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Capítulo 2

Grupos topológicos

Diversas propriedades dos grupos de Lie dependem apenas de sua topologia


e não da estrutura de variedade diferenciável. Nesse capítulo serão estudadas
algumas dessas propriedades, que valem para grupos topológicos mais gerais.
O objetivo aqui não é fazer um desenvolvimento exaustivo da teoria dos
grupos topológicos, mas apenas estabelecer uma linguagem e demonstrar
alguns resultados úteis para os grupos de Lie.
O elemento neutro de um grupo G será denotado por 1. Para um subcon-
junto A  X de um espaço topológico se denota por A , A e @A o interior,
fecho e fronteira de A, respectivamente.

2.1 Introdução
Um grupo topológico é um grupo cujo conjunto subjacente está munido de
uma topologia compatível com o produto no grupo, no sentido em que

1. o produto p : G  G ! G, p (g; h) = gh, é uma aplicação contínua,


quando se considera G  G com a topologia produto e

2. a aplicação  : G ! G,  (g) = g 1 , é contínua (e, portanto, um home-


omor…smo, já que  1 = ).

Essas duas propriedades podem ser condensadas tomando a aplicação


q : G  G ! G, de…nida por q (g; h) ! gh 1 . De fato, q é contínua se p e
 são contínuas e, reciprocamente, se q é contínua então g ! (1; g) ! g 1 é
contínua e, portanto, p (g; h) = q (g; h 1 ) é contínua.

17
18 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

Cada elemento g de um grupo G de…ne, naturalmente, as seguintes apli-


cações:

 translação à esquerda Eg : G ! G, Eg (h) = gh,

 translação à direita Dg : G ! G, Dg (h) = hg e

 conjugação (ou automor…smo interno) Cg : G ! G, Cg (h) = ghg 1 .

Segue das de…nições que Eg  Eg1 = Dg  Dg1 = id. Além do mais,


Cg = Eg  Dg1 portanto todas essas aplicações são bijeções de G. No caso
de grupos topológicos essas aplicações são contínuas pois Eg = p  sg;1 e
Dg = p  sg;2 onde sg;1 (h) = (g; h) e sg;2 (h) = (h; g) são aplicações contínuas
G ! G  G. A continuidade das translações e as fórmulas (Eg ) 1 = Eg1 ,
(Dg ) 1 = Dg1 e (Cg ) 1 = Cg1 , mostram que essas aplicações são, na ver-
dade, homeomor…smos de G. As fórmulas a seguir relacionam as translações
com a inversa .

 Dg  Eh = Eh  Dg .

 Eg   =   Dg1 .

 Dg   =   Eg1 .

Deve-se observar que a continuidade das translações e das conjugações


dependem de uma propriedade mais fraca que a continuidade de p, já que,
por exemplo Eg é contínua se, e só se, a “aplicação parcial” h 7! gh é
contínua. Em geral aplicações de…nidas em espaços produtos podem ser
contínuas em cada variável sem que seja contínua. Esse fenômeno leva à
de…nição de grupo semi-topológico, que é um grupo em que o produto é
parcialmente contínuo, isto é, todas as translações são contínuas. Exemplos
de grupos semi-topológicos e não topológicos serão apresentados abaixo.

Exemplos:
1. Subgrupos de Gl (n; R): Gl (n; C), O (n) Sl (n; R), Sl (n; C), Gl (n; H).

2. (Rn ; +).

3. Qualquer grupo em que o conjunto subjacente é munido da topologia


discreta (em que todos os conjuntos são abertos).
2.1. INTRODUÇÃO 19

4. Num corpo ordenado (K; +; ; ) pode-se de…nir a topologia da ordem,


que é gerada pelos intervalos abertos. Em relação a essa topologia a
operação + de…ne um grupo topológico, enquanto que o produto de…ne
um grupo topológico em K = K n f0g.
5. O círculo S1 tem uma estrutura de grupo natural que é dada pelo
produto de números complexos de módulo 1: S1 = fz 2 C : jzj =
1g. Com a topologia canônica S1 é um grupo topológico. De forma
alternativa, o produto em S1 é dado pelo quociente S1 = R=Z, em que
o produto é dado pela soma módulo 1 de números reais.
6. Exemplos mais gerais que o anterior são dados pelos cilindros Tk Rm =
Rm+k =Zk = Rk =Zk  Rm , com topologias canônicas. (Veja abaixo
produtos e quocientes de grupos topológicos.)
7. Seja (C n f0g; ) munido da topologia gerada pela base de abertos, que
é formada pelos intervalos abertos das retas verticais ra = fa + ix 2
C : x 2 Rg. Esse grupo não é topológico em relação a essa topologia.
De fato, a translação à esquerda Eei é uma rotação de ângulo  2 R.
A imagem do aberto ra = fa + ix 2 C : x 2 Rg não é aberto se, por
exemplo,  = =2.
8. Sejam G um grupo topológico e X um espaço topológico. Denote por
A (X; G) o conjunto das aplicações contínuas f : X ! G. Este con-
junto tem uma estrutura de grupo com o produto (f g) (x) = f (x) g (x).
Introduza em A (X; G) a topologia compacto-aberto, que tem como
base de abertos os conjuntos do tipo
AK;U = ff 2 A (X; G) : f (K)  U g
onde K  X é compacto e U  G é aberto. Com essas estruturas
A (X; G) é um grupo topológico. De fato, o produto em A (X; G) 
A (X; G) é homeomorfo a A (X; G  G) por (f; g) 7! h onde h (x) =
(f (x) ; g (x)), com a topologia compacto-aberta em A (X; G  G). Seja
qA (f; g) = f g 1 . Através da identi…cação entre esses espaços, qA1 (AK;U )
é o conjunto das funções h : X ! G  G tais que h (K)  q 1 (U ). Isto
é,
qA1 (AK;U ) = AK;q1 (U )
onde a vizinhança do segundo membro é vista em A (X; G  G). Por-
tanto, o grupo é topológico.
20 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

9. Como caso particular do exemplo anterior, seja fGi gi2I uma família Q de
grupos indexada pelo conjunto I. O produto cartesiano G = i2I Gi
é o conjunto formado pelas aplicações f : I ! i2I Gi tais que f (i) 2
S
Gi para todo i 2 I. O produto cartesiano admite uma estrutura de
grupo em que o produto é dado componente a componente: (f g) (i) =
f (i) gQ(i). A topologia produto em i2I Gi é gerada por abertos do
Q
tipo i2I Ai com Ai  Gi abertos, i 2 I e Ai = Gi a menos de um
número …nito de índices (topologia compacto-aberta em que I tem a
topologia discreta). Como o produto é feito componente a componente
e cada Gi é um grupo topológico, G é grupo topológico com a topologia
produto.
Em particular, se I é um conjunto …nito, i2I Gi = G1      Gn , seus
Q
elementos são n-uplas g = (g1 ; : : : ; gn ), gi 2 Gi , a multiplicação é dada
por
gh = (g1 h1 ; : : : ; gn hn )
com a topologia produto, gerada por subconjuntos do tipo A1   An
com Ai  Gi aberto.
10. Este exemplo ilustra um grupo com uma topologia em que o produto
é uma aplicação contínua, mas  (g) = g 1 não é contínua. Considere o
grupo aditivo (R; +) com R munido da topologia (topologia de Sorgen-
frey) gerada pela base dada pelos intervalos [a; b), a < b. O produto é
uma aplicação contínua pois se x + y 2 [a; b) então para algum " > 0,
x + y + " < b, o que garante que [a; b) contém [x; x + "=2) + [y; y + "=2)
(= fz + w : z 2 [x; x + "=2) e w 2 [x; x + "=2)g). Isso signi…ca que o
aberto [x; x + "=2)  [y; y + "=2) está contido em p 1 [a; b), mostrando
que p é contínua. Por outro lado,  (x) = x não é contínua pois, por
exemplo, ( 2; 1] =  1 [1; 2) não é aberto.
11. Este exemplo ilustra o caso de um grupo G em que a inversa  (g) = g 1
é contínua e p é parcialmente contínua (isto é, G é semi-topológico), mas
não contínua. Tome o grupo aditivo (R2 ; +) com R2 munido da topolo-
gia gerada pelas bolas siamesas, que são de…nidas da seguinte forma:
tome duas bolas de mesmo raio com centros numa mesma reta vertical
e que se tangenciam. A bola siamesa correspondente é a união do in-
terior das bolas juntamente com o ponto de tangência. O conjunto das
bolas siamesas forma uma base para topologia. Munido dessa topologia
a inversa em R2 é contínua (por simetria em relação à origem), assim
2.1. INTRODUÇÃO 21

como as translações. No entanto, o produto p = + não é contínuo. De


fato, (1; 0) + ( 1; 0) = (0; 0). Tome uma bola siamesa B com tangên-
cia em (0; 0) e sejam B1 e B2 bolas siamesas com pontos de tangência
em (1; 0) e ( 1; 0), respectivamente. Então, B1 + B2 não está con-
tida B, como pode ser veri…cado geometricamente. Isso signi…ca que
B1  B2 não está contido em p 1 (B). Como B, B1 e B2 são elementos
arbitrários da base para a topologia, segue que p não é contínua em
((1; 0) ; ( 1; 0)).

