Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
PERSONAGENS
Fédromo, um jovem
G o r g u lh o , parasito de Fédromo
P la n é s ia ,2 moça de Epidauro
Lico ,4 um banqueiro
U ma v e lh a , porteira de Capadócio
O CORIFEU
249
P a l in u r o : Então se eu perguntar o que é que tu res
pondes?
P alinu r o : Mas, ó
meu louco, tu não estás a perguntar
se a porta vai bem de saúde?
250
não te venhas a sentir envergonhado. Trata sempre
de o não fazer sem testemunhas. Tudo o que amares,
ama diante de testemunhas.
251
F édrom o: Exatamente.
P al in u r o : Como é isso?
252
e foge. E isto faz ela porque o mercador está doente e
dorme no templo de Esculápio .2 O que ele me tortu
ra!
F éd r o m o :
Mandei agora a Cária um parasito meu a
pedir dinheiro emprestado a um amigo; se não mo
traz nem sei para onde me hei de voltar.
F éd r o m o :
Este altar que vês diante da porta é consa
grado a Vênus. Pois já prometi trazer a Vênus um
almoço.
253
F édrom o: Já vais saber. Costuma dormir aqui uma ve
lha que serve de guarda e de porteira. Pois o nome
dessa velha é Muito-o-Bebe e Puro-o-Bebe.
P a linu r o :
Parece que estás a descrever uma garrafa
de vinho de Quios .3
P a l in u r o : Cá estou.
P a l in u r o : M uito bem.
255
F é drom o (em voz baixa, a Palinuro): A velha está com
sede.
F éd ro m o (aproximando-se): Viva!
256
A velh a: Leva tanto tempo.
257
A velha (com um suspiro de contentamento): Ah!
A velh a : É bom.
P a linuro :
Cá estou calado. (Mostrando a velha toda
curvada, deleitando-se a beber.) Mas o arco 4 está a
beber, vai haver chuva hoje, está-me a parecer.
F édro m o : Olha,
velha, eu quero que saibas uma coisa:
que sou um desgraçado e estou perdido.
258
F édrom o:Pois eu se tu me fores fiel, hei de levantar-te
uma vinha em vez de estátua de ouro, para que sirva
de monumento à tua garganta. Ó Palinuro, não é
verdade que se ela vier ter comigo não haverá no
mundo ninguém com mais sorte do que eu?
259
A VELHA, PLANÉSIA, FÉDROMO, PALINURO
F é d r o m o : É tão engraçada.
P a l in u r o : Engraçada demais.
260
(de mau humor): O que me parece é que tu
P alin u r o
estás doente. E isso é que me custa.
F édrom o: Cala-te.
261
Para que me hei de calar? Por que é que
P al in u r o :
não vais dormir?
262
P la n é sia :
Não batas nessa pedra, querido; olha que
magoas a mão.
P a linu r o :
Ah, Fédromo, estás cometendo um crime
horrível! Batendo assim em quem te está mostrando
o bom caminho! O teu amor por esta mulher não
vale nada. E é por isso que tu te vais pôr com estes
costumes?
263
me vais deixar? Ai Palinuro, agora é que
F é d r o m o : Já
eu estou perdido.
264
ATO II
CAPADÓCIO, PALINURO
265
Quem será este homem de barriga tão
P a l in u r o :
grande e de olhos cor de erva? Pelo vulto conheço-o,
mas pela cor não há maneira... Ah, já sei de quem se
trata: é Capadócio, o mercador. Vou ter com ele.
C a p a d ó c io : Viva, Palinuro!
Olá, grandíssimo patife, como vai isso? Que
P al in u r o :
fazes por aqui?
C a p a d ó c io : V ou vegetando...
266
O COZINHEIRO, PALINURO, CAPADÓCIO,
FÉDROMO
P a l in u r o : Lá isso é verdade.
267
O c o zinh eiro : E é o que os outros deuses vão fazer.
Entendem-se todos às mil maravilhas. Também não
é de admirar que não estejam mais bem dispostos
contigo. O que tu devias era deitar-te no templo de
Júpiter, que sempre te ajudou, mesmo apesar dos ju
ramentos falsos.
C a pa d ó c io : Se
quisessem lá deitar-se todos os que têm
jurado falso, não havia mais lugar no Capitólio .5
O cozinh eiro : O que tens a fazer é o seguinte. Faze as
pazes com Esculápio para que não te suceda nenhum
grande mal conforme ao que visse de noite.
C a pa d ó c io : É um bom conselho. Vou lá rogar-lho.
O cozinh eiro : Em má hora o faças! (Capadócio torna
a entrar no templo; o cozinheiro sai.)
P alinuro (saindo da casa): Pelos deuses imortais! Que
é que eu vejo! Quem é que está ali! Não é o parasito
que se mandou a Cária?! (Gritando.) Olá, Fédromo!
Vem cá fora, vem depressa! Olha que sou eu que te
digo que venhas depressa.
F édro m o (saindo): Para que é esse barulho todo?
