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Gumbrecht, Hans Ulrich, Elogio da beleza atlética.

Trad. Fernanda Ravagnani.São Paulo:Cia. Das Letras, 2007.


O autor nasceu na Alemanha e é Professor de Literatura na Universidade de
Stanford, com vários livros editados no Brasil.

O fascínio por esportes explica a intenção do autor em escrever o


“Elogio da beleza atlética”, assim como também de correlacionar esteticamente
este prazer, de ser um mero espectador esportivo, de forma igualitária ao
sentimento expresso como prazer por muitas pessoas na ocasião da
apreciação de qualquer espetáculo/obra classificada como Arte.
A partir da leitura do indizível do corpo lançado no espaço, indivisível do
seu movimento, o autor relaciona e exemplifica e contextualiza, ao alcance dos
que discordam do esporte-arte, a possibilidade de êxtase e agradecimento
àqueles que fazem vibrar os corações dos torcedores.
A leitura se torna interessante quando o autor desconstroi, já que é
exímio professor de literatura, a possibilidade de que a origem dos esportes
modernos ainda se possa categorizar como uma evolução de práticas
esportivas que seguem obedientemente o percurso da história humana, nos
elucidando os possíveis enganos e explicando o objetivo social das práticas
corporais de cada época abordada.
Como não admirar os esportistas, que reúnem multidões, no que
intitulamos de “fenômeno de massa”? De uma forma inteligente, envolve o
autor seus conhecimentos filosóficos, proporcionando aos interessados ou não,
a descoberta das nuances diferenciadas que permeiam o esporte, de uma
forma que permite ao leitor se situar no contemporâneo esportivo, adquirindo
passo a passo a compreensão lógica do que e de que forma, os clássicos de
literatura podem ajudar a discernir e explicar a tendência acentuada de se
praticar esportes ou ser mobilizado por tais práticas, ao vivo ou por qualquer
tipo de mídia.
Um item interessante abordado é o que envolve o seu objetivo
inicial,que versa sobre a perspectiva do Elogio ser necessário ou não aos
atletas de hoje em dia. Neste ponto esta interrogativa surpreende, na medida
em que somos sabedores da grandiosidade de elogios acoplados a uma
grande valorização contratual de atletas e dos seus simples atos cotidianos,
explorados e expostos através da mídia. Sugere neste item, que existe uma
espécie de “deserto” neste ponto a partir do hemisfério em que se encontra o
atleta.
Poderemos considerar que o autor veicula esta crítica em direção aos
intelectuais, que embargam o movimento do corpo no esporte de ser
considerado como artístico citando que as primeiras poesias européias com
Píndaro eram e são exuberantes exemplos de elogios aos atletas.
A partir deste ponto o autor revela para os simples mortais, que a
valorização da beleza atlética se efetuava via a cultura do elogiar. A
marginalidade, não expressa, em um Beethoven ou Giotto se revela na
ausência de função prática no cotidiano, tanto quanto o esporte. Ou seja, não
está o esporte ao alcance de todos, ou o esporte é marginal por estar ao
alcance de todos, lançando assim uma confusão genial, para os que trabalham
na perspectiva da Arte ou do Esporte, restando em contrapartida o significado
da Fruiç
Articula Norbert Elias e Foucault na ótica da submissão do corpo e
Bourdieu em relação à distinção social a partir das modalidades de elite ou
não, já que os eventos surgem impositivamente por meios financeiros.
Aponta o autor que nos Jogos Olímpicos de 1936 (documentado por
filme que uniu o esporte e a tecnologia), o apelo de utilização do esporte como
instrumento de manipulação política saiu como um “tiro pela culatra” e que na
medida em que surgiu o inverso na identificação da opressão aos negros, esta
inversão não constituiu por si um Elogio à beleza atlética, mas sim de uma
espécie de instrumento da Crítica.
Surge neste ponto mais uma questão do autor em diálogo com seus
leitores que é a instigante escolha de ser atleta, praticante esportivo ou
torcedor? Seguida da resposta de que o seu livro versa nada mais nada menos
do que sobre o prazer que o esporte gera em cada um de nós.