Se A é um subconjunto de G e g 2 G a translação Eg (A) é denotada


simplesmente por gA = fgx : x 2 Ag. O fato de que as translações são
homeomor…smos implica que gA é aberto ou fechado se A é aberto ou fechado,
respectivamente. A mesma observação vale para as translações à direita Ag.
De forma mais geral, seja B  G e escreva

A  B = AB = fxy 2 G : x 2 A; y 2 Bg:

Por de…nição AB = x2B Ax = x2A xB. Dessa forma, se A (ou B) é aberto,


S S
então AB é aberto por ser união de abertos. Deve-se observar, no entanto,
que AB pode não ser fechado, mesmo que ambos os conjuntos sejam  fechados

1
(por exemplo, em (R ; +) tome os ramos de hipérboles: A = f x;
2
:x>
  x
1
0g, B = f x; : x > 0g. A soma A + B está contida no semi-plano
x
y > 0 e, no entanto, (0; 0) está no fecho de A + B).
Juntamente com a notação AB, surgem naturalmente as notações A2 =
A  A, A3 = A2  A = A  A2 , etc.
Para A  G é usada a notação A 1 = fx 1 2 G : x 2 Ag. Como
 (g) = g 1 é um homeomor…smo, A 1 =  (A) é aberto ou fechado se, e só
se, A é aberto ou fechado, respectivamente.
Uma vizinhança U da identidade é dita simétrica se U = U 1 . Não é
difícil construir vizinhanças simétricas. De fato, se V é uma vizinhança qual-
quer de 1 então V 1 também é uma vizinhança e V \ V 1 é uma vizinhança
simétrica.
22 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

2.2 Vizinhanças do elemento neutro


Seja U  G um aberto não vazio e tome g 2 U . Então, g 1 U e U g 1
são vizinhanças do elemento neutro de G. Reciprocamente, se V é uma
vizinhança de 1 então, dado g 2 G, gV e V g são vizinhanças de g. Essas
observações têm como consequência que toda informação sobre a topologia de
G está concentrada no conjunto das vizinhanças abertas do elemento neutro.
O conjunto dessas vizinhanças é denotado por V (1) ou simplesmente V.
A proposição a seguir lista algumas propriedades de V, que serão usadas
posteriormente para descrever a topologia de G.

Proposição 2.1 Seja G um grupo topológico e denote por V o conjunto das


vizinhanças abertas do elemento neutro 1. Então, valem as seguintes pro-
priedades:

T1) O elemento neutro 1 pertence a todos os subconjuntos U 2 V.

T2) Dados dois conjuntos U; V em V, U \ V está em V.

GT1) Para todo U 2 V, existe V 2 V tal que V 2  U


1
GT2) Dado U 2 V, U 2 V.
1
GT3) Para todo g 2 G e U 2 V, gU g 2 V.

Demonstração: As propriedades (T1) e (T2) valem para as vizinhanças


de um ponto num espaço topológico qualquer. A propriedade (GT1) é
equivalente ao produto ser contínuo em 1. De fato, p 1 (U )  G  G
é um aberto contendo (1; 1). Portanto existe um aberto V de G, com
(1; 1) 2 V  V  p 1 (U ). Isso signi…ca que V 2 = p (V  V )  U . Já a
propriedade (GT2) foi comentada acima e é equivalente à continuidade em
1 da aplicação . Por …m (GT3) segue de que g1g 1 = 1 e Cg (x) = gxg 1 é
contínua. 2

As propriedades enunciadas nesta proposição caracterizam completamente


o conjunto das vizinhanças da identidade.

De…nição 2.2 Um sistema de vizinhanças da identidade (ou elemento neu-


tro) em um grupo G é uma família de conjuntos V satisfazendo as pro-
priedades da proposição anterior.
2.2. VIZINHANÇAS DO ELEMENTO NEUTRO 23

Será mostrado abaixo que um sistema de vizinhanças da identidade de…ne


de forma única a topologia de um grupo topológico. Para isso será necessário
um lema que garante a continuidade de aplicações a partir da continuidade
em um único ponto. Resultados análogos a esse lema são utilizados constan-
temente na teoria.
Uma topologia T num grupo G é dita invariante à esquerda se gA é aberto
de T para todo g 2 G e A 2 T . Uma topologia é invariante à esquerda se, e
só se, as translações à esquerda são contínuas (e, portanto, homeomor…smos).
Da mesma forma se de…nem as topologias invariantes à direita.
Se T é uma topologia invariante à esquerda em G então a topologia
produto em G  G é invariante à esquerda pois (g; h) (A  B) = (gA)  (hB)
se A; B  G e (g; h) 2 G  G. Da mesma forma, a topologia produto é
invariante à direita em G  G se for invariante à direita em G.

Lema 2.3 Seja G é munido de uma topologia T invariante à esquerda e à


direita. Então, G é um grupo topológico se, e somente se,

1. p é contínua em (1; 1) e

2.  : G ! G,  (g) = g 1 , é contínua em 1.

Demonstração: É claro que as condições são necessárias. A demonstração


da su…ciência requer as seguintes igualdades, cujas demonstrações são ime-
diatas.

1. Dado (g; h) 2 G  G sejam E(g;h) e D(g;h) a translação à esquerda


e à direita em G  G, respectivamente. Então p  E(g;1) = Eg  p e
p  D(1;g) = Dg  p.

2. Dado g 2 G,   Eg = Dg1  .

Agora, tome (g; h) 2 G  G. Então p  E(g;1)  D(1;h) = Eg  Dh  p. O


segundo membro dessa igualdade é uma aplicação contínua em (1; 1) pois
Eg  Dh é homeomor…smo. Portanto, p  E(g;1)  D(1;h) é contínua em (1; 1).
Mas E(g;1)  D(1;h) é um homeomor…smo, daí que p é contínua em (g; h) =
E(g;1)  D(1;h) (1; 1).
Por outro lado, Dg1   é contínua em 1, portanto,   Eg é contínua em
1 e daí que  é contínua em g = Eg (1). 2
24 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

Para caracterizar a topologia de G a partir dos sistemas de vizinhanças


da identidade deve-se lembrar que um sistema fundamental de vizinhanças
de um ponto x num espaço topológico X é uma família F de abertos de X
tal que cada elemento de F contém x e se A  X é um aberto com x 2 A
então existe B 2 F tal que B  A.

Proposição 2.4 Seja G um grupo e suponha que V é um sistema de vizin-


hanças da identidade em G. Então, existe uma única topologia T que torna
G um grupo topológico de tal forma que V é um sistema fundamental de
vizinhanças do elemento neutro em relação a T .

Demonstração: De…na T como sendo a família dos subconjuntos A  G


tais que para todo g 2 A, existe U 2 V tal que gU  A. É claro que os
conjuntos ; e G são elementos de T . Para ver que T é uma topologia tome
A; B 2 T e x 2 A \ B. Então, existem U; V 2 V tais que xU  A e xV  B.
Pela propriedade (T2), U \ V 2 V. Mas,

x (U \ V ) = xU \ xV  A \ B;

mostrando que A \ B 2 T . A de…nição de T mostra que uma união qualquer


de conjuntos em T é um elemento de T .
Agora as vizinhanças abertas de 1 em relação a T são os elementos de
V. De fato, a própria de…nição de T mostra que os elementos de V são
vizinhanças de 1. Por outro lado, seja U uma vizinhança de 1 em relação
a T . Então, existe V 2 V tal que 1  V  U . Portanto, V é um sistema
fundamental de vizinhanças de 1 em relação a T .
A de…nição de T e a propriedade (GT3) garantem que T é invariante
à direita e à esquerda. De fato, uma translação à esquerda gU , u 2 V, é
também uma translação à direita da forma gU = (gU g 1 ) g. Por (GT3) se
U 2 V então gU g 1 2 V. Portanto, pelo lema anterior para garantir que
G munido de T é grupo topológico, basta veri…car que p e  são contínuas
em (1; 1) e 1, respectivamente. Mas essas continuidades são equivalentes às
propriedades (GT1) e (GT2), respectivamente, concluindo a demonstração
de que G é grupo topológico com a topologia T .
Por …m, suponha que T 0 é outra topologia satisfazendo as mesmas con-
dições. Então, V é um sistema fundamental de vizinhanças de 1 em relação
a T 0 . Realizando translações à esquerda, vê-se que gV , com V variando em
V é um sistema fundamental de vizinhanças de g 2 G. Portanto, para todo
A 2 T 0 e g 2 A, existe V 2 V tal que gV  A. Daí que todo aberto de
2.2. VIZINHANÇAS DO ELEMENTO NEUTRO 25

T 0 é aberto de T , isto é, T 0  T . Alterando o papéis de T e T 0 , segue que


T = T 0 , concluindo a demonstração. 2

Exemplo: Uma situação ilustrativa da construção feita acima é quando os


elementos de V são subgrupos de G. Nesse caso, as condições para V se re-
duzem a (T2) e (GT3) pois se V é um subgrupo então 1 2 V e V 2 = V 1 = V .
Um exemplo de um sistema V desse tipo é construido no grupo Z. Dado um
número primo p > 0 seja Vp a família de subgrupos Vn = pn Z, n  1. Como
Z é abeliano, a condição (GT3) é automaticamente satisfeita. Já a condição
(T2) vale pois pn Z \ pm Z = pmaxfn;mg Z. Portanto, V de…ne uma topologia
em Z tornando-o um grupo topológico. Essa é a chamada topologia p-ádica
em Z. 2

A descrição feita da topologia em termos das vizinhanças da identidade


estabelece o princípio de que toda descrição topológica em G de ver feita
através dessas vizinhanças. A proposição abaixo segue esse principio ao dar
um critério para que a topologia seja de Hausdor¤ em termos das vizinhanças
da identidade.

