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Prefeitura Municipal de Natal do Estado do Rio Grande do Norte

NATAL-RN
Auxiliar de Farmácia
Edital Nº 001/2018 – SEMAD – SMS
FV084-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Prefeitura Municipal de Natal do Estado do Rio Grande do Norte

Cargo: Auxiliar de Farmácia

(Baseado no Edital Nº 001/2018 – SEMAD – SMS)

• Língua Portuguesa
• Legislação do SUS
• Conhecimentos Específicos

Autora
Silvana Guimarães

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1. Organização do texto......................................................................................................................................................................................... 83
1.1. Propósito comunicativo............................................................................................................................................................................ 83
1.2. Tipos de texto (dialogal, descritivo, narrativo, injuntivo, explicativo e argumentativo).................................................. 85
1.3. Gêneros discursivos................................................................................................................................................................................... 86
1.4. Mecanismos coesivos................................................................................................................................................................................ 86
1.5. Fatores de coerência textual................................................................................................................................................................... 86
1.6. Progressão temática.................................................................................................................................................................................. 83
1.7. Paragrafação................................................................................................................................................................................................. 50
1.8. Citação do discurso alheio...................................................................................................................................................................... 83
1.9. Informações implícitas.............................................................................................................................................................................. 83
1.10. Linguagem denotativa e linguagem conotativa........................................................................................................................... 76
2. Conhecimento linguístico...............................................................................................................................................................................101
2.1. Variação linguística...................................................................................................................................................................................101
2.2. Classes de palavras: usos e adequações............................................................................................................................................ 07
2.3. Convenções da norma padrão (no âmbito da concordância, da regência, da ortografia e da acentuação gráfica).........44
2.4. Organização do período simples e do período composto........................................................................................................ 63
2.5. Pontuação...................................................................................................................................................................................................... 50
2.6. Relações semânticas entre palavras (sinonímia, antonímia, hiponímia e hiperonímia).................................................. 76

Legislação do SUS

1. Políticas de Saúde no Brasil: do Movimento pela Reforma Sanitária aos dias atuais............................................................... 01
2. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios doutrinários e organizativos; bases legais e normatização; e financiamento.........01
3. Política Nacional de Atenção Básica............................................................................................................................................................. 05
4. Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS)............................................................................................................................... 20
5. Redes de Atenção à Saúde (RAS) no âmbito do Sistema Único de Saúde: atributos, elementos, funções e redes prio-
ritárias............................................................................................................................................................................................................................ 22
6. Programas de avaliação dos serviços de saúde (Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica -
PMAQ; Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde – PNASS)..................................................................................... 22
7. Políticas de provimento de profissionais de saúde no SUS (Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica
- PROVAB; Programa Mais Médicos - PMM)................................................................................................................................................. 23
8. Fundamentos de Planejamento, Gestão e Avaliação em Saúde....................................................................................................... 23
9. Vigilância em Saúde............................................................................................................................................................................................ 27
10. Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente..................................................................................................................................... 35
11. Participação e Controle Social no SUS...................................................................................................................................................... 38

Conhecimentos Específicos

1. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA........................................................................................................................................................................ 01
1.1. Recepção, armazenamento, distribuição e controle de estoque de medicamentos, material médico-hospitalar e
correlatos................................................................................................................................................................................................................ 03
1.2. Sistemas de distribuição de medicamentos..................................................................................................................................... 06
1.3. Protocolo de Segurança na Prescrição, Uso e Administração de Medicamentos (Anexo 3 da Portaria MS/GM nº
2095 de 24 de setembro de 2013)............................................................................................................................................................... 09
2. LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA......................................................................................................................................................................... 27
2.1. Lei no 5.991, de 17 de dezembro de 1973 e suas atualizações................................................................................................ 27
2.2. Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998 e suas atualizações................................................................................................... 27
SUMÁRIO

2.3. Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999 e suas atualizações................................................................................................... 27


2.4. Resolução-RDC nº 20, de 5 de maio de 2011 e suas atualizações.......................................................................................... 27
2.5. Resolução-RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007 e suas atualizações................................................................................... 27
2.6. Resolução nº 44, de 17 de agosto de 2009 e suas atualizações.............................................................................................. 27
3. FARMACOLOGIA................................................................................................................................................................................................... 28
3.1. Conceitos básicos em farmacologia e toxicologia (fármaco, medicamento, remédio, denominação comum brasi-
leira e reação adversa a medicamentos).................................................................................................................................................... 29
3.2. Classes terapêuticas do componente básico da Relação Nacional de Medicamentos................................................... 46
3.3. Vias de administração de medicamentos (oral, retal, tópico e parenteral).......................................................................... 51
4. FARMACOTÉCNICA.............................................................................................................................................................................................. 53
4.1. Formas farmacêuticas: sólidas, semi-sólidas, líquidas, retais, vaginais, oftálmicas, auriculares e parenterais................. 55
4.2. Operações farmacêuticas: pesagem e medição de volume de líquidos, fracionamento............................................... 60
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

12
LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

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LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

34
LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

44
LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

50
LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

57
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

64
LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

77
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

82
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


de uma frase ou de um texto:
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

90
LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

92
LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

94
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
memorando, pois se trata de comunicação interna - des-
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática


consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

97
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

98
LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

99
LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

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LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

106
LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
Realizei a correção nos itens:
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
LEGISLAÇÃO DO SUS

1. Políticas de Saúde no Brasil: do Movimento pela Reforma Sanitária aos dias atuais............................................................... 01
2. Sistema Único de Saúde (SUS): princípios doutrinários e organizativos; bases legais e normatização; e financiamento.........01
3. Política Nacional de Atenção Básica............................................................................................................................................................. 05
4. Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS)............................................................................................................................... 20
5. Redes de Atenção à Saúde (RAS) no âmbito do Sistema Único de Saúde: atributos, elementos, funções e redes prio-
ritárias............................................................................................................................................................................................................................ 22
6. Programas de avaliação dos serviços de saúde (Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica -
PMAQ; Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde – PNASS)..................................................................................... 22
7. Políticas de provimento de profissionais de saúde no SUS (Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica
- PROVAB; Programa Mais Médicos - PMM)................................................................................................................................................. 23
8. Fundamentos de Planejamento, Gestão e Avaliação em Saúde....................................................................................................... 23
9. Vigilância em Saúde............................................................................................................................................................................................ 27
10. Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente..................................................................................................................................... 35
11. Participação e Controle Social no SUS...................................................................................................................................................... 38
LEGISLAÇÃO DO SUS

Principais leis
1. POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: DO
MOVIMENTO PELA REFORMA SANITÁRIA AOS Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saú-
DIAS ATUAIS. de é direito de todos e dever do Estado, garantido median-
te políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção,
O movimento da Reforma Sanitária nasceu no contexto proteção e recuperação”. Determina ao Poder Público sua
da luta contra a ditadura, no início da década de 1970. A ex- “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações e
pressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias que se os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e
tinha em relação às mudanças e transformações necessárias hierarquizada e constituem um sistema único”; define suas
na área da saúde. Essas mudanças não abarcavam apenas o diretrizes, atribuições, fontes de financiamento e, ainda,
sistema, mas todo o setor saúde, em busca da melhoria das como deve se dar a participação da iniciativa privada.
condições de vida da população.
Grupos de médicos e outros profissionais preocupados Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990:
com a saúde pública desenvolveram teses e integraram dis- Regulamenta, em todo o território nacional, as ações do
cussões políticas. Este processo teve como marco institucio- SUS, estabelece as diretrizes para seu gerenciamento e
nal a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. descentralização e detalha as competências de cada esfe-
Entre os políticos que se dedicaram a esta luta está o sanita- ra governamental. Enfatiza a descentralização político-ad-
rista Sergio Arouca. ministrativa, por meio da municipalização dos serviços e
As propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmen- das ações de saúde, com redistribuição de poder, compe-
te, na universalidade do direito à saúde, oficializado com a tências e recursos, em direção aos municípios. Determina
Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único como competência do SUS a definição de critérios, valores
de Saúde (SUS). e qualidade dos serviços. Trata da gestão financeira; define
Fonte: https://pensesus.fiocruz.br/reforma-sanitaria o Plano Municipal de Saúde como base das atividades e da
programação de cada nível de direção do SUS e garante
a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos
públicos e privados contratados e conveniados.
2. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS): Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a parti-
PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E cipação das comunidades na gestão do SUS, sobre as
ORGANIZATIVOS; BASES LEGAIS E transferências de recursos financeiros entre União, estados,
NORMATIZAÇÃO; E FINANCIAMENTO. Distrito Federal e municípios na área da saúde e dá outras
providências. Institui as instâncias colegiadas e os instru-
mentos de participação social em cada esfera de governo.

Responsabilização Sanitária
Princípios do SUS: São conceitos que orientam o SUS,
previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e no Desenvolver responsabilização sanitária é estabele-
artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º 8.080/1990. Os principais são: cer claramente as atribuições de cada uma das esferas de
gestão da saúde pública, assim como dos serviços e das
Universalidade: significa que o SUS deve atender a to- equipes que compõem o SUS, possibilitando melhor pla-
dos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção nejamento, acompanhamento e complementaridade das
necessária, sem qualquer custo; ações e dos serviços. Os prefeitos, ao assumir suas respon-
Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária sabilidades, devem estimular a responsabilização junto aos
à saúde da população, promovendo ações contínuas de pre- gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do
venção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em processo de pactuação, no âmbito regional.
quaisquer níveis de complexidade;
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços Responsabilização Macro sanitária
com justiça, de acordo com as necessidades de cada um, ca-
nalizando maior atenção aos que mais necessitam; O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde
Participação social: é um direito e um dever da socie- de seus munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos
dade participar das gestões públicas em geral e da saúde resultados, buscando reduzir os riscos, a mortalidade e as
pública em particular; é dever do Poder Público garantir as doenças evitáveis, a exemplo da mortalidade materna e in-
condições para essa participação, assegurando a gestão co- fantil, da hanseníase e da tuberculose. Para isso, tem de se
munitária do SUS; e responsabilizar pela oferta de ações e serviços que promo-
Descentralização: é o processo de transferência de res- vam e protejam a saúde das pessoas, previnam as doenças
ponsabilidades de gestão para os municípios, atendendo e os agravos e recuperem os doentes. A atenção básica à
às determinações constitucionais e legais que embasam saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como
o SUS, definidor de atribuições comuns e competências responsabilidade primeira e intransferível a todos os ges-
específicas à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos tores. O cumprimento dessas responsabilidades exige que
municípios. assumam as atribuições de gestão, incluindo:

1
LEGISLAÇÃO DO SUS

- execução dos serviços públicos de responsabilidade Espaços regionais: A implementação de espaços re-
municipal; gionais de pactuação, envolvendo os gestores municipais e
- destinação de recursos do orçamento municipal e uti- estaduais, é uma necessidade para o aperfeiçoamento do
lização do conjunto de recursos da saúde, com base em SUS. Os espaços regionais devem-se organizar a partir das
prioridades definidas no Plano Municipal de Saúde; necessidades e das afinidades específicas em saúde exis-
- planejamento, organização, coordenação, controle e tentes nas regiões.
avaliação das ações e dos serviços de saúde sob gestão
municipal; e Descentralização
- participação no processo de integração ao SUS, em
âmbito regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos O princípio de descentralização que norteia o SUS se
o acesso a serviços de maior complexidade, não disponí- dá, especialmente, pela transferência de responsabilidades
veis no município. e recursos para a esfera municipal, estimulando novas com-
petências e capacidades político-institucionais dos ges-
Responsabilização Micro sanitária tores locais, além de meios adequados à gestão de redes
assistenciais de caráter regional e macro regional, permitin-
É determinante que cada serviço de saúde conheça o do o acesso, a integralidade da atenção e a racionalização
território sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades de recursos. Os estados e a União devem contribuir para a
da rede básica devem estabelecer uma relação de compro- descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
misso com a população a ela adstrita e cada equipe de re- financeira para o processo de municipalização.
ferência deve ter sólidos vínculos terapêuticos com os pa-
cientes e seus familiares, proporcionando-lhes abordagem Regionalização: consensos e estratégias - As ações
integral e mobilização dos recursos e apoios necessários à e os serviços de saúde não podem ser estruturados ape-
recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando nas na escala dos municípios. Existem no Brasil milhares
da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica de pequenas municipalidades que não possuem em seus
ou de outra área especializada) e o tempo de espera para territórios condições de oferecer serviços de alta e média
essa transferência não pode representar uma interrupção complexidade; por outro lado, existem municípios que
do atendimento: a equipe de referência deve prosseguir apresentam serviços de referência, tornando-se polos re-
com o projeto terapêutico, interferindo, inclusive, nos cri- gionais que garantem o atendimento da sua população e
térios de acesso. de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais,
Instâncias de Pactuação são frequentes os intercâmbios de serviços entre cidades
próximas, mas de estados diferentes. Por isso mesmo, a
São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos construção de consensos e estratégias regionais é uma so-
onde ocorrem o planejamento, a negociação e a imple- lução fundamental, que permitirá ao SUS superar as restri-
mentação das políticas de saúde pública. As decisões se ções de acesso, ampliando a capacidade de atendimento e
dão por consenso (e não por votação), estimulando o de-
o processo de descentralização.
bate e a negociação entre as partes.
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As
ações e serviços de saúde de menor grau de complexida-
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na di-
de são colocadas à disposição do usuário em unidades de
reção nacional do SUS, formada por composição paritária
saúde localizadas próximas de seu domicílio. As ações es-
de 15 membros, sendo cinco indicados pelo Ministério da
pecializadas ou de maior grau de complexidade são alcan-
Saúde, cinco pelo Conselho Nacional de Secretários Esta-
çadas por meio de mecanismos de referência, organizados
duais de Saúde (Conass) e cinco pelo Conselho Nacional
de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). A repre- pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: O
sentação de estados e municípios nessa Comissão é, por- usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do
tanto regional: um representante para cada uma das cinco município ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar
regiões existentes no País. ser atendido com um problema de saúde mais complexo,
ele é referenciado, isto é, encaminhado para o atendimen-
Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São consti- to em uma instância do SUS mais elevada, especializada.
tuídas paritariamente por representantes do governo esta- Quando o problema é mais simples, o cidadão pode ser
dual, indicados pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos contra referenciado, isto é, conduzido para um atendimen-
secretários municipais de saúde, indicados pelo órgão de to em um nível mais primário.
representação do conjunto dos municípios do Estado, em
geral denominado Conselho de Secretários Municipais de Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde muni-
Saúde (Cosems). Os secretários municipais de Saúde costu- cipal
mam debater entre si os temas estratégicos antes de apre-
sentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também É responsabilidade do gestor municipal desenvolver
instâncias de articulação política entre gestores municipais o processo de planejamento, programação e avaliação da
de saúde, sendo de extrema importância a participação saúde local, de modo a atender as necessidades da po-
dos gestores locais nesse espaço. pulação de seu município com eficiência e efetividade. O
Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orientar as ações na

2
LEGISLAÇÃO DO SUS

área, incluindo o orçamento para a sua execução. Um ins- As Unidades Básicas são prioridades porque, quando
trumento fundamental para nortear a elaboração do PMS as Unidades Básicas de Saúde funcionam adequadamente,
é o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal a comunidade consegue resolver com qualidade a maio-
de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do ria dos seus problemas de saúde. É comum que a primeira
PMS, em função da análise da realidade e dos problemas preocupação de muitos prefeitos se volte para a reforma
de saúde locais, assim como dos recursos disponíveis. No ou mesmo a construção de hospitais. Para o SUS, todos os
PMS, devem ser descritos os principais problemas da saúde níveis de atenção são igualmente importantes, mas a prá-
pública local, suas causas, consequências e pontos críticos. tica comprova que a atenção básica deve ser sempre prio-
ritária, porque possibilita melhor organização e funciona-
Além disso, devem ser definidos os objetivos e metas a se-
mento também dos serviços de média e alta complexidade.
rem atingidos, as atividades a serem executadas, os crono-
Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos
gramas, as sistemáticas de acompanhamento e de avalia-
prontos socorros e hospitais, o consumo abusivo de me-
ção dos resultados. dicamentos e o uso indiscriminado de equipamentos de
alta tecnologia. Isso porque os problemas de saúde mais
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: comuns passam a ser resolvidos nas Unidades Básicas de
O SUS opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas Saúde, deixando os ambulatórios de especialidades e hos-
de informações estratégicas para que os gestores avaliem pitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta em
e fundamentem o planejamento e a tomada de decisões, maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos
abrangendo: indicadores de saúde; informações de assis- recursos existentes.
tência à saúde no SUS (internações hospitalares, produção
ambulatorial, imunização e atenção básica); rede assisten- Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão.
cial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local de in- É parte da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério
ternação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas da Saúde para reorganização da atenção básica no País,
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, com recursos financeiros específicos para o seu custeio.
informações demográficas, epidemiológicas e socioeconô- Cada equipe é composta por um conjunto de profissionais
micas. Caminha-se rumo à integração dos diversos siste- (médico, enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes
mas informatizados de base nacional, que podem ser aces- comunitários de saúde, podendo agora contar com profis-
sados no site do Datasus. Nesse processo, a implantação sional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação
de saúde de determinada área, cuja população deve ser
do Cartão Nacional de Saúde tem papel central. Cabe aos
de no mínimo 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa po-
prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de informa-
pulação deve ser cadastrada e acompanhada, tornando-se
ções essenciais à gestão da saúde do seu município. responsabilidade das equipes atendê-la, entendendo suas
necessidades de saúde como resultado também das condi-
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado ções sociais, ambientais e econômicas em que vive. Os pro-
com a saúde em níveis de atenção, que são de básica, mé- fissionais é que devem ir até suas casas, porque o objetivo
dia e alta complexidade. Essa estruturação visa à melhor principal da Saúde da Família é justamente aproximar as
programação e planejamento das ações e dos serviços do equipes das comunidades e estabelecer entre elas vínculos
sistema de saúde. Não se deve, porém, desconsiderar al- sólidos.
gum desses níveis de atenção, porque a atenção à saúde
deve ser integral. A saúde municipal precisa ser integral. O município é
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível responsável pela saúde de sua população integralmente,
de atenção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ou seja, deve garantir que ela tenha acessos à atenção bá-
ações que engloba promoção, prevenção, diagnóstico, tra- sica e aos serviços especializados (de média e alta comple-
tamento e reabilitação. Desenvolve-se por meio de práticas xidade), mesmo quando localizados fora de seu território,
gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a controlando, racionalizando e avaliando os resultados ob-
forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de tidos.
territórios delimitados, pelos quais assumem responsabi- Só assim estará promovendo saúde integral, como de-
termina a legislação. É preciso que isso fique claro, porque
lidade.
muitas vezes o gestor municipal entende que sua responsa-
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa
bilidade acaba na atenção básica em saúde e que as ações
densidade, objetivando solucionar os problemas de saú-
e os serviços de maior complexidade são responsabilidade
de de maior frequência e relevância das populações. É o do Estado ou da União – o que não é verdade.
contato preferencial dos usuários com o sistema de saúde. A promoção da saúde é uma estratégia por meio da
Deve considerar o sujeito em sua singularidade, comple- qual os desafios colocados para a saúde e as ações sanitá-
xidade, inteireza e inserção sociocultural, além de buscar rias são pensados em articulação com as demais políticas e
a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de práticas sanitárias e com as políticas e práticas dos outros
doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que pos- setores, ampliando as possibilidades de comunicação e in-
sam comprometer suas possibilidades de viver de modo tervenção entre os atores sociais envolvidos (sujeitos, insti-
saudável. tuições e movimentos sociais). A promoção da saúde deve

