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(re)construções

Arte Contemporânea na África do Sul

Material Pedagógico

Exposição

Contexto histórico e geográfico


da África do Sul

Cultura sul africana

Estratégias Pedagógicas Influências da arte africana


& Procedimentos de visita
no ocidente
Programa Pedagógico: (re)construções - Arte Contemporânea da África do Sul

A exposição (re)construções Arte Contemporânea da África do Sul, em cartaz no MAC de


Niterói, no período de 19 de março a 15 de maio de 2011, ocupa o salão central e a galeria da
varanda,com produção atual de artistas contemporâneos nas linguagens da pintura, da
fotografia e em vídeos. Os trabalhos apresentam de forma subjetiva temas relacionados a
história, a politica e a cultura da Africa do Sul.

Apesar das influências diretas da cultura africana na cultura brasileira, pouco, ainda, se tem
explorado no campo da educação para além do período escravocrata. A exposição
(re)construções Arte Contemporânea da África do Sul, oferece a oportunidade para
educadores de diferentes areas do conhecimento estabelecerem um trabalho pedagógico
focado no universo do Continente Africano.

O material educativo organizado para a exposição, oferece ao professor ampla possibilidade


de trabalho. Através do uso das imagens das obras, textos e extratégias educativas o
professor poderá selecionar obras de arte e estabelecer relações que interessem abordar na
sua área especifica de conhecimento ou optar por um trabalho interdisciplinar mais
abrangente entrelaçando outras areas.

Os encontros pedagógicos, buscam oferecer uma imersão nas exposições em cartaz, com
mediação educativa, material de apoio pedagógico e didático, que colaborem para a
construção de uma prática pedagógica produtiva e compartilhada entre o Museu e a Escola.

Marcia Campos

Coordenadora da Divisão de Arte Educação


Exposição
(re)construções Passados 21 anos do anúncio da redemocratização da África do Sul, em fevereiro de
1990, a produção artística do país não deu lugar para que o tão reclamado fim do
Daniella Géo apartheid gerasse uma crise de criação, como alguns críticos temiam.

Se a arte sul-africana deixou de estar a serviço da luta contra o regime segregacionista,


ela sustentou o dinamismo das estratégias artísticas, ao expandir seus modelos
estéticos, formais, operacionais, a partir de sua internacionalização maciça e do
fomento da infraestrutura nacional. Ao mesmo tempo, as contradições socioculturais
remanescentes e o reposicionamento, ainda em curso, de identidades díspares
conservaram a necessidade de questionamento para além dos aspectos formais da
arte.

Com onze idiomas oficiais e composta por diversos grupos étnicos, incluindo
sociedades tribais, a jovem democracia procura se ajustar a sua pluralidade e a diminuir
lacunas distendidas pelo apartheid. Por sua vez, as artes visuais se confirmam como
uma plataforma de reflexão fundamental, através da qual a atualidade – como um
presente em movimento, formado por tempos passados e em constante evolução – é
colocada em questão.

Em meio à multiplicidade comum à prática contemporânea, como que respondendo à


indispensabilidade de se reorganizar memórias, rever conceitos, restabelecer
percursos, reconstituir a unicidade, a noção de (re)construção parece estar em
prevalência no processo de trabalho e sistema de pensamento de autores os mais
distintos.

“Reconstruções: arte contemporânea da África do Sul” apresenta uma seleção de


artistas, com reconhecimento internacional a jovens emergentes, cujas obras,
realizadas no período pós-apartheid, procuram ora reforçar, ora subverter,
representações sociopolíticas e culturais, criando novas relações espaçotemporais. Em
grande extensão, informadas pela estética e lógica da colagem e fundamentadas na
repetição – seja através da apropriação e recontextualização, do acúmulo ou do uso de
séries, da reencenação ou da montagem, do bordado e da costura, do assemblage ou
da própria colagem, do desconstruir para reconstruir –, as obras, aqui expostas, pelos
gestos artísticos nelas investidos, não apenas nos instigam a indagar sobre sua gênese,
como também se enunciam como reconstruções.
David Goldblatt (1930)

Breve Biografia:

Goldblatt começou sua atuação como fotógrafo, em 1948. Ao longo de sua trajetória, o artista tem
documentado as transformações ocorridas na África do Sul do período do apartheid até a atualidade.
Durante o apartheid Goldblatt documentou as extensas, e terrivelmente desconfortáveis, viagens
diárias de ônibus dos trabalhadores negros que viviam segregados no nordeste de Pretória (capital
administrativa da África do Sul).

Sua obra faz parte dos acervos de importantes museus ao redor do mundo. Teve uma exposição
individual realizada no Museu de Arte Moderna em Nova Iorque (1998). O interesse internacional por
sua obra aumentou significativamente após a participação na 11ª Documenta ( Kassel , 2002); bem
como uma exposição itinerante de 51 anos do seu trabalho ( Barcelona , 2001). A retrospectiva
completa de sua obra, inaugurada na Galeria AXA (Nova York, 2001), ofereceu uma visão geral da
obra fotográfica de Goldblatt de 1948-1999.

Comentário Crítico:

A obra Twenty-six punishment cells and lavatory at the prison for Black men, The Fort, Hillbrow,
Joanesburgo (2000) funciona como um monumento das sequelas deixadas pelo apartheid. Por um
lado, revisita as piores memórias do período do antigo regime ao construir uma sequência de solitárias
e, assim evocar o sofrimento e a falta de liberdade, sobretudo, da comunidade negra. E, por outro, ao
mostrar as mesmas solitárias abertas e já vazias, alude à liberalização do país e o retorno da
democracia.

Twenty-six punishment cells and lavatory, 1999


Cortesia: O artista e Goodman Gallery, Joanesburgo.
Diana Hyslop (1949)

Breve Biografia:

Trabalhou para a Marvel Comics, na Inglaterra. Em seu retorno à África do Sul


Hyslop passou a trabalhar com cinema, produzindo filmes documentais. No
final dos anos 80, estudou pintura na, hoje lendária, Fundação de Arte de
Joanesburgo. Na década de 90, ela passou um ano na Escola de Belas Artes de
Santa Mônica (Califórnia) antes de regressar a Joanesburgo, onde passou
algum tempo se dividindo nas funções de cineasta e pintora. Em 2002, a artista
juntou-se ao grupo de Fordsburg Artists Studios (ou the Bag Factory Studios)
como artista residente, coletivo este do qual faz parte desde então.
Amplamente interessada por quadrinhos e cinema, o trabalho de Hyslop
explora o realismo mágico e um universo de possibilidades em que
combinações inesperadas são viáveis, onde tudo co-existe e acontece de uma
só vez. Hyslop exibiu seu trabalho no seu País e no exterior. A artista possui Tower power, 2004
obras em inúmeras coleções da África do Sul, tendo participado de oficinas de Cortesia: A artista.
arte internacionais em Botswana, Quênia, Namíbia e África do Sul.