Proposição 2.5 Seja G um grupo topológico. Então, as seguintes condições


são equivalentes:

1. A topologia de G é Hausdor¤.

2. f1g é um conjunto fechado.


T
3. U 2V(1) U = f1g.

Demonstração: Numa topologia Hausdor¤ todo conjunto unitário é fe-


chado, em particular f1g é fechado. Suponha que f1g seja fechado. Para
mostrar que a interseção das vizinhanças se reduz ao elemento neutro deve-
se mostrar que para todo x 6= 1, existe U 2 V tal que x 2 = U . Como f1g é
fechado, existe tal V 2 V tal que 1 2
= x V , isto é, x 2
1
= V . Por …m, assuma
que a interseção se reduz a f1g e tome x 6= 1. Então existe U 2 V tal que
x2 = U . Por (GT1) existe V 2 V tal que V 2  U . Então, V \ xV 1 = ;,
pois z 2 V \ xV 1 deve satisfazer z = u = xv 1 , u; v 2 V , e daí que
x = uv 2 V 2  U , contradizendo a escolha de U . Consequentemente, os
abertos V e xV 1 separam 1 de x. Tome agora y 6= z arbitrários. Então,
26 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

existem abertos U1 e U2 com y 1 z 2 U1 e 1 2 U2 e U1 \ U2 = ;. Portanto, os


abertos yU1 e yU2 separam z de y. 2

Seguindo ainda o princípio de que a topologia de G é descrita pelas viz-


inhanças da identidade e as translações, a proposição a seguir diz respeito à
continuidade de homomor…smos.

Proposição 2.6 Sejam G1 e G2 grupos topológicos e  : G1 ! G2 um homo-


mor…smo. Então,  é contínuo se, e somente se,  for contínuo no elemento
neutro 1 2 G1 .

Demonstração: Basta mostrar que a continuidade em 1 acarreta a con-


tinuidade em todos os pontos. Como  é homomor…smo,   Eg = E(g)  
para todo g 2 G. O segundo membro é contínuo em 1. Portanto,   Eg
é contínuo em 1 e como Eg é homeomor…smo, segue que  é contínuo em
g = Eg (1). 2

2.3 Grupos Metrizáveis


Uma distância d : G  G ! R+ num grupo G é dita invariante à esquerda se
d (gx; gy) = d (x; y) para todo g; x; y 2 G. Em outras palavras, d é invariante
à esquerda caso as translações à esquerda Eg são isometrias. As distâncias
invariantes à direita são de…nidas de maneira análoga. Uma distância é bi-
invariante se ela é ao mesmo tempo invariante à esquerda e à direita.
Uma condição necessária para que um espaço topológico seja metrizável é
que todo ponto admita um sistema fundamental de vizinhanças enumerável.
No caso de grupos topológicos essa condição também é su…ciente e, como
antes, basta veri…cá-la no elemento neutro.

Teorema 2.7 Seja G um grupo topológico e suponha que exista um sistema


de vizinhanças da identidade que seja enumerável. Então, existem dE e dD
distâncias invariantes à direita e à esquerda, respectivamente, que são com-
patíveis com a topologia de G.

Este teorema não será demonstrado aqui. No caso em que G é um grupo


de Lie a condição de enumerabilidade é satisfeita pois localmente G é home-
omorfo a Rn . Portanto, grupos de Lie são metrizáveis. No entanto, para
2.4. SUBGRUPOS 27

grupos de Lie, em particular, existe uma construção mais simples que a


da demonstração geral do teorema 2.7, utilizando métricas Riemannianas
em variedades diferenciáveis. Essa demonstração será apresentada posterior-
mente.
Em todo caso, vale a pena ressaltar que o teorema garante a existên-
cia tanto de uma distância invariante à direita quanto de uma invariante à
esquerda. Porém, pode não existir uma distância bi-invariante num grupo
metrizável.

Exemplos: Alguns exemplos de distâncias invariantes são:

1. Seja jj uma norma qualquer em Rn e d (x; y) = jx yj. Então d é uma


distância bi-invariante em (Rn ; +).
Observe que uma distância de…nida por uma norma no espaço de ma-
trizes n  n não é necessariamente invariante quando restrita ao grupo
Gl (n; R).

2. Seja G um grupo compacto metrizável por uma distância d0 . De…na

d (g; h) = sup d0 (gx; gy) :


x2G

Então d é uma distância invariante à esquerda em G, compatível com


sua topologia. A distância d pode ser vista também da seguinte maneira:
denote por Hom (G) o grupo dos homeomor…smos de G e seja  : G !
Hom (G) a aplicação  (g) = Eg . Então d é a restrição a  (G) da dis-
tância em Hom (G) que de…ne a convergência uniforme em relação a
d0 .

2.4 Subgrupos
Seja G um grupo topológico e H um subgrupo de G. Como H é subconjunto
de G ele pode ser munido com a topologia induzida, cujos abertos são da
forma A \ H com A aberto em G. Então, H torna-se um grupo topológico.
De fato, denote por pH : H  H ! H o produto em H, que é a restrição a
H do produto p de G. Para todo subconjunto A  G vale pH1 (A \ H) =
28 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

p 1 (A)\(H  H). Em particular, se A é aberto, pH1 (A \ H) é um aberto da


topologia induzida em H  H pela topologia produto em G  G. No entanto,
essa topologia induzida coincide com a topologia produto de H. Daí que pH
é contínua. Da mesma forma se mostra que H (h) = h 1 é contínua em H.
Um subgrupo H  G com a topologia induzida é denominado de subgrupo
topológico de G.
A seguir serão apresentados alguns resultados envolvendo propriedades
topológicas dos subgrupos de G. Em algumas demonstrações se usa o seguinte
lema de caráter geral.

Lema 2.8 Seja X um espaço topológico e  : X ! X um homeomor…smo.


Suponha que A  X é um subconjunto invariante por , isto é,  (A)  A.

 e @A também são invariantes. Além do mais, se  (A)  A
Então A, A
então  A  A.

Demonstração: Tome x 2 A e U uma vizinhança de  (x). Então  1 (U ) é


uma vizinhança de x. Portanto, existe y 2 A\ 1 (U ) e como A é invariante,
e  (y) 2 A \ U , mostrando que A é invariante.
Seja x 2 A e tome um aberto U com x 2 U  A. Então  (x) 2  (U ) 
A, pois A é invariante. Como  é homeomor…smo,  (U ) é aberto, e, portanto
 (x) 2 A .
Como A é invariante, o seu complementar em X também é invariante.
Daí que a @A = A \ Ac é invariante.
Suponha que  (A)  A. Como  é homeomor…smo,  (A) =  A . Por-


tanto,  A  A = A.
 
2

Proposição 2.9 Seja H  G um subgrupo. Então seu fecho H também é


subgrupo. Além do mais, se H é normal o mesmo ocorre com H.

Demonstração: Deve-se mostrar que xy 2 H se x; y 2 H. Para isso


suponha em primeiro lugar que x 2 H. Então, Ex deixa H invariante e
o lema acima garante que Ex H  H. Mas, isso signi…ca que se y 2 H
então xy 2 H. Portanto, dados x 2 H e y 2 H, xy 2 H. Esta frase pode
ser interpretada dizendo que Dy(H)  H para todo y 2 H. Mas, Dy é
homeomor…smo, portanto Dy H  H, para todo y 2 H, o que signi…ca que
xy 2 H se x; y 2 H.
2.4. SUBGRUPOS 29

Por um argumento semelhante, a inversa  deixa invariante H, mostrando


que H é subgrupo.
Por …m, dizer que H é normal é o mesmo que dizer que H é invariante
pelas conjugações Cg , g 2 G. Pelo lema 2.8 segue que H também é invariante
por Cg , isto é, H é normal. 2

Os subgrupos fechados desempenham um papel central no estudo das


ações dos grupos topológicos (e de Lie), pois no caso de ações contínuas, os
subgrupos que …xam um ponto (subgrupos de isotropia) são fechados. A
proposição 2.9 mostra a existência de uma grande quantidade de subgrupos
fechados. Por outro lado, a situação com o interior H  de um subgrupo H é
ainda mais simples, já que ou o interior é vazio ou é o próprio H, isto é, H
é aberto e nesse caso fechado, como mostram as proposições a seguir.

Proposição 2.10 Seja H  G um subgrupo e suponha que H  6= ;. Então,


H é aberto.

Demonstração: Suponha que exista x 2 H  . Então para todo y 2 H,


o conjunto yx 1 (H  ) é aberto, contém y e está contido em H. Isso mostra
que y 2 H  e, portanto, H  H  , isto é, H = H  . 2

Proposição 2.11 Suponha que H é um subgrupo aberto de G. Então, H é


fechado.

Demonstração: Uma classe lateral gH de H é obtida de H por uma


translação à esquerda. Portanto, se H é aberto, o mesmo ocorre com gH.
Mas o grupo G é a união de H com as classes laterais gH, g 2 = H. Isso
signi…ca que o complementar de H em G é uma união de abertos, e daí que
H é fechado. 2

Um subconjunto A de um espaço topológico X que é ao mesmo tempo


aberto e fechado é união de componentes conexas de X, isto é, se uma com-
ponente conexa C  X satisfaz C \ A 6= ; então C  A. Esta observação
juntamente com a proposição 2.11 mostra que os subgrupos abertos de G são
uniões de componentes conexas de G. Em particular, se o grupo é conexo ele
é o único de seus subgrupos abertos.
30 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

Em todo caso, as componentes conexas de G estão relacionadas com os


grupos abertos. Essas componentes são descritas a seguir a partir da com-
ponente conexa G0 que contém o elemento neutro 1 2 G. Essa componente
conexa é denominada componente da identidade (ou do elemento neutro).

