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mobilidade social
no mundo ibérico
do Antigo Regime
Organização de
Rodrigo Bentes Monteiro, Bruno Feitler,
Daniela Buono Calainho e Jorge Flores
Rio de Janeiro
2011
DIAGRAMAÇÃO DE MIOLO
Editoriarte
CAPA
Alain Tramont
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Abranches, Sérgio
A141c Copenhague : antes e depois / Sérgio
Abranches — Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2010.
ISBN 978-85-200-1002-0
CDD: 363.738746
10-2928 CDU: 504.06
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DIREITOS REPROGRÁFICOS
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O DI R EI T O A
Impresso no Brasil
2011
INTRODUÇÃO
Rodrigo Bentes Monteiro, Bruno Feitler, Daniela Buono Calainho e
Jorge Flores 9
PARTE I
Monarquias por escrito 25
CAPÍTULO 1
Vendendo a história: historiadores e genealogias na Espanha
moderna 27
Richard L. Kagan
CAPÍTULO 2
“Dicionário das antiguidades de Portugal”: estudo introdutório sobre
um manuscrito aberto 49
Ana Paula Torres Megiani
CAPÍTULO 3
Seleta de uma sociedade: hierarquias sociais nos documentos
compilados por Diogo Barbosa Machado 69
Rodrigo Bentes Monteiro e Pedro Cardim
CAPÍTULO 4
Servir segundo a dignidade: exílios políticos e administração real na
monarquia hispânica, 1580-1610 105
José Javier Ruiz Ibáñez
CAPÍTULO 6
A lealdade dos traidores. Rebelião, justiça e bom governo no Rio da
Prata (1580) 165
Darío G. Barriera
PARTE II
Hierarquias, raça e nobreza 205
CAPÍTULO 1
“Entre duas majestades”, ordem social e reformas no México
burbônico 207
Óscar Mazín
CAPÍTULO 2
Hierarquias e mobilidade na carreira inquisitorial portuguesa: a
centralidade do tribunal de Lisboa 235
Bruno Feitler
CAPÍTULO 3
Artes e manhas: estratégias de ascensão social de barbeiros,
cirurgiões e médicos da Inquisição portuguesa
(séculos XVI-XVIII) 259
Georgina Silva dos Santos
CAPÍTULO 4
Ascensão e queda dos Lopes de Lavre: secretários do Conselho
Ultramarino 283
Maria Fernanda Bicalho
PARTE III
Etnias, ascensão social e carreiras 353
CAPÍTULO 1
Mulatismo, mobilidade e hierarquia nas Minas Gerais: os casos de
Simão e Cipriano Pires Sardinha 355
Júnia Ferreira Furtado
CAPÍTULO 2
Fradaria dos Henriques. Conflitos e mobilidade social de pretos no
Recife c. 1654-1744 387
Ronald Raminelli
CAPÍTULO 3
A fortuna da diáspora: judeus-portugueses no Brasil holandês 423
Ronaldo Vainfas
CAPÍTULO 4
De infâmia e honra: a trajetória de José Francisco de Paula Cavalcante
de Albuquerque (c. 1773-1818) 453
Guilherme Pereira das Neves
CAPÍTULO 5
Curas e hierarquias sociais no mundo luso-brasileiro do
século XVIII 483
Daniela Buono Calainho
PARTE IV
Casa(s), fronteira(s) e engenharia social 507
CAPÍTULO 2
Religião, “nação”, estatuto: os desafios de uma “dinastia” de
intérpretes hindus na Goa seiscentista 535
Jorge Flores
CAPÍTULO 3
Clérigos e castas: o clero nativo de Goa e a disputa por cargos
eclesiásticos no Estado da Índia — séculos XVII e XVIII 567
Célia Cristina da Silva Tavares
CAPÍTULO 4
Áreas proibidas e hierarquias contestadas: resistência indígena à
incorporação colonial na mata atlântica setecentista 589
Hal Langfur
CAPÍTULO 5
Adquirindo e defendendo os privilégios concedidos pela coroa no
norte do Brasil 617
Barbara A. Sommer
CAPÍTULO 6
Minha casa, minha honra: morgadios e conflito no império
português 639
Márcia Maria Menendes Motta
AGRADECIMENTOS 667
2
Idem, p. l.