Comentário Crítico:

A artista reforça a noção de (re)construção através de seu processo de criação


e das relações estabelecidas entre os elementos e o espaço. Suas imagens,
influenciadas pelos universos cinematográfico e dos quadrinhos, são
compostas a partir de colagens. Em adição, as cenas retratadas apresentam
um mundo fantástico de coexistências inesperadas, refletindo uma
multiplicidade de experiências – vividas ou imaginárias –, em um mesmo tempo
e espaço. My protector (2011), por exemplo, traz, em primeiro plano, uma
mulher com cara de cão-lobo e, no segundo, pequenos fuscas parecendo
terem sido recortados e colados no vazio do fundo branco da pintura, para
aludir ambiguamente à questão da segurança e da violência urbana. Na série
de pinturas sobre fotografia, a artista vai tratar da relação
homem/natureza/cidade e das relações de poder.
Dineo Seshee Bopape (1981)

Breve Biografia:

Bopape é conhecida por seus trabalhos em vídeo experimental,


instalações cheias de objetos encontrados, nos quais propõe um
mergulho na magia e nos mistérios do reino metafísico, perturbando
a nossa compreensão do tempo e do espaço. Os seus vídeos têm o
potencial para sair de um transe ritmado como a mente e ser
transportado para mundos distantes ilusórios. Suas instalações,
que muitas vezes incorporam vídeos, têm uma semelhança não-
linear, colorida e alegre para criar estruturas informais à margem da
economia mundial, como a comunidade alternativa de Christiania
em Copenhage, e os bairros do sul da África. Bopape se graduou
em 2009 no De Ateliers em Amsterdã e, em maio de 2010 completou
um MFA da Universidade de Columbia, Nova York. Ela foi a única
artista sul-africana incluída na festejada exposição Younger Than
Jesus no New Museum, em Nova York em 2009, e foi vencedora do
prêmio New MTN 2008 de arte contemporânea.
Sob todas as condições necessárias, 2006/2007
Comentário Crítico:
Cortesia: A artista e Michael Stevenson Gallery,
Cidade do Cabo.
Seus vídeos, fotografias e instalações são como colagens cujos
fragmentos, muitas vezes desconexos, criam antinarrativas. A
artista (des-/re)constrói as sequências, interrompendo a linearidade
original, enquanto as imagens parecem seguir se acumulando,
como impressões diárias, que, em excesso, vão gerando
esquecimentos e lembranças distorcidas, distanciadoras de suas
origens. Os trabalhos são como um reflexo do que a vida
contemporânea tem de frenética, desbravadora e alienante.
Kagiso Pat Mautloa (1952)

Breve Biografia:

Kagiso Pat Mautloa produz pinturas e instalações. Ele estudou no


Centro de Arte Mofolo em Soweto, onde foi criado, antes de concluir sua
graduação em belas artes na ERC Art Centre. Mautloa atualmente
reside em Alexandra, Joanesburgo. Ele parte de resíduos e detritos
urbanos, do texto crítico de cartazes e outdoors desbotados, cores sutis
branqueadas pelas tempestades do passado. Trabalhando com tinta,
metal enferrujado, lona manchada, caixilhos das janelas antigas,
Mautloa restaura e reconstrói as memórias desaparecidas neste
processo de renovação. O processo do artista de reinvenção constante
ocorre em paralelo com os programas de renovação urbana da cidade.
Paradoxalmente, enquanto a estratégia da cidade é a demolir para dar
lugar a novos desenvolvimentos, a renovação do artista está inserida Cross Migration, 2010
na decadência da cidade e os detritos deixados por demolição. Em sua
Cortesia: O artista.
recontextualização do lixo coletado, Mautloa atua como um historiador
contemporâneo buscando novas verdades no miasma da ruína e
decadência. Desde 1982 Mautloa já expôs em várias exposições
individuais, coletivas e workshops na África do Sul, Botswana,
Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Suíça, Reino Unido, Irlanda,
Estados Unidos, Cuba e Índia. O trabalho do artista fica em coleções
públicas e privadas de toda a África do Sul e no exterior.

Comentário Crítico:

O artista trabalha com múltiplas técnicas, conjugando assemblages,


colagens, objetos encontrados em espaços públicos, fragmentos de
textos e imagens preexistentes, desenho e pintura. Sua obra situa-se
entre a abstração e a figuração. O artista trata, com frequência, das
mutações da cidade e da paisagem urbana, por meio de referências à
cultura de rua e da superposição de texturas e materiais. Seu trabalho
busca reconstruir memórias socioculturais, da relação do homem com
a cidade.
Lawrence Lemaoana (1982)

Breve Biografia:

Lemaoana teve sua primeira exposição na galeria Gordart. Logo após ter recebido o Prêmio Gerard Sekoto na ABSA l'Atelier, em 2005.
O artista fez várias exposições itinerantes por todo o país. O artista frequentemente se inspira na identidade e modo de ser das
pessoas e nas suas próprias experiências. O artista elabora, "principalmente interpretações ou más interpretações da vida cotidiana. E
declara: “A condição de nosso país, no momento, está no topo da minha agenda. Também a religião, sobretudo a fé católica ". (…) [Sua
obra] teve repercussão com suas peças cativantes e pessoais. Através de seu trabalho, ele explora as "condições" de ser um jovem
negro ao revelar os estereótipos associados à masculinidade.

Comentário Crítico:

Questiona as relações de gênero e poder nas representações do masculino, particularmente, do homem negro. Em seus trabalhos
têxteis, suas indagações são acentuadas pelo emprego de gestos e de uma materialidade associados ao universo feminino. Em All in
line (2011), três ternos são (des-/re)construídos formal e simbolicamente. Os trajes tipicamente masculinos e representativos de
sucesso e poder aparecem nas cores vermelha e rosa-shocking, além de marrom, bordados sobre uma kanga. Enquanto a kanga faz
referência à acusação de estupro contra o então candidato à presidência da África do Sul, Jacob Zuma, por ser a vestimenta usada
pela suposta vítima, as cores dos ternos contrapõem às ideias relacionadas ao machismo, promovendo a subversão dos estereótipos
do masculino e a contestação do poder “do homem”.

All in line..., 2011 Cortesia: O artista.


Lerato Shadi (1979)

Breve Biografia:

Shadi chega a Joanesburgo, vinda de Mafikeng, para estudar


hotelaria, e posteriormente passa a se envolver com o campo da arte.
Completou seus estudos em Belas Artes na Universidade de
Joanesburgo, em 2006. Em novembro de 2007, apresentou sua
primeira exposição individual na Galeria Michael Stevenson Side. Teve
sua segunda exposição individual no Goethe on Main (2010), além de
participar de coletivas em instituições como Daimler Contemporary,
Berlim, e Stadtgalerie, Berna (ambas em 2010), Museum Africa e
Constitution Hill, ambos em Joanesburgo (2009). Em 2010, foi
selecionada para o programa de residência ProHelvetia, PROGR, em
Berna, Suíça.

Comentário Crítico:

A artista usa seu corpo como instrumento e espaço de


desenvolvimento de suas experimentações. Utilizando técnicas de
meditação, Shadi investe na repetição de gestos, deixando a
passagem de tempo agir sobre eles – e vice-versa. Suas performances
suscitam indagações sobre a existência e a identidade, ao apontar o
indivíduo como um ser em mutação contínua. Cada gesto tem
implicações sobre o próprio indivíduo e o mundo a sua volta.

Hema, vídeo-performance, 2007


Cortesia: A artista e Michael Stevenson Gallery,
Cidade do Cabo.
Mary Sibande (1982)

Breve Biografia:

Mary Sibande, nascida em 1982, vive e trabalha em Joanesburgo.


Ela estudou na escola de Belas Artes na Universidade de
Joanesburgo, em 2007. Na prática, Sibande utiliza a forma humana
como um veículo, através da pintura e da escultura, para explorar a
construção da identidade sul-africana no contexto pós-colonial e,
também, as tentativas de representações crítica estereotipada das
mulheres, particularmente as mulheres negras nesta sociedade.

Comentário Crítico:

Usando o próprio corpo, a artista dá forma a esculturas da


personagem Sophie, uma empregada doméstica. A fotografia
complementa o processo de criação. Com base nas teorias do pós-
colonialismo, a artista busca rever a posição da mulher, sobretudo a
mulher negra, na sociedade sul-africana.

A artista, através da indumentária, promove uma reconstrução


identitária. Em Her Majesty Queen Sophie (2010), além de
elementos típicos do uniforme de doméstica, Sibande incorpora o
estilo de vestidos vitorianos, cordões da cultura Zulu, o azul e
branco das vestimentas do Zionismo (religião sincretista) e uma
coroa-aura referenciando o catolicismo. Sophie, em vez de
aparecer em uma posição inferior, assume uma postura autônoma,
de rainha de si mesma.