Proposição 2.12 Denote por G0 a componente conexa do elemento neutro.


Então G0 é um subgrupo fechado e normal de G. Qualquer outra componente
conexa é uma classe lateral gG0 = G0 g de G0 . Reciprocamente, toda classe
lateral gG0 = G0 g é uma componente conexa de G.

Demonstração: Uma translação à esquerda Eg , g 2 G, é um home-


omor…smo, portanto Eg leva componentes conexas de G em componentes
conexas. Em particular, se g 2 G0 , então Eg (G0 ) está contido em uma com-
ponente conexa de G. Porém, 1 2 G0 e Eg (1) = g 2 G0 . Isso implica que
Eg (G0 )  G0 . Tomando, então g; h 2 G0 , vê-se que gh 2 G0 . Analogamente,
o conjunto  (G0 ) está contido em uma componente conexa de G que só pode
ser G0 pois  (1) = 1. Isso mostra que G0 é subgrupo. Para ver que é normal,
basta repetir o mesmo argumento com as conjugações Cg , g 2 G, levando em
conta que Cg (1) = 1. Por …m, por ser componente conexa, G0 é fechado.
Como G0 é normal, gG0 = G0 g para todo g 2 G. É claro que gG0 =
Eg (G0 ) é conexo e, portanto, gG0  C onde C é uma componente conexa
G. Suponha por absurdo que gG0 6= C. Então, G0 = Eg1 (gG0 ) 6= g 1 C e
G0  C, contradizendo o fato de que G0 é componente conexa, já que g 1 C
é conexo. 2

Em geral a componente da identidade não é um subgrupo aberto. Por


exemplo, em (R; +) considere o subgrupo Q  R munido da topologia in-
duzida. Então, a componente da identidade se reduz a f0g, que não é aberto
induzido.
Uma condição para que a componente da identidade G0 seja um aberto é
que o grupo seja localmente conexo, no sentido em que todo ponto tem uma
vizinhança aberta conexa. Os grupos de Lie por serem localmente homeo-
morfos a Rn são localmente conexos, assim a proposição a seguir assegura
que as componentes conexas desses grupos são abertas.

Proposição 2.13 Suponha que G é localmente conexo. Então, G0 é um


subgrupo aberto.
2.5. AÇÕES DE GRUPOS E ESPAÇOS QUOCIENTES 31

Demonstração: Como G é localmente conexo, existe uma vizinhança


conexa U do elemento neutro. É claro que U  G0 . Portanto, G0 tem inte-
rior não vazio, e daí que é aberto. 2

Por …m, será mostrado o seguinte resultado sobre a forma de gerar grupos,
que é bastante útil no estudo dos grupos de Lie.

Proposição 2.14 Suponha G conexo e tome uma vizinhança U do elemento


neutro. Então, G = n1 U n .
S

Demonstração: S Seja = U \ U 1 uma vizinhança simétrica


V S contida
em U .S Como n1 V  n1 U basta mostrar que G = n1 V n . A
n n
S
união n1 V n é fechada por produtos. Além do mais, como V é simétrico,
(V n ) 1 = V n . Isso implica
S que n n1 V é um
n
S subgrupo de G, que tem inte-
S
rior não vazio pois V  Sn1 V . Portanto, n1 V n é um subgrupo aberto.
Como G é conexo, G = n1 V n . 2

2.5 Ações de grupos e espaços quocientes


2.5.1 Descrição algébrica
Uma ação à esquerda de um grupo G num conjunto X é uma função que
associa a g 2 G uma aplicação a (g) : X ! X e que satisfaz as propriedades:

1. a (1) = idX , isto é, a (1) (x) = x, para todo x 2 X e

2. a (gh) = a (g)  a (h).

Essas propriedades garantem que cada a (g) é uma bijeção, já que

a g 1 a (g) = a (1) = a (g) a g 1 = idX :


 

Visto de outra maneira, uma ação à esquerda é um homomor…smo a : G !


B (X), onde B (X) é o grupo das bijeções de X, com o produto dado pela
composta de duas aplicações.
Uma ação à direita é de…nida de maneira análoga substituindo a segunda
propriedade por a (gh) = a (h)  a (g).
32 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

De forma alternativa, uma ação à esquerda é de…nida como sendo uma


aplicação  : GX ! X satisfazendo  (1; x) = x e  (gh; x) =  (g;  (h; x)),
g; h 2 G e x 2 X. A relação entre  e a é a óbvia:  (g; x) = a (g) (x), isto
é, a (g) é a aplicação parcial g de  quando a primeira coordenada é …xada:
g (x) =  (g; x).
A outra aplicação parcial associada a  é obtida …xando x 2 X: x :
G ! X, x (g) =  (g; x) = a (g) (x).
Normalmente, os símbolos a ou  são suprimidos na notação para ações
de grupos. Assim uma ação à esquerda escreve-se apenas g (x), g  x ou gx
ao invés de a (g) (x). Para ações à direita é mais conveniente escrever o valor
de a (g) em x como (x) a (g) aparecendo então a notações (x) g, x  g ou xg.
Com essas notações uma ação à esquerda satisfaz 1x = x e g (hx) = (gh) x,
já uma ação à direita satisfaz x1 = x e (xg) h = x (gh).
Se a é uma ação à esquerda de G em X então a aplicação a0 de…nida por
a (g) = a (g 1 ) é uma ação à direita e vice-versa. No que segue serão tratadas
0

apenas a ações à esquerda. As propriedades enunciadas são automaticamente


transferidas para as ações à direita substituindo a (g) por a (g 1 ).
Dado x 2 X, sua órbita por G denotada por G  x ou Gx é de…nida como
sendo o conjunto
G  x = fgx 2 X : g 2 Gg:
Mais geralmente, se A  G então Ax = fgx : g 2 Ag. Em outras palavras,
Ax = x (A). Cada órbita é uma classe de equivalência da relação de equiv-
alência x  y se existe g 2 G tal que y = gx. Por isso, é claro que duas
órbitas ou são disjuntas ou coincidem.
Um subconjunto B  X é G-invariante se gB  B para todo g 2 G. Um
conjunto invariante é união de órbitas de G. Se B é um conjunto invariante
então a restrição da ação a G  B de…ne uma ação G  B ! B de G em B.
Em particular o grupo G age em suas órbitas.
O conjunto Gx dos elementos de G que …xam x é denominado de subgrupo
de isotropia ou estabilizador de x:

Gx = fg 2 G : gx = xg:

O subgrupo de isotropia é de fato um subgrupo de G, pois (gh) x = g (hx),


portanto gh …xa x se gx = hx = x. Além do mais, g 1 x = x se gx = x, pois
a (g 1 ) = a (g) 1 .
Os subgrupos de isotropia são obtidos um dos outros pela seguinte relação:
2.5. AÇÕES DE GRUPOS E ESPAÇOS QUOCIENTES 33

Proposição 2.15 Dados x; y 2 X, suponha que y = gx com g 2 G. Então,


Gy = gGx g 1 , onde Gx e Gy denotam os subgrupos de isotropia.

Demonstração: Por de…nição h 2 Gy se, e só se, h (gx) = gx. Aplicando


g 1 a esta igualdade segue que (g 1 hg) x = x, isto é, g 1 hg 2 Gx . Portanto,
h 2 Gy se, e só se, h 2 gGx g 1 . 2

As ações de um grupo G são distinguidas em classes de acôrdo com as


propriedades de suas órbitas e grupos de isotropia.

De…nição 2.16 Seja a uma ação de G em X.

1. A ação é dita efetiva se ker a = fg 2 G : a (g) = idX g = f1g.

2. A ação é dita livre se os subgrupos de isotropia se reduzem ao elemento


neutro de G, isto é, se gx = x para algum x 2 X, então g = 1.

3. A ação é dita transitiva se X é uma órbita de G, isto é, para todo par


de elementos x; y 2 X existe g 2 G tal que gx = y.

É claro, a partir das de…nições, que ações livres são efetivas, no entanto
nem toda ação efetiva é livre. Em termos do homomor…smo a : G ! B (X),
uma ação é efetiva se, e só se, ker a = f1g, isto é, se a é injetora. Portanto,
numa ação efetiva, G é isomorfo à sua imagem a (G) por a. Por essa razão,
uma ação efetiva é também denominada de ação …el.
Deve-se observar que a restrição da ação a uma órbita é uma ação tran-
sitiva. Portanto, toda a…rmação sobre ações transitivas se aplica à restrição
da ação a uma órbita.
Um caso particular de ação de grupo se dá nos espaços quocientes. Seja
H  G um subgrupo e denote por G=H o conjunto das classes laterais
gH, g 2 G. Então a aplicação (g; g1 H) 7! g (g1 H) = (gg1 ) H de…ne uma
ação à esquerda natural de G em G=H. Denotando por  : G ! G=H a
aplicação sobrejetora (projeção) canônica  (g) = gH essa ação …ca escrita
como g (g1 ) =  (gg1 ).
Evidentemente a ação de G em G=H é transitiva. Por outro lado toda
ação transitiva se identi…ca (ou melhor, está em bijeção) com um espaço
quociente de G.
34 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

Proposição 2.17 Suponha que a ação de G em X é transitiva e tome x 2


X. Então, aplicação  x : gGx 2 G=Gx 7! gx 2 X é uma bijeção entre
G=Gx e X. A aplicação  x é equivariante no sentido em que g x (g1 H) =
 x ((gg1 ) H), g; g1 2 G, isto é,  x comuta com as ações de G em G=H e X,
respectivamente. Além do mais, se y = gx então  y =  x  Dg .

