxima (4) = causa de pedir (7)

3- Pedido:
O pedido é o núcleo da demanda. Corresponde ao objeto da tutela
jurisdicional. Será estudado mais à frente.

Classificação das Ações:

1ª Class.- Classificação de acordo com o direito afirmado (Divisão das


ações de acordo com a causa de pedir próxima):
 ações reais: direito discutido é real
 ações pessoais: direito discutido é pessoal

obs.: Alguns autores colocam as ações possessórias como um terceiro tipo.


Não é nem ação real e, nem pessoal.

2ª Class.- Divide as ações de acordo com o objeto do pedido:


 mobiliárias: se pretendo um móvel
 imobiliárias: se pretendo um imóvel

obs.: Ação real não será somente imobiliária e pessoal não será somente
mobiliária.
 Existe ação real sobre móveis
Ex. Reivindicatória sobre um carro;
Ex.Usucapião pode ser sobre bens móveis ou imóveis - ação de usucapião
(ação real) de jóia (bem móvel).
Ex. Hipoteca sobre navios e aviões (são considerados bens móveis segundo
código da aeronáutica).

 Existe ação pessoal sobre imóveis.


Ex. ação de despejo.

ATENÇÃO! Alguns autores usam a designação ação reipersecutória: toda


ação pela qual se busca uma coisa, sendo ela real ou pessoal.

3ª Class.- Divide as ações de acordo com o tipo de tutela jurisdicional que


se almeja:
 ação de conhecimento: pretende-se o reconhecimento de um direito;
 ação cautelar: pretende-se a proteção de um direito;
 ação de execução: pretende-se a efetivação de um direito.

Essa classificação está vivendo um momento de crise, pois, atualmente, é


possível que com uma demanda só se obtenha vários tipos de tutela
jurisdicional. As ações passaram a ser sincréticas: mistura de diversos tipos
de tutela.
Os processos passaram a ter mais de uma função (conhecer + assegurar +
executar). Hoje, no processo, o sincretismo é a regra no Brasil.

 O que é uma ação necessária?


R. É a ação que veicula a afirmação de um direito que somente pode ser
exercitado em juízo.
Nas ações necessárias o interesse de agir é presumido.
As ações necessárias são sempre constitutivas.
Exs: ação anulatória (para anular um contrato); ação de interdição (para
interditar uma pessoa); ação rescisória (para rescindir uma sentença).

Subdivide as ações de conhecimento em:


o ações condenatórias:
o constitutivas:
o meramente declaratórias:
o mandamentais:
o executivas:

Classificação dos direitos:


 Direitos a uma Prestação
 Direitos Potestativos

Direitos a uma prestação: direito de alguém de exigir de outrem o


cumprimento de uma prestação (conduta). Pode se subdividir em:

o fazer

o não fazer

o dar. $ (dinheiro)

≠ $ - (coisa diferente de dinheiro)


Ex.: direitos obrigacionais; direitos reais.
O direito a prestação está intimamente relacionado com a prescrição,
pois esta afeta o direito de exigir a conduta.
O inadimplemento/lesão também está intimamente ligado, pois inadimplir
é não cumprir uma prestação.

Ex. art. 189, CC:


Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição,
nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

São direitos que precisam ser realizados materialmente. É preciso que o


agir humano se realize para o direito se efetivar.

Realização material = execução = realizar prestação devida.

A execução pode ser forçada ou voluntária. Se a prestação não for cumprida


voluntariamente, deve-se buscar a execução forçada para fazer valer o direito a
prestação antes que ocorra a prescrição.

Direitos Potestativos: será dada mais a frente.

(aula 09 está depois da aula 07)


Aula 10
CLASSIFICAÇÃO DE AÇÕES DE CONHECIMENTO

Revisão da Aula Passada:


A palavra execução significa realizar a prestação devida. Estuda-se o modo
como o fazer: é feito ou não feito.
A execução por ser voluntária ou forçada (Judiciário).

Estudaremos a execução forçada:


A execução pode ser também dividida em:
a) um título judicial – ex. sentença
b) um título extrajudicial – ex. contrato

Outra forma de subdivisão é:


1) realizada por um processo autônomo: instaurado com objetivo de
executar .
2) como fase de um processo sincrético: serve para certificar um direito
e posteriormente efetivá-lo. A única diferença neste caso é a técnica,
pois trata-se de uma fase do processo.
Ressalta-se que em ambos os casos se realizam mediante um
processo.

Finalmente é possível subdividir a execução em:


A) Direta.
B) Indireta.
Execução Direta: O Estado substitui-se na persecução do devedor e cumpre
a prestação devida. Para a doutrina tradicional a execução é apenas a
execução direta. O Estado prescinde/dispensa do executado, ou seja, este não
colabora/participa (já que o executado não faz, o próprio Estado o faz a sua
própria custa).
Ex.1. Estado derruba muro a sua custa, o que o particular não fez.
Ex.2. mulher pede para comprar um presente e o homem não faz. Ela faz ela
mesma com o dinheiro dela.

A execução direta é mais visível, pois ela é mais ostensiva no sentido de estar
a público e tende a ser uma execução mais cara, pois carece de um aparato
como oficial de justiça, instrumentos.
Ex. penhora uma geladeira/carro/ dinheiro no banco.

Execução Indireta: tradicionalmente conhecida por execução por coerção é


aquela em que o Estado força o devedor psicologicamente a que ele cumpra
a prestação. O Estado executa por pressão na mente do devedor.
Ex.1. mulher pede para comprar um presente e o homem não faz. Ela faz uma
coerção indireta ora pelo medo/sanção, ora com uma recompensa.

Mecanismos de pressão de execução indireta:


 Sanção pelo Medo/ pela Pena – mediante punição.
 Sanção Premial – Ao invés de ser uma punição é um prêmio. A sanção
premial é permitida como técnica de execução indireta.
Ex. de sanção pela pena: faça sob pena de multa (forma de promover a
execução indiretamente);
Ex. de sanção premial: se devedor cumprir diretamente a função, serão
abatidos os honorários em 50%.

A execução indireta tende a ser mais barata, pois não há necessidade de um


aparato para que ela aconteça, mas só uma pressão psicológica.

Sempre que eu for ao Judiciário pedindo o reconhecimento de um direito a


uma prestação eu me valho de ação de prestação.
Ação de prestação: ação pela qual eu peço o reconhecimento de um direito
de exigir de alguém uma prestação (fazer/não fazer/dar). As ações de
prestação estão sujeitas à prescrição e estão relacionadas à prestação. Elas
pressupõe inadimplemento. Elas se contrapõe aos direitos potestativos

A doutrina divide a ação a prestação (gênero) em 3 espécies:

 Ação declaratória
Ação de prestação
 Ação mandamental
 Ação executiva em sentido amplo

Histórico da Ação de prestação (gênero):


 1973:
A regra no Brasil era de que as ações de prestação não eram sincréticas.
Significa que a ação de prestação era de puro reconhecimento, pois para a
execução de título judicial (sentença) da ação era necessário uma nova ação.
Em casos especiais (exceção) o legislador criava ações de prestação
sincréticas.
Ex. ações possessórias naquela época geravam um título judicial que se
executava como uma fase de um mesmo processo.
A doutrina dizia que ação condenatória é ação de prestação não sincrética, ou
seja, ação de prestação, cujo único propósito era a obtenção de um título
executivo.
As ações de prestações sincréticas, a época excepcionais, se dividiam em 2
espécies:
 Ação executiva em sentido amplo: era criada em uma ação e
executada por uma ação direta. Por isso se diz que a reintegração de
posse é uma ação executiva em sentido amplo.
 Já a mandamental: se realizava indiretamente em uma ação sincrética.

Obs. Uma outra parcela da doutrina dizia que essa divisão não tinha sentido.
Tudo deveria chamar-se ação condenatória. Ação de prestação = ação
condenatória.

 1994:
Aconteceu uma revolução no processo civil brasileiro (foi a grande reforma de
1994). Ela alterou estruturalmente todo o Código de Processo Civil. Por conta
da reformulação do art.461 CPC todas as ações de prestação de fazer ou de
não fazer passaram a ser sincréticas.
De um lado aqueles que diziam que em razão dessa reforma não havia mais
ação condenatória na ação de fazer ou não fazer, pois ela era sincrética.

Obs. Outra parte da doutrina insistia na hipótese de que eram essencialmente


idênticas as ações e todas seriam condenatórias.

 2002:
O legislador sincretizou as ações de prestação para entrega de coisa. O
mesmo que ele fez em 1994 para as ações de fazer/não fazer, ele fez para as
ações de entrega de coisa.
De um lado a doutrina defendia que não havia ação condenatória para entrega
de coisa. Ex. art.287 CPC.

Antes de 2002 Depois de 2002


Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao
Art. 287. Se o autor pedir a condenação do réu a abstenção da prática de algum ato,
réu a abster-se da prática de algum ato, a tolerar alguma atividade, prestar ato ou
tolerar alguma atividade, ou a prestar fato entregar coisa, poderá requerer cominação
que não possa ser realizado por terceiro, de pena pecuniária para o caso de
constará da petição inicial a cominação da descumprimento da sentença ou da decisão
pena pecuniária para o caso de antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o, e 461-
descumprimento da sentença (arts. 644 e A).(Redação dada pela Lei nº 10.444, de
645). 7.5.2002)

Tirou o termo condenação


Outra parte da doutrina insistia em afirmar que ação de fazer/não fazer/
entregar são ações condenatórias.

 2005:
Sincretizaram as ações de prestação pecuniária. O problema surgiu, pois as
ações condenatórias estariam extintas segundo a doutrina tradicional.
Para resolver este impasse passou a ser predominante a concepção de que
todas as ações de prestação são condenatórias e sincréticas.
Ação condenatória hoje é ação de prestação que permite a execução no
mesmo processo por via direta ou indireta.

Hoje a ação mandamental é a ação condenatória que se efetiva pela


execução indireta.
Mandamental e executiva em sentido amplo são exemplos de espécies de
ação condenatória.

A doutrina tradicional que antes prevalecia se divide hoje em 2 grupos:


1ªc) acreditava que simplesmente não existe mais ação condenatória. (Ada
Pelegrini).
2ªc) Há outros autores que mantém o entendimento que existem 3 espécies de
ação de prestação, mas agora com outro sentido. As espécies de ação de
prestação se distinguem agora pelo tipo de prestação devida:
* Ação condenatória é somente a pecuniária.
* Se quero entrega de coisa é executiva em sentido amplo.
* Se quero fazer/não fazer é mandamental.

Atualmente:
Maioria: ação condenatória = ação de prestação

(1) Não há mais condenatória


Minoritária
Condenatória - $

(2)Tipo de prestação Executiva - Coisa

Mandamental – fazer/ não fazer

Como isso cai no concurso?


Majoritariamente se entende que são ações de conhecimento a:
 meramente declaratória
 constitutiva
 condenatória

É a chamada de Teoria Ternária das ações: as ações de conhecimento se


dividem em meramente declaratória, constitutiva, condenatória.

Na concepção minoritária (2), as ações de conhecimento se dividem em 5 – é


a denominada Teoria Quinária:
 meramente declaratória
 constitutiva
 Condenatória
 Mandamentais
 Executivas em sentido amplo

Na outra concepção minoritária (1) - em que não há condenação - há a Teoria


Quartenária:

 meramente declaratória
 constitutiva
 Mandamentais
 Executivas em sentido amplo

Ordem de importância:
1 – Teoria Trinária
2 – Teoria Quinária
3 – Teoria Quartenária.

Resumo:

Teoria Trinária Teoria Quinária Teoria Quartenária

Meramente Meramente Meramente


declaratória declaratória declaratória

Constitutiva Constitutiva Constitutiva


Condenatória Condenatória X

X Mandamentais Mandamentais
Executivas em sentido Executivas em sentido
X amplo amplo

DIREITO POTESTATIVO

1) Conceito: é o direito que alguém tem em interferir na esfera jurídica de


outrem criando, modificando ou extinguindo situações jurídicas.

Trata-se de relações jurídicas que submetem outrem seja criando uma


relação jurídica, modificando ou extinguindo uma já existente.
Não se relaciona a nenhuma conduta, pois a situação jurídica não é palpável,
já que essa só ocorre no mundo do direito.
Não podem ser executados, pois não há o que executar. Ex. para anular um
contrato; interdita um sujeito basta que o juiz o diga.
Sendo assim não podem ser inadimplidos, não se sujeitam a uma
prescrição, não podem ser executados.
Direitos potestativos se sujeitam, quando for o caso, à decadência – é o prazo
de extinção de um direito potestativo.

Ex. direito ao divórcio, direito de rescindir uma sentença; anular um contrato;


dissolver uma União Estável.

Quando eu for ao judiciário e pedir o reconhecimento de um direito potestativo


eu me valho de uma ação constitutiva.
Ação constitutiva é a ação pela qual se pede o reconhecimento de um
direito potestativo. É por isso que se diz que a ação constitutiva visa a
criar/extinguir ou modificar situações jurídicas.
Quando as ações constitutivas se submetem a prazo, ele é decadencial.
Atenção! Nem toda ação constitutiva tem prazo decadencial. Ex. divórcio.

Sentença Constitutiva não permite execução, pois não há o que se executar.


Ela invalida, rescinde, homologa, anula – a palavra do juiz é que
efetiva/modifica/extingue o direito.
Em regra, as ações constitutivas não produzem efeito retroativo (eficácia ex
nunc).
Mas há exceções: Ex. art.182 CC – eficácia retroativa da ação anulatória de
um negócio que é uma ação constitutiva.

Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se
achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.

Exemplos de ações potestativas: divórcio; resolução de união estável;


rescisória; anulatória; resolução do contrato.

Resumo: Em regra:

Ação Constitutiva – Direitos Potestativos – prazo Decadencial – eficácia


ex nunc.

O problema é que parte da doutrina (sobretudo doutrinadores do direito


material) acaba considerando algumas ações de natureza constitutiva, como se
fosse uma ação declaratória – para Didier isso é um erro:
Existem 5 ações polêmicas sobre a natureza jurídica das ações
constitutivas que alguns doutrinadores chamam de ações declaratórias:

i) Ação de interdição: é uma ação constitutiva que tem por objeto tirar
a capacidade do sujeito. Retira-se a capacidade do sujeito.
Entretanto alguns doutrinadores dizem que o juiz declara a incapacidade do
sujeito. Na verdade, o médico é que faz o diagnóstico e o juiz diante disso
decreta a interdição para proibir o sujeito de agir sozinho.

ii) Ação de falência: o entendimento é o mesmo. O objeto da falência é


o afastamento do empresário da administração dos negócios e o
pagamento das dívidas. Mas muitos comercialistas colocam
erroneamente que é uma ação declaratória.
iii) Ação de Nulidade:

Nulidade – Ação de Nulidade – não tem prazo -


constitutiva
Defeitos do NJ
Anulabilidade – ação anulatória – tem prazo -
constitutiva

Invalidar um ato é desfazê-lo porque é defeituoso. Nas 2 hipóteses pede o


desfazimento do ato, só que na nulidade é sem prazo e a anulabilidade tem
prazo. Ambas são constitutivas e retroativas.
Alguns civilistas dizem erroneamente que a nulidade é declaratória e a
anulabilidade é constitutiva.

iv) ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade.


Não confundir com ADC (ação declaratória de constitucionalidade).
Na ADI o que se pretende é retirar a eficácia jurídica da Lei no Sistema e não
declarar ela inconstitucional.

v) Ação de Investigação de Paternidade:


O objetivo da ação é atribuir ao sujeito a paternidade. Na verdade deveria
ser ação de atribuição de Paternidade. A pessoa não era pai antes, pois pai é
vínculo jurídico. Já genitor é vínculo genético. Ex. pai adotivo não é genitor,
mas é pai (pois há um sentido jurídico).
Nesta ação, o que existia antes era o vínculo genético, e o que se busca é o
vínculo jurídico.

AÇÕES MERAMENTE DECLARATÓRIAS

Conceito: é uma ação que tem por objeto a declaração da existência/


inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica.

Vou ao judiciário com o objetivo exclusivo de saber se a relação existe, não


existe. O objetivo é certificar a existência da relação jurídica.

Obs.1 - é chamada de meramente declaratória, porque todas as ações de


conhecimento tem conteúdo declaratório. Entretanto, as “ações
meramente declaratórias” se limitam ao conteúdo declaratório. Já nas
condenatórias há também a efetivação de uma prestação; nas constitutivas
há também a efetivação de um direito constitutivo.

Obs. 2 - O código não menciona a hipótese da ação declaratória ser uma


declaração jurídica, tanto que o STJ já decidiu que cabe ação meramente
declaratória para interpretação de cláusula contratual.
Obs. 3 – as ações meramente declaratórias são imprescritíveis exatamente
porque elas não buscam a efetivação do direito.

Obs.4 – em toda ação declaratória há uma crise de certeza, em que o autor


tende a afirmar a existência ou não de uma relação jurídica. O judiciário não
pode ser um órgão consultivo.

Obs.5 – em regra, não se admite ação declaratória de fato. Ex. ação


declaratória de amor; declaro que a parede é branca.
Exceto por um caso: declaração de autenticidade ou falsidade de um
documento.

Exemplos: Ação de Usucapião; ADC; consignação em pagamento;


declaratória de União Estável; Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica
Tributária;

Obs.6. As ações declaratórias costumam produzir efeito retroativo.

APROFUNDAMENTO: Análise do § único do art.4º CPC.

Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do
direito.

 Quais direitos podem ser violados?


R. Apenas os direitos a uma prestação. Significa que diante do direito a uma
prestação violada há 2 opções:
a) ação condenatória: é o mais normal.
b) meramente declaratória.

O que o § único criou foi a possibilidade de ajuizar uma ação meramente


declaratória quando já poderia interpor uma ação condenatória.

Ex. Clarisse Herzorg, viúva de Wladimir Herzog, entrou com uma ação de
declaração da responsabilidade da União para declarar a responsabilização da
morte do marido pela União com base do art.4º §único do CC. WH era um
jornalista que apareceu em uma prisão enforcado com os joelhos dobrados
durante a ditadura. Em seu atestado de óbito constava que ele tinha se
suicidado. Como ele era judeu (e o suicídio é uma afronta para os judeus), foi
enterrado separadamente como suicida.

 Qual a diferença prática entre a ação meramente declaratória e a


ação condenatória?
R. Essa ação meramente declaratória não interrompe a prescrição, pois o
que interrompe a prescrição é o comportamento do credor em cobrar o crédito.
Outra justificativa é saber o valor da causa e prever o quantum das custas
processuais.
Ambas podem gerar execução no futuro. Pode ser que Clarisse Herzog queira
entrar com a ação de reparação de danos, exceto se a ação estiver prescrita.
A sentença meramente declaratória nos casos do §único do art.4 e a sentença
condenatória são ambas títulos executivos.
Se a sentença declaratória declarar um direito exigível ela será título
executivo, assim como na sentença condenatória. Entendimento pacífico do
STJ. Vide art.475-N,I CPC.

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer,
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Entretanto, se declarar um direito não exigível, não é um título executivo.


Ex. interpretar uma cláusula.
Aula 11
CONDIÇÕES DA AÇÃO

I) Teorias Da Ação:

1) Teoria Imanentista (civilista): o direito de ação = direito material.


Trata-se do direito material em movimento, reagindo a uma agressão ou
ameaça de agressão.

2) Teoria Concretista:
(Final Século XIX – Início Século XX) Criada por Wach na Alemanha.
Foi a primeira ação que distinguiu direito material e direito de ação.
Havia uma concepção chamada de Teoria Concreta sobe as condições da
ação.
Para essa corrente, direito de ação é direito a um julgamento favorável. Logo,
ter um direito material é pressuposto para ter o direito de ação. O direito de
ação só existe se o direito material existir.
Assim, as condições da ação seriam equivalentes às condições para
julgamento favorável.
Carência de Ação: para essa concepção, é sinônimo de improcedência da
ação. Para tal concepção, tanto a carência como a improcedência são decisões
de mérito.
Crítica da doutrina: a teoria concreta está superada por gerar um contrasenso
quando o julgamento for desfavorável. Caso o sujeito perca a ação, tudo o que
foi discutido no processo até a sentença de mérito seria “inexistente”.
Entretanto, como seria possível haver a movimentação da máquina judiciária
neste ínterim e inexistir “direito de ação”?

3) Teoria Abstrata (teoria do direito abstrato de ação)


Foram criadas por Degenkolb e Plósz.
Esta teoria mantém a ideia de que o direito de ação e direito material são
distintos e inova no sentido de que essas são autônomas. Significa que o
direito de ação é independente do direito material.
Para essa corrente, o direito de ação é o direito de provocar o Judiciário, sem
que ele se confunda com o direito material.
O direito de ação é o direito abstrato de obter um pronunciamento do Estado,
por meio da decisão judicial. O direito de ação é amplo, genérico e
incondicionado, não carecendo de nenhum requisito que precise ser
preenchido para a sua existência. Neste sentido, não há o que se falar em
carência de ação, pois as condições da ação só podem ser analisadas a luz do
direito material, ou seja, são matérias de mérito.
A consequência prática desta Teoria é relevante, pois ao entender que toda
sentença de carência de ação é uma decisão de mérito, após o trânsito em
julgado essa sentença estará protegida pelo fenômeno da coisa julgada
material. Assim, haveria uma economia processual enorme, pois evitaria a
propositura de demandas que já foram rejeitadas (não haveria sentença
formal).
É a Teoria que prevalece no mundo.

3) Teoria Mista/ Teoria Eclética:

 O Brasil adotou no CPC de 1973 a Teoria Mista/ Eclética desenvolvida por


Liebman e Alfredo Buzaid. Art.267,VI CPC.

Ela reúne a Teoria Concreta e Teoria Abstrata. Para ela o Direito de Ação é o
direito a uma decisão de mérito, devendo preencher as condições da ação para
que o mérito possa ser examinado. Há carência de ação quando falta uma
dessas 3 condições.
Assim, as Condições da Ação devem ser preenchidas para que posteriormente
o mérito possa ser examinado, ou seja, para essa concepção examinar as
condições da ação não se confunde com o mérito. Trata-se de uma matéria de
ordem pública.
Direito de petição (direito de obter uma manifestação de qualquer órgão
público, dentre eles o Poder Judiciário – é amplo, genérico e incondicional) é
diferente do direito de ação (direito a uma decisão de mérito, é condicionado).

Carência de Ação ≠ Improcedência.


Carência de Ação é uma decisão Improcedência é um exame de
em que o mérito não é examinado. mérito.

 Direito de Ação – direito a um julgamento


favorável.
 Condições da Ação - Condições para o
1) Teoria Concreta julgamento favorável
 Carência da Ação: Improcedência da Ação é a
improcedência do mérito.

 O Direito de Ação é o direito a uma decisão de


mérito.
 Condições da Ação que devem ser preenchidas
para que o mérito possa ser examinado.
 Carência de Ação ≠ Improcedência.
(sem mérito) (com mérito)
 Desenvolvida por Liebman e Alfredo Buzaid e
adotada no Brasil.
3)Teoria Eclética

 Direito de Ação é o Direito de provocar


atividade jurisdicional. Aqui não se fala de
2)Teoria Abstrata: condições da ação.
 É a que prevalece no mundo.

II) Considerações Críticas à Teoria Eclética:


Para a doutrina, a Teoria Eclética é insustentável, pois só existem 2 opções
possíveis para um Juiz:
a) Decisão de mérito: ele examina o mérito da causa.
b) Decisão sem mérito – análise dos pressupostos processuais: ele
não examina o mérito da causa, mas questões processuais.

Sendo assim, não haveria motivo para a criação de uma 3ª categoria (condição
da ação), pois só haveria as 2 categorias processuais acima citadas.

Ademais, Liebman não conseguiu demonstrar em muitos casos como separar


as condições da ação do mérito da causa.

Ex. sujeito propõe ação de alimentos e juiz descobre que o autor não é filho (há
uma relação de prejudicialidade entre os 2 pedidos). Para Liebman falta
legitimidade (condição da ação) e isso não adentra o mérito; mas para o
juiz não é filho, não tem direito a alimentos, então há verificação do mérito.

Desta maneira, é comum repetir o mesmo fundamento nas condições da ação


e no mérito da causa. – pedir para extinguir ação por ilegitimidade e por mérito.

Fredie acredita que pelo menos em relação a possibilidade jurídica do


pedido e a legitimidade ordinária não há como separar a análise do mérito.

No que tange o interesse de agir e a legitimidade extraordinária, essas não


são questões de mérito. Bastaria chamá-las de pressupostos processuais
(como é feito na Europa).

Obs.O projeto do CPC eliminou a possibilidade jurídica do pedido como


condição da ação para deixar claro que é um problema de mérito. Ele não
menciona condição de ação e carência de ação. Legitimidade e interesse
continuam sendo falados, mas sem o rótulo de condição da ação.

Para a teoria eclética a análise das condições da ação deve ser feita a
qualquer tempo enquanto pendentes as questões de mérito. A análise das
condições da ação pode necessitar de prova, ou seja, para Liebman o juiz pode
determinar a realização de prova para verificar as condições da ação. Ex. pode
fazer perícia para interesse de agir; ouvir 3 testemunhas para verificar a
legitimidade.

Diante dessas críticas, os seguidores de Liebman criaram a Teoria da


Asserção/ Teoria da Propettazione sem negar a Teoria Eclética. Trata-se de
uma teoria intermediária entre a Teoria abstrata e eclética.
Para a Teoria da Asserção, a análise das condições da ação deve ser feita
apenas com base naquilo que foi afirmado pela parte. As condições não
podem ser objeto de prova, mas deve-se tomar como verdade o que a parte
falou. O juiz mediante uma cognição sumária ao perceber a ausência de uma
ou mais condições da ação deve extinguir o processo sem resolução do mérito
por carência de ação (art.267,VI CPC). Se não existirem as condições extingue
o processo sem resolução do mérito com base no princípio da economia
processual, uma vez que o processo não reúne condições para a resolução do
mérito. Nestes termos, a teoria da asserção não difere da Teoria eclética.
Por outro lado, caso o juiz precise no caso concreto de uma cognição mais
aprofundada para então decidir sobre a presença ou não das condições da
ação, não mais haverá tais condições da ação, que passarão a ser entendidas
como matérias de mérito. Dessa forma, aprofundada a cognição, a ausência
daquilo que no início do processo poderia ter sido considerado uma condição
da ação passa a ser matéria de mérito, gerando uma sentença de rejeição do
pedido do autor (art. 269, I, do CPC), com a geração de coisa julgada materiaL
Nesses termos, a teoria da asserção não difere da teoria abstrata pura.

Desta forma, as condições da ação são analisadas em uma cognição sumária


pelo juiz. Caso o juiz precise de uma análise mais aprofundada pra então
decidir ou não acerca das condições da ação, essas passam a ser entendidas
como matéria de mérito. Trata-se de uma mudança da própria natureza da
“condição da ação” no caso concreto, o que gera muitas críticas.

A Teoria Eclética é a adotada pelo CPC. O STJ em alguns julgados adota a


Teoria da Asserção.

Didier não concorda com a Teoria Eclética nem a Teoria da Asserção. Para
ele, melhor seria a Teoria Abstrata, pois não é possível haver pressupostos
processuais e condições da ação ao mesmo tempo.

III) Condições da Ação:

São condições da ação a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o


interesse processual, podendo ser conhecida de ofício, pelo juiz, em qualquer
tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida sentença de mérito.
A) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO:

Para Didier é ridícula essa condição da ação.


Trata-se da expressa vedação da lei ao pedido formulado.
O pedido deve ser juridicamente possível. Se o pedido for juridicamente
impossível, o juiz pode extinguir com carência de ação (mérito não é
examinado).
Ex. reintegração de posse do terreno lunar.
Ex. demandar contra Deus.
Ex. usucapião de bem público.

É impossível separar a análise das condições com a análise do mérito.

Obs: quando Liebman criou a condição de possibilidade do pedido, o fez com


exemplo do divórcio, que na Itália não existia. Após a criação do divórcio,
Liebman não tinha exemplos da possibilidade jurídica do pedido. Assim, ele
extinguiu essa condição, passando a ter apenas 2. Entretanto ele não avisou
isso para Buzaid que colocou isso no CPC.

Dinamarco é um eclético de raiz (não adota a Teoria da Asserção), ele não só


gosta da possibilidade jurídica do pedido, como também quer ampliá-la. Para
ele, a possibilidade jurídica do pedido tem que abranger todos os elementos da
demanda e não só o pedido. Ele diz que a causa de pedir também tem que ser
juridicamente possível. Ex. cobrança de dívida de jogo não é o pedido que é
juridicamente impossível; é a causa de pedir que é impossível. Para isso, ele
denominou o termo “Possibilidade Jurídica da Demanda”. – toda demanda tem
que ser juridicamente possível, não basta o pedido.

B) INTERESSE DE AGIR/INTERESSE PROCESUAL:

Para Didier trata-se de uma interessante condição da ação que está


intimamente associada à utilidade da prestação jurisdicional.

Utilidade: há interesse de agir quando a demanda for útil, ou seja, quando ela
possa propiciar algum proveito para o demandante.
Ex. quando ele perde o objeto do processo, trata-se de falta de utilidade.
Ex. cobro uma dívida, cujo valor não cobre nem as custas do processo. Se falta
utilidade falta interesse de agir.
Obs. O STJ já se pronunciou no sentido de que não existe utilidade prática, e
por consequência interesse de agir, em execução de valor ínfimo pela Fazenda
Pública.

Segundo a doutrina, o interesse de agir se revela em 2 dimensões:

 Necessidade: é importante que se demonstre a necessidade de ir a


juízo para buscar o proveito almejado, ou seja, não é possível obter o
bem da vida pretendido sem a devida intervenção do Poder Judiciário.
Ex. tenho que demonstrar que não posso esperar a solução administrativa da
controvérsia.
Nas ações necessárias a necessidade é presumida, porque só posso obter o
proveito se ingressar com ação em juízo. Ex. interdição, anulação de contrato,
rescisória de sentença, ação de falência. Boa parte das ações de jurisdição
voluntária são casos de ação necessária.

A falta de interesse de agir, realmente leva a uma decisão que não é de


mérito.

Por isso que em outros países é pressuposto processual e não condição


da ação, como é feito aqui no Brasil.

 Adequação:
Para Didier e parte da doutrina trata-se de uma dimensão inadequada.
Trata-se da adequação do procedimento a aquilo que se pede. O pedido
formulado pelo autor deve ser apto a resolver o conflito de interesses
apresentado na petição inicial.
Ex. em esbulho possessório não é adequado o juízo petitório

Crítica: Didier não concorda com essa dimensão porque mistura a demanda
com o procedimento. Se escolho o procedimento errado, há um erro de
encaminhamento e não adequação, então não há falta de interesse. Aqui,
basta corrigir o erro. Ex. entra com MS, mas precisa de perícia. Logo, o MS é
inadequado.
Para Daniel Assunção a crítica acima fala inadequação procedimental, que é
diferente de interesse-adequação (inaptidão do pedido)

Obs. Se ainda não existe resistência à pretensão deduzida pelo autor em juízo,
este é carecedor da ação por falta de interesse processual, pois a existência de
litígio constitui condição essencial do processo.

C) LEGITIMIDADE AD CAUSAM (a mais importante)


Conceito: é a aptidão para conduzir no pólo ativo ou passivo um processo em
que se discuta determinada relação jurídica. Trata-se da pertinência subjetiva
da demanda.
Aspectos da Legitimidade:
a) A legitimidade é um aspecto que se examina em ambos os pólos.
b) A legitimidade é uma aptidão jurídica.
c) A legitimidade se examina SEMPRE caso a caso, ou seja, a relação
discutida em juízo.

Deve examinar o que está sendo discutido em face de um determinado


problema. É sempre a relação de alguém com alguma coisa concreta, ou seja,
ninguém é legitimado em tese.

É a relação jurídica discutida em juízo que deve ser considerado para


verificar se a parte é legítima ou não.
A legitimidade se divide em:
 Legitimidade exclusiva
 Legitimidade concorrente

Legitimidade exclusiva: é a regra - A lei autoriza apenas uma pessoa a


discutir aquele problema em juízo.
Legitimidade concorrente: é a exceção: mais de uma pessoa tem
legitimidade para discutir o mesmo problema em juízo. Ex. credores solidários;
condôminos; legitimados para ADI e ADC.

Obs. A noção de legitimidade concorrente é indispensável para o estudo do


litisconsórcio unitário.

A legitimidade pode ser:


 Ordinária
 Extraordinária

Legitimidade Ordinária: é a regra: sempre que alguém puder defender em


juízo os seus próprios interesses. Há uma coincidência do legitimado e titular
da relação discutida.
Legitimidade Extraordinária: é a exceção: é a legitimidade para alguém
defender em nome próprio, interesse alheio.

Ex. MP pede alimentos para criança.


Na legitimidade extraordinária não há coincidência entre o legitimado e o titular
da relação discutida. Ela precisa estar prevista na lei, ou seja, não existe
legitimidade extraordinária negocial.
(a melhor doutrina afirma que é possível a legitimidade extraordinária quando
decorrer logicamente do sistema –ex. legitimação recursal do advogado em
apelar do capítulo da sentença que versa sobre honorários advocatícios).

Vide Art.6º CPC:


Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por
lei.

O legitimado extraordinário vai ser a parte do processo. Ele que será o autor
ou o réu. Em relação a ele se vai aferir competência em relação à pessoa.
Ex. OAB entrou com ação civil pública na Justiça Estadual – na verdade ela
tem que entrar na justiça federal.

Regra: a coisa julgada que resulte do processo conduzido pelo Legitimado


Extraordinário vai atingir o titular do direito. É o caso em que a coisa julgada
atinge 3º.
Exceção: o sujeito pode estar ao mesmo tempo como legitimado ordinário e
extraordinário. Isso ocorre quando o sujeito está em juízo defendendo direito
que é dele, mas não é só dele, ou seja, é dele também. Ele é co-titular do
direito discutido. Ele atua na defesa de direito próprio e de outro.
A falta de legitimidade extraordinária leva indiscutivelmente à extinção do
processo sem resolução do mérito.

Substituto processual é o legitimado extraordinário e substituído é o titular do


direito discutido.
O Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência no sentido da desnecessidade de
autorização dos sindicalizados para fins de perfectibilizar a legitimidade do Sindicato
em ações coletivas ou individuais. O fundamento principal para tal norte consiste na
circunstância de o Sindicato atuar como substituto processual.
Lembremos, ainda, da súmula 629 do Supremo Tribunal Federal, que diz: “A
impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos
associados independe da autorização destes”. Apesar de o caso não versar ação
mandamental, o entendimento condensado na súmula reforça o posicionamento no
sentido da legitimidade ativa do Sindicato. Em sede de mandado de segurança coletivo,
há, ainda, o art. 21, da Lei 12.016/2009: “O mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de
seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da
totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e
desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial”.

Substituição Processual X Sucessão Processual


legitimado extraordinário e Há uma troca de partes - sai
substituído é o titular do direito um sujeito e entra outro.
discutido. Ex. uma parte morre, entram o
espólio/herdeiros

Substituição Processual X Representação Processual


Legitimado Extraordinário: o O representante age em nome
substituto é parte que age em nome alheio, defendendo interesse alheio.
próprio na defesa de interesse Ele não é parte. Parte é o
alheio. representado.
Ex. alimentos – parte é o menino;
mãe é representante.

Obs. A corrente majoritária entende (inclusive Didier) que as expressões


“Legitimidade Extraordinária” e “Substituição Processual” como sinônimos.

Legitimidade Extraordinária = Substituição Processual

Entretanto, há quem diga que substituição processual é uma espécie de


legitimidade extraordinária e não sinônima. Seria uma legitimidade
extraordinária que se dá quando o legitimado extraordinário está sozinho em
juízo na defesa dos interesses de outrem. Ele não está acompanhado pelo
titular do direito. Estando em litisconsórcio, não haveria substituição, mas
legitimidade extraordinária – ex. guri e MP no polo ativo.

(Doutrina afirma que há uma terceira categoria de legitimidade chamada de


legitimidade autônoma para a condução do processo. Sendo o direito
difuso de titularidade da coletividade – sujeitos determinados e
indetermináveis) e o direito coletivo de uma comunidade, inaplicável a
legitimidade extraordinária. Assim a legitimidade extraordinária estaria restrita à
tutela individual).

PRESSUPOSTO PROCESSUAIS

1) Introdução:
Há pressupostos de cada ato processual. (Ex. pressupostos da PI, da Citação,
etc.) e há pressupostos do processo, ou seja, do conjunto dos atos.

Pressupostos Processuais diz respeito ao estudo dos Pressupostos do


Processo (PP) em não de cada ato do processo (PA).

Exemplos:
 Motivação da sentença – PAP
 Competência do juízo – PP

Obs. Na opinião de Didier, o interesse de agir e a legitimação extraordinária


são condições da ação que não se confundem com mérito, mas que poderiam
ser consideradas pressupostos processuais conforme a Teoria Abstrata da
ação.

A doutrina costuma separar os pressupostos processuais em 2 grandes grupos:


a) Existência
b) Validade

Só posso falar de validade se o processo já existe. A validade pressupõe a


existência. Ex. ato inexistente não pode ser nulo, pois ele tem que existir para
ser inválido.
1) É um órgão investido de jurisdição.
2) Demanda – ato inicial
Existência
3)Capacidade de ser parte
(personalidade judiciária/processual)
Pressupostos do
processo
Pessoa Jur/ Fis
Validade Outros...

Alguns autores entendem que não se deve usar o termo pressuposto de


validade, mas sim requisito de validade. Pressuposto deveria se restringir a
existência; validade deveria ser requisito.
Prova pode perguntar: “fale sobre os pressupostos e requisitos processuais”

Pressupostos – existência
Requisitos – validade
Mas geralmente nas provas só usa o termo “requisitos” para ambos.

A doutrina atual entende que em relação aos pressupostos de validade deve


ser aplicado todo o sistema de invalidade do processo. Na prática significa que
se falta pressuposto de validade, mas não causa prejuízo, não deve invalidar.

Instrumentalidade Substancial das Formas - se não há prejuízo não há


invalidade. É o Princípio da Instrumentalidade das Formas reforçada, pois
aplica-se a uma falta de pressuposto processual. Art.249, §1º CPC

§ 1o O ato não se repetirá nem se Ihe suprirá a falta quando não prejudicar a parte.

1) Pressupostos de Existência:
i) Órgão investido de jurisdição.
ii) Demanda – é um ato inicial que começa por provocação.
iii) Capacidade de ser parte (personalidade judiciária/processual): é a
aptidão de ser parte de um processo. Trata-se de um atributo absoluto. Tem
capacidade para ser parte:
o Pessoas: naturais e Jurídicas
o Outros:
 Órgãos: MP, Procon. Defensoria, TCU
 Comunidade Indígena
 Nascituro
 Condomínio
 Massa falida
 Espolio
 Herança Jacente
 Nondum Conceptos: filhos não concebidos
Obs. A pessoa natural adquire personalidade jurídica (capacidade de direito) a partir do
nascimento com vida (cf. artigo 2º, do Código Civil) – teoria natalista. Sendo assim, é correto
afirmar que o nascituro, porque ainda não nasceu com vida, não detém personalidade jurídica
(equivale a capacidade de direito), mas detém capacidade de ser parte no processo.
Capacidade de ser parte no processo é diferente de capacidade de fato, pois esta é a
possibilidade da pessoal praticar atos da vida civil sem necessidade de ser intervenção de
terceiro.

Obs. Existem alguns sujeitos que não têm personalidade jurídica (civil), mas que podem ser
parte no processo. Nesse caso, dizemos que gozam de personalidade judiciária.
Exemplos: Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunais de Justiça, Tribunais de Contas,
Procon, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais, nascituro, massa falida, comunidade
indígena.

 Quem não pode ser parte?


 Coletividades humanas desorganizadas. Embora sejam sujeitos de
direito não podem ser parte. Ex. gaúchos, baiano, vítimas de Chernobyl
etc.
.
Polêmica no Direito:
1) Abolicionismo Animal: proibição de briga de galo, regulamentação de
viveiros de aves, etc.
 Os animais podem ser parte?
R. No passado era muito comum processar o animal. Com o advento do
racionalismo do Século XIX, como animal não é sujeito de direito ele não pode
ser parte.
Atualmente, está havendo um movimento de “humanização dos animais”. Ex.
HC impetrado em favor de um gorila. A extinção foi por perda de objeto, pois
ele morreu.

Há uma corrente séria de que os grandes primatas devem ser tratados como
sujeito de direitos incapazes. São eles: Gorilas, Chipanzés, Orangotango,
Bonogo.

2) O Morto como parte:


 O Morto pode ser parte?
R. Prevalece no Brasil o entendimento de que o morto não pode ser parte.
Entretanto, há um entendimento pacífico na jurisprudência de que o
natimorto tem direito de ser enterrado, e direito a ter um nome. Significa
que a personalidade se projeta além da morte. Isso é um contrasenso ao fato
da personalidade acabar com a morte (os direitos da personalidade são
garantidos desde a concepção).
Outro ponto polêmico é o fato do Non Contraceptus, que sequer foi concebido,
ter direito a ser parte.

Aula 12 – 01/04/2013

3) Pressupostos de Validade (o processo já existe):


Competência

Juiz
Imparcialidade

Subjetivos Capacidade Processual


Parte
Capacidade Postulatória
Pressupostos de
validade Intrínsecos

Objetivos
Extrínsecos

2.1) Pressupostos SUBJETIVOS:

I) Capacidade Processual:

Capacidade processual é a capacidade para os atos processuais sozinho,


independentemente de representante (se assemelha a capacidade de fato,
mas a capacidade processual diz respeito ao processo). A capacidade
processual está para o processo, assim como a capacidade civil está para a
vida civil.

Pressupostos Processuais
Capacidade de ser parte Capacidade processual
Personalidade judiciária/ processual ≠
Capacidade judiciária se assemelha a Capacidade de fato
(existência) (validade)

A regra é a de que quem tem capacidade civil tem capacidade processual, mas
é possível imaginar quem tenha a capacidade civil e não tenha capacidade
processual ou quem tenha capacidade processual e não tenha capacidade
civil. Assim, a capacidade civil e processual são autônomas.

Capacidade Civil ≠ Capacidade processual

Ex.1.uma pessoa casada tem capacidade civil, mas em alguns casos tem a
capacidade processual restringida.
Ex.2. adolescente de 17 anos não tem capacidade civil, mas sendo ele eleitor,
pode entrar com ação popular (tem capacidade processual sem ter capacidade
civil).
Ex.3. o preso tem capacidade civil, mas não tem capacidade processual nos
juizados.

 O que acontece se falta a capacidade processual?


R. Diante da falta de capacidade processual o juiz tem de intimar a parte para
regularizar a sua capacidade processual. Se a parte não regularizar, haverá
uma segunda conseqüência que vai variar conforme a parte (art.13 CPC):
 Se for o autor, o processo será extinto sem resolução do mérito.
 Se foi o réu, o processo segue a sua revelia.
 Se foi um terceiro, este é expulso do processo.

Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das


partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.
(não tem prazo definido
Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:
I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
II - ao réu, reputar-se-á revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo.

II) Capacidade Processual das Pessoas Jurídicas:

Pessoas Jurídicas são entes capazes.


Costuma-se dizer que “as pessoas jurídicas são representadas em
juízo”, logo seriam pessoas incapazes. Ex. presidente/sócio/administrador
representa a Pessoa Jurídica”.
Entretanto, este entendimento é equivocado, pois a pessoa jurídica é
capaz.
Na representação, há sempre 2 sujeitos: representante e representado
(Ex. mãe e guri).
Quando o sócio de uma pessoa jurídica assina um cheque ele está
agindo como órgão da pessoa jurídica.
Como a pessoa jurídica é uma criação /uma idéia, ela existe através de seus
órgãos. A relação entre a pessoa jurídica e seus órgãos é uma relação de
presentação. Não se trata de representação, mas presentação, pois o
agente é a própria pessoal jurídica.

Ex. o Promotor de Justiça presenta o Ministério Público.


Ex. já o empregado representa a pessoa jurídica (ele precisa da carta de
preposição); o sócio já não precisa de carta agindo como órgão da pessoa
jurídica, então ele presenta.

Obs. na relação Estado com seus agentes públicos, o Brasil adota a Teoria da
Imputação ou Teoria do órgão: A vontade do órgão ou do agente é imputada
à pessoa jurídica a cuja estrutura pertence, ou seja, a vontade do agente se
confunde com a vontade do órgão.

III) Curador Especial:

Curador especial é um representante de um incapaz processual. É especial,


porque é um representante só para um determinado processo, designado pelo
juiz da causa. Trata-se de um representante ad doc representa o incapaz
apenas enquanto pendente aquele processo. É diferente do representante
geral, que representa o sujeito para todos os atos da vida civil, seja dentro ou
fora de juízo.
É função institucional da defensoria pública exercer a curatela especial.
Caso não exista defensor público na comarca, o juiz designa qualquer pessoa
capaz para ser curador (na prática o juiz designa um advogado, mas não é
obrigatório que o seja).
O curador especial pode defender os interesses do curatelado (recorrer,
contestar, replicar, entrar com embargos a execução). Vide Súmula 196 STJ:

Súmula 196
AO EXECUTADO QUE, CITADO POR EDITAL OU POR HORA CERTA, PERMANECER
REVEL, SERA NOMEADO CURADOR ESPECIAL, COM LEGITIMIDADE PARA
APRESENTAÇÃO DE EMBARGOS

O curador não pode reconvir, denunciar a lide, pois nessas hipóteses não se
está defendendo, mas demandando em juízo. Assim, o curador não pode
demandar, mas somente defender.
O curador especial não é parte, mas representa a parte; a parte é o
curatelado.

Hipóteses de nomeação do curador especial: (art.9ºCPC)


Art. 9o O juiz dará curador especial:
I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os
daquele;
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de
ausentes, a este competirá a função de curador especial.

a) Ao incapaz sem representante legal/colisão de interesses entre incapaz


e o seu representante.
Ex. o espólio é incapaz e é representado pelo inventariante. A inventariante
(viúva) entra com ação contra o espólio.

b) Réu preso é alguém considerado como incapaz processual. Além de


preso, ele também não deve ter procurador nos autos.
c) Réu revel citado por edital ou por hora certa tem direito a curador.
Citação por edital e por hora certa são citações fictas.

IV) Capacidade Processual das Pessoas casadas:


A regra é que as pessoas casadas possuem capacidade processual, mas há
situações peculiares que são divididas em 3 grupos:

i) Pessoa casada está no pólo ativo:


Se um cônjuge quer entrar com ação real imobiliária ele precisa do
consentimento/ autorização do outro cônjuge. Não se trata de uma exigência
para ambos serem litisconsortes.
Assim, um cônjuge pode propor ação sozinho, desde que o outro consinta.
Vide art.10 CPC c/c art.1647CC:

Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que
versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: (Parágrafo único
renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
I - reais imobiliárias; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por
eles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de
recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre
imóveis de um ou de ambos os cônjuges.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados.(Incluído pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta (= separação convencional):
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar
futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou
estabelecerem economia separada.

O Código Civil dispensa essa consentimento se for em regime de separação


absoluta.

Obs. observar os arts. 977 e 978 do CC.

Pode acontecer do consentimento não poder ser dado (ex. sujeito em coma,
auto mar, em guerra) ou o consentimento não foi dado sem justificativa.
Neste caso, o juiz (de família) pode suprir o consentimento através de ação de
jurisdição voluntária.
Se o juiz se depara em uma ação com a falta do consentimento, deve o juiz
intimar o cônjuge preterido, para que este decida o que fazer. O silêncio do
cônjuge preterido significa anuência.

 Essas regras de consentimento se aplicam à união estável?


R. Não, porque o instituto de casamento e união estável são diferentes. Caso
fossem equiparados neste caso, daria margem a abusos, pois ao contrário do
casamento, a União estável não tem data certa do início. Assim, poderia o
sujeito observando que vai perder a ação alegar a falta de consentimento do
companheiro da outra parte para atrasar a ação.
O projeto de novo código deixa expressamente que o consentimento não se
aplica ao companheiro.

ii) Pessoa casada está no pólo passivo:


Nos casos a seguir expostos, a lei exige a presença de ambos os cônjuges no
pólo passivo da ação (litisconsórcio passivo necessário). Estão previstos no
art.10,§1º CPC.
Para Didier é um parágrafo muito obsoleto, pois a época que foi criado se dava
desta forma. Entretanto deve ser interpretado da seguinte forma:
Há litisconsórcio necessário:
 Quando se tratar de ação real imobiliária contra o cônjuge, o outro
tem que ser citado.

 Ações para Cobrança de algumas obrigações solidárias envolvendo


cônjuge:
- Obrigações solidárias decorrentes de atos ilícitos praticados
por ambos os cônjuges. Ambos respondem solidariamente, e
ambos devem estar no pólo passivo.
- Obrigação solidária relativa à dívida contraída por um cônjuge
para fazer frente a economia doméstica. Ex. compras de
supermercado.

Atenção! Apesar dessas hipóteses serem de solidariedade, a lei exige que


haja litisconsórcio necessário.

iii) Problema nas Ações Possessórias:


Caso trate do pólo ativo o consentimento só é exigido se houver composse.
Caso trate do pólo passivo, o litisconsórcio só será exigido se tratar de ato (ex.
esbulho/turbação) praticado por ambos. Vide. Art.10, §2º CC.

Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que
versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: (Parágrafo único
renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por
eles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de
recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre
imóveis de um ou de ambos os cônjuges.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1.10.1973)
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados.(Incluído pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)

(Tabela para revisão)


Pessoa casada está no Pessoa casada está no Problema nas Ações
pólo ativo pólo passivo Possessórias
Se um cônjuge quer Há litisconsórcio Pólo ativo: o
entrar com ação real necessário: consentimento só é
imobiliária ele precisa  Quando se tratar de exigido se houver
do consentimento/ ação real imobiliária composse.
autorização do outro contra o cônjuge, o Pólo passivo: o
cônjuge. outro tem que ser litisconsórcio só se exige
citado. se se tratar de ato
 Ações para Cobrança praticado por ambos.
de algumas obrigações
solidárias envolvendo
cônjuge:
- Obrigação solidária
decorrente de atos ilícitos
praticados por ambos os
cônjuges. Ambos respondem
solidariamente, e ambos
devem ser estar no pólo
passivo.
- Obrigação solidária
relativa: a dívida contraída
por um cônjuge para fazer
frente a economia doméstica.

V) Capacidade Postulatória:
Alguns atos processuais exigem além da capacidade processual uma outra
capacidade: a capacidade técnica chamada de capacidade postulatória.
A capacidade postulatória é a capacidade exigida para a prática de atos
postulatórios. No Brasil, a capacidade postulatória é do membro do Ministério
Público, Defensor Público ou advogado.

Capacidade Processual ≠ Capacidade Postulatória

Regra: um leigo, embora tenha capacidade civil, deve contratar um advogado


para a prática de atos postulatórios.
Exceções: há casos em que a lei dispensa a presença do advogado
autorizando que leigos possam postular sem advogado. É o que ocorre em:
 juizados especiais em 1ª instância até 20 salários mínimos;
 Habeas Corpus
 Justiça do Trabalho
 Governador do Estado tem capacidade para uma ADI/ADC.
 Se na comarca não houver advogado ou se todos os advogados que
existirem se recusarem a aceitar a causa. Art.36 CPC
 Ação de Alimentos – pode pedir sem advogado, mas depois juiz designa
ou pede para constituir um.
 Mulher que se afirma vítima de violência doméstica pode pleitear
medidas protetivas sem advogado.

Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á
lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no
caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver.

Problemas:
 Qual é a natureza do ato praticado sem a capacidade
postulatória/sem advogado quando ele é exigido?
R. Neste caso, estamos diante de um ato praticado por um incapaz. Se o ato
é praticado por agente incapaz, este ato é nulo (Art.4º do Estatuto da OAB).
Por isso a capacidade postulatória é pressuposto de validade.

 Qual a natureza do ato praticado por advogado sem
procuração?
R. Perceba que este problema não diz respeito à falta de capacidade
postulatória, pois o ato foi praticado por quem tem capacidade postulatória,
mas sem procuração. É um ato que existe, é um ato válido, mas ele não
produz efeito para o suposto representado enquanto ele não o ratificar.
É preciso que o suposto representado ratifique este ato, sob pena de
não produzir efeitos para ele, mas tão somente para o advogado. É como
se o advogado estivesse postulando em causa própria (postulando ad
causam). Para Didier, o art.662 CC expressa de forma correta este
entendimento:

Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes,
são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à
data do ato.

Entretanto o art.37 p. único CPC é péssimo, pois disciplina que o ato tem que
ser ratificado, mas caso não seja, será inexistente. Há um problema, pois
como um ato que pode ser ratificado; autorizar perdas e danos e ao mesmo
temo ser inexistente? Há uma aberração técnica. Como o CC é posterior ao
CPC, entende-se que houve revogação deste dispositivo:

Art.37 Parágrafo único CPC. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes,
respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.

Entretanto, a súmula 115 STJ tem por base o art.37, p. único do CPC, e de
igual forma demonstra-se equivocado.
Súmula 115
NA INSTANCIA ESPECIAL É INEXISTENTE RECURSO INTERPOSTO POR ADVOGADO
SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS
Doutrina Minoritária: Para alguns doutrinadores brasileiros (Arruda Alvim e
Tereza Wambier), o §único do art.37 consagra a capacidade postulatória
como pressuposto de existência do processo.
Para Didier isso é um absurdo por 2 motivos:
 O §único do art.37 CPC não trata de capacidade postulatória.
 Interpretar literalmente este dispositivo é um equívoco.

Entretanto, já houve concurso que adotou este entendimento grosseiro. Com


isso terminamos os pressupostos objetivos conforme as partes.

2.2) Pressupostos OBJETIVOS:

1) Pressupostos intrínsecos:
Os pressupostos intrínsecos dizem respeito ao procedimento. É o respeito ao
procedimento.
Ex. a petição tem que ser apta; documentos indispensáveis tem que ser
juntados; as custas têm que ser juntadas; a citação deve ser feita.

1.1) Citação como pressuposto de eficácia do processo:


A citação comunica e convoca. Ela dá ciência e convoca para se defender. Por
isso, a citação faz com que o processo que já existe/ já foi instaurado seja
eficaz em relação ao réu. Neste sentido a citação é condição de eficácia do
processo para o réu e é um requisito de validade da sentença proferida
contra o réu.
Assim, citação não é pressuposto de existência, pois o processo existe
antes da citação. A citação é inclusive um ato processual.

Citação:
Condição de eficácia do processo para o réu
Requisito de validade da sentença proferida contra o réu.

Para os Processualistas da PUC de São Paula, citação é pressuposto de


existência (Arruda Alvim, Teresa Wambier, etc.).

Vícios Transrescisórios: São defeitos que comprometem a validade da


sentença, que pode ser invalidada mesmo após o prazo de rescisória. São
casos em que o legislador reputa muito grave, de modo que a sentença pode
ser impugnada a qualquer tempo. Está prevista no art.475-L,I e 741,I.
O instrumento para invalidar a sentença nestes casos é a querela nullitatis:
ela só cabe em 2 hipóteses:
Sentença proferida contra réu revel:
a) Que não foi citado
b) Que foi citado invalidamente
Para os doutrinadores da PUC, a querela nulitatis é uma ação declaratória de
inexistência do processo.
Entretanto, para Didier, é uma ação para invalidar o processo.

Dica! No concurso público, ir no site “cnpq.br” e acessar a “plataforma lates” e


pesquisar o nome do examinador. Se o sujeito fez mestrado/doutorado na PUC
há uma tendência para ele ter este entendimento.

A querela nulitatis pode ser veiculada por:


 execução,
 por exceção de pré-executividade
 por ação autônoma.
Exemplo de querela na ação autônoma: houve um Estado no Brasil que foi
condenado sem ter sido citado. Ele não falou nada durante a execução. O MP
entrou com uma ação civil pública para invalidar a ação autônoma de querela
nulitatis, pois o Estado não tinha sido citado.

Atenção! Não há nulidade se não houver prejuízo. Se o sujeito apareceu


voluntariamente não há nulidade.

2) Pressupostos Extínsecos/ Negativos ou Impedimentos


Processuais.
São fatos estranhos ao processo (extrínsecos) que não podem acontecer (por
isso negativos) para que o processo seja válido.
O pressuposto é a inexistência, ou seja, é negativo, pois não pode ocorrer, sob
pena do processo seja inválido.

Ex. Não pode haver litispendência para que o processo seja válido
Ex. Inexistência de coisa julgada.
Ex. Inexistência de convenção de arbitragem.

Para Barbosa Moreira (entendimento minoritário) tem uma visão peculiar, pois
entende que os pressupostos extrínsecos são condições da ação.

LISTISCONSÓRCIO

1) Conceito: Há litisconsórcio quando há pluralidade de sujeitos em um


dos pólos do processo.

2) Classificação do Litisconsórcio (cai muito):

2.1) Ativo, Passivo e Misto:


 Ativo: no pólo ativo
 Passivo: no pólo passivo
 Misto: em ambos os pólos

2.2) Litisconsórcio Inicial e Ulterior:


 Litisconsórcio Inicial: Se forma concomitantemente ao processo. Ele já
nasce em litisconsórcio (mais de 1 pessoa demandando ou demandou
para mais de uma pessoa).
 Litisconsórcio Ulterior: o processo já está ocorrendo e ele se forma na
pendência do processo. Ele só pode surgir em 3 situações:
o A conexão: ao gerar a reunião dos processos, pode gerar
litisconsórcio.
o A sucessão: morre uma parte e os herdeiros assumem
esta posição.
o As intervenções de 3º: podem gerar o litisconsórcio
superveniente, mas nem todas geram.

Exemplos de intervenção de 3º que geram litisconsórcio superveniente:


*Assistência litisconsorcial,
*Denunciação a lide,
*Chamamento ao processo,
*Oposição.

Aula 13

2.3) Litisconsórcio Unitário e Simples:


É uma classificação de acordo com a relação jurídica discutida em juízo
(discutir em relação ao direito material).

 Litisconsórcio Unitário: há litisconsórcio sempre que a decisão de


mérito tiver de ser a mesma para todos os litisconsortes. A relação
discutida não permite decisão diferente para os litisconsortes.

 Litisconsórcio Simples: a decisão de mérito pode ser diferente para


todos os litisconsortes.
A mera possibilidade de a decisão ser diferente já torna o litisconsórcio simples.
Assim, se o juiz puder decidir de forma diferente uma decisão de mérito há um
litisconsórcio simples.

Para identificar no caso prático qual é o litisconsórcio (simples ou unitário),


aplica-se o MILU:

MILU – Método de identificação do Litisconsórcio Unitário. É o método que


consiste em 2 perguntas nesta ordem:
1) Os litisconsortes estão discutindo uma única relação jurídica?
R. Se a resposta for não (eles discutem mais de uma relação jurídica) o
litisconsórcio é simples e nem precisa fazer a 2ª pergunta.
Se por ventura a resposta for sim, eles estão discutindo uma relação jurídica,
deve prosseguir para a 2ª pergunta.

2) Esta única relação jurídica discutida é indivisível?


R.Se a resposta for sim (ela é indivisível), o litisconsórcio é unitário. A relação
jurídica é a mesma no litisconsórcio unitário.
Se a resposta for não ( a relação jurídica é divisível), o litisconsórcio é simples.
MILU

1) Os litisconsortes estão discutindo 1 única


relação jurídica?

NÃO
SIM

2) Esta única relação jurídica


discutida é indivisível?

SIM NÃO

Litisconsórcio Litisconsórcio
Unitário Simples

Ex.01: imagine o litisconsórcio entre 2 condôminos para a proteção de


um condomínio. Trata-se de litisconsórcio unitário, pois há a discussão de uma
relação jurídica e ela não pode ser dividida.

Litisconsórcio Unitário está intimamente relacionado com a


colegitimação/legitimação concorrente.

Ex.02: imagina o MP em litisconsórcio com o guri em uma ação de


alimentos. Existe apenas uma relação jurídica e não tem como fracionar a
relação, pois o credor é apenas o guri.

Sempre que houver um litisconsórcio entre o legitimado ordinário e


legitimado extraordinário, esse litisconsórcio será unitário.

Ex.03: imagine 2 Ministérios Públicos em litisconsórcio em uma ação


coletiva (p. ex. estadual e federal). Trata-se de um litisconsórcio unitário, pois
há a discussão de uma relação jurídica, a tutela da coletividade é sempre
indivisível.
Toda tutela coletiva é indivisível, pois todos ali envolvidos são os
mesmos.
Sempre que 2 legitimados extraordinários estiverem em litisconsórcio,
este litisconsórcio será unitário.

Ex.04: imagine 2 credores solidários cobrando uma dívida em


litisconsórcio. Há uma relação jurídica. A obrigação solidária é uma, mas o
litisconsórcio pode ser divisível ou indivisível. Assim, a resposta é “depende”,
pois ela depende se for divisível ou indivisível.
a) Obrigação solidária indivisível: entregar um cavalo
b) Obrigação solidária divisível: entregar dinheiro – litisconsórcio

O problema é que a tendência é acreditar que o litisconsórcio solidário é


apenas de dinheiro.

 A solidariedade implica a unitariedade.


R. Errado. Ela pode implicar unitariedade, mas não necessariamente.

Nem toda obrigação solidária é de dinheiro.


A solidariedade implica em litisconsórcio unitário.

Ex. 5: 10 sócios do Clube de Futebol Bahia entram com ação de danos


morais em face do clube em razão de uma partida de futebol. Há 10 relações
jurídicas sendo discutidas, tendo uma origem comum. Por serem relações
jurídicas distintas, o litisconsórcio é simples.
O juiz deve observar a lesão de cada torcedor (é o caso que cai mais em
concurso), pois a decisão não precisa ser a mesma para todos.
Vários contribuintes entram contra o município para não pagar tributo.
Vários servidores pleiteiam reajuste de seu salário em razão da inflação.

Nas ações repetitivas cabe o litisconsórcio simples.

Ex. 06: anular um contrato, e ínsita os contratantes no pólo passivo, ou


anula para ambos ou não anula pra ninguém.

Se há um litisconsórcio em uma ação constitutiva, este litisconsórcio é


unitário.

Ex.07: João e José cobram em uma ação em que pedem dinheiro


(simples) e a ordem de despejo (unitário).
Pode acontecer de um único processo haver 2 pedidos.
Pode acontecer de um litisconsórcio dizer respeito a apenas um pedido.
Pode acontecer de um mesmo litisconsórcio, um pedido dizer respeito a um
litisconsórcio unitário e o outro pedido disser respeito a um litisconsórcio
simples.
A análise do litisconsórcio deve ser feita a luz de cada pedido. Pode acontecer
em um litisconsórcio possuir mais de um pedido, sendo um deles unitário e o
outro simples.

Se identificarmos que o litisconsórcio é unitário ou simples poderemos saber o


regime de tratamento dos litisconsortes reciprocamente.
Caso seja litisconsórcio unitário, os litisconsortes deverão ser tratados como
uma única pessoa, ou seja, embora haja várias pessoas, devem ser tratados
uniformemente.

Caso seja litisconsórcio simples, cada um deles será tratado separadamente.

Litisconsórcio unitário: tratamentos uniforme/ como se houvesse 1


pessoa.
Litisconsórcio simples: tratamento separado/ como se houvesse 2 ou
mais pessoas.

Clássico concursal:
Para melhor análise é preciso fazer a distinção entre:
 Conduta alternativa: é toda conduta que a parte pratica cujo propósito
é melhorar a sua situação no processo. Chama-se alternativa, pois o
fato de praticá-la não significa que a sua ação será acolhida.
Ex. recorrer, alegar, impugnar, contestar.

 Conduta determinante: é aquela que tem por efeito determinar uma


posição desfavorável a quem a pratica.
Ex. confessar, não recorrer, desistir, reconhecer a procedência do
pedido, não contestar.

Com base nesta distinção, surgem 3 regras:


i) conduta determinante de um litisconsorte não prejudica o outro.
Se o litisconsórcio for simples, a conduta determinante só prejudica a
aquele que praticou a conduta.
Se o litisconsórcio for unitário, a conduta determinante só é eficaz se todas
a praticarem. Assim, se apenas um a praticar, não haverá efeito contra este,
a menos que todos o façam.

ii) conduta alternativa de um litisconsorte unitário aproveita outro. A


contestação de um litisconsórcio unitário aproveita a todos.

iii) conduta alternativa de litisconsorte simples não beneficia/se


estende ao outro. Ex. se um recorre, só ao recorrente beneficia.
Entretanto, esta regra iii possui algumas mitigações nos casos de revelia,
produção de provas e recursos (que veremos mais a frente).

Vide art. 48 CPC:


Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas relações
com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não prejudicarão
nem beneficiarão os outros.
2.4) Litisconsórcio quanto a comunhão, conexão e afinidade.

2.4.1) Classificação de acordo com a causa do litisconsórcio:

Os mais antigos chamavam de “as três figuras do litisconsórcio”. Pode ser


em razão:

 da comunhão

 da conexão

 da afinidade

A comunhão é quando discutem a mesma relação.


Ex. o litisconsórcio por comunhão possuem o mesmo interesse

A conexão é quando possuem interesses distintos, mas objetivam o


mesmo fim.
Ex. MP e incapaz – o MP tem interesse institucional de proteger incapazes e o
guri quer alimentos.
Ex. Mãe e Filho – Mãe quer dividir despesas do parto, mas guri quer
investigação de paternidade.

A afinidade os interesses são distintos, mas se parecem. São interesses


parecidos, mas não ligados entre si.
Ex. casos repetitivos.
Ex. Huguinho, Zezinho e Luizinho entram com ação de reconhecimento de
paternidade contra Tio Patinhas.

Essas situações repetitivas tratam dos direitos individuais homogêneos.


Eles podem ser objeto de uma ação coletiva ou podem ser pleiteados
individualmente.
Ex. ação de correção monetária do Plano Collor – se a ação for coletiva pois o
pedido é indivisível “condene o réu a ressarcir as vítimas”.

A tutela coletiva, mesmo para ações individuais coletivas é sempre indivisível.


Trata-se do grupo das vítimas na ação de conhecimento. Já na execução, cada
um poderá fazer individualmente.

Existe a tutela individual de direitos individuais de direitos homogêneos em que


o litisconsórcio é permitido (por afinidade).
Existe a tutela coletiva de direitos individuais homogêneos é sempre indivisível.
O litisconsórcio que por ventura se forma neste caso será sempre unitário.

Vide art. 46
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou
passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

Inciso I – Comunhão
Inciso II e III – Conexão
Inciso IV – Afinidade.

(tabela para revisão)


Metaindividuai Pessoas/ Vínculo Objeto Exemplo
s Sujeitos
Direitos ou Indivisível Dano ambiental
interesses Indeterminada Fático
difusos s
Direitos ou Determinadas Indivisível Contrato com cláusula
interesses ou Jurídic abusiva.
coletivos determináveis o
Direitos ou Determinadas Compra de produto com
interesses ou Fático Divisível vício, defeito. Ex. corolla
individuais determináveis. Toyota com defeito de
homogêneos fábrica.

2.4.2) Litisconsórcio Multitudinário:


Essas 03 figuras de litisconsórcio já existem há muito tempo. No Código
de 1939, o litisconsórcio por afinidade ativa era recusável pelo réu. Significa
que se autores se litisconsorciassem em razão de afinidade, o réu poderia se
recusar isso (era direito potestativo do réu). Por isso que o litisconsórcio por
afinidade no Código de 1939 era chamado de “litisconsórcio facultativo
impróprio”.
O Código de 1973 eliminou a possibilidade de recusa do réu do
litisconsórcio por afinidade.
Na década de 80 surgiu a idéia de litisconsórcio multitudinário (multidão).
No pólo ativo encontrava-se uma multidão. Ex. 700 empregados contra
empresa.
Por isso, em 1994, o legislador voltou com a idéia do réu ter a faculdade
de admitir ou não o litisconsórcio ativo por afinidade (multitudinário).
Se fosse obrigado, o réu não teria condições de se defender (p. ex. responder/
recorrer em apenas 15 dias) a todas essas pessoas em um mesmo prazo.
Vide art.46, §único. CPC

Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de


litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O
pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.
(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Atenção! A recusa do litisconsórcio por afinidade deve ser decidida pelo juiz e
se fundar em 2 questões:
 comprometer a rápida solução do litígio ou
 dificultar a defesa.

Esse pedido de limitação interrompe o prazo para a defesa (pegadinha de


concurso coloca suspende). Aqui começa o prazo de defesa do zero. A decisão
do juiz que limita ou não limita é impugnável por agravo de instrumento.

Caso o juiz desmembre o processo, as partes “desmembradas” terão que se


reorganizarem em outra ação.

Questões de Concurso:
 Existe entre nós o litisconsórcio facultativo impróprio?
R. Sim, desde que seja nestes termos, ou seja, não basta a vontade do réu
(código de 73), mas conforme os requisitos do art.46, §único CPC.

 O juiz pode limitar de ofício?


R. Sim. O §único do art.46 trata do litisconsórcio por afinidade multitudinário.
Não é porque é por afinidade que será facultativo.

Essas ações repetitivas são situações individuais que se repetem no mesmo


padrão (direitos individuais homogêneos) podem propor a ação
individualmente (cada um pedindo a sua) ou em litisconsórcio.
O nosso direito criou uma 3ª possibilidade que é a possibilidade de tutela
coletiva desses direitos (através dos legitimados da tutela coletiva –
associação, Defensoria, MP) com um única tese.
Ex. ação coletiva pleiteando o ressarcimento do Plano Collor I. Chama-se ação
coletiva para direitos individuais homogêneos. Se assim for, haverá um
litisconsórcio unitário por comunhão, pois há a discussão da mesma coisa.

Assim, nas ações repetitivas poderá ser:


 Individual (litisconsórcio simples e por afinidade)
 Litisconsórcio
 Coletiva para direitos individuais homogêneos

2.5) Litisconsórcio Necessário e Facultativo:

A designação é auto-explicativa.
o Litisconsórcio necessário é aquele cuja formação é obrigatória.
o Litisconsórcio facultativo é aquele cuja formação é uma opção.

O problema é saber no caso concreto quando é necessário e quando é


facultativo. O Código é muito confuso, por isso no novo CPC ele está sendo
todo reestruturado.
A tutela de direito de grupo é sempre indivisível, ou seja, é sempre unitário.
Não confundir com direitos dos membros dos grupos. Neste caso, como são
vários direitos, há várias relações jurídicas.
O litisconsórcio é necessário quando for:
o Unitário
o Quando a lei expressamente o impuser.

Exemplos de litisconsórcio necessário por expressa previsão legal:


Ex.1: Litisconsórcio entre os vizinhos na ação de usucapião de imóveis.
Ex. 2:Litisconsórcio dos vizinhos na ação de demarcação de terras.
Ex.3: Litisconsórcio entre cônjuges.

o Unitário
Litisconsórcio
Necessário
o Quando a lei expressamente o impuser.

Assim, o litisconsórcio necessário por força de lei tende a ser simples, pois se
for unitário entraria na regra geral. Ex. ação popular; ação de usucapião.
Existe litisconsórcio facultativo unitário. Existe unitário que não é necessário.

Assim:

Nem todo o litisconsórcio necessário é unitário (existe litisconsórcio


necessário simples)

Nem todo litisconsórcio unitário é necessário (existe litisconsórcio


unitário facultativo)

 Como distinguir no caso concreto?


Deve-se partir da seguinte premissa: não existe litisconsórcio necessário
ativo.
Assim, não há a possibilidade de uma pessoa ir a juízo só se outra for, pois não
posso obrigar ninguém a demandar.

Atenção! No caso dos cônjuges há a necessidade de consentimento e não de


litisconsórcio do outro cônjuge.
Se não existe necessário ativo todo o unitário ativo vai ser facultativo

Não existe litisconsórcio necessário ativo. O litisconsórcio ativo será


sempre facultativo.

Os exemplos 1, 2 e 3 antes mencionados são exemplos de litisconsórcio


unitário facultativo.

Existem apenas 2 tipos de litisconsórcio unitário passivo e facultativo. Mais a


frente falaremos deles.
Posição específica de Nelson Nery: existe litisconsórcio necessário ativo nos
casos de co-titularidade de direito indivisível. Entretanto se um desses co-
titulares não quiser demandar, este vira réu e o outro co-titular pode ir sozinho
como autor. Assim, basta que todos os co-titulares figurem na ação
Ex. A e B são co-titulares de um direito indivisível contra C.
A e B devem demandar conjuntamente contra C.
Caso B não queira demandar, A poderá fazê-lo sozinho, desde que B figure no
pólo passivo com C.

Tese de Nelson Nery:

B recusa
A B
X C A X
B C

O novo código prevê que só existe litisconsórcio necessário passivo.


No concurso tem que observar a pergunta que foi feita para responder
corretamente.
Nos casos de litisconsórcio facultativo unitário, o juiz deve intimar o
possível litisconsórcio facultativo unitário, para que ele tome a iniciativa
que achar melhor. A intimação é importante para evitar que posteriormente este
tumultue o processo (Princípio do Contraditório e Duração Razoável do
Processo). Esta intimação está expressa no novo CPC, apesar do CPC atual
não prever isso.

 A coisa julgada atinge o possível litisconsorte unitário (caso de coisa


julgada que atinge 3º)?
R. Existem 3 correntes:
1ªc) majoritária: sim, atinge. Por isso que a intimação é recomendável.
(Barbosa Moreira, Didier e Ada Pelegrini - Ada mudou de entendimento
recentemente e passou a adotar este entendimento).
2ªc) Não vincula nunca (concepção de Leonardo Talamini).
3ªc) Só se estende se for para beneficiar (Leonardo Greco).

Didier justifica a 1ª corrente, pois é unitário/indivisível. Assim, a sentença não


poderia ser feita de forma diversa. Não poderia haver a possibilidade do réu
responder mais de uma vez sobre o mesmo fato.

Vide esquema da Ampulheta:

Unitário Necessário

Simples Facultativo

Todas as combinações das classificações anteriores são possíveis (12 tipos),


exceto necessário ativo.
 Disserte sobre a defesa de direitos coletivos e a defesa coletiva de
direitos.
R. É um jogo de palavras que Zavascki no STF fez em um texto.
Defesa de direitos coletivos: são os direitos difusos.
Defesa coletiva de direitos: são os direitos individuais homogêneos. Apesar do
direito ser individual, faz-se através de uma ação coletiva para a tutela de
direitos individuais homogêneos.

3) Existem 2 assuntos correlatos ao assunto do Litisconsórcio. São eles:


 a intervenção iussu iudicis
 a intervenção litisconsorcial voluntária:
Nos direitos difusos (ação civil pública) o litisconsórcio é simples?

Aula 14: 15/04/2013

Assuntos Avulsos:

I) Intervenção Iussi Iudicis

Conceito: trata-se de intervenção de um 3º em processo alheio por


determinação do juiz. O CPC de 1939 previa a intervenção iussi iudicis de
maneira ampla e genérica. Já no CPC de 1973 ela foi restrita ao litisconsórcio
necessário não citado. Vide art.47 CPC.

Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação
jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a
eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo.
Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes
necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.

 Qual a natureza da sentença proferida sem a citação do


litisconsórcio necessário?
R. Depende.
Se não há citação do litisconsórcio necessário, mas ela é benéfica para ele,
a sentença é válida.
Se a sentença for desfavorável ao litisconsorte necessário não citado, aí
depende de novo:
o Caso não haja citação do litisconsorte unitário a sentença é nula.
o Caso não haja citação do litisconsorte simples, a sentença é nula
para ele, enquanto para os que foram citados é válida.

Apesar da restrição do CPC de 1973, a doutrina e a jurisprudência passaram a


alargar novamente a intervenção iussi iudicis para a outros casos:
 O juiz intimar o cônjuge preterido nas ações reais imobiliárias.
 O juiz intimar o possível litisconsorte facultativo unitário.
O projeto de novo Código volta a ampliar expressamente a intervenção iussi
iudicis, não como em 1939 que foi feita de forma ampla.

II) Intervenção Litisconsorcial voluntária:

Ela aparece nos livros com 2 acepções:


a) Equivale à chamada assistência litisconsorcial
Assistência litisconsorcial = Intervenção Litisconsorcial voluntária
Neste sentido vamos analisar posteriormente em intervenção de 3ºs.

b) Litisconsórcio facultativo ativo, ulterior, simples.


Alguém pede para intervir em processo alheio de modo a tornar-se
litisconsorte facultativo ativo ulterior simples.
Ex. processo em que um contribuinte pleiteia o não pagamento de determinado
tributo. Outro contribuinte requer a entrada no processo por estar em uma
situação semelhante, ou seja, pleiteia litisconsorte facultativo ativo ulterior
simples.

Ex. uma mulher de 25 anos entra com ação, pois quer fazer um concurso, mas
está impedida por edital. Outra mulher de 25 anos pede para ser litisconsorte.

Isso é muito comum na prática forense, pois é uma forma de escolher o juiz.

 É possível a Intervenção Litisconsorcial voluntária como


Litisconsórcio facultativo ativo ulterior simples?
R. Prevalece o entendimento que não é possível, pois seria uma burla ao
Princípio do Juiz Natural, tratando-se de ato ilícito. Encontramos diversos
julgados neste sentido.
Entretanto, tem acontecido um novo movimento doutrinário que passa a ver
essa situação com bons olhos em razão dos Princípios da Igualdade e
Economia.
Ex. Lei 12.016/09, Art.10, §2º:
§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.

Significa que a lei de MS permitiu o litisconsórcio até o despacho da petição


inicial.

Juiz Natural X Princípios da Igualdade e Economia.


Litisconsórcio eventual, sucessivo alternativo será falada em aula de petição
inicial

INTERVENÇÃO DE 3ºs

1) Conceitos fundamentais:

 Parte: é aquele sujeito que está no processo, com interesse.


 3º: é aquele que não é parte. Se opõe ao conceito de parte.
 Intervenção de 3º: é o ingresso de 3º em processo alheio tornando-se
parte.
Ex. uma testemunha intervém para ser testemunha.
Ex.2: um perito intervém para ser perito.

 Incidente do processo: é um procedimento novo que nasce de um


procedimento já existente e nele se incorpora, ou seja, passa a fazer
parte de um processo de onde surgiu. É como se fosse um galho de
uma árvore. Torna o processo mais gordo, mais complexo. Ex.
impugnação ao valor da causa, alegação de suspeição, impedimento (o
fato de ter outro nº de processo é de ordem meramente burocrática).

Assim, toda intervenção de 3º é um incidente do processo

 Processo incidente: é um processo novo que surge em razão de um


processo anterior, mas dele se desgarra (passa a ter vida própria) e nele
produz efeitos. Ele se desgarra da sua origem, mas nela produz efeitos.
Ex. ação cautelar incidental, mandado de segurança contra ato judicial,
embargos de 3º. É como se fosse um filhote do processo.

A intervenção de 3º, é um incidente do processo, enquanto embargos de 3º


é um processo incidente.

2) Classificação de Intervenção de 3ºs:

A intervenção de 3º quanto a iniciativa pode ser:


 Provocada ou Coacta: é aquela em que o 3º é trazido ao processo por
intervenção de alguém. Ex. denunciação da lide; o chamamento ao
processo; nomeação a autoria.

 Espontânea: é aquela em que o 3º pede para intervir. Ex: assistência,


oposição.

A intervenção quanto a postura do 3º pode ser:


 Ad Coadjuvando: o 3º intervém para ajudar uma das partes. Ex.
assistência
 Ad excludendum: o 3º intervém para se contrapor as partes

3) Fundamentos quanto a intervenção de 3º:

 O que justifica a intervenção de 3ºs? Por que ocorre?


R. Toda a intervenção de 3º tumultua o processo. Pode ser que um processo
atinja um 3º moralmente, economicamente, juridicamente etc.
Ex. Ronaldinho cobrando o 40 milhões do flamengo afeta moralmente um
torcedor.
Ex.3.Despejo repercute no sublocatário.
O legislador seleciona ou algumas condutas para permitir a intervenção.
Basicamente somente a repercussão jurídica permite a Intervenção de 3º, sob
os fundamentos de economia Processual e Contraditório.

4) Efeitos das Intervenções de 3º:

É o efeito de acrescentar ao processo um sujeito novo, ou seja, a


intervenção de 3ºs amplia subjetivamente o processo.
Às vezes a intervenção de 3ºs modifica subjetivamente. Ela gera uma
mudança subjetiva. Ex. nomeação a autoria há apenas uma modificação
subjetiva.
A intervenção de 3º pode ainda ampliar objetivamente um processo.
Há algumas intervenções de 3º que acrescentam ao processo demanda
nova (um novo pedido é incorporado ao processo). Trata-se de uma demanda
nova em um processo já existente. Ex. oposição; denunciação da lide.

5) Controle pelo juiz:

Toda a intervenção de 3º se submete ao controle pelo juiz. (é como o juiz fosse


um bilheteiro).
Art.51 CPC – a doutrina defende que não é porque o 3º pediu que
necessariamente ele vai entrar no processo. Não basta que o assistente
pleiteie e a outra parte não se oponha: é necessária a admissão de 3º pelo juiz.

Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será
deferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico
para intervir a bem do assistido, o juiz:

6) Cabimento da Intervenção de 3º:


São procedimentos que cabem no processo ordinário que é processo de
conhecimento.
No processo de execução e no processo cautelar existem intervenções de
3ºs próprias que estudaremos posteriormente no intensivo II.

No procedimento sumário só cabem assistência, recurso de 3º,


intervenção fundada em contrato de seguro.

Existem 2 espécies de intervenção que podem se fundar em contrato de


seguro:
a) Denunciação da lide.
b) Chamamento ao processo em causas de consumo.

(Questão) Admite-se denunciação da lide em procedimento sumário.


R. Falso. É uma pegadinha, pois só cabe denunciação da lide em contrato de
seguro em procedimento sumário.

(Questão) Admite-se chamamento ao processo em procedimento sumário.


R. Falso. Chamamento ao processo em regra não se funda em contrato de
seguro, mas nas causas de seguro admite-se o procedimento sumário.
Art.101,II, CDC:

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem


prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao
processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do
Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos
do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será
intimado a informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso
afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a
denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio
obrigatório com este.

Atenção! Nos juizados há uma proibição genérica da intervenção de 3ºs (art.


3º da Lei 9.099/95).

Intervenção de 3ºs em ADI, ADC e ADPF:


A lei proíbe expressamente intervenção de 3º em ADI, ADC e ADPF.
Esta proibição expressa advém de um entendimento tradicional do STF no
sentido de que um particular não poderia intervir em uma ADI.
Assim, não cabe intervenção de 3º em ADI, ADC e ADPF – Art.7º (se cair
em prova objetiva colocar como verdadeiro).
O problema é que embora a lei expressamente proíba é preciso fazer 2
ponderações sobre isso:
a) (ponderação de Nelson Nery) Não há como proibir a intervenção de um
colegitimado a propositura dessas ações. Se ela pode mais, que é
propor a ADI, ela pode o menos, que é intervir na ADI.
b) As leis da ADI, ADC e ADPF permitem a intervenção nesses processos
do chamado amicus curiae. Há previsão expressa do amigo da corte.
Contribui com subsídios, informações, documentos, dados, para que o
Tribunal possa decidir melhor, ou seja, contribui para uma decisão mais
justa.

A maior parte da doutrina brasileira coloca a intervenção do amicus curae


como uma intervenção de 3º.

O novo CPC coloca expressamente que o amicus curiae é intervenção de 3º.


Didier não concorda com isso.
Há uma relação entre a intervenção do amicus curiae e a legitimação
democrática da decisão.

Existiram outras hipóteses anteriores do amicus curiae no ordenamento


jurídico.

Evolução do amicus curae no ordenamento jurídico brasileiro:

Em 1979 foi alterada a Lei 6.385/76. Ela impõe a intervenção da CVM


(Convenção de valores imobiliários) que é uma autarquia que fiscaliza o
mercado de ações. Propõe que qualquer ação que discuta a relação de
mercado de ações é uma intervenção em que o legislador dispõe que o amicus
curiae e impõe a sua presença em razão da complexidade da causa.

Na lei 8884/94 o legislador prevê a intimação do CADE em todos os


processos no Brasil de ação em que se discuta a relação de concorrência. Aqui
também se trata de causas complexas, o legislador já prevê o amicus curiae.

Em 1999 as 2 leis da ADI e ADC Leis 9868/99 e 9882/99 o legislador


modifica este entendimento por completo. Ao invés de predefinir o que é o
amicus curiae, ele passa a ser qualquer sujeito que tenha condições de
contribuir com o processo, seja pessoa natural ou jurídica. Ex. Dráuzio Varella;
CNBB.
O amicus curae é um sujeito parcial que vai defender um posicionamento, seja
ele moral, religioso, etc.
O STF já reconheceu a possibilidade do amicus curiae fazer sustentação oral.

Em 2003 o STF julgou um HC que tratava de práticas anti-semitista com uma


postura racista. Nesse HC o STF decidiu a intervenção de amicus curiae, sem
previsão legal, sob o fundamento de que a causa era relevante. Quem pediu
para intervir como amicus curiae foi Celso Lafra.

Assim, a jurisprudência passou a entender que a intervenção do amicus curiae


é admitida em qualquer processo
a) Se trate de uma causa relevante
b) O amicus cuirae tenha representatividade

Ex. em ações coletivas é muito comum a intervenção do amicus curiae.

O projeto de novo Código prevê que a intervenção do amicus curiae é admitida


em qualquer processo.

Cuidado! Amicus curiae no plural é amici curiae.

7) Espécies de Intervenção de 3ºs:

7.1) Assistência: é uma intervenção de 3º espontânea que pode ocorrer em


qualquer momento do processo, em qualquer dos pólos do processo pela qual
o 3º intervém para aderir à pretensão de uma das partes. O assistente adere a
contade das partes, ou seja, não se trata de pedido novo, podendo ocorrer
tanto no pólo ativo quanto no passivo.
O juiz só pode permitir a assistência se o assistente demonstrar ter interesse
jurídico na causa. Saber o que é esse interesse jurídico é o mais difícil em tema
de assistência.
O interesse jurídico da assistência pode gerar 2 modalidades diferentes de
litisconsórcio:

 Forte/Direto/Imediato: Assistência Litisconsorcial


 Fraco/Indireto/Reflexo/Mediato: Assistência Simples ou Adesiva
Interesse forte - Assistente litisconsorcial:
Majoritariamente entende-se que o assistente se torna litisconsorte do
assistido na assistência litisconsorcial,
Para Dinamarco, só seria assistente se ele postulasse algo, logo não é
assistência (minoritário).
x
A B (réu)
(autor)

C (terceiro)

1ª hipótese: O objeto do processo é de interesse direto do 3º.


A e B estão discutindo x, e x é de interesse de C. C é titular do interesse
discutido. Não há uma mera coincidência

Ex. um condômino pede para intervir em um processo sobre outro condômino.


Ex. o substituído pede para intervir em um processo conduzido pelo outro
substituto processual.

2ª hipótese: o 3º intervém como colegitimado.


Ex ADI, ADC e ADPF – colegitimado intervém alegando que tem a mesma
legitimidade que o assistido.

A assistência litisconsorcial gera um litisconsórcio unitário ulterior facultativo.

Sendo assim, a assistência basicamente ocorrerá no pólo ativo, pois o


litisconsórcio facultativo unitário existe basicamente ali. A relação entre
assistência litisconsorcial e litisconsórcio facultativo unitário é a chave para
compreender este assunto.
Não há diferença de tratamento entre o assistente e assistido, porque ambos
são litisconsortes unitários (a coisa julgada atinge ambos).

Na assistência simples, por sua vez, não há litisconsórcio.

Fraco/Indireto/Reflexo/Mediato: Assistência simples ou adesiva

x
A B (réu)
(autor)
Outra relação
C (terceiro) C y B

C tem com B uma relação que não é discutida na ação, mas é ligada a
ela, de modo que a solução do processo entre A e B repercute entre C e B.
Trata-se de um interesse reflexo, por isso mediato.
Ex. sublocatário e do locatário. Se locatário for despejado o sublocatário
sofrerá conseqüências.
Embora seja parte, o assistente simples é parte auxiliar, ou seja, não é
litisconsórcio assistido. O assistente simples fica vinculado com a vontade do
assistido, ou seja, se o assistido quiser renunciar, o assistido não pode se opor.
Nada obstante, o assistente pode ajudar o assistido.
Ex. o assistente pode apresentar contestação pelo réu caso este não tenha
apresentado involuntariamente.

Se assistido manifestar a sua vontade de abdicar, o assistente nada


pode fazer. Ex. contestar quando há revelia proposital do réu.

O assistente simples é um legitimado extraordinário subordinado. É


extraordinário, pois atua em direito de outra (interesse do assistido) e é
subordinado porque a sua atuação está atrelada a vontade do assistido.

 O assistente simples fica submetido a coisa julgada?


R. NÃO, até porque a relação discutida não lhe diz respeito; o assistente
simples fica submetido a chamada eficácia da intervenção/ eficácia
preclusiva da intervenção/ submissão à justiça da decisão.

eficácia da intervenção: é vincular-se ao fundamento da decisão contra o


assistido.
Ex. ação de despejo se funda no fato do sublocatório ter tornado o imóvel em
um bordel. O assistente defende que era uma boate. Juiz decide que o imóvel
estava sendo usado para um bordel. Nesta situação, este fundamento não
poderá ser discutida em eventual ação entre o locador (réu) e locatário
(assistente).

 A eficácia da intervenção é mais ou menos rigorosa que a coisa


julgada?
R. Em um sentido ela é mais rigorosa, pois ela vincula os próprios
fundamentos, o que nem a coisa julgada faz.
Em outro sentido ela é menos rigorosa porque ela pode ser afastada com mais
facilidade do que se fosse coisa julgada. Na coisa julgada tem que propor uma
rescisória, enquanto a eficácia da intervenção não. Ela é afastada sempre que
o assistente comprovar a excepcio male gestis processus.

excepcio male gestis processus: má condução do processo pelo assistido o


assistente escapa a essa. Art.55 CPC

Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não
poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora
impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença; (o assistido impediu o
assistente).
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa,
não se valeu.( o assistido de sacanagem não se defendeu)

Aula 15 – 22/04/13
Coisa Litigiosa Alienada
A coisa discutida em processo judicial é passível de ser alienada. É valida e
eficaz entre as partes que celebram o negócio, mas é ineficaz perante o
processo: é como se o dono da coisa continuasse sendo aquele que alienou a
coisa, para o processo.

A alienação produz efeitos no plano material, mas para o processo é como


se B ainda fosse o dono da coisa. Trata-se de um caso em que a coisa julgada
atinge a terceiros, que fica a mercê de seus efeitos.

Exemplo:
X
A B (alienante)
(adversário)

C (adquirente)

Se A ganhar de B, poderá buscar “X” na mão de C.


A pode continuar litigando contra B, ainda que este tenha alienado o bem;
A alienação produz efeitos no direito material, mas não prejudica o processo
Trata-se de coisa julgada que atinge 3º, pois este fica vinculado a decisão.

Obs. Se a coisa litigiosa for um imóvel o 3º (adquirente) só fica vinculado se a


pendência desta ação tiver sido averbada na matrícula do imóvel. Em relação
aos bens móveis, (ex. carro) não há esta regra.

Ex. A está brigando com B por um imóvel. Se aquele quiser vincular a decisão
a 3ºs (C) caso na matrícula do imóvel estiver averbada a pendência de uma
ação, conforme previsão da Lei de Registro Público.

O adquirente (C), pode suceder o alienante, ou seja, pode entrar no


lugar de B e assim, B sair do processo, desde que “A” consinta/concorde.

A alienação da coisa litigiosa pode gerar uma sucessão processual, desde que
o adversário de ambos concorde com isso.

Exemplo de sucessão processual:

X
A C (adquirente)
(adversário)
É possível, ainda, que o alienante em vez de sair do processo, permaneça
neste como assistente simples do adquirente.

Assistência de B para C é assistência simples.

Ela poderá, ainda gerar uma substituição extraordinária ulterior.

Ex. O adversário não aceita que o adquirente suceda o alienante (A não aceita
que C entre no lugar de B).
Nesta hipótese o adquirente intervirá para ser assistente
litisconsorcial do alienante. Aqui B permanecerá no processo em nome
próprio, defendendo interesse alheio. Assim, o alienante (B) – alienante
ordinário - permanece substituto processual ou legitimado extraordinário
(legitimação extraordinária superveniente) de C.

Tudo isso está previsto no art.42 CPC.


Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não
altera a legitimidade das partes.
§ 1o O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou
o cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2o O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o
alienante ou o cedente.
§ 3o A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou
ao cessionário.

Este estudo se trata da alienação da coisa litigiosa, e não de um bem


penhorado ou fraude a execução. Neste caso a coisa está sendo disputada.

A doutrina também fala em legitimação extraordinária autônoma, que se dá quando o


legitimado está autorizado a conduzir o processo independentemente de participação do
titular do direito litigioso, dividindo-se em exclusiva (somente se dá com a presença de
um determinado sujeito de direito) e concorrente (mais de um sujeito de direito está
autorizado a discutir em juízo determinada situação jurídica).

Já a legitimação extraordinária subordinada ocorre quando a presença do titular da


relação jurídica controvertida é essencial para a regularidade do contraditório. Autoriza-
se o terceiro, estranho ao objeto da lide, a participar no processo como assistente do
legitimado ordinário. Ex.: assistente simples.

7.2) intervenções especiais dos entes públicos

Assunto cobrado em concursos federais. Não se tratam de assistência, mas de


2 intervenções especiais de entes públicos previsto no Art.5º da Lei 9.469/97:

Art.5º da Lei 9.469/97, caput:


 Cria uma intervenção espontânea a qualquer tempo em qualquer dos
pólos que não agrega pedido novo.
 É uma intervenção sem demonstração de interesse jurídico
 É uma intervenção específica da União, pois só ela tem direito a isso.
 É uma intervenção que pode se dar em qualquer processo que se faça
parte entidade autárquica, empresa pública ou SEM federal.
 Não há comprovação de interesse jurídico, pois é como se a União
tivesse interesse jurídico presumido.

Art.5º da Lei 9.469/97, § único:


 Cria uma intervenção espontânea a qualquer tempo em qualquer dos
pólos que não agrega pedido novo.
 É uma intervenção sem demonstração de interesse jurídico
 É uma intervenção econômico.
 É uma intervenção de qualquer pessoa de direito público.
 É uma intervenção em qualquer processo em que demonstre interesse
processual
 Intervém para apresentar memorial e documentos; são subsídios para
que o julgador possa decidir melhor. Por esta razão fala-se que se trata
de uma.

Art.5º da Lei 9.469/97, caput: Art.5º da Lei 9.469/97, §único:

 Cria uma intervenção espontânea a qualquer tempo em qualquer dos


pólos que não agrega pedido novo.
 É uma intervenção sem  É uma intervenção econômico.
demonstração de interesse  É uma intervenção de qualquer
jurídico pessoa de direito público.
 É uma intervenção específica  É uma intervenção em
da União, pois só ela tem qualquer processo em que
direito a isso. demonstre interesse
 É uma intervenção que pode processual
se dar em qualquer processo
que se faça parte entidade  Intervém para apresentar
autárquica, empresa pública ou memorial e documentos; são
SEM federal. subsídios para que o julgador
 Não há comprovação de possa decidir melhor. Por esta
interesse jurídico, pois é como razão fala-se que se trata de
se a União tivesse interesse uma intervenção de amicus
jurídico presumido. curiae.

7.3) Oposição:

O 3º entra no processo para se opor a ambas as partes. Muito comum em


litígios possessórios.

Exemplo:
X 1
A B A B
2
C A
B
C

A oposição acrescenta um pedido novo que é um pedido que se soma ao


pedido de A contra B ; e de C contra A e B. O processo passa a ser mais
complexo, pois passa a ter 2 demandas.

Obs.1: A oposição gera litisconsórcio passivo necessário (por força de lei)


ulterior simples. É simples segundo o art.58 CPC:

Art. 58. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro prosseguirá o
opoente.

Reconhecer o pedido é uma conduta determinante, ou seja, ou todos a tomam,


ou ele não é reconhecido.

A oposição é a 1ª coisa a ser julgada, pois se o direito for de C, ele não será
nem de A nem de B. Art.61 CPC:

Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá em
primeiro lugar.

Obs.2: o prazo de defesa para ambos é comum e de 15 dias. Normalmente


eles seriam dobrados para fazer defesa, mas neste caso específico o prazo é
simples e comum de 15 dias.

Obs.3: os opostos (A e B) serão citados pelos seus advogados, pois estes tem
autorização para receber citação na oposição.

Temos 3 momentos no processo:

Audiência Sentença
1 2 3
Incidente do Processo: Processo incidente: Não cabe
Art.59 Art.60 oposição

3 - Se no processo já houve sentença não se admite oposição, ou seja,


oposição cabe até a sentença.

1 - Se a oposição ocorrer antes da audiência, ela será regulada pelo art.59


CPC. Ela é um incidente do processo, e como incidente é uma intervenção de
3º. Por isso é chamada de oposição interventiva. Aqui haverá um julgamento
simultâneo.
Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e correrá
simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.

2 - Se a oposição se dá entre a audiência e a sentença ela será regulada pelo


art.60 CPC. É um processo incidente, ou seja, um processo novo. Por isso é
chamada de oposição autônoma. Aqui não haverá necessariamente um
julgamento simultâneo.

Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário,
sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento
do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente
com a oposição.

Não tem nada a ver com embargos de 3º (constrição judicial indevida), mas
apenas há uma intervenção na coisa que está sendo discutida.

Assim, rigorosamente, oposição ocorre apenas no art.59, enquanto no art. 60 é


um processo incidente muito parecido com os embargos de 3ºs.

No novo CPC, a oposição deixa de ser intervenção de 3º e passa a ser um


procedimento especial.

Alguns autores afirmam que a oposição possui natureza bifronte, pois


congrega elementos de direito material e processual. Além de haver a
intervenção (contra autor e réu), congrega elementos de natureza material e
processual.

7.4) Intervenções Provocadas:


 Nomeação a autoria
 Chamamento ao Processo
 Denunciação da Lide.

Intervenções provocadas ocorrem quando o 3º é trazido ao processo por


alguém. Para diferenciá-las basta fazer a seguinte pergunta:

 O 3º tem relação com o adversário daquele que provocou a sua


intervenção? C tem relação com aquele que provocou a sua intervenção
(C tem relação com A)?

7.4.1) Chamamento ao processo:

É uma intervenção de 3º provocada pelo réu. É uma opção do réu.


È uma intervenção de 3º que só cabe em processo de conhecimento.
Essa intervenção se funda em uma relação de solidariedade entre chamante
e chamado.
Chamante e chamado respondem solidariamente perante A. Trata-se de uma
solidariedade jurídica/obrigacional.
Este instituto é desarmônico em relação ao direito material que pressupõe
prerrogativa ao credor o direito de invocar os devedores solidários. Neste caso,
o direito processual não permite esta prerrogativa, pois havendo solidariedade,
cabe a B (devedor) decidir se há esta intervenção.

Exemplo:
X
A B (chamante)

C (chamado)

C tem relação com A?


R. Sim, também. A relação que o chamado tem com “A” é a mesma que o
chamante tem com “A”. O chamado se torna litisconsorte do chamante. A
sentença poderá ser contra ambos. Ambos podem ser condenados e estes
poderão ser executados. Qualquer um deles poderá vir a pagar a dívida, pois
são solidários. Aquele que vier a pagar vai poder se voltar contra o outro para
buscar o respectivo quinhão no mesmo processo, o que revela uma economia
processual.

Hipóteses – art.77 CPC


Art. 77. É admissível o chamamento ao processo: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial
ou totalmente, a dívida comum. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
.

Chamante Chamado
Fiador Devedor
Fiador Cofiador
Devedor Devedor
Obs.1 Fornecedor Seguradora

Obs.1 O CDC, no art.101,II prevê uma 4º modalidade de chamamento ao


processo. Trata-se de um chamamento próprio das relações de consumo em
que o fornecedor pode chamar ao processo a sua seguradora nos casos em
que há seguro de responsabilidade. Trata-se de uma peculiaridade das
relações de consumo, pois normalmente a seguradora não é solidária com
relação ao segurado. Esta hipótese tradicionalmente é hipótese de
denunciação a lide, nas relações de consumo é um chamamento ao
processo.
Art. 101 do CDC. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o
segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do
Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a
informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da
lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.

Obs.2: nas ações de alimentos é possível que haja vários alimentantes. Cada
um paga o que puder, ou seja, não é uma obrigação solidária. Não existe uma
obrigação de alimentos com vários devedores, pois são obrigações diversas
entre os alimentantes. Vide Art.1698 CC:

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de
suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias
as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas
a integrar a lide.

O STJ entendeu que o art. 1.698 do CC traz uma hipótese de chamamento ao


processo muito diferente, pois não é chamado um devedor solidário, mas sim
de uma obrigação semelhante a dos demais alimentantes. STJ, Resp 964.866
– Fala do “chamamento ao processo na ação de alimentos”.

Contrário a este entendimento, Didier afirma que este artigo permite que o
autor da ação de alimentos peça que outros devedores de alimentos integrem a
ação, e não o réu. Assim, não autoriza o chamamento ao processo, mas sim o
acréscimo do pólo passivo da ação pelo autor.

No caso da hipótese do fiador ele renuncia ao benefício de ordem no próprio


instrumento da fiança.

 Trata-se de litisconsórcio facultativo ou unitário?


R. Depende, se for divisível é simples; se for indivisível é unitário.

Informativo 539 STJ: Nas ações para fornecimento de medicamentos, apesar


de a obrigação ser solidária entre Municípios, Estados e União, caso o autor
tenha proposto a ação apenas contra o Estado membro, não cabe o
chamamento ao processo da União, medida que apenas iria protelar a
solução da causa.
STJ. 1ª Seçãã o. REsp 1.203.244-SC, Rel. Min. Hermãn Benjãmin, julgãdo em
9/4/2014 (recurso repetitivo).