G o r g ulh o :
Toca a abrir-me caminho, conhecidos e
desconhecidos, para que eu possa cumprir o meu de
ver. Vamos, afastai-vos todos. Ide embora, tirai-vos
268
do caminho para que eu não derrube alguém ao cor
rer, ou com o cotovelo, ou com o peito, ou com o
joelho. O que eu tenho a fazer é uma coisa muito ur
gente; tem de ser já, tem de ser depressa. Que nin
guém se julgue bastante poderoso para se me atra
vessar no caminho; não há general, nem príncipe,
nem inspetor, nem edil, nem pretor, não há ninguém
com tanta glória que eu não faça cair de cabeça no
meio da rua. Até esses gregos de pálio 6 que vão an
dando de cabeça coberta, que vão cheios de livros e
de embrulhos e que param para discutirem coisas
absurdas e que impedem a circulação, embaraçam o
caminho, depois lá andam de novo com as suas sen
tenças. Estão sempre a beber nas termas; logo que
apanham alguma coisa cobrem a cabeça e vão beber
no duro. Depois voltam tristes e um tanto bêbados,
Pois, se os encontro, apanha cada um seu pontapé. E
a esses escravos desses bobos que andam jogando
pelas ruas, a toda essa malandragem vou ferrar já no
chão. O melhor que têm a fazer é ficar em casa, para
evitarem uma desgraça.
269
F é d r o m o : O raio do homem !
G orgulh o:Quem é que me chama? Quem é que disse
o meu nome?
G orgulho: Salve!
G o r g ulh o : E
dize lá tu por favor: as minhas onde es
tão? (Dá mostras de cair de fraqueza.)
270
F é d r o m o : O raio do homem !
272
deste o dinheiro?” , perguntei eu. “Não, o dinheiro
está com esse banqueiro, com o Lico de que falei. E
dei-lhe ordem de ajudar quem lhe apresentasse uma
carta minha com meu sinete a tirar a mulher ao
mercador, com jóias e vestidos.” Depois desta con
versa, afastei-me; mas ele tornou-me logo a chamar e
convidou-me para uma ceia; seria um sacrilégio re
cusar. “E se nós fôssemos para a mesa?” , perguntou
ele. Aprovei o plano. Eu cá nunca demoro o que
como de dia para não prejudicar o que vou comer à
noite. Estava já tudo preparado, e preparado para
nós; depois de comermos e bebermos, mandou bus
car os dados. Convidou-me para o jogo e eu aceitei e
apostei o manto. Ele apostou o anel e invocou Plané
sia.
F é d r o m o : A m inha querida?
F édrom o: Formidável!
273
e uma grande panela; só assim é que saem bons os
conselhos. Tu vais escrever, este aqui vai servir-me e
eu vou comer. E dizer-te o que tens de escrever. Vem
cá dentro comigo.
274
ATO III
275
Lico: Olá, zarolho.
G o r g ulh o :
Isto foi um tiro de catapulta que eu levei
em Sicione.
276
G orgulho: Encarregaram-me de lhe levar esta carta.
Lico: S ou eu mesmo.
Lico: A mim?
277
G o r g ulh o :
Seja tudo como quiseres; não desejo mais
nada senão o que peço.
G o r g ulh o : Vou já
dizer-te. Chegamos da Índia a Cária
há três dias; e ele quer erigir uma estátua toda de
ouro de Filipe ,8 com uma altura de sete pés, para
que seja um monumento de seus feitos.
Lico: Eh!
278
Lico: É que mesmo que eles estivessem numa gaiola,
bem fechados, como se fossem frangos, ainda assim
havia de levar mais de um ano a dar cabo deles! Por
Hércules! Agora é que eu acredito que tu andas com
ele, porque só dizes baboseiras.
C a p a d ó c io : Mas eu já a prometi.
279
ATO IV
O EMPRESÁRIO DA COMPANHIA
281
Velhos estão os que emprestam e recebem a juros; é
mesmo por trás do templo de Castor, mas o que se
deve é desconfiar deles. No caminho toscano estão os
homens que a si próprios se vendem. No Velabro os
padeiros, os açougueiros, os arúspices, aqueles que an
dam dum lado para o outro e os que fazem os outros
andar dum lado para o outro. Há maridos ricos e de
vassos junto da casa Leucádia Ópia. Mas lá ouvi o ba
rulho da porta; tenho que travar a língua. (Sai.)
282
pertence, dais ordens a quem vos não pertence. Nin
guém vos daria garantia nenhuma; não podeis, por
tanto, dá-la vós a ninguém. Esta raça dos mercado
res de escravas é, entre os homens, como a das mos
cas, dos mosquitos, dos piolhos e das pulgas: só
serve para incomodar, para aborrecer, para desespe
rar; não tem utilidade alguma. Ninguém ousa, se é
honesto, falar convosco na praça pública; e se pára
um momento, logo falam mal dele, o censuram, o
desprezam. Embora não tenha feito nada, dizem logo
que está perdendo a honra e a fortuna.
G orgulho: Adeus.
283
C a p a d ó c io : Olha lá, quero falar contigo.
C a p a d ó c io : Oxalá...
284
aquele que ma vendeu. Acho que deve ter morrido.
