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CURSO SAPIENTIA

CURSO HISTÓRIA DO BRASIL


PROF. RODRIGO GOYENA S OARES
M ATERIAL: CORREÇÃO DE QUESTÕES

Questão 1

“O esforço para obter o reconhecimento da independência do Brasil se desenrola em duas fases


distintas. A primeira se situa dentro do período em que José Bonifácio de Andrada e Silva foi o
poderoso ministro da Guerra e dos Estrangeiros. A segunda etapa estende-se da queda do
Patriarca da Independência até a assinatura do tratado de reconhecimento com Portugal,
seguindo-se, em rápida sucessão, os reconhecimentos da Grã-Bretanha e das demais
potências.”

Redija um texto dissertativo apresentando e analisando, de forma contextualizada, eventos


históricos que possam fundamentar a afirmação feita por Rubens Ricupero no fragmento de
texto acima apresentado.
Extensão máxima: 90 linhas
(valor: 30 pontos)
A política externa do Primeiro Reinado (1822-1831)

o O reconhecimento da Independência

o Teoria declaratória ou constitutiva da independência?


 Reconhecimento da sociedade internacional era fundamental para a
independência.
o Bonifácio envia, em maio de 1822, portanto antes do Grito de Ipiranga,
delegação do Reino do Brasil a Buenos Aires.
 Em Agosto de 1822, vem à tona o Manifesto de 6 de Agosto:
o Manutenção das relações políticas e comerciais, sem
dar prioridade a estas ou àquelas.
o Continuidade das relações estabelecidas desde a vinda
da família real.
o Liberalismo comercial.
 Matizado pelo interesse do Estado.
o Respeito mútuo ou reciprocidade no trato.
o Abertura para a imigração.
o Facilidades para a vinda de cientistas e empresários.
o Abertura ao capital estrangeiro.
 Governo das Províncias Unidas do Rio da Prata reconhecem
independência do Brasil em 1823.
 No mesmo ano, Benin e Onin reconhecem a independência.
 1824: Estados Unidos unem-se ao coro, na esteira da Doutrina
Monroe.
o Maior dificuldade: conseguir reconhecimento de Portugal e das principais
potências europeias:
 Congresso de Viena condicionava o reconhecimento da independência
do Brasil ao prévio consentimento de Portugal.
o Para Bonifácio, cláusulas de Viena eram obsoletas: Brasil era agora um país
diferente de Portugal.

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 Instrui Felisberto Caldeira Brant, autoridade brasileira em Londres, a


condicionar a abertura dos portos brasileiros ao reconhecimento da
independência.
 Bonifácio considera caducos os Tratados Desiguais.
 Caldeira Brant obtém de Georges Canning, secretario de estado
britânico no Foreign Office, a disposição de reconhecer a
independência do Brasil caso fossem renovados os tratados desiguais
e fosse abolido o tráfico negreiro.
 Bonifácio nega: economia brasileira não suportaria fim do
tráfico negreiro, embora fosse contra um projeto escravista
para o novo país (dos 4 milhões de brasileiros, 1,2 milhão
eram escravos).
 Tampouco era favorável à prorrogação dos Tratados
Desiguais:
o O Brasil representava para a Inglaterra, à época, em
termos comerciais, metade do exportado para a Ásia,
2/3 do vendido para os Estados Unidos e ¾ do
comércio com a América espanhola.
 Havia poder de barganha favorável ao Brasil!
 Bonifácio ordena a volta de Caldeira Brant, e Canning informa
seu represente no Rio de Janeiro que o reconhecimento era
questão de tempo.
o A própria manutenção de relações diplomáticas entre
o Brasil e a Inglaterra acenava para um
reconhecimento implícito da independência.
o Incidência da política interna na política externa:
 Demissão de Bonifácio, em 1823.
o Dom Pedro I passa a negociar diretamente com Portugal:
 Lisboa reclama indenização em 2 milhões de libras.
 Obrigava-se o Brasil a não incluir outras posses coloniais portuguesas
em seu projeto independentista.
 O Reino de Angola apresentou projeto formal de adesão ao
Estado brasileiro, que passaria a ter duas margens no
Atlântico.
o Dom Pedro I aceita e obtém reconhecimento de Portugal em 1825.
o Inglaterra torna-se mediadora do reconhecimento da independência do Brasil
por Portugal.
 Charles Stuart, representante britânico em Lisboa, condiciona a
independência do Brasil a duas formalidades:
 Tratado permanente comercial.
 Tratado permanente para o tráfico negreiro.
 Foreign Office substitui Stuart por Robert Gordon, já que Stuart ia
além do que exigia o Foreign Office (que não fazia referência à