Demonstração: Em primeiro lugar, a aplicação é bem de…nida pois se g1


e g2 estão na mesma classe lateral, isto é, g1 Gx = g2 Gx então g2 1 g1 2 Gx , o
que signi…ca que g2 1 g1 x = x, isto é, g1 x = g2 x. Por de…nição a aplicação é
sobrejetora se, e só se, a ação é transitiva. Agora, suponha que g1 x = g2 x.
Então g2 1 g1 x = x, isto é, g2 1 g1 2 Gx e daí que g1 Gx = g2 Gx , mostrando a
injetividade da aplicação.
Seja y =  (g1 H). Então y = g1 x, e, portanto, gy = g (g1 x) = (gg1 ) x.
Daí que g (g1 H) =  ((gg1 ) H).
Por …m, se y = gx então  y (h) = h (gx) = (hg) x =  x (hg), mostrando
que  y =  x  Dg . 2

A aplicação  x da proposição acima está relacionada com a aplicação


parcial x através do seguinte diagrama comutativo

x
G ! X
# %
x
G=H

Em virtude dessa identi…cação, um quociente G=H é também chamado


de espaço homogêneo, como são chamados normalmente os conjuntos onde os
grupos agem transitivamente. O ponto x escolhido para estabelecer a iden-
ti…cação entre X e G=Gx é denominado de origem ou base do espaço ho-
mogêneo X. A identi…cação de X com G=Gx depende da escolha da origem.
No entanto, alterando x não muda substancialmente o espaço quociente, pois
numa ação transitiva os subgrupos de isotropia são conjugados entre si, como
mostra a proposição 2.15. De fato, se H  G é um subgrupo então para todo
g 2 G a aplicação
1 1 1
 
hH 7 ! g (hH) g = ghg gHg

estabelece uma bijeção entre G=H e G=gHg 1 .


2.5. AÇÕES DE GRUPOS E ESPAÇOS QUOCIENTES 35

Os fatos descritos acima sobre ações transitivas se aplicam de imediato às


órbitas de uma ação qualquer G  X ! X. Nesse caso, a restrição da ação
sobre uma órbita G  x é transitiva o que permite identi…car G  x com G=Gx .
Toda a discussão acima se estende de forma análoga a ações à direita,
onde os espaços homogêneos são os quocientes H n G, formados pelas classes
laterais Hg, g 2 G.
Num espaço homogêneo G=H, isto é, na presença de uma ação transitiva,
as ações livres são aquelas em que o subgrupo de isotropia H se reduz a f1g.
Nesse caso, o espaço homogêneo se identi…ca a G. Já as ações transitivas e
efetivas são descritas a seguir pelos subgrupos normais contidos no grupo de
isotropia.

Proposição 2.18 Seja G uma ação transitiva em X = G=H. Então, a ação


é efetiva se, e somente se, H não contém subgrupos normais de G, além de
f1g.

Demonstração: Suponha que N  H é um subgrupo normal de G, isto


é, gN g 1  N para todo g 2 G. É claro que H é o grupo de isotropia da
origem. Mas, pela proposição 2.15, os subgrupos de isotropia são conjugados
entre si. Portanto, qualquer h 2 N está contido em todos os subgrupos de
isotropia. Mas isso signi…ca que hy = y, para todo y 2 X, isto é, h = idX .
Portanto, se a ação é efetiva, N = f1g.
Reciprocamente, o subgrupo normal ker a = fg 2 G : 8y 2 X; gy = yg
está contido em H. Portanto, se H não contém subgrupos normais, além do
trivial, então ker a = f1g e a ação é efetiva. 2

2.5.2 Ações contínuas


No contexto topológico deve-se considerar ações contínuas no seguinte sen-
tido.

De…nição 2.19 Seja G um grupo topológico e X um espaço topológico. Uma


ação de G em X é contínua se a aplicação  : G  X ! X,  (g; x) = gx, é
contínua.

Se H  G é um subgrupo, a restrição a H da ação de G em X é uma


ação de H. Tomando em H a topologia induzida, a restrição de uma ação
contínua é contínua.
36 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

No caso de uma ação contínua, os objetos introduzidos anteriormente


admitem boas propriedades topológicas.
De fato, se  é contínua então as aplicações parciais x : G ! X, x 2
X, e g : X ! X, g 2 G, são também contínuas. Além do mais, como
a (g) = g e a (g) 1 = a (g 1 ) segue que para cada g 2 G, a (g) : X ! X é
homeomor…smo de X.
A proposição a seguir aborda os grupos de isotropia das ações contínuas.

Proposição 2.20 Suponha que a ação de G em X seja contínua e que X


seja espaço de Hausdor¤. Então, qualquer subgrupo de isotropia Gx , x 2 X,
é fechado.

Demonstração: Em termos da aplicação , o subgrupo de isotropia é dado


por
Gx = fg 2 G :  (g; x) = xg = x 1 fxg:
Como X é Hausdor¤, segue que Gx é fechado. 2

O objetivo agora é olhar a bijeção da proposição 2.17 no caso de ações


contínuas. Para isso é necessário introduzir uma topologia em G=H. Essa
deve ser a topologia quociente, que é de…nida em geral para relações de
equivalência em espaços topológicos da seguinte maneira:

De…nição 2.21 Seja Y um espaço topológico e  uma relação de equivalên-


cia em Y . Denote por Y =  o conjunto das classes de equivalência de 
e por  : Y ! Y =  a aplicação sobrejetora canônica, que a cada y 2 Y
associa sua classe de equivalência. A topologia quociente em Y =  é aquela
em que um subconjunto A  Y =  aberto se, e só se,  1 (A) é aberto em
Y . De forma equivalente, F  Y =  é fechado se, e só se,  1 (F ) é fechado
em Y .

A topologia quociente é a mais …na (que contém a maior quantidade


de abertos possível) que torna a projeção canônica  : Y ! Y =  uma
aplicação contínua. A continuidade, em relação à topologia quociente, de
funções de…nidas em Y =  é veri…cada através da seguinte propriedade.

Proposição 2.22 Sejam Y e Z espaços topológicos em que Y é munido da


relação de equivalência . Então, uma aplicação f : Y = ! Z é contínua
2.5. AÇÕES DE GRUPOS E ESPAÇOS QUOCIENTES 37

se, e somente se, f   : Y ! Z é contínua:


Y
# &
Y=  ! Z
Demonstração: Se f é contínua então f   é contínua, pois  é contínua.
Reciprocamente, suponha que f   é contínua e seja A  Z um aberto. En-
tão (f  ) 1 (A) =  1 (f 1 (A)) é aberto em Y . Pela de…nição da topologia
quociente, segue que f 1 (A) é aberto em Y = , concluindo a demonstração.
2

No caso em que G é um grupo e H  G um subgrupo, o quociente G=H


é o conjunto das classes de equivalência da relação de equivalência em G
em que x  y se, e só se, xH = yH. Portanto, G=H pode ser munido da
topologia quociente por essa relação de equivalência, quando G é um grupo
topológico.
No caso particular de um conjunto de classes laterais G=H a aplicação
canônica  : G ! G=H é uma aplicação aberta. De fato, para um subcon-
junto A  G vale
 1 ( (A)) = AH:
Se A é aberto então AH = h2H Ah é aberto em G e daí que  (A) é aberto
S
na topologia quociente. Deve-se observar também que, em geral a projeção
não é uma aplicação fechada (por exemplo, tome G = R2 , H = f0g  R e
F  G o grá…co f(x; y) 2 R2 :  < x <  e y = tgxg. O conjunto  (F )
não é fechado).
A topologia quociente tem um bom comportamento em relação ao pro-
duto cartesiano de grupos. Sejam G1 e G2 grupos topológicos e H1  G1 ,
H2  G2 subgrupos. O produto H1  H2 é um subgrupo de G1  G2 e o quo-
ciente (G1  G2 ) = (H1  H2 ) se identi…ca com (G1 =H1 )  (G2 =H2 ) através
da bijeção
 : (g1 ; g2 ) (H1  H2 ) 7 ! (g1 H1 ; g2 H2 ) :
Essa bijeção é um homeomor…smo em relação às topologias quocientes nos es-
paços homogêneos. Isso pode ser visto facilmente pela de…nição de topologia
quociente e o seguinte diagrama comutativo:
id
G1  G2 ! G1  G2
# #

(G1  G2 ) = (H1  H2 ) ! (G1 =H1 )  (G2 =H2 )
38 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

Proposição 2.23 A topologia quociente em G=H é de Hausdor¤ se, e so-


mente se, H é fechado.

