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Jefté derrotou os amonitas, mas, durante a batalha, fez um voto precipitado ao Senhor, com base no qual foi
obrigado a sacrificar sua filha querida como holocausto. Ao contrário dos deuses pagãos, Deus não deveria ser
adorado com sacrifícios humanos (Dt 32.17; Sl 106.37-38). O voto imprudente de Jefté mostra como lhe faltava
fé para liderar; sem essa fé, sua casa não seria estabelecida.[1]
Sempre que lia a passagem em questão me sentia desconfortável com a ideia de que Jefté
teria oferecido a sua filha como um holocausto. Eu pensava: “Mas Deus jamais aceitaria um
voto nestes termos!” Apesar de não aceitar tal entendimento, eu não dispunha de argumentos
exegéticos satisfatórios que fundamentassem minha discordância.
Recentemente, adquiri um livro junto à Reformation Heritage Books, de autoria do Dr. Joel R.
Beeke, intitulado Contagious Christian Living (Viver Cristão Contagiante). O primeiro capítulo
do livro é dedicado à submissão sacrificial da filha de Jefté. Gostaria de compartilhar com o
leitor do Cristão Reformado oito razões apontadas pelo Dr. Joel Beeke, que mostram que o
voto de Jefté não foi precipitado nem que ele sacrificou a sua própria filha. Mais uma vez, peço
que o leitor seja misericordioso com a tradução. Transcrevo na íntegra abaixo:
Antes de tirarmos conclusões apressadas, deixe-nos dar uma olhada mais íntima na
passagem. Quanto terminarmos, descobriremos que Jefté não fez um voto apressado e tolo, e
que ele não ofereceu a sua filha como um holocausto. Isto vai contra algumas antigas
interpretações desta história. Alguns comentaristas afirmaram que Jefté viveu em tempos
difíceis e que, indubitavelmente, foi influenciado por ideias pagãs, as quais incluíam sacrifícios
humanos e suborno aos deuses, a fim de se conseguir seus favores. De acordo com esta
antiga visão, Jefté deu vazão a estas ideias pagãs e, por isso, deve ser menosprezado.
Entretanto, examinando esta narrativa de perto, podem ser percebidas oito questões no
contexto que, tomadas em conjunto, conduzem-nos para longe daquela suposição de que Jefté
sacrificou a sua filha.
Em primeiro lugar, Jefté não era um homem precipitado. Jurar que você sacrificará qualquer
pessoa que saia de sua casa para o encontrar pode ser precipitado. Porém, Jefté já tinha
provado aos anciãos de Israel e ao rei dos Amonitas que era um homem cauteloso. Um pouco
antes, Jefté não atendeu prontamente o pedido dos anciãos para se tornar o líder de Israel,
mas, cuidadosamente, os questionou a fim de descobrir, primeiramente, os seus motivos e
intenções. Ele também não se precipitou na batalha, mas enviou mensageiros aos Amonitas
em uma tentativa de encontrar uma alternativa diplomática em vez da guerra, para pleitear a
justiça da causa de Israel.
Segundo, em suas discussões com os Amonitas, Jefté demonstrou sua familiaridade com as
Escrituras. Seguramente, então, ele devia ter conhecimento de que Levítico 18.21 e
Deuteronômio 12.29-32 proíbem o oferecimento de sacrifícios humanos – especialmente seus
próprios filhos – como uma abominação diante de Deus. Em adição, Juízes 11 está colocado
em um contexto de reforma. Israel, incluindo Jefté, tinha se arrependido e voltado para – não
para longe – o Deus vivo.
Terceiro, quando Jefté fez o seu voto, o Espírito de Deus estava sobre ele. O Espírito o
inspiraria a fazer um voto que contrariasse tão claramente a Escritura revelada pelo próprio
Espírito? Isso é difícil de acreditar, desde que a Palavra e o Espírito nunca contradizem um ao
outro. Também é difícil acreditar que Israel tivesse seguido a Jefté como um líder se ele tivesse
desobedecido a Escritura de forma tão notória e se tivesse, de fato, sacrificado a sua filha.
Quarto, olhemos mais de perto Juízes 11.31, que diz: “quem primeiro da porta da minha casa
me sair ao encontro, voltando eu vitorioso dos filhos de Amom, esse será do SENHOR, e eu o
oferecerei em holocausto”. Uma possível opção para essa tradução é lembrar que holocausto
em hebraico nem sempre significa sacrifício-sangrento. A palavra hebraica também pode
significar “total dedicação”. Neste caso, o voto de Jefté teria sido: quem sair da porta da
minha casa “será do SENHOR, e eu o oferecerei para uma completa dedicação ao SENHOR”.
Outra questão de tradução nos impede de entender a passagem corretamente. O último verso
de Juízes 11 diz que as filhas de Israel iam anualmente para “lamentar” a filha de Jefté. A
palavra traduzida aqui como “lamentar” não é traduzida deste modo em nenhum outro lugar na
Bíblia. Ao invés disso, ela é entendida como “ensaiar” ou “comemorar”. Assim, as filhas de
Israel não lamentaram a morte da filha de Jefté. Elas comemoraram sua dedicação ao serviço
de Deus, o qual envolvia a submissão total do seu coração.
Quinto, depois de derrotar os Amonitas e encontrar a filha, Jefté teve bastante tempo para
ponderar acerca do que faria. Ele concedeu à sua filha dois meses para que ela lamentasse a
sua virgindade. Você não acha que, se realmente Jefté pretendesse sacrificar a sua filha, os
sacerdotes de Siló teriam vindo até ele durante aquele tempo a fim de o lembrarem da
proibição divina relativa a sacrifício humano?
Sexto, mesmo se o voto de Jefté tivesse sido precipitado, Levítico 5.4-5 lhe oferecia a
possibilidade de se arrepender de tal voto e Levítico 27 a possibilidade de Jefté redimir a sua
filha mediante o pagamento de um resgate. Mesmo assim, Jefté recusou essas opções.
Sétimo, quando a filha de Jefté foi lamentar por dois meses, ela não lamentou a sua morte
iminente, mas sim a sua virgindade perpétua (Juízes 11.38).
Finalmente, note que Jefté é recomendado em vez de ser repreendido na Escritura. Ele
governou sobre Israel durante outros seis anos. E 1 Samuel 12.11 menciona Jefté como um
dos que mantiveram Israel a salvo. Samuel teria recomendado Jefté se ele tivesse sacrificado a
própria filha? Mais importante, Hebreus 11.32 menciona Jefté como um herói da fé em lugar de
uma figura pagã desprezível.
Em conclusão, então, Jefté não prometeu matar sua filha, mas a dedicou ao serviço de Deus,
o que envolveu o desafio notável da sua virgindade perpétua. É o que diz o versículo 39, que
ele levou a cabo o seu voto, mas não adiciona, “e ela morreu”. Ao invés disso, diz que, “ela
jamais foi possuída por varão”. Jefté cumpriu o seu voto assim porque a sua filha viveu o resto
da vida como uma virgem.
Fonte: Joel R. Beeke, Contagious Christian Living. Reformation Heritage Books and
Pryntirion Press, pp. 12-16.
[1] BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, (São Paulo: Cultura Cristã, 2009), 327. Edição Revista
e Ampliada.
[3] Joel R. Beeke, Contagious Christian Living, (Grand Rapids, MI: Reformation Heritage
Books and Brytirion Press, 2009), 12-16. Minha tradução.
http://www.cristaoreformado.com/2010/05/teria-jefte-sacrificado-propria-filha.html