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UM MODELO DE INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR: A

PSICOTERAPIA BREVE DE APOIO (RESUMO)


Teresa Cristina Monteiro de Holanda, 2007*
Introdução
O psicólogo, um dos últimos profissionais a adentrar no hospital geral, trouxe consigo “a
ausculta emocional” a ser adotada e compartilhada no âmbito hospitalar no intuito de transformar a
ação do cuidador, além da busca da reabilitação orgânica, em ação preventiva de seqüelas
decorrentes da doença e/ou hospitalização. O paciente, ao ser internado, despoja-se de seus
pertences e fica à mercê de intervenções invasivas por parte de vários profissionais da equipe de
saúde, além de ter sua rotina completamente modificada com novos horários e regras institucionais.
É justamente neste processo de crise acidental (a doença) e na sua condição de “ser paciente” que o
profissional da Psicologia intervém, objetivando fazer do paciente e de sua família elementos ativos
no processo de hospitalização.
Ao realizar sua intervenção psicológica, o psicólogo estará promovendo uma melhoria na
“qualidade de vida” deste paciente na medida em que fornece espaço para expressão de medos,
angústias, dúvidas, culpas e conseqüente elaboração desta sua nova condição do “estar doente”.
Tais atendimentos ocorrem quase sempre à beira do leito, exigindo do psicólogo maleabilidade e
inventividade por conta de interrupções e adiamentos.
Então, qual a técnica mais aconselhável para se intervir, de modo mais objetivo nos
problemas dos clientes? Os modelos e as técnicas apreendidas na formação, geralmente importadas
de outras realidades, têm sido pautados em valores sociais diferentes dos da clientela que chega ao
serviço público. A Psicoterapia Breve-focal torna-se uma técnica apropriada por ser mais precisa.
Também denominada Psicoterapia de emergência e técnica ativa, é destacada por vários
autores (SEVERO, 1993; LO BIANCO et al., 1994; PENNA, 1992, CAMPOS, 1995; GIANNOTI,
1996, CHIATTONE, 2000) e se trata de um procedimento psicoterapêutico de orientação
psicodinâmica, utilizando como tripé atividade-planejamento-foco. Tal metodologia se encontra em
alta aqui no Brasil, com diversas instituições, aprofundando sua aplicação e ministrando cursos de
especialização e capacitação.
A Psicoterapia Breve-focal (PB) vem se impondo enquanto processo psicoterápico e mais
importante, com a possibilidade de atendimento mais amplo da população, alcançando o sujeito
quando necessário e, a partir de uma postura proativa, visando promover um viver com qualidade
em curto prazo, elegendo um determinado problema mais premente e focando os esforços na sua
resolução.

* HOLANDA, TCM. Um modelo de intervenção em Psicologia Hospitalar: a psicoterapia breve de