10
11
3
Carlo Ginzburg, Relações de força: história, retórica, prova.
12
4
Ver trabalhos de Fernando Bouza Álvarez. Como síntese, “Comunicação, conhecimen-
to e memória na Espanha dos séculos XVI e XVII”, Cultura, Revista de história e teoria
das ideias, livros e cultura escrita, Brasil, Portugal, Espanha, vol. XIV, IIª série, 2002,
p. 105-171.
5
Serge Gruzinski, Les quatre parties du monde: histoire d’une mondialization. Cf. ��������
tam-
bém José Javier Ruiz Ibáñez e Gaetano Sabatini, “Monarchy as conquest: violence, social
opportunity, and political stability in the establishment of the Hispanic Monarchy”, The
Journal of Modern History, vol. 81, nº 3, September 2009, p. 501-536.
13
6
Jean-Frédéric Schaub, “El patriotismo durante el Antiguo Régimen: ¿práctica social o
argumento político?”, in Francisco Javier Guillamón Álvarez e Ruiz Ibáñez (orgs.), Lo
conflictivo y lo consensual en Castilla, p. 41-56.
14
15
7
Para uma cronologia da adoção de critérios raciais em Portugal, ver Maria Luiza Tucci
Carneiro, Preconceito racial em Portugal e Brasil colônia: os cristãos-novos e o mito da
pureza de sangue.
8
Para uma comparação entre as políticas de verificação genealógica inquisitorial e das
ordens militares, ver Fernanda Olival, “Rigor e interesses: os estatutos de limpeza de
sangue em Portugal”, Cadernos de Estudos Sefarditas, nº 4, 2004, p. 151-182.
16
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rato chinês, tanto quanto o “prazeiro” dos Rios de Sena aspirava a ser
considerado um chefe africano. Do lado das sociedades indígenas que ex-
perimentaram um contato continuado com portugueses e espanhóis desde
os séculos XV e XVI, vivia-se fenômeno idêntico. Do México à China,
havia quem visse vantagens em se comportar como se tivesse nascido no
Minho ou em Castela a Velha. Gente convertida ao catolicismo mudava de
nome, escrevia em português ou em castelhano, ansiando obter sinais de
aceitação social desse mundo longínquo que passava a ter por referência.
O resultado foi o aparecimento de um sem-número de mediadores e
intermediários que asseguravam a interseção de culturas e sociedades dis-
tintas.9 A negociação e a adaptação eram posturas frequentes em indivíduos
e sociedades de fronteira, mas também se identificam atitudes de recusa e
ruptura. Aliás, nem todo intermediário tornava-se um “crioulo”: as identi-
dades múltiplas corriam muitas vezes paralelas e simultâneas, dependendo
de como um indivíduo via-se a si próprio e de como era classificado pelos
outros em sociedades diversas. O exemplo do africano Domingos Álvares,
que morreu e nasceu socialmente várias vezes ao longo da vida, constitui
um bom estudo de caso setecentista: era um homem com três rostos, con-
soante se encontrasse no Benim, em Pernambuco ou em Castro Marim.10
Incidindo sobre o Brasil e a Índia nos séculos XVI-XVIII, os seis tra-
balhos que integram essa seção do livro procuram participar dessa dis-
cussão, remetendo-nos a interessantes processos de engenharia social. O
espaço, nas suas múltiplas dimensões, é o denominador comum entre
esses artigos. Espaço enquanto propriedade, posse e alargamento, que
constituía o eixo do privilégio e da honra da família Garcia d’Ávila e de
sua influentíssima casa da Torre.
Espaço enquanto casa, num sentido mais lato do que o anterior. Fala-
mos da “casa portuguesa”, imperial e católica, como se idealizava Goa de-
pois de 1510. A Goa imperial, no pensamento de Afonso de Albuquerque,
9
Para um exemplo recente de pesquisa nesta área, ver Simon Schaffer et al. (orgs.), The
brokered world: go-betweens and global intelligence, 1770-1820.
��
James Sweet, “Mistaken identities? Olaudah Equiano, Domingos Álvares, and the
methodological challenges of studying the African diaspora”, American Historical Re-
view, 114:2, April, 2009, p. 279-306.
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Os organizadores
Companhia das Índias, junho de 2010
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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