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Clube de teatro – texto da peça «A Lata»

Cenário: Ao fundo, uma rede de pesca, com garrafas, latas e pedaços de plástico
pendurados. Mais perto da boca de cena, uma anémona, à volta da qual anda,
atarefado, um peixe palhaço.

Personagens:
Peixe palhaço; Baleia; Estrela do mar; Tartaruga; Golfinho; Pescador; Dono de um
restaurante; Chefe de aldeia; Uma criança; Um grupo de pessoas; Dois
empregados

Cena 1
Peixe palhaço: (dando voltas, para um lado e para outro, visivelmente irritado, a
tentar limpar a sua anémona) Oh, meu deus! A minha anémona! Que
desarrumação! (começa a afastar o lixo e agarra por engano na pata de uma
estrela do mar)
Estrela do mar: Ai! Cuidado, isso é a minha perna!
Peixe palhaço: Desculpa, estrela! Mas, porque é que estás aí debaixo?
Estrela do mar: Eu estava aqui a descansar do almoço e caiu-me isto tudo em
cima… Sabes o que é isto?
Peixe palhaço: Não, não sei. A minha anémona também foi invadida por estas
coisas. Serão peixes?
Estrela do mar: Peixes? (aproxima-se de uma lata e pega nela, examinando-a).
Que peixe estranho! Não tem olhos! Nem barbatanas! Nem…
Peixe palhaço: Já sei quem deve saber!
Estrela do mar: Quem?
Peixe palhaço: O golfinho! Ele é o mais inteligente de nós todos!
Estrela do mar: Boa ideia! Vamos perguntar-lhe! (cheira a lata) Pffff! Isto cheira
mal!
(Saem os dois de cena. A anémona é retirada também)

Cena 2
(Um grupo de pessoas chega à praia, para fazer um piquenique. Procuram um
sítio para se sentarem.)
1º figurante: (dá um pontapé numa garrafa de plástico) Isto está tudo sujo!
Ajudem-me aqui!
2º figurante: Não sei de onde vem este lixo todo! Olha, ali está melhor!
(vão todos para a boca de cena, abrem um guarda-sol, estendem as toalhas e
começam a tirar embalagens de take away, garrafas de plástico e latas de
refrigerante dos sacos que levam. Sentam-se e começam a comer. Depois,
divertem-se a fazer selfies.)
(Ao fundo , à direita, um pescador, sentado num rochedo, vai atirando a linha,
com um anzol, para a água. Faz três tentativas. Na última, apanha qualquer
coisa.)
Pescador: (fazendo um esforço para puxar a cana) Ughhh! Este é grande!
(levanta-se, para puxar melhor) Uffff! Já está! (olha para a ponta da linha) Mas….
O que é isto?! (vem à boca de cena e mostra o resultado da pesca). Sabem que
peixe é este?!
Figurantes: Ahahahahahaha! Ele pescou uma bota! (levantam-se, atiram as
embalagens vazias para o chão e saem de cena, levando apenas as toalhas e o
guarda-sol).

Cena 3
Pescador: (lamenta-se) Meu deus, este mar está cada vez pior! E agora, o que vou
dar de comer aos meus filhos? (sai)

Cena 4:
(Entram dois empregados de um restaurante de praia a arrumar as mesas e as
cadeiras. Quando veem o lixo espalhado pelo chão, pegam nele e tentam metê-lo
num saco grande. Chega o dono do restaurante e começa a dar ordens).
Dono do restaurante: Depressa, depressa, os clientes estão a chegar! Põe essa
mesa aí! Olha aquela cadeira!
1º Empregado: Senhor, está tudo sujo! (mostra o saco cheio de lixo)
Dono do restaurante: Deita isso ali!
1º Empregado: Mas ali é o outro restaurante!
Dono do restaurante: Faz o que eu digo!
2º Empregado: Mas senhor, não pode…
Dono do restaurante: Vai trabalhar, senão vais ser tu o prato do dia!
(Os empregados saem de cena a correr)
Cena 5:
Dono do restaurante: (pega numa lata de coca-cola, com um ar reprovador) Meu
deus! Esta gente deixa tudo por todo o lado! (atira-a para longe e sai de cena)
Cena 6:
(O golfinho está a nadar em volta de uma rocha, a pensar na vida, quando entram
a estrela do mar e o peixe palhaço. Assusta-se, com o grito agudo da estrela.)
Estrela do mar: Golfinho! Golfinhooooooo!
Golfinho: O que foi?!
Peixe palhaço: Precisamos de ti!
Estrela do mar: Sabes dizer-nos o que é isto? (mostra-lhe a lata)
(O Golfinho toca na lata com a barbatana e dá um pulo para trás)
Golfinho: Isto morde! Fez-me um corte na barbatana! Isto é…
Peixe palhaço: É um peixe! Eu sabia! Mas é um peixe esquisito…
Estrela do mar: Não é um peixe! Deixa o Golfinho falar!
Golfinho: Eu já vi isto! Vem lá de cima. Aparecem muitos, quando passam barcos,
mas não sei o que é. Só sei que estão por todo o lado.
Estrela do mar: Então, se tu não sabes, quem é que sabe?
Peixe palhaço: A Baleia! Ela viaja muito, talvez já tenha visto de onde vem…