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característica permanente dos tratados) e não integrou, em suas


propostas, a cláusula de extraterritorialidade.
 Brasileiros cedem às três requisições: comércio, tráfico negreiro e
extraterritorialidade.
 Pelo tratado anglo-brasileiro de 1827, renovaram-se os privilégios
alfandegários e os direitos extraterritoriais por 15 anos.
 Brasil assina compromisso para findar o tráfico negreiro em
três anos, a contar de 1827.
 Concessão de cláusula da nação mais favorecida seria aplicada
em benefício da Inglaterra, caso o Brasil viesse a fazer
concessão tarifária, inferior a 15% ad valorem, a outro Estado.
o No final de 1828, por iniciativa do governo imperial, a
Assembleia Geral do Império aprovou extensão da
taxa de 15% às importações de todos os países.

o No mesmo ano que a Inglaterra reconheceu a independência do Brasil, a Áustria


juntava-se ao coro, seguida de Rússia (1828) e Espanha (1834).

o Qual o preço pago pelo reconhecimento da independência?


o Fratura com facção brasileira, simbolizada pela demissão dos Andradas.
o Dissolução da Constituinte.
o Outorga da carta constitucional.

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Questão 2

“Algumas interpretações da política brasileira após a Segunda Guerra Mundial são fragmentadas e tendem a
encarar as relações exteriores do Brasil como mero reflexo da orientação dos Estados Unidos da América. [...] Uma
avaliação desse período demonstrará o poder de barganha do Brasil diminuindo rapidamente, com a dificuldade de
conduzir uma política autônoma sendo explicada tanto pela situação internacional quanto pelo equilíbrio político
interno”.

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, disserte
sobre a influência das modificações sistêmicas internacionais nas relações exteriores do
Brasil no período presidencial de Eurico Gaspar Dutra e sobre a influência da situação da
política doméstica do Brasil na condução de sua política externa no mesmo período.

Extensão máxima: 90 linhas


(valor: 30 pontos)

“A política externa do governo Dutra (1946-1951) adaptou-se à nova realidade internacional, alimentando uma
convicção válida para a época da guerra, mas que se mostraria equivocada para as novas condições do pós-guerra,
qual seja, a da permanência de relações especiais entre o Brasil e os Estados Unidos”.

Francisco Doratioto e Carlos Eduardo Vidigal. História das Relações Internacionais do Brasil.

Disserte sobre o pensamento diplomático de Raul Fernandes à época da presidência de


Eurico Gaspar Dutra, assinalando:

 A compreensão brasileira do sistema internacional no imediato pós-guerra.


 A opção pelo padrão de inserção internacional adotada por Raul Fernandes.
 O lugar do desenvolvimento nacional na agenda externa.

Extensão máxima: 60 linhas


(valor: 30 pontos.)
Introdução

 Contextualização histórica
 Em 1947, ergue-se a cortina de ferro:
o Doutrina Truman vs. Doutrina Jdanov.
 Bipolaridade persistente?
 Ou unipolaridade hemisférica?
o Ascensão dos EUA à condição de potência
hegemônica (constituída sobre os pilares de Bretton
Woods), regional (OEA) e global (ONU).
o Expansão dos interesses empresariais dos EUA na
América latina, com o Brasil sendo visto como
principal mercado consumidor na região.
 Problema histórico
 O que o Brasil poderia dar em troca?
o Crença na preeminência militar do Brasil na América latina.
o Baluarte de contenção hemisférico ao comunismo.

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 A política externa do Estado Novo havia demonstrado quão profícua,


se bem articulada, poderia ser a aproximação com os Estados Unidos:
 Assim entendem João Neves da Fontoura, Samuel de Sousa
Leão Gracie e Raul Fernandes.

