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CONTEÚDOS
Ponto final
Vírgula
Dois pontos
Ponto de interrogação
Ponto de exclamação
Parênteses
Aspas
Travessão
Reticências
De maneira geral, pontuação são os sinais que utilizamos, na escrita, para representar
as pausas e as entonações da língua falada. Sem pontuação adequada, um texto pode
parecer um emaranhado de palavras sem sentido, dando margem a várias
interpretações ou podendo, até mesmo, tornar-se incompreensível.
Mas nem sempre foi assim, muitos estudos dizem, que até o século IV a escrita era uma
bagunça.
Foi um alívio. Até o século IV os textos eram escritos sem pontuação. “Tinham que ser
interpretados”, conta o linguista Flávio Di Giorgi, da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Não era fácil. No Oráculo de Delfos (século VII a.C.), um dos lugares da
Antiguidade em que se faziam profecias consideradas divinas, ainda está escrito (em
grego): “Ides voltarás não morrerás na guerra.” Quem lê entende que irá para a guerra
e voltará a salvo. Era o contrário. Na verdade, queria dizer, se as vírgulas existissem:
“ides, voltarás não (o “não” vem depois do verbo), morrerás na guerra.” Ou seja, vais
morrer.
Os primeiros sinais de pontuação surgiram no início do Império Bizantino (330 a 1453).
Mas sua função era diferente das atuais. O que hoje é o ponto final servia para separar
uma palavra da outra. Os espaços brancos entre palavras só apareceram no século VII,
na Europa. Foi quando o ponto passou a finalizar a frase. O ponto de interrogação é
uma invenção italiana, do século XIV. O de exclamação surgiu no século XIV. Os
gráficos italianos também inventaram a vírgula e o ponto e vírgula no século XV (este
último era usado pelos antigos gregos, muito antes disso, como sinal de interrogação).
Os dois pontos surgiram no século XVI. O mais tardio foi a aspa, que surgiu no século
XVII. Tudo foi ficando mais claro com o aumento da importância da escrita.
Revista Super Interessante
“A mulher não respondeu logo, olhava-o, por sua vez, como se o avaliasse, a
pessoa que era, que de dinheiros bem se via que não estava provido o pobre moço,
e por fim disse, Guarda-me na tua lembrança, nada mais, e Jesus, Não esquecerei a
tua bondade, e depois, enchendo-se de ânimo, Nem te esquecerei a ti, Porquê, sorriu
a mulher, Porque és bela, Não me conheceste no tempo da minha beleza, Conheço-
te na beleza desta hora. O sorriso dela esmoreceu, extinguiu-se, Sabes quem sou, o
que faço, de que vivo, Sei, Não tiveste mais que olhar para mim e ficaste a saber tudo,
Não sei nada, Que sou prostituta, Isso sei, Que me deito com homens por dinheiro,
Sim, Então é o que eu digo, sabes tudo de mim, Sei só isso.”
Foi possível compreender o texto? Talvez você tenha sentido dificuldade. Mas isso
tem um motivo.
O escritor José Saramago, em sua maneira própria de escrever, extinguiu o uso do
travessão para identificar o interlocutor no diálogo. Nesse caso, para reconhecer os
emissores, somos ajudados pelo uso de vírgulas e pela letra maiúscula que inicia as
falas dos personagens. Além disso, o autor elimina, em alguns casos, o uso do ponto
final. Para alguns críticos literários, essa maneira de escrever é uma forma de
redescobrir a escrita.
Agora, leia como ficaria o texto, pontuado de acordo com as regras da língua
portuguesa.
“A mulher não respondeu logo, olhava-o, por sua vez, como se o avaliasse, a
pessoa que era, que de dinheiros bem se via que não estava provido o pobre moço,
e por fim disse:
− Guarda-me na tua lembrança, nada mais.
E Jesus:
− Não esquecerei a tua bondade.
E depois, enchendo-se de ânimo:
− Nem te esquecerei a ti.
− Porquê? sorriu a mulher.
− Porque és bela.