7.4.2) Nomeação a Autoria:

É uma intervenção de 3º provocada pelo réu. Entretanto, ela é um dever


do réu e não uma prerrogativa.
As hipóteses de nomeação a autoria são hipóteses em que o legislador
impõe que ela ocorra. O papel da nomeação a autoria é o de corrigir o pólo
passivo do processo. O demandado era parte ilegítima e é preciso corrigir isso.

O propósito da nomeação a autoria é corrigir o pólo passivo do


processo. É um dever do réu.

O dever de nomear a autoria ocorre em alguns casos, expressamente


previstos, em que o réu é demandado indevidamente.
Acontece que relações de subordinação fiquem escondidas pela
aparência. Ex. relação do dono da casa e o caseiro; entre o motorista e o dono
do carro.
É muito fácil confundir o motorista com o dono do carro, pois se
comporta como se dono fosse.

Exemplo:
X
A B

Nesses casos, B não pode declarar-se parte legítima, pois ele sabe quem é, ao
contrário de A interpôs a ação contra B pela aparência, pois mantém com o
nomeado uma relação de subordinação.

O nomeado tem relação com o nomeante? C tem relação com A?


R. Sim, e só ele tem. Nesta hipótese, há uma sucessão processual em que B
sai da relação jurídica.
Entretanto, C pode se recusar a nomeação à autoria, ou seja, não aceita ser
nomeado. Assim, o processo seguirá contra o nomeante como legitimado
extraordinário de “C”.

 E se o réu não nomear a autoria no caso de nomeação a autoria?


R. Quem arca com as perdas e danos é B (o nomeante), pois é uma punição
ao descumprimento do dever.

O CC prevê 2 hipóteses de nomeação: Art.62 e 63

Nomeante Nomeado Caso


Art.62 O nomeante é um mero detentor; Proprietário ou Ações
ele é um empregado do possuidor. Possuidor reipersecutória
s
Preposto Preponente Ações
Art. indenizatórias
63
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio,
deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada
pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos
prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.

Aprofundamento (colocar só se pedir em concurso):


Há quem diga, com muita razão, segundo Didier, que o art.63 não é nomeação
a autoria. Ela traz uma hipótese a chamamento ao processo obrigatório. Se
justifica, pois o CC nos art.932, III e 942,p. único que preposto e preponente
são responsáveis solidários. Ambos respondem. Assim, nesta hipótese estaria
trazendo o outro responsável e não o único responsável, ampliando o pólo
passivo. Se houver regresso posteriormente, isso é irrelevante para a vítima.
Seria o caso de chamamento ao processo obrigatório.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
Art.942 Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e
as pessoas designadas no art. 932.

No novo Código a nomeação a autoria desaparece.

7.4.3) Denunciação da Lide:

A escrita correta é denunciação “da” lide e não denunciação “a” lide. O verbo
denunciar é bitransitivo direto e indireto. O réu denunciou a lide (T.D.) a uma 3ª
pessoa (T.I.). Há aquilo que se denuncia e a quem se denuncia. Não é por que
tem “a” que tem crase.

A denunciação da lide pode ser provocada pelo autor ou pelo réu.


Se provocada pelo autor, já será feita na petição inicial, pois o processo já
nasce contra esta pessoa.

Exemplo:

X 1
A B A B
(denunciante) 2
B C

C (denunciado)

Ao denunciar da lide, está se demandando contra alguém.

A natureza jurídica da denunciação da lide é de demanda.


C é réu de B na demanda 2. Assim B e C não são amigos, ou seja o
denunciado quer que o denunciante se exploda.

Já na demanda 1, C quer que B ganhe. Ele fará o possível para B ganhar de A,


para ganhar na demanda 2.
Caso B ganhe a ação, A terá que pagar honorários para B e B terá que pagar
honorários para C, pois denunciou desnecessariamente da lide.

C tem relação com A? O denunciado tem relação com o denunciante?


R. Não, não tem.

Características:
 A denunciação da lide agrega ao processo um pedido novo e amplia
objetivamente o processo.
 Trata-se de uma ação regressiva, em que busca-se do 3º o reembolso
dos prejuízos.
 Trata-se de uma ação regressiva eventual, pois a denunciação da lide
ocorre para a hipótese do denunciante vir a perder a causa. É uma ação
de regresso proposta antes do denunciante ter prejuízo.
 O juiz vai examinar primeiro a demanda principal, pois se B ganhar
na demanda principal a denunciação da lide sequer será examinada; ela
fica prejudicada.

Clássico concursal:
 Qual é a posição processual do denunciado na demanda principal?
R. Na denunciação ele é réu. Existem 3 concepções:
1 – Para o CPC e doutrina majoritária, o denunciado é litisconsorte do
denunciante contra A na demanda principal. Posição majoritária.

2 – Legitimado extraordinário, pois estará discutindo em nome próprio


interesse de B.

O CPC afirma que além de legitimado extraordinário, C é um litisconsorte.


Trata-se de um litisconsórcio unitário, pois sempre que há um litisconsórcio
extraordinário com um ordinário, o litisconsórcio é unitário.

Para Dinamarco, há na verdade uma assistência litisconsorcial do


denunciante, o que na prática não há nenhuma diferença.

3 - Nelson Nery defende que o denunciado é assistente simples do


denunciante, pois o interesse seria reflexo, ou seja, não seria litisconsórcio,
mas assistente simples. Não prevalece este entendimento, pois o CPC afirma
categoricamente que é litisconsórcio na demanda principal.

O novo CPC mantém o entendimento de que é litisconsórcio.

Aula 16:
 É possível que o juiz condene diretamente o denunciado a ressarcir
o adversário do denunciante?

A B

R. Do ponto de vista do direito material, isso não é possível porque C não tem
relação com A. Entretanto, a jurisprudência criou um caso de condenação
direta, exemplificadamente:

A B (causador do dano)
(vítima)

C (seguradora)

Começou a surgir o seguinte problema: quando “A” executava “B”, este


não tinha patrimônio. Assim, B não despendia recursos e não carecia de ser
ressarcido. Logo, a seguradora não era afetada.
O STJ, para solucionar esta questão, criou (pretorianamente) a possibilidade
da vítima A cobrar diretamente da seguradora C. E para tanto, se vale do
argumento de que há litisconsórcio.

Obs: o novo projeto de CPC generaliza esta possibilidade, permitindo a


condenação direta do denunciado em qualquer caso.
Obs: o art.788 do CC prevê a possibilidade de a seguradora ressarcir a vítima
diretamente no caso de seguro de responsabilidade obrigatório (ex. DPVAT).
Isso seria chamamento ao processo e não denunciação da lide.

Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios, a indenização por sinistro
será paga pelo segurador diretamente ao terceiro prejudicado.

Denunciação da lide quando houver evicção:


A evicção é a perda de um bem para um 3º; bem esse que você adquiriu
de alguém. Compra-se de quem não é dono. A lei garante o adquirente dos
riscos da evicção; quem vendeu responde pela evicção. A evicção é um caso
clássico de denunciação da lide.

Exemplo Denunciação da lide por evicção:

A B (comprador)
(terceiro)

Evicção

C (vendedor)

Peculiaridades:
A denunciação da lide é uma inovação do CPC de 1973. Antes disso,
não havia denunciação da lide, mas havia evicção – seu instrumento era o
chamamento à autoria (foi extinto em 1973).

Chamamento à autoria: servia para informar ao devedor que ele estava sendo
demandado pela coisa. Trata-se de uma ameaça de futura ação regressiva (“se
eu perder eu me volto com uma ação regressiva contra você).
A denunciação da lide, por sua vez. não é uma ameaça de demanda, mas a
própria demanda.
O vendedor tinha 2 opções: assumir o lugar do comprador ou aguardar o
resultado da ação entre terceiro e comprador e a ação em regresso.

Obs. Denunciação da lide não é chamamento a autoria. Ambas servem aos


casos de evicção de formas diferentes.

Obs. Na época do chamamento a autoria vigia o art.1116 do CC de 1916. Este


dispositivo colocava que o chamamento a autoria era obrigatório, sob pena de
não conseguir depois entrar com a ação regressiva posteriormente.
O chamamento a autoria só cuidava da evicção e a denunciação da lide
ampliou para qualquer direito de regresso.


A denunciação da lide é obrigatória? A não denunciação da lide
implica perda do direito de regresso?
R. A resposta desta pergunta passa por 4 etapas:

i. Art.70 CPC: pelo texto do art.70 CPC, a evicção é obrigatória.

Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:


I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte,
a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos
como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio,
exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o
prejuízo do que perder a demanda.

ii. Desde que o código saiu, a doutrina, praticamente unânime, diz que a
obrigatoriedade só poderia existir nos casos de evicção (art.70,I CPC).
iii. Depois de um tempo a doutrina concluiu que até mesmo nos casos de
evicção é possível cogitar a hipótese em que a evicção não é
obrigatória. Quando a denunciação for proibida ela não será obrigatória:
o juizados especiais – procedimentos sumários – a lei proíbe a
denunciação da lide
o denunciação da lide for impossível, como em um processo
administrativo que comporta evicção. Ex.DETRAN apreende um
carro.

Admite-se no Brasil ação autônoma de evicção?


R. Pelo menos nestes 2 casos (em que a denunciação da lide for impossível ou
proibida).

iv. Atualmente, doutrina e jurisprudência afirmam que nunca pode ser


obrigatório.
Essa etapa ainda é muito discutível. Note que o texto do art.456 do CC2002
repetiu a regra obsoleta do art. 1116 do CC 1916. Assim, argumenta-se que há
obsolescência do art.456 do CC2002. Por uma “firula” processual o sujeito
perdeu a ação em regresso.
Além disso, o Princípio da Proibição do Enriquecimento Sem Causa impede a
obrigatoriedade da denunciação da lide.

O novo projeto do CPC revoga o art.456 do CC 2002. Ele considera que a


denunciação da lide nunca é obrigatória pela obsolescência do art.456 do CC
2002 e pela vedação do Princípio da Proibição do Enriquecimento sem Causa.

Atenção! Art.101,II CDC


Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes normas:
II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o
segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do
Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a
informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da
lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.

 Se admite, no Brasil a denunciação do alienante mediato/ per


saltum? B (comprador) pode denunciar a lide a D ?
R. No concurso reproduzir todos os posicionamentos a seguir, sem tomar
nenhuma posição, pois nenhum deles prevalece.
O atual CPC dispõe que é possível apenas 1 vez. O novo projeto de
CPC não tem este limite.

A B (comprador)
(terceiro)

Evicção

C (vendedor)
D (vendedor de C)

E (vendedor de D)

Art. 456 CC. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do
litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as
leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a
procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de
recursos.

O art.456 CC dispõe que “ou qualquer dos anteriores”:


 Cassio Scarpinella defende que a interpretação literal do art.456 CC
permite a denunciação per saltum, mesmo que B não tenha relação com
D.

 Humberto Teodoro por sua vez entende que a denunciação per saltum
é permitida com base no art.456CC, com uma ponderação: todos os
alienantes respondem solidariedade perante o último comprador. Para
Didier, ela é mais coerente.

 Há porém quem não aceite a denunciação per saltum (Flávio Luiz


Yarshell), ignorando as denunciações sucessivas do art.456 CC.

 Athos Carneiro defende que o Código Civil permitiu a denunciação


coletiva para atos. Permitiu que B denuncie em bloco/coletivamente.

O art.70,III CPC:

Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória


III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o
prejuízo do que perder a demanda.

O art.70, III CPC abriu a denunciação da lide para qualquer hipótese de


regresso. Foi uma grande inovação do CPC 1973 em relação ao chamamento
a autoria.

1ª c) Alguns doutrinadores defendem que não caberia esta hipótese caso


ampliasse muito. Assim, só caberia nos casos de direito de regresso oriundo de
um negócio de transmissão de direito. Só os direitos de regresso que decorrem
dos negócios em que há transmissão do direito. Assim, só nos casos de
garantia própria – garantia inerente aos negócios de transmissão é que caberia
a denunciação da lide. Esta interpretação é tão fechada que nem nos casos de
seguro permitiria denunciação da lide.
Havia o propósito claro de que a denunciação da lide atrapalhasse o mínimo
possível a denunciação da lide.
O líder deste movimento foi Vicente Greco Filho.
2ª c) Barbosa Moreira e Dinamarco defendiam uma hipótese ampliativa da
denunciação da lide

A jurisprudência oscila entre as 2 correntes conforme a conveniência.


Entretanto há o entendimento majoritário de que é ampliativo.
Didier considera que não há proibição legal para a ampliação da lide,
mas no caso concreto ela pode ser restrita, quando tumultuar o processo.

 Pode o Poder Público demandado denunciar da lide ao servidor


que praticou o ato?
R. Em regra não, pois os doutrinadores administrativistas defendem que não é
possível misturar responsabilidade administrativa e responsabilidade objetiva,
uma vez que (adotam a concepção restritiva). Entretanto, não há vedação em
tese desta possibilidade.

(se fizer concurso público para advocacia pública, deve-se defender a


denunciação da lide do servidor público).

Informativo 535 STJ - Não é admissível a denunciação da lide embasada no


art. 70, III, do CPC quando introduzir fundamento novo à causa, estranho ao
processo principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir ampla dilação
probatória, o que tumultuaria a lide originária, indo de encontro aos princípios
da celeridade e economia processuais, que essa modalidade de intervenção de
terceiros busca atender.
STJ. 4ª Turma. REsp 701.868-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/2/2014.

1ª) CORRENTE RESTRITIVA 2ª) CORRENTE AMPLIATIVA


O juiz não deve admitir a denunciação da lide A denunciação da lide deve ser admitida
se isso trouxer para a causa um fundamento mesmo que isso introduza fundamentos novos à
novo que seja estranho à discussão principal. discussão.
Esse fundamento novo provocaria uma lide
paralela, exigindo ampla dilação probatória, o
que iria tumultuar o julgamento da lide
originária.
Assim, deve ser proibida a denunciação quando
ela introduzir fundamentos novos que não são
objetos de discussão no processo principal e
que podem exigir a produção de provas que não
seriam necessárias se a denunciação não
existisse.
Posição de Vicente Greco e Nelson Nery Jr. Sustentada por Cândido Rangel Dinamarco e
É a corrente adotada pelo STJ. outros.

PETIÇÃO INICIAL

A Petição Inicial é o instrumento da demanda. É a peça que dá início ao


processo. As regras sobre a petição inicial podem ser estendidas por analogia
aos demais atos postulatórios.
Requisitos de Validade da Petição Inicial:

1. Veiculada por Escrito:


Entretanto, há casos em que se admite postulação oral (que posteriormente
será escrita). Exemplos:
o juizados especiais;
o justiça do trabalho;
o habeas corpus;
o demanda de medida protetiva de urgência pela mulher que se afirma
vítima de violência doméstica;
o formulação oral do pedido de alimentos

2. Assinatura de quem tenha capacidade postulatória


3. Direcionamento ao juízo competente.

A petição inicial deve ser dirigida ao órgão jurisdicional competente.


Ex. “Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal de Seção Judiciária (ou subseção judiciária)
Ex. “Exmo. Sr. Sr. Juiz de Direito da Comarca de”
Ex. “Egrégio tribunal” - rescisória, MS contra ação judicial em tribunal
Ex. “Excelso” – perante o STF.

4. Qualificação das partes:


Autor:
Pessoa Física:Nome, estado civil, nacionalidade, endereço e profissão.
Se o autor for um nascituro qualificar: “nascituro de Maria (nome e qualificação
da mãe).
Pessoa Jurídica: tem que colocar o tipo de pessoa jurídica que ela é (S.A,
pública ou privada), seu presentante. Para o STJ tem que colocar “inscrito no
CNPJ e CPF de nº...” situado em...
Sendo um litisconsórcio, o verbo deve vir no plural. “vêm, têm”

Réu:
Se o autor não souber as informações completas colocar como ignorado.
Ex. Nome completo ignorado, estado civil ignorado, etc.

Atenção! Se colocar o endereço como ignorado tem que pedir a citação


por edital.

O fundamental é identificar quem é o réu, mesmo que não se saiba quem ele é.
Ex. consignação em pagamento de credor relativo ao imóvel tal relativo a uma
enfiteuse. Aqui tem que citar por edital.
Ex. ação possessória em face de um grupo de 600 pessoas. Se admite que a
ação seja proposta nominando alguns (o líder e o promotor da ocupação, como
o MST) e dizendo que tem todos os outros lá ocupando.

5. Causa de Pedir
6. Pedido (vamos ver posteriormente).
7. Requerimento de citação.
O autor tem que pedir expressamente a citação do réu e a forma como será
citado. Se não dispor a forma , vai ser feito por correio.

8. Requerimento de produção das provas:


Tem que colocar “pugna pela
Atenção! No MS não cabe outra prova distinta da prova documental.

9. A Petição inicial deve ser acompanhada pelos documentos


indispensáveis a propositura da ação:

Documentos Indispensáveis por expressa previsão legal: a procuração; o título


executivo na execução; a planta do imóvel na ação de usucapião; a prova
escrita na ação monitória.

Documentos indispensáveis por obra do autor: o autor tornou estes


documentos indispensáveis quando faz referência ao documento na petição
inicial. Caso o autor faça referência a um documento que não está em seu
poder, ele deve ainda pedir a “exibição de documento”.

10. Atribuição de valor da causa:


Funções do valor da causa:
 serve como fator para definir competência;
 serve como fator para definir qual o procedimento para ser adotado;
 serve como base de cálculo para as custas processuais;
 serve como base de cálculo para as multas processuais.

Atenção! Jamais coloque na prova “atribui o valor da causa em R$... para fins
meramente fiscais”. Melhor colocar “Atribuo/atribuem o valor da causa no valor
de R$ tal”. Não colocar “Dá-se a causa...

O valor da causa é em real (não pode por em “valor da causa em 10 salários


mínimos”). Toda causa tem um valor.

Existem 2 espécies de valor da causa:

i. Valor da causa por determinação legal: o ator tem que seguir o modo
pelo qual se calcula o valor da causa. Art.259 CPC

A regra é que o valor da causa é o valor do pedido.


Na ação de alimentos soma-se o que é vencido no passado, mais a projeção
para 1 ano.

Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:


I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a
propositura da ação;
II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos
eles;
III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;
IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou
rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;
VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;
VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para
lançamento do imposto.

ii. Causa por arbitramento do autor:


Causa não encaixa em nenhuma hipótese do art.259 CPC. Nestes casos cabe
ao autor arbitrar o valor, mesmo que a lei não tenha dado este parâmetro.
Ex. guarda de um filho;

 Como se controla a atribuição de valor a causa?


R. O juiz pode controlar no 1º caso pelo art.259 CPC.
No 2º caso o juiz pode controlar pela razoabilidade. O réu poderá também
fazê-lo através de impugnação do valor da causa que será feito em
peça/autos apartados e impugnável por agravo de instrumento.

Obs: no projeto do novo CPC é uma peça única, na defesa, ou seja, na


contestação.

Ex. sujeito pede 3 milhões de reais em razão de dano moral. Aqui não cabe
impugnação ao valor da causa, mas impugnação ao pedido, pois este é
absurdo.
Se o pedido é genérico, cabe ao autor arbitrar (o controle será pela
razoabilidade).

Vicissitudes da Petição Inicial:


Estudaremos a:
 Emenda
 Alteração
 Aditamento
 Redução
 Indeferimento.

I) Emenda
Emendar a petição inicial é reparar, corrigir, retificar a petição inicial em razão
de um defeito. O juiz tem o dever de mandar o autor emendar, ao mesmo
tempo que o autor tem o direito do autor de emendar em 10 dias. O Princípio
da Cooperação se concretiza no artigo 284 CPC.

Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts.
282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de
mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Em razão do princípio da instrumentalidade das formas, a jurisprudência majoritária


interpreta que o prazo de 10 para a emenda à inicial contido no art. 284, parágrafo
único, do CPC é um prazo dilatório e não peremptório, gozando o juiz da possibilidade
de admitir a emenda realizada pela parte a destempo, mormente quando ele ainda não
proferiu a sentença de extinção
II) Alteração
Alterar a petição inicial é trocar algum de seus elementos. Ela pode ser:
 Objetiva: altera o pedido ou a causa de pedir
 Subjetiva: quando se busca alterar o réu.

Vide art.264 CPC.

Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o
consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por
lei.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será
permitida após o saneamento do processo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

A alteração subjetiva pode ser feita até a citação; ela não pode ser feita depois
do saneamento. Entre a citação e o saneamento ela pode ser feita desde que o
réu consinta.

Citação Saneamento
NÃO
SIM SIM, deste que o
réu consinta

III) Aditamento
Aditar é acrescentar algo a petição inicial.
Regra: O aditamento do pedido pode ser feito até a citação. Art.294

Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas
acrescidas em razão dessa iniciativa. (Redação dada pela Lei nº 8.718, de 14.10.1993)

Exceção: Tanto a nomeação a autoria quanto a alienação de coisa litigiosa


podem alterar o réu depois da citação

IV) Redução
É retirar alguma coisa da Petição Inicial
Ocorre em várias hipóteses: pode fazer um acordo em relação ao pedido;
renunciar a um pedido; desistir em relação a um pedido. Não existe um acordo
de acordo com a redução.

V) Indeferimento
É peculiar, pois o juízo de rejeição é sempre liminar: o juiz ao indeferir a
Petição inicial não cita o réu.
É uma decisão tomada em favor do réu, mas sem ouvi-lo.

Atenção! O juiz só manda indeferir quando antes tentou a emenda da petição


inicial.
Se o réu apresentar a sua defesa alegando questões que o juiz deveria ter
observado antes de sua citação, o juiz poderá extinguir o processo, mas não
mais por indeferimento.
Peculiaridades:
 É uma rejeição sempre liminar;
 Não há pagamento de honorários para o réu no indeferimento, pois
sequer ele se defendeu.
 Se o juiz indefere a inicial e extingue o processo cabe apelação e esta
apelação permite juízo de retratação ao juiz.
Assim, é uma retratação peculiar: se o juiz não se retratar ele manda
que a ação suba ao tribunal sem contrarrazões do réu.

É um hipótese muito rara de ocorrer na prática, pois normalmente há emenda


para consertar o erro; se extingue, o réu interpõe nova ação e não apela; se
apela o juiz pode se retratar.

O indeferimento pode ser total ou imparcial.


 O indeferimento total encerra/extingue o processo.
 O indeferimento pode ser parcial: o processo não se extingue e portanto
o caso vai ser de agravo de instrumento. O indeferimento parcial é uma
decisão interlocutória.

Indeferimento pode ser feito com ou sem exame do mérito:


O indeferimento é, em regra, sem exame do mérito.
O indeferimento com exame do mérito é chamado de improcedência prima
facie ou improcedência liminar.

Aula 17

Há 2 possibilidades de improcedência prima facie no CPC, mas a matéria não


está sistematizada no Código, o que gera um prejuízo didático.
Devem estas ser interpretadas conjuntamente, sendo que os casos de lacuna
em uma delas podem (devem) ser suprida(s) pela solução da outra.
O projeto do novo CPC trata de um único artigo.

 Prescrição e decadência
A improcedência prima facie pode ser:
(art.295,IV e art.269, IV)
 Improcedência nas causas
repetitivas

 Prescrição e decadência (art.295,IV; 269,IV CPC):

Art. 295. A petição inicial será indeferida: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o);
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)

Obs.1: O juiz deve conhecer de ofício, pois o réu ainda não foi citado.
Em relação à decadência, o juiz só pode conhecer de ofício de decadência
legal. Decadência convencional não pode ser conhecida de ofício.
Já em relação à prescrição, o código de processo (§5º art.219 CPC) autoriza o
juiz conheça de ofício de qualquer prescrição

§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

Obs.2: Há muita discussão da possibilidade de conhecimento de ofício da


prescrição. A doutrina pondera que não há sentido do juiz argüir de ofício de
uma prescrição em qualquer caso, sobretudo quando diz respeito a direitos
disponíveis.

Obs3: transitada em julgada a decisão neste caso, cabe ao escrivão expedir


uma carta ao réu comunicando a sua vitória. É uma vitória por WO. Isso está
no §6º do art.219 CPC e se aplica também a outra hipótese de processo prima
facie. Embora esteja prevista apenas para prescrição e decadência ela se
aplica também a outra hipótese de improcedência prima facie no sistema: a
improcedência nas causas repetitivas.
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão
comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

i. Improcedência nas causas repetitivas: (art.285-A CPC)


São causas de massa que se resolvem apenas por prova documental e já há o
entendimento firmado no sentido de que são improcedentes.

Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido
proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a
citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela
Lei nº 11.277, de 2006)

O art.285-A CPC só deve ser aplicado se o respectivo entendimento já


tiver sido consolido no seu respectivo tribunal. O art. 285-A CPC deve
funcionar como instrumento da consolidação da jurisprudência, tanto que o
novo projeto do CPC dispõe acerca do “entendimento do tribunal”.

Isso é um julgamento antecipado da lide: julgamento do mérito baseado


em prova documental.
Essa apelação permite juízo de retratação. Não se retratando o juiz, a
apelação vai ao tribunal. Entretanto a apelação neste caso exige
contrarrazões.
Peculiaridade no caso da improcedência prima facie do art.285-A exige
contrarrazões.

O art.285-A empresta esta regra para a prescrição e decadência. Apelação com


contrarrazões contra sentença que julga a prescrição e decadência.

Prescrição e Decadência Improcedência nas causas


repetitivas
§6º art.219 Art.285-A
Art.285-A §6º art.219

Resumo na improcedência prima facie:


* transitada em julgado a decisão neste caso, cabe ao escrivão expedir
uma carta ao réu comunicando a sua vitória
* apelação com contrarrazões contra sentença.

Indeferimento sem exame do mérito: (art.295 CPC)

Art. 295. A petição inicial será indeferida: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - quando for inepta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - quando a parte for manifestamente ilegítima; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
III - quando o autor carecer de interesse processual; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o);
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da
causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo
de procedimento legal; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I) Inépcia da inicial.
É a petição inapta; trata-se de um defeito da petição inicial que se relaciona
com o pedido ou a causa de pedir. O código enumera as causas de inépcia
no § único do art.295 CPC:
i. O pedido ou causa de pedir forem formulados de maneira obscura ou não
existir.
ii. Da narração dos fatos não ocorrer (petição contraditória/incoerente)
iii. O pedido for juridicamente impossível
iv. Quando tiver pedidos incompatíveis entre si. Ex. ao mesmo tempo quer
resolver o contrato ou cumpri-lo.

Art. 295. A petição inicial será indeferida:


I - quando for inepta;
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

Lembre-se: a petição só será inepta se o juiz antes mandar emendá-la e isso


não for feito.
Há uma 5ª hipótese de inércia na legislação extravagante: art.50 da Lei 10.931.
 Se o sujeito é um devedor bancário em um contrato imobiliário e ele vai
a juízo discutir o valor do financiamento imobiliário (sua dívida em juízo)
ele tem que dizer o quanto acha que deve na petição inicial.

II) Carência de ação: (art.295, II e III)


III) Erro na escolha do procedimento.
Neste ponto o Código diz que só vai indeferir a petição inicial se não puder
corrigir o procedimento. Entretanto, o problema é que não há nenhuma
hipótese em que o procedimento possa ser alterado, por mais grave que seja o
erro.

Na sentença colocar ordem do art. 301 do CPC: “(...) temos que devem as defesas
processuais atender à seguinte sequência: incompetência absoluta, compromisso
arbitral, conexão, coisa julgada, litispendência, incapacidade da parte, defeito de
representação ou falta de autorização, bem como qualquer outro defeito ou
irregularidade que possa autorizar o indeferimento da inicial, falta de caução ou de outra
prestação que a lei exige como preliminar e, por último, carência de ação”.

Em resumo: primeiro os pressupostos processuais, para os quais há uma ordem


estabelecida; depois as condições da ação: possibilidade jurídica do pedido, interesse
processual e legitimidade das partes.

PEDIDO

É o núcleo da petição inicial, pois delimita a atividade jurisdicional e fixa o


objeto litigioso (objeto = pedido).
A doutrina costuma dividir o pedido em 2 partes:
a) o pedido imediato: o pedido que o juiz decida.
b) o pedido mediato: é o resultado/bem da vida que se pretende. Ex.
condene o réu a dar o dinheiro.

O pedido tem que preencher 04 requisitos:


 certo
 determinado
 claro
 concludente/coerente

Dica: os atributos do pedido são também atributos da sentença.

Assim, a sentença e o pedido devem ser claros, coerentes (como já dito


anteriormente, caso não o sejam, geram inépcia). Além disso, o pedido deve
ser certo e determinado.

A. Pedido certo: é o pedido expressamente formulado, ou seja, a regra é


que não se admite pedido implícito.
Há casos em que a lei reputa formulado, um pedido que não foi
formulado. Quando a lei admite pedido implícito, o faz para todos os efeitos,
uma vez que se o juiz não examina o pedido, ele estará proferindo uma
decisão omissa.

Pedidos implícitos aceitos pacificamente:


 Pedido de condenação das verbas de sucumbência.
 Pedido de correção monetária e juros legais (vide súmula 254 STJ).
 Pedido relativo à obrigação de prestações periódicas. As prestações
futuras (vincendas/vindouras) se reputam incluídas no seu pedido, pois
se não fosse assim, todo mês teria que entrar com uma ação. Art.290
CPC.
Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas
incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor,
no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na
condenação, enquanto durar a obrigação.

Pedidos implícitos polêmicos:


 Pedido de alimentos provisórios na ação de alimentos.
 Pedido de alimentos na investigação de paternidade (para
Cristiano Chaves é implícito, mas Didier não concorda).
São hipóteses de pedido implícito:a) despesas e custas processuais;
b) honorários advocatícios (art. 20, CPC);
c) correção monetária (art. 404, CC);
d) prestações vincendas e inadimplidas na constância do processo em caso de contratos de trato sucessivo (art. 290,
CPC);
e) juros legais/moratórios (arts. 404 e 406, CC) – não sendo considerados pedidos implícitos os juros convencionais
ou compensatórios.
Lembrar, quanto aos juros moratórios, o teor da Súmula 254, STF, que admite sua inclusão na liquidação de sentença
mesmo quando omissa sentença liquidanda. Tal entendimento torna-os juros moratórios uma verdadeira condenação
implícita, pois o autor terá direito a eles mesmo que o juiz não os conceda expressamente na sentença. Quanto à
correção monetária, verdadeira atualização do dinheiro, apesar de ser tradicionalmente entendida como pedido
implícito, fato é que, em termos econômicos,
não agrega ao patrimônio do vencedor mais do
que ele pediu.
De se destacar, ainda, agora relativamente aos
honorários advocatícios, que o STJ entende
que não podem ser executados sem sua
concessão e nem serem objeto de cobrança
em ação autônoma, em respeito à coisa
julgada (Súmula 453);

B. Pedido determinado: é o pedido determinado em relação ao que e ao


quantum. Entretanto, há casos em que se admite pedido genérico
excepcionalmente admitido.
Pedido genérico é o pedido indeterminado em relação ao quantum, que alguns
casos pode ser formulado (pedido genérico/ilíquido/indeterminado), conforme
art.286 CPC.

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do
fato ilícito;
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.
I- Ação universal: tem por objeto uma universalidade, ou seja, não se pode
individuar o objeto. Ex. rebanho, biblioteca, videoteca (universalidade de bens),
herança (universalidade jurídica), etc.

II- Não é possível determinar as consequências do ato ou fato ilícito: entro


com uma ação, mas não tenho como precisar o prejuízo.
(Apesar de STJ admitir este inciso nos casos de indenização, Didier não
concorda com este inciso. Ademais o legislador esqueceu de colocar ação por
indenização por fato lícito).
Relativamente aos danos morais, o STJ admite, de forma pacífica, o pedido de
condenação ao pagamento de danos morais pode ser genérico (3ª Turma, REsp
777.219/RJ, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 5.10.2006). Entendendo que não parece ser a
melhor solução colocar a valoração dos danos nas mãos de terceiro que não participou
da relação de direito material, posicionam-se Daniel Assumpção, Nélson Nery Jr, Cassio
Scarpinella Bueno e Fredie Didier.

III- o autor precisa de documentos que estão com o réu para saber quanto ele
quer.

Atenção! Art. 38, p.ú. Lei 9.099/95

Interpretação do pedido (Art.293 CPC)

Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no


principal os juros legais.

Apesar do art.293 CPC dispor que os pedidos devem ser interpretados


restritivamente, o STJ, de 2 anos pra cá, vem dando decisões de que o pedido
vem sendo interpretado sistematicamente, de acordo com o seu conjunto.
REsp1049560.

Para fundamentar a interpretação sistemática dos pedidos, pode-se citar os


arts. 112 e 113 do CC:

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do
que ao sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
de sua celebração.

Outro fundamento legal da interpretação extensiva do pedido é o Art.302 CPC:


Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição
inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da
substância do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se
aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.
A interpretação da defesa é feita com o conjunto da defesa. Essas questões
fazem com que este assunto seja novo.
Cumulação de Pedido:
Cumulação de pedido ocorre quando em um mesmo processo mais de um
pedido houver sido formulado. Trata-se de um processo com conteúdo
complexo.
a) A cumulação de pedidos pode ser:
 Homogênea
 Heterogênea.

Cumulação de pedidos homogênea é aquela formulada pela mesma parte.


Cumulação de pedidos heterogênea ocorre quando feita por pessoas
diversas. Ex. quando o réu reconvém, acrescenta-se ao processo um novo
pedido.

b) A cumulação de pedidos pode ser:


 inicial
 ulterior

Cumulação inicial: quando o processo já nasce com os pedidos formulados.


Cumulação é ulterior: quando o pedido é acrescentado ao longo do processo.
O pedido chega ao processo depois que ele está instaurado.

c) A cumulação de pedidos pode ser (é a classificação mais importante):


 Própria
 Imprópria

Cumulação própria: formulam-se vários pedidos para que todos sejam


acolhidos (regidos pela partícula E). Se divide em simples e sucessiva.
o Simples: São independentes entre si. O acolhimento de um
não depende do acolhimento de outro. Ex. acumulação de
danos morais com danos materiais.
o Sucessiva: o acolhimento de um pedido depende do
acolhimento do outro. Eu quero os 2, mas só terei um se tiver
o outro, ou seja, há entre os pedidos uma relação de
dependência “B”, só se “A”.

Cumulação imprópria: embora haja vários pedidos, apenas um deles pode


ser acolhido (regido pela partícula OU).
o Eventual ou subsidiária: o autor formula um pedido para
a eventualidade do 1º não ser acolhido. “B”, só se não “A”.
Há uma hierarquia entre os pedidos. O juiz só pode partir
para o 2º se rejeitar o 1º. Mesmo o autor tendo ganhado o
2º, ele poderá recorrer. Art.289 CPC.

Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça
do posterior, em não podendo acolher o anterior.

o Alternativa: não há ordem de preferência. Para o autor


tanto faz se “A” ou “B”. É a mesma cumulação eventual, só
que sem preferência. Assim, o juiz pode dar o 2º pedido e
não o 1º, pois não há uma ordem a ser observada. Se o
autor ganhar o 2º pedido ele não vai poder recorrer, pois o
2º pedido é tão importante quanto o 1º. Não há previsão
expressa da cumulação alternativa. Ela é admitida a partir
da premissa de “quem pode mais pode menos”.

Pegadinha: Cumulação alternativa X Pedido Alternativo.


São 2 ou mais pedidos e Formula-se apenas 1 pedido e
apenas 1 pode ser acolhido. Não há se refere a uma obrigação
ordem de preferência dos pedidos. alternativa (que pode ser cumprida
em mais de uma maneira). Prevista
no art.288 CPC. Ex. 3 bodes ou 1
cavalo; ou entregando dinheiro ou
imóvel.

Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder
cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz Ihe
assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não
tenha formulado pedido alternativo.

Situação 01: mãe e filho em litisconsórcio, sendo que o filho está pleiteando
investigação de paternidade; a mãe requerendo indenização pelas despesas
do parto. Trata-se de uma cumulação de pedidos heterogênea, própria,
sucessiva (a mãe só ganha se a paternidade for reconhecida); há
litisconsórcio em que cada um formula um pedido, em que o pedido de um
depende do outro. Assim se chama litisconsórcio sucessivo.

Situação 02: Pedido de condenação de João. Se não for possível condenar


João, condene José.
Cumulação de pedidos homogênea, imprópria, eventual.
Há litisconsórcio passivo, em que só um dos réus será condenado. Trata-se de
um litisconsórcio a partir de uma cumulação eventual, chamando-se de
litisconsórcio eventual.

Situação 3: Fred, devedor contumaz, vai a juízo e propõe uma consignação


em pagamento. Ou dá para João, ou para José, ou para Pedro.
Há cumulação de pedidos (ou quero consignar para João, ou para José, ou
para Pedro).
Trata-se de uma cumulação imprópria alternativa que gerou litisconsórcio, pois
cada pedido foi formulado para um. Assim, se chama de litisconsórcio
alternativo.

Litisconsórcios formados a partir da cumulação de pedidos:


Litisconsórcio sucessivo: cumulação própria sucessiva de pedidos
Litisconsórcio eventual: cumulação imprópria eventual/subsidiária de pedidos
Litisconsórcio alternativo: cumulação de pedidos imprópria alternativa

Requisitos para que se possa cumular pedidos:


a) O juiz tem que ser competente para todos eles.
b) Compatibilidade entre os pedidos (os pedidos tem que ser compatíveis
entre si, se não forem vai ser a inépcia da inicial).

Pegadinha: a compatibilidade entre pedidos só se aplica à cumulação própria.


A cumulação imprópria pressupõe que os pedidos sejam incompatíveis.

c) Os pedidos hão de tramitar pelo mesmo procedimento de modo que


para cada pedido corresponder um tipo de procedimento, o autor terá
que cumulá-los pelo procedimento ordinário. O procedimento ordinário
funciona com um procedimento padrão. Art. 292 CPC.

Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários
pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a
cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.

RESPOSTA DO RÉU

Resposta do réu é um gênero que engloba todas as possibilidades de atitudes


do réu. A defesa do réu é apenas uma das possibilidade de resposta do
réu. O réu pode:
 Contestar
 Ser revel
 Reconhecer a procedência do pedido
 Impugnar o valor da causa
 Pedir a limitação do litisconsórcio multitudinário.
 Pedir a revogação da Justiça Gratuita concedida ao autor
 Reconvir
 Alegar incompetência relativa/impedimento/suspeição do juiz.

Já estudamos o pedido de limitação de litisconsórcio e impugnação ao valor da


causa. Não vamos estudar o pedido de revogação de justiça gratuita.

1) CONTESTAÇÃO:
Contestação é um exemplo de resposta do réu e não se confunde com este.

 O que é “Exceção”?
R. “Ação” está para petição inicial, assim como “exceção” está para a
contestação. A palavra exceção pode ter 3 acepções:

i- Direito de defesa: direito de exceção ou direito de defesa


constitucionalmente garantido são a mesma coisa. Se liga ao
contraditório “priscas eras”.
iii- Defesa: a contestação é um instrumento pelo qual o réu apresenta
as suas defesas.
ii- Exceção Substancial: (é difícil entender, então só estudar pelo
caderno). Trata-se de um tipo de direito. É um contradireito.
Contradireito é um direito que se exerce contra um outro direito. Alguém
lhe cobra um direito; se houver uma exceção substancial contra este direito, há
um contradireito. Opera no plano da eficácia, ou seja, não pretende o
demandado extinguir a exceção contra si exercida, mas apenas retirar-lhe a
eficácia.
A exceção substancial não nega o outro direito, ou seja, ela supõe esse
direito para aniquilá-la.
A relação entre direito e contradireito, trata-se de uma relação entre veneno e
antídoto: o antídoto é um veneno cujo propósito é aniquilar o outro veneno. O
antídoto não nega o veneno, mas supõe que haja um veneno. Assim, se tomo
um soro antiofídico sem ter sido picado por cobra, eu me enveneno pelo soro.

Ex.1: exceção de contrato não cumprido. Chama-se exceção porque é um


contradireito: estão lhe cobrando um contrato, mas você invoca o direito de não
cumpri-lo, em razão do cobrador não ter cumprido a sua parte.

Ex.2: prescrição. Prescrição é o direito do devedor tem de não pagar uma


dívida. O devedor tem o direito de não pagar a dívida (pode ser reconhecida de
ofício).

Ex.3: o direito de retenção. Sujeito lhe pede uma coisa de volta e você se
recusa, alegando que tem o direito de reter até o pagamento das benfeitorias.
Aqui se supõe o direito do demandante, mas não nega o direito do demandado.

Ex.4: o benefício de ordem do fiador. O credor vai cobrar uma dívida e o


fiador não nega o direito, mas invoca a ordem.

Ex. polêmico: compensação para muitos é uma exceção substancial, pois o


devedor invoca o seu crédito contra o credor.
Pontes de Miranda não considera a compensação como exceção substancial,
pois a compensação extingue o crédito, e para este, a exceção substancial
pode apenas neutralizar o direito. O art.190 CC cuida da exceção substancial.
Ex. não posso trazer um crédito prescrito para cobrar nem para compensar.
Art. 190. A exceção (substancial) prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

Atenção! Na prova, colocar o exemplo do art.190 CC a compensação; mas


quando for dar exemplo de exceção substancial colocar prescrição, exceção do
contrato não cumprido etc.
A exceção substancial será deduzida em defesa na contestação e não por
reconvenção. A exceção substancial é um direito; ela nunca impede/nega, pois
ela supõe que ele exista. É um fato que ou modifica ou extingue o direito.

1.1) Classificação das defesas:

1ª classificação) Defesas de Mérito/admissibilidade:


Se a defesa for contra o acolhimento de um pedido, a defesa é de mérito.
Se a defesa é para que o juiz nem examine o pedido a defesa é de
admissibilidade (ou processual).

Ex. incompetência – admissibilidade


Ex. réu já alega pagamento – mérito
Ex. decadência – mérito
Ex. prescrição – mérito

Toda exceção substancial é defesa de mérito.

Cuidado! Decadência e pagamento não são exceções substanciais (vide


pág.480 Didier volume 01).

Aula 18
Classificação das Defesas (continuação)

2ª classificação) Objeções/Exceções:

Objeções: são defesas que o juiz pode conhecer de ofício. Ex. incompetência
absoluta, carência de ação, conexão, decadência legal, prescrição,
pagamento.

Exceção: em sentido estrito, é a defesa que o réu não pode reconhecer de


ofício. Ex. decadência convencional, incompetência convencional,
incompetência relativa, exceção de contrato não cumprido, direito de retenção,
compensação.

Obs. no estudo de Execução, veremos a exceção de pré-executividade que é


uma modalidade de defesa do executado.
Discute-se se na execução de pré-executividade poderia ser veiculada
qualquer matéria ou só aquelas que o juiz possa conhecer de ofício. No
segundo caso, seria chamada de objeção. Entretanto, prevalece a 1ª postura e
reconhecer a possibilidade de alegar qualquer defesa, desde que comprove
documentalmente.

3ª classificação) Defesa Direta e Indireta (classificação das defesas


substanciais):

Defesa Direta:
A defesa é direta quando o réu se defende sem acrescentar fato novo. Se a
defesa é direta significa que o ônus da prova é do autor já que o réu não trouxe
fato novo nenhum. Não há aqui necessidade de réplica (manifestação do autor
sobre a contestação). Só há 2 possibilidade de defesa direta:
a) Quando o réu nega os fatos afirmados pelo autor. O réu se limita a isso
e não agrega nenhum fato novo.
b) Quando o réu reconhece a ocorrência dos fatos afirmados, mas nega as
consequências jurídicas. Aqui também não acrescenta fato novo e
chama-se de confissão qualificada.
Ex. funcionários públicos entraram com MS para não bater ponto. Alegaram
que em 15 anos não bateram ponto e o chefe novo passou a exigir esta
conduta.

Confissão simples: réu se limita a reconhecer os fatos.


Confissão qualificada: é uma confissão, na medida que o réu reconhece os
fatos relatados pelo autor, entretanto nega as consequências jurídicas.

Defesa Indireta:
Defesa indireta: o réu traz ao processo afirmação nova de fato. Tudo o que não
for defesa direta .
Ex. toda defesa de inadmissibilidade é indireta; as exceções substanciais são
defesas indiretas. O pagamento são defesas indiretas.

Consequências da defesa indireta:


 O ônus da prova passa a ser do réu.
 O autor terá que ser intimado para a réplica.
Existe um tipo de defesa indireta em que o réu reconhece os fatos afirmados
pelo autor, mas alega fato impeditivo, modificativo ou extintivo. A isso é
denominado confissão complexa, pois é uma confissão que vem
acompanhada da alegação de outros fatos.
A confissão é tida por indivisível; incindível. Entretanto, a confissão complexa é
divisível.

A confissão complexa é a única confissão que é divisível.

Confissão simples: réu se limita a reconhecer os fatos.


Confissão qualificada: é uma confissão, na medida que o réu reconhece os
fatos relatados pelo autor, entretanto nega as consequências jurídicas.
Confissão complexa: é uma confissão que vem acompanhada da alegação
de outros fatos.

4ª classificação) Defesa Dilatória e Peremptória:

Defesa Dilatória:
A defesa dilatória tem por objetivo apenas atrasar o acolhimento do que
o autor pretende.
Ex. alegação de incompetência; alegação de conexão ou de exceção de
contrato não cumprido; direito de retenção.
São defesas de mérito são dilatórias, indiretas e exceção.

Na prova geralmente pede exemplos de defesas dilatórias:


 Defesa Dilatória de admissibilidade é o mais fácil.
 Defesa Dilatória de mérito é mais complexo. Ex. exceção de contrato
não cumprido e direito de retenção.

Defesa Peremptória:
Defesa peremptória é para destruir/extinguir.
São exemplos de defesas peremptórias: decadência, carência de ação,
pagamento, prescrição.

1.2) Regras fundamentais da contestação:

Contestação é o instrumento pelo qual o réu apresenta a sua defesa. Há 2


regras básicas que orientam a contestação:

I) Regra da Concentração da Defesa: toda a defesa do réu deve


ser veiculada na contestação.
O réu pode cumular defesas, ou seja, pode apresentar quantas defesas quanto
ele entenda cabíveis para o caso. O réu pode formular defesas incompatíveis.
São defesas que se opõe, mas podem ser deduzidas pelo réu.
Entretanto, há uma limitação a incompatibilidade. O Princípio da Boa Fé
impede que se formule pedidos absurdos.

Ex. não é possível alegar que nunca me entregou, mas se me entregou a


mercadoria ela está com defeito;
Ex. não é possível dizer que não devo nada, mas se dever, o outro deve
cumprir primeiro a sua parte, pois há exceção de contrato.
Ex. é possível falar que juiz é incompetente e se for competente, eu paguei.

A cumulação de defesas incompatíveis é uma cumulação imprópria de pedidos


aplicada a defesa.

A regra da concentração da defesa sofre 2 mitigações:


 Há defesas em que a lei impõe sejam deduzidas fora da contestação:
 Impugnação ao valor da causa
 Incompetência relativa
 Impedimento
 Suspeição.

 Há defesas que a lei permite sejam deduzidas depois da contestação.


 Casos do art.303 CPC

Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:


I - relativas a direito superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; (Objeções)
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.
i) Direito superveniente: não pode o réu sofrer uma preclusão se não
existia um determinado fato. Ex. pagamento, lei superveniente.
ii) Conhecer o juiz de ofício. São as objeções.
iii) Expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer
tempo e juízo. Ex. decadência convencional pode ser alegada a
qualquer tempo, mas juiz não pode reconhecer de ofício.

II) Ônus da Impugnação Especificada.


Cabe ao réu alegar/contestar cada um dos fatos alegados pelo autor,
especificadamente. Se essa impugnação não for específica, será havido como
fato ocorrido. Sendo assim, não se admite contestação genérica, ou seja, uma
negativa geral.
Há sujeitos que estão dispensados deste ônus:

a) Art.302, p. único CPC.


Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se
aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.

Defensor Público não está livre do ônus da Impugnação especificada, exceto


quando estiver atuando como curador especial.

Em 1973 fazia sentido o MP estar inserido neste rol, pois não havia Defensoria
Pública. Sendo assim, é inaplicável a possibilidade de defesa pelo Ministério
Público realizar defesa por negativa geral, sem atentar ao disposto neste artigo.

b) Há fatos que mesmo que não impugnados especificadamente não serão


considerados como verdadeiros. Art.302 caput CPC.
Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição
inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da
substância do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

i- O silêncio não pode equivaler à confissão se não for admissível a


confissão. Art.213 CC (fatos que dizem respeito a direitos
indisponíveis).
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a
que se referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em
que este pode vincular o representado.
Há o entendimento equivocado de que os fatos relacionados a Fazenda
Pública são fatos insuscetíveis de confissão, e logo, não caberia presunção de
veracidade contra esta por força do art.302, I CPC. É absurdo, porque a
Fazenda Pública pode reconhecer que os fatos aconteceram, mas não
necessariamente concordar com o pedido feito pela parte contrária.

ii- Se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento


público (na verdade pode ser instrumento público ou privado)
que a lei considerar da substância do ato:
Há atos que só se provam por instrumento.
Ex. Testamento. Ele só se prova com o instrumento privado do testamento.
Ex. Instrumento de compromisso de compra e venda de imóvel.
O silêncio do réu não supre a falta do instrumento que a lei repute da
substância do ato.

iii-
Se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto.
Este inciso impõe uma interpretação sistemática da contestação.

1.3) Pedido na Contestação

O réu pede a extinção da contestação:


 Extinção da ação sem análise de mérito
 Improcedência do pedido
 Condenação do autor a litigância de má fé
 Condenação do autor as verbas da sucumbência
 Nos juizados especiais e procedimento sumário – o réu pode realizar
pedido contraposto ao autor (falaremos mais a frente disso).

Acabamos de ver resposta do réu.

2) REVELIA
I. Revelia - conceito:
Revelia é a não apresentação tempestiva da contestação.
Revel significa desobediente. Historicamente o revel era considerado um
rebelde que não vem ao processo e por isso que é tratada com tanto rigor.
Atenção! Não confundir revelia, que é um fato, com os seus efeitos. Efeitos da
revelia são conseqüências da revelia.
Revelia é o fato de o réu não ter apresentado defesa no prazo. Pode haver
revelia que não produza efeitos.

A revelia é um ato-fato processual.

II. Efeitos da revelia:

São 4 os efeitos da revelia:


a) Efeito material da revelia: presunção de veracidade dos fatos
afirmados pelo autor chamada de confissão ficta.
b) Efeito reflexo da revelia ou mediato que decorre do 1º efeito-
presunção de veracidade - qual seja, a possibilidade do julgamento
antecipado da lide.
c) Efeito preclusivo: preclusão da possibilidade de defesa, ressalvadas as
exceções apresentadas.
d) Efeito processual: permitir o prosseguimento do processo sem
intimação do réu revel.
III. Mitigações aos Efeitos da Revelia:

São 12 regras que protegem o réu revel:

i. a presunção de veracidade (confissão ficta) não é automática.


Para que haja presunção de veracidade é preciso que as alegações do autor
sejam minimamente verossímeis. Assim, a revelia não pressupõe
necessariamente a presunção de veracidade.

ii. a revelia não implica necessariamente procedência do pedido do autor.


Réu revel pode ser vitorioso.

iii. O art.303 também mitiga os efeitos da revelia já que ele permite que o
réu alegue questões depois do prazo da defesa. As matérias de ordem
pública (objeções) podem ser alegadas a qualquer tempo.
iv. Se o autor quiser alterar o pedido ou a causa de pedir terá de promover
nova citação. Art.321 CPC.

Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir,
nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será
assegurado o direito de responder no prazo de 15 (quinze) dias.

Obs.1 Embora a literalidade do § 4º do art. 267 do CPC exija o consentimento do réu


para a desistência da demanda “depois de ocorrido o prazo para a resposta”, a melhor
interpretação é aquela acerca do oferecimento da defesa, como o parâmetro para exigir
ou não a concordância. Se o reu apresenta defesa já no 1º dia do prazo, exige-se seu
consentimento para que o autor desista da ação. Por outro lado, no escoamento do prazo
sem resposta – revelia – não se exige anuência.
Obs.2 O mandado de segurança, dada a sua natureza de writ constitucional, afasta-se da
demais demandas cíveis, não lhe sendo exigível o consentimento do réu nem a
anterioridade à decisões de mérito para a desistência da demanda. O impetrante pode
desistir de mandado de segurança a qualquer tempo, ainda que proferida decisão de
mérito a ele favorável, e sem anuência da parte contrária.
Obs.3 O STJ possui jurisprudência consolidada de que a oposição à desistência da ação
pelo réu a que se refere o § 4º do art. 267 do CPC deve ser fundamentada, sob pena da
configuração de abuso de direito.
Todavia, o art. 3º, caput, da Lei 9.469/97 passou a condicionar que a fazenda pública
federal exigisse a renúncia ao direito sobre que se funda a ação para autorizar a
desistência da demanda
Art. 3º As autoridades indicadas no caput do art. 1º poderão concordar com pedido de
desistência da ação, nas causas de quaisquer valores desde que o autor renuncie
expressamente ao direito sobre que se funda a ação (art. 269, inciso V, do Código de
Processo Civil).”
Após alguma controvérsia, a jurisprudência do STJ se firmou por entender o
condicionamento como legítimo, por se fundar em lei e se tratar de interesse público,
impedindo que o juiz venha a homologar a desistência sem o consentimento da AGU.

v. É direito do réu revel intervir no processo a qualquer momento.


A partir do momento em que ele intervier ele tem o direito de ser intimado. A
partir deste momento ele pode produzir provas. P.ex. apelar.
vi. Às vezes o réu é revel, mas tem advogado nos autos.
Neste caso, o advogado deverá ser intimado de todos os atos.
Ex. advogado pega os autos para defesa, mas não apresenta contestação.

vii. Previsão da querela nullitatis:


A querela nullitatis é um instrumento de proteção do réu revel (ausência de
citação ou citação inválida), pois pode na execução anular a sentença.

viii. Revelia que decorre de citação por edital ou com hora certa não produz
aqueles efeitos, pois nestes casos o juiz terá que nomear curador
especial que realizará a defesa.
Não é qualquer revelia que resulta em nomear curador especial. Deve ser a
revelia por citação com hora certa para isso. Vide Emagis 43.2015 discursivas.

ix. O assistente simples pode contestar por assistido revel.


Art.52, p.único CPC

Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e
sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de
negócios.

Atenção! O art.320 abarca as 3 últimas mitigações aos efeitos da revelia.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere
indispensável à prova do ato.

O art.320 traz hipóteses em que a presunção não se aplica:

x. A condenação do litisconsorte aproveita ao outro que foi revel.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

Este inciso se aplica perfeitamente ao litisconsórcio unitário. Em relação ao


litisconsórcio simples, este inciso só se aplica em relação a contestação que
diga respeito de contestação a fatos comuns a ambos os litisconsortes.

As mesmas razões que impedem a veracidade do fato não impuganado,


se aplica da mesma forma quando há revelia:

xi. Indisponíveis:
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

xii. Instrumento público:


Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere
indispensável à prova do ato.

Obs. . O mandado de segurança, dada a sua natureza de writ constitucional, afasta-se da


demais demandas cíveis, não lhe sendo exigível o consentimento do réu nem a
anterioridade à decisões de mérito para a desistência da demanda. Recentemente o STF
reapreciou a questão, confirmando sua jurisprudência.

Obs: O STJ possui jurisprudência consolidada de que a oposição à desistência da ação


pelo réu a que se refere o § 4º do art. 267 do CPC deve ser fundamentada, sob pena da
configuração de abuso de direito

RECONVENÇÃO

Reconvenção vem do verbo reconvir que vem de do verbo vir.


Eu reconvim, o réu reconveio.
Ele interveio.

Não pode falar que o réu reconviu, porque não adveio do verbo ver.

Reconvenção é ação proposta pelo réu contra o autor no mesmo processo em


que ele está sendo demandado.

Atenção!
a) Reconvenção não é defesa, mas ação.
b) Reconvenção não gera um novo processo. Ela é uma ação em um
processo já existente. Ela apenas amplia o objeto de um processo
existente sem gerar processo novo.
c) Se o juiz indeferir a petição inicial da reconvenção cabe agravo de
instrumento.
d) O réu que reconvém é chamado de reconvinte.
O autor é o reconvindo.
e) A reconvenção será apresentada no prazo da resposta (em 15 dias).
f) A reconvenção deve vir em peças distintas da contestação e deve ser
apresentada concomitantemente a contestação.
Se o sujeito quiser reconvir e contestar ele deve fazer isso ao mesmo
tempo. Se ele contestar no 14º dia, não poderá reconvir no 15º dia, sob pena
de preclusão consumativa.
Obs. no projeto de novo código, a reconvenção fica na peça da contestação.

Se o prazo da contestação é quadruplicado, o prazo da reconvenção também


será quadruplicado.
g) Uma vez apresentada a reconvenção, o autor será intimado para
contestar a reconvenção. Essa intimação para o autor constestar a
intimação, será feita no advogado do autor.
h) O autor terá 15 dias para contestar a reconvenção.
Ex. o réu contestou e reconveio. O autor será intimado para repilcar a
contestação (10 dias) e para contestar a réplica (15 dias).

Obs. Na proposta do novo CPC há uma regra de 15 dias para todos os prazos,
exceto pelos embagos de declaração que serão feitos em 5 dias.

 O autor pode ser revel na reconvenção?


R. Sim, será réu na reconvenção se não contestar na reconvenção. Trata-se de
um revel que está nos autos, sendo assim terá o direito de ser intimado.

i) A presunção da veracidade ao autor-réu da reconvenção não pode ser


incompatível com as alegações feitas da petição inicial.

Como é um réu que já se manifestou nos autos, mas não contestou a


reconvenção, a presunção de veracidade da revelia na reconvenção não pode
contrariar aquilo que o autor já mencionou na petição inicial.

 É possível o autor apresentar uma reconvenção da reconvenção?


R. Sim. O projeto do novo CPC deixa isso expressamente previsto.

j) São autônomas a ação e reconvenção, embora ambas tramitem no


mesmo processo.
Isso significa que se por qualquer razão a ação não possa ser examinada, isso
não contamina a reconvenção. Elas haverão de ser julgadas na mesma
sentença.

 Qual é a distinção entre reconvenção e pedido contraposto?


R. Substancialmente (essencialmente) são a mesma coisa: ambos são
demanda do réu contra o autor no mesmo processo. Por isso pertencem ao
mesmo gênero. Eles se distinguem substancialmente.

Há diferenças circunstanciais entre reconvenção e pedido contraposto:


 O pedido contraposto é feito na própria contestação.
Obs. Trata-se de uma diferença tão menor, a ponto do novo CPC a
reconvenção estará prevista na própria contestação.

 Reconvenção é ação do réu contra o autor, ou seja, não é defesa.


Contestação é defesa.
Sendo assim, são situações contrapostas, ou seja, pedido contraposto é
defesa, enquanto reconvenção é ação.

 A reconvenção é de cognição ampla, ou seja, não há limitação fática na


reconvenção, podendo ter qualquer natureza (condenatória, constitutiva,
etc.). O pedido contraposto sempre tem uma restrição cognitiva. Por
isso, ele não pode veicular qualquer demanda.
 Não cabe reconvenção nos juizados e no procedimento sumário, mas é
possível pedido contraposto.

O pedido contraposto é como se fosse uma reconvenção com restrição


cognitiva, pois substancialmente são a mesma coisa.

Nada obstante a reconvenção seja muito ampla, há um pressuposto para


reconvir: a reconvenção tem de ser conexa com a ação principal ou com
os fundamentos de defesa.

Ação principal
Reconvenção - conexa
ou

Fundamentos de defesa

k) Conexão para fins de reconvenção não é o mesmo que conexão para


fins de competência.
Conexão para fins de reconvenção significa: “ter a ver” com alguns argumentos
da defesa.

l) O problema formal da ação não contamina a reconvenção e vice-versa.


m) Não é possível reconvir formulando uma ação perante um juiz
incompetente.

Ação + reconvenção é uma cumulação heterogênea de pedidos. Desta forma,


só posso cumular se o juiz for competente para ambos e que ambas possam
tramitar no mesmo procedimento.

 A reconvenção foi pensada em aplicar em procedimento ordinário. Cabe


reconvenção em procedimento especial?
R. Sim. Cabe reconvenção em procedimento especial, desde que se trate de
procedimento especial que após a defesa viram ordinários.
Ex. ação monitória – é um procedimento especial até a defesa. Por isso cabe
reconvenção em ação monitória. Súmula 292 STJ.

Súmula 292
A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.

Na reconvenção de B contra A, cabe reconvenção de 3º, ou seja, reconvenção


de litisconsórcio do réu contra o autor?
R. Sim
B
A B A
C

Pode haver reconvenção proposta pelo réu proposta contra um autor e um 3º?
R. Sim, quando estiver em litisconsórcio necessário.

C
B
A

Por isso a reconvenção pode ampliar subjetivamente o processo. Além de


trazer pedido novo, a reconvenção pode ampliar subjetivamente.

 Quando o autor for um legitimado extraordinário, cabe reconvenção?


R. Sim, pode reconvir, desde que o réu:
o afirme ter um direito contra o substituído E
o é preciso que o réu tenha legitimidade extraordinário passiva.

Ex. uma administradora de consórcio cobra de uma concessionária direitos do


grupo de consorciado. A administradora é legitimada extraordinária do grupo. A
concessionária dó pode reconvir relativo ao grupo de consorciados e não com
relação a administradora como uma comissão em que esta última está
devendo.

Ex. reconvenção em ação coletiva. Cabe, desde que o réu faça um pedido
contra o grupo.

 Reconvenção tem custas?


R. na lei federal não, pois isenta de custas. Na justiça estadual vai depender do
Estado.

 Como examinar o interesse de agir na reconvenção?


R. deve-se partir da premissa de que não há interesse na reconvenção sempre
que aquilo que se pretende puder ser alcançado com a contestação.
Se aquilo que eu quero puder ser alcançado com a contestação, não há
interesse na reconvenção.

Assim, não cabe reconvenção para pedir a improcedência do pedido do autor.


Não é possível reconvir para exercer uma exceção substancial, pois as
exceções substanciais são defesas.

Ex. direito de retenção, compensação, exceção de contrato não cumprido são


matérias de defesa que devem ser veiculadas na defesa.

Por esta razão, em uma ação declaratória não cabe reconvenção para obter
declaração contrária. Se em uma ação declaratória o autor pleiteia o
reconhecimento de um direito, a sua declaração contrária (não há o direito)
deve ser feita em contestação e não em reconvenção.
Cabe reconvenção em ação declaratória. Não cabe é a declaração contrária,
por ser uma falta de interesse.

Aula 19
Exceções Instrumentais:
O termo exceções instrumentais se justifica pela necessidade de tais defesas
serem veiculadas em peças distintas da contestação, em instrumento próprio.

Exceção:
 Incompetência relativa
 Impedimento/suspeição

Excipiente: é quem suscita a exceção;


Excepto: é contra quem se suscita.

Na alegação de incompetência relativa sempre o réu é excepiente, enquanto o


autor sempre é o excepto.
No caso exceção de impedimento ou suspeição, a situação muda de figura:
excipiente pode ser autor ou réu e o impedido ou suspeito será o impedido ou
suspeito. Desta maneira, é possível entrar com exceção de
impedimento/suspeição contra:
 Juiz/tribunal
 Promotor/auxiliar de justiça.
Por isso se formos rigorosos, não é cabível falar em resposta do réu no caso
de exceção de impedimento e suspeição.

Pegadinha: todas as exceções instrumentais, uma vez apresentadas


suspendem o processo. Impedimento e suspeição contra promotor ou
auxiliar de justiça não suspende o processo.
Art.138,§1º CPC.

§ 1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em petição


fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos
autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão da causa, ouvindo
o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando a prova quando necessária e julgando o
pedido.

Antes de julgar a exceção é dada a oportunidade do suspeito/impedido de


manifestar acerca da exceção.

A exceção de incompetência relativa será julgada pelo juiz da causa, em


decisão interlocutória, impugnável por agravo de instrumento.
A exceção de e impedimento ou suspeição de auxiliar de justiça, quem julga é
o juiz da causa em decisão interlocutória por decisão de agravo de instrumento.

Exceção de impedimento e suspeição contra juiz, quem julga é sempre o


tribunal. Desta forma, estaremos diante de um acórdão, impugnado por REsp
ou RE.
Exceção de impedimento e suspeição contra tribunal, basta impugnar sua
maioria absoluta. Neste caso quem vai julgar a causa?
R. O Supremo que julga a suspeição/impedimento do tribunal e julga caso este
seja considerado suspeito.
Assim, o STF é competente para julgar a exceção de qualquer tribunal, além de
ser seu substituto.
Caso o Supremo seja suspeito não há solução para este problema, mas isso
não é importante no âmbito concursal.

Não há necessidade de poder especial para advogado alegar suspeição e


impedimento, embora na prática é recorrente estar presente na procuração.

A exceção de incompetência relativa pode ser oferecida no domicílio do réu,


mesmo sua causa não tramitar lá.
Ex. ação corre em SP, mas o réu alega incompetência relativa em Salvador,
pedindo a remessa do pedido de incompetência em SP.

O relator não pode julgar monocraticamente o pedido de suspeição


impedimento, pois cabe ao tribunal fazê-lo. Se isso ocorrer, cabe agravo interno
contra a decisão do relator.

 Validade dos atos decisórios feito pelo juiz suspeito ou impedido?


R. Eles são anulados. Isso não é expressamente dito no atual CPC.
O projeto de CPC prevê que o tribunal deve decidir a partir de quando foi
considerada o sujeito se encontrou suspeito/impedido.

Reconhecido o impedimento ou suspeição, o órgão que foi considerado


suspeito/impedido é condenado ao pagamento de custas. Assim, o órgão (juiz)
poderá recorrer, uma vez que é parte deste incidente. Neste âmbito, o
suspeito/impedido não possui capacidade postulatória, devendo ser
representados. Ex. juiz tem que contratar um advogado.

 Um decisão de suspeição e impedimento vale para outros processos


que não aquele em que foi julgado (ele possui eficácia externa) ou uma
nova exceção deve ser apresentada?
R. Possui eficácia externa, não sendo necessário nova exceção de suspeição e
impedimento. Se os fatos mudam, uma nova decisão se impõe.

Ex. arguo a suspeição de um juiz alegando que ele é meu inimigo. O tribunal
acata a suspeição e afasta o juiz. Posteriormente eu entro com outra ação e
caio no mesmo juiz.

Obs. O MP pode suscitar a suspeição/impedimento.

Prazo e Preclusão:
Em regra, o CPC prevê é um prazo de 15 dias da data do fato para suscitar a
suspeição e impediemento.
Obs.1:Quando o CPC dispõe 15 dias da data do fato, a incompetência relativa
se dá no 1º momento que cabe ao réu falar nos autos, pois não existe
incompetência reativa no meio do processo.
Obs.2:Se o réu tem prazo diferenciado para contestar, há prazo diferenciado
para alegar incompetência relativa (ex. fazenda pública).

Obs.3:É possível que o réu entre com exceção de suspeição/impedimento


relativo sem a contestação. Ex. em 10 dias entra com exceção de
incompetência que suspende o processo.

Obs.4.Durante o processo pode acontecer que o juiz se torne impedimento e


suspeição. Da data deste fato, tem 15 dias para alegar a suspeição.

Obs.5: O prazo de 15 dias é irrelevante para a exceção de impedimento, pois a


doutrina fala que o impedimento pode ser alegado a qualquer tempo, pois
neste caso, é tão grave que pode gerar ação rescisória.

Atenção! O juiz pode se declarar suspeito a qualquer tempo, ou seja, este


prazo de 15 dias cabe somente a parte interessada.

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTOS CONFORME O


ESTADO DO PROCESSO

1) Providências Preliminares
O juiz possui o poder de sanear o processo, desde o início até o final.
O poder de saneamente do processo pelo juiz pode ser feito a qualquer
momento do processo. Entretanto, há um momento/fase com o propósito de
sanear o processo (averiguar a validade dos atos). Esta fase de saneamente
ou ordenamento ocorre depois da resposta do réu e até o julgamento
conforme o estado do processo. Ela tem por objetivo preparar o processo para
que nele seja proferida uma decisão que se chama “julgamento conforme o
estado do processo”.
O julgamento conforme o estado do processo é a decisão que encerra a
fase de saneamento.

Providências preliminares: são providências que o juiz tem que tomar depois
da resposta do réu para preparar o processo para o momento da decisão.

Não há como saber todas as providências preliminares. Elas podem ser


inúmeras.

Ex. na resposta do réu traz uma reconvenção. Deve-se intimar o autor para
contestar a reconvenção, o que é uma providência preliminar.
Ex. o réu denunciou a lide um 3º. O juiz deve determinar a citação do 3º.
Ex. o réu é revel e a citação foi por edital. Há a necessidade de nomear um
curador especial.
Ex. a parte é incapaz. Deve o juiz intimar o MP.
Ex. o réu tem defesa indireta, o autor tem direito à réplica.

1.1) Ação Declaratória Incidental:


Introdução:
Em um processo há:
 Questão principal (objeto da decisão) – há coisa julgada. Incider
principaliter.
 Questão incidente (fundamento da decisão) – não há coisa julgada.
Incider tantum.

As questões incidentes não são o objeto da decisão, mas elas tem de ser
examinadas para que a questão principal seja apreciada.

Essa distinção é relevante, pois na questão principal há coisa julgada,


enquanto da questão incidente não.

Questão incidenter tantum significa a análise de uma questão como


fundamento. Já a questão incider principaliter diz respeito ao objeto.
Ex. no controle difuso o controle é incider tantum, enquanto no controle
concentrado é incider principaliter.

Não há questões que são especificamente principais ou incidentais. Depende


de como elas são consideradas no processo.

Ex. paternidade em ação de alimentos é uma questão incidental. Em uma


investigação de paternidade é uma questão principal.

Isso é a base para entender precedente judicial e coisa julgada.

Assim, a ação declaratória incidental, da mesma maneira que a


reconvenção e o pedido contraposto, tem o poder de ampliar os
limites objetivos da demanda, fazendo com que uma relação jurídica,
que originalmente não figurava no pedido da parte, possa ser
alcançada pela coisa julgada. Com isso, evita-se uma demanda
posterior que viesse a prejudicar o julgamento da primeira demanda
(demanda original). Daí advém a autorização do art. 325, c/c art. 5º,
ambos do CPC

Questão prévia:
Questão prévia é a questão que tem que ser examinada antes de outra, pois
ela exerce uma subordinação a uma outra questão.
Sendo assim, há a questão prévia (subordinante) e a questão seguinte
(subordinada).

As questões prévias se dividem em 2 espécies:


 Preliminar
 Prejudicial

Questão preliminar é a questão prévia cuja solução pode impedir o exame


da questão seguinte. A depender do modo como soluciona a preliminar (ela não
é superada), nem se avança a questão seguinte.
Ex. A competência é preliminar ao pedido. Ela impede que se examine o pedido
caso seja incompetente o juízo.

Questão prejudicial: é uma questão prévia cuja solução determina como se


examinará a questão seguinte. A prejudicial não é um obstáculo, mas uma
questão que tem que ser enfrentada para averiguar como ela será resolvida.
Ela funciona como uma diretriz.

Ex. a paternidade é prejudicial aos alimentos, pois se não for pai não deve
alimentos.

Uma questão prejudicial pode ser uma questão:


 Incidente (fundamento em um processo) – não há coisa julgada sobre
ela.
 Principal (objeto em um processo) – faz coisa julgada.

A prejudicial pode fazer coisa julgada.

A questão prejudicial principal pode ser:


 Desde o início: Ex. investigação de paternidade e alimentos. O sujeito
poderia entrar apenas com alimentos, mas preferiu entrar com ambas.

 Tornar-se principal durante o processo: ela pode durante o processo


virar a principal. Passar de incidente para a principal. Sua utilidade é a
coisa julgada.

Se o réu na defesa negar a prejudicial afirmada pelo autor como simples


fundamento, o juiz deve intimar o autor para se manifestar sobre isso em 10
dias. Se o autor quiser, ele poderá propor a ação declaratória incidental. Ela
acrescenta um novo pedido ao processo, pois a questão incidental seja
apreciada como principal. Assim, a prejudicial passa a ser examinada com
aptidão para a coisa julgada (art. 325 CPC).

 O réu pode entrar com ação declaratória incidental?


R. o CPC não fala nada, pois se o réu quiser fazer isso ele simplesmente
reconvém, não sendo necessária uma ação declaratória. Sendo assim,
somente o autor entra com a ação declaratória incidental.

A ação declaratória incidental transforma a análise da questão prejudicial de


incidenter tantum para principaliter.

 Prejudicial/ preliminar não são defesas do réu?


R. Na verdade são questões que podem caber ao autor ou ao réu. Trata-se de
questões que devem ser analisadas antes de outras.
Ex. pedido subsidiário. Se o 1º pedido não for dado ele nem examinará o outro.

Atenção! A ação declaratória, assim como a reconvenção, é uma ação nova no


mesmo processo. É na verdade um aditamento.
1.2) Julgamentos Conforme o Estado do Processo

Possível 07 variações:
I) Extinção do Processo sem exame do mérito:

Art.267 CPC:
a) Extinção nas hipóteses de validade: incisos I, IV, V, VI, VII.
b) Morte do autor:
o se o autor morre e o direito é intransmissível, o processo
tem que acabar. Ex. sujeito pede reintegração ao trabalho
na justiça; MS para tomar posse em cargo público.
o Se o direito é transmissível os herdeiros sucedem.

c) Revogação: as partes desistem; abrem mão do processo. Ele não é


extinto por defeito do processo, pois o autor simplesmente não quer
mais.
d) Abandono: incisos II e III

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232,
de 2005)
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a
legitimidade das partes e o interesse processual;
VII - pelo compromisso arbitral;
Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.

 E o inciso X?
R. há confusão quando a pessoa reúne as mesmas funções de credor e
devedor. De acordo com o CC, a confusão é causa de extinção da obrigação,
se assemelhando à compensação, pagamento, etc.

Se o juiz reconhece que houve pagamento, compensação ele extingue com


resolução do mérito. Então a confusão, como extingue a obrigação, deve ser
analisada com resolução de mérito.

Assim, a doutrina defende que a confusão é resolução com resolução de


mérito, estando o inciso X em local errado. O projeto do novo CPC já prevê
esta alteração.

O CPC diz que a extinção do processo sem exame do mérito não impede a
repropositura da ação
Em uma prova oral/escrita isso não basta.
Há uma hipótese que a extinção sem exame do mérito impede a repropositura:
é a hipótese do inciso V do art.267 CPC. O art.268 CPC traz essa exceção:
Art. 267 V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa
julgada;

Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor
intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do
pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento
previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo
objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

Atenção! Apesar da redação, o juiz pode extinguir de ofício com base no inciso
V do art.267.

Perempção: quando um sujeito der causa a 3 extinções do processo por


abandono. Se ele entrar uma 4ª vez com a mesma demanda o juiz pode
extinguir por perempção.

Por conta deste tratamento diferenciado surgiu a seguinte questão:


 Essa sentença, que embora não seja de mérito, pode se submeter a
ação rescisória?
R.STJ não admite rescisória desta sentença. Muitos doutrinadores entendem
(inclusive Didier) que sim, pois a sentença se aproxima com uma decisão de
mérito.
O projeto do novo código expressa que cabe rescisória.

 Esta referência ao inciso V feita pelo art.268 ela é exaustiva ou


exemplificativa? Há outras hipóteses de sentenças sem exame do
mérito que impedem a repropositura da ação?
R. O STJ no julgamento Em.Div. 160.850 decidiu que se o processo for extinto
quanto a legitimidade, ele pode voltar a juízo, mas não da mesma maneira que
a anterior. Ele tem de corrigir o defeito e voltar a juízo.
Assim, STJ decidiu que a extinção por ilegitimidade impede a repropositura da
mesma ação.
Entretanto, o art.268 CPC só se refere ao inciso V. O STJ alegou que este
artigo é exemplificativo, aplicando-se também ao inciso IX. Justificou que se o
processo é extinto por morte do autor não é possível a repropositura.

Essa interpretação permite que sempre que o processo for extinto por
invalidade, só é permitido voltar a juízo corrigindo defeito que deu causa a
extinção.

Neste contexto, discute-se também a aplicação de rescisória neste sentido.

Rigorosamente, a extinção do processo sem resolução de mérito só permite a


repropositura em 3 casos: desistência (VIII), abandono (I e III).

No final de 2012 o STJ deu uma decisão admitindo rescisória em casos de


sentença terminativa. Entretanto é um julgado isolado.
O projeto do novo CPC, essa discussão vai perder o sentido.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA TERMINATIVA.
É cabível o ajuizamento de ação rescisória para desconstituir tanto o provimento judicial que resolve o
mérito quanto aquele que apenas extingue o feito sem resolução de mérito. A redação do art. 485, caput,
do CPC, ao mencionar "sentença de mérito" o fez com impropriedade técnica, referindo-se, na verdade, a
"sentença definitiva", não excluindo os casos onde se extingue o processo sem resolução de mérito. De
toda sentença terminativa, ainda que não seja de mérito, irradiam-se efeitos declaratórios, constitutivos,
condenatórios, mandamentais e executivos. Se o interesse do autor reside em atacar um desses efeitos,
sendo impossível renovar a ação e não havendo mais recurso cabível em razão do trânsito em julgado
(coisa julgada formal), o caso é de ação rescisória, havendo que ser verificado o enquadramento nas
hipóteses descritas nos incisos do art. 485, do CPC. O equívoco cometido na redação do referido artigo, o
foi na compreensão de que os processos extintos sem resolução do mérito (à exceção daqueles em que se
acolheu a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada, art. 267, V) poderiam ser
renovados, na forma do art. 268, do CPC, daí que não haveria interesse de agir em ação rescisória movida
contra sentença ou acórdão que não fosse de mérito. No entanto, sabe-se que a renovação da ação não
permite rediscutir todos os efeitos produzidos pela ação anteriormente extinta. Exemplo disso está no
próprio art. 268, do CPC, que condiciona o despacho da nova inicial à prova do pagamento ou do
depósito das custas e dos honorários de advogado. Para estes casos, onde não houve sentença ou acórdão
de mérito, o único remédio é a ação rescisória. REsp 1.217.321-SC, Rel. originário Min. Herman
Benjamin, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18/10/2012.

Invalidade do processo: Os incisos I (indeferimento), II (pressupostos


processuais), V, VI (carência de ação), VII (convenção de arbitragem) já foram
estudados anteriormente.

Revogação: Desistência
 Desistir do processo é abdicar do processo e não do direito material
discutido. Neste caso é renúncia ao direito.

 A desistência do processo é parcial. Ela pode ser feita por partes do


processo.

 A desistência tem que estar prevista expressamente na procuração do


advogado para que ele desista.

 A desistência precisa ser homologada pelo juiz. Art.158, § único.


Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de homologada por
sentença.

 A desistência só pode ser feita até a prolação da sentença. Entretanto,


em maio de 2013 o STF decidiu que em mandado de segurança pode desistir a
qualquer momento, o que é um absurdo, pois se estiver perdendo, eu desisto
do processo.
 O juiz só pode homologar a desistência se o réu consentir, desde que
ele ofereça resposta. Se o réu for revel, poderá o autor desistir sem
consentimento do réu.
Não se admite que o réu se negue injustificadamente a desistência do autor.
 O autor não pede a desistência. Ele simplesmente desiste, comunica a
desistência e pede a homologação da desistência. “o autor vem desistir da
demanda e pedir a sua homologação”.

Se o juiz não homologar a desistência (a desistência não produz efeitos), o


autor pode retirar a desistência.
 Quando o réu for o Poder Público, o procurador só poderá aceitar a
desistência do autor, se este além de desistir ele renunciar ao direito.
Art.3º da Lei 9469/97.

 Como ocorre a desistência nas ações coletivas?


R. A desistência nas ações coletivas gera troca do autor e não extinção. Ex.
proibição expressa de desistência na ADI/ADC.

Abandono:
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

Obs.1:Antes de extinguir com base no inciso II, ambas as partes devem ser
intimadas pessoalmente para em 48 horas diligenciarem a ação que vão tomar.
Se juiz não fizer isso a sentença é nula.

Obs.2: o processo deve estar parado por culpa de ambas as partes.


Obs.3: o juiz pode de ofício extinguir com base no inciso II.

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;

O inciso III trata do abandono dos autos pelo autor.


Obs.1: há necessidade de intimação pessoal prévia para em 48 horas tomar
uma providência. Esse abandono só se caracteriza quando o autor deixa de
tomar uma atitude sem a qual o processo não anda
Ex. autor não paga as custas.
Ex. autor não paga os honorários do perito, o processo prossegue sem a
perícia. Isso não impede o processo.

Obs.2: se o réu já tiver apresentado resposta, a extinção com base no inciso III
depende do consentimento dele. Vide súmula 240 STJ.

Súmula 240
A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do réu.

Obs. 3: É este abandono que se acontecer 3 vezes gera perempção.

Obs.4: O abandono em causas coletivas não gera extinção do processo, mas


sucessão processual.

II) Extinção do processo com exame de mérito,


prescrição/decadência:
Já estudamos anteriormente. Art. 269, IV CPC

III) Extinção do processo com exame do mérito em razão da


autocomposição. Art.269, II, III, V CPC.

Pode se dar com:


 Transação.
 Renúncia
 Reconhecimento da procedência do pedido

Todos estes 3 são negócios jurídicos que exigem capacidade. Assim, o direito
discutido deve admitir a autocomposição.

Cuidado! Alimentos é indisponível, mas admite transação.


Ex. na ação de improbidade não se admite autocomposição.

O advogado deve ter poder especial para autocomposiçao.


A autocomposição pode ser parcial. Se assim, for, ela prossegue com relação
ao que não for transacionado.

A autocomposição pode ser feita a qualquer momento.


A autocomposição produz efeitos imediatamente, sendo que a homologação é
apenas para extinguir o processo, salvo se no acordo estiver disposto “os
efeitos deste acordo só começam a incidir com a homologação do processo”.
A autocomposição pode incluir outras lides que não estejam sendo discutidas
no processo.

IV) Julgamento antecipado da lide:


É o julgamento do pedido após as preliminares sem a necessidade,
portanto de produção de provas em audiência, ou seja, somente a prova
documental foi produzida. O julgamento antecipado da lide abrevia o processo,
pois elimina a fase probatória do processo. Pode ser julgado tanto pela
procedência como pela improcedência.
Numa visão cooperativa de processo, o juiz deve antes de julgar
antecipadamente a lide, intimar as partes de que fará isso “intime-se as partes
informando-as de que não há necessidade de outras provas”.
Se as partes não entram com agravo retido (ou seja, não falam nada há a
preclusão).
Em 1973 surgiu o julgamento antecipado. Neste período discutiu-se muito se
essa técnica não seria o cerceamento do contraditório. Até hoje, é uma prática
muito comum as partes entrarem com pedido de nulidade da sentença por
cerceamento de defesa. Por este motivo, no ponto de vista da administração do
processo, é importante que o juiz intime e justifique o julgamento antecipado.

Atenção! O juiz jamais poderá julgar antecipadamente por falta de provas,


pois isso seria uma incoerência.
Obs. haverá o julgamento antecipado do mérito se a contestação apresentada
pelo réu limitar-se a negar as consequências jurídicas afirmadas na inicial.

Art. 330 CPC


Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: (Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não
houver necessidade de produzir prova em audiência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
II - quando ocorrer a revelia (art. 319). (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
O inciso I cuida dos casos em que as questões de fato já estão provadas, e o
que se discute são as questões de direito.
O inciso II trata de quando a revelia gerar presunção de veracidade, não há
prova nenhuma a ser feita. Não é quando ocorrer a revelia, mas quando
ocorrer um de seus efeitos.

Caso seja necessário a produção de provas para completar a atividade


instrutória, são abertos 2 caminhos: audiência preliminar e despacho saneador.

V) Marcar uma audiência preliminar: o juiz marca uma audiência com


as partes com 3 propósitos:
a) Tentar conciliar as partes.
É realizada depois da resposta do réu e se as partes não comparecerem os
outros objetivos se revelam. Não confundir com a audiência dos juizados, pois
esta é feita antes da defesa e se o réu não comparece há presunção de
veracidade.
b) O juiz deverá fixar os pontos controvertidos, portanto, definirá qual
é o objeto da instrução.
c) O juiz organizará a atividade instrutória.
A audiência se realizará em tal dia, nomeia o perito e apresenta os quesitos a
serem respondidos.

Não é caso audiência preliminar:


 quando a causa não permitir conciliação
 quando a conciliação é improvável ou impossível, diante da
manifestação das partes. O juiz dará uma decisão por escrito chamada
de despacho saneador.

VI) Despacho saneador: é uma decisão com 2 conteúdos muito claros:


1) De um lado um conteúdo declaratório, retrospectivo, em que o juiz diz que o
processo está regular, não houve autocomposição, não há prescrição e
decadência, não é caso de julgamento antecipado, extinção sem exame do
mérito. O juiz está regular, com nítido viés retrospectivo.

2) É uma parte prospectiva, constitutiva, em que as partes fixam os pontos


controvertidos e fixa os pontos controvertidos e organiza a atividade instrutória.
O termo despacho saneador é equivocado pois na verdade trata-se de uma
decisão que declara saneável e organiza a atividade instrutória e não um
despacho que saneia o processo.

 Pode o juiz, sendo caso de julgamento antecipado da lide, ainda


assim marcar a audiência de conciliação?
R. Sim, pode. Se não conciliar julga antecipadamente a lide.

O julgamento antecipado é realizado antes da audiência de instrução e


julgamento. Caso ela ocorra, ele se dá na AIJ.

Geralmente acabam aqui os elementos, mas Didier apresenta a VII


possibilidade:
VII) Decisão parcial:
Pode acontecer que uma decisão diga apenas a respeito de parte do processo
e não a sua titalidade.
Ex. apenas 1 pedido esteja prescrito.
Ex. Apenas em relação a 1 pedido haja autocomposição.
Ex. apenas em relação a 1 pedido pode-se julgar antecipadamente a lide.
Quando isso acontece poderá o juiz decidir por parcela do processo. Surge aí a
decisão parcial que resolve parte do processo se extinguir o processo.
O processo prossegue em relação à parte em que não foi decidida.
Essa decisão parcial pode ser de mérito.
Ex. julgamento antecipado parcial, uma autocomposição parcial.
É pacífico na doutrina que sendo decisão de mérito, a decisão parcial será uma
decisão definitiva apta a coisa julgada material, sob a parcela que foi
decidida. O juiz não precisa retomar essa questão posteriormente.

O que se discute na doutrina é se a decisão parcial é uma decisão


interlocutória ou sentença parcial.

Prevalece em nº de doutrinadores o posicionamento de que é uma decisão


interlocutória, sob o fundamento de que é uma decisão que não encerra o
processo. Este é o entendimento do projeto do novo código.
É pacífico que essa decisão é recorrível e pode ser alvo de uma ação
rescisória.

 Essa divergência enseja outra discussão: qual o recurso cabível?


1ªc) agravo de instrumento: é a posição majoritária e adotada pelo projeto do
novo CPC.

2ªc) sentença, embora parcial, seria apelável. O problema é que como a ação
continua não seria possível ela ir para o Tribunal.

3ªc) apelação por instrumento: é uma figura híbrida fruto de uma criação
doutrinária.

No Brasil hoje, admite-se a fragmentação da decisão do mérito. Não há


reexame necessário na decisão parcial. A Fazenda Pública que agrava.

Aqui acaba o volume I do Didier (vermelho).

TEORIA GERAL DA PROVA


Volume II (Laranja)

1) Conceito:

a) Prova como fonte de prova: é tudo aquilo que produz/gera prova; é


tudo aquilo de onde se pode extrair prova.
As fontes de prova são só 3:
 As pessoas (ex. testemunha, depoimento da parte)
 As coisas (ex. documento)
 Os fenômenos (a gravidez é um fenômeno biológico; erosão; maré;
poluição sonora).

b) Prova como meio de prova: meio de prova é o modo de se extrair


prova de uma fonte e se introduzir esta prova no processo. (testemunho,
perícia são meios de prova).

Distinga prova de meio de prova: A testemunha é fonte de prova. O


testemunho é meio de prova.

No Brasil vigora o Princípio da liberdade dos Meios de Prova, segundo o qual


as provas podem ser produzidas por qualquer meio. Vigora entre nós a
atipicidade dos meios de prova, podendo elas ser típicas (ex.perícia) ou
atípicas (meios de prova não previstos, mas permitidos).

Provas Atípicas conhecidas:


 A prova emprestada:
é a importação de uma prova produzida em um processo para o outro para que
não seja necessário reproduzir a prova. Ela não possui previsão legal, mas é
plenamente possível. Pode ser tomada de um processo de iutra justiça, de um
processo arbitral, de um processo administrativo. O empréstimo só será
possível se houver o contraditório. Ela só deve ser aceita se for impossível ou
muito caro reproduzir a prova.
Ex. perícia é muito cara.
Ex. a testemunha já está morta.

 Prova por amostragem ou estatística.


Quando o que se tem que provar é um universo muito grande de fatos (e isso
seria impossível). A estatística faz prova por amostragem.
Ex. pessoa pedia para o Banco provar o que cada item do extrato durante 20
anos atrás.
Ex. dano ambiental. Não tem como definir o quanto que uma ação vai causar
de prejuízo.

Proibição de prova ilícita: é uma regra que compõe o devido processo legal.
Se desenvolveu com muita força no processo penal. No processo civil há
pouca discussão sobre o assunto.
A regra se aplica durante o processo civil.
Tudo o que se estudou no processo penal, se aplica ao processo civil.

c) Prova como resultado:


Prova aqui é o convencimento do juiz. O juiz se convenceu do que você disse.
É prova como resultado na convicção.

Obs. Costuma-se dizer que a prova se destina ao juiz. Entretanto, atualmente,


há um movimento doutrinário que modifica esta visão para demonstrar que a
prova também se destina às próprias partes, pois estas decidirão como irão se
comportar (ex. parte reconhece a procedência do pedido).

2) Prova e contraditório:
Não há uma previsão expressa do direito fundamental à prova na CF.
 Há direito fundamental há prova?
R. Sim. A garantia do contraditório tem em seu conteúdo o direito fundamental
à prova. É o direito de poder ser ouvido e ter a sua prova apreciada, sob pena
de ser um simulacro do contraditório.

O direito fundamental à prova é um direito de conteúdo complexo, pois


garante:
 A produção da prova
 A participação na produção da prova
 Manifestação sobre a prova
 Direito a valoração da prova.

A participação na produção da prova: a prova não pode ser produzida


secretamente. Ela deve ser fiscalizada.

Ex. na perícia as partes tem o direito de ser intimadas da data e do local da


perícia para fiscalizar se esta está sendo cumprida corretamente.
Ex. prova em vídeo. O juiz tem que marcar uma hora para que as partes e o
juiz assistam o vídeo.

Manifestação sobre a prova: as partes podem se manifestar sobre as provas.


Ex. razões orais no término da colheita da prova oral produzida.
Ex. manifestação da perícia.

Direito a valoração da prova: o juiz deve apreciar a prova.

Ação probatória autônoma Atualmente fala-se muito na possibilidade de uma


ação cujo propósito seja a produção da prova sem ser valorada. Ex. produção
antecipada de prova é uma ação cujo propósito é produzir uma prova.

Antes defendia-se que ela pressupunha a demonstração de urgência por ser


voltada ao juiz.
Entretanto, para vários autores (Daniel Neves, Flávio Yarshell) o direito a prova
pode ser exercido, mesmo não havendo urgência, por ela ter um papel voltado
para as partes e sua convicção, é permitido que não haja urgência. O projeto
do CPC incorpora esta ideia.

Este é um tema novo que é amplamente cobrado nas provas.

3) Poder instrutório do juiz:


i. Pode o juiz determinar a produção de provas independentemente de
requerimento das partes?
R. Sim. No processo civil o juiz tem poder instrutório. O juiz pode determinar a
instrução de provas, independentemente do pedido das partes, pois o
convencimento é para todos (cooperatividade das provas).

No processo penal é diferente, pois a produção de provas se dá para condenar


e não para absolver.
No processo civil, Glauco Gumerato Jr. é um defensor no Brasil no garantismo
processual civil. Para ele, juiz não pode determinar a produção de provas. O
problema é que o art.130 CPC prevê esta possibilidade para o juiz.

Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas


necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente
protelatórias.

ii. O processo é um instrumento para encontrar a verdade?


R. A busca pela verdade orienta a produção da prova. Entretanto, o processo
não é a verdade, ou seja, não é a meta. O objetivo do processo é resolver o
problema, mas nem sempre esta é justa.

Verdade Real x verdade formal:


Verdade real: é aquilo que de fato aconteceu.
Verdade formal: verdade tal qual reconstruída pelas partes.
Essa dicotomia costumava servir para distinguir processo penal (verdade real)
e processo civil (verdade formal). Isso entretanto já foi superado.
De um lado, o sistema que permite que o juiz produza uma prova seria
incompatível com a verdade formal. De outro lado é acreditar na ilusória ideia
da existência de verdade real, pois os fatos são interpretados diferentemente
por cada pessoa. “O segredo da verdade consiste em saber que não existem
fatos, só existem histórias”. O que se busca provar é o que aconteceu.

O devido processo legal é um obstáculo à reconstrução da verdade, pois não é


possível torturar um sujeito para se obter a verdade. A verdade tem um limite
ético a ser observado. A verdade é aquilo que pode ser reconstruída dentro de
certos limites éticos.

4) Sistemas de valoração da prova:


Provar é convencer e o convencimento é íntimo. Assim, como fazer para
controlar o convencimento do juiz?
Ao longo da história foram desenvolvidos 3 sistemas de valoração da prova:
a) Sistema da convicção íntima: sem prestar contas do que ele pensa. É
um sistema extremamente autoritário que ainda permanece entre nós no
júri.
b) Sistema da prova legal ou tarifada: de acordo com este sistema o juiz
não valora a prova. Esta é previamente valorada previamente pelo
legislador, cabendo apenas ao juiz aplicar. Visa eliminar o papel
subjetivo do juiz.
Ex. se houver confissão já basta para o convencimento.
Ex. não bíblia está elucidado que apenas uma testemunha não era suficiente
para provar anda. Testis unus, testis nullus: testemunho único testemunho
nenhum.

c) Sistema da persuasão racional ou livre convencimento motivado: é o


sistema que vigora no nosso ordenamento. O juiz valora as provas de
acordo com o seu convencimento. Ele deve expor as razões pelas quais
ele chegou àquele convencimento, ou seja, as razões do convencimento
devem ser publicizadas, externadas. Trata-se de um sistema que daria
margem à arbitrariedades, pois o juiz poderia dar uma justificativa
qualquer. Por isso há várias técnicas para impedir os abusos do livre
convencimento motivado.
O Brasil adota este sistema

Limites ao sistema do livre convencimento motivado:


i. Justificativa do convenciemtno
ii. O juiz se limita às provas dos autos não pode examinar e valorar
fatos que estão fora dos autos.
iii. Ainda existem regras de prova legal que servem como limitadores
ao livre convencimento.
Ex. contratos acima de 10 salários mínimos não podem ser provados apenas
por testemunha.
Ex. compromisso de compra e venda de imóvel é prova documental.

iv. Argumentação racional: o juiz tem que valorar as provas com


base em critérios racionais, ou seja, àqueles que são possíveis
discutir pela razão.
Ex. problema de uso de cartas psicografadas como meio de prova para acolher
ou rejeitar.
Ex. N. Sra. apareceu para o juiz e pediu para este condenar um sujeito.

v. Máxima ou regra da experiência:


É uma máxima extraída da observação do que normalmente acontece, ou seja,
é um produto da conduta humana.
Ex. a lei da gravidade. Qualquer objeto que possua massa inferior da Terra
será atraída por ela.

Ex. em água parada dá mosquito.


Ex. amarelo com azul dá verde.
Ex. a mancha de pneu de estrada é uma idéia de freiada.

A importância das regras de experiência:


 É um limite ao livre convencimento que o juiz. Este não pode decidir
contra essas regras de experiência.

 Além de servir, as regras de convencimento auxiliam o juiz a valorar as


provas:
Ex. testemunha que gaguejou, contradisse, suou as mãos revela um
testemunho menos fidedigno.

 Preenchimento de conceitos indeterminados pelas regras de


experiência.
Ex. preço vil – não cabe arrematação quando o preço for vil. Não é possível
arrematar imóvel por 1/10 de seu preço. É o comércio imobiliário que vai ajudar
a saber o que é preço vil.

 Servir como suporte para as presunções pelo juiz


Aula 20
1) Presunção:
É ter por ocorrido um fato a partir da prova de um outro fato.
Esse “outro fator” chama-se indício (um fato que se liga a outro fato; indica,
aponta que outro fato aconteceu).
Ex. o choro é um indício que a pessoa está sofrendo. O indício, como qualquer
outro fato, precisa ser provado.
Esquematicamente:
Premissa maior: Regras de experiência

Fato
Premissa menor: indício
Que se liga a outro

Presunção judicial
Presunção judicial: é um raciocínio feito pelo juiz através de um silogismo.
A presunção não é um meio de prova, e sim um resultado do convencimento do
juiz.
O indício, além de ser meio de prova, também é objeto de prova. Destarte,
possui natureza híbrida

1) Objeto da prova
É aquilo que será provado. Trata-se das alegações de fatos. É o fato probando.
Rigorosamente não se prova o fato, e sim a alegação sobre o fato.

O fato probando pode ser qualquer fato (ex. fatos jurídico, fatos simples)

Fato simples: cor de uma camisa (persecução penal é importante saber a


vestimenta), marca de um pneu (provar que houve freada no acidente)

Fato negativo: é o que não aconteceu. Ex. certidões negativas; ontem não
estava na Holanda, mas no Brasil.

Prova do Direito: é a prova da existência de uma norma jurídica. Se se trata


de lei federal ou constituição é dispensada a prova. Entretanto, se o direito for
municipal, estadual, costumeiro ou estrangeiro o juiz pode exigir que a
parte prove o teor e vigência desse direito.

Às vezes o fato a ser provado é um fato cuja prova é impossível ou


excessivamente difícil. Nesses casos surge o que se chama de prova
diabólica.
Ex. Para determinadas modalidades de usucapião o usucapiente precisa
provar que não possui outro imóvel. É fácil provar que não há outro imóvel na
sua cidade ou nas cidades vizinhas, mas em todo mundo não é.

Para que um fato seja um fato probando ele tem que ter as seguintes
características:

 Fato controvertido
 Fato determinado (fato delimitado no tempo e no espaço). Ex. posso
provar que não fui a Holanda naquela data, mas não posso provar que
nunca fui a Holanda.
 Fato relevante.

Art. 334. Não dependem de prova os fatos:


I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos, no processo, como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

Art. 334 CPC estabelece quais são os fatos que não podem ser objeto de
prova:
a) Fato notório: é aquele que já aconteceu e se reputa de conhecimento
de todos em determinada época e lugar. Ex. o Brasil é pentacampeão
mundial de futebol; Dilma Rousseff é a presidenta do Brasil.

b) Fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária.

c) Fatos admitidos, no processo, como incontroversos.

Qual a diferença entre confissão e admissão?

Confissão (II) Admissão (III)


Ambas os fatos são admitidos como ???
Expressa Tácita
Ato jurídico em sentido estrito É um ato fato jurídico
Exige poder especial do advogado Não exige poder especial
É a não contestação: impugna mas
não contesta diretamente o fato

d) Fatos em cujo favor milita presunção legal de existência ou de


veracidade.
Presunção legal é uma regra jurídica que impõe ao juiz que considere o fato
como ocorrido. As presunções legais se dividem em:
 Presunção legal absoluta: além de considerar o fato como
ocorrido, impede qualquer discussão sobre aquele
considerando-a irrelevante.
Ex. quem compra imóvel em cuja matrícula tenha sido averbada uma penhora,
presume-se sabedor da penhora.
Ex. casos de impedimento do pai do autor que é o juiz.
Ex. cônjuge autorizou o outro cônjuge para contrair dívidas para a economia
doméstica. Se houve casamento há esta presunção.
 Presunção legal relativa: o legislador presume o fato, mas
admite que seja possível produzir prova em outro sentido.
Ex. presunção de paternidade diante da recusa de fazer exame genético.
Ex. presunção de veracidade de declaração de pobreza.
Ex. presunção de domínio que decorre de registro imobiliário.
Atenção! Presunção judicial é sempre e só presunção judicial, ou seja, ela não
se divide em absoluta ou relativa.

Obs. “As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a
lei exclui a prova testemunhal” – art. 230, CC.
A doutrina costuma dividir as presunções em dois grupos:
a) Presunção legal ou iuris;
b) Presunção comum, simples ou hominis: tal presunção se baseia na
experiência da vida, ou seja, naquilo que ordinariamente acontece.
Estas não são admitidas nos casos em que a lei exclui a prova testemunhal,
pois nada se prova desacompanhado de outros elementos subsidiários. Esta é
a exegese do art. 230 do CC.

2) Ônus da prova:
Ônus da prova é uma regra que determina quem sofrerá as consequências se
ao final do processo o fato não restar provado.
Na verdade, ônus da prova é o ônus da falta de prova.

As regras do ônus da prova possui 2 dimensões:


a) Dimensão objetiva do ônus da prova: É uma dimensão objetiva em
que orienta a decisão do juiz para dar uma solução a determinado caso
se não houver prova. A falta de prova implica ônus para o autor ou réu.
b) Dimensão subjetiva do ônus da prova: é a dimensão subjetiva em que
o ônus da prova orienta o comportamento das partes. Elas sabem se
determinada prova não for produzida, elas vão perder.