 Tese
o Objetivo último: recursos internacionais (norte-americanos) para o
desenvolvimento nacional.
 Padrão alinhado de inserção na Guerra Fria.
 Manutenção da cooperação econômica e militar.
 Acordo político-militar de 1942.
 Recursos para a infraestrutura brasileira.
 Treinamento militar para as Forças Armadas brasileiras +
fornecimento de material bélico.
Desenvolvimento

 Reabilitar a equidistância pragmática


o Pressionar dentro da lógica da Doutrina Truman.
 Durante a IX Conferência Pan-Americana de Bogotá, a partir da qual se
criou a Organização dos Estados Americanos (OEA) em 1948, a
delegação brasileira requereu ao State Department a concessão de
espécie de Plano Marshall para a América latina.
 Conferência da Havana, em 1947, OIC:
 Brasil pressiona para a adoção dos princípios de tratamento
especial e diferenciado para países em desenvolvimento.
 Apoio à criação da CEPAL (1948), em que pese resistência dos EUA.
 Sinais de alinhamento
o Posição brasileira na ONU segue a do EUA:
 Não há oposição ao direto de veto conferido às cinco potências que
compuseram o Conselho de Segurança.
o Em 1947, Dutra mostrou rápida adesão brasileira ao Tratado Interamericano
de Assistência Recíproca (TIAR), assinado no Rio de Janeiro por ocasião da
Conferência Interamericana para a manutenção da paz e da segurança no
continente.
 Aderiu a quase totalidade da América latina.
o Não reconhecimento da China de Mao Zedong.
 Fecharam-se o consulado em Shangai e a embaixada em Pequim.
 Assim com os Estados Unidos, Brasil passaria a ter relações
diplomáticas com a China de Chiang Kai-shek, líder do Kuomintang em
Formosa, atual Taiwan.
o Ruptura das relações com a URSS.
 Não foi sinal de alinhamento.
 Os EUA não fecharam sua representação diplomática nos
URSS.
 Rompimento brasileiro guarda relação com contexto interno: PCB foi
cassado em 1947.
 Prestes: “em caso de guerra entre o Brasil e a URSS, luto pela
URSS”

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 Cúpula da URSS criticou duramente a cassação do PCB.


o Dutra solicitou desculpas oficiais.
 Motivo para ruptura das relações
diplomáticas.
 Alinhamento sem recompensas (Gerson Moura)
o Enquanto os Estados Unidos lançaram o Plano Marshall para a Europa e o
Plano Colombo para a Ásia, este em 1951, a América latina foi relegado a
segunda plano.
 Pelo menos até a Revolução Cubana (1959).
o Na perspectiva dos Estados Unidos, não haveria risco de contágio comunista
na América latina;
 Manuel Ávila Camacho, na presidência do México, havia entabulado
política de aproximação com os Estados Unidos desde 1941.
 Juan Antonio Ríos, Presidente do Chile, era recebido por Truman na
Casa Branca.
 Juan Domingo Perón, na Argentina, declarava em praças públicas seu
repúdio ao comunismo.
 O Brasil, a seu turno, havia-se tornado um parceiro de Roosevelt
durante a Segunda Guerra, e Dutra, na presidência, dava claros sinais
de alinhamento.

 Alguns resultados, no entanto:


o As constantes pressões de Raul Fernandes no sentido de adensar os
investimentos estadunidenses no Brasil levaram o governo de Truman a apoiar
a constituição da Comissão Técnica Mista Brasil-Estados Unidos, chefiada por
John Abbink e por Otávio Gouveia de Bulhões.
 Aos olhos de Raul Fernandes, a Comissão, inaugurada em 1948,
parecia render menos frutos do que o esperado.
 Produziram-se relatórios e estudos científicos, definindo
metas e meios para o desenvolvimento nacional.
 Mas não houve investimentos em formação de capital fixo.
o Renovaram-se as esperanças quando Harry Truman apresentou o Ponto IV ao
Congresso estadunidense.
 Afirmava-se com todas as letras haver necessidade de financiar o
desenvolvimento do mundo periférico.
 Formou-se a CMBEU nos últimos meses de 1950.
 Embora a CMBEU deixasse um sem fim de relatórios de
assistência técnica, que foram recuperados por Juscelino
Kubitschek, o financiamento não alcançou as metas
esperadas.
 O avanço republicano no Congresso estadunidense dava claros
sinais que a Casa Branca não adensaria suas políticas de
assistência aos países em desenvolvimento.
 Antes de deixar o Itamaraty, Raul Fernandes endereçou a
Herschel Johnson, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, o
memorando das frustrações.