Her Majesty Queen Sophie, 2010


Cortesia: A artista e Momo Gallery, Joanesburgo.
Roger Ballen

Breve Biografia:

Roger Ballen nasceu na cidade de Nova York, em 1950. Chegou à


África do Sul em 1974, depois de passar dois anos viajando de carona.
Seu primeiro ensaio fotográfico foi dedicado à paisagem e a
arquitetura. Ao longo dos anos passou a fotografar os habitantes dos
vilarejos, a maioria descendente de colonos holandeses e ingleses.
Roger Ballen desenvolveu uma estética própria em contato direto com
o ambiente, carregada de simbolismos a partir de imagens encenadas.
Segundo Ballen: "Um lugar que todos pudessem identificar, mas
incapazes de localizar". A fotografia reproduzida faz parte do livro
Outland, publicado, em 2001, sua produção teve início nos anos de
1990, retratando uma nova geração de sul africanos brancos, à
margem da sociedade, sem os privilégios do apartheid.

Comentário Crítico:

Em sua obra fotográfica mais recente, o gesto artístico de (re)construir


é assinalado pela improbabilidade das cenas, da disposição e da
disparidade dos elementos. As imagens geram dúvidas sobre as
fronteiras entre realidade e ficção. As fotografias-tableaux, pela
reorganização de seus objetos – pessoas, bichos, desenhos, arames
etc. – e novas relações estabelecidas entre eles e o espaço, criam um Cut loose, 2005
estado de alienação e animalidade. Fazendo uso de simbolismos, os Cortesia: O artista.
trabalhos apresentam um homem emaranhado em seus próprios
artifícios ao tentar reconfigurar seu mundo e fazer sentido.
Sam Nhlengethwa (1955)

Breve Biografia:

Sam Nhlengethwa nasceu em 1955 em Payneville, Springs, perto


de Johannesburgo, na África do Sul. É um dos vários artistas sul-
africanos que têm usado a sua arte para comentar e informar
acerca das condições opressivas sob as quais eles e outros
negros sul-africanos viveram durante o apartheid. Nhlengethwa
trabalha, principalmente, na técnica de colagem de imagens
fragmentadas. O artista se apropria de imagens jornalísticas e
fotos familiares recombinado e ressignificando seu status
documental.

É o caso da série, de 2001, a que o artista chamou de "Jozi


People" e que traduz, com uma intensidade espantosa, os ritmos
da gente humilde da cidade de Johanesburgo, que considera
como a sua grande fonte de inspiração.

Comentário Crítico: Humilhação, 2004


Cortesia: O artista e The Artists’s Press.
Desenvolve trabalhos que misturam mídias variadas, como
colagem, pintura, desenho e fotografia. Utiliza o potencial da
fotografia como registro documental para recriar situações e
eventos do cotidiano. O artista viveu sua infância e juventude sob
as imposições do apartheid. A série Glimpses of the Fifties and
Sixties (2004) procura reconstruir o dia a dia de quem vivia nas
áreas segregadas durante as duas primeiras décadas do
apartheid.
Santu Mofokeng (1956)

Breve Biografia:

Começou sua carreira como fotógrafo de rua em Soweto e através dos


anos 80, trabalhou na cobertura da luta anti-Apartheid. No final da década,
Mofokeng decidiu deixar o campo do fotojornalismo abertamente político e
passou a registrar a vida cotidiana no município sul-africano. Com temas
tão diversos como rituais religiosos, imagens de identidades negras ou
paisagens desoladas, Mofokeng constantemente subverte as zonas de
conforto da memória cultural e racial, questionando a política de
representação e objetivando o olhar do fotógrafo. Em 1989 toma novos
rumos em sua carreira após a primeira exposição individual que monta. É,
quando começa a questionar a mercantilização de sua obra pelo mundo da
arte. Mofokeng inicia uma nova pesquisa na qual passa a requisitar às
famílias negras, cópias de suas fotografias antigas de família, abrangendo
o período 1890-1950. Em publicações patrocinadas pelo Estado, como a
brochura turística intitulada Native Life in South Africa (1936). Nos últimos
anos, ele também passou a atuar em curadorias de mostras fotográficas na
África do Sul e no exterior.

Comentário Crítico:

Em The black photo album / Look at me (1997), o artista recontextualiza


fotografias do século XIX, que originalmente integravam álbuns de famílias
negras de classe média urbana. O artista reconstitui aspectos da história
de uma coletividade, geralmente encobertos pela história oficial. A
iconografia construída e difundida pela ordem dominante se voltava para
representações do homem negro subalterno e/ou visto como objeto de
estudos. Como contraponto, o arquivo poético de Mofokeng coloca-nos
diante de representações pré-apartheid que, ao apontar o homem negro de
então como exemplo de sucesso dentro das concepções do próprio O Álbum de fotografias negro, 1997
homem branco, oferecem outras visões da história, além de sinalizar
mudanças nas relações de poder da época. Cortesia: O artista e Lunetta Bartz, MAKER, Joanesburgo.
Thenjiwe Nkosi (1980)

Breve Biografia:

A artista Thenjiwe estudou na escola de Belas Artes da Universidade de


Harvard entre 2000 e 2004. Posteriormente fez pós-graduação em
audio visual na Escola de Artes Visuais de Nova York. A artista
desenvolveu diversos trabalhos artísticos em vídeo e fotografia, tendo
realizado exposições na África do Sul e Londres.

Comentário Crítico:

Em suas pinturas, a artista (des-/re)constrói prédios da cidade de


Joanesburgo que são representativos para a história social, política ou
sentimental do país. A artista elimina parte de suas linhas, como se
estivesse buscando as bases estruturais e seus significados. A obra
Reserve (2011), por exemplo, traz o prédio do Banco Central, erguido
em 1988, e evoca a visão futurista dos anos 1960, criando um
anacronismo. Além disso, a artista suaviza a superfície do prédio,
dando a impressão de esmorecimento, de forma a sugerir que as
aspirações de então estão em vias de esquecimento.

Torre - Rádio difusora África do Sul, 2011


Cortesia: A artista.
Tracey Rose (1974)

Breve Biografia:

Tracey Rose trabalha dentro de um quadro muito problemático, a


área da significação racial, da "identidade de cor" (coloured identity).
Emergindo de suas experiências da infância na África do Sul do
Apartheid, seu trabalho é autobiográfico, caminhando naquela
peculiar divisa entre voyeurismo e culpa católica.

Comentário Crítico:

Através de vídeos e fotografias, a artista apresenta personificações


e performances teatralizadas, desenvolvendo críticas sociais
corrosivas, especialmente, ao papel da mulher na sociedade
contemporânea e aos modelos de representação do feminino. Na
obra Just what is it that makes today's children so different, so
appealing? (2005/2007), Rose faz referência a uma das obras mais
famosas da Pop Art inglesa, Just what is it that makes today's homes O que será que torna as crianças de hoje tão diferentes,
so different, so appealing? (1956), de Richard Hamilton. Além da tão atrativas? 2005/2007
apropriação e reformulação do título, o vídeo de Rose revisita a
Cortesia: A artista.
temática da colagem, que ironizava a imagem de lar perfeito vendida
pelos meios de comunicação. Em seu vídeo, que trata da
desestruturação familiar, da violência contra a criança e a mulher, do
papel do Estado etc., crianças reencenam de improviso sua
realidade.
William Kentridge (1955)

Breve Biografia:

Um dos mais importantes criadores sul-africanos do período pós-apartheid,


William Kentridge transita com fluidez entre vídeo, filme, desenho,
escultura, instalação, teatro e ópera, produzindo uma combinação única de
referências e técnicas. Seu trabalho ficou conhecido a partir do fim dos anos
1990 e chegou ao Brasil na Mostra Africana de Arte Contemporânea,
realizada pela Associação Cultural Videobrasil em 2000. O video "Certas
dúvidas de William Kentridge", é o documentário que inaugura a série
Videobrasil coleção de Autores que acompanha o artista em Joanesburgo e
em sua passagem pelo Brasil, registrando seu pensamento e seu processo
de trabalho. Kentridge fala do impacto das contradições sociais sobre sua
obra e dos personagens que surgem em animações feitas a partir de
desenhos a carvão, num processo particular que consiste em apagar e
refazer os traços em preto-e-branco. Realizado em vídeo digital e em super-
8 ultragranulado, numa referência a esse processo, "Certas Dúvidas de
William Kentridge" é o retrato de um artista contemporâneo cuja obra
carrega forte carga emocional e política - sem ser panfletária e tampouco
hermética

Comentário Crítico:

Os gestos da construção, desconstrução e reconstrução de imagens e


narrativas são expressos por meio da evidência da formação dos desenhos,
do apagar dessas mesmas formas, dos lastros deixados por elas sobre o Felix in Exile, 1994
papel e da reconfiguração de figuras. As animações Mine (1991) e Feliz in
exile (1994) evocam a construção de impérios e a exploração de povos, Mine, 1991
cujos trabalhos e sacrifícios costumam ser esquecidos. Os filmes
reconstroem poeticamente histórias políticas e sentimentais, que tratam de Cortesia: O artista.
questões que vão do colonialismo ao apartheid, do existencialismo e da
identidade às relações de poder contemporâneas.
Glossário

Procedimentos e Técnicas
Assemblagem

Trabalho tridimensional freqüentemente feito com objetos e materiais coletados,


reunidos e fixados em uma única peça formando um todo escultórico.