Demonstração: A aplicação  : G ! G=H é contínua e H =  1 fxg se x


denota a origem de G=H. Portanto, se G=H é Hausdor¤, H é fechado.
Reciprocamente, suponha que H é fechado. A propriedade de Hausdor¤
é equivalente à diagonal

 = f(x; x) 2 G=H  G=H : x 2 G=Hg

ser um conjunto fechado em relação à topologia produto em G=H G=H, que


coincide com a topologia quociente em (G  G) = (H  H). Deve-se mostrar
que  2 1 () é um conjunto fechado em GG onde  2 : GG ! G=H G=H
é a projeção canônica. Mas,  2 (g; h) 2  se e só se gH = hH, isto é, se
h 1 g 2 H. Em outras palavras,

 2 1 () = q 1
(H)

onde q é a aplicação contínua q (x; y) = x 1 y. Portanto, se H é fechado,


 2 1 () é fechado. 2

Proposição 2.24 A ação de G em G=H é contínua em relação à topologia


quociente.

Demonstração: A aplicação  : G  G=H ! G=H que de…ne a ação faz


parte do seguinte diagrama comutativo
p
GG ! G
id ##  #

G  G=H ! G=H

Seja A  G=H um aberto. Então, p 1  1 (A) é aberto e daí que (id  ) 1 (A)
é um aberto em GG. Mas, isso signi…ca que  1 (A) é aberto em GG=H,
pela de…nição da topologia quociente. 2

Voltando agora a uma ação geral G  X ! X cada órbita G  x está em


bijeção com o quociente G=Gx . Por intermédio dessa bijeção pode-se colocar
uma topologia na órbita G  x declarando que um subconjunto A  G  x é
2.5. AÇÕES DE GRUPOS E ESPAÇOS QUOCIENTES 39

aberto se o conjunto correspondente em G=Gx for um aberto da topologia


quociente.
No entanto, se a ação G  X ! X for contínua, então a órbita G 
x  X admite também a topologia induzida de X. A discussão a seguir
tem por objetivo comparar essas topologias, analisando a propriedade de
homeomor…smo da aplicação  x . Para isso é su…ciente considerar o caso de
ações transitivas pois se uma ação é contínua G  X ! X é contínua então
sua restrição à uma órbita G  x também é contínua em relação à topologia
induzida.
Proposição 2.25 Seja G  X ! X uma a ação contínua e transitiva de
G em X. Fixe x 2 X e considere a bijeção  x : G=Gx ! X dada por
 x (gGx ) = gx. Então,  x é contínua em relação à topologia quociente em
G=Gx .
Demonstração: Pela proposição 2.22 basta mostrar que  x   é contínua.
Agora,  x   (g) =  x (gH) = gx, isto é,  x   = x que é contínua se a ação
é contínua. 2

A situação ideal seria poder identi…car, como espaços topológicos, o es-


paço X onde se dá uma ação transitiva com o quociente G=Gx . Em geral
isso não é possível, pois a aplicação  x não é homeomor…smo por não ser
aplicação aberta. Um exemplo disso é apresentado a seguir.

Exemplo: Se G é um grupo a aplicação g 2 G 7! Eg de…ne uma ação


(à esquerda) de G em si mesmo por translações à esquerda. Essa ação é
claramente transitiva em que o subgrupo de isotropia Gg = f1g para todo
g 2 G. Portanto, para cada g 2 G existe um diagrama
g
G ! G
# %
g
G=f1g = G
onde  g (h) = hg. Em particular,  1 (h) = h é a aplicação identidade. Dessa
forma, para exibir um exemplo de uma ação contínua em que  x não é uma
aplicação aberta basta mostrar a existência de um grupo munido de duas
topologias T1 e T2 com T2  T1 . Nesse caso
6=

 1 = id : (G; T1 ) ! (G; T2 )
40 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

é contínua, mas não aberta. Se ambas topologias tornam G um grupo


topológico então a ação à esquerda de G em G é contínua.
Um exemplo de um grupo desses é dado pela reta real (R; +). Tome T1
como sendo a topologia usual. Quanto a T2 , considere um ‡uxo irracional no
toro T2 , isto é, a imagem em R2 =Z2 de uma reta r  R2 , com inclinação irra-
cional. Esse conjunto é um subgrupo de T2 isomorfo a R, porém a topologia
induzida sobre a imagem é uma topologia T2 em R estritamente contida na
topologia a usual. Em ambas topologias R é um grupo topológico, pois a
topologia T2 é a que torna R um subgrupo topológico de T2 . 2

A seguir será apresentado um resultado de caráter geral garantindo que


 x é uma aplicação aberta, dentro do contexto do teorema das categorias de
Baire. Antes disso é conveniente reduzir o problema a um único ponto.

Lema 2.26 Suponha que exista x0 2 X tal que para toda vizinhança aberta
U 2 V (1), o conjunto U  x0 =  x0 (U ) contém x0 em seu interior. Então,  x
é uma aplicação aberta para todo x 2 X e, portanto, é um homeomor…smo.

Demonstração: Considere em primeiro lugar  x0 . Neste caso, dado um


aberto V  G deve-se mostrar que V  x0 é um aberto, isto é, se g 2 V então
gx0 é ponto interior de V x0 . Por hipótese, se g 2 V então U = g 1 V 2 V (1)
é tal que U  x0 é uma vizinhança de x0 . Isso implica que V  x0 = (gU )  x0 =
g (U  x0 ) é uma vizinhança de gx0 , já que g é um homeomor…smo. Isso
mostra que  x0 é aplicação aberta.
Agora, se x = hx0 então  x =  x0  Dh . Portanto, se  x0 é aplicação
aberta, o mesmo ocorre com  x . 2

O resultado geral a seguir sobre o homeomor…smo G=Gx ! X vale


quando X é um espaço de Baire, isto é, a união enumerável de conjuntos
de interior vazio ainda tem interior vazio. Exemplos de espaços de Baire são
os espaços métricos completos ou os espaços topológicos que são de Hausdor¤
e localmente compactos.

Lema 2.27 Sejam G um grupo topológico, D  G um subconjunto denso e


U 2 V (1) uma vizinhança da identidade. Então,
[
G= gU:
g2D
2.5. AÇÕES DE GRUPOS E ESPAÇOS QUOCIENTES 41

Demonstração: Tome uma vizinhança simétrica W  U . Então, dado


x 2 G existe g 2 D tal que g 2 xW , isto é, x 1 g 2 W . A simetria de W
garante que g 1 x 2 W , o que signi…ca que x 2 gW  gU , concluíndo a
demonstração. 2

Proposição 2.28 Seja G  X ! X uma ação contínua e transitiva. Supo-


nha que G seja separável (isto é, admite um conjunto enumerável denso) e
que X seja um espaço de Baire. Então, as aplicações  x : G=Gx ! X são
homeomor…smos.
Demonstração: Tome x0 2 X, U 2 V (1) uma vizinhança aberta e W uma
vizinhança simétrica tal que W 2  U . Pelo lema 2.26 é su…ciente mostrar
que U  x0 é vizinhança de x0 . Seja gn uma sequência densa em G. Pelo lema
anterior, os conjuntos gn W cobrem G e, portanto, os conjuntos gn W  x0
cobrem X. No entanto, X é um espaço de Baire, o que garante que para
algum n0 , gn0 W  x0 tem interior não vazio, isto é, contém gn0 g  x0 em seu
interior para algum g 2 W . Como gn0 g é homeomor…smo, segue que x0 é
ponto interior de g 1 gn01 (gn0 W  x0 ). Mas,
g 1 gn01 (gn0 W  x0 ) = g 1 W  x0  U  x0 ;
concluindo a demonstração. 2

Por …m deve-se observar que no caso de ações diferenciáveis grupos de


Lie será mostrado posteriormente, com o auxílio do cálculo diferencial, que
as aplicações  x são homeomor…smos (na verdade difeomor…smos).

2.5.3 Grupos quocientes


Uma situação especial dos quocientes considerados acima acontece quando o
subgrupo H é normal em G. Nesse caso o quociente G=H tem uma estrutura
de grupo, de…nida por (gH) (hH) = (gh) H e a projeção canônica  : G !
G=H é um homomor…smo. Com a topologia quociente esse grupo passa a
ser um grupo topológico. Para ver isso basta recorrer à proposição 2.22 e
escrever o diagrama
p
GG ! G
 ##  #

G=H  G=H ! G=H
42 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

onde  denota o produto em G=H. Então, da mesma forma que na proposição


2.24 mostra-se que  é contínua. Por outro lado, a continuidade da inversa
em G=H provém da comutatividade do diagrama

G ! G
# #

G=H ! G=H
juntamente com a proposição 2.22.
Em relação à topologia quociente, a projeção  : G ! G=H é um homo-
mor…smo contínuo e uma aplicação aberta.

2.6 Grupos compactos e conexos


Nesta seção serão demonstrados dois resultados que são bastante utilizados
para veri…car, via espaços quocientes, que certos grupos topológicos são com-
pactos ou conexos.

Teorema 2.29 Seja G um grupo topológico e H  G um subgrupo. Se H e


G=H são compactos então G é compacto.

Demonstração: Para a demonstração será utilizada a propriedade de


interseção …nita, que caracteriza os espaços compactos: um espaço T topológico
K é compacto se, e só se, para uma família F de fechados vale F 2F F 6= ; se
ela satis…zer a propriedade de interseção …nita, isto é, se toda interseção …nita
F1 \    \ Fk elementos de F for não vazia. Nesse caso pode-se assumir, sem
perda de generalidade, que F é completa, isto é, fechada por interseção …nita
de seus elementos, pois a família de todas as interseções …nitas de elementos
de F também satisfaz a propriedade da inteseção …nita.
Seja então F uma família de fechados em G satisfazendo a propriedade
da interseção …nita. As projeções  (F ), F 2 F, não são necessariamente
conjuntos fechados em G=H, mas a família f (F )gF 2F satisfaz a propriedade
de interseção …nita, já que

 (F1 \    \ Fk )   (F1 ) \    \  (Fk ) :

Portanto, os fechos  (F ), F 2 F, formam uma família de fechados em G=H


satisfazendo a propriedade da interseção …nita. Como G=H é compacto,
2.6. GRUPOS COMPACTOS E CONEXOS 43

existe g 2 G tal que \


gH 2  (F ):
F 2F

Isto é, gH 2  (F ) para todo F 2 F.