Atenção! O ônus da prova não determina quem deve produzir a prova, mas
sim quem responde se não for produzida.
Ex. se eu não fiz nada, mas a prova apareceu, há a desincumbência de quem
tinha o ônus da prova.

A orientação subjetiva do ônus da prova é uma regra que é aplicada na hora de


julgar a causa (decisão). Trata-se de uma regra de julgamento.

As regras do ônus de prova é a regra de aplicação subsidiária.


O juiz só vai aplicar se não houver prova e se não há possibilidade de se
produzir prova.

Assim, as regras de ônus da prova são regras de julgamento e regras de


aplicação subsidiária.

Distribuição do ônus da prova:


A distribuição do ônus da prova pode ser:
a) Legal
b) Jurisdicional
c) Convencional.
Distribuição legal: o legislador distribui o ônus da prova. Está prevista no
art.333 CPC. É a chamada distribuição estática, pois é rígida.

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

2.1) Distribuição Jurisdicional:


é feita pelo juiz no caso concreto. Ele altera a regra legal de acordo com as
peculiaridades do caso (inversão do ônus da prova). Ela tem que ser
fundamentada e sempre tem de ser em um momento do processo que permita
a parte receber um ônus que não tinha possa se desincumbir dele. Assim, o
juiz não pode alterar o ônus da prova na sentença.

 causas de consumo Art. 6º, VIII CDC. Esta inversão do ônus


da prova só pode ser feita em favor do consumidor.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

É possível que o juiz distribua o ônus da prova em qualquer


processo para que ele recaia a quem possa melhor prova-lo?
R. Sim, chama-se de teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova.
Sempre que as peculiaridades do caso concreto o ônus possa ser cumprido
com mais facilidade pela outra parte. Esta redistribuição se baseia nos
Princípios da Igualdade, Adequação, Cooperação.

A doutrina diz que a distribuição dinâmica em qualquer processo pode se


observar nos seguintes casos:
o Prova diabólica: prova impossível ou excessivamente difícil de ser feita.
Entretanto há um limite a isso: na distribuição surgir uma prova diabólica
reversa, ou seja, há prova diabólica também a quem esta foi redistribuída.
Quem assumiu o risco da prova diabólica é que deve responder.
Esta Teoria não possui consagração legal, mas a doutrina e jurisprudência
remetem muito a ela.
No novo projeto de CPC há a previsão legal.

 Distribuição convencional do ônus da prova: pode ser feita


antes ou durante do processo, desde que a causa envola
direitos disponíveis e ela não gere uma prova diabólica. Art.
333, p. ú. CPC.

DECISÃO JUDICIAL

Em todo conteúdo programático de concurso aparece o item “sentença”. Esta


possui 2 acepções:
a) Sentença como gênero (sinônimo de decisão judicial)
b) Sentença em acepção restrita (espécie de decisão judicial – decisão do
juiz que encerra o procedimento em 1ª instância). Se contrapõe à
decisão interlocutória que é uma espécie de decisão judicial que não
encerra o procedimento em 1ª instância.

Vamos estudar sentença como gênero, ou seja, como decisão.

1) Decisão terminativa e decisão definitiva:

Decisão terminativa é a decisão que não examinou o mérito.


Decisão definitiva é a decisão que não examinou o mérito.
Decisão provisória é o nome que se dá às decisões de cognição sumária.

Ex. decisão de tutela antecipada.

Decisão determinativa: é uma designação que aparece nos livros com 2


acepções:
i. É a decisão proferida em casos que se admite discricionariedade
jurisdicional: o legislador transfere para o juiz várias opções para
que este escolha.
Ex. decisões que aplicam cláusulas gerais.

ii. É a decisão que regula relações jurídicas continuativas, ou seja que


se prolongam no tempo
Ex. alimentos, previdenciária, guarda.

Decisão subjetivamente complexa:


É a decisão proferida por mais de um órgão jurisdicional que contribuiu para a
prolação desta decisão. Ex. sentença condenatória por homicídio doloso é
produto do júri (condenou) e do juiz (dosou a pena).

No processo civil é um acórdão que reconhece a inconstitucionalidade de uma


lei. Trata-se de uma decisão da câmara que julgou a causa e o órgão especial
que decidiu pela inconstitucionalidade da lei.

2) Decisão como normas jurídica:


Premissa: a decisão é um texto feito pelo juiz com pretensão normativa. É
possível extrair 2 espécies de norma
A) Norma jurídica individualizada. (no caso concreto e as partes envolvidas)
B) Norma geral - precedente (serve como modelo para casos como aquele)
Assim, a decisão judicial é um enunciado normativo, pois de uma decisão se
extrai norma.

Atenção! Da decisão judicial se interpreta através de algumas regras básicas:


 A decisão deve ser interpretada como um todo sistemática).
 A decisão há de ser interpretada de acordo com a boa fé.
 A decisão deve ser interpretada de acordo com a postulação das partes.
 A interpretação da decisão pode ser feita pelo juiz que vai executar a
decisão como qualquer outro juiz para fins de utiliza-las como
precedente.
Ex. julgados do STJ e STF são utilizadas como precedentes.
A interpretação pode ser utilizá-la para qualquer juízo: execução, liquidação,
precedentes, etc.

 Os embargos de declaração tem o propósito de auxiliar a interpretação


do que foi decidido.

3) Elementos da Decisão Judicial:


São 3 elementos:
a) Relatório: é a descrição daquilo que de relevante aconteceu no
processo. É aqui que se encontra o resumo do caso.
Embora na prática ele está perdendo muito do seu prestígio (Ex. juizados
especiais dispensa relatório), ele tem um papel muito importante no Sistema de
Precedentes, pois é necessário haver semelhança dos casos para aplica-los.
Assim, a doutrina busca revalorizá-lo.

b) Fundamentação: dizem que é um direito fundamental à motivação das


decisões judiciais. A motivação das decisões é uma regra fundamental
do processo brasileiro que compõe o devido processo legal.
A CF diz que a decisão imotivada é decisão nula. (entendimento majoritário)
Há autores como Tarrufo entendem que a falta de motivação implica
inexistência da decisão. (entendimento minoritário).
A fundamentação possui um duplo papel:
 Função endoprocessual: a motivação serve para dentro do processo
as partes podem elaborar os seus recursos e o tribunal pode verificar se
o caso é de manter ou reformar a decisão.
 Função extraprocessual: a motivação serve para fora do processo. A
motivação serve para o controle político das decisões/ para dar
conhecimento para todos do povo.
Ex. fundamentação de acórdãos do STF vem tentando modificar alguns
entendimentos do Congresso.
Ex. aquele que pretende utilizar a decisão como precedente.

Clássicos exemplos de decisão sem motivação:


o Decisão que se limita a transcrever ou parafrasear texto de lei.
o Decisão que emprega conceitos jurídicos indeterminados sem dizer as
razões que levaram o juiz a decidir daquela maneira. Ex. juiz fala que o
preço é vil ou as razões são perigosas sem justificar.
o Fundamentação que serve para qualquer decisão.

c) Dispositivo da decisão: é o dispositivo que define a norma jurídica


individualizada para aquele caso. Decisão sem dispositivo é decisão
inexistente.

Dispositivo complexo: o dispositivo da decisão é um conjunto de decisões.


Há ali várias decisões (normas individualizadas).
Ex. julgamento do mensalão – vários crimes e vários acusados. É um
dispositivo para cada crime e cada acusado.
Ex. ação com 3 pedidos – o juiz tem que analisar os 3 pedidos.
Em situações como esta há uma decisão do ponto de vista formal (um
documento só) e substancialmente mais de uma decisão.

Quando isso acontece, chama-se de decisão objetivamente complexa. Cada


uma dessas decisões contidas no dispositivo da sentença chama-se capítulo
de sentença.
Assim, capítulo de sentença é uma unidade decisória.
Pode ser que a sentença seja nula apenas em relação a um capítulo. Assim,
somente este pedido será anulado. Ademais, o recurso pode ser parcial.

Há uma fundamentação para cada capítulo. O ideal é dedicar um parágrafo


para cada capítulo, de modo que a decisão possa ser mais bem compreendida
por quem a lê.

4) Congruência da Sentença:
É o estudo das validades/requisitos/atributos da sentença. É o estudo da
perfeição da sentença.

Ela se divide em 2 dimensões:


 Congruência interna: a decisão tem que ser intrinsecamente perfeita.
Atributos:
a) Clara
b) Coerente
c) Certa
d) Líquida

Os atributos da sentença são os mesmos atributos do pedido.

Clara: compreensível, inteligível. Ex. boa impressão, boa caligrafia.


Coerência: não pode haver contradição intrínseca.
Certa: expressamente resolve um caso/problema. Ela não pode ser duvidosa
e condicional.

Decisão condicional proibida: é aquela que o juiz condiciona a própria certeza


da decisão. Ex. condeno o réu a indenizar o autor, se este sofreu o dano.
Trata-se de decisão inválida.
Decisão condicional permitida: o juiz pode condicionar a eficácia da decisão e
não a sua certeza.
Ex. A multa só começa a incidir depois do 20º dia. O juiz modulou a eficácia da
decisão dele.
Ex. O Supremo pode modular a eficácia de um pedido na ADIn.

Liquidez: decisão líquida é aquela que define de modo completo os elementos


da norma jurídica individualizada. É uma decisão completa. Elementos da
norma individualizada:
Se a dívida existe: quem deve, a quem deve, quanto deve, o que deve.

Entretanto há casos em que a lei admite decisões ilíquidas.


Se o pedido do autor foi genérico, portanto ilíquido, a sentença pode ser
ilíquida, ou seja, o juiz pode transferir para outro momento “quanto se deve”

Liquidar a sentença é apurar para que a sentença fique completa.

Obs.1 Nos juizados especiais toda sentença tem que ser líquida, mesmo se o
pedido for ilíquido.
Obs.2 Procedimento sumário. Se a causa envolver acidente de veículo a
sentença sempre tem que ser líquida, mesmo que o pedido seja ilíquido.
Obs.3 E o pedido for ilíquido. Diante de um pedido ilíquido, a decisão será
líquida.
Obs.4 Se o autor formula um pedido líquido ele terá o direito de exigir que o
juiz profira uma decisão líquida. Súmula 318 STJ

Súmula 318
Formulado pedido certo e determinado, somente o autor tem interesse recursal em argüir o
vício da sentença ilíquida.

 Congruência externa:
A decisão tem que ser congruente com a postulação das partes. Neste
contexto há as decisões extra, ultra e citra petita. São decisões que
desrespeitam a congruência externas.
Extra petita: O juiz dá o que não se pediu. Ele inventa um pedido que não foi
formulado.

Ultrapetita: o juiz dá além do que ele pediu.

Citrapetita: o juiz esquece de examinar o que tinha que ter examinado. Há


uma omissão. Ela é mais complexa do que se imagina. Ela se revela em 2
situações:
a) O juiz deixa de examinar um fundamento relevante para a causa. Trata-
se de uma sentença nula, pois há um problema de fundamentação.
b) O juiz não examina um pedido. Neste caso, há uma não decisão. Se não
houve exame do pedido, não houve decisão sobre ele. Aqui a decisão
será inexistente.
Assim, o pedido pode ser reproposto, pois aqui não houve coisa julgado.
Súmula 453 STJ.

Súmula 453
Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem
ser cobrados em execução ou em ação própria.

Essa súmula é absurda, pois é o mesmo que dizer que há coisa julgada do que
foi julgado. Assim, corrigindo, os honorários podem ser cobrados.

5) Decisão e fato superveniente.

 Pode o juiz, quando for julgar, levar em consideração fatos


supervenientes à propositura da ação?
R. Qualquer fato que sobrevenha a propositura da ação e seja relevante para a
causa, será levada em consideração pelo juiz, mesmo que seja de ofício.
Art. 462 CPC.

Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do
direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a sentença. (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)

Ex. pagamento superveniente, ADIN do STF, perda do objeto do processo.

Princípio da Eventualidade – Na contestação o réu deve utilizar todos os


argumentos possíveis para refutar precisamente as pretensões articuladas pelo
autor, sob pena de preclusão. A regra da eventualidade (Eventualmaxime) ou
da concentração da defesa na contestação significa que cabe ao réu formular
toda sua defesa na contesta- ção. Toda defesa deve ser formulada de uma só
vez como medida de previsão ad eventum, sob pena de preclusão. O réu tem o
ônus de alegar tudo o quanto puder, pois, caso contrário, perderá a
oportunidade de fazê-lo." [Curso de Direito Processual Civil - Fredie Didier Jr. e
outros - 2010, Vol. 1, Pág. 502] – Vide art.300 CPC

Princípio da impugnação específica: O réu deve manifestar-se precisamente


sobre todos os fatos narrados pelo autor na petição inicial, sob pena de
presumir-se verdadeiros os não impugnados. Art; 302 CPC

Princípio da inércia ou dispositivo ou impulso oficial: preconiza que o juiz


não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
Nas lições de Fredie Didier, a inércia se restringe apenas à iniciativa do
processo, pois uma vez provocada a Jurisdição, ou seja, uma vez ajuizada a
demanda, haverá o impulso oficial para o andamento do processo. Art. 2 CPC.
Dessa forma, ele é mitigado na jurisdição voluntária (arts. 1.129, 1.142 e 1.160, CPC – apresentar
testamento, herança jacente, arrecadar bens do auesente). Outras exceções se apresentam com relação ao
inventário de ofício (art. 989, CPC), as medidas cautelares “ex officio” (art. 797, CPC – medidas, mas não
processos), a decretação da falência no curso da recuperação judicial (Lei n. 11.101/05, arts. 53, 56, § 4°,
61, § 1°, 72, § único, e 73), além do habeas corpus de ofício (art. 654, § 2°, CPP) e a execução trabalhista
(art. 114, VIII, CF).

Princípio da isonomia processual: significa que os litigantes devem receber


tratamento igualitário por parte do juiz. o princípio da igualdade domina todo o
processo civil e, por força da isonomia constitucional de todos perante a lei,
impõe que ambas as partes da lide possam desfrutar, na relação processual,
de iguais faculdades e devam se sujeitar a iguais ônus e deveres. Vale notar
que o que se busca é a efetiva igualdade entre as partes, aquela de fato.
Busca-se a denominada igualdade real ou substancial, onde se proporcionam
as mesmas oportunidades às partes. Ex. benefício de prazo do artigo 188 do
Código de Processo Civil, a remessa obrigatória em favor da Fazenda Pública,
inversão do ônus da prova no CDC etc.

Aula

EFEITOS DA DECISÃO
São 4 tipos de efeitos da decisão:
1) Efeitos Principais da Decisão:
São os que decorrem diretamente do conteúdo da decisão; da norma jurídica
individualizada (do caso concreto) que está na decisão e atingem a relação
discutida.
Ex. efeito principal numa sentença condenatória é autorizar a execução do
credor contra o devedor.
Numa sentença constitutiva, o efeito principal é a criação, modificação ou
extinção de uma situação jurídica.
Numa sentença declaratória, o efeito principal é a certeza jurídica de uma
determinada relação discutida.

2) Efeitos reflexos da decisão:


São aqueles também decorrentes do conteúdo da sentença, mas que atingem
outra relação jurídica, distinta da relação discutida.
Ex.1: o efeito reflexo de uma ação de despejo pode ser o fim da sublocação (é
o efeito dominó).
Ex.2: inconstitucionalidade por arrastamento (se o STF declara a
inconstitucionalidade de uma lei, cai o decreto que a regulamenta e todas as
normas infralegais que dela decorram).

3) Efeito Probatório:
A sentença é um documento público que faz prova.
Ela prova a sua própria existência, os fatos presenciados pelo juiz e descritos
na sentença.
Ex. Eu, juiz, realizei uma audiência no dia 13 de julho. Isso é importante para
fazer até uma reconstituição dos autos.

No projeto de novo CPC há um dispositivo que dispõe que a sentença de


interdição faz prova de incapacidade do sujeito em determinado lapso de
tempo. Ex. “sujeito está incapaz desde 2008”.
4) Eficácia anexa:
É a mais complicada de entender.
A eficácia anexa não decorre do conteúdo da sentença (é um efeito que a
sentença produz não por que o juiz determinou). Uma outra norma jurídica
(pode ser uma lei ou negócio jurídico) “anexou” um outro efeito a essa
sentença.

Nesses casos a sentença é tratada como se fosse um fato. Nos outros casos a
sentença é tratada como um ato (vontade que faz produzir efeito).

 (Questão): disserte sobre os efeitos da sentença como um


fato. Trata-se de um modo sofisticado de falar sobre a eficácia
anexa da sentença.

Para Didier, a eficácia anexa seria na verdade um ato-fato, mas isso é


indiferente.
Ex.1: cláusula contratual (negócio jurídico) de êxito nos honorários
advocatícios. “se ganhar o advogado terá X de êxito”.

Ex.2: Se o sujeito entrar e abandonar 3 vezes, a 3ª vez que abandonar gera


perempção, que é o efeito anexo da sentença de abandono.

Ex.3: Hipoteca judiciária. Proferida uma sentença condenatória contra o réu,


surge para o autor um direito (que não decorre do que o juiz disse) de pegar
esta sentença e utilizar como título para hipoteca de imóvel do réu. A sentença
é título de hipoteca do imóvel do réu, vinculando-lhe ao processo. É um efeito
que decorre da lei, independentemente de pedido/manifestação judicial. Art.466
CPC.

Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em
dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será
ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos.
Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:
I - embora a condenação seja genérica;
II - pendente arresto de bens do devedor;
III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença.

TEORIA DOS PRECEDENTES

Trata-se um tema sofisticado que está sendo cobrado em vários


concursos mais sofisticados.
Em uma decisão judicial há a fundamentação e o dispositivo. Na
conclusão (dispositivo) o juiz fixa a norma jurídica individualizada.
Ex. reconhecimento de uma família homoafetiva - “João e José formam
uma família homoafetiva”.
Na fundamentação de uma decisão, o juiz deve dispor que existe uma
norma jurídica geral da qual se extrai esta norma individualizada. Ex.
“União homoafetiva é família”.

Conclusão: em toda decisão judicial é possível encontrar ao menos 2


normas:
 Uma norma geral que fundamenta a decisão no caso
concreto que se encontra na fundamentação e a
 norma individual no caso concreto.

Decisão

Fundamentação:
norma geral.

Dispositivo: norma
individual.
Ex. caso mensalão tinha vários réus e vários crimes. Assim deveriam haver por
volta de 120 normas.

Características da norma geral:


 ela fundamenta a decisão
 é uma norma reconstruída pelo juiz a partir de 2 balizas: o caso e
ordenamento jurídico. O juiz examinando o caso e o ordenamento
jurídico, constrói a norma jurídica do caso.
É uma norma peculiar, porque embora seja geral, ela nasce de um caso (a
partir do problema é que o judiciário criou a norma).
A lei por sua vez não nasce de um caso, mas de uma ideia abstrata que pode
acontecer, já a norma geral tem um histórico, um caso por trás dela.

 É uma norma que pode ser replicada a casos futuros semelhantes


àquele. Por isso ela é geral.

Por isso, na atividade judicial, é importante se atentar que há um modelo de


solução para as outras decisões judiciais.

O precedente é uma decisão construída a partir de um caso concreto


servindo como padrão para casos futuros.

Precedente X Jurisprudência:

A jurisprudência é a reiterada aplicação de um precedente em dado tribunal.


Não há como falar que “o STJ tem várias jurisprudências neste sentido”, mas
sim “o STJ tem várias decisões neste sentido que formam uma
jurisprudência”.

Quando a jurisprudência se consolida em um tribunal, este pode incluir/editar


um enunciado de súmula.

Enunciado de súmula: é o texto normativo da norma construída


jurisprudencialmente (o precendente reiteradamente aplicado). Assim, súmula
não é norma, mas enunciado de uma norma que já foi construída.

Assim, é possível extrair norma de uma súmula: precedente. A súmula é um


suporte textual para facilitar a identificação do precedente.

 Como se interpreta uma súmula?


Deve-se entender o contexto em que ela foi criada. Lênio Strec escreveu que,
diferentemente da lei, a súmula tem uma história que deve ser analisada.

Existe um termo em inglês chamado de “distinguishing” que pode ser


traduzido como distinção/ou fazer a distinção. Ele possui 2 acepções:
 Designa um método de comparação entre os casos: o caso e o
precedente.
 Distinguishing é o resultado da comparação.
Em um sistema de precedentes existe o direito à distinção. É o direito de
demonstrar que o caso é distinto do precedente, de acordo com o Princípio da
igualdade.

O distinguishing é a demonstração de que o precedente deve valer, mas não


para aquele caso. É uma interpretação/delimitação do âmbito dos precedentes
e não a sua validade.

 (questão) A súmula vinculante dispensa o distinguishing?


Errado. Não existe precedente que dispense o distinguishing. O direito a
distinção é inafastável, pois é sempre possível demonstrar que o seu caso é
diferente do precedente.

Os efeitos de um precedente sempre são erga omnes.

Todo mundo pode aproveitar o precedente. O dispositivo da decisão é inter


partes, mas o precedente é sempre erga omnes.

Efeitos do precedente:
1. Efeito mínimo: força persuasiva. O precedente serve no mínimo como
efeito de convencimento/persuasão; ele variará de acordo com vários
fatores.
Ex. precedente do STF é mais pesado que o precedente de um juiz de direito.

2. Efeito vinculante: precedente que tende a ser seguido.

Lista de precedentes vinculantes no Brasil (indiscutíveis):


 Precedentes do Supremo consagrados em súmula vinculante.
 Os tribunais se vinculam aos próprios precedentes consagrados em
súmula.
 Precedentes do Supremo sobre repercussão geral.
 Precedentes de um tribunal sobre o controle de constitucionalidade
vinculam o próprio tribunal.
Ex. TJBA julga uma norma inconstitucional, todo o tribunal deve assim
entender.

Lista de precedentes vinculantes no Brasil (discutíveis):


Apesar de Didier e o do novo projeto do CPC falar que todos são indiscutíveis,
mas há certa polêmica.
 Precedentes do STJ e do Supremo em julgamento de recursos
repetitivos
 Precedentes do Supremo em controle de constitucionalidade vincula a
todos. Para alguns tem que estar consagrado em Súmula vinculante.
 Precedente da sessão ou órgão especial do STJ sobre matéria legal.
Por isso o tribunal passou a entender reclamação ao STJ/ STF caso seja
contrário.

3. Efeito Obstativo de recurso ou de reexame necessário:


Há precedentes que uma vez adotados impedem recurso ou reexame
necessário contra aquele que o seguiu. É o caso dos precedentes consagrados
em súmula do STJ ou do STF.

É possível ter recurso, mas não com matéria acerca daquele caso.

 É possível rever um precedente. Se um precedente é uma norma,


ela pode ser revogada?
R. Sim, todo o sistema de precedente é dinâmico/flexível a ponto de permitir a
superação de um entendimento. Ela é elementar no sistema de precedentes
que visa evitar a petrificação de um entendimento. Overruling é o nome que se
dá a modificação de um precedente por outro que precisa de uma motivação
robusta. Ex. mudança do direito; mudança cultural na sociedade; mudança
científica.

Distinguishing ≠ overruling.
Ambos tratam da não aplicação do precedente.
O distinguishing não aplica o precedente, porque o caso concreto não se
adequa ao precedente.
No overruling o precedente está errado e deve ser modificado.

Há, ainda, os problemas dos efeitos da mudança da jurisprudência anterior.


Como conciliar mudança de jurisprudência e segurança jurídica. Surgem 2
noções:
a) Overruling prospectivo: o novo entendimento se aplica futuramente,
pois se relaciona diretamente com a segurança jurídica e é a técnica
recomendada sempre que se trata de uma mudança de entendimento já
consolidado/ antigo/longevo anteriormente.
b) Overruling retrospectivo:Se se trata de um precedente que não havia
consolidado, era recente, o novo entendimento retroage.
Ex. A EC.45 em 6 meses foi interpretada de duas formas
diferentes:Competencia para justiça do trabalho é justiça estadual.

No Brasil, não há regulamento de como se fazer o overruling. Para Didier, ele


deve ser, em regra, prospectivo, preservando-se as relações que se
pautaram, como forma de proteger a segurança jurídica e a boa fé.
Entretanto, se o overruling é de um precedente recente (que não foi
consolidado na vida das pessoas), não haveria problema de se dizer que ele
seria retrospectivo.

O sistema brasileiro é um sistema de precedentes que exige a revisão de uma


série de ideias dos precedentes:

Ex.1: Princípio da igualdade. Todos serão iguais perante a lei. Aqui, lei significa
o direito.

Ex.2: Dever de motivação. É um dever de que o juiz presta contas às partes de


levar em conta as suas decisões. Entretanto, ele deve motivar não só para as
partes, mas para todos.
Ex.3: Contraditório. É uma ideia de autor e réu brigando, que visa a resolução
do problema entre os dois. Entretanto, a partir do momento em que se percebe
que esta decisão gera um modelo de decisão para as pessoas, ela deve ser
mais bem fundamentada porque aplica para outras pessoas. Daí decocorre a
expansão da importância do amicus curae.

Esta norma jurídica geral contida na fundamentação chama-se ratio


decidendi. Ela é a norma geral que sustenta a norma individual.

Entretanto, nem tudo o que está na fundamentação é ratio decidendi. Há


muitas vezes na fundamentação, digressões feitas pelo juiz que não
comprometem o entendimento da decisão que são chamadas de obiter
dictum.

O obter dictum, embora não seja precedente, pode ser um alerta/sinalização do


tribunal (é uma “dica” do tribunal). Assim, o obter dictum tem relevância no
sistema de precedentes.
Ex. voto vencido.

COISA JULGADA

É a situação jurídica de estabilidade do comando (que está no dispositivo) de


uma decisão judicial. A partir de determinado momento ela se estabiliza se
tornando indiscutível.

A coisa julgada é a indiscutibilidade da norma jurídica individualizada.

Esta norma se torna indiscutível dentro e fora do processo. Trata-se da coisa


julgada material.

Tradicionalmente, a doutrina utiliza o termo coisa julgada formal para


designar um outro fenômeno: é esta estabilidade enquanto houver o processo
em que a decisão foi proferida (estabilidade dentro do próprio processo). Neste
contexto, a coisa julgada formal se assemelha de preclusão.

Atualmente, há quem não faça a distinção entre coisa julgada formal e


material. Defendem que a coisa julgada serve para tanto para dentro como
para fora do processo:

 Luiz Eduardo Mourão, por sua vez, entende que coisa julgada material
seria a coisa julgada das decisões de mérito. Para ele, coisa julgada formal é a
coisa julgada em matéria de processo (lembrem-se que foi visto que as
decisões baseadas no art.267 CPC adquirem estabilidade mesmo para fora do
processo, a ponto de defenderem que admite rescisória). Para Didier isso é
brilhante, pois daí se distingue coisa julgada formal da preclusão, uma vez que
esta trata para dentro do processo. Entretanto, não é uma visão majoritária.
Ex. Uma decisão sobre suspeição a um processo se aplica a outros processos.

 Antônio Cabral defende que se houver contraditório, essa decisão não


pode ser rediscutida e há coisa julgada. Ex. contradita de testemunha em que
juiz reconheceu que ela é sua inimiga. Trata-se de uma coisa julgada que
versa acerca de matéria processual.

Esses 2 autores possuem uma grande semelhança. Mourão defende ainda que
há diferenciação entre coisa julgada formal e material. Já Cabral defende que
existe coisa julgada apenas, não diferenciando material de formal.

Concepção tradicional: preclusão e coisa julgada formal se assemelham, pois


questões processuais só repercutem para dentro do processo.
Concepção atual: coisa julgada é a indiscutibilidade tanto para dentro como
para fora do processo.

2) Pressupostos da Coisa Julgada:


 Decisão de mérito: para a posição tradicional.
 Trânsito em julgado: já não cabe mais recurso contra aquela decisão.
 Tenha havido cognição exauriente. Análise exaustiva do caso (decisão
fundada em cognição sumária pode ser revista a qualquer tempo).

Observações:
a) Lembre-se de que pela visão atual não há necessidade que a questão
seja de mérito para que haja trânsito em julgado. Assim, decisão sobre
qualquer questão pode gerar coisa julgada (visão atual).
b) Lembre-se de que qualquer decisão tem aptidão para coisa julgada, seja
ela decisão interlocutória, sentença ou acórdão (chama-se decisão
parcial).
c) Despachos não são decisões, por isso não possuem aptidão para a
coisa julgada.

3) Fundamentos da coisa julgada:


Há coisa julgada por opção política, embora isso não seja comum. A existência
e proteção da coisa julgada são concretizações do Princípio da Segurança
Jurídica.

4) Limites Objetivos da Coisa Julgada:


Estuda o que se torna indiscutível pela coisa julgada: é o comando normativo
da decisão; é o dispositivo da sentença.
Lembrar da aula sobre questões prejudiciais. A coisa julgada recai sempre
sobre o dispositivo, mas nunca sobre a fundamentação. Questão prejudicial
pode fazer coisa julgada se ela for uma questão principal do processo.

 (Questão) Limites objetivos da decisão, coisa julgada e questão


prejudicial.
Se a questão prejudicial estiver no dispositivo da decisão ela fará coisa julgada.

5) Efeitos da Coisa Julgada.


A coisa julgada produz 3 efeitos:
a) Efeito negativo ou impeditivo: a coisa julgada impede nova decisão
sobre aquela questão. Não se pode decidir de novo aquilo que já se
decidiu.
b) Efeito positivo da coisa julgada: o juiz da segunda demanda tem que
observar a coisa julgada de uma demanda anterior. Às vezes a demanda
no judiciário já se lastreia em um julgado anterior.
Ex. execução como pressuposto de uma ação que reconhece o crédito.
Ex. ação de alimentos como pressuposto a ação de paternidade anteriormente
julgada. Se o juiz da ação de alimentos não deferisse o pedido de alimentos,
ele estaria contrariando a coisa julgada da decisão da ação de paternidade.

c) Eficácia preclusiva da coisa julgada (ou efeito preclusivo da coisa


julgada): com a coisa julgada, consideram-se deduzidos e rejeitados
todos os argumentos que poderiam ser suscitados e não foram.
O que era deduzível com a coisa julgada se considera deduzível e rejeitada.
Ex. incompetência absoluta não deduzida, considera-se suscitada e rejeitada
com a coisa julgada. Art.474 CPC.

Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas
as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do
pedido.

Obs.1: de acordo com a concepção dominante, a eficácia preclusiva da coisa


julgada não atinge possíveis causas de pedir que não foram deduzidas. É
possível voltar a juízo com outra causa de pedir.

Obs.2: o que não era deduzível não fica encoberto pela eficácia preclusiva.
São fatos que não haviam acontecido ainda. A eficácia preclusiva não impede
que fatos posteriores à coisa julgada repercutam na coisa julgada.

Aula online – Didier

6) Coisa Julgada e relação jurídica continuativa:

Relação jurídica continuativa é uma relação que se prolonga no tempo, ou seja,


ela é contínua. Ex. relações de família, previdenciárias, de alimentos,
tributárias, etc.

 Quando o juiz decide uma relação jurídica para o futuro há coisa


julgada?
R. Sim. Há coisa julgada de guarda, alimentos, tributária, etc. O problema é
que como se trata de uma relação continuativa o contexto fático pode mudar ao
longo do tempo. Se a situação dos indivíduos for alterada, a coisa julgada deixa
de incidir, devendo se impor uma nova coisa julgada. A primeira decisão fez
coisa julgada no contexto inicial de acordo com rebus sic standibus (enquanto
mantidas as mesmas circunstâncias de fato).

A coisa julgada funciona segundo a cláusula “rebus sic stantibus”, ou seja, somente enquanto
as coisas permanecerem do modo que estão. Se houver modificação na situação de fato,
aquela coisa julgada deixa de produzir seus efeitos. Confira as palavras do Min. Teori Zavascki:
“É incontroversa a premissa segundo a qual a força vinculativa da coisa julgada atua rebus sic
stantibus. Quer dizer, ao pronunciar juízos de certeza sobre a existência, a inexistência ou o
modo de ser das relações jurídicas, a sentença leva em consideração as circunstâncias de fato e
de direito que se apresentam no momento da sua prolação. Tratando-se de relação jurídica de
trato continuado, a eficácia temporal da sentença permanece enquanto se mantiverem
inalterados esses pressupostos fáticos e jurídicos que lhe serviram de suporte (cláusula rebus
sic stantibus). Dessa forma, não atenta contra a coisa julgada a superveniente alteração do
estado de direito, em que a nova norma jurídica tem eficácia ex nunc, sem efeitos retroativos.”
(AgReg MS 26.980).

7) Limites subjetivos da coisa julgada:


É o estudo de quem se submete à coisa julgada.
A regra é: a coisa julgada vincula as partes. Ela é inter partes. Art. 472 do
CPC.
Exceção: Há casos de coisa julgada ultra partes: é a coisa julgada que
vincula terceiros. Ela extrapola o rol das partes para atingir terceiros. Exemplos:
Ex. coisa julgada proveniente de um processo conduzido por um substituto
processual (ela vincula o substituído).
Ex. coisa julgada que vincula o adquirente de coisa litigiosa.

Ex. coisa julgada que atinge possível litisconsorte facultativo unitário (a decisão
tem que ser a mesma para todos).

A doutrina ainda fala da coisa julgada erga omnes. Ela vincula a todos. Ex.
coisa julgada na ADIN e ADC.

8) Formas de produção da coisa julgada:


A regra de produção da coisa julgada é pro et contra.
Significa que no Brasil a coisa julgada se produz qualquer que for o resultado
da causa: se for favorável ou desfavorável.

O contrário disso é a coisa julgada secundum eventum litis. Aqui, a coisa


julgada depende do resultado da causa. Trata-se de um regime que, para o
âmbito civil, desequilibra as partes. Ex. a decisão que acolhe a prescrição faz
coisa julgada, mas que rejeita não faz coisa julgada (Nelson Nery – Didier não
concorda).

Alguns livros colocam como exemplo de coisa julgada secundum eventum litis
a coisa julgada nas ações coletivas que versem sobre direitos individuais
homogêneos. Trata-se de um exemplo errado, pois a coisa julgada ocorre
sempre. O que é secundum eventum litis não é a coisa julgada, mas a
extensão da coisa julgada coletiva ao plano individual. O plano coletivo a coisa
julgada ocorre sempre, portanto pro et contra. Se for favorável, ela será
estendida ao plano individual e será secundum eventum litis.

Coisa julgada secundum eventum probationis: não há coisa julgada se a


sentença for improcedente por falta de provas. Assim, a improcedência faz
coisa julgada, desde que seja uma improcedência por provas, e não por falta
de provas. Este regime existe em nosso ordenamento.
Ex. coisa julgada coletiva. Art.103 do CDC, art.19 Ação Popular.
Ex. coisa julgada no MS. Se o MS for negado por ausência de prova a
denegação de segurança não faz coisa julgada.
Obs. Muitos autores (notadamente os autores de direito de família) defendem
que a coisa julgada na investigação de paternidade seria secundum eventum
probationis (se houvesse exame de DNA). Didier não concorda com isso,
sobretudo se a recusa ao exame de DNA gera presunção de paternidade.

9) Panorama dos Instrumentos de revisão da coisa julgada:

i. Ação Rescisória: trata-se de um instrumento que controle a coisa


julgada por problemas formais (ex. competência) ou materiais
(injustiça) com prazo de 2 anos.

ii. Querela Nulitatis: não tem prazo e serve para questões formais
relacionadas à citação.

iii. Correção de erros materiais: podem ser corrigidos a qualquer


tempo (ex. nome escrito errado; erro de cálculo; erro de digitação)
até mesmo ex officio.

iv. Revisão de sentença fundada em lei, ato normativo ou


interpretação tidos pelo STF como inconstitucionais. Arts.475-L,
§1º CPC e 741, p.ú. CPC. É visto na aula de defesa do executado

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o
título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se
também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato
normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição
Federal. (Redação pela Lei nº 11.232, de 2005)

A coisa julgada no Brasil é relativa ou relativizada, pois ela pode ser desfeita de
várias maneiras.

De 13 a 14 anos pra cá surgiu um movimento jurisprudencial no Brasil que


passou a defender a possibilidade de uma relativização atípica da coisa
julgada.
Relativização atípica da coisa julgada:
a) Seria a possibilidade de rever a coisa julgada por instrumentos não
previstos em lei.
Se dão em situações de grave injustiça/ manifesta inconstitucionalidade/
absurdo ou escandaloso.
b) Sobretudo em 2 casos: investigação de paternidade e indenizações
milionárias contra o Poder Público.

Este movimento, atualmente, perdeu muito a força, pois tudo poderia ser
manifesta injustiça.
Não obstante, em 2011 o STF decidiu relativizar atipicamente a coisa julgada
em ação de investigação de paternidade.

Teoria da relativização da coisa julgada


A jurisprudência do STJ até admite, em alguns casos, a aplicação da teoria da relativização da
coisa julgada, contudo somente a aceita em situações excepcionais, nas quais a segurança
jurídica, que é o seu princípio informador, tiver que ceder espaço em favor de outros princípios
ou valores mais importantes.
É o caso, por exemplo, da relativização da coisa julgada feita com o objetivo de se proteger:
 a busca da verdade real (ex: ações tratando sobre filiação nas quais a decisão
transitada em julgado conflite com resultados de exames de DNA posteriores);
 a força normativa da Constituição e a máxima eficácia das normas constitucionais (ex:
nas execuções de títulos judiciais fundados em norma declarada inconstitucional pelo
STF); e
 a justa indenização (ex: ações de desapropriação que estabelecem indenizações
excessivas ou incompatíveis com a realidade dos fatos).

TUTELA ANTECIPADA

1) Questões Terminológicas:

Tutela satisfativa de tutela cautelar: (final)


Esta é uma classificação das tutelas finais (do resultado final que eu espero
do processo) que é a satisfação de um direito meu, ou providencias no sentido
de assegurar um direito meu futuramente.

Tutela satisfativa Tutela Cautelar


Tutela para que o direito seja Garantir meios para que o meu direito
satisfeito seja satisfeito posteriormente
Se realiza por um processo:
 De conhecimento
 De execução

Tutela Provisória e Definitiva: Cognição

Tutela Provisória Tutela Definitiva


Deve ser substituída por outra. Cognição exauriente. É apta a se
É dada em cognição sumária tornar estável e indiscutível pela coisa
(precária) julgada.
É um instrumento importante para Possui pretensão de estabilidade.
evitar os problemas com a duração do
processo.

Toda tutela final (satisfativa/cautelar) pode ser provisória ou definitiva.


Ex. liminar de alimentos. Provisoriamente já fixa o valor dos alimentos.
Ex. tutela cautelar provisória.
Ex. liminar de arresto.
A tutela cautelar definitiva não é eterna (embora definitiva). Ex. não será
arrestado para sempre um bem. O fato de não ser para sempre, não retira seu
caráter definitivo.

Temporário é o que não dura para sempre, mas não é provisório. Ela durará
apenas o tempo em que for útil.
Provisório é aquilo que será substituído.

Ex. contrato andaimes depois retiro. Eles são temporários, pois não serão
substituídos quando a obra estiver pronta.

Tutela provisória: tutela fundada em cognição sumária. Tem que ser algo
excepcional. É classificada de acordo com o seu fundamento:
 Tutela provisória de urgência: perigo de dano.
 Tutela provisória de evidência: não é preciso urgência

Tutela de urgência: perigo de dano. É a tutela provisória que se pauta em


situações de perigo. Mesmo nesses casos há a necessidade de que o sujeito
provar as mínimas evidencias, possibilidades/ verossimilhança.

Tutela provisória da evidência: Há situações em que o legislador autoriza


uma tutela provisória sem urgência. Basta a demonstração a evidência do
direito.
Ex. liminar em ação possessória. É dada apenas como evidência. O autor das
possessórias precisa provar apenas a evidência da posse.
Ex. ordem de pagamento na ação monitória. É com base apenas na prova
escrita da obrigação. Não precisa de demonstrar a urgência.

Obs. Tutela inibitória (ilícito) – não é tutela cautelar. Evitar a ocorrência de um


dano. Ex. não construir em terreno. Art.461§3º do CPC.

Com efeito, configura-se a tutela inibitória antes da ocorrência do


dano, em outras palavras, o dano ainda não ocorreu e quer evitar que
este venha a acontecer. No caso das tutelas cautelares e
antecipatórias, o dano já ocorreu, em razão disso, podem ser
conceituadas como tutelas repressivas, pois têm por escopo reprimir a
ocorrência do dano já efetivado.

Com relação às tutelas repressivas, Cândido Rangel


Dinamarco1[5] salienta que a antecipação de tutela não é instrumento ao
processo e não se destina a outorgar-lhe a capacidade de ser útil ou justo, isso
é missão das cautelares. As antecipatórias entregam ao autor o bem da vida
pleiteado ao fim do processo.

1
Nesse contexto, tem-se, claramente, uma distinção entre as
tutelas cautelares e antecipatórias, qual seja: são cautelares as medidas que
tem por escopo evitar que o passar do tempo prive o processo de algum meio
exterior que poderia ser útil à perfeita prestação da tutela jurisdicional; são
antecipatórias, por outro lado, as medidas que vão diretamente à vida das
pessoas e, antes do julgamento da lide, entregam ao autor o bem da vida
pleiteado ao final2[7].

Das considerações afirmadas em linhas pretéritas, urge


concluir uma semelhança entre as medidas cautelares e antecipatórias, pois,
ambas visam impedir que o passar do tempo prejudique a prestação da tutela
jurisdicional.

http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=7364

Tutela antecipada é a tutela provisória: é a antecipação dos efeitos de uma


tutela final. Tutela antecipada é uma técnica processual pela qual se antecipam
efeitos da tutela final mediante o preenchimento de certos pressupostos.

Quando o Código de 1973 surgiu, havia o art.804 que permitia a tutela


antecipada cautelar genérica. Qualquer providência cautelar era possível que
seja concedida, observados os requisitos do art.804. Não havia, porém
dispositivo semelhante para a tutela satisfativa. Se o sujeito quisesse uma
tutela provisória satisfativa, não existia a mesma regra pela tutela cautelar. A
tutela antecipada satisfativa servia apenas para situações específicas. Ex.
alimentos, MS, possessórias.
Na prática, as pessoas que precisavam de uma providencia satisfativa
provisória chamavam de cautelar para ter uma providencia provisória. Daí
havia a “cautelar satisfativa” que era uma deformação desta lacuna: a ausência
de uma regra geral para a tutela satisfativa.

Em 1994 foram acrescentados os arts. 273 e 461, §3º CPC. Criou a tutela
antecipada satisfativa genérica. Atualmente, todo o direito pode ser realizado,
permitidos os pressupostos de qualquer direito, sendo satisfativo ou não. A
partir daí surgiu outro problema: a distinção entre a cautelar e antecipada. Isso
gerava uma grande confusão e rigor dos juízes.

Em 2002 foi criado o §7º do art. 273: se entro com satisfativa, mas o juiz
entende que é cautelar, o juiz tem que decidir assim mesmo, e não indeferir.
Criou-se portanto, uma espécie de fungibilidade: é uma tentativa de unificação

2
da tutela antecipada ou satisfativa. Os pressupostos são os mesmos. O projeto
do novo código organiza um único regime jurídico para cautelar/ satisfativa.

Análise do art.273 CPC:


Não cabe tutela antecipada satisfativa de ofício. É preciso que haja
requerimento pelo autor ou réu. Ex. réu reconvinte pode pedir uma tutela
antecipada da reconvenção.

O réu pode pedir tutela antecipada até mesmo se o que ele quer é mero pedido
do autor. O réu pode pedir uma antecipação dos efeitos da improcedência. Ex.
improcedência gera o direito para o réu de tirar o seu nome do cadastro.

O Ministério Público custus legis pode pedir tutela antecipada em favor de


incapaz.
A tutela antecipada pode ser concedida em qualquer momento. Ela pode ser:
a) Tutela antecipada liminar
Concedida logo no início do processo sem ouvir o réu (juiz nem ouve o réu e já
concede a tutela antecipada).
Liminar qualifica a tutela antecipada dada sem ouvir o réu. Se ela for concedida
depois é tutela antecipada, mas não é liminar.

b) Tutela antecipada em sentença


O juiz pode dar tutela antecipada na sentença. Ele fará isso para que aquela
sentença produza efeitos imediatamente.

c) Tutela antecipada em grau recursal.

Revogabilidade da tutela antecipada.


A tutela antecipada pode ser dada a qualquer tempo. A revogabilidade da tutela
antecipada tem cognição sumária. A decisão da tutela antecipada tem que ser
fundamentada.

Execução de tutela antecipada:


A execução da tutela antecipada se dão nos moldes das regras da execução
provisória. Isso significa que a execução da tutela antecipada se dá sob
responsabilidade objetiva do beneficiário da tutela. Isso significa que se
depois a tutela antecipada for revogada (aquele beneficiário da medida for
derrotado no processo) ele arcará com os prejuízos causados a outra parte em
responsabilidade objetiva (exatamente como ocorre na execução provisória).

A tutela antecipada se dá por decisão interlocutória, podendo ser impugnada


sempre por agravo de instrumento.
Se a tutela antecipada se dá em sentença a impugnação se dá por apelação
sem efeito suspensivo.
Se o relator deu tutela antecipada o recurso cabível é o agravo interno.

2) Pressupostos da tutela antecipada:

Se dividem em:
 Pressupostos gerais: todos devem ser observados sempre na
concessão da tutela antecipada, em qualquer caso. São eles:
 Prova inequívoca das alegações:
Significa que deve haver prova dos autos do que se afirma, prova essa
produzida regularmente. O juiz tem que lastrear sua decisão em prova
produzida regularmente nos autos (não necessariamente documental – ex.
perícia já produzida.) Pressuposto objetivo

 Verossimilhança das alegações:


Essa prova inequívoca tem que gerar um juízo de probabilidade. Ela tem de
convencer o juiz que se trata de uma situação de verossimilhança. É o grau de
convencimento que se exige do juiz. Pressuposto subjetivo.

 Reversibilidade dos efeitos do provimento:


O juiz tem que dar uma decisão cujos efeitos possa se reverter. Art.273, §2º
CPC. Este pressuposto tem que ser ponderado caso a caso, porque às vezes o
provimento é irreversível, mas às vezes não conceder a medida também é
irreversível. Ex. transfusão de sangue. Tirar o sangue do cara é irreversível,
mas não dar o sangue também é irreversível. Neste caso tem que ponderar
qual o juiz vai adotar.

 Pressupostos alternativos: Apenas um ou mais devem ser observados:


 Perigo da demora.
É a chamada tutela antecipada de urgência. Art. 273, I CPC.

 Tutela antecipada por abuso do direito de defesa ou


manifesto propósito protelatório.
Há uma tutela antecipada que não se lastreia em urgência Art.273,II. Trata-se
de uma tutela antecipada da evidência. Ela funciona como uma sanção em
razão da prática de ilícitos processuais. Ela não pode ser liminar, pois
pressupõe que o réu tenha se defendido.

Art.273, §6º - dispõe que se houver incontrovérsia sobre um pedido ou parcela


do pedido, surge a possibilidade de tutela antecipada. Entretanto, trata-se de
uma decisão parcial de mérito definitiva e não uma tutela antecipada (está
no local errado – o novo CPC corrige isso).
Ex. autor pede 100 e réu admite 70.

§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos
cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)

Tutelas antecipadas contra a Fazenda Pública


Desde a lei que, alterando o art. 273 do CPC, permitiu a concessão de tutelas
antecipadas de maneira geral, discutiu-se sobre a possibilidade de serem deferidas
contra a Fazenda Pública.
O principal argumento contrário era: para produzir efeitos, as sentenças contra a
Fazenda precisam passar pelo reexame necessário. Mas não era convincente, porque
a tutela antecipada tinha o condão de antecipar os efeitos do ato judicial capaz de
produzi-los, fosse ele a sentença de primeiro grau, fosse ele o acórdão. É certo que
ela é concedida em primeiro grau. Mas também nos casos em que o juiz antecipava a
tutela de pretensões que, se acolhidas por sentença, permitiriam a interposição de
recurso com efeito suspensivo, o juiz de primeiro grau antecipava efeitos que só
seriam obtidos após o acórdão.
No entanto, a antecipação da tutela contra a Fazenda adquiriu perfil distinto
com as restrições que lhe foram impostas desde a edição da Lei n. 9.494/97 e
agora pela Lei n. 12.016/2009, que trata do mandado de segurança.
O art. 7º, § 2º, da Lei n. 12.016/2009 determina que “não será concedida medida
liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza”. Essa proibição diz respeito às liminares em
mandado de segurança, mas se estende às tutelas antecipadas dos arts. 273 e 461 do
CPC, por força do § 5º, do art. 7º, da lei mencionada. Em decorrência da Lei n.
9.494/97, as tutelas antecipadas contra a Fazenda Pública devem respeitar o disposto
na Lei n. 8.437/92, arts. 1º, 3º e 4º. No art. 3º, a lei outorga efeito suspensivo ao
recurso voluntário ou ao reexame necessário contra sentença em processo cautelar,
proferida contra a Fazenda Pública e seus agentes, que importe em outorga ou
adição de vencimentos ou de reclassificação funcional, e o art. 4º atribui ao
presidente do tribunal ao qual couber o recurso suspender a execução das
liminares contra a Fazenda Pública e seus agentes, a requerimento do
Ministério Público ou da própria pessoa jurídica interessada, “em caso de
manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à
ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas”. Da decisão do presidente, cabe
agravo inominado no prazo de cinco dias.
Portanto, há restrições às tutelas antecipadas contra a Fazenda Pública, nos casos
acima mencionados. Durante muito tempo se discutiu a constitucionalidade de tais
restrições, já que, havendo situação de urgência, o interessado não poderia ficar
desprotegido. Mas o Supremo Tribunal Federal, por seu plenário, reconheceu a
constitucionalidade das impostas pelo art. 1º da Lei n. 9.494/97, na ação declaratória
de constitucionalidade 4/DF, com o que se abriu a possibilidade de, dados os efeitos
vinculantes do julgamento, a Fazenda Pública valer-se de reclamação, toda vez que
for concedida a tutela antecipada nos casos em que há restrição. Fica ressalvado, no
entanto, o disposto na súmula 729 do STF: “A decisão da ADC — 4 não se aplica à
antecipação de tutela em causa de natureza previdenciária”.

INTENSIVO II
Aula 01 – Gajardoni

PROVAS EM ESPÉCIE

1) DEPOIMENTO PESSOAL (ART.342 A 347 CPC)


1.1) Conceito: é a colheita das informações diretamente das próprias partes
processuais. De acordo com a maior parte da doutrina o depoimento
pessoal possui duas penalidades:
a) 1ª colheita pelo julgador das suas impressões
b) 2ª obter confissão.

1.2) Capítulo do depoimento pessoal trata de 02 institutos distintos:

Interrogatório da parte Depoimento pessoal


340,I e 342 CPC 343 CPC
De ofício Só a requerimento da parte contrária
Não é considerado meio de prova Meio de prova (para obter confissão)
para alguns (esclarecimento do
julgador)
Só o juiz pergunta (em regra) Juiz e adversário perguntam
Não implica confissão Pode implicar confissão
A qualquer momento – (Gajardoni faz Realizado só da AIJ.
geralmente depois da AIJ- é um bate
papo com a parte)

Art. 342. O juiz pode, de ofício, em Art. 343. Quando o juiz não o
qualquer estado do processo, determinar de ofício, compete a cada
determinar o comparecimento pessoal parte requerer o depoimento pessoal
das partes, a fim de interrogá-las da outra, a fim de interrogá-la na
sobre os fatos da causa. audiência de instrução e julgamento.

1.3) Casuística:
(são pequenas observações sobre depoimento pessoal):

a- Legitimidade para requerer o depoimento pessoal: o adversário do


depoente e o MP (só a parte contrária pode requerer, pois o objetivo é
pegar a outra parte em contradição ou fazer com que ela confesse). Não
é possível:
I. O requerimento do próprio depoimento
II. O juiz ordenar de ofício
III. O litisconsorte da própria parte/depoente requerer.

Atenção! A parte que for depor deve ser intimida sob pena expressa de
confissão caso não compareça (art.343, §1º, do CPC). Caso a intimação não
contenha este aviso, não será possível aplicar a confissão.

b- Pessoa jurídica pode prestar depoimento pessoal?


R. Questão pacificada no STJ (Resp 191.078-MA): Sim, mas desde que
atenda 02 condições:
 O preposto ou representante tenha conhecimento dos fatos. (ex. diretor
da Coca Cola não sabe o que aconteceu em Campinas.
 Poderes específicos para confessar.
Se a PJ intimada não apresentar preposto nessas 02 condições, o juiz pode
aplicar a pena de confissão, pois a PJ mandou alguém que não sabia de nada
do que estava acontecendo.

c- Recusa a depor (RG será aplicada a pena de confissão) – 02 espécies:


 Recusa direta (art.345, 1ª parte): não responder às questões;
 Recusa indireta (art.345, 2ª parte e 343, §2º): evasivas ou não
comparecimento ao depoimento pessoal.

Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que Ihe for
perguntado (recusa direta), ou empregar evasivas (recusa indireta), o juiz, apreciando as
demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de
depor.

d- Hipóteses legais de recusa (exceção):


 Direito constitucional ao silêncio – direito a autopreservação – art. 347
CPC, que foi profundamente ampliado pelo art. 229 CC/02.

Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:


I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; (Dúvida: se a parte
beneficiada pelo segredo renunciar à proteção, é possível exigir-se o depoimento? Apesar de
controvertido, crê-se que sim . Ex. padre, advogado renunciam a este segredo)
II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau
sucessível, ou amigo íntimo; (Ex. você é pedófilo? Sua mulher participa de bacanais?)
III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de
demanda, ou de dano patrimonial imediato. (Se tiver prejuízo patrimonial não é obrigado, o
que demonstra que o CC/02 se preocupa mais com o patrimônio do que com a verdade)

e- Falso depoimento pessoal: não é crime (autopreservação), salvo se


implicar denunciação caluniosa. (Ex. Digo que quem furtou as coisas foi
outra pessoa e não eu). Contudo, é perfeitamente possível a aplicação
de sanções processuais pelo falo, entre elas a multa por litigância de
má-fé (art.17,II do CPC).

2) CONFISSÃO (arts. 348 a 354 CPC)

2.1) Conceito: é a admissão da verdade de um fato (não de um direito).

Seção III
Da Confissão
Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse
e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.

Como recai sobre um fato ela não é vinculante (não leva necessariamente a
procedência ou improcedência de um pedido).
Ex. confesso que bati na traseira de um carro - o juiz pode entender que este
fato não implica nos pedidos do autor.

É isso que diferencia confissão do reconhecimento jurídico do pedido (269,II


CPC) – aqui a parte que reconhece, reconhece fato + consequências
jurídicas.
Ex. confesso que estava embriagado no acidente, mas a culpa do acidente foi
da outra parte – confissão.
confesso que estava embriagado no acidente e a culpa do acidente foi minha –
reconhecimento jurídico do pedido.

A confissão é resultado de outros meios de prova. Ex. depoimento ou


documento. (assim, tecnicamente a confissão não é um meio de prova, pois
resulta de provas).

2.2) Condições para a validade da confissão:


1) Fato confessado deve ser pessoal e próprio.
Se for de 3º é testemunha.

2) Direito Disponível
A confissão só pode recair sobre direito disponível. (art.213 CC e 351 do CPC).
A renúncia ao estado de pessoas não é possível. É um caso a ser considerado,
mas não resulta em confissão.

3) Capacidade Civil do Confitente (art.213 CPC)

2.3) Espécies de confissão

Confissão Judicial (art.349 CPC) pode ser:


a) Espontânea:
 Escrito
 Oral (deve ser reduzida a termo)

b) Provocada (por depoimento pessoal):


 Real: intimado, o sujeito comparece e assume
 Ficta: sujeito foi intimado, mas não comparece

Confissão extrajudicial (art. 353 CPC): é fora do processo


Ex. por carta, e mail, facebook etc.

2.4) Casuística sobre confissão:

a) a diferença do valor probante da confissão judicial (348 CPC) com a


extrajudicial (353 CPC).

Não é certo falar que a confissão judicial é mais forte do que a extrajudicial.

Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tem a
mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, será
livremente apreciada pelo juiz.
Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei
não exija prova literal.

b) Confissão e litisconsórcio unitário: conduta determinante prejudicial – só vale


se todos os litisconsortes confessarem também (art. 48 e 350, p. ú., CPC)
Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis
alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.

c) Indivisibilidade da confissão (art.354, 1ªparte,


A pessoa não pode pegar a confissão e considerar somente a parte que lhe
aproveita.
Ex. eu de fato peguei o dinheiro, mas era para entregar para o irmão do autor.

Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocar como
prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á,
todavia, quando o confitente Ihe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de
defesa de direito material ou de reconvenção.

Exceção: a única hipótese em que a confissão pode ser cindida – confissão


complexa.
Confissão complexa é aquela composta por 2 elementos: fato da confissão +
fato modificativo, extintivo ou impeditivo – isso chama-se de defesa indireta.
Sujeito assume o fato, mas apresenta um fato novo.
Ex. peguei o dinheiro + paguei (extintivo)/ prescreveu (impeditivo).

3) EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA (ART.355 A 363 CPC)

3.1) Conceito:
É o instrumento para obtenção da prova documental.
A doutrina critica o tratamento do tema dado no CPC, pois exibição de
documento ou coisa não é meio de prova, mas mecanismo para obter a prova
documental – prova é o documento.

Existem no Brasil 03 mecanismos para a obtenção da prova documental:

i. Requisição judicial (art.399 CPC):


O juiz pode requisitar documentos seja em repartição pública ou particular.

Art. 399. O juiz requisitará às repartições públicas em qualquer tempo ou grau de jurisdição:
I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a União, o
Estado, o Município, ou as respectivas entidades da administração indireta.
Parágrafo único. Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável
de 30 (trinta) dias, certidões ou reproduções fotográficas das peças indicadas pelas partes ou
de ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição de origem.
§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável de 30
(trinta) dias, certidões ou reproduções fotográficas das peças indicadas pelas partes ou de
ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição de origem. (Renumerado pela Lei nº
11.419, de 2006).
§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em meio eletrônico
conforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que
consta em seu banco de dados ou do documento digitalizado. (Incluído pela Lei nº 11.419, de
2006).

ii. Exibição de documento ou coisa (tratada no CPC como meio de prova


na fase instrutória e que estamos tratando – art.355 CPC).
iii. Ação Exibitória (que é chamada de cautelar, mas não é) – art. 844 CPC
– geralmente quando é preciso primeiro ver-se o teor do documento
para, só após, decidir pelo ajuizamento da ação.

3.2) Dois procedimentos para a exibição de documento ou coisa:

Contra a parte Contra terceiros


Previsão legal 355 a 359 CPC 360 a 362 CPC
Natureza Jurídica Incidente processual Processo Incidente
(nos mesmos autos) (apenso)
Forma Pedida na própria Petição (inicial) em
Petição Inicial ou separado.
contestação
Chamamento do Intimação (via Citação
exibidor advogado)
Prazo de resposta 05 dias (prorrogáveis) 10 dias (prorrogáveis)
Decisão interlocutória Sentença (apelação)
Natureza do ato final (Recurso de Agravo) É possível aplicar
É possível aplicar fungibilidade.
fungibilidade.
Consequências da não Ônus de exibir (art. Dever de exibi (art. 362
exibição 359 do CPC - e 461 do CPC - busca e
presunção relativa de apreensão do
veracidade dos fatos documento, astreite e/ou
que o documento crime de
provaria). desobediência).

3.3) Recusa à exibição (parte ou terceiro): Art.363 CPC

Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa:


(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - se concernente a negócios da própria vida da família; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
II - se a sua apresentação puder violar dever de honra; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a
seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação
penal; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão,
devam guardar segredo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a
recusa da exibição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os ns. I a V disserem respeito só a uma parte do
conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser apresentada em juízo.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Ex. caso em que MP solicita dados diretamente a receita, mas esta se recusa
alegando que só pode ser feita pelo judiciário.
Atenção! Há situações em que a recusa não é aceita de jeito nenhum
(exceção da exceção). Art.358 CPC.

Art. 358. O juiz não admitirá a recusa:


I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;
II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir
prova;
III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

3.4) A súmula 372 do STJ (originariamente foi moldada para a ação “cautelar
exibitória – art.844 CPC)
Súmula 372 do STJ – razão desta súmula é que há uma medida bem melhor
presunção de veracidade.

Súmula 372
Na ação de exibição de documentos (art.844 CPC), não cabe a aplicação de multa
cominatória.

Atualmente, o STJ entende que essa súmula também se aplica à exibição


instrutória do art.355 e ss e CPC quando for contra a parte do processo.

Crítica: tem casos que não é possível aplicar presunção a todos os casos. Ex.
expurgos inflacionários.

Obs. Informativo 539 do STJ - Não é cabível a multa cominatória, caso o autor
tenha ingressado com pedido, incidental ou autônomo, de exibição de
documento relativo a direito DISPONÍVEL.
Em caso de processos que tratam sobre direitos indisponíveis, o STJ tem
admitido a cominação de astreintes.
STJ. 2ª Seçãã o. REsp 1.333.988-SP, Rel. Min. Pãulo de Tãrso Sãnseverino, julgãdo em
9/4/2014 (recurso repetitivo).

Importante!!!
A multa diária prevista no § 4º do art. 461 do CPC, devida desde o dia em que configurado o
descumprimento, quando fixada em antecipação de tutela, somente poderá ser objeto de
execução provisória após a sua confirmação pela sentença de mérito e desde que o recurso
eventualmente interposto não seja recebido com efeito suspensivo.
STJ. Corte Especiãl. REsp 1.200.856-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgãdo em 1º/7/2014 (recurso
repetitivo) (Info 546).
Pedido de exibiçãã o de documentos:
ã. Incidentãl:
I. Disponíível: nãã o cãbe ãstreintes. Cãbe presunçãã o de
verãcidãde dos fãtos ãlegãdos;
II. Indisponíível: cãbe ãstreintes.

b. Autoô nomo:
 Disponíível: soí cãbe buscã e ãpreensãã o.
 Indisponíível: cãbe ãstreinte.
Em outras palavras, a presunção de veracidade só ocorre no caso de recusa
em exibição incidental e desde que se trate de direitos disponíveis.
Podemos concluir, portanto, que, na AÇÃO DE EXIBIÇÃO, se a parte se recusa
a entregar o documento, o único meio admitido para a efetivação do pedido é a
busca e apreensão.

4) PROVA DOCUMENTAL (ART. 364 A 399 CPC):

4.1) Conceito: prova documental é a de qualquer representação em suporte


material.

Ex. pintura rupestre, filmagem, gravação de áudio.


4.2) Classificação:

A1- quanto a autoria:


 Autógrafos (emitidos pela parte)
 Heterógrafos (emitidos por terceiros) Ex. BO, escritura, etc.

A2- quanto à autoria:


 Documentos públicos (art. 364 a 366). Ex. BO, escritura pública, etc.
 Documentos privados (art. 368). Ex. Contrato particular, recibo, etc.

A3- Quanto ao conteúdo (usada na falsidade documental):


 Documentos Dispositivos ou Negociais (declaração de vontade). Ex.
contrato.
 Documentos narrativos ou testemunhais (apenas descrevem um fato ou
evento. Ex. BO, recibo.

4.3) eficácia probante dos documentos públicos (art.364 a 368 do CPC):


Conceito: documento público é qualquer documento emitido por autoridade. Ex.
atestado criminal, BO, escritura pública.

a) Art.364 do CPC: presume-se verdadeira (relativa) a sua formação,


autoria e o conteúdo quanto ao presenciado pela autoridade.

Subseção I
Da Força Probante dos Documentos
Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o
escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença

Ex. BO – presume verdadeiro que o sujeito compareceu a delegacia aquele dia


e narrou o fato e que a autoridade estava lá. Entretanto, não presume os fatos
narrados.

Ex. escritura pública: prova que as partes declararam que compram ou


venderam imóvel.

b) Art. 367 do CPC: documento público irregular tem a mesma validade de


documento particular. (regência art.368 CPC)
Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente
assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato,
o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao
interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato.

c) Prova Legal - Art. 366 CPC – trata-se de uma exceção ao Princípio do


Livre convencimento motivado – art. 131 CPC.

Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra
prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.

Ex. art. 108 CC – comprovação da transferência da propriedade. (a posse pode


ser comprovada de outra forma).

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

4.4) Produção da prova documental: (art. 396 e 397 CPC).

Momento: a rigor, na inicial e na contestação. O STJ tem flexibilizado este


entendimento para admitir a juntada a qualquer tempo – inclusive após inicial e
contestação, mas desde que não fique evidenciado o ânimo de ocultação
premeditada.

4.5) Arguição de falsidade documental (art.372, 387, 388 e 390-395, 325


CPC):

A) Existem 3 formas de se arguir a falsidade documental:

I. Via de arguição incidental (questão prejudicial) –


sem eficácia de coisa julgada. Ex. apresentação de recibo com assinatura
falsa. Aqui o juiz deverá decidir se o documento é ou não falso na motivação
(então não faz coisa julgada).

II. Ação declaratória incidental de falsidade (art. 390 a 395


CPC).
Haverá ampliação do objeto litigioso da demanda. É necessária que a falsidade
seja reconhecida/afastada com eficácia de coisa julgada (art. 325 CPC). É uma
ação autônoma, mesmo que corra dentro dos autos.

III. Ação autônoma de falsidade (art.4º CPC).

B) Ação Declaratória incidental de falsidade documental (art. 390 a 395


CPC).

Prazo (art.390):
a) Para o réu na contestação se os documentos foram apresentados na
inicial.
b) Para os demais documentos juntados no curso do processo (inclusive na
contestação): 10 dias a partir da juntada do documento.
Atenção! Decorrido o prazo, não fica impedido o reconhecimento da falsidade,
mas ela ocorrerá apenas em caráter incidental (sem coisa julgada). Portanto,
trata-se de prazo preclusivo (ação declaratória de falsidade).

Procedimentos:
Ambos suspendem o curso do processo até final julgamento da declaratória
incidental – art. 394 do CPC).
i. ADI incidental antes de encerrada a instrução (art. 391 CPC): o
incidente é processado nos próprios autos da ação principal.
ii. ADI incidental (art.393): o incidente é processado em apenso.

Recurso:
 Se julgada junto com a principal: apelação (Princípio da
unirrecorribilidade) – não interessa se foi processada em apenso ou nos
próprios autos.
 Se julgada antes do principal (não interessa se no apenso ou nos
principais). Prevalece que cabe agravo de instrumento. (Fungibilidade).

4.6) Possibilidade de Ação declaratória incidental de falsidade ideológica


(de conteúdo):
02 posições:
1- Majoritária: não cabe incidente de falsidade nesses casos, porque a
falsidade do conteúdo não é prova pericialmente, mas incidentalmente
(questão prejudicial) na própria ação principal. Só existe incidente de
falsidade na falsidade material.
2- STJ: entende em caráter excepcional admite declaratória incidental de
falsidade ideológica, mas desde que atenda 2 condições (esvaziam
quase todas as possibilidades):


Documento tem que ser narrativo/testemunhal. Ex. BO, recibo,
etc. (contrato não pode, pois ele é negocial).
 Não pode implicar desconstituição de situação jurídica (v.g.
não serve para desconstituir quitação declarada em recibo).
(STJ, REsp 1.024.640, DF e Resp 354.529 – MT).

5) PROVA TESTEMUNHAL (art.400 a 419 CPC):

5.1) Hipóteses de não cabimento (art.400 CPC):

Subseção I
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal
Art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. O juiz
indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:
I - já provados por documento ou confissão da parte; (são provas muito mais idôneas e
seguras)
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.
5.2) A questão do art. 401 a 403 do CPC: versa sobre a limitação da validade
de testemunho nos contratos superiores a 10 salários.

Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não
exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram
celebrados.
Art. 402. Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal, quando:
I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da parte contra
quem se pretende utilizar o documento como prova;
II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da
obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel.
Art. 403. As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes aplicam-se ao pagamento e à
remissão da dívida.

Atenção!
a) Pode prova testemunhal nesses casos, se houve início de prova
documental (Súmula 419 STJ).
b) O que não pode provar só por testemunha é o contrato (cláusulas, multa,
pena, prazo de entrega). Mas a obrigação e as questões relativas ao
cumprimento, inexecução, etc., pode.

5.3) Rito da contradita: (art.414, §1º, CPC):


Contradita é forma de arguição da incapacidade, impedimento ou suspeição de
testemunha – art. 405 CPC):
i. A arguição deve acontecer antes do início do testemunho, sob pena
de preclusão.
ii. A arguição deve ser motivada (impedimento, suspeição).
iii. O juiz reduz a termo e ouve a testemunha a respeito.
iv. Concede a palavra ao advogado que arrolou a testemunha (esta fase
decorre da constituição e não da lei.
v. Se a testemunha negar, concede ao impugnante o direito de provar a
incapacidade, impedimento ou suspeição ouvindo até 3 testemunhas.
vi. Juiz decide:
a. Acolhe a contradita e dispensa a testemunha
b. Acolhe a contradita, mas ouve a testemunha como informante do
juízo (art.405, §4º CPC);
c. Rejeitar a contradita, caso em que compromissará a testemunha
(art. 415 CPC).

TEORIA DOS RECURSOS


Aula 02- Didier

1) Conceito de Recurso

a) Meio voluntário de impugnação da decisão judicial;


Está a disposição de quem deseje recorrer. Por esse motivo prevalece o
entendimento de que o reexame necessário não é recurso (por não ser
voluntário).
b) Meio previsto em lei; não se cria recursos por convenção.
(o conhecido agravo regimental é um agravo contra decisão de relator está
previsto e, lei e é apenas regulamentado relo regimento – no projeto do novo
CPC passa a se chamar agravo interno).

c) Para no mesmo processo; o recurso não gera novo processo, apenas


prolonga o processo para outra instância. O recurso prolonga a
litispendência.

d) Reformar, Invalidar, esclarecer, integrar


São os propósitos do recurso Para saber o significado destes propósitos é
preciso entender algumas premissas:
 O recurso é uma demanda em qual se pleiteia algo.
O recurso tem o seu pedido e não se confunde com o pedido da petição
inicial. Consequentemente, a causa de pedir do recurso não se confunde com a
causa de pedir da inicial. Assim, o recurso tem o seu próprio mérito que ão se
confunde com o mérito da causa contida na petição inicial.
Ex. apelo para dizer que a sentença é nula, o mérito da apelação é
saber se a sentença é nula ou não. Não se confunde com o mérito da causa.
Pelo fato do recurso ser uma demanda, é possível aplicar por analogia
os mesmos
Ex. recurso sem pedido é recurso inepto; é possível haver cumulação de
pedidos em recurso. Reforme um capítulo e profira outro.
Ex. o juiz deu 2 decisões interlocutórias em um curto espaço de tempo.
É possível entrar com um aravo só impugnando os 2 pedidos, pois o recurso é
uma demanda

Reformar, invalidar, esclarecer ou integrar são pedidos de um recurso


relacionados à causa de pedir.

Integrar uma decisão é completa-la; torna-la íntegra. Sua causa de pedir é


a decisão omissa.

A causa de pedir do pedido de esclarecer é a obscuridade ou contradição.


Tanto para integrar quanto para esclarecer são impugnadas por embargos
de declaração.

O pedido de reformar é alegar que a decisão está errada/ foi ruim. Sempre
que a decisão for injusta é necessário a reforma, ou seja, que ela seja
recorrigida. Entretanto a injustiça só ocorre se a decisão for de mérito. Esse
pedido de reforma se chama de erro in iudicando.
O erro in iudicando é a causa de pedir recursal quando se pleiteia a
reforma de uma decisão.

Invalidar uma decisão judicial é desfazê-la em razão de um defeito. Se a


decisão for nula, o que se deseja é invalidá-la. Aqui não se discute o
conteúdo da decisão/ opção do juiz/ sua injustiça, mas sim a sua invalidade.
Ex. decisão é nula, pois proferida por juiz incompetente.
O pedido de invalidação tem como causa de pedir o erro in procedendo.
Erro in procedendo é todo aquele que compromete a validade da decisão.
Ex. decisão ultrapetita é nula apenas naquilo que excede.

2) Panorama dos meios de impugnação da decisão judicial.


A decisão judicial pode ser impugnada por:
i. Recurso
ii. Ação autônoma de impugnação

A ação autônoma de impugnação impugna uma decisão,dando origem a um


novo processo. Já o recurso se dá no mesmo processo.
São tipos de ação autônoma de impugnação:
 Ação rescisória
 Reclamação constitucional
 Querela nullitatis
 Mandado de segurança contra ato judicial

iii. Sucedâneo recursal


É todo meio de impugnação a decisão judicial que não seja recurso ou ação
autônoma de impugnação; Sucedâneo é aquilo que ‘às vezes se faz de”.
 Reexame necessário
 Correição parcial
 Pedido de suspensão de segurança

Existem alguns livros que apenas dividem recursos e sucedâneos recursais,


sendo que

3) Princípio do Duplo grau de jurisdição.


Há que se garantir o direito ao recurso. Este é consequência deste Princípio .
Não está previsto na constituição, mas que se entende como corolário do
devido processo legal ou do Princípio da Inafastabilidade. O dirieto de recorrer
seria um desdobramento do direito de ação. Não significa que cabe recurso em
toda a decisão. Este Princípio no âmbito penal possui outra dimensão em razão
dos Tratados internacionais.

No âmbito do processo civil, há situações por exemplo que há uma vedação ao


recurso por ser irrazoável.
Ex. decisão que homologa acordo em juizados é irrecorrível.
Ex. legislador pretende restringir recurso contra decisão de relator. Esta
restrição acabou sendo abandonado na prática, pois irrazoável. O relator
decide sozinho pelo colegiado. Assim, é natural que se possa revisar esta
decisão.

A constituição prevê alguns recursos. Estes não podem ser eliminados pelo
legislador. Exs. RE, REsp, RO para STF e STJ.

Casos de decisões irrecorríveis no CPC (tabela para revisão):


a. Decisão do relator que admitir amicus curae em ação declaratória
de inconstitucionalidade (art.482,§3º CPC).
b. Decisão de juiz que fixar prazo para efetuar preparo na apelação
em caso de justa causa (art.519, p.ú.).
c. Decisão de sobrestamento de Resp em que relator considerar
que o RE é prejudicial ao Resp enviando para o STF.
Decisão do relator do RE que não considerar a prejudicialidade
afirmada, devolvendo os autos para o STJ. (art.543, §§1º e 2º)
d. Não conhecimento de RE por falta de repercussão geral (543-A)
e. Contra decisão monocrática do relator/acórdão, que defere a
concessão de efeito suspensivo a recurso de agravo de
instrumento ou que converte agravo de instrumento em agravo
retido (art.527,p.ú).

Não cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito
suspensivo a agravo de instrumento. A decisão colegiada que entende pela ausência
dos requisitos necessários à atribuição do efeito suspensivo a agravo de instrumento
não resulta em decisão de única ou última instância, como previsto art. 105, III, da CF.
Há necessidade de que o Tribunal julgue, definitivamente, o agravo de instrumento em
seu mérito para que a parte vencida possa ter acesso à instância especial.
STJ. 2ª Turmã. REsp 1.289.317-DF, Rel. Min. Humberto Mãrtins, julgãdo em 27/5/2014 (Info
541). – Vide suí mulã 86 STJ

4) Classificação quanto aos recursos:

4.1) Recurso de fundamentação livre e recurso de fundamentação


vinculada:

Recurso de fundamentação livre é o recurso pelo qual eu posso alegar


qualquer coisa/problema contra a decisão. Ex. apelação.

Recurso de fundamentação vinculada é o recurso que só se pode alegar um


tipo de fundamentação. A fundamentação tem que ser típica, ou seja, se valer
de algumas hipóteses legais. Ex. em embargos de declaração é necessário
alegar ou obscuridade, ou contradição ou omissão; RE e REsp.
Quando o recurso for de regulamentação vinculada é necessário alegar a
fundamentação típica expressamente, sob pena de não se conhecer o recurso.
Ex. alegar obscuridade/omissão da decisão.

4.2) Recurso total ou recurso parcial:

Recurso é total quando o recorrente impugna tudo quanto ele poderia ter
impugnado.
Recurso parcial é o recurso que impugna apenas parte daquilo que deveria ser
impugnado.

Isso é importante porque o recurso é um ato voluntário, ou seja, ele impugna


aquilo que ele quer impugnar. Ademais isso é imprescindível que a parte da
decisão não impugnada não transita em julgado. Se o recurso é parcial, a parte
que poderia ter sido impugnada transita em julgado.
Obs. Há uma sutileza doutrinária: Dinamarco tem uma definição um pouco
diferente desta apresentada por Didier.
Dinamarco entende que recurso total é aquele que impugna toda a decisão,
enquanto o parcial impugna parte da decisão.

Ex. decisão judicial com 2 capítulos: A e B. O capítulo A é procedente e o


capítulo B é improcedente. O autor recorre do capítulo B.
Teoria Didier: recurso total, pois recorre em relação a tudo aquilo que poderia
ter impugnado.
Teoria Dinamarco: recurso parcial, pois não impugnou a decisão completa.

5) Atos sujeitos a recurso


Só decisões estão sujeitas à recursos. Assim, os despachos são irrecorríveis.
As decisões podem ser classificadas da seguinte forma:

 Decisões de juiz:
 Decisões interlocutórias (Ag Retido ou Instrumento)
 Sentença (apelação)

 Decisões em tribunal:
 Decisões unipessoais (monocráticas):
o Relator (Ag regimental)
o Presidente/vice-presidente do tribunal (ag.
Interno ou agravo do 544)
 Acórdãos.
(Embargos infringentes, REsp, RE, Embargos de divergência e RO)

Assim, há 5 espécies de decisão. Elas são recorríveis.

Decisões do juiz:
Contra as decisões interlocutórias decididas pelo juiz cabe agravo retido ou
agravo de instrumento.
Contra sentença cabe apelação.

Obs.1: é preciso lembrar das chamadas decisões parciais (examinadas no


semestre passado). Para alguns autores (majoritária) as decisões parciais são
interlocutórias. Entendimento adotado no novo projeto do CPC.
Para outros autores haveria uma 3ª espécie: sentenças parciais. Para estes,
ela é agravável, apelável, apelável por instrumento.

Obs.2: lei de execução fiscal fala que sentenças em execução fiscal de até 50
ORTN (aprox. R$500,00) não são impugnáveis por apelação, mas por
embargos infringentes de alçada. É um recurso que vai para o próprio juiz
fiscal. Art.34 da Lei de Execução Fiscal.

Obs.3: há casos de sentenças agraváveis por expressa previsão legal:


sentença de falência e de liquidação. Assim, a sentença que julga liquidação
de sentença também é agravável por agravo de instrumento.
Obs.4: Lei 1.060/50 – prevê que cabe apelação das decisões que aplicam esta
lei. Isso é estranho pois são decisões que concedem/negam/revogam/não
revogam o benefício nenhuma delas é sentença, mas decisões interlocutórias.
Se são decisões interlocutórias, por que cabem apelação?
Hoje entende-se que só vai caber apelação se esta decisão for proferida em
autos apartados. Não sendo, cabe agravo.

As decisões devem se dar em autos apartados quando:


 houver pedido de revogação de justiça gratuita
 pedido superveniente de concessão de justiça gratuita feita durante o
processo. O projeto de novo CPC prevê que é tudo agravo.

Obs.5: Juizados especiais:


Nos juizados especiais cíveis não cabe agravo de decisão interlocutória. O
recurso contra a sentença não é só contra a sentença, mas contra a sentença e
interlocutórias proferidas ao longo do processo. Nos juizados especiais contra a
sentença não cabe apelação, mas recurso inominado.
É errado dizer que as interlocutórias são irrecorríveis, pois isto é feito em outro
momento.
Nos juizados especiais federais cabe agravo contra decisão em tutela de
urgência.

Obs.6: Delosmar Mendonça Jr. defende que há 3 espécies de decisão de juiz e


não apenas 2. Para ele, a 3ª espécie de decisão de juiz é a decisão que não
conhece da apelação (juiz sentencia, parte apela e juiz não admite apelação.
Ela não é apelação (pois é uma decisão posterior a sentença) nem agravo
(pois a decisão terminaria com o processo). Ela seria impugnada, assim, por
agravo de instrumento.

Decisões do tribunal unipessoais:

Do relator: é chamado de agravo regimental. De 20 anos pra cá, muitas leis


passaram a atribuir ao relator poderes decisórios, ao invés de apenas preparar
para o recurso. Ex. conceder tutela antecipada, efeito suspensivo ao recurso,
julgar em alguns casos os recursos, não admitir o recurso, etc.
Quando o legislador atribui poderes decisórios ao relator, ele está antecipando
o posicionamento da turma. Ele dá uma idéia de celeridade. Entretanto, deve
haver um recurso contra a decisão do relator, para verificar se a decisão do
relator corresponde ou não a turma.

p.ú do art. 527 CPC: dispõe que caso convertido agravo instrumento em agravo
retido não cabe agravo interno. Assim, caberia MS em 120 dias. Diante deste
problema, passou-se a admitir agravo interno em 5 dias.

Art.39 da Lei 8038/90: prevê agravo interno contra decisão do relator.


Essa lei serve ao STJ e ao STF. O próprio STJ diz que este art.39 se aplica a
qualquer tribunal.
Ex. relator decide sozinho uma apelação. Dessa decisão cabe agravo interno
que vai para a turma. Quando a turma for julgar o agravo interno ou a turma vai
dizer que a decisão do relator é correta ou incorreta.
Qualquer que seja a opção, a turma ao julgar o agravo interno estará julgando
a própria apelação, pois ou a turma vai concordar com a decisão quanto ao
relator, ou decidindo a apelação de maneira diversa deste.
Isso autoriza afirmar que a natureza do julgamento do agravo interno será a
natureza daquilo que foi julgado monocraticamente pelo relator.

Isso implica várias questões:

i. É possível sustentação oral em apelação, mas não em agravo interno.

 Cabe sustentação oral em agravo interno?


R. Se o julgamento do agravo interno tiver natureza de apelação, isso será
possível.

ii. Todo mundo sabe que cabem embargos infringentes contra acórdão que
julga apelação
 Cabe embargos infringentes contra acórdão que julga agravo
interno?
R. Se o julgamento do agravo interno tiver natureza de apelação, cabem
embargos infringentes.

iii. Todo mundo sabe que cabem embargos de divergência contra acórdão que
julgue RE ou REsp.

 Cabem embargos de divergência contra acórdão de agravo


interno?
R. Sim, desde que o julgamento do agravo interno assuma a natureza de
julgamento extraordinário ou especial. Súmula 316 STJ.

Súmula 316
Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental, decide recurso
especial.

Decisões de presidente ou vice-presidente:


 Decisão geral que cabe agravo interno (art. 39 da Lei 8038). Aplica-se as
regras anteriores do agravo interno.
 Agravo do art. 544 CPC.
Decisão do presidente ou vice-presidente do Tribunal é um agravo contra a
decisão que não admite recurso especial ou extraordinário.
No projeto de novo CPC será chamado de agravo de admissão.

Antes da Lei n.º 12.322/2010 Depois da Lei n.º 12.322/2010


A parte deveria interpor A parte agora deve interpor um agravo nos
um agravo de instrumento. próprios autos, sem a necessidade de
instrumento (ou seja, não é mais necessário
A parte deveria juntar todos os documentos juntar os documentos do art. 525).
exigidos pelo art. 525, CPC.
Este agravo tem sido chamado de “agravo contra
decisão denegatória de REsp ou ”.
RE

Desse modo, atualmente, caso o Presidente (ou Vice) do Tribunal de origem (juízo a quo)
negue seguimento ao RE ou REsp, o recurso cabível contra essa decisão é o AGRAVO NOS
PRÓPRIOS AUTOS (art. 544 do CPC).
Resumindo:
Cabem embargos de declaração contra a decisão do Presidente do Tribunal de origem que
nega seguimento a REsp?
 Regra geral: NÃO. Se interpuser embargos, estes não terão efeito interruptivo e a parte
perderá o prazo do art. 544 do CPC.
 Exceção: é possível a oposição de embargos quando a decisão do Presidente do Tribunal foi
excessivamente deficitária (muito genérica).

Acórdãos: podem caber 5 tipos de recurso:


 Embargos infringentes,
 REsp,
 RE,
 Embargos de divergência
 Recurso ordinário constitucional.

Ex. não é possível agravar/apelar contra acórdão

Obs. final: contra qualquer decisão cabe embargos de declaração.

Assim, são possíveis no total 13 recursos diferentes.

6) Juízo de admissibilidade dos recursos:

6.1) Considerações gerais sobre o juízo de admissibilidade:


Juízo de admissibilidade é o juízo que se faz sobre as postulações.

i. Juízo de admissibilidade: juízo se o pedido pode ser examinado. Ele


é preliminar ao juízo de mérito. Verifica primeiramente se o pedido
pode ser examinado/ posso decidir sobre isso?
ii. Juízo de mérito: é o juízo se o pedido pode ser acolhido. Após,
verifica se pode ou não acolher o pedido.

No juízo de admissibilidade (sem mérito) o órgão julgador utilizará dos


seguintes verbos:
 Admitir/ não admitir (a quo)
 Conhecer ou receber/ não conhecer ou não receber (ad quem)

No juízo de mérito poderá ser:


 Demanda: procedente ou improcedente.
 Recurso: provido ou improvido.
O tribunal poderá falar em dar provimento ou negar provimento. Recurso
conhecido ele pode ser provido ou improvido.

 De quem é a competência para fazer o juízo de admissibilidade?


R. É preciso diferenciar: Juízo a quo de juízo ad quem.

Juizo ad quem: é um juízo de destino (pronunciar cueim), juízo ao qual o


recurso é destinado.

No Brasil vigora uma lei: O órgão de interposição do recurso é o órgão a quo.


O juízo de admissibilidade é duplo: o juízo de admissibilidade do recurso é feito
pelo juízo a quo (1º juízo) e pelo juízo ad quem (2ºjuízo).

Em regra, se o juízo a quo não admite o recurso, sempre caberá recurso


contra esta decisão, pois esta não pode ser a última. Consequentemente, o
juízo de mérito é sempre do ad quem.

Obs.1: o agravo de instrumento é o único recurso interposto diretamente no ad


quem. Consequentemente ele passa apenas por um juízo de admissibilidade.

Obs.2: há recursos em que a quo e ad quem são o mesmo órgão. São os


chamados recursos horizontais, pois estão na mesma instância. Ex. Embargos
de declaração e embargos infringentes de alçada.

Obs.3: há recursos que permitem que o juízo a quo se retrate. Eles permitem
que o mérito dele possa ser aprecido pelo a quo. Ex. agravos de instrumento e
retido, apelação contra sentença que indefere a petição inicial, apelação contra
sentença que julga improcedente causas repetitivas (Art.285-A), apelação nos
casos do procedimento do ECA. O nome desse recurso é efeito de retratação
ou efeito regressivo.

6.2) Requisitos de admissibilidade do recurso:

São 07 os requisitos de admissibilidade se dividindo entre intrínsecos e


extrínsecos:

Requisitos intrínsecos:
 Cabimento
 Legitimidade
 Interesse
 Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos. (obs. Barbosa
Moreira coloca como intrínseco, mas em alguns livros aparece como
extrínsecos).
Requisitos extrínsecos:
 Tempestividade
 Preparo
 Regularidade Formal.

Aula 03– Didier

REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS:

Segundo Barbosa Moreira os requisitos de admissibilidade se dividem


intrínsecos e extrínsecos:

1) REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE INTRÍNSECOS DOS RECURSOS:

I) Cabimento:

Recurso correto contra decisão é recorrível. O cabimento pressupõe que a


decisão seja recorrível e que se valha do recurso correto.

Princípios relacionados com o cabimento dos recursos:

 Princípio da taxatividade do recurso: recurso é só aquele previsto em


lei;

 Princípio da singularidade (ou da unirrecorribilidade): Só é possível


se valer de um recurso por vez contra a decisão. Não se pode impugnar
a mesma decisão com dois recursos ao mesmo tempo.
Crítica: esse princípio em relação aos acórdãos é um pouco fajuto, pois contra
um acórdão é possível se valer ao mesmo tempo de recurso especial e recurso
extraordinário.
 Princípio da fungibilidade dos recursos: Um recurso indevidamente
interposto pode ser aceito como recurso correto. Esse princípio era
expressamente previsto no CPC de 39, porque à época o sistema recursal era
caótico, não se conseguia identificar com clareza se uma decisão era recorrível
e qual o recurso cabível. Porém ressaltava que o p. da fungibilidade só poderia
ser aplicado se não houvesse erro grosseiro. Assim, se arbitrava a fungibilidade
se o erro fosse escusável. Se o erro fosse grosseiro não se aplicava a
fungibilidade.

O texto de 1973 eliminou a previsão da fungibilidade, pois afirmava-se


que este Código era um sistema que não gerava dúvidas.
Assim, o suporte normativo que fundamenta a fungibilidade é o art.244
CPC. A doutrina afirma que o Princípio da Fungibilidade ainda existe no CPC
de 1973 nos moldes no CPC de 39, ou seja, que não tenha erro grosseiro, a
fim de se tutelar a boa fé.
A jurisprudência cria o 2º pressuposto da Fungibilidade: além de não
haver erro grosseiro, é necessário observar o prazo do recurso correto.
II) Legitimidade recursal:
O código versa que podem recorrer:
 Partes.
O opoente, chamado a lide, denunciado são partes;
O juiz no incidente de suspeição e impedimento é parte daquele incidente. Ele
poderá recorrer como parte naquele incidente.

 Discussão: pode o assistente simples recorrer quando o assistido não


recorre?
R. de acordo com precedentes do STJ não. É como se o assistido não
quisesse ter ocorrido.
Para Didier trata-se de um entendimento absurdo, pois o papel do assistente é
tutelar o assistido. Para ele, este entendimento seria razoável somente se o
assistido expressamente colocasse que não quer recorrer.

 Ministério Público
Ministério Público aqui, é o custus legis (fiscal da lei).

 3º prejudicado:
Admite-se recurso de 3º, ou seja, alguém que não faz parte do processo pode
recorrer. O recurso de terceiro é outra espécie de intervenção de terceiro.
Não confundir: o assistente recorre como parte, enquanto o recurso de terceiro
é quando alguém de fora da relação entra no processo.
Pode ingressar com esta ação todo aquele que poderia ter feito parte do
processo, mas não o fez, pode recorrer como terceiro.
Ex. aquele que poderia ter sido denunciado, poderia ter sido chamado ao
processo.
Também pode recorrer o litisconsorte necessário não citado.

 Qual o prazo para o terceiro, uma vez que ele não sabe quando foi
publicada a decisão?
R. É o mesmo prazo para as partes. Terceiro não tem prazo especial.

III) Interesse recursal:


Um recurso para ser admissível deve ser útil e necessário, ou seja, é preciso
que o recurso possa propiciar algum proveito ao recorrente.
Ademais o recurso tem que ser necessário. O recurso é o meio para se possa
alcançar aquela utilidade.
Exemplo de recurso desnecessário: concessão de justiça gratuita ao autor e o
réu não concorda e recorre. Na verdade o réu deveria pedir a revogação da
causa ao próprio juiz que concedeu.

Atenção! Sempre que houver sucumbência haverá utilidade no recurso. Pode


ser que haja interesse mesmo sem haver sucumbência.
Ex. um terceiro não sucumbe e nem por isso ele deixa de poder recorrer.

 Um réu pode recorrer de sentença terminativa (sem exame do mérito)?


R. Sim, desde que o réu demonstre que a decisão de mérito seja mais
proveitosa. Ele deverá pedir a improcedência.
Por este motivo, a doutrina costuma afirmar que recurso que impugna a
fundamentação da decisão sem impugnar o dispositivo é recurso inútil.
Assim, não cabe o recurso se for só para discutir fundamento sem alterar
dispositivo, pois isso é absolutamente inútil.

 Cabe recurso para discutir fundamentação?


R. O entendimento supracitado é o tradicional, mas existem pelo menos 3
exceções a isso:

a. Embargos de declaração: a fundamentação é obscura. Só quer esclarecer


a fundamentação.

b. Coisa julgada secundum eventum probationis: a decisão que julga


improcedente por falta de provas não faz coisa julgada (se for por ausência de
direito faz, mas se for por ausência de provas não faz coisa julgada).
Os processos coletivos fazem este tipo de coisa julgada. Ex. réu em processo
coletivo e a sentença foi improcedente por falta de provas. Há interesse
recursal para o réu se a sentença for por outro fundamento: falta de provas e
não por falta de direito.

c. Precedente judicial se encontra na fundamentação da decisão.


Ex. crise mundial de 2008. A Embraer demite 1.500 empregados subitamente.
O sindicato dos empregados afirmou que se tratava de um ato arbitrário, pois
essa demissão em massa necessitava de uma negociação prévia. Quando
chegou no TST ele afirmou que a Embraer teria se comportado de acordo com
o comportamento adequado ao entendimento jurisprudencial a época. Deu
ganho de causa a Embraer, porque ela se comportou a jurisprudência da época
boa fé), mas na própria decisão afirmou que o seu entendimento tinha mudado,
sendo necessário a negociação prévia no caso de demissão em massa. A
Embraer recorreu o STF não para discutir o dispositivo, mas para alterar o
precedente. Em abril deste ano o STF conheceu do RE, mas ainda não decidiu.
A discussão em tela é extremamente importante, pois responde se “Existe
interesse recursal para discutir a formação do precedente?”.

 Recurso de terceiro é uma assistência em grau recursal?


R. não, é mais do que isso, porque o litisconsórcio necessário não citado
também pode recorrer.

 Aquele que poderia ter sido opoente, mas não foi pode recorrer
como terceiro?
R. Pode, se for para anular a decisão. O opoente recorre como parte, mas
aquele opoente que poderia ser opoente, mas não foi recorre apenas para
anular.

 O MP fiscal da lei pode recorrer de decisão contra o interesse do


incapaz?
R. Para Didier não, porque o MP tem interesse vinculado pelo incapaz.

IV) Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de


recorrer.
Trata-se de um pressuposto negativo, pois são fatos que não pode acontecer
para que o recurso seja admitido.

Ex. Renúncia ao recurso. Se há renúncia ao recurso e depois recorre, este


recurso será inadmissível.
A renúncia é expressa e ela tem de ser formulada antes do sujeito recorrer e
não depende de consentimento da outra parte.

Ex. Desistência do recurso é a revogação do recurso interposto. Eu recorro e


desisto do recurso que eu interpus. Desistência do recurso não depende de
conhecimento da outra parte e não precisa ser homologada.
Se eu recorro e desisto do recurso e depois me arrependo da desistência e
recorro de novo, este será inadmissível, pois eu já tinha desistido dele.
A desistência do recurso pode ser oferecida até o início da votação. A
desistência do RE que tenha sido afetado para julgamento como recurso
repetitivo é uma desistência peculiar.

EX. havia um RESP no STJ pautado para julgar na terça seguinte. Na segunda
o recorrente desistiu do recurso. A min. Nancy Andrighi não aceitou a
desistência e julgou o recurso, o que foi um absurdo.

V) Aceitação da Decisão.
Sujeito que aceita a decisão não pode recorrer depois. A aceitação pode ser
expressa ou tácita.
Tácita: quando o sujeito pratica atos que são incompatíveis com a vontade de
recorrer.

2) REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE EXTRÍNSECOS:

a) Regularidade formal:
Recurso tem que ser escrito, salvo agravo retido oral.
O recurso deve ter fundamentação. Recurso sem fundamentação é recurso
inepto.
A doutrina costuma dizer que a exigência de fundamentação na elaboração
dos recursos decorre do Princípio da Dialeticidade do Recurso: recurso tem
que ser interposto com as suas razões, permitido o contraditório.

b) Preparo.
É o pagamento dos valores relativos ao processamento dos recursos. Esse
valor se compõe de 2 parcelas:
 Despesas tributárias.
 Portes de remessa e de retorno dos autos às despesas postais.

O preparo deve ser feito antes do recurso. Este deve ser preparado antes de
ser interposto. Na interposição do recurso, cabe ao recorrente comprovar que
fez o preparo. Recurso interposto sem preparo é recurso deserto (abandono).
Se o preparo for insuficiente, diz o código que deve o juiz mandar o recorrente
a complementar o preparo. O preparo insuficiente não gera imediatamente
deserção, ocorrendo esta apenas se o sujeito não complementar.
O STJ decidiu em um caso que esta regra de complementar o preparo

A lei de custas da justiça federal autoriza que nos recursos contra sentença na
justiça federal a comprovação do preparo possa ser feita até 5 dias após a
interposição do recurso. Isso é um absurdo, pois só se aplica aos recursos
contra a sentença na justiça federal.
O projeto do novo CPC acaba com isso. Ele ainda permite que o preparo seja
feito em 48h nos juizados especiais.

Art.519 CPC é o recurso que cuida da apelação e é compreendido com


entendimento geral. Ele se aplicaria a qualquer recurso.
No projeto do novo CPC ele está previsto na regra geral. O justo motivo afasta
a deserção e permite novo prazo para o preparo.

Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-
lhe prazo para efetuar o preparo. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao tribunal apreciar-
lhe a legitimidade. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Sobre o assunto, vide Súmula 484 STJ:

Súmula 484
Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a interposição
do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário.

São recursos que dispensam preparo:


 Embargo de declaração
 Agravo retido
 Agravo do 544
 Embargos infringentes na lei de execução fiscal
 Recursos do ECA. O STJ entende que esta dispensa só se aplica em
favor da criança e do adolescente.

Há sujeitos que estão dispensados de fazer o preparo:


 Entes públicos
 MP
 Beneficiário da justiça gratuita
Eu recorro e no recurso eu peço justiça gratuita. Se o juiz negar, dá prazo para
juntar o preparo. O projeto de novo CPC prevê isso.

Súmula 178 STJ.- o INSS (autarquia federal) não pode isentar um tributo
estadual.
Súmula 178
O INSS NÃO GOZA DE ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE CUSTAS E EMOLUMENTOS, NAS
AÇÕES ACIDENTARIAS E DE BENEFICIOS, PROPOSTAS NA JUSTIÇA ESTADUAL.

3) TEMPESTIVIDADE:
O recurso para ser admissível tem que ser tempestivo.

OBS.:
 Fazenda Pública e MP: tem prazo em dobro para recorrer, mesmo
sendo 3º prejudicado.
O prazo é em dobro para recorrer, mas simples em contrarrazoar.
Esta dobra de prazos não se aplica aos juizados especiais.
O MP nas causas do ECA tem prazo simples.

 Defensores Públicos: possuem prazo em dobro para recorrer e


contrarrazoar. Este benefício se restringe a outros serviços de
assistência judiciária (ex. núcleos de prática jurídica).
O STJ tem um entendimento curioso que esse benefício se estende aos
núcleos de prática jurídica de faculdades públicas somente.
O projeto de novo CPC garante a todos os serviços de assistência judiciária.

 Litisconsortes com advogados diferentes: possuem prazo em dobro


(art. 191 do CPC).
É necessário advogados diferentes de escritórios diferentes. (está no projeto do
novo CPC). Embora haja precedente de STJ dizendo que pode ser do mesmo
escritório para a concessão do prazo em dobro. Vide Súmula 641 STF:
Súmula 641
NÃO SE CONTA EM DOBRO O PRAZO PARA RECORRER, QUANDO SÓ UM DOS
LITISCONSORTES HAJA SUCUMBIDO.

Obs. O STJ tem entendimento de que esta dobra de prazo para litisconsortes
com advogado diferente não se aplica ao agravo do art.544 CPC (agravo
quando não admitidos RE e Resp). Aqui o caso é simples.

Obs. É unânime na doutrina nacional, a exemplo de Nelson Nery e Theotonio


Negrão, que o benefício do art. 191 do CPC somente se aplica aos prazos
legais, pois os fixados pelo juiz (prazos judiciais) têm outro regime jurídico, não
se lhes aplicando a norma comentada. Neste sentido conferir: "O CPC, no seu
art. 191, se aplica apenas aos prazos legais, não incidindo relativamente aos
prazos judiciais." RTJ 131/1380.

Obs. O art. 191 do CPC não se aplica ao 475-J (multa por execução de quantia
certa) cumprimento de sentença.
Não há precedente do STJ sobre a aplicação do art.191 do CPC no
cumprimento de sentença. Entretanto, considera-se majoritariamente que o
cumprimento de sentença é uma fase do processo sincrético, e a impugnação
ao cumprimento de sentença é matéria de defesa. Logo aplicaria o art. 191 do
CPC.

 Recurso prematuro: é o recurso interposto antes do início do prazo.


Se discute se ele é intempestivo. O TST tem súmula que é um recurso
intempestivo. O STJ desde 2004 entendia que o recurso nesses casos era
tempestivo. No ano passado, do nada, a corte especial deu uma decisão
alegando que era intempestivo. EAResp 112.505.
O STF sempre tinha o entendimento do TST: recurso fora do prazo era
intempestivo. Ano passado eles revisaram o assunto alegando que é
tempestivo, pois trata-se de boa-fé. HC 101.132.
 É possível comprovar a tempestividade posteriormente a interposição do
recurso? Ex. expediente suspenso, feriado na cidade.
R. Os tribunais eram muito rigorosos com relação a isso. O STF deu uma
decisão admitindo a comprovação posterior da tempestividade em situações
como essa.

 Art.507 CPC: Qualquer tragédia dessa, o prazo será devolvido na


íntegra.

Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte
ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso do processo,
será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem
começará a correr novamente depois da intimação

 STJ Súmula 216


Súmula 216
A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro
no protocolo da secretaria e não pela data da entrega na agência do correio.

