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A Petrobras é hoje a empresa que detém o maior número de certificados ISO 9000
no Brasil com mais de setenta certificados ISO 9001/2, distribuídos por diferentes áreas
de negócio e de apoio. É também no mundo a empresa de petróleo com o maior número
de certificados ISO 14001. O programa ISO 9000 da Petrobras teve início em junho de
1994 como parte do processo de implantação da Gestão pela Qualidade Total (GQT).
Para sua implantação foram analisados os cenários vigentes, as referências de empresas
do setor e de outros ramos de atuação consideradas de classe mundial, e as demandas dos
clientes.
Em 1991, diante de um novo contexto empresarial que trazia como marcas
dominantes o surgimento de um mercado mais exigente, o aprofundamento do processo
de globalização e a ascensão de um novo consumidor mais consciente de seus direitos, e
ainda, no cenário brasileiro o lançamento do Programa Brasileiro da Qualidade e
Produtividade, a PETROBRAS iniciou a implantação, no âmbito de todo a Companhia,
do processo de Gestão pela Qualidade Total (GQT), tendo como foco a excelência
empresarial. Tendo em vista as dimensões e a complexidade da empresa, a variedade de
seus negócios, bem como sua presença em diversas regiões do País e do exterior com
características culturais próprias, foram definidas as seguintes estratégias de implantação
do novo modelo de gestão:
adoção de conceitos uniformes de GQT em toda a Companhia. Um amplo
esforço de sensibilização e capacitação dos gerentes foi desenvolvido a partir de
um programa básico de 40 horas, adaptado dos cursos aplicados pela Fundação
Christiano Ottoni.
No período 1991-1993, um grupo de 150 multiplicadores aplicou o treinamento-
padrão para cerca de 3.000 gerentes de todos os níveis, ao mesmo tempo em que
seminários especiais envolveram toda a alta administração com o mesmos
conceitos;
planos de ação desenvolvidos e implementados de forma descentralizada.
Cada área da empresa encarregou-se do desenvolvimento de seus próprios planos
de ação para a implantação da GQT nos diversos órgãos. Uma rede de
coordenadores da qualidade em cada órgão da Companhia, reportando-se
funcionalmente à coordenação corporativa, atuou como suporte importante ao
processo local;
respeito às peculiaridades locais. A base conceitual comum foi utilizada com a
necessária flexibilidade, permitindo-se eventuais adaptações à cultura, aos tipos
de negócios e atividades, e aos diversos estágios da gestão local. Esta estratégia
buscou evitar impor "camisas-de-força" ou modelos de gestão padronizados e
rígidos;
fortalecimento do processo nas áreas operacionais, e daí para as áreas de sede
e da alta administração. O princípio da liderança no processo de GQT foi
aplicado levando-se em conta que o gerente/superintendente de uma unidade
operacional é, de fato, o presidente de uma empresa de porte, dadas as dimensões
das unidades operacionais da PETROBRAS. Além disto, os resultados
operacionais são gerados naquelas unidades, sendo que nelas o quadro gerencial
é mais estável. Tendo a alta direção definido-se pela adoção da GQT como modelo
para toda a Companhia, a focalização nas áreas operacionais para aplicação do
novo modelo de gestão facilitou sua mais rápida absorção e internalização. A
partir daí as áreas de sede e a própria alta administração foram sendo cada vez
mais envolvidas e comprometidas;
acompanhamento e avaliação sistemáticos. Como complemento à estratégia
da descentralização da implementação dos planos, foi necessário criar
instrumentos para a avaliação sistemática do avanço do processo. Para isto, os
Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade passaram a ser
utilizados em avaliações periódicas e sistemáticas em diversos níveis da
organização, fornecendo um retrato fiel do status da gestão em cada área, ao
mesmo tempo em que fortaleceram conceitos e métodos, acelerando e
homogeneizando todo o processo.
impacto para os clientes – por este critério se buscou avaliar demandas claras de
clientes quanto à certificação do sistema relativo ao produto considerado, ou o
impacto positivo que a certificação poderia trazer para o cliente, resultando em
aumento de satisfação, fortalecimento do relacionamento comercial e possível
aumento de volume de vendas.
Oportunidades para a Companhia – neste caso a consideração foi dirigida à
avaliação de oportunidades de melhoria de imagem, de entrada em novos
mercados, conquista de novos clientes, aumento do poder de negociação com
entidades de interesse, ou maior facilidade de obtenção do certificado onde
houvesse sistema da qualidade já implantado.
Impacto nos resultados – aqui levou-se em conta a relevância do produto nos
resultados financeiros em termos de participação no faturamento global.