Colagem

A colagem como procedimento técnico utilizada na construção de obras de arte


surge com o cubismo. Ao abrigar no espaço do quadro elementos como papéis,
tecidos, madeiras e objetos, a pintura passa a ser concebida como uma construção
sobre um suporte.

Fotomontagem

Termo genericamente empregado para designar a associação de duas ou mais


imagens fotográficas, com o propósito de gerar uma nova imagem.

Ready-made

A palavra inglesa ready-made significa algo pronto, já fabricado, tendo sido utilizada
no contexto institucional da arte a partir do Dadaismo, através do trabalho do artista
Marcel Duchamp, que apropriava-se de objetos prontos para a construção de suas
obras. Com esse procedimento, Duchamp promovia o deslocamento de objetos
utilitários do seu contexto original para o universo artístico.
Contexto Histórico e
geográfico da África do Sul
Contexto histórico e geogáfico
da África do Sul

predominantes em cada região), é dividida em dois grandes


O continente africano é amplamente conhecido pelas suas grupos, a África Branca ou setentrional formado pelos oito
belezas naturais, principalmente quando se refere à grandiosa países da África do norte, mais a Mauritânia e o Saara Ocidental,
vida selvagem. Porém, o que encontramos de imenso neste e a África Negra ou subsaariana formada pelos outros 44 países
continente é uma enorme diversidade física e sócio-econômica, do continente.
pois existe neste espaço desde extensos vales férteis, aonde a
vida parece não ter fim, até desertos gigantes, como é o caso do Divisão Sócio-Econômica da África
Saara, o maior do mundo. O contraste da pobreza e riqueza
também é muito visível por toda sua extensão continental, sendo África “branca” : Argélia, Dijbuti, Egito, Eritréia, Etiópia, Líbia,
caracterizado principalmente pelas péssimas condições de vida Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, Saara Ocidental, Somália,
em muitos países. O termo “berço da humanidade” é dado em Sudão e Tunísia.
razão da África abrigar uma das civilizações mais antigas e
intrigantes do globo, os egípcios, que formaram um poderoso África “negra” : Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Gâmbia,
“império” a 4 mil anos atrás. Portanto, toda essa riqueza cultural Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Nigéria, Senegal, Serra
e natural existente no continente, torna a África um espaço muito Leoa, Togo, Camarões, Congo, Gabão, Guiné Equatorial,
particular. República Centro-Africana, República Democrática do Congo,
São Tomé e Príncipe, Chade, Burundi, Quênia, Ruanda,
Em conseqüência a esta diversidade, não é tarefa fácil dividir a Tanzânia, Uganda, África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto,
África por regiões devido a sua heterogenidade ao longo do Madagascar, Malauí, Moçambique, Namíbia, Suazilândia,
continente. Porém, pode-se definir duas formas básicas de Zâmbia e Zimbábue
classificação regional: as questões físicas (localização
geográfica) e questões humanas (cultura/ocupação). Etimologia
A África costuma ser regionalizada de duas formas, a primeira Afri era o nome de vários povos que se fixaram perto de Cartago
forma, que valoriza a localização dos países e os dividem em no Norte de África. O seu nome é geralmente relacionado com
cinco grupos, que são a África setentrional ou do Norte, a África os fenícios como afar, que significa "poeira", embora uma teoria
Ocidental, a África central, a África Oriental e a África meridional. de 1981, tenha afirmado que o nome também deriva de uma
A segunda regionalização desse continente, que vem sendo palavra de berbere, ifri, palavra que significa "caverna", em
muito utilizada, usa critérios étnicos e culturais (religião e etnias referência à gruta onde residiam.
No tempo dos romanos, Cartago passou a ser a capital da A estrutura moderna da África, em termos de divisão entre
Província de África, que incluiu também a parte costeira da estados e línguas de trabalho, no entanto, resultou da partilha
moderna Líbia. Os romanos utilizaram o sufixo "-ca" denotando da África pelas potências coloniais européias na Conferência de
"país ou território".[ Mais tarde, o reino muçulmano de Ifriqiya, Berlim. Com exceção da Etiópia, que só foi dominada pela Itália
atualmente Tunísia, também preservou o nome. durante um curto período, e da Libéria, que foi um estado criado
Outras etimologias têm sido apontadas como originárias para a pelos Estados Unidos da América durante o processo de
antiga denominação "África": abolição da escravatura, no século XIX, todos os restantes
países de África apenas conheceram a sua independência na
- No século I, o historiador judeu Flavius Josephus (Ant. 1.15) segunda metade do século XX.
afirmou ter sido nomeado para Epher, neto de Abraão, segundo
o Gênesis (25:4), cujos descendentes, segundo ele, tinha Os bantos
invadido a Líbia.
Este povo habitava o noroeste do continente, onde atualmente
- Aprica, palavra latina que significa "ensolarados", mencionada são os países Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Ao
por Isidoro de Sevilha (século VI), em Etymologiae XIV.5.2 contrário dos bérberes, os bantos eram agricultores. Viviam
também da caça e da pesca.
A história da África é conhecida no Ocidente por escritos que
datam da Antiguidade Clássica. No entanto, vários povos Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este
deixaram testemunhos ainda mais antigos das suas povo na conquista de povos vizinhos. Chegaram a formar um
civilizações. Para além disso, os mais antigos fósseis de grande reino ( reino do Congo ) que dominava grande parte do
hominídeos, com cerca de cinco milhões de anos, foram noroeste do continente.
encontrados na África, permitindo considerá-la o “berço da
humanidade”. Viviam em aldeias que era comandada por um chefe. O rei
banto, também conhecido como manicongo, cobrava impostos
O Egito foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na em forma de mercadorias e alimentos de todas as tribos que
África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou formavam seu reino. O manicongo gastava parte do que
cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao arrecadava com os impostos para manter um exército particular,
longo dos séculos. Podem referir-se os estados de Kush e que garantia sua proteção, e funcionários reais. Os habitantes
Meroé, ainda no nordeste de África, o primeiro estado do do reino acreditavam que o maniconco possuía poderes
Zimbabwe e o reino do Congo que, aparentemente floresceram sagrados e que influenciava nas colheitas, guerras e saúde do
entre os séculos X e XV. povo.
Mapa da África/posição global
Pangéia
foi o nome dado ao continente que, segundo a teoria da
Deriva continental, existiu até 200 milhões de anos,
durante a era Mesozóica. A palavra origina-se do fato de
todos os continentes estarem juntos (Pan) formando um
único bloco de terra (Geia). Por outro lado, estudando-se
a mitologia grega, encontramos: Pan, como o deus que
simbolizava a alegria de viver, e Geia, Gaia ou Ge como a
deusa que personificava a terra com todos os seus
elementos naturais.
África do Sul
DADOS PRINCIPAIS:

Nome Oficial: Afrika borwa (República da África do Sul)


Capital da África do Sul: Pretória
Área: 1.219.912 km² (24º maior)
População: 43.64 milhões (2002)
Idiomas Oficiais: Inglês, Afrikaans e dialetos locais - Moeda: Rand
Nacionalidade: Sul africana
Principais Cidades: Joanesburgo, Cidade do Cabo, Durban e
Pretória

AS CAPITAIS: A África do Sul possui 3 capitais: Executiva


(Pretória), Legislativa (Cidade do Cabo) e Judiciária
(Bloemfontein).