Seja U 2 V (1) uma vizinhança da identidade em G. Então, U g é um
aberto que contém g e como  é uma aplicação aberta, segue que  (U g) é
aberto que contém gH. Como gH 2  (F ) conclui-se que para todo F 2 F
vale  (U g) \  (F ) 6= ;, isto é, U gH \ F 6= ;. Em resumo, para todo
U 2 V (1) e todo F 2 F, vale U gH \ F 6= ;, isto é, gH \ U 1 F 6= ;. Em
particular,
(F1 \    \ Fs ) \ U gH 6= ; (2.1)
para todo em U 2 V (1) e F1 ; : : : ; Fs 2 F, pois F é uma família completa.
Agora será usada a compacidade de H (ou melhor de gH) para mostrar
a existência de h 2 H tal que para toda vizinhança U 2 V (1), o aberto U gh
intercepta todos os fechados Fi . Considere a família dos subconjuntos de gH
que são da forma E = U 1 F \ gH com F 2 F e U 2 V (1). Essa família
satisfaz a propriedade da interseção …nita. De fato, dado um número …nito
de elementos nessa família, tem-se

U1 1 F1 \ gH \    \ Us 1 Fs \ gH = U1 1 F1 \    \ Us 1 Fs \ gH: (2.2)
  

De…na W = si=1 Ui 1 2 V (1). Então, o segundo membro de (2.2) contém o


T
conjunto
(W F1 \    \ W Fs ) \ gH
que por sua vez contém o conjunto (W (F1 \    \ Fs )) \ gH. Mas, este
conjunto é não vazio por (2.1). Portanto, a família de fechados (U 1 F \ gH)
em gH satisfaz a propriedade de interseção …nita. Como gH é compacto (pois
H é compacto) conclui-se que
\
U 1 F \ gH 6= ;:


U 2V(1);F 2F

Por …m tome h 2 H tal T que gh pertence a esta interseção. Para este h


pode-se mostrar que gh 2 F 2F F .
De fato, …xe F 2 F, tome U 2 V (1) e escolha V 2 V (1) tal que V 2  U .
Então, V gh é uma vizinhança de gh e, portanto,

V gh \ V 1 F \ gH 6= ;:

44 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

Em particular, V gh \ V 1 F 6= ; o que implica que ; = 6 (V 2 gh) \ F 


(U gh) \ F . Como U é arbitrário isso garante que gh 2 F = F , concluindo a
demonstração. 2

É claro que se G é compacto então G=H também é compacto, uma vez


que a projeção canônica  : G ! G=H é contínua e sobrejetora. Por outro
lado, se H é fechado e G compacto então H também é compacto. Portanto,
a recíproca ao teorema acima é verdadeira com a hipótese adicional de que
H é fechado.

Proposição 2.30 Suponha que H e G=H são conexos. Então, G é conexo.

Demonstração: Suponha por absurdo que A; B  G são abertos não


vazios, disjuntos e tais que A [ B = G. Então,  (A) e  (B) são abertos não
vazios tais que  (A)[ (B) = G=H. Como G=H é conexo,  (A)\ (B) 6= ;.
Isso signi…ca que existe uma classe lateral gH que intercepta ambos os con-
juntos A e B. Então, A \ gH e B \ gH são abertos disjuntos, não vazios e
tais que  (A) [  (B) = gH, contradizendo o fato de que H é conexo, já que
gH é homeomorfo a H. 2

Quanto à reciproca da proposição anterior, é claro que G=H é conexo


se G for conexo. No entanto, pode ocorrer que tanto G quanto G=H sejam
conexos, mas H não seja conexo.
Os dois resultados desta seção fornecem um método útil para descrever a
topologia de diversos grupos conhecidos, como mostram os exemplos a seguir.

Exemplos:
1. O grupo G = Gl (n; R) age em Rn de maneira canônica:  (g; x) = gx,
g 2 Gl (n; R), x 2 Rn . Essa ação é contínua pois  é restrição de
uma aplicação polinômial (de grau 2) Mn (R)  Rn ! Rn . Existem
exatamente duas órbitas, a origem f0g e o seu complementar Rn n f0g.
É evidente que a origem é uma órbita. Para ver que o seu comple-
mentar também é uma órbita, tome e1 = (1; 0; : : : ; 0) 2 Rn n f0g e
x = (x1 ; : : : ; xn ) 6= 0. Então existe uma matriz g 2 Gl (n; R) tal que
ge1 = x. De fato, é possível estender x a uma base fx; v2 ; : : : ; vn 1 g de
Rn . Denote por fe1 ; : : : ; en g a base canônica de Rn . Então, g de…nida
por ge1 = x e gei = vi , i = 2; : : : ; n é um elemento de Gl (n; R) que
satisfaz o desejado.
2.6. GRUPOS COMPACTOS E CONEXOS 45

O subgrupo de isotropia em 0 é todo Gl (n; R). Já o subgrupo de


isotropia Ge1 em e1 é formado pelas matrizes (em relação à base canônica)
da forma  
1 b
(2.3)
0 C
com b uma matriz linha 1  (n 1) e C 2 Gl (n 1; R). Os grupos de
isotropia em x 6= 0 são conjugados de Ge1 . Em todo caso, o quociente
Gl (n; R) =Ge1 é homeomorfo ao cilindro Rn n f0g.
A ação de canônica Gl (n; R) em Rn induz, por restrição, ações de seus
subgrupos. Essas ações são todas contínuas, no entanto a estrutura das
órbitas varia de acôrdo com o subgrupo. Eis alguns exemplos:

(a) Seja O (n)  Gl (n; R). As órbitas são as esferas

Sr = fx 2 Rn : jxj = rg r  0:

(A norma jj utilizada aqui é a proveniente do produto interno


canônico, lembrando que esse produto interno está implícito na
de…nição de O (n).) O argumento para mostrar que as esferas são
as órbitas é semelhante ao utilizado acima, estendendo vetores
não nulos a bases, tomando o cuidado agora de escolher bases
ortogonais. O subgrupo de isotropia em e1 (ou em e1 ,  6= 0) é
formado pelas matrizes ortogonais que têm a forma de (2.3), isto
é, pelas matrizes da forma
 
1 0
0 C

com C 2 O (n 1). Esse grupo é isomorfo a O (n 1). Portanto,


o quociente O (n) =O (n) é homeomorfo à esfera de dimensão n 1.
(b) Os mesmos argumentos do item anterior permitem mostrar que as
órbitas de SO (n) = fg 2 O (n) : det g = 1g também são as esferas.
Nesse caso o grupo de isotropia em e1 é isomorfo a SO (n 1).
(c) O grupo Sl (n; R) = fg 2 Gl (n; R) : det g = 1g age transitiva-
mente em Rn n f0g, como pode ser veri…cado através do argu-
mento de construção de bases. Assim, Sl (n; R) tem exatamente
duas órbitas em sua ação canônica em Rn .
46 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

2. Novamente, seja G = Gl (n; R) e seja X = Pn 1 o espaço projetivo


dos subespaços de dimensão um de Rn . Se V 2 Pn 1 e g 2 Gl (n; R)
gV = fgx : x 2 V g é um subespaço de Rn de dimensão 1, e daí que
gV 2 Pn 1 . A aplicação V 7! gV de…ne uma ação de Gl (n; R) ém
Pn 1 . Esta ação é contínua em relação à seguinte topologia quociente
em Pn 1 . Dado v 2 Rn , denote por [v] o subespaço gerado por v. Se
v 6= 0, [v] 2 Pn 1 . Existe portanto uma aplicação sobrejetora  : v 2
Rn n f0g 7! [v] 2 Pn 1 . Os abertos de Pn 1 são os conjuntos A  Pn 1
tais que  1 (A) é aberto, isto é, a topologia em Pn 1 é a topologia
quociente pela relação de equivalência v  w se v = aw, a 6= 0, em
Rn n f0g. Com essa topologia a ação de Gl (n; R) é contínua. Essa ação
é transitiva e a isotropia em [e1 ] é o subgrupo formado pelas matrizes
do tipo  
a b
0 C
com a 2 R, b uma matriz linha (n 1)  (n 1) e C 2 Gl (n 1; R).
A projeção  é equivariante em relação às ações de G em Rn n f0g e
Pn 1 . Como no caso da ação em Rn , essa ação induz ações de todos
os grupos lineares, isto é, dos subgrupos de Gl (n; R). Essas ações são
denominadas de ações projetivas.
3. Analogamente às ações projetivas, o grupo Gl (n; R) age na Grassman-
niana Grk (n), formada pelos subespaços de Rn de dimensão k. A ação
é dada por (g; V ) 7! gV onde gV é a imagem do subespaço V pela apli-
cação linear g. Essa ação de Gl (n; R) também é transitiva e é contínua
em relação à seguinte topologia em Grk (n): denote por Bk (n) o con-
junto das matrizes n  k de posto k, munido da topologia induzida pela
topologia do espaço vetorial de todas as matrizes n  k. Existe uma
aplicação sobrejetora  : Bk (n) ! Grk (n) que associa a uma matriz
p 2 Bk (n) o espaço vetorial gerado pelas colunas de p. De…nindo em
Bk (n) a relação de equivalência p  q se existe a 2 Gl (k; R) tal que
p = qa. Então, Grk (n) se identi…ca ao conjunto das classes de equiv-
alência Bk (n) =  e  : Bk (n) ! Grk (n) com a projeção canônica
Bk (n) ! Bk (n) = . Isso de…ne a topologia quociente em Grk (n) cu-
jos abertos são os conjuntos A  Grk (n) tais que  1 (A) é aberto em
Bk (n).
Seja V0 2 Grk (n) o subespaço gerado pelos primeiros k vetores da
base canônica. Então o subgrupo de isotropia em V0 é formado pelas
2.7. EXERCÍCIOS 47