Exemplifica com Aristóteles em Retórica, que o gênero de escrita do
Elogio não contém função específica, dando prosseguimento à questão da
Beleza principalmente quando não se permite admitir que este fascínio possa
ocorrer via esporte como mais um exemplo de apelo estético, como acontece
nas outras formas de cultura ( a pintura, o teatro, a música, a literatura etc.).
Ilustra mais adiante nos expondo Kant, onde o Belo surge do juízo do
gosto, como uma satisfação pura e desinteressada. Esta analogia filosófica
agrada ou desagrada principalmente aos puristas, mas para Grumbrecht está
formalizada com a intensidade sentida por ele, em vários momentos de
concentração dos atletas.
Define o autor que o termo Esporte acontece como nas Artes
Dramáticas, onde nada é fingimento, mas sim visível realidade. Participa sua
preferência pelo termo arete já que significa uma Excelência de qualquer tipo
de movimento corporal, principalmente por nos permitir solidariedade com a dor
e a tragédia de derrotas em competições justas, o que na atualidade pode até
apontar para a vulgaridade de alguns torcedores ao explorar este
acontecimento com desprezo.
Interessantíssimo se mostra o discurso do autor sobre a inutilidade das
regras de um esporte no cotidiano das pessoas, embora sejamos
conhecedores aprofundados de muitas destas regras, o que talvez indique que
faz parte do esquecimento outras regras sociais necessárias à convivência
diária, (este último dizer um grifo meu).
Com prazer desenrola o autor a ênfase do gestual dos atletas em
comemorações ou derrotas, gestos estes que nos marcam por sua visível
repetição.
A partir deste momento esclarece o autor, as descontinuidades da
prática esportiva que foram influenciadas até por condições de esforço físico
que em determinadas épocas eram necessárias à sobrevivência. Em fim, as
condições dos que foram chamados atletas gregos, não eram acobertadas
pelas mesmas estruturas de equipamentos, tecnologia, fisioterápicos entre os
muitos que envolvem os atletas atuais. E que a maioria dos espectadores da
Grécia antiga eram profundos conhecedores por causa da relação estreita com
o seu cotidiano, daquelas árduas tarefas. Ser vencedor da competição era
crucial, pois não havia prêmio consolação, apontando assim para a
possibilidade de profissionalismo muito antes da idealização do
amadorismo.Como os limites separavam os homens e os deuses, os
vencedores eram intitulados de semi-deuses (o herói).
Prosseguindo passa o autor a discernir sobre os gladiadores,
diferenciando genialmente a forma do estádio olímpico grego do formato do
Coliseu, já que o sentido religioso apontava para o portão de entrada aberto
dos gregos em direção ao templo de Zeus e que a forma fechada do estádio
romano demonstra o que o autor intitula de “insularidade” esportiva.
Neste instante cita o autor a figura de Sêneca, que apontava o
investimento monetário nos eventos esportivos como sintoma de crise ética do
império, além de apontar metaforicamente, os gladiadores com a existência
humana.
Mas o autor revela aos incautos que o mais importante que ali se
mostrava nos combates, era a máscara impassível do lutador perante a turba e
a eminência da morte.
Alguma relação com a Fórmula 1, Ralis ou os Races de aviões?
Mas dando continuidade o autor explica a adversidade da prática
esportiva diante das questões religiosas na Idade Média e nos lança em face
aos trovadores apontando para a curiosa relação entre as conquistas atléticas
e o êxtase erótico, ao lado da possibilidade ao menos temporária de fuga ao
controle religioso.
O boxe é o grande exemplo tomado pelo autor na explicação das
descontinuidades esportivas abordando a proximidade da prostituição e da
criminalidade com o boxe e como geradora de uma energia explosiva,
ressaltando o contraste dos níveis sociais dos espectadores. Chama-nos
atenção a uma semelhança com os gladiadores romanos
Mas quais os intelectuais amantes da prática esportiva nos trás o autor
neste momento? Goethe e Rosseau, que valorizavam a prática esportiva.
E assim o autor aponta a importância conflitante do lazer operário versus
