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THIAGO SILVA ACCETTI RESENDE

Matricula: 201810545-0

AUTORIDADE E DIREITO SEGUNDO FRANZ KAFKA


Trabalho apresentado à disciplina de
Introdução ao Estudo do Direito.

Orientador: Prof. Manoel Uchôa

Turma: MP65

Recife, 20.04.2018
Franz Kafka faz em suas parábolas uma reflexão sobre a autoridade e o
direito ligados a hierarquização das leis. Para ele a validade de uma lei não está
simplesmente em sua promulgação, mas sim no seu cumprimento, na eficácia de
sua aplicação. Não adianta a existência de uma normal jurídica, sem que haja a sua
aceitação ,pela sociedade ,por meio do cumprimento da norma. Em caso de seu
descumprimento, a aplicação da sanção pelo órgão competente que represente a
sociedade na efetivação da justiça.
Na alegoria Uma Mensagem Imperial, Franz Kafka associa a autoridade do
imperador, considerada incontestável, com a autoridade da hierarquização
normativa, pois independente de sua efetividade deve ser seguida. Essa questão é
abordada no seguinte trecho da parábola: ‘’ O imperador – assim consta – enviou a
você, o só, súdito lastimável, a minúscula sombra refugiada na mais remota
distância diante o sol imperial, exatamente a você o imperador enviou do leito de
morte uma mensagem.’’. Nesse trecho o imperador representa a autoridade da
norma, que será, independentemente de sua efetividade, aplicada na sociedade.
‘’Estendendo ora um braço, ora outro, abre passagem em meio à multidão;
quando encontra obstáculo, aponta no peito a insígnia do sol; avança facilmente,
como ninguém. Mas a multidão é enorme; suas moradas não têm fim. Fosse livre o
terreno, como voaria breve ouvirias na porta o golpe magnífico de seu punho. Mas,
ao contrário, esforça-se inutilmente; comprime-se nos aposentos do palácio central;
jamais conseguirá atravessá-los; e se conseguisse, de nada valeria; precisaria
empenhar-se em descer as escadas; e se as vencesse, de nada valeria; teria que
percorrer os pátios; e depois dos pátios, o segundo palácio circundante; e
novamente escadas e pátios; e mais outro palácio; e assim por milênios; e quando
finalmente escapasse pelo último portão – mas isto nunca, nunca poderia acontecer
– chegaria apenas à capital, o centro do mundo, onde se acumula a prodigiosa
escória.’’. Nesse trecho da parábola de Franz Kafka, ele busca representar que a
existência de uma lei não garante a efetividade de seu cumprimento de forma geral,
pois nem toda sociedade a respeita. A questão da efetividade das leis, apresentada
por Kafka, está presente em diversas sociedades, inclusive na sociedade brasileira,
sendo o mais expoente exemplo, as leis de combate a violência contra a mulher, em
especial a Lei Maria da Penha (n.º 11.340), que apesar de sua reforma constante,
não conseguiu impedir a ocorrência de diversos casos de violência, mesmo que
tenha diminuído os casos e incentivado a essa parcela populacional a denunciar
cada vez mais a violência, em especial no plano domestico.

Na alegoria A partida, Franz Kafka busca demostrar o questionamento da


ordem hierárquica vigente, utilizando-se do servo que não obedece ao seu senhor e
o faz perguntas sobre o seu destino, ou seja, qual a sua direção, o seu objetivo, o
trecho a seguir demostra esse questionamento: ‘’Ordenei que tirassem meu cavalo
da estrebaria. O criado não me entendeu.

Fui pessoalmente à estrebaria, selei o cavalo e montei-o. Ouvi soar à distância uma
trompa, perguntei-lhe o que aquilo significava. Ele não sabia de nada e não havia
escutado nada. Perto do portão ele me deteve e perguntou:

– Para onde cavalga senhor?

– Não sei direito – eu disse –, só sei que é para fora daqui, fora daqui. Fora daqui
sem parar; só assim posso alcançar meu objetivo.

– Conhece então o seu objetivo? – perguntou ele.

– Sim – respondi – Eu já disse: “fora-daqui”, é esse o meu objetivo.

– O senhor não leva provisões disse ele.

– Não preciso de nenhuma – disse eu. – A viagem é tão longa que tenho de morrer
de fome se não receber nada no caminho. Nenhuma provisão pode me salvar. Por
sorte esta viagem é realmente imensa.’’. Nessa parábola o senhor é a representação
da hierarquia tanto social, quanto normativa e o questionamento do servo, que
representa a população, demonstra o rompimento, ou seja, a extinção de uma
autoridade vigente no momento em que a sociedade passa a não aceitar mais esse
ordenamento jurídico.

Portanto, o questionamento do servo na parábola de Kafka não representa


apenas a quebra da hierarquia autoritária da sociedade, mas sim das próprias leis,
pois o questionamento da autoridade proporciona que haja a extinção da
hierarquização, tornando o ordenamento jurídico nulo e consequentemente a norma
passa a não ter validação dentro dos limites da autoridade vigente.
Em síntese, a primeira alegoria apresentada por Franz Kafka, busca
apresentar tanto a autoridade hierárquica, quanto a normativa como incontestáveis,
independentemente de sua eficácia. Esta deverá ser aplicada a sociedade, mesmo
que a existência de uma lei não represente a garantia de que irá haver o seu
cumprimento, por parte da sociedade, estando aqueles que descumprem sujeitos a
sanções presentes na normatividade. Em contraponto, a segunda alegoria,
apresenta o questionamento da hierarquia autoritária e normativa vigentes pela
sociedade, proporcionando a extinção da hierarquização e consequentemente o
ordenamento jurídico vigente naquela sociedade passa a ser nulo, tornando a norma
inóqua, pois não apresenta uma efetividade dentro dos limites da autoridade vigente.

Portanto, Franz Kafka buscou, em suas parábolas, representar duas reflexões


distintas da relação entre a autoridade e o direito, sua aplicação e validação na
sociedade. Além disso, apresentou a ideia de manutenção da ordem, através da
aplicação das leis , que buscam orientar as condutas da sociedade, apresentando os
limites do que se é considerado dentro ou fora da lei segundo a autoridade que
busca aplica-la, como demostrando em sua primeira reflexão. Já em sua segunda
reflexão, ele busca trazer a ideia que a validação da autoridade e normatividade
estão sujeitas à aceitação da sociedade, caso haja um questionamento por parte
desta a ordem jurídica vigente torna-se nula.

Pode-se inferir pelo exposto que o aceite da sociedade da lei e sua


hermenêutica são fatores primordiais à sua eficácia e sobrevivência. Na primeira
alegoria percebe-se que o senhor é soberano em ditar as ordens e toma os devidos
cuidados à execução da mesma. Já a segunda alegoria , reflete o fato de que , sem
obediência , a lei , representada pelo senhor , da mesma forma se extingue em um
processo autofágico.

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