No novo projeto de CPC, prevê justamente o contrário, ou seja, a entrega do


correio que será considerada.

 Atualmente se admite que o recurso seja interposto no chamado


protocolo descentralizado.
Tem acesso aos tribunais com mais facilidade. Ex. amazonas é um Estado
muito grande.
O STJ antes entendia que o protocolo descentralizado não servia pra ele
(súmula 256 STJ).
Atualmente ele entende que o protocolo descentralizado já vale.

Súmula 256
O sistema de "protocolo integrado" não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior Tribunal de
Justiça. (*)

4) NATUREZA JURÍDICA DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE:


O juízo de admissibilidade pode ser:
 Positivo
 Negativo.

O juízo positivo é indiscutivelmente declaratório e com efeitos ex tunc.


O juízo de admissibilidade negativo há 3 correntes doutrinárias:

Ex. Foi proferida uma sentença em 2006. Foi interposto apelação. Em 2010 foi
proferido acórdão que não conheceu apelação.

1ªc) O juízo de admissibilidade é declaratório com eficácia retroativa.


No exemplo, é como se o recurso não tivesse sido conhecido desde 2006.
Consequentemente, é como se a decisão tivesse transitado em julgado desde
2006. Assim, nem rescisória cabe mais, pois o prazo desta já teria começado e
acabado sem você saber. (minoritária, apesar do autor seja Barbosa Moreira).
Ela gera uma insegurança muito grande. Para esta concepção, recurso
inadmissível é recurso que não produz qualquer efeito.

2ªc) É uma decisão constitutiva negativa e ex nunc, ou seja, sem


eficácia retroativa. (Didier, mas minoritária). Trata-se de uma concepção que
visa mais garantir a segurança.
No exemplo, o recurso é considerado não admissível desde 2010.

3ªc) Concepção mista. (majoritária) A decisão que não conhece do


recurso é declaratória, mas com eficácia ex nunc, salvo em 2 hipóteses:
 Se o não conhecimento se deu por intempestividade
 ou por manifesto incabimento. Ex. apelação contra acórdão.

Consagrada na súmula 100 do TST, inciso III:


III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição
de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial. (ex-Súmula nº 100 -
alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.01)

5) EFEITOS DOS RECURSOS:

i. O recurso impede o trânsito em julgado.


Para a concepção de Barbosa Moreira, recurso inadmissível não produz este
efeito. Para a concepção majoritária, ressalvado o recurso intempestivo ou
incabível todos possuem este efeito.

Embargos de declaração impedem o trânsito em julgado?


R. Aplica-se a prioria a regra majoritária, ou seja, há o transito em julgado
exceto pelo recurso intempestivo ou incabível. Em um caso concreto foram
interpostos 10 embargos de declaração. No 10º, o STJ decidiu que não era
cabível e já reputava o transito em julgado.
Para Didier, só seriam possíveis a interposição de 2 embargos

ii. Efeito regressivo ou efeito de retratação.


Há recursos que permitem que o juízo a quo revogue a decisão recorrida.
Quando isso ocorre é chamado de efeito de retratação ou efeito regressivo.
Ex. agravo de instrumento, agravo retido, apelação contra sentença que
indefere petição inicial (art.296 CPC – 48h e não admite contrarrazões),
apelação no julgamento de liminar (art.285-A CPC, 5 dias, admite
contrarrazões), apelação nos casos do ECA (Art. 198 ECA – 5 dias). Em todos
estes casos permite juízo de retratação.
Em alguns RE e Resp permitem retratação:
Se o recurso especial ou extraordinário for julgado como repetitivo, o tribunal
decide de maneira contrária aos juízos superiores, ele poderá se retratar.
O projeto de CPC permite que a apelação contra sentença que extingue sem
exame do mérito em qualquer caso permitirá retratação.

iii. Efeito suspensivo:


Os recursos prolongam a ineficácia da decisão. Com o recurso a decisão
permanece sem produzir efeitos. O efeito suspensivo do recurso ou é
automático (regra) ou pode ser atribuído ao recurso pelo relator. O recurso a
princípio não suspende, mas o relator pode dar a ele efeito suspensivo. Ex.
agravo de instrumento em princípio não tem efeito suspensivo, mas pode ser
dado se o relator conceder.

Não existe recurso que não possa conceder efeito suspensivo. Pode pedir e o
relator negar.

iv. Efeito expansivo subjetivo:


A regra é a de que o recurso só produza efeitos para o recorrente. Entretanto,
há casos em que o efeito do recurso se expande para outros sujeitos. Chama-
se de efeito expansivo subjetivo ou extensão subjetiva dos efeitos do recurso
para além do recorrente. Exemplos;
 Recurso de litisconsorte unitário beneficia todos os litisconsortes
unitários.
 Recurso de devedor solidário em que se discute defesa comum se
estende a todos os devedores solidários. Art. 509, p.ú. CPC.
 Recurso de assistente simples beneficia o assistido.
 Embargos de declaração opostos por uma parte interrompem o prazo
para recurso para ambas as partes.

v. Efeito substitutivo do recurso:


Quando o recurso é julgado, o julgamento do recurso substitui a decisão
recorrida. Ela deixa de existir e em seu lugar passa a existir a decisão que
julgou o recurso.
O efeito substitutivo só ocorre se o recurso for julgado, o que significa dizer que
recurso inadmissível não produz efeito substitutivo. Somente recurso julgado é
que possui efeito substitutivo.
A decisão que julga recurso substitui a decisão recorrida, mesmo se o tribunal
mantiver a decisão. Manter também substitui, desde que tenha julgado o
recurso.
Existe um caso em que o recurso é julgado, mas não substitui: é quando o
recurso invalida a decisão. Ele desfaz para que outra decisão seja proferida.

Aula 04

vi. Efeito devolutivo:


Esse efeito é inerente ao recurso. Ele possui duas dimensões:
 Dimensão Horizontal: essa dimensão é a chamada de extensão do
direito devolutivo – Princípio Dispositivo
 Dimensão Vertical: essa dimensão é a chamada de profundidade do
direito devolutivo. Outros autores também chamam essa dimensão de
“efeito translativo” – Princípio Inquisitivo.

Dimensão horizontal (extensão): o efeito devolutivo devolve o exame da


matéria impugnada. Ou seja, aquilo que foi impugnado pela parte, retorna para
ser apreciado.
A extensão do direito objetivo observa o Princípio dispositivo, pois cabe ao
recorrente delimitar a extensão efeito devolutivo. Delimitar o efeito devolutivo é
dizer o que o tribunal deverá examinar.

Princípio dispositivo: quem define a extensão do efeito devolutivo é o


recorrente – a matéria que o tribunal deve decidir está limitada.

Uma decisão judicial pode ter mais de um capítulo e o recorrente pode decidir
por impugnar toda a área da decisão ou uma área menor.

Se o tribunal vai além do que o recorrente pediu, estará violando a regra da


congruência (o juiz decide de acordo com o que foi pedido no recurso).

Obs. Alguns autores (minoria) entendem que só se pode falar em efeito


devolutivo se o recurso for para um outro órgão. Recursos que ficam no mesmo
órgão (ex. embargos de declaração) não tem efeito devolutivo.

Na decisão de um recurso, constam 2 questões (assim como na ação principal)


 Questão incidental: examinada na fundamentação
 Questão principal: examinada no dispositivo da decisão

Quem decide essas questões é o que o recorrente pediu. A profundidade do


efeito devolutivo se relaciona. O recurso devolve todas as questões que devem
ser examinadas no recurso. Trata-se de um efeito reflexo: já que o recorrente
quer que um determinado capítulo deve ser examinado, há a devolução de
todas as questões relacionadas ao que foi impugnado.
Pela profundidade do efeito devolutivo, sobem todas as questões suscitadas no
processo e mais as questões de ordem pública, desde que relacionadas ao
capítulo impugnado. O recorrente delimita o que ele quer que decida.

No efeito devolutivo vertical, discute-se com o que o recurso será analisado.


Neste contexto, o recorrente não escolhe a profundidade dos capítulos contidos
no recurso. Desta maneira o recorrente delimita a área, mas não delimita a
profundidade, o que remete ao Princípio Inquisitivo do efeito devolutivo
vertical.

Assim, sobe tudo, de tudo o que foi impugnado.

Ex. danos morais e materiais. Sujeito só recorre dos danos morais. O tribunal
entende que o juízo é absolutamente incompetente. Essa decisão do tribunal
que reconhece a incompetência não atinge o capítulo dos danos materiais, mas
tão somente do dano moral. Ele estará decidindo extrapetita (rescisória de
ofício), sendo necessário interpor Resp.

Trata-se do Princípio da Vedação do Reformatio in Pejus. Este Princípio


aplica-se também na remessa necessária (Fazenda Pública).

RECURSOS EM ESPÉCIE

1) APELAÇÃO:
Trata-se de um recurso contra a sentença, tem prazo de 15 dias.
Boa parte dos problemas relacionados à apelação já foram mencionados e
dizem respeito ao cabimento da apelação, preparo, efeito devolutivo

As regras sobre apelação são regras gerais para os recursos.


Art. 515 CPC:
Caput se refere a extensão do efeito devolutivo
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

Os §1º e 2º dizem respeito a profundidade do recurso:


§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um
deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

1.1) Efeito suspensivo da apelação.


A apelação no Brasil, em regra tem efeito suspensivo (ela impede a xecução
provisória na sentença. Há casos em eu a apelação não tem efeito suspensivo.
Nesses casos é possível pedir que se conceda o efeito suspensivo. O
problema é que o Código é lacunoso de como se faz este pedido. Neste
contexto, as pessoas se valem de forma de para pedir efeito suspensivo em
apelação:
a) O recorrente apela e pede ao próprio juiz da causa que dê o efeito
suspensivo e se isso não for feito ele agrava.
b) Apela e cumulativamente entra com cautelar no tribunal para pedir efeito
suspensivo apelação.

É possível que a sentença tenha efeito suspensivo para uma parte e para outra
não.
A regra é que a apelação tenha efeito suspensivo automático. Sendo assim, a
apelação não tem efeito suspensivo automático quando (art.520 CPC – mas
pode ser pleiteado):
i. Demarcação de terras
ii. Alimentos
iii. Processo cautelar
iv. Ex. uma sentença tem capítulo cautelar e outro não. A sentença não terá
efeito suspensivo no efeito cautelar.
v. Embargos à execução
vi. Instituição de arbitragem
vii. Confirmação dos efeitos da tutela. São possíveis 3 situações:
 O juiz em sentença confirma uma tutela antecipada já
concedida a tempos atrás.
 O juiz concede na sentença a tutela antecipada
 O juiz revoga na sentença a tutela antecipada
Nos 2 primeiros casos a sentença produz efeito imediatos. Assim, a
antecipação de tutela na sentença é apelável e esta não possui efeito
suspensivo.
No 3º caso, se a apelação tiver efeito suspensivo, a revogação vai ficar
suspensa, e assim a tutela antecipada vai se manter, embora a sentença seja
improcedente, o que geraria uma situação esdrúxula. Assim, a apelação contra
sentença que revoga tutela antecipada também não tem efeito suspensivo. A
tutela antecipada cai. O projeto de novo CPC deixa tudo isso claro.

Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto,
recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada
pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de
23.9.1996)
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Caso prático do art. 520, V CPC: Hoje no Brasil, se executar um título


executivo extrajudicial (cheque), os embargos a execução não suspendem
automaticamente a execução, ou seja, é preciso que se preencham alguns
pressupostos e o juiz determine a suspensão. A execução de título extrajudicial
é definitiva. Desta feita, se o juiz conceder o efeito suspensivo, os embargos
suspendem a execução definitiva. Se os embargos forem julgados como
rejeitados, o exequente ganha. A sentença que rejeita os embargos produz
efeitos imediatamente (art. 520, V). A execução que estava parada volta a
correr. Assim, permite que a execução que estava suspensa pelos embargos
volte a correr.
 Mas como a execução volta a correr?
R. Súmula 317 STJ
Súmula 317
É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença
que julgue improcedentes os embargos.

Ocorre que em 2006 surgiu o art. 587 CPC que contraria a súmula.:
Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto
pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando
recebidos (embargos de execução) com efeito suspensivo (art. 739). (Redação dada pela Lei
nº 11.382, de 2006).

Apesar do art.587 ser contrário à súmula 317, ela não foi cancelada. O art. 587
torna provisória uma execução definitiva que foi confirmada pela sentença, o
que é um absurdo, pois o exequente está tendo a sua situação piorada. O
projeto do novo CPC corrige isso.

Há outras hipóteses em que a apelação fica sem efeito suspensivo:


viii. Sentença que decreta interdição
ix. Sentença que concede MS e HD
x. Sentença que deferir adoção, salvo adoção internacional
xi. Sentença que destituir o genitor do poder familiar
xii. Sentença de despejo
xiii. Sentença em ação civil pública

1.2) Inovação em matéria de fato na apelação:


 É possível alegar questões de fato novas em apelação?
R. Sim, é possível: se a questão for nova, aplica-se o art. 462 CPC.
Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do
direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a sentença. (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)

Também é possível alegar, se o fato é velho, mas por justo motivo a questão
não foi suscitada anteriormente. Art. 517 CPC.

Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

§3º do art. 515: Sentença terminativa é aquela em que o mérito não é


examinado. Se a apelação é contra sentença terminativa, poderia o tribunal,
acolhendo a apelação, avançar para decidir o mérito que não foi decidido pelo
juiz (não haveria supressão de instâncias)?
R. Há 12 anos no Brasil, é possível que em certos casos o tribunal avance para
decidir o mérito que não foi decido pelo juiz. Para isso são necessários 3
pressupostos:
a. a apelação tem que ser provida. (o juiz tem que ter errado)
b. a causa esteja madura (em condições de imediato julgamento)
Esses 2 pressupostos, por alguns autores, são incontroversos e são chamados
de Teoria da causa madura.
O 3º pressuposto é controvertido (há quem admita e há quem não admita).
c. O apelante deve pedir o julgamento da causa pelo tribunal.
Não há precedente ainda do assunto.

§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Alguns doutrinadores chamam este julgamento de Julgamento do Mérito Per


Saltum. Há uma tendência de uma interpretação muito ampla deste dispositivo.
Ex. decisão foi citra petita (não está prevista no Código).
O projeto de CPC encampa expressamente esta Teoria.

Obs. Sentença que reconheceu decadência ou prescrição. Trata-se de


sentença de mérito (e não terminativa).

Art.515, §4º: É um dispositivo elogiável, pois se o tribunal se depara com um


defeito na pendência da apelação, ele deve corrigi-la para depois não examinar
o mérito. A decisão de mérito deve ser prioritária.
Ex. corrija-se a apelação.
Ex. junte-se a procuração.
No projeto do novo CPC ele sai da apelação e vai para a parte de Teoria geral
dos Recursos.
Art. 515 § 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a
realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre
que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)
1.3) Procedimento da Apelação em 1ª instância:
A apelação é interposta perante o juiz da causa. Este fará o 1º juízo de
admissibilidade (se não admitir cabe agravo de instrumento). Se ele admitir,
ele vai ouvir o apelado em 15 dias. Após isso, volta para o juiz, que poderá por
sua vez fazer novo juízo de admissibilidade. Neste ponto cabe novo agravo de
instrumento.
Assim, a apelação passa por um duplo juízo de admissibilidade na origem.
No novo projeto do CPC o juiz de 1ª instância não fará nenhum juízo de
admissibilidade.

Art. 518 CPC: se a sentença for em conformidade com entendimento sumulado


do STJ ou STF a apelação não será recebida. Assim, apelação contra súmula
não sobe, chamando-se de súmula Impeditiva de recurso (é uma decisão de
mérito).

 É possível que apelação suba em situações como essa? Basta que


não se funde em súmula para que não seja admissível a apelação?
R. Podem haver algumas questões que a apelação sobe:
a. Se a apelação é para invalidar a decisão, a apelação subirá, pois ela não
está discutindo a súmula, o que foi decidido. Recorrer para invalidar, pouco
importa o conteúdo: a decisão será nula.
b. A súmula pode estar revogada/cancelada. O recorrente busca o
“overruling”.
c. também a apelação subirá nessas situações se o recorrente proceder ao
“distinguishing”. Ele alega que o caso em questão não é regulado pela
súmula.

Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar
vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade
com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado
pela Lei nº 11.276, de 2006)
§ 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos
de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

2) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO:
Trata-se de um recurso com prazo de 5 dias, não tem preparo, é um recurso
que será julgado pelo mesmo juízo que proferiu a decisão recorrida. Portanto,
vai ficar no mesmo nível.
Ex. embargo de decisão de turma, é turma que vai julgar os embargos.
Ex. embargo de decisão de relator, é o juiz que vai julgar.

Os embargos de declaração possuem fundamentação vinculada, ou seja, não


cabem embargos de declaração por qualquer motivo, pois o CPC diz que
cabem embargos de declaração em 3 situações:
i. Omissão (é omissão tanto na fundamentação quanto no dispositivo)
ii. Contradição (há proposições contraditórias na decisão)
iii. Obscuridade. Embarga para órgão estabelecer a decisão.

A jurisprudência começou a admitir embargos de declaração em outras


situações:
iv. Erro material
v. Ultra ou extrapetita.

A CLT, no art. 897-A prevê uma 6ª hipótese de cabimento, permitindo:


vi. embargos de declaração por erro na análise dos requisitos extrínsecos
de admissibilidade do recurso (tempestividade, cabimento e preparo).
Juizados: a Lei 9099/95 prevê embargos de declaração quando houver dúvida
na decisão dúvida. Entretanto, são as pessoas que tem dúvida e não a
decisão. Decisão gera dúvida, mas não tem dúvida. O novo projeto do CPC tira
a possibilidade de “dúvida”.
vii. Dúvida (pseudo hipótese de cabimento).

É importante alegar o motivo dos embargos. Se eu alego contradição e na


verdade é obscuridade não há problema.

 Qualquer decisão é embargada?


R. Sim. (Atenção! Despachos não são decisões)

 Qual a natureza jurídica da decisão que julga os embargos de


declaração?
R. A decisão que julga os embargos tem a mesma natureza da decisão
embargada, pois ela completa a decisão embargada. O objetivo dos embargos
é integrar a decisão embargada. A decisão embargada passa a ser a fusão da
decisão embargada com a decisão que julga os embargos.

 O recurso de embargos infringentes cabem contra acórdão de


apelação. Cabe Embargos infringentes contra acórdãos de
embargos de declaração?
R. Se houve acórdão de apelação, cabem acórdão de embargos de
declaração, pois a natureza da decisão dos embargos de declaração possui a
mesma natureza da decisão embargada.

O STF tem o entendimento de que não cabe embargos de declaração de


decisão monocrática (decisão de relator e do presidente do tribunal). Esta
decisão não tem qualquer respaldo normativo e se aplica somente ao
Supremo.

2.1) Efeito modificativo dos embargos de declaração.

 Os embargos de declaração podem modificar a decisão embargada?


R. Sim, a modificação da decisão é uma consequência natural do acolhimento
dos embargos. No concurso pode aparecer assim:

 Embargos de declaração tem efeito infringente (significa modificativo)?


R. O código não previu a necessidade de intimar a outra parte para modificar a
decisão. Assim, a jurisprudência afirmou que sempre que os embargos
puderem ter efeito modificativo, as contrarrazões se impõe, ou seja, é possível
ouvir o embargado.
Ex. sai sentença. Uma apela e outra apela. E se os embargos de declaração
modificam a sentença? Como fica a apelação já interposta?
Aquele que já havia recorrido pode complementar o seu recurso se a decisão
for modificada por embargos de declaração?
R. Sim. Isso decorre do que se chama de Princípio da Complementaridade
do Recurso.

 E se a decisão não for modificada? Aquele apelante precisa


modificar o recurso?
R. Súmula 418 STJ. O STJ exige que ratifique em juízo, mesmo que não tenha
alterado a decisão. O projeto do CPC nega esta súmula. Ademais, um dos
últimos julgamentos do Supremo, ele afastou esta súmula do STJ.
Súmula 418
É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de
declaração, sem posterior ratificação.

Aula 05
2.2) Efeito interruptivo dos embargos de declaração:

Os embargos de declaração interrompem o prazo de interposição de outro


recurso. Ele terá direito a um prazo integral quando for interpor o outro recurso.

Obs.1: Lembre-se da discussão sobre se recurso inadmissível produz efeitos.


Para alguns doutrinadores ele não produz efeito algum.

 Embargos de declaração inadmissíveis interrompem o prazo para


outro recurso?
R. Prevalece o entendimento que recurso inadmissível produz efeito, salvo em
2 situações:
 Intempestividade
 Manifesto descabimento.

Obs.2: Lei dos juizados especiais: A lei dos juizados é de 1995, portanto se
baseava no CPC anterior a reforma de 94. Entretanto, neste período já
transitava o projeto da 9.099/95. A lei dos juizados fala que os embargos de
declaração suspendem o prazo para recurso (repete o que o CPC falava à
época).
O Supremo entendeu que embargos de declaração contra acórdão de turma
recursal nos juizados interrompem.

Assim há um contrassenso, pois:


Embargos de declaração contra acórdão de turma recursal –interrompem
Embargos de declaração contra decisão de juiz - suspendem

No novo projeto do CPC isso será corrigido.

Os embargos de declaração muitas vezes possuem finalidade protelatória.


Para coibir esta prática, aplica-se o Art.538, p.ú. CPC.
Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal,
declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente
de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa
é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro
recurso ao depósito do valor respectivo.(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Embargos de declaração protelatório foi interposto: 1% de multa


Embargos de declaração reiterado: 10% do valor da causa. Só pode interpor
outro recurso se depositá-lo

Obs. Se os embargos de declaração tiverem intuito de prequestionamento para


interposição de recurso extraordinário, não tem caráter protelatório. Súmula 98
STJ.

Obs. O STJ, há uns 3 anos atrás, decidiu que não cabem terceiros embargos
de declaração sucessivos.

No projeto de novo CPC fica claro que só se permite segundos embargos


sucessivos.

Vale ressaltar que os embargos de declaração, ainda que rejeitados,


interrompem o prazo recursal. Ocorre que, algumas vezes, a parte
prejudicada pela decisão opõe embargos de declaração sem apontar
nenhuma obscuridade, contradição ou omissão, mas apenas pedindo a
reconsideração do que foi decidido. Em verdade, o que a parte faz é formular
um pedido de reconsideração (que não tem previsão no CPC), utilizando o
nome de “embargos de declaração”. Em tais casos, diante do desvirtuamento
do instituto, a jurisprudência do STJ entende que esses “embargos de
declaração” não tem o condão (poder) de interromper o prazo para os demais
recursos. Em outras palavras, esses embargos não serão conhecidos e a
parte ainda terá perdido o prazo para interpor o recurso que seria cabível.
Nesse sentido: STJ. 2ª Turma. REsp 1.214.060/GO, Rel. Min. Mauro
Campbell, DJe de 28/9/2010.

Há outra sanção em caso de interposição de embargos de declaração


protelatórios: INDENIZAÇÃO prevista no art. 17, VII c/c art. 18, § 2º do CPC.

Embargos de declaração opostos com o alegado objetivo de fazer o


prequestionamento são considerados protelatórios?

Regra: NÃO. Trata-se da súmula 98-STJ: Embargos de declaração


manifestados com notório propósito de prequestionamento não tem caráter
protelatório. A súmula permanece válida.

Exceção: se o acórdão embargado estiver em conformidade com súmula do


STJ ou STF ou, ainda, em harmonia com precedente julgado pelo rito dos arts.
543-C e 543-B do CPC, aí então tais embargos serão considerados como
protelatórios, a fim de desestimular a interposição de recursos manifestamente
inviáveis.
Importante!!!
Em caso de embargos de declaração manifestamente protelatórios, é possível aplicar
a multa do art. 538, parágrafo único juntamente com a indenização prevista no art.
18, § 2º do CPC.
A multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC tem caráter eminentemente
administrativo – punindo conduta que ofende a dignidade do tribunal e a função
pública do processo –, sendo possível sua cumulação com a sanção prevista nos arts.
17, VII, e 18, § 2º, do CPC, de natureza reparatória.
STJ. Corte E
speciãl. REsp 1.250.739-PA, Rel. Min. Luis Felipe Sãlomãã o, julgãdo em 4/12/2013 (recurso
repetitivo) (Info 541).

Multa do art. 538, parágrafo único Indenização prevista nos arts. 17, VII, e
18, § 2º
Tem caráter eminentemente administrativo. Tem natureza reparatória, ou seja, de
Pune a conduta do recorrente que ofende indenizar a parte contrária pelos prejuízos
a dignidade do tribunal e a função pública que ela sofreu diante da prática da
do processo. litigância de má-fé.

AGRAVOS CONTRA AS DECISÕES DE JUIZ DE 1º GRAU

Contra decisão interlocutória de juiz cabe agravo retido ou agravo de


instrumento. Art.522 CPC.

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma
retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil
reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que
a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento. (Redação
dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995)

É preciso partir de 2 premissas:


 O recorrente não pode escolher entre agravo de instrumento ou agravo
retido.
 Recurso retido é o recurso que é interposto, mas o seu processamento
fica sobrestado a espera de uma confirmação posterior.

Para saber qual agravo interpor, há 03 situações nesta ordem em que cabe
agravo de instrumento (se não couber instrumento, cabe retido):

i. Em situações de urgência: situações de risco de dano irreparável ou


de difícil reparação.
Situações de urgência são incompatíveis com agravos retidos.
Se o sujeito entra com agravo de instrumento em que não há risco de dano
irreparável ou de difícil reparação, o relator poderá convertê-lo em agravo
retido.
Problema: o CPC permite a conversão do agravo de instrumento pelo agravo
retido pelo relator, mas diz que não cabe agravo interno contra esta decisão do
relator, o que é um absurdo.
Na prática, advogados tem entrado com MS contra esta decisão ou alguns tem
entrado com agravo interno e o STJ tem precedente admitindo agravo interno
contra esta decisão.
Obs. o STJ tem admitido a interposição de mandado de segurança em 5 dias
contados da decisão para impugnar a conversão de instrumento para retido.

Atenção! Não existe conversão de retido em instrumento.

ii. Cabe agravo de instrumento se houver previsão expressa no


sentido de que é agravo de instrumento, pouco importando se há
urgência.
Nessa 2ª situação é irrelevante haver urgência. Nestes casos não há
conversão de agravo de instrumento em retido por expressa previsão legal.
São esses casos:
a. Decisão do juiz que não admite apelação
b. Decisão do juiz que recebe a apelação em efeitos diversos.
c. Decisão que decreta a falência
d. Decisão que julga liquidação de sentença.
e. Decisão que recebe petição inicial de improbidade
administrativa.

iii. Quando o agravo retido for incompatível com a situação:


O problema é que esta regra é muito vaga. O agravo retido é um recurso preso
que fica esperando confirmação futura (momento em que se interpõe a
apelação). São alguns exemplos:
 Recurso retido em execução é incompatível.
Decisão interlocutória em execução. Neste caso, não seria possível o retido,
pois a execução só se encerra quando a obrigação se encerra.
 Decisões em matéria de competência cabe agravo de
instrumento.
O juiz cível reconheceu a sua incompetência e remeteu para a justiça do
trabalho. Não há aqui urgência. Não há agravo retido na justiça do trabalho, e
acabaria que ele não seria conhecido.

 Por decisão que exclui litisconsorte, rejeita alegação de


convenção de arbitragem, decide parte do mérito.

Por todas as situações afirmadas, é possível concluir que o CPC não


adota uma regra no que tange os agravos (não é como alguns afirmam, que é
o retido). Há situações de agravo de instrumento e outras retido, mas
numericamente o de instrumento é maior.
São exemplos de situações que exigem agravo retido: decisão em matéria de
prova, decisão que indefere o pedido de limitação do listisconsórcio, decisão
que não revoga justiça gratuita.

Obs: novo CPC acaba com agravo retido, e consolida as 3 regras supracitadas
como cabimento do agravo de instrumento.
As interlocutórias não impugnáveis por agravo de instrumento passariam ser
impugnadas na apelação.

3) Agravo retido:
Características do agravo retido:
 Ele é interposto no juízo a quo.
 É um recurso que não tem preparo.
 É um recurso que permite juízo de apelação
 É um recurso que precisa ser confirmado por ocasião da
apelação ou das contrarrazões de apelação. Se isso não ocorrer, o recurso cai
(é como se tivesse desistido do recurso).
Se houver ratificação, o tribunal examinará o agravo retido preliminarmente a
apelação.

O legislador criou 2 espécies de agravo retido:


 Agravo retido em decisões orais:
Neste caso cabe agravo retido oral, interposto imediatamente. Assim, é um
recurso que não tem propriamente prazo. Ex. juiz indefere pergunta a
testemunha.

(questão) O juiz, em audiência, oralmente deu uma tutela antecipada.


R. Cabe agravo de instrumento. É uma decisão oral impugnável por agravo de
instrumento.
 Agravo retido por decisões escritas.
É o prazo de 10 dias, mesmo prazo de agravo de instrumento.

Atenção! Só se aplica a conversão do agravo de instrumento pelo agravo


retido pelo relator do tribunal na 2 ª situação, pois na 1ª situação há preclusão.
Se fosse possível na 1ª situação, bastaria o sujeito não agravar oralmente na
audiência, ir para casa, fazer um agravo de instrumento escrito com 10 dias e
esperar a sua conversão.

Atenção! Nos juizados as interlocutórias não podem ser impugnadas por


agravo.

4) Agravo de Instrumento:

Características:
 Prazo de 10 dias
 É por escrito.
 Pode ou não ter preparo (depende da lei estadual de custas)
 É interposto diretamente no órgão ad quem (é o único recurso com esta
característica).
 É preciso reproduzir no tribunal um conjunto de peças processuais, que
formará um instrumento que instruem o agravo para que o tribunal
controle a decisão. Cabe ao recorrente montar o instrumento. O próprio
advogado do agravante pode reputar as peças autênticas

 Quais são as peças que devem formar o instrumento?


a) Peças necessárias:
 Cópia da decisão agravada
 Cópia das procurações outorgadas à agravante/agravada
 Certidão de Intimação da decisão agravada (serve para aferir a
tempestividade do agravo).

Obs.1: às vezes não há nos autos procuração, seja porque é um ente público,
seja porque a outra parte não advogado nos autos constituídos.
É preciso juntar a certidão de inexistência destes documentos.

Obs.2: nos casos de tempestividade manifesta, a certidão de intimação pode


ser dispensada.
Importante!!!
No agravo de instrumento, uma das peças consideradas obrigatórias é a certidão de
intimação da decisão agravada (art. 525, I, do CPC). Por essa razão, o agravante deverá
juntar, como anexo, uma cópia dessa certidão na petição do agravo de instrumento. Em
regra, se o agravante não fizer isso, seu recurso não será conhecido.
No entanto, o STJ construiu uma exceção a essa regra. Para a Corte, a ausência da cópia
da certidão de intimação da decisão agravada não será óbice ao conhecimento do
agravo de instrumento quando, por outros meios inequívocos, for possível aferir a
tempestividade do recurso, em atendimento ao princípio da instrumentalidade das
formas.
O STJ entende que, apesar de a certidão de intimação da decisão agravada constituir
peça obrigatória para a formação do instrumento do agravo, sua ausência pode ser
relevada desde que seja possível aferir, de modo inequívoco, a tempestividade do
agravo por outro meio constante dos autos. Esse posicionamento é aplicado em
homenagem ao princípio da instrumentalidade das formas.
STJ. 2ª Seçãã o. REsp 1.409.357-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgãdo em 14/5/2014 (recurso
repetitivo) (Info 541).

b) Peças facultativas: juntadas a critério do agravante.


c) Peças indispensáveis à compreensão da controvérsia
É um grupo de peças construída pela jurisprudência. Para Didier é justamente
aquela peça que não foi juntada para que o tribunal justifique a sua inadmissão.
Assim, na prática forense costuma-se tirar xerox de tudo.
O instrumento deste agravo é formado pela reprodução integral dos autos.
O STJ no ano passado, em julgamento de recursos repetitivos (com eficácia
vinculante) disse que se o tribunal entende que falta uma peça indispensável a
da controvérsia, o tribunal deve intimar o agravante para juntar o documento
que falta (Princípio da Cooperação – dever de prevenção).
Peças OBRIGATÓRIAS Peças FACULTATIVAS Peças ESSENCIAIS
Estão previstas no art. Estão previstas no art.
Não estão previstas
525, I, do CPC. 525, II, do CPC. expressamente na lei,
tendo sido uma
Devem ser São aquelas que a lei construção da
obrigatoriamente não impõe como jurisprudência.
juntadas com a petição obrigatórias, mas o
do agravo. agravante entende que São os documentos que
será útil juntá-las para também não estão
São elas: que o seu recurso seja previstos na lei como
• cópia da decisão provido pelo Tribunal. obrigatórios, no entanto,
agravada; o agravante deve juntá-
los para que os
• cópias das Desembargadores
possam entender do que
procurações
se trata a causa e
outorgadas aos
possam ter elementos
advogados do para julgar se a decisão
agravante e do recorrida foi acertada ou
agravado. não.

• cópia da certidão de Ex: no caso do recurso


intimação de “A”, a cópia do
contracheque de “B”,
que se encontra nos
autos.

Obs: o art. 525 do CPC somente fala em peças obrigatórias e peças


facultativas. Desse modo, o que a doutrina e a jurisprudência chamam de
peças essenciais são, na verdade, “peças facultativas” que, no caso concreto,
mostram-se indispensáveis para que o Tribunal possa apreciar o recurso.

Consequências quando o agravante não apresenta as peças juntamente com o recurso:


• Se o agravante não apresenta alguma das peças obrigatórias (art. 525, I): o
agravo de instrumento não será conhecido (seu mérito nem será
apreciado).
• Se o agravante não apresenta alguma peça não obrigatória (pela lei, facultativa):
caso esteja faltando alguma peça facultativa, mas necessária à
compreensão da controvérsia, deve ser dada oportunidade ao agravante
para que complemente o instrumento, juntando o documento ausente (STJ.
Corte Especial. REsp 1.102.467-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em
2/5/2012. Info 496).

Em um sistema de processo eletrônico, não haverá necessidade de


instrumento do agravo.
Cabe ao agravante, ainda, em 3 dias, juntar no juízo a quo:
 A cópia do agravo
 A relação de documentos
 Protocolo de interposição.

Se ele não fizer isso em 3 dias E o agravado alegar e comprovar este


descumprimento, o agravo não será conhecido.

Esse não conhecimento é o único caso em que o recurso deixar de ser


conhecido de ofício (por provocação do agravado). Art. 526 CPC:

Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de
cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como
a relação dos documentos que instruíram o recurso. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995)
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e provado
pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo. (Incluído pela Lei nº 10.352, de
26.12.2001)

 Para aplicação do art. 526 exige-se comprovação de prejuízo ou ele


é presumido?
R. O STJ, em 2010, entendeu que tem que o agravado deve comprovar o
prejuízo também para aplicar o art. 526 CPC. Resp 944040.

O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo automático. Assim, cabe ao


agravante pedir efeito suspensivo ao agravo de instrumento.

 Quais seriam os efeitos de uma decisão negativa? Seria possível


suspender uma decisão negativa? Ex. em uma decisão interlocutória, o juiz
negou esta tutela antecipada.
R. Suspender uma decisão negativa é conceder o que foi negado. O agravante
pode pleitear ao relator, que monocraticamente, conceda a suspensão da
decisão para conceder de logo aquilo que foi negado em 1ª instância. A
doutrina chama este fenômeno de efeito suspensivo ativo, pois é o efeito de
suspender a ação, ativando o que foi negado.

 Pode o Tribunal extinguir o processo em julgamento de agravo de


instrumento? (nem houve sentença)
R. Sim, o Tribunal pode extinguir se há motivo para tal. Ex. ilegitimidade,
prescrição etc.

 Qual é o destino do Agravo de Instrumento se sobrevier sentença?


Ele permanece pendente ou ele é prejudicado?
R. Depende do caso. O agravo de instrumento não se prejudica com a
superveniência da sentença se o acolhimento dele puder invalidar a sentença.
Ex. agravo de instrumento que discute competência pode anular sentença, logo
não prejudica o AI.

EMBARGOS INFRINGENTES
Características:
 São cabíveis contra acórdão não unânime (decisão dos tribunais).
 Seu objetivo é fazer com que o voto vencido prevaleça.
 Não tem o propósito de gerar unanimidade. (é fazer com que o voto
vencido prevaleça - é um estimula à divergência).
 É preciso que seja um acórdão não unânime em julgamento de
apelação ou julgamento de ação rescisória.
 O julgamento de apelação deve ter reformado sentença de mérito. Não
inclui sentença terminativa.

São cabíveis contra acórdão não unânime em julgamento de apelação ou


julgamento de ação rescisória que reformaram sentença de mérito.

Só cabem na seguinte situação:


Sentença julgou pela procedência do pedido (1).
Acórdão julgou improcedente e reformou sentença (2X1).
Assim, no total seria 2 x 2.

Sentença julgou pela improcedência do pedido (1).


Acórdão julgou procedente e reformou sentença (2X1).
Assim, no total seria 2 x 2.

Obs.1: Não cabem embargos infringentes em MS.


Obs.2: Não cabem embargos infringentes em remessa necessária (reexame
necessário – a ideia é não equiparar este com apelação). Súmula 390 STJ
Súmula 390
Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos infringentes.

Obs.3: cabem embargos infringentes em falência. Súmula 88 STJ.


Súmula 88
SÃO ADMISSIVEIS EMBARGOS INFRINGENTES EM PROCESSO FALIMENTAR.

Obs.4: Cabem embargos infringentes contra acórdão que julgar agravo retido,
desde que versem sobre o mérito. Súmula 255 STJ.

Súmula 255
Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo retido, quando
se tratar de matéria de mérito.

Obs.5: Por conta desta súmula, se entende que cabem embargos infringentes
contra acórdão que julgou agravo de instrumento, desde que verse sobre o
mérito.

Obs.6: cabem embargos infringentes contra acordão de agravo interno que


tenham natureza de acórdão de apelação.

Obs.7: cabem embargos infringentes contra acórdão de embargos de


declaração que tenha natureza de acórdão de apelação.

Obs.8: Cabem embargos infringentes contra acórdão de apelação que


reformou sentença terminativa, mas que tenha aplicado o §3º do art.515 CPC.
Permite que o tribunal avance para julgar o mérito que não foi julgado na
sentença terminativa.
§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Obs.9: Nos 3 votos da apelação não houve maioria. Cada um disse uma coisa:
houve um dissenso geral que pode ser quantitativo ou qualitativo.
Exemplos de dissenso quantitativo: um julgador deu 30 mil, outro 40 mil, outro
70 mil.
Quando a divergência é quantitativa, a solução será lavrar a decisão pelo voto
médio. Não se trata da média dos votos, mas 1 dos 3 votos que ficou entre
os extremos. Ex. 40 mil.
 Lavrando o acórdão pelo voto médio, cabem embargos infringentes do
acórdão?
R. Sim, cabem com uma característica peculiar: é possível diminuir para 30 e
para aumentar para 70.

Exemplos de dissenso qualitativo: um julgador disse para a criança ficar com a


mãe, outro com a avó, outro com o pai.
No caso de divergência qualitativa, é preciso ir para um colegiado maior. Pode
acontecer, da avó ganhar por maioria, mas haver voto para o pai, quanto para a
mãe. Neste caso há embargos infringentes.

Obs.10: Só cabem embargos infringentes em rescisória, apenas se rescindir a


decisão.

Obs.11: cabem embargos infringentes em todo capítulo de mérito, mesmo que


verse apenas sobre honorários.
Com o novo CPC, os embargos infringentes são extintos.

Não cabem embargos infringentes quando o Tribunal reduz, por maioria, o


valor da indenização fixado na sentença, enquanto o voto vencido pretendia
diminuir o referido montante em maior extensão.
Para que sejam cabíveis os embargos infringentes contra o acórdão que
julgou a apelação são necessários dois pressupostos
• a existência de julgamento não unânime;
• que o Tribunal tenha reformado sentença de mérito.

No caso concreto, o voto vencido, ao reduzir em maior extensão, de certa


forma também concordou, pelo menos, com a diminuição estabelecida pela
maioria vencedora. Assim, todos os julgadores concordaram que a
indenização deveria ser reduzida para montante inferior ao arbitrado pela
sentença, sendo que o voto vencido pretendia apenas baixar ainda mais o
montante indenizatório.
De acordo com a interpretação que o STJ confere ao art. 530 do CPC, embora
não seja necessário que o voto vencido aplique a mesma solução adotada na
sentença, é indispensável que ele (voto vencido) esteja mais próximo do que
decidiu o juiz do que os votos vencedores. É como se o legislador permitisse
esse outro recurso pelo fato de um dos Desembargadores ter concordado
com a sentença que foi reformada.
Na situação em análise, todos os Desembargadores discordaram do valor
fixado pelo magistrado, sendo que o voto divergente discordava ainda mais,
ou seja, ele estava mais distante da sentença do que os votos vencedores, não
sendo, portanto, cabíveis os embargos infringentes.
STJ. 3ª Turmã. REsp 1.308.957-RS, Rel. Min. Pãulo de Tãrso Sãnseverino, julgãdo
em 2/10/2014 (Info 551).

1ª) Contra acórdão não proferido por TJ ou TRF que julgou APELAÇÃO e REFORMOU a
unânime (por maioria) sentença de mérito.
2ª) Contra acórdão não proferido por Tribunal (de que julgou a tendo julgado
unânime (por maioria) 2ª instância ou superior) AÇÃO RESCISÓRIA PROCEDENTE essa
ação rescisória.

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RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS

1) Introdução aos recursos extraordinários:


Recurso extraordinário é um gênero que compreende as seguintes espécies:
 RE para o STF
 Resp para o STJ
 Recurso de Revista para o TST

Recurso Extraordinário pode ser chamado também de recurso de


superposição ou recursos excepcionais.

Histórico: até a CF88, não havia STJ. O STF possuía dupla competência de
uniformização: funcionava como tribunal superior tanto para matérias
constitucionais quanto par matéria legal. Neste contexto, utilizava-se o Recurso
Extraordinário para ambos os casos.
Com a CF/88 foi criado o STJ para uniformizar a interpretação de matérias
legais. Assim, o antigo RE foi diminuído. Assim, o Resp nada mais é que o
antigo RE, mas dirigido ao STJ.

Diante disso, o estudo do RE e Resp é um estudo que pode ser feito em


conjunto, pois seu regramento é praticamente o mesmo.

Dividiremos em 3 partes;
1. Parte geral dos recursos extraordinários – RE e Resp
2. Resp
3. RE
2) Parte Geral dos Recursos Extraordinários:

2.1) Considerações:
 O prazo de ambos é o mesmo: 15 dias.
 Os recursos extraordinários não possuem efeito suspensivo automático,
ou seja, á preciso pedir o efeito suspensivo.

 A quem compete dar efeito suspensivo ao RE?


R. os Recursos extraordinários são interpostos no juízo de origem (perante um
tribunal local). Eles serão admitidos neste tribunal para chegar ao Supremo. A
competência para fazer o juízo de admissibilidade do RE ou Resp é o
presidente ou vice-presidente do tribunal local (varia de acordo com o
regimento interno). Caso este não admita, caberá o agravo do art. 544 CPC
endereçado ao STF ou STJ, dependendo do caso.

Agravo é o gênero
“Agravo” pode ser entendido como um gênero, do qual decorrem cinco diferentes
espécies.
Em outras palavras, existem cinco tipos de agravo:
 Agravo retido – art. 522 1ª parte CPC
 Agravo de instrumento – art. 522 2ª parte
 Agravo regimental contra decisões interlocutórias proferidas no Tribunal
 Agravo contra decisão denegatória de REsp ou RE; - art.544 CPC
 Agravo interno (ou regimental) contra decisões monocráticas finais do relator. – art.
557 CPC

Embargos infringentes – art. 530 CPC; (609 CPP)


Embargos de divergência – art. 546 CPC

Neste diapasão, o efeito da suspensão estão previstos nas súmulas 634 e 635
STF - competência será do respectivo tribunal superior (aplica-se também ao
STJ).

Súmula 634
NÃO COMPETE AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONCEDER MEDIDA CAUTELAR
PARA DAR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE AINDA NÃO FOI
OBJETO DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NA ORIGEM.
Súmula 635
CABE AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE ORIGEM DECIDIR O PEDIDO DE MEDIDA
CAUTELAR EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO AINDA PENDENTE DO SEU JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE.

Em regra, o pedido de efeito suspensivo deve ser feito ao recorrer ou depois de


ter recorrido. Em situações excepcionais, se admite pedido de efeito
suspensivo a recurso ainda não interposto.

 Recursos extraordinários pressupõe o prévio esgotamento de recurso


das instancias ordinárias (apelação, agravo, embargos infringentes
etc.).
Normalmente o último recurso ordinário cabível são os embargos infringentes.
Ex. acórdão do tribunal tem um capítulo unânime e outro capítulo não unânime.
Assim, contra o capítulo unânime poderia caber RE e Resp e contra o não
unânime embargos infringentes. Quando este forem julgados, caberá RE e
Resp. Assim, nesta situação caberia 5 recursos: 3 na 1ª etapa e 2 na 2ª.

Para racionalizar esta situação o legislador encontrou a seguinte solução:


a. publicado o acórdão em que haja capítulo unânime e não unânime, o
sujeito tem 15 dias para impugnar o capítulo não unânime. Ele não
precisará neste momento impugnar o capítulo unânime.
Julgado os embargos infringentes, aí vão se abrir 15 dias+ 15 dias para o
sujeito entrar com RE ou Resp agora contra ambos os capítulos.
b. Se publicado acórdão com capítulo unânime e não unânime, mas não
entra com embargos infringentes em 15 dias, transita em julgado o não
unânime e automaticamente conta-se 15 dias para que entre com RE ou
Resp do capítulo unânime.

Vide art.498, caput e p.ú CPC.


Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e
julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso
extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até
a intimação da decisão nos embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à parte
unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado a decisão por
maioria de votos. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

No novo projeto não haverá mais embargos infringentes, então não terá mais
este problema.

2.2)
Os Recursos Extraordinários são de fundamentação vinculada, com base na
CF. Eles só cabem nas hipóteses previstas na CF.
Estes recursos só cabem pleiteando questões de direito:
 Constitucional: recorre ao STF
 Lei Federal: recorre ao STJ
Por este motivo, são chamados de recursos de estrito direito. Por este
motivo, não se admitem recursos extraordinário para discutir questão de
fato. Ademais, não se admite recursos extraordinários para pedir reexame de
prova. Súmula 7 STJ.

Súmula 7
A PRETENSÃO DE SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO ENSEJA RECURSO ESPECIAL

Às vezes, se discute a aplicação do direito probatório e não do reexame de


prova. Uma coisa é discutir se uma prova foi mal ou bem avaliada. Entretanto,
é possível discutir regras sobre direito probatório, pois é questão de direito.

Por este motivo, não se admite recurso extraordinário pretendendo discutir


como se interpreta cláusula contratual. Súmula 5 STJ.

Súmula 5
A SIMPLES INTERPRETAÇÃO DE CLAUSULA CONTRATUAL NÃO ENSEJA RECURSO
ESPECIAL

Obs. Às vezes a interpretação de uma cláusula contratual é indispensável para


se saber qual é o direito aplicável ao caso. Quando a interpretação de uma
cláusula contratual for indispensável para definir qual o direito aplicável ao
caso, é possível discutir em recurso especial. Ex. discutir a lei do leasing ou da
compra e venda.

2.3) Prequestionamento:
Diante de todo o exposto, surge a questão do prequestionamento:
o Ele é uma parte do exame do cabimento dos recursos extraordinários
(juízo de admissibilidade).
Por esta razão, o recurso extraordinário deve ser elaborado com um item
dedicado a demonstrar a existência de um préquestionamento.
o A exigência de prequestionamento decorre da CF que quando fala em
RE e Resp, a CF usa a expressão: causas decididas.

Existem 3 concepções sobre préquestionamento:


i. O prequestionamento é a exigência de que o recorrente tenha antes
suscitado, durante o processo, o prequestionamento da questão
objeto do seu recurso.
Por este motivo, as pessoas, já na petição inicial, a pessoa propõe a ação já
prequestionando.

ii. O prequestionamento é a necessidade da prévia suscitação pelo


recorrente atrelado ao fato do tribunal ter enfrentado a questão.
iii. O prequestionamento basta a manifestação do tribunal recorrido na
questão, ou seja, que ele tenha enfrentado o objeto.

Se o sujeito suscitar a questão e o tribunal tenha enfrentado a questão,


qualquer que seja a posição adotada, neste caso haverá indiscutivelmente o
prequestionamento. (ii)
Atualmente é pacífico o entendimento de que se o tribunal enfrentou a questão
há prequestionamento. (iii)
(i) O problema se dá quando o tribunal não enfrenta a questão e a parte suscita
a questão. Neste caso, é necessário que a parte entre com os chamados
embargos de declaração com intuito de prequestionamento.
Se o tribunal supre a omissão, o problema estará resolvido.
O problema surge quando há o embargo de declaração, mas tribunal não supre
omissão. Neste caso o problema não é seu. O STJ defende que o sujeito só
poderá entrar com Resp para anular a decisão e após isso o tribunal terá que
analisar o problema. Súmula 211 STJ.
Súmula 211
Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos
declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.

O STF tem o entendimento tradicional de que há prequestionamento caso a


parte suscite e entre com embargos, mas tribunal se cala. Súmula 356 STF.
Súmula 356
O PONTO OMISSO DA DECISÃO, SOBRE O QUAL NÃO FORAM OPOSTOS EMBARGOS
DECLARATÓRIOS, NÃO PODE SER OBJETO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO, POR
FALTAR O REQUISITO DO PREQUESTIONAMENTO.

A isso se dá o nome de prequestionamento ficto (é como se se houvesse


decisão do tribunal).
Entretanto, recentemente, Toffoli adotou o entendimento do STJ, mas não
significa que é um novo entendimento do Supremo.
O novo projeto do CPC acaba com essa dúvida, adotando o posicionamento do
STF.

Obs.1: Embargos de declaração para fins de prequestionamento não tem


caráter protelatório. Súmula 98 STJ.
Súmula 98
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO MANIFESTADOS COM NOTORIO PROPOSITO DE
PREQUESTIONAMENTO NÃO TEM CARATER PROTELATORIO.

Obs.2: Súmula 320 STJ – se a questão estiver no voto vencido, não haverá
prequestionamento.
Súmula 320
A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do
prequestionamento.

Obs.3: prequestionamento implícito é aquele em que a questão é


enfrentada, porém sem referência expressa ao texto da lei.

2.4) Reexame dos fatos e provas pelos tribunais:

Uma vez conhecido os recursos extraordinários, não há nenhuma


peculiaridade em relação ao julgamento dos outros recursos.
Assim, admitidos/conhecidos os recursos extraordinários, abre-se a jurisdição
dos tribunais superiores e já não há mais limitação de julgamento para estes.
Neste contexto, o tribunal poderá reexaminar fatos/provas.
Ex. STJ pode aumentar ou diminuir.

Assim, se recurso versar apenas o reexame de prova ele nem será conhecido.
Entretanto, se interposto o recurso e este for conhecido, o tribunal superior
poderá fazer análise de provas. Súmula 456 STF. Esta súmula foi incorporada
ao regimento interno do STF e do STJ (há o efeito translativo).

Súmula 456
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, CONHECENDO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO,
JULGARÁ A CAUSA, APLICANDO O DIREITO À ESPÉCIE.

As questões de ordem pública podem ser conhecidas pelos recursos


extraordinários, se o recurso for conhecido. Se a discussão de uma questão de
ordem pública for o objeto de seu recurso extraordinário, ele precisa ser
prequestionado conforme já se aprendeu. Entretanto, se o recurso for
conhecido, as questões de ordem pública poderão ser analisadas.
No ano passado, o STJ surpreendentemente, em 2 decisões de 2012 não deu
esta interpretação a súmula 256. AgRg nos EResp 99342 e nos Edcl no
AgRg no AResp 32420. Nesses julgados, o STJ mudou seu posicionamento,
entendendo que as questões de ordem pública não poderão ser analisadas se
não forem prequestionadas, mesmo se o recurso não for conhecido.

2.4) Interposição simultânea:


Os recursos extraordinários podem ser interpostos simultaneamente. Neste
contexto, vai 1º para o STJ e depois para o STF. Se STJ não entender assim,
remete a decisão da ordem de julgamento para STF.

Ex. acórdão que tenha 2 fundamentos: um legal e outro constitucional.


Qualquer deles basta para sustentar a decisão. Sendo assim, é necessário
impugnar ambos os fundamentos (RE e Resp), pois a impugnação de apenas
um deles é inútil, uma vez que o outro subsistirá. Súmula 126 STJ.

Súmula 126
E INADMISSIVEL RECURSO ESPECIAL, QUANDO O ACORDÃO RECORRIDO ASSENTA
EM FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL, QUALQUER DELES
SUFICIENTE, POR SI SO, PARA MANTE-LO, E APARTE VENCIDA NÃO MANIFESTA
RECURSO EXTRAORDINARIO.

3) RECURSO ESPECIAL:

3.1) Considerações Iniciais:

 Resp só cabem contra acórdão de TJ ou TRF. Por isso que não cabem
contra decisões de juizados especiais.

Quais os recursos cabíveis contra as decisões proferidas pelo juiz do juizado?


Não cabe qualquer
Decisão interlocutória:
recurso.
Podem ser interpostos:
Sentença:  Embargos de declaração;
 Recurso inominado.

Quais os recursos cabíveis contra as decisões proferidas pela Turma Recursal?


Contra os acórdãos prolatados pela Turma Recursal somente podem ser interpostos:
• Embargos de declaração;
• Recurso extraordinário.

É cabível a interposição de Recurso Especial?


NÃO. Súmula 203-STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de
segundo grau dos Juizados Especiais.

Por que é cabível o RE, mas não o REsp?


Previsão do RE na CF/88 Previsão do REsp na CF/88
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Art. 105. Compete ao Superior Tribunal
Federal, precipuamente, a guarda da de Justiça:
Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, em recurso especial, as
III - julgar, mediante recurso causas decididas, em única ou última
extraordinário, as causas decididas em instância, pelos Tribunais Regionais
única ou última instância, quando a Federais ou pelos tribunais dos Estados,
decisão recorrida: do Distrito Federal e Territórios, quando
a decisão recorrida:

Súmula 640-STF: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de
primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e
criminal.
Vale ressaltar que, somente caberá RE contra acórdão da Turma Recursal se a causa
envolver questão constitucional.

O que acontece, então, se a decisão da Turma Recursal disser respeito à


interpretação de lei federal e contrariar entendimento consolidado ou mesmo
sumulado do STJ? Como, no caso, não cabe recurso especial, a interpretação dada
pela Turma Recursal a respeito de uma lei federal tornar-se-ia definitiva mesmo
contrariando o STJ? Isso está certo?
NÃO. Diante desse impasse, foi idealizada a tese de que, se a decisão da Turma
Recursal do Juizado Especial Estadual contrariar entendimento do STJ será cabível
reclamação endereçada àquela Corte.
O STJ editou até mesmo a Resolução n. 12/2009 que “dispõe sobre o processamento,
no Superior Tribunal de Justiça, das reclamações destinadas a dirimir divergência entre
acórdão prolatado por turma recursal estadual e a jurisprudência desta Corte”.

Se uma decisão da Turma Recursal do Juizado Especial Federal (JEF) ou do Juizado da


Fazenda Pública contrariar entendimento do STJ também caberá reclamação?
NÃO. Não será necessária reclamação porque a Lei do JEF e a Lei dos Juizados da
Fazenda Pública, como são posteriores à Lei n. 9.099/95, já corrigiram essa falha e
preveem um mecanismo para fazer com que o entendimento do STJ prevaleça.

E qual mecanismo foi previsto?


O pedido de uniformização de jurisprudência.

Lei n. 10.259/2001 (Lei do JEF):


Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando houver
divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas
Recursais na interpretação da lei.
(...)
§ 4º Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformização, em questões de
direito material, contrariar súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal
de Justiça -STJ, a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá
a divergência.

 Discutia-se muito se cabia RE de acórdão que julga remessa


necessária, não tendo o poder público recorrido. Daí julga-se a remessa
necessária. Hoje está pacificado que Poder Público que não apelou
pode entrar com recurso em razão da remessa necessária.

3.2) Art.105,III CF.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
Contrariar significa ofender de qualquer modo/maneira. É uma designação
muito ampla: fala em negar vigência. É deixar de aplicar dispositivo (também é
contrariar).
Lei federal significa não só a lei ordinária, lei complementar, lei delegada, lei
ordinária, medida provisória, decreto lei.
Hoje em dia, é possível que haja tratado tenha status de norma constitucional:
tratado que verse sobre direitos humanos, aprovado com quórum diferenciado.
Se a contrariedade for de tratado tiver status constitucional, cabe RE.
Se a contrariedade for a tratado que tiver status legal, cabe Resp.

b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Sempre que o tribunal entender que ato de governo local (municipal ou
estadual) prepondera face a Constituição Federal, cabe Resp.
Se o acórdão do tribunal recorrido entender que lei local prevalece sobre lei
federal a situação é outra: aqui cabe RE, pois está diante de um conflito de
competência legislativa, portanto, matéria constitucional. Art.102, III, “d”, CF.

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
O STJ é chamado para uniformizar o entendimento sobre a legislação federal:
neste caso cabe Resp. Seu pressuposto é a divergência entre tribunais da
aplicação da lei federal.

O Resp. fundado na divergência jurisprudencial, exige que o recorrente abra


um item no seu recurso para demonstrar a divergência, ou seja, é fazer o
distinguishing (confronto entre a decisão recorrida e o paradigma). Trata-se
do “confronto analítico entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma”. Esse
tem de ser o título do item do recurso. Deve trazer o acórdão paradigma,
inclusive extraído do site do respectivo tribunal.

4) RECURSO EXTRAORDINÁRIO para o STF:


4.1) Considerações Iniciais:

Obs.1: Cabe contra qualquer decisão, desde que seja a última decisão no juízo
competente. Por isso cabe:
o No âmbito trabalhista, eleitoral, juizados etc.
o Cabe inclusive contra decisão de juiz (ex. embargos infringentes em
execução fiscal cabe RE).
o Cabe também contra decisão do STJ, se tiver violado a CF.
Obs.2: Súmulas 733 e 735 STF.
Súmula 733
NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA DECISÃO PROFERIDA NO
PROCESSAMENTO DE PRECATÓRIOS.

O processamento de precatórios tem natureza administrativa, então não


caberia RE.

Súmula 735
NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO QUE DEFERE MEDIDA
LIMINAR.
O Supremo entende que não há causa decidida que autoriza a interposição do
RE.

4.2) RE e Violação Direta à CF:


RE cabe contra violação à CF o Supremo criou uma jurisprudência
defensiva para não admitir qualquer violação a constituição que permite RE:
deve haver uma violação direta/frontal à CF. Vide Súmula 636 STF.
Ofensa indireta/reflexa à CF não permitiria RE.
Ofensa reflexa é aquela que para ser percebida primeiro há a violação
infraconstitucional. Ela se dá quando para examinar a CF, primeiro se violou a
lei. Para Didier, este fundamento é frágil, pois da mesma forma haveria
violação à CF.

Súmula 636
NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO POR CONTRARIEDADE AO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE, QUANDO A SUA VERIFICAÇÃO PRESSUPONHA
REVER A INTERPRETAÇÃO DADA A NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS PELA DECISÃO
RECORRIDA

4.3) Controle de constitucionalidade e RE.


O RE é o principal instrumento de controle difuso no ordenamento
jurídico. Chega-se ao STF em controle incidental para discutir matérias
constitucionais.
Isso gera precedente no controle difuso. O fato do RE dar ensejo ao controle
de constitucionalidade difuso no Supremo, gera precedente de caráter
vinculante. Essa transformação do controle difuso que gera precedentes
vinculativo já foi chamada de objetivação do controle difuso.

O controle difuso é subjetivo, mas pode ser objetivado. Ex. pessoa entra com
RE, e o seu julgamento gera precedentes vinculativos em matéria
constitucional. Desta forma é necessária a análise de repercussão geral no
RE.

Com a EC 45 foi criada a repercussão geral como requisito de


admissibilidade do RE no Supremo:
 Trata-se de requisito de admissibilidade só para o RE (não é requisito de
admissibilidade do Resp).
 O recorrente terá que abrir um item “da repercussão geral” no RE.
 Só quem poderá dizer se haverá ou não repercussão geral é o STF.
Trata-se de uma decisão irrecorrível. O presidente do tribunal local não tem
competência para dizer que não admitirá o recurso por não haver repercussão
geral. Ele apenas poderá indeferir o RE caso o recorrente não mencione a
repercussão geral em petição.
 O requisito de repercussão geral exigido pelo constituinte no RE se
fundamenta no fato de que a decisão do RE vai além do caso concreto, pois
gera precedentes vinculativos (economicamente, socialmente, juridicamente
etc.)
 No STF há 2 turmas de 5 e 1 presidente. O STF só pode dizer que não
há repercussão geral pelo voto de 8 ministros.
Ex. se 4 ministros do supremo dizerem que há repercussão geral e 7 dizerem
que não, já é o suficiente para haver repercussão geral.

Se 7 dizem que não há, há.


Se 4 apenas dizerem que há, há.

Art.543-A CPC:
Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral,
nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 1o Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os
interesses subjetivos da causa. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 2o O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do
Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral. (Incluído pela Lei nº 11.418, de
2006).
§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou
jurisprudência dominante do Tribunal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
Cria 2 casos de presunção absoluta de repercussão geral:
o Decisão contrariar súmula STF.
o Decisão contrariar jurisprudência dominante do STF.

§ 4o Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos,
ficará dispensada a remessa do recurso ao Plenário. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 5o Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os recursos sobre
matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 6o O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros,
subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

Intervenção do Amicus curae.


§ 7o A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no
Diário Oficial e valerá como acórdão. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).

A análise da repercussão geral é feita eletronicamente. O relator dá a sua


impressão sobre o assunto. Se o ministro ficar 20 dias sem se manifestar sobre
isso, presume-se que ele entende que há repercussão geral.

5) JULGAMENTO DOS RECURSOS REPETITIVOS (aplica-se ao RE


e Resp).
Causas repetitivas são causas de massa. O STJ ou STF podem selecionar
alguns desses recursos que representam a controvérsia, uma espécie de
amostra, e determinar a suspensão de todos os outros.
A tese ali firmada passa a ser uma tese vinculativa de observância obrigatória.
Com isso, evita-se a proliferação de decisões divergentes.

Observações:
 Caberá a intervenção de amicus curae, pois a tese firmada vale para
todos.
 Um processo que tenha peculiaridades que escapam perante aquela
tese do tribunal superior (suspensão indevida). Neste caso caberá
agravo regimental contra o presidente do tribunal local.
 Se for preciso tutela de urgência no processo suspenso, esta deve ser
feita no tribunal local. Trata-se de agravo interno contra decisão do
tribunal local que indevidamente suspendeu.
 O recurso selecionado como representativo pode ser regulado:
STJ entende que já não cabe mais desistência do recurso, pois há interesse
público na tese (trata-se de uma justificativa incorreta, pois o recurso é meu e
posso desistir a hora que eu quiser. O correto seria que a desistência não afeta
a fixação da tese - novo CPC entende assim).
 STF/STJ podem não acolher a tese do recurso, e todos os recursos
suspensos serão improvidos/prejudicados.
Caso eles acolham a tese, todos os recursos tem que ser providos. Assim, o
tribunal poderá se retratar. O acolhimento da tese nos Recursos repetitivos
permite (mas na verdade impõe) a retratação pelo tribunal recorrido.

Art.543-B e 543-C CPC


Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica
controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.418, de 2006).
§ 1o Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da
controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o
pronunciamento definitivo da Corte. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 2o Negada a existência de repercussão geral, os recursos sobrestados considerar-se-ão
automaticamente não admitidos. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 3o Julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados
pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los
prejudicados ou retratar-se. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 4o Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal Federal, nos termos
do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão contrário à orientação
firmada. (Incluído pela Lei nº 11.418, de 2006).
§ 5o O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos
Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da repercussão geral. (Incluído pela Lei
nº 11.418, de 2006).
Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de
direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.672, de 2008).
§ 1o Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos
da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando
suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal
de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).
§ 2o Não adotada a providência descrita no § 1 o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de
Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a
matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda
instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. (Incluído pela Lei nº
11.672, de 2008).
§ 3o O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos
tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672, de
2008).
§ 4o O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e
considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou
entidades com interesse na controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).
§ 5o Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4 o deste artigo,
terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).
§ 6o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais
Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser
julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os
pedidos de habeas corpus. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).
§ 7o Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados
na origem: (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).
I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação
do Superior Tribunal de Justiça; ou (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).
II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido
divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).
§ 8o Na hipótese prevista no inciso II do § 7 o deste artigo, mantida a decisão divergente pelo
tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial. (Incluído pela Lei
nº 11.672, de 2008).
§ 9o O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no
âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do
recurso especial nos casos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

Informativo 737 STF: Julgamento por amostragem e recurso extraordinário

O ato do Presidente do STF ou do Ministro Relator que determina o retorno do recurso


extraordinário ao tribunal de origem para que lá fique sobrestado enquanto o STF analisa a
existência de repercussão geral (art. 543-B, do CPC) NÃO possui lesividade que justifique a
impetração de mandado de segurança. Isso porque o tema ainda será apreciado pelo STF e a
solução adotada também será aplicada ao processo devolvido.
STF. Plenãí rio. MS 32485 AgR/SP, Rel. Min. Teori Zãvãscki, julgãdo em 27/2/2014.

INTRODUÇÃO

Multiplicidade de recursos extraordinários tratando sobre o mesmo tema


O legislador percebeu que havia no STF e no STJ milhares de recursos que tratavam sobre os
mesmos temas jurídicos.
Diante disso, a fim de otimizar a análise desses recursos, a Lei nº 11.672/2008 acrescentou os
arts. 543-B e 543C ao CPC, prevendo uma espécie de “julgamento por amostragem” dos
recursos extraordinários e recursos especiais que tiverem sido interpostos com fundamento
em idêntica controvérsia ou questão de direito.

Julgamento por amostragem


 O art. 543-B estabelece o procedimento a ser adotado pelo STF no caso de múltiplos
recursos extraordinários tratando sobre o mesmo tema.
 O art. 543-C, por sua vez, prevê o rito no caso de múltiplos recursos especiais em
tramitação no STJ.
Nesta oportunidade iremos analisar apenas o art. 543-B, ou seja, o julgamento por
amostragem no caso de múltiplos recursos extraordinários.

JULGAMENTO POR AMOSTRAGEM E RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Análise por amostragem da repercussão geral


Um dos pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário é a repercussão geral.
Desse modo, para que o RE seja conhecido, é necessário que o recorrente demonstre a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso.
O STF não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada
não oferecer repercussão geral.

O objetivo da exigência da “repercussão geral” foi o de evitar que o STF julgasse recursos
extraordinários de menor relevância, contribuindo, assim, para a redução do volume de
processos na Corte.
Diz-se que há repercussão geral no recurso extraordinário quando existem questões relevantes
do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassam os interesses
subjetivos da causa.
Quando houver uma grande quantidade de recursos extraordinários que versem sobre o
mesmo tema, o STF poderá fazer a análise da repercussão geral por amostragem. Dito de
forma mais simples, o STF seleciona um ou alguns poucos recursos extraordinários, debate a
tese ali apresentada, chega a uma conclusão e aplica a mesma solução para todos os demais
recursos semelhantes.

Procedimento
O procedimento encontra-se delineado no art. 543-B do CPC e no regimento interno do STF e
pode ser assim resumido:

1) Quando for protocolado ou distribuído no STF um recurso extraordinário cuja questão ali
discutida puder ser também encontrada em múltiplos outros processos, o Presidente do
Tribunal ou o Ministro Relator, de ofício ou a requerimento da parte interessada, deverá
comunicar esse fato aos Tribunais ou Turmas de juizado especial para que, a partir de
então, seja observado o procedimento do julgamento por amostragem (art. 543-B do
CPC);

2) Assim, os Tribunais de origem (TJ, TRF, Turmas recursais etc.) irão selecionar um ou mais
recursos que estejam lá esperando e que bem representem a controvérsia discutida e
deverão encaminhá-los ao STF para servirem de “amostra” dos argumentos para os
Ministros. Os demais recursos que tratam sobre a matéria irão ficar sobrestados, ou seja,
ficarão em um arquivo nos tribunais de origem aguardando o pronunciamento definitivo
da Corte Suprema.

3) Se perceber que continuam subindo ou sendo distribuídos inúmeros recursos com


fundamento em idêntica matéria, o Presidente do STF ou o Ministro Relator do RE deverá
selecionar um ou alguns poucos desses recursos para servirem como representativos da
controvérsia e determinar a devolução dos demais aos Tribunais ou Turmas de origem,
para que lá aguardem sobrestados.
Não existe previsão de recurso contra o despacho do Presidente ou do Ministro Relator que
determina a devolução do RE ao tribunal de origem. Diante disso, indaga-se: é possível
que o recorrente, que teve seu RE devolvido, impetre MS contra esse ato?
NÃO. O STF entende que o ato que determina o retorno dos autos à origem para aplicação
da sistemática de repercussão geral não possui lesividade que justifique a impetração de
mandado de segurança (MS 32485 AgR/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
27/2/2014). Isso porque o tema ainda será apreciado pelo STF e a solução adotada
também será aplicada ao processo devolvido. Logo, não há prejuízo à parte recorrente.

4) Vale ressaltar que o Tribunal de origem não emitirá juízo de admissibilidade sobre os
recursos extraordinários já sobrestados, nem sobre os que venham a ser interpostos, até
que o Supremo decida. Repetindo, os recursos ficam lá sobrestados.

5) Se o STF negar a existência de repercussão geral: os recursos sobrestados serão


automaticamente considerados como não admitidos. Repare que, nesse caso, não se
examinou o mérito do recurso. Na prática, é difícil de acontecer porque se havia inúmeros
outros processos a ponto de ter sido adotada a sistemática do julgamento por
amostragem, deve-se entender que há repercussão geral.

6) Se o STF admitir a existência de repercussão geral, ele irá examinar o mérito.


Decidido o mérito do recurso extraordinário, os recursos que estavam sobrestados serão
apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais conforme o que
decidiu o STF.

6.1) Se o acórdão do tribunal de origem (e que foi atacado pelo RE) estiver de acordo com o
que decidiu o STF: o recurso extraordinário será julgado prejudicado (não adiantaria mais nada
ser remetido ao STF).
6.2) Se o acórdão do tribunal de origem estiver contrário ao que decidiu o STF: o tribunal
poderá retratar-se, ou seja, modificar sua decisão para adequá-la ao entendimento firmado
pelo STF.
6.3) Se o acórdão do tribunal de origem estiver contrário ao que decidiu o STF, mas o tribunal
não quiser se retratar: nesse caso, o recurso extraordinário que estava sobrestado deverá ser
enviado ao STF. Lá chegando, o Ministro poderá cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão
contrário à orientação firmada. Desse modo, é mais producente o tribunal de origem se
retratar.

(continuação da Aula 05)


Aula 06

AÇÃO RESCISÓRIA

1) Introdução:
Trata-se do principal instrumento para revisar a coisa julgada no Brasil. Ela é
muito abrangente, pois permite a revisão da coisa julgada por questões formais
(validade) ou por questões de injustiça.

Assim, dizer que rescisória não corrige injustiça é errado. Entretanto, ela não
corrige qualquer invalidade ou injustiça. Ela se apresenta como instrumento
muito peculiar em razão de injustiça.
2) Conceito: Ação rescisória é ação autônoma de impugnação, cujo
objetivo é rescindir decisão judicial transitado em julgado e,
eventualmente, proceder a novo julgamento da causa. Trata-se de uma
ação desconstitutiva negativa que se sujeita a prazo decadencial de 2
anos.

Sempre serve à rescisão – judicium rescindens.


Alguns casos ao rejulgamento da causa – judicium rescissorium.

3) Pressupostos:
São 04 pressupostos da ação rescisória:
 Decisão rescindível
 Prazo para a ação rescisória
 Legitimidade da ação rescisória
 Rescindibilidade da Ação Rescisória

3.1) Decisão rescindível:


Decisão rescindível é a decisão de mérito transitado em julgado. Pode ser uma
sentença, acórdão, decisão interlocutória.

Obs1:
 Cabe rescisória de decisão interlocutória?
R.Sim, desde que seja uma decisão interlocutória de mérito.

Obs.2: A rescisória pode dizer respeito a apenas um capítulo da decisão.

Obs.3: não cabe rescisória de decisão proferida em ADI, ADC e ADPF por
expressa previsão legal.

Obs.4: não cabe ação rescisória de decisão proferida em juizados especiais


por expressa previsão legal.
Trata-se de uma previsão que existe na lei 9.099/95, art. 59. Entretanto, a Lei
dos Juizados Federais não fala nada acerca do assunto. Prevalece o
entendimento de que se aplica a Lei 9.099/95 aos Juizado Federais por ser
aquela uma norma geral, apesar de alguns tribunais entenderem de forma
contrária.

Obs.5: Há uma polêmica se cabe rescisória em decisão de jurisdição


voluntária. Para quem defende que em decisão de jurisdição voluntária há
coisa julgada, cabe rescisória; para quem defende que não há coisa julgada
não cabe coisa julgada.
(Didier defende que cabe rescisória). O projeto do novo CPC vai
expressamente permitir rescisória nestes casos.

Obs.6: sentença arbitral não pode ser alvo de ação rescisória. Ela pode ser
alvo de ação anulatória prevista na lei de arbitragem a ser proposta no prazo
de 90 dias.
Obs.7: Súmula 514 STF é muito dúbia. Ela quer dizer que a ação rescisória
pressupõe apenas que a decisão tenha transitado em jugado e não que haja o
esgotamento de todos os recursos cabíveis antes do trânsito em julgado.

Súmula 514
ADMITE-SE AÇÃO RESCISÓRIA CONTRA SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, AINDA
QUE CONTRA ELA NÃO SE TENHA ESGOTADO TODOS OS RECURSOS.

Ex. transitou em julgado e não apelou. Pode entrar com rescisória.

 Querela nullitatis: casos de decisão em que não houve citação.


Se a decisão for alvo de querela, pode também ser alvo de ação rescisória?
Elas podem concorrer?
R. Não. O STJ decidiu que se o caso é de querela, é através de querela, ou
seja, querela e rescisória não seriam fungíveis.

 Cabe rescisória de sentença citra petita?


R. Decisão citra petita pode ser porque não examinou o pedido (inexistente) ou
porque não examinou um fundamento (nula).
Se não examinou o fundamento, cabe rescisória.
Se não examinou o pedido, não cabe rescisória, pois não há o que se rescindir,
bastando que se formule novamente o pedido em juízo.

 Polêmica: cabe rescisória em sentença terminativa?


R. Se cair esta pergunta no concurso colocar que tradicionalmente não cabe
ação rescisória em sentença terminativa, mas há algumas exceções.

Tradicionalmente se entendeu que não cabe rescisória de sentença terminativa


(sentença que extinga sem exame do mérito).
Entretanto, o art. 268 CPC versa que quando a sentença é terminativa e se
funda no art. 267, V CPC é uma sentença terminativa que impede a
repropositura da ação.
Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor
intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do
pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232,
de 2005)
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

Neste caso então, muitos entendiam que cabia rescisória.


Alguns autores diziam que a referência ao inciso V seria exemplificativa,
devendo-se considerar também os incisos I, IV, VI, VII do art.267 CPC.

Em outubro do ano passado, o STJ alterou o seu entendimento admitiu


rescisória de sentença terminativa.

O projeto do novo CPC admitiu rescisória de sentença terminativa.

Aula 07
(continuação da ação rescisória)

3.2) Prazo da ação rescisória:


Tem o prazo de 2 anos, decadencial, que se conta do transito em julgado da
decisão.
Existe um prazo especial previsto no art.8º-C da Lei 6739/79. Esse prazo
especial é de 08 anos para os casos de ação rescisória que digam respeito a
processos relativos a transferência de terra pública rural.

Obs. Relembrando coisa julgada: adota-se a posição intermediária. O transito


em julgado é da última decisão, mesmo sendo ela uma decisão que não
conhece do recurso, salvo nos casos de intempestividade e manifesto
impedimento. Súmula 100,III TST.
III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição
de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial. (ex-Súmula nº 100 -
alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.01)

Rescisória nos casos de coisa julgada parcial:


Ex. uma sentença com capítulo A e B. Apela-se apenas no capítulo A, então o
B transita em julgado em 2004. Em 2008 o Tribunal julga capítulo A fazendo
coisa julgada em 2010. Assim, há 2 coisas julgadas que dizem respeito a
capítulos distintos.

 Como se conta o prazo para a rescisória?


R. Para Didier, maioria da doutrina e novo cada coisa julgada tem o seu prazo
específico de rescisória. Essa concepção foi encampada pelo projeto de novo
CPC e pelo STF – trata-se do chamado coisa julgada progressiva.

STJ adotou posição diversa: o prazo de rescisória é único e se conta da última


decisão. Assim, no exemplo, a rescisória poderia ser feita em 2010, mesmo
que a sentença seja de 2004. Vide Súmula 401 STJ
Súmula 401
O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do
último pronunciamento judicial.

Obs. 2014 - De acordo com o STF, nos casos de existência de capítulos


autônomos, o prazo decadencial da ação rescisória (02 anos) se conta do
trânsito em julgado de cada decisão, sendo desprezada a tese do caráter
unitário e indivisível da causa adotada pelo Superior Tribunal de Justiça.

Assim, em consonância com o STF, se forem discutidos dois pedidos A e B,


sendo a demanda improcedente e apelando o autor apenas em relação ao
pedido B, por exemplo, o prazo para eventual ação rescisória em relação ao
pedido A já se iniciou a partir do momento em que não é mais possível interpor-
se recurso de apelação.

Importante!!! Início do prazo para a ação rescisória em caso de recursos parciais


Impugnada parcialmente a sentença, os capítulos não impugnados transitam em julgado desde
logo ou deve-se aguardar o julgamento do recurso quanto ao restante da sentença?
O prazo para a ação rescisória se iniciará para cada capítulo ou deve-se aguardar que não haja
mais a possibilidade de se interpor qualquer recurso?
• STJ: deve-se aguardar o julgamento do recurso quanto ao restante da sentença. Somente
quando não for cabível qualquer recurso, terá início o prazo para a ação rescisória.
• STF e doutrina: os capítulos não impugnados transitam em julgado desde logo. O prazo
da ação rescisória se iniciará para cada capítulo, à medida que ele transitar em julgado.
Assim, o prazo decadencial da ação rescisória, nos casos de existência de capítulos
autônomos, deve ser contado do trânsito em julgado de cada decisão (cada capítulo).
STF. 1ª Turmã. RE 666589/DF, rel. Min. Mãrco Aureí lio, julgãdo em 25/3/2014.

3.3) Legitimidade para ação rescisória:


Pode propor ação rescisória:
 Quem foi parte na ação originária ou seus sucessores.
 O terceiro juridicamente prejudicado (poderia ter participado no
processo, mas não participou).
 MP (fiscal da lei) art. 487,III CPC

Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação:


III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção;
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.
Obs. Se o MP não for autor da ação rescisória, ele intervirá obrigatoriamente
nesta, pois ação rescisória é hipótese de intervenção obrigatória do MP.
Obs. O rol do inciso III é exemplificativo. Vide Súmula 407 TST.

SÚMULA 407 TST


SUM-407 AÇÃO RESCISÓRIA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE "AD CAUSAM"
PREVISTA NO ART. 487, III, "A" E "B", DO CPC. AS HIPÓTESES SÃO MERAMENTE
EXEMPLIFICATIVAS (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 83 da SBDI-2) - Res.
137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não
tenha sido parte no processo que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada às
alíneas "a" e "b" do inciso III do art. 487 do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente
exemplificativas. (ex-OJ nº 83 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)

O TST é o principal tribunal que julga ação rescisória, pois o faz como recurso
ordinário.
O TST dá uma interpretação muito peculiar ao modo como se conta o prazo
para ação rescisória nos casos de colusão das partes. Vide Súmula 100, VI
TST – o prazo para mover ação rescisória inicia-se da ciência da colusão das
partes. O novo projeto de CPC consagra este entendimento.

TST Enunciado nº 100 - RA 63/1980, DJ 11.06.1980 - Nova Redação - Res. 109/2001, DJ


18.04.2001 - Incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 13, 16, 79, 102, 104, 122 e
145 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005
Prazo de Decadência - Ação Rescisória Trabalhista
VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente
começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do
momento em que tem ciência da fraude. (ex-OJ nº 122 da SBDI-2 - DJ 11.08.03)

A ação rescisória pode atacar apenas um capítulo da decisão. Desta maneira,


é importante tomar cuidado com a legitimidade da rescisória: o réu desta será
apenas o sujeito que será atingido com a rescisória.
Ex. rescisão apenas relativo a honorários advocatícios, só o advogado será
réu.
Ex. sindicato propõe ação contra empresa como substituto processual da
categoria. O sindicato venceu e a empresa quer propor uma ação rescisória
contra o sindicato (que neste caso também será substituto processual). Trata-
se de legitimação extraordinária passiva, que apesar de raro é possível; é
uma ação coletiva passiva: uma ação contra uma coletividade. Vide Súmula
406, II TST.

TST - Súmula 406


AÇÃO RESCISÓRIA. LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO E
FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO
(conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 82 e 110 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22,
23 e 24.08.2005
II - O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em cujos autos fora
proferida a decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar como réu na ação rescisória,
sendo descabida a exigência de citação de todos os empregados substituídos, porquanto
inexistente litisconsórcio passivo necessário. (ex-OJ nº 110 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

3.4) Rescindibilidade da Ação Rescisória:


A Ação rescisória é uma decisão típica. Não é possível alegar qualquer coisa
na rescisória, pois é ação de fundamentação típica e vinculada.
Assim, é necessário o preenchimento de uma das hipóteses de rescindibilidade
previstas na lei em 2 artigos: art.485 e 1.030 CPC (rescisória nos casos de
partilha) – O rol das hipóteses de rescindibilidade é taxativo. Qualquer destas
hipóteses é suficiente para rescindir, mas nada impede que na ação o sujeito
alegue várias hipóteses de rescindibilidade.

CAPÍTULO IV
DA AÇÃO RESCISÓRIA
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre
as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar literal disposição de lei;
Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja
provada na própria ação rescisória;
Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que
não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou
a sentença;
IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;
§ 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente
um fato efetivamente ocorrido.
§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem
pronunciamento judicial sobre o fato.
Art. 1.030. É rescindível a partilha julgada por sentença:
I - nos casos mencionados no artigo antecedente;
II - se feita com preterição de formalidades legais;
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.

Obs. A hipótese de rescindibilidade é a causa de pedir remota da rescisória,


pois é o fato jurídico. Já a causa de pedir próxima é o direito à rescisão.
O tribunal não pode decidir com outra causa de pedir que as elencadas nos
artigos acima.
Assim, todas as regras que se aplicam à causa de pedir se aplicam as
hipóteses de rescindibilidade, ou sejam se submetem ao mesmo regime
jurídico.

Causa de pedir Causa de Pedir


remota Próxima

Fato Jurídico Direito à Rescisão

4. Análise das hipóteses de rescindibilidade:

 V - violar literal disposição de lei;


Lei aqui, é em sentido amplo que significa norma jurídica, abrangendo
Constituição, Medida Provisória, inclusive Princípio. No projeto de novo CPC
fala em “violar norma jurídica”.

Obs. cabe rescisória em relação à Princípio.


Violação literal é violação manifesta. Vide Súmula 343 STF – diz o que não é
uma violação literal: caso ela se paute em uma controvérsia acerca da
interpretação da lei, não é possível dizer que houve violação literal, pois a
época era um entendimento aceito. Se havia divergência na interpretação da lei
e o tribunal optou por uma das interpretações a época, então não houve
violação literal.

Súmula 343
NÃO CABE AÇÃO RESCISÓRIA POR OFENSA A LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI, QUANDO A
DECISÃO RESCINDENDA SE TIVER BASEADO EM TEXTO LEGAL DE INTERPRETAÇÃO
CONTROVERTIDA NOS TRIBUNAIS.

Trata-se de uma súmula muito tradicional do STF que ao longo do tempo foi
mitigada. Se a divergência de interpretação for uma divergência em tema
constitucional, mas o Supremo já firmou interpretação sobre o assunto, caberá
rescisória para fazer prevalecer o pensamento do Supremo.
A rescisória serve como instrumento do Supremo prevaleça sobre matéria
constitucional.

 Cabe rescisória por violação a lei para fazer prevalecer o


entendimento do STJ se ao tempo havia divergência sobre a lei?
R. O STJ já sinalizou neste sentido em alguns julgados. Para Didier é inevitável
que a rescisória seja encarada desta forma, mas ainda não há entendimento
firmado sobre o assunto.

Obs. Rescisória por violação a lei exige que o autor da lei aponte o dispositivo
violado. Se não o fizer a petição será inepta por falta de causa de pedir. Assim,
como a petição é inepta, o juiz deve mandar emendar.
Obs. O TST trata a rescisória por violação a lei como se ela fosse um recurso
extraordinário. Assim, ele exige um prequestionamento para a rescisória: o
dispositivo violado deve ter sido analisado na decisão rescindenda. Súmula 298
TST.
O STJ, por sua vez, não exige este prequestionamento

Vide Súmula 410 TST


SÚMULA 410 TST
SUM-410 AÇÃO RESCISÓRIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INVIABILIDADE
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº 109 da SBDI-2) - Res. 137/2005 DJ 22, 23 e
24.08.2005
A ação rescisória calcada em violação de lei não admite reexame de fatos e provas do
processo que originou a decisão rescindenda. (ex-OJ nº 109 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

Ler editorial 609 do Didier.

 Pode o Tribunal dizer que o artigo apontado não foi apontado, mas
apontar outro em seu lugar?
R. Não. O tribunal não pode mudar a causa de pedir.
Ex. sujeito alega que o art.70 foi violado, mas na verdade era o art.90 (o que
não foi apontado).

Entretanto, corrigir o enquadramento na hipótese de rescindibilidade é possível.


Vide Súmula 408 TST.
Ex. sujeito alega que o art.70 foi violado e erra no enquadramento da hipótese
de rescisória (ao invés de colocar inciso V, coloca inciso VI do art. 485.

Súmula nº 408 - TST - Res. 137/05 - DJ 22, 23 e 24.08.2005 - Conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 32 e 33 da SDI-II
Ação Rescisória - Petição Inicial - Causa de Pedir - Capitulação - "Iura Novit Curia"
Não padece de inépcia a petição inicial de ação rescisória apenas porque omite a subsunção
do fundamento de rescindibilidade no art. 485 do CPC ou o capitula erroneamente em um de
seus incisos. Contanto que não se afaste dos fatos e fundamentos invocados como causa de
pedir, ao Tribunal é lícito emprestar-lhes a adequada qualificação jurídica ("iura novit curia"). No
entanto, fundando-se a ação rescisória no art. 485, inc. V, do CPC, é indispensável expressa
indicação, na petição inicial da ação rescisória, do dispositivo legal violado, por se tratar de
causa de pedir da rescisória, não se aplicando, no caso, o princípio "iura novit curia". (ex-OJs
nºs 32 e 33 - ambas inseridas em 20.09.00)

 I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou


corrupção do juiz

A sentença é rescindida, pois é produto de uma atividade criminosa do juiz.


Essa rescisória não pressupõe sentença penal condenatória contra o juiz. É
possível apurar este ilícito na própria ação rescisória.
A produção de prova no tribunal pode se dar:
 perante o relator da ação rescisória, pedir prova para que o juiz acolha
a prova.
 ou relator expede carta de ordem para o juiz de 1ª instância por carta de
ordem expedida pelo tribunal
Atenção! Se já há sentença absolutória no âmbito penal por negativa de
autoria ou de materialidade não cabe ação rescisória.

 II – Proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente.


Trata-se de uma rescisória com um problema formal:
 O juiz é impedido
 O juiz é absolutamente incompetente.
Não contempla suspeição e incompetência relativa.

 A rescisória por incompetência absoluta permite o pedido de


rejulgamento?
R. Para responder a esta pergunta é preciso analisar que a decisão rescisória
pode ser feita de:
 Uma decisão do juiz (sentença)
 De uma decisão do tribunal (acórdão)
 TRF/TJ – julga sentenças de seus julgados e sentença dos
juízes a eles vinculados.
 STJ – julga suas causas + sentença internacional juiz fed.
 STF – julga seus julgados

Apenas quem julga rescisória é tribunal e todo tribunal julga a rescisória


de seus julgados.

Obs. STJ julga suas causas e há uma peculiaridade: ele julga sentença de juiz
federal das causas internacionais art. 109,II CF, 88.

Rescisória por incompetência absoluta não permite julgamento nos


acórdãos.

Obs. Se a rescisória é por incompetência absoluta por tribunal que proferiu a


decisão rescidenda não é possível pedir o rejulgamento, pois significaria pedir
que o tribunal erre novamente.
Ex. não cabe rescisória de decisão do Supremo alegando incompetência do
STF.

Resposta: caberá pedido de rejulgamento na rescisória por


incompetência absoluta quando se pretender rescindir uma sentença e o
tribunal tiver competência para a matéria do rejulgamente.

No que tange à rescisória de sentença por incompetência absoluta é possível


pedir rejulgamento, pois o tribunal não é incompetente para causa cível, mas o
juiz que julgou a causa.
Ex. juízo de família julgando causa cível. É pedido a rescisão da sentença do
juízo de família no TJ que por sua vez é competente para fazer o rejulgamento
da causa.
 III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte
vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

Há uma orientação de que a interpretação dada pelo inciso III, de que qualquer
comportamento da outra parte contrária a boa fé objetiva permite a rescisória.
Ler Editorial 103 do Didier.

Vide Súmula 403 TST - Sentença homologatória de acordo não se encaixa no


inciso III.

Súmula nº 403 - TST - Res. 137/05 - DJ 22, 23 e 24.08.2005 - Conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 111 e 125 da SDI-II
Ação Rescisória - Dolo da Parte
I - Não caracteriza dolo processual, previsto no art. 485, III, do CPC, o simples fato de a parte
vencedora haver silenciado a respeito de fatos contrários a ela, porque o procedimento, por si
só, não constitui ardil do qual resulte cerceamento de defesa e, em conseqüência, desvie o juiz
de uma sentença não-condizente com a verdade. (ex-OJ nº 125 - DJ 09.12.03)
II - Se a decisão rescindenda é homologatória de acordo, não há parte vencedora ou vencida,
razão pela qual não é possível a sua desconstituição calcada no inciso III do art. 485 do CPC
(dolo da parte vencedora em detrimento da vencida), pois constitui fundamento de
rescindibilidade que supõe solução jurisdicional para a lide. (ex-OJ nº 111 - DJ 29.04.03)

 IV - ofender a coisa julgada;


A rescisória é um instrumento para proteger a coisa julgada.
Ex. CJ2 violou a CJ1. Assim, a CJ2 pode ser rescindida.
Há conflitos de coisa julgada.

 Se a CJ2 não for rescindida prevalece qual?


R. No conflito entre coisa julgada prevalece a 1ª, tanto que eu posso rescindir a
2ª, ou seja, se a 2ª for rescindida prevalece a 1ª.

 Cabe pedido de rejulgamento na rescisória por ofensa a coisa


julgada ou esta apenas permite o pedido de rescisão?
R. A CJ tem 2 efeitos:
 Negativo: proibir, impedir nova decisão sobre o que já se decidiu.
Assim, se a 2ª coisa julgada violou o efeito negativo da 1ª coisa julgada, não
cabe pedido de julgamento.

Rescisória por ofensa ao efeito negativo de coisa julgada não permite


rejugamento.

 Positivo: obrigar que ela seja levada em consideração quando for


fundamento de uma demanda.
Ex. coisa julgada que reconhecendo paternidade. Após é impetrada ação de
alimentos. Neste caso, o juiz tem que levar em consideração que o autor é filho
do réu, pois se não o fizer estará ofendendo o efeito positivo da coisa julgada.

Rescisória por ofensa ao efeito positivo de coisa julgada permite


rejulgamento.
 Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em
processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória;

Obs.1: trata-se de uma rescisória por questão de injustiça, pois se funda em


prova falsa.

Obs.2: a prova falsa é o fundamento da decisão, ou seja, se a decisão se


sustenta em outra prova não caberá rescisória.

Obs.3: a prova falsa pode ser qualquer prova: testemunhal, pericial ou


documental.

Obs.4: a falsidade material pode ser tanto uma falsidade material quanto
ideológica.

Obs.5: a falsidade pode ser apurada na própria ação rescisória.

 Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja


existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só,
de Ihe assegurar pronunciamento favorável;

Trata-se de rescisória por documento novo.


Obs.1: O que é documento novo? Documento novo é um documento que já
existia ao tempo da decisão, mas não foi utilizado pois a sua existência era
ignorada ou não podia ser utilizado a época.
Recentemente, a Jurisprudência e doutrina foram reconstruindo a
compreensão sobre o que seja documento novo, principalmente em razão do
exame de DNA. Começou a admitir que o exame de DNA (perícia nova)
podendo ser utilizado mesmo feito após o transito em julgado.
O projeto de novo CPC admite este entendimento e fala em prova nova.

Obs.2: não é qualquer documento novo que autoriza a rescisória. Tem que ser
um documento novo que por si só altere a decisão tamanha a sua força
probatória. (por isso exame de DNA passou a ser admitido).

 VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência


(renúncia) ou transação, em que se baseou a sentença ( + pedido de
reconhecimento da procedência do pedido) ;

Considerações prévias:
Sentenças homologatórias são aquelas que homologam negócios de
autocomposição como a transação, renúncia e o reconhecimento da
procedência do pedido. São sentenças de mérito (art.269 CPC) e sentenças
rescindíveis.
Trata-se de uma rescisão da sentença não por nulidade desta, mas pelo
problema de validade no qual ela se baseou, no caso a nulidade da confissão,
desistência ou transação.
Desistência não gera decisão de mérito. Assim, deve-se ler renúncia.
Ademais deve-se acrescentar o pedido de reconhecimento da procedência
do pedido, pois o inciso VIII é omisso neste ponto.

O principal problema do inciso VIII, é a compatibilização dele com o art.486


CPC.

Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil.

Comentando o art.486 CPC: para este artigo ter sentido


Ato judicial = ato processual da parte ou do servidor.
Rescindido = invalidado

Art. 486. Os atos processuais da parte ou do servidor, que não dependem de sentença, ou em
que esta for meramente homologatória, podem ser anulados, como os atos jurídicos em geral,
nos termos da lei civil.

Assim, o art. 486 CPC cuida de uma ação para anular ato da parte. Ele não
tem nada a ver com ação rescisória.

Ex. confissão é um ato da parte que não depende de sentença.


Ex. transação é um ato da parte que não depende de sentença.

 Assim como compatibilizar o Art.485,VIII CPC que fala em rescindir


sentença e o art.486 que fala em anular ato da parte que independe
de sentença?
R. A diferença entre a rescisória do 485, VIII e anulação do 486 é a coisa
julgada.
Se há coisa julgada cabe rescisória.
Se não há coisa julgada há ação anulatória.
Vide art.352 CPC – ele fala da confissão, mas pode aplicar por analogia a
renúncia, transação.

Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada:
I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita; (não há coisa julgada)
II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único
fundamento. (há coisa julgada)
Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor a ação, nos casos de que trata este
artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.

Atenção! O caput do art. 352 CPC foi revogado pelo CC. O CC transformou
em:

Art. 352. A confissão, quando emanar de erro de fato ou coação, pode ser anulada:

Assim o CC não permite mais anulação de confissão por dolo e só permite


anulação da confissão por erro de fato.
Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de
coação.

IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos


da causa.
Trata-se de uma rescisória por injustiça na medida em que ela se funda em
erro de fato.
Há erro de fato é dizer o contrário do que aconteceu: Juiz afirma que aconteceu
quando não aconteceu ou ele afirma que não aconteceu quando aconteceu.

Só haverá erro de fato quando não tiver havido controvérsia acerca do fato, ou
seja, ninguém levantou a possibilidade.
Por isso há rescisória por erro de fato é muito utilizado por quem foi revel uma
vez que não houve controvérsia sobre o fato.
Vide §§1º e 2º do art.485 CPC:

§ 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente


um fato efetivamente ocorrido.
§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem
pronunciamento judicial sobre o fato.

5. Peculiaridades do Processo de Ação Rescisória:

i. Depósito obrigatório da ação rescisória: 5% sobre o valor da causa.


Ele fica em juízo para a hipótese em que o autor perder a ação rescisória por
unanimidade. Neste caso, o valor reverterá a outra parte.

Nas causas trabalhistas o depósito é de 20% sobre o valor da causa.


Algumas pessoas estão liberadas deste depósito:
 Beneficiário da justiça gratuita
 MP
 Fazenda Pública
 Caixa Econômica Federal em rescisórias que envolvem FGTS.

ii. Não Suspende automaticamente a execução da decisão


rescindenda:
Cabe tutela antecipada para impedir a execução da decisão rescindenda.

iii. Prazo de Defesa:


O relator da rescisória definirá o prazo de defesa da ação rescisória que poderá
variar de 15 a 30 dias.
Se a Fazenda Pública for ré da rescisória, o prazo será em quádruplo: 60 a 120
dias.

iv. Se houver revelia na ação rescisória, não haverá confissão ficta


(presunção de veracidade).
Não há presunção de veracidade contra coisa julgada.
v. Cabe reconvenção em ação rescisória, desde que a reconvenção
seja também uma ação rescisória e sejam a rescisória da mesma
decisão.
Ex. o réu reconvém para pedir a rescisória de um outro capítulo da mesma
decisão.

vi. Modulação dos Efeitos da Rescisão


Atualmente se defende a possibilidade do tribunal ao rescindir a decisão
modular os efeitos da rescisão, aplicando-se o Princípio da Confiança.

Ex. rescisória por incompetência absoluta, mas não anula todos os atos,
modulando os efeitos.

Encontra-se em sentido favorável e contrário a modulação. Trata-se de tema


novo no direito brasileiro.

vii. Acórdão não unânime que rescinde é impugnável por embargos


infringentes.
Se o acórdão for unanime – não cabe embargos infringentes
Se o acordão for não unânime e não rescidir – não cabe embargos infringentes

viii. Rescisória de Rescisória


É possível o cabimento de rescisória do julgamento da rescisória. Vide súmula
400 TST.

Súmula nº 400 - TST - Res. 137/05 - DJ 22, 23 e 24.08.2005 - Conversão da Orientação


Jurisprudencial nº 95 da SDI-II
Ação Rescisória de Ação Rescisória - Violação de Lei - Indicação dos Mesmos Dispositivos
Legais Apontados na Rescisória Primitiva
Em se tratando de rescisória de rescisória, o vício apontado deve nascer na decisão
rescindenda, não se admitindo a rediscussão do acerto do julgamento da rescisória anterior.
Assim, não se admite rescisória calcada no inciso V do art. 485 do CPC para discussão, por
má aplicação dos mesmos dispositivos de lei, tidos por violados na rescisória anterior, bem
como para argüição de questões inerentes à ação rescisória primitiva. (ex-OJ nº 95 - inserida
em 27.09.02 e alterada DJ 16.04.04)

Aula online 01 - Didier


RECLAMAÇÃO

1) Conceito:
Reclamação é uma ação autônoma de impugnação. Pela reclamação objetiva-
se impugnar uma decisão judicial (assim como a rescisória).

2) Competência:
Trata-se de uma ação de competência de tribunal que é muito mais utilizada no
STF e STJ.
O Supremo já a decidiu que é possível que as constituições estaduais possam
prever reclamação para os tribunais de justiça. Entretanto isso não seria
possível para os TRF’s, o que Didier discorda, pois para ele seria uma espécie
de competência implícita (o projeto de CPC prevê reclamação para qualquer
tribunal).
3) Peculiaridades processuais da reclamação:
O procedimento da reclamação é semelhante ao do MS:
 A reclamação pressupõe prova pré-constituída (documental).
 A reclamação permite liminar.
 A reclamação é necessário ouvir a autoridade reclamadora para prestar
informações na reclamação.
 A intervenção do MP é obrigatória na reclamação.
 Não se admitem embargos infringentes na reclamação.
 É necessário ouvir o contraditório a parte que se beneficia do ato. É uma
garantia do contraditório.
 A reclamação permite decisão monocrática do relator se a reclamação
veicular tema que esteja consagrado na jurisprudência do tribunal,
cabendo agravo interno contra esta decisão.
 Um julgado do Supremo permitiu que MP que atua em 1ª ou 2ª instância
(promotor, procurador de justiça) pode entrar com reclamação no
Supremo (isso permite a autonomia do MP). O PGR atua como fiscal.
Vide editorial 119 do Didier.
 Reclamação não é recurso, ou seja, não tem prazo para ser ajuizada.
Entretanto não é possível entrar com reclamação que transitou em julgado,
pois não é uma rescisória.
Exceção! De três anos pra cá o STJ passou a admitir reclamação para o
STJ contra decisão de turma recursal de juizados especiais. Essa
reclamação possui prazo de 15 dias, uma vez que é neste prazo há o
trânsito em julgado da decisão.