Ação da concorrência – por meio deste critério foi feita análise do panorama
mundial de certificações ISO 9000 no setor petróleo, de modo a identificar que
sistemas estariam sendo certificados pelos concorrentes potenciais.
Impacto nas exportações – o último critério avaliou o peso do produto nas
exportações, ou ainda a perspectiva de sua comercialização no mercado externo.
Decorridos seis anos desde à obtenção do primeiro certificado ISO 9002, algumas das
principais conclusões e benefícios gerais percebidos com o programa de certificações são:
o programa é elemento altamente motivador e mobilizador, por acenar em um
horizonte de curto prazo, com a conquista de um diploma reconhecido
internacionalmente, o que não acontece com um processo mais amplo de
implantação da GQT;
é um forte instrumento de alavancagem da Gestão pela Qualidade Total,
orientando o esforço de padronização e sistematização de processos de produção
e gerenciais;
facilita a disseminação de uma linguagem comum quanto aos aspectos de garantia
da qualidade;
permitem o registro do conhecimento desenvolvido;
estimula para a manutenção dos sistemas por meio das auditorias externas
sistemáticas (semestrais);
melhoria da imagem da Companhia e maior alinhamento às demandas dos
clientes. Casos como a certificação do sistema de comercialização e logística (cujo
escopo abrange oito dos principais produtos fornecidos, entre os quais a gasolina
e o diesel) evidenciam o aumento das garantias para o cliente quanto ao
cumprimento dos compromissos assumidos;
é fator de diferenciação em um mercado aberto;
o programa é forte indutor da excelência empresarial, especialmente por
direcionar a empresa para a definição clara e o atendimento aos requisitos dos
clientes, reforçando a cultura da focalização no cliente e no mercado;
Alguns dos mais expressivos benefícios percebidos de modo específico e quantificado
pelas unidades operacionais e por toda a Companhia foram:
redução de custos operacionais: a fábrica de lubrificantes contabilizou redução de
30% em seus custos após à certificação;
melhorias nos índices de satisfação dos clientes.
Na BR (Distribuidora) houve expressiva melhoria da imagem junto aos clientes
internacionais do mercado de aviação, sendo o certificado um dos fatores
determinantes da conquista do cliente United Airlines;
redução expressiva das taxas de acidentes com afastamento, tanto de empregados
próprios quanto de empregados de empresas contratadas, superando referenciais
externos internacionais.
redução de desperdícios e da quantidade de resíduos gerados;
Quanto às dificuldades observadas, as mais destacadas são as relacionadas aos fatores
humanos, freqüentemente desconsiderados nos processos de implantação e manutenção
dos sistemas. Uma mudança por vezes profunda na cultura da organização é determinada
pelo modelo ISO 9000 em função de algumas de suas mais marcantes características,
como segue:
organização da gestão e controle sistemático das atividades que influenciam na
qualidade;
documentação de procedimentos de trabalho e registro de resultados das
atividades que influenciam a qualidade;
registro e tratamento sistemático de não-conformidades, definidas como o não
atendimento aos requisitos especificados em contrato ou na própria documentação
do sistema da qualidade (incluindo-se as reclamações de clientes), o que implica
em registrar formalmente as falhas e erros diversos;
definição clara de responsabilidades e atribuições de todas as pessoas que
executam atividades que influenciam diretamente a qualidade do que é produzido;
padronização de procedimentos de trabalho, visando obter previsibilidade de
resultados dos diversos processos;
medição sistemática de resultados de processos e da qualidade de produtos. No
caso particular de áreas prestadoras de serviços, a medição de resultados da
qualidade do que é produzido tem relação direta com o desempenho dos que
prestam o atendimento aos clientes, o que expõe mais diretamente o bom e o mau
desempenho das pessoas;
gerenciamento de interfaces com outras áreas da empresa, clientes e fornecedores,
o que resulta também no acerto de compromissos firmes e documentados entre as
partes;
implementação de ações corretivas, que identifiquem a causa dos erros e
problemas (não-conformidades) e medidas de correção que evitem sua
reincidência e de ações preventivas, para evitar que não-conformidades
potenciais, isto é, ainda não existentes, surjam;
execução de processos produtivos somente por pessoas capacitadas e qualificadas;
utilização de equipes multifuncionais, especialmente necessárias na fase de
desenho dos processos e documentação dos diversos processos de trabalho, bem
como na definição das interfaces mencionadas.
REFERENCIA
https://www.qsp.org.br/cnec.shtml
http://sites.petrobras.com.br/CanalFornecedor/portugues/requisitocontratacao/requisito_
certificacaopessoal.asp