3
LEGISLAÇÃO DO SUS

considerar as diferenças culturais e regionais, entendendo ções a todos os governantes. A Constituição Federal define
os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas his- os gastos mínimos em saúde, por esfera de governo, e a
tórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se re- legislação sanitária, os critérios para as transferências in-
lacionar com o espaço em que vivem. Significa comprome- tergovernamentais e alocação de recursos financeiros. Essa
ter-se com os sujeitos e as coletividades para que possuam, vinculação das receitas objetiva preservar condições míni-
cada vez mais, autonomia e capacidade para manejar os mas e necessárias ao cumprimento das responsabilidades
limites e riscos impostos pela doença, pela constituição sanitárias e garantir transparência na utilização dos recur-
genética e por seu contexto social, político, econômico e sos disponíveis. A responsabilização fiscal e sanitária de
cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o desafio da cada gestor e servidor público deve ser compartilhada por
intersetorialidade, com a convocação de outros setores so- todos os entes e esferas governamentais, resguardando
ciais e governamentais para que considerem parâmetros suas características, atribuições e competências. O desafio
sanitários, ao construir suas políticas públicas específicas, primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal,
possibilitando a realização de ações conjuntas. é avançar na transformação dos preceitos constitucionais
e legais que constituem o SUS em serviços e ações que
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um assegurem o direito à saúde, como uma conquista que se
país com as dimensões do Brasil, com realidades regionais realiza cotidianamente em cada estabelecimento, equipe e
bastante diversificadas, a vigilância em saúde é um grande prática sanitária. É preciso inovar e buscar, coletiva e criati-
desafio. Apesar dos avanços obtidos, como a erradicação vamente, soluções novas para os velhos problemas do nos-
da poliomielite, desde 1989, e com a interrupção da trans- so sistema de saúde. A construção de espaços de gestão
missão de sarampo, desde 2000, convivemos com doenças que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
transmissíveis que persistem ou apresentam incremento na crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja,
incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as meningites, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida.
a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose e Muitos municípios operam suas ações e serviços de
a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade saúde em condições desfavoráveis, dispondo de recursos
por causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, financeiros e equipes insuficientes para atender às deman-
homicídios e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e
das dos usuários, seja em volume, seja em complexidade
população em idade produtiva. Nesse contexto, o Ministé-
– resultado de uma conjuntura social de extrema desigual-
rio da Saúde com o objetivo de integração, fortalecimento
dade. Nessas situações, a gestão pública em saúde deve
da capacidade de gestão e redução da morbimortalidade,
adotar condução técnica e administrativa compatível com
bem como dos fatores de risco associados à saúde, expan-
os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve es-
de o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as
tabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados
áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e
por análises sistemáticas das necessidades em saúde, veri-
doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigi-
ficadas junto à população. É um desafio que exige vontade
lância ambiental em saúde e a análise de situação de saúde.
política, propostas inventivas e capacidade de governo.
Competências municipais na vigilância em saúde A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
compartilham as responsabilidades de promover a articu-
Compete aos gestores municipais, entre outras atribui- lação e a interação dentro do Sistema Único de Saúde –
ções, as atividades de notificação e busca ativa de doenças SUS, assegurando o acesso universal e igualitário às ações
compulsórias, surtos e agravos inusitados; investigação de e serviços de saúde.
casos notificados em seu território; busca ativa de decla- O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierar-
ração de óbitos e de nascidos vivos; garantia a exames la- quizado, que integra o conjunto das ações de saúde da
boratoriais para o diagnóstico de doenças de notificação União, Estados, Distrito Federal e Municípios, onde cada
compulsória; monitoramento da qualidade da água para o parte cumpre funções e competências específicas, porém
consumo humano; coordenação e execução das ações de articuladas entre si, o que caracteriza os níveis de gestão
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações do SUS nas três esferas governamentais.
de bloqueio); vigilância epidemiológica; monitoramento da Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamen-
mortalidade infantil e materna; execução das ações básicas tado pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica
de vigilância sanitária; gestão e/ou gerência dos sistemas da Saúde, e pela Lei nº 8.142/90, que trata da participa-
de informação epidemiológica, no âmbito municipal; coor- ção da comunidade na gestão do Sistema e das transfe-
denação, execução e divulgação das atividades de informa- rências intergovernamentais de recursos financeiros, o SUS
ção, educação e comunicação de abrangência municipal; tem normas e regulamentos que disciplinam as políticas e
participação no financiamento das ações de vigilância em ações em cada Subsistema.
saúde e capacitação de recursos. A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do
planejamento e controle da execução das ações e serviços
Desafios públicos, responsabilidades compartilha- de saúde. Essa participação se dá por intermédio dos Con-
das: A legislação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal selhos de Saúde, presentes na União, nos Estados e Muni-
(LRF) e legislação sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 cípios.
e 8.142/1990 – estabelece prerrogativas, deveres e obriga-

4
LEGISLAÇÃO DO SUS

Níveis de Gestão do SUS do Saúde da Família, tem sua gestão na Coordenação de


Acompanhamento e Avaliação/DAB/SAS (CAA/DAB/SAS),
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formu- cuja missão é monitorar e avaliar a atenção básica, instru-
lação da política estadual de saúde, coordenação e planeja- mentalizando a gestão e fomentar /consolidar a cultura
mento do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações avaliativa nas três instâncias de gestão do SUS. A disponi-
e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de bilização da base de dados do SIAB na internet, faz parte
recursos públicos arrecadados. das ações estratégicas da política definida pelo Ministério
da Saúde com o objetivo de fornecer informações que sub-
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde sidiem a tomada de decisão pelos gestores do SUS, e a
- Formulação da política municipal de saúde e a provisão instrumentalização pelas instâncias de Controle Social, pu-
das ações e serviços de saúde, financiados com recursos blicizando, assim, os dados para o uso de todos os atores
próprios ou transferidos pelo gestor federal e/ou estadual envolvidos na consolidação do SUS.
do SUS. Atualmente, para que o sistema se transforme, de fato,
num sistema que permita o monitoramento e favoreça a
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de avaliação da atenção básica, o Departamento de Atenção
Saúde - Formulação de políticas nacionais de saúde, pla- Básica/SAS em conjunto com o Departamento de Informa-
nejamento, normalização, avaliação e controle do SUS em ção e Informática do SUS/Datasus/SE vem investindo em
nível nacional. Financiamento das ações e serviços de saú- sua reformulação, articulada com os demais sistemas de
de por meio da aplicação/distribuição de recursos públicos informação dos outros níveis de atenção. Este processo
arrecadados. está envolvendo todas as áreas técnicas do MS que im-
plementam ações básicas de saúde e, posteriormente, será
discutido nas instâncias de deliberação do SUS. A conclu-
são do desenvolvimento do sistema está prevista para o 1º
semestre de 2004.
3. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA.
O Programa de Saúde da Família foi idealizado para
aproximar os serviços de saúde da população. Para cumprir
o princípio constitucional do Estado de garantir ao cidadão
Sistema de Informação da Atenção Básica seu direito de receber atenção integral à saúde - com prio-
ridade para as atividades preventivas, mas sem prejuízo dos
O Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB foi serviços assistenciais - e para permitir que os responsáveis
implantado em 1998 em substituição ao Sistema de Infor- pela oferta dos serviços de saúde, os gestores do SUS,
mação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde aprofundem o conhecimento sobre aqueles a quem devem
- SIPACS, pela então Coordenação da Saúde da Comunida- servir. 56 mil agentes comunitários devidamente treinados
de/Secretaria de Assistência à Saúde, hoje Departamento já visitam com regularidade 8.400.000 domicílios em todo
de Atenção Básica/Secretaria de Atenção à Saúde, em con- o país. Até o fim de 1998 este número duplicará formando
junto com o Departamento de Informação e Informática um verdadeiro batalhão da saúde. Para complementar o
do SUS/Datasus/SE, para o acompanhamento das ações e trabalho dos agentes, o Ministério da Saúde criou o Pro-
dos resultados das atividades realizadas pelas equipes do grama de Saúde na Família em 1994.
Programa Saúde da Família - PSF. Um trabalho do porte do que é feito pelo Programa de
O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial Saúde na Família tem gerado uma quantidade significativa
dos Sistemas Locais de Saúde e incorporou em sua for- de dados. Com o crescimento do número de equipes - e,
mulação conceitos como território, problema e responsa- consequentemente, das famílias acompanhadas, o material
bilidade sanitária, completamente inserido no contexto de recolhido e arquivado manualmente já se demonstrava in-
reorganização do SUS no país, o que fez com que assumis- suficiente para o aproveitamento dos dados coletados. Por
se características distintas dos demais sistemas existentes. esta razão a equipe da COSAC - Coordenação de Saúde da
Tais características significaram avanços concretos no cam- Comunidade, da Secretaria de Assistência à Saúde do Mi-
po da informação em saúde. Dentre elas, destacamos: nistério da Saúde, solicitou ao DATASUS o desenvolvimento
- micro-espacialização de problemas de saúde e de de um sistema especial para gerenciamento das informa-
avaliação de intervenções; ções obtidas nas visitas às comunidades. O SIAB - Siste-
- utilização mais ágil e oportuna da informação; ma de Informações de Atenção Básica é a resposta a essa
- produção de indicadores capazes de cobrir todo o demanda. Ele produz relatórios que auxiliarão as próprias
ciclo de organização das ações de saúde a partir da identi- equipes, as unidades básicas de saúde às quais estão liga-
ficação de problemas; das e os gestores municipais a acompanharem o trabalho e
- consolidação progressiva da informação, partindo de avaliarem a sua qualidade.
níveis menos agregados para mais agregados. Os relatórios que o SIAB emite permitirão conhecer
Por meio do SIAB obtêm-se informações sobre cadas- a realidade sócio-sanitária da população acompanhada,
tros de famílias, condições de moradia e saneamento, si- avaliar a adequação dos serviços de saúde oferecidos - e
tuação de saúde, produção e composição das equipes de readequá-los, sempre que necessário - e, por fim, melho-
saúde. Principal instrumento de monitoramento das ações rar a qualidade dos serviços de saúde. O SIAB aprofunda

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LEGISLAÇÃO DO SUS

e aprimora pontos fundamentais do SIPACS - Sistema de Microárea - o espaço geográfico delimitado onde re-
Informação do PACS - mas mantém a lógica central de seu sidem cerca de 400 a 750 pessoas e corresponde à área de
funcionamento, que tem como referência uma determina- atuação de um agente comunitário de saúde (ACS).
da base populacional. O SIAB amplia o leque de informa-
ções, com novos instrumentos de coleta e de consolidação Área - o conjunto de microáreas sob a responsabili-
que permitirão sua utilização por toda a equipe de saúde dade de uma equipe de saúde. A composição da equipe
da unidade básica. de saúde e as coberturas assistenciais variam de acordo
com o modelo de atenção adotado e a área pode assumir
Conceitos Básicos diversas configurações:
- Área, no Programa de Agentes Comunitários de Saú-
Para o correto preenchimento das fichas e relatórios de (PACS) - é o conjunto de microáreas cobertas por uma
que compõem o SIAB, destacamos abaixo alguns conceitos equipe do PACS (1 instrutor/supervisor e, no máximo, 30
necessários aos que manipularão este sistema de informa- agentes comunitários de saúde) dentro de um mesmo seg-
ção. mento territorial. Neste caso, embora as microáreas sejam
referenciadas geograficamente, elas nem sempre são con-
Modelo de Atenção - é o resultado da combinação de tíguas.
tecnologias empregadas para assistência à saúde de uma
- Área, no Programa de Saúde da Família (PSF) - é o
dada população. O usuário do SIAB deverá identificar o
conjunto de microáreas contíguas sob a responsabilidade
modelo de atenção à saúde utilizado pelo município:
de uma equipe de saúde da família, onde residem em torno
de 2.400 a 4.500 pessoas.
- Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS), - Outros (demanda espontânea, oferta programática
- Programa de Saúde da Família (PSF) ou etc.) - nos modelos de atenção onde não há a adscrição
- Outro - Como outro compreende-se qualquer moda- de clientela por território, os dados coletados referem-se à
lidade de atenção básica diferente do modelo do PACS e população atendida na unidade de saúde. É muito comum
do PSF (demanda espontânea, oferta programática, entre haver uma área de abrangência para cada unidade de saú-
outros). de, mesmo não se tendo uma definição territorial formal.

Família - é o conjunto de pessoas ligadas por laços Segmento Territorial - o segmento é um conjunto de
de parentesco, dependência doméstica ou normas de con- áreas contíguas que pode corresponder à delimitação de
vivência que residem na mesma unidade domiciliar. Inclui um Distrito Sanitário, de uma Zona de Informação do IBGE
empregado(a) doméstico(a) que reside no domicílio, pen- ou a outro nível de agregação importante para o plane-
sionistas e agregados (BRASIL, 1988). jamento e avaliação em saúde no Município. É a divisão
territorial utilizada para a análise espacial dos dados em um
Domicílio - designa o “local de moradia estrutural- determinado município.
mente separado e independente, constituído por um ou
mais cômodos”. A separação fica caracterizada quando o Procedimentos Básicos
local de moradia é limitado por paredes (muros ou cer-
cas, entre outros) e coberto por um teto que permita que Para a utilização do SIAB em toda sua capacidade, o
seus moradores se isolem e cujos residentes arcam com município precisa:
parte ou todas as suas despesas de alimentação ou mo-
radia. Considera-se independente o local de moradia que Definir os segmentos territoriais, indicando quais
tem acesso direto e que permite a entrada e a saída de são urbanos ou rurais, e atribuir-lhes códigos sequenciais
seus moradores sem a passagem por local de moradia de de dois algarismos.
outras pessoas.
- Em casa de cômodos (cortiços), considera-se como
Definir as áreas de abrangência de cada equipe
um domicílio cada unidade residencial.
(PACS ou PSF) e atribuir-lhes códigos sequenciais com três
- Também são considerados domicílios: prédio em
algarismos.
construção, embarcação, carroça, vagão, tenda, gruta e ou-
tros locais que estejam servindo de moradia para a família
(BRASIL, 1998). Identificar o modelo de atenção à saúde existente
em cada área: Programa de Agentes Comunitários de Saúde
Peridomicílio - é o espaço externo próximo à casa e (PACS), Programa de Saúde da Família (PSF) ou outro (aten-
que inclui os seus anexos. dimento à demanda espontânea, oferta organizada etc.):
Anexos - é a unidade de construção, permanente ou
não, peridomiciliar, que sirva de abrigo para animais ou - Município com o SIAB informatizado: ao cadastrar
para depósito, assim como todas as demais dependências a equipe é necessário registrar a informação sobre o mode-
externas no peridomicílio, contíguas à casa. lo de atenção no campo correspondente.

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LEGISLAÇÃO DO SUS

- Município com o SIAB ainda não-informatizado: Utilização dos Instrumentos


mensalmente a Secretaria Municipal de Saúde deve con-
solidar os dados das diversas áreas nos relatórios SSA4 e O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
PMA4, discriminando-as segundo o modelo de atenção e utiliza os seguintes instrumentos do SIAB para o cadastra-
a zona (urbana e rural) para análises posteriores, e enviar mento das famílias (ficha A e relatórios A1, A2, A3 e A4):
estes relatórios para a Secretaria Estadual de Saúde (regio- - as fichas de acompanhamento de gestantes e das
nal de saúde ou nível central), responsável pela digitação. crianças (fichas B-GES e C);
- a ficha de registro de atividades, procedimentos e no-
Identificar a Unidade de Saúde a qual está vincula- tificações (ficha D); e
da a equipe de saúde, registrando o código utilizado no - os relatórios de situação de saúde e acompanhamen-
Sistema de Informações Ambulatoriais - SIA/SUS. No Pro- to das famílias (relatórios SSA2 e SSA4).
grama de Saúde da Família e em outros modelos de aten- - nos locais onde os agentes comunitários de saúde
ção, a unidade a ser registrada é a de atuação da equipe do PACS acompanharem sistematicamente os hipertensos,
os diabéticos e os pacientes com tuberculose ou hanse-
de saúde. No Programa de Agentes Comunitários de Saúde,
níase, sugere-se a utilização das fichas B-HA, B-DIA, B-TB
deve-se registrar a unidade de referência na qual estão ca-
e B-HAN, respectivamente, instrumentos específico de
dastrados os agentes comunitários e o instrutor/supervisor.
acompanhamento destes grupos.
- os relatórios PM2 e PM4.
Definir as microáreas de atuação dos agentes comu-
nitários de saúde e atribuir códigos sequenciais com dois O modelo de atenção classificado como outro pode
algarismos para cada uma delas, dentro de cada área. utilizar os instrumentos do SIAB de diversos modos:
- se o município optar por fazer adscrição de clientela
Cadastrar as famílias de cada microárea e atribuir a por microáreas e/ou áreas e realizar o cadastro das famílias,
cada uma delas, códigos sequenciais com três algarismos, mesmo não adotando o PACS ou o PSF como estratégia de
dentro de cada microárea. oferta de serviços, poderá utilizar:
a) a ficha de cadastro (Ficha A) e seus relatórios (A1,
INSTRUMENTOS A2, A3 e A4);
b) a ficha de registro de atividades, procedimentos e
O SIAB é um sistema idealizado para agregar e para notificações (ficha D); e
processar as informações sobre a população visitada. Estas c) os relatórios de produção e marcadores para avalia-
informações são recolhidas em fichas de cadastramento e ção (PMA2 e PMA4).
de acompanhamento e analisadas a partir dos relatórios de
consolidação dos dados. Não serão utilizadas as Fichas B (GES, HA, DIA, TB, HA)
e Ficha C, que são específicas para o registro de acompanha-
São instrumentos de coleta de dados: mento domiciliar.
- cadastramento das famílias - Ficha A; - caso o município não faça a adscrição da clientela
- acompanhamento de gestantes - Ficha B-GES; nem cadastro das famílias, poderão ser usados apenas:
- acompanhamento de hipertensos - Ficha B-HA; a) a ficha de registro de atividades, procedimentos e
- acompanhamento de diabéticos - Ficha B-DIA; notificações (ficha D); e
- acompanhamento de pacientes com tuberculose - Fi- b) os relatórios de produção e marcadores para avalia-
cha B-TB; ção (PMA2 e PMA4).
- acompanhamento de pacientes com hanseníase - Fi-
Ficha A
cha B-HAN;
Ficha para Cadastramento das Famílias
- acompanhamento de crianças - Ficha C (Cartão da
Criança);
A Ficha A é preenchida nas primeiras visitas que o
- registro de atividades, procedimentos e notificações
Agente Comunitário de Saúde (ACS) faz às famílias de sua
- Ficha D. comunidade. Deve ser preenchida uma ficha por família. As
informações recolhidas - identificação da família, cadastro
São instrumentos de consolidação dos dados: de todos os seus membros, situação de moradia e outras
- relatórios de consolidado anual das famílias cadastra- informações adicionais - permitem à equipe de saúde co-
das - Relatórios A1, A2, A3 e A4; nhecer as condições de vida das pessoas da sua área de
- relatório de situação de saúde e acompanhamento abrangência e melhor planejar suas intervenções.
das famílias - Relatório SSA2 e SSA4; - Todos os dados desta ficha devem ser atualizados
- relatórios de produção e marcadores para avaliação sempre que houver alteração. O ACS deve estar atento para
- Relatório PMA2 e PMA4. Os números 1, 2, 3 e 4 nos rela- registrar, todo mês, a ocorrência de nascimentos, mortes e
tórios indicam os níveis de agregação correspondentes: mi- mudanças de atividade profissional (ocupação) dos mem-
croárea (1), área (2), segmento (3) e município (4). bros da família e as condições de moradia e saneamento.
- Onde o sistema estiver informatizado, as alterações

