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Júlia Almeida de Mello é doutoranda em Artes Visuais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA-UFRJ),
mestre em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES/201 5), pesquisadora no Laboratório de
Pesquisa e Extensão em Artes (LEENA), Especialista MBA em Design e Produção de Moda pelo Centro Univer-
sitário de Vila Velha (UVV/2008), Licenciada Plena em Música pela Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES/2008) e Bacharela em Design, habilitação em Moda e Vestuário, pelas Faculdades Integradas Espírito
Santenses (FAESA/2005).
Figura 1 . Elisa Queiroz, S/ título, 1 998. Técnica mista. Fonte: Queiroz, [200-].
Figura 2. Fernanda Magalhães, da série “Autos retratos, nus no RJ”, 1 993. Técnica mista.
Fonte: www.flickr.com/photos/fernandamagalhaes. Acesso em: 1 4 mar. 201 4.
O que sempre devemos nos lembrar ao analisar essas obras é o contexto
ao qual estão inseridas. Vivenciamos a forte influência da medicina e da indústria
cultural no enaltecimento da pouca gordura corpórea e segundo a pesquisadora
Paula Sibilia (2002, p. 201 ), “não há veredicto mais categórico e fatal, na sociedade
contemporânea, do que a comprovação científica de um fato qualquer”. Se a ciên-
cia diz que algo não está no lugar certo, evidentemente haverá exclusão. O corpo
das artistas, considerado não saudável pelo saber hegemônico, acaba sendo alvo
de discriminação. Desta forma, esses trabalhos iniciais mostram-se de fato como
um grande enfrentamento para conseguir expor algo que, por razões de discrimina-
ção categórica, não se deseja ver.
O ponto de partida dos projetos foi a autorrepresentação, o que nos permite
uma melhor compreensão da imagem que elas criam de si mesmas enquanto sen-
do “construídas” como mulheres, artistas e gordas. Para a historiadora de arte e gê-
nero, Whitney Chadwick (2001 ), a artista que se autorrepresenta também traz um
novo significado para a relação tensionada que há entre a “ação masculina” e a
“passividade feminina” na história da arte ocidental.
Segundo a pesquisadora Mariana Botti (2005, p. 24), as autorrepresenta-
ções feitas pelas artistas são “[...] manifestações simbólicas capazes de desvendar
aspectos de uma cultura socialmente construída e orientada por relações de gêne-
ro, que promulgam diferentes lugares para ‘homens’ e ‘mulheres’ na sociedade”.
Figura 3. Elisa Queiroz, peça da obra Álbum de retratos, 1 999. Acrílico, maria-mole, biscoito,
papel e tinta. Fonte: Queiroz, [200-].
Figura 4. Fernanda Magalhães, obra da série Fotos em conserva, iniciada em 2000. Fonte:
Tvardovska; Rago, 2007.
Figura 5. Elisa Queiroz, frame de Free Williams, 2004. Vídeo em baixa resolução. Fonte: Ban-
co de dados do LEENA. Documentos de processo de Elisa Queiroz.
Figura 7. Elisa Queiroz, S/ título, 1 998. Técnica mista. Tecido, plástico, tinta, linhas, espuma e
fotografia. Fonte: Queiroz, [200-].
Figura 8. Fernanda Magalhães, Gorda 28, da série “A Representação da Mulher Gorda Nua
na Fotografia”, 1 993. Fonte: www.flickr.com/photos/fernandamagalhaes. Acesso em: 1 4 mar.
201 4.
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