Cena 7:
(Entra a Baleia a cantar)
Baleia: Eu sou uma baleia
Já corri o mundo inteiro
E nunca vi tanta areia
Parecida com um cinzeiro
Está tão poluída
Nem sei se ainda tem vida…
Os outros: (em coro) Iôôôôôô!
Estrela do mar: Baleiaaaaaaaa!
Baleia: Quem me está a chamar? Não consigo enxergar… (aproxima-se)
Estrela do mar: Oh, Baleia! Ainda bem que estás aqui! Sabes o que é isto?
(mostra-lhe a lata)
Baleia: Isso vem lá de cima
Está por todo o lado
O que é, ninguém atina
Mas incomoda um bocado
Talvez seja melhor
Alguém investigar
Pois se olharem em redor
Isso está por todo o mar.
Os outros: (em coro) Iôôôôôô
Golfinho: Já sei. Precisamos de alguém que consiga ir a terra. Mas quem?
Peixe palhaço: A tartaruga! Ela consegue andar no mar e na terra!
Baleia: É uma boa ideia, temos de concordar. Na Tartaruga podemos confiar.
Golfinho: Vamos falar com ela.
(Saem de cena)

Cena 8:
(A tartaruga está na sua vida, a comer, quando aparecem, de repente, a Estrela
do mar, o Peixe palhaço, o Golfinho e a Baleia)
Estrela do mar: Tartarugaaaaaa! Ainda bem que te encontrámos!
Tartaruga: (voltando-se na direção da voz) O que querem de mim? Espero que
seja importante, para me interromperem assim o jantar…
Golfinho: Precisamos que vás lá acima investigar uma coisa.
Tartaruga: Lá acima? Vocês estão doidos?
Golfinho: É importante! E é uma coisa que só tu podes fazer.
Baleia: Desculpa lá o jantar. Eu queria ajudar. Mas da terra não me posso
aproximar…
Golfinho: Eu também não consigo respirar…
Peixe palhaço: Nem eu…
Estrela do mar: Eu nem me consigo mexer… Vá lá, por favor. Diz que sim.
Só tu podes descobrir o que é isto. (mostra-lhe a lata).
Tartaruga: Isso vem lá de cima.
Os outros: (em coro) Já sabemos.
Golfinho: Só nos falta saber o que é e por que aparece aqui.
Tartaruga: Está bem. Eu vou tentar.
Os outros: (em coro) Obrigado! Adeeeeus!
Golfinho: Mas tem cuidado!
(A tartaruga começa a nadar até à superfície. Saem todos de cena)

Cena 9:
(A tartaruga chega à praia, onde está o restaurante. O dono, que passeia por ali,
repara nela.)
Dono do restaurante: Olááá! Venham ver isto! (esfrega as mãos de contente)
Parece que hoje vamos ter sopa de tartaruga!
(Uma criança, que também andava por ali, aproxima-se a correr)
Criança: Não, pai! Não faça isso, por favor! Ela pode ter ovos.
Dono do restaurante: Ovos?!
Criança: Sim! Aprendi na escola que as tartarugas põem os ovos em terra. E dos
ovos nascem outras tartarugas!
Dono do restaurante: E quantos ovos põem as tartarugas de cada vez?
Criança: Eu aprendi que podem pôr 100 ovos. E podem viver 150 anos…
Dono do restaurante: (a fazer contas de cabeça) Hummm. Se põem 100 ovos por
ano… Em 150 anos… Isso pode ser um bom negócio! (para a criança) Ficas aqui a
tomar conta dela, que eu já volto! Não a deixes fugir! (sai)