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LEGISLAÇÃO DO SUS

registradas pelo ACS devem ser incluídas imediatamen- Toda família que tenha uma criança menor de cinco anos,
te no banco de dados, de forma a permitir sua contínua acompanhada por uma unidade de saúde deve possuir
atualização. Caso contrário, a consolidação dos dados do este Cartão. É ele que servirá como fonte básica dos dados
cadastramento deve ser realizada anualmente, no mês de que serão coletados pelos ACS.
janeiro, através do preenchimento dos Relatórios A1, A2, Para as crianças menores de 2 anos o ACS deve utilizar,
A3 e A4. como base para a coleta dos dados, o Cartão da Crian-
- Toda vez que cadastrar ou desligar uma família, o ça que está de posse da família, transcrevendo para o seu
agente deve levar a Ficha A para a reunião mensal para dis- cartão-sombra os dados registrados no Cartão da Criança.
cutir com o instrutor/supervisor. Neste caso, o número de Caso a família não tenha o Cartão, o ACS deverá preen-
famílias cadastradas deve ser alterado nos Relatórios SSA-2 cher o cartão-sombra com base nas informações referidas
e SSA-4 e, onde o sistema estiver informatizado, os dados e orientar a família a procurar a unidade de saúde de refe-
da família devem ser incluídos ou excluídos do banco de rência para providenciar a 2ª via.
dados.
Companhamento Domiciliar Cartão-sombra é a cópia do cartão da criança que fica
com o ACS
As fichas do grupo B (B-GES, B-HA, B-DIA, B-TB e
B-HAN) e a ficha C são utilizadas para o acompanhamento Ficha C - Orientação para Preenchimento
domiciliar dos grupos prioritários para monitoramento. A
cada visita mensal os dados destas fichas devem ser atua- A frente do Cartão da Criança destina-se à coleta de in-
lizados. O ACS deve guardar consigo as fichas de acompa- formações acerca da identificação da criança, sobre o tipo
nhamento e o instrutor/supervisor deve revisá-las perio- do parto e condições da criança ao nascer, devendo ser
dicamente. Sempre que cadastrar um caso novo, o agente preenchidos os seguintes dados:
comunitário de saúde deve discutir com o instrutor/super- Nome da criança - nome completo da criança.
visor o acompanhamento do mesmo. Nome da mãe - nome completo da mãe da criança.
Nome do pai - nome completo do pai da criança.
Campos iniciais de todas as fichas B - orientação Endereço - rua, avenida ou praça, número e bairro; ci-
para preenchimento dade/estado; telefone e CEP.
Local de referência - ponto de referência para facilitar
Os campos iniciais de todas as fichas B são iguais e a localização do domicílio.
servem para a identificação da microárea onde residem as Data de nascimento - dia, mês e ano do nascimento
pessoas acompanhadas, devendo ser preenchidos segun- da criança.
do as orientações abaixo: Comprimento - comprimento da criança ao nascer em
Ano - ano corrente. centímetros.
Município - código do município utilizado pelo IBGE. Peso em gramas - peso da criança ao nascer (até a 5ª
Segmento Territorial - código do segmento territo- hora de vida).
rial. Sendo cada código um número de dois algarismos, Perímetro cefálico - perímetro cefálico da criança ao
definido pela Secretaria Municipal de Saúde. nascer, em centímetros.
Unidade - código da Unidade de Saúde onde o ACS Apgar 5’- valor do índice de Apgar no 5º minuto de
está cadastrado e que consta no cadastro do Sistema de vida.
Informações Ambulatoriais/SIA-SUS. Tipo de parto - classificação do parto em natural, fór-
Área - código da área. Os códigos das áreas são se- ceps ou cesáreo.
quenciados em cada município, sendo cada código um nú-
mero de três algarismos, definido pela Secretaria Municipal Observações - campo aberto para o registro de outras
de Saúde. informações relacionadas ao nascimento. No Cartão que
Microárea - código da microárea. Os códigos das está de posse do ACS, este campo pode ser utilizado para
microáreas são sequenciados dentro de cada área, sendo informar que a família não possuía o cartão, na ocasião da
cada código um número de dois algarismos, definido pela visita domiciliar, caso isto tenha ocorrido.
equipe de saúde.
Nome do ACS - nome do agente comunitário de saú- Para o registro de informações relacionadas à vaci-
de. nação, o ACS deve requisitar à família, além do Cartão da
Criança, as senhas de Campanha de Vacinação pois muitas
Acompanhamento da Criança vezes a família do Cartão da Criança, as senhas de Campa-
nha de Vacinação pois muitas vezes a família acumula con-
O instrumento utilizado para o acompanhamento da sigo mais de um desses documentos. No verso do Cartão
criança - a Ficha C - é uma cópia do Cartão da Criança da Criança encontra-se impresso um quadro para registro
padronizado pelo Ministério da Saúde, utilizado pelos di- de informações sobre vacinação. O agente deve transcre-
versos serviços de saúde nos municípios. Este Cartão é pro- ver para o seu instrumento (o cartão-sombra), no campo
duzido em dois modelos distintos: um para a criança de correspondente, as datas em que a criança tomou a dose
sexo masculino e outro para a criança do sexo feminino. respectiva da vacina assinalada. Em geral essas datas estão

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LEGISLAÇÃO DO SUS

anotadas a caneta e rubricadas pelo funcionário da unida- - Criança com aleitamento exclusivo: será conside-
de de saúde que as aplicou. Às vezes, ao invés disso, en- rada como “com aleitamento exclusivo” a criança que uti-
contra-se afixado no campo uma etiqueta de campanha de liza diariamente apenas o leite materno. Não devem ser
vacinação, na qual também consta a data da dose aplicada. consideradas, portanto, aquelas crianças que usam água,
chá, ou qualquer outro líquido, regularmente. Entretanto,
Atenção pode ser considerada aquela criança que, no período de
referência, fez uso esporádico, por algum motivo (doença,
O ACS não deve transcrever para o Cartão de sua posse afastamento temporário da mãe etc.), de algum dos líqui-
(cartão-sombra) as datas que estiverem anotadas a lápis dos mencionados, sem que sua amamentação tenha sido
no Cartão da Criança que está de posse da família. As ano- interrompida.
tações a lápis referem-se a datas que são aprazadas pelo
serviço de saúde para comparecimento da criança, não cor- - Criança com aleitamento misto: é aquela que, ape-
respondendo, portanto, à dose de vacina aplicada. sar de estar sendo amamentada, utiliza regularmente água
O Cartão da Criança apresenta um gráfico peso-ida- e/ou qualquer outro tipo de alimento como chá, leite de
de que deve ser utilizado no acompanhamento da criança. vaca, leite em pó, frutas, sopas etc. No Cartão da Criança
Na linha horizontal desse gráfico observa-se uma nume- deve ser anotado, no espaço correspondente, AE se a criança
ração de 0 (zero) a 60 (sessenta) que corresponde à ida- estiver “com aleitamento exclusivo” e AM se a criança estiver
de da criança em meses. O marco zero refere-se à data de com aleitamento misto. Algumas intercorrências observa-
nascimento da criança. Os números ao lado e dentro do das durante o acompanhamento mensal das crianças de-
gráfico indicam o peso em quilos. As duas linhas vermelhas vem ser anotadas no mês correspondente, na parte inferior
mostram a faixa dentro da qual a maioria das crianças sadia do gráfico peso-idade, abaixo do espaço destinado para o
está situada. registro do aleitamento. Deve-se utilizar para o registro a
O peso da criança ao nascer deve ser registrado com letra inicial, conforme indicado abaixo:
uma bolinha no marco zero, na ordenada do gráfico (pri- - D - diarreia
meira linha vertical). Todos os meses a criança deverá ser - P - pneumonia
pesada e o seu peso, registrado com uma bolinha no pon- - O - outra doença
to correspondente do gráfico, de modo que seja construí- - H - hospitalização
da, no decorrer dos meses, uma curva peso-idade. Para a
construção da curva de crescimento, o ACS deverá unir as Registro de Atividades, Procedimentos e Notifica-
bolinhas relativas ao registro de peso de dois meses sub- ções
sequentes, procedendo dessa forma para todos os meses.
O desenho dessa curva é um indicativo do processo de Esta ficha é utilizada por todos os profissionais da equi-
crescimento da criança, devendo o ACS estar atento para a pe de saúde para o registro diário das atividades e procedi-
ocorrência de qualquer das seguintes situações: mentos realizados, além da notificação de algumas doenças
- o peso da criança está abaixo da curva inferior do ou condições que são objeto de acompanhamento siste-
gráfico; mático. Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida
- a criança mantém o mesmo peso do mês anterior; ao final do mês. O preenchimento deste instrumento deve
- a criança apresenta peso inferior ao do mês anterior. ser efetuado diariamente (nos dias efetivos de trabalho de
cada mês). Alguns campos desta ficha são específicos para
Para o registro do peso da criança no mês correspon- determinadas categorias e apenas os profissionais da res-
dente, o agente deve pesar a criança no momento da visita pectiva categoria devem preenchê-los.
domiciliar, ou transcrever o peso que consta do Cartão de
posse da mãe, se este peso estiver atualizado, ou seja, se Ficha D - orientação para preenchimento
o último peso registrado no Cartão tiver ocorrido há me-
nos de 30 dias. Ao pesar uma criança, o ACS deve atualizar A maioria dos campos para identificação são seme-
também o Cartão que está de posse da família. Na parte lhantes aos das fichas anteriores e devem ser preenchidos
do cartão onde está escrito DATAS o ACS deve anotar, no conforme instrução. Os campos profissional e mês devem
espaço embaixo do 0 (zero), a data do nascimento, e nos ser preenchidos conforme instruções abaixo:
seguintes registrar, mês a mês, a data da visita domiciliar
em que foi pesada ou registrado o peso da criança. Uma Profissional - preencher os dois primeiros espaços
das ações do ACS é estimular o aleitamento materno, en- com o código atribuído a cada categoria profissional ou
fatizando a importância do aleitamento exclusivo até os especialidade utilizado pelo Sistema de Informações Am-
seis meses de idade. O ACS deve registrar mensalmente se bulatoriais - SIA/SUS e os dois últimos com um número
a criança está amamentando, durante todo o período em sequenciado de acordo com a quantidade de profissionais
que a criança fizer uso de aleitamento materno. Este regis- em uma categoria na mesma equipe de saúde. No caso do
tro será feito na parte inferior do gráfico peso-idade, logo ACS utilizar nos dois últimos algarismos, o código de sua
abaixo do número do mês correspondente, de acordo com microárea. Por exemplo: em uma equipe onde existem dois
os seguintes critérios: agentes comunitários de saúde, um deles terá o código
7701 e outro 7702.

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LEGISLAÇÃO DO SUS

Mês - número do mês correspondente. to de urgência é “o conjunto de ações empregadas para


recuperação de pacientes, cujos agravos à saúde necessi-
Data - registrar na frente e no verso da ficha as datas tem de assistência imediata”. Atendimento de emergência
dos dias efetivamente trabalhados. Em cada campo corres- é “o conjunto de ações empregadas para recuperação de
pondente o profissional deve totalizar os procedimentos e pacientes, cujos agravos à saúde necessitem de assistência
notificações do dia. imediata, por apresentarem risco de vida” (BRASIL, 1985).
- Internação Domiciliar - registrar o número de in-
O bloco Consultas Médicas destina-se ao registro diá- divíduos que iniciaram internamento domiciliar no dia de
rio de consultas médicas por procedência e faixa etária: referência. Este campo deve ser preenchido apenas pelo
médico. Não confundir o número de internações domicilia-
- Residentes fora da área de abrangência - total de res com o número de dias que o paciente permanece sob
consultas médicas de pessoas residentes em áreas fora da internação domiciliar.
abrangência da Equipe (PSF), sem discriminação de idade.
Ficha D - parte procedimentos - orientação para
- Residentes na área de abrangência da Equipe - preenchimento
consultas médicas de residentes na área de abrangência
da Equipe (PSF), registradas por faixa etária : < 1 ano, 1 a 4 - Atendimento específico para AT - registrar o nú-
anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 39 anos, mero total de atendimentos específicos para acidente de
40 a 49 anos, 50 a 59 anos e 60 anos ou mais. trabalho. Neste campo só deve ser computado o atendi-
- Total - somar o número de consultas médicas em mento em que for preenchido o laudo do exame médico
todas as faixas etárias de residentes na área de abrangência (LEM) constante do verso da Comunicação de Acidente do
da Equipe de Saúde da Família. Trabalho (CAT). Os acidentes e doenças do trabalho são no-
tificados pelas empresas ao INSS, através da CAT. Na falta
- Total Geral de Consultas - somar as consultas médi- de comunicação por parte da empresa, a notificação pode
cas de residentes na área de abrangência da Equipe com as ser formalizada pelo Sindicato, pelos serviços de saúde,
de residentes fora de sua área de abrangência. pelo próprio trabalhador ou seus dependentes. Considera-
se acidente de trabalho, o acidente de trabalho típico, ou
Tipo de Atendimento de Médico e de Enfermeiro - seja aquele ocorrido no local de trabalho ou a serviço da
Este bloco destina-se ao registro diário de atendimentos
empresa; o acidente de trabalho de trajeto, aquele ocorrido
médicos e de enfermagem em residentes no município nas
no trajeto entre a residência e o local de trabalho. Como
doenças e condições cujo acompanhamento deve se dar
doença profissional ou de trabalho, a doença causada pelo
de forma sistemática: Puericultura, Pré-natal, Prevenção de
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade ou
Câncer Cérvico-uterino (coleta de Papanicolau), DST/AIDS,
condições especiais de trabalho.
Diabetes, Hipertensão Arterial, Hanseníase e Tuberculose.
Os demais atendimentos ao acidentado do trabalho
(consultas médicas sem preenchimento de LEM, retirada
Em solicitação médica de exames complementares de-
de pontos, curativos, etc.) devem ser registrados de acordo
ve-se registrar os encaminhamentos médicos para a reali-
zação de exames complementares de qualquer natureza, com o procedimento realizado, nos campos corresponden-
agrupando-os em: patologia clínica, radiodiagnóstico, ci- tes.
topatológico cérvico-vaginal, ultrassonografia obstétrica e
outros. Incluir os casos de encaminhamento para realização - Visita de Inspeção Sanitária - registrar o número
de exames complementares na própria unidade de saúde. de visitas de inspeção sanitária realizada por profissional
de nível superior. Visita de inspeção sanitária é um “pro-
Encaminhamentos Médicos - neste bloco o médico cedimento que busca levantar e avaliar in loco, os riscos
(apenas o médico) deve registrar o total de encaminha- à saúde da população presentes na produção e circulação
mentos que fez. de mercadorias, na prestação de serviços, intervindo sobre
o meio ambiente, inclusive o ambiente de trabalho, identi-
- Atendimento Especializado - registrar o número de ficando e notificando as medidas de correção conforme a
encaminhamentos para atendimento ou tratamento em legislação vigente.” (SÃO PAULO, 1996).
qualquer especialidade. Inclui fisioterapia, fonoaudiologia, - Atendimento individual por profissional de ní-
terapia ocupacional, psicologia e todas especialidades mé- vel superior - número de atendimentos individuais por
dicas. profissional de nível superior. Atendimento individual por
- Internação Hospitalar - registrar o número de pa- profissional de nível superior é a “consulta ou atendimento
cientes encaminhados para internação hospitalar. individual realizada por enfermeiro, psicólogo, terapeuta
- Urgência/Emergência - anotar o número de pacien- ocupacional, fisioterapeuta, assistente social, nutricionista,
tes encaminhados para atendimento em serviços de urgên- fonoaudiólogo, enfermeira obstetra e pedagoga em edu-
cia/emergência. Não registrar os casos de urgência atendi- cação em saúde.” Exclui procedimentos realizados por mé-
dos na própria unidade ou no domicílio do paciente, que dicos e odontólogos (BRASIL, 1994).
não foram encaminhados para outros serviços. Atendimen-

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LEGISLAÇÃO DO SUS

- Nos campos Curativos, Inalações, Injeções, Retirada Notificações que devem ser realizadas apenas pelo
de pontos e Terapia de Reidratação Oral devem ser re- ACS, referentes aos indivíduos de sua microárea:
gistrados o número de procedimentos realizados. Comu- - < 2 anos que tiveram diarreia - registrar o número
mente esses procedimentos são realizados profissional de de crianças com idade até 23 meses e 29 dias tiveram um
saúde de nível médio, entretanto na eventualidade de um ou mais episódios de diarreia nos quinze dias anteriores à
profissional de nível superior realizar um desses procedi- visita domiciliar.
mentos, ele deve anotar em sua ficha. - < 2 anos que tiveram diarreia e usaram TRO - re-
gistrar o número de crianças com idade até 23 meses e
- Sutura - anotar o número de suturas realizadas. 29 dias que tiveram diarreia nos quinze dias anteriores à
visita domiciliar e usaram solução de reidratação oral (soro
- Atendimento em Grupo - Educação em saúde - nú- caseiro, ou distribuído pelo Ministério da Saúde, ou da far-
mero de atendimentos em grupo para desenvolvimento mácia). Não computar as crianças que utilizaram somente
de atividades de educação em saúde. Considera-se como chás, sucos ou outros líquidos.
grupo para a realização de ações de educação em saúde, - < 2 anos que tiveram infecção respiratória aguda
aqueles que contam com, no mínimo, dez participantes e - registrar o número de crianças com idade até 23 meses e
duração mínima de 30 minutos. Este procedimento pode 29 dias que tiveram infecção respiratória aguda nos quinze
ser realizado tanto por profissionais de nível superior como dias anteriores à visita domiciliar.
por aqueles de nível médio. Não considere as atividades
educativas realizadas pelos ACS. Notificações que devem ser realizadas exclusiva-
mente por médico, referentes aos indivíduos de sua área:
- Procedimentos Coletivos - Os procedimentos deste - Pneumonia em < 5 anos - neste campo devem ser
conjunto não deverão ser registrados diariamente. Ao final registrados todos os casos de pneumonia em crianças com
do mês deve ser informado na coluna “total” o número de idade até 4 anos 11 meses e 29 dias.
pessoas cobertas (número de crianças/mês). Procedimen- - Valvulopatias Reumáticas em pessoas de 5 a 14
to coletivo é um “conjunto de procedimentos de promo- anos - registrar o número de casos desta patologia em
pessoas na faixa etária de 5 a 14 anos 11 meses e 29 dias.
ção e prevenção em saúde bucal, de baixa complexidade,
- Acidente Vascular Cerebral - AVC - ao ser informa-
dispensando equipamentos odontológicos, desenvolvidos
do de caso suspeito de AVC, o médico deve procurar con-
integralmente em grupos populacionais previamente iden-
firmar o diagnóstico e, em seguida, registrar o caso no dia
tificados” (BRASIL, 1994) e cujos componentes estão des-
correspondente à sua confirmação.
critos abaixo:
- Infarto Agudo do Miocárdio - ao ser informado de
- Bochechos Fluorados - atividade realizada semanal-
caso suspeito de IAM, o médico deve procurar confirmar o
mente, com solução de fluoreto de sódio a 0,2%, ao longo do
diagnóstico e, em seguida, registrar o caso no dia corres-
ano (mínimo de 25 aplicações). pondente à sua confirmação.
- Higiene Bucal Supervisionada - atividade realizada - DHEG (forma grave) - Doença hipertensiva espe-
trimestralmente, envolvendo a evidenciação de placa bac- cífica da gravidez. Ao ser informado de caso suspeito de
teriana e escovação supervisionada com pasta fluoretada de DHEG, o médico deve procurar confirmar o diagnóstico e,
100 ou 90 gramas. em seguida, registrar no dia correspondente à confirmação
- Atividades Educativas em Saúde Bucal - atividade rea- do caso.
lizada trimestralmente, com o objetivo de enfatizar os cui-
dados com a saúde bucal (dieta, desenvolvimento orofacial, Notificações que devem ser realizadas exclusiva-
aleitamento materno etc.). mente por enfermeiro, referentes aos indivíduos de sua
área:
- Reuniões - registrar o número de reuniões realiza- - Doença Hemolítica Perinatal - ao ser informado de
das pelo ACS, que contaram com a participação de 10 ou caso suspeito de doença hemolítica perinatal, o enfermeiro
mais pessoas, com duração mínima de 30 minutos e com o deve procurar confirmação e notificar o caso.
objetivo de disseminar informações, discutir estratégias de - Fratura de colo de fêmur em > 50 anos - ao ser
superação de problemas de saúde ou de contribuir para a informado de caso suspeito de fratura de colo de fêmur
organização comunitária. em > 50 anos, o enfermeiro deve procurar confirmação e
notificar o caso.
- Visita Domiciliar - devem ser registradas neste cam- - Meningite Tuberculosa em < 5 anos - ao ser in-
po todas as visitas domiciliares realizadas qualquer que formado de caso suspeito de meningite tuberculosa em
seja a finalidade, exceto as de Inspeção Sanitária. As visitas crianças com idade até 4 anos 11 meses e 29 dias, o en-
domiciliares podem ser realizadas por: profissional de nível fermeiro deve realizar investigação do caso e, se confirmar
superior, profissional de nível médio e por agente comuni- a etiologia tuberculosa, anotar o caso na ficha, na data da
tário de saúde. confirmação.
- Hanseníase com grau de incapacidade II e III - todo
Notificações - este bloco destina-se à notificação diá- caso de hanseníase deve ter o grau de incapacidade esta-
ria de situações ou eventos mórbidos que foram seleciona- belecido e aqueles que forem classificados como grau de
dos para acompanhamento contínuo. incapacidade II ou III devem ser notificados.