apoio. In: LAGE, AMV & MONTEIRO, KCC. Psicologia Hospitalar: teoria e prática em
hospital universitário. Fortaleza, edições UFC, 2007.
Esta técnica tem alcances múltiplos, desde situações emergenciais, crises em instalação ou
instaladas, através de processos menos longos com intervenções focais, identificando-se mais de
perto com as necessidades e a realidade do sujeito da contemporaneidade, entretanto sem se propor
enquanto panacéia para solução de qualquer distúrbio.
Apresenta como característica básica a prevenção, visando à promoção da saúde, com
amplitude de ação ao possibilitar o atendimento de um número maior de sujeitos e das mais
variadas classes sociais, nos consultórios, em instituições diversas, nos hospitais, em delegacias, etc.
inclusive na residência de pacientes incapacitados de deslocamentos.
A Psicoterapia breve-focal objetiva, primordialmente, atender pessoas dentro do mais curto
espaço de tempo possível, visando restabelecer o equilíbrio homeostático, através da resolução do
conflito situacional (foco), sintomas e psicodinâmica, utiliza-se da técnica ativa (atenção seletiva,
interpretação seletiva e negligência seletiva) e da tríade: atividade, planejamento e foco
(LEMGRUBER, 1984).
A PB pauta a importância do que acontece no “aqui-e-agora”, elegendo e focalizando um
determinado ponto bloqueador da capacidade do indivíduo de continuar no desempenho de suas
funções existenciais. Segundo Nigro (2004), as técnicas de Psicoterapia Breve são as mais
adequadas para a intervenção psicológica, na medida que permitem focalizar o atendimento,
concentrando-o na situação que esse sujeito hospitalizado está vivendo.
A modalidade de psicoterapia breve usada no contexto hospitalar é a Psicoterapia Breve de
Apoio (PBA), que tem o intuito de transformar a ação do cuidador e também buscar a reabilitação
harmônica em ação preventiva a possíveis seqüelas da doença ou da hospitalização. Em PBA, há
uma supressão dos sintomas e se caracteriza pela utilização de medidas diretas para manter ou
estabelecer o funcionamento anterior do paciente. “A ênfase está em melhorar o comportamento e
os sentimentos, mais do que em obter modificação da personalidade ou resolução do conflito
inconsciente” (GOUVEIA, 2000, p.127).
A BASE DA PBA: TEORIA DA CRISE
Segundo Caplan (1980), crise é um estado de perturbação que ocorre quando o indivíduo é
exposto a um problema insuperável pelos seus modos habituais de solução de problemas. Moffat
(1981, p.13) faz um estudo sobre a crise e a define como uma “invasão de uma experiência de
paralisação da continuidade do processo da vida” apresentando sua classificação descritiva com
crises do tipo evolutivas e acidentais. As primeiras se referem às crises que fazem parte do
desenvolvimento e as segundas se referem às que aparecem de modo inesperado.
Simon (1989, p.105 a 119), traz uma proposta muito interessante a respeito desta teoria. Ele
define crise como um aumento ou redução significativa do universo pessoal, sendo este constituído
da própria pessoa e de todos os objetos que a cercam. Assim, classifica as crises por aquisição, no

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caso do aumento e perda, no caso da diminuição do universo pessoal. Quando ocorre uma
diminuição no universo pessoal, os sentimentos são de depressão e culpa. No caso de um aumento
no universo pessoal, os sentimentos são de insegurança, medo e inadequação.
Na crise por perda, os objetivos no apoio são ajudar a pessoa a aceitar a perda, lidar com os
sentimentos predominantes, evitar riscos e incentivar o reinteresse por seu universo pessoal, ou seja,
investir as energias novamente no campo experiencial. No caso das crises por ganho ou aquisição,
os objetivos são auxiliar a pessoa a aceitar os ganhos ou rever os projetos, já que estes podem ser
demasiado ambiciosos e para além da realização. Se ocorrer este último caso, deve-se ajudar, se
necessário, a pessoa a assumir a sua limitação. Pode-se ainda trabalhar com os sentimentos
predominantes e evitar riscos.
O autor supracitado afirma que, como o conceito de crise só tem seu valor dentro do
paradigma de que as experiências são pessoais e singulares, para uma pessoa, determinada situação
pode diminuir o seu universo pessoal e, para outras, aumentar. Apresenta também modelos de
prevenção nas crises prevenção passiva e ativa: na prevenção passiva, a crise já está instalada e
apenas é possível tentar “contorná-la”. Na prevenção ativa, a crise ainda vai se instalar e, por isso,
os profissionais de saúde têm condições de preparar a pessoa e o ambiente para que a crise não
ocorra ou que surja mais atenuada.
Na verdade, propõe que se atue para converter a crise por aquisição em progresso e evitar
que a crise por perda provoque regressão. Ele oferece um modelo para a equipe de saúde mais
ampla, que chamou de psicohigienistas, e que deve estar inserido nas instituições para que a equipe
possa atuar nos momentos mais importantes da crise, seja trabalhando de forma ativa ou passiva.
Isso representa uma democratização do serviço de prevenção à crise, tornando o serviço acessível
ao público em geral e, principalmente, instalado nos locais onde as crises ocorrem ou podem
ocorrer.
Pensamos que esta Teoria deva ser apreendida pelo psicólogo, que é o profissional mais
preparado para minimizar o sofrimento emocional vivenciado durante as crises citadas, objetivo
maior da Psicologia no contexto hospitalar.
A PBA, se utilizada em situação de emergência, proporciona ao indivíduo ajuda psicológica
com um fim específico: a intervenção em crise, principalmente quando o local de atendimento é o
Hospital Geral considerando que, neste, se observam crises depressivas reacionais, ansiedades pré e
pós-operatórias, reações emocionais frente à hospitalização, familiares ansiosos que acompanham
seus doentes, reações agudas de luto etc. Muitas dessas situações são acompanhadas por fortes
emoções, tais como medo, raiva, sentimentos de desvalia, medo de abandono e culpa por estar
doente. As intervenções psicológicas, nestas circunstâncias, são aliviadoras e preventivas, pois
podem impedir reações mais desadaptativas.