Cena 10:
Tartaruga: Obrigada!
Criança: (admirada) Tu falas?!
Tartaruga: Sim. Mas só tu me podes ouvir. Tu e os animais do mar. Mas eu não
ponho 100 ovos! Posso pôr 15 e já é um grande esforço.
Criança: (para a tartaruga) Ehhhh… Eu exagerei um bocadinho. Depressa! Vai para
o mar! Ele quer prender-te!
Tartaruga: Não posso.
Criança: Porquê?
Tartaruga: Tenho de descobrir o que é isto. (mostra-lhe a lata)
Criança: Isso?! Isso é uma lata!
Tartaruga: E o que é uma lata?
Criança: Uma lata é uma espécie de caixa, onde se põe comida ou bebidas… Essa
é de comida. Mas porque é que queres saber?
Tartaruga: O mar está cheio delas. E nenhum dos meus amigos sabe o que é.
Criança: O mar!? Cheio de latas? Porquê?
Tartaruga: Isso queria eu saber também.
Criança: Está bem. Vou ajudar-te. Agora vai-te embora antes que ele volte.
Amanhã encontramo-nos aqui.
(a Tartaruga sai de cena)

Cena 11:
(O pescador está a olhar para a rede que está cheia de lixo. Abana a cabeça,
desanimado. Entra a criança.)
Criança: (apontando para o lixo preso na rede) Isso estava tudo no mar?
Pescador: Sim. O mar está cheio de lixo. É uma desgraça!
Criança: Mas se o lixo pertence à terra, como é que está no mar?
Pescador: São os rios que levam. E também quando chove…
Criança: E não podemos fazer nada?
Pescador: Não podemos mandar nos rios… Nem na chuva! Ai meu deus!
Criança: E nas pessoas? Não podemos mandar nas pessoas?
Pescador: Nas pessoas?!
Criança: Sim. Quem usa essas latas, essas garrafas, esses sacos de plástico…
Pescador: Não estou a perceber.
Criança: (aponta para um grupo que passeia na praia) Estás a ver aquelas pessoas
ali? Olha, acabaram de beber. Viste?
Pescador: Deitaram as latas fora. E então? Toda a gente faz isso!
Criança: Pois! Toda a gente faz isso! E depois vem a chuva…
Pescador: Já estou a perceber! És uma menina muito esperta!
Criança: Obrigada. Mas o que é que eu digo à tartaruga?
Pescador: Tu falas com as tartarugas?
Criança: Sim. E nem penses em pescá-la. É minha amiga. Foi ela que me deu esta
lata. (mostra a lata)
Pescador: Uma lata de comida. Esta veio de longe.
Criança: O que podemos fazer? Ajuda-me!
Pescador: Já sei! Vamos falar com o chefe da minha aldeia. Ele pode mandar nas
pessoas.
(saem de cena)

Cena 12
(O chefe da aldeia está sentado à secretária, no seu escritório, com o telemóvel
na mão. Faz gestos de quem está no facebook. O pescador bate à porta mas ele
não ouve. O pescador insiste. Ele acaba por ouvir.)
Chefe da aldeia: (sem largar o telemóvel) Entre!
Pescador: (entra e cumprimenta, cheio de cerimónias) Bom dia, excelência!
Chefe da aldeia: O que deseja?
Pescador: Excelência, venho falar sobre o mar.
Chefe da aldeia: Sobre o mar? Então tem de falar com o Ministro da Agricultura e
Pescas!
Pescador: É…, bem, desculpe, excelência. Não expliquei bem. É sobre o lixo que
vai para o mar.
Chefe da aldeia: Ah, isso então, é com o Ministro do Ambiente.
Pescador: Ministro do Ambiente, excelência?
Chefe da aldeia: Ehhh… Um minuto! (consulta o Google) Ambiente e
Desenvolvimento. É isso: desenvolvimento!
Pescador: Mas, excelência, o desenvolvimento está a fazer muito lixo nesta
aldeia. E nas outras...
Chefe da aldeia: Ah, esse lixo? Isso já está resolvido. Já foi feito o tara bandu.
Pescador: O tara bandu?
Chefe da aldeia: Sim, já vieram os chefes de suku, já mataram o porco e o galo.
Não viu? Até deu na televisão! Foi muito bonito. Tenho aqui fotos no facebook,
quer ver? (estica o braço e mostra-lhe o ecrã do telemóvel).
Pescador: Sim, muito bonito. Os espíritos dos antepassados ficaram contentes…
Mas, excelência, o lixo não desapareceu.
Chefe da aldeia: É preciso ter paciência. Os espíritos vão ajudar. Temos de seguir
a tradição.
Pescador: Mas, excelência, os peixes vão desaparecer. Não há tempo! Como é que
eu vou vender peixe, se só consigo pescar latas e botas?
Chefe da aldeia: Já pensou em vender as botas? Pode tirar uma licença no
Ministério do Comércio e Indústria...
Pescador: Vossa excelência podia dizer às pessoas…
Chefe da aldeia: Sim, eu posso! Dizer o quê?
Pescador: …para não fazerem tanto lixo? Ou para não deitarem o lixo nas ribeiras?
Chefe da aldeia: Sim.
Pescador: Sim?
Chefe da aldeia: Sim, eu vou dizer. Vou colocar aqui na agenda. Vai ser o tema
principal da minha próxima campanha. Está prometido!
Pescador: Obrigada, excelência!
(o pescador sai)
Chefe da aldeia: (acompanha, com o olhar, a saída do pescador) Boa tarde! (diz,
já distraído, depois de o pescador ir embora. Pega outra vez no telemóvel e volta
a navegar no facebook)