POVO: A África do Sul é conhecida como a "nação arco-íris, pela


diversidade de raças.
Brancos (comunidade européia, principalmente holandeses e
ingleses) 5.4m (12%)
Coloridos (mestiços) 3.8m (8,5%)
Asiáticos (chineses, indianos) 1.2m (2,5%)
Negros (grupos étnicos : Zulu, Sotho, Tswana, Xhosa, Tsonga,
Swazi, Venda, Ndebele) 34.3m (77%)

LOCALIZAÇÃO: área de 1 219 090 (472 359 milhas). Fronteiras


com: Namíbia, Bostwana, Zimbabwe, Moçambique e Swaziland. O
reino de Lesotho situa-se a sudeste do país em território sul
africano.
Hino Nacional da África do Sul

(tradução em português) National Anthem of South Africa

(Xhosa/Zulu) (versão original)


Deus abençoe a África, (Xhosa/ Zulu)
Que todos os seus desejos sejam realizados, Nkosi sikelel' iAfrika
Escute nossas preces. Maluphakanyisw' uphondo lwayo,
Deus abençoe-nos, Que somos o seu povo. Yizwa imithandazo yethu,
Nkosi sikelela, thina lusapho lwayo.
(Sesotho) (Sesotho)
Deus salve nossa nação, Morena boloka setjhaba sa heso,
Acabe com as guerras e os conflitos. O fedise dintwa le matshwenyeho,
Deus salve nossa nação, O se boloke, O se boloke setjhaba sa heso,
Acabe com as guerras e os conflitos da África do Sul Setjhaba sa South Afrika - South Afrika.

(Afrikaans) (Afrikaans)
Dos nossos céus azuis, Uit die blou van onse hemel,
Das profundezas dos nossos mares, Uit die diepte van ons see,
Sobre as infinitas montanhas onde as rochas darão a Oor ons ewige gebergtes,
resposta. Waar die kranse antwoord gee,

(Inglês) (English)
Soa o chamado para nos unirmos, Sounds the call to come together,
E juntos, nos fortaleceremos. And united we shall stand,
Vivamos e lutemos por liberdade, Let us live and strive for freedom,
Na África do Sul, nossa terra. In South Africa our land
O regime do Apartheid

A África do Sul foi uma região dominada por colonizadores de Mesmo assim a organização de mobilizações das populações
origem inglesa e holandesa que, após a Guerra dos Boeres negras tendeu a crescer:em 1960 cerca de 10.000 negros
(1902) passaram a definir a política de segregação racial como queimaram seus passaportes no gueto de Sharpeville e foram
uma das fórmulas para manterem o domínio sobre a população violentamente reprimidos.
nativa. Esse regime de segregação racial - conhecido como
apartheid - começou a ficar definido com a decretação do Ato de - greves e manifestações eclodiram em todo o país, combatidas
Terras Nativas e as Leis do Passe. pela com o exército nas ruas.

"O Ato de Terras Nativas" forçou o negro a viver em reservas - ruptura com a Comunidade Britânica (1961)
especiais, criando uma gritante desigualdade na divisão de terras
do país, já que esse grupo formado por 23 milhões de pessoas - fundada a Lança da Nação, braço armado do CNA
ocuparia 13% do território, enquanto os outros 87% das terras
seriam ocupados pelos 4,5 milhões de brancos. A lei proibia que - em 1963 Mandela foi preso e condenado a prisão perpétua.
negros comprassem terras fora da área delimitada,
impossibilitando-os de ascender economicamente ao mesmo Durante a década de 70 a radicalização aumentou, tanto com os
tempo que garantia mão de obra barata para os latifundiários atos de sabotagem por parte da guerrilha, como por parte de
brancos governo, utilizando-se de intensa repressão.

Nas cidades eram permitidos negros que executassem trabalhos Na década de 80 o apoio interno e externo à luta contra o
essenciais, mas que viviam em áreas isoladas (guetos). Apartheid se intensificaram, destacndo-se a figura de Winnie
As "Leis do Passe" obrigavam os negros a apresentarem o Mandela e do bispo Desmond Tutu.
passaporte para poderem se locomover dentro do território, para
obter emprego. A ONU, apesar de condenar o regime sul-africano, não interveio
de forma efetiva, nesse sentido o boicote realizado por grandes
A partir de 1948, quando os Afrikaaners (brancos de origem empresas deveu-se à propaganda contrária que o comércio com
holandesa) através do Partido Nacional assumiram o controle a Africa do Sul representava.
hegemônico da política do país, a segregação consolidou-se com
a catalogação racial de toda criança recém nascida, com a Lei de A partir de 1989, após a ascensão de Frederick de Klerk ao poder,
Repressão ao Comunismo e com a formação dos Bantustões em a elite branca começa as negociações que determinariam a
1951, que eram uma forma de dividir os negros em comunidades legalização do CNA e de todos os grupos contrários ao apartheid
independentes, ao mesmo tempo em que estimulava-se a divisão e a libertação de Mandela.
tribal, enfraquecia-se a possibilidade de guerras contra o domínio
da elite branca. disponível em: www.historianet.com.br
Springbok: A superação do Apartheid através do esporte

Algumas das diferenças entre o futebol e o rugby partem da


A equipe sul-africana de rugby, cujo apelido é Springbok - uma época do "apartheid" (política de segregação racial
espécie de antílope da fauna local - é uma das cinco maiores desenvolvida em território sul-africano).
seleções do esporte e ostenta os títulos de campeã da Copa do
Mundo em 1995 e 2007. "O rugby não era o esporte da África do Sul negra", afirmou o
escritor britânico John Carlin no livro "The Human Factor: Nelson
Enquanto a África do Sul compartilha a hegemonia do rugby no Mandela and the Game that Changed the World". ("O Fator
hemisfério sul com Austrália e Nova Zelândia e está à altura das Humano: Nelson Mandela e o Jogo que Mudou o Mundo",
equipes das Ilhas Britânicas e da França, seu papel é de muito tradução livre).
menos destaque no mundo do futebol.
A obra explica como o líder sul-africano Nelson Mandela, recém-
Na segunda metade do século XIX, quando ambos os esportes eleito presidente, usou o rugby como forma de tentar unir
tomaram caminhos diferentes pouco tempo após surgirem de brancos e negros em 1995, quando o país sediou a Copa do
um conceito esportivo comum, o rugby cresceu muito mais. Mundo do esporte e venceu.

A célebre frase britânica que diz que "o futebol é um jogo de Isso não significa que o futebol fosse o esporte nacional entre a
cavalheiros praticado por vândalos e o rugby um jogo de população negra do país. Tradicionalmente os integrantes dos
vândalos praticado por cavalheiros" teve mais conotações Springboks eram brancos - mais precisamente africâners
raciais que sociais ou esportivas na África do Sul. (descendentes dos colonos holandeses) -, e os negros
gostavam mais de futebol.
Carlin afirma em seu livro que Mandela, que finalmente aproveitou o esporte da
bola oval para juntar a população, sentiu uma "clara antipatia" pelo rugby ao longo
de sua vida.

Segundo o autor do livro, o ex-presidente sul-africano considerava que era um


esporte "branco e, especialmente, dos africâners", e os negros viam a seleção de
rugby sul-africana como "um símbolo da opressão do apartheid".

Hoje rugby e futebol convivem lado a lado no país, mas internacionalmente os


Springboks têm muito mais fama que os Bafana, Bafana ("Os rapazes"), apelido
da seleção nacional de futebol.

Durante muitos anos, o apartheid também deixou os negros fora da prática do


futebol. Até a Fifa excluiu a África do Sul do organismo pela política de
discriminação racial. Mas isso não impediu certa estrutura do esporte no país,
Nelson Mandela e François Pienaar com competições profissionais desde 1959 - contudo, exclusivas para os
brancos.