o privilégio de fruição das horas vagas pela aristocracia, onde o incremento
deste lazer apontava para uma pretensa igualdade independente da camada
social a que pertencia o homem.
O conhecimento de que as grandes impulsionadoras do esporte
moderno foram as universidades da Inglaterra, onde a forma socializada do
esporte coletivo adquiriu espaço junto à Pedagogia, como também aos
conceitos de profissionalismo ou amadorismo, ao lado da criação das
instituições esportivas internacionais e seus regulamentos. Mais adiante o autor
nos propicia a diversidade de esportes com bola que surgiram na época,
apesar de não ter sido efetuado nenhum jogo de bola na primeira Olimpíada,
mas que hoje ocupam lugar cativo nos eventos.
Com leveza e humor o autor levanta o véu das interpretações
equivocadas de Coubertain no tocante aos Jogos Olímpicos Modernos, que
foram as questões do amadorismo e a valorização da participação em vez da
vitória. Lemas que tentamos implantar nos estudantes ainda hoje. Válidos ou
não?
O consumo é outro item interessante adequando a importância das
questões de longevidade e dos seguros-saúde e onde paralelamente aos
Jogos de 1984 e 1988, as receitas de publicidade e transmissão televisiva
foram superiores às despesas. O alerta mais interessante deste item é quando
o autor nos leva a refletir se a nacionalidade dos esportistas está sendo
substituída pelas marcas que os atletas representam.Em futuro próximo
torceremos por marcas ou por clubes?
Mas será possível que o autor a finalizar esteja tomando outro partido,
diferente do inicial? Principalmente ao comentar que o esporte disfarçado da
cultura de lazer, possa estar fugindo a limites impostos e nos colocando no
papel de consumidores em vez de torcedores? Indica mais adiante que a crítica
ao esporte se alimenta dos escritos sobre o mau uso das instituições
esportivas, afirmando que as instituições sempre usam e usaram-se umas às
outras perante a historicidade.
Mas finalmente adentra ao item do fascínio esportivo acoplado aos
movimentos corporais reduzidos a sete categorias: os corpos esculpidos,
sofrimento diante da morte, a graça, instrumentalização para aumentar a
potência corporal, as jogadas sensacionais, o timing e as formas personificadas
ou seja a criação de um movimento nunca executado antes. Conclui o autor
através dos Diálogos de Platão, que as trocas intelectuais nas academias
gregas nunca se distanciaram da beleza corporal, que nos leva hoje a entender
a tendência de transformação do corpo através de variados meios, lentos ou
dolorosos, ficando de lado a saúde ou mesmo qualquer forma de educação
pelo esporte ou formação do caráter surgindo uma reflexão da nossa parte: e o
fairplay? Não passa de um ideal?
A assistência esportiva se reparte entre os que comungam e os que
analisam os atos dos atletas e ao nos trazer Nietzsche, o autor nos implica em
escolher a atitude apolínea ou a dionisíaca ou ainda a sugerida no O banquete
de Platão?
A gratidão do autor aos famosos esportistas é demonstrada na
recordação de jogadas sensacionais, de momentos sublimes sentidos ante a
beleza, a concentração e superação dos atletas em momentos cruciais, sendo
também comovente o confronto de um grande atleta no momento de abdicar do
caminho percorrido, ocasionando muitas vezes uma destruição da sua vida
pessoal, a partir de seqüelas físicas, ou mesmo inadequação ao lugar comum,
após terem sido agraciados como semi-deuses, no teatro da vida.
Como espectadores, somos obrigados a assistir ao vivo ou em colorido
o maravilhoso e o desperdício nos servindo de transcendência para a
experiência do dia a dia. Afinal nos apaixonamos e nos fascinamos, por
querermos nos completar.
O livro é leve, fácil de ler, indicado para aqueles que trabalham com
esportes, como também para aqueles que estranham a beleza atlética dos
seus praticantes, estimulando a uma reflexão sobre o que leva o esporte a ser
mobilizador de multidões e a atentar para o fato de que a beleza existe em
nossos movimentos corpóreos.

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