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Influência da situação doméstica

 O governo Dutra: a política


 Regulamentação do direito à greve.
 Repressão ao comunismo:
 PCB elegeu 17 deputados e um senador.
 Março de 1947:
o STF cassou registro do PCB.
o Pretexto: CF/46 vedava partidos que fossem de encontro
ao regime democrático.
 Janeiro de 1948:
o Deputados, senadores e vereadores do PCB foram
cassados.
 Criação da Escola Superior de Guerra voltada para a formação de oficiais militares.

 O governo Dutra: a economia.

 Intervenção estatal foi condenada, e os controles econômicos estabelecidos pelo


Estado Novo foram suprimidos.
 Crescimento econômico dependeria do mercado.
o Ênfase na livre importação de bens de capital e manufaturados.
 Guias de importação.
o Ilusão de divisas, no entanto.
 Criação de incentivos que favoreceram a instalação no país de grandes empresas
estrangeiras.
 Criou o Plano SALTE (focado nas áreas de Saúde, Alimentação, Transportes e
Energia).
 Com falta de recursos para investimentos, poucas ações do
plano viraram realidade.
 Construção da rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro (atual rodovia
Presidente Dutra).
 Construção da rodovia ligando a Bahia ao Rio de Janeiro.
 Instalação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco.
 Durante seu governo foi criado o Estatuto do Petróleo, voltado para a criação de
refinarias e aquisição de navios petroleiros.

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Questão 3

“O colapso da Primeira República e de seus arranjos políticos, que excluíam outras forças sociais que não viessem
das oligarquias rurais tradicionais, não se deu pela sonhada revolução proletária de anarquistas e comunistas. Os
algozes do regime foram as próprias dissidências oligárquicas aliadas a uma parte importante dos tenentes, os
jovens militares rebeldes. Mas o encontro das dissidências oligárquicas com os tenentes não foi direto e rápido. Foi
fruto de uma série de articulações políticas fritar a partir de 1927.”

Considerando que o fragmento de texto tem caráter unicamente motivador, redija um texto
dissertativo que sintetize o processo de colapso da Primeira República ao longo da década de
20 do século XX, abordando, necessariamente, a Política dos Estados como sustentáculo da
República Oligárquica, o movimento tenentista e o salvacionismo militar.
Extensão máxima: 60 linhas.
(valor: 20 pontos)

Identifique os principais atores da crise política de 1929 e discorra sobre as causas da


Revolução de 1930.
Extensão máxima: 60 linhas.
(valor: 20 pontos)
Introdução

• Em 5 de julho de 1922, ou seja, entre a confirmação da vitória de Arthur Bernardes e a


posse prevista para o dia 15 de novembro, eclodiu o episódio dos Dezoito do Forte.

• Não restou a Arthur Bernardes outra possibilidade senão governar em estado de sítio
por praticamente todo seu mandato eleitoral.

• Pelo lado da resistência armada, a Revolução de 1924, inspirada no levante dos


Dezoito do Forte, dava sinais de maior organização.

• Nova agitação no Rio Grande do Sul:

• Com o fim da Revolução Libertadora em dezembro de 1923, assinou-


se o Pacto de Pedras Altas, por meio do qual o mandato de Borges de
Medeiros condicionou-se à reforma da Constituição gaúcha.

• Irrompia Getúlio Vargas na presidência gaúcha (1928-1930), selando


união entre a Aliança Libertadora e o Partido Republicano do Rio
Grande do Sul.

• Contestações também em São Paulo:

– Em São Paulo, o Partido Republicano Paulista perdia a hegemonia que o


caracterizou nas décadas precedentes.

– Com a fundação do Partido Democrático, em 1926, vislumbrava-se derrocar a


centralidade do Partido Republicano Paulista na administração pública.