− Não me conheceste no tempo da minha beleza.
− Conheço-te na beleza desta hora.
O sorriso dela esmoreceu, extinguiu-se.
− Sabes quem sou, o que faço, de que vivo.
− Sei.
− Não tiveste mais que olhar para mim e ficaste a saber tudo.
− Não sei nada.
− Que sou prostituta.
− Isso sei.
− Que me deito com homens por dinheiro.
− Sim.
− Então é o que eu digo, sabes tudo de mim.
− Sei só isso.”
Regras de pontuação
Agora, vamos ao estudo das regras para a colocação dos sinais de pontuação.
Ponto final ( . )
Vírgula ( , )
A vírgula é utilizada para separar determinados termos de uma oração nos seguintes
casos:
Em datas.
Salvador, 04 de junho de 1979.
Em enumerações.
Ela está feliz, mais bonita, mais amiga das pessoas.
Em apostos e vocativos:
Pelé, o rei do futebol, nasceu em Minas Gerais.
aposto (explica o termo anterior)
Atenção!
A vírgula nunca pode separar termos que mantenham uma relação de dependência
entre si. Sendo assim, não se separa o sujeito do seu predicado, o verbo do seu
objeto, etc.
Uso incorreto:
Pedro, enviou a correspondência.
As crianças, acordaram tarde.
O tempo todo, o casal de vizinhos, discute.
Uso correto:
Pedro enviou a correspondência.
As crianças acordaram tarde.
O tempo todo, o casal de vizinhos discute.
Ponto-e-vírgula ( ; )
Indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. É usada para separar
orações muito longas ou alinhavar outras ideias.
Dois-pontos ( : )
Anunciar uma palavra ou expressão que esclarece, desenvolve uma ideia anterior.
Aqui nosso lema é: um por todos, todos por um.
Ponto de interrogação ( ? )
Ponto de exclamação ( ! )
Atenção!
Parênteses ( )
Os parênteses são usados para intercalar, num texto, uma informação ou explicação
secundária.
Aspas (“ ”)
Enfatizar ou ironizar uma palavra ou expressão, chamando mais a atenção sobre ela.
Com que dinheiro ele comprou o “tal carro”?
Atenção!
É tão limpo, olha aí ⎯ admirou-se ela. Trouxe nas pontas dos dedos um pequeno
crânio de uma brancura de cal. ⎯ Tão perfeito, todos os dentinhos!
Lygia Fagundes Telles
Em algumas situações, pode também, ser usado para realçar uma conclusão e representar
a síntese do que se vinha dizendo.
Reticências (...)
Revelar dúvida, surpresa, alegria etc., indicando uma pausa para o pensamento.
Você está mudando...
É comum vermos a pontuação utilizada de maneira a dar maior ênfase ao que se quer
expor, para mostrar grande surpresa, irritação, felicidade, questionamento, entre outros,
com a repetição de interrogações ou exclamações, como vemos em mensagens por e-
mail, por aplicativos de celular, em quadrinhos ou em charges:
Veja este caso: "Os deputados deixaram o plenário da Câmara irritados". Não
há obrigação de empregar nenhuma vírgula, já que os termos da frase estão dispostos
em ordem direta: sujeito ("os deputados"), verbo ("deixaram"), complemento do verbo
("o plenário da Câmara") e predicativo do sujeito ("irritados").
Agora, vamos fazer o termo "irritados" passear pela frase. Vamos de trás para a
frente. Podemos colocá-lo depois de "deixaram"? É claro que sim: "Os deputados
deixaram, irritados, o plenário da Câmara". Podemos colocá-lo depois de "Os
deputados"? Também é claro que sim: "Os deputados, irritados, deixaram o plenário da
Câmara". Falta começar a frase com o termo, o que também é possível: "Irritados, os
deputados deixaram o plenário da Câmara". Agora, caro leitor, eu lhe pergunto, como
quem não quer nada: que acarreta esse passeio? Nada? Ou tudo?
a) De acordo com o que é exposto no texto, a palavra irritados pode “passear” pela
frase, quer dizer, pode aparecer em diferentes lugares. Qual pontuação permite
que isso ocorra?