A federação sul-africana de futebol existe desde 1991, como parte de um longo


processo de unificação que erradicou qualquer rastro de divisão racial do esporte
do país. A admissão da África do Sul na Fifa se deu há 17 anos, em junho de 1992.
Cultura sul africana
Arte Africana no século XX

Do século XIX até meados do século XX, a África assistiu à


abolição da escravatura, ao desmantelamento gradual do Na África do Sul, os fotógrafos locais se preocupavam mais
domínio colonial e ao surgimento de Estados nacionais com o fotojornalismo e com a denúncia da realidade violenta
modernos. Nesse período de mudanças políticas, do apartheid. As suas obras eram publicadas na revista Drum
tecnológicas e religiosas abrangentes, surgiram três e, depois do seu fechamento, fotógrafos como Zwelethu
tendências importantes nas artes visuais africanas: a Mthethwa (nascido em 1960) continuaram a concentrar a
fotogra?a se tornou extremamente popular; as tradições atenção nas desigualdades.
locais de cerimônias, pantomimas, cultos de cura e design de
tecidos e vestuário foram consideradas artísticas; e as novas O primeiro pintor moderno da África subsaariana a usar
tecnologias visuais chegaram com uma onda de novas cavalete, óleo e tela foi Aina Onabolu (1882-1963), de Lagos,
instituições educacionais e in?uenciaram a prática da pintura na Nigéria. Era autodidata mas queria estabelecer a
de cavalete, da gravura e da escultura. Hoje, a arte educação artística nas novas instituições educacionais. Foi
contemporânea ?oresce, recuperando e desenvolvendo seguido por Bem Enwonwu (1921-1994), primeiro artista
uma série de tradições independentes porém interligadas. subsaariano a conquistar fama internacional. A divulgação
dos avanços na Nigéria estimulou evolução semelhante em
Na década de 1840, a fotografia chegou às cidades do litoral Uganda. No fim da década de 1950, em Zaria, na Nigéria, no
da África ocidental, levada por fotógrafos africanos, afro- primeiro departamento universitário de belas-artes do país,
americanos e europeus. As tradições africanas de retrato e um grupo de estudantes liderados por Uche Okeke (nascido
documentação evitaram as tendências de exoticidade e em 1933) e Bruce Onobrakpeya (nascido em 1932) se pôs a
primitividade dos fotógrafos europeus. A fotogra?a se tornou reformar o curriculo, a ?m de dar ênfase às tradições
um meio popular de autorrepresentação, e os lares africanos artísticas nativas. Sob a rubrica de “Síntese Natural”, eles
exibiam fotogra?as que articulavam questões de status, voltaram sua atenção para mitos, folclore, tapeçaria e artes
moda, tradição e modernidade. Um dos melhores retratistas corporais, acreditando que tais tradições podiam enriquecer
foi Seydou Keita (1921-2001), de MaIi, que trabalhou em a arte moderna nigeriana. Flores num vaso, de Okeke, é um
Bamako na década de 1950. A obra Sem título (irmãs, duas exemplo de suas obras desse período. Desde então, a
grandes damas) exempli?ca o surgimento da homenagem Nigéria testemunha um crescimento do patrocínio individual
fotográ?ca à identidade e ao caráter africanos, e o uso e estatal e da quantidade de universidades com
artístico de tecidos contrastantes se re?ete em muitos departamentos de artes grá?cas e belas-artes que oferecem
retratos posteriores. uma perspectiva melhor para as futuras gerações de artistas.
As novas formas não apareceram apenas nas escolas de artes plásticas. O trabalho
como aprendiz continua a ser um modo de desenvolver novas práticas visuais, como na
obra de cartazistas como o congolês Chéri Samba (nascido em 1956) e o ganense
Kwame Akoto (nascido em 1950 e também conhecido como Almighty God [Deus Todo-
Poderoso]). De vez em quando, surge um verdadeiro visionário fora da escola de artes
plásticas e longe do mestre da oficina. Um deles é Frédéric Bruly Bouabré (nascido em
1923), da Costa do Marfim, ex-funcionário público que depois de ter uma visão de
atividade cósmica, passou a desenhar como meio de entender o mundo. Romuald
Hazoumé (nascido em 1962) começou a fazer arte ao ver rostos no lixo plástico de Porto
Novo. Sua obra representa uma nova geração de artistas que surgiu à margem da
trajetória educacional comum.

Na África do Sul do século XIX, os artistas negros se preocupavam com as relações entre
os sexos, a iniciação à maturidade, a guerra e o impacto do apartheid; os artistas brancos.
por sua vez, parecem ter concentrado a atenção na ilusão de uma paisagem
aparentemente despovoada. Durante o século XX, o interesse em pintura, escultura,
artes grá?cas e instalações cresceu nas áreas rurais e nas municipalidades negras. Sob
o regime do apartheid, a arte não era considerada adequada para a educação dos sul-
africanos negros, embora tenham se desenvolvido projetos artísticos como o Polly Street
Recreational Centre (Centro Recreativo da Rua Polly), em Joanesburgo, na década de
1950, e o Rorke's Drift Arts and Crafts Centre (Centro de Artes e Ofícios de Rorke's Drift).
em Natal, na década de 1960. Artistas brancos como Bill Ainslie (1934-1989) abriram
seus ateliês para sul-africanos negros. como David Koloane (nascido em 1938). Esses e
vários outros artistas. entre eles Penny Siopis (nascida em 1953) e Jane Alexander
(nascida em 1959) expuseram os traumas do apartheid, enquanto as fotogra?as de
Zwelethu Mthethwa (nascido em 1960) revelam o legado contínuo da desigualdade.
Enquanto isso, na região agrícola de Transvaal, o escultor Jackson Hlungwani (1923-
2010) dava continuidade ao seu trabalho de curar o mundo com a construção de sua
própria Nova Jerusalém. O trono de Jackson é característica de suas esculturas
marcantes e bruscamente entalhadas.

JP

Arte Africana. Tudo sobre arte. Editora Sextante. p 472, 473.


Arte tradicional africana e o design contemporâneo

A arte sul africana compartilha da tradição continental de


produção de objetos de utencílios com uma complexa
ornamentação. De seus possíveis usos ritualísticos ao
atual estatus de arte colecionável estes objetos muitas
vezes em forma de animal carregavam em sí um forte
conteúdo simbólico.

Banco em Forma de Ave é um exeplo de arte angolana do


século XIX. Um cobiçado objeto de prestígio, o banco
provavelmente representa uma cegonha e seria simbolo
do poder e riqueza dos chefes.

Hoje observamos como a tradição influencia o design em


trabalhos como os da companhia sul africana Haldane
Martin. A cadeira ecologicamente sustentável explora a
tecelagem de uma cesta tribal Zulu, principal etnia nativa
da África do Sul, usando plástico reciclado.
Literatura sul africana
Em razão da variedade de línguas faladas na África do Sul, a literatura tornou-se
bem diversificada.

John Maxwell Coetzee e Nadine Gordimer são dois dos principais escritores do
país. O primeiro ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 2003, tendo escrito livros
que foram traduzidos para o português e editados e publicados no Brasil. Seu
gênero de escrita é a ficção e alguns de seus livros são: O Cio da Terra, Diário de um
Ano Ruim e à Espera dos Bárbaros.

Já Nadine prefere desenvolver textos sobre o apartheid, regime político pelo qual os
brancos detinham o poder sobre os negros, obrigando-os a viverem separados,
numa grande demonstração de preconceito racial. Seus livros são do gênero da
ficção, mas também em crônicas como: O Engate, The Lying Days e The Vonani Bila e John Maxwell Coetzee – escritores
Conservationist.

Vonani Bila é um escritor negro, que lutou muito para ter seu trabalho reconhecido.
Fundou um projeto poesia, intitulado Timbila, publicando várias poesias, além da
revista literária Timbila.

Vonani conseguiu fazer a circulação de obras de poetas que eram marginalizados.