matrizes do tipo  
P Q
0 R
com P 2 Gl (k; R) e Q 2 Gl (n k; R).
4. Seja Z um campo de vetores em uma variedade diferenciável M de
classe C 1 e suponha que Z seja completo, isto é, as soluções maximais
de Z se estendem ao intervalo ( 1; +1). O ‡uxo de Z denotado Zt ,
t 2 R, é de…nido a partir das trajetórias t 7! Zt (x) é a trajetória de Z
que em t = 0 passa por x. O ‡uxo satisfaz as propriedades Z0 (x) = x
e Zt+s (x) = Zt (Zs (x)). Portanto, (t; x) 7! Zt (x) de…ne uma ação
de R em M . Os teoremas de dependência de soluções em relação às
condições iniciais garantem que essa ação é contínua. As órbitas dessa
ação são as trajetórias do campo. Já os subgrupos de isotropia em x
são descritos como: 1) Gx = R se x é uma singularidade do campo de
vetores, isto é, Z (x) = 0; 2) Gx = f0g se a trajetória x não é uma
curva fechada e 3) Gx = !Z se a trajetória que passa por x é periódica
de período !.
2

O teorema 2.29 e a proposição 2.30 são úteis para mostrar que deter-
minados grupos topológicos são compactos ou conexos. As ações descritas
acima ilustram bem essa aplicações. Tome, por exemplo, o caso da ação
transitiva de O (n) na esfera S n com grupo de isotropia SO (n 1). Se n = 1
então S n 1 = f1g e SO (n 1) é trivial. Isso signi…ca que tanto o quociente
O (1) =SO (0) quanto o subgrupo de isotropia são compactos. Portanto, o teo-
rema 2.29 garante que O (1) é compacto. Procedendo por indução e usando o
fato de que as esferas são compactas, se veri…ca que os grupos O (n) são com-
pactos. Da mesma forma, pode-se aplicar sucessivamente a proposição 2.30
para veri…car que os grupos SO (n), Sl (n; R), Gl+ (n; R), etc. são conexos.

2.7 Exercícios
1. Seja G  X ! X uma ação contínua do grupo topológico G no espaço
topológico X. Seja A  X um subconjunto G-invariante. Mostre que a
restrição G  A ! A da ação a A também é contínua, com a topologia
induzida em A.
48 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

2. Mostre que num grupo topológico o fecho de um subgrupo abeliano é


abeliano.

3. Seja H  G um subgrupo e denote por N (H) = fg 2 G : gHg 1  Hg


o seu normalizador. Mostre que se H é fechado então N (H) é fechado.

4. Seja G um grupo topológico de Hausdor¤. Mostre que o centralizador


fg 2 G : 8x 2 M; gx = xgg do conjunto M é um subgrupo fechado.

5. Sejam G um grupo topológico e K; F  G fechados com K compacto.


Mostre que KF é fechado.

6. Seja G um grupo topológico conexo e não compacto. Seja também


V  G uma vizinhança compacta do elemento neutro. Veri…que que
para todo k  1, V k é compacto. Use isso para provar que para todo
k  1, V k+1 contém propriamente V k .

7. Um subgrupo D de um grupo topológico G é discreto se existe uma


vizinhança V da identidade tal que V \ D = f1g. Mostre que se D
é discreto, com vizinhança V , então gV \ D = fgg para todo g 2 D.
Mostre também que D é fechado.

8. Seja G um grupo topológico. Mostre que se D  G é um subgrupo dis-


creto então a projeção  : G ! G=D é uma aplicação de recobrimento.

9. Sejam G um grupo topológico e D  G um subgrupo discreto. Mostre


que se G é conexo e D é subgrupo normal então D está contido no
centro Z (G) de G. (Sugestão: para x 2 D considere a aplicação g 2
G 7! gxg 1 2 D.)

10. Sejam G um grupo topológico e H  G um subgrupo fechado. Suponha


que D  G é um subgrupo discreto. Mostre que D \ H é um subgrupo
discreto de H.

11. Seja G um grupo (não necessariamente topológico) agindo no espaço


topológico X. De…na a relação de equivalência em X por x  y se
x e y pertencem à mesma G-órbita. Mostre que a projeção canônica
X ! X=  é uma aplicação aberta sobre a topologia quociente.

12. Seja X um espaço topológico e x  y uma relação de equivalência em


X. Mostre que o espaço das classes de equivalência X= , munido
2.7. EXERCÍCIOS 49

da topologia quociente, é de Hausdor¤ se, e só se, a relação é um


subconjunto fechado de X  X.

13. Dada uma ação contínua G  X ! X do grupo topológico G no espaço


X, seja F  X um subconjunto fechado. Mostre que o semigupo
SF = fg 2 G : g (F )  F g é fechado. Conclua que o subgrupo
GF = fg 2 G : g (F ) = F g também é fechados.

14. Seja G um grupo topológico e H um subgrupo fechado. Mostre que


se H e G=H são localmente compactos então G também é localmente
compacto. (Sugestão: adapte a demonstração do teorema 2.29.)

15. Seja G um grupo compacto e tome x 2 G. Mostre que o fecho fxn : n  1g


do conjunto das potências de x é um subgrupo.

16. Um subsemigrupo S de um grupo é um conjunto fechado pelo produto:


se x; y 2 S então xy 2 S (não necessariamente x 1 2 S). Mostre que
um subsemigrupo fechado de um grupo compacto é um grupo (use o
exercício anterior).

17. Sejam G um grupo topológico e H1  H2  G subgrupos. De…na


 : G=H1 ! G=H2 por  (gH1 ) = gH2 . Veri…que que esta aplicação
é bem de…nida e mostre que ela é contínua e aberta (em relação às
topologias quocientes). Mostre também que  é equivariante, isto é,
g (x) =  (gx), x 2 G=H1 .

18. Seja G um grupo topológico localmente conexo e H  G subgrupo


fechado localmente conexo. Mostre que se H não é conexo então G=H
não é simplesmente conexo. (Sugestão: considere a componente da
identidade H0 de H.)

19. Seja G um grupo topológico compacto e  : G ! R um homomor…smo


contínuo. Mostre que   0.

20. Use o exercício anterior para mostrar que se G  Gl (n; R) é um grupo


compacto então para todo g 2 G, det g = 1 ou 1.

21. Seja G um grupo topológico e suponha que o o grupo comutador [G; G]


(isto é, o subgrupo de G gerado pelos comutadores xyx 1 y 1 , x; y 2 G)
seja denso. Mostre que se H é um grupo abeliano e  : G ! H é um
homomor…smo, então  é trivial, isto é,  (x) = 1 para todo x 2 G.
50 CAPÍTULO 2. GRUPOS TOPOLÓGICOS

22. Mostre que os únicos subgrupos fechados de (R; +) são o próprio R e


os subgrupos da forma Zx, x 2 R.

23. Mostre que O (n) é compacto e que Sl (n; R) não é compacto.

24. Sejam O (n) o grupo das matrizes n  n ortogonais (gg T = g T g = 1)


e SO (n) = fg 2 O (n) : det g = 1g. Mostre que SO (n) é conexo
por caminhos, sem usar a proposição 2.30. (Sugestão: escreva a forma
canônica de Jordan de uma matriz ortogonal). Conclua que O (n) tem
duas componentes conexas.

25. Mostre que Gl (n; R) tem duas componentes conexas: fg : det g > 0g e
fg : det g < 0g. (Use o fato de que qualquer matriz g pode ser escrita
como g = ks com k 2 O (n) e s positiva de…nida.)

26. Considere a ação de Sl (n; R) no espaço projetivo real Pn 1 , dada por


g[v] = [gv], onde [v] denota subespaço gerado por 0 6= v 2 Rn . Mostre
que essa ação é transitiva. Mostre que a restrição dessa ação a SO (n)
também é transitiva.

27. Dê exemplo de um subgrupo G  Gl (n; R), não compacto, cuja ação


em Pn 1 não é transitiva.

28. Substitua, nos exercícios anteriores, Pn 1


pela Grassmanniana Grk (n)
dos subespaços de dimensão k de Rn .

29. Dê exemplo de um grupo compacto que não é metrizável. (Sugestão:


K R com K um grupo compacto.)

30. Denote por S (1) o grupo de todas as bijeções (permutações) de N.


Para cada n 2 N seja S n (1) o subgrupo de S n (1) formado pelos
elementos que …xam cada um dos inteiros de f1; : : : ; ng. Mostre que o
conjunto S n (1), n  1, forma um sistema de vizinhanças da identi-
dade de S (1), dando origem a uma topologia em S (1), que o torna
grupo topológico. Mostre que essa topologia é totalmente desconexa.

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