11
LEGISLAÇÃO DO SUS

- Citologia Oncótica NIC III/Carcinoma in situ - este A atual grande diretriz da Secretaria de Atenção à Saú-
campo destina-se ao registro de resultados de exames de de (SAS) para o período de 2011 a 2014 é a implantação
citologia oncótica que foram classificados como NIC-III/ das RAS, sendo sua gestora no âmbito federal.
Carcinoma in situ, na data de recebimento do resultado do No dia 30 de dezembro de 2010, o Documento de
exame. Referência contendo as “Diretrizes para a organização
das RAS no âmbito do SUS” foi oficializado por meio da
HOSPITALIZAÇÕES - todos os profissionais da equipe Portaria GM/MS nº 4.279, publicada no Diário Oficial de
de saúde devem preencher este campo ao tomarem co- 31/12/2010. Este documento havia sido aprovado pela Co-
nhecimento de qualquer caso de hospitalização na popula- missão Intergestores Tripartite (CIT) no dia 16 de dezembro.
ção adstrita, no mês de referência ou no mês anterior. Para assegurar resolutividade na rede de atenção, al-
guns fundamentos precisam ser considerados: economia
- Data - registrar dia e mês da hospitalização. de escala, qualidade, suficiência, acesso e disponibilidade
- Nome - anotar o nome completo da pessoa que foi de recursos.
hospitalizada.
- Endereço - anotar o endereço completo da pessoa PORTARIA Nº 4.279, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010
que foi hospitalizada.
- Sexo - anotar F para o sexo feminino e M para o Estabelece diretrizes para a organização da Rede de
masculino. Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
- Idade - anotar a idade em anos completos. Se a pes- (SUS).
soa for menor de 1 ano, registrar a idade em meses.
- Causa - registrar a causa da hospitalização informada O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribui-
pela família ou obtida através de laudos médicos. ção que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art.
- Nome do hospital - anotar o nome do hospital onde 87 da Constituição, e
o paciente foi internado.
Considerando a Lei Nº 8.080, de 19 de setembro de
ÓBITOS - referem-se aos registros de óbitos ocorridos 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o fun-
no mês de referência e no anterior. Devem ser registrados
cionamento os serviços correspondentes;
por qualquer profissional da equipe de saúde que tome
conhecimento de sua ocorrência.
Considerando a Portaria GM/MS Nº 399, de 22 de fe-
vereiro de 2006, que divulga o Pacto pela Saúde 2006 -
- Data - registrar dia e mês da ocorrência do óbito.
Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais
- Nome - anotar o nome completo da pessoa que fa-
do referido Pacto;
leceu.
- Endereço - anotar o endereço completo da pessoa Considerando a Portaria GM/MS Nº 699, de 30 de mar-
que faleceu. ço de 2006, que regulamenta as Diretrizes Operacionais
- Sexo - anotar F para o sexo feminino e M para o dos Pactos pela Vida e de Gestão;
masculino.
- Idade - anotar a idade em anos completos. Se a pes- Considerando que a Regionalização é uma diretriz do
soa for menor de 1 ano, registre a sua idade em meses. Sistema Único de Saúde e um eixo estruturante do Pacto
- Causa - registrar a causa do óbito segundo informa- de Gestão e deve orientar a descentralização das ações e
ções da família ou obtida através de atestado de óbito. serviços de saúde e a organização da Rede de Atenção à
Saúde;
Redes de Atenção à Saúde
Considerando a necessidade de definir os fundamen-
De acordo com o Ministério da Saúde, as Redes de tos conceituais e operativos essenciais ao processo de or-
Atenção à Saúde (RAS) são arranjos organizativos de ações ganização da Rede de Atenção à Saúde, bem como as dire-
e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológi- trizes e estratégias para sua implementação;
cas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico,
logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do Considerando a decisão dos gestores do SUS na reu-
cuidado (Ministério da Saúde, 2010 – portaria nº 4.279, de nião da Comissão Intergestores Tripartite, realizada no dia
30/12/2010). 16 de dezembro de 2010, resolve:
A implementação das RAS aponta para uma maior
eficácia na produção de saúde, melhoria na eficiência da Art. 1º Estabelecer diretrizes para a organização da
gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contri- Rede de Atenção à Saúde, no âmbito do SUS, na forma do
bui para o avanço do processo de efetivação do SUS. A Anexo a esta Portaria.
transição entre o ideário de um sistema integrado de saúde
conformado em redes e a sua concretização passam pela Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua pu-
construção permanente nos territórios, que permita conhe- blicação.
cer o real valor de uma proposta de inovação na organiza-
ção e na gestão do sistema de saúde. JOSÉ GOMES TEMPORÃO

12
LEGISLAÇÃO DO SUS

ANEXO as regiões, agravado pelo elevado peso da oferta privada


e seus interesses e pressões sobre o mercado na área da
DIRETRIZES PARA ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATEN- saúde e pelo desafio de lidar com a complexa inter-relação
ÇÃO À SAÚDE DO SUS entre acesso, escala, escopo, qualidade, custo e efetividade
que demonstram a complexidade do processo de consti-
O presente documento trata das diretrizes para a estru- tuição de um sistema unificado e integrado no país.
turação da Rede de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia Consequentemente, a organização da atenção e da
para superar a fragmentação da atenção e da gestão nas gestão do SUS expressa o cenário apresentado e se carac-
Regiões de Saúde e aperfeiçoar o funcionamento político teriza por intensa fragmentação de serviços, programas,
-institucional do Sistema Único de Saúde (SUS) com vistas ações e práticas clínicas demonstrado por: (1) lacunas as-
a assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços que sistenciais importantes; (2) financiamento público insu-
necessita com efetividade e eficiência. ficiente, fragmentado e baixa eficiência no emprego dos
Esse documento estabelece os fundamentos concei- recursos, com redução da capacidade do sistema de prover
tuais e operativos essenciais ao processo de organização integralidade da atenção à saúde; (3) configuração inade-
da RAS, entendendo que o seu aprofundamento constitui- quada de modelos de atenção, marcada pela incoerência
rá uma série de temas técnicos e organizacionais a serem entre a oferta de serviços e a necessidade de atenção, não
desenvolvidos, em função da agenda de prioridades e da conseguindo acompanhar a tendência de declínio dos pro-
sua modelagem. blemas agudos e de ascensão das condições crônicas; (4)
O texto foi elaborado a partir das discussões internas fragilidade na gestão do trabalho com o grave problema
das áreas técnicas do Ministério da Saúde e no Grupo de de precarização e carência de profissionais em número e
trabalho de Gestão da Câmara Técnica da Comissão Inter- alinhamento com a política pública; (5) a pulverização dos
gestores Tripartite, composto com representantes do Con- serviços nos municípios; e (6) pouca inserção da Vigilância
selho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CO- e Promoção em Saúde no cotidiano dos serviços de aten-
NASEMS), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde ção, especialmente na Atenção Primária em Saúde (APS).
(CONASS) e do Ministério da Saúde (MS). Considera-se, ainda, o atual perfil epidemiológico bra-
O conteúdo dessas orientações está fundamentado no sileiro, caracterizado por uma tripla carga de doença que
arcabouço normativo do SUS, com destaque para as Por-
envolve a persistência de doenças parasitárias, infecciosas
tarias do Pacto pela Saúde, a Política Nacional de Atenção
e desnutrição características de países subdesenvolvidos,
Básica (PNAB), a Política Nacional de Promoção a Saúde
importante componente de problemas de saúde repro-
(PNPS), na publicação da Regionalização Solidária e Coo-
dutiva com mortes maternas e óbitos infantis por causas
perativa, além das experiências de apoio à organização da
consideradas evitáveis, e o desafio das doenças crônicas e
RAS promovidas pelo Ministério da Saúde (MS) e Conselho
seus fatores de risco como sedentarismo, tabagismo, ali-
Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) em regiões de
mentação inadequada, obesidade e o crescimento das cau-
saúde de diversos estados.
sas externas em decorrência do aumento da violência e dos
O documento está organizado da seguinte forma: jus-
tificativa abordando por que organizar rede de atenção à acidentes de trânsito, trazendo a necessidade de ampliação
saúde, os principais conceitos, fundamentos e atributos da do foco da atenção para o manejo das condições crônicas,
rede de atenção à saúde, os elementos constitutivos da mas atendendo, concomitantemente, as condições agudas.
rede, as principais ferramentas de microgestão dos serviços Superar os desafios e avançar na qualificação da atenção
e, diretrizes com algumas estratégias para a implementa- e da gestão em saúde requer forte decisão dos gestores
ção da rede de atenção à saúde. do SUS, enquanto protagonistas do processo instituidor
e organizador do sistema de saúde. Essa decisão envolve
1. POR QUE ORGANIZAR REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE aspectos técnicos, éticos, culturais, mas, principalmente,
NO SUS implica no cumprimento do pacto político cooperativo en-
tre as instâncias de gestão do Sistema, expresso por uma
Embora sejam inegáveis e representativos os avanços “associação fina da técnica e da política”, para garantir os
alcançados pelo SUS nos últimos anos, torna-se cada vez investimentos e recursos necessários à mudança.
mais evidente a dificuldade em superar a intensa fragmen- A solução está em inovar o processo de organização
tação das ações e serviços de saúde e qualificar a gestão do sistema de saúde, redirecionando suas ações e serviços
do cuidado no contexto atual. no desenvolvimento da RAS para produzir impacto positivo
O modelo de atenção à saúde vigente fundamentado nos indicadores de saúde da população.
nas ações curativas, centrado no cuidado médico e estrutu- Experiências têm demonstrado que a organização da
rado com ações e serviços de saúde dimensionados a partir RAS tendo a APS como coordenadora do cuidado e or-
da oferta, tem se mostrado insuficiente para dar conta dos denadora da rede, se apresenta como um mecanismo de
desafios sanitários atuais e, insustentável para os enfrenta- superação da fragmentação sistêmica; são mais eficazes,
mentos futuros. tanto em termos de organização interna (alocação de re-
O cenário brasileiro é caracterizado pela diversidade de cursos, coordenação clínica, etc.), quanto em sua capacida-
contextos regionais com marcantes diferenças sócio eco- de de fazer face aos atuais desafios do cenário socioeconô-
nômicas e de necessidades de saúde da população entre mico, demográfico, epidemiológico e sanitário.

13
LEGISLAÇÃO DO SUS

No Brasil, o debate em torno da busca por maior inte- Caracteriza-se pela formação de relações horizontais
gração adquiriu nova ênfase a partir do Pacto pela Saúde, entre os pontos de atenção com o centro de comunicação
que contempla o acordo firmado entre os gestores do SUS na Atenção Primária à Saúde (APS), pela centralidade nas
e ressalta a relevância de aprofundar o processo de regio- necessidades em saúde de uma população, pela respon-
nalização e de organização do sistema de saúde sob a for- sabilização na atenção contínua e integral, pelo cuidado
ma de Rede como estratégias essenciais para consolidar os multiprofissional, pelo compartilhamento de objetivos e
princípios de Universalidade, Integralidade e Equidade, se compromissos com os resultados sanitários e econômicos.
efetivando em três dimensões: Fundamenta-se na compreensão da APS como primei-
Pacto Pela Vida: compromisso com as prioridades que ro nível de atenção, enfatizando a função resolutiva dos
apresentam impacto sobre a situação de saúde da popula- cuidados primários sobre os problemas mais comuns de
ção brasileira; saúde e a partir do qual se realiza e coordena o cuidado em
Pacto em Defesa do SUS: compromisso com a consoli- todos os pontos de atenção.
dação os fundamentos políticos e princípios constitucionais Os pontos de atenção à saúde são entendidos como
do SUS. espaços onde se ofertam determinados serviços de saúde,
Pacto de Gestão: compromisso com os princípios e por meio de uma produção singular.
diretrizes para a descentralização, regionalização, financia-
São exemplos de pontos de atenção à saúde: os do-
mento, planejamento, programação pactuada e integrada,
micílios, as unidades básicas de saúde, as unidades ambu-
regulação, participação social, gestão do trabalho e da edu-
latoriais especializadas, os serviços de hemoterapia e he-
cação em saúde.
O Pacto de Gestão estabeleceu o espaço regional como matologia, os centros de apoio psicossocial, as residências
lócus privilegiado de construção das responsabilidades terapêuticas, entre outros. Os hospitais podem abrigar dis-
pactuadas, uma vez que é esse espaço que permite a inte- tintos pontos de atenção à saúde: o ambulatório de pronto
gração de políticas e programas por meio da ação conjunta atendimento, a unidade de cirurgia ambulatorial, o centro
das esferas federal, estadual e municipal. cirúrgico, a maternidade, a unidade de terapia intensiva, a
A construção dessa forma de relações intergoverna- unidade de hospital/dia, entre outros.
mentais no SUS requer o cumprimento das responsabilida- Todos os pontos de atenção a saúde são igualmente
des assumidas e metas pactuadas, sendo cada esfera de go- importantes para que se cumpram os objetivos da rede de
verno corresponsável pela gestão do conjunto de políticas atenção à saúde e se diferenciam, apenas, pelas distintas
com responsabilidades explicitadas. densidades tecnológicas que os caracterizam.
Em sintonia com o Pacto pela Saúde, foi aprovada a Para assegurar seu compromisso com a melhora de
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e a Política Na- saúde da população, integração e articulação na lógica do
cional de Promoção à Saúde (PNPS), ambas voltadas para a funcionamento da RAS, com qualidade e eficiência para os
configuração de um modelo de atenção capaz de respon- serviços e para o Sistema, faz-se necessária a criação de
der as condições crônicas e as condições agudas e promo- mecanismos formais de contratualização entre os entes re-
ver ações de vigilância e promoção a saúde, efetivando a guladores / financiadores e os prestadores de serviço.
APS como eixo estruturante da RAS no SUS. Quando esses contratos abrangem todos os pontos de
No campo das políticas públicas, comprometida com atenção da rede o Sistema passa a operar em modo de
a garantia de oferecer acesso equânime ao conjunto de aprendizagem, ou seja, a busca contínua por uma gestão
ações e serviços de saúde, a organização do Sistema em eficaz, eficiente e qualificada, de forma a proporcionar a
rede possibilita a construção de vínculos de solidariedade democratização e a transparência ao SUS.
e cooperação. Nesse processo, o desenvolvimento da Rede A contratualização/contratos de gestão, nesse con-
de Atenção à Saúde é reafirmado como estratégia de rees- texto, pode ser definida como o modo de pactuação da
truturação do sistema de saúde, tanto no que se refere a demanda quantitativa e qualitativa na definição clara de
sua organização, quanto na qualidade e impacto da atenção
responsabilidades, de objetivos de desempenho, incluin-
prestada, e representa o acúmulo e o aperfeiçoamento da
do tanto os sanitários, quanto os econômicos, resultando
política de saúde com aprofundamento de ações efetivas
dessa negociação um compromisso explícito entre ambas
para a consolidação do SUS como política pública voltada
para a garantia de direitos constitucionais de cidadania. as partes. Esse processo deve resultar, ainda, na fixação de
critérios e instrumentos de acompanhamento e avaliação
2. CONCEITOS de resultados, metas e indicadores definidos. Dentre os ob-
A Rede de Atenção à Saúde é definida como arranjos jetivos da contratualização destacam-se:
organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes Melhorar o nível de saúde da população;
densidades tecnológicas, que integradas por meio de siste- Responder com efetividade às necessidades em saúde;
mas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garan- Obter um efetivo e rigoroso controle sobre o cresci-
tir a integralidade do cuidado. mento das despesas de origem pública com a saúde;
O objetivo da RAS é promover a integração sistêmi- Alcançar maior eficiência gestora no uso de recursos
ca, de ações e serviços de saúde com provisão de atenção escassos, maximizando o nível de bem-estar;
contínua, integral, de qualidade, responsável e humaniza- Coordenar as atividades das partes envolvidas;
da, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em Assegurar a produção de um excedente cooperativo;
termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e Distribuir os frutos da cooperação;
eficiência econômica. Assegurar que os compromissos sejam cumpridos; e

14
LEGISLAÇÃO DO SUS

Disponibilizar, em tempo útil, a informação de produ- É importante ressaltar que na disputa dos interesses,
ção, financiamento, desempenho, qualidade e acesso, de o que deve permanecer é o interesse do usuário cidadão.
forma a garantir adequados níveis de informação ao cida- Portanto, os problemas de saúde da população e a busca de
dão. soluções no território circunscrito devem ser debatidos nas
Para atingir esses objetivos as partes adotam em três equipes multiprofissionais. Além da valorização do espaço
áreas de aplicação que são: cuidados primários, atenção do trabalho, há necessidade de buscar alternativas para os
especializada (ambulatorial e hospitalar) e cuidados de ur- problemas relacionados a não valorização dos trabalhado-
gência e emergência. res de saúde. Assim, todos os profissionais de saúde podem
A inovação desse modelo de contrato de gestão está e devem fazer a clínica ampliada, pois escutar, avaliar e se
comprometer na busca do cuidado integral em saúde são
em “contratualizar a saúde e não apenas cuidados de saú-
responsabilidades de toda profissão da área de saúde.
de, obtendo macroeficiência para o conjunto do sistema”
Além disso, é preciso considerar e valorizar o poder te-
- e para a superação de problemas cruciais como: rapêutico da escuta e da palavra, o poder da educação em
Passar de uma abordagem populacional isolada (hos- saúde e do apoio matricial a fim de construir modos para
pitais ou centros de saúde) para uma contratualização de haver a correponsabilização do profissional e do usuário.
âmbito da região de saúde, seguindo critérios de adscrição O trabalho vivo reside principalmente nas relações que
da população estratificada por grau de risco, e abordando são estabelecidas no ato de cuidar. É o momento de se pen-
os diversos estabelecimentos de saúde em termos de uma sar o projeto terapêutico singular, com base na escuta e na
rede de cuidados; responsabilização com o cuidado. O foco do trabalho vivo
O contínuo aumento dos gastos para a prestação de deve ser as relações estabelecidas no ato de cuidar que são:
serviços de alto custo devido ao tratamento tardio de con- o vínculo, a escuta, a comunicação e a responsabilização
dições e agravos sensíveis à APS, pela introdução de ferra- com o cuidado. Os equipamentos e o conhecimento estru-
mentas de microgestão e incentivos financeiros para paga- turado devem ser utilizados a partir desta relação e não o
mento por desempenho individual e institucional; contrário como tem sido na maioria dos casos.
Promover a participação efetiva do cidadão e da co-
munidade no processo de contratualização, nomeadamen- 3. FUNDAMENTOS DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
te através da participação organizada e permanente dos Para assegurar resolutividade na rede de atenção, al-
utentes. guns fundamentos precisam ser considerados:
3.1 Economia de Escala, Qualidade, Suficiência, Acesso
Considerando a necessidade de fortalecimento da APS
e Disponibilidade de Recursos Economia de escala, quali-
vigente, no que se refere à prática dos seus atributos es-
dade e acesso são a lógica fundamental na organização da
senciais, a contratualização das ações de saúde a partir do rede de atenção à saúde.
primeiro nível de atenção, tem sido apontada como ins- A Economia de Escala - ocorre quando os custos mé-
trumento potente para induzir responsabilização e quali- dios de longo prazo diminuem, à medida que aumenta o
dade, sempre no sentido de alcançar melhores resultados volume das atividades e os custos fixos se distribuem por
em saúde. um maior número dessas atividades, sendo o longo prazo,
Adicionalmente, estratégias de articulação como a um período de tempo suficiente para que todos os insumos
análise da situação de saúde; a interoperabilidade entre sejam variáveis. Desta forma, a concentração de serviços em
os vários sistemas de informação; a existência de comple- determinado local racionaliza custos e otimiza resultados,
xos reguladores; as ações de educação permanente e de quando os insumos tecnológicos ou humanos relativos a
educação popular em saúde e o planejamento participati- estes serviços inviabilizem sua instalação em cada municí-
vo são igualmente importantes para superar para a imple- pio isoladamente.
mentação de um modelo de atenção de saúde pautado na Qualidade - um dos objetivos fundamentais do sistema
defesa da vida. de atenção á saúde e da RAS é a qualidade na prestação de
Os problemas vivenciados na área de educação e da serviços de saúde. A qualidade na atenção em saúde pode
gestão do trabalho necessitam de ações estratégicas. Nes- ser melhor compreendida com o conceito de graus de ex-
ta concepção, o trabalho deve ser visto como uma catego- celência do cuidado que pressupõe avanços e retrocessos
nas seis dimensões, a saber: segurança (reconhecer e evitar
ria central para uma política de valorização dos trabalha-
situações que podem gerar danos enquanto se tenta pre-
dores de saúde. É necessário visualizar o trabalho como um
venir, diagnosticar e tratar); efetividade (utilizar-se do co-
espaço de construção de sujeitos e de subjetividades, um nhecimento para implementar ações que fazem a diferença,
ambiente que tem pessoas, sujeitos, coletivos de sujeitos, que produzem benefícios claros aos usuários); centralidade
que inventam mundos e se inventam e, sobretudo, produ- na pessoa (usuários devem ser respeitados nos seus valores
zem saúde. e expectativas, e serem envolvidos e pró-ativos no cuidado
Portanto, o trabalho é um lugar de criação, invenção à saúde); pontualidade (cuidado no tempo certo, buscan-
e, ao mesmo tempo, um território vivo com múltiplas dis- do evitar atrasos potencialmente danosos); eficiência (evitar
putas no modo de produzir saúde. Por isso, a necessidade desperdício ou ações desnecessárias e não efetivas), e equi-
de implementar a práxis (ação-reflexão-ação) nos locais de dade (características pessoais, como local de residência,
trabalho para a troca e o cruzamento com os saberes das escolaridade, poder aquisitivo, dentre outras, não devem
diversas profissões. resultar em desigualdades no cuidado à saúde).

