antigo e o Medieval (continuação) ENTRE O MUNDO ANTIGO E O MEDIEVAL (CONTINUAÇÃO) A matriz pitagórica e platônica sobrevive no pensamento cristão dos primeiros séculos da nova era, e, aliás, é a corrente filosófica que melhor integra o pensamento cristão. Muitos escritores cristãos sublinham, nos seus escritos, a ideia de que o canto pode tornar-se um instrumento auxiliar de oração e de que a finalidade da música é tornar mais aceitável a oração graças à dose de diversão que o elemento musical pode lhe conferir. As verdades de fé serão assim mais agradáveis e de mais fácil aprendizagem. (FUBINI, Enrico - Estética da Musica - Segunda parte, Capítulo VI "Entre o mundo antigo e medieval" p. 87. Edições 70, 2015. SEVERINO BOÉCIO (480 - 524) - DE INSTITUTIONE MUSICA “Tres esse musicas; in quo “Portanto, parece que, por de vi musicae. II. Principio agora, deve-se dizer isto igitur de musica disserenti àquele que examina a illud interim dicendum música: quantos tipos de videtur, quot musicae genera ab eius studiosis música descritos pelos conprehensa esse estudiosos podemos noverimus. Sunt autem descobrir. São três: a tria. Et prima quidem primeira, a cósmica; a mundana est, secunda segunda, a humana; a vero humana, tertia, quae terceira, a produzida por in quibusdam constituta certos instrumentos, como est instrumentis, ut in a cítara, o aulos e outros cithara vel tibiis que acompanham as ceterisque, quae cantilenae famulantur.” canções.” (CASTANHEIRA, 2009) SANTO AGOSTINHO (354 - 430) - DE MUSICA -M. – Música é a ciência de modular bem. -D. – [...] modular deriva-se de “modus” (medida), posto que em toda obra bem feita deve-se guardar a medida [...]. -M. – [...] discutamos primeiro o que é modular, depois o que é modular bem, já que não é em vão que se acrescentou este matiz à definição. Por último, tampouco há que menosprezar que se empregue neste caso o termo ciência, pois que nestes três elementos, se não me engano, está configurada a definição. (Agostinho, 1988, p. 73-75)
A partir disso, Agostinho entendeu a música como uma ciência nobre,
fruto da razão, distante da pura imitação e da virtuosidade dos histriões. Realizou, dessa forma, uma clara distinção entre música autêntica e música vulgar. (AMATO, 2005)