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Na PBA, o acompanhamento psicológico pode ser tanto individual quanto grupal, voltado
para a elaboração de questões emocionais associadas ao quadro orgânico, favorecendo a adaptação
às condições geradas pelas doenças físicas, afetivas, sociais ou ocupacionais.
Segundo Cordioli et al (1997), são objetivos da PBA: facilitar a expansão, integração e
aquisição das habilidades do paciente; fazê-lo compreender como os vários sintomas,
comportamentos e sentimentos podem ser manifestação de seus problemas e da pobreza de
mecanismos adaptativos; ajudá-lo a ganhar controle de estratégias para lidar com suas dificuldades
e corrigir distorções cognitivas do self e dos outros. No caso do hospital, fornece suporte emocional
ao doente para recuperação mais rápida e prevenção de prejuízos associados à crise prolongada;
restaura sua capacidade de autocuidado e de adesão ao esquema terapêutico, através do
fortalecimento da auto-estima; possibilita eliminação de hábitos patológicos, através do aumento do
autocontrole; promove a busca de soluções criativas no processo de adaptação e favorece a
comunicação equipe-paciente-família.
Como estratégias, podemos adotar o reforço dos mecanismos adaptativos positivos,
afastamentos das pressões ambientais demasiadamente intensas, adoção de medidas que visem ao
alívio dos sintomas, aquisição da maturidade emocional, como a promoção da autonomia, a
consolidação de uma identidade própria mediante o estabelecimento de uma auto-imagem estável e
integrada do self e melhora da capacidade de julgamento da realidade e, por último, a promoção do
crescimento emocional, estimulando ativamente a passagem pelas etapas evolutivas (CORDIOLI et
al, 1997).
Os procedimentos gerais para o psicólogo dentro da unidade hospitalar são: a coleta de
dados clínicos, em que ele vai buscar no prontuário os dados necessários para o seu entendimento; o
preenchimento de um roteiro adaptado a cada realidade hospitalar, com dados colhidos junto ao
paciente e/ou família e/ou equipe médica; a montagem do procedimento para a realização do
atendimento, que vai incluir a situação problema, os pontos de urgência e o foco; a execução do
procedimento, a avaliação do procedimento para replanejá-lo, caso haja necessidade, e o
seguimento ou follow-up do caso, se precisar ser encaminhado para acompanhamento ambulatorial.
Passos para a PBA:
Primeiro passo: para que obtenhamos sucesso na prática da PBA, é condição necessária à aliança
terapêutica que deve ser positiva, empática, sem ambigüidade, esclarecedora, onde terapeuta e
paciente desempenham papéis ativos. Trata-se de um bom rapport, acolhimento, contato, e não
esquecer de dizer quem somos e porque estamos lá. Vale ressaltar que o setting hospitalar é
diferente, exigindo que o profissional do hospital tenha uma postura mais flexível e criativa para
contornar as dificuldades emergentes e que duração e freqüência dos atendimentos depende da
situação existente.

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Segundo passo: planejamento: antes de fazê-lo, devemos considerar algumas questões:
 Do paciente: idade, situação psicoafetiva, capacidade de adaptação e de processar informações,
pensamento pré-mórbido;
 Da doença: natureza da doença (aguda, crônica, acidental), transitoriedade da doença, limite
corporal X esquema corporal, questão somato-psico-somato, fases da doença (negação, revolta,
barganha, depressão, aceitação);
 Da família: estrutura familiar, dinâmica familiar, representatividade do paciente, antecedentes
familiares traumáticos, tendência biófila X necrófila e capacidade de processar informações;
 Da indicação: individual, grupal, atendimento indireto, familiar ou combinação de recursos.

