Segundo Teresinha Costa o complexo de Édipo é um dos conceitos fundamentais da
psicanálise e consiste, segundo nos auxilia Katz, na junção de dois significantes importantes à época que foi formulado, “complexo” e “Édipo”. Alertando-nos que esta expressão foi elaborada, pela primeira vez, na obra de Sigmund Freud (1856-1939).(pág. 20) Como nos auxilia Katz o termo Édipo já havia aparecido nos escritos de Freud, em sua correspondência com Wilhelm Fliess (1858-1928) onde ele narra uma experiência que aconteceu com ele e teoricamente aconteceria com todos e que comporia um escopo universal, tal qual o descreve Freud: “Achei também em mim o apaixonamento pela mãe e o ciúme por relação ao pai, e agora os considero um acontecimento geral da infância mais remota... Se for assim, entende-se o poder da atração do Oedipus Rex, a despeito de todas as objeções que a compreensão erige contra a pressuposição do destino... a lenda grega capta uma compulsão que todos reconhecem, pois cada um reconhece sua existência em si mesmo”(F-FL,carta 142, de 15/10/1897. Negrito nosso. COMPLEXO DE ÉDIPO, Chaim Katz, p. 22). Destarte percebe-se que não foi a partir do mito Édipo que Freud formula o conceito complexo de Édipo, mas de sua própria percepção acerca dos seus afetos em relação à tríade mãe-pai-bebê, cujo ele constatou ser um evento que provocava afetos moralmente não desejosos, por isso intensos. Sendo a história grega extremamente alusiva e pertinente para ser usada como significante desta relação cujos seus efeitos toda a humanidade estaria submetida. Como nos auxilia Costa, o termo “complexo” aponta para “uma rede de relações que ocorrem na infância de todo sujeito e que é responsável pela organização de nossa subjetividade desejante”.(ÉDIPO, Teresinha Costa, p. 7). Portanto, a gênese do Complexo de Édipo e suas conseqüências no dinamismo psíquico de cada um terá repercussão por toda a vida do sujeito, sendo estruturante quanto às suas disposições fundamentais (neurose, psicose, perversão). Costa descreve que para o menino, o complexo de Édipo, dá-se pelo amor deste em relação à mãe cujo afeto desperta as fantasias ligadas ao objeto de prazer. Posteriormente, sob o efeito conjunto da ameaça de castração pelo pai e da angústia da possível perda do falo, há a renúncia da mãe como seu objeto de prazer. Sendo o medo e a angústia o responsável pelo desenlace do complexo de Édipo no menino. Havendo um deslocamento do amor que ele tinha em relação à mãe para o pai, que logo se transforma também. Configurando-se em uma relação que deixa de querer ter para ser o pai. Como nos explica a autora “O complexo de Édipo é dissolvido na medida em que a angústia de castração põe fim tanto à ligação erótica com a mãe quanto à ligação amorosa com o pai. No final desse processo, o menino entra no período de latência” (ÉDIPO. Teresinha Costa, p. 34). Enquanto que na menina é diferente a dinâmica do complexo de Édipo e éxigadido dela um duplo esforço, visto que a mulher deverá abandonar a “erotização clitoridiana para que a esta suceda a erotização vaginal... Para a menina, o complexo de Édipo é uma formação secundária e as operações do complexo de castração o precedem e o preparam. Assim, além de fazer uma mudança de órgão ela precisa, ela precisa trocar o objeto materno pelo paterno... Ele chega à conclusão de que, se a menina renuncia à satisfação ativa dirigida inicialmente à mãe, não é somente porque deseja voltar-se para o pai, mas, sobretudo, para afastar-se da mãe, para desligar-se dela... Nem sempre essa passagem se realiza, e, caso a menina continue endereçando os movimentos pulsionais ativos e passivos à mãe, isso poderá trazer dificuldades na assunção de sua feminilidade”. Segundo a autora, a menina na fase fálica, dá-se conta que está castrada, ou seja, na tem o falo e daí se aproxima do pai, com a finalidade de obter o pênis que a mãe lhe negou. É nesse momento que se dá início ao complexo de Édipo na menina. “...Em seguida, essa busca é substituída pelo desejo de ter um filho, que seria o equivalente simbólico do pênis; posteriormente, a decepção frente ao pai, que se nega a atender a essa gratificação, é o que a conduz ao abandono progressivo do complexo de Édipo.” (ÉDIPO. Teresinha Costa, p.35-37). Podemos então dizer que o menino sai do Édipo em conseqüência do medo da castração, ou seja, o medo de perder seu falo pelo pai ou pela função castradora, posteriormente identificando-se com o pai para atrair alguém tal como a mãe. “Tal como” significa dizer que este objeto de desejo ele nunca poderá ter, daí a renúncia do prazer para o acesso à cultura. Sendo importantíssima essa dinâmica para a construção do processo de humanizar-se. Enquanto que a menina entra no Édipo pelo processo de castração, ou seja, quando ela se percebe desfalicizada, tal qual a mãe, abandonando esta como objeto de prazer e deslocando-se para o pai, o possuidor do falo substituto é que ela pleiteia sua entrada na civilização, tendo sua saída do Édipo marcada pela produção do seu próprio falo, ou seja, sua cria. O complexo de Édipo é um conjunto de relações cujos todos os humanos estão facultados a passar, sendo ele o responsável pela construção da estrutura futura deste sujeito dentro das categorias histeria, neurose obsessiva e psicose.