Cena 13
(O pescador está sentado numa pedra, a olhar para o mar, com um ar desanimado.
Chega a criança.)
Criança – Então? Conseguiste?
Pescador – O quê?
Criança – O lixo! Conseguiste falar com o chefe da aldeia? Ele vai proibir o lixo?
Pescador – Não sei. (abana a cabeça, desolado) Acho que vai demorar muito
tempo…
Criança – E agora?! O que é que eu digo à tartaruga?
Pescador – Não sei. (abana a cabeça, desanimado) Não sei… (sai de cena)
Criança – Espera! Acho que tive uma ideia! (sai atrás dele, a correr) Espera!

Cena 14
(à volta da tartaruga, a estrela do mar, o peixe palhaço, o golfinho e a baleia
estão muito agitados)
Peixe palhaço – Então? Então? Diz!
Estrela do mar – Conseguiste saber alguma coisa? Conta depressa!
Tartaruga – Calma, deixem-me descansar! Escapei por pouco de ser transformada
em sopa.
Todos – O quêêê?! Que horror! (o peixe palhaço e a estrela do mar escondem-se
atrás dos corais, assustados. A baleia e o golfinho vão confortar a tartaruga)
Golfinho – Magoaram-te? Mostra!
Baleia – Oh, minha boa amiga,
Que grande susto apanhaste!
Porque é que ninguém castiga
Quem só pensa na barriga
(aponta à volta)
E não vê este desastre?
Todos – Iôôôôôôôô!
Golfinho – Aposto que sei quem é que te queria comer!
Tartaruga – Sim, era um homem. Já me tinham avisado para fugir deles. Alguns
dos meus irmãos já foram transformados em sopa e amuletos…
Peixe palhaço – (aproxima-se) E descobriste o que era aquilo?
Tartaruga – É uma lata. Eles usam-nas para pôr comida. Depois, atiram-nas para o
chão e elas vêm parar aqui, com a chuva. Foi a filha desse homem que me disse.
Estrela do mar – E agora, o que fazemos?
Tartaruga – Ela vai ajudar-nos.
Golfinho – Quem?
Tartaruga – A filha desse homem. Ela pediu-me para vos dizer. Temos de ir até à
praia, para eles nos verem.
Peixe palhaço – Quem!
Tartaruga – Os homens da terra! Venham!
(saem todos)

Cena 15
(A criança, na praia, empunha cartazes e acena com eles, para o horizonte. O
primeiro a vê-la é o golfinho.)
Golfinho – Olha, está ali uma menina a fazer sinais!
Peixe palhaço – Vou chegar mais perto, para ver melhor. O que é aquilo que ela
tem na mão?
Tartaruga – É ela! Vou ver o que é. (aproxima-se e pergunta) O que é isso?
Criança – São cartazes.
Tartaruga – Cartazes?! Onde arranjaste? E para que servem?
Criança – O pescador ajudou-me. Vamos fazer uma manifestação. Trouxe estes
para vocês. (dá cinco cartazes à tartaruga)
Tartaruga – E achas que isto vai resultar?
Criança – Não sei. Mas podemos tentar.
(a tartaruga vai ter com os outros e dá um cartaz a cada um)
Baleia – (às voltas, empunhando o seu cartaz)
É uma boa ideia, temos de concordar
Assim, os homens não nos podem ignorar
Todos – Iôôôôôôô!
Peixe palhaço – O mar é também do mundo!
Estrela do mar – É aqui que nós crescemos.
Tartaruga – E quando sujam o nosso fundo.
Golfinho – É difícil nós vivermos.
Todos – Iôôôôôô!
Baleia – Todos juntos a gritar
Já podemos fazer ver
Se nos vão envenenar
Já não nos podem comer
Todos – Iôôôôôôô!

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