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– Advogava-se a constituição de uma Justiça Eleitoral, o que ampararia as


minorias não representadas.

Desenvolvimento

• Ficava claro aos Estados de segunda grandeza que se Washington Luís, o paulista de
Macaé, como dizia-se então, conseguisse eleger um sucessor à presidência, as políticas
de fomento e de sustentabilidade do café não arrefeceriam.

– Para Washington Luís importava sobremaneira garantir a continuidade dos


planos de valorização do café, vislumbrados como pilar da economia brasileira.

• Política dos Estados.

• Em 1929, apoiou a candidatura do paulista Júlio Prestes à presidência da República;


afinal, além de ter sido preteritamente Presidente do Estado de São Paulo, Júlio
Prestes era líder da maioria no Legislativo federal, o que constituía carta-branca para
perpetuar as políticas de defesa do café.

• Resposta mineira e gaúcha:

– O Estado de Minas Gerais não aceitaria uma nova presidência paulista em


detrimento do pacto de Ouro Fino.

– Os gaúchos, a seu turno, não suportariam novo governo voltado para os


interesses exclusivos de São Paulo.

• Apressaram-se os mineiros em lançar a candidatura oposicionista de


Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, então Presidente do Estados de
Minas Gerais.

• Mas a necessidade de consolidar robusta aliança com os gaúchos


inclinou Antônio Carlos a ceder a candidatura em benefício de Getúlio
Vargas.

• A articulação mineiro-gaúcho contou ainda com o apoio dos Estados


do Nordeste, representados pela indicação do paraibano João Pessoa,
sobrinho de Epitácio, para a Vice-Presidência da República.

• Formava-se, portanto, a chapa oposicionista da Aliança Liberal contra


a o Partido Republicano Paulista, encabeçado por Washington Luís e
por Júlio Prestes.

• Organização das dissidências:

– Enquanto uma parcela do Partido Republicano de Minas Gerais apoiou Júlio


Prestes, temendo o esfacelamento definitivo do regime oligárquico, o Partido
Democrático de São Paulo pendeu para o lado de Getúlio Vargas.

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– Os tenentes, a classe média urbana e o proletariado optaram, como era de se


esperar, pela candidatura da Aliança Liberal (o que não deixava de ser
surpreendente!):

• Os políticos da Aliança Liberal não eram o oposto das oligarquias


paulistas; pelo contrário, eram também oriundos de oligarquias
regionais, mas advogavam a defesa do trabalhador e a
regulamentação da legislação trabalhista.

• A Revolução de 1930:

– Os industrias paulistas não acreditaram no benefício que a Aliança Liberal


poderia trazer: regulamentar a legislação trabalhista poderia traduzir-se em
arrefecimento dos lucros.

– Para desconforto da chapa oposicionista, Júlio Prestes venceu com pouco


menos de 60% dos votos.

• um punhado de jovens políticos vinculados à Aliança Liberal opôs-se


veementemente aos resultados de março de 1930.

• Entre eles, Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor passaram


a constituir o grupo dos tenentes civis, conforme eram então
rotulados, o que não quer dizer que fossem aliados incontestes dos
tenentes da caserna.

• Pelo contrário, os capitães e tenentes dos levantes da década de 1920


desconfiavam da Aliança Liberal, visto que, na composição dessa
agremiação, encontravam-se Arthur Bernardes, João Pessoa e
Oswaldo Aranha, políticos que tinham participado de atos de
perseguição a tenentes no interior do país.

• Tenentismo e salvacionismo militar não combinavam com o


teor da Aliança Liberal.

– Em julho de 1930, o assassinato de João Pessoa na Paraíba arrefeceu o clima


de discórdia entre tenentes civis e tenentes da caserna.

• Transformado em mártir!

• Na capital, formou-se um movimento armado sob a liderança


de Góis Monteiro, e a revolução estourou poucos meses
depois em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.

• Um dia depois, na madrugada do dia 4 de outubro,


Juarez Távora encarregou-se de estender a revolução
ao Nordeste.

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• Tomadas as porções meridionais e setentrionais do


país, restava aos revolucionários adentrar o Estado de
São Paulo.