Que me importa a mim. Tenho dinheiro! Quem os
deuses assim protegem, encontra ganho em tudo.
Agora vou tratar o que devo aos deuses. E depois
vou cuidar da saúde. (Sai)
TERAPONTÍGONO, LICO
285
Lico: Procedes melhor que a maior parte dos ladrões
que têm libertos e os abandonam.
T e r a p o n t íg o n o : E então que fizeste tu?
CAPADÓCIO, TERAPONTÍGONO
286
é que é um bonito convite. Mas
T e r a p o n t íg o n o : I sso
se houver algum meu, há de ser para teu mal. Mas
que faz lá por tua casa a moça que eu comprei?
Um mercador de escravas a
T e r a p o n t íg o n o :
ameaçar-me a mim! Será possível que estejam tão
desprezados os meus combates e os meus feitos de
guerra?! Oxalá a minha espada e o meu escudo me
ajudem nas batalhas campais tão bem como é certo
que se me não entregares essa moça eu te faço em
bocadinhos tão pequeninos que até as formigas te
hão de poder levar daqui.
287
sar, pela minha tesoura e pela minha toalha de mãos
que faço tanto caso dessas tuas fanfarronadas e das
tuas gabarolices, como da criada que me lava a ba
cia. Eu entreguei-a a quem me deu dinheiro da tua
parte.
288
ATO V
GORGULHO (só)
P l a n é s ia : Corre, Fédromo.
P l a n é s ia : Pára aí!
289
F é d r o m o : Mas que é isso?
290
T e r a p o n t íg o n o : Que estás tu a gritar?
291
(mostrando a pedra preciosa do anel): O
G o r g u lh o
quê? Será possível que teu pai e tua mãe estejam es
condidos nesta pedra?
P l a n é s ia : E u nasci livre.
292
Livre uma escrava minha? Mas eu
T e r a p o n t íg o n o :
nunca a libertei.
P l a n é s ia : Perífanes?!
P l a n é s ia : Ó Júpiter!
P l a n é s ia : Cleóbula.
293
Foi Arquéstrata. Um dia levou-me ao teatro,
P l a n é s ia :
nas festas de Dionísio. Depois de lá ter chegado e de
me ter sentado, levantou-me um vendaval que der
rubou tudo e me fez tremer de medo. Não sei quem
foi que me apanhou, toda assustada e cheia de pa
vor, nem viva, nem morta. E nem sei dizer por que
razão pegaram em mim.
T e r a p o n t íg o n o : Dá cá para eu ver.
P l a n é s ia : Deixa estar.
T e r a p o n t íg o n o (a Gorgulho): Vê lá se te calas.
294
G orgulh o:Como hei de calar-me se tudo está a correr
tão bem? E tu vais dá-la em casamento. Eu trato do
dote.
T e r a p o n t íg o n o : Formidável!
T e r a p o n t íg o n o : Se ela quer...
T e r a p o n t íg o n o : E stá bem.
G o r g u l h o : Ótimo.
295
Fédrom o: T u dás-ma em casamento?
T e r a p o n t íg o n o : D o u .
F édrom o: E eu também.
296
T er a po ntíg o n o : Olha
que eu hoje estou disposto a fa
zer de ti dardo de catapulta, e a torcer-te a nervo,
exatamente como nas catapultas .10
C apa d ó c io : Pois
quanto a mim, o que eu estou pronto
é a mandar-vos aos dois para uma boa cadeia.
T erapo ntíg o no
(a um dos seus acompanhantes): Põe-
lhe uma corda ao pescoço e leva-o para a cruz.
C apa d ó c io :
Pelo amor dos deuses e dos homens!
Levarem-me assim sem me julgarem, e sem testemu
nhas? Por favor, Planésia! Por favor, Fédromo!
Socorram-me neste aperto!
P la n ésia :
Por favor, meu irmão, não dês cabo desse
desgraçado. Ele tratou-me sempre muito bem e com
decência.
T er a po ntíg o n o : Não
foi por vontade dele, não; é a Es
culápio que tens que dar graças pela tua inocência.
Se ele tivesse saúde, já teria há muito tempo tratado
de ti.
F édro m o :
Escutai lá: eu acho que é possível arranjar
as coisas. (Ao homem que segura Capadócio) Tu
vais largar esse homem. E tu, mercador, chega-te cá.
Vou pronunciar a minha sentença no caso de vós es
tardes prontos a fazer o que eu mandar.
297
Por mim tens toda a licença. Mas, por
C a p a d ó c io :
Hércules, com a condição de ninguém me tirar di
nheiro nenhum.
C a p a d ó c io : Prometi como?
T e r a p o n t íg o n o : Falando.
T e r a p o n t íg o n o : O quê?! Tu negas?!
C a p a d ó c io : Não te calarás?
298
C a p a d ó c io : T u ju lga s que te dou a im portância bas
tante para ter medo de ti?
T e r a p o n t íg o n o : Verdade mesmo?
299
T Para quê? Queres saber? Olha: se tu
e r a p o n t íg o n o :
T e r a p o n t íg o n o : Ótim o.
300