4) Objetivos da reclamação:
Premissa: a reclamação é uma ação típica. Significa dizer que não é possível
entrar com reclamação sob qualquer fundamento, ou seja, é uma ação com
fundamentação vinculada.
A reclamação é uma ação que somente pode ser proposta por 2 fundamentos:
 Reclamação por usurpação de competência.
Reclama-se ao tribunal alegando que foi usurpada a competência do tribunal
perante o qual o sujeito reclama.
Ex. Resp é interposto na Bahia, ele é admitido, mas não é remetido ao STJ.
Com a omissão, o presidente do TJBA está usurpando a competência do STJ.
Ex. quando a maioria absoluta de um tribunal é suspeita, mas não remete os
autos ao Supremo.
 Reclamação por desrespeito à autoridade da decisão.
O órgão jurisdicional reclamado está desrespeitando a autoridade do tribunal.
Essa é a mais utilizada.
Ex. tribunal determina que execução se processe de uma maneira, mas juiz faz
diferente.
Ex. juiz desrespeita o que se decidiu em ADIN, ADC, ADPF, mesmo que essa
decisão seja liminar. É o que ocorre quando juiz aplica lei inconstitucional. É o
que mais ocorre na prática.
Ex. desrespeito à sumula vinculante.
Ponderação: pode ser uma reclamação contra ato administrativo. A diferença é
que a reclamação por desrespeito à súmula vinculante pressupõe que se
esgote as instâncias administrativas.
Ex. reclamação contra acórdão de turma recursal que vai para o STJ. Há prazo
de 15 dias e cabe quando decisão de turma recursal contrariar súmula ou
julgamento de recursos repetitivos do STJ.
Em alguns precedentes o STJ decidiu que essa reclamação só cabe em tema
de direito material. Para Didier essa é uma decisão absurda, tanto que em
algumas decisões o STJ admite exceções e admite questão processual, como
multa diária (vide editorial 136).

Em um caso concreto o Supremo julgou ADIN de uma lei estadual que feria a
competência da União declarando-a inconstitucional. Ocorre que uma lei de
outro Estado com o mesmo teor foi aplicada em caso concreto. Foi movida uma
uma reclamação alegando que a questão já foi decidida anteriormente pelo
Supremo anteriormente. O supremo admitiu a reclamação, pois os motivos que
justificavam a inconstitucionalidade daquela lei transcendia para outros casos
semelhantes o que se chama de Transcendência dos motivos
determinantes. Entretanto, o Supremo mudou este entendimento (editorial
168).

Aula 08
TEORIA GERAL DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

1) Tipos de Sentença e a sua respectiva exequibilidade:


A sentença tem vários tipos de classificação da sentença: a classificação
quanto aos seus efeitos preponderantes podem ser declaratórias, constitutivas
ou condenatórias.

1.1) Sentença declaratória:


Conceito: é aquela que visa debelar uma crise de certeza/incerteza jurídica.
Ela tem por objetivo declarar a existência ou inexistência de uma relação
jurídica (art.4º, CPC). É a única que tem expressa previsão no CPC vigente.

Ex. dúvida acerca do estado de filiação. Assim, ajuízo ação de investigação de


paternidade.
Ex. sentença que acolhe usucapião objetiva declarar uma relação jurídica de
propriedade. Note que o sujeito já é dono, pois j[a preencheu os requisitos
legais.
Ex. Pretensões para declarar a inexistência de dívida (relação jurídica).

A ação declaratória é uma sentença intransitiva, pois ela tem carga eficacial
completa, o que significa dizer que não há execução de sentença
declaratória (ela sujeita o réu à potestatividade do direito do autor).

Ex. procedência de ação de paternidade. Registrar no cartório é apenas uma


mera formalidade, sendo que o sujeito vai herdar independentemente disso ou
do fato do pai aceitar ou não.
Ex. o registro do usucapião não é essencial para ter reconhecida a propriedade
da pessoa

Sentença Declaratória
Regra geral: efeito ex tunc.
Regra geral: as ações que pretendem uma sentença declaratória são
imprescritíveis.

1.2) Sentença constitutiva ou desconstitutiva:


Visa debelar a crise de situação jurídica. O objetivo da sentença constitutiva
é criar, modificar ou extinguir relação jurídica.

Ex. Ação de divórcio. Existe a relação jurídica do casamento e pretende-se


desconstituí-lo.
Ex. modificação (revisional) ou rescisão de contrato.
Ex. Ação de adoção.

Atenção! Na sentença declaratória há dúvida quanto a existência da relação


jurídica. Na sentença constitutiva há certeza da relação jurídica, mas pretende-
se modificar, extinguir ou criar.

Assim como na sentença declaratória, a sentença constitutiva possui carga


eficacial completa, o que significa dizer que, regra gera, não há execução
(sujeita o réu a potestatividade).
Ex. a pessoa não pode se negar ao divórcio.
Ex. quando desconstituo um contrato simplesmente não cumpro mais.

Sentença Constitutiva
Regra Geral: efeito ex nunc.
Regra Geral: estão sujeitos a prazo decadencial.
(ler Agnela Amorim)

1.3) Sentença condenatória.


Há uma crise de inadimplemento. O objetivo da sentença condenatória é
reconhecer a existência de uma obrigação/ prestação (pagar/fazer e não
fazer/ entrega), cujo descumprimento gera sanção.
Quando o Estado desperta uma sanção ela comporta uma execução. Significa
que o descumprimento gera sanção que comporta uma execução.

Sentença condenatória
Regra Geral: efeito ex tunc.
Regra Geral: estão sujeitos a prazo prescricional.

Execução pode ser realizada de 02 formas e 02 técnicas difentes, por


questão de política legislativa:

02 formas:
a) Formação de um processo de execução.
Nova relação jurídica processual com autonomia.
Ex. ganhei uma ação de conhecimento e começo um novo processo de
execução.

b) Uso da fase (módulo) de execução.


Não há uma nova relação, ou seja, não há autonomia. Trata-se de processo
sincrético em que conhecimento e execução se dão no mesmo processo.
Inicia-se um novo módulo de execução. Trata-se de uma fase.

Atenção! No Brasil há as 02 formas, ou seja, não é possível afirmar que o


Brasil adotou o processo sincrético.

02 técnicas:
a) Execução Direta:
Por sub-rogação, substituição da parte renitente.
Ex. ação reconhece entregar o carro para o autor. Devedor descumpre. Juiz
determina a apreensão do carro.

b) Execução Indireta:
Trata-se de execução por coerção, cujos principais mecanismos são a multa e
a prisão.
Eles atuam sobre a vontade do devedor.
Ex. Vizinho não para de fazer barulho. Juiz determina multa.
Ex. Alimentos. Prendo o devedor para que ele seja solto.

A lei é que define a forma e a técnica que serão adotadas.

2) Execução e Autonomia:

2.1) Execução não autônoma:


É aquela execução por fase (sincrética) em processo de conhecimento.
Há 02 casos:
a) sentença que reconheça obrigação de pagar, fazer e não fazer, ou
dar (art.475-N, I, CPC).
b) Sentença que homologa a transação em sentença de pagar, fazer
ou não fazer e dar (art.475-N,III, CPC).

2.2) Execução autônoma (novo processo, mas pode ser nos mesmos autos):
Há 05 casos:
a) Títulos extrajudiciais (Livro III).
b) títulos judiciais paraestatais/parajudiciais (art.475-N,II, IV e VI):
 Sentença penal condenatória.
 Sentença arbitral.
 Sentença estrangeira (art.475, N, p.ú)
A opção por esta forma se justifica, pois não há juízo cível estatal nacional. Não
há ação de conhecimento para continuar
Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a
ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

c) Formal ou certidão de partilha (art.475-N,VIII)


Quando há uma decisão judicial em inventário, o juiz expede certidão de
partilha que atesta que porção de bens do de cujus vai para um herdeiro X.
Caso não seja respeitado esta certidão, poderá o herdeiro executar a sua
porção.
d) Título Judicial contra a Fazenda Pública que reconheçam obrigação
de pagar (art.730 do CPC – art.100 da CF).
Trata-se do padrão precatório. Nas obrigações de dar ou fazer/ não fazer
contra a fazenda pública, a execução é não autônoma conforme art.475-N,I
CPC). Ex. entregar remédio, internar doente etc.

e) Execução de Alimentos fundada no art.733 do CPC:


03 últimas prestações vencidas + vincendas. Isso é opção do legislador.
Apesar de ser uma execução autônoma, ela é baseada em título judicial.

Conclusão:
04 são execuções autônomas de títulos judiciais.
01 é execução de título extrajudicial.
Assim, existe execução autônoma de título judicial.

2.3) Execução Mista:


Depende do caso concreto definir se a execução é autônoma ou não
autônoma.
Ex. Execução de alimentos do art. 732 do CPC.
 Se os alimentos foram vencidos no próprio processo em que fixados
cabe execução não autônoma (ex. investigação de paternidade c/c
alimentos).
Ex. Foi reconhecida filiação em ação de paternidade c/c direito a alimentos
reconhecidos por 24 meses.
No que tange aos 3 últimos meses ele pode entrar com execução autônoma.
No que tange as demais ele entra com execução não autônoma.

 Se os alimentos foram vencidos fora do próprio processo em que


fixados (ex. investigação de paternidade c/c alimentos já arquivados)
execução autônoma com distribuição e nova relação jurídica processual.

Em ambos os casos do art.732 CPC (autônoma ou não autônoma) o STJ


(REsp 1.177.594-RJ) entendeu que, por se tratar de execução de título judicial
e pagar, aplica-se o art.475-J do CPC (multa de 10%).

Atenção! Quando aplica-se sanção de pena de prisão civil do art.733 CPC não
é possível aplicar a multa supracitada, pois a primeira já é uma sanção muito
complexa.

3) Regime Jurídico do Cumprimento de Sentença:


Execução dos títulos judiciais. O art.475-I CPC regulamenta o cumprimento de
sentença no Brasil.
Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou,
tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos
deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 1o É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de
sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. (Incluído
pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 2o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover
simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta. (Incluído pela
Lei nº 11.232, de 2005)
Assim a execução pode ser:
a) Se for obrigação de fazer e não fazer (execução por
transformação) – art.461 CPC.
Quando se tratar de obrigação de fazer ou não fazer, há a atipicidade dos
meios executivos. Ex. multa, restrição de direitos, modificação de horários etc.

b) Obrigação de dar/entregar (execução por desapossamento) –


art.461-A do CPC.
Quando se tratar de obrigação de dar/entregar, há a atipicidade dos meios
executivos. Ex. multa, restrição de direitos, modificação de horários etc.

c) Obrigação de pagar (de quantia – execução por expropriação) -


art.475-J até art.475-R do CPC.
Quando se tratar de obrigação de pagar, há a tipicidade dos meios
executivos que é a penhora.

4) Títulos Executivos Judiciais:


Atenção! Prevalece o entendimento de que a criação de títulos judiciais está
limitada por lei, ou seja, não é possível o pacto executivo para criar título
executivo.
Obs. Título executivo por título executivo. Os títulos executivos judiciais são um
rol taxativo do art.475-N CPC, embora admita-se algumas exceções.

4.1) Sentença que reconhece obrigação de pagar, dar fazer e não fazer
(art.475-N,I, CPC).

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer,
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Esse é o título executivo por excelência, pois em 90% das ações de execução
versam sobre esta matéria.

04 observações:
 Onde se lê “sentença” é melhor ler “decisão judicial” (acórdão, decisões
interlocutórias como a tutela antecipada etc.).
 A sentença de improcedência e a extintiva sem julgamento do mérito
também pode ser executada, no capítulo da sucumbência.
 Reconhecem-se obrigações de dar, fazer e pagar fora do processo de
conhecimento que também são executáveis.
Há excepcionalmente ações cautelares e processos de execução que podem
desaguar em reconhecimento de obrigação.
Ex. execução do art.601 CPC – litigância de má fé, pode executar.
Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz,
em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução,
sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá
em proveito do credor, exigível na própria execução.(Redação dada pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)
Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticar
qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao credor
pela dívida principal, juros, despesas e honorários advocatícios. (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973)
Ex. cautelar dos alimentos provisionais – art.852 CPC – prevê que juiz julgará a
cautelar e determinará o pagamento de alimentos.

 Exequibilidade da sentença declaratória (STJ, REsp 588.202 – PR,


Rel. Teori Albino Zavascki).
Trata de julgado que remete a retirada da expressão “condenatória” do art.475-
N,I, do CPC.
Prós em se admitir a exequibilidade da sentença condenatória:
i. Economia processual;
ii. Desnecessidade de uma ação de conhecimento para simplesmente
estabelecer sanção para aquilo que já foi declarado.

Contras em se admitir a exequibilidade da sentença condenatória:


i. Inconstitucionalidade do art.475-N,I do CPC, por vício no processo
legislativo. O Senado suprimiu a expressão condenatória e o projeto de lei não
voltou para a Câmara.
ii. Reconhecer a imprescritibilidade das pretensões fundadas em
sentença declaratória. Ex. ações de declaração de torturador e depois executo,
tapeando assim a prescrição.
iii. Contradição com o art. 475-J CPC
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado (pressupõe sentença condenatória) ao pagamento
de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante
da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do
credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de
penhora e avaliação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Conclusões com base no pretérito REsp 588.202- PR e REsp. 1.100.820-


SC (adotar em concursos): é tolerável a exequibilidade da sentença
declaratória, mas desde que:
a) A declaratória reconheça a obrigação e não simplesmente declare a
existência ou inexistência da relação jurídica (art.4º do CPC).
Ex. investigação de paternidade e usucapião não precisa ser executada.

b) A sentença declaratória individualize a norma jurídica aplicável ao


caso, indicando credor, devedor, natureza da obrigação, objeto, etc.
Ex. reconheço a existência de crédito perante o fisco federal no valor de R$10
mil.
c) Necessariamente essas sentenças estarão sujeitas ao mesmo prazo
de prescrição das sentenças condenatórias.

Atenção! Atente-se para a execução de ação declaratória negativa, pois a sua


improcedência costuma gerar uma declaratória executável.
Ex. entro com ação para reconhecer que não te devo R$ 5 mil (meramente
declaratória), mas perco (julgamento improcedente, ou seja, reconhecendo que
deve). Neste caso esta sentença é titula executivo para a parte contraria.

4.2) Sentença penal condenatória transitada em julgado (art.475-N,II,


CPC) (primeiro título judicial paraestatal):
a) não se admite execução dessa sentença se sujeita a recurso
(inexistência de execução provisória).
b) sistema de coordenação entre a jurisdições civil e penal (art.935 do
CC): ambas são autônomas e distintas, ficando a critério da parte demandar no
cível na pendência da ação penal, ou esperar o seu trânsito para
liquidar/executar a sentença condenatória no cível. Chama de efeito
automático da condenação criminal – que é reparar no cível.
Importante notar os pontos de interação entre crime/cível no caso de
absolvição criminal (arts.63 ao 67 do CPP).
 Se a absolvição for por atipicidade ou falta de prova não impede a
ação civil de indenização.
 Se a absolvição for por declaração da inexistência do fato ou da
autoria, ou mesmo nos casos de legítima defesa (salvo no erro de
execução), impede-se a ação civil de indenização (coisa julgada).

c) Possibilidade de o juiz suspender a ação civil até o trânsito em julgado


da criminal (art.110 do CPC).
Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da
existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até
que se pronuncie a justiça criminal.
Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados da
intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a
questão prejudicial.
Ex. mulher matou marido e herdeiros entraram com ação de indignidade.
Aplicou o art.110 CPC porque o júri tinha que decidir se ela era a autora do
crime.
d) Prescrição da ação civil: art. 200 CC estabeleceu que não corre a
prescrição enquanto não transita em julgado a ação penal correspondente.

e) Caso a ação civil reparatória tenha sido julgada improcedente e


depois o causador do dano seja condenado criminalmente, é possível a
execução da sentença penal condenatória no cível?
R. Polêmica
1ªc) (Halberto Terodoro Jr. e Gajardoni) defendem que não.
2ªc) (Shimura) defende que sim em razão da lógica.

f) O juiz não precisa indicar na sentença condenatória a sentença de


execução (efeito automático da condenação, conforme art. 91,I, CP).

g) A validade da sentença penal condenatória só existe contra o


condenado, nunca contra os co-responsáveis (art.932,III e 935 CC).
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
Ex. para condenar o pai, hotel ou patrão tem que entrar com ação penal contra
eles.

h) Superveniência da condenação criminal transitada em julgado na


pendendência da ação civil correspondente: converte-se a ação civil em
liquidação/execução de sentença.
i) A sentença penal condenatória é chamada pela doutrina de título
híbrido (possui 02 naturezas): a condenação tem natureza criminal, mas a
liquidação do dano se dá no cível.
Atenção! Houve uma inovação desta regra a partir do art.387, IV CPP. O juiz
criminal ao proferir a sentença condenatória pode estabelecer um valor mínimo
dos prejuízos sofridos. Neste caso, a sentença criminal deixa de ser um título
híbrido, pois não exige a liquidação.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando
os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

j) Efeitos da procedência da revisão criminal (que absolve) no âmbito da


execução civil de sentença penal condenatória transitado em julgado:
 Se a execução civil já estiver em andamento ela será extinta
com fundamento no art.618 CPC (sem título executivo).
 Se a execução civil já tiver sido extinta pelo pagamento do
dano é possível que o absolvido peça a repetição de indébito.

Atenção! Nada impede a depender do fundamento da absolvição na revisão


criminal (falta de provas, por exemplo), que o ofendido demande no cível pelos
danos. A prescrição tem que contar do trânsito em julgado.

4.3) Sentença Homologatória de Conciliação ou transação, ainda que


inclua matéria não posta em juízo (art. 475-N,III, CPC):
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não
posta em juízo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

A. O legislador coloca erroneamente conciliação ou transação como se


fossem termos antagônicos, pois confunde a técnica com o resultado da
técnica. A técnica para obter acordo pode ser conciliação, mediação,
negociação etc. O resultado desta técnica é o acordo/ auto composição que
pode se dar de 03 formas: transação, renúncia ao direito, reconhecimento do
pedido (pelo réu).
Deveria estar a transação (e não conciliação) que é o reconhecimento
jurídico do pedido ou renúncia ao direito que se funda a ação, ainda que inclua
matéria não posta em juízo.

Aula 09
4.4) Sentença arbitral (art.475-N, IV CPC)
A sentença arbitral é um dos três títulos parajudiciais, paraestatais.

a) Somente é título executivo judicial aquele que reconhece obrigação (dar,


pagar e fazer).

Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da
sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título
executivo.

b) Controvertida a possibilidade de prolação se sentença arbitral ilíquida.


Existem duas posições a respeito, quais sejam:
 Carmona: este professor afirma que é possível (embora atípico), mas a
liquidação será perante o poder judiciário, pois o arbitro só tem
competência para proferir sentença;
 Tanto quanto os títulos extrajudiciais, se a sentença arbitral for ilíquida
ela não é título executivo.

c) A sentença arbitral como título executivo pode ser afastada/defendida


tanto por impugnação ao cumprimento de sentença (art.475-L do
CPC) tanto por ação de nulidade da sentença arbitral (art.32/33 da Lei
9.307/96).
Art. 32. É nula a sentença arbitral se:
I - for nulo o compromisso;
II - emanou de quem não podia ser árbitro;
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.
Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a
decretação da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.
§ 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento
comum, previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo de até noventa
dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento.
§ 2º A sentença que julgar procedente o pedido:
I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII;
II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais hipóteses.
§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser argüida mediante ação
de embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil, se
houver execução judicial. (está errado, pois trata-se na verdade de impugnação ao
cumprimento de sentença, conforme art.475-L).

4.5) O acordo extrajudicial de qualquer natureza homologado em juízo


(art.475-N,V, CPC):
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)

a. Procedimento de jurisdição voluntária.


b. Acordo extrajudicial de alimentos. Durante muitos anos
prevaleceu o entendimento de que o homologado daria ensejo à prisão do
devedor (art.733 do CPC). O STJ mudou o entendimento e atualmente admite
execução do art.733 de título extrajudicial (STJ, Resp.1.285.254-DF, Rel.
Marco Buzzi).
Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz
mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou
justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

c. Se o acordo foi homologado por juiz absolutamente incompetente,


fica mantida sua eficácia com título extrajudicial (art.585,II, CPC) e não como
cumprimento de sentença.

4.6) Sentença estrangeira homologada pelo STJ (art.475-N, VI, CPC):


a) tanto a sentença estatal quanto a arbitral (sentença arbitral é
estrangeira se proferida fora do país, ou seja, local de prolação do laudo)
precisam ser homologadas pelo STJ
b) tanto quanto os demais títulos executivos, só aquelas sentenças
estrangeiras que reconhecem obrigação.
É o mesmo entendimento da sentença arbitral – é necessário que a sentença
arbitral e estrangeira reconheça uma obrigação (ex. dar, fazer, pagar etc.).
Portanto, se não for (meramente declaratória ou constitutiva), não será
homologada pelo STJ.
Exceção: art.4º, §1º da Resolução STJ n.09: o STJ homologará procedimentos
não jurisdicionais ou declaratórios/constitutivos se isso for necessário para a
sentença estrangeira ter eficácia no Brasil.
§1º Serão homologados os provimentos não-judiciais que, pela lei
brasileira, teriam natureza de sentença.
Ex. no Brasil o procedimento de interdição é constitutiva. Caso seja dada a
interdição em um outro país, será levada ao STJ para homologação, apesar de
ser constitutiva, pois assim será averbada no cartório no Brasil.
Ex. no Brasil a nomeação de curador é meramente constitutiva. Caso seja
nomeado em um outro país, será levada ao STJ para homologação, apesar de
ser constitutiva, pois assim será averbada no cartório no Brasil.

c) Processo de homologação de sentença estrangeira:


o Resolução nº 09 STJ;
o Arbitragem – art.34 e ss da Lei 9.307;
o Estatal – arts. 482 e ss, CPC.
d) Sempre não importa o que foi homologada, a execução de
sentença estrangeira (arbitral ou estatal) será da justiça federal (art.109,X , da
CF).

4.7) Formal (art.1.026 do CC) ou Certidão de Partilha (art.1.027, p.ú.,


do CC) (art.475-N,VII):
Formal é o documento ao final do inventário que atesta quais bens ficarão a
cargo de cada herdeiro. O que diferencia da Certidão é o valor dos bens.
Aquele é mais burocrático, enquanto este é mais simples.
a) Só é título executivo judicial – dando ensejo, portanto, a
execução - se for utilizado contra inventariante, herdeiros ou sucessores
(singular ou universal).
b) Se for utilizado contra terceiros, não vale como título executivo,
devendo a parte beneficiada pelo bem ajuizar ação de conhecimento.

4.8) Outras Hipóteses de Títulos Judiciais (exceções ao rol taxativo):

I) Mandado Monitório convertido em título judicial (art. 1.002-C, 2ª parte,


CPC).
Art. 1.102-C. No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que
suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á,
de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado
executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei. (Redação
dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
II) Decisões interlocutórias que antecipam tutela e reconhecem obrigação
(dar, fazer, pagar). A doutrina discute 02 posições acerca da natureza
deste ato:
a. Marinoni: Exceção à regra da nulla executio sine titulo;
(quando o réu não cumpre tutela antecipada) – é uma
hipótese de execução sem título.
b. Gajardoni e STJ (Resp.885.737-SE, Rel. Min. Francisco
Falcão, j. 27.02.2007): trata-se de título executivo judicial
com arrimo no art.475-N,I, CPC, porém provisório.
Portanto, não se está diante de uma execução sem título.
Atenção! Ambas as posições, contudo, destacam que em se tratando de título
executivo judicial expressamente previsto em lei, a sanção/execução pelo
seu descumprimento é automática e não depende da vontade do juiz
(obrigação advém da lei). Enquanto para as execuções sem título ou com
título provisório, a sanção/execução só pode ser despertada a partir da
vontade/convencimento judicial (que concedeu a tutela antecipada).

5) Competência para o cumprimento de sentença (art.475-P do


CPC).

Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; (Incluído pela Lei nº 11.232,
de 2005)
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença
arbitral ou de sentença estrangeira. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqüente poderá optar pelo
juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do
executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Tem 03 regras:
5.1) Competência Originária (art. 475-P,I,CPC):
Competência funcional absoluta: competente é o próprio Tribunal que julgou a
ação originária. Ex. execução de honorários a rescisória, MS etc.

5.2) Competência é do juiz de 1º grau que processou a causa na


fase/processo de conhecimento (Art.475-P,II do CPC).
Trata-se de competência funcional, ou seja, competência absoluta.
Exceções (causas modificativas de competência absoluta):
 Causas Modificativas Legais (art.87 do CPC, 2ª parte): supressão do
órgão judiciário ou alteração da competência material ou hierárquica da
vara.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes
as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando
suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da
hierarquia.
Ex. Mudança da Vara em razão da matéria. Processo transitou em julgado na
Vara Estadual (3ª Vara Cível) que virou Vara de Família.
 Causas Modificativas Voluntárias (art.475-P,p.ú., CPC).
Finalidade é facilitar a execução/satisfação do crédito. Cria-se foros
concorrentes e autorizam o exequente a prosseguir na execução:
i. Na vara da fase de conhecimento;
ii. No local onde estão os bens do executado;
iii. No local onde é domiciliado o executado (remessa dos autos).

 Causa Modificativa Jurisprudencial (STJ, Resp. 436.251-MG) (STJ


CC. 118.340-MS, j.11.09.2013):
Execução de alimentos, que além das 03 hipóteses do item anterior
(modificação voluntária), pode o exequente executar a sentença perante o seu
próprio domicílio (casos em que mudou de cidade após a fase de
conhecimento). Fundamento: proteção da vida e dignidade do
incapaz/alimentando.

5.3) Competência por distribuição livre (art.475-P,III CPC):


Trata-se de uma caso de competência territorial e relativa.
Títulos paraestatais ou parajudiciais (sentença penal condenatória, sentença
arbitral e sentença estrangeira). Esses títulos não prosseguem nos mesmos
autos, porque não é cível estatal brasileiro.
Atenção! Se for sentença estrangeria será distribuído n0 1º grau da justiça
federal – art.109, X CF.

Lembrando: art.475,I do CPC quando for:


 Obrigação de fazer ou não fazer (art.461 CPC).
 Obrigação de dar 461-A
 Obrigação de pagar – art.475-J, CPC

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE PAGAR

Atenção! Apesar da execução ser autônoma, esse regime também é aplicável


aos títulos paraestatais de pagar (p.ú. do art.475-N CPC).

1) Liquidação de Sentença (art.475-A a H do CPC).

1.1) Conceito de Iliquidez:


A iliquidez é um estado de indeterminação do valor da obrigação que depende
de elementos externos a serem objeto de cognição judicial.
Ex. “réu deverá pagar 13 salários mínimos corrigido pelo IGPI e juros de mora
de 1%”.

1.2) Objetivo da Liquidação de Sentença:


Apurar o quantum, valor nas sentenças que reconheçam (ainda que
implicitamente) obrigações genéricas, já que a liquidez é requisito básico para
a execução dos títulos (art.586 e 618 do CPC).
Atenção! Existem sentenças que são de improcedência, e por este fato geram
responsabilidade processual pelo dano. Elas precisam ser liquidadas para se
calcular o dano.
Ex. art.811 do CPC – Trata da Responsabilidade objetiva do auto da cautelar.
Cautelar para tirar mulher de casa porque ela estaria me batendo. Perco a
ação principal. A mulher pega a sentença de improcedência da ação, ela pode
liquidar para reaver valores que gastou quando foi despejada.

Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde
ao requerido pelo prejuízo que Ihe causar a execução da medida:
I - se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável;
II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação
do requerido dentro em 5 (cinco) dias;
III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808,
deste Código;
IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do
direito do autor (art. 810).
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar.

1.3) Natureza da Liquidação de Sentença:


02 posições:
a) (Minoritário) Nery e Araken: a natureza jurídica da liquidação de
sentença é de processo autônomo (sucessivo), embora encartado
nos mesmos autos da fase de conhecimento (sem citação, portanto);
b) (Majoritário) Cássio, Marinoni, Gajardoni etc.: natureza jurídica da
liquidação de sentença é de incidente processual ou fase (tanto
quanto a fase de execução). É um processo sincrético. Argumento
reforçado pelo art.475-A, §1º, do CPC (fala em intimação).
§ 1o Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu
advogado. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Os adeptos da 2ª posição dominante, entretanto, estabelecem uma exceção,
isto é, uma hipótese em que a liquidação será autônoma (embora encerrada
por decisão interlocutória): títulos parajudiciais/paraestatais (art.475-N, p.ú,
do CPC).
Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a
ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Seja qual for a posição adotada, todos são expressos ao afirmar a natureza
cognitiva (e não executiva) da liquidação da sentença.

1.4) Competência:
Segue a regra do art.475-P,I , II e III do CPC.
Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; (Incluído pela Lei nº 11.232,
de 2005)
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença
arbitral ou de sentença estrangeira. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Atenção! Não é possível se aplicar o art.475-P, p.ú do CPC já na fase de
liquidação (são as causas modificativas voluntárias de competência).
Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqüente poderá optar pelo
juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do
executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Não pode pedir o encaminhamento dos autos para liquidar no domicílio do


liquidado ou local dos bens, pois o juízo da condenação, por já conhecer o
processo, tem melhor condição para apurar o valor.

1.5) Momento da Liquidação de Sentença:


Em regra é antes da execução.
Exceção: existe uma hipótese em que a liquidação só acontecerá após o iinício
da execução – em que se tratar da execução de título judicial de fazer ou não
fazer e dar não cumpridos (art.461, §1º, do CPC – perdas e danos).
Ex. contrato para sujeito cantar em festa se no dia da festa não aparecer, já
haverá a execução da sentença.
Ex. sentença judicial que manda entregar o carro, mas após executar por todos
os meios para reaver o bem há a liquidação.

1.6) Sentenças determináveis (art.475-B do CPC):


Não são sujeitas à liquidação de sentença (desnecessária a sua liquidação),
devendo o próprio credor apurar o montante devido através de cálculo.
Contudo, se para isso for necessário obter dados em poder do devedor, é
possível que eles sejam judicialmente requisitados antes da apresentação da
conta (art.475-B, §§1º e 2º).
Ex. dados do INSS para calcular.
Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo
aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei,
instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. (Incluído pela Lei nº
11.232, de 2005)
§ 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do
devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de
até trinta dias para o cumprimento da diligência. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 2o Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão
corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á
a situação prevista no art. 362. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor
aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência
judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 4o Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3 o deste artigo, far-se-á
a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor
encontrado pelo contador. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

O beneficiário da assistência judiciária, ainda que seja representado pela


Defensoria Pública, pode se utilizar do serviço de contador judicial para apuração
do crédito que será objeto de execução, independentemente da complexidade dos
cálculos.
STJ. 3ª Turmã. REsp 1.200.099-SP, Rel. Min. Nãncy Andrighi, julgãdo em 6/5/2014.

Resumindo:
Não será necessária a liquidação.
Quando a determinação do valor
Não é o contador do juízo quem faz o cálculo.
da condenação depender apenas
O próprio credor deverá apresentar a memória discriminada e
de cálculo aritmético.
atualizada do cálculo.
a) quando o juiz desconfiar que a memória apresentada pelo credor
O juiz deverá determinar que o esteja errada;
cálculo seja feito pela contadoria
b) quando o credor for beneficiário da justiça gratuita (presume-se
do juízo em duas situações:
que ele não pode contratar alguém para fazer os seus cálculos).

1.7) Cabimento (objeto) da liquidação de sentença:


São apenas os títulos judiciais ilíquidos que reconheçam (ainda que
implicitamente) obrigação de pagar.
Atenção! No passado existia liquidação de sentença para obrigação de
entregar coisa incerta (cuja especificação é feita pelo procedimento previsto no
art.461-A e §§ do CPC). Ex. entregar uma vaca de um rebanho. ???

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a
individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a
entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor
mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou
imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461. (Incluído pela
Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Contra este entendimento: Marcelo Abelha.

1.8) Algumas Hipóteses Legais de não cabimento da liquidação de sentença

o Art.459 do CPC
Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido
formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz
decidirá em forma concisa.
Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir
sentença ilíquida (Atenção! Esse p.ú., sofre uma atenuação jurisprudencial de seu rigor
em casos excepcionais em que o pedido certo e determinado que há sentença ilíquida).

o Art. 38, p.ú da Lei 9.099/95:


Fundamento: a liquidação atrasa o processo e isso não é compatível com o rito
dos juizados.
Se não for possível liquidar, extingue sem mérito a ação, e remete para a
Justiça Comum.
Atenção! Essa regra vale no juizado federal e no juizado da Fazenda Pública.
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que
genérico o pedido.

o Art. 475-A, §3º do CPC:


§ 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas
‘d’ (acidente de trânsito) e ‘e’ (seguro) desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao
juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido. (Incluído pela Lei nº
11.232, de 2005)
Neste caso a consequência é diferente: o juiz proferirá o valor a seu critério.

1.9) Como não cabe liquidação de título extrajudicial, salvo de obrigação de


fazer e dar frustrados – conversão em perdas e danos: se ele for
ilíquido, ele deixa de ser título executivo.

1.10) Espécies de Liquidação de Sentença:


São 04, mas na prática são 02.
Obs.1: O que vai determinar a espécie a ser utilizada é o grau de
indeterminação do quantum.
Obs.2: a definição da espécie pode vir na própria sentença liquidanda ou ser
feita posteriormente.
Obs.3: Ao observar a Súmula 344 STJ chega-se à conclusão que a espécie de
liquidação pode mudar.
Súmula 344
A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada.

I) Liquidação por CÁLCULO DO CONTADOR (art.475-B, §3º e §4º):


§ 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor
aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de
assistência judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 4o Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3o deste artigo, far-se-
á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor
encontrado pelo contador. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

A elaboração da conta por auxiliar do juízo.


Grau de indeterminação do quantum é zero, ou seja, não há indeterminação.
Por isso não é considerado propriamente hipótese de liquidação de sentença.
Existem 02 hipóteses de cabimento da liquidação por cálculo do contador:
 Nos casos de assistência judiciária.
 Quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os
limites da decisão exequenda (regulamentação do §4º).

 E se o devedor não impugna o cálculo excessivo?


R. Não há resposta para isso. Para Gajardoni o juiz terá que resolver isso de
ofício, mas a solução disso mais atrapalha do que ajuda. Para ele é melhor
resolver isso ao receber a inicial com os valores arbitrados pelo contador.

Aula 10
II) Liquidação por ARBITRAMENTO (art.475-C e D do CPC):
Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
II – o exigir a natureza do objeto da liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo
para a entrega do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo
de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)

É a liquidação feita por perícia. Possui grua de indeterminação do quantum


intermediário. Ela se dá toda vez que os elementos para a fixação do valor já
está no processo, porém ainda não foram valorados. Ela é uma verdadeira
liquidação em que o juiz decide fixando quantum com auxílio da perícia.
Ex. sentença que determina que o réu pague “13 vacas holandesas penhas”. O
perito deve dizer a quantia de mercado dessas vacas. Ele não precisa se valer
de elementos externos ao processo, pois já consta o fato de “13 vacas
prenhas”.
Ex. valor de desvalorização do carro após a batida.

III) Liquidação por ARTIGOS (art.475-E e F do CDC):


O grau de indeterminação do quantum é alto. Neste caso, os elementos para a
fixação do valor não estão no processo e, portanto, precisam ser provados e
valorados. Trata-se de prova de fato novo e assim não é possível fazer
diretamente perícia. É uma verdadeira liquidação, pois o juiz decide fixando o
quantum após valorar os fatos novos provados.
Ex. sujeito pediu indenização, pois alugou imóvel e houve problema de fiação
elétrica e queimou tudo. Na sentença o juiz determinou a indenização por
móveis. Assim, o autor tem que provar na fase de liquidação quais são os
móveis a serem avaliados.
Ex. art.811 CPC – se autor da cautelar perder a ação, haverá responsabilidade
objetiva.

(tabela para revisão)

ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO
POR ARBITRAMENTO POR ARTIGOS
Ocorre quando for necessária a Ocorre quando for necessário alegar e
realização de uma PERÍCIA para se provar um FATO NOVO para se descobrir
descobrir o quantum debeatur. o quantum debeatur.
É utilizada quando forem necessários
outros meios de prova para se determinar
o valor da condenação, além da perícia.

Obs: fato novo é aquele que não tenha


sido analisado e decidido durante o
processo. Não significa necessariamente
que tenha surgido após a sentença.
Novo = ainda não apreciado no processo.
Ex: João estava construindo um prédio, Ex: Pedro foi vítima de infecção hospitalar.
tendo essa construção causado danos na O juiz condena o hospital a pagar todas as
estrutura do imóvel vizinho. O juiz despesas que ele já teve por conta da
condena João a indenizar o réu. Na fase infecção, bem como as que ainda terá
de liquidação, um engenheiro irá fazer após a sentença. Na fase de liquidação da
um laudo dos prejuízos causados. sentença, Pedro irá alegar e provar os
gastos que teve após a sentença.

Resumindo:
Quando a determinação do Não será necessária a liquidação.
valor da condenação Não é o contador do juízo quem faz o cálculo.
depender apenas de O próprio credor deverá apresentar a memória
cálculo aritmético. discriminada e atualizada do cálculo.
a) quando o juiz desconfiar que a memória apresentada
O juiz deverá determinar pelo credor esteja errada;
que o cálculo seja feito pela
b) quando o credor for beneficiário da justiça gratuita
contadoria do juízo em
(presume-se que ele não pode contratar alguém para
duas situações:
fazer os seus cálculos).

IV) Liquidação da pretensão individual correspondente (individuais


homogêneos) ou decorrentes (difusos e coletivos) – art. 103 e §§; art.
95 e 97 do CDC:
Transporte in utilibus: pegar uma sentença coletiva julgada procedente e
transportar em meu favor para fazer uma “liquidação” do me prejuízo individual.
Esse incidente é uma falsa liquidação, pois a rigor, o beneficiário da sentença
coletiva não terá que provar apenas o quantum debeatur – como é nas
verdadeiras liquidações- , mas também o nexo de causalidade entre o evento
relatado na sentença coletiva e seu caso concreto.
Ex. ação coletiva de responsabilidade falsa da pílula microvilar. Na ação
individual, é necessário provar que a mulher ficou grávida e tomou pílula
daquele lote de medicamento.

Dinamarco diz que essa liquidação seria uma liquidação imprópria ou


habilitação – trata-se de procedimento autônomo à ação coletiva.

Liquidações verdadeiras:
 Por arbitramento: fixação do valor já está no processo
 Por artigos: tem que provar fatos novos.
Liquidações falsas:
 Por contador: não há grau de indeterminação.
 Liquidação da pretensão individual correspondente (individuais
homogêneos) ou decorrentes (difusos e coletivos)

1.11) Natureza da decisão Liquidação de sentença:


(Majoritária)Prevalece na doutrina que a natureza da decisão da liquidação é
declaratória, pois a condenação já está na decisão do processo. A liquidação
apenas acaba com a questão de dúvida/incerteza.

(Minoritária) Nelson Nery Jr. e Araquém de Assim entendem que a decisão da


liquidação é constitutiva, pois integraria a decisão anterior.

1.12) Sucumbência:
Regra geral não há sucumbência, pois não há resistência à apuração do
quantum.
Entretanto, alguns autores, com razão, apontam que pode haver sucumbência
na liquidação por artigos, desde que haja resistência da parte liquidada.

1.13) Recurso (Art.475-H do CPC):


O recurso cabível na liquidação é o agravo de instrumento, pois se trata de
decisão interlocutória que simplesmente fixa o valor devido, sem pôr termo ao
processo que prosseguirá na fase executiva. Essa regra vale inclusive para as
liquidações autônomas (títulos paraestatais – arbitral, estrangeira e penal
ilíquidas- e habilitação na sentença coletiva.)

Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº
11.232, de 2005)

1.14) Liquidação Zerada:


Ex. condenação por 100 salário + ressarcir móveis. O credor aponta móveis
absurdos das casa Bahia com flagrante abuso. O juiz determina que se
produzam provas concretas do móveis (ex. prova testemunhal), mas a parte se
recusa. A liquidação é zerada.
Alguns autores não admitem que no julgamento da liquidação o procedimento
alcance valor zero (FUX).
A maioria, contudo, admite a liquidação zerada, destacando, todavia, que ela
só é possível a liquidação por artigos.
 A decisão que decreta zerada a liquidação faz coisa julgada material?
R. Na doutrina é dividido, mas o STJ (Resp.1.280.949-SP, j.25.09.2012)
entendeu que caso o juiz perceba que a liquidação será zero, deverá extinguir
o incidente sem análise do mérito, evitando a coisa julgada e permitindo a
repropositura do incidente.

1.15) Limites à cognição judicial na liquidação de sentença (art.475-G do


CPC):
É chamado na doutrina de regra da fidelidade ao título (que consta na
sentença).
Ex. condeno a pagar “13 vacas prenhas”, mas na liquidação arguo que uma
delas não estava prenha. Isso não pode ser considerado, pois o que será
considerado é o que consta no título, qual seja “13 vacas prenhas”. Isso
deveria ser arguido em outro momento.

É por essa razão que não é possível inserir na fase de liquidação juros
remuneratórios ou capitalizados, bem como honorários advocatícios, omitidos
na sentença – deveria ter embargado na sentença. Súmula 453 STJ.
Art. 475-G do CPC. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que
a julgou. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Súmula 453
Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem
ser cobrados em execução ou em ação própria.

Contudo, a regra da fidelidade sofre mitigações – hipóteses em que se admite


acrescer o item na liquidação, mesmo que não conste da sentença liquidanda:
 Prestações periódicas vencidas no curso do processo (art.293 do CPC).
 Juros legais e correção monetária.

1.16) Liquidação provisória (art.475-A, §2º do CPC):


É a liquidação que se faz na pendência de recurso.
§ 2o A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos
apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
processuais pertinentes. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) –Atenção! A lei não limita o
cabimento ao efeito do recurso, de modo que cabe também com efeito suspensivo.

2) MULTA do art. 475-J do CPC:

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em


liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de
multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no
art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)

Pagamento de quantia, ou seja, não abarca outras formas de condenação.

2.1) Natureza da multa:


03 posições:
1ªc) Majoritária: natureza da multa é coercitiva. A multa é um mecanismo de
execução indireta (atua sobre a vontade do devedor). É parecido com a
astreinte.
2ªc) natureza punitiva (Marcos Gusmão Carneiro, Daniel Assumpção Amorim).
3ªc) natureza híbrida (Didier e Gajardoni). Enquanto pressuposta (antes do
prazo de 15 dias) a multa ela é coercitiva, mas enquanto posta (depois do
prazo de 15 dias) tem natureza indenizatória e punitiva.

2.2) Percentual:
Prevalece largamente o entendimento que este valor (10%) não pode ser
alterado para mais nem para menos
Trata-se de uma diferença nítida da astreinte do art.461 do CPC, pois quem
define o valor é o juiz.
Em entendimento minoritário, Marcelo Abelha defende que uma vez que o
caráter da multa é coercitivo, ela não incide se o devedor comprovar se deixou
de pagar não por vontade própria, mas sim porque não tinha condições.

2.3) Incidência:
A multa do art. 475-J do CPC incide sobre todas as obrigações de pagar
constantes de título executivo judicial, inclusive nas sentenças paraestatais
(art.475-N, p.ú. do CPC) – elas são execuções autônomas (precisam ser
distribuídas e devedor é citado).
02 Exceções (02 títulos judiciais de pagar que não há incidência da multa):
 Execução de alimentos do art.733 do CPC (na do art.732 do CPC incide
a multa – REsp 1.177.594- RJ).
 Execução de pagar contra a Fazenda Pública. (art.730 do CPC e art.100
da CF – o pagamento da Fazenda pública em obrigação de pagar é por
precatório). Fazenda é citada apenas para embargar: se ela não pagar
entra na fila de precatórios.
Atenção! Não incide multa no título extrajudicial.

2.4) Pagamento parcial (Art.475-J, §4º do CPC):


Há multa parcial: ela incide apenas na parte inadimplida.
Ex. devo 10 mil e pago metade. Incide 10% de multa dobre 5 mil.

2.5) Aplicação do art.745-A do CPC ao cumprimento de sentença


(art.475-R CPC) e a incidência da multa:

Parcelamento: 30% iniciais + 6 vezes (acrescido de 1% correção monetária);


O devedor que não cumpre o parcelamento responde por 02 sanções:
 multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e
 vedada a oposição de embargos.

Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o


depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de
advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis)
parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.
(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão
suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o
depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 2o O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento
das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos,
imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e
vedada a oposição de embargos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

 Aplica-se o art. 745-A no cumprimento de sentença?


R. Sim. Apesar da vacilação jurisprudencial inicial, o STJ pacificou
entendimento admitindo o uso do parcelamento referido no cumprimento de
sentença.
Além disso, diz o STJ, se houve parcelamento, isso é pagamento, portanto,
não incide multa (STJ, Resp. 1.264.272-RJ – Gajardoni não concorda, pois na
prática o sujeito não estaria pagando em 15 dias o débito, e assim deveria
incidir multa. Entretanto, na prova colocar a posição do STJ.

2.6) Depósito para impugnar o cumprimento de sentença (art.475-L)


afasta a multa?
Quando você é intimado para pagar multa é possível que o devedor se
defenda.
02 posições:
1ª) (Didier) como houve depósito e o juízo está garantido, o devedor não tem
que pagar a multa caso a impugnação seja desacolhida.
2ª) STJ no Resp 1.175.763-RS entendeu que o que afasta a multa é o
pagamento e depósito não é pagamento, tanto que o credor não pode levantar
a quantia controvertida.
Portanto, a multa é devida sobre a parcela que não pode ser levantada pelo
credor.

2.7) Termo inicial do prazo de 15 dias:


O art.475-J está incompleto, pois não indica quando começa a contar o prazo
de 15 dias.
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em
liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de
multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no
art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)

(02 grandes posições)

1ª posição) termo inicial conta sem intimação do devedor:


 Do trânsito em julgado da condenação (Athos Carneiro) (STJ, Resp.
954.859-RS).
Crítica: apesar de efetiva, esta posição é complicada, pois é difícil definir
quando ocorre o transito em julgado (insegurança jurídica). Assim, essa
posição deixou de ser adotada pelo STJ.

 Da 1ª sentença executável - Exequibilidade (inexistência de recurso com


efeito suspensivo – Araken de Assis).

2ª posição) estabelece que os 15 dias contam da intimação do devedor. 02


subposições:
a) Pessoal (Medina) em analogia a súmula 410 do STJ – obrigações de
fazer – minoritária.
Crítica: o pagamento não é atribuição do advogado, mas sim da parte. Assim,
tem que executar a parte. Isso inviabiliza a execução, pois o devedor vai correr
do oficial de justiça.

b) Na pessoa do advogado (majoritária) – STJ Resp.920.274-MS Corte


Especial.
O termo inicial é a intimação do devedor na pessoa do advogado. A partir daí o
advogado tem que avisar o cliente.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA. TÍTULO JUDICIAL. MULTA DO ARTIGO
475-J DO CPC. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO APENAS NA PESSOA DO
ADVOGADO DO DEVEDOR, MEDIANTE PUBLICAÇÃO NA IMPRENSA
OFICIAL.
1. Para fins do art. 543-C do CPC: Na fase de cumprimento de sentença, o
devedor deverá ser intimado, na pessoa de seu advogado, mediante
publicação na imprensa oficial, para efetuar o pagamento no prazo de 15
(quinze) dias, a partir de quando, caso não o efetue, passará a incidir a
multa de 10% (dez por cento) sobre montante da condenação (art. 475-J
do CPC).
2. No caso concreto, recurso especial parcialmente provido, apenas para sanar
o erro material detectado no acórdão que julgou os embargos de declaração,
de modo que não há falar em aplicação da multa do artigo 538, parágrafo
único, do Código de Processo Civil.
(REsp 1262933/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE
ESPECIAL, julgado em 19/06/2013, DJe 20/08/2013)

3) PROCEDIMENTO EXECUTIVO do cumprimento de sentença de


pagar (art.475-J e ss do CPC) – Execução definitiva.
Vale inclusive para os títulos paraestatais. O ato inicial, contudo, é uma citação.

3.1) Trânsito em julgado da sentença liquidada/líquida.


Geralmente acontece a baixa dos autos para a instância executora (regra geral
é a 1ª instância): despacho intimando o devedor, na pessoa do advogado a
cumprir a sentença em 15 dias (art.475-J CPC).

 Como geralmente é feito?


“intime-se o devedor na pessoa do advogado para em 15 dias pagar...”
“cumpra-se a decisão”.

Obs.1: se o réu foi condenado à revelia não será intimado do início do prazo de
15 dias (art.322 do CPC).

Obs.2: não se aplica o art.191 do CPC.


Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em
dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

3.2) Condutas do devedor:


1ª) pagamento com depósito judicial ou extrajudicialmente.
Se o devedor pagar dentro do prazo de 15 dias, nem começa a execução,
tampouco incide multa.
Assim, não cabe o despacho extinguindo o feito com base no art.794 CPC

2ª) parcelamento do art.745-A CPC:


Nem começa a execução, tampouco incide multa (se os pagamentos forem
efetuados conforme estabelecido em lei).

3ª) Devedor não efetua o pagamento.

3.3) Intimação do credor/exequente (via advogado) do decurso de prazo


de 15 dias sem notícia do pagamento total da dívida. O credor pode adotar 02
condutas:
a. O autor se mantém inerte por mais de 06 meses (art.475-J, §5º) –
arquivamento dos autos no aguardo de provocação.
(não se trata de presunção do pagamento, porque pode ser que o credor não
queira executar naquele momento até a prescrição da execução – Súmula 150
do STF – trata da prescrição dos títulos judiciais.
Súmula 150
PRESCREVE A EXECUÇÃO NO MESMO PRAZO DE PRESCRIÇÃO DA AÇÃO. – a contar
do trânsito em julgado da sentença.
b. Apresentação do requerimento executivo (início da
execução/cumprimento de sentença):
 O credor tem a possibilidade, de acordo com a legislação brasileira de
indicar os bens penhoráveis (penhora online – art.655-A CPC) – art.475-
J, §3º CPC.
 O credor pode requer certidão para averbação da execução (art.615-A
CPC).
Atenção! É requisito essencial do requerimento executivo a apresentação de
memória de cálculo (art.614,II, CPC) com multa incluída.

3.4) Juízo de admissibilidade do requerimento executivo (03 opções):


i. Indefere o pedido (execução prescrito nos termos da súmula
150 STF; pagamento comprovado nos autos).
ii. emenda a conta (art.616 do CPC).
iii. juiz admite requerimento executivo (toma 02 providências):
 Fixação de honorários advocatícios para execução (STJ, AgRg
1.066.765/RS) – analogia ao art.652-A do CPC;
 Juiz determina a penhora de bens para pagamento da dívida (on line ou
através da expedição de penhora/avaliação de bens).

3.5) Cumprimento do mandado de penhora e avaliação (que não ocorre


se a penhora on line for frutífera).
Podem acontecer 02 situações quando oficial de justiça vai cumprir o mandado
de penhora:
 Bens não encontrados ou impenhoráveis:
 Comunicação ao juízo e o juiz eventualmente intima o devedor para
indicar onde estão os bens penhoráveis, sob pena de multa (art.652, §3º
CPC).
 Bens encontrados: o oficial de justiça procede a penhora e avaliação dos
bens, salvo se o oficial não tiver conhecimentos técnicos, caso em que o
juiz nomeará perito- art.475-J,§2º, do CPC.
Se ele não sabe avaliar (ex. joias) ele deve devolver o mandado e juiz deve
nomear perito.
Eventualmente o juiz pode ordenar a remoção do bem do devedor (art.666 do
CPC).

3.6) Intimação do devedor, via advogado, da penhora e avaliação.


Essa fase não ocorre enquanto o bem não tiver sido avaliado, pois a partir da
avaliação é que conta prazo dos embargos (que poderá refutar o valor da
avaliação).
Atenção! O art.475-J, §1º CPC estabelece que neste caso, ainda que o
devedor seja revel e não tenha advogado, que ele seja intimado pessoalmente
(não aplica o art. 322 do CPC).
A partir da intimação há o início ao cumprimento de sentença (art.475-J, §1º do
CPC).
a) Nos casos de depósito voluntário do devedor para impugnar, o prazo de
15 dias corre independentemente de intimação – Resp 163.990-SP.
b) Prazo de 10 dias para o devedor pedir a substituição da penhora
(art.668 do CPC).
Info 525 STJ: O pagamento espontâneo da condenação, no prazo de 15 dias (art. 475-J, caput, do CPC), NÃO gera a
preclusão do direito do devedor de impugnar o valor executado, nos termos do § 1º do art. 475-J. Assim, o devedor
poderá efetuar o pagamento do valor da condenação e, depois, oferecer impugnação.
Nesse caso, o prazo para impugnação começará a ser contado da data em que ele efetuou o pagamento do valor da
condenação.

3.7) Devedor pode ofertar impugnação ao cumprimento de sentença


(art.475-L e M do CPC) ou decurso de prazo de 15 dias para tanto.

3.8) Após o julgamento da impugnação, inicia-se a expropriação do


bem penhorada e a partir daqui será seguido o Livro II do CPC – que aplicado
ao cumprimento de sentença e execução de título executivo extrajudicial –
art.647 do CPC.

Aula 11

4) IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (Art.475-L


e M):
Trata-se da possibilidade do devedor se defender.

4.1) Considerações gerais sobre a defesa do executado:

Existem 03 formas de defesa para o devedor:


a) Defesa típica (prevista em lei como tal):
 Impugnação (cumprimento de sentença) e
 Embargos à execução (título extrajudicial e FP).

b) Defesa atípica: não prevista em lei como tal: exceção/obrigação de


executividade (criação jurisprudencial).

c) Defesa heterotípica (fora da execução e sem relação com ela): ação


rescisória; ação anulatória do art.486 do CPC; etc.

4.2) Natureza jurídica da impugnação ao cumprimento de sentença:

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)
II – inexigibilidade do título; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
III – penhora incorreta ou avaliação errônea; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV – ilegitimidade das partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
V – excesso de execução; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o
título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo
Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)
§ 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteia quantia
superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende
correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Existem 03 posições na doutrina acerca da natureza jurídica do cumprimento


de sentença:
 Doutrina minoritária: A impugnação do cumprimento de sentença é
uma ação incidental, embora sem autonomia ritual em princípio.
É como ocorre com a denunciação a lide.
Ela não tem sentido, pois todas as reformas do CPC convergem no sentido de
que seria apenas uma fase e não uma nova ação.

 Doutrina Majoritária: defesa/ exceção (Cássio, Teori etc.).


Vai ao encontro da ideia do processo de execução sincrético, ou seja, dividido
por fase. Portanto não há autonomia para impugnação.

 Doutrina adotada por Gajardoni: Instituto híbrido, sendo ação


incidental (art.475-L CPC), ora sendo defesa/exceção (art.475-L,I a V do
CPC) – Adotados por Nery, Medina etc.
A natureza jurídica da sentença depende do que foi alegado. Se alegar matéria
que não podem ser conhecidas de ofício, seria uma ação desconstitutiva (ex.
novação, compensação).
Se a alegação da nulidade/excesso de execução penhora incorreta não há
necessidade de se desconstituir algo, mas colocar a execução em seu local
certo.

Para o STJ, trata-se de mero incidente processual (REsp 1134186/RS). Obs: existem posições
diferentes na doutrina.

Atenção! No concurso colocar a 2ª corrente, mas na fase aberta sustentar a


3ª.

4.3) Requisitos formais da impugnação ao cumprimento de sentença:


A impugnação ao cumprimento de sentença é uma mera petição e não precisa
dos requisitos do art. 282 e 283 CPC. Assim, não há recolhimento de custas,
salvo se a lei estadual do respectivo estado criar essa necessidade.

4.4) Prazo para impugnação (art.475-J, §1º, do CPC):


§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de
seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente,
por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze
dias. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Obs.1: Prazo para o devedor apresentar impugnação é de 15 dias.


Obs.2: Termo é intimado, sob pena de penhora. A partir da intimação é que são
contados os dias:
 A intimação pode ser feita na pessoa do advogado.
 Se não teve advogado deverá haver intimação por correio ou oficial de
justiça. No caso da intimação por correio segue a regra geral do art.240
e 245 CPC, iniciando-se o prazo de 15 dias a partir da juntada.
 Nos casos de réu citado por edital na fase de conhecimento, o prazo de
15 dias para a impugnação corre independentemente de intimação. Não
é possível, assim, intimar o curador, pois este tem poderes apenas para
isso.

Obs.3: Termo inicial do prazo nos casos em que o devedor garante o juízo
através do depósito para impugnar.
Resp 965475/SP – Relator Luiz Felipe Salomão: nos casos de depósito, o
prazo de 15 dias conta do depósito sem outra formalidade.

 Aplica-se o art.191 CPC ao cumprimento de sentença?


R. Fala do prazo em dobro em caso de recurso.
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em
dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.
Não há precedente do STJ sobre a aplicação do art.191 no cumprimento de
sentença.
No TJSP a questão é dividida.
Para solucionar é necessário saber a natureza jurídica do cumprimento:
Se for ação: não tem o art.191.
Se for defesa: tem o art.191.
Se for misto: depende do caso.

Para todos os fins, é como se o diário oficial apenas houvesse circulado na própria
segunda-feira, sendo o 1º dia do prazo o dia útil subsequente, in casu, a terça-feira acaso
seja dia útil. É o que se depreende de uma leitura conjunta do art. 240, parágrafo único
(“As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem
ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense.”) e 184, § 2º (“Os prazos
somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação [art. 240 e parágrafo
único
De acordo com os §§ 3º e 4º do art. 4º da Lei 11.419/06, o dia em que o DJe é
disponibilizado não é considerado como a data da publicação, que sempre recai no dia
útil subsequente. Por corolário, o 1º dia do prazo será no 2º dia útil subsequente ao da
disponibilização. Eis dispositivos legais referidos:
“Art. 4º Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico, disponibilizado em sítio
da rede mundial de computadores, para publicação de atos judiciais e administrativos
próprios e dos órgãos a eles subordinados, bem como comunicações em geral.
§ 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado
como data da publicação.”

4.5) Cabimento da impugnação ao cumprimento de sentença:


i. Cumprimento de sentença de pagar (execução de título judicial não
autônomo) - art.475-J e ss, CPC;
ii. Cumprimento dos títulos parajudiciais (execução dos títulos judiciais
autônomos) – art.475-N, p.ú.).
Portanto, não cabe impugnação na execução de título extrajudicial (embargos),
execução de título de pagar contra a Fazenda Pública (embargos) e alimentos
do art.733 do CPC (justificativa).

4.6) Matéria alegável ao cumprimento de sentença: (art.475-L)

Introdução: quando se estuda TGP, a cognição do juiz é aquilo que este


pode considerar na hora de julgar (fatos, direito, matérias processuais, de
mérito etc.). Ele dividia o plano na cognição vertical ou horizontal. Segundo o
autor Kazuo Watanabe, o legislador pode limitar a cognição horizontal por
questões de política legislativa (ex. art. 20 da Desapropriação: vício no
processo judicial ou impugnação do preço).

Em tema de impugnação do cumprimento de sentença, por opção


política/legislativa, houve uma limitação/corte da cognição judicial no plano
horizontal, não permitindo que o juiz conheça/aprecie qualquer outra questão
que não esteja expressamente lançada no rol do art.475-L do CPC.

Vamos analisar os 03 principais


Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005) (querela nullitatis)

II – INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)


Existem 02 tipos de inexigibilidade do título (judicial ou extrajudicial):
 Típica/real: título não vencido, sujeito a condução ou a termo.
 Atípica/fictícia: é a inexigibilidade prevista no art.475-L, §1º CPC:
§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o
título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal (controle concentrado, abstrato – ADI, ADC, ADPF), ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatíveis com a Constituição Federal (controle difuso/ exceção). (Incluído pela Lei nº
11.232, de 2005).
04 discussões art.475-L, §1º CPC:
i. Na 1ª parte do dispositivo fala-se do controle concentrado/abstrato de
constitucionalidade, enquanto na 2ª parte do controle difuso/ exceção de
constitucionalidade, ambos pelo STF.
ii. Este inciso contempla verdadeira hipótese de flexibilização/relativização
da coisa julgada.
iii. Vários autores (Nery, Medina, Yarshell, Gajardoni etc.) entendem que
esse dispositivo é inconstitucional se aplicado sem alguma cautela, já
que viola a garantia constitucional da coisa julgada.
iv. Sugestão acadêmica para salvar o dispositivo: ele só seria aplicável se a
sentença/título fosse proferido após a declaração de
inconstitucionalidade do STF, pouco importando os efeitos atribuídos a
essa declaração (ex nunc ou ex tunc).
Ex. STF declarou que art. X da Lei Y é inconstitucional. Mesmo sabendo disso,
juiz dá sentença contra o que STF havia dito. Neste caso, como o título foi feito
depois da decisão do supremo ele não pode ser executado.
Ex. STF não decidiu sobre o dispositivo e aplico o dispositivo na sentença.
Depois Supremo decidiu que o dispositivo era inconstitucional. Assim, a
decisão do juiz deve ser executada.

Continuando com o art.475-L CPC:


III – penhora incorreta ou avaliação errônea; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV – ilegitimidade das partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

V – EXCESSO DE EXECUÇÃO; (incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)


Conceito: no art.743 CPC é exigir quantia superior à devida. Para o exercício
dessa tese, é condição indispensável, sob pena de não conhecimento da
defesa/ação, a declaração do valor incontroverso (art.475-L, §2º, do CPC).

Atenção! Não confundir excesso de execução com excesso de penhora.


Excesso de execução é matéria de impugnação.
O excesso de penhora é matéria de mera petição na execução, logo após a
avaliação dos bens penhorados.

Importante!!!
Se o devedor apresentar impugnação ao cumprimento de sentença alegando que há excesso de
execução e que o credor está pleiteando quantia superior a que é devida, ele deverá apontar,
na petição da impugnação, a parcela incontroversa do débito, bem como as incorreções
encontradas nos cálculos do credor. Caso não faça isso, o juiz deverá rejeitar liminarmente a
impugnação (§ 2º do art. 475-L), não sendo permitido que o devedor faça a emenda da inicial
da impugnação para corrigir essa falha.
STJ. Corte Especiãl. REsp 1.387.248-SC, Rel. Min. Pãulo de Tãrso Sãnseverino, julgãdo em 7/5/2014
(recurso repetitivo).

Art. 743. Há excesso de execução:


I - quando o credor pleiteia quantia superior à do título;
II - quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III - quando se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença;
IV - quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da
do devedor (art. 582);
- se o credor não provar que a condição se realizou.
Obs: apesar de esse art. 743 estar no capítulo que trata sobre a execução contra a Fazenda
Pública, a doutrina e a jurisprudência afirmam que ele vale também para as demais espécies
de execução.

VI – qualquer CAUSA IMPEDITIVA, MODIFICATIVA OU EXTINTIVA da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à
sentença. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Qualquer causa modificativa, impeditiva, ou extintiva do direito do autor, desde
que superveniente à sentença (as anteriores a ela ficaram superadas pela
eficácia preclusiva da coisa julgada – art.474 do CPC).

4.7) Efeitos da impugnação (art.475-M do CPC):


Decisão é controlável por agravo e instrumento.
Regra geral não é recebida no efeito suspensivo (o cumprimento de sentença
prossegue). O processamento da impugnação se dá em autos apartados para
não prejudicar o andamento da execução.
Excepcionalmente, nos casos de risco de prejuízo grave ao executado
(periculum in mora e fumus boni iuris): recebimento da impugnação de
sentença para não prossegue. Como o processamento não atrapalha a
execução parada, a impugnação fica nos mesmos autos.
Atenção! De acordo com o art.475-M, §1º do CPC, o credor pode prestar
caução para prosseguir na execução com impugnação recebida com efeito
suspensivo.

4.8) Necessidade de Penhora ou Depósito para impugnar o


cumprimento de sentença: (art.736 CPC)
Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à
execução por meio de embargos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Para Didier não é necessário a garantia do juízo. Entretanto, doutrina


majoritária entende que é necessário o depósito e calção (prévia garantia
do juízo) para impugnar o cumprimento de sentença. Resp1.265.894/RS e
Resp 1.303.508.

4.9) Possibilidade de convívio da impugnação ao cumprimento de


sentença com a objeção/exceção de executividade:
A exceção ou objeção de executividade é um instituto criado
jurisprudencialmente para permitir que o executado possa apresentar defesa,
independentemente de garantia do juízo ou após o prazo para apresentação de
defesa típica.

São 02 hipóteses de cabimento:


a. Defesa antes de garantido o juízo pela penhora/depósito;
b. Hipóteses de perda do prazo para impugnação. Incide a sanção do
art.267, §3º do CPC – pagamento de custas pelo retardamento.

02 matérias alegáveis na exceção de pré-executividade/ objeção de


executividade: ambas devem necessariamente provadas de modo pré-
constituído, sem possibilidade de dilação probatória:
1) Questões de ordem pública ou a cujo respeito o juiz poderia se
pronunciar de ofício (ilegitimidade de parte, falta de título executivo,
prescrição etc.) – Objeção. O juiz poderia pronunciar de ofício.
2) Admite que se comprove matérias que o juiz não poderia conhecer de
ofício, mas desde que provadas de plano (ex. pagamento). É uma
evolução jurisprudencial.

A exceção de pré-executividade é uma forma de defesa do executado que, por


meio de uma simples petição, alega ao juízo da execução matérias que podem
ser provadas documentalmente, não necessitando de outras provas.
Fredie Didier explica que, quando a exceção de pré-executividade foi
idealizada, ela somente servia para alegar matérias que pudessem ser
conhecidas de ofício pelo juiz. Contudo, com o tempo, a doutrina e a
jurisprudência passaram a aceitá-la mesmo quando a matéria deduzida não
fosse de ordem pública (cognoscível de ofício), desde que houvesse prova pré-
constituída da alegação feita pelo executado.
Assim, segundo informa o autor baiano, o critério passou a ser o seguinte:
qualquer alegação de defesa pode ser veiculada por meio de exceção de pré-
executividade, desde que possa ser comprovada por prova pré-constituída
(DIDIER JR., Fredie; et. al. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 5. Execução.
Salvador: Juspodivm, 2013, p. 403).

Informativo 534 STJ: Julgada procedente em parte a exceção de pré-


executividade, são devidos honorários de advogado em favor do
excipiente/executado na medida do respectivo proveito econômico.
A procedência do incidente de exceção de pré-executividade, ainda que resulte
apenas na extinção parcial da execução ou redução de seu valor, acarreta a
condenação na verba honorária.
Resumindo:
Exceção de pré-executividade julgada PROCEDENTE (no todo ou em
parte): CABEM honorários.
Exceção de pré-executividade julgada IMPROCEDENTE: NÃO CABEM
honorários.

4.10) Decisão da impugnação ao cumprimento de sentença e


recursos cabíveis (art.475-M, §3º do CPC):

i. Impugnação não acolhida: decisão interlocutória. Cabe agravo de


instrumento e se não for recebido pelo tribunal no efeito suspensivo
acarretará o prosseguimento da execução.
ii. Impugnação é acolhida ou parcialmente acolhida, a natureza jurídica do ato
depende do efeito prático que a decisão tenha sobre o procediemtno
executivo:
a. Se a decisão extinguir o procedimento executivo (ex.
inexigibilidade do título, pagamento, prescrição etc.) – a
decisão é uma sentença, logo é uma apelação.
b. Não extinguir o procedimento executivo, mas apenas
readequá-lo (exs. excesso de execução, nulidade da citação
etc.) a decisão será interlocutória passível de impugnação por
agravo.

4.11) Sucumbência/honorários advocatícios:


STJ, Resp 1.134.186, CE, 543-C do CPC.
Só há sucumbência no incidente/fase de impugnação se ela for acolhida ou
parcialmente acolhida (se o devedor tiver razão).
Se for desacolhida a impugnação, não há sucumbência, sendo o advogado do
credor já remunerado pelos honorários fixados no início da fase de
cumprimento de sentença (que podem ser elevados).

4.12) STJ. Resp. 1.265.894/RS, j.11.06.2013:


Ex. um credor tinha contra ele uma sentença para pagar 50 reais e iniciou-se o
cumprimento de sentença. O devedor impugnou o cumprimento de sentença
alegando que devia 40. Depois o credor verificou que os cálculos estavam
errados e corrigiu. O devedor pode impugnar novamente.
Nas hipóteses em que houver execução/cumprimento de sentença de saldo
remanescente, deve-se oportunizar ao devedor/executado nova impugnação
ao cumprimento do que sobejou.

5) Execução provisória (art.475-I, §1º CPC e art.475-O do CPC):

5.1) Observações Iniciais:


O CPC usa este termo, mas é criticável, pois na verdade o que é provisório não
é a execução, mas o título executivo.

É a lei que em última instância define quando será possível a execução


provisória, podendo, inclusive, estabelecer a definitividade da execução, ainda,
que haja risco de irreversibilidade da decisão executada.
Ex. é definitiva a execução de sentença com impugnação desacolhida, cuja
decisão tenha sido atacada por agravo de instrumento, recebida sem efeito
suspensivo.

5.2) Cabimento (03 hipóteses):


a) Títulos judiciais sujeitos a recurso sem efeito suspensivo (art.475-I,
§1º, do CPC). Exs. acórdãos condenatórios atacáveis por RE e Resp;
sentença apeláveis na forma do art.520, p.ú. do CPC.
Atenção! Se tiver efeito suspensivo o recurso, não cabe nenhuma
execução.

b) Decisões antecipatórias de tutela (art.273, §3º, do CPC) – na forma do


art.588 do CPC. Entretanto este dispositivo está revogado, logo aplica-
se o art. 475-O do CPC.

c) Títulos extrajudiciais, desde que penda de julgamento a apelação


contra a sentença dos embargos a execução, recebidos com efeito
suspensivo (art.587 e 739-A CPC). Caso penda de julgamento a
apelação contra a sentença dos embargos a execução, recebidos sem
efeito suspensivo, a execução será definitiva. Assim, a súmula 317 STJ
está prejudicada.
Ex. execução do cheque para pagamento em 3 dias sob pena de penhora. A
execução do cheque pode ser feita com efeitos suspensivo. Há uma apelação.
A lei entende que há uma execução provisória, pois caso penda

5.3) Hipótese de não cabimento da execução provisória (vedação


constitucional ao cabimento):
EC30, art.100, §1º e 3º da CF não cabe execução provisória de sentença
condenatória de pagar proferida contra Fazenda Pública.
Condiciona a execução ao trânsito em julgado para fins de expedição de
precatório (apenas nas obrigações de pagar).

5.4) Regime Jurídico da Execução da Sentença Provisória:


São 03 regras previstas no art.475-O, I, II, III CPC:
a. Responsabilidade objetiva do exequente pelos danos causados ao
executado em caso de reforma do título.
Atenção! As perdas e danos são apuradas nos próprios autos da execução
provisória através de liquidação de sentença.

b. Restabelecimento das partes ao estado anterior à execução provisória,


se possível (quem está com a coisa é o credor). Não atinge terceiros
eventuais adquirente dos bens penhorados, resolvendo-se o mais em
perdas e danos. Ex. consumiu a vaca, resolve em perdas e danos.
c. Para a prática de atos de alienação judicial (art.647 do CPC) e
levantamento de dinheiro penhorado o credor deve prestar caução para
fins de garantir a indenização do inciso I.
02 exceções – hipóteses em que não é necessária a caução – art. 475-P, §2º
do CPC:
 Execução de alimentos até 60 salários, em casos de necessidade;
 Quando a decisão executada pende, apenas, de agravo de admissão de
RE e Resp (baixíssima probabilidade de reforma).

5.5) Não incide a multa do art.475-J do CPC na execução provisória (STJ,


Resp.; 940.274-MS CE, 543 do CPC).
O termo inicial para executar a multa é p trânsito em julgado.

5.6) Não se fixam honorários advocatícios em prol do advogado/credor na


execução provisória (STJ, Resp. 1.323.199-PR, j.21.02.13). Nada
impede, contudo, que sejam fixados os honorários depois, quando a
sentença condenatória transitar em julgado.
Obs. Decisão de 20/11/2013 (informativo 533 STJ). Em execução provisória,
descabe o arbitramento de honorários advocatícios em benefício do exequente.
Posteriormente, convertendo-se a execução provisória em definitiva, após
franquear ao devedor, com precedência, a possibilidade de cumprir, voluntária
e tempestivamente, a condenação imposta, deverá o magistrado proceder ao
arbitramento dos honorários advocatícios.

6) Aplicação Subsidiária das regras do Livro II CPC (execução


do título extrajudicial) ao cumprimento de sentença (art.475-R
do CPC).
Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as
normas que regem o processo de execução de título extrajudicial. (Incluído pela Lei nº 11.232,
de 2005)

Aula 12

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA OBRIGAÇÃO DE


FAZER, NÃO FAZER E DAR/ENTREGAR (art. 461-A):

1) Aspectos gerais:

1.1) Breve revisão sobre o regime jurídico do cumprimento de sentença


(art. 475-I, do CPC):
Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou,
tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste
Capítulo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

 Se o cumprimento de sentença for de pagar (execução por


expropriação) o regime de execução é do art. 475-J do CPC.
 Se for execução de sentença de fazer ou não fazer (execução por
transformação) o regime é do art. 461 do CPC.
 Se for sentença de dar/entregar (execução de desapossamento) o
regime é o do art. 461-A do CPC.
Atenção: Regra geral essas execuções são sem autonomia (sem intervalo,
processo sincrético).

1.2) Tutela específica é a regra no âmbito do cumprimento de sentença


de fazer/não fazer e entregar/dar:

 Tutela reparatória ou ressarcitória: é a tutela/proteção através da


concessão do equivalente monetário/financeiro.
 Tutela específica: É a tutela/proteção através da concessão da exata
prestação avençada como se tivesse havido o cumprimento voluntário e
espontâneo da obrigação (adimplemento perfeito).

1.3) Regra da atipicidade dos meios executivos no art.461 e 461-A do


CPC (art.461, §5º, do CPC).

Existem 02 modelos de medidas executivas previamente estabelecida na lei.


Ex. execução por quantia trabalha com a tipicidade dos meios executivos.
Caso não pague a dívida há a técnica de penhora.

Quando a obrigação é de fazer/não fazer e dar há a atipicidade dos meios


executivos, conforme previsto no art.461, §5º CPC:
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente,
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de
força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

O juiz está autorizado a prover medidas diversas, não fixadas expressamente


em lei, a bem da implementação da tutela específica da obrigação, seja através
da técnica de execução indireta – técnicas de coerção, incidem na
vontade (multa, restrição de direitos), seja através da técnica de execução
direta ou sub-rogação – o juiz substitui a vontade das partes (remoção de
pessoas, busca e apreensão etc.).

1.4) Mitigação do Princípio da Congruência entre o pedido e a sentença


(art.128 e 460 CPC):
É mitigado, porque na busca pela tutela específica nessas obrigações, o juiz
pode ordenar medidas executivas diversas das originariamente postuladas pela
parte.
Cândido Dinamarco exemplifica com uma ACP em que o juiz determina o
impedimento de uma empresa despejar produtos químicos no rio. A empresa
descumpre. Juiz determina a colocação de filtros, que também descumpre. O
juiz determina o fechamento da empresa.
A mitigação se dá apenas com relação ao derramamento do produto X, não
podendo abranger outros quesitos que não foram sucitados.

Parte da doutrina aponta que o juiz está autorizado a eleger a medida


executiva que melhor atenda à tutela específica da obrigação, ainda que não
tenha sido requerida pela parte.

1.5) Mecanismos de defesa do devedor no âmbito do cumprimento de


sentença de fazer, não fazer e dar:

Quando estudamos a obrigação de pagar, o devedor se defendia através da


impugnação do cumprimento de sentença.
Quando se tratar de título extrajudicial ou Fazenda Pública há os embargos à
execução.
Ambas são defesas típicas.

Na obrigação ao cumprimento de sentença de fazer/não fazer e dar não há na


legislação referência ao método de defesa do devedor nessa temática.
Existem 02 posições da doutrina acerca deste tema:
a. É possível o devedor se defender através de agravo de instrumento. O
problema é que esta posição concentra a defesa longe da execução, no
2º grau.
b. Sem prejuízo do agravo de instrumento (ele é possível), o devedor pode
se valer analogicamente do art. 475-L e M do CPC, ofertando
impugnação ao cumprimento de sentença (concentra a defesa na
execução, no 1º grau). Adotar esta posição em concurso.
Atenção! Aqui contudo, o juízo não precisará estar garantido para permitir a
impugnação (exceção à regr do art.475-J,§1º, do CPC).

1.6) Aplicação com alguma limitação mínima (Lei 9494/97 e art.7º,§2º, da Lei
12.016/2009), dos arts. 461 e 461-A do CPC no cumprimento de
sentença de fazer, não fazer e dar proferida contra o Poder Público:
O regime jurídico de fazer ou não fazer e dar no Poder Público é o mesmo que
o particular. Ex. dar medicamentos. Por isso ela funciona.
Não se aplica aqui o regime do art.730 do CPC e art.100 da CF (obrigação de
pagar é feita pelo precatório, o que é muito ineficiente).

2) Cumprimento de Sentença de Obrigação de Fazer e não Fazer


(art.461 CPC):

2.1) Art.461 caput CPC: tutela específica e resultado prático equivalente.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação
dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Diferença entre tutela específica e resultado prático equivalente:
Tutela específica: é o adimplemento perfeito da obrigação. Ex.
determinar que o escritor escreva o livro; determinar que o empreiteiro
entregue a casa.
Resultado prático equivalente: consiste no deferimento pelo juiz de
medida que embora não seja o adimplemento perfeito da obrigação, alcance o
efeito prático semelhante. Ex. garagens a menos em um prédio de
apartamentos. Loteador fez 40 apartamentos com apenas 40 vagas de
garagem. Houve uma briga com quem vai ficar a garagem. Eles não queriam
dinheiro para compensar. Assim, houve um sorteio e os perdedores entraram
na justiça. Assim, o juiz determinou um manobrista 24 horas.

Crítica de Cândido Dinamarco: o pedido deve ser procedente tanto para a


tutela específica quanto para o resultado prático equivalente . Assim, a redação
deveria ser:
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá, se procedente o pedido, a tutela específica da obrigação ou, determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação
dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

2.1.3) Hipótese de não cabimento do resultado prático equivalente:


Ocorre nas obrigações de fazer naturalmente infungíveis (a natureza da
obrigação só permite que ela seja realizada pelo devedor e mais ninguém).
Ex. contratou do show da Beyoncé. Vende 75 mil ingressos. Caso ela não
queira aparecer o juiz pode determinar multa, impedimento dela entrar no Brasil
etc.

Cuidado! Nas obrigações fungíveis (que permite a realização por terceiro) e


nas obrigações de fazer apenas juridicamente infungíveis (que embora
legalmente vedada a prática de ato por terceiro, pode ser suprida pelo
Judiciário), é possível a obtenção do resultado prático equivalente.
Ex. obrigação fungível: contrato empreiteiro para fazer uma obra. É possível
contratar um outro pagando o mesmo preço.
Obrigações Juridicamente infungíveis: quando a lei impõe.
art.466-A a 466-C do CC. – trata da obrigação de declarar vontade.
Ex. obrigação de passar escritura é do comprador ou do seu procurador. A lei
tornou esta obrigação infungível.
O juiz pode substituir a vontade do comprador, sendo um resultado prático
equivalente, determinando na sentença que a escritura será feita sem o
comprador.
Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez
transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005)
Art. 466-B. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação, a
outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que
produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Art. 466-C. Tratando-se de contrato que tenha por objeto a transferência da propriedade de
coisa determinada, ou de outro direito, a ação não será acolhida se a parte que a intentou não
cumprir a sua prestação, nem a oferecer, nos casos e formas legais, salvo se ainda não
exigível. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
Se a coisa apenas for juridicamente infungível o juiz pode substituir a vontade e
dar um resultado equivalente.
Se a obrigação for naturalmente infungível, o resultado prático equivalente não
será possível.

2.1.4) Possibilidade de o credor de obrigação de fazer, não fazer, renunciar à


execução de título extrajudicial para ajuizar ação de conhecimento com
fundamento no art.461 do CPC (STJ).

O STJ admite que a pessoa abra mão do título extrajudicial e entre com uma
ação de conhecimento. A razão é que as medidas executivas do cumprimento
de sentença (execução de título judicial) são melhores das que existentes na
execução de título extrajudicial, a ver a obtenção do resultado prático.

2.1.5) Possibilidade excepcional de obtenção extrajudicial do resultado prático


equivalente (art.249, p.ú do CC e art.251, p.ú, do CC).

Trata-se de casos de autotutela.

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à
custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização
judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Ex. contrato alguém para arrumar a calha, mas não aparece. Com urgência
contato um 3º para fazer.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele
que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
Ex. vizinho constrói muro que não podia. Mando uma pessoa destruir o muro

2.2) Art.461, §1º do CPC: Perdas e danos.

§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se


impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. (Incluído
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Do mesmo jeito que o credor tem o direito de receber a obrigação, o devedor


tem o direito de cumprir a obrigação tal como o combinado.

2.2.1) Perdas e danos é como regra a última opção e só será devida se a tutela
específica ou o resultado prático forem frustrados, bem como quando o credor
assim preferir.
Contudo, para o exercício dessa última opção (credor pedir perdas e danos),
deverá, por primeiro, aguardar o decurso do prazo, fixado pelo juiz, para o
cumprimento in natura da decisão, para só após ser requerida a conversão em
perdas e danos.
Ex. show Beyoncé. Juiz determina que ela venha sob pena de multa. Primeiro
tem que dar a oportunidade dela cantar para depois converter em perdas e
danos.
2.2.2) Exceção à regra geral de que perdas e danos é a última opção (será a
única opção): obrigações de não fazer instantâneas descumpridas.

São aquelas cujo inadimplemento não permite retornar ao estado anterior.

A obrigação de não fazer permanente uma vez descumprida (o sujeito fez) tem
como voltar atrás. Ex. não fazer barulho; não construir um muro; não se instala
em determinado local.

As obrigações de não fazer instantâneas são aquelas que uma vez


descumpridas, não permitem o retorno ao estado anterior. O simples não fazer
já causa o dano.
Ex. contrato de confidencialidade. Conto no jornal o que me comprometi a
guardar. O descumprir já gera perdas e danos automaticamente.
Ex. contrato de sigilo industrial. Conto a fórmula do produto.

2.2.3) Decorrência procedimental da conversão da obrigação em perdas e


danos.
O processo que seguia o rito do art.461 CPC, é automaticamente convertido
em liquidação de sentença (apuração de perdas e danos), e após passa a
correr no rito do art.475-J e ss. do CPC (cumprimento de sentença de pagar).

2.2) Art.461,§3º do CPC – Tutela antecipada: (estudar separado)


§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia,
citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em
decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Não tem nada a ver com execução, pois fala em tutela antecipada se
localizando em local errado.

2.3) Art. 461, §§2º,4º e 6º - multa (astreinte, estringente, multa cominatória,


multa inibitória).
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação,
fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que
se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

2.3.1) Natureza Jurídica da multa/astreinte:


Existe na doutrina 02 posições:
 Função processual: tem caráter coercitivo, intimidatório (técnica de
execução indireta) fixada com fim não de reparar/indenizar ou punir o
devedor inadimplente, mas sim com fim de constranger o réu a cumprir o
réu a cumprir a obrigação.
Essa posição revela 02 coisas: i) o juiz não fixa a multa pensando no
inadimplemento da obrigação. ii) que esta multa/astreinte não se confunde com
a multa do art.14 do CPC (caráter sancionatório). Esta posição goza de
absoluto prestígio na doutrina.

 Caráter Híbrido: a multa tem função processual e função material. O STJ


no Resp949.509/RS. Além da multa/astreinte funcionar como instrumento
em prol do cumprimento da decisão judicial (caráter processual-
coercitivo/intimidatório), ela também tem caráter material, servindo em caso
de descumprimento da obrigação imposta para compensar/indenizar o
credor peço tempo que ficou privado do bem da vida (caráter material -
reparatório). Revelações:
i. No caso de improcedência final do pedido, a multa/astreinte deixa de
ser devida, porque ela tem vínculo com o direito material tido por
inexistente.
ii. O descumprimento da multa é em benefício do credor (e não do juiz).
Em resumo: a multa/astreinte, enquanto pressuposta é
coercitiva/intimidativa; enquanto posta (após o descumprimento da
obrigação) é indenizatória/reparatória.

2.3.2) Destinatário da multa/astreinte: é o credor da obrigação inadimplida


(diferente da multa do art.14, p.í do CPC que vai para o Estado). STJ
949509/RS.

2.3.3) Momento de incidência da multa/astreinte (termo inicial de quando ela


passa a incidir): tão logo decorra o prazo para cumprimento da obrigação
fixada pelo juiz da causa.
É diferente do cumprimento de sentença de pagar que o prazo é legal de 15
dias.
Atenção! Súmula 410 STJ. Trata-se de uma súmula antiga que determina que
não cabe intimação para cumprimento da obrigação, sob pena de multa, na
pessoa do advogado (diferente do que ocorre com o art.475-J do CPC).
Súmula 410
A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa
pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
O STJ, contudo, mais recentemente, tem afastado a aplicação dessa súmula e
admitindo a intimação do devedor na pessoa do advogado (STJ, 857.758/RS) –
técnica da overruling – superação do precedente anterior.

2.3.4) Momento da execução da multa/astreinte (a partir de quando é possível


executar-se a multa/astreinte pela obrigação inadimplida).
Dentro do próprio STJ tem 03 posições:

 STJ, Resp. 1.173.655, j. 12.04.12, 3ª Turma: (Dinamarco,


Arruda Alvim, Marinoni) a execução só pode ser feita após o trânsito em
julgado da sentença que confirmou a obrigação inadimplida, ainda que a
multa/astreinte incida desde o fim do prazo fixado pelo juiz para cumprimento.
Vantagem desta posição: segurança jurídica de a multa ser executa de modo
definitivo após a definição cabal do dever do executado em cumprir a obrigação
de fazer/não fazer.
Desvantagem: isso era ineficácia da decisão judicial, vez que o devedor não
pode sofrer a execução da multa enquanto a sentença não transita em julgado.
 STJ Resp. 1.289.849, j.19.04.12, 3ª Turma: (Cássio,
Bedaque, Talamini): a execução pode ser feita antes do trânsito em julgado da
sentença da obrigação inadimplida, sem qualquer condicionamento, porém de
modo provisório (art.475-O do CPC).
Vantagem dessa posição: prestigia a eficácia da decisão judicial.
Desvantagem: é o risco de, sendo ao final julgado improcedente o pedido, o
credor da multa/astreinte ter que devolver o valor recebido/executado.
Atenção! Nessa posição a multa/astreinte só é executável de imediato se o
recurso contra a decisão que a fixou não estiver sujeito a efeito suspensivo.

 STJ, Resp. 1.347.726, j.27.11.12, 4ª Turma: (ninguém


adota ela porque é nova): a execução pode ser feita de modo provisório
(art.475-O do CPC), antes do trânsito em julgado da sentença que reconheça a
obrigação inadimplida, porém, apenas se a multa/astreinte foi fixada em uma
decisão de cognição exauriente não sujeita a recurso com efeito suspensivo.

Para saber qual a posição adotar no concurso é necessário saber o


posicionamento dos membros da banca e do tribunal que vai se prestar o
concurso.

Aula 13

2.3.5) Reforma que fixou a multa/astreinte pelo inadimplemento da


obrigação:
O STJ entendeu que se tendo em vista a natureza híbrida da multa/astreinte
(caráter processual e material), a eventual reforma da decisão que impôs a
obrigação/multa torna a multa inexigível, inclusive podendo acarretar a
necessidade de repetição/devolução dos valores recebidos/executados pelo
credor (STJ, Resp. 949.509/RS).

2.3.6 – Cabimento da multa/astreinte contra a Fazenda Pública:


Se for necessário executar a multa/astreinte em vista do não
cumprimento da obrigação isso será feito na forma do art. 730 do CPC e art.
100 da CF (essa execução por quantia é autônoma).

 Questão interessante: É possível a incidência da multa/astreinte


contra o administrador público que não cumpre a obrigação?
R. Essa questão não é pacífica. Porém o STJ tem admitido nas hipóteses em
que restar provado que o ato só não é praticado em virtude da vontade dele.

2.4.7) Hipótese em que não é possível a incidência da multa/astreinte: nos


casos em que a obrigação inadimplida não puder mais ser cumprida (ex.
obrigações de não fazer instantâneas – ex. contrato de sigilo).

2.4.8) Utilidade da fixação da multa/astreinte: a multa/astreinte tem especial


utilidade nas obrigações de fazer e não fazer naturalmente infungíveis, vez que
aqui não há como se obter o resultado prático equivalente. Ex. show da
Beyoncé tem que ser a Beyoncé e não a Gabi Amarantos. Não há como se
negar, contudo, que a multa também pode ser aplicada nas obrigações
fungíveis (art.287 do CPC).
287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar
alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena
pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão antecipatória de tutela
(arts. 461, § 4o, e 461-A).(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Assim, a multa pode ser cobrada em qualquer situação: fazer/ não fazer, dar,
pagar etc. O art.287 não faz nenhuma restrição.

2.4.9) Fixação do valor da multa/astreinte: não há critério legal, competindo


ao juiz definir o valor da multa. Se diferencia do art.475-J do CPC que
estabelece o valor da multa em 10% do valor da causa (daí se fala que a multa
aqui não é astreinte). Existem 02 pontos a serem discutidos:
a. Pacífico: a capacidade econômica da parte executada deve ser
considerada para fixação da multa/astreinte, tudo à luz da regra da
proporcionalidade (STJ). Ex. não adianta colocar multa de R$100,00 no Banco
do Brasil, porque assim não haverá caráter coercitivo. Quando o juiz fixa a
multa ele deve pensar que o devedor vai cumprir a obrigação. Assim, ele deve
fixar multa com valor alto para ter coercibilidade.
b. Controvertido: é se o valor da multa/astreinte pode superar o
valor da obrigação principal (STJ): há uma leve prevalência do entendimento
de que pode superar o valor da obrigação. Ex. Beyoncé prefere fazer show no
Brasil do que pagar multa referente a 50 shows.

2.4.10) Possibilidade de adequação do valor da multa a posteriori (art.461,


§6º, do CPC):
A multa é ficada de acordo com as circunstâncias do caso.
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que
se tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Ex. juiz fixou multa de R$1.500,00 contra a telefônica, mas foi ineficaz e subiu
para R$3.000,00.
Ex. dono de mercadinho (devedor) está tentando cumprir obrigação de boa-fé e
requere a redução da multa, porque está muito alta.

Para o STJ o valor da multa/astreinte, não faz coisa julgada material, podendo,
portanto, a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado da sentença
que reconheceu a obrigação, ser alterado.

 O valor da multa alterado pode retroagir ao momento da fixação?


Atenção! Tem prevalecido no âmbito do STJ o entendimento no sentido de que
se houver redução da multa o efeito é ex tunc (retroage), ou seja, reduz o
valor da multa acumulada/vencida.
Se for, entretanto, para aumentar o valor da multa, o efeito é ex nunc (não
retroage), ou seja, não eleva o valor da multa acumulada/vencida.

2.4.11) Periodicidade da multa/astreinte: lei não fala em multa diária, mas


sim em multa periódica (art.461, §6º). Significa dizer que a multa/astreinte pode
ser fixada, em minutos, em horas, em dias, em meses, em anos, e até de modo
progressivo, através de um cronograma de incidência da multa (inclusive com
fixação do termo final de sua incidência).
Ex. juiz determinou o aumento de efetivo policial em uma cidade. Como tem
que ter previsão orçamentária, ele determinou multa de ano em ano.
Ex. determino que a linha telefônica seja instalada, sob pena de nos 15
primeiros dias de R$1.500,00; nos 15 dias seguintes R$3.000; nos 15 dias
seguintes R$ 4.500,00, prazo que a multa cessará. (colocar multa em
cronograma na prova de sentença). É importante colocar a data do fim da
multa, pois isso evita multas milionárias e ineficazes.

2.4.12) Duty to mitigate the loss (EUA) - Teoria do dever de mitigar, diminuir o
próprio prejuízo e Supressio (Itália) – perda de uma situação jurídica de
vantagem pelo seu não exercício em tempo razoável.
Se o réu, voluntariamente, deixou de comunicar ao juízo o descumprimento da
obrigação, com o objetivo de acumular o valor da multa/astreinte, é lícito ao juiz
vedar tal conduta, tornando inexigível ou reduzido o valor da multa/acumulada.
Ex. juiz fixa uma multa para o devedor cumprir uma obrigação. O credor, de má
fé, não avisa o juiz que o devedor não está cumprindo a obrigação para ganhar
o valor da multa.

2.4.13) Cumulação da multa/astreinte com outras verbas: tem se entendido


que a multa/astreinte é acumulável com outras verbas de naturezas distintas,
tais como, juros de mora incidente sobre a astreinte (STJ, 1.198.880,
j.10.09.12), perdas e danos; multas sancionatórias (art.14 do CPC); multas por
litigância de má-fé (artigos 17 e 18 do CPC), entre outras.

2.5) Art.461,§5º, do CPC: medidas de apoio à tutela específica ou à


obtenção do resultado prático equivalente.

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente,


poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de
força policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
2.5.1) Rol do dispositivo é meramente exemplificativo, de modo que é possível
a bem da tutela específica ou resultado prático bloqueio de valores, limitação
de direitos etc. que não constam do rol.

2.5.2) É possível que o juiz com base no §5º decretar a prisão pelo
descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer?
R. 02 posições:
1ª) Marinoni e Ada: SIM. Prisão é mecanismo de execução indireta a bem do
cumprimento da obrigação, de modo que cumprida o executado é solto - “Faça
sob pena de prisão” – não se prende por inadimplemento, mas porque não está
cumprindo a determinação judicial.
2ª) Medina e o STJ (RHC35,253, j. 05.03.2013): NÃO. Isso constituiria prisão
civil não autorizada pela CF.

2.5.3) É perfeitamente possível a cumulação dessas medidas de apoio com a


multa/astreinte.
3) Cumprimento da Sentença que reconhela obrigação de
dar/entregar (art.461-A):

Ex. compra e venda verbal que não entrega os bens.


Ex. entrega de medicamentos.

3.1) Cabimento da ação/execução de retomada (para entrega de coisa):


02 posições:
1ª) Marinoni: a ação de retomada do art.461 é fundada em direito pessoal
(nunca de direito real), de modo que nela se exige o cumprimento da obrigação
e não a recuperação da coisa objeto do indevido desapossamento (como na
reintegração de posse). Para ele se a ação for fundada na posse ou na
propriedade a parte se valerá das ações possessórias ou petitórias;
Ex. requerer imóveis, requerer espaço que está faltando no imóvel.
2ª) Medina: natureza do direito em debate é desimportante para determinar o
uso da ação/execução do art.461-A do CPC, de modo que ela é veiculável para
tutela tanto de direitos reais quanto pessoais/obrigacionais.

3.2) art.461-A caput: tutela específica da obrigação:

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)

Diferentemente do art.461-, caput, do CPC (obrigações de fazer/ não fazer), o


art.461-A, caput, do CPC, não fala em obtenção do resultado prático
equivalente.

Por isso tanto Dinamarco como Cássio Scarpinella sustentam que não é
possível resultado equivalente prático, até porque só interessa ao credor
aquela coisa específica, única capaz de satisfazê-lo. Do contrário é perdas e
danos.

3.3) Art.461-A §1º - concentração nas obrigações para entrega de coisa incerta:
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a
individualizará na petição inicial (não tem petição inicial), se lhe couber a escolha; cabendo
ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. (Incluído pela
Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

a) Erro do dispositivo que fala em petição inicial quando a execução/


cumprimento de sentença é não autônomo (sincrético) – o credor escolhe
em uma petição qualquer.
b) De acordo com a lei civil se não houver previsão no contrato de quem deve
fazer a escolha, ela sempre caberá ao devedor/executado, que escolhe a
entrega a coisa ao mesmo tempo.

3.4) Art.461-A §2º do CPC: fala da busca e apreensão da coisa certa.


§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor
mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou
imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

a. Busca e apreensão é para bem móvel e imissão na posse é para bem


imóvel.
b. Diferentemente do art.461 do CPC (obrigação de fazer), a medida
executiva por excelência aqui é a busca e apreensão e imissão na
posse, sendo a multa secundária e só utilizável se frustrada a outra
medida.
c. A multa geralmente é usada quando a coisa não é localizada e para
compelir o devedor a indicar o paradeiro dela.
Ex. entrega do carro, casa etc. não entregou expede o mandado de busca e
apreensão. Caso a busca e apreensão pelo oficial de justiça não seja bem
sucedido é que se arbitra multa para indicar o paradeiro.

3.5) Art.461, §3º do CPC – a aplicação subsidiária das regras do


art.461,§1º a 6º.
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1 o a 6o do art. 461.(Incluído pela
Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Portanto é possível conversão em perdas e danos, tutela antecipada, fixação


da multa, modificação de seu valor etc. Sendo assim, está prejudicada a
súmula 500 STF:
Súmula 500
NÃO CABE A AÇÃO COMINATÓRIA PARA COMPELIR-SE O RÉU A CUMPRIR OBRIGAÇÃO
DE DAR.

3.6) Retenção por benfeitorias:


De acordo com o STJ, só será possível ao executado reter o bem até ser
indenizado se esse fato tiver sido trazido a debate no processo de
conhecimento e reconhecido esse direito na sentença.

Portanto, não cabe embargos de retenção na fase de cumprimento de


sentença (ficando reservado esse instituto para os casos de execução de título
extrajudicial de entrega de coisa). Somente será possível ao devedor que não
arguiu retenção/indenização na fase de conhecimento, demandar perdas e
danos em outra ação contra o exequente (não cabe embargos de retenção que
é exclusivo de título extrajudicial). STJ Resp. 1.278. 094/SP, j.16.08.12.

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL (LIVRO II)

1) Princípios:
Vamos falar dos principais princípios da execução que também são aplicáveis
ao cumprimento de sentença e execução e título judicial:

1.1) Princípio da nulla execcutio sine titulo (art.618,I e 586 do CPC).


É necessária uma prévia afirmação documental da existência do direito, seja
pelo próprio Estado ou afim (títulos judiciais), seja pela lei (títulos
extrajudiciais).
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). (Título executivo)

Atenção! Para alguns poucos autores, esse princípio sofre exceções a partir
do momento em que se admite a execução da decisão antecipatória de tutela e
da monitória (execução sine título). Já para outros autores, não se trata de
exceção já que a decisão antecipatória de tutela e da monitória são títulos
executivos provisórios.

1.2) Princípio da Máxima Utilidade ou Efetividade da Execução (art.612


do CPC):
É a regra do “pau no devedor”. O CPC flagrantemente beneficia o credor.
Ex. Art.600 do CPC – só o executado é sancionado.
Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: (Redação
dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
I - frauda a execução; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
IV - não indica ao juiz onde se encontram os bens sujeitos à execução.(Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens
sujeitos à penhora e seus respectivos valores. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Ex. art.666, §1º do CPC – a regra é o bem não ficar com o devedor.
§ 1o Com a expressa anuência do exeqüente ou nos casos de difícil remoção, os bens
poderão ser depositados em poder do executado. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

1.3) Princípio da Menor Onerosidade/ Sacrifício/ Restrição ao Direito do


Devedor:
02 regras:
1. Este princípio é subordinado ao Princípio da máxima utilidade ou
efetividade da execução.
2. Esse princípio só tem aplicação quando houver vários meios e
igualmente vantajosos de satisfazer o credor. Ex. devedor tem 1 ferrari e
1 fusca e a dívida é de mil. Vale mais penhorar o fusca e vender para o
ferro velho. Se só tiver a Ferrari vai ela mesmo.
Vide art.620 CPC
Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se
faça pelo modo menos gravoso para o devedor.

1.4) Princípio da Patrimonialidade (art.591 do CPC):


O devedor responde pelas suas dívidas com os seus bens.
Art. 591 do CPC:
Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus
bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Exceções:
 Art.733 do CPC – dívida de alimentos.

1.5) Princípios do Contraditório Rarefeito:


Na execução não se discute o mérito da obrigação (a existência da dívida),
mas exclusivamente como se dão os atos executivos (avaliação, penhoras
etc.).

2) Partes no processo de execução de título extrajudicial:

2.1) A legitimidade na execução é muito mais facilmente aferível do que no


processo de conhecimento porque ela parte da análise do próprio título
executivo.

2.2) Espécies de legitimidade:


2.2.1) Legitimidade ativa (credor/exequente):
 Ordinária ou originária (art.566, I, CPC): credor que consta do título.
Art. 566. Podem promover a execução forçada:
I - o credor a quem a lei confere título executivo;

 Ordinária derivada ou superveniente (art.567 do CPC): cessão de


crédito ou da sucessão causa mortis. Atenção! O crédito é recebido
com as mesmas vantagens ou desvantagens do credor originário.
Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:
I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for
transmitido o direito resultante do título executivo;
II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre
vivos;
III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

 Extraordinária: (previsão do art.6º e 566, II, CPC): lei autoriza aquele


que não é o titular do crédito a executá-lo em nome próprio, mas em
favor de pessoa alheia. Exs. MP executando alimentos, ação civil ex
delicto (art.68 do CPP); execução coletiva correspondente (art.98 CDC –
interesses individuais homogêneos).
Art. 566. Podem promover a execução forçada:
II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.

2.2) Legitimidade Passiva (executado/devedor):


 Ordinária ou originária (art.568,I, CPC): devedor indicado no título.
Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)

 Ordinária derivada ou superveniente (art.568,II, III, IV). Exs. sucessor


causa mortis do devedor. A CF preceitua que não podem as dívidas
superar as forças da herança.
Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do
título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - o fiador judicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Atenção! Art.299 CC estabelece que a cessão de débito, mas o credor deve


concordar. Fiador judicial (fiança prestada em juízo, e não contratualmente).
Art. 299 CC. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da
assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na
assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

 Responsável tributário (art.568, V CPC e art.135 do CTN).


Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973)

Atenção! Este dispositivo está mal posicionado no CPC, vez que ele deveria
estar no capítulo da responsabilidade patrimonial (art.591 e ss. do CPC).
Afinal, o legitimado passivo para a execução é a empresa/pessoa jurídica
(débito), sendo o sócio que agiu com excesso de poderes apenas o
responsável peço pagamento da dívida (responsabilidade).
Cuidado! O STJ entende que se o sócio já constar da CDA ele é
devedor/responsável (art.568,I do CPC), cabendo a ele provar que não agiu
com excesso de poderes (art.135 CTN). Mas se o sócio não constar da CDA
para que ele seja responsabilizado compete ao fisco provar o excesso de
poderes (art.135 CTN) para que ele possa ser responsabilizado (STJ,
Resp.924.442/RS)

Regra geral, débito e responsabilidade recaem sobre a mesma pessoa.


Excepcionalmente a lei pode determinar que o débito recai sobre uma pessoa e
a responsabilidade sobre outra.

2.3) Litisconsórcio na Execução:


É perfeitamente possível o litisconsórcio na execução, aplicando-se as regras
da parte geral CPC (art.46 e 47 do CPC).

Aula 14

3) Competência na Execução de Título Extrajudicial (art.576 a 578


do CPC):

Obs.1: o legislador esqueceu de revogar o art.575 do CPC, pois quando a


execução é do título judicial não se aplica mais este procedimento, e sim do art.
475-P do CPC.

Obs.2: a competência na execução de título extrajudicial é territorial, pois a


principal regra de competência de execução de título extrajudicial é o art.100,
IV, “d” do CPC, ou seja, em regra a obrigação será executada no local onde a
obrigação deve ser cumprida.
Art. 100. É competente o foro:
IV - do lugar:
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento;
Ex. execução de cheque é o local de cumprimento da obrigação (é uma ordem
de pagamento emitida contra um banco). Assim, é necessário saber qual a
agência que será sacada.
Obs.3: Foros concorrentes: apesar da regra do art.100,IV, “d” do CPC
existem ainda 02 regras em que a parte pode ajuizar a execução do título
extrajudicial.
 A jurisprudência entende que é faculdade do credor abrir mão da regra
do art.100, IV, “d” do CPC e ajuizar a ação no domicílio do executado.
 Foro de eleição.

Obs.4: Foro de Eleição (Art.111 do CPC):

Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das
partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo
foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.
§ 1o O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir
expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.

O contrato pode modificar a competência (foro de eleição) e vincula para


ambas as partes do contrato. Entretanto, mesmo que tenha foro de eleição, as
partes podem renunciar o foro em favor do domicílio do executado.

Conclusão:
Regra legal: local do cumprimento da obrigação.
Regra contratual: foro de eleição
Em ambas as hipóteses pode optar pelo domicílio do devedor.

Obs.5: o STJ tem entendido que o eventual protesto do título fora do local
indicado no foro de eleição não significa renúncia a ele.
Ex. contrato: São Paulo (domicílio do devedor), Franca (domicílio do credor) e
Campinas (local da obrigação) e o foro de eleição foi SP – a favor do devedor.
O protesto não é condição de execução do título extrajudicial. Assim, se o
credor protesta em franca não significa que a execução do título vai modificar.

Obs.6: caso haja ação prévia a execução ajuizada pelo devedor para discutir a
existência/inexistência da obrigação constante do título extrajudicial (anulatória
de débito, declaratória negativa etc.), isso não impede o credor de promover a
execução (art.585, §1º do CPC). Contudo, essa execução necessariamente
deverá ser ajuizada perante o juízo da ação declaratória negativa que está
prevento para o julgamento, também da execução (conexão por
prejudicialidade) – art.253, I, do CPC. Portanto, nesse caso pode ficar
eventualmente prejudicada a regra do art.100,IV, “d” do CPC. (questão clássica
CESPE).

Art.585 § 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não
inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Ex. credor tem um cheque/duplicata/promissória. Independente do credor


protestar, o devedor se antecipa e entra com ação declaratória negativa para
declarar a prescrição do cheque, ou o pagamento da duplicata etc. Entretanto
isso não impede do credor entre com ação.
Caso a ação declaratória negativa não seja ajuizada no local da obrigação
(ex.Franca), o credor fica obrigado a executar neste local, pois trata-se de uma
decisão que gera impacto negativo.

4) Requisitos para realização de qualquer execução (art.580 e ss. do


CPC).
Estas regras valem também para o cumprimento de sentença.

Existem 02 requisitos: de fato e de direito.

4.1) Requisito de Fato:


Eu preciso de uma situação de fato que é o inadimplemento do devedor:
trata-se do não cumprimento voluntário da obrigação.

Atenção! Cuidado com o art.582 do CPC (dá operacionalização prática do


art.476 e ss. CC). Ele fala da exceção do contrato não cumprido:

Art. 582. Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de cumprida a sua
obrigação, exigir o implemento da do outro (Não há inadimplemento), não se procederá à
execução, se o devedor se propõe satisfazer a prestação, com meios considerados idôneos
pelo juiz, mediante a execução da contraprestação pelo credor, e este, sem justo motivo,
recusar a oferta.
Parágrafo único. O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da obrigação, depositando em
juízo a prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a execução, não permitindo que o
credor a receba, sem cumprir a contraprestação, que Ihe tocar.

 Qual a relação da exceção do contrato não cumprido com a


execução?
R. Para executar é necessário o inadimplemento do devedor. Ademais, o
exequente tem que provar que foi cumpriu a sua obrigação, pois assim não
se pode falar em exceção do contrato não cumprido pelo devedor.

Art.615, IV do CPC:
Art. 615. Cumpre ainda ao credor:
IV - provar que adimpliu a contraprestação, que Ihe corresponde, ou que Ihe assegura o
cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a
contraprestação do credor.

4.2) Requisito de Direito (situação de direito):


Para que se tenha processo de execução é necessário a existência de título
executivo (judicial ou extrajudicial). Art.475-N ou 585 do CPC.
É um ato ou fato documentado cuja ocorrência permite o ajuizamento da
execução.

Atenção! Natureza do título executivo:


No Brasil prevalece o entendimento do autor italiano Micheli. Ele defende que
o título executivo ao mesmo tempo tem natureza de ato/fato e de documento,
embora ora ou outra prevaleça uma dessas características a depender do
título.
Repercussão prática deste entendimento é a questão da possibilidade de
executar o título executivo por cópia/xérox.
Se preponderar a natureza do título como ato/fato: o título vale o que
ele representa, ou seja, aspecto substancial do título (exs. contrato, sentença
judicial, contrato de seguro de vida etc.). Assim, esses títulos executivos podem
ser executados em cópia (xerox do contrato).
Se preponderar a natureza do título como documento: vale o que ele é
– aspecto formal do título executivo (ex. cambiais): não podem ser executados
em cópia, o que não impede, por óbvio, que a cártula fique guardada no cofre
da Secretaria para evitar extravios (esta regra impede que se xeroque o título e
execute em vários locais diferentes).

Existe uma discussão doutrinária (não é pacífico) que a existência do título


executivo é condição da ação executiva ou um mérito da execução. A
extinção é sem julgamento do mérito ou improcedência da execução.
Em razão do art.618, I do CPC é aconselhável dizer no concurso que é
condição de ação executiva: a execução é sem julgamento do mérito. A ideia
de nulidade está mais relacionada aos pressupostos e condições da ação do
que do mérito.
Art. 618. É nula a execução:
I - se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível (art.
586); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

5) Caracteres substanciais do título executivo:


Vale também para o cumprimento de sentença.

Dica: estudar prova em espécie, execução contra devedor insolvente e


execução contra a fazenda pública pela doutrina na matéria de execução.

Na verdade, os caracteres a serem estudados são da obrigação, a não


propriamente do título – art.586 do CPC.
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação
certa, líquida e exigível. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Obs. A obrigação e não o título tem que ser certo, líquido e exigível.

5.1) Certeza: é a indicação precisa exata dos sujeitos e objeto da obrigação. É


necessário indicar sem elementos externos ao próprio título.
Para o título ser certo é necessário responder 04 perguntas:
 Quem deve?
 Para quem deve?
 O que deve?
 Como deve?

Ex. cheque
Quem deve? Devedor
Para quem deve? Credor
O que deve? $
Como deve? Título à vista.
Ex. contrato de compra e venda de vacas. Gajardoni deve para credor, 03
vacas, mas não há contraprestação (à vista, à prazo etc.). Assim, não é título
executivo.

5.2) Liquidez: é a determinação da extensão, mensuração da obrigação


(quantum) sem necessidade de recorrer a elementos externos ao próprio título
e dependentes de atividade cognitiva do juiz.
Prevalece o entendimento de que essa característica é exclusiva das
obrigações de pagar (Dinamarco). Quanto deve?

5.3) Exigibilidade: trata-se de aspecto relacionado intimamente com o interesse


processual e com a atualidade da obrigação.
 A obrigação já deve ser cumprida?

Ex. título executivo não vencido (a ser pago em 2014 e ainda é 2013). O título é
certo, líquido, mas não exigível.
Ex. títulos judiciais sujeitos a recurso com efeito suspensivo são inexigíveis,
pois tolhem a eficácia da sentença.

Art.572 do CPC: hipóteses de obrigação sujeitas à condição.


Art. 572. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o credor não
poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou que ocorreu o termo.

Ex. promessa de doação de apartamento caso filha case. Depois dela casar o
pai não cumpre a promessa. Para executar o contrato, a filha tem que provar
com a cópia de certidão de casamento que cumpriu a condição.

A exigibilidade tem a ver com a condição ou termo. Assim, sem condição o


título é inexigível.

Última observação: à exceção dos títulos judiciais ilíquidos (que podem ser
liquidados conforme art.475 e ss. CPC), a ausência dos caracteres certeza,
liquidez e exigibilidade desnatura o documento como título executivo.

6) Títulos executivos extrajudiciais (art.585 do CPC)

6.1) Considerações Gerais:

i. Origem: a origem dos títulos judiciais é a pacificação social pelo Estado.


Entretanto, a origem dos títulos extrajudiciais é diferente. Ela se deu na Idade
média e se confunde com a origem das cambiais: na idade medida começou a
ter muito assalto de mercadorias e para haver mais segurança e celeridade
começou a substituir pelo papel.

ii. Todos os títulos extrajudiciais foram eleitos por critérios variados


(relacionados à natureza do crédito ou certeza da obrigação).
O legislador pode definir por critérios (geralmente políticos) quais são os títulos
que representam crédito.
Ex. é razoável que um contrato seja um título executivo.
Ex. não é razoável que a debênture é título executivo.
iii. Há títulos executivos extrajudiciais abertos (com conteúdo amplo) e
fechados (com conteúdo estrito e previstos em lei).
No rol do art.585 há títulos que podem contemplar qualquer tipo de obrigação.
Ex. contrato (dar, fazer, não fazer, construir uma casa etc.).
Há também no rol do art.585 títulos fechados em que só se pode exigir uma
espécie de obrigação.
Ex. cheque, promissória – obrigação de pagar.

iv. Diferentemente do rol do art.475-N do CPC (taxativo com exceções), no


art. 585 há o rol exemplificativo.

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Ex. art.24 da Lei 8.096/94 - contrato de honorários advocatícios.


Ex. Lei 6.822/90 – as multas aplicadas pelo tribunal de contas são títulos
executivos extrajudiciais.

Ex. cédula de crédito bancário, industrial, comercial, à exportação etc.

Atenção! Só a lei pode criar títulos executivos, sendo proibido no Brasil o


pactum executivum: o sujeito não pode fazer documento e dispor que “este
documento possui eficácia de título executivo.”

v. Crítica muito grande da doutrina ao elevado nº de títulos extrajudiciais


(Dinamarco).
Dinamarco diz que em vista do fato de haver muitos títulos extrajudicias, o
legislador tem receio de dotar a execução de título extrajudicial de instrumentos
mais eficazes de satisfação do credor, por conta da insegurança na formação
desses títulos.
Ex. em muitos contratos exige-se promissórias em branco, o que demosntra
que são inseguros.

Art. 736 demonstra essa insegurança: o devedor por apresentar embargos a


execução independentemente de penhora.

Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à


execução por meio de embargos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em
apartado, e instruídos com cópias (art. 544, § 1 o, in fine) das peças processuais relevantes.
(Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em
apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser
declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (Redação dada pela
Lei nº 12.322, de 2010)

vi. O STJ, exatamente pela crítica do item anterior, admite que o detentor
do título extrajudicial se valha do documento para instruir processo de
conhecimento (ele pode optar).
Razão: as medidas executivas do título judicial é melhor do que o título
extrajudicial.
(Cássio Scarpinela é totalmente contra a este entendimento - minoritário).
Antes o entendimento era de que se havia título executivo era obrigatório ação
de execução, sob pena de falta de interesse de agir. O STJ superou este
entendimento.

vii. Títulos extrajudiciais podem contemplar todos os tipos de obrigação,


variando, apenas, o rito que a execução seguirá.

Existem diversas espécies de rito/ execução de título extrajudicial – se


relacionam com o cumprimento de sentença:
 Execução por transformação: obrigação de fazer – art.621 do CPC
 Execução por desapossamento: obrigação de entrega – art.632 e ss.
do CPC.
 Execução por expropriação: obrigação de pagar – art.646 e ss. do
CPC.

viii. Execução de título extrajudicial contra a Fazenda Pública:

Apesar de parcela da doutrina sustentar a impossibilidade na obrigação de


pagar, tendo em vista do que consta no art.100 da CF (que exige sentença
judicial transitada em julgado para expedição de precatório), o STJ pacificou
entendimento pela admissão em qualquer tipo de obrigação (súmula 279);
Súmula 279
É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.
Ex. contratos, cheques, duplicatas da administração podem ser executados.

ix. Execução de título extrajudicial estrangeiro:


A sentença estrangeira para valer no Brasil tem que ser homologado pelo STJ.
O art.585,§2º dispõe que os títulos extrajudiciais estrangeiros não necessitam
de homologação pelo STJ (está STF porque antes era ele o competente).
§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados,
os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia
executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua
celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

Entretanto, o título tem que obedecer 02 requisitos cumulativos:


o constar os requisitos do local que foi celebrado
Ex. nos EUA menino de 16 anos pode assinar contrato.
o Indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.

Títulos em espécie:

6.2) Art. 585,I do CPC: cambiais


São títulos do tipo fechado que estabelecem obrigações de pagar. São a letra
de câmbio, promissória (Lei Uniforme de Genebra), duplicata (Lei 5.474/68),
debêntures (lei S/A) e cheque (Lei7.357/85).

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Redação dada
pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

a) Aspectos Gerais: Princípio da inoponibilidade de exceções


pessoais na execução ajuizada pelo terceiro de boa-fé. Admitindo-se,
contudo, que o devedor reclame oportunamente perdas e danos contra o
credor primitivo/endossante. Caso, entretanto, o título não tenha
circulado (ainda está em poder do credor primitivo), é lícito ao devedor
aventar toda e qualquer defesa.

Regra do direito cambiário: Se o título circulou e o 3º está de boa fé,


eventual defesa com o primitivo credor não pode ser arguida contra o
recebedor. Isso inviabilizaria o título.

b) Aspectos Gerais: o prazo de prescrição executiva desses títulos é


variável conforme a lei de regência.
Ex. cheque (6 meses), debênture, duplicata (5 anos) tem prazos prescricionais
diferentes.

Existem 02 informações importante sobre a prescrição:


 Não havendo prazo na lei especial de regência, a prescrição é de 03
anos (art.206, §3º, VIII, do CC).
 Prevalece o entendimento de que o juiz pode pronunciar a prescrição
das cambiais de ofício (art.219, §5º do CPC). E há uma cambial
prescrita falta a exigibilidade, apesar do devedor poder pagar
espontaneamente.

c) Duplicata:
 Só pode ser emitida pelo credor em se tratando de compra e venda ou
prestação de serviço mercantil (só comerciante pode emitir) – art.1º e
20 da Lei 5.474/68
A duplicata não pode ser emitida por pessoa física, mas pode ser emitida por
empresário individual, MEI etc.

 A duplicata emitida é encaminhada ao devedor para fins de aceite,


pagamento ou devolução da duplicata. Se o devedor não fizer nenhuma dessas
03 operações para que a duplicata seja considerada título executivo é mister
que o credor efetue o protesto da duplicata por indicação, apresentando o
comprovante do recebimento da mercadoria ou do serviço assinado pelo
devedor (art.15, §2º da Lei 5.474/68).

Obs. o cheque promissória ou duplicata aceita são títulos que não necessitam
de protestar para serem executados.

d) Cheque:
 O cheque só é título executivo contra o emitente, ainda que a conta seja
conjunta (a solidariedade na conta conjunta se dá perante o banco e não
a terceiros).
 O cheque pós datado não perde a exigibilidade podendo ser executado
de imediato antes do prazo avençado.
O cheque pós datado é um contrato entre as partes, mas não retira o fato de
ser título de pagamento a vista. Em razão disso, o emitente pode reclamar
indenização por danos (súmula 370 do STJ).
 Prescrição da executoriedade do cheque: o STJ pacificou entendimento
de que a prescrição do cheque é de 6 meses contados do término do prazo
para sua apresentação ou da 2ª devolução, considerando a data da emissão
do cheque ainda que pós datado.
Ex. o “bom para”, pós pagamento não deve ser considerado no prazo
prescricional.
A prescrição de 6 meses começa a contar do fim do prazo da apresentação
(prazo de 30 ou 90 dias dependendo da praça).
A partir do momento que apresento 2 vezes, a partir da 2ª devolução escoa o
prazo de 6 meses.

 Ainda que o cheque tenha a executoriedade prescrita, nada impede que


ele seja usado para a cobrança da dívida peça via da ação de conhecimento
(ação de cobrança ou monitória a opção do credor).
Atenção! O STJ só admite essa operação no prazo de 5 anos a contar da
prescrição da executoriedade do cheque com base do art.206, §5º,I do CC,
bem como não exige que o credor decline a origem da dívida para fazê-lo
(o que não impede o devedor de levantar essa questão na sua defesa).

Ex. executo cheque sem falar a origem da dívida. O devedor tem que provar
isso.

6.3) Art.585,II do CPC:

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento


particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação
referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos
transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Observações:
a. De todos os títulos extrajudiciais este é o mais aberto (obs. as cambiais
são fechos). Pode ser obrigação de fazer, pagar etc.
b. Documento particular assinado por 02 testemunhas. O STJ entende
que essas 02 testemunhas são meramente instrumentais, de modo que
não precisam presenciar o ato, tampouco serem identificadas em
detalhes.
c. Documento particular: limitações sumulares a respeito do tema –
súmulas 233, 247 e 300 STJ.
Contrato de abertura de conta corrente é o contrato mais utilizado no Brasil (é o
contrato de cheque especial). Ocorre que o STJ decidiu que não é um título
extrajudicial (não há liquidez) e isso retirou um grande poder dos bancos. Seria
necessário entrar com ação de conhecimento.
Súmula 233
O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta-corrente, não é
título executivo.
Assim, o STJ voltou atrás e admitiu ação monitória, mas mesmo assim os
bancos não ficaram satisfeitos.
Súmula 247
O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de
débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.

Assim, os bancos adotaram a seguinte estratégia: davam mais crédito ao


devedor se este assinasse instrumento de confissão de dívida, e com isso o
contrato de abertura de crédito é considerado título executivo.
Súmula 300
O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito,
constitui título executivo extrajudicial.

d. Documento particular: o STJ tem entendido que o contrato de


prestação de serviços educacionais é título executivo, desde que se
prove a prestação do serviço.
Ex. contrato com escola particular com assinatura de 2 pessoas e assume
prestações. A prova se dá pela presença às aulas.

e. Documento particular: o acordo submetido a homologação judicial por


juiz absolutamente incompetente conserva a sua eficácia de título
extrajudicial, desde que assinado pelo MP, advogados ou defensor
públicos.

6.4. Art.585,III, CPC – os contratos com garantia pessoal

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução (na verdade é fiança),
bem como os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Observações:
a) Caução/fiança: para a validade da fiança/caução é necessária outorga
uxória (art.1.647,III do CC).
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização
do outro, exceto no regime da separação absoluta (= separação convencional):
III - prestar fiança ou aval;

b) Seguro de Vida: diferentemente do que acontecia da lei 11.382/05


(alterou todo processo de execução), o contrato de seguro de acidentes
pessoais não é mais título executivo extrajudicial. Não havia como se provar
de plano e com segurança suficiente a invalidez do segurado. Atualmente a
cobrança desse seguro é feita pelo processo de conhecimento.

c) Seguro de Vida quando a pessoa morre: o pedido (inicial da


execução) deve estar instruído com a:
o prova da morte (certidão de óbito).
o cópia da apólice de seguro ou do contrato de seguro.

6.5) Art.585,IV do CPC:

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Foro (anuidade) e laudêmio (pagamento pela venda) estão ligados a enfiteuse
que não existem mais no CC/02. Aqueles são valores que o enfiteuta para o
senhorio. Ambos são títulos executivos extrajudiciais.

6.6) Art.585,V do CPC:

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de


encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).(IPTU, água, energia)

Só é possível executar o locatário se o contrato de locação estiver escrito.


Apenas é possível executar de locação do bem imóvel. Caso seja bem móvel a
execução será de confissão de dívida.

Observação:
a. Sem necessidade de testemunhas.
b. Não confundir o art.585, V do CPC com o art.275,II, “b” do CPC –
cobrança de condomínio.
Se for ação do condomínio X o condômino locador/locatário pelas despesas de
condomínio ação de cobrança pelo rito sumário (art.275,II, “b”, CPC).
Se for ação condômino/locador X locatário pelas despesas do condomínio (já
adimplido em comprovado documentalmente): execução (art.585,V, CPC).

c. STJ: é possível a execução de contrato de locação (aluguel e despesas)


prorrogado por prazo indeterminado contra os fiadores, mas desde que
contratualmente tenham se obrigado a garantir o pagamento até a entrega das
chaves (STJ, Resp. 215.248-SP).

6.7) Art. 585,VI do CPC:

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as


custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; (Redação dada pela
Lei nº 11.382, de 2006).

 Por que é título extrajudicial se o juiz fixa por decisão judicial?


R. Porque o auxiliar da justiça beneficiado pela decisão não é parte no
processo, que não é destinado, ademais, a resolver essa questão.

6.8) Art.585, VII, CPC – CDA (certidão de dívida ativa) – art.202 do CTN e
art.2º,§5º, da Lei 6.830

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

O Estado em razão da supremacia, possui vantagens na cobrança.

7) Responsabilidade Patrimonial (art.591 do CPC):


Aplicável também ao cumprimento de sentença.
Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus
bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.
02 afirmações:
1ª) Como regra, a responsabilidade executiva é do devedor e
patrimonial.
Significa que quem responde pelas dívidas é de quem deve. Assim, no Brasil a
regra geral é que a responsabilidade é atrelada ao débito. Há, ainda, alguns
resquícios no Brasil de responsabilização executiva pessoal, como a execução
do art.733 CPC e art.102 da Lei 12.529/2011.
2ª) Mas nem sempre o débito recai sobre a pessoa do próprio devedor,
sendo possível, portanto, que haja débito sem responsabilidade, e
responsabilidade sem débito (responsabilidade patrimonial de terceiro). Ex.
fiador não deve, mas tem responsabilidade pelo pagamento. Ex. menor de 16
anos pode ser devedor e o pai o responsável.

02 questões:
 Todos os bens do devedor presentes e futuros respondem pela
execução?
R. Não. O legislador por questões de política legislativa, exclui alguns bens da
responsabilidade patrimonial:
i) Bens impenhoráveis protegidos pelos art.649 e 650 do CPC; Lei
8.009/90; Art.1.711 do CC; Art. 100 da CF.
Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado,
salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um
médio padrão de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado
valor; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria,
pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas
ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, observado o disposto no § 3 o deste artigo; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens
móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).
VI - o seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em
educação, saúde ou assistência social; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de
poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político.
(Incluído pela Lei nº 11.694, de 2008)
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do
próprio bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para
pagamento de prestação alimentícia. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens
inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. (Redação dada pela
Lei nº 11.382, de 2006).
Bem de família convencional
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras
sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.

Art. 100 CF diz que bens públicos são impenhoráveis.

ii) Art.659, §2º do CPC


§ 2o Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
Trata-se de execução frustrada.

 Bens de Terceiro podem responder por execução alheia?


R. Sim, embora em caráter excepcional. Vide Art.592 do CPC.

Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:


I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação
reipersecutória (direito pessoal); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Se no curso do processo que reclama a coisa esta é alienada, o terceiro


adquirente/proprietário da coisa será alcançado pela decisão (art.42,§3º do
CPC), ressalvado o direito desse terceiro reclamar indenização contra o
vendedor/demandado (evicção).

II - do sócio, nos termos da lei;

03 situações:
a. Art.135 do CTN e 568, V do CPC: são as hipóteses em que o sócio age
com excesso de poder ou ilegalidade.
Ex. sócio que ao invés pagar tributos, divide o lucro – tem que pagar com seu
próprio patrimônio.
Se o sócio já constar como devedor da CDA, compete ao sócio (embargos à
execução) provar que estão ausentes os requisitos do art.135 CTN.
Se, entretanto, o sócio não constar na CDA compete ao fisco provar os
requisitos do art.135 CTN para que o juiz permita eu a execução alcance o
patrimônio do sócio.

b. Desconsideração da personalidade jurídica (art.50 do CC);


Tem prevalecido o entendimento de que é necessária a integração à lide do
sócio para fins de contraditório, ainda que posteriormente à desconsideração.

c. Apesar da omissão legal, o fiador entra nesse dispositivo.


Atenção! Tanto o sócio quanto o fiador responsabilizados pela dívida alheia
tem direito ao benefício da ordem (art.595 e 596 do CPC) – é o direito que o
responsável por dívida alheia tem
Art. 595. O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e desembargados
do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execução, se os do devedor forem
insuficientes à satisfação do direito do credor.
Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do
mesmo processo.
Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade senão
nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem direito a exigir
que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.
§ 1o Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste artigo, nomear bens da sociedade, sitos na
mesma comarca, livres e desembargados, quantos bastem para pagar o débito.
§ 2o Aplica-se aos casos deste artigo o disposto no parágrafo único do artigo anterior.

III - do devedor, quando em poder de terceiros;


Este dispositivo está errado, porque se trata de responsabilidade do próprio
devedor (o bem é dele) e não de responsabilidade em dívida alheia.

IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação
respondem pela dívida;
Essas hipóteses estão previstas em lei: art.1.643 e 1.644 CC
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente
ambos os cônjuges.
Mas há também casuística jurisprudencial a respeito: súmula 251 STJ
Súmula 251
A meação só responde pelo ato ilícito quando o credor, na execução fiscal, provar que o
enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal.

V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.


Trata-se de Fraude à execução (art.593 do CPC).

Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens:


I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de
reduzi-lo à insolvência;
III - nos demais casos expressos em lei.

03 observações:

a) O regramento do art.593 do CPC está comprometido por conta da


súmula 375 STJ, que colocou a boa-fé do terceiro adquirente em um
patamar elevadíssimo de proteção judicial. Só haverá o reconhecimento
da fraude à execução se:
i. O bem alienado estivesse penhorado com averbação do
evento na matrícula ou cadastro administrativo relativo ao
bem.
ii. Ou se mesmo não constando a averbação retro, o credor
comprovar a má-fé/ciência da constrição pelo terceiro
adquirente (impossível!!)

Dica para o exequente/credor: seja no processo de conhecimneot, seja no


processo de execução, sempre busque clausular nos bens do devedor notícia
da existência da ação. Ex. ação de indenização pedir por liminar para constar
na matricula do DETRAN que pode garantir uma execução.

Súmula 375
O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou
da prova de má-fé do terceiro adquirente.

b) Uma vez registrada a constrição ou a notícia do gravame sobre o bem,


há uma presunção absoluta de má-fé do terceiro adquirente (fraude a
execução).

Teses definidas pelo STJ


O STJ, apreciando o tema sob o regime do recurso repetitivo, reafirmou os
entendimentos acima expostos e definiu as seguintes teses:
i. Em regra, para que haja fraude à execução, é indispensável que tenha
havido a citação válida do devedor.
ii. Mesmo sem citação válida, haverá fraude à execução se, quando o
devedor alienou ou onerou o bem, o credor já havia realizado a
averbação da execução nos registros públicos (art. 615-A do CPC).
Presume-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens
realizada após essa averbação (§ 3º do art. 615-A do CPC).
iii. Persiste válida a Súmula 375 do STJ, segundo a qual o reconhecimento
da fraude de execução depende do registro da penhora do bem
alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
iv. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito,
devendo ser respeitada a parêmia (ditado) milenar que diz o seguinte:
“a boa-fé se presume, a má-fé se prova”.
v. Assim, não havendo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do
credor o ônus de provar que o terceiro adquirente tinha conhecimento
de demanda capaz de levar o alienante à insolvência (art. 659, § 4º, do
CPC).

c) Não se aplica a súmula 375 STJ à execução fiscal (STJ


Resp.1.141.990-543-C CPC), porque há regramento distinto no CTN
após junho/2005 (art.185 do CTN).

Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,
por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente
inscrito como dívida ativa.(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,
pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação
dada pela Lcp nº 118, de 2005)

8) Procedimento da execução por quantia fundada em


título extrajudicial:
8.1) Petição Inicial:

A) Requisitos:
Vide Art.282, 614 e 615 do CPC.
3 requisitos obrigações em todas as execuções de pagar:
a. Custas/ taxa judiciária (exceto se justiça gratuita).
b. Deve ser distribuído com o título.
c. Se for obrigação de pagar, cálculo do débito atualizado da propositura.
Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a
petição inicial:
I - com o título executivo extrajudicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se
tratar de execução por quantia certa; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (art. 572). (Incluído pela
Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

Demais requisitos que dependem da situação:


 Demonstração do cumprimento da condição.

B) É uniforme o entendimento de que não é necessária a causa de pedir (o


porquê do processo) na inicial da execução: porque o título executivo é a razão
da execução. Não precisa declinar a origem da obrigação.

C) Cumulação de demandas executivas (art.573 CPC)


Art. 573. É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias execuções, ainda que
fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz e idêntica a
forma do processo.

A cumulação é possível, desde que:


 O devedor tem que ser o mesmo.
Ex. 10 cheques contra o mesmo devedor é possível.
Ex. não é possível 5 cheques do marido e 4 cheques da mulher em uma
mesma execução. O devedor tem que ser o mesmo.
 O juiz tem que ser competente para todas as execuções.
 A forma do processo tem que ser o mesmo
Ex. não dá para misturar título de pagar com fazer e dar no mesmo processo.

 É possível ao mesmo tempo no mesmo processo fazer execução


pelo art.733 e 732?
R. Não. Apesar de ser contra o mesmo devedor e o mesmo juízo competente
(de família e sucessões), não tem o mesmo rito.

D) Possibilidade de o credor indicar, logo na inicial, bens a penhora (art.652,


§2º, do CPC).
Obs. esse direito não preclui.
Obs. além desse direito não precluir, em 99% das vezes a indicação é de
penhora on line de ativos pelo sistema BACEN (art.655-A do CPC).

E) Possibilidade do credor/exequente, ao distribuir a execução, obter certidão


para averbação da execução nos cadastros de bens do devedor (art.615-A do
CPC).
É possível pedir a “certidão do art.615-A” e averbar nos cartórios, DETRAN
para evitar a súmula 375 STJ – vide §3º
Art. 615-A. O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do
ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de
averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens
sujeitos à penhora ou arresto. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 3o Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de bens efetuada após
a averbação (art. 593). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Aula

8.2) Juízo de Admissibilidade.

Juiz pode:
a. Indeferir a inicial executiva (art. 282 c/c 618, CPC): Ex.: cheque
prescrito, falta de título.
b. Determinar a emenda da Petição Inicial se esta tiver vícios
sanáveis (art. 616, CPC): Ex.: juntar o cálculo da quantia devida.
c. Admitir a petição inicial: Diante da admissão da execução teremos
4 ocorrências, quais sejam: Despacho inicial -> interrompe-se a prescrição do
título (art. 617 do CPC). A interrupção da prescrição retroage à data da
distribuição.

Obs.: Prescrição intercorrente: é aquela pela absoluta inércia do exequente,


após o ajuizamento da ação, pelo prazo de prescrição do título executado.
Ex. cheque prescreve em 6 meses. Em 5 meses entrei com ação de execução.
Entretanto, o processo ficou parado pelo prazo de 6 meses sem manifestação.
Obs. os bons escritórios costumam de tempos em tempos pedir o
desarquivamento e juntar uma petição com pedido qualquer apenas para não
ensejar esta prescrição.

 Fixação provisória de honorários advocatícios (art.652-A)


Art. 652-A. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem
pagos pelo executado (art. 20, § 4o). – o juiz vai fixar os honorários por equidade (Incluído
pela Lei nº 11.382, de 2006).
Parágrafo único. No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, a verba honorária
será reduzida pela metade. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

 O juiz pode posteriormente alterar, após o início da execução, os


valores dos honorários que ele fixou originariamente?
R. Sim, essa fixação de honorários é provisória, pois está contando que o
devedor vai pagar. Se depois no curso do processo, o magistrado vir que o
advogado do credor trabalhou mais, ele poderá aumentar.

 Possibilidade, a requerimento a requerimento da parte/exequente de


realização do “arresto” online de ativos de financeiros (BACENJUD) e de
outros bens (art.615, III, do CPC).
Ex. pode acontecer de que o credor comprovar se o devedor for citado correrá
o risco do objeto da ação se perder, é possível que aquele peça o arresto de
bens indicados.
Isso está sujeito ao fumus boni iuris e periculum in mora.
 Determinação da expedição de 02 (duas) vias do mandado de citação e
penhora/avaliação de bens.

8.3) Citação do executado (03 observações):


a) Admitem-se dos meios de citação, salvo por carta (no que tange a
execução de quantia).
Entretanto, na execução fiscal admite-se a citação por carta: art.8º, I LEF.
Atenção! Se a citação for ficta (edital ou hora certa), tem que nomear curador
especial ao executado para fins de oposição de embargos à execução (súmula
196 do STJ e art.9º,II, do CPC).

b) Expedição de 2 (duas) vias do mandado de citação e penhora e


avaliação:
A 1ª via serve para citação do devedor para pagamento do débito em 03 dias
(art.652 do CPC): com a juntada dessa via do mandado no processo já começa
o prazo para embargos (15 dias – art.738 CPC).
A 2ª via serve para penhora/avaliação de bens caso o devedor não pague nos
03 dias fixados.

c) Não localização do devedor para citação (1ª via): a lei autoriza,


independentemente de decisão judicial, que o oficial de justiça já utilize a
2ª via do mandado para realizar o arresto executivo (art.653 do CPC).

Art. 653. O oficial de justiça, não encontrando o devedor (é automático), arrestar-lhe-á tantos
bens quantos bastem para garantir a execução.
Parágrafo único. Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça
procurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando, certificará o ocorrido.

8.4) Reações do Executado – podem ser 03 reações:


i. Pagamento integral do débito no prazo de 03 dias: art. 794,I, do CPC –
com desconto.
Se houver o pagamento neste prazo haverá a sanção premial: art.652-A, p.ú.
CPC – há uma redução de 50% no valor dos honorários arbitrados
provisoriamente no despacho inicial. Sanção premial é um “castigo bom”.

 Dúvida: conta 03 dias da juntada ou da citação?


R. Não é pacífico este entendiemtno. Para Gajardoni a sanção premial conta
da citação.

 Dúvida: pode o devedor pagar após o prazo de 03 dias?


R. O devedor pode pagar até a data de expropriação de bens (remição da
execução – art.651 do CPC), mas sem redução dos honorários (perde sanção
premial).

ii. Postulação para pagamento parcelado do débito (art.745-A CPC) – sem


desconto.
Art. 745-A. No prazo para embargos (15 dias da juntada da 1ª via), reconhecendo o crédito
do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução (já
tem que depositar junto com o requerimento), inclusive custas e honorários de advogado,
poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas
mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. (Incluído
pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o Sendo a proposta deferida pelo juiz (após ouvida a outra parte – não é direito
potestativo do devedor- o credor tem que ser ouvido acerca do parcelamento), o
exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso
indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382,
de 2006).
§ 2o O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento
das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos,
imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não
pagas e vedada a oposição de embargos (o devedor já confessou ). (Incluído pela Lei nº
11.382, de 2006).

iii. Defesa – poderá o devedor apresentar:


 Exceções de impedimento e suspeição;
 Exceção/objeção de executividade (questões de ordem pública ou
prováveis de plano) – sem prazo;
 Embargos à execução (artigos 736 e ss. do CPC).
Os embargos são ação autônoma, não dependem de garantia do juízo, e há
amplitude de matérias.

8.5) O oficial de justiça vai proceder a penhora, avaliação, depósito e eventual


remoção dos bens do devedor (2ª via do mandado) – essa fase tem início
ainda que haja embargos do devedor – art.739-A, §6º CPC.
A 2ª via do mandado só não será cumprida caso haja pagamento ou
parcelamento e pagamento.

02 situações podem ocorrer:


a) Oficial de justiça não encontra bens do devedor: art.652, §3º e 600, IV e
656, §1º, do CPC.

Art.652 O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida.
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a
intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. (Incluído pela Lei nº 11.382,
de 2006).
Essa intimação é sob pena de multa de ato atentatório à dignidade da justiça. A
indicação de bens penhoráveis pelo devedor é uma obrigação, pois se trata de
um dever.

b) Bens sejam encontrados:


i. O oficial de justiça fará a penhora e avaliação (art.680 e ss. do CPC);
é obvio que não há essa fase se foi feita penhora on line – art.655-A
do CPC.
ii. Dispensa da atividade do Oficial de Justiça quando a avaliação exigir
conhecimentos técnicos (art.680 e ss CPC) – nomeação de
perito/avaliador externo.
iii. Após a penhora/avaliação, o oficial de Justiça deve eleger o
depositário do bem (salvo se o juízo já indicou) – importância da
súmula 25 do STF que é contrária ao art.666, §3º, do CPC.
03 regras para definir o depositário:
 Bem imóvel: a regra é que o próprio devedor fica o bem (art.659, §5º, do
CPC);
 Dinheiro: a regra é que fica no banco (art.666 e incisos CPC);
 Bem móvel e semoventes: carro, vaca, cachorro. Regra é não ficar com
o devedor - art.666, §1º do CPC – nomeia como depositário o próprio
credor ou terceiro (mediante remuneração). Portanto, deve haver a
remoção do bem penhorado.

c) Questões específicas sobre a penhora:

i. Efeitos: art.612 do CPC.


A penhora, ou mesmo o arresto cautelar (art.615, III) ou executivo (art.653
CPC) garante aos credores quirografários a preferência pelo recebimento do
produto em caso da inexistência de outros credores com preferências
creditícias de direito material (art.711 CPC).
A penhora é uma preferência processual – quem penhorou primeiro leva.
Art. 711. (concurso de preferência ou preleções) Concorrendo vários credores, o dinheiro
ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não
havendo título legal à preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a
execução (está errado o dispositivo!! É o que primeiro penhorou – art.612 CPC), cabendo
aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de
cada penhora.

ii. Impenhorabilidades legais:


1. Absolutas (art.649 do CPC e Lei 8.009/90) e relativas (art.650).
Nas absolutas não pode penhorar de jeito nenhum.
Nas relativas, só pode penhorar quando não houver outra forma de execução.
Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens
inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. (Redação dada pela
Lei nº 11.382, de 2006).
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

Importante!!!

Mudança de entendimento!
Atualize seu livro de 2013
O art. 649 do CPC estabelece um rol de bens que não podem ser objeto de penhora.
O inciso IV do art. 649 prevê que as verbas salariais são absolutamente impenhoráveis.
O STJ, no entanto, confere interpretação restritiva a esse inciso e afirma que a
remuneração a que se refere o dispositivo é a última percebida, perdendo esta
natureza a sobra respectiva, após o recebimento do salário ou vencimento seguinte.
Assim, se a pessoa recebe seu salário na conta bancária, mas não o utiliza no mês e o
deixa lá depositado, tal quantia perderá o caráter de impenhorabilidade.
O inciso X do art. 649 estabelece que é impenhorável a quantia depositada em
caderneta de poupança, até o limite de 40 salários mínimos. O STJ decidiu que é
possível aplicar a proteção desse inciso, por intepretação extensiva, para outras formas
de investimento. Desse modo, é impenhorável a quantia de até 40 salários mínimos
depositada em fundo de investimento, desde que seja a única aplicação financeira do
devedor e não haja indícios de má-fé, abuso, fraude, ocultação de valores ou sinais
exteriores de riqueza.
As verbas rescisórias trabalhistas são consideradas impenhoráveis, nos termos do
inciso IV, por terem a natureza de verba salarial (alimentar). No entanto, se a pessoa
recebe a verba trabalhista e deposita esse dinheiro em um fundo de investimento, por
longo período, a quantia perderá o caráter de impenhorabilidade do IV já que não foi
utilizada para suprimento de necessidades básicas do devedor e sua família. Por outro
lado, essa verba poderá ser considerada impenhorável com base no inciso X, até o
limite de 40 salários mínimos, desde que seja a única aplicação financeira do devedor e
não haja indícios de má-fé, abuso, fraude, ocultação de valores ou sinais exteriores de
riqueza.
STJ. 2ª Seçãã o. REsp 1.230.060-PR, Rel. Min. Mãriã Isãbel Gãllotti, julgãdo em 13/8/2014 (Info
547).

Análise do Art. 649 CPC:

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:


I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; (claúsulas
inalienabilidade e impenhorabilidade)

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado,


salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um
médio padrão de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). (Bem de família)
O inciso II fala do bem de família:
a. Quando fala em médio padrão de vida, o STJ entende que TJ,
geladeira, micro-ondas, vídeo cassete, DVD e etc. desde que únicos,
são impenhoráveis.
b. O conceito de entidade de familiar para fins de proteção legal é
amplíssimo: casamento, união estável, sociedade monoparental,
relações homoafetivas, república de irmãos/primos.
c. Impenhorabilidade do bem locado, desde que a renda seja para garantir
o sustento familiar (inclusive o aluguel de outro imóvel).
d. Exceções legais à impenhorabilidade aqui proclamada (art.3º da Lei
8.009/90).
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas
contribuições previdenciárias; (empregado doméstico)
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do
imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III -- pelo credor de pensão alimentícia;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função
do imóvel familiar; (IPTU)
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela
entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei
nº 8.245, de 1991)

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado
valor; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria,
pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas
ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, observado o disposto no § 3 o deste artigo; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).
Inciso IV tem exceção o §2º - pensão alimentícia pode ir o salário inteiro do
cara.
§ 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para
pagamento de prestação alimentícia. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens


móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).
VI - o seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em
educação, saúde ou assistência social; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de
poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
Inciso X – atualmente existe uma discussão se esse dispositivo vale para
outros tipos de aplicação financeira. Não é pacífica.
Alguns autores defendem uma interpretação ampliativa: não só a poupança,
como outra CDB etc.
Outros dizem que é só a poupança.

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político.
(Incluído pela Lei nº 11.694, de 2008)
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do
próprio bem. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

iii. Ordem preferencial (art.655 CPC):


Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: (Redação dada pela Lei
nº 11.382, de 2006).
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; (Redação dada
pela Lei nº 11.382, de 2006).
II - veículos de via terrestre; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
III - bens móveis em geral; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IV - bens imóveis; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
V - navios e aeronaves; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VI - ações e quotas de sociedades empresárias; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
VII - percentual do faturamento de empresa devedora; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de
2006).
VIII - pedras e metais preciosos; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado;
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (Redação dada pela Lei nº 11.382,
de 2006).
XI - outros direitos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 1o Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora
recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro
garantidor, será também esse intimado da penhora. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de
2006).
§ 2o Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado.
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

CPC Lei 6.830 Execução Fiscal


I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou I - dinheiro;
aplicação em instituição financeira II - título da dívida pública, bem como
II - veículos de via terrestre; título de crédito, que tenham cotação em
III - bens móveis em geral;
IV - bens imóveis; bolsa;
V - navios e aeronave; III - pedras e metais preciosos;
VI - ações e quotas de sociedades IV - imóveis;
empresárias; V - navios e aeronaves;
VII - percentual do faturamento de empresa VI - veículos;
devedora;
VIII - pedras e metais preciosos; VII - móveis ou semoventes; e
IX - títulos da dívida pública da União, VIII - direitos e ações.
Estados e Distrito Federal com cotação em
mercado;
X - títulos e valores mobiliários com cotação
em mercado;
XI - outros direitos.

 Portanto, por conveniência do credor, pode alterar.


Credor entende que é melhor penhorar carro do que terreno abandonado.

 STJ entende que penhora de ativos financeiros (art.655-A CPC –


penhora online) é sempre preferencial, inclusive de executado pessoa
jurídica.
 Preferência pelo bem já dado em garantia.
1o Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora
recairá, preferencialmente (não é obrigatório), sobre a coisa dada em garantia; se a coisa
pertencer a terceiro garantidor, será também esse intimado da penhora. (Redação dada pela
Lei nº 11.382, de 2006).
§ 2o Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do executado.
(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

i. Penhora do bem indivisível (art.655-B do CPC):


Expropria todo o bem indivisível: o produto será entregue 50% ao condômino.

ii. Penhora de bem imóvel (art.659, §4º e 5º do CPC):

§ 4o A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao


exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 652, § 4 o), providenciar, para
presunção absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício
imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de
mandado judicial. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 5o Nos casos do § 4o, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, a penhora de
imóveis, independentemente de onde se localizem, será realizada por termo nos autos, do qual
será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato
constituído depositário. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

8.6) Intimação da penhora/ avaliação e eventual remoção do bem:

a) Do devedor (finalidade menor: substituição do bem penhorado –


art.668 CPC – ou para impugnar a avaliação. Hoje o prazo para embargos não
corre da penhora, que nem é necessária).
A intimação pode ser na pessoa do advogado, pessoal ou até mesmo
dispensada pelo juiz (art.652, §§4º e 5º):
Art.652:
§ 4o A intimação (da penhora e avaliação) do executado far-se-á na pessoa de seu
advogado; não o tendo, será intimado pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).
§ 5o Se não localizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificará
detalhadamente as diligências realizadas, caso em que o juiz poderá dispensar a intimação ou
determinará novas diligências. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

b) Terceiro garantidor (art.655, §1º, do CPC):


É o fiador judicial – ele comparece em juízo para pagar a dívida do devedor.
A finalidade é que corre-se o risco de seu bem, dado em garantia, responder
pela dívida. Faz a intimação por uma questão de equidade.

c) Cônjuge:
Só nos casos de bens imóveis e casamento diversos do regime de separação
total de bens – art.655, §2º do CPC c/c súmula 134 do STJ. A finalidade é que
o cônjuge apresente embargos à execução e de terceiro.

d) Titular de direito real sobre o bem penhorado/avaliado (art.615,I,


619 e 698 do CPC).
Às vezes é penhorado imóvel hipotecado. A legislação estabelece que tem que
intimar o credor hipotecário para se manifestar sobre a sua preferência no
crédito.
Art. 698. Não se efetuará a adjudicação ou alienação de bem do executado sem que da
execução seja cientificado, por qualquer modo idôneo e com pelo menos 10 (dez) dias de
antecedência, o senhorio direto, o credor com garantia real ou com penhora anteriormente
averbada, que não seja de qualquer modo parte na execução. (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).
8.7) Atos de expropriação (art.647 do CPC):
Só ocorrem se os embargos à execução eventualmente opostos não tiverem
efeito suspensivo ou já tiverem sido improvidos – art.739-A do CPC.

Atenção! Se a penhora for de dinheiro não é necessário a ocorrência de atos


de expropriação – art.655,I e 655-A do CPC.

 Adjudicação (art.685-A e B do CPC): a adjudicação é feita pelo valor


da avaliação. Trata-se de uma forma anômala de dação e pagamento. (1
opção).
Em resumo:
Regra: adjudica quem ofertar maior valor.
Se iguais os valores: 1º) cônjuge; 2º) descendente; 3º) ascendente; 4º) credor
com garantia real e credores que tenham penhora do bem, aplicando-se a
anterioridade da penhora ao direito de adjudicar.
 Alienação particular (art.685-C do CPC): corretor oficial cadastrado
perante o PJ e pelo próprio credor – esta alienação pode ser feita por
leilão virtual. Em regra, a venda é pelo valor da avaliação, salvo se o juiz
autorizar o contrário (2ª opção).
 Alienação pública: leilão ou hasta pública é feita a expropriação é feita
pelo próprio PJ ou quem ele indicar. (3ª opção).
Na 1ª hasta é feita pelo preço da avaliação.
Na 2ª hasta: preço menor que avaliação. Desde que não seja vil: menos de
60%.

 Usufruto de bem: é a possibilidade de o credor usar o bem penhorado


do devedor a fim de compensar o seu crédito. O uso do bem é
temporário. Essa é uma opção coringa, pois não entra na ordem de
preferência, pois fica a critério do credor.

8.8) Pagamento ao credor (art.708 do CPC).


O pagamento pode ser em dinheiro, adjudicação ou usufruto.

8.9) Extinção da execução (art.794 do CPC).

Estudar em casa:
 Execução de título extrajudicial de fazer/ não fazer e dar;
 Embargos à execução;
 Execução contra a fazenda pública.

9. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA.


Dada a impenhorabilidade e indisponibilidade dos bens públicos, a
execução contra a Fazenda Pública segue uma sistemática própria,
caracterizada pela expedição de precatório ou de RPV (não há a adoção de
medidas expropriatórias).
Quando se fala em Fazenda Pública, leia-se pessoas jurídicas de direito
público. E conforme entendimento do STF, a ECT também deve receber
tratamento de Fazenda Pública quanto à execução contra si dirigida.

7.4.1. O novo regime de “cumprimento de sentença” e a execução contra a Fazenda


Pública.
As sentenças condenatórias nas ações de conhecimento aforadas em face da
Fazenda Pública não se sujeitam ao regime do cumprimento de sentença previsto na Lei
nº 11.232/2005. É bem verdade que a Lei nº 11.232/2005 extinguiu no direito brasileiro
a figura da “ação de execução de sentença”. Mas não revogou os artigos 730 a 731 do
CPC, que tratam da execução contra a Fazenda Pública. Portanto, no que tange à
execução por quantia certa, há dois regimes:
a) contra particulares, executar-se-á a sentença nos próprios autos (não se cria
uma nova relação processual);
b) contra o Poder Público, a execução se faz por meio de “ação” e desenvolve-se
em uma relação processual autônoma, mediante citação (CPC, art. 730, caput).
Não existe aqui executividade propriamente dita, porque contra o Estado não se
exercita atividade forçada de retirada de bens do patrimônio público para transferi-los à
esfera do credor: os bens públicos são impenhoráveis (CF, art. 100, caput e §§). Assim,
no caso de não serem opostos embargos, a “execução” não prossegue com a avaliação e
expropriação de bens do devedor. Contra o Poder Público não se há de praticar atividade
executiva, salvo na hipótese de “sequestro”, nos termos do art. 731 do CPC. Não há
citação para que o executado pague ou nomeie bens à penhora (aliás, a Fazenda Pública
jamais poderia pagar espontaneamente, no prazo do art. 652 do CPC, porque depende da
existência de prévia dotação orçamentária qualquer pagamento realizado pelos cofres
públicos). Todavia, ao requisitar pagamento por intermédio do presidente do tribunal
competente (CPC, art. 730, I), o juiz emite uma ordem dirigida à entidade pública,
determinando a ela que tome as providências legais de natureza administrativa e
legislativa tendentes a possibilitar o pagamento. Portanto, a sentença condenatória por
quantia proferida contra a Fazenda Pública encerra maior dose de eficácia mandamental
do que propriamente de eficácia executiva.
No que respeita à execução contra a Fazenda Pública, a Lei nº 11.232/2005
cingiu-se a criar capítulo específico para os “embargos à execução contra a Fazenda
Pública” (artigo 741, caput, incisos e parágrafo único).
Se a sentença proferida contra a Fazenda Pública for ilíquida, são aplicáveis ao
caso os arts. 475-A a 475-H do CPC, relativos à fase de liquidação do título judicial.
Como não se aplica à Fazenda Pública a fase de cumprimento de sentença,
não incide a multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC.
Já decidiu o STJ que “a execução contra a Fazenda Pública foi proposta após
transcorrido o prazo prescricional de 5 anos do trânsito em julgado da sentença
exequenda. Incidência da Súmula n. 150/STF, a qual dispõe que a execução prescreve
no mesmo prazo da ação” (REsp 1035441/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/08/2010).

7.4.2. Embargos à execução movida contra a Fazenda

Proposta a ação de execução contra a FP, esta é citada para, no prazo de 30 dias 3,
opor embargos.
Aos embargos da FP não se aplica o disposto no art. 739-A, §1º, do CPC. Como
a CF exige o trânsito em julgado para a expedição de precatório ou de RPV, deduz-se
que os embargos da FP sempre terão efeito suspensivo. Por outro lado, conforme
Leonardo Cunha aponta, o STJ entende aplicável à FP o disposto no art. 739-A, §3º do
CPC, segundo o qual, se os embargos forem parciais, a execução prossegue quanto à
parte não embargada. É dizer, quanto à parcela incontroversa, já pode ser expedido o
precatório, sem que se configure o fracionamento vedado no art. 100, §8º da CF.
Recebidos os embargos, deve o juiz determinar a intimação do exequente para
oferecer resposta, no prazo de 15 dias.
Pode o juiz também rejeitar os embargos liminarmente, nas hipóteses do art. 739
do CPC: se forem intempestivos, se inepta a petição, ou se manifestamente
protelatórios. O mesmo se dá caso os embargos não se atenham às matérias elencadas
no art. 741 do CPC.
ATENÇÃO: a sentença que rejeita os embargos da FP não se sujeita a reexame
necessário (STJ AgRg no REsp 1079310/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008).
Recebidos os embargos e processados na forma do art. 740 do CPC, seu
julgamento final se faz por sentença, a ser impugnada por apelação. Essa apelação será

3 Esse prazo foi instituído pela MP 2.180-35. O STF, na ADC 11, proferiu medida cautelar para suspender
todos os processos nos quais se discute a constitucionalidade dessa alteração.
recebida no duplo efeito, não importa se os embargos tenham sido acolhidos ou
rejeitados (nesse último caso, portanto, não se aplica o art. 520, V, do CPC, pois a
expedição de precatório, recorde-se, depende de trânsito em julgado).
Conteúdo dos embargos da FP – art. 741 do CPC: verifica-se que a FP só pode
alegar vícios relativos à execução ou causas impeditivas, modificativas ou extintivas da
obrigação supervenientes à sentença. Questões anteriores à sentença já estão
acobertadas pela preclusão, exceto a falta ou nulidade da citação, se o processo correu à
revelia da FP.
No tocante ao art. 741, V, do CPC, se a FP fizer tal alegação nos embargos, tem
o ônus de declarar o valor que entende correto, demonstrando o excesso, sob pena de
rejeição liminar.
Quanto ao art. 741, VI, do CPC, exemplo de causa superveniente é a
compensação (“É admissível a discussão quanto à compensação de valores restituídos
em ajuste anual de imposto de renda com o valor objeto de execução contra a Fazenda
Pública fundada em título judicial” – STJ EDcl no REsp 910.692/DF, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/09/2008).
Em relação ao art. 741, VII, do CPC, cumpre asseverar que se cuida da
incompetência do juízo da execução, pois quanto ao processo de conhecimento já se
operou a coisa julgada. Ainda que a sentença tenha sido proferida por juízo
absolutamente incompetente, isso não poderá ser discutido nos embargos, mas tão
somente em ação rescisória (STJ CC 45.159/RJ, Rel. Ministra DENISE ARRUDA,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2006, DJ 27/03/2006 p. 137).
Quanto ao parágrafo único do art. 741 do CPC, é contemplada hipótese de
rescisão da sentença, com desconstituição da coisa julgada material, quando estiver
fundada em preceito tido por inconstitucional pelo STF ou quando se tenha conferido a
este preceito interpretação tida pelo STF como inconstitucional – COISA JULGADA
INCONSTITUCIONAL. É a harmonização da garantia da coisa julgada com o primado
da Constituição.

O que a Fazenda Pública poderá alegar nos embargos à execução?


 Se a execução for fundada em título judicial: as matérias do art. 741 do CPC.
 Se a execução for fundada em título extrajudicial: as defesas previstas no art. 745 do
CPC.
Segundo Teori Zavascki, 3 são os vícios que autorizam a aplicação do
dispositivo: a) a aplicação de lei inconstitucional (quando o STF fez declaração de
inconstitucionalidade com redução de texto); b) aplicação de lei a situação considerada
inconstitucional (quando o STF fez declaração de inconstitucionalidade parcial sem
redução de texto); e c) a aplicação de lei com um sentido tido por inconstitucional
(quando o STF empregou a técnica da interpretação conforme a CF). Assim, o
dispositivo não abarca, por exemplo, a hipótese da sentença que deixou de aplicar
norma declarada constitucional pelo STF.
Para alguns autores, o parág. Único do art. 741 é inconstitucional, porque
permite ao juízo da execução, que normalmente é juízo de 1ª grau, a revisão da coisa
julgada, cuja competência deveria ser apenas dos Tribunais.
Para Leonardo Cunha, a decisão do STF pode ser resultado de controle difuso ou
concentrado, desde que proferida pelo Plenário. Para Araken de Assis, no caso do
controle difuso, dependeria da resolução do Senado que suspende a vigência da lei.
ATENÇÃO: O STJ consolidou o entendimento de que o disposto no parágrafo
único do art. 741 do CPC, de inexigibilidade do título fundado em disposição de lei
declarada inconstitucional pelo STF, só se aplica às sentenças transitadas em julgado
após a edição da Medida Provisória n. 2.180-35/2001 (Súmula 487 do STJ: “O
parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado
em data anterior à da sua vigência”)
Para Leonardo Cunha e Marinoni, a sentença só pode ser rescindida com base no
art. 741, p. u., se a decisão de inconstitucionalidade do STF for anterior à prolação da
sentença discutida – assim, ela já teria surgido em desconformidade com a orientação do
STF.
Para outros, admite-se que a decisão do STF seja posterior (desde que se tenha
pronunciado a inconstitucionalidade com efeitos retroativos), mas, para não deixar a
coisa julgada permanentemente instável, deveria ser exigido, analogicamente, o prazo
decadencial de 2 anos da ação rescisória, contado do trânsito em julgado da sentença
exequenda (e não da decisão do STF). É o entendimento de Pedro Lenza, que assevera a
necessidade de distinguir o efeito da decisão de inconstitucionalidade do STF no plano
normativo e no plano do ato singular, em respeito aos princípios da segurança jurídica e
da autoridade das decisões judiciais.
Por fim, há outros que não condicionam a oposição de embargos para
desconstituir a coisa julgada inconstitucional ao prazo decadencial da rescisória, dando
maior relevo ao postulado da força normativa da Constituição, com a interpretação que
lhe é dada pela Corte Suprema.
O TRF1 já adotou solução conciliatória, segundo a qual deve ser feita, caso a
caso, uma ponderação de interesses entre o princípio constitucional da segurança
jurídica, consubstanciado no primado da coisa julgada, e o direito fundamental em jogo:
“Diante da inexistência de norma constitucional absoluta, deve ser tido por não
ocorrido o fenômeno da coisa julgada quando o Supremo Tribunal Federal, pela via do
controle concentrado e difuso de constitucionalidade, declara inconstitucional a
contribuição de autônomos e administradores (leis 7.787/89 e 8.212/91), prevalecendo,
no caso, o postulado da isonomia tributária” (AC 1997.38.03.003596-4/MG, Rel.
Desembargadora Federal Maria Do Carmo Cardoso, Conv. Juiz Federal Mark Yshida
Brandao (conv.), Oitava Turma,e-DJF1 p.776 de 16/10/2009).

Se a Fazenda Pública não embargou a execução, ela, mesmo assim, será condenada a pagar
honorários advocatícios ao exequente?
 Regra geral: NÃO. O art. 1º-D da Lei n. 9.494/97 afirma que “não serão devidos
honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções não embargadas.”
 EXCEÇÃO: a Fazenda Pública será condenada a pagar honorários ao exequente, mesmo
que não apresente embargos à execução, caso a dívida cobrada seja enquadrada como
de pequeno valor (§ 3º do art. 100 da CF).

Resumindo:
 o art. 1º-D da Lei n. 9.494/97 é válido apenas para as execuções contra a Fazenda
Pública envolvendo a sistemática de precatórios (art. 100, caput);
 o art. 1º-D da Lei n. 9.494/97 NÃO se aplica no caso execuções contra a Fazenda
Pública cobrando dívidas de pequeno valor (§ 3º do art. 100 da CF/88), nas quais o
precatório é dispensado.

Fazenda não
embargou. Será
EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
condenada em
honorários?
Cobrando dívida superior ao previsto no art. 87 do ADCT
NÃO
(sistemática do precatório).
Cobrando dívida inferior ao previsto no art. 87 do ADCT (pequeno
SIM
valor – dispensa de precatório).
O exequente iniciou a execução cobrando dívida superior ao
previsto no art. 87 do ADCT, mas depois renunciou ao excedente NÃO
para receber em RPV.
7.4.3. Precatório.
Precatório é ordem, documentada por um ofício (“ofício requisitório”). Há uma
sentença transitada em julgado que condena a Fazenda Pública a pagar determinada
quantia. O magistrado incumbido da execução da sentença não se dirige ao devedor,
determinando o pagamento sob pena de penhora. Ele, juntando cópia da sentença e
demais peças pertinentes, oficia ao presidente do tribunal a que está vinculado,
solicitando as providências cabíveis no sentido não da requisição da importância
necessária à satisfação do débito, mas de sua previsão orçamentária. De posse da
solicitação do juiz, o presidente do tribunal envia à Fazenda Pública competente um
ofício, dito ‘ofício requisitório’, para que faça a inclusão, no orçamento, do numerário
destinado a salvar o débito. O ofício requisitório é, pois, um documento pelo qual se
requisita do Poder Executivo que inclua no orçamento dotação suficiente para o
pagamento do valor que ele estipula.
A CF exige, para a expedição do precatório, o trânsito em julgado da sentença,
de modo que, no tocante à obrigação de pagar quantia certa, não se admite execução
provisória contra a FP.

7.4.4. Crédito de natureza alimentar (atualizar com jurisprudência do STJ abril de


2013)
Os créditos de natureza alimentícia obedecem à regra dos precatórios, mas
sujeitam-se a uma ordem cronológica própria.
Súm. 144 do STJ: “OS CREDITOS DE NATUREZA ALIMENTICIA GOZAM
DE PREFERENCIA, DESVINCULADOS OS PRECATORIOS DA ORDEM
CRONOLOGICA DOS CREDITOS DE NATUREZA DIVERSA”.

Súm. 655 do STF: “A EXCEÇÃO PREVISTA NO ART. 100, ‘CAPUT’, DA


CONSTITUIÇÃO, EM FAVOR DOS CRÉDITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA,
NÃO DISPENSA A EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO, LIMITANDO-SE A
ISENTÁ-LOS DA OBSERVÂNCIA DA ORDEM CRONOLÓGICA DOS
PRECATÓRIOS DECORRENTES DE CONDENAÇÕES DE OUTRA
NATUREZA”.

Com o advento da EC 62/2009, temos agora 3 ordens cronológicas de


precatórios, na seguinte escala de prioridade: em primeiro lugar, os créditos alimentares
dos idosos ou portadores de doenças graves, até o triplo do valor limite para RPV; em
seguida, os demais créditos alimentares; por fim, os créditos não alimentares.
ATENÇÃO: no tocante ao crédito alimentar dos idosos e portadores de doença
grave, a CF passou a admitir o fracionamento. Paga-se com prioridade sobre todos os
demais créditos o correspondente ao triplo do limite para RPV. O montante que sobrar,
será pago na ordem cronológica dos demais créditos alimentares.
Segundo entendimento do STF e do STJ, incluem-se entre os débitos de natureza
alimentícia os honorários advocatícios, sejam sucumbenciais ou contratuais.

7.4.5. O procedimento do precatório: judicial ou administrativo?


De acordo com o inciso I do artigo 730 do CPC, na execução por quantia certa
contra a Fazenda Pública, “o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente
do tribunal competente”. O Presidente do Tribunal, de posse da solicitação do juízo,
remete o “ofício requisitório” ao Poder Público, para que este faça a inclusão, no
orçamento, do numerário destinado a salvar o débito. A requisição não parte do
Presidente do Tribunal: é o juízo da execução que aponta, no ofício, o número do
processo, as partes, a natureza do crédito (comum ou alimentar), o valor total da
requisição, o valor individualizado por beneficiário, a data-base considerada para efeito
de atualização monetária dos valores, a data do trânsito em julgado da sentença ou
acórdão, etc. Enfim, cabe ao juiz da execução decidir a respeito do débito exequendo,
cabendo assim ao presidente do tribunal simplesmente o desempenho de uma função
intermediadora, podendo, quando muito, determinar a correção de erros materiais,
determinar o sequestro de renda pública em caso de preterição da ordem cronológica de
apresentação dos precatórios e representar junto ao Supremo Tribunal Federal para fins
de intervenção federal. Neste sentido, a atividade desenvolvida pela Presidência do
Tribunal é, eminentemente, administrativa.
Súm. 311 do STJ: “Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre
processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional”.
Súm. 733 do STF: “NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA
DECISÃO PROFERIDA NO PROCESSAMENTO DE PRECATÓRIOS”.
É competente para decidir sobre a atualização monetária dos precatórios o juiz
da execução, não o presidente do tribunal, cuja atuação restringe-se a: a) “examinar as
formalidades extrínsecas do precatório e o erro material, o qual jamais transita em
julgado e pode ser corrigido a qualquer tempo”; b) expedir ofício requisitório, controlar
o respeito à ordem cronológica, promover o sequestro de rendas púbicas e
eventualmente propor intervenção (STJ, 2ª Turma, RMS 1.129-0/SP); c) corrigir “erro
material ou inexatidão nos cálculos”, “a partir dos parâmetros do título executivo
judicial, i. é., da sentença exequenda” (STF, Pleno, ADIN 1.091-1-SP, rel. Min. Marco
Aurélio, j. 11.09.1996, DJU 25.10.1996, p. 41.026). O presidente do tribunal não
desempenha atividade executória complementar à do juiz de primeira instância. Aliás,
sequer desempenha atividade jurisdicional, não lhe cabendo decidir acerca do an, do si e
do quantum debeatur.
Assim, cabe ao juiz da execução: a) apreciar pedido de extinção da execução; b)
decidir “questões incidentes, tais como índice de correção da conta anterior ou extinção
da execução”; c) decidir sobre os “erros, emendas ou defeituosa formação do
precatório”; d) promover a expedição de precatório complementar”.

7.4.6. Atualização monetária e Juros.


§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de
verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em
julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se
o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Portanto, no período entre a expedição do precatório e seu efetivo pagamento,
incide correção monetária. Observe-se que o valor já será pago de maneira atualizada,
não havendo expedição de precatório complementar para esse fim.
Quanto aos juros, cumpre esclarecer que não incidem juros compensatórios. E os
moratórios somente incidirão caso haja atraso no pagamento. Se o precatório foi inscrito
até 1º de julho, deve ser pago até 31 de dezembro do exercício seguinte. Nesse período
não há incidência de juros moratórios.

Súm. Vinculante 17: “DURANTE O PERÍODO PREVISTO NO


PARÁGRAFO 1º DO ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO, NÃO INCIDEM
JUROS DE MORA SOBRE OS PRECATÓRIOS QUE NELE SEJAM PAGOS”.

Extrapolado o prazo constitucional, é dizer, se o pagamento ocorrer a partir de


janeiro do outro exercício, os juros moratórios passam a incidir. Para seu pagamento,
porém, será necessária a expedição de precatório complementar.
Súmula 45 do TRF1: não é devida a inclusão de juros moratórios em precatório
complementar, salvo se não foi observado o prazo previsto no art. 100, §1º da
Constituição Federal no pagamento de precatório anterior.
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de
valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança,
ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 62, de 2009).

7.4.7. Sequestro
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados
diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a
decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do
credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou
de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o
sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de
2009).
Antes da EC 62/09, só era possível o sequestro no caso de preterição da ordem
de inscrição do precatório. Ademais, também era previsto o sequestro quando houvesse
o vencimento do prazo sem pagamento, nas hipóteses de moratória do art. 78 do ADCT.
Agora, incluiu-se a possibilidade de sequestro quando não houver alocação
orçamentária do valor necessário à satisfação do débito.
A doutrina assevera a impropriedade da designação dessa medida como
sequestro, pois se cuida, em verdade, de um arresto. De qualquer sorte, seria um arresto
de caráter satisfativo, e não cautelar.
O sequestro pode recair tanto sobre a quantia indevidamente recebida pelo
credor beneficiado (em caso de quebra da ordem de preferência), como sobre as rendas
da FP (STF).

7.4.8. Intervenção
Em se tratando de não-pagamento de precatório no momento previsto
constitucionalmente, é possível a decretação de intervenção no ente federativo
inadimplente, tendo em vista a desobediência à ordem judicial (CF, art. 34, VI e art. 35,
IV).
Só o Tribunal local tem legitimidade para encaminhar ao STF o pedido de
intervenção baseado em descumprimento das suas próprias decisões (STF, IF 234-6/SP,
rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 14.06.1996, p. 21.036), devendo a parte dirigir-se
diretamente ao Tribunal local, e não ao STF (STF, IF 135-8/RJ, rel. Min. Sepúlveda
Pertence, DJU 24.11.1995, p. 40.735, RTJ 142/371). Julgado procedente o pedido
interventivo, o Presidente da República formalizará a intervenção através de decreto
interventivo (CF, art. 84, inciso X), o qual, uma vez publicado, tornar-se-á,
imediatamente, eficaz, legitimando a prática dos demais atos consequentes à
intervenção. Após, para fins do controle político, o decreto presidencial deverá ser
submetido em vinte e quatro horas ao Congresso Nacional, que deverá rejeitá-lo, ou,
mediante decreto legislativo, aprová-lo (CF, art. 49, inc. IV). Mas se a suspensão do ato
impugnado pelo decreto presidencial for suficiente para restabelecer a normalidade, o
controle político será dispensado (CF, art. 36, §3º).
Todavia, a rigidez do artigo 34, VI, da CF, foi abrandada pelo STF, que afasta a
intervenção quando haja descumprimento involuntário ou justificado por inexistência de
recursos financeiros (“O Tribunal, por maioria, indeferiu o pedido de intervenção
federal, por entender não configurado o descumprimento voluntário ou injustificado da
decisão judicial por parte do Estado de São Paulo, haja vista a inexistência de recursos
financeiros para tanto” (STF, IF 2.915-SP e IF 2.953-SP, rel. Min. Marco Aurélio, rel. p/
acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 03.02.2003, Informativo STF 296).
No que concerne especificamente à intervenção estadual nos Municípios por
falta de pagamento de precatório, esta só pode dar-se na hipótese prevista no art. 35, IV.
Aqui, só o Governador pode decretar a intervenção, dependendo de ação julgada
procedente pelo Tribunal de Justiça. Neste caso específico, dispensa-se o controle
político pela Assembléia Legislativa.
Há quem entenda que ao credor prejudicado pelo não-pagamento do precatório,
frente à falta de consignação de verba necessária, cabe impetrar mandado de segurança
para obrigar o chefe do poder executivo a fazer a competente dotação.

7.4.9. Dispensa de precatório - RPV


§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios
não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor
que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em
julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
No âmbito da FP federal, a Lei nº 10.259/01 estipula esse limite como sendo de
até 60 salários mínimos. O Conselho da Justiça Federal regulamenta a matéria,
atualmente, através da Resolução 55/2009, segundo a qual o pagamento é requisitado ao
presidente do Tribunal, facultada a utilização de meio eletrônico. Compete a este aferir a
regularidade formal das requisições, assegurando a observância da ordem de
pagamento.
Os valores superiores ao limite referido serão pagos sempre por precatório,
facultando-se ao credor renunciar ao valor excedente, a fim de ser pago mediante RPV
(LJEF, artigo 17, § 4º). Veda-se o parcelamento do valor exequendo - uma parte, até 60
salários mínimos, através de RPV; o excesso, mediante precatório:
Art. 100 § 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou
suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do
valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º
deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
Observe-se que, no âmbito estadual, distrital e municipal, deve ser editada lei
específica para fixar o limite para dispensa de precatório. Enquanto não editadas tais
leis, aplica-se o previsto no art. 87 do ADCT: “Para efeito do que dispõem o § 3º do
art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial
das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º
do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em
precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: I - quarenta salários-
mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; II - trinta salários-
mínimos, perante a Fazenda dos Municípios”.

Obs. Para as condenações envolvendo a União, pequeno valor equivale a 60 salários mínimos
(art. 17, § 1º, da Lei n. 10.259/2001).
E se o ente federado não editar a lei prevendo o quatum do “pequeno valor”?
Nesse caso, segundo o art. 87 do ADCT da CF/88, para os entes que não editarem suas leis,
serão adotados, como “pequeno valor” os seguintes montantes:
I - 40 salários mínimos para Estados e para o Distrito Federal;
II - 30 salários mínimos para Municípios.
Tais entes, ao editarem as leis próprias, podem fixar limites inferiores ou
superiores ao estabelecido nesse dispositivo, conforme já decidiu o STF. Todavia, a EC
62 passou a exigir um limite mínimo:
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias,
valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de
previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)

Nota-se que também na RPV não se há de falar, propriamente, em “execução”: o


juiz ordena o pagamento. Logo, o pagamento há de realizar-se com a colaboração do
obrigado, constrangido a cumprir a obrigação para que se evitem males maiores. Enfim,
há o cumprimento da obrigação, e não execução jurisdicional.
OBS: em caso de litisconsórcio ativo, será considerado o valor devido a cada
autor, expedindo-se uma RPV para cada um deles (precedente do STF).
No âmbito dos Juizados Especiais Federais, se “desatendida a requisição
judicial, o juiz determinará o sequestro do numerário suficiente ao cumprimento da
decisão” (Lei 10.259/2001, art. 17, § 2º). Esse dispositivo legal foi regulamentado pela
Resolução 263, de 21.05.2002, do CJF, nos seguintes termos: “desatendido o prazo
para o depósito, o juiz determinará o sequestro, à conta da entidade devedora, do
numerário suficiente ao cumprimento da decisão”. Nota-se, entretanto, que, nos
Juizados Especiais Cíveis Federais, não existe previsão expressa de que a decretação de
sequestro tenha de ser necessariamente precedida de ouvida do Ministério Público
(CPC, art. 731). Porém, é imprescindível que antes se ouça o membro do Ministério
Público, ainda que o procedimento especialíssimo dos Juizados Especiais Cíveis seja
regido pelos princípios da simplicidade, da informalidade, da economia processual e da
celeridade (cf. art. 2º da Lei 9.099), pois o interesse público é manifesto. É mister
lembrar-se, ainda, que o sequestro pode dar-se tanto sobre as rendas da Fazenda Pública
infratora quanto sobre a quantia indevidamente recebida por credor beneficiado (cf.
STF, RE nº 82.456-RJ, j. 07.06.1979, in STF-RTJ 96/651).

7.4.10. Execução de título executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública.


Súmula 279 do STJ: É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda
Pública.
Embora o art. 100 da CF fale em “sentença judiciária”, entende-se que a
sistemática também se aplica a decisões interlocutórias (especialmente aquelas que
antecipam tutela, nos termos do artigo 273 do CPC) e aos títulos executivos
extrajudiciais.
Na execução contra a FP, fundada em título extrajudicial, os embargos não ficam
restritos às matérias do art. 741 do CPC, tendo aplicação, no particular, o disposto no
art. 745.

7.4.11. Ação monitória contra a Fazenda Pública.


Súm. 339 do STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

Cabe ação monitória contra a Fazenda Pública. A ação judicial de procedimento


monitório visa somente à formação antecipada de título executivo judicial, que, uma vez
formado, deflagra o curso procedimental estabelecido no art. 730 do CPC, expedindo-se
o precatório judiciário, nos termos do art. 100 da Carta de 1988. A constituição de pleno
iure de um título executivo judicial contra a Fazenda Pública não enseja o pagamento
imediato ou a possibilidade de penhora de bens. Por conseguinte, estando o crédito
provado por documento hábil, é absolutamente possível o aforamento de ação de
procedimento monitório em face da Fazenda Pública.

7.4.12. Ações executivas lato sensu contra a Fazenda Pública.


Admitem-se contra a Fazenda Pública as ações executivas lato sensu. Não há
restrições legais, especialmente porque, nas ações executivas reais (ex.: ação de
reintegração de posse, ação reivindicatória, ação de despejo por falta de pagamento,
ação de divisão, ação de demarcação, ação de nunciação de obra nova, ação de imissão
de posse), não se há de falar na expropriação de bem público. Ora, se o bem se encontra
ilegitimamente na esfera patrimonial da Fazenda Pública, dela deve ser retirada, ao
contrário do que acontece em execuções obrigacionais, nas quais o bem a penhorar
encontra-se, legitimamente, na esfera do devedor.
Tanto a Fazenda Pública é legítima, passivamente, para integrar execuções reais
que o parágrafo único do art. 928 do Código de Processo Civil condiciona o
deferimento da providência liminar à prévia audiência dos respectivos representantes
judiciais. Portanto, a efetivação de liminares e sentenças proferidas em ações executivas
reais ajuizadas contra o Poder Público dá-se da mesma forma que aquelas proferidas
contra particulares. De certo, para resguardar-se a prevalência dos interesses públicos
sobre os interesses privados, a lei pode tornar a fase executiva dessas ações mais
delongada: a Lei 8.245/91, p. ex., no § 3º do seu art. 63, prevê que, em caso de
procedência de demanda de despejo contra o Poder Público, o prazo para a desocupação
voluntária não será de 30 (trinta) dias (regra geral), mas de 1 (um) ano, exceto se entre a
citação e a sentença de primeira instância tiver decorrido mais de um ano, caso em que
o prazo será de 6 (seis) meses.
Da mesma forma, as obrigações de fazer ou não fazer impostas à FP por
sentença obedecem ao disposto no art. 461 do CPC, não havendo que se falar em citar o
ente nos moldes do art. 730 (este se restringe à execução de obrigação de pagar quantia
certa).
No cumprimento de sentença que impõe obrigação de fazer ou não fazer à FP,
pode o juiz se valer das medidas de apoio, inclusive das astreintes (que revertem em
favor do credor). Contudo, a execução posterior do montante dessas astreintes se dará
através de precatório. Isso tem sido aplicado, especialmente, nas demandas para
fornecimento de medicamentos e prestações de saúde.
Alguns autores, como Marcelo Lima Guerra, sustentam a possibilidade de
cominar a multa coercitiva contra o agente público responsável pelo cumprimento da
medida. Porém, tal entendimento não tem sido acolhido pelo STJ, conforme noticiado
no informativo 429: “a jurisprudência do STJ permite a imposição de multa diária à
Fazenda Pública na execução imediata, porém sua extensão ao agente público, ainda
que escorada na necessidade de dar efetivo cumprimento à ordem mandamental, é
despida de juridicidade, pois inexiste norma que determine esse alcance da pessoa
física representante da pessoa jurídica de direito público. No caso, além de sequer
haver contraditório e ampla defesa, os agentes não foram partes na execução e
atuaram no MS apenas como substitutos processuais. Por último, note-se que a
execução da ação mandamental foi dirigida ao ente federado, pessoa jurídica de direito
interno, e há norma que restringe ao réu a imposição das referidas astreintes”.
Por fim, na tutela ao direito à saúde, o STJ já admitiu, como medida coercitiva,
até mesmo o bloqueio de verbas públicas: “O art. 461, §5º do CPC, faz pressupor que o
legislador, ao possibilitar ao juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas
assecuratórias como a "imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade
nociva, se necessário com requisição de força policial", não o fez de forma taxativa,
mas sim exemplificativa, pelo que, in casu, o sequestro ou bloqueio da verba necessária
ao fornecimento de medicamento, objeto da tutela deferida, providência excepcional
adotada em face da urgência e imprescindibilidade da prestação dos mesmos, revela-se
medida legítima, válida e razoável” (AgRg no REsp 1002335/RS, Rel. Ministro LUIZ
FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 22/09/2008).

Aula online 01

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Bibliografia:
Cautelares e especiais – Gajardoni.
Antônio Carlos Marcato (mais conservador).
Cursos de Processo Civil (Marinoni, Dinamarco etc.)

Falaremos de Teoria Geral dos Procedimentos Especiais, Prestação de Contas,


Possessórias, Embargos de Terceiro e Monitória.
Estudar sozinho depósito, demarcação de terras, usucapião, jurisdição
voluntária em casa.

TEORIA GERAL DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS:

1) Processo X Procedimento:
Em outros países essa diferença não tem utilidade, pois em ambos os casos
quem legisla sobre a matéria é a União.
No Brasil essa distinção é útil pois quem legisla sobre cada um deles são
diferentes.

A teoria dominante no Brasil (defendida por Dinamarco, Barbosa Moreira) é a


que vê o processo como entidade complexa (complexo é aquele composto
por mais de 1 elemento).
O processo é: Relação jurídica processual + procedimento (rito).

Relação Jurídica Processual: é um conjunto de direitos, deveres, ônus,


obrigações, que liga entre si todos os atores processuais (juízes, promotores,
servidores, partes, advogados etc.).
Procedimento: é a forma como os atos processuais se conjugam no tempo e
no espaço. Ex. rito ordinário, sumário.

No Brasil quem legisla sobre processo (relação jurídica processual) é apenas a


União.
Já a competência legislativa para o procedimento é concorrente entre União,
Estado e DF. A União edita normas gerais e Estados e DF legislam de forma
especial.
Entretanto, apesar do art.24, XI, CR nenhum Estado usou efetivamente este
direito, porque o federalismo não é tão efetivo, uma vez que concentra tudo na
União (só trabalha com o CPC).
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XI - procedimentos em matéria processual;
Dica: sempre verificar se há ritos particulares em cada Estado.

Aula Online 02

2) Modelos de Processo e Procedimento no CPC de 1973 (art.270


CPC):

2.1. Processo de conhecimento (declara): livro I


Procedimento comum (ordinário ou sumário).
Procedimento especial (livro IV) – vamos falar deste. Ele fala do processo
de conhecimento, assim na verdade ele deveria estar no livro I.

2.2. Processo de execução (satisfaz): livro II


Procedimento comum (pagar, dar e fazer)
Procedimentos especiais (Fazenda Pública – art.730 CPC; alimentos
art.733; devedor).

2.3. Processo cautelar (conservativa): livro III


Procedimento comum (art.801 a 804 do CPC): cautelares inominadas e
nominadas do art.888 CPC.
Procedimentos especiais (art.813 e ss.).

Regras finais de uso desses ritos:


1. Na ausência de regras do procedimento especial, aplicam-se as regras
do rito comum, especialmente do ordinário (art.272, p.único CPC).
2. Prevalece na doutrina tradicional que os ritos não são modificáveis ou
renunciáveis ou pelas partes ou pelo juiz. O rito é uma regra de ordem
pública. Metáfora do “cardápio”;

3) Fundamento para eleição dos procedimentos especiais:


Princípio da Adequação: é uma regra dirigida ao legislador (federal ou
estadual), para que este crie ritos para se adequar a particularidades da causa.
A renúncia ao procedimento comum através da criação de ritos especiais se dá
por conta da necessidade de se adequar o instrumental às peculiaridades
subjetivas (partes) ou objetivas (direito material da causa).

Ex.1. execução contra a Fazenda Pública – art.730 CPC. Os bens da Fazenda


Pública são impenhoráveis, logo precisam de um rito especial.
Ex.2. rito da desapropriação em legislação extravagante. Existe interesse
público envolvido.
Ex.3. ação/execução de alimentos (Lei 5478/68) e art.733 CPC. Existe a
proteção ao direito a vida.

A maioria dos procedimentos especiais seguem esta equação (procedimento


especial em razão de um motivo), mas não se pode negar que alguns ritos
especiais não tem sentido algum, sendo fruto de puro lobby legislativo ou
inapetência legislativa
Ex. busca e apreensão do DL.911/69.
Ex. Procedimento especial de nunciação de obra nova etc. – bastaria a
obrigação de não fazer.

4) Procedimentos especiais fungíveis e infungíveis.


Apesar de doutrina majoritária entender que os procedimentos são regras
de ordem pública e, como tais, inalteráveis pela vontade das partes, prevalece
o entendimento de que a parte pode abrir mão do rito especial e demandar
pelo rito comum/ordinário, vez que inexistiria prejuízo.
A doutrina fala em procedimentos especiais fungíveis (90% deles): são
os ritos especiais que podem ser substituídos pelo rito ordinário pela parte.
Exceção: existem alguns tipos de procedimentos especiais que são
considerados infungíveis: sem o uso do rito especial não é possível a tutela do
próprio direito material. Nesses a parte não pode abrir mão do rito especial.
Ex. inventário; procedimento da divisão e demarcação.

5) Tipicidade dos procedimentos, déficit procedimental e flexibilização


procedimental:
Por mais que o legislador se empenhe (Principio da Adequação), ele não é
capaz de criar ritos especiais (tutelas diferenciadas) para solução de todos os
conflitos que deles precisam. Como o modelo tradicional brasileiro é pela
rigidez dos procedimentos (regras de ordem pública), surge a dúvida se na
ausência de rito adequado (déficit procedimental) poderia o juiz modificar/criar
ritos, adaptando-os às particularidades subjetivas e objetivas da causa –
Princípio da adaptabilidade: destinatário seria o juiz.
A partir dessa dúvida que surge a Teoria da Flexibilização
Procedimental (adequação formal): 04 modelos de flexibilização
procedimental:
a. Modelo da flexibilização legal genérica: regra legislativa que
autoriza juiz a adaptar, sem pré-definir as opções (parecido com o poder geral
de cautela). No Brasil é excepcional, pois dá muitos poderes para o juiz. Ex.
art.153 ECA; art.1.109 do CPC; art.6º da Lei 9.099/95.
b. Flexibilização legal alternativa: é uma regra legislativa que
autoriza o juiz a adaptar mediante opções pré-definidas pelo legislador: é a
regra no Brasil. Ex. art.330 CPC; art.527 do CPC etc.
c. Flexibilização judicial do procedimento: é a autorização para
que o juiz faça a adaptação, independentemente da existência de lei que o
permita. É o típico caso de ativismo judicial. Para parte da doutrina é o
verdadeiro e único modelo de flexibilização procedimental. Ex. AP470 adaptou
prazo de embargos de declaração de 05 para 10 dias; ampliação de prazos
(como para garantir o contraditório efetivo); inversão da ordem de produção de
provas etc. – tudo isso tem que ser feito fundamentadamente e em caráter
excepcional – é o projeto do novo CPC.
d. Flexibilização voluntária: é aquele que autoriza às partes
elegerem o procedimento processual adequado conforme as suas
necessidades. Trata-se de um modelo incipiente no Brasil, mas muito usado
nos EUA.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS EM ESPÉCIE:


PRESTAÇÃO DE CONTAS:

1. Generalidades do direito material:

 Quem tem o dever de prestar contas?


O dever de prestar contas surge a partir do momento que há alguém na
administração de bens ou direitos alheios. A partir daí surge uma discussão
sobre a origem de administrar direitos ou bens alheios. Ela pode ser imposta
por:
 Dever/obrigação legal: a lei obrigou a pessoa a administrar bem e
prestar contas.
Ex.1: art.1.755CC
Art. 1.755. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais dos tutelados, são
obrigados a prestar contas da sua administração.
Art. 1.757. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, por qualquer
motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente.

Ex.1: art.1.754 CC – dever do curador.


Art. 1.754. Os valores que existirem em estabelecimento bancário oficial, na forma do artigo
antecedente, não se poderão retirar, senão mediante ordem do juiz, e somente:
I - para as despesas com o sustento e educação do tutelado, ou a administração de seus bens;
II - para se comprarem bens imóveis e títulos, obrigações ou letras, nas condições previstas no
§ 1o do artigo antecedente;
III - para se empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver doado, ou
deixado;
IV - para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles, aos
seus herdeiros.

Ex2: art.991, VII CPC inventariante.


Art. 991. Incumbe ao inventariante:
Vll - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz Ihe determinar;

Ex.3: Art.23 da Lei 11.101/2005 – dever do administrador.


Art. 23. O administrador judicial que não apresentar, no prazo estabelecido, suas contas
ou qualquer dos relatórios previstos nesta Lei será intimado pessoalmente a fazê-lo no prazo
de 5 (cinco) dias, sob pena de desobediência.
Parágrafo único. Decorrido o prazo do caput deste artigo, o juiz destituirá o administrador
judicial e nomeará substituto para elaborar relatórios ou organizar as contas, explicitando as
responsabilidades de seu antecessor.

 Dever contratual: as partes convencionaram para a pessoa a


administrar bem e prestar contas.

Ex.1: contrato de mandato (art. 668, CC)

Ex.2: contrato de depósito (art. 627, CC e Súmula 259 do STJ).

Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até
que o depositante o reclame.
Súmula 259
A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular
de conta-corrente bancária.
2. Regime jurídico da prestação de contas:

Existem dois regimes processuais a respeito da prestação de conta no


Brasil. Sendo eles:
 Ação autônoma de prestação de contas (rito especial): advém do
dever contratual de prestar contas. É feita em ação autônoma, porque o
administrador não foi nomeado em processo. É o que estudaremos!!!

 Incidente processual de prestação de contas (art. 919 do CPC - sem


autonomia): Advém do dever legal de prestar contas. Ocorre nos próprios
autos em que houve a nomeação do administrador (ex. tutela, curatela,
recuperação judicial, inventário etc.) – é feito em um apenso.

3. Competência territorial:
Quando se tratar de incidência de prestação de contas a competência é
do juízo que nomeou o administrador. Essa competência é absoluta e
funcional.
Quando for ação autônoma de prestação de contas, aplica-se a regra
do art. 100, V, “b” do CPC. A competência é a do foro do lugar onde se deu a
gestão ou administração. Trata-se de uma regra de competência relativa
(pode ser prorrogada).
Art. 100. É competente o foro:
V - do lugar do ato ou fato:
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.

4. Espécies de ação de prestação de contas:


Existem duas espécies de prestação de contas de acordo com o art. 914
do CPC, quais sejam:
 Ação de exigir contas (art. 915 do CPC): Essa é a mais comum. É a
ação que o administrado propõe contra o administrador para que este
preste contas. Ex. cliente contra advogado, cliente contra banco.

 Ação de dar contas (art. 916 do CPC): Essa é mais rara. É a ação que
o administrador propõe para prestar contas ao administrado.

Atenção! Nos termos do art. 918 do CPC a ação de prestação de contas nas
duas modalidades é dúplice.
Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em execução forçada.
Ex. entro com ação contra advogado para que este preste contas porque não
administrou bem o patrimônio. No mesmo processo da ação de prestação
executa o valor que ele o autor perdeu.

Obs.: Existem duas acepções para “ação dúplice”, sendo elas:


 Acepção processual: sinônimo de pedido contraposto. Possibilidade
de o réu poder fazer pedido contra o autor na própria contestação, sem
reconvenção. Essa acepção é inadequada. Este não é o verdadeiro
significado da ação dúplice. Ex. procedimento sumário; sumaríssimo
 Acepção material: é a que permite ao juiz reconhecer a existência do
direito do réu independentemente de qualquer pedido seu, vez que a simples
negativa do direito do autor já implica no reconhecimento do direito da outra
parte. - a acepção material é adequada! A ação de prestação de contas é
materialmente dúplice. Ex. em ação de prestação de contas ficou reconhecido
que o administrador faz bem o seu trabalho e julgou procedente a prestação.
Ele ainda reconheceu que

3.1. Ação de exigir contas (art. 915 do CPC):


Art. 915. Aquele que pretender exigir a prestação de contas requererá a citação do réu para, no
prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a ação.

a) Legitimação:

 Ativa: administrado (aquele que tem bens ou direitos administrados).


Atenção! O STJ já entendeu no julgamento Resp 122.589-MG que essa
ação é transmissível aos herdeiros do administrado.

 Passiva: o réu é o administrador (aquele que tem bens e direitos


confiados a sua administração).
Atenção! O STJ, no julgamento do Resp. 1.055.819-SP, entendeu que
a ação não é transmissível aos herdeiros do administrador (neste polo a ação é
personalíssima, porque a morte põe fim ao contrato de mandato).
Obs. pode ocorrer dos herdeiros do administrador serem cobrados com
ação de perdas e danos nos limites da herança, mas é necessário saber o
valor exato.

b) Cumulação de pedidos:

O STJ não admite a cumulação da ação de prestação de contas (que tem


rito especial) com pedido de revisão de contrato (STJ, Resp 1.116.628-PR).
Caso a parte queira rever o contrato a ação deve usar o rito comum/ordinário.

c) Prescrição:

O caso que define qual o prazo de prescrição da prestação. Destacam-se 02


casos:

 Prestação de contas contra advogado (art. 25-A da Lei 8.906/94 –


Estatuto da OAB): ação do cliente contra o advogado para prestação de
contas é de 5 anos.
 Prestação de contas contra banco: não se aplica o prazo do artigo 26
do CDC que é para ação de reparação de danos, mas sim a regra geral de 10
anos do CC (Súmula 477 do STJ).
Súmula 477
A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.
d) Procedimento/rito especial (BIFÁSICO: são suas fases porque tem
duas sentenças, duas sucumbências e duas apelações):

1ª FASE: tem por objetivo definir o dever de prestar contas e obrigar o réu
a fazê-lo. Nela temos:
 Petição inicial (a única diferença é que possui pedido genérico com
base no art. 286, III do CPC);

 Citação do réu (administrador);

 Resposta (prazo de 5 dias) -> o réu pode responder das seguintes


maneiras:

 Apresenta as contas (PASSA DIRETO PARA A 2ª FASE,


segundo o art. 915, §1°, 1ª parte, do CPC);

 Revelia (JUIZ DÁ SENTENÇA COM SUCUMBÊNCIA E


CONTRA A QUAL CABE APELAÇÃO);

 Contestação (réu pode negar o dever de prestar contas).


Ex. não sou eu quem administro.

 Instrução processual (se negar o dever de prestar contas);

 Sentença 1 (tem sucumbência. Contra esta sentença cabe


apelação): nesta sentença o juiz poderá:

o Negar o dever de prestar contas (FIM: acaba o processo);

o Reconhecer o dever de prestação de contas: determina a


prestação em 48 horas, sob pena de presunção de
correção das contas eventualmente prestadas pelo
autor (art. 915, §2° do CPC). Crítica: dá cheque em
branco a autor.

Atenção: O STJ no Resp. 1.092.592-PR entendeu que


não cabe cominação de multa para impor a prestação de
contas.

2ª FASE: Tem o objetivo de julgar as contas prestadas e, eventualmente,


declarar saldo, porque a ação é dúplice (art. 918 do CPC):
 Se prestadas pelo administrado/réu em 48 horas – segue
instrução processual (pode fazer uma perícia contábil) e o juiz
profere sentença 2 (terá outra sucumbência e apelação).

 Se o administrador/réu não presta em 48 horas as contas, o autor


as presta e haverá presunção de veracidade das contas
apresentadas pelo administrado. O que não impede o juiz de
eventualmente fazer instrução e dará sentença na qual tem
sucumbência e contra a qual cabe apelação.

3.2. Ação de dar contas (art. 916 do CPC):


Art. 916. Aquele que estiver obrigado a prestar contas requererá a citação do réu para, no
prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.
§ 1o Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas oferecidas, serão estas
julgadas dentro de 10 (dez) dias.
§ 2o Se o réu contestar a ação ou impugnar as contas e houver necessidade de produzir
provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.

a) Legitimidade:

 Ativa: administrador (advogado, banco, administrador da


fazenda).
 Passiva: administrado.

b) Objetivo: é a liberação do vínculo obrigacional e, eventualmente,


declarar saldo credor – art. 918 do CPC.

c) Procedimento (monofásico – não tem a fase de declarar o dever de


prestar contas):

 Petição inicial (o autor/administrador já presta as contas);

 Cotação do réu (para responder em 5 dias):

 Administrado/réu aceita as contas: sentença e fim!


(Reconhecimento jurídico do pedido, gerando
sucumbência);

 Administrado/réu se torna revel. Diante disso, o juiz julga


se as contas estão boas. Haverá sentença e
sucumbência;

 Administrado/réu contesta alegando que as contas estão


erradas, acarretando instrução (provavelmente perícia
contábil) e por fim o juiz sentencia (eventualmente declara
saldo – art. 918, CPC). Haverá sucumbência e cabe
apelação.

5. Questões processuais finais:


i. Forma de prestação de contas (art. 917 do CPC): O STJ entende que
despesas ordinárias e de pequena monta na administração não
precisam ser documentadas (ex. alimentação).

Art. 917. As contas, assim do autor como do réu, serão apresentadas em forma mercantil,
especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como o respectivo saldo; e
serão instruídas com os documentos justificativos.
ii. Ação de prestação de contas X ação de cobrança: A definição entre
uma ação ou outras se dá pela ciência ou não da existência saldo
credor.

Ex. banco está dando golpe na tarifa – cobrança.

Ex. tenho dúvidas se está havendo desvio – prestação de contas.

AÇÕES POSSESSÓRIAS

1- Generalidades de direito material:

a) Propriedade (art. 1.228, CC): É o direito de usar, gozar, dispor e


vindicar. Por ser um direito, a propriedade geralmente é atrelada a um
título.

b) Posse (1.196): A posse é um fato com proteção jurídica. Esse fato é


poder de fato de usar, gozar, dispor ou vindicar a coisa. O possuidor é
quem aparenta ser dono (visibilidade do domínio), é quem empresta
viabilidade econômica para a coisa.

c) Detenção (1.198, CC): Já foi denominado fâmulo da posse. A detenção


também é um fato com proteção jurídica. A detenção é o poder de fato
sobre a coisa, mas em nome de terceiro. Ex.: caseiro, empregado
doméstico, depositário.

Atenção: nada impede que o proprietário seja ao mesmo tempo o possuidor. E


nada impede também que ele ceda contratualmente a posse
(proprietário/possuidor indireto e possuidor direto).

Aula Online 3

2- Proteção/defesa jurídica das coisas:

2.1. Defesa da Propriedade:

A defesa se dá através das ações petitórias. A ação petitória tem como


causa de pedir (fundamento) a propriedade e o pedido pode ser qualquer um,
inclusive a posse (ius possiendi: direito de possuir pela invocação do domínio).

Ex.1: ação ex empto (art. 500, CC) é petitória, porque pede-se a área faltante
porque eu sou dono.
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se
determinar a respectiva área (COMPRA E VENDA AD MENSURAM), e esta não corresponder,
em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir A) o
complemento da área (AÇÃO EX EMPTO), B) e, não sendo isso possível, o de reclamar a
resolução do contrato (AÇÃO RESOLUTÓRIA) C) ou abatimento proporcional ao preço (AÇÃO
QUANTI MINORIS).

Ex.2: ação de usucapião - é petitória porque na usucapião pede a declaração


de domínio tendo em vista que o requerente se tornou proprietário por ter
preenchido os requisitos.
Obs.: alguns doutrinadores entendem que é uma ação publicista.

Ex3: Ação reivindicatória - ação do proprietário para, com esse fundamento,


obter a posse. Obs. o proprietário pode optar pela reivindicatória ou
possessória.

2.2. Defesa da posse:

Existem duas maneiras de se defender a posse, quais sejam:


 Desforço imediato da posse (art. 1210, §1°, CC): É considerada por
parte da doutrina uma forma de autotutela. Essa ação é considerada uma ação
de direito material. Trata-se de um exemplo de autotutela admitido (excessão
ao exercício arbitrário das próprias razões). Quando pede para o Estado
proteger é ação de direito processual. Quando o Estado permite a proteção do
direito sem a intervenção do Estado é chamado de ação de direito material.

Art. 1210, § 1°: O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além
do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

 Ações possessórias: Esta é a ação que tem como causa de pedir só a


posse e como pedido posse (ius possessionis: é o direito a posse pelo
próprio exercício dela). No Brasil só existem três ações que tipicamente são
possessórias, sendo elas:

a) Reintegração de posse;

b) Manutenção de posse e

c) Interdito proibitório.

Atenção! A ação de imissão na posse não é possessória. Ela é petitória,


pois esta é a ação do adquirente da área (proprietário), e que nunca teve a
posse dela, para obtê-la. A causa de pedir é o domínio.

Observação: na compra e venda do imóvel há a cláusula constituti – é uma


cláusula em que o vendedor transfere contratualmente a sua posse para o
comprador. Trata-se de uma ficção jurídica em que o sujeito recebe não só a
propriedade, como também a posse jurídica. Ex. financiamento de imóveis na
CEF.
 Compra e venda sem cláusula constituti: cabe ação de imissão na
posse (ação que tem pedido posse com fundamento na propriedade);

 Compre e venda com cláusula constituti: cabe ação de reintegração


de posse (ação que tem pedido posse com fundamento no esbulho
possessório). Neste sentido, STJ REsp 1.158.992-MG.

Importante! Nada impede ao proprietário/possuidor (direto ou indireto) que se


valha da possessória ao invés das petitórias, especialmente contra terceiros.
Geralmente o proprietário se utiliza da possessória, pois seu rito é melhor.

2.3. Defesa da Detenção:


Tem prevalecido o entendimento que o detentor só pode se valer do
desforço imediato da posse (ação de direito material) – autotutela – art.
1.210, §1° do CC.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

3- Ações possessórias de rito especial:

3.1. Espécies de possessórias e fungibilidade (art. 920 do CPC):


 Ação de reintegração de posse – esbulho (usada nos casos de
perda); ex. existe a invasão.