– Previa-se tomar o território paulista pelo Sul: seria a batalha de Itararé,


supunha-se então.

• Mas antes disso:

• oficiais de alta patente do Exército e da Marinha, que em nada


se assemelhavam os tenentes da caserna, formaram o
movimento pacificador:

• preferiam depor o Presidente da República,


Washington Luís, a esperar os resultados de um
conflito armado que poderia provocar insubordinação
nas camadas castrenses.

• Sob o comandos de Mena Barreto, de Tasso Fragoso e


de Isaías Noronha, o movimento pacificador tornou-se
a Junta Governativa Provisória, e o regime de 1889
encerrou-se da mesma forma que começou, sob o
comando das espadas.

Historiografia da Revolução de 1930

• Boris Fausto recorda que a Revolução de 1930 caracterizou-se pela heterogeneidade


de sua composição:

– não foram burgueses industrias ou membros da classes média que a fizeram,


embora tivessem dado, ainda que de forma difusa, apoio a Aliança Liberal.

– “O novo tipo de Estado que nasceu em 1930”, prossegue Fausto, “distinguiu-se do Estado
oligárquico não apenas pela centralização e pelo maior grau de autonomia como também por
outros elementos. Devemos acentuar pelo menos três dentre eles: 1. Atuação econômica,
voltada gradativamente para os objetivos de promover a industrialização; 2. A atuação social,
tendente a dar algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-os, a seguir, a
uma aliança de classes promovida pelo poder estatal; 3. O papel central atribuído às Forcas
Armadas – em especial o Exército – como suporte da criação de uma indústria de base e
sobretudo como fator de garantia da ordem interna. [...] Foi desse modo, e não porque tivesse
atuado na Revolução de 1930, que a burguesia industrial foi promovida, passando a ter forca no
interior do governo” (FAUSTO 2008).

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Questão 4

“O governo nunca foi derrotado eleitoralmente ao longo de todo o Segundo Reinado. A alternância partidária no
poder sempre foi ditada pela intervenção do Poder Moderador. A elite política imperial empreendeu bom número
de modificações na legislação eleitoral, visando assegurar a verdade eleitoral. Nenhuma dessas reformas foi bem-
sucedida. As denúncias de violência, manipulação e fraude foram frequentes e dominaram os debates políticos.
Para os contemporâneos, eleições se caracterizavam pela reiterada falsificação dos princípios do governo
representativo. Eleições, contudo, não eram encenações ou eventos destituídos de significado, tampouco se deve
inferir que o insucesso das reformas institucionais determinou o modo como as eleições foram travadas e ganhas
pelo governo.”

Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um
texto dissertativo acerca das eleições no Segundo Reinado. Em seu texto, aborde as
reformas eleitorais efetivadas nesse período.

Extensão máxima: 60 linhas.


(valor: 20 pontos)

 A Carta de 1824
o Garantia de direitos individuais e políticos: novidade em escala mundial.
 Cidadão? Homem e livre.
 Alforriados não votavam, a menos que nascidos no Brasil.
 Menores de 25 anos não votam, excetos casados e bacharéis em
direito.
 Não se exige alfabetização para votar.
 Voto censitário masculino: renda de 100 mil réis para votar e de 200
mil réis para ser votado.
 Participação política alta!

o De 1840 a 1889: 36 gabinetes imperiais, cada um de curta duração.


 Expectativa de cada gabinete: ano e meio, com exceção dos gabinetes de Honório
Hermeto Carneiro Leão, o Marquês do Paraná, e de José Maria da Silva Paranhos,
o Visconde de Rio Branco. Ambos duraram cerca de quatro anos respectivamente.

 Gabinetes Liberais: 21 gabinetes, somando 19 anos e 5 meses.


o 1840 e 1841.
o 1844-1848.
o 1862-1868.
o 1878-1885.
o 1889.

o Gabinetes Conservadores: 15 gabinetes, somando 29 anos e 9 meses


 1840.
 1842-1844.
 1848-1862.
 1868-1878.

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 1885-1889.

o O quê explica predominância dos conservadores?

• As eleições definiam-se pela capacidade dos partidos a perverter,


manipular e orientar as mesas paroquiais em seu benefício.