Assim, com estes dados em mão, podemos realizar uma avaliação psicodinâmica, que vai
envolver a situação do paciente na crise, o diagnóstico clínico e psicodinâmico, o histórico das
adaptações do paciente, a avaliação egóica, o diagnóstico das condições de vida, o diagnóstico
operativo das entrevistas e as conclusões prognosticas: “o papel primordial do psicólogo é distinguir
quadros psicopatológicos daqueles que não são. Uma reação ‘patológica’ é caracterizada por um
distúrbio de comportamento estruturado em uma personalidade predisposta a reações neuróticas
(ou psicóticas) mais ou menos fixas” (ROMANO,2001, p.35)

Feito isto, podemos fazer o planejamento, escolhendo a situação-problema, os pontos de


urgência (sintomas, problemas, dificuldades imediatas manifestas ou não) e o foco. Dentro da
realidade hospitalar, temos um grande foco, sempre único, que é a doença, mas este foco se
manifesta concentrado em um desses outros: doença em si, hospitalização e alta ou óbito.

Exemplos de focos e pontos de urgência:

1) Doença em si (desconhecimento da doença, culpa em relação à doença, estigma da doença, falta


ou dificuldade na comunicação diagnóstica, intercorrências da doença, ameaça à integridade física,
medo dos procedimentos invasivos, medo da falta de controle sobre o corpo e o ambiente, medo
relacionado com a própria finitude, efeitos colaterais do tratamento, recidiva da doença etc.).

2) Hospitalização (ansiedade relacionada com a interrupção de planos, medo do desconhecido ,


adaptação ao ambiente físico, ansiedade relacionada à separação, medo das perdas afetivas,
dificuldade na relação com a equipe ou algum membro desta, reação às normas da instituição,
reações à duração da internação etc.).

3) Alta ou Óbito (preparação para alta, desvínculo da instituição, promoção de autonomia,


reabilitação e re-socialização ou terminalidade, reações dos familiares ao óbito, luto etc.).

O planejamento também deve conter as estratégias para alcançar estes fins, exemplo:
fortalecimento da aliança terapêutica, fortalecimento da auto-estima, ampliação de conhecimentos,

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restauração dos mecanismos adaptativos positivos, reforçamento egóico, restauração da auto-
imagem, promoção de autoconhecimento, promoção de juízo da realidade e desvio de pressões
ambientais intensas.

Terceiro passo: execução da PBA: não devemos esquecer da prevenção ativa e passiva proposta
por Simon (1989), e que nossas intervenções podem se realizar no nível verbal, não-verbal ou
corporais e também paraverbais (tom de voz, intensidade e ritmo da fala).

As intervenções dos terapeutas são instrumentos essenciais para a realização desse processo.
Segundo Fiorini (1999, p.153 a 172), podemos citar como intervenções verbais:

Interrogação: solicitação de esclarecimentos sobre fatos para a obtenção de dados necessários ao


foco do trabalho. Exploração, em detalhes, das respostas, dados precisos, ampliações e aclarações
do relato. É um dos recursos essencial e usado em qualquer sessão, sendo que, nas primeiras, é mais
utilizado. Exemplo: “como você está se sentindo agora?”
Propiciamento de informações: explicações sobre um assunto de interesse do paciente. Usa-se
em qualquer momento do processo em que o terapeuta sinta que o seu paciente precisa ser
informado, alertado sobre alguma questão e tem função pedagógica. Exemplo: “vou lhe esclarecer
algo a respeito do diabetes; trata-se de ...”
Retificação : significa “tornar reto” o pensamento e contribui para consolidar no paciente uma
confiança em seus próprios recursos egóicos. Sempre que retificamos, temos algo objetivo em cima
de materiais manifestos, palpáveis em relação a conteúdos cognitivos, A retificação permite
ressaltar as partes obscuras do discurso, as limitações do campo da consciência e o papel das
defesas desse estreitamento. Quem está em crise tem a tendência de distorcer situações. O terapeuta
tem que ter “tato” para retificar sem que a pessoa se sinta criticada. Exemplo: “não é bem assim,
veja...”
Confirmação: a confirmação pelo terapeuta de uma determinada maneira de compreender-se
contribui para consolidar nele uma confiança em seus próprios recursos egóicos. Confirmar é mais
fácil que retificar. Exemplo: “sim, certamente...”; “Estou de acordo com o senhor”.
OBSERVAÇÃO: A capacidade de o terapeuta atuar flexivelmente com retificações e confirmações
dos enunciados do paciente é fundamental para criar um clima de equanimidade, próprio de uma
relação “madura”.
Clarificação: reformulação de conteúdos do paciente, destacando reações e sentimentos (recorte
de elementos significativos). Visam a conseguir desembaraçar o relato emaranhado do paciente, a
fim de recortar os elementos significativos do mesmo. “Ensinam” um modo de perceber a própria
experiência: o paciente aprende com elas a observar seletivamente, a percorrer a massa dos
acontecimentos e de suas vivências e a fixar pontos marcantes, incorporando, assim, um método