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b) O trecho do texto foi encerrado com duas perguntas. Que pontuação permite
reconhecer isso?
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2. ITA-SP
“Levantamento inédito com dados da Receita revela quantos são, quanto
ganham e no que trabalham os ricos que pagam impostos. [...].
Entre os nove que ganham mais de 10 milhões por ano, há cinco empresários,
dois empregados do setor privado, um que vive de rendas. O outro, quem diria, é
servidor público. ”
(Veja, 12/7/2000)
3. Leia o texto:
Rubio mudou de vida…e de país. O cachorro, que até recentemente vivia nas
ruas de Buenos Aires, na Argentina, foi adotado e agora mora na Alemanha.
A história do cãozinho começou a mudar em janeiro, quando conheceu a
comissária de bordo Olivia Sievers. Segundo a ONG Mascotas Puerto Madero
Adopciones Responsables, foi amor à primeira vista.
O animal passou a esperar Sievers em frente ao hotel onde ela se hospeda
durante suas viagens. Ganhou carinho e comida, e a amizade entre eles cresceu.
Segundo a ONG, parecia que Rubio sabia quando a comissária chegava à
cidade. E ali estava ele perto do hotel. Quando Sievers partia, o cão também
desaparecia da região.
O cachorro chegou a ser levado a um lar temporário, mas havia um gato na
casa – e Rubio não gostou muito da companhia. Acabou escapando.
Quando Sievers retornou à cidade, reencontrou
o animal. Com auxílio da ONG, a comissária concretizou
o processo de adoção.
Rubio chegou à Alemanha no começo deste
mês, após 14 horas de voo.
A Mascotas Puerto Madero Adopciones
Responsables disse ao Bom Pra Cachorro que a
adaptação vai muito bem e que Rubio está feliz com a
nova família.
Fotos publicadas por Sievers e pela ONG
mostram o cão à vontade: sendo abraçado pela tutora,
brincando com outros cachorros, descansando dentro
de casa ou posando ao lado de flores. Figura 3 – Rubio em sua casa, na
Alemanha
Fonte: Bom pra cachorro
a) No título do texto a palavra persegue aparece
entre aspas. O que isso informa ao leitor?
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5. Um homem rico estava à beira da morte. Pediu papel e pena para escrever seu
testamento, mas morreu antes de fazer a pontuação. Ficou assim:
Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do
alfaiate nada ao povo
Sobrinho:
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Irmã:
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Alfaiate:
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Povo:
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6. Um poeta tinha três namoradas: Soledade, Lia e Maria. Cada uma das três queria
saber a quem ele realmente amava. Ele, então, escreveu o poema:
Se consultar a razão
digo que amo Soledade
não Lia cuja beldade
ser humano não teria
não aspiro à mão de Maria
que não tem pouca beldade
De que maneira o poeta conseguiria agradar a cada uma delas usando apenas os sinais
de pontuação?
a) Soledade:
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b) Lia:
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c) Maria:
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Foi exatamente durante o almoço que se deu o fato Almira continuava a querer
saber por que Alice viera atrasada e de olhos vermelhos Abatida Alice mal respondia
Almira comia com avidez e insistia com os olhos cheios de lágrimas Sua gorda disse
Alice de repente branca de raiva Você não pode me deixar em paz Almira engasgou-se
com a comida quis falar começou a gaguejar Dos lábios macios de Alice haviam saído
palavras que não conseguiam descer com a comida pela garganta de Almira G. de
Almeida Você é uma chata e uma intrometida rebentou de novo Alice Quer saber o que
houve não é Pois vou lhe contar sua chata é que Zequinha foi embora para Porto Alegre
e não vai mais voltar Agora está contente sua gorda Na verdade Almira parecia ter
engordado mais nos últimos momentos e com comida ainda parada na boca Foi então
que Almira começou a despertar E como se fosse uma magra pegou o garfo e enfiou-o
no pescoço de Alice O restaurante ao que se disse no jornal levantou-se como uma só
pessoa Mas a gorda mesmo depois de feito o gesto continuou sentada olhando para o
chão sem ao menos olhar o sangue da outra Alice foi ao Pronto-Socorro de onde saiu
com curativos e os olhos ainda arregalados de espanto Almira foi presa em flagrante
LEITURA COMPLEMENTAR
Observe o sentido que o poeta João Cabral de Melo Neto deu a seu poema intitulado
Questão de pontuação.