– Como debelar as manipulações que o partido no poder estaria


suscetível de articular?

– Reformas eleitorais, vislumbradas como formas de alterar as


regras de jogo, em favor do partido sem gabinete:

» 1846: Poucos efeitos práticos. Votante: 200 mil réis


anuais. Eleitor: 400 mil réis anuais. Exclui poucos
cidadãos, visto que uma cozinheira no RJ auferia em
torno de 250 mil réis (CARVALHO, 2012).

» 1855: Lei dos Círculos introduz voto distrital, para


reduzir peso das bancadas provinciais. Impede-se
candidatura de funcionários públicos, sobretudo
juízes, presidentes de província e delegados de polícia.
Resultado: renova-se 67%, avanço liberal na Câmara.

» 1860: resposta conservadora. Segundo Lei dos Círculos


constringia a primeira.

» 1875: Lei do Terço. Obriga eleitor a votar em dois


terços do número total dos futuros eleitos: buscar
representação das minorias e combater a figura do
fósforo. Justiça comum participa no processo eleitoral
e institui-se título de eleitor.

– Mudança na lógica eleitoral a partir de 1870:

» Não há mais nítida separação entre liberais e


conservadores. Alguns conservadores passam a apoiar
projetos liberais, como a Lei do Terço, visto que a Lei
do Ventre Livre, de 1871, ia de encontro aos
conservadores escravocratas da Vale do Paraíba.

» Cansanção de Sinimbu (1878-1880) foi encarregado de


fazer projeto eleitoral para subtrair ao sistema
eleitoral sua característica indireta. Fracassa, pois
Revolta do Vintém.

» Dom Pedro II nomeia João Antônio Saraiva (1880-


1882), também liberal, que articula a última reforma
eleitoral do período.

– Lei Saraiva de 1881:

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» Objetivo: conter o eleitorado suscetível a influências


conservadoras. Afinal, entre 1868 e 1878,
conservadores estiveram no poder!

» Visão progressista: eleitores deveriam estar


conscientes de seus votos.

» Medidas:

• Erradica votantes de primeiro grau.

• Proibiu-se voto ao analfabeto

• Censitário, 200 mil réis para ser eleitor. Não


seria renda, mas educação que faria o bom
eleitor.

• Comprovação de renda.

• Excluídos testemunhos orais para confirmar


renda.

» Resultados:

• Tiro pela culatra!

• Antes votavam em torno de 10% da


população, agora votam 2%!

• Distanciamento do modelo dos EUA, onde


votavam em torno de 18% da população.

• Mas! Reforma alcança seus objetivos:

• Caem ingerências partidárias.

• Diminuição da representatividade
parlamentar gera Câmaras menos
unânimes.

• Fortalecimento da Câmara, pois


menos unânime: Poder Moderador
deixado progressivamente de lado.

– Como caracterizar o sistema político do Segundo Reinado?

• Hipótese final concludente:

– Havia um parlamentarismo às avessas no Brasil: alijamento do


cidadão do processo decisório.

– “Neste país, a pirâmide do poder assenta sobre o vértice em vez


de assentar sobre a base (...), esta soberania de gramáticos é
um erro de sintaxe política. Quem é o sujeito da oração? Não é

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CURSO SAPIENTIA
CURSO HISTÓRIA DO BRASIL
PROF. RODRIGO GOYENA S OARES
M ATERIAL: CORREÇÃO DE QUESTÕES

o povo? Quem é o paciente? Ah! Descobriram uma nova regra:


é não empregar o sujeito” (BONIFÁCIO, O MOÇO).

• Império era menos um regime parlamentar de tipo inglês do que uma


monarquia nos moldes da França de 1830 a 1848.

– Inglaterra: formação do gabinete advém da Câmara dos Comuns,


representantes do eleitorado, e não de uma nomeação
imperial. Câmara dos Lordes não vetavam Câmara dos
Comuns.

» Portanto: havia um chefe de governo e um chefe de


Estado.

– Brasil: chefe do gabinete não era chefe do governo. Era um


fusível do Imperador.

• Não foram poucas as vozes que se ergueram contra o instituto do


Poder Moderador.

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