15
LEGISLAÇÃO DO SUS

Suficiência - significa o conjunto de ações e serviços A substituição pode ocorrer nas dimensões da localiza-
disponíveis em quantidade e qualidadepara atender às ne- ção, das competências clínicas, da tecnologia e da clínica.
cessidades de saúde da população e inclui cuidados pri- Ex: mudar o local da atenção prestada do hospital para o
mários, secundários, terciários, reabilitação, preventivos e domicílio; transição do cuidado profissional para o auto-
paliativos, realizados com qualidade. cuidado; delegação de funções entre os membros da equi-
Acesso - ausência de barreiras geográficas, financei- pe multiprofissional, etc.
ras, organizacionais, socioculturais, étnicas e de gênero ao
cuidado. Deverão ser estabelecidas alternativas específicas 3.4 Região de Saúde ou Abrangência
na relação entre acesso, escala, escopo, qualidade e custo, A organização da RAS exige a definição da região de
para garantir o acesso, nas situações de populações dis- saúde, que implica na definição dos seus limites geográfi-
persas de baixa densidade populacional, com baixíssima cos e sua população e no estabelecimento do rol de ações
oferta de serviços. O acesso pode se analisado através da e serviços que serão ofertados nesta região de saúde. As
disponibilidade, comodidade e aceitabilidade do serviço competências e responsabilidades dos pontos de atenção
pelos usuários: A disponibilidade diz respeito à obtenção no cuidado integral estão correlacionadas com abrangên-
da atenção necessária ao usuário e sua família, tanto nas cia de base populacional, acessibilidade e escala para con-
situações de urgência/emergência quanto de eletividade. formação de serviços.
A comodidade está relacionada ao tempo de espera A definição adequada da abrangência dessas regiões
para o atendimento, a conveniência de horários, a forma de é essencial para fundamentar as estratégias de organiza-
agendamento, a facilidade de contato com os profissionais, ção da RAS, devendo ser observadas as pactuações entre o
o conforto dos ambientes para atendimento, entre outros. estado e o município para o processo de regionalização e
A aceitabilidade está relacionada à satisfação dos parâmetros de escala e acesso.
usuários quanto à localização e à aparência do serviço,
à aceitação dos usuários quanto ao tipo de atendimento 3.5 Níveis de AtençãoFundamentais para o uso racional
prestado e, também, a aceitação dos usuários quanto aos dos recursos e para estabelecer o foco gerencial dos entes
profissionais responsáveis pelo atendimento. de governança da RAS, estruturam-se por meio de arranjos
Disponibilidade de Recursos - é outro fator importante produtivos conformados segundo as densidades tecno-
para o desenvolvimento da RAS. Recursos escassos, sejam lógicas singulares, variando do nível de menor densidade
humanos ou físicos, devem ser concentrados, ao contrário (APS), ao de densidade tecnológica intermediária, (atenção
dos menos escassos, que devem ser desconcentrados. secundária à saúde), até o de maior densidade tecnológica
(atenção terciária à saúde).
3.2 Integração Vertical e Horizontal
Na construção da RAS devem ser observados os con- 4. ATRIBUTOS DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
ceitos de integração vertical e horizontal, que vêm da teo- Considera-se que não há como prescrever um modelo
ria econômica e estão associados à concepções relativas às organizacional único para as RAS, contudo as evidências
cadeias produtivas. mostram que o conjunto de atributos apresentados a se-
Integração Vertical - consiste na articulação de diversas guir são essenciais ao seu funcionamento:
organizações ou unidades de produção de saúde respon- 1. População e território definidos com amplo conhe-
sáveis por ações e serviços de natureza diferenciada, sendo cimento de suas necessidades e preferências que determi-
complementar (agregando resolutividade e qualidade nes- nam a oferta de serviços de saúde;
te processo). 2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que
Integração Horizontal: consiste na articulação ou fusão presta serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tra-
de unidades e serviços de saúde de mesma natureza ou es- tamento, gestão de casos, reabilitação e cuidados paliati-
pecialidade. É utilizada para otimizar a escala de atividades, vos e integra os programas focalizados em doenças, riscos
ampliar a cobertura e a eficiência econômica na provisão e populações específicas, os serviços de saúde individuais
de ações e serviços de saúde através de ganhos de escala e os coletivos;
(redução dos custos médios totais em relação ao volume 3. Atenção Primária em Saúde estruturada como pri-
produzido) e escopo (aumento do rol de ações da unida- meiro nível de atenção e porta de entrada do sistema,
de). constituída de equipe multidisciplinar que cobre toda a po-
pulação, integrando, coordenando o cuidado, e atendendo
3.3 Processos de Substituição as suas necessidades de saúde;
São definidos como o reagrupamento contínuo de re- 4. Prestação de serviços especializados em lugar ade-
cursos entre e dentro dos serviços de saúde para explorar quado;
soluções melhores e de menores custos, em função das de- 5. Existência de mecanismos de coordenação, conti-
mandas e das necessidades da população e dos recursos nuidade do cuidado e integração assistencial por todo o
disponíveis. contínuo da atenção;
Esses processos são importantes para se alcançar os 6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e
objetivos da RAS, no que se refere a prestar a atenção cer- na comunidade, tendo em conta as particularidades cultu-
ta, no lugar certo, com o custo certo e no tempo certo. rais, gênero, assim como a diversidade da população;

16
LEGISLAÇÃO DO SUS

7. Sistema de governança único para toda a rede com A gestão clínica dispõe de ferramentas de microgestão
o propósito de criar uma missão, visão e estratégias nas que permitem integrar verticalmente os pontos de atenção
organizações que compõem a região de saúde; definir ob- e conformar a RAS. As ferramentas de microgestão partem
jetivos e metas que devam ser cumpridos no curto, médio e das tecnologias-mãe, as diretrizes clínicas, para, a partir de-
longo prazo; articular as políticas institucionais; e desenvolver las, desenhar a RAS e ofertar outras ferramentas como a
a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar e gestão da condição de saúde, gestão de casos, auditoria
avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações; clínica e as listas de espera.
8. Participação social ampla; Diretrizes clínicas - entendidas como recomendações
9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrati- que orientam decisões assistenciais, de prevenção e pro-
vo, clínico e logístico; moção, como de organização de serviços para condições
10. Recursos humanos suficientes, competentes, com- de saúde de relevância sanitária, elaboradas a partir da
prometidos e com incentivos pelo alcance de metas da rede; compreensão ampliada do processo saúde-doença, com
11. Sistema de informação integrado que vincula todos foco na integralidade, incorporando as melhores evidên-
os membros da rede, com identificação de dados por sexo, cias da clínica, da saúde coletiva, da gestão em saúde e
idade, lugar de residência, origem étnica e outras variáveis
da produção de autonomia. As diretrizes desdobram-se em
pertinentes;
Guias de Prática Clínica/Protocolos Assistenciais, orientam
12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, ali-
as Linhas de Cuidado e viabilizam a comunicação entre as
nhado com as metas da rede;
equipes e serviços, programação de ações e padronização
13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes
da saúde e da equidade em saúde; de determinados recursos.
14. Gestão baseada em resultado. Linhas de Cuidado (LC) - uma forma de articulação de
A integração dos sistemas de saúde deve ser entendida recursos e das práticas de produção de saúde, orientadas
como um contínuo e não como uma situação de extremos por diretrizes clínicas, entre as unidades de atenção de uma
opostos entre integração e não integração. Dessa forma, dada região de saúde, para a condução oportuna, ágil e
existem graus de integração, que variam da fragmentação singular, dos usuários pelas possibilidades de diagnóstico
absoluta à integração total. Por sua vez, a integração é um e terapia, em resposta às necessidades epidemiológicas de
meio para melhorar o desempenho do sistema, de modo maior relevância.
que os esforços justificam-se na medida em que conduzam a Visa à coordenação ao longo do contínuo assistencial,
serviços mais acessíveis, de maior qualidade, com melhor re- através da pactuação/contratualização e a conectividade
lação custo-benefício e satisfaçam aos usuários (OPAS, 2009). de papéis e de tarefas dos diferentes pontos de atenção e
profissionais.
5. PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE MICRO GESTÃO DOS Pressupõem uma resposta global dos profissionais en-
SERVIÇOS volvidos no cuidado, superando as respostas fragmenta-
A Rede de Atenção à Saúde organiza-se a partir de um das. A implantação de LC deve ser a partir das unidades da
processo de gestão da clínica associado ao uso de critérios APS, que têm a responsabilidade da coordenação do cui-
de eficiência microeconômica na aplicação de recursos, me- dado e ordenamento da rede. Vários pressupostos devem
diante planejamento, gestão e financiamento intergoverna- ser observados para a efetivação das LC, como garantia dos
mentais cooperativos, voltados para o desenvolvimento de recursos materiais e humanos necessários à sua operacio-
soluções integradas de política de saúde. nalização; integração e co-responsabilização das unidades
É preciso ampliar o objeto de trabalho da clínica para de saúde; interação entre equipes; processos de educação
além das doenças, visando compreender os problemas de permanente; gestão de compromissos pactuados e de re-
saúde, ou seja, entender as situações que ampliam o risco ou sultados. Tais aspectos devem ser de responsabilidade de
a vulnerabilidade das pessoas.
grupo técnico, com acompanhamento da gestão regional.
Os problemas ou condições de saúde estão em sujeitos,
Gestão da condição da saúde - é a mudança de um mo-
em pessoas, por isso, a clínica do sujeito é a principal amplia-
delo de atenção à saúde focada no indivíduo, por meio de
ção da clínica, que possibilita o aumento do grau de autono-
procedimentos curativos e reabilitadores, para uma abor-
mia dos usuários, cabendo uma decisão compartilhada do
projeto terapêutico. dagem baseada numa população adscrita, que identifica
A gestão da clínica aqui compreendida implica “a apli- pessoas em risco de adoecer ou adoecidas, com foco na
cação de tecnologias de micro-gestão dos serviços de saúde promoção da saúde e/ou ação preventiva, ou a atenção
com a finalidade de: a) assegurar padrões clínicos ótimos; b) adequada, com intervenção precoce, com vistas a alcançar
aumentar a eficiência; c) diminuir os riscos para os usuários e melhores resultados e menores custos. Sua premissa é a
para os profissionais; d) prestar serviços efetivos; e e) melho- melhoria da qualidade da atenção à saúde em toda a RAS.
rar a qualidade da atenção à saúde”. Para tanto, engloba o conjunto de pontos de atenção à
Como subsídio à gestão da clínica utiliza-se a análise da saúde, com o objetivo de alcançar bons resultados clínicos,
situação de saúde em que o objetivo é a identificação e estra- a custos compatíveis, com base em evidência disponível
tificação de riscos em grupos individuais expostos a determi- na literatura científica. Pode ser definida como a gestão de
nados fatores e condições que os colocam em situação de processos de uma condição ou doença que envolve inter-
prioridade para a dispensação de cuidados de saúde, sejam venções na promoção da saúde, na prevenção da condição
eles preventivos, promocionais ou assistenciais. ou doença e no seu tratamento e reabilitação.

17
LEGISLAÇÃO DO SUS

A gestão dos riscos coletivos e ambientais passa pela de saúde como espaços territoriais complexos, organiza-
vigilância, prevenção e controle das doenças, agravos e dos a partir de identidades culturais, econômicas e sociais,
fatores de risco, onde o foco é a identificação oportuna de redes de comunicação e infra-estrutura de transpor-
de problemas de saúde na população, a identificação das tes compartilhados do território. Assim, a população sob
causas e fatores desencadeantes, a descrição do compor- responsabilidade de uma rede é a que ocupa a região de
tamento, a proposição de medidas para o controle ou eli- saúde definida pelo Plano Diretor de Regionalização e In-
minação e o desencadeamento das ações. Os problemas vestimentos (PDRI).
podem se manifestar através de doenças transmissíveis, A região de saúde deve ser bem definida, baseada em
doenças crônicas não transmissíveis, agravos à saúde como parâmetros espaciais e temporais que permitam assegurar
as violências, exposição a produtos danosos à saúde, alte- que as estruturas estejam bem distribuídas territorialmen-
rações do meio ambiente, ou ambiente de trabalho, entre te, garantindo o tempo/resposta necessário ao atendimen-
outros. to, melhor proporção de estrutura/população/território e
Gestão de caso - é um processo que se desenvolve viabilidade operacional sustentável.
entre o profissional responsável pelo caso e o usuário do 6.2 Estrutura Operacional
serviço de saúde para planejar, monitorar e avaliar ações e
A estrutural operacional da RAS é constituída pelos di-
serviços, de acordo com as necessidades da pessoa, com
ferentes pontos de atenção à saúde, ou seja, lugares insti-
o objetivo de propiciar uma atenção de qualidade e hu-
tucionais onde se ofertam serviços de saúde e pelas liga-
manizada. Seus objetivos são: a) atender às necessidades
ções que os comunicam.
e expectativas de usuários em situação especial; b) prover
o serviço certo ao usuário no tempo certo; c) aumentar a Os componentes que estruturam a RAS incluem: APS -
qualidade do cuidado; e d) diminuir a fragmentação da centro de comunicação; os pontos de atenção secundária
atenção. É, portanto, uma relação personalizada entre o e terciária; os sistemas de apoio; os sistemas logísticos e o
profissional responsável pelo caso e o usuário de um ser- sistema de governança.
viço de saúde.
Auditoria clínica - segundo BERWICK E KNAPP, 1990, há APS - Centro de Comunicação
três enfoques principais de auditoria clínica: auditoria im- A Atenção Primária à Saúde é o centro de comunicação
plícita, que utiliza opinião de experts para avaliar a prática da RAS e tem um papel chave na sua estruturação como
de atenção à saúde; a auditoria explícita, que avalia a aten- ordenadora da RAS e coordenadora do cuidado.
ção prestada contrastando-a com critérios pré-definidos, Para cumprir este papel, a APS deve ser o nível funda-
especialmente nas diretrizes clínicas; e a auditoria por meio mental de um sistema de atenção à saúde, pois constitui
de eventos- sentinela. o primeiro contato de indivíduos, famílias e comunidades
A auditoria clínica consiste na análise crítica e sistemá- com o sistema, trazendo os serviços de saúde o mais pró-
tica da qualidade da atenção à saúde, incluindo os proce- ximo possível aos lugares de vida e trabalho das pessoas e
dimentos usados no diagnóstico e tratamento, o uso dos significa o primeiro elemento de um processo contínuo de
recursos e os resultados para os pacientes em todos os atenção.
pontos de atenção, observada a utilização dos protocolos Deve exercer um conjunto de ações de saúde, no âm-
clínicos estabelecidos. Essa auditoria não deve ser confun- bito individual e coletivo, que abrange a promoção e a pro-
dida com a auditoria realizada pelo Sistema Nacional de teção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o
Auditoria (SNA). tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde.
Lista de espera - pode ser conceituada como uma tec- A coordenação do cuidado é desenvolvida por meio
nologia que normatiza o uso de serviços em determina- do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráti-
dos pontos de atenção à saúde, estabelecendo critérios cas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, di-
de ordenamento por necessidades e riscos, promovendo a
rigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas
transparência, ou seja, constituem uma tecnologia de ges-
quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a
tão da clínica orientada a racionalizar o acesso a serviços
dinamicidade existente no território em que vivem essas
em que exista um desequilíbrio entre a oferta e a demanda.
populações.
6. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA REDE DE ATENÇÃO Cabe a APS integrar verticalmente os serviços que, nor-
À SAÚDE malmente são ofertados de forma fragmentada, pelo siste-
A operacionalização da RAS se dá pela interação dos ma de saúde convencional.
seus três elementos constitutivos: população/região de Uma atenção primária de qualidade, como parte inte-
saúde definidas, estrutura operacional e por um sistema grante da Rede de atenção à saúde estrutura-se segundo
lógico de funcionamento determinado pelo modelo de sete atributos e três funções:
atenção à saúde. Atributos - Primeiro Contato; Longitudinalidade; Inte-
gralidade; Coordenação; Centralidade na Família; Aborda-
6.1 População e Região de Saúde gem Familiar e Orientação Comunitária.
Para preservar, recuperar e melhorar a saúde das pes- O Primeiro Contato: evidências demonstram que o
soas e da comunidade, as RAS deve ser capazes de identi- primeiro contato, pelos profissionais da APS, leva a uma
ficar claramente a população e a área geográfica sob sua atenção mais apropriada e a melhores resultados de saúde
responsabilidade. O Pacto pela Saúde define as regiões a custos totais mais baixos.