 Ação de manutenção de posse – turbação (usada nos casos de


incômodo); Ex. bloqueio de 3 das 4 entradas da Fazenda.

 Ação de interdito proibitório - ameaça (usada nas hipóteses de


ameaça). Ex. placas em frente a sua casa escritas “vamos invadir”

Conclusão: Há fungibilidade entre as tutelas possessórias. Ex. entro com


ação de reintegração ao invés de manutenção. Ernane Fidélis (prestigiado nos
concursos em MG) chama essa fungibilidade de Princípio da Reversibilidade
do Pedido: é a possibilidade do juiz da tutela possessória diversa da pedida.
Assim, e Esse art. 920 é uma exceção aos artigos 459 e 460 do CPC.
Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos
estejam provados.

Existem duas razões que justificam essa fungibilidade na tutela


possessória, sendo elas:
i- Para a adequação do processo a uma situação de fato extremamente
mutável; Ex. no meio da ação a ameaça vira esbulho.

ii- Existência de zonas cinzentas (situações em que não se consegue


definir se é turbação, esbulho ou ameaça). Ex. invasão parcial do
imóvel.
Cuidado! A fungibilidade ocorre somente entre as ações possessórias e não
entre possessórias e petitórias (entendimento majoritário).

3.2. Ação de Força NOVA e de Força VELHA (havia previsão nos artigos
508 e 523 do CC/16):

3.2.1.Diferenças entre ação de força nova e ação de força velha:


Antes tinha previsão no CC/16 nos arts.508 e 523, mas não no CC/2002.
Entretanto, ela ainda é utilizada.

 Ação de força nova: a turbação ou esbulho ocorreu faz menos de um


ano e um dia. Se a ação for de força nova, o rito da ação é especial. Por ter
rito especial, essa ação permite liminar antecipatória sem o preenchimento
dos rigorosos requisitos do art. 273 do CPC (não é preciso provar o periculum
in mora);

 Ação de força velha: a turbação ou esbulho ocorreu faz mais de 1 ano


e 1 dia. Se a ação for de força velha, o rito é comum (ordinário, sumário ou
sumaríssimo). Pode ter liminar antecipatória de tutela, mas desde que
preenchido os rigorosos requisitos dos artigos 273 do CPC (preciso provar o
periculum in mora).

Atenção: O interdito proibitório sempre é de força nova (segue o rito


especial), porque a ameaça sempre é presente, logo aconteceu a menos de 1
ano e 1 dia.

3.2.2. Termo inicial de contagem do prazo de 1 ano e 1 dia:


 Esbulho/turbação clandestino (art. 1224, CC): O termo inicial é a
ciência do ato pelo possuidor. Ex. tenho terreno em Campinas, mas
moro em Franca. Quando visito Campinas é que fico sabendo.

Crítica: Trata-se de uma regra muito insegura.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando,
tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente
repelido.

 Esbulho/turbação permanente: conta do ato inicial.


Ex. sujeitos invadiram em janeiro e ficaram lá. Conta-se de janeiro.

 Esbulho/turbação repetidos (STJ, REsp 313.581-RJ): Conta sempre


do último ato. Ex. sujeito entra e sai várias vezes de tempos em
tempos. Cada saída começa um novo esbulho.
 Comodato sem prazo convencional: conta-se do fim do prazo para
desocupação necessariamente dado na notificação dirigida ao
comodatário comunicando o término da cessão.

3.3. Objeto da ação possessória:


O objeto das ações possessórias são os bens materiais, ou seja,
aqueles capazes de ser objeto de apreensão física.
Ex.: móveis, imóveis, semoventes, etc.

A respeito do objeto existem duas dúvidas, quais sejam:


 Direitos autorais podem ser protegidos através de ações
possessórias?
R. Direitos autorais são bens imateriais e como tais não são protegidos por
ações possessórias (Súmula 228 do STJ).
Súmula 228
É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.

 Servidões (ex.: servidão de passagem; de água, etc. – é direito real


sobre coisa alheia) são objetos de proteção possessória?
R. Servidões são bens materiais e como tais são protegidos pelas possessórias
(Súmula 415 do STF).
Súmula 415 do STF: Servidão de trânsito (PASSAGEM) não titulada (SEM REGISTRO), mas
tomada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente,
conferindo direito à proteção possessória.
Atenção! Nota-se que aqui se protege o fato servidão, e não o direito real, que
depende de registro.

Cuidado! Conforme reiteradamente decidido pelo STJ, bens públicos


afetados ao uso público não são passíveis de posse (mas apenas de
detenção), de modo que não são manejáveis ações possessórias pelo
ocupante. Ex. sujeitos moram 15 anos em escola abandonada. Poder Público
quer tirar o pessoal de lá e os moradores não tem como defender com ações
possessórias.

3.4. Competência para as Ações Possessórias:

3.4.1. Material (da Justiça):


 Competência da Justiça do Trabalho: Hipótese de reintegração de
posse nos casos de comodato pelo fim da relação de trabalho (é uma das
poucas hipóteses que a Justiça do trabalho julga ação possessória).

3.4.2. Territorial (do local):


 Bem imóvel (art. 95 CPC):
Regra: foro de situação do imóvel. Apesar da matriz territorial, trata-se de
regra de competência territorial absoluta (regra de ordem pública); sobre
direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de
terras e nunciação de obra nova.
Exceção: autor pode escolher foro do local do imóvel, pelo foro do domicílio do
réu ou de eleição para outros direitos reais imobiliários. Ex. usufruto, uso,
habitação. A hipoteca é controvertida, mas entende que não se aplica a regra
absoluta do art. 95 CPC.

Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da
coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio
sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e
nunciação de obra nova.

Obs.1: Art. 107 do CPC - Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado


ou comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a
competência sobre a totalidade do imóvel.
Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o
foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.

Obs.2: O STJ (REsp 332.802-MS) entende que as ações de rescisão de


contrato de compra e venda de imóvel c/c reintegração de posse não
seguem a regra do art. 95 do CPC, porque entende que se funda em direito
obrigacional (a retomada se funda em não cumprimento de contrato de compra
e venda) e não de direito real. Ex. financiadora move ação contra financiador
inadimplente.

O foro do domicílio do réu é competente para processar e julgar ação declaratória


de nulidade, por razões formais, de escritura pública de cessão e transferência de
direitos possessórios de imóvel, ainda que esse seja diferente do da situação do
imóvel. STJ. 2ª Seçãã o. CC 111.572-SC, Rel. Min. Nãncy Andrighi, julgãdo em 9/4/2014 (Info
543).

Direitos reais imobiliários:

 Bem móvel e semovente (art. 94 do CPC): segue a regra geral que é a


do domicílio do réu.

3.5. Legitimidade:

3.5.1. Ativa:
a) Possuidor direto;

b) Possuidor indireto (proprietário);

c) Sucessor do possuidor (acessio possessionis – art. 1.206 do CC);

d) Co-possuidor contra terceiros e contra o próprio co-possuidor que


impeça a posse comum (STJ, Resp. 537.363-RS);

e) Esbulhador/turbador contra terceiros. Trabalha com conceito de melhor


posse.

3.5.2 – Passiva:
a) Esbulhador/turbador/ameaçador;
b) Sucessor do esbulhador/turbador, desde que tenha ciência do vício (art.
1212, CC);

c) Proprietário/possuidor indireto (quando ele for o esbulhador/turbador);

d) Réus incertos (na hipótese de invasão coletiva de área) – entro com


ação contra os invasores da fazenda “X”; “invasores da reitoria”;

Como se faz a citação (há duas posições): i) a citação é feita nos líderes do
movimento; ii) por edital (posição dominante);

e) Cônjuge em caso de composse ou atos comuns com o esbulhador (art.


10, §2°, CPC).
o
§ 2 Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos
praticados.(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

3.6. Procedimento (rito) especial das possessórias:

I) Petição inicial (deve preencher os requisitos do art. 927 do CPC e dos


artigos 282 e 283 do CPC);

Obs1: Luiz Edson Fachin entende, com fundamento no art. 1228, §1° do
CC e 170 da CF, que é requisito da inicial da possessória a prova do exercício
da função social da posse/propriedade (posição minoritária) - não adotar na
prova de magistratura. Pode adotar na prova da Defensoria Pública.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

Obs.2: O valor da causa corresponde ao conteúdo econômico da


demanda (vantagem patrimonial que se tem com o processo).
 Ter posse é o mesmo que ter a propriedade? Qual o valor da causa
na possessória?
R. há duas posições, quais sejam:
i. O valor da causa na possessória e menor que na petitória (posição
minoritária);
ii. O valor da causa na possessória é o proveito econômico com a
recuperação da posse, podendo ser equivalente ao da propriedade -
valor venal – art. 259, VII, CPC (posição majoritária).
Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:
VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para
lançamento do imposto.

Obs.3: O art. 921 do CPC autoriza a cumulação de pedidos na ação


possessória. Esse dispositivo é uma exceção ao art. 292 do CPC, pois permite
essa cumulação sem perdimento do rito especial (e da liminar sem os
requisitos do art. 273 do CPC). Pedidos que podem ser cumulados:
i) perdas e danos (inclusive danos morais. O elemento anímico é
importantíssimo para fixação do valor indenizatório – art. 1212, 1216, 1219 e
1220 do CC – a má-fé do esbulhador/turbador é essencial para fixar
indenização);
ii) multa para evitar casos de nova turbação/esbulho/ameaça (astreinte);
iii) desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento da coisa.
Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;
III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

Atenção1: Não é possível a cumulação de outros pedidos além dos


previstos no art. 921 do CPC sem perder o rito especial. Deverá ser usado o
rito ordinário, perdendo a liminar do art. 273 do CPC (Ex.: rescisão de contrato
c/c reintegração de posse).
Atenção2: Não é possível, nem pelo ordinário, cumular pedido de proteção
possessória com pedido de proteção petitória, porque existe um impedimento
expresso no art. 923, do CPC (não possível discutir ao mesmo tempo posse e
propriedade).
Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu,
intentar a ação de reconhecimento do domínio. (Redação dada pela Lei nº 6.820, de
16.9.1980)

3.6.2. Juízo de admissibilidade:


O juiz poderá:
a) Mandar emendar (art. 283 do CPC);

b) Indeferir a inicial da possessória (art. 295 do CPC);

c) Admitir o processamento da possessória.

3.6.3. Liminar antecipatória de tutela (art. 927 a 929 do CPC):


Obs.1: Assim, essa liminar não necessita dos requisitos do art. 273.
Art. 927. Incumbe ao autor provar: - (SEM REQUISITO DE PERICULUM IN MORA!)
I - a sua posse;
Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na
ação de reintegração.

Obs2: o juiz poderá designar audiência de justificação prévia, se tiver dúvidas


quanto ao cabimento da liminar.
Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário,
determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à
audiência que for designada.

Obs3: Não cabe liminar inaudita altera partes na possessória contra o poder
público.
Art. 928, Parágrafo único: Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes
judiciais.
Art. 925. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou
reintegrado na posse (BENEFICIÁRIO DA LIMINAR) carece de idoneidade financeira para, no
caso de decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco)
dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.

3.6.4. Citação (aplicam-se as regras do Livro I).


3.6.5. Resposta do réu (se dá no prazo de 15 dias): Aplicáveis os artigos 188
e 191 do CPC.

Obs.1: O art. 922 do CPC autoriza o réu a fazer, na contestação, pedido de


proteção possessória e perdas e danos. Existe dúvida sobre a natureza jurídica
desse dispositivo, tendo os seguintes entendimentos (não há entendimento
majoritário):

a) Natureza jurídica de pedido contraposto (o réu precisa pedir na


contestação proteção possessória. O juiz não poderia dar a proteção de ofício)
– Professor Adroaldo Furtado;

b) Natureza jurídica dúplice, ou seja, ainda que o réu não peça o juiz pode
dar.

Nas ações possessórias, o réu poderá fazer pedido contraposto conforme prevê o
art. 922 do CPC: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes
da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”
Apesar de o art. 922 do CPC não prever expressamente a remoção de coisas, pessoas
ou o desfazimento de construção ou plantação (remoção do ato ilícito), tal
providência poderá ser determinada pelo magistrado. Isso porque vigora
atualmente, em nosso sistema processual, o princípio da atipicidade dos meios de
tutela das obrigações de fazer, não fazer e de entrega de coisa (arts. 461 e 461-A do
CPC). Por força desse princípio, o juiz, a requerimento da parte ou até mesmo de
ofício, poderá conceder a medida executiva que lhe parecer mais adequada ao caso
concreto ainda que não expressamente tipificada na lei.
STJ. 3ª Turmã. REsp 1.423.898-MS, Rel. Min. Pãulo de Tãrso Sãnseverino, julgãdo em
2/9/2014 (Info 548).

 Obs.2: cabe reconvenção nas ações possessórias?

R. Quanto aos pedidos de proteção possessória e indenização não, vez que os


pedidos podem ser feitos na própria contestação. Para outros pedidos fora do
art. 922 (ex.: rescisão, anulação, revisão de contrato, etc.) é possível.
Obs.3: O STJ entende que indenização e retenção por benfeitorias podem
ser pedidas na própria contestação, independente de reconvenção.

Obs.4: O STF tem entendido possível a alegação de usucapião como matéria


de defesa (Súmula 237 do STF). Caso o juízo a acolha, julgará improcedente
a possessória e reconhecerá a usucapião, embora sem possibilidade de
registro da área (por ser apenas matéria de defesa).

Exceção: na usucapião especial urbana, o art. 13 da Lei 10.257/2001 permite


o registro da usucapião reconhecida como matéria de defesa.

3.6.6. – Possessória volta ao rito ordinário: inclusive apelação no duplo


efeito, etc. A possessória só tem rito especial até a contestação.

Aula Online 4
AÇÃO MONITÓRIA
(art. 1.102-A e ss do CPC)

1- Generalidade de direito material:

a) Origem no Brasil: ação decendiária ou de assignação de 10 dias (na


época das Ordenações).

O que justifica a criação da monitória foi a injustiça da utilização do


processo de rito comum para cobrança de obrigações representadas por prova
escrita, ainda que sem eficácia de título executivo. Trata-se de um rito
intermediário entre a execução e procedimento comum.
Ex. Assinei na folha de papel de pão que devo 10 mil reais.
b) Diferentemente da execução, quem autoriza o curso da monitória é o juiz
e não a lei que no caso da execução já define os títulos executivos que a
embasam. É feito um juízo de verossimilhança de idoneidade da prova
escrita para fins monitórios (cognição sumária).

2- Natureza da monitória brasileira:

Existem na doutrina duas posições com repercussão sobre a natureza


jurídica da monitória, sendo elas:
a) Monitória é uma ação de conhecimento de rito especial. A finalidade
dela é declaratória. Tem por objetivo declarar se o autor está com razão
ou não (se o réu lhe deve ou não). Adotar na prova! posição
majoritária.

b) Para Dinamarco e Humberto Deodoro Júnior a monitória não seria um


rito, mas um quarto tipo de processo. Começaria como ação de
conhecimento e terminaria como execução. Esse entendimento não
encontra eco no CPC. - posição minoritária.

3- Pressupostos da ação monitória (art. 1102-A, CPC):

Art. 1.102.a - A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem
eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de
determinado bem móvel.(Incluído pela Lei nº 9.079, de 14.7.1995)

São três pressupostos:


3.1 – Prova escrita:
a) Diferentemente de outros países, não há monitória com base em prova
oral no Brasil.

b) Para fins de monitória o conceito de prova escrita é estrito (só prova


documental). Aqui não se aplica o conceito de documento do capítulo de
provas do CPC (art. 364 e ss do CPC).- não é possível usar uma gravação em
que o devedor confessa a sua dívida

c) A jurisprudência brasileira (STJ), coma ressalva do item anterior, é


extremamente permissiva a respeito do uso de documentos escritos para fins
monitórios (quase tudo é admitido). Admite-se, por exemplo, documentos
bilaterais, documentos unilaterais do devedor, pluralidade de documentos e até
documentos unilaterais do credor. Portanto, “para a admissibilidade da
monitória, considera-se prova escrita todo e qualquer documento que
sinalize o direito à cobrança de determinada dívida ainda que unilateral”
(STJ, Resp 963.656-DF).

d) Casuística:

 Súmula 299 do STJ: O cheque prescrito (poderia ser qualquer


outro título de crédito prescrito) é um documento hábil para instruir a ação
monitória. Estamos diante de um documento unilateral emitido pelo devedor.

Súmula 299
É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
 Vale (“caderneta no mercado, posto”): é um documento unilateral
do devedor.

 Súmula 247 do STJ:


“O contrato de abertura de crédito de conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de
débito (EXTRATOS DA CONTA), constitui documento hábil para o ajuizamento da ação
monitória (PLURALIDADE DE DOCUMENTOS).”.
Essa súmula nasceu em razão da anterior edição da Súmula 233 do STJ que
considerou o contrato de cheque especial como documento sem eficácia
executiva.
 Súmula 384 do STJ:
“Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem
alienado fiduciariamente em garantia.”. Trata-se de documento unilateral do devedor.
Ex. Estou inadimplente no pagamento do carro em alienação com 5 mil de
dívida. O banco vendeu o carro por 15 mil. Tenho direito a 10 mil de volta.

Obs. caderneta só assinada pelo credor pode ser documento para monitória,
se isso for prática no local (em cidade pequena é muito utilizada).

3.3 – Prova escrita sem eficácia de título executivo (falta de interesse


processual, porque se tiver o indivíduo já pode entrar direto com processo de
execução):
 Pode aquele que tem título executivo renunciar à via executiva e
ajuizar ação monitória com base na prova escrita?
R. Parte da doutrina nega essa possibilidade (Cássio Scarpinela Bueno), falta
interesse de agir e adequação. Para o STJ, contudo, no julgamento dos REsp
435.319 ou do Resp 534.022 ou do REsp 981.440, estabeleceu que quem
tem título executivo extrajudicial pode renunciar à via executiva e ajuizar
a ação monitória. O fundamento é que hoje a execução de título judicial é
melhor que a execução de título extrajudicial.
Atenção! Mesmo admitindo a monitória de quem com base em título
extrajudicial, o STJ só admite a conversão da execução e monitória antes da
citação do devedor (STJ, REsp 1.129.938-PE -543, CPC). Ex. Devedor sumiu.

3.3 – Representativo: 1) de crédito em dinheiro ou 2) obrigação para


entrega de coisa certa e móvel:
Portanto não cabe monitória:
I- Obrigações de fazer e não fazer;

II- Para entrega de bem imóvel;

III- Para solucionar crises de certeza (pretensões declaratórias) ou de


relação jurídica (pretensões constitutivas/desconstitutivas) – são crises de
adimplemento – monitória não serve para declarar paternidade, rescindir
contrato, declarar existência de dívida, declarar divórcio, decretar falência,
negatória de paternidade etc.

4 – Procedimento Monitório (Rito diferenciado. Rito especial):

4.1. Petição inicial: art. 282 do CPC + prova escrita. Regra geral, a monitória
tem que ter causa de pedir (fundamentos de fato e de direito, ou seja, deve
justificar a relação prévia existente). Entretanto, o STJ, de modo pacífico,
entende que na monitória lastreada em cheque prescrito não é necessária a
declinação da causa de pedir (origem da dívida), embora possa o devedor
em sua defesa levantá-la e discuti-la (STJ Resp 848.072-MS). Percebe-se assim
que, na ação monitória, há inversão da iniciativa do contraditório, cabendo ao
demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda a matéria de
defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório.
Atenção! Também para o STJ tem prevalecido o entendimento de que o
cheque prescrito só pode ser utilizado para fins de cobrança (por monitória ou
por procedimento comum) no prazo de 5 anos (art. 206, §5° do CC).
§ 5o Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;

Súmula 503-STJ:
O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
Obs: a parte mais importante e inovadora do enunciado é o termo inicial do
prazo quinquenal, acima grifado. Isso porque existiam inúmeras vozes
defendendo que o prazo da monitória seria contado do dia em que se
consumasse a prescrição da ação executiva, tendo esse entendimento sido
superado.

Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do


emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia
seguinte ao vencimento do título.

4.2. Despacho inicial: juiz tem três opções:


a) Manda emendar a inicial;

b) Indefere a inicial: 1) por vícios processuais insanáveis ou 2) porque a


prova escrita representativa da obrigação não é verossimilhante
(cognição sumária). Dessa decisão cabe apelação.

c) Admite a monitória: faz isso com base na verossimilhança da prova


escrita. Trata-se de cognição sumária. Essa decisão deve ser
fundamentada. Por ser de cognição sumária não faz coisa julgada. O
juiz determina a expedição de pagamento ou de entrega (“mandado
monitório”).

4.3. Citação (diante da admissão da monitória): O réu é citado para o


cumprimento do mandado de pagamento ou entrega no prazo de 15 dias, sob
pena de NADA!
Atenção: Hoje é pacífico que cabem todas as espécies de citação, inclusive
por edital (Súmula 282 do STJ).
Súmula 282
Cabe a citação por edital em ação monitória.

4.4. O réu tem 3 reações possíveis:


a)Pode efetuar o pagamento ou a entrega: Neste caso incide o art.
1.102-C, §1° do CPC. Incide uma sanção premial (fica isento das custas e
honorários). Não se aplica essa vantagem quando a Fazenda Pública for a
ré da monitória vez que ainda que haja reconhecimento do débito ela não
pode pagar instantaneamente, pois ela paga por meio dos precatório,
conforme o art. 100 da CF.
Art. 1.102-C. No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer embargos, que
suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á,
de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado
executivo e prosseguindo-se na forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei. (Redação
dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 1o Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios. (Incluído
pela Lei nº 9.079, de 14.7.1995)
§ 2o Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios
autos, pelo procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 9.079, de 14.7.1995)

b) O devedor fica inerte: aplica-se o art. 1.102-C, §3° do CPC, havendo


uma presunção absoluta da existência do débito – ex vi legis.
Automaticamente haverá conversão do mandado monitório em título executivo
judicial. Essa decisão é automática e não depende de fundamentação.

§ 3o Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial,


intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X,
desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
Atenção: Apesar disso, o réu tem que ser condenado ao pagamento das
custas e honorários.
c) O réu apresenta embargos ao mandado monitório: De acordo com o
art. 1102-C, §2° do CPC, haverá efeito suspensivo automático do mandado
de pagamento ou entrega (não depende do juiz). A partir daqui, converte-se
o procedimento especial em ação de conhecimento pelo rito ordinário.

Questões polêmicas sobre os embargos ao mandado monitório:


- Reconvenção: cabe reconvenção na monitória, porque se o indivíduo
apresentou os embargos ao mandado monitório virou rito ordinário, no qual é
cabível reconvenção.
- Natureza jurídica dos embargos: Parte da doutrina diz que a NJ é
de ação (Dinamarco, Gajardoni). Outra parte diz que a NJ é de contestação, de
defesa (Nery, Ada).
Depois da Súmula 292 do STJ fica difícil sustentar a primeira posição,
pois se ele admite reconvenção ele trata os embargos como contestação. Logo
sua natureza deve ser de contestação.
Súmula 292
A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.

4.5. Livro I do CPC: Inclusive apelação contra sentença dos embargos da


ação monitória, no efeito suspensivo (segue a mesma regra do processo de
conhecimento).

5- Questões especiais sobre monitória:


a) Prevalece o entendimento de que não cabe nos Juizados, porque o rito
especial é incompatível com o rito da monitória (Enunciado 8 do
FONAJE);

b) Cabe monitória contra a Fazenda Pública (Súmula 339 do STJ).


EMBARGOS DE TERCEIRO
(art. 1.046 e ss do CPC)
1- Generalidades de direito material:

a) Conceito: Trata-se de um instrumento processual para a defesa da


posse de bens ou de direitos indevidamente atingidos pelos efeitos da decisão
proferida em processo alheio (constrição havida em processo alheio). A razão
para a existência dos embargos de terceiro está no art. 472 do CPC.

Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem
prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados
no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa
julgada em relação a terceiros.

b) Diferenças com outros institutos:

i. Embargos à execução (art. 745 do CPC): As partes são distintas


(as partes no embargo à execução são quem são partes na execução). O
objeto do embargo à execução é bem mais amplo que os embargos de terceiro
que só debatem a questão da constrição indevida. Por isso não cabe
cumulação de pedidos em embargos de terceiro (indenização de danos morais,
perdas e danos, etc.).

Os embargos de terceiros servem para impedir e nunca para pedir!

ii. Ações possessórias (art. 920 do CPC): Apesar de ambas


partirem de um ato de esbulho, turbação ou ameaça à posse (portanto
cabem embargos de terceiro preventivos), há duas diferenças, quais sejam:

- origem do atentado à posse: nos embargos de terceiro parte de


uma decisão judicial;
- os embargos de terceiro podem defender a posse com fundamento
em outros temas diversos da própria posse (ex.: defesa do crédito – art. 1.047,
II do CPC).
Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:
II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou
anticrese.

2- Competência para o processamento dos embargos de terceiro (art.


1049 do CPC):
Obs.: os embargos de terceiro é um processo autônomo. Porém:
Art. 1.049. Os embargos serão distribuídos por dependência (art. 253, I do CPC) e correrão em
autos distintos (SEM APENSAMENTO) perante o mesmo juiz que ordenou a apreensão.

Considerações:
a) Isso é competência funcional (absoluta);

b) O ingresso dos entes referidos no art. 109, I da CF com embargos


de terceiro perante o juízo estadual que ordenou a apreensão desloca a
competência para julgamento dos embargos de terceiro (APENAS) à Justiça
Federal (mitigação da regra do item “a”); Ex. juiz estadual mandou penhorar
bem financiado da CEF. A CEF apesenta embargos de terceiros. Juiz estadual
remete à justiça Federal que decide que o bem não é da caixa e volta para a
justiça estadual.

c) Nos casos de execução por carta o juízo competente para


julgamento dos embargos de terceiro será aquele que definiu, ordenou, a
constrição do bem, seja o deprecante, seja o deprecado (súmula 46 do STJ e
art. 747 do CPC, por analogia).

Súmula 46
NA EXECUÇÃO POR CARTA, OS EMBARGOS DO DEVEDOR SERÃO DECIDIDOS NO
JUIZO DEPRECANTE, SALVO SE VERSAREM UNICAMENTE VICIOS OU DEFEITOS
DA PENHORA, AVALIAÇÃO OU ALIENAÇÃO DOS BENS.

3- Espécies de embargos de terceiro:


Existem três espécies, quais sejam:

3.1. Artigo 1.046 do CPC (espécie típica): Defesa da posse em geral (99%
das vezes).
Ex. expropriação do possuidor que comprou imóvel do devedor da ação. O
possuidor entre com embargos de terceiro para defender a sua posse
Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus
bens por ato de apreensão judicial, em casos como (ROL EXEMPLIFICATIVO) o de penhora,
depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha,
poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.
Exceção: Hipótese de não cabimento nessa situação nessa hipótese do art.
1046 CPC - não cabe embargos de terceiro em sede de desapropriação (art.
31 do DL 3365/41), porque qualquer discussão sobre a posse/propriedade do
bem recai sobre o preço pago pelo expropriante.

3.2. Artigo 1047, I do CPC (atípica): defesa da posse pelos


vizinhos/confinantes na ação de divisão/demarcação de bem imóvel.
Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:
I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for o imóvel
sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos;
Ex. é feita a divisão de uma fazenda – cerca para cada herdeiro. Entretanto na
demarcação do terreno invade a área de um vizinho.
3.3. Artigo 1047, II e art. 1054 do CPC (atípica): permite embargos de terceiro
para defesa do crédito do credor com garantia real (ex.: hipoteca) para livrar o
bem garantidor da constrição.
Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:
II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou
anticrese.

Atenção! Para o exercício desse direito é mister que o credor com garantia
real indique outros bens do devedor que possam ser penhorados. Do contrário
o bem com garantia real será expropriado na execução alheia, garantindo-se
ao credor com garantia real, contudo, a preferência pelo recebimento do
crédito.
Ex. credor quirografário penhora casa do devedor. O art.615 CC prevê que
tem que dar ciência ao credor hipotecário. Este entra com embargos de terceiro
para evitar que o bem penhorado seja executado. Crítica: bastaria uma mera
petição.

4- Legitimidade:

4.1- Legitimidade ativa:


a) Art. 1.046, §1° do CPC: Possuidor ou proprietário do bem
indevidamente apreendido. Assim embargos de terceiro podem proteger tanto a
posse quanto a propriedade.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor.

Casuística: Súmulas 84 e 303 do STJ.


Súmula 84 do STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação
de posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do
registro (cuida do “contrato de gaveta”).
Contrato de gaveta: sujeito compra o imóvel, mas não registra.
Atenção! Essa Súmula protege a posse e não a propriedade do bem imóvel
que só se adquire com o registro. Aplica-se também essa Súmula para os
casos de venda de veículo sem transferência no DETRAN.
Súmula 303 do STJ: Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve
arcar com os honorários advocatícios.
Obs.: Princípio da causalidade - Nos casos de contrato de gaveta
(compromisso particular não registrado), caso o credor/embargado não resista
aos embargos, será ao terceiro/vencedor que será carreada a sucumbência.
Ex. Bens estavam em nome do vendedor e estes foram penhorados. O
comprador apresenta embargos de terceiro e responderá pelas custas, pois
deu causa a constrição indevida, uma vez que não passou nada para o seu
nome.

b) Art. 1.046, §2° do CPC: Pode propor embargos de terceiro a parte no


processo de execução (Atenção! Embargos de terceiro por quem é parte!),
cujo bem apreendido consigo não poderia tê-lo sido porque: a) o título de
aquisição não autoriza ou b) o bem é possuído em nome alheio. Ex.: bens
locados, dados em comodato, etc.
§ 2o Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título
de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela
apreensão judicial.
Ex. executado tem bens penhorados, mas o carro é da sogra/alugado. A lei
legitima o executado a entrar com embargos de terceiro.

Obs.: Trata-se da única hipótese em que nos embargos de terceiros há


legitimação extraordinária (art. 6° do CPC) - ex. defendo interesse da minha
sogra em meu nome.
Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por
lei.

c) Art. 1046, §3º do CPC: Podem opor embargos de terceiro o cônjuge ou


o companheiro na defesa da meação ou dos bens reservados indevidamente
apreendidos.
§ 3o Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais,
próprios, reservados ou de sua meação.
Casuística: Situação da penhora do bem imóvel comum do casal- por força
do art. 655, §2° do CPC, o cônjuge como regra será intimado da penhora do
imóvel do casal – a partir do momento em que o cônjuge é intimado, ele passa
a figurar na relação processual executiva, de modo que se torna parte (e sendo
parte, propõe embargos de terceiro ou embargos à execução?
R. Súmula 134 do STJ:
 se o cônjuge for co-executado (for réu junto com o cônjuge) só pode
opor embargos à execução para defender tudo;
 se o cônjuge não for co-executado, mas apenas tiver sido intimado da
penhora do bem móvel, pode opor tanto embargos à execução - para
atacar o título executivo - como embargos de terceiro - para defesa da
meação.).
Art.655, § 2o Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o cônjuge do
executado. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Súmula 134
EMBORA INTIMADO DA PENHORA EM IMOVEL DO CASAL, O CONJUGE DO EXECUTADO
PODE OPOR EMBARGOS DE TERCEIRO PARA DEFESA DE SUA MEAÇÃO.

5- Prazo (art. 1.048 do CPC):


Art. 1.048. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento
enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5 (cinco) dias
depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta.

Interpretação do STJ do art. 1.048 do CPC:


i. Se a apreensão foi no processo de conhecimento (reintegração de
posse, inventário, etc.), cabem embargos de terceiro até o trânsito em julgado
da sentença (inclusive o processo, onde ordenada a apreensão, pode estar no
Tribunal/recurso e os embargos de terceiro começando em 1ª instância).
ii. Se a apreensão foi na execução (penhora/depósito), cabem embargos
de terceiro até 5 dias após a expropriação.

iii. Se a apreensão foi no processo cautelar (arresto, sequestro, etc.), segue


a regra do processo principal.

iv. Se a apreensão foi feita em qualquer processo (especialmente no


conhecimento), e dela o terceiro não teve conhecimento, admite-se embargos
de terceiro em até 5 dias a partir do esbulho, turbação ou ameaça (STJ, Resp.
974.249-SP).

Ex. reintegração de posse é contra sujeito que financiou imóvel e está


inadimplente. A financiadora entra com ação contra este, mas não sabe que já
vendeu por contrato de gaveta. Transitou em julgado não cabe embargos de
terceiro. Entretanto, o STJ entende que neste caso não se aplica a regra “i”,
mas sim a regra “iv”.

6- Duas questões processuais finais:

a) Súmula 195 do STJ:


Súmula 195 STJ:
Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores.
Segundo esta súmula, a fraude contra credores tem que ser reconhecida por
ação pauliana, ou seja, não pode ser feita nos embargos de terceiro.
Entretanto, esta súmula é objeto de intensa crítica doutrinária. Assim, a
doutrina aduz que poderia haver o reconhecimento incidental, mas sem
anulação do ato jurídico praticado de modo fraudulento (reconheceria, apenas,
a ineficácia do negócio, sem anulá-lo).
b) Se o devedor na execução for aquele que indicou à penhora o bem
indevidamente constrito, ele deverá ser litisconsorte passivo do exequente nos
embargos de terceiro.

Ex. estou sendo executado e credor não acha bens a serem penhorados.
Neste caso, o devedor indica carro da sogra. A sogra entra com embardos de
terceiro contra o credor e o devedor ao mesmo tempo (ambos serão réus).

Aula
PROCESSO CAUTELAR
Bibliografia:
Posição dominante:
 Humberto Deodoro Júnior;

 Gajardoni e Medina (Processo cautelar e especiais - RT).

Posição minoritária:
 Pontes de Miranda;
 Ovídio Batista.

 Marinone.

Obs.: Adotar bibliografia de acordo com o posicionamento da banca


examinadora.

1- Generalidades:

a) Raiz constitucional das tutelas de urgência (cautelares e não


cautelares) – art. 5°, XXXV da CF: Trata-se de tutela constitucional de
natureza preventiva. Defende-se a possibilidade de defender o direito de uma
ameaça.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
O novo CPC não acaba com o processo cautelar, mas simplesmente segue
a tendência mundial de acabar com a autonomia procedimental do processo
cautelar incidental (art. 273, §7°, do CPC).
§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar,
poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em
caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

b) Natureza e finalidade do processo cautelar:

Processo de conhecimento (Livro I): A finalidade é declarar o direito –


acertamento da situação jurídica controvertida.
Processo de execução (Livro II): A finalidade é a satisfação do direito
previamente declarado ou na sentença ou em documento com a mesma
eficácia.
Processo cautelar (Livro III): Há duas posições, sendo elas:
a. Dominante (Dinamarco, HJT, Galeno Lacerda, Gajardoni, etc. e STJ): A
finalidade é garantir a eficácia do provimento a ser conferido no processo
dito principal, seja ele de conhecimento, seja ele de execução – escopo
meramente instrumental.
Ex.: Art. 847 e 849 do CPC. O arresto garante a eficácia do processo de
execução, pois protege os bens que lá serão usados. A prova é protegida para
que no processo ela consiga ser analisada.
b. Minoritária (Pontes de Miranda, Ovídio Batsta e Marinoni): A cautelar
tem por finalidade a proteção do próprio direito material, embora
temporariamente – a cautelar tem por escopo a proteção do direito suposto,
conservando-o até a tutela final, ainda que seja concedida em outra ação (dita
principal) – A cautelar tem fim próprio.
Ex.: Art. 847 e 849 do CPC. O arresto protege o crédito provisoriamente para
que na execução o mesmo seja efetivado definitivamente. A produção
antecipada de prova visa a proteção do direito à indenização que o autor tem
direito de pleitear no processo principal.
Obs.: Gajardoni sugere adotar a primeira posição em prova, salvo de a banca
adota o Ovídio, Pontes e Marinoni (geralmente as localizadas no sul do país).
2- Cautelar satisfativa:

Trata-se de uma percepção equivocada do fenômeno. Quando da


elaboração do CPC/73, quando então não havia tutela antecipada genérica no
Brasil (1994), Buzaid percebeu que havia algumas medidas de conhecimento,
de execução e jurisdição voluntária que, diante da necessidade de celeridade,
não seriam adequadamente tuteladas nos livros I, II e IV do CPC.
Então, com senso bastante prático, ele inseriu tais medidas no Livro III (das
cautelares), aproveitando-se, com isso, da sumariedade cognitiva e
procedimental (celeridade). Com isso, algumas medidas do livro III não são
verdadeiras cautelares, mas sim medidas cognitivas, executivas e de jurisdição
voluntária que se valem, apenas, do rito cautelar.
Exemplos: Exibição de documento do art. 844 do CPC, que é ação de
obrigação de fazer (conhecimento); busca e apreensão de menor arrebatado
do guardião do art. 839 do CPC (execução para entrega de coisa).
Pois então são essas falsas cautelares que são impropriamente
chamadas pela jurisprudência de cautelares satisfativas: não têm ação
principal simplesmente porque elas são a ação principal (não são cautelares).

Regime jurídico das tutelas sumárias (rápidas; juízo de probabilidade) no


brasil:
a) Tutela cautelar: É tutela provisória/provisional e conservativa (Livro
III);

b) Tutela antecipada: É também tutela provisória/provisional e satisfativa


(Livro I – art. 273 e 461).

c) Tutela satisfativa autônoma (TSA - sem vínculo com ação principal):


É uma tutela satisfativa fundada em cognição sumária, não dependente de
confirmação em ação/sentença posterior (cautelares satisfativas). (Livro III:
ação de conhecimento, execução e de jurisdição voluntária que usam o rito
cautelar).

3- Ação cautelar, processo cautelar e medida cautelar:

 Ação cautelar: É o direito público subjetivo de requerer ao Estado juiz


proteção (tutela) conservativa.Portanto ação cautelar é o direito;

 Processo cautelar: É o instrumento utilizado para o exercício do direito


acima (da ação cautelar). Assim o processo cautelar é o instrumento.

 Medida cautelar: É o provimento concedido pelo Estado Juiz para


conferir a proteção (conservativa) desejada. Assim a medida cautelar é o
provimento.
Atenção: A medida cautelar pode ser concedida antes da sentença ou do
acórdão (medida cautelar liminar) ou na sentença ou no acórdão (medida
cautelar final).
Obs.: Liminar e final têm relação com o momento da concessão do provimento,
antes da sentença/acórdão ou na sentença/acórdão respectivamente. Já
cautelar tem relação com a natureza do provimento. Não confundir liminar com
cautelar!

4- Características do processo cautelar (09 características):


Essas características apenas as verdadeiras cautelares têm.

4.1 – Autonomia procedimental:


Tem rito próprio e separado da ação principal. Essa característica vem
sendo mitigada a partir do art. 273, §7° do CPC para as cautelares incidentais.

4.2 – Acessoriedade (Ovídio fala de “Referibilidade”): A cautelar só existe


em função da principal. Existem duas decorrências práticas dessa afirmação:
a) Art. 809, CPC: cautelar fica apensada a ação principal;
b) Art. 808, III CPC: a extinção da principal acarreta a extinção da cautelar.
4.3 – Dupla instrumentalidade (Ovídio nega essa característica):

4.4 – Urgência:
Essa é a principal característica do processo cautelar. Todas as
verdadeiras cautelares são fundadas no periculum in mora. Essa característica
é o que diferencia a tutela cautelar da tutela antecipada, vez que lá há hipótese
de tutela antecipada sem periculum (sem urgência) – art. 273, II do CPC.

4.5 – Sumariedade da cognição:


A cognição é a matéria objeto de conhecimento pelo julgador. A cognição
do juiz é limitada no plano vertical, de modo que a apreciação da matéria
sujeita ao juiz é feita com base na probabilidade (juízo de probabilidade –
fumus boni iuris).
Essa opção política traz vantagens (celeridade), mas traz desvantagens
(insegurança – risco de erros).
4.6- Inexistência de coisa julgada material na sentença do processo
cautelar (art. 810 do CPC):
Trata-se da consequência da opção política pela troca da segurança
jurídica pela celeridade (item anterior).
Exceções:
Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem influi no
julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de decadência
ou de prescrição do direito do autor.
 Se o juiz acolher a alegação de prestação e decadência não poderá ser
intentada a ação principal. Essa exceção se justifica pela economia processual.

 Obs.1: Só tem coisa julgada material se o juiz ACOLHE a alegação de


prescrição e decadência. Se REJEITA não há coisa julgada material.

 Obs.2: Fred Diddier sustenta que tem coisa julgada na cautelar, mas
apesar disso não se impede a rediscussão em ação principal. Pois para ele, o
pedido e a causa de pedir da cautelar são um e o da ação principal é outro
(posição isolada!).

4.7 – Provisoriedade ou precariedade (Ovídio fala de temporariedade) –


art. 807, 1ª parte:
O juiz toma a decisão com base na probabilidade (cognição sumária),
por isso a decisão da cautelar dura até o julgamento da ação principal.
Depois do julgamento da principal, troca-se a cognição sumária ela
cognição exauriente (profunda). Assim, toca-se a celeridade inicial pela
segurança.

4.8- Revogabilidade e mutabilidade (art. 807, 2ª parte):


“Besteira não transita em julgado”. -> Exemplo da separação de corpos
da mulher que se auto lesionou.

4.9 – Fungibilidade entre as cautelares (substituídas, a qualquer tempo,


por caução – art. 805):
 Por quê?
R. Porque o Estado Juiz, ao receber uma cautelar menos útil por uma mais útil,
acaba por proteger seu próprio instrumento de trabalho (processo principal).

5- Sujeição do processo cautelar subsidiariamente às regras do livro I


do CPC:
O Livro I do CPC/73 funciona como regra geral.

6- Poder geral de cautela do juiz (art. 798 e 799 do CPC):

6.1 – Conceito:
Trata-se de um poder supletivo (ou integrativo de eficácia global da
atividade jurisdicional) através do qual o legislador, reconhecendo sua
incapacidade de prever, de antemão, todas as hipóteses de urgência, concede
ao juiz poderes para, presentes os requisitos das cautelares (fumus boni iuris e
periculum in mora), conceder medidas protetivas ou conservativas.
Trata-se, portanto, do fundamento para a figura das cautelares
inominadas/atípicas.

6.2 – Casuística (STJ):


STJ admite concessão das seguintes cautelares inominadas:
a) Cautelar de sustação de protesto: visa evitar que o nome do sujeita vá
para o Serasa, tendo em vista que o título é frio.

b) Cautelar de suspensão das deliberações sociais;

c) Concessão de medidas urgentes (conservativas e até antecipatórias) por


juiz absolutamente incompetente (traslatio judici): Todo juiz antes de ser
competente é juiz (investido na função jurisdicional). A investidura é
pressuposto da competência! Óbvio que após apreciar a questão de
urgência, o juiz incompetente deve remeter o caso para re/ratificação do
juiz competente.

d) Cautelar inominada para dar efeito suspensivo a recurso que não o


tenha:

1ª situação: Art. 520 e 558, § único do CPC (trata ....);


2ª situação: Art. 497 do CPC c/c Súmulas 634 e 635 do STF (trata da
possibilidade de conferir efeito suspensivo ao REsp e RE).

e) Cautelar inominada para destrancamento de recursos especial e


extraordinário legalmente retidos (art. 542, §3° do CPC):

Art. 542,§ 3°: O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra
decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará
retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição
do recurso contra a decisão final, ou para as contra-razões.

6.3 – Providências ordenáveis pelo juiz no uso do poder geral de cautela


(art. 799 do CPC):
Art. 799. No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano, autorizar ou vedar a
prática de determinados atos, ordenar a guarda judicial de pessoas e depósito de bens e impor
a prestação de caução.
Esse rol é exemplificativo, pois juiz poderá: ordenar suspensão de
deliberações, conceder efeitos suspensivos, determinar bloqueio de bens, etc.

6.4 – Há limites ao poder geral de cautela do juiz (além da presença do


fumus boni iuris e do periculum in mora)?
Existem três posições, quais sejam:
 Não há outros limites (Galeno Lacerda, Humberto Theodoro Jr, livro
do Gajardoni): Isso porque o poder geral de cautela do juiz tem lastro
constitucional (art. 5°, XXXV da CF), de modo que é vedado enclausurá-lo,
vedando-se a priori a proteção de urgência em determinados casos (STJ, Resp
753.788-AL e REsp 123.659-PR). Posição dominante.

 Há uma limitação (Gajardoni): O poder geral de cautela, por ter sido


conferido pelo legislador infraconstitucional (art. 798 do CPC), pode ser limitado
por ele, de modo que não é possível a concessão de cautelares inominadas
quando houver expressa vedação legal (art. 1° da Lei 8.437/92 e art. 7°, §2°,
Lei do Mandado de Segurança). Tanto pode que o STF no julgamento da ADC
05, entendeu pela constitucionalidade dessas limitações legais às cautelares e
medidas de urgência.

 Há duas limitações (posição antiga): 1ª) quando houver vedação legal


expressa (igual posição anterior); 2ª) existência de cautelar típica/nominada
com requisitos próprios a preencher (de modo que o juiz, por ser supletivo seu
PGC, não poderia conceder cautelares inominadas quando a parte não
preenchesse os requisitos da nominada).
Aula

7- Direito substancial de cautelar

 Existe um direito material de garantia?


a. Doutrina dominante e STJ (HTJ, Dinamarco, etc.): Não existe. O berço
das cautelares é puramente processual, tanto quanto as ações meramente
declaratórias.
b. Doutrina Ovídio (Pontes e Marinoni): Sim existe. O direito de garantia
existe mesmo que o direito material não esteja em litígio, de modo que são
autônomos entre si.

8- Requisitos para obtenção da tutela cautelar:


Para a maioria da doutrina esses requisitos são de mérito, cuja ausência leva
à improcedência do pedido – leva à improcedência do processo cautelar. Os
requisitos são:
 Fumus boni iuris (aparência do bom direito): É a probabilidade de
sucesso do requerente à luz do direito alegado. O juiz, à luz da probabilidade,
vai verificar se a alegação do autor é pertinente. É nesse requisito que se
encontra o principal elo entre a cautelar e a ação principal.
Atenção! É controvertida a questão sobra a diferença entre prova inequívoca
da verossimilhança necessária para a concessão de Tutela Antecipada (art.
273, CPC) com o fumus boni iuris necessário para a concessão da tutela
cautelar. A respeito existem duas posições: Para que o juiz conceda a TA ou a
TC o direito deve ser provável em ambos os casos. Há diferença entre prova
inequívoca da verossimilhança e fumus boni iuris e o que muda entre ambos é
o grau da probabilidade. Para o juiz dar uma tutela cautelar o grau de
probabilidade é mais fraco do que o grau de probabilidade para se conceder a
TA (doutrina dominante).
 Periculum in mora (perigo da demora): é o risco de dano grave ou
irreparável caso a tutela só seja concedida ao final. Esse requisito é o que
torna todas as cautelares urgentes - URGÊNCIA. Atenção: Esse requisito é
comum à tutela antecipada do art. 273, I do CPC. Mas nem toda tutela
antecipada É DE URGÊNCIA (art. 273, II do CPC).
 Periculum in mora inverso (requisito negativo – não pode estar
presente. Criação jurisprudencial do STJ): É a análise do risco da concessão
da medida para a parte demandada – irreversibilidade dos prejuízos do réu
caso concedida a medida cautelar.
Ex.: Cautelar do INSS para depositar em juízo determinado benefício
previdenciário para evitar que o segurado gaste o direito, pois o INSS acredita
que ele não tem o direito. Porém, o juiz julga improcedente a cautelar, pois se o
segurado parar de receber o benefício, até o julgamento da ação principal, há
risco irreparável ao direito do réu (ele morrerá de fome se não receber referido
benefício).

9- Classificação das cautelares:


Há três principais classificações, sendo elas:

9.1 – Quanto à atuação sobre a esfera jurídica alheia:


 Meramente conservativas ou não constritivas: É aquela cujo
deferimento não causa incômodo ou embaraço aos bens ou direitos da parte
contrária. Ex.: Cautelar de produção antecipada de provas.
 Cautelares constritivas: O deferimento causa incômodo ou embaraço
aos bens ou direitos da parte contrária. Ex.: Arresto, sequestro, alimentos
provisionais, separação de corpos, sustação de protesto, etc.
Atenção! Somente nas cautelares constritivas deve ser observado:
1°) prevenção para ação principal (portanto não há na produção
antecipada de provas);
2°) obediência ao prazo de 30 dias, a contar da efetivação da medida,
para o ajuizamento da ação principal quando preparatória a cautelar (art. 806
do CPC e Súmula 482 do STJ). Alguns autores e Tribunais, como o TJRS,
atenuam o rigor do art. 806 do CPC em causas de direito de família.

9.2 – Quanto ao momento:


 Preparatórias ou antecedentes: antes do ajuizamento da ação
principal;

 Incidentais: após o ajuizamento da ação principal.


Atenção!
a) não aplica o art. 806 do CPC, mesmo que constritivas (a principal já está
ajuizada);
b) atualmente já se sustenta o fim da autonomia procedimental delas (art. 273,
§7° do CPC – pedir na principal).

9.3- Quanto a previsão legal:


Podem ser:
a. Cautelares atípicas ou inominadas: são as cautelares que o legislador
não anteviu. Elas são conferidas pelo poder geral de cautela do juiz com base
no art.798 do CPC. Elas seguem o rito comum das cautelares previsto no
art.801 a 804 do CPC.

b. Cautelares típicas ou nominadas: são cautelares que já foram


antevistas pelo legislador. Elas são objeto de 02 subclassificações:
 Sem rito próprio: art.888 e 889 CPC – o art.889 prevê que aplica o rito
comum das cautelares inominadas (art.801 a 804 CPC).
Art. 888. O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal ou antes de sua
propositura:
I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmente apreendida;
II - a entrega de bens de uso pessoal do cônjuge e dos filhos;
III - a posse provisória dos filhos, nos casos de separação judicial ou anulação de casamento;
IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casamento contra a vontade dos pais;
V - o depósito de menores ou incapazes castigados imoderadamente por seus pais, tutores ou
curadores, ou por eles induzidos à prática de atos contrários à lei ou à moral;
Vl - o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal; (Separação de
Corpos – é típica, mas não tem procedimento próprio)
VII - a guarda e a educação dos filhos, regulado o direito de visita que, no interesse da criança
ou do adolescente, pode, a critério do juiz, ser extensivo a cada um dos avós; (Redação dada
pela Lei nº 12.398, de 2011)
Vlll - a interdição ou a demolição de prédio para resguardar a saúde, a segurança ou outro
interesse público.
Art. 889. Na aplicação das medidas enumeradas no artigo antecedente observar-se-á o
procedimento estabelecido nos arts. 801 a 803.
Parágrafo único. Em caso de urgência, o juiz poderá autorizar ou ordenar as medidas, sem
audiência do requerido.

 Com rito próprio: o rito dessas cautelares é o rito especial e aplica-se o


rito comum apenas subsidiariamente. (art.813 a 889 CPC).

10- Competência Territorial:

10.1. Competência nas cautelares preparatórias (art.800, 2ª parte de CPC):

Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando preparatórias, ao
juiz competente para conhecer da ação principal.

04 observações:
Obs.1: a competência nas cautelares preparatórias é feito um prognóstico de
qual juiz seria competente para a ação principal.
Ex. separação de corpos. A ação principal seria do domicílio da mulher, assim,
a separação de corpos será ajuizada no domicílio da mulher, porque o divórcio
será interposto neste local.
Ex. arresto será ajuizada em local da agência sacada no caso de a ação
principal ser um cheque.

Obs.2: nas cautelares preparatórias constritivas (arresto, sequestro, busca e


apreensão etc.) o juízo da cautelar fica prevento para a ação principal.
Nos 02 exemplos acima, tanto o divórcio quanto a execução serão interpostas
na mesma Vara da separação de corpos e sequestro, respectivamente.
Exceção: no caso da cautelar preparatória for meramente conservativa isso
não ocorre (ex. produção antecipada de provas - não há embaraço de bens ou
de diretos). Neste caso não há a prevenção e a ação principal será distribuída
livremente.

Obs.3: a competência do juízo da cautelar constritiva para o processamento


da ação principal é de natureza funcional e, portanto, absoluta (art.113 CPC),
de modo que a não observância dessa regra gera nulidade dos atos decisórios.

Obs.4. Atenção! Caso a cautelar preparatória seja ajuizada perante juízo


territorialmente incompetente, deverá o requerido na cautelar opor exceção de
incompetência na própria cautelar (prazo de 05 dias), sob pena de não o
fazendo prorrogar-se a competência do juízo da cautelar, inclusive para a ação
principal. Não será possível alegar esta incompetência relativa após apenas na
ação principal.
Ex. ação de separação de corpos é ajuizada em SP, onde é domicílio do
marido. Caso a mulher, que mora em campinas, não argua e exceção de
incompetência na cautelar, prorroga-se automaticamente a competência do
juízo de SP (competência relativa não pode ser arguida de ofício pelo juiz).
Assim, o marido deverá ajuizar ação de divórcio em SP e a mulher não poderá
reclamar a exceção, pois já está prorrogada a competência em SP.
10.2. Cautelares incidentais (art.800, 1ª parte; art.108 e 253,I do CPC):
Obs.1: o juízo competente nas cautelares incidentais será da própria ação
principal.
Obs.2: A redação do art.800, p.ú. CPC é muito confuso. Na verdade ao invés
de “interposto” é melhor a expressão “subido para o tribunal”. Assim, se o
recurso não foi para o tribunal ela será requerida pelo tribunal. Enquanto o
recurso estiver sendo processado
Ex. ação de divórcio e os bens são divididos. Entretanto uma das partes
começa a dilapidar o patrimônio. Para saber a competência do sequestro de
bens é necessário saber primeiro onde está o recurso. Se já tiver subido pro
tribunal será lá interposto.
Parágrafo único. Interposto (SUBIDO) o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente
ao tribunal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Súmulas 634 e 635 do STF: muitas vezes a cautelar é utilizada para dar efeito
suspensivo em Recurso Extraordinário e Especial.
Em regra, se a 2ª instância já fez o juízo de admissibilidade e admitiu o RE ou
Resp. cabe ao STJ e ao STF apreciar a cautelar.
Se em 2ª instância (TJ/TRF) não fez o juízo de admissibilidade, cabe a este
julgar a cautelar.

Súmula 634
NÃO COMPETE AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONCEDER MEDIDA CAUTELAR
PARA DAR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE AINDA NÃO FOI
OBJETO DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NA ORIGEM.
Súmula 635
CABE AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE ORIGEM DECIDIR O PEDIDO DE MEDIDA
CAUTELAR EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO AINDA PENDENTE DO SEU JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE.

Atenção! Apenas em caráter ultra excepcional, o STF/STJ têm admitido a


concessão de cautelar para dar efeito suspensivo a recurso não admitido em 2ª
instância.

10.3. Questões especiais sobre competência:


Existem 02 questões especiais:
a) Lei Maria da Penha (arts.18, 19, 22,II e V; 23,IV; 24 da Lei 11.340/06):
Quando a mulher for vítima de violência doméstica e familiar, o juiz poderá
conceder medidas de natureza cível que são verdadeiras cautelares.
Ex. separação de corpos, guarda de filhos, alimentos provisionais, proibição de
visitas etc.
Neste contexto surge dúvida quanto a competência de quem deve conceder
essas medidas:
o Delitos em persecução: O art.33 da LMP define como foro competente
as Varas de Violência Doméstica e Familiar (onde houver -são varas raras
que tem competência criminal e cível), ou Varas de Família ou Cível ou Vara
Criminal (onde não houver), isso porque almeja-se a proteção da mulher.
o Fim da persecução: após o fim da persecução penal, a competência
volta para as varas de família (onde houver) ou cível, inclusive para a ação
principal (ainda que fundadas na violência doméstica).
Em todos os casos, nunca a vara criminal julgará a ação principal.
Assim, a LMP quebrou a regra de competência do juiz que julga a cautelar
julga também a principal.

b) Arbitragem:
Competência para as cautelares preparatórias em sede de juízo arbitral (STJ
REsp. 1247.974/RS, Relatora Nancy Andrighi).
A Lei 9.307/96 (LA) determina que quando o direito for disponível as partes
podem convencional o juízo arbitral. O problema é que a LA prevê que a
arbitragem só tem início quando os árbitros aceitam o encargo.
 Enquanto os árbitros não julgam o conflito pode haver cautelar.
Quem é competente?
STJ decidiu que antes da instalação do juízo arbitral, a competência será do
órgão judiciário que em tese seria competente para ação principal.
O juiz estatal trabalha em cooperação com o juiz arbitral. Uma vez instaurado o
juízo arbitral, a competência para ratificação da cautelar é do árbitro, para
quem serão remetidos os autos da cautelar (inclusive pode cassar a decisão do
juiz estatal).

11- Procedimento Cautelar Comum (art.801 a 804 CPC):

11.1.) Procedimento Inicial (art.282 e 283 e art.801 do CPC):


Tem que seguir todo o regramento da petição inicial. Há 02 destaques:
Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que indicará:
I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;
III - a lide e seu fundamento; (não se trata da lide cautelar)
No caso da lide e fundamento, é necessário falar da ação principal. Esse
requisito não se aplica:
 a falsas cautelares (pois estas não tem ação principal, como a exibição
de documentos, arrebatamento de filho, TSA – tutelas satisfativas
autônomas).
 Cautelares incidentais, pois já está expresso no processo principal.

IV - a exposição sumária do direito ameaçado (fumus boni iuris) e o receio da lesão


(periculum in mora);
Aqui o legislador narra a lide cautelar. São dois ou três requisitos:
 Exposição sumária (fumus).
 Receio de lesão (periculum).

V - as provas que serão produzidas.


Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do no III senão quando a medida cautelar for
requerida em procedimento preparatório.

11.2) Juízo de admissibilidade:


O juiz pode:
Indeferir a inicial (art.295 CPC).
Determinar a emenda da inicial (art.284 CPC).
Admitir a cautelar.

11.3) Liminar cautelar (art.804 CPC):


Obs.1: os requisitos para a concessão da liminar na cautelar são os mesmos
da cautelar (fumus e periculum). O que define se o juiz dá a cautelar antes ou
na sentença é a intensidade do periculum.

Obs.2: Excepcionalmente essa liminar pode ser dada inaudita altera partes
(sem oitiva da parte contrária), quando avisar o requerido pode comprometer a
eficácia da medida.
Ex. separação de corpos não pode citar, porque senão homem mata a mulher.
Ex. sequestro de bens não pode citar porque o ex-cônjuge está sumindo com
tudo.

Obs.3: Atenção! Liminar exige fundamentação assim como todas as decisões


do poder judiciário.

Obs.4: o indeferimento da liminar não leva à extinção do processo cautelar.


Gera apenas o indeferimento da liminar. Ex. arresto por dilapidação do
patrimônio e só concedo a medida na sentença.
Exceção: Cautelar para dar efeito suspensivo a Resp e RE – nestas situações,
caso extingam a liminar extinguem também a cautelar. Súmulas 634 e 635 STF.
Obs.5: essa liminar pode ser concedida com ou sem justificação prévia.
A audiência de justificação prévia é marcada no início do processo cautelar
para verificar os requisitos da liminar (fumus e periculum).

Obs.6: o juiz pode condicionar o deferimento da liminar à prestação de caução.


Essa caução pode ser requerida pois o requerente da medida cautelar tem
responsabilidade objetiva (sem culpa) pelos danos causados ao requerido pela
efetivação da cautelar.
Garantia fidejussória. Art.811 – serve para todas as tutelas de urgência,
inclusive a cautelar.

Atenção! O requerente da cautelar tem responsabilidade objetiva, caso


concedida.
Art. 811. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde
ao requerido pelo prejuízo que Ihe causar a execução da medida:
I - se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável;
II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação
do requerido dentro em 5 (cinco) dias;
III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808,
deste Código;
IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do
direito do autor (art. 810).
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar.
A liquidação será por artigos, pois há fatos novos no processo cautelar.
Ex. caso de separação de corpos em que mulher se arranhou, mas alegou que
foi o marido. Foi deferida a liminar. Ao final ficou provado que o marido era
inocente e a mulher teve que arcar com os valores que ele gastou em razão da
separação de corpos (recibo de café, hotel etc.). Assim, na divisão dos bens ele
ficou com a maior parte como indenização por danos morais e mateirias.
Obs.07: Cuidado com os limites de cabimento da liminar contra o Poder
Público. Art.1º da Lei 8437/92; art.1º Lei 9494/97; art.7º, §2º da Lei 12.016/09 –
alguns tipos de liminares não podem ser dadas contra o Estado.

11.4. Citação do réu:


Não tem regra de citação do livro III, então aplica as regras do livro I (edital,
AR etc.).
Atenção! O despacho positivo do juiz (cite-se) seguido de citação (art.202 do
CC), interrompe a prescrição para pretensão principal, mesmo na cautelar.

11.5. Resposta do réu:


A resposta do réu deverá ser em 05 dias, conforme art.802 CPC.
Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, no prazo de
5 (cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que pretende produzir.
Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado:
I - de citação devidamente cumprido;
II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após justificação
prévia.

Obs.1: não cabe reconvenção em cautelar, pois ela não define direitos, mas
conserva direitos.
Obs.2: cabe exceção de incompetência na cautelar em dias. Cabe exceção de
impedimento e suspeição também com o prazo pela regra geral.
Obs.3: aplicam-se os arts.188 e 191 do CPC. Assim há prazo em quadruplo
(Fazenda Pública) e dobro (litisconsorte com procuradores diferentes).

Obs.4: há revelia no processo cautelar. Só alcança os fatos da cautelar.


Entretanto, essa revelia não alcança o processo principal.

11.6) Processo Cautelar tem instrução:


Segue as regras do livro I – há uma cognição sumária em relação ao fumus e
periculum – prova é produzida e analisada à luz da probalidade.

11.7) Sentença:
Feitas as provas há sentença da cautelas. Tem sucumbência.
Assim, há sucumbência da cautelar e da ação principal.

11.8) Apelação:
Cabe apelação nos termos do art.520, IV CPC – ela não tem efeito suspensivo.

Atenção! Muitos juízes dão uma sentença só para ação cautelar e principal.
Formalmente é uma sentença só, mas materialmente são duas.
STJ ED663.570 entendeu que quando tiver apelação da sentença que julga ao
mesmo tempo a cautelar e principal, a apelação interposta contra ela terá
efeitos cindidos: na parte do pedido principal duplo efeito e na parte da
cautelar apenas efeito devolutivo.

12- Algumas notas sobre as principais cautelares em espécie:

12.1. Cautelares sobre bens ou pessoas:


Natureza Finalidade Objeto Constritiva
Sim, tem
Bens móveis ou natureza
imóveis constritiva.
indeterminado Os bens
Arresto Cautelar. Garantia da s (bens ficam
(Art.813 e (fundado no execução penhoráveis) bloqueados.
ss.) periculum in por quantia. que possa ser A ação tem
mora). convertido que ser
posteriormente ajuizada no
em dinheiro. prazo do art.
806 CPC –
30 dias
(quando
preparatório)
Sequestro Sim, tem
(art.822 e natureza
ss.) Cautelar Garantia da Bens móveis ou constritiva.
(fundado no execução imóveis serão Os bens
periculum in para entrega determinados. ficam
mora). de coisa. bloqueados.
A ação tem
que ser
ajuizada no
prazo do art.
806 CPC –
30 dias
(quando
preparatório).

Ela pode ter É uma Só recai sobre Se cautelar


natureza: medida bens móveis será
a) Cautelar residual ao (não sobre constritiva e
(preparatória arresto e imóveis) e sobre deverá
da ação de sequestro. pessoas. observar
modificação art.806 CPC.
Busca e de guarda
apreensão -periculum).
(Art.839 e
ss.) b) Não
cautelar ou
satisfativa.
(busca e
apreensão do
menor
arrebatado
do guardião).

É Medida
executiva
(quando ela
for simples
ato da ação
de execução
para entrega
de coisa).

B) Arresto – Art.814 CPC.

Art. 814. Para a concessão do arresto é essencial: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
I - prova literal da dívida líquida e certa;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Atenção! A existência da dívida para o arresto prescinde de prova
escrita/documental (escrita). Significa que não necessariamente tem que ser
título executivo, mas tem que ser escrito
II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo antecedente.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
O arresto exige prova de dilapidação do patrimônio – vide art.813 CPC. Já a
prova da dilapidação pode ser feita por documento ou por prova oral.
Parágrafo único. Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito de concessão
de arresto, a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de recurso, condenando o devedor ao
pagamento de dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-se. (Redação dada
pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
É possível pedir arresto em sentença pendente de recurso.

Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da
efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento preparatório.

C) Sequestro – art.822 e ss. CPC:


Busca-se um bem específico. Há litigio sobre bem.
Art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro:
I - de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando Ihes for disputada a propriedade ou a
posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;
II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de condenado por
sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar;
III - dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de casamento, se o
cônjuge os estiver dilapidando;
IV - nos demais casos expressos em lei.

D) Busca e apreensão:

Guardar:
Arresto e sequestro são sempre cautelares.
Busca e apreensão depende.

O arresto e sequestro podem ser apenas sobre bens.


A busca e apreensão pode ser sobre bens móveis ou pessoas.

12.2. Cautelares sobre provas:


Natureza Momento Objeto Constritiv
a
Cautelar: é Regra geral a Prova oral Não é
fundada no cautelar é (art.847) ou a constritiva,
periculum in preparatória. prova pericial pois o réu
Produção mora, pois a Excepcionalment (art.849). não sofre
Antecipada prova pode se e admite-se ela embaraço
de Provas perder incidental (no E for produção aos
(arts.846 e próprio processo antecipada de direitos
ss.) antes da prova (art.806).
audiência de documental
* e ** instrução). Ex. será
durante necessário
processo uma cautelar
testemunha está inominada.
com risco de
morrer.
Não possui Só é A exibição é Não tem
natureza preparatória de natureza
cautelar. (ainda que não documento constritiva,
Exibição Trata-se de seja ação ou de coisa. logo não
(art.844 e tutela cautelar). Caso observa o
ss.) satisfativa seja requerida art.806
*** autônoma incidentalmente CPC.
(TSA) de é meio de prova
obrigação de (art.355 e ss.
fazer. CPC)
Não possui
periculum in
mora – não há
risco dos
documentos
desaparecere
m.
É uma TSA: é Só preparatória Só prova oral. Não aplica
um (ainda que não Dizem que o o art.806
procedimento cautelar). objetivo é a CPC.
Justificaçã de jurisdição Durante o documentaçã
o voluntária. processo não há o oral para
(Art.861 e Trata-se de um sentido fins não
ss.) procedimento contenciosos
não .
**** contencioso.
Serve para
documentação
da prova oral,
ou seja, é
semelhante a
uma escritura
pública.
A. Produção Antecipada de Provas
Art. 847. Far-se-á o interrogatório da parte ou a inquirição das testemunhas antes da
propositura da ação, ou na pendência desta, mas antes da audiência de instrução:
I - se tiver de ausentar-se;
II - se, por motivo de idade ou de moléstia grave, houver justo receio de que ao tempo da prova
já não exista, ou esteja impossibilitada de depor.
Art. 849. Havendo fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a
verificação de certos fatos na pendência da ação, é admissível o exame pericial.

*Obs.1: Quem valora a prova produzida antecipadamente? O juiz da cautelar


só homologa a colheita da prova conforme os ditames legais, de modo que a
valoração dessa prova só será feita pelo juiz da eventual ação principal (STJ).

**Obs.2: Atenção! Teoria nova (está em construção): alguns autores


sustentam a existência de um direito autônomo à produção à prova
antecipadamente (independentemente de ação principal e periculum in mora)
– Daniel Assumpção e Flávio Yarshell. Se acolhida essa tese, essa ação deixa
de ser cautelar e passa a ser tutela satisfativa autônoma.

B. Exibição de Documentos:
Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:
I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha interesse em
conhecer;
II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio, condômino, credor ou
devedor; ou em poder de terceiro que o tenha em sua guarda, como inventariante,
testamenteiro, depositário ou administrador de bens alheios;
III - da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo, nos casos
expressos em lei.
Ex. correntista do banco tem direito de ver o contrato que firmou com banco.
Ex. sujeito tem direito de ter exibido um carro que sabe que bateu em seu
veículo.

***Obs.3: crítica à súmula 372 do STJ:


Súmula 372
Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa
cominatória.
Justificativa da súmula – uma vez não exibido o documento tal como
ordenado pelo juiz da ação exibitória, o juiz da eventual ação posterior
presumirá como verdadeiros os fatos alegados por aquele em favor de quem
não foi exibido o documento/coisa (art.359 CPC).
Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do
documento ou da coisa, a parte pretendia provar:
I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 357;
II - se a recusa for havida por ilegítima.
Crítica: nem sempre o autor da exibitória sabe qual é o teor dos documentos
que pretende ver exibidos, de modo que ele não é capaz nem de narrar os
fatos que serão presumidos verdadeiros por conta do art.359 do CPC. Ex. caso
das cadernetas de poupança.

C. Justificação:
Ex. sujeito quer provar que todo dia viu fulano de tal passar por determinada
rua. É como se fosse uma certidão.
É como se o judiciário fizesse de cartório.
Ex. testemunha declara que sujeito trabalhou por tanto tempo em tal lugar.
Art. 861. Quem pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica, seja para
simples documento e sem caráter contencioso, seja para servir de prova em processo regular,
exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
Art. 866. A justificação será afinal julgada por sentença e os autos serão entregues ao
requerente independentemente de traslado, decorridas 48 (quarenta e oito) horas da decisão.
Parágrafo único. O juiz não se pronunciará sobre o mérito da prova, limitando-se a verificar se
foram observadas as formalidades legais.
**** Obs.4: não confundir “cautelar” de justificação com audiência de
justificação (art.804 do CPC), esta com a finalidade exclusiva de colher prova
oral para fins de eventual concessão da liminar cautelar.

Aula Online 05 – Gajardoni


JUIZADOS ESPECIAIS

Bibliografia:
Professor não indicou bibliografia, porque os livros específicos são muito
profundos e os manuais são superficiais.
Ele sugere estudar enunciados, a lei dos juizados e o caderno.

1) GENERALIDADES:

I. Razões que inspiraram a criação do modelo dos Juizados


Especiais no Brasil (Ada Grinover):
A professora Ada Pellegrini citou 02 motivos para a criação dos juizados:
a) Ampliar o acesso à justiça, especialmente nas causas cujo custo
de processamento pela Justiça Comum iniba a tutela dos direitos.
Brian Garth (americano) e Mauro Cappelletti (italiano) apresentaram
um relatório na década de 50 sobre o sistema de justiça do futuro – apontaram
03 ondas renovatórias de acesso à justiça:
 Tutela do hipossuficiente.
 Processo coletivo.
 Efetividade.
Neste sentido, os juizados tutelam a 1ª onda renovatória de Garth/ Cappelletti,
uma vez que permitem o acesso à justiça de pessoas pobres e para as causas
em que os custos judiciais seriam superiores a causa.

b) Fomentar a participação popular na Administração da justiça


(especialmente em vista da figura dos juízes leigos, mediadores e
conciliadores).
O poder judiciário é o que menos goza de legitimidade popular, pois deriva
indiretamente do povo (cargos providos através de concurso). Neste sentido o
juiz leigo, mediadores e conciliadores são pessoas do povo.

II. Estrutura cognitiva/procedimental dos processos/


procedimentos em curso perante os Juizados Especiais ( Teoria
do Fairén Guillen):
Faire Guillen estudou a sumarização dos processos. Ele diz que existem 02
formas de sumarização dos processos:
o Sumarização Cognitiva: limita o plano horizontal (determinadas
matérias não podem ser apreciadas) ou vertical a matéria cognoscível
pelo juiz (juiz não pode aprofundar muito).
Ex. cautelar e tutela antecipada é decidido sem aprofundar.
Ex. desapropriação só pode analisar se o preço é baixo ou o procedimento é
nulo.
o Sumarização Procedimental: é a técnica que apregoa a eliminação
e/ou concentração dos atos processuais no curso da série /processo.
Ex. em um único momento há a contestação, conciliação, produção de provas
etc.
Os juizados empregam a técnica da sumarização procedimental, sem mexer na
cognição que continua ampla e exauriente para acelerar o trâmite dos
processos.
O procedimento é enxugado no rito.

Assim, o processo dos juizados é um plenário rápido: não há limitações


cognitivas (juiz pode apreciar o que quiser), mas o rito é enxuto.

III. Posição Enciclopédica do procedimento sumaríssimo dos


Juizados Especiais (02 teorias):
a. Conceito de uma nova justiça.
Há a justiça comum, eleitoral, do trabalho, eleitoral. Assim, os juizados seriam
um novo ramo da Justiça. Não é a corrente que prevalece.
b. Procedimento especial da justiça comum.
Os juizados integram a Justiça Comum – é o procedimento sumaríssimo que
está ao lado da monitória, consignação em pagamento etc.

IV. Previsão legal e interpretativa:

Previsão Legal:
a. Art.98,I e §1º da CF: fala de causas de menor complexidade.
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas
de juízes de primeiro grau;
b. Lei 9.099/95 (JEC e JECRIM);
c. Lei 10.259/2001 (JEF);
d. Lei 12.153/2009 (JEFP)

Previsão Administrativa:
 Provimento nº 07/2010 do CNJ trata de uniformizar os procedimentos
sobre juizados no Brasil.
 Resolução STJ nº 12/2009 disciplina a reclamação contra decisões dos
Juizados Especiais Cíveis Estaduais contrárias à súmula ou precedente
do art.543-C do CPC do STJ.

Dica: é preciso ler as normas administrativas, legais e interpretativas.


Previsão Interpretativa:
Enunciados do FANAJE (fórum nacional permanente dos Juizados Especiais
Cíveis Estaduais quanto da Fazenda Pública) e FONAJEF (fórum permanente
dos juizados especiais federais).
(para concurso seguir os enunciados – baixar no google).

V. Sistema dos Juizados Especiais:


Art.1º c/c 27 da Lei 12.153/2009
Art.1ª da Lei 10.259/2001
Enunciado 01 FONAJE.

Art. 1o da Lei 12.153/2009 Os Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da justiça


comum e integrantes do Sistema dos Juizados Especiais, serão criados pela União, no
Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e
execução, nas causas de sua competência.
Parágrafo único. O sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do Distrito Federal é
formado pelos Juizados Especiais Cíveis, Juizados Especiais Criminais e Juizados
Especiais da Fazenda Pública. (também pelos Juizados Especiais Federais).

Todas as normas que disciplinam os juizados (Lei 9.099/05, 10.259/2009,


12.153/09 – JEC, JEF, JEFP), por terem o mesmo fim que é disciplinar o
art.98§1º da CF (tutela de causas de menor complexidade) forma um
(micro)sistema normativo. Sendo assim, por consequência, todas as regras
sobre juizados são interpretadas integrativamente, de modo que na falta de
regra em uma das leis, busca-se na outra do sistema (e não no CPC). Não é
possível interpreta-las excludentemente, ou seja, há uma integração entre elas.

Ex. art.59 da Lei 9.099/95 – não cabe rescisória nos juizados especiais cíveis e
criminais. Também não cabe rescisória nos JEFP e JEF porque são omissos.
Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído
por esta Lei.

Ex. Rito sumaríssimo previsto na Lei 9.099/95. Aplica-se ao JEF e JEFP diante
da omissão normativa.

Ex. Lei 12.153/09, art.15. Cabe juiz leigo nos JEF porque é omisso.
Art. 15. Serão designados, na forma da legislação dos Estados e do Distrito Federal,
conciliadores e juízes leigos dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, observadas as
atribuições previstas nos arts. 22, 37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
§ 1o Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros,
preferentemente, entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de
2 (dois) anos de experiência.
§ 2o Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante todos os Juizados
Especiais da Fazenda Pública instalados em território nacional, enquanto no desempenho de
suas funções.

Atenção! Exceções ao sistema integrativo: só não será aplicada a norma do


micro sistema normativo dos juizados (JEC, JEF e JEFP) se:
 Quando a própria lei de regência afasta a aplicação integrativa (ex.art.6º
da Lei 12.153/2009)
Art. 6o Quanto às citações e intimações, aplicam-se as disposições contidas na Lei n o 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.
 Quando a própria lei de regência já disciplinar, de modo completo, o
trato da questão. (ex. art.6º da Lei 10.259/01 e art.5º da Lei 12.153/09:
quem pode ser parte nos JEF e JEFP).

Art. 6o Podem ser partes no Juizado Art. 5o Podem ser partes no Juizado
Especial Federal Cível: Especial da Fazenda Pública:
I – como autores, as pessoas físicas e I – como autores, as pessoas físicas e
as microempresas e empresas de as microempresas e empresas de
pequeno porte, assim definidas na Lei pequeno porte, assim definidas na Lei
no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; Complementar no 123, de 14 de
II – como rés, a União, autarquias, dezembro de 2006;
fundações e empresas públicas II – como réus, os Estados, o Distrito
federais. Federal, os Territórios e os
Municípios, bem como autarquias,
fundações e empresas públicas a
eles vinculadas.

VI. Princípios gerais dos Juizados Especiais (art.2º da Lei 9.099/95):

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade,


economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a
transação. Aplica-se a todos os juizados.

São vetores interpretativos dos juizados:


a) Oralidade,
b) Simplicidade,
c) Informalidade,
d) Economia processual e
e) Celeridade,
f) Busca da conciliação ou a transação.

Ex. Art.10 da Lei 9.099/95 - não cabe intervenção de terceiros.


Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de
assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.

Ex. art.13, §2º da Lei 9.099/95 – não tem que ser necessariamente por
precatória. Pode ser por e-mail.
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para
as quais forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio
idôneo de comunicação.

Ex. art.22 da Lei 9.099/95.


Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua
orientação.
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo
Juiz togado, mediante sentença com eficácia de título executivo.

VII. Opção do autor pelos juizados especiais (JEC, JEF, JEFP):


 É facultativo o acesso aos juizados?
R. Depende:
a. JEC - SIM
Se for JEC (Lei 9.099/95) é facultativo. STJ Resp 146.189-RJ e Enunciado 01
FONAJE.
ENUNCIADO 1 - O exercício do direito de ação no Juizado Especial Cível é facultativo para o
autor.
Optado pelos juizados especiais cíveis em causa de valor maior que o teto (20
salários mínimos sem advogado e 40 salários mínimos com advogado)
haverá renúncia ao excedente (art.3º, §3º Lei 9.099/95) – juiz vai tocar o
processo e na sentença condena até o teto.
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito
excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

b. JEF - NÃO
A Lei 10.259/01 versa que onde estiver instalado JEF a competência é
absoluta, de modo que os juízes das varas federais comuns, constatando que o
valor do pedido é de até 60 salários mínimos, vão reconhecer a
incompetência de ofício e mandar o feito para os JEF. Por isso não há
renúncia tácita do excedente pelo ajuizamento da ação no juízo
incompetente (enunciado nº16 do FONAJEF) – juiz declara incompetente,
mas a parte pode expressamente renunciar.
Enunciado nº16
Não há renúncia tácita nos Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência.

c. JEFP – NÃO
Art.2º da Lei 12.153/2009 estabelece que onde estiver instalado juizado
especial da Fazenda Pública ou onde o TJ tiver designado juiz da Vara da
Fazenda Pública, JEC ou Cível para tocar o processo do JEFP, a competência
é absoluta (segue o regime do item anterior).
Dica: apesar do JEFP ser do juízo comum, a Lei 12.153 se assemelha muito
mais ao JEF.
Art. 22. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão instalados no prazo de até 2 (dois)
anos da vigência desta Lei, podendo haver o aproveitamento total ou parcial das estruturas das
atuais Varas da Fazenda Pública.

Enunciado 09 do FONAJE relativo à Fazenda Pública.


ENUNCIADO 09 - Nas comarcas onde não houver Juizado Especial da Fazenda Pública ou
juizados adjuntos instalados, as ações serão propostas perante as Varas comuns que detêm
competência para processar os feitos de interesse da Fazenda Pública ou perante aquelas
designadas pelo Tribunal de Justiça, observando-se o procedimento previsto na Lei 12.153/09
(XXXII Encontro - Armação de Búzios/RJ).

2) CABIMENTO DE DEMANDAS NOS JUIZADOS:

2.1) JEC (art.3º, §§1º e 2º da Lei 9.099/95):


Trata-se de um rol taxativo de demandas no juizado. Vide enunciado 30 do
FONAJE – ademais o enunciado 03 do FONAJE versa que não é possível
ampliar o rol.
ENUNCIADO 30 - É taxativo o elenco das causas previstas na o art. 3º da Lei 9.099/1995.
ENUNCIADO 3 - Lei local não poderá ampliar a competência do Juizado Especial.

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das
causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no
inciso I deste artigo.
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:
I - dos seus julgados;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo,
observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza
alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a
acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho
patrimonial.
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito
excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

A) Critérios de cabimento (são 03):

 Critério valorativo: Estabelece que nos juizados especiais cíveis são


cabíveis ações de até 40 salários mínimos.
Vide enunciados 39, 87, 133, 144 FONAJE.

ENUNCIADO 39 - Em observância ao art. 2º da Lei 9.099/1995, o valor da causa


corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido.
ENUNCIADO 87 - A Lei 10.259/2001 não altera o limite da alçada previsto no artigo 3°, inciso I,
da Lei 9099/1995 (XV Encontro – Florianópolis/SC).
ENUNCIADO 133 - O valor de alçada de 60 salários mínimos previsto no artigo 2º da Lei
12.153/09, não se aplica aos Juizados Especiais Cíveis, cujo limite permanece em 40 salários
mínimos (XXVII Encontro – Palmas/TO).
ENUNCIADO 144 (Substitui o Enunciado 132) - A multa cominatória não fica limitada ao valor
de 40 salários mínimos, embora deva ser razoavelmente fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor
da obrigação principal, mais perdas e danos, atendidas as condições econômicas do devedor
(XXVIII Encontro – Salvador/BA). – é uma questão controvertida em âmbito do STJ tanto
confirmando o enunciado, quanto afastando sua aplicação, e limitando a astreinte no
teto do JECS. Na prova colocar o que está nos enunciados.

Atenção! A renúncia tácita ao que exceder o teto (art.3º, §3º da Lei 9.099/95)
só ocorre com a abertura de audiência de instrução (art.21 da Lei 9.099/95)
para fins de conciliação pode haver homologação de acordo acima do teto.
Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes sobre as
vantagens da conciliação, mostrando-lhes os riscos e as conseqüências do litígio,
especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.

 Critério material (assunto): as causas do art.275, II, do CPC


(esvaziamento do procedimento sumário).
Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: (Redação dada pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995)
II - nas causas, qualquer que seja o valor (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995)
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; (Redação dada
pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; (Redação dada pela Lei nº 9.245,
de 26.12.1995)
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; (Redação
dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo,
ressalvados os casos de processo de execução; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995)
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação
especial; (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
g) que versem sobre revogação de doação; (Redação dada pela Lei nº 12.122, de 2009).
h) nos demais casos previstos em lei. (Incluído pela Lei nº 12.122, de 2009).
Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à
capacidade das pessoas. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995)

Tem prevalecido o entendimento de que nessas matérias não há limite


valorativo, podendo, portanto, haver pedido e condenação acima de 40
salários mínimos (enunciado 58 FONAJE) – STJ MC 15.465/ SC.
ENUNCIADO 58 (Substitui o Enunciado 2) - As causas cíveis enumeradas no art. 275 II, do
CPC admitem condenação superior a 40 salários mínimos e sua respectiva execução, no
próprio Juizado
Existem 02 autores que falam que não tem cabimento essa interpretação:
Ricardo Chimenti e Joel Dias Figueira.

A lei autoriza, no critério material, que o despejo seja feito apenas para uso
próprio (enunciado n.04 FONAJE).
ENUNCIADO 4 - Nos Juizados Especiais só se admite a ação de despejo prevista no art. 47,
inciso III, da Lei 8.245/1991.

 Critério mesclado: ao mesmo tempo trabalha o valor e a matéria. Cabe


nas possessórias de bens imóveis (matéria) de até 40 salários mínimos.
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento
das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso
I deste artigo.
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:
I - dos seus julgados;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo,
observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei.

B) Hipóteses de exclusão de cabimento (pouco importa o valor ou a


matéria). São hipóteses de exclusão legais e interpretativas:
 Art.3º, §2º, Lei 9.099/95: alimentos, fiscal, falência, acidentária,
estado e capacidade de pessoas.
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito
excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

 Nenhum procedimento especial do CPC (enunciado n.08 do


FONAJE).
ENUNCIADO 8 - As ações cíveis sujeitas aos procedimentos especiais não são admissíveis
nos Juizados Especiais.

 Não cabe nenhuma demanda cuja solução dependa de prova


especial complexa – art. 3º, caput, c/c art.35 da Lei 9.099/95.
Enunciados 54, 69, 70 e 12 do FONAJE (STF RE 537.427/SP).
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança,
permitida às partes a apresentação de parecer técnico.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das
partes, realizar inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua
confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.
O que define se uma prova é complexa ou não é o objeto da perícia. Significa
que é possível perícia no juizado – trata-se de uma perícia informalizada ou
oralizada. O juiz pede para o perito ver o caso e depois narrar pra ele em
audiência.
Ex. é possível que a causa verse sobre juros correção etc., mas pode ser que
não haja perícia e seja possível nos juizados.
ENUNCIADO 12 - A perícia informal é admissível na hipótese do art. 35 da Lei 9.099/1995.
ENUNCIADO 54 - A menor complexidade da causa para a fixação da competência é aferida
pelo objeto da prova e não em face do direito material.
ENUNCIADO 69 - As ações envolvendo danos morais não constituem, por si só, matéria
complexa.
ENUNCIADO 70 - As ações nas quais se discute a ilegalidade de juros não são complexas
para o fim de fixação da competência dos Juizados Especiais, exceto quando exigirem perícia
contábil (nova redação - XXX Encontro – São Paulo/SP).

2.2) JEF e JEFP (art.3º da Lei 10.259/2001 e art.2º da Lei 12.153/2009):


Art. 3o Lei 10.259/2001 Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e
julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos,
bem como executar as suas sentenças.
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de
segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por
improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou
individuais homogêneos;
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza
previdenciária e o de lançamento fiscal;
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores
públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do
Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3 o,
caput.
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.

A. Critério de cabimento:
Há apenas o critério valorativo: competência de 60 salários mínimos. Tem
várias observações:

Obs.1: litisconsórcio (é 60 salários para cada um ou para todos?)


No STJ (Resp. 1.257.935/PB, j.18.10.12) e enunciado 18 do FONAJEF e da
Fazenda Pública entendem que o teto de 60 salários mínimos é por autor;
Enunciado nº18
No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de competência deve ser
calculado por autor.

Obs.2: demandas por prestações vincendas (ações previdenciárias).


Ex. aposentadoria por invalidez exige prestações vencidas e vincendas Art.3º,
§2º da Lei 10.259/91 (JEF) e art.2º,§2º da Lei 12.153/2009.
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do
Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3 o,
caput.

São processadas nos JEF e JEFP se a anualidade delas (somatória das 12)
não superar o teto de 60 salários mínimos.
Ex. recebo 3 salários mínimos por mês. Multiplico por 12. Dá 38 salários
mínimos. É possível entrar no juizado.
Ex. recebo 6 salários mínimos. Multiplico por 12. Dá 72 salários mínimos. Não
é possível entrar nos juizados.

Obs.3: Enunciados 15, 18, 49, 65, 16 e 17 do FONAJEF; enunciado 02


FANAJE Fazenda Pública.
Enunciado nº15
Na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do salário mínimo em vigor na
data da propositura de ação.
Enunciado nº16
Não há renúncia tácita nos Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência.
Enunciado nº17
Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fixação de competência nos Juizados
Especiais Federais.
Enunciado nº18
No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de competência deve ser
calculado por autor.
Enunciado nº49
O controle do valor da causa, para fins de competência do Juizado Especial Federal, pode ser
feito pelo juiz a qualquer tempo.
Enunciado nº65
Não cabe a prévia limitação do valor da multa coercitiva (astreintes), que também não se
sujeita ao limite de alçada dos Juizados Especiais Federais, ficando sempre assegurada a
possibilidade de reavaliação do montante final a ser exigido na forma do parágrafo 6º do artigo
461 do CPC.

ENUNCIADO 2 - O Ministério Público, oferecida a representação em Juízo, poderá propor


diretamente a transação penal, independentemente do comparecimento da vítima à audiência
preliminar (nova redação - XXI Encontro - Vitória/ES).

B. Hipóteses de exclusão (pouco importa o valor da demanda):


o Mandado de Segurança, desapropriação, divisão, demarcação,
execuções fiscais e ações coletivas (art.3º, §3º, da Lei 10.259/01),
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.
o art.2º, §1º da Lei 12.153/2009 e enunciados 22 FONAJEF e 139
FONAJE (trata-se de uma opção política).
Enunciado nº22
A exclusão da competência dos Juizados Especiais Federais quanto às demandas sobre
direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos somente se aplica quanto a
ações coletivas.

ENUNCIADO 139 (substitui o Enunciado 32) - A exclusão da competência do Sistema dos


Juizados Especiais quanto às demandas sobre direitos ou interesses difusos ou coletivos,
dentre eles os individuais homogêneos, aplica-se tanto para as quanto para as ações
coletivas. Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de
fatos que possam ensejar a propositura da ação civil coletiva, remeterão peças ao MP para as
providencias cabíveis (XXVIII Encontro – Salvador/BA).

§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:


I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação,
populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou
interesses difusos e coletivos;
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios,
autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a
servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.

o Nos JEF não cabem as causas do art.109, II (estado estrangeiro ou


organismo internacional), III (causa que trata de tratado ou contrato
internacional) e XI (direito indígena) da CF.
o Procedimentos especiais do CPC nos juizados como regra. Enunciados
9 do FONAJEF e 01 do FONAJE e também da Fazenda Pública (os ritos
especiais são incompatíveis com os juizados).
Enunciado nº9
Além das exceções constantes do § 1º do artigo 3º da Lei n. 10.259, não se incluem na
competência dos Juizados Especiais Federais, os procedimentos especiais previstos no
Código de Processo Civil, salvo quando possível a adequação ao rito da Lei n. 10.259/2001.

ENUNCIADO 01 - Aplicam-se aos Juizados Especiais da Fazenda Pública, no que couber, os


Enunciados dos Juizados Especiais Cíveis (XXIX Encontro – Bonito/MS).
o Ações para discutir direitos sobre bens imóveis.
o Ações para discutir pena de demissão de servidores públicos civis e
sanções disciplinares aplicadas a militares (art.3º, §3º, da Lei 10.259/01 e
art.2º, §1º da Lei 12.153/2009).
Dica: na prova eles invertem demissão com sanção disciplinar. Assim, para
servidores públicos civis podem discutir todas as sanções, menos a demissão.
Já para os militares, nenhuma sanção pode ser discutida.
o Não cabe nenhuma demanda cuja solução dependa de prova pericial
complexa (enunciado 91 do FONAJEF e enunciado 11 FONAJE e da
Fazenda Pública). Os arts. 12 da Lei 10.259/01 e 10 da Lei 12.153/2009
só admitem perícias simples e informalizadas no âmbito do JEF e JEFP.
Enunciado nº91
Os Juizados Especiais Federais são incompetentes para julgar causas que demandem perícias
complexas ou onerosas que não se enquadrem no conceito de exame técnico (art. 12 da Lei
10.259/2001). – aquele em que o perito pode oralmente ou por escrito de forma simples.
Art. 12 da Lei 10.259/01 - Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao
julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco
dias antes da audiência, independentemente de intimação das partes.
§ 1o Os honorários do técnico serão antecipados à conta de verba orçamentária do respectivo
Tribunal e, quando vencida na causa a entidade pública, seu valor será incluído na ordem de
pagamento a ser feita em favor do Tribunal.
§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social, havendo designação de exame,
serão as partes intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.

ENUNCIADO 11 - As causas de maior complexidade probatória, por imporem dificuldades para


assegurar o contraditório e a ampla defesa, afastam a competência do Juizado da Fazenda
Pública (XXXII Encontro - Armação de Búzios/RJ).

Art. 10. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o
juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência.

o Nos JEFP os TJ’s podem limitar até 2015 os temas processáveis no


âmbito da Fazenda Pública (art.23 da Lei 12.153/2009).
Art. 23. Os Tribunais de Justiça poderão limitar, por até 5 (cinco) anos, a partir da entrada em
vigor desta Lei, a competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, atendendo à
necessidade da organização dos serviços judiciários e administrativos.
Ex. em SP o tribunal limitou até 2015 o pedido de revisão de multa de transito e
anulatória de débito fiscal.
Ex. É possível ainda limitação territorial até 2015, ou seja, determinadas ações
só podem ser interpostas no centro da cidade.

3) COMPETÊNCIA TERRITORIAL NOS JUIZADOS (local do


ajuizamento da ação):

3.1) JEC e JEFP (art.4º da Lei 9.099/95):


Estabelece uma regra de competência concorrente (inclusive com foro de
eleição admitido) – o autor tem a prerrogativa de escolher onde vai ajuizar
nestes 3 incisos.
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades
profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou
escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de
dano de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no
inciso I deste artigo.

Obs.1: no âmbito dos JEC e JEFP a incompetência relativa pode ser


pronunciada de ofício e leva à extinção do processo, sem análise do mérito
(art.51, III, da Lei 9.099/95 e enunciado 89 FONAJE)
É diferente do CPC em que a incompetência relativa não é pronunciada de
ofício.
ENUNCIADO 89 - A incompetência territorial pode ser reconhecida de ofício no sistema de
juizados especiais cíveis (XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ).
Obs.2: Admite-se a reunião de processos por conexão e continência nos
juizados especiais, mas desde que ambas as ações sejam de competência dos
juizados especiais (enunciado 73 do FONAJE).
ENUNCIADO 73 - As causas de competência dos Juizados Especiais em que forem comuns o
objeto ou a causa de pedir poderão ser reunidas para efeito de instrução, se necessária, e
julgamento.
Ex. 04 ações para decidir acidente de trânsito, 1 em cada juizado. Pode juntar
as 04 em 1 juizado. Não pode juntar a ação estiver na justiça comum.

Aula Online 06

3.2) JEF:
Não há previsão específica da competência territorial na Lei 10.259/2001.
A solução é a aplicação do sistema dos juizados atrelado à CF. Como se trata
de ação contra a União, autarquias, fundações etc. é necessário aplicar a CF.

a) 02 situações:
1ª situação: ações contra as empresas públicas federais. Ex. CEF, correios.
Como ela é sujeita ao regime de direito privado, segue a regra do art.4º da Lei
9;099/95 (sistema dos juizados).
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades
profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou
escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano
de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no
inciso I deste artigo.

2ª situação: ações contra a União e autarquias federais (seguem regime de


direito público: art.109, §2º CF.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que 1º)
for domiciliado o autor, 2º)naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou 3º) onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no 4º) Distrito Federal.

Atenção! Seja nas ações contra empresa pública, seja na União e autarquias,
aplica-se o art.20 da Lei 10.259/01.
Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser proposta no Juizado Especial
Federal mais próximo do foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
vedada a aplicação desta Lei no juízo estadual.

b) Não é possível, por vedação legal expressa (art.20


da Lei 10.259/01, 2ª parte) a aplicação das regras dos JEF na competência
delegada da Justiça Estadual (art.109, §3º CF). A CF dispõe que não é
possível usar o rito da Lei 10.259 para as ações previdenciárias movidas na
justiça estadual.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados
ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição,
a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
estadual.
c) Reconhecimento da incompetência, ainda que
relativa, pode ser feita de ofício e gera extinção do processo (art.51,III, da Lei
9.099/95) – enunciado 24 do FONAJEF. – Não há remessa nos juizados!!
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:
III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
Enunciado nº24
Reconhecida a incompetência do Juizado Especial Federal, é cabível a extinção de processo,
sem julgamento de mérito, nos termos do art. 1 da Lei n. 10.259/2001 e do art.51, III, da Lei n.
9.099/95, não havendo nisso afronta ao art. 12, parágrafo 2º, da Lei11.419/06. (redação dada
pelo 5º FONAJEF)

3.3) Conflito de Competência:


 Se o conflito é entre juízes dos juizados pertencentes ao mesmo colégio
recursal – julga o conflito o colégio recursal superior a ambos os juízos.
Enunciado 106 do FONAJEF. Ex. juizado de Bergueiro X Juizado de Vila
Mariano (ambos em São Paulo) –
Enunciado nº106
Cabe à Turma Recursal conhecer e julgar os conflitos de competência apenas entre Juizados
Especiais Federais sujeitos a sua jurisdição.
 Se o conflito é entre juízes dos juizados não pertencentes ao mesmo
colégio recursal – julga o conflito qualquer dos colégios recursais superiores
aos juízes (o que vai definir é a prevenção). Enunciado 91 do FONAJE. Ex. juiz
da capital entende que juiz do interior é competente – julga por prevenção.
ENUNCIADO 91 (Substitui o Enunciado 67) - O conflito de competência entre juízes de
Juizados Especiais vinculados à mesma Turma Recursal será decidido por esta. Inexistindo tal
vinculação, será decidido pela Turma Recursal para a qual for distribuído (nova redação - XXII
Encontro – Manaus/AM).

 Se o conflito é entre um juiz dos juizados e outro da justiça comum.


Nesse caso tem que fazer uma diferenciação:
 Se ambos os juízes forem vinculados ao mesmo Tribunal (TJ ou
TRF) – julga o conflito o Tribunal a quem ambos estão
vinculados (súmula 428 do STJ e STF, Resp.540.409/RJ).
Ex. juiz do juizado de SP e juiz da Vara Comum da Justiça Federal – TRF.
Súmula 428
Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado
especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

 Os juízes conflitantes não estarem vinculados ao mesmo


Tribunal. Quem julga o conflito é o STJ (art.105,I, “d” da CF).
Ex. juiz do juizado de um Estado/TRF e juiz de vara comum de outro
Estado/TRF – STJ quem julga.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I,
"o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diversos;

4) PARTES:

4.1) JEC:
a) Legitimidade ativa (art.3º,§1º da Lei 9.099/95):
i. Pessoa Física capaz.
Superveniência da morte ou incapacidade gera extinção em caso de não
habilitação tempestiva dos sucessores (art.51, IV e V da Lei 9.099/95).
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei;
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo
de trinta dias;

ii. Pessoa Jurídica: Depende do tipo de PJ (aplica-se também aos JEF).


Se for ME ou EPP podem, mas desde que comprovem sua situação fiscal
conforme art.89 da LC 124/06 e enunciado 135 do FONAJE – tem que emitir
nota fiscal e participar do SIMPLES.
Crítica do Gajardoni: o fato do ME não emitir nota fiscal não deve impedir este
de acessar a justiça.
ENUNCIADO 135 (substitui o Enunciado 47) – O acesso da microempresa ou empresa de
pequeno porte no sistema dos juizados especiais depende da comprovação de sua
qualificação tributária atualizada e documento fiscal referente ao negócio jurídico objeto da
demanda. (XXVII Encontro – Palmas/TO).
Podem também as PJ’s qualificadas com OSCIP (ex. santas casas, entidades
beneficentes) e as sociedades de crédito ao microempreendedor (ex.
cooperativas de fomento).
Tirando essas 04 situações, não pode.

iii. Espólio:
É uma personalidade judiciária; é uma ficção legal. Desde que não haja
interesse de incapaz é possível participarem dos juizados (enunciado 148
FONAJE).
ENUNCIADO 148 (Substitui o Enunciado 72) - Inexistindo interesse de incapazes, o Espólio
pode ser parte nos Juizados Especiais Cíveis (XXIX Encontro – Bonito/MS).

iv. Condomínio:
Também é uma ficção jurídica. Sim, mas apenas para a cobrança dos encargos
condominiais (art.275, II, “b”, do CPC) – enunciado 09 FONAJE.
Ex. pode cobrar condomínio atrasado, mas não pode cobrar custas de acidente
dentro do prédio.

b) Legitimidade passiva:
Regra geral é sem limitação.
Exceção (hipóteses em que certas pessoas não podem ser demandadas):
Pessoa jurídica de direito público. Ex. Estado, DF e respectivas autarquias.
Atenção! Cabe JEC contra EP (estadual e municipal) e SEM (inclusive com
participação federal – ex. BB e Petrobrás).

c) Hipóteses de exclusão: são situações em que as pessoas indicadas


não podem ser nem autoras e nem rés nos JEC.
i. Incapaz (não pode ser autor ou réu) – art.8º da Lei
9.099/95.
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as
pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o
insolvente civil.
ii. Pessoa física cessionária de crédito de pessoa jurídica.
Ex. pessoa jurídica endossa o título para pessoa física para entrar no JEC.
Assim, em regra não vale, exceto se a pessoa jurídica endossante for EPP ou
ME.

iii. Preso. Não pode ser autor ou réu.


iv. Massa falida.
v. Insolvente civil (não pode ser autor ou réu).

4.2) JEF e JEFP:

a) Legitimidade ativa (art.6º,I da Lei 10.259/01 e art.5º,I. da Lei 12.153/2009).


Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim
definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996;

Art. 5o Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:


I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim
definidas na Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006;

i. Pessoa física (capaz ou incapaz).


ii. Pessoa Jurídica: depende. (mesmo do JEC)
Se for ME ou EPP podem, mas desde que comprovem sua situação fiscal
conforme art.89 da LC 124/06 e enunciado 11 do FONAJEF – tem que emitir
nota fiscal e participar do SIMPLES. Também podem OSCIP e sociedade ao
crédito do microempreendedor. As demais não.
Enunciado nº11
No ajuizamento de ações no JEF, a microempresa e a empresa de pequeno porte deverão
comprovar essa condição mediante documentação hábil.
iii. Espólio, desde que não haja interesse de incapaz (enunciado 82 do
FONAJEF).
Enunciado nº82
O espólio pode ser parte autora nos juizados especiais cíveis federais. Portanto, a única
diferença com o JEC é a possibilidade de ajuizamento de ação com a pessoa física incapaz.

b) Legitimidade passiva:
 JEF: art.6º, II, Lei 10.259/01 – União, autarquias federais e Empresas
públicas federais, fundações públicas federais. INCRA, FUNAI,
FUNASA, universidades federais.
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais.

 JEFP: art.5º, II, da Lei 12.153/09: Estados e Municípios, suas


autarquias, fundações e empresas públicas.
Atenção! SEM, ainda que federal (ex. Banco do Brasil), é demandada no JEC
(não no JEF ou JEFP).
Art. 5o Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública:
II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como
autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas.
c) Hipóteses de exclusão (situações em que a pessoa indicada não pode ser
nem autora nem ré).
Não há regra expressa nas leis 10.259/01 e 12.153/09 – aplica-se o
microssistema dos juizados. Segue o item 4.1 “c” (art.8º da Lei 9.099/95) -
Massa falida, insolvente, preso, cessionário de crédito – salvo no tocante ao
incapaz (que pode ser autora nos JEF e JEFP – enunciados 10 e 81 do
FONAJEF).
Enunciado nº10
O incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Federais, dando-se-lhe curador
especial, se ele não tiver representante constituído.
Enunciado nº81
Cabe conciliação nos processos relativos a pessoa incapaz, desde que presente o
representante legal e intimado o Ministério Público.

5) TERCEIROS (art.10 da Lei 9.099/95):


Aplica-se aos JEC, JEF e JEFP, pois não há regra expressa nas leis 10.259/01
e 12.153/09. Enunciado 10 FONAJEF.
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de
assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio.
A vedação a terceiros foi uma opção política do legislador para homenagear a
celeridade.
Enunciado nº10
O incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Federais, dando-se-lhe curador
especial, se ele não tiver representante constituído.

6) ADVOGADO (aplicável a todos os juizados – JEC, JEF e JEFP):


a) É possível atuar em qualquer polo (ativo ou passivo) sem advogado nas
causas de até 20 salários mínimos (art.9º da Lei 9.099/95), inclusive as ME,
EPP, OSCIP e microcrédito (enunciado 48 do FONAJE).
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão
pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é
obrigatória.
ADI1539 – OAB queria derrubar art.9º, mas não conseguiu.

b) Mandato: Art.9º, §3º admite que seja ele verbal.


Cuidado! Nos JEF alguns juízes não aceitam a aplicação deste dispositivo em
razão do art.10, da Lei 10.259/01. – Gajardoni não concorda com isso.
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou
não.

c) Mesmo nas causas acima de 20 salários mínimos, a assistência por


advogado só é necessária na fase instrutória (enunciado 36 do
FONAJE).
ENUNCIADO 36 - A assistência obrigatória prevista no art. 9º da Lei 9.099/1995 tem lugar a
partir da fase instrutória, não se aplicando para a formulação do pedido e a sessão de
conciliação.
Obs. nos juizados federais na prática geralmente exige-se advogado nas
causas superiores a 20 salários mínimos.

d) Independentemente do valor da causa na fase recursal, a presença de


advogado é obrigatória.
e) Estagiário: só pode praticar atos processuais nos juizados especiais em
conjunto com advogado. Enunciado 69 do FONAJEF.
Enunciado nº69
O levantamento de valores e Precatórios, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, pode ser
condicionado à apresentação, pelo mandatário, de procuração especifica com firma
reconhecida, da qual conste, ao menos, o numero de registro do Precatório ou RPV ou o
número da conta de depósito, com respectivo valor. (redação dada pelo 5ª FONAJEF)

f) É vedada a acumulação simultânea da condição de preposto e


advogado (enunciado 98 FONAJE que repete o art. 35,I e 36,II da Lei
8.906/94 e art.23 do Código de Ética). Por isso, muitos advogados para
evitar a extinção/revelia pelo não comparecimento da parte, rasgam a
procuração e se apresentam como prepostos.
ENUNCIADO 98 (Substitui o Enunciado 17) - É vedada a acumulação SIMULTÂNEA das
condições de preposto e advogado na mesma pessoa (art. 35, I e 36, II da Lei 8906/1994
combinado com o art. 23 do Código de Ética e Disciplina da OAB) (XIX Encontro – Aracaju/SE).

7) JUIZ:
a. Juiz leigo (art.7º, 37 e 40 da Lei 9.099/95).
Nem todo Estado tem a figura do juiz leigo (ex. no RJ o juiz leigo é escolhido
por concurso). A pessoa indicada deve ser um advogado com formação
jurídica, portanto, que tem os mesmos poderes que um juiz togado, com uma
única diferença: suas decisões ficam sujeitas à homologação do juiz togado.

 Há incompatibilidade da atividade com o juiz leigo com a


advocacia?
R. Não, salvo para o próprio juizado onde atua – enunciado 40 FONAJE.
ENUNCIADO 40 - O conciliador ou juiz leigo não está incompatibilizado nem impedido de
exercer a advocacia, exceto perante o próprio Juizado Especial em que atue ou se pertencer
aos quadros do Poder Judiciário.

b. Possibilidade de atuação do juiz leigo no âmbito dos JEFP e JEF?


R. Na lei 10.259/01, não há previsão, o que leva autores como Ricardo
Chimenti a não admitir essa figura no JEF. Contudo, diante da previsão do juiz
leigo para os JEFP (art.15 da Lei 12.153/09), fica difícil sustentar o não
cabimento dessa figura para todos os juizados.

c. Diante da pequena complexidade da demanda (valor diminuto como


regra) – art.98 CF – no âmbito dos juizados (todos) foi conferido ao juiz (leigo
ou togado) poderes extraordinários quanto ao procedimento (art.5º da Lei
9.099/95 – liberdade de flexibilização do procedimento) e mesmo quanto ao
julgamento de fundo (art.6º da Lei 9.099/95 – juízo de equidade).
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem
produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor às regras de experiência comum ou
técnica.
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime,
atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.
Ex. caso do ciclista que furou o sinal vermelho e fez com que motorista de uma
Cheroki freasse e estourasse pneu. O juiz vendo que o ciclista teve um mal dia
e não tinha condições de pagar acabou julgando por equidade e dando
improcedente para o motorista.
Atenção! Alguns autores como Alexandre Câmara e Joel Figueira Jr. negam,
no art.6º Lei 9.099/95, autorização para julgamento por equidade.

8) PROCEDIMENTO SUMARÍSIMO DOS JUIZADOS (todos):

8.1) Petição Inicial:


a. Requisitos previstos no art.14 da Lei 9.099/95 (pode ser uma petição
escrita ou oral).
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à
Secretaria do Juizado.
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
III - o objeto e seu valor.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a
extensão da obrigação.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser
utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos.

b. Possibilidade de pedido genérico (art.14, §2º da Lei 9.099) – é pedido


ilíquido. Entretanto, a sentença não pode ser ilíquida. Art.38 da Lei
9.099/95.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a
extensão da obrigação.

Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos
fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que
genérico o pedido.

c. Cumulação de pedidos é possível (art.15 da Lei 9.099/95). Entretanto, é


necessário observar o teto valorativo das causas.
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou
cumulados; nesta última hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado
naquele dispositivo.

d. Testemunhas não precisam ser arroladas na inicial (art.34 da Lei


9.099/95).
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, comparecerão à
audiência de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado,
independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no
mínimo cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata
condução, valendo-se, se necessário, do concurso da força pública.
Obs. diferente do sumaríssimo que exige que testemunhas sejam arroladas na
inicial.

8.2) Juízo de Admissibilidade (03 opções):


1º) Juiz pede para emendar inicial.
2º) Se não emendar a inicial há o indeferimento.
3º) Admissibilidade da petição inicial. Se isso ocorrer há 04 ocorrências.
i. Apreciação do pedido de tutela de urgência (cautelar ou antecipatória)
ou liminar. Enunciado 26 FONAJE e art.4º da Lei 10.259/01 e art.3º da
Lei 12.153/09.
ENUNCIADO 26 - São cabíveis a tutela acautelatória e a antecipatória nos Juizados Especiais
Cíveis (nova redação - XXIV Encontro - Florianópolis/SC).
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no
curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.
Art. 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer providências
cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil ou de incerta
reparação.


Da decisão que concede ou não tutela de urgência (cautelar ou
antecipatória) qual é a medida cabível?
R. são 03 posições:
1º) STF RE 576.847, Rel. Min. Eros Grau, Pleno, DJE 07.08.2009 – não cabe
nenhuma medida, vez que no sistema dos juizados as interlocutórias são
irrecorríveis.
2ª) STJ Súmula 376 – versa que apesar de não caber agravo, é possível
interpor mandado de segurança contra ato judicial. Esse MS será julgado pelo
colégio recursal.
Súmula 376
Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado
especial.
3º) É cabível agravo de instrumento – enunciado 15 FONAJE e 107
FONAJEF.
ENUNCIADO 15 - Nos Juizados Especiais não é cabível o recurso de agravo, exceto nas
hipóteses dos artigos 544 e 557 do CPC. (nova redação - XXI Encontro – Vitória/ ES).
Enunciado nº107
Fora das hipóteses do artigo 4º da Lei 10.259/2001, a impugnação de decisões interlocutórias
proferidas antes da sentença deverá ser feita no recurso desta (art. 41 da Lei nº 9.099/95).
ii. Requisitar documentos necessários para instrução da causa (art.11 da
Lei 10.259/01 e art.9º da Lei 12.153/2009).
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de que disponha
para o esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.
Parágrafo único. Para a audiência de composição dos danos resultantes de ilícito criminal (arts.
71, 72 e 74 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995), o representante da entidade que
comparecer terá poderes para acordar, desistir ou transigir, na forma do art. 10.

iii. Se a ação for fundada na invalidez (ex. benefícios previdenciários ou


pedido de medicamentos), o juiz já na inicial nomeia perito (art.12 da Lei
10.259/2001).
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o
Juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência,
independentemente de intimação das partes.
§ 1o Os honorários do técnico serão antecipados à conta de verba orçamentária do respectivo
Tribunal e, quando vencida na causa a entidade pública, seu valor será incluído na ordem de
pagamento a ser feita em favor do Tribunal.
§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social, havendo designação de exame,
serão as partes intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.

iv. Citação do requerido para audiência de conciliação.

8.3) Citação para a audiência de conciliação:


a. Não cabe citação por edital (art.18, §2º da Lei 9.099/95). Se não for o
réu localizado é caso de extinção.
§ 2º Não se fará citação por edital.

b. Validade plena da citação por carta com a simples entrega no


endereço da parte (ainda que não recebida de próprio punho). Enunciado 05
FONAJE e 74 FONAJEF (não interessa quem recebeu.

ENUNCIADO 5 - A correspondência ou contra-fé recebida no endereço da parte é eficaz para


efeito de citação, desde que identificado o seu recebedor.
Enunciado nº74
A intimação por carta com aviso de recebimento, mesmo que o comprovante não seja
subscrito pela própria parte, é válida desde que entregue no endereço declarado pela
parte.

d. O termo inicial dos prazos conta do ato, e não da juntada aos autos do
AR ou do mandado (diferente do CPC) – enunciado 13 do FONAJE.
ENUNCIADO 13 - Os prazos processuais nos Juizados Especiais Cíveis, contam-se da data
da intimação ou ciência do ato respectivo, e não da juntada do comprovante da intimação,
observando-se as regras de contagem do CPC ou do Código Civil, conforme o caso (nova
redação - XXI Encontro – Vitória/ES).

e. Se a parte mudar de endereço sem avisar o juízo, todas as intimações


encaminhadas para aquele endereço antigo são consideradas válidas
(art.19, §2º, da Lei 9.099/95).
§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do
processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na
ausência da comunicação.

f. Regras especiais para citação da Fazenda Pública (art.7º da Lei


10.259/01 e art.6º da Lei 12.153/2009) – citação pessoal por mandado
nos JEF e JEFP.
Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei
Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993.
Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações e empresas públicas será feita na pessoa
do representante máximo da entidade, no local onde proposta a causa, quando ali instalado
seu escritório ou representação; se não, na sede da entidade.

Art. 6o Quanto às citações e intimações, aplicam-se as disposições contidas na Lei n o 5.869,


de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.

8.4. Audiência de conciliação (art.21 e ss. da Lei 9.099/95):


Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes sobre as
vantagens da conciliação, mostrando-lhes os riscos e as conseqüências do litígio,
especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.

a) Nos JEF e JEFP tem que ser observado o prazo mínimo de 30 dias
entre a citação e o ato (art.9º da Lei 10.259 e art.7º da Lei 12.153).
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas
jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para
audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta dias.
Art. 7o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas
jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para a
audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias.
b) Não é ato obrigatório. Portanto pode ser dispensado pelo juiz
(especialmente nos JEF E JEFP).
c) Esse ato pode ser presidido por juiz leigo ou conciliador (art.22 da Lei
9.099/95). O art.16, §2º da Lei 12.153/09 e enunciado 45 FONAJEF, permitem
que o conciliador possa ouvir informalmente testemunhas.
Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua
orientação.
Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo
Juiz togado, mediante sentença com eficácia de título executivo.

§ 2o Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a instrução do processo, podendo


dispensar novos depoimentos, se entender suficientes para o julgamento da causa os
esclarecimentos já constantes dos autos, e não houver impugnação das partes.

Enunciado nº45
Havendo contínua e permanente fiscalização do juiz togado, conciliadores criteriosamente
escolhidos pelo Juiz, poderão para certas matérias, realizar atos instrutórios previamente
determinados, como redução a termo de depoimentos, não se admitindo contudo, prolação de
sentença a ser homologada.

d) Possibilidade de o Poder Público transacionar (art.10, p. único, lei


10.259/01 e art.8º da Lei 12.153/09).
Parágrafo único. Os representantes judiciais da União, autarquias, fundações e empresas
públicas federais, bem como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a conciliar,
transigir ou desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais Federais.
Art. 8o Os representantes judiciais dos réus presentes à audiência poderão conciliar, transigir
ou desistir nos processos da competência dos Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses
previstas na lei do respectivo ente da Federação.

Atenção! O Poder Público só poderá fazer acordo se houver lei federal,


estadual ou municipal autorizando. Se fizer sem autorização caracteriza
improbidade administrativa.
e) A ausência das partes acarreta o seguinte:
i. Se for do autor há a extinção do mérito (art.51, I, da Lei 9.099/95).
Óbvio que ele pode mandar procurador não advogado representando, com
poderes de transação (enunciados 20, 42 e 78 FONAJE). Trata-se de uma
decisão sem mérito com condenação nas custas pelo autor. Enunciado 28
FONAJE.
ENUNCIADO 20 - O comparecimento pessoal da parte às audiências é obrigatório. A pessoa
jurídica poderá ser representada por preposto.
ENUNCIADO 78 – O oferecimento de resposta, oral ou escrita, não dispensa o
comparecimento pessoal da parte, ensejando, pois, os efeitos da revelia (XI Encontro -
Brasília-DF).

ENUNCIADO 28 - Havendo extinção do processo com base no inciso I, do art. 51, da Lei
9.099/1995, é necessária a condenação em custas.

ii. Se for o réu há a revelia (art.20 da Lei 9.099/95).


Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução
e julgamento, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o
contrário resultar da convicção do Juiz.
8.5. Ou julga antecipado após conceder prazo de defesa para o réu contestar
(é raro acontecer). O juiz que fixa esse prazo.
OU
O juiz designa audiência de conciliação (é a 2ª audiência de conciliação),
instrução e julgamento (art.27 da Lei 9.099/95) pode ser realizada
imediatamente após a primeira audiência, desde que não haja prejuízo à
defesa.
Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imediatamente à audiência de
instrução e julgamento, desde que não resulte prejuízo para a defesa.
Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiência
designada para um dos quinze dias subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e
testemunhas eventualmente presentes.
Nessa audiência de conciliação são tomadas 05 providências:
1ª) tenta novamente a conciliação;
2ª) recebe a defesa do réu (art.30 e 31 da Lei 9.099/95).
i. Ela pode ser oral ou escrita.
ii. Ela concentra toda a matéria de defesa (menos
exceções de impedimento e suspeição).
iii. Possibilidade de pedido contraposto (enunciado 27
do FONAJE). No caso dos juizados especiais cíveis,
este pedido contraposto pode ser feito inclusive pela
pessoa jurídica demandada (enunciado 31 do
FONAJE), que não poderia ser autora nos juizados
especiais cíveis.
ENUNCIADO 27 - Na hipótese de pedido de valor até 20 salários mínimos, é admitido pedido
contraposto no valor superior ao da inicial, até o limite de 40 salários mínimos, sendo
obrigatória à assistência de advogados às partes.

Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto
argüição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em
vigor.
Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido
em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que
constituem objeto da controvérsia.
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou
requerer a designação da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.
Ex. demando contra a empresa cachorrinhos ltda. Porque o meu cachorro
morreu 2 dias depois que eu comprei. A empresa faz e sua defesa e como
pedido contraposto alega que não paguei o cachorro. Note que o juizado
admite que uma limitada faça pedido contraposto nos juizados.
Agora, se for JEFP E JEF, o réu (a Fazenda Pública), não pode fazer pedido
contraposto (enunciado 12 do FONAJEF).
Enunciado nº12
No Juizado Especial Federal, não é cabível o pedido contraposto formulado pela União
Federal, autarquia, fundação ou empresa pública federal.

3ª) Saneador (inclusive verifica a complexidade da prova para estabelecer se a


ação pode prosseguir nos juizados).
4ª) Colheita de provas ainda não produzidas (art.33 ao 35 da Lei 9.099/95):
inclusive oitiva de técnicos sobre assuntos de tal natureza (perícia informal).
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda
que não requeridas previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar
excessivas, impertinentes ou protelatórias.
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, comparecerão à audiência
de instrução e julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemente de
intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no
mínimo cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata
condução, valendo-se, se necessário, do concurso da força pública.
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança,
permitida às partes a apresentação de parecer técnico.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das
partes, realizar inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua
confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.

5ª) Debates (podem ser dispensados – enunciado 35 do FONAJE).


ENUNCIADO 35 - Finda a instrução, não são obrigatórios os debates orais.

8.6) Sentença:
a. a sentença do juizados não precisa de relatório (art.38 da Lei
9.099/95);
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo
dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que
genérico o pedido.

b. a sentença dos juizados não tem sucumbência ou custas em 1º grau


(arts.54 e 55 da Lei 9.099), mas cabe litigância de má-fé.
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do
pagamento de custas, taxas ou despesas.
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei,
compreenderá todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro
grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de
advogado, ressalvados os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente,
vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e
vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da
causa.
Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, salvo quando:
I - reconhecida a litigância de má-fé;
II - improcedentes os embargos do devedor;
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do
devedor.

c. não há reexame necessário nos JEFP E JEF.

8.7) Recursos:

8.7.1) Embargos de declaração (art.48 a 50 da Lei 9.099/95):


São julgados pelo próprio juiz da causa.
Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo
de cinco dias, contados da ciência da decisão.
Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o
prazo para recurso.
8.7.2) Recurso inominado (não chama apelação):
São julgados pelo colégio recursal. Não vai para o TJ ou TRF.
a. Tem preparo e custas, inclusive as de 1º grau não recolhidas (em torno
de 3% sobre o valor da ação).
b. Só via advogado (não importa o valor).
c. Não cabe recurso adesivo (enunciado 88 do FONAJE e 59 do
FONAJEF);
ENUNCIADO 88 - Não cabe recurso adesivo em sede de Juizado Especial, por falta de
expressa previsão legal (XV Encontro – Florianópolis/SC).
Enunciado nº59
Não cabe recurso adesivo nos Juizados Especiais Federais.

d. As custas recursais são recolhidas até 48 horas após a interposição


(art.42, §1º e 54, p.ú. da 9.099/95) – diferente do art.511 do CPC que é
feito no ato da interposição.
e. Prazo do recurso é de 10 dias (art.42 da Lei 9.099/95) sem prazos
diferenciados para Fazenda Pública nos JEF e JEFP.
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença,
por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas
seguintes à interposição, sob pena de deserção.
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no
prazo de dez dias

f. Regra geral é o juiz que define se recebe o recurso com efeito


suspensivo (não é automático) – art.43 da Lei 9.099/95.
Exceção: JEF que tem efeito suspensivo automático (enunciado 61 do
FONAJEF).
Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo,
para evitar dano irreparável para a parte.

g. Só haverá sucumbência em 2º grau se a decisão for mantida por


unanimidade (enunciado 97 do FONAJEF).
Enunciado nº97
Cabe incidente de uniformização de jurisprudência quando a questão deduzida nos autos
tiver reflexo sobre a competência do juizado especial federal

MP tem legitimidade para ACP em favor dos beneficiários do DPVAT


Importante!!! A tutela dos direitos e interesses de beneficiários do seguro DPVAT, nos casos
de indenização paga pela seguradora em valor inferior ao determinado na Lei, reveste-se de
relevante natureza social (interesse social qualificado), de modo que o Ministério Público
tem legitimidade ativa para defendê-los em juízo mediante ação civil coletiva.
Esse entendimento do STF faz com que fique superado o enunciado 470 do STJ:
Súmula 470-STJ: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil
pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.
STF. Plenário. RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 6 e 7/8/2014 (repercussão
geral) (Info 753).
Se uma grande quantidade de pessoas está tendo problemas com determinada seguradora
consorciada ao DPVAT (que tem deixado de pagar os beneficiários ou o faz em valores
inferiores ao devido), o Ministério Público poderá ajuizar uma ação civil pública em favor
dessas pessoas?
SIM. O Plenário do STF entendeu que o Ministério Público tem legitimidade para defender
contratantes do seguro obrigatório DPVAT (RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado
em 06 e 07/08/2014. Repercussão Geral).
O objeto (pedido) dessa demanda está relacionado com direitos individuais homogêneos.
Assim, podem ser defendidos pelos próprios titulares (segurados), em ações individuais, ou por
meio de ação coletiva.
O Ministério Público possui legitimidade ativa para ajuizar essa ação coletiva (no caso, ação
civil pública) porque estamos diante de uma causa de relevante natureza social (interesse
social qualificado), diante do conjunto de segurados que teriam sido lesados pela seguradora.
Desse modo, havendo interesse social, o Ministério Público é legitimado a atuar, nos termos do
art. 127 da CF/88
Em outras palavras, trata-se de direitos individuais homogêneos, cuja tutela se reveste de interesse
social qualificado, autorizando, por isso mesmo, a iniciativa do Ministério Público de, com base no art.
127 da Constituição, defendê-los em juízo mediante ação coletiva.
Outros exemplos de direitos individuais homogêneos que, por serem dotados de relevância social, o
Ministério Público poderá tutelá-los por meio de ACP:
1) questionar edital de concurso público para diversas categorias profissionais de determinada
prefeitura, em que se previa que a pontuação adotada privilegiaria candidatos que já integrariam o
quadro da Administração Pública municipal (STF RE 216443);
2) defesa de mutuários do Sistema Financeiro de Habitação (STF AI 637853 AgR);
3) em caso de loteamentos irregulares ou clandestinos, inclusive para que haja pagamento de
indenização aos adquirentes (REsp 743678);
4) defesa de direitos de natureza previdenciária (STF AgRg no AI 516.419/PR);
5) anular Termo de Acordo de Regime Especial - TARE firmado entre o Distrito Federal e empresas
beneficiárias de redução fiscal. O referido acordo, ao beneficiar uma empresa privada e garantir-lhe o
regime especial de apuração do ICMS, poderia, em tese, implicar lesão ao patrimônio público, fato que
legitima a atuação do parquet na defesa do erário e da higidez da arrecadação tributária (STF RE
576155/DF);
6) pretender que o poder público forneça medicação de uso contínuo, de alto custo, não
disponibilizada pelo SUS, mas indispensável e comprovadamente necessária e eficiente para a
sobrevivência de um único cidadão desprovido de recursos financeiros;
7) defesa de direitos dos consumidores de energia elétrica;
8) defesa do direito dos consumidores de não serem incluídos indevidamente nos cadastros de
inadimplentes (REsp 1.148.179-MG).

O Ministério Público estadual possui legitimidade para atuar no STF e


no STJ de forma autônoma, ou seja, por meio de seu Procurador-Geral
de Justiça ou alguém por ele designado.
Dessa forma, atualmente, os interesses do Ministério Público Estadual
podem ser defendidos diretamente pelo Procurador-Geral de Justiça
no STF e STJ, não sendo necessária a atuação do Procurador-Geral da
República (chefe do MPU), como se entendia até então.
http://www.dizerodireito.com.br/2012/12/o-ministerio-publico-estadual-tem.html
Novo CPC – Aula 12/01/2015

Aula 01

Trata-se de um novo CPC, e não uma mera reforma.


Ela impacta em todas as esferas da Justiça, seja ela penal, eleitoral, civil etc.
Hoje vamos nos concentrar com os impactos no Direito Civil.
novocpc@kroton.com.br

Comentários de João Aguirre:

1) Ações possessórias coletivas e litisconsórcio passivo


multitudinário, art. 563 CPC.

Peculiaridades:
 Citação pessoal das pessoas que forem encontradas e por edital
das que não forem. Elas tem que ser procuradas no mínimo uma
vez, antes de serem citadas por edital.
 Intervenção do MP e defensoria para pessoas hipossuficientes.
 Necessidade de conciliação. Privilegia as relações humanas, a
solidariedade social etc.
 Necessidade de conciliação:
Posse velha (mais um ano e dia): para concessão de liminar deve o juiz
designar necessariamente audiência de conciliação.
No caso de posse nova o juiz que conceder liminar, mas esta durar mais de um
ano e dia deve haver conciliação também.

 Intimação dos órgão agrários.


 Este procedimento também se aplica no juízo petitório
 Há aqui o marco de um ano e um dia para a questão possessória.

Art. 563. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na
petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de
concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até
trinta dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º.

§ 1º Depois de concedida a liminar, se esta não for executada no prazo de um ano, a contar da
data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º
deste artigo.
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência; a Defensoria Pública
será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária
à efetivação da tutela jurisdicional.
4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou
do Distrito Federal, e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados
para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse na causa e a existência de
possibilidade de solução para o conflito possessório.
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.
 Participação obrigatória ou não do cônjuge (art. 73 NCPC) – correlação
1647 CC.
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de
bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I – que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação
absoluta de bens;
II – resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;
III – fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV – que tenha por objeto o reconhecimento, constituição ou extinção de ônus sobre imóvel de
um ou de ambos os cônjuges.
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. § 3º Aplica-se o
disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.

Separação absoluta de bens – celeuma quanto ao seu significado se abarca


separação legal e convencional.
Para João Aguirre o dispositivo supracitado abarca uma grande discussão:
aplicação da súmula 377 STF.
Para Pablo, a separação absoluta é a legal, aplicando-se a súmula 377 STF.
Assim, a dispensa da vênia conjugal do art. 73 apenas abarca a vênia conjugal
do regime de separação convencional.

2) Usucapião pela via extrajudicial:

 Acaba procedimento judicial especial do 941 do CPC. O NCPC altera a


lei 6.015 para incluir o 216-A.
 Necessidade de incluir ata notorial dos antecedentes e seus sucessores,
atestando o tempo de posse de cada um.
 Necessidade de planta.
 Manifestação em 15 dias do confinante e seu silêncio implica a
discordância e remessa do pedido para o juízo competente com
aditamento da inicial.
 União, Estado e Município devem se manifestar em 15 dias.
 Publicação de editais em 15 dias para possíveis interessados.

“Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento


extrajudicial da usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de
imóveis da comarca em que situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado,
representado por advogado, instruído com:
- ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus
antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
– planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de
anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, pelos
titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel
usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes;
- certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do
requerente;
IV – justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem da posse,
continuidade, natureza e tempo, tais como o pagamento dos impostos e taxas que incidirem
sobre o imóvel.
§ 1º O pedido será autuado pelo registrador; prorroga-se o prazo da prenotação até o
acolhimento ou rejeição do pedido.
§ 2º Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direito reais e de
outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula
dos imóveis confinantes, este será notificado pelo registrador competente, para manifestar seu
consentimento expresso em quinze dias, interpretado o seu silêncio como discordância; a
notificação pode ser feita pelo registrador pessoalmente ou pelo correio, com aviso de
recebimento.
§ 3º O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao
Município, para que se manifestem, em quinze dias, sobre o pedido. A comunicação será feita
pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou, ainda, pelo
correio, com aviso de recebimento.
§ 4º O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande
circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que podem
manifestar-se em quinze dias.
§ 5º Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas
diligências pelo oficial de registro de imóveis.
§ 6º Transcorrido o prazo de que trata o § 4º deste artigo, sem pendência de diligências na
forma do § 5º deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da
concordância expressa dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, o
oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas,
sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso. § 7º Em qualquer caso, é lícito ao
interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos desta lei.
§ 8º Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro de
imóveis rejeitará o pedido.
§ 9º A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião.
§ 10. Em caso de impugnação ao pedido de reconhecimento extrajudicial da usucapião,
apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por
algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis
remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo ao
requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum.”

3) Revogação expressa do art.456 CPC e denunciação da lide per saltum:


Atual 125,I do NCPC

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I– ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao
denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;

4) 798 a 803 do CPC – ineficácia da alienação da coisa alheia.

5) Regula penhora em direito de superfície:


O direito de superfície substituiu a enfiteuse, mas é pouco aplicado por falta de
previsão no processo. Esta previsão instrumentaliza o direito de superfície.
Art. 790. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo
o proprietário de terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o
superficiário, responderá pela dívida, exclusivamente, o direito real do qual é
titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de constrição
exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou
plantação, no segundo caso.
§ 1º Os atos de constrição a que se refere o caput serão averbados
separadamente na matrícula do imóvel, no registro de imóveis, com a
identificação do executado, do valor do crédito e do objeto sobre o qual recai o
gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde pela dívida, se o
terreno, a construção ou a plantação, de modo a assegurar a publicidade da
responsabilidade patrimonial de cada um deles pelas dívidas e obrigações que
a eles estão vinculadas.
§ 2º Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse, à concessão
de uso especial para fins de moradia e à concessão de direito real de uso.

6) Direito de retenção: deve se dar no momento da contestação;

Pablo trata sobre o NCPC e direito das famílias:


A) O NCPC dedicou um capítulo ao direito de família, ao passo que
atualmente apenas há regramentos isolados.

Art. 317 NCPC – qualifica a parte na inicial, exigindo a informação da união


estável, apesar de esta não alterar o estado civil.
Art. 317. A petição inicial indicará:
I – o juízo a que é dirigida;
II – os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número no cadastro de pessoas físicas ou no cadastro nacional de pessoas jurídicas, o
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV – o pedido com as suas especificações;
V– o valor da causa;
VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere
o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida, pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste
artigo, se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o
acesso à justiça.

B) Nas ações de família o réu é citado (pessoa natural), mas não há cópia
da petição inicial. Isso não acarreta violação do contraditório.

C) Audiência de conciliação e mediação pode ser fracionada em quantas


forem necessárias, mas isso tem que ser visto com cautela, pois pode
haver abuso em protelar.

Quando a causa envolver abuso ou alienação parental a parte deve


ouvir o incapaz com especialista.
Art. 698. Quando a causa envolver a discussão sobre fato relacionado a abuso ou alienação
parental, o juiz deve estar acompanhado por especialista ao tomar o depoimento do incapaz.
Pablo critica a nova lei que estabelece a guarda compartilhada como regra,
alegando que deve ser vista com ressalva, pois a sua obrigatoriedade em falta
de acordo, quando não há mínimo de diálogo gera a judicialização de mínimos
detalhes. Ex. pais com guarda compartilhada não concordam com coisas
banais, como cor de sapato.

Tese do depoimento sem dano do incapaz: para que o juiz possa


compreender as reações do incapaz, é necessário um especialista, pois o juiz
pode conduzir uma determinada resposta. Ex. abuso sexual do menor – a
colheita do testemunho pode comprometer todo o processo.
Trata-se de uma regra no NCPC de qualquer depoimento de incapaz.
Ex. Necessidade de intérprete na colheita de depoimento do portador de
deficiência.

Preocupação com a nomenclatura e a dignidade da pessoa no processo.


Ex. Portador de deficiência.
Ex. interditando não recebe mais esta nomenclatura. Ele é chamado de
entrevistado.

Tempo da prisão civil:


Estabelece claramente que o tempo de prisão é de 1 a 3 meses em regime
fechado.
As ordens judiais, qual seja, sentença de alimentos podem ser protestadas,
além de ser inseridas nos serviços de cadastro de proteção ao crédito.
Isso na verdade pode ser feito atualmente em todas as decisões judiciais, mas
poucas pessoas sabiam disto.
Art. 526. No cumprimento de sentença que condena ao pagamento de prestação alimentícia
ou de decisão interlocutória que fixa alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará
intimar o executado pessoalmente para, em três dias, pagar o débito, provar que o fez ou
justificar a impossibilidade de efetuá-lo. Caso o executado, nesse prazo, não efetue o
pagamento, prove que o efetuou ou apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o
juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto
no art. 515.
§ 1º Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o
inadimplemento.
§ 2º Se o executado não pagar, ou não for aceita a justificação apresentada, o juiz, além de
mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do caput, decretar-lhe-á a prisão pelo
prazo de um a três meses.
§ 3º A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos
presos comuns.
§ 4º O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e
vincendas.
§ 5º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
§ 6º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as
três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do
processo. § 7º O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão
desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será
admissível a prisão do executado e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito
suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da
prestação. § 8º Além das opções previstas no art. 515, parágrafo único, o exequente pode
promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de

Art. 515. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da
lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 521.
§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.
§ 2º A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de três dias e indicará o nome
e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a
data de decurso do prazo para pagamento voluntário. § 3º O executado que tiver proposto
ação rescisória para impugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob sua
responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título protestado.
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz,
mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de três dias, contado da data de protocolo
do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.

Súmula 309 STJ foi reproduzida no NCPC. Mas e no caso de o devedor


propositalmente haja com abuso de direito pagando de 3 em 3 meses para
evitar de ser preso?
Art. 5º NCPC – cláusula geral de boa-fé processual, abarcando o abuso de
direito como ilícito atípico.
Para Didier, no caso supracitado não caberia prisão, pois haveria conflito de
princípio e regra, devendo prevalecer a regra. Sendo assim, Didier defende
outras medidas coercitivas que não

Consentimento do companheiro para interposição de ação real


imobiliária:
Só se aplica a união estável documentada. Esta regra é absurda, pois
diferencia uma situação de fato que não deve ser distinguia.
Seria qualquer documento de união estável ou é somente o registrado? Se for
qualquer um, pode o litigante de má-fé fazer um contrato particular pré-datado
para se esquivar de processo em que esteja perdendo, pois alega que seu
companheiro não deu a vênia que esteja perdendo no polo ativo ver que está
perdendo alegar que o processo deve ser anulado por

O NCPC expressamente dispõe que o acordo extrajudicial não precisa


ser homologado pelo juízo e mesmo assim acarretar a execução na
ação de alimentos.

Interdição:
Legitimidade: amplia o rol que antes era só do MP.
cônjuge ou companheiro (não previu o da concumbina);
parentes ou tutores;
representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando;
MP quando houver doença mental grave.

Art. 746. A interdição pode ser promovida:


I – pelo cônjuge ou companheiro;
II – pelos parentes ou tutores;
III – pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando;
IV - pelo Ministério Público.
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que acompanhe a
petição inicial.

Aula 02
Novo CPC e Direito Administrativo:
O impacto do NCPC se dá de 2 formas: pode ser administrativo estrito
(administração judiciária) e quanto a processualização das causas
administrativas.
O art. 8º do NCPC reproduz quase que integralmente o texto do art.37 CF e
incorpora o Princípio da Eficiência.

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

O juiz terá que ser o gestor de um processo eficiente, mas é ainda necessário
construir este conceito.

MARINELA:
Trata-se de um código democraticamente construído e muito criterioso
em termos técnicos.
O Direito Administrativo não tem legislação própria no que tange o
processo.
O que mais fala de processo administrativo é a Lei 9784/99. Sendo assim, o
direito administrativo se utiliza muito do CPC.
Inclusive na gestão do processo (judiciário administrando o processo) é
necessário recursos
Outra vertente é o NCPC na Fazenda Pública.
Art.88 CPC falava dos prazos na Fazenda Pública.
Agora tanto na contestação quanto nos recursos com prazos genéricos será,
em regra, o dobro. Entretanto, quando tiver um prazo específico na lei será ele
e não em dobro.
Ex. ECA prevê que MP vai recorrer em 10 dias e não em dobro.
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o ente público.

Intimação pessoal.
O ente Público em regra era intimado na pessoa do gestor. Entretanto, este
trâmite gerava morosidade. Sendo assim, as intimações e citações serão feitas
diretamente na advocacia pública.

Não há um primor técnico na legislação quanto notificação, intimação e


citação.
Entretanto, com a diversidade de instrumentos, os prazos serão contados a
partir de qualquer um deles. Isso termina com uma celeuma antiga.

Processo eletrônico:
Atualmente os advogados já estão mais acostumados, mas os ógãos públicos
não estão preparados, pois não atuam de forma constante.
O NCPC fala da obrigatoriedade do cadastro do meio é eletrônico. Empresas e
entes públicos e privados precisam se preparar, mantendo um cadastro
permitindo a intimação por meio eletrônico.
Exceção: ME e EPP não precisam ter este cadastro.
Reexame necessário:
As regras do art. 475 CPC foram alterados. Houve uma escalonamento de
valores para cada ente, ou seja, os valores não são iguais.

Art. 494. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
I – proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público; II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os
embargos à execução fiscal.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, ultrapassado o prazo sem que a apelação tenha sido
interposta, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal; se não o fizer, o presidente do
respectivo tribunal avocá-los-á. Em qualquer desses casos, o tribunal julgará a remessa
necessária.
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico
obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I – mil salários mínimos para União e as respectivas autarquias e fundações de direito
público;
II – quinhentos salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas
autarquias e fundações de direito público, e os Municípios que constituam capitais dos
Estados;
III – cem salários mínimos para todos os demais municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.
§ 3º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I –
súmula de tribunal superior;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência;
IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do
próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

Sempre que haver parecer, súmula, orientação vinculante, não haverá remessa
necessária. Isso dá um grande poder aos entes da administração e a
jurisprudência administrativa do órgão. Isso exige uma maior organização da
adminsitração
Ex. Súmulas da AGU.

Ação monitória:
A jurisprudência já defendia que era possível a ação monitória em face da
Fazenda Pública.

Art. 699. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I – o pagamento de quantia em dinheiro; II – a entrega de coisa fungível ou infungível ou de
bem móvel ou imóvel;
III – o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.
§ 1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente
nos termos do art. 379.
§ 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso:
– a importância devida, instruindo-a com memória
de cálculo;
– o valor atual da coisa reclamada;
– o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido pelo autor.
§ 3º O valor de causa deverá corresponder à importância prevista no § 2º, incisos I a III.
§ 4º Além das hipóteses do art. 328, a petição inicial será indeferida quando não atendido o
disposto no § 2º.
§ 5º Havendo dúvida quanto à idoneidade da prova documental apresentada pelo autor, o juiz
intimá-loá para, querendo, emendar a petição inicial para adaptá-la ao procedimento comum.
§ 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.
§ 7º Na ação monitória admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o
procedimento comum.

4) Distribuição dinâmica do ônus da prova:


O art.15 NCPC dispõe que o NCPC é aplicado subsidiariamente ao processo
administrativo. É uma nova norma com reforço argumentativo do que já é feito
atualmente. Um deles é a distribuição dinâmica do ônus da prova.
Essa é uma alteração muito importante, principalmente no que tange ao dirieto
administrativo.
Art. 355. Não ocorrendo qualquer das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de
saneamento e de organização do processo:
III– definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 371

Art. 371. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu
direito;
II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa, relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova
de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada. Neste caso, o juiz deverá dar à
parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência
do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes,
salvo quando:
- recair sobre direito indisponível da parte;
- tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.

Há artigos que são textos novos, mas a norma é antiga. São pseudo
novidades.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate
de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

O NCPC também tem normas simbólicas que possuem uma alta carga política.
Ex. Reafirmação do papel do CNJ como curador do NCPC.
Art. 1067. O Conselho Nacional de Justiça promoverá, periodicamente, pesquisas estatísticas
para avaliação da efetividade das normas previstas neste Código.

Há normas com eficácia argumentativa e que já chamam os seus operadores a


se organizarem e instrumentalizarem no tempo de vacacio, inclusive em termos
orçamentários.
Ex. tribunais já devem se organizar este ano criando os centros judiciários.
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos,
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, e pelo
desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 1º A composição e a organização do centro serão definidas pelo respectivo tribunal,
observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. § 2º O conciliador, que atuará
preferencialmente nos casos em que não tiver havido vínculo anterior entre as partes, poderá
sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento
ou intimidação para que as partes conciliem. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente
nos casos em que tiver havido vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo
restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem
benefícios mútuos.

5) Prova emprestada:
Poderá ocorrer, inclusive no processo administrativo.

6) Denunciação da lide na reparação civil


Ela está atrelada ao direito de regresso. Isso se aplica ao servidor, ou seja, ele
deveria ingressar na ação junto com o Estado.
Atualmente, doutrina disse que que sim; STJ disse que não poderia haver
(fatos novos).
O NCPC prevê que é possível a denunciação da lide.
O STF não admite a responsabilidade per saltum, ou seja, diretamente contra o
servidor. O STJ mudou seu entendimento, alegando que é possível ao
administrado entrar contra o Estado ou contra o servidor.

7) Litisconsórcio eventual:
Formula 2 pedidos, sendo cada um destinado a réus diferentes.

FABRÍCIO BOLZAN:
Tratará de pontos específicos da Administração Pública.

Agora a intimação é pessoal na própria procuradoria, evitando a perda


de prazo.

Regime de direito administrativo com prerrogativas e sujeições. O prazo


em quádruplo/dobro era uma grande celeuma. Agora a regra é em
dobro.

Serão dados 30 dias para a Administração se cadastrar.


Art. 1049. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, suas respectivas entidades
da administração indireta, o Ministério Público, a Defensoria Pública e a Advocacia Pública, no
prazo de trinta dias a contar da data da entrada em vigor deste Código, deverão se
cadastrar perante a administração do tribunal no qual atue para cumprimento do disposto nos
arts. 244, § 2º, e 268, parágrafo único.

Obrigatoriedade do parecer jurídico.

Responsabilidade do administrador, juiz no caso de dolo ou fraude.

Pergunta: uma agência reguladora pode intervir em um processo como amicus


curae? Se sim em que condições. Se não, por quê?

Honorários advocatícios do advogado público, na forma da lei.


Deverá ter lei, uma vez que as procuradorias há advogados atuando na parte
consultiva e outra na litigiosa.

Art. 84 § 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários
observará os critérios
I – mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até duzentos salários mínimos;
II – mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de duzentos salários mínimos até dois mil salários mínimos;
III – mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido acima de dois mil salários mínimos até vinte mil salários mínimos;
IV – mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido acima de vinte mil salários mínimos até cem mil salários mínimos;
V – mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de cem mil salários mínimos.
§ 4º Em qualquer das hipóteses do § 3º:
I– os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo quando for líquida
a sentença;
- não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos dos referidos incisos,
somente ocorrerá quando liquidado o julgado; III – não havendo condenação principal ou não
sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á
sobre o valor atualizado da causa;
IV - será considerado o salário mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que
estiver em vigor na data da decisão de liquidação. § 5º Quando, conforme o caso, a
condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o
valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do percentual de
honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim
sucessivamente.
§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independentemente de qual seja
o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou extinção do processo sem
resolução do mérito.
§ 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que
enseje expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.
§ 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o
valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa,
observando o disposto nos incisos do § 2º.
§ 9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá
sobre a soma das prestações vencidas com mais doze prestações vincendas.
§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao
processo.
§ 11. O tribunal, ao julgar o recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto
nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos
ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para
a fase de conhecimento.
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções
processuais, inclusive as previstas no art. 77.
§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados
improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito
principal, para todos os efeitos legais.
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em
caso de sucumbência parcial.
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja
efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se
à hipótese o disposto no § 14.
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão a
partir da data do trânsito em julgado da decisão.
§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria. § 18. Caso a
decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é
cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.
§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei.

O código disciplina a forma de julgamento de causas repetitivas:


Isso é muito relevante para a Administração Pública, pois lida muito com este
tipo de causas, pois são vinculantes. Assim, a estratégia para a formação do
precedente terá que ser muito importante.
O novo CPC exige do operador do Direito um profundo entendimento do Papel
da justiça, Teoria dos precedentes, Teoria das normas etc.
A administração vive da repercussão geral e súmula vinculante.

DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS

Art. 975. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando


houver, simultaneamente:
– efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão
unicamente de
direito;
– risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
§ 1º A desistência ou o abandono da causa não impede o exame do mérito do incidente. § 2º
Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá
assumir sua titularidade em caso de desistência ou de abandono.
§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer
de seus pressupostos de admissibilidade não impede que, uma vez presente o pressuposto
antes considerado inexistente, seja o incidente novamente suscitado.
§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais
superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de
tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva.
§ 5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas
repetitivas.

Art. 976. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao Presidente do Tribunal:


- pelo juiz ou relator, por ofício;
– pelas partes, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública.
Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à
demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente.

Art. 977. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre
aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.
Parágrafo único. O órgão colegiado, incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica,
julgar
a) Juiz poderá notificar agências reguladoras para
Art. 1.037 § 6º Se o recurso tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço concedido,
permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à
agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes
sujeitos a regulação, da tese adotada.

b) Cláusula geral de negociação sobre o processo.


Partes poderão ajustar adaptações processuais negociadas.
Ex. foro processual, suspensão convencional do processo.
O NCPC cria a cláusula geral de negociação.
Para Didier isso é possível acontecer em âmbito administrativo –
contratualização administrativa.
Ex. acordo de cotistas com cláusula que qualquer ação proposta por este
acordo, tem como colocar como réus todos os presentes no contrato – trata-se
de litisconsórcio necessário convencionado.
Ex. acordo para não ter perícia, não ter recurso especial.

c) Hierarquia dos entes no que tange a desapropriação:


O NCPC revogou expressamente do art.22 na Lei de Desapropriação Dec Lei
25/37 (Lei de tombamento).
O direito de remissão é o direito de resgatar o bem que foi arrematado. Ele não
existe no CPC desde 2006, mas havia remissões no texto extravagante.
O NCPC traz a ideia de direito de preferência no leilão. O NCPC Não
resolveu a preferência de União, Estados e Municípios. Assim, não há mais
remissão, mas direito de preferência.

Aula 03 – Direito Constitucional


Inovações do NCPC:
 Teoria Geral do Processo Civil.
 As defesas foram sumariamente compactadas;
 Acabaram os penduricalhos. Ex. nomeação a autoria
 Acabaram as cautelares específicas.
 Acabou o processo sumário

NATÁLIA MASSON:
1) A explosão de litigiosidade no Brasil é um grande impasse na justiça
atual.
Atualmente caíram 50% das ações no STF principalmente em razão das
súmulas vinculantes e repercussão geral. Sendo assim, o NCPC passa a
instrumentalização da constitucionalização do direito.
A CF/88 é prolixa, pois abarca em seu texto todos os ramos do direito, típico de
democracias tardias.
Toda axiologia constitucional irradia para os demais ramos do direito. Neste
contexto, faz-se necessário a análise da Teoria Geral do Processo no novo
CPC que reproduz em muitas partes a CF/88.

CAPÍTULO I
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO
CIVIL

Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as


normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil,
observando-se as disposições deste Código.

2) O Neoconstitucionalismo traz em sua terceira vertente a ideia de


hermenêutica jurídica, inclusive atinente a aplicação dos princípios. Sendo
assim, observa-se que o NCPC traz a ideia de uma correta utilização de
nomenclaturas técnica. de cláusulas gerais (relevância política, econômica;
moral e bons costumes etc) com uma participação maior do juiz.

3) No que tange o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição é


resignificado, uma vez que os meios alternativos de resolução de conflitos, em
algumas situações são vistos como uma via mais propícia para a pacificação
social. Para Natália, estes institutos não representam uma violação ao brocardo
supracitado, uma vez que não

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.


§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.

Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

Em caso do As fontes do direito são utilizadas pelo magistrado.

3.1) Condições da Ação e inafastabilidade


Art. 17, 334,XI ??
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Possibilidade jurídica do pedido foi retirada como condição da ação.

Ex. Habeas Data exige como condição da ação o interesse de agir, qual seja,
negativa da administração ou omissão na resposta.
Isso não representa violação na inafastabilidade da jurisdição.

4) Princípio da Celeridade:
Para Natalia a nomenclatura ideal é razoável duração do processo.
Art. 4º As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída
a atividade satisfativa.
A razoável duração do processo é um desdobramento do devido processo
legal substantivo.
Deve-se considerar para isso o aparelhamento judiciário (ex. não tinha fax em
cartório); o juiz como gestor de processo (deve administrar o cartório) o que
atrapalha a atividade judicial.

Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para
proferir sentença ou acórdão.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput:
– as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência
liminar do pedido;
– o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento
de casos repetitivos;
– o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
IV – as decisões proferidas com base nos arts. 483 e 931;
– o julgamento de embargos de declaração;
– o julgamento de agravo interno; VII – as preferências legais e as metas estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Justiça;
– os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham
competência penal;
– a causa que exija urgência no julgamento assim reconhecida por decisão fundamentada.

Como conciliar os casos fáceis e difíceis em uma ordem cronológica?


A impessoalidade, isonomia garantem esta cronologia. A disponibilização da
cronologia na internet garante o Princípio Republicano.

5) Princípio do Contraditório:

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e


faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que esta seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I – à tutela provisória de urgência;
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no
art. 309, incisos II e III; III – à decisão prevista no art. 700.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate
de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

Decisão de ofício não significa que o juiz não tenha que ouvir as partes.
A CF consagra o contraditório e ampla defesa de ampla defesa de maneira
genérica restrigindo-se ao seu aspecto formal. O NCPC é uma aplicação
específica do contraditório no aspecto substancial.

6) Princípio da Isonomia:
Uma das grandes preocupações do NCPC é explicitar qual recurso cabível
especificamente.
O incidente de demandas repetitivas permite isso.
Não há mais agravo retido no NCPC.

As decisões que não cabem agravo de instrumento receberiam um


contraditório/ efeito devolutivo diferido, p.ex. em apelação.

7) Princípio da Publicidade
11, 188
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada somente a presença
das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
Art. 188. Os atos processuais são públicos. Tramitam, todavia, em segredo de justiça os
processos:
I – em que o exija o interesse público ou social;
II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Parágrafo único. O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça
e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. O terceiro que
demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem
como de inventário e partilha resultante de divórcio ou separação.

No que tange aos dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade –


art. 93, IX CF – Natalia defende sua atecnicidade, uma vez que ao invés da
intimidade, deveria ser a privacidade.

8) Princípio da Segurança Jurídica:


O procedimento é uma expressão da segurança jurídica.
O NCPC traz uma flexibilização do processo quando demonstrar entrave a
efetivação do direito. Houve várias críticas alegando possibilidade de
arbitrariedade jurisdicional.

Neoprivatismo: partes e juízes podem versar sobre o processo – art. 189


Art. 189. Versando a causa sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes
ou durante o processo.
§ 1º De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.
§ 2º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.
§ 3º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de
audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
§ 4º De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste
artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou inserção abusiva em
contrato de adesão ou no qual alguma parte se encontre em manifesta situação de
vulnerabilidade.

9) Princípio da Fundamentação:
Outra faceta do Princípio da Segurança Jurídica é a segurança das decisões. O
NCPC diz o que não é fundamentação.

Art. 486 §1
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que:
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida;
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
III– invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV– não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar
a conclusão adotada pelo julgador;
V– se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;
VI– deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do
entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da
ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada
e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos
e em conformidade com o princípio da boa-fé.

O §1º impede o decisionismo do juiz e relativismo das decisões.


IV, V, VI – a adoção de precedentes deve ser fundamentada, ou seja, a ratio
descidendi deve ser demonstrada, não bastando fundamentar que um tribunal
superior o adota.
Isso é importante, ainda mais porque demonstra a superação de um
precedente (overruling, overeading), caso ocorra.
Neste contexto, a teoria dos precedentes ganha uma enorme relevância no
NCPC.

O §2º crítica: menciona colizão de normas e a técnica de ponderação e abrir


possibilidade de decisionismo do juiz.
Em rigor não há ponderação de normas, mas sim de princípios que são
mandados de otimização.
Ademais a técnica alexyana de ponderação foi erroneamente empregada pelos
tribunais superiores. O autor defende na teoria da argumentação por questões
racionais, o que não é corretamente empregado nos tribunais superiores.
Ex. HC82424

10)Recursos:

Teoria do Recurso Prematuro


1ª vertente: recurso protocolizado antes do prazo (extemporâneo) era
considerado inexistente, ante a preclusão consumativa.
2ª vertente: cabimento de REsp é o prévio esgotamento das instâncias
anteriores.
Súmula 418 STJ:
1023, §4º; 216§4º - trouxe o Princípio da Complementaridade
§ 4º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte, antes da publicação do julgamento
dos embargos de declaração, será processado e julgado independentemente de ratificação.
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Art. 1.023§3
§ 3º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o
direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
quinze dias, contados da intimação da decisão dos embargos de declaração.

10.2- Erro material é outro requisito para embargos de declaração.


10.3- Prequestinamento ficto. A admissibilidade do Resp exigia a súmula 211
STJ. O STF defende o prequestionamento ficto se você fez tudo o que
precisava tanto no Resp quanto no RE.

11) Amicus Curae:


O terceiro pode ter:
 Interesse jurídico
 Interesse econômico
 Interesse institucional: amicus curae.

Atualmente, os tribunais entendem que o amicus curae é uma intervenção de


terceiros sui generis. O NCPC colocou como “intervenção de terceiros”.
Pode ser pessoa física ou jurídica, mas não necessariamente aplica-se em
todas as possibilidades presentes, uma vez que no controle de
constitucionalidade concentrado exige-se alguns parâmetros.
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema
objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível,
de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir
a manifestação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de quinze dias da sua intimação.
§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a
interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do
§ 3º.
§2º Caberá ao juiz ou relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os
poderes do amicus curiae.
§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas

Aula 04 – NCPC e o Direito Penal:

Nestor Távora e Cléber Masson.

1) Condições da Ação:
O atual CPC traz o PIL com a influência do Liebman. O próprio Liebman
entendeu que a possibilidade jurídica do pedido poderia se dividir em interesse
de agir ora como pressuposto processual. Assim, restaram o interesse e a
legitimidade como condições da ação, o que foi refletido no NCPC.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

11.719 – art.395 CPP – a ausência de condição da ação acarreta a inépcia da


inicial e sua rejeição. A dificuldade é saber o conteúdo da “condição da ação”,o
que para Távora será diferente do Processo Civil e Penal.

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008).

As condições da ação permanecem


É preciso repaginar a ideia de condições da ação em 4 itens:
O fato apurado tem que ao menos ter tipicidade (material e formal), ilicitude,
legitimidade e justa causa (lastro probatório mínimo).

A absolvição sumária é o julgamento antecipado do mérito. Ocorre após a


apresentação da resposta escrita.
A defesa pode trazer preliminar processual ou de mérito. Isso não impede a
declaração de nulidade dos atos pelo juiz, como p.ex. o recebimento da
própria inicial.
A ilegitimidade seria uma negativa de autoria. Não obstante o art. 397 CPP não
revelar a negativa de autoria como fundamento de absolvição sumária, trata-se
de um rol exemplificativo.

No NCPC, a Teoria da Asserção não está prevista. Neste caso, as preliminares


se confundem com o mérito e assim, há um juízo sumário de cognição na
análise dessas preliminares. Isso é muito utilizado no STJ.

O arquivamento da investigação preliminar (inquérito) por convencimento do


promotor e a homologação do requerimento pelo juiz faz coisa julgada material.

O não recebimento está pautado apenas em argumentos processuais. Isso não


impede a repropositura.
Se o juiz rejeitar a inicial acusatória é uma decisão de mérito, fazendo coisa
julgada material. Entretanto, segundo o CPP, cabe RESE (deveria ser
apelação).

2) Princípio da Cooperação:
Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se tenha
decisão de mérito justa e efetiva.

Masson: essa ideia é complicada, pois o réu muitas vezes busca uma
prescrição ou adiar uma condenação. Ademais a celeridade do processo não
acarretaria a supressão de garantias.
Não é possível que o réu colabore com a sua própria condenação em termos
práticos.

Távora: o Princípio da cooperação entendido como auxílio no processo vai de


encontro a própria ideia da autoincriminação.
Outra vertente é o duty to mitigate the loss considerando o Sistema de
flexibilização das Nulidades. Os tribunais exigem que mesmo em nulidades
absolutas deve haver preclusão e demonstração de prejuízo, caso não sejam
arguidas em tempo oportuno. Távora vê com preocupação esta ideia.

3) Provas:
Art. 370. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-
lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.

Trata-se de uma prova atípica, pois ela é um documento, mas em seu conteúdo
há uma prova testemunhal.
No CPP como será feito o contraditório.
Ex. ação de improbidade administrativa. O MP conduz inquérito civil. Algumas
vezes o MP se utiliza o inquérito civil em ações penais.

Távora alega que não havia disciplina sobre prova emprestada. O NCPC foi
vanguardista ao trazer o supracitado dispositivo, o que será utilizado no CPP.

4 requisitos trazidos pela doutrina:


 Identidade das partes.
 Respeito ao contraditório em ambos os processos.
 A prova tem que ser lícita
 A prova tem que ser útil àquela realidade prática.

Obs. A gravação telefônica não poderia ser utilizada como prova emprestada
para todas as situações. A Lei 9296 expressamente dispõe que deve ser feita
em processo penal. Assim, ela é a ultima ratio, então deve ser feita apenas
com regulamentação legal.

Ex. interceptação telefônica como prova emprestada em procedimento


administrativa para expulsão de PM foi admitida por tribunais.

Daniel Amorim pondera que a prova emprestada por vezes é o único


subterfúgio para comprovar os fatos.

Para Barbosa Moreira o contraditório é condição de eficácia e não de validade


de uma prova. Assim, para Daniel, não necessariamente tem que ser realizada
perante o juiz para ser válida e eficaz, como ocorre muitas vezes nos EUA. Ex.
juiz indo em um parque com crianças para colher testemunhos é eficaz, mas
não seria válido.

4) Livre convencimento motivado:


Medida cautelar de natureza pessoal ou real.
Fundamentação per relationi: Magistrado motiva decisão de prisão preventiva e
alegando que concorda com os argumentos de defesa.
Deve justificar o convencimento e o periculum libertatis, não se justificando o
perigo do crime.
Para ordem pública é tudo e nada: repercussão social do fato e clamor público,
gravidade abstrata. Isso gera uma enorme insegurança e injustiça.
Art. 282 CPP – contraditório prévio nas medidas cautelares não prisionais.
§ 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao
receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária,
acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em
juízo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Daniel considera que o livre convencimento motivado não está ligado à


atividade jurídica, pois sempre adstrito a lei. Para Daniel, o livre convencimento
está ligado apenas a valoração probatória.

§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que:
– não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
A fundamentação suficiente foi substituída pela fundamentação exauriente.
Daniel acha isso absurdo.

Fundamentação per relatione: relator em agravo interno faz referência a sua


própria decisão monocrática. O NCPC expressamente veda isso.
§ 3º É vedado ao relator se limitar à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para
julgar improcedente o agravo interno.
5) Agravo de instrumento:
O NCPC limitou a possibilidade de agravo de instrumento.
RESE art.581 – Princípio da Irrecorribilidade das Interlocutórias, exceto nas
hipóteses taxativas do RESE.
A LEP trouxe o agravo em execução padronizando o sistema criminal nas
decisões interlocutórias.
O agravo de instrumento no NCPC pode ser um retrocesso, uma vez que os
operadores vão se valer de ações autônomas de impugnação, quais sejam MS.

Pergunta: o princípio da cooperação é aplicado ao processo penal?

Obs. O NCPC acabou com os embargos infringentes. O CPP continua tendo


embargos infringentes
A supressão de exceção de incompetência também não será aplicada ao CPP.
Nova contagem de prazo em dia útil não será utilizado no CPP (súmula 710).

6) Incidente de resolução de demandas repetitivas no CPP:


Muitas vezes em varas diferentes a preventiva era decretada e isso gera
prejuízo. Cléber defende uma uniformização das decisões na seara criminal.

Olá amigos do Dizer o Direito,

Foi publicada na sexta-feira (14/11/2014), a Lei n. 13.043/2014, que trata sobre uma
infinidade de assuntos. Para terem uma ideia, a título de curiosidade, vejam o tamanho
da ementa da Lei:

Dispõe sobre os fundos de índice de renda fixa, sobre a responsabilidade tributária na


integralização de cotas de fundos ou clubes de investimento por meio da entrega de
ativos financeiros, sobre a tributação das operações de empréstimos de ativos
financeiros e sobre a isenção de imposto sobre a renda na alienação de ações de
empresas pequenas e médias; prorroga o prazo de que trata a Lei n.  12.431, de 24 de
junho de 2011; altera as Leis n. 10.179, de 6 de fevereiro de 2001, 12.431, de 24 de
junho de 2011, 9.718, de 27 de novembro de 1998, 10.637, de 30 de dezembro de 2002,
10.833, de 29 de dezembro de 2003, 12.996, de 18 de junho de 2014, 11.941, de 27 de
maio de 2009, 12.249, de 11 de junho de 2010, 10.522, de 19 de julho de 2002, 12.546,
de 14 de dezembro de 2011, 11.774, de 17 de setembro de 2008, 12.350, de 20 de
dezembro de 2010, 9.430, de 27 de dezembro de 1996, 11.977, de 7 de julho de 2009,
12.409, de 25 de maio de 2011, 5.895, de 19 de junho de 1973, 11.948, de 16 de junho
de 2009, 12.380, de 10 de janeiro de 2011, 12.087, de 11 de novembro de 2009, 12.712,
de 30 de agosto de 2012, 12.096, de 24 de novembro de 2009, 11.079, de 30 de
dezembro de 2004, 11.488, de 15 de junho de 2007, 6.830, de 22 de setembro de 1980,
9.532, de 10 de dezembro de 1997, 11.196, de 21 de novembro de 2005, 10.147, de 21
de dezembro de 2000, 12.860, de 11 de setembro de 2013, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, 9.250, de 26 de dezembro de 1995, 12.598, de 21 de março de 2012, 12.715, de
17 de setembro de 2012, 11.371, de 28 de novembro de 2006, 9.481, de 13 de agosto de
1997, 12.688, de 18 de julho de 2012, 12.101, de 27 de novembro de 2009, 11.438, de
29 de dezembro de 2006, 11.478, de 29 de maio de 2007, 12.973, de 13 de maio de
2014, 11.033, de 21 de dezembro de 2004, 9.782, de 26 de janeiro de 1999, 11.972, de 6
de julho de 2009, 5.991, de 17 de dezembro de 1973, 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
9.514, de 20 de novembro de 1997, 11.775, de 17 de setembro de 2008, 10.150, de 21 de
dezembro de 2000, e 10.865, de 30 de abril de 2004, e o Decreto-Lei n.  911, de 1º de
outubro de 1969; revoga dispositivos do Decreto-Lei n.  1.569, de 8 de agosto de 1977,
das Leis n.s 5.010, de 30 de maio de 1966, e 8.666, de 21 de junho de 1993, da Medida
Provisória n. 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, e do Decreto-Lei n.  1.598, de 26 de
dezembro de 1977; e dá outras providências.

Como visto acima, a Lei n. 13.043/2014 tratou sobre diversos assuntos. Neste post irei
analisar apenas a alteração promovida pela novidade legislativa na EXECUÇÃO
FISCAL (Lei n. 6.830/80).

Para que fique melhor de entender o que mudou, vou começar explicando em que
consiste a execução fiscal, qual é o seu procedimento e, assim, quando chegarmos nas
partes alteradas eu destaco para você.

EXECUÇÃO FISCAL

Conceito
Execução fiscal é...
- a ação judicial proposta pela Fazenda Pública (União, Estados, DF, Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações)
- para cobrar do devedor
- créditos (tributários ou não tributários)
- que estão inscritos em dívida ativa.

A execução fiscal é regida pela Lei nº 6.830/80 (LEF) e, subsidiariamente, pelo CPC.

O procedimento da execução fiscal é especial e bem mais célere que o da execução


“comum”.

Petição inicial
A execução fiscal começa com a petição inicial proposta pela Fazenda Pública, que é
uma peça processual muito simples, normalmente de uma ou duas páginas indicando
apenas:
I - o Juiz a quem é dirigida;
II - o pedido; e
III - o requerimento para a citação.

A petição inicial deverá ser instruída com a Certidão da Dívida Ativa (CDA), que dela
fará parte integrante, como se estivesse transcrita.
A petição inicial e a CDA poderão constituir um único documento, preparado inclusive
por processo eletrônico.

Despacho do juiz (art. 7º da LEF)


Se a petição estiver em ordem, o juiz irá proferir um “despacho” deferindo a inicial e
determinado que o executado seja citado.

Opções do executado:
Depois de citado, o executado terá um prazo de 5 dias para adotar uma das seguintes
opções:
1º) pagar a dívida cobrada;
2º) garantir a execução;
3º) não pagar nem garantir.

Opção 1: pagamento
Se o executado decidir pagar o valor cobrado, a execução é extinta.
O pagamento deve ser feito por meio de depósito em conta bancária vinculada ao juízo.

Opção 3: não pagar nem garantir a execução


Se o executado não pagar nem garantir a execução, o juiz determinará a penhora de
bens.
Penhora é o ato pelo qual são apreendidos bens do devedor que serão utilizados para
satisfazer o crédito executado.

Opção 2: se o executado decidir garantir a execução, o que significa isso? Como ele
faz?
O executado deve escolher essa opção quando ele não concordar com a dívida que está
sendo cobrada e desejar se defender no processo, demonstrando que não deve aquele
valor.
Para isso, o devedor não precisa pagar a dívida imediatamente, mas deverá oferecer uma
garantia de que, se perder a demanda, terá como quitar o débito.
Oferecendo a garantia, o executado tem duas vantagens:
• Evita que a Fazenda Pública indique bens do devedor que serão penhorados;
• Ganha o direito de poder oferecer uma defesa no processo chamada de “embargos à
execução” (§ 1º do art. 16), que é um instrumento de defesa mais amplo que a exceção
de pré-executividade (que dispensa a garantia do juízo).

Quais as formas por meio das quais o devedor poderá oferecer a garantia do juízo?
Antes da Lei n. 13.043/2014, o devedor poderia oferecer a garantia do juízo de três
modos:
a) DEPÓSITO EM DINHEIRO: o executado faz o depósito em dinheiro do valor
cobrado em uma instituição bancária oficial de crédito (ex: Caixa Econômica Federal);
b) FIANÇA BANCÁRIA: o executado apresenta uma fiança bancária, documento no
qual o banco assume o compromisso de ser o fiador do devedor em relação ao valor
cobrado;
c) NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA: o próprio executado já oferece bens para
que sejam penhorados e que fiquem à disposição do juízo para serem alienados caso ele
não pague a dívida.

A Lei n. 13.043/2014 alterou o inciso II do art. 7º da LEF e previu expressamente mais
uma forma de garantia do juízo: o SEGURO GARANTIA.
Assim, depois da Lei n. 13.043/2014, o devedor poderá oferecer a garantia do juízo de
quaro modos:
a) DEPÓSITO EM DINHEIRO.
b) FIANÇA.
c) NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA.
d) SEGURO GARANTIA (novidade)

A partir de agora, a garantia da execução, por meio de seguro garantia, produz os


mesmos efeitos da penhora (§ 3º do art. 9º da LEF, com a nova redação dada pela Lei
n. 13.043/2014).

De igual forma, com a nova Lei n. 13.043/2014, o juiz poderá deferir ao executado, em
qualquer fase do processo, a substituição da penhora por seguro garantia.

A mudança foi importante porque o STJ possuía entendimento pacífico de que o seguro
garantia não servia como garantia da execução fiscal em virtude da ausência de previsão na
LEF:
(...) A orientação consolidada das Turmas que integram a Primeira Seção do STJ é no
sentido que não é possível a utilização do "seguro garantia judicial" como caução à
execução fiscal, por ausência de norma legal específica, não havendo previsão do
instituto entre as modalidades previstas no art. 9º da Lei 6.830/1980. (...)
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1423411/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 05/06/2014.

Obs: no âmbito federal, mesmo antes da Lei n. 13.043/2014 a Procuradoria da Fazenda
Nacional possuía Portaria (164/2014) aceitando o seguro garantia como garantia do
juízo, desde que cumpridos certos requisitos. Mesmo assim, a alteração legislativa foi
importante porque essa possibilidade passou a constar expressamente na LEF, além do
fato de que muitos Municípios e Estados-membros não concordavam com essa espécie
de garantia.

Resumindo:
Antes da Lei n. 13.043/2014 ATUALMENTE
O seguro garantia não era previsto como O seguro garantia passou a ser previsto
garantia do juízo pela LEF. expressamente como garantia do juízo
pela LEF. A garantia da execução, por
meio de seguro garantia, produz agora
os mesmos efeitos da penhora.
Caso já tivessem sido penhorados bens do Existe previsão expressa de que o juiz
devedor, a substituição da penhora por poderá deferir ao executado, em
seguro garantia não era possível, salvo se qualquer fase do processo, a
a própria Fazenda Pública concordasse. substituição da penhora por seguro
garantia.

COMPETÊNCIA DA EXECUÇÃO FISCAL


A competência para julgar a execução fiscal irá depender da Fazenda Pública que for a
autora da ação:

1) Se for proposta pela Fazenda Pública ESTADUAL OU MUNICIPAL:


Em regra, a competência será da Justiça ESTADUAL.
Exceção: se o Fisco estadual ou municipal estiver cobrando um débito da União, de suas
autarquias, fundações ou empresas públicas, essa execução fiscal será julgada na Justiça
Federal.

2) Se for proposta pela UNIÃO e suas respectivas AUTARQUIAS E


FUNDAÇÕES:
A execução fiscal, nesse caso, é de competência da Justiça FEDERAL, nos termos do
art. 109, I, da CF/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

A execução fiscal é uma ação e sendo ela proposta pela União, por autarquia ou
fundação federal deve ser julgada pela Justiça Federal.

Competência delegada
Havia, no entanto, uma hipótese muito interessante.
Se a Fazenda Pública federal fosse ajuizar uma execução fiscal contra pessoa
domiciliada em comarca que não possuísse sede de Vara Federal, a competência para
processar e julgar essa execução era da Justiça ESTADUAL.
Em outras palavras, se a União, autarquia ou fundação federal propusesse execução
fiscal contra um indivíduo que morasse em uma cidade na qual não havia Justiça
Federal instalada, essa execução seria intentada e iria tramitar perante o juízo de direito
da comarca.
A Justiça estadual possuía, portanto, uma delegação de competência para julgar a
execução fiscal proposta pela Fazenda Pública federal contra devedor que morasse em
cidade na qual não existisse Justiça Federal.

A delegação de competência de causas da Justiça Federal para serem apreciadas por


juízes estaduais é permitida pela CF/88?
SIM. A CF/88, em seu art. 109, § 3°, autorizou que as causas envolvendo a União, suas
autarquias, fundações e empresas públicas e uma pessoa que more em cidade na qual
não haja Justiça Federal sejam julgadas pela Justiça Estadual, desde que exista uma lei
prevendo expressamente essa hipótese. Confira:
Art. 109 (...)
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos
segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.

Assim, o § 3º do art. 109 autoriza que o legislador infraconstitucional preveja exceções


ao inciso I do art. 109 para facilitar o acesso à Justiça em favor de pessoas que litigam
contra a Administração Pública federal e que moram em cidades sem Justiça Federal. A
isso chamamos de competência delegada.

E havia Lei prevendo a possibilidade de a Justiça Estadual julgar execuções fiscais


propostas pela Fazenda Pública federal?
SIM. Veja o que dizia a Lei n. 5.010/66:
Art. 15. Nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal (artigo
12), os Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar:
I - os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores
domiciliados nas respectivas Comarcas;

O que a Lei n. 13.043/2014 fez quanto a esse tema?


A Lei n. 13.043/2014 revogou o inciso I do art. 15 da Lei n. 5.010/66.
Logo, a partir de agora, se a União, suas autarquias e fundações ajuizarem execução
fiscal elas serão sempre processadas e julgadas pela Justiça Federal, mesmo que o
executado more em uma comarca do interior onde não funcione vara da Justiça Federal.
Desse modo, não mais existe a competência delegada no caso de execuções fiscais
propostas pela Fazenda Pública federal.

E quem julgará agora a execução fiscal proposta pela Fazenda Pública federal
contra um devedor que more em cidade onde não haja vara federal?
Essa execução fiscal será julgada pela vara da Justiça Federal que, mesmo não estando
fisicamente localizada nesta cidade, tiver competência sobre ela.
Nos últimos anos, a Justiça Federal passou por um movimento de interiorização, tendo
sido criadas diversas varas federais em cidades do interior dos Estados. Essas varas
federais interiorizadas, que chamamos de subseções judiciárias, são instaladas nos
municípios de grande e médio porte do interior dos Estados.
Assim, por exemplo, recentemente foi instalada uma vara federal em Tefé (município de
médio porte do interior do Amazonas). A subseção judiciária que fica localizada
fisicamente em Tefé tem competência para atuar não apenas nesta cidade, mas também
nos processos judiciais federais relacionados com nove Municípios menores e que ficam
próximos a Tefé (Alvarães, Carauari, Coari, Fonte Boa, Japurá, Juruá, Maraã, Tapauá,
Uarini).
Logo, se a União ajuizar uma execução fiscal contra um devedor de Alvarães (AM),
onde não existe vara federal, essa ação, antes da Lei n. 13.043/2013, era processada
pelo juízo de direito de Alvarães. Atualmente, será julgada pelo juízo federal de Tefé.

A mudança foi adequada, na opinião da doutrina majoritária?


SIM. Há algum tempo, a maioria dos doutrinadores que escreve a respeito do tema já se
posicionava favoravelmente à alteração finalmente realizada. Confira:
“Em que pese tal sistemática se encontre vigente há largo tempo, não são poucas as
vozes que criticam a efetividade e conveniência da competência delegada, seja pela
natural dificuldade das já sobrecarregadas Varas Estaduais em processar o volumoso
montante das execuções da União, seja porque a Justiça Federal capilarizou-se
significativamente nos últimos anos, atingindo maior gama de municípios, seja pelo fato
de o juízo estadual (compreensivelmente, vez que já aprecia amplo espectro de matérias
afetas à jurisdição estadual) não possuir formação específica para análise de tributação
federal – e, não raro, matérias muito particulares são veiculadas pelo contribuinte em
embargos à execução fiscal, por exemplo -, seja pelos custos adicionais aos entes
federais, dentre outros problemas. (...)” (GONÇALVES, Eduardo Rauber. Execução
fiscal aplicada. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 72-73).

Os partidários do fim da competência delegada nas execuções fiscais argumentam ainda


que não haverá prejuízo aos contribuintes, uma vez que, com o processo eletrônico,
basta que o advogado constituído protocolize, via internet, as defesas em favor do
executado.

O que acontece com as execuções fiscais de créditos federais que já tinham sido
propostas antes da Lei n. 13.043/2014 e estão tramitando na Justiça Estadual por
força da competência delegada? O juízo estadual deverá declinar da competência e
remetê-las para a Justiça Federal?
NÃO. A Lei n. 13.043/2014 determinou que a revogação da competência delegada
NÃO deve alcançar as execuções fiscais da União e de suas autarquias e fundações
públicas ajuizadas na Justiça Estadual antes da vigência desta Lei (art. 75).
Em outras palavras, o fim da competência delegada só vale para execuções fiscais
propostas a partir de 14/11/2014. As execuções fiscais propostas perante o juízo de
direito antes dessa data deverão ser por ele sentenciadas e o eventual recurso é dirigido
ao Tribunal Regional Federal.

QUADRO-RESUMO DA NOVIDADE:

EXECUÇÕES PROPOSTAS PELA UNIÃO, AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES


PÚBLICAS FEDERAIS CONTRA DEVEDORES QUE MORAM EM CIDADES
ONDE NÃO HÁ JUSTIÇA FEDERAL:

Antes da Lei n. 13.043/2014 ATUALMENTE (a partir de 14/11/2014)

Eram propostas e julgadas, em 1ª Devem ser propostas e julgadas pelo Juiz


instância, pelo Juiz de Direito da comarca Federal que tiver competência sobre
(obs: o recurso era julgado pelo TRF). aquele município, mesmo que não exista
Havia uma delegação de competência para vara federal fisicamente instalada na
que o juiz de direito julgasse execuções cidade.
fiscais propostas pela Fazenda Pública A delegação de competência, prevista no
federal. art. 15, I, da Lei 5.010/66 foi
REVOGADA.

As execuções fiscais que tiverem sido As execuções fiscais que forem propostas
propostas até o dia 13/11/2014 perante o a partir de 14/11/2014 devem ser
Juízo de Direito deverão ser por eles ajuizadas na Justiça Federal. Isso porque,
sentenciadas. Ele não poderá declinar a como já dito, acabou a competência
competência. delegada para os casos de execução fiscal.
Os recursos contra as decisões e sentenças
do juiz de Direito serão julgadas pelo TRF
(e não pelo Tribunal de Justiça).

Bom meus amigos, no que diz respeito à execução fiscal, essas foram as principais
alterações promovidas pela Lei n. 11.043/2014. Daqui a pouco irei publicar
importantes mudanças operadas pela nova Lei com relação à alienação fiduciária.

I – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

Conceito
“A alienação fiduciária em garantia é um contrato instrumental em que uma das partes,
em confiança, aliena a outra a propriedade de um determinado bem, ficando esta parte
(uma instituição financeira, em regra) obrigada a devolver àquela o bem que lhe foi
alienado quando verificada a ocorrência de determinado fato.” (RAMOS, André Luiz
Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, 2012, p. 565).

Regramento
O Código Civil de 2002 trata de forma genérica sobre a propriedade fiduciária em seus
arts. 1.361 a 1.368-B. Existem, no entanto, leis específicas que também regem o tema:
• alienação fiduciária envolvendo bens imóveis: Lei nº 9.514/97;
• alienação fiduciária de bens móveis no âmbito do mercado financeiro e de capitais:
Lei nº 4.728/65 e Decreto-Lei nº 911/69. É o caso, por exemplo, de um automóvel
comprado por meio de financiamento bancário com garantia de alienação fiduciária.

Nas hipóteses em que houver legislação específica, as regras do CC-2002 aplicam-se


apenas de forma subsidiária:
Art. 1.368-A. As demais espécies de propriedade fiduciária ou de titularidade fiduciária
submetem-se à disciplina específica das respectivas leis especiais, somente se aplicando
as disposições deste Código naquilo que não for incompatível com a legislação especial.

Resumindo:
Alienação fiduciária de
Alienação fiduciária de
bens MÓVEIS infungíveis
bens MÓVEIS fungíveis e
quando o credor Alienação fiduciária de
infungíveis quando o
fiduciário for pessoa bens IMÓVEIS
credor fiduciário for
natural ou jurídica (sem
instituição financeira
ser banco)
Lei nº 4.728/65 Código Civil de 2002
Lei nº 9.514/97
Decreto-Lei nº 911/69 (arts. 1.361 a 1.368-B)

II – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS MÓVEIS NO ÂMBITO DO MERCADO


FINANCEIRO E DE CAPITAIS (DL 911/69)

Imagine a seguinte situação hipotética:


Antônio quer comprar um carro de R$ 30.000,00, mas somente possui R$ 10.000,00.
Antônio procura o Banco “X”, que celebra com ele contrato de financiamento com
garantia de alienação fiduciária.
Assim, o Banco “X” empresta R$ 20.000,00 a Antônio, que compra o veículo. Como
garantia do pagamento do empréstimo, a propriedade resolúvel do carro ficará com o
Banco “X” e a posse direta com Antônio.
Em outras palavras, Antônio ficará andando com o carro, mas no documento, a
propriedade do automóvel é do Banco “X” (constará “alienado fiduciariamente ao
Banco X”). Diz-se que o banco tem a propriedade resolúvel porque, uma vez pago o
empréstimo, a propriedade do carro pelo banco “resolve-se” (acaba) e o automóvel
passa a pertencer a Antônio.

O que acontece em caso de inadimplemento do mutuário (em nosso exemplo,


Antônio)?
Havendo mora por parte do mutuário, o procedimento será o seguinte (regulado pelo DL
911/69):

1) NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR:
No contrato de alienação fiduciária, a mora decorre do simples vencimento do prazo
para pagamento, mas a lei exige que o credor (mutuante) demonstre a ocorrência desse
atraso notificando o devedor.
Assim, o credor deverá fazer a notificação extrajudicial do devedor de que este se
encontra em débito, comprovando, assim, a mora. Essa notificação é indispensável para
que o credor possa ajuizar ação de busca e apreensão. Confira:

Súmula 72 do STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do


bem alienado fiduciariamente.

Pergunta importante: como é feita a notificação do devedor? Essa notificação precisa


ser realizada por intermédio do Cartório de Títulos e Documentos?
NÃO. Essa notificação é feita por meio de carta registrada com aviso de recebimento.
Logo, não precisa ser realizada por intermédio do Cartório de RTD.
Essa foi uma das mudanças operadas pela Lei n. 13.043/2014 no § 2º do art. 2º do DL
911/69.

NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR NA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

Antes da Lei n. 13.043/2014 ATUALMENTE

O credor deveria demonstrar a mora do Ficou mais fácil. O credor pode


devedor por duas formas: demonstrar a mora do devedor por
a) por carta registada expedida por meio de carta registrada com aviso de
intermédio de Cartório de Títulos e recebimento.
Documentos; ou Não mais se exige que a carta
b) pelo protesto do título, realizado pelo registrada seja expedida pelo Cartório
Tabelionato de Protesto. de Títulos e Documentos.
É dispensável que haja o protesto do
título.

O objetivo da alteração foi o de reduzir o custo da notificação, permitindo que seja feita
por mera emissão de carta via Correios, evitando assim que a instituição financeira
tenha que pagar os emolumentos para os titulares de Cartórios.

O aviso de recebimento da carta (AR) precisa ser assinado pelo próprio devedor?
NÃO. A Lei n. 13.043/2014 alterou o § 2º do art. 2º do DL 911/69, deixando expresso
que não se exige que a assinatura constante do aviso de recebimento seja a do próprio
destinatário.

Obs: apesar de não estar expressamente prevista no DL 911/69, a jurisprudência do STJ


já entendia que a notificação não precisava ser pessoal, bastando que fosse entregue no
endereço do devedor:
(...) Esta Corte consolidou entendimento no sentido de que, para a constituição em mora
por meio de notificação extrajudicial, é suficiente que seja entregue no endereço do
devedor, ainda que não pessoalmente. (...)
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 419.667/MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 06/05/2014.

Portanto, a alteração legislativa confirma a solução que já havia sido dada pelo STJ ao
tema.

2) AJUIZAMENTO DA AÇÃO:
Após comprovar a mora, o mutuante (Banco “X”) poderá ingressar com uma ação de
busca e apreensão requerendo que lhe seja entregue o bem (art. 3º do DL 911/69). Essa
busca e apreensão prevista no DL 911/69 é uma ação especial autônoma e independente
de qualquer procedimento posterior.

3) CONCESSÃO DA LIMINAR:
O juiz concederá a busca e apreensão de forma liminar (sem ouvir o devedor), desde
que comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor (art. 3º do DL 911/69).

Liminar concedida no plantão judiciário:


A Lei n. 13.043/2014 alterou o caput do art. 3º do DL 911/69, deixando expressamente
previsto que a concessão liminar da busca e apreensão pode ocorrer no plantão
judiciário.

CONCESSÃO DA LIMINAR NA AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO DO DL


911/69

Antes da Lei n. 13.043/2014 ATUALMENTE


Art 3º O Proprietário Fiduciário ou credor, Art. 3º O proprietário fiduciário ou credor
poderá requerer contra o devedor ou poderá, desde que comprovada a mora, na
terceiro a busca e apreensão do bem forma estabelecida pelo § 2º do art. 2º, ou
alienado fiduciariamente, a qual será o inadimplemento, requerer contra o
concedida Iiminarmente, desde que devedor ou terceiro a busca e apreensão
comprovada a mora ou o inadimplemento do bem alienado fiduciariamente, a qual
do devedor. será concedida liminarmente, podendo ser
apreciada em plantão judiciário.

Apesar de a nova redação do art. 3º utilizar a expressão “podendo ser apreciada”, o que
poderia indicar uma faculdade do juiz, a leitura mais adequada do dispositivo é a de
que, estando presentes os requisitos legais, o magistrado tem o poder-dever de apreciar
e conceder a liminar.

4) INSERÇÃO DE RESTRIÇÕES SOBRE O VEÍCULO

Se o bem objeto da alienação fiduciária for um veículo, caso seja concedida a liminar na
busca e apreensão, uma medida de grande eficácia para conseguir localizar e recuperar o
bem é inserir uma restrição judicial no “registro” do veículo.

Pensando nisso, a Lei n. 13.043/2014 acrescentou o § 9º ao art. 3º do DL 911/69


estipulando que o juiz, ao decretar a busca e apreensão de veículo, deverá inserir uma
restrição judicial na base de dados do Renavam.

Renavam significa Registro Nacional de Veículos Automotores e consiste em um banco


de dados que funciona como um registro de todos os veículos existentes no Brasil. Cada
veículo recebe um número identificador que é chamado de “código renavam” e lá são
registradas todas as informações sobre a “vida” do automóvel, desde o momento da sua
fabricação ou importação, passando pelo emplacamento, mudanças de proprietário,
alterações em sua cor e características, até o instante em que o veículo sai de circulação.

O Poder Judiciário mantém convênio com o DENATRAN por meio do qual os


magistrados possuem acesso ao sistema informatizado do Renavam. Assim, o juiz pode
digitar seu login e sua senha, entrar na página interna do Renavam e inserir restrições
judiciais incidentes sobre os veículos objeto do processo. Assim, quando o carro for
parado em uma blitz ou for realizar uma inspeção de rotina no DETRAN, aparecerá
aquela informação no sistema e o veículo será apreendido e entregue à Justiça.

Dessa forma, quando o juiz decreta a busca e apreensão, ele próprio, com sua senha,
deverá inserir diretamente a restrição judicial no RENAVAM. Caso ele não tenha acesso
à base de dados, deverá expedir um ofício ao DETRAN para que:
I - registre o gravame referente à decretação da busca e apreensão do veículo; e
II - retire o gravame após a apreensão do veículo.

(§§ 9º e 10 do art. 3º do DL 911/69, acrescentados pela Lei n. 13.043/2014).


5) APREENSÃO DO BEM:

Caso o bem seja localizado em comarca diferente da qual onde está tramitando a ação
(ex: o processo tramita em Belo Horizonte e o carro foi encontrado em Lavras), a parte
interessada poderá requerer diretamente ao juízo dessa comarca pedindo a apreensão do
veículo, bastando que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e,
quando for o caso, a cópia do despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo (§
12 do art. 3º do DL 911/69, acrescentado pela Lei n. 13.043/2014).

A apreensão do veículo será imediatamente comunicada ao juízo, que intimará a


instituição financeira para retirá-lo do local depositado no prazo máximo de 48 horas (§
13 do art. 3º do DL 911/69, acrescentado pela Lei n. 13.043/2014).

O devedor, por ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão, deverá


entregar o bem e seus respectivos documentos (§ 14 do art. 3º do DL 911/69,
acrescentado pela Lei n. 13.043/2014).

6) POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO INTEGRAL DA DÍVIDA:


No prazo de 5 dias após o cumprimento da liminar (apreensão do bem), o devedor
fiduciante poderá pagar a integralidade da dívida pendente, segundo os valores
apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído
livre do ônus (§ 2º do art. 3º do DL 911/69). Veja o dispositivo legal:

Art. 3º (...)
§ 1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-se-ão a
propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário,
cabendo às repartições competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de
registro de propriedade em nome do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre do
ônus da propriedade fiduciária. (Redação dada pela Lei 10.931/2004)
§ 2º No prazo do § 1º, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da dívida
pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na inicial, hipótese na
qual o bem lhe será restituído livre do ônus. (Redação dada pela Lei 10.931/2004)

O que se entende por “integralidade da dívida pendente”? Para que o devedor tenha
de volta o bem, ele deverá pagar todo o valor do financiamento ou somente as
parcelas já vencidas e não pagas (purgação da mora)?
Ex: Antônio financiou o veículo em 60 parcelas. A partir da 20ª prestação ele
começou a não mais pagar. Estão vencidas 5 parcelas.
Para ter de volta o bem ele terá que pagar somente as 5 parcelas vencidas (purgação
mora) ou todo o financiamento restante (40 parcelas)?
Todo o débito.
Segundo decidiu o STJ, a Lei n. 10.931/2004, que alterou o DL 911/69, não mais
faculta ao devedor a possibilidade de purgação de mora, ou seja, não mais permite que
ele pague somente as prestações vencidas.
Para que o devedor fiduciante consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a
integralidade da dívida, ou seja, tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os
encargos), no prazo de 5 dias após a execução da liminar.
Em nosso exemplo, Antônio terá que pagar, em 5 dias, as 40 parcelas restantes.

O devedor purga a mora quando ele oferece ao devedor as prestações que estão vencidas
e mais o valor dos prejuízos que este sofreu (art. 401, I, do CC). Nesse caso, purgando a
mora, o devedor consegue evitar as consequências do inadimplemento. Ocorre que na
alienação fiduciária em garantia, a Lei n. 10.931/2004 passou a não mais permitir a
purgação da mora.

Vale ressaltar que o tema acima foi decidido em sede de recurso repetitivo, tendo o STJ
firmado a seguinte conclusão, que será aplicada em todos os processos semelhantes:
Nos contratos firmados na vigência da Lei n. 10.931/2004, que alterou o art. 3º, §§ 1º e
2º, do Decreto-lei 911/1969, compete ao devedor, no prazo de cinco dias após a
execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida –
entendida esta como os valores apresentados e comprovados pelo credor na inicial –,
sob pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto de alienação fiduciária.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.418.593-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
14/5/2014 (recurso repetitivo).

Nos contratos anteriores à vigência da Lei n.  10.931/2004 é permitida a purgação da


mora?
SIM. Antes da Lei n. 10.931/2004 era permitida a purgação da mora, desde que o
devedor já tivesse pago no mínimo 40% do valor financiado. Tal entendimento estava,
inclusive, consagrado em um enunciado do STJ:
Súmula 284-STJ: A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida
quando já pagos pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor financiado.

A súmula 284-STJ ainda é válida?


• Para contratos anteriores à Lei 10.931/2004: SIM.
• Para contratos posteriores à Lei 10.931/2004: NÃO.

7) CONTESTAÇÃO:
No prazo de 15 dias após o cumprimento da liminar (apreensão do bem), o devedor
fiduciante apresentará resposta (uma espécie de contestação).
Obs1: a resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor tenha decidido pagar a
integralidade da dívida, caso entenda ter havido pagamento a maior e deseje a
restituição.
Obs2: nesta defesa apresentada pelo devedor, é possível que ele invoque a ilegalidade
das cláusulas contratuais (ex: juros remuneratórios abusivos). Se ficar provado que o
contrato era abusivo, isso justificaria o inadimplemento e descaracterizaria a mora.

8) VENDA DO BEM
Se houve o inadimplemento ou mora e o bem foi apreendido, o credor (proprietário
fiduciário) poderá vender a coisa a terceiros, independentemente de leilão, hasta
pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, salvo
disposição expressa em contrário prevista no contrato (art. 2º do DL 911/69).

O preço da venda, isto é, o valor apurado com a alienação, deverá ser utilizado para
pagar os débitos do devedor para com o credor e também para custear as despesas
decorrentes da cobrança dessa dívida.

Se após o pagamento da dívida ainda sobrar dinheiro esse saldo apurado deverá ser
entregue ao devedor.

Dever do credor de prestar contas


A Lei n. 13.043/2014 alterou o caput do art. 2º do DL 911/69, deixando expresso que o
credor, após fazer a alienação do bem, tem o dever de prestar contas ao devedor a fim de
que este tenha ciência do valor que foi apurado com a venda e possa fiscalizar para
saber se sobrou algum saldo, já que tais recursos lhe pertencem.

9) SENTENÇA: da sentença proferida cabe apelação, apenas no efeito devolutivo.

10) BEM NÃO ENCONTRADO

Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do


devedor, o credor poderá requerer, nos mesmos autos, a conversão do pedido de busca e
apreensão em AÇÃO EXECUTIVA (execução para a entrega de coisa) (art. 4º do DL
911/69, com redação dada pela Lei n. 13.043/2014).

Caso o credor tenha optado por recorrer à ação executiva serão penhorados, a critério do
autor da ação, tantos bens do devedor quantos bastem para assegurar a execução (art. 5º
do DL 911/69, com redação dada pela Lei n. 13.043/2014).

OBSERVAÇÕES FINAIS SOBRE A ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

Se o devedor do contrato de alienação fiduciária estiver em processo de recuperação


judicial ou extrajudicial, mesmo assim será possível a busca e apreensão do bem?
SIM. Mesmo já existindo pedido de recuperação judicial ou extrajudicial envolvendo o
devedor do contrato de alienação fiduciária, tal fato não impedirá a distribuição e a
busca e apreensão do bem (art. 6º-A do DL 911/69, inserido pela Lei n. 13.043/2014).
Se, além da instituição financeira mutuante, o devedor do contrato de alienação
fiduciária possuir débitos com outros credores, estes poderão pedir o bloqueio judicial
do bem objeto da alienação fiduciária?
NÃO. Não será aceito bloqueio judicial de bens constituídos por alienação fiduciária de
que trata o DL 911/69. Se os outros credores quiserem alegar que possuem créditos
preferenciais em relação à instituição financeira mutuante, tal discussão sobre concursos
de preferências deverá ser resolvida pelo valor da venda do bem após ele ser apreendido
(art. 7º-A do DL 911/69, inserido pela Lei n. 13.043/2014).

APLICAÇÃO DAS REGRAS DO DL 911/69 AO LEASING

O arrendamento mercantil (também chamado de leasing) é uma espécie de contrato de


locação, no qual o locatário tem a possibilidade de, ao final do prazo do ajuste, comprar
o bem pagando uma quantia chamada de valor residual garantido (VRG).

A Lei n. 6.099/74 dispõe sobre o tratamento tributário das operações de arrendamento
mercantil, mas não trata, de forma detalhada, a respeito das regras e procedimentos
aplicáveis nos casos de leasing.

Pensando nisso, a Lei n. 13.043/2014 determinou que o procedimento adotado pelo DL
911/69 para o caso de inadimplemento do devedor na alienação fiduciária, inclusive o
regramento sobre a ação de busca e apreensão deveria ser também aplicado para o
arrendamento mercantil.

Importante:
Assim, a partir de agora, os procedimentos previstos no art. 2º, caput e § 2º e no art. 3º
do DL 911/69 (regras relacionadas com a alienação fiduciária) deverão ser aplicadas às
operações de arrendamento mercantil (leasing).

III – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA REGIDA PELO CÓDIGO CIVIL

O Código Civil traz regras sobre a alienação fiduciária de bens MÓVEIS infungíveis
quando o credor fiduciário for pessoa natural ou jurídica (sem ser banco).

A Lei n. 13.043/2014 promoveu duas mudanças nessas regras do CC-2002. Vejamos:

ANTES DEPOIS

Art. 1.367. Aplica-se à propriedade Art. 1.367. A propriedade fiduciária em


fiduciária, no que couber, o disposto nos garantia de bens móveis ou imóveis
arts. 1.421, 1.425, 1.426, 1.427 e 1.436. sujeita-se às disposições do Capítulo I do
Título X do Livro III da Parte Especial
deste Código e, no que for específico, à
legislação especial pertinente, não se
equiparando, para quaisquer efeitos, à
propriedade plena de que trata o art.
1.231.

O legislador teve três objetivos ao modificar a redação desse dispositivo:


a) Deixar claro que existem várias espécies de alienação fiduciária e que cada uma delas
possui um regramento próprio, aplicando-se as normas do Código Civil apenas para os
casos em que a alienação fiduciária não for tratada em lei específica;
b) Ressaltar que as regras da propriedade fiduciária são diferentes e especiais em
relação à propriedade plena (art. 1.231 do CC);
c) Determinar que sejam aplicadas à espécie de propriedade fiduciária regida pelo
Código Civil as normas dos arts. 1.419 a 1.430 do CC.

Alienação fiduciária confere direito real de aquisição


A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de
aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor (art. 1.368-B do CC, inserido pela
Lei n. 13.043/2014).

Responsabilidades do credor fiduciário pelo bem em caso de consolidação da


propriedade
O credor fiduciário que se tornar proprietário pleno do bem, por efeito de realização da
garantia, mediante consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra forma pela
qual lhe tenha sido transmitida a propriedade plena, passa a responder pelo pagamento
dos tributos sobre a propriedade e a posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer
outros encargos, tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir
da data em que vier a ser imitido na posse direta do bem (parágrafo único do art.
1.368-B do CC, inserido pela Lei n. 13.043/2014).

IV – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRA DE BENS IMOVEIS

Como já visto acima, a alienação fiduciária em caso de bens imóveis é regida pela Lei
n. 9.514/97.

A alteração promovida pela Lei n. 13.043/2014 na alienação fiduciária de imóveis foi
muito singela e teve como objetivo apenas deixar claro que o prazo para purgação da
mora é contado da última publicação do edital. Compare:

Lei 13.043/2014 (ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS)

ANTES DEPOIS
Art. 26 (...) Art. 26 (...)
§ 4º Quando o fiduciante, ou seu § 4º Quando o fiduciante, ou seu
representante legal ou procurador cessionário, ou seu representante legal ou
regularmente constituído se encontrar em procurador encontrar-se em local
outro local, incerto e não sabido, o oficial ignorado, incerto ou inacessível, o fato
certificará o fato, cabendo, então, ao será certificado pelo serventuário
oficial do competente Registro de Imóveis encarregado da diligência e informado ao
promover a intimação por edital, oficial de Registro de Imóveis, que, à vista
publicado por três dias, pelo menos, em da certidão, promoverá a intimação por
um dos jornais de maior circulação local edital publicado durante 3 (três) dias, pelo
ou noutro de comarca de fácil acesso, se menos, em um dos jornais de maior
no local não houver imprensa diária. circulação local ou noutro de comarca de
fácil acesso, se no local não houver
imprensa diária, contado o prazo para
purgação da mora da data da última
publicação do edital.

Lei 13.042/14 somou art.10-A da Lei 10.522/2002 permitindo o parcelamento


em 84 vezes dos débitos com a Fazenda Nacional
“Art. 10-A. O empresário ou a sociedade empresária que pleitear ou tiver deferido o
processamento da recuperação judicial, nos termos dos arts. 51, 52 e 70 da Lei no 11.101, de 9
de fevereiro de 2005, poderão parcelar seus débitos com a Fazenda Nacional, em 84 (oitenta e
quatro) parcelas mensais e consecutivas, calculadas observando-se os seguintes percentuais
mínimos, aplicados sobre o valor da dívida consolidada:
I - da 1a à 12a prestação: 0,666% (seiscentos e sessenta e seis milésimos por cento);
II - da 13a à 24a prestação: 1% (um por cento);
III - da 25a à 83a prestação: 1,333% (um inteiro e trezentos e trinta e três milésimos por cento);
e
IV - 84a prestação: saldo devedor remanescente.
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se à totalidade dos débitos do empresário ou da sociedade
empresária constituídos ou não, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, mesmo que
discutidos judicialmente em ação proposta pelo sujeito passivo ou em fase de execução fiscal
já ajuizada, ressalvados exclusivamente os débitos incluídos em parcelamentos regidos por
outras leis.
§ 2o No caso dos débitos que se encontrarem sob discussão administrativa ou judicial,
submetidos ou não à causa legal de suspensão de exigibilidade, o sujeito passivo deverá
comprovar que desistiu expressamente e de forma irrevogável da impugnação ou do recurso
interposto, ou da ação judicial, e, cumulativamente, renunciou a quaisquer alegações de direito
sobre as quais se fundem a ação judicial e o recurso administrativo.
§ 3o O empresário ou a sociedade empresária poderá, a seu critério, desistir dos
parcelamentos em curso, independentemente da modalidade, e solicitar que eles sejam
parcelados nos termos deste artigo.
§ 4o Além das hipóteses previstas no art. 14-B, é causa de rescisão do parcelamento a não
concessão da recuperação judicial de que trata o art. 58 da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de
2005, bem como a decretação da falência da pessoa jurídica.
§ 5o O empresário ou a sociedade empresária poderá ter apenas um parcelamento de que trata
o caput, cujos débitos constituídos, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, poderão ser
incluídos até a data do pedido de parcelamento.
§ 6o A concessão do parcelamento não implica a liberação dos bens e direitos do devedor ou
de seus responsáveis que tenham sido constituídos em garantia dos respectivos créditos.
§ 7o O parcelamento referido no caput observará as demais condições previstas nesta Lei,
ressalvado o disposto no § 1 o do art. 11, no inciso II do § 1 o do art. 12, nos incisos I, II e VIII do
art. 14 e no §2o do art. 14-A.”

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