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que faz chegar a autocompreensão pela discriminação. Clarificar é fazer com que o paciente entre
em contato com os seus sentimentos, a partir do que ele falou. É dizer o mesmo que ele disse,
acrescentando um outro elemento. A clarificação é uma afirmação: Exemplo: “você falou que é
importante continuar com seu tratamento por causa dos seus filhos. Parece que você não aprecia
esta escolha, mas se sente embaraçado com isto...”.
OBSERVAÇÃO: O terapeuta clarifica os sentimentos. Os conceitos, as idéias, ele as retifica ou
confirma. O paciente em crise está sempre comprometido, porque a crise abala o “emocional” do
paciente Daí, clarificar em Apoio nem sempre é possível. Muitas vezes, o paciente está tão
desorganizado psiquicamente que tal intervenção não pode ser usada.
Assinalamento de relações: entre dados, seqüências, constelações significativas, capacidades
manifestas/latentes. Estas intervenções, de uso constante nas psicoterapias, atuam estimulando no
paciente o desenvolvimento de uma nova maneira de perceber a própria existência.Quando o
terapeuta assinala relações, ele coloca dois pólos e pede que o paciente faça relações. Existem dois
elementos para o terapeuta assinalar relações.Quando o terapeuta assinala relações, ele está
preparando o paciente para clarificação. Exemplo: uma pessoa diz a frase X e a frase Y. O terapeuta
diz: “Você ouviu o que disse?” Acaba comparando as frases.
Sugestão/Indicação: de atitudes determinadas mudanças a título de experiência. Envolve graus de
diretividade: não se deve indicar aleatoriamente. Visa reforçar aspectos sadios da personalidade e
reduzir sintomas provocadores de ansiedade/crise. O terapeuta propõe ao paciente condutas
alternativas, orienta-o a ensaiar experiências originais. A sugestão é algo em aberto, é sutil.
Exemplo1: “talvez fosse bom...” A indicação é uma intervenção mais diretiva, mais fechada.
Exemplo 2: “se surgir uma oportunidade de o senhor falar a sós com seu médico, tente fazê-lo;
ainda que não consiga dizer tudo o que gostaria de colocar diante dele, veja até onde consegue
chegar”. No Apoio, esse tipo de intervenção é muito freqüente.
Recapitulação: é fazer um resumo da sessão: o terapeuta recapitula, ao final de cada sessão, os
pontos daquela sessão. Segundo Fiorini (1999), após terminar a sessão, o paciente fica com esta
recapitulada em pontos e esses pontos ficam no inconsciente. Quando o terapeuta recapitula, ele não
o faz só para o cliente. É para ele também. O paciente fica, pois, com o estímulo de continuar e o
terapeuta “amarra” para ele os principais pontos da sessão. Também significar resumir os pontos
essenciais surgidos no atendimento e/ou no conjunto do processo, ressaltando pontos importantes,
destacando-os. Exemplo: “ontem discutimos sobre isto e aquilo, você pensou sobre?”
Validação de emoções: reconhecer e aceitar como válidas as emoções penosas que o paciente
sente, mas tenta reprimir. Exemplo: dizer para o paciente traqueostomizado que compreende que a
situação a qual atravessa provoca angústia ou medo em qualquer pessoa.