18
LEGISLAÇÃO DO SUS

A Longitudinalidade: deriva da palavra longitudinal e A Orientação Comunitária: a APS com orientação co-
é definida como “lidar com o crescimento e as mudanças munitária utiliza habilidades clínicas, epidemiológicas,
de indivíduos ou grupos no decorrer de um período de ciências sociais e pesquisas avaliativas, de forma comple-
anos” (STARFIELD, 2002). É uma relação pessoal de longa mentar para ajustar os programas para que atendam às
duração entre profissionais de saúde e usuários em suas uni- necessidades específicas de saúde de uma população defi-
dades de saúde, independente do problema de saúde ou até nida. Para tanto, faz-se necessário:
mesmo da existência de algum problema. Está associada a Definir e caracterizar a comunidade;
diversos benefícios: menor utilização dos serviços; melhor Identificar os problemas de saúde da comunidade;
atenção preventiva; atenção mais oportuna e adequada; me- Modificar programas para abordar estes problemas;
nos doenças evitáveis; melhor reconhecimento dos proble- Monitorar a efetividade das modificações do progra-
mas dos usuários; menos hospitalizações; custos totais mais ma.
baixos. Os maiores benefícios estão relacionados ao vínculo Funções - Resolubilidade, Organização e Responsabi-
com o profissional ou equipe de saúde e ao manejo clínico lização.
adequado dos problemas de saúde, através da adoção dos A Atenção Primária à Saúde deve cumprir três funções
instrumentos de gestão da clínica - diretriz clínica e gestão essenciais (MENDES, 2002):
de patologias.
Resolução: visa resolver a grande maioria dos proble-
A Integralidade da Atenção: a integralidade exige que a
mas de saúde da população;
APS reconheça as necessidades de saúde da população e os
Organização: visa organizar os fluxos e contra-fluxos
recursos para abordá-las. A APS deve prestar, diretamente,
dos usuários pelos diversos pontos de atenção à saúde, no
todos os serviços para as necessidades comuns e agir como
um agente para a prestação de serviços para as necessida- sistema de serviços de saúde;
des que devam ser atendidas em outros pontos de atenção. Responsabilização: visa responsabilizar-se pela saúde
A integralidade da atenção é um mecanismo importante dos usuários em qualquer ponto de atenção à saúde em
porque assegura que os serviços sejam ajustados às neces- que estejam.
sidades de saúde da população. Pontos de Atenção Secundários e Terciários:
A Coordenação: é um “estado de estar em harmonia Somente os serviços de APS não são suficientes para
numa ação ou esforço comum” (SARFIELD, 2002). É um de- atender às necessidades de cuidados em saúde da popu-
safio para os profissionais e equipes de saúde da APS, pois lação. Portanto, os serviços de APS devem ser apoiados
nem sempre têm acesso às informações dos atendimentos e complementados por pontos de atenção de diferentes
de usuários realizados em outros pontos de atenção e, por- densidades tecnológicas para a realização de ações espe-
tanto, a dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado. cializadas (ambulatorial e hospitalar), no lugar e tempo cer-
A essência da coordenação é a disponibilidade de infor- tos.
mação a respeito dos problemas de saúde e dos serviços
prestados. Os prontuários clínicos eletrônicos e os sistemas Sistemas de Apoio
informatizados podem contribuir para a coordenação da São os lugares institucionais da rede onde se prestam
atenção, quando possibilitam o compartilhamento de in- serviços comuns a todos os pontos de atenção à saúde.
formações referentes ao atendimento dos usuários nos di- São constituídos pelos sistemas de apoio diagnóstico e
versos pontos de atenção, entre os profissionais da APS e terapêutico (patologia clínica, imagens, entre outros); pelo
especialistas. sistema de assistência farmacêutica que envolve a organi-
A Centralidade na Família: remete ao conhecimento pela zação dessa assistência em todas as suas etapas: seleção,
equipe de saúde dos membros da família e dos seus pro- programação, aquisição, armazenamento, distribuição,
blemas de saúde. No Brasil, atualmente, tem se adotado um prescrição, dispensação e promoção do uso racional de
conceito ampliado e a família é reconhecida como um grupo medicamentos; e pelos sistemas de informação em saúde.
de pessoas que convivam sobre o mesmo teto, que possuam
entre elas uma relação de parentesco primordialmente pai e/
Sistemas Logísticos
ou mãe e filhos consanguíneos ou não, assim como as de-
Os sistemas logísticos são soluções em saúde, forte-
mais pessoas significativas que convivam na mesma residên-
mente ancoradas nas tecnologias de informação, e ligadas
cia, qualquer que seja ou não o grau de parentesco.
A centralização na família requer mudança na prática das ao conceito de integração vertical.
equipes de saúde, através da abordagem familiar. A equipe Consiste na efetivação de um sistema eficaz de referên-
de saúde realiza várias intervenções personalizadas ao longo cia e contrarreferência de pessoas e de trocas eficientes de
do tempo, a partir da compreensão da estrutura familiar. produtos e de informações ao longo dos pontos de aten-
A Abordagem Familiar: deve ser empregada em vários ção à saúde e dos sistemas de apoio na rede de atenção
momentos, como, por exemplo, na realização do cadastro à saúde. Estão voltados para promover a integração dos
das famílias, quando das mudanças de fase do ciclo de vida pontos de atenção à saúde. Os principais sistemas logísti-
das famílias, do surgimento de doenças crônicas ou agudas cos da rede de atenção à saúde são: os sistemas de iden-
de maior impacto. Estas situações permitem que a equipe tificação e acompanhamento dos usuários; as centrais de
estabeleça um vínculo com o usuário e sua família de for- regulação, registro eletrônico em saúde e os sistemas de
ma natural, facilitando a aceitação quanto à investigação e transportes sanitários.
intervenção, quando necessária.

19
LEGISLAÇÃO DO SUS

Sistema de Governança Princípios


A governança é definida pela Organização das Nações  
Unidas como o exercício da autoridade política, econômica Transversalidade
e administrativa para gerir os negócios do Estado. Cons- A Política Nacional de Humanização deve se fazer pre-
titui-se de complexos mecanismos, processos, relações sente e estar inserida em todas as políticas e programas do
e instituições através das quais os cidadãos e os grupos SUS.  A PNH busca transformar as relações de trabalho a par-
sociais articulam seus interesses, exercem seus direitos e tir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre
obrigações e mediam suas diferenças (RONDINELLI, 2006). as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações
de poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as
diferentes especialidades e práticas de saúde podem conver-
sar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses
saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável.
4. POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO  
(HUMANIZASUS). Indissociabilidade entre atenção e gestão
As decisões da gestão interferem diretamente na aten-
ção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar
A Política Nacional de Humanização, carinhosamente conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de
chamada PNH, é uma política pública no SUS voltada para saúde, assim como participar ativamente do processo de to-
ativação de dispositivos que favoreçam ações de humani- mada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de
zação no âmbito da atenção e da gestão da saúde no Brasil. saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o cuidado e a assistência
em saúde não se restringem às responsabilidades da equipe
 
de saúde. O usuário e sua rede sócio-familiar devem também
Objetivos, princípio e métodos:
se corresponsabilizar pelo cuidado de si nos tratamentos, as-
 
sumindo posição protagonista com relação a sua saúde e a
A Política Nacional de Humanização da Atenção e Ges-
daqueles que lhes são caros.
tão do SUS tem como propósitos:
 
§  Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS
Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos su-
com os princípios e as diretrizes da humanização; jeitos e coletivos
§  Fortalecer iniciativas de humanização existentes; Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concre-
§  Desenvolver tecnologias relacionais e de comparti- ta se construída com a ampliação da autonomia e vontade
lhamento das práticas de gestão e de atenção; das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades.
§  Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodo- Os usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só
logias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de cumprem ordens: as mudanças acontecem com o reconheci-
atenção e de gestão; mento do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece
§  Implementar processos de acompanhamento e ava- cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e in-
liação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências centiva sua atuação na produção de saúde.
coletivas bem-sucedidas.  
  Método
Para isso, o HumanizaSUS trabalha com três macro-ob- O HumanizaSUS, aposta na INCLUSÃO de trabalhadores,
jetivos: usuários e gestores na produção e gestão do cuidado e dos
§  Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humani- processos de trabalho. A comunicação entre esses três atores
zação aos gestores e aos conselhos de saúde, priorizando do SUS provoca movimentos de perturbação e inquietação que
a atenção básica/fundamental e hospitalar, com ênfase nos a PNH considera o “motor” de mudanças e que também pre-
hospitais de urgência e universitários; cisam ser incluídos como recursos para a produção de saúde.
§  Incentivar a inserção da valorização dos trabalhado- Humanizar se traduz, então, como inclusão das diferen-
res do SUS na agenda dos gestores, dos conselhos de saú- ças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são
de e das organizações da sociedade civil; construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de
§  Divulgar a Política Nacional de Humanização e am- forma coletiva e compartilhada. Incluir para estimular a pro-
pliar os processos de formação e produção de conhecimen- dução de novos modos de cuidar e novas formas de organizar
to em articulação com movimentos sociais e instituições. o trabalho.
Na prática, os resultados que a Política Nacional de Hu- Mas incluir como?
manização busca são: As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimen-
§  Redução de filas e do tempo de espera, com amplia- tos sociais e a gestão dos conflitos gerados pela inclusão das
ção do acesso; diferenças são ferramentas experimentadas nos serviços de
§  Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em cri- saúde a partir das orientações da PNH. Incluir os trabalhado-
térios de risco; res na gestão é fundamental para que eles, no dia a dia, re-
§  Implantação de modelo de atenção com responsa- inventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos
bilização e vínculo; das mudanças no serviço de saúde. Incluir usuários e suas
§  Garantia dos direitos dos usuários; redes sócio familiares nos processos de cuidado é um po-
§  Valorização do trabalho na saúde; deroso recurso para a ampliação da corresponsabilização
§  Gestão participativa nos serviços. no cuidado de si.

20
LEGISLAÇÃO DO SUS

Diretrizes e dispositivos tor da Unidade de Saúde, Mesas de Negociação Perma-


Diretrizes para a implementação do HumanizaSUS nente, Contratos de Gestão, Contratos Internos de Gestão,
A Política Nacional de Humanização atua a partir de Câmara Técnica de Humanização (CTH), Gerência de Porta
orientações clínicas, éticas e políticas, que se traduzem em Aberta, entre outros, são arranjos de trabalho que permi-
determinados arranjos de trabalho. Entenda melhor alguns tem a experimentação da cogestão no cotidiano da saúde.
conceitos que norteiam o trabalho da PNH:  
  Ambiência
Acolhimento O QUE É?
O QUE É? Organização de espaços saudáveis e acolhedores de
Processo constitutivo das práticas de produção e pro- trabalho, tendo, como um dos seus dispositivos, a elabo-
moção de saúde que implica responsabilização do traba- ração de Projetos Cogeridos de Ambiência, como proposta
lhador/equipe pelo usuário, desde a sua chegada até a sua de mudança das práticas, dos processos e das relações de
saída. Ouvindo sua queixa, considerando suas preocupa- trabalho pautada na construção coletiva e participativa. A
Ambiência é a “Diretriz Espacial” para as demais diretrizes
ções e angústias, fazendo uso de uma escuta qualificada
da PNH, apontando-se um duplo desafio que é o de sinto-
que possibilite analisar a demanda, colocando os limites
nizar “o que fazer” com o “como fazer”, ou seja, o conceito
necessários, garantindo atenção integral, resolutiva e res-
de Ambiência e o método para a construção coletiva dos
ponsável por meio do acionamento/articulação das redes espaços de saúde.
internas dos serviços (visando à horizontalidade do cuida- COMO FAZER?
do) e redes externas, como outros serviços de saúde, para Modo de fazer: o método da tríplice inclusão da PNH.
continuidade da assistência quando necessário. Na produção do espaço de saúde devem interceder os sa-
COMO FAZER? beres que potencializam mudanças. A intercessão de dife-
Implica prestar um atendimento com resolutividade e rentes campos do saber e das profissões, tais como dos ar-
responsabilização, com uma postura de escuta e compro- quitetos, dos engenheiros, dos médicos, dos nutricionistas,
misso em dar respostas às necessidades de saúde trazidas dos enfermeiros, dos usuários, entre outros, embora mui-
pelo usuário que inclua sua cultura, saberes (rompimento tas vezes provoque tensionamentos, valoriza o processo de
com a lógica da exclusão) e capacidade de avaliar riscos. construção coletiva a partir de diferentes olhares. Trata-se,
É construir uma proposta com a equipe local orientando, assim, de um modo de fazer que afirme as especificidades
quando for o caso, o paciente e a família em relação a ou- do saber de cada um em uma relação de interferência para
tros serviços de saúde para continuidade da assistência es- a produção de um objetivo comum.
tabelecendo articulações com estes serviços para garantir  
a eficácia desses encaminhamentos. (em rede) Clínica ampliada e compartilhada
  O QUE É?
Gestão Participativa e cogestão Prática interdisciplinar com a proposta de entender o
O QUE É? significado do adoecimento e tratar a doença no contexto
Cogestão significa a inclusão de novos sujeitos nos pro- de vida propõe qualificar o modo de se fazer saúde. Am-
cessos de gestão (análise de contexto e problemas; proces- pliar a clínica é aumentar a autonomia do usuário do ser-
so de tomada de decisão). Sendo exercida  não por poucos viço de saúde, da família e da comunidade. É integrar a
ou alguns, mas por um conjunto mais ampliado de sujeitos equipe de trabalhadores da saúde de diferentes áreas na
que compõem a organização, assumindo-se o predicado busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada
de que “todos são gestores de seus processo de trabalho”. caso, com a criação de vínculo com o usuário. A vulnera-
bilidade e o risco do indivíduo são considerados e o diag-
O prefixo “co”, nesta perspectiva, indica para o conceito e a
nóstico é feito não só pelo saber dos especialistas clínicos,
experimentação da gestão um duplo movimento: a adição
mas também leva em conta a história de quem está sendo
de novas funções e adição de novos sujeitos.
cuidado, de modo a possibilitar decisões compartilhadas e
COMO FAZER? compromissadas.
A organização e experimentação de rodas é uma di-  
retriz da cogestão. Rodas para colocar as diferenças em COMO FAZER?
contato de modo a produzir movimentos de desestabili- Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos
zação que favoreçam mudanças nas práticas de gestão diagnósticos (outras variáveis além do enfoque orgânico,
e de atenção. A PNH distingue arranjos/dispositivos de inclusive a percepção dos afetos produzidos nas relações
cogestão em dois grupos: o primeiro grupo diz respeito clínicas) e a qualificação do diálogo (tanto entre os profis-
à organização do espaço coletivo de gestão que permi- sionais de saúde envolvidos no tratamento quanto destes
ta o acordo entre necessidades e interesses de usuários, com o usuário), de modo a compreender a doença e se
trabalhadores e gestores; o segundo grupo refere-se aos responsabilizar na produção de sua saúde, possibilitando
mecanismos que garantem a participação ativa de usuá- decisões compartilhadas e compromissadas com a auto-
rios e familiares no cotidiano das unidades de saúde. nomia e a saúde dos usuários do SUS. Para implantar essa
Deverão ser organizados espaços coletivos de gestão para diretriz da PNH é importante também que sejam discutidas
a produção de acordos e pactos entre usuários, trabalha- outras orientações, como o Projeto Terapêutico Singular,
dores e gestores. Ex.: Colegiados Gestores de Hospitais, de Equipe de referência e apoio matricial, co-gestão e o aco-
Distritos Sanitários e Secretarias de Saúde, Colegiado Ges- lhimento.

21
LEGISLAÇÃO DO SUS

Valorização do Trabalhador conformado em redes e a sua concretização passam pela


O QUE É? construção permanente nos territórios, que permita conhe-
É importante dar visibilidade à experiência dos traba- cer o real valor de uma proposta de inovação na organiza-
lhadores e incluí-los na tomada de decisão, apostando na ção e na gestão do sistema de saúde.
sua capacidade de analisar, definir e qualificar os processos A atual grande diretriz da Secretaria de Atenção à Saú-
de trabalho. de (SAS) para o período de 2011 a 2014 é a implantação
COMO FAZER? das RAS, sendo sua gestora no âmbito federal.
O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a No dia 30 de dezembro de 2010, o Documento de
Comunidade Ampliada de Pesquisa são possibilidades que Referência contendo as “Diretrizes para a organização
tornam possível o diálogo, intervenção e análise do que
das RAS no âmbito do SUS” foi oficializado por meio da
gera sofrimento e adoecimento, do que fortalece o grupo
Portaria GM/MS nº 4.279, publicada no Diário Oficial de
de trabalhadores e do que propicia os acordos de como
31/12/2010. Este documento havia sido aprovado pela Co-
agir no serviço de saúde. É importante também assegurar
a participação dos trabalhadores nos espaços coletivos de missão Intergestores Tripartite (CIT) no dia 16 de dezembro.
gestão. Para assegurar resolutividade na rede de atenção, al-
  guns fundamentos precisam ser considerados: economia
Defesa dos Direitos dos Usuários de escala, qualidade, suficiência, acesso e disponibilidade
O QUE É? de recursos.
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por Fonte: http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
lei e os serviços de saúde devem incentivar o conhecimen- php
to desses direitos e assegurar que eles sejam cumpridos
em todas as fases do cuidado, desde a recepção até a alta.
COMO FAZER?
Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, 6. PROGRAMAS DE AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS
de ser informado sobre sua saúde e também de decidir
DE SAÚDE (PROGRAMA DE MELHORIA DO
sobre compartilhar ou não sua dor e alegria com sua rede
social. ACESSO E QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA -
Formação e intervenção PMAQ; PROGRAMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO
… e intervenção é mudança DOS SERVIÇOS DE SAÚDE – PNASS).
Através de cursos e oficinas de formação/intervenção
e a partir da discussão dos processos de trabalho, as dire-
trizes e dispositivos da PNH são vivenciados e reinventa-
dos no cotidiano dos serviços de saúde. Em todo o Brasil, PROGRAMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DOS SER-
os trabalhadores são formados técnica e politicamente e VIÇOS DE SAÚDE – PNASS
reconhecidos como multiplicadores e apoiadores da PNH,  
pois são os construtores de novas realidades em saúde e Os fundamentos legais do Sistema Único de Saúde
poderão se tornar os futuros formadores da PNH em suas (SUS) (artigos nº 196 a 200 da Constituição Federal de 1988
localidades. e das Leis Orgânicas da Saúde – nº 8.080, de 19 de setem-
bro de 1990 e nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990), acres-
cido do conjunto normativo do Ministério da Saúde (MS) e,
mais recentemente, do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de
5. REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS) NO 2011, definem a organização do SUS e as atribuições dos
ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: seus entes federados, cujas bases estão estruturadas pelo
ATRIBUTOS, ELEMENTOS, FUNÇÕES E REDES Pacto Interfederativo.
PRIORITÁRIAS. Entre essas atribuições se incluem o Planejamento, o
Controle e a Avaliação das Ações e Serviços de Saúde, que
buscam garantir os princípios e as diretrizes do SUS, e con-
sequente melhoria das condições de saúde dos indivíduos
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos orga-
e da coletividade.
nizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes den-
A Política Nacional de Regulação, instituída pela Porta-
sidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas
ria MS/GM nº 1.559, de 1º de agosto de 2008, estabelece
de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a
integralidade do cuidado (Ministério da Saúde, 2010 – por- como ação, na dimensão Regulação da Atenção à Saúde,
taria nº 4.279, de 30/12/2010). a avaliação de desempenho dos serviços, da gestão e de
A implementação das RAS aponta para uma maior satisfação dos usuários.
eficácia na produção de saúde, melhoria na eficiência da Em 2015, foi publicada Portaria GM/MS Nº 28, de ja-
gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contri- neiro de 2015 que reformula o Programa Nacional de Ava-
bui para o avanço do processo de efetivação do SUS. A liação dos Serviços de Saúde (PNASS). 
transição entre o ideário de um sistema integrado de saúde

22
LEGISLAÇÃO DO SUS

OBJETIVO GERAL
Avaliar a totalidade dos estabelecimentos de aten- 7. POLÍTICAS DE PROVIMENTO DE
ção especializada em saúde, ambulatoriais e hospitalares, PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO SUS
contemplados com recursos financeiros provenientes de (PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DO
programas, políticas e incentivos do Ministério da Saúde, PROFISSIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA -
quanto às seguintes dimensões: estrutura, processo, resul- PROVAB; PROGRAMA MAIS MÉDICOS - PMM).
tado, produção do cuidado, gerenciamento de risco e a sa-
tisfação dos usuários em relação ao atendimento recebido.  
 