Com isso tornou-se uma fonte de inspiração para várias oficinas e projetos
envolvendo novos escritores do gênero poético. Vonani Bila faz duras críticas a
escritores que trabalham escrevendo artigos para o governo, onde diz que são
pagos para falarem dos rótulos governamentais, se colocando contra esse tipo de
literatura que faz do leitor um fantoche.

A África do Sul dispõe de um museu literário, que iniciou suas atividades em 1972, a
fim de promover aos sul-africanos uma boa leitura.

Por Jussara de Barros


Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola
Disponível em : http://www.brasilescola.com/africa-do-sul/literatura-na-africa-sul.htm
Disgrace (1999)

É um livro de JM Coetzee , que ganhou o Prêmio Nobel da Literatura ,


quatro anos após sua publicação. Uma pesquisa de 2006 do "Literary
Luminaires" do jornal The Observer nomeou-o como "o maior romance
dos últimos 25 anos", escrito em Inglês fora dos Estados Unidos.

A adaptação cinematográfica (com o título em português de Desonra)


estrelada por John Malkovich teve sua estréia mundial no Festival de
Toronto em 2008, onde ganhou o Prêmio Internacional dos Críticos.

Sinopse

David Lurie é um professor de Inglês Sul-Africano, que perde tudo: sua


reputação, seu trabalho, sua paz de espírito, sua boa aparência, seus
sonhos de sucesso artístico, e finalmente até mesmo a sua capacidade
de proteger sua própria filha. Ele é duas vezes divorciado e insatisfeito
com seu trabalho como professor de comunicação, ensinando uma
classe especializada em literatura romântica em uma universidade
técnica em Cape Town na África do Sul pós-apartheid. Sua "desgraça"
vem quando ele seduz uma de suas alunas e não faz nada para proteger-
se das consequências. Lurie estava trabalhando em Lord Byron , no
momento da sua desgraça, e “a ironia vem da dor de uma escapada que
Byron teria achado distintamente tímida." Ele é demitido de seu cargo de
professor depois de se refugiar na fazenda de sua filha no Cabo Oriental.
Por um tempo, a influência de sua filha e os ritmos naturais da fazenda
prometem harmonizar suas vidas discordantes. Mas o equilíbrio de
poder no país está mudando. Pouco depois de ficar confortável com a
vida rural, ele é forçado a chegar a termos com as conseqüências de um
ataque na fazenda em que sua filha é estuprada e engravida e ele é
violentamente agredido.
Referências filmográficas
Distrito 9 (District 9. África do Sul, 2009) é um filme de suspense e ficção científica dirigido por
Neill Blomkamp.

O Protagonista Wikus van de Merwe, um burocrata Afrikaner, é encarregado de deslocar uma


raça de criaturas extraterrestres inesperadamente presa na Terra, depreciativamente chamada
"camarões", do Distrito 9, uma favela militar em Joanesburgo, África do Sul, para um campo de
refugiados fora da cidade. Mas uma contaminação que transforma Wikus em alienígena o
obriga a rever seus preconceitos em busca da sobrevivência. O filme foi indicado a quatro Óscar
em 2010, incluindo Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhores Efeitos Visuais e Melhor
Edição. O título e a premissa de Distrito 9 foram inspiradas pelos acontecimentos que tiveram
lugar no District Six, na Cidade do Cabo, durante o apartheid. O filme foi produzido por US$ 30
milhões e filmado em Chiawelo, Soweto, apresentando entrevistas fictícias, noticiários e vídeo
de câmeras de vigilância em um formato de pseudodocumentário.

Invictus (EUA, 2009) Direção de Clint Eastwood.

Recentemente eleito presidente, Nelson Mandela (Morgan Freeman) tinha consciência que a África
do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido, em decorrência do apartheid. A
proximidade da Copa do Mundo de Rúgbi, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela
resolvesse usar o esporte para unir a população. Para tanto chama para uma reunião François
Pienaar (Matt Damon), capitão da equipe sul-africana, e o incentiva para que a selação nacional seja
campeã.

Outros filmes sobre a África do Sul: Mandela - Luta pela liberdade (Goodbye Bafana); Um grito de
Liberdade (Cry Freedom); Infância Roubada (Tsotsi).
Influências da arte africana
no ocidente
Picasso e a África

Na sala do velho museu, Picasso está só. Nas paredes, nas vitrines,
bonecas feitas pelos índios peles-vermelhas, manequins
empoeirados, máscaras africanas.. O cheiro de mofo, a poeira sobre
os objetos, o ranço das coisas velhas, tudo o impele a ir embora.
Detesta o lugar. O museu é como um túmulo. A vontade de sair é
imensa. Mas fica.

Ao mesmo tempo em que tem vontade de sair, sente-se fascinado,


preso às máscaras africanas. Não consegue tirar os olhos delas. O
cheiro do mofo perturba-o. Conhece-o dos bordéis de Barcelona.
Regride ao Barrio Chino. Imagens de putas ocupam sua mente.
Projeta-as sobre o vidro da vitrine. O rosto de Rosita del Oro
sobrepõe-se à máscara africana. As duas imagens fundem-se.

Na sala empoeirada e embolorada do Trocadéro, a idéia de pintar


uma cena de bordel nasceu. Para Picasso, o significado estético das
máscaras contava pouco. Só lhe interessava o que representavam
de mágico, de sagrado. Eram objetos mágicos que afastavam os
maus espíritos. Armas poderosas contra coisas ruins.

Hipersupersticioso, Picasso, em conversa com André Malraux,


confessou que Les Demoiselles d'Avignon foi, sem sombra de
dúvida, “sua primeira pintura-exorcismo”. “Foi naquele dia que a
idéia de Les demoiselles d'Avignon surgiu. Mas não motivada pelas
formas”.
“Quando fui pela primeira vez ao Museu do
Trocadéro, a pedido de Derain, senti-me sufocar
pelo cheiro de bolor e abandono que se
desprendia do ambiente. Estava tão deprimido
que não me importaria de partir imediatamente.
Mas, forcei-me a ficar, a examinar as máscaras e
todos os objetos que os homens tinham
desenhado com uma finalidade sagrada, mágica,
para que servissem de intermediários entre eles e
as forças desconhecidas, hostis, que os
rodeavam, esforçando-se assim por subjugar o
medo, dando-lhe cor e forma”.

Compreendi então que era esse o sentido próprio


da pintura. Não é um processo estético, é uma
forma de magia que se interpõe entre o universo
hostil e nós, uma maneira de tomar conta do
poder, impondo uma forma aos nossos terrores e
aos nossos desejos. No dia em que compreendi
isso, soube que tinha encontrado o meu caminho”.

Ao apropiar-se das máscaras, incorporando-as a


Les demoiselles d'Avignon, Picasso acreditava
piamente que, por meio delas, afastaria tudo que
pudesse prejudica-lo. Ao pintá-las, exorcizaria
todo mal.

Carlos von Schmidt

Na Cama com Picasso


Mestre Didi
Deoscóredes Maximiliano dos Santos (Salvador BA 1917). Escultor e escritor. Executa objetos rituais desde a infância; aprende a
manipular materiais, formas e objetos com os mais antigos do culto orixá Obaluaiyê. Entre 1946 e 1989, publica livros sobre a cultura
afro-brasileira, alguns com ilustrações de Caribé. Em 1966, viaja para a África Ocidental e realiza pesquisas comparativas entre Brasil
e África, contratado pela Unesco. Nas décadas de 60 a 90, participa como membro de institutos de estudos africanos e afro-brasileiros
e como conselheiro em congressos com a mesma temática, no Brasil e no exterior. Em 1980, funda e preside a Sociedade Cultural e
Religiosa Ilê Asipá do culto aos ancestrais Egun, em Salvador. É coordenador do Conselho Religioso do Instituto Nacional da Tradição
e Cultura Afro-Brasileira, que representa no país a Conferência Internacional da Tradição dos Orixás e Cultura.