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Reasseguramento: o terapeuta assegura novamente o paciente sobre algo que ele já sentiu, já
trabalhou, já assegurou antes. É uma atitude de conforto. Exemplo: um paciente vai para a sala de
cirurgia e pede que o terapeuta fique ao seu lado durante toda a cirurgia. No momento em que vai
entrando na sala, pergunta ao psicólogo se este realmente vai ficar ao seu lado. Este reassegura,
então, que permanecerá na sala de cirurgia enquanto o paciente estiver sendo operado.
Encorajamento: dar apoio a comportamentos positivos “antes demonstrados” com o objetivo de
aumentar a auto-estima do paciente.O terapeuta mostra aprovação ou concordância a respeito de
atitudes ou idéias do paciente, estimulando-o, dessa forma, a ter atitudes difíceis e demonstrando,
com isso, acreditar em suas possibilidades. Exemplo: “é isso mesmo, continue pedindo informação
sobre seu tratamento!”.
Promoção da livre expressão verbal: permitir a descarga de emoções ou sentimentos reprimidos,
revivendo de forma emocionalmente, carregada, conflitos ou situações traumáticas (também
chamada de catarse ou ventilação). Exemplo: “fale-me o que está sentindo a respeito de todos estes
acontecimentos; estou aqui para ouvi-la...”.
Confrontação: chamar atenção para padrões de comportamento do paciente que ele evita com o
objetivo de aumentar as habilidades adaptativas. Devemos fazer confrontações cuidadosas para
incentivar as capacidades do paciente. Exemplo: examinar as congruências e incongruências entre o
que pensa o paciente e como se sente e age em diferentes situações.
Solicitação de recurso medicamentoso: muitas vezes, é necessário aliviar, farmacologicamente,
sintomas incapacitantes para um trabalho psicoterápico de apoio. Exemplo: solicitar ansiolítico ao
médico a fim de que o paciente fique mais aliviado de sua angústia.
Solicitação de interconsulta:  muitas vezes, é necessária a visão de um outro profissional para a
compreensão do caso. Exemplo: solicitar interconsulta do psiquiatra para constatar se os delírios do
paciente são decorrentes ou não da medicação administrada pela equipe médica.
Intervenção ambiental: neste, o terapeuta promove o investimento; na indicação, o terapeuta
espera que a pessoa efetue aquilo que ele indicou. Intervenção física, exemplo: mudança de leito,
conseguir uma rede para um acompanhante que não consegue dormir em cama. Intervenção
dinâmica, exemplo: mudança de data como no filme “Laços de Carinho”, com a qual a equipe
cuidadora antecipou a data do Natal para que a paciente pudesse comemorar o último Natal de sua
vida, pois adorava a festa natalina.
OBSERVAÇÃO: todas estas intervenções apresentadas são realizadas em maior ou menos escala e
sempre devem ser consideradas pelo profissional da Psicologia.
Quarto passo: refere-se ao registro em prontuário que, aqui, não será objeto de nossa discussão
Quinto passo: é importante também que verifiquemos os resultados da nossa atuação em PBA.
Houve compreensão da doença? alívio dos sintomas? aderência ao tratamento? diminuição da

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ansiedade referente à doença ? diminuição do stress frente às intervenções? aumento da auto-
estima? aceitação das separações / perdas? aceitação da possível finitude? aceitação das limitações
decorrentes da doença ? reestruturação no modo de viver? elaboração de projetos para o futuro ?
Chamamos isso de resolutividade, pois, em PBA, os critérios de alta são: desaparecimento ou
melhora dos sintomas, retomada da capacidade do paciente em manejar seus problemas, ou seja, a
resolução da crise.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A prática da Psicologia hospitalar associada à técnica da PBA tem se revelado um fazer
pragmático, instigante e coerente, independente da abordagem a ser escolhida. Talvez seja por isto que
sua prática se torna apaixonante, nos preencha de entusiasmo e vontade de dividi-la com todos para
multiplicá-la ainda mais e, assim, atingir a todos (pacientes, familiares e equipe) que dela necessitam.

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