 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Consolidar o processo de avaliações sistemáticas dos O Programa Mais Médicos (PMM) é parte de um amplo
estabelecimentos de atenção especializada em saúde, am- esforço do Governo Federal, com apoio de estados e mu-
bulatoriais e hospitalares. nicípios, para a melhoria do atendimento aos usuários do
Conhecer o perfil da gestão dos estabelecimentos de Sistema Único de Saúde (SUS). Além de levar mais médicos
Atenção Especializada avaliados. para regiões onde há escassez ou ausência desses profis-
Aferir a satisfação dos usuários do SUS nos estabele- sionais, o programa prevê, ainda, mais investimentos para
construção, reforma e ampliação de Unidades Básicas de
cimentos avaliados.
Saúde (UBS), além de novas vagas de graduação, e residên-
Incorporar indicadores que meçam o resultado da
cia médica para qualificar a formação desses profissionais.
atenção/assistência prestada pelos estabelecimentos ava-
Assim, o programa busca resolver a questão emergen-
liados.
cial do atendimento básico ao cidadão, mas também cria
Conhecer a inserção dos estabelecimentos de Atenção
condições para continuar a garantir um atendimento quali-
Especializada avaliados como ponto de atenção da Rede de
ficado no futuro para aqueles que acessam cotidianamente
Atenção à Saúde. o SUS. Além de estender o acesso, o programa provoca
Incentivar, pedagogicamente, a cultura avaliativa no melhorias na qualidade e humaniza o atendimento, com
processo de trabalho dos gestores de saúde. médicos que criam vínculos com seus pacientes e com a
Incentivar a cultura avaliativa em estabelecimentos de comunidade.
saúde do SUS. O Mais Médicos se somou a um conjunto de ações e
Consolidar o PNASS como um instrumento de gestão iniciativas do governo para o fortalecimento da Atenção
do SUS. Básica do país. A Atenção Básica é a porta de entrada pre-
Transformar o PNASS em uma ferramenta estratégica ferencial do Sistema Único de Saúde (SUS), que está pre-
de regulação do SUS. CRITÉRIOS DE INCLU- sente em todos os municípios e próxima de todas as comu-
SÃO DOS ESTABELECIMENTOS nidades. É neste atendimento que 80% dos problemas de
Estabelecimentos que receberam recursos financeiros saúde são resolvidos.
do Incentivo de Adesão à Contratualização (IAC). Nesses dois anos, o Mais Médicos conseguiu implantar
Estabelecimentos habilitados/qualificados na Rede e colocar em desenvolvimento os seus três eixos pilares: a
Cegonha. estratégia de contratação emergencial de médicos, a ex-
Estabelecimentos habilitados/qualificados na Rede de pansão do número de vagas para os cursos de Medicina e
Urgências e Emergências. residência médica em várias regiões do país, e a implanta-
Estabelecimentos habilitados em Terapia Renal Subs- ção de um novo currículo com uma formação voltada para
titutiva (TRS). o atendimento mais humanizado, com foco na valorização
Estabelecimentos habilitados como Centro Especiali- da Atenção Básica, além de ações voltadas à infraestrutura
zados de Reabilitação (CER). das Unidades Básicas de Saúde.
Estabelecimentos habilitados em Oncologia. Fonte: http://maismedicos.gov.br/conheca-programa
Estabelecimentos hospitalares de natureza jurídica pú-
blica (federais, estaduais ou municipais)
Foram excluídos os estabelecimentos hospitalares con-
siderados como Hospitais de Pequeno Porte (HPP), defini- 8. FUNDAMENTOS DE PLANEJAMENTO,
dos como aqueles que tinham 49 leitos ou menos (leitos GESTÃO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE.
de especialidades mais os complementares). Os HPP foram
objeto de avaliação pelo Departamento de Atenção Hos-
pitalar e Urgências do Ministério da Saúde (DAHU/SAS/
MS) por outro tipo de instrumento de avaliação. Somente Planejamento familiar.
serão avaliados pelo PNASS os HPP que possuam algum
tipo de habilitação de acordo com os critérios citados an- Tem por objetivo a difusão da doutrina da paternidade
teriormente. consciente e responsável e o oferecimento da instrução e
Fonte: http://u.saude.gov.br/index.php/pnass de métodos anticoncepcionais seguros aos casais para que
seguros aos casai para que eles voluntariamente, planejem
a prole dentro de suas possibilidades econômicas, sociais e
psicológicas. As consequências imediatas são:

23
LEGISLAÇÃO DO SUS

A diminuição do aborto provocado; Vasectomia


A redução da mortalidade materno-infantil; Meio eficaz e cirúrgico (pequena operação), impede
A melhoria do nível de saúde da família e da comuni- que haja espermatozoides no sêmen ejaculado. Como to-
dade; dos os espermatozoides são produzidos nos testículos e
A redução gradual da natalidade; têm de passar por finos tubos até chegarem à uretra, o
bloqueio desses canais por vasectomia torna impossível a
A prevenção do câncer ginecológico e o bem estar fa- presença dos espermatozoides no sêmen ejaculado.
miliar;
A preocupação com o desvinculamento do sexo da fun- Abstinência sexual total
ção reprodutora não é recente, é bastante antiga e contínua Método rítmico - tabela - abstinência nos dias férteis
existindo, pois apesar de tantas versões não foi descoberto, O casal que usa o método da tabela apenas evita as re-
lações sexuais nos dias em que a mulher pode engravidar.
ainda, um método contraceptivo eficaz e seguro qualitativa
Considerando-se que os espermatozoides têm em média
e quantitativamente. Os métodos que poderiam ser consi-
24 a 36 horas de vida antes da ovulação e prolonga-se três
derados eficazes e seguros, respeitando a condição natural
dias após. Para aplicação deste método torna-se essencial
do ser humano, como reprodutor, são caros e exigem certo o conhecimento da época da ovulação, que são aqueles
grau de cultura e desenvolvimento até mesmo tecnológico dias, em que o óvulo fica maduro e sai do ovário, podendo
e, os que são acessíveis têm uma série de desvantagens. unir-se aos espermatozoides, que são depositados na vagi-
Além disso existem questões ideológicas que impedem até na durante a relação sexual. No método original idealizado
mesmo as tentativas de avanço em pesquisas científicas. As por Ogino e Knaus a data da ovulação era determinada as-
implicações na utilização de métodos anticonceptivos são sumindo-se que esta data ocorresse 14 dias antes da próxi-
mais complexos do que possamos imaginar. São complica- ma menstruação. Dever-se-ia estabelecer o padrão mens-
ções de ordem sociológica, política, religiosas, ideológica, trual da paciente registrando-se os ciclos menstruais por
biológica, ecológica, etc. vários meses. Não existe uma maneira totalmente segura
de reconhecer os dias férteis da mulher, mas contando-se
Métodos anticonceptivos os dias após a menstruação, pode-se também saber, com
Recursos anticonceptivos são meios empregados para relativa segurança, qual é o período em que se deve evitar
evitar intencionalmente a fecundação; as relações sexuais. A ovulação está sujeita a adiantamento
Distingue-se 4 grupos de métodos: e a atrasos provocados por problemas de saúde ou emo-
Biológicos: cionais, variação de hábitos, clima, etc. este método não é
Esterilização - ligadura tubárias e vasectomia; indicado para as pessoas que têm vida sexual com grande
frequência. Além disso, pelo menos 20% das mulheres fér-
Abstinência sexual total;
teis apresentam variações em seus ciclos menstruais, tor-
Método rítmico (tabela) - abstinência sexual nos dias
nando-se impossível basear-se neles para exercer medidas
férteis; anticoncepcionais.
Método Billings - viscosidade no muco cervical;
Coito interrompido; Como se usa o método da tabela
Curva de temperatura basal - aumento da temperatura Exemplo de um ciclo menstrual de 28 dias. Tomamos
no dia da ovulação; como exemplo este ciclo por ser o mais comum entre as
Supressão hormonal da ovulação - naturais = gestação mulheres. Se uma mulher ficou menstruada no 1º dia do
e lactação; mês e o seu ciclo é de 28 dias, a sua próxima menstruação
artificiais - pílulas anticoncepcionais (hormônio sinté- será dia 28 do mesmo mês. Conta-se como 1º dia do ciclo
tico); menstrual, o 1º dia da menstruação. Os 8 primeiros dias
do ciclo menstrual geralmente são inférteis, sendo portan-
Mecânicos: to, os mais seguros para se manter relações sexuais sem
Opõem uma barreira mecânica entre os espermatozoi- engravidar. Pelo método pesquisado por Ogino e Knaus,
des e o óvulo ou entre a fertilização e a implantação; a ovulação deverá ocorrer no 14º dia após a menstruação.
Preservativos - condon; Sabemos que o óvulo vive em média 72 horas e o esperma-
Diafragma; tozoide de 24 a 36 horas, logo o período fértil desta mulher
Dispositivo intrauterino (DIU); terá início no dia 11 e terminará no dia 17. Sabemos que a
ovulação pode antecipar ou atrasar um ou mais dias. Para
Químicos: Matam ou incapacitam os espermatozoides
maior segurança é conveniente que o período fértil tenha
de penetrarem no muco cervical;
início no 9º dia e termine no 20º dia do ciclo menstrual.
Geleias, cremes, óvulos; espuma vaginal; supositórios;
Nestes dias, devem ser evitadas as relações sexuais.
Ligadura tubária
Meio cirúrgico, consiste em cortar e remover um tre- Desvantagens do método
cho de cada trompa, por onde normalmente passam os Desaconselháveis para mulheres cujo ciclo menstrual é
óvulos a caminho do útero. irregular ou quando abaladas por problemas de saúde ou
emocionais;

24
LEGISLAÇÃO DO SUS

Não é seguro totalmente, pois o organismo humano Importante: durante a menstruação a mulher deve evi-
não funciona como se fosse máquina; tar as relações sexuais.
Pouco indicado para casais com vida sexual com gran-
de frequência; Vantagens do método billings
14% de falhas a cada 1000 mulheres - 140 engravidam; A grande vantagem é que ele pode ser utilizado por
Abstinência sexual no período fértil; todas as mulheres, mesmo as de ciclo menstrual irregular. A
Vantagens do método presença do muco branco sempre indica o começo do pe-
Não traz nenhum prejuízo à saúde da mulher; ríodo fértil. O “dia do pico” corresponde à véspera da ovu-
Com ele talvez se evite uma gravidez indesejada de lação e três dias depois do “dia do pico” começa o período
uma forma simples dispensando o uso de outros métodos; infértil. Não importa quanto tempo dure o ciclo menstrual
O método tanto é útil para quem quer evitar gravidez da mulher.
ou engravidar. Pois a partir do momento, em que a mulher
sabe seu dia fértil, poderá evitar a concepção. No caso de Obs.: Antes de começar a utilizar o método da ovula-
querer engravidar, saberá o período mais provável para tal; ção, a mulher deve ficar um ou dois meses sem ter relações
Há mulheres que não podem usar outros métodos e sexuais, examinando o muco todos os dias em que ele apa-
conseguem levar a termo a tabela; recer, até que ela aprenda identificar com segurança o “dia
Controvérsia: mulheres que engravidam - a tabela não do pico”.
deu certo ou a pessoa que estava fazendo não respeitou o Coito interrompido
período fértil? É a técnica contraceptiva que vem sendo utilizada há
Método Billings - viscosidade no muco cervical ou mé- longo tempo. Talvez o método mais antigo, e com certeza
todo da ovulação o mais comum. O casal tem relações até que a ejaculação
O método da ovulação foi elaborado por um casal de seja inevitável, momento em que o homem retira o pênis
médicos australianos, John Evelyn Billings, após diversos da vagina. A ejaculação ocorrer fora da vagina, e da genitá-
anos de estudos e pesquisas. Através desse método, pode- lia externa da mulher, evitando a possibilidade de concep-
se conseguir ou evitar uma gravidez de maneira totalmente ção. Este método é mencionado na Bíblia (Gênesis, cap.38,
natural. A natureza tem seus tempos secos e tempos fér- versículo 9). A interrupção do coito possui vantagens dis-
teis. A mulher é semelhante a natureza. Tem seus tempos
tintas da maioria dos outros métodos:
secos e férteis. O homem do campo não planta em tem-
Não necessita dispositivos;
pos secos. Ele espera o tempo úmido, fértil para começar
Não envolve o uso de produtos químicos;
a plantar. Quando a mulher deseja engravidar ela recebe
Pode ser utilizada a qualquer momento;
a semente do homem em seu tempo fértil. Se não deseja
Não requer conhecimento material e é muito comum
engravidar, basta evitar as relações sexuais no seu período
em todas as classes sociais, quase todos os casados recor-
de fertilidade, que é o tempo úmido. O número de dias que
rem a ele com maior ou menor regularidade. Entretanto,
a mulher pode ter relações sexuais, sem engravidar, é maior
do que o número de dias férteis. É muito fácil saber os dias possui uma grande desvantagem:
férteis da mulher: Assim que termina a menstruação, co- Apesar de não possuir efeitos colaterais, a interrupção
meça o período seco que dura em geral dois ou três dias. A do ato sexual na fase alta do ciclo de resposta sexual pode
mulher pode ter relações sexuais sem engravidar. A seguir diminuir muito o prazo do casal, uma vez que sua atenção
vem o período fértil, que pode ser percebido pela mulher estará voltada para o êxito da retirada do pênis.
porque o seu útero começa a soltar um muco branco, que A taxa de falha é de 9 a 15 gestações por 100 mu-
pode ser visto todos os dias em papel higiênico. Assim que lheres/ano, em caso de uso constante (eficácia teórica); na
aparece o muco, a mulher deve suspender a relação sexual, prática, a taxa é de 20 a 25 gestações por 100 mulheres/
se não deseja engravidar. Às vezes o muco aparece logo ano (eficácia de uso real).
no primeiro dia depois da menstruação. Havendo muco,
não deve haver relações sexuais. A presença desse muco Curva da temperatura basal
não é nenhuma anormalidade. Ao contrário, ele indica que Aumento da temperatura no dia da ovulação. A mulher
o organismo está funcionando bem. A quantidade desse deverá obrigatoriamente tomar a temperatura (bucal ou
muco não é importante, mais sim a sua qualidade. Porque retal, etc) toda manhã, antes de qualquer atividade, ano-
o muco, que de início é branco e pegajoso vai se tornando tando-a num gráfico. A temperatura basal é inferior a 37º
cada dia mais elástico e lubrificante. Quando o muco fica durante a 1ª metade do ciclo; depois no momento da ovu-
transparente como clara de ovo e tão elástico que se pode lação sobe progressivamente em alguns dias, ou repentina-
puxar um fio, é sinal de que a mulher está no seu dia fértil, mente a 37º; mantém-se, enfim, acima de 37º durante treze
chamado de “dia de pico do muco”. No dia seguinte ocor- dias e cai com o aparecimento da menstruação. Devemos
rerá a ovulação. Se a mulher desejar engravidar, deverá ter observar que existe, muitas vezes, na véspera da elevação
relações no “dia do pico” e nos três dias seguintes que tam- térmica uma flecha de hipotermia prenúncio da ovulação.
bém são férteis. No 4º dia depois do dia do pico, a mulher Pode-se considerar que, a partir da noite do 3º dia em que
volta a entrar no período não fértil, que dura em geral, 12 a temperatura se manteve, acima de 37º, a ovulação já
dias. Após os quais virá uma nova menstruação. Em todos ocorreu, permitindo então as relações, sem que haja ris-
os dias antes da menstruação a mulher pode ter relações co, independentemente de outras precauções, tal método
sexuais sem engravidar. faculta, pois, a ocorrência das relações de 8 a 10 dias por

25
LEGISLAÇÃO DO SUS

ciclo, isto é, por mês, se a menstruação for regular, ou ainda Vantagens


menos se o ciclo for mais extenso. Para se obter o máximo É fácil de levar e ocupa pouco espaço;
de eficácia, é necessário abster-se de toda relação no início O condon é barato;
da menstruação até a noite do 3º dia da elevação térmica e Pode ser comprado em pacotes nas farmácias e droga-
mesmo nesse caso, devido a erros de interrupção até a noi- rias sem necessidade de receita médica;
te do 3º dia da elevação térmica e mesmo nesse caso, devi- O condon não afeta a saúde nem prejudica as relações
do a erros de interrupção da curva, a porcentagem de fra- sexuais;
cassos do método é de 10 a 12%. O método não é aplicado Evita o contágio de doenças venéreas e pode ser usado
em caso de ciclo não acompanhado de ovulação, uma vez somente com este propósito;
que a temperatura não sobe em tais condições; é também Desvantagens
pouco aconselhável, se a elevação térmica, em vez de durar Alguns homens acreditam que o condon prejudica a
13 dias, durar apenas 8 a 10 dias, o que é frequente. Estri- sensibilidade do ato sexual, porém, isso não é verdade,
tamente aplicado, tal método indica, máximo, dez dias por porquê seu material se adapta perfeitamente ao pênis e
mês para as relações que não signifiquem possibilidade de não diminui o orgasmo;
procriação. Isto explica o fato de que logo seja abandona- Pode falhar provocando gravidez indesejada, pois de
vez em quando sua borracha se rompe deixando penetrar
do, após alguns meses, por aqueles que tentaram adotá-lo,
os espermatozoides na vagina da mulher.
pois não favorece de modo algum, o desenvolvimento de
uma vida sexual harmoniosa. Esse método é o único, ofi-
Diafragma
cialmente aceito pela Igreja Católica. Membrana de borracha ou plástico usada para impedir
Supressão hormonal da ovulação contato do esperma com o colo do útero, no coito. Pouca
Naturais - gestação e lactação variação de forma. O tamanho pode ir de 50 a 105 mm
Lactação - amamentação materna prolongada - méto- de diâmetro, em gradações de 5 mm. Fala-se portanto em
do pouco eficaz diafragma nº 50,55 etc. Além das instruções que acompa-
Artificiais - pílulas anticoncepcionais (hormônio sinté- nham o produto a mulher deve receber a orientação do
tico) ginecologista na 1º vez que tenta aprender a inserir o dia-
A pílula anticoncepcional, contendo estrógenos que fragma. Nem todas as mulheres podem usar o diafragma.
entram na circulação sangüínea, inibe a produção e libera- Em algumas paredes da vagina é muito frouxa por flacidez
ção do hormônio folículo estimulante, não sendo liberado dos músculos adjacentes. Isso pode ocorrer por efeito de
esse hormônio, o folículo não amadurece, não há liberação partos ou por constituição inata. De outro lado algumas
do óvulo e portanto, não ocorre a fecundação. mulheres jovens têm vagina tão estreita que a inserção do
Vantagens diafragma ou a aplicação da cápsula são teste de paciên-
Não interfere com o prazer sexual; cia, capazes de até interferir psicologicamente com o coito:
Altamente seguro; preparativos desagradáveis comprometem qualquer pra-
Desvantagens zer. como garantir vedação perfeita do diafragma?
Necessária orientação médica; Exatidão do tamanho - medida da circunferência da
Se esquecer de tomar a pílula há perigo de gravidez; vagina, na parte que esta forma um saco em torno do colo
Não é aconselhado para mulheres mais velhas; do útero. Em geral, o médico já fornece o nº do diafragma;
Condon Aplicação correta de espermicida em torno da borda. O
excesso de espermicida favorece o deslizamento, por isso o
O que é aro do diafragma deve ser recoberto com uma camada tão
Saquinho pequeno de borracha feito de uma borracha fina quanto possível.
fina usado pelo homem durante a relação sexual. O condon
Quando deve ser inserido o diafragma?
é também conhecido como “camisinha de Vênus”. Envolve
Contanto que esteja no lugar ao começar o coito, não
o pênis, recolhendo os espermatozoides do homem, evi-
importa muito a antecedência de inserção. Mas, para maior
tando que estes penetrem na vagina e fertilizem o óvulo
garantia da eficácia do espermicida usado com ele, convém
feminino. inserir o diafragma no máximo entre 2 ou 3 horas antes do
coito.
Como se usa
Antes de o pênis manter contato com a vagina deve-se Quando deve ser removido o diafragma?
colocar o condon sobre o pênis rígido, deixando uma folga O mais prudente é esperar umas 8 horas depois da úl-
de 1 cm, entre o condon e a ponta do pênis. Depois do ato tima ejaculação recebida na vagina. Para outro coito nesse
sexual retira-se o pênis ainda rígido segurando a beira do prazo, aplicar espermicida cuidadosamente, sem remover o
condon para não derramar o líquido masculino na vagina diafragma; conservação: lavar com sabão, enxugar e polvi-
da mulher, evitando assim, a gravidez não desejada. Um lhar com maizena e guardar no estojo;
condon só serve para uma relação sexual. Quando usado Por não prejudicar a saúde, o diafragma vem sendo re-
corretamente é um método de anticoncepção eficaz, isto é, comendado por muitos médicos, em substituição à pílula
realmente evita a gravidez. anticoncepcional. Sua eficiência porém, é bem menor que
a da pílula.

26
LEGISLAÇÃO DO SUS

Dispositivo intrauterino (DIU) Alta eficácia (realmente evitar a gravidez não desejada);
Pequeno objeto plástico, às vezes revestido com um Reversibilidade (quando o método for suspenso, a fer-
fio de cobre, que se coloca dentro do útero da mulher para tilidade retorna sem causar nenhum dano ao futuro bebê);
evitar a gravidez. Pode ser encontrado em diferentes for- Baixo índice de efeitos colaterais (preservação da saúde
mas e tamanhos. pública);
Raras contraindicações (para atingir o maior número
Como se coloca o DIU? possível de usuários);
O DIU só pode ser colocado por um médico ou uma Não interferir na mecânica do ato sexual (apara ser bem
pessoa bem treinada, no final de menstruação ou um mês aceito);
após o parto, quando o colo do útero está dilatado. Ele é Uso fácil (principalmente quando é o caso de popula-
colocado através de um tubo plástico, em apenas 30 se- ção sem cultura ou analfabeta);
gundos. O tubo é introduzido no canal uterino, e o DIU é Baixo custo (para não obstruir a viabilidade econômica);
injetado por simples pressão. Após a retirada do tubo, o ht t p:/ / po r t al deenf er mag em.bl o gspo t. c o m .
DIU permanece no fundo do útero. A colocação do DIU não br/2008/07/planejamento-familiar.html
requer anestesia, pois não é muito dolorosa.