Questão de pontuação
Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);
LISPECTOR, Clarice. A solução. In: A literatura brasileira através dos textos. São
Paulo: Editora Cultrix, 2000, p. 556.
MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. 21ª ed. São Paulo:
Cultrix, 2000.
NETO, Pasquale Cipro. Quando a pontuação e a ordem decidem o sentido.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2504200206.htm>. Acesso
em: 16 ago. 2016.
GABARITO
1.
a) A vírgula.
b) A interrogação.
c) Para organizar o texto e mudar de lugar a palavra irritados na mesma frase,
foram exigidas as vírgulas.
I. Os deputados deixaram, irritados, o plenário da Câmara: neste caso
há a informação do estado de humor em que os deputados deixaram o
plenário.
II. Os deputados, irritados, deixaram o plenário da Câmara: neste caso
sabe-se que apenas os deputados que estavam irritados deixaram o
plenário, os demais permaneceram.
I. Irritados, os deputados deixaram o plenário da Câmara: quanto mais
perto do início da frase, mais ênfase o termo "irritados" recebe. Nesse
caso, o termo deixa de só indicar o estado dos deputados e assume o
sentido de causa.
2.
a) Sim, a ausência da vírgula na oração afeta seu sentido. Nesse caso, seu
significado é o seguinte: dentre os ricos do Brasil, uma parcela deles paga
imposto; outra não. Com a vírgula, a mesma oração dá a entender que todos os
ricos do Brasil pagam imposto.
b) Porque a expressão “o outro” está entre o sujeito e seu predicado “é servidor
público”. Ele permite inferir que houve surpresa e ironia ao referir-se ao servidor
público que, normalmente, tem salário baixo e não é comum receber 10 milhões
por ano.
3.
a) As aspas chamam a atenção para a palavra persegue, que está sendo usada
de maneira irônica, para referir-se ao cão que estava sempre por perto quando
sua atual dona estava hospedada em um hotel na Argentina, cidade onde o
cachorro vivia.
b) Nesta situação, as reticências servem para criar um suspense e em seguida
revelar a grande mudança na vida do cachorro que além de ter sido adotado,
foi viver em outro país.
c) II. um destaque a uma conclusão.
Ao contar que o cão havia morado em um lar temporário, também é revelado
que ele não se adaptou por ter um gato na casa. Para dar maior ênfase ao final
dessa história, foi utilizado um travessão para separar a conclusão de seu
episódio.
O trecho não trata-se de um diálogo, por não transcrever a fala de personagens
em discurso direto.
d)
I. O uso dos dois pontos indicou que na sequência há uma enumeração
explicativa.
III. As vírgulas que aparecem separam uma enumeração explicativa.
4.
Vocês estiveram juntos. – o ponto final indica uma oração afirmativa.
Vocês estiveram juntos? – a interrogação indica uma oração interrogativa, que
questiona algo.
Vocês estiveram juntos! – neste caso, a exclamação indica surpresa.
5.
Sobrinho: Deixo meus bens à minha irmã? Não, a meu sobrinho. Jamais será paga
a conta do alfaiate. Nada ao povo.
Irmã: Deixo meus bens à minha irmã, não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta
do alfaiate. Nada ao povo.
Alfaiate: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga
a conta do alfaiate. Nada ao povo.
Povo: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a
conta do alfaiate? Nada! Ao povo.
6.
Se consultar a razão,
digo que amo Soledade?
Não. Lia, cuja bondade
ser humano não teria.
Não aspiro à mão de Maria,
que não tem pouca beldade.