"Exprime, através da criação estética, uma arraigada intimidade com seu universo existencial, onde ancestralidade e visão de mundo
africanos se fundem com sua experiência de vida baiana. Completamente integrado ao universo nagô de origem yorubana, revela em
suas obras uma inspiração mítica, formal material. A linguagem nagô com a qual se expressa é o discurso sobre a experiência do
sagrado, que se manifesta por meio de uma simbologia formal de caráter estético".

Juana Elbein dos Santos

"Os orixás do Panteão da Terra são os que nos alimentam e nos ajudam a manter a vida. Os meus trabalhos estão inspirados na
natureza, na Mãe Terra -Lama, representada pela orixá Nanã, patrona da agricultura".

Mestre Didi
Ayrson Heráclito, Atlântico Negro
(2007; vidro, água, sal e azeite de Dendê).

Mario Cravo Neto, Deus da Cabeça. (1988; Fotografia)


Fractais africanos
São inúmeras as formas que se explicam pela
geometria fractal - essas curvas invariantes, qualquer
que seja a escala de observação: um detalhe
aumentado é idêntico ao conjunto do qual ele se
origina. O formato das nuvens ou as flutuações das
bolsas de valores são hoíe em dia resolvidos com essa
ferramenta matematica, usada também para decifrar a
arquitetura e o urbanismo africanos.

(...)

Da mesma maneira, encontramos urna forma fractal na


estrutura do povoado Ba-ila, na Zâmbia. O motivo
inicial é, aqui, uma curva circular não fechada, na qual
se inscreve um segmento retílíneo. Ele é recortado em
zonas “ativas’’ que serão substituídas por um motivo
idêntico ao inicial, mas mais reduzido. A mesma
operação é repetida em cada uma das zonas “ativas”
do novo modelo. O resultado dá conta da estrutura
global da aldeia.

A arquitetura não é o único domínio em que


encontramos fractais. Eles existem, potexemplo,
também nos têxteis, no artesanato e nos penteados
tradicionais africanos. Até hoje em dia, a matemática
dos fractais explica em especial os fenômenos
naturais; agora, eles são detectados na construção do
homem.

Ron Eglash

Scientific American Brasil 11


Estratégias Pedagógicas
& Procedimentos de visita
Estratégias Pedagógicas

Dentre as questões presentes na exposição destacam-se os temas: Segregação Racial,


Apartheid, Preconceito, Realidades Invisíveis, Identidade Cultural, Direitos Humanos.

A partir desses temas organizamos algumas propostas para serem desenvolvidas no Museu
ou na escola após a visita à exposição.

Instigações e Propostas de Roteiros

1- Proponha que seus alunos estabeleçam contrapontos e integrações entre as obras.

2- Busque estabelecer relações entre as obras expostas. O que representam? Quais são as
referências?

3- Quais são os temas presentes? As questões são atuais?

4- Quais são os temas e mensagens com as quais seus alunos se identificam? O que está
próximo do universo em que eles vivem?

5- Aproprie-se do MAC de Niterói como um Fórum. Escolha um dos temas apresentados


pelos artistas e reúna seus alunos junto das obras correspondentes. Instigue seus alunos a
refletir e debater suas idéias e concepções sobre o tema. Ao final, busque congregar as
principais questões debatidas apresentando um painel conclusivo ou abrindo para
desdobramentos na escola.
Sugestões de Atividades

Proposta I : Escola - Fórum Agrupe as páginas, faça uma cópia xerográfica e monte os
zines. Disponibilize-os na biblioteca da escola ou faça uma
Sugerimos que você distribua temas presentes na exposição e exposição com a produção.
por grupos de alunos. Proponha o desenvolvimento de
pesquisas com a seleção de matérias de jornais e consultas na Proposta III: Cartas ao Mundo
internet.
Propomos que você eleja temas que estejam relacionados com
Organize um calendário de datas para apresentação do seu programa educativo e sua área de atuação. Desenvolva
material coletado por cada grupo. Arrume a sala em forma de pesquisas sobre os temas, promova debates. Como dinâmica
arena, em circulo, propiciando a comunicação mais direta dos proponha que seus alunos escrevam cartas dirigidas a
alunos. Eleja debatedores e mediadores que exporão suas representantes da comunidade, da cidade e a líderes políticos
preocupações e defenderão posições relativas aos temas. externando suas inquietações, criticas e propostas.

Encerre cada Fórum com organização de um manifesto de Proposta IV: Visões e (sub) Versões : Cada olhar uma reflexão
idéias e ações como resultado do Fórum. Divulgue pela
comunidade escolar, expondo no Mural, no informativo da Tome como referência os temas presentes nas obras em
instituição e, se possível, no site da escola. exposição e proponha aos seus alunos a criação de histórias
que narrem episódios verídicos ou fictícios. Utilize a linguagem
Proposta II : Editando ZINES da comunicação gráfica utilizada em cartuns e histórias em
quadrinhos.
Sugerimos a organização de zines(publicação artesanal em
forma de revista organizada com a apropriação de elementos Proposta V: Ficções e Dramatizações
da linguagem publicitária e das histórias em quadrinhos), que
podem ser criadas coletivamente pelos alunos. Tome como Usar lendas africanas e contações de histórias é uma forma de
referência os temas presentes na mostra. aprofundar a apreciação da obra e o aprendizado das crianças.
Crie histórias e interprete personages. Produza máscaras e use
Para criar um zine utilize linguagem e recursos plásticos visuais músicas típicas. A dança, a música e o teatro junto às artes
variados. Proponha que o grupo pesquise e recorte imagens, visuais e o aprendizado se torna um ritual lúdico.
matérias de jornais e revistas. Organize grupos de alunos e
proponha a montagem das páginas com associação de
imagens, textos e desenhos.
Orientações para Visitação de Grupos Escolares ao MAC antecipadamente do contexto das exposições em cartaz. A
Divisão de Arte Educação oferece mensalmente um programa
Os grupos escolares deverão estar acompanhados por um para professores, com enfoque pedagógico, que busca
número suficiente de professores representantes das preparar e oferecer material de apoio para a visita ao MAC.
instituições, os quais deverão se responsabilizar pela Você também pode acessar os textos e materiais sobre as
organização e controle do grupo de alunos durante toda a visita exposições no site da instituição: www.macniteroi.com.br
ao Museu.
No interior do Museu não é permitido:
No Pátio do Museu:
Ao chegar ao MAC o grupo deverá esperar no pátio a .Tocar nas obras de arte.
autorização para a entrada no Museu enquanto o professor se .Correr e falar alto.
dirige à recepção para comunicar a chegada do grupo, receber .Comer alimentos ou beber líquidos.
os ingressos/adesivos e tomar conhecimento das normas de .Informe-se sobre a permissão para fotografar as obras de arte.
visitação ao interior do Museu.
Para agendamento de Mediação Educativa
A Subida da Rampa de Acesso:
O percurso pela rampa de acesso ao interior do Museu é um O agendamento de grupos para visitas com mediação
momento especial da visita. A rampa promove uma experiência educativa deverá ser feito antecipadamente com a Divisão de
visual e interativa do visitante com o MAC e seu entorno, Arte-Educação .Contato: (21) 2620 2400 / 2620 2481 ramal 229,
fazendo parte da preparação do grupo para a entrada no de terça a sexta, das 11h às 18h. O agendamento do grupo
espaço museológico. O grupo, ao subir a rampa, deve ser dependerá da disponibilidade de vagas.
instigado a perceber e descobrir elementos presentes na
paisagem que dialogam com a arquitetura do MAC. Se o seu
grupo não estiver participando de uma visita mediada pelos
educadores da Divisão de Arte Educação, tente você mesmo
mediar essa experiência.

No Espaço Museológico:
As exposições apresentam conceitos que devem ser
desvelados pelos próprios alunos através da mediação
educativa dos educadores do MAC ou do próprio professor do
grupo. Para que o professor possa participar do trabalho de
mediação é importante que tome conhecimento
Divisão de arte-educação

Chefia
Márcia Campos

Arte Educadores
Bruno Albert
Eduardo Machado
Igor Valente
Leandro Crisman

Produtora cultural
Fernanda Fernandes

Assistente administrativo
Mascus Verçosa

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