Desvantagens
Geralmente torna as menstruações mais abundantes; 9. VIGILÂNCIA EM SAÚDE.
Pode provocar cólicas nos primeiros dias de uso, que
passam logo;
Pode provocar pequenas perdas de sangue entre uma
menstruação e outra; A educação permanente dos profissionais de saúde vem
O DIU com revestimento de cobre precisa ser trocado ganhando cada vez mais relevância no país, fato decorrente
de 3 em 3 anos; das demandas efetivas geradas com a consolidação do Sis-
O DIU não produz câncer. Não existe nenhuma relação tema Único de Saúde (SUS) e a partir do redesenho oriundo
da Reforma da Educação Brasileira. As mudanças ocorridas
comprovada entre o uso de DIU e essa doença. Apenas um
na saúde pública nos últimos anos no Brasil, com forte des-
tipo de DIU, o Eseido de Dalkon foi condenadoe pratica-
centralização dos serviços e deslocamento da responsabili-
mente não foi usado no Brasil.
dade de execução e oferta da atenção à saúde para o nível
local, apoiada na reorientação do modelo assistencial, obri-
Espermicida sem diafragma
gatoriamente forçam mudanças no processo de formação
Espermicida em formas de supositórios vaginais ou
dos profissionais de saúde.
pessários, podem ser inseridos com o dedo. Geralmente o
A formação de recursos humanos é uma questão estra-
veículo é a manteiga de cacau, que se derrete em poucos tégica não só no Brasil, mas em países que tem uma política
minutos no calor da vagina. Quando o veículo é um creme voltada para processos de formação vinculada às necessi-
(gorduroso) ou uma geleia (solúvel em água) o uso requer dades apontadas pelo sistema de saúde, que exige profis-
o emprego de um aplicador especial, geralmente um tipo sionais com capacidade de atuar nos diferentes subsetores,
de seringa de injeção, sem agulha. Tanto quanto os pessá- áreas e serviços, de forma a contribuir para promover a me-
rios, também cremes e geleias precisam ser aplicados pro- lhoria dos indicadores sociais e de saúde, em qualquer nível
fundamente, junto ao colo do útero, uns 15 minutos antes do Sistema. Neste cenário de transformações, no ano 2000,
do coito. é criado o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores
Vantagens da Área da Enfermagem (PROFAE) como uma estratégia do
Não precisa de receita médica; Ministério da Saúde para melhorar a qualidade da assistên-
Pode ser usado diariamente; cia prestada pelos trabalhadores de enfermagem nas unida-
Desvantagem des do Sistema Único de Saúde. Três fatores foram decisivos
Pouca segurança quando usado sozinho; para que a implementação do PROFAE fosse reconhecida,
Deve ser recolocado a cada 30 minutos; no circuito acadêmico e de serviços, como uma iniciativa
Deve ser colocado no máximo 30 minutos antes; de grande significado social: falta de qualificação dos tra-
É melado, faz sujeira; balhadores que atuavam nos múltiplos espaços e ações de
Ocasionalmente irrita a vagina ou provoca alergia; Saúde, no campo da Enfermagem, risco de desemprego
Contracepção injetável em conseqüência do exercício ilegal da profissão e o risco
a que a população estava submetida pela baixa qualidade
Uma injeção de contraceptivo injetável protege contra das ações desempenhadas por estes trabalhadores.
a gestação por um período de 90 dias. Não há necessi- Foi desenvolvido com recursos oriundos de emprés-
dade de usar também outro método anticoncepcional. É timo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento
considerado normal um atraso de 15 dias na menstruação. (BID), do Tesouro Nacional e do Fundo de Amparo ao Tra-
São também, normais pequenos sangramentos entre as balhador (FAT). A Unesco, Organização das Nações Unidas
menstruações. Em face do exposto, podemos alinhar quais para a Educação, a Ciência e a Cultura, oferece suporte e
seriam os requisitos básicos para a escolha de um método cooperação técnica como agência de cooperação interna-
contraceptivo “IDEAL”: cional.

27
LEGISLAÇÃO DO SUS

Metas do profae acordadas com o bid atuar na formação profissional. O PROFAE faz parte deste
mosaico de ações na área da formação dos trabalhadores
- Qualificação de 180 mil Auxiliares de Enfermagem de nível médio no universo de profissionais inseridos nos
dos 225 mil trabalhadores cadastrados; serviços de saúde, na qualificação do quadro de docentes
- Formação de 72 mil Técnicos em Enfermagem dos 90 envolvidos no processo e, também, incentivando a articula-
mil Auxiliares de Enfermagem cadastrados; ção das escolas com os gestores do SUS para o atendimen-
- Formação Pedagógica de 12 mil enfermeiros para to de suas demandas.
atuar como docentes dos cursos de educação profissional; O Ministério da Saúde com o estabelecimento desta
- Fortalecimento e modernização de Escolas Técnicas política incorporou definitivamente a formação profissio-
do SUS e apoio à criação de novas Escolas. nal à sua pauta de prioridades, sendo o PROFAE um bom
exemplo de implementação dessa estratégia de descentra-
Técnicas lização estabelecida pelo SUS. O modelo operacional ado-
- Investimento em estrutura física e equipamentos tado incluiu uma gestão centralizada, com execução des-
- Criação de escolas técnicas em 11 estados centralizada, além das outras estruturas de gerenciamento
- Fortalecimento gerencial também descentralizadas. Esse desenho de gestão buscou
garantir qualidade aos cursos, com reflexos significativos
- Investimento em sistemas de informação
na humanização e qualificação da assistência à saúde.
Implantação de Estações de Trabalho para desenvolvi-
Sinal eloqüente da importância dos profissionais de
mento de estudos e pesquisas para Acompanhamento de
enfermagem no Sistema Único de Saúde: a categoria res-
Sinais de Mercado de Trabalho do Setor Saúde, com foco ponde por 25,7 % do total de 2.180.568 trabalhadores da
em Enfermagem. área de saúde que reúne 45 profissões de nível técnico e
superior atuantes em todos os níveis de atenção à saúde.
Execução
Enfermeiros: São os principais agentes envolvidos no
Envolvimento das três esferas de governo esde a insti- processo de supervisão do trabalho dos auxiliares e técni-
tuição do Sistema Único de Saúde, em 1988, a descentrali- cos em enfermagem, nos serviços de saúde e no processo
zação é a palavra de ordem para os serviços e a gestão do de ensino-aprendizagem nas instituições formadoras de
sistema. Este princípio norteador do SUS é realidade tanto recursos humanos. Exercem um papel de liderança indis-
nos grandes centros urbanos como nos menores municí- cutível.
pios brasileiros. Este novo paradigma tem gerado neces-
sidades em relação à profissionalização dos trabalhadores Técnicos em Enfermagem: Formados por escolas pro-
nos inúmeros postos de trabalho distribuídos pelo país, es- fissionalizantes de ensino médio, os técnicos em enferma-
pecialmente na área da atenção básica à saúde. Com este gem atuam principalmente nos serviços de saúde de média
novo dimensionamento em relação às realidades locais, e alta complexidade.
o PROFAE estendeu sua atuação ao oferecer seus cursos Auxiliares de Enfermagem: Constituem o esteio de
de forma descentralizada, ofertando turmas em 2.617 mu- todo o trabalho de enfermagem no Brasil. São formados
nicípios brasileiros, atendendo trabahadores oriundos de por escolas de educação profissional e são os profissionais
5.077 municípios e, com isso, se aproximando o máximo que assumem o cuidado direto ao paciente no dia a dia dos
possível do trabalhador a ser qualificado. serviços de saúde.
Para o desenvolvimento das classes descentralizadas
o projeto estabeleceu parcerias com os gestores do SUS, Organização
no nível federal, estadual e municipal, buscando condições
para a implementação das turmas nos municípios e, tam- Gerência de Escolarização e Profissionalização
- Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem
bém, com os sistemas estaduais de regulação da educação
- Complementação da Qualificação de Auxiliar de En-
para que reconhecessem o espaço extra muros da escola,
fermagem para Técnico em Enfermagem
como espaços passíveis de desenvolvimento de processo
- Complementação do Ensino Fundamental
educativos.
Gerência de Fortalecimento Institucional
Qualificação Profissional - Formação Pedagógica de Docentes
- Sistema de Certificação de Competências
A busca pela qualidade na atenção à saúde formação - Sistema de Acompanhamento de Sinais de Mercado
dos recursos humanos do SUS, em sintonia com os prin- de Trabalho do Setor Saúde, com foco em Enfermagem
cípios e as diretrizes assegurados constitucionalmente, - Fortalecimento das Escolas Técnicas de Saúde do SUS
expressa, historicamente, um dos principais desafios no
campo da saúde pública, sendo um destes a formação Escolarização e Profissionalização
profissional que atenda às necessidades do SUS. Existe um
grande leque de frentes de trabalho nas unidades básicas Meta alcançada foi a profissionalização intensiva dos
de saúde e unidades de média e alta complexidade. Este trabalhadores em enfermagem. O objetivo final conquista-
cenário crescente, principalmente na última década, coloca do foi um grande salto de qualidade dos serviços de saú-
na agenda das políticas públicas a certeza de que é preciso de públicos, privados e filantrópicos. Houve um empenho

28
LEGISLAÇÃO DO SUS

concentrado na valorização dos profissionais, buscando, de É composta pelas ações de vigilância, promoção, pre-
um lado, melhorar o atendimento à população, e de ou- venção e controle de doenças e agravos à saúde, devendo
tro, estimular a expansão de oportunidades para grandes constituir-se em um espaço de articulação de conhecimen-
contingentes de trabalhadores que possam dedicar-se ao tos e técnicas vindos da epidemiologia, do planejamento e
exercício consciente e responsável da profissão. das ciências sociais, é, pois, referencial para mudanças do
Além da qualificação profissional, os cursos do PROFAE modelo de atenção. Deve estar inserida cotidianamente na
constituÍram-se em grande estímulo e incentivo para que prática das equipes de saúde de Atenção Básica. As equi-
esses profissionais buscassem aprimorar seus níveis de es- pes Saúde da Família, a partir das ferramentas da vigilância,
colaridade. Esses trabalhadores, na condição de alunos do desenvolvem habilidades de programação e planejamento,
PROFAE, receberam mensalmente o Auxilio Aluno, destina- de maneira a organizar ações programadas e de atenção
do ao custeio parcial de suas despesas de transporte e ali- a demanda espontânea, que garantam o acesso da popu-
mentação. Todos os cursos, assim como os livros didáticos lação em diferentes atividades e ações de saúde e, desta
utilizados, foram oferecidos gratuitamente pelo PROFAE. maneira, gradativamente impacta sobre os principais indi-
cadores de saúde, mudando a qualidade de vida daquela
“ É consenso entre gestores e profissionais da área
comunidade.
de saúde que a qualificação de trabalhadores nessa
O conceito de Vigilância em Saúde inclui: a vigilância e
escala e nesse prazo se traduziu em impacto positivo
controle das doenças transmissíveis; a vigilância das doen-
na qualidade do atendimento oferecido à população.
Porém, esse não foi o único efeito da implantação do ças e agravos não transmissíveis; a vigilância da situação de
PROFAE. Seu desenho trouxe diversas inovações que pos- saúde, vigilância ambiental em saúde, vigilância da saúde
sivelmente influenciarão os atuais e os futuros projetos na do trabalhador e a vigilância sanitária.
área de formação de pessoal de saúde”. Este conceito procura simbolizar, na própria mudança
de denominação, uma nova abordagem, mais ampla do
Vigilância em Saúde que a tradicional prática de vigilância epidemiológica, tal
como foi efetivamente constituída no país, desde a década
A Atenção Básica (AB), como primeiro nível de aten- de 70. Em um grande número de doenças transmissíveis,
ção do Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por para as quais se dispõe de instrumentos eficazes de pre-
um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo, que venção e controle, o Brasil tem colecionado êxitos impor-
abrange a promoção e proteção da saúde, a prevenção de tantes.
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e visa à Esse grupo de doenças encontra-se em franco declínio,
manutenção da saúde. Deve ser desenvolvida por equipes com reduções drásticas de incidência. Entretanto, algumas
multiprofissionais, de maneira a desenvolver responsabili- dessas doenças apresentam quadro de persistência, ou de
dade sanitária sobre as diferentes comunidades adscritas à redução, ainda recente, configurando uma agenda incon-
territórios bem delimitados, deve considerar suas caracte- clusa nessa área, sendo necessário o fortalecimento das
rísticas sócio-culturais e dinamicidade e, de maneira pro- novas estratégias, recentemente adotadas, que obrigato-
gramada, organizar atividades voltadas ao cuidado longi- riamente impõem uma maior integração entre as áreas de
tudinal das famílias da comunidade. prevenção e controle e à rede assistencial. Um importante
A Saúde da Família é a estratégia para organização da foco da ação de controle desses agravos está voltado para
Atenção Básica no SUS. o diagnóstico e tratamento das pessoas doentes, visando
Propõe a reorganização das práticas de saúde que leve à interrupção da cadeia de transmissão, onde grande parte
em conta a necessidade de adequar as ações e serviços à das ações encontra-se no âmbito da Atenção Básica/Saú-
realidade da população em cada unidade territorial, defini- de da Família. Além da necessidade de promover ações de
da em função das características sociais, epidemiológicas e
prevenção e controle das doenças transmissíveis, que man-
sanitárias. Busca uma prática de saúde que garanta a pro-
tém importante magnitude e/ou transcendência em nosso
moção à saúde, à continuidade do cuidado, a integralidade
país, é necessário ampliar a capacidade de atuação para
da atenção, a prevenção e, em especial, a responsabilização
pela saúde da população, com ações permanentes de vigi- novas situações que se colocam sob a forma de surtos ou
lância em saúde. devido ao surgimento de doenças inusitadas. Para o de-
Na Saúde da Família, os profissionais realizam o cadas- senvolvimento da prevenção e do controle, em face dessa
tramento domiciliar, diagnóstico situacional e ações dirigi- complexa situação epidemiológica, têm sido fortalecidas
das à solução dos problemas de saúde, de maneira pactua- estratégias específicas para detecção e resposta às emer-
da com a comunidade, buscando o cuidado dos indivíduos gências epidemiológicas.
e das famílias. A atuação desses profissionais não está li- Outro ponto importante está relacionado às profundas
mitada à ação dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS), mudanças nos perfis epidemiológicos das populações ao
ela ocorre também nos domicílios e nos demais espaços longo das últimas décadas, nos quais se observa declínio
comunitários (escolas, associações, entre outros). das taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasi-
A Vigilância em Saúde, entendida como uma forma de tárias e crescente aumento das mortes por causas externas
pensar e agir, tem como objetivo a análise permanente da e pelas doenças crônico-degenerativas, levando a discus-
situação de saúde da população e a organização e execu- são da incorporação das doenças e agravos não-transmis-
ção de práticas de saúde adequadas ao enfrentamento dos síveis ao escopo das atividades da vigilância epidemioló-
problemas existentes. gica.

29
LEGISLAÇÃO DO SUS

Vigilância Epidemiológica é um “conjunto de ações que (3) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à
proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de Qualidade do Ar (VIGIAR) tem por objetivo promover a saú-
qualquer mudança nos fatores determinantes e condicio- de da população exposta aos fatores ambientais relaciona-
nantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de dos aos poluentes atmosféricos - provenientes de fontes
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle fixas, de fontes móveis, de atividades relativas à extração
das doenças ou agravos”. mineral, da queima de biomassa ou de incêndios florestais
O propósito da Vigilância Epidemiológica é fornecer - contemplando estratégias de ações intersetoriais.
orientação técnica permanente para os que têm a respon- Outra área que se incorpora nas ações de vigilância
sabilidade de decidir sobre a execução de ações de con- em saúde é a saúde do trabalhador que entende-se como
trole de doenças e agravos. Sua operacionalização com- sendo um conjunto de atividades que se destina, através
preende um ciclo completo de funções específicas e arti- das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sani-
culadas, que devem ser desenvolvidas de modo contínuo, tária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
permitindo conhecer, a cada momento, o comportamento assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos
epidemiológico da doença ou agravo escolhido como alvo trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos
das ações, para que as intervenções pertinentes possam das condições de trabalho, abrangendo entre outros: (1)
ser desencadeadas com oportunidade e efetividade. assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
Tem como função coleta e processamento de dados; ou portador de doença profissional e do trabalho; (2) par-
análise e interpretação dos dados processados; investiga- ticipação em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos
ção epidemiológica de casos e surtos; recomendação e riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo
promoção das medidas de controle adotadas, impacto ob- de trabalho; (3) informação ao trabalhador e à sua respec-
tido, formas de prevenção de doenças, dentre outras. Cor- tiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de aci-
responde à vigilância das doenças transmissíveis (doença dentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem
clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resul- como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais
tante de uma infecção) e das doenças e agravos não trans- e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão,
missíveis (não resultante de infecção). É na Atenção Básica respeitados os preceitos da ética profissional.
/ Saúde da Família o local privilegiado para o desenvolvi- Outro aspecto fundamental da vigilância em saúde é
o cuidado integral à saúde das pessoas por meio da Pro-
mento da vigilância epidemiológica. A Vigilância da Situa-
moção da Saúde. A Promoção da Saúde é compreendida
ção de Saúde desenvolve ações de monitoramento con-
como estratégia de articulação transversal, à qual incorpo-
tínuo do país/estado/região/município/equipes, por meio
ra outros fatores que colocam a saúde da população em
de estudos e análises que revelem o comportamento dos
risco trazendo à tona as diferenças entre necessidades, ter-
principais indicadores de saúde, dando prioridade a ques-
ritórios e culturas presentes no país. Visa criar mecanismos
tões relevantes e contribuindo para um planejamento de
que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam a
saúde mais abrangente.
equidade e incorporem a participação e o controle social
As ações de Vigilância em Saúde Ambiental, estrutu-
na gestão das políticas públicas.
radas a partir do Sistema Nacional de Vigilância em Saú-
Nesse sentido, a Política Nacional de Promoção da
de Ambiental, estão centradas nos fatores não-biológicos Saúde prevê que a organização da atenção e do cuidado
do meio ambiente que possam promover riscos à saúde deve envolver ações e serviços que operem sobre os deter-
humana: água para consumo humano, ar, solo, desastres minantes do adoecer e que vão além dos muros das uni-
naturais, substâncias químicas, acidentes com produtos dades de saúde e do próprio sistema de saúde. O objetivo
perigosos, fatores físicos e ambiente de trabalho. Nesta es- dessa política é promover a qualidade de vida e reduzir a
trutura destaca-se: vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus de-
(1) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à terminantes e condicionantes – modos de viver, condições
Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura
consiste no conjunto de ações adotadas continuamen- e acesso a bens e serviços essenciais. Tem como ações es-
te pelas autoridades de saúde pública para garantir que pecíficas: alimentação saudável, prática corporal/atividade
a água consumida pela população atenda ao padrão e às física, prevenção e controle do tabagismo, redução da mor-
normas estabelecidas na legislação vigente e para avaliar bimortalidade em decorrência do uso de álcool e outras
os riscos que a água consumida representa para a saúde drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de
humana. Suas atividades visam, em última instância, a pro- trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura da paz,
moção da saúde e a prevenção das doenças de transmissão além da promoção do desenvolvimento sustentável.
hídrica; Pensar em Vigilância em Saúde pressupõe a não dis-
(2) À Vigilância em Saúde Ambiental de Populações sociação com a Vigilância Sanitária. A Vigilância Sanitária
Potencialmente Expostas a Solo Contaminado (VIGISOLO) é entendida como um conjunto de ações capazes de eli-
compete recomendar e adotar medidas de promoção à minar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos
saúde ambiental, prevenção e controle dos fatores de risco problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da
relacionados às doenças e outros agravos à saúde decor- produção e circulação de bens e da prestação de serviços
rentes da contaminação por substâncias químicas no solo; de interesse da saúde. (BRASIL, 1990)

30
LEGISLAÇÃO DO SUS

Abrange: 1.2 O Território


(1) o controle de bens de consumo que, direta ou in-
diretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas Os sistemas de saúde devem se organizar sobre uma
todas as etapas e processos, da produção ao consumo; base territorial, onde a distribuição dos serviços segue uma
(2) o controle da prestação de serviços que se relacio- lógica de delimitação de áreas de abrangência.
nam direta ou indiretamente com a saúde. O território em saúde não é apenas um espaço delimi-
Neste primeiro caderno, elegeu-se como prioridade o tado geograficamente, mas sim um espaço onde as pes-
fortalecimento da prevenção e controle de algumas doen- soas vivem, estabelecem suas relações sociais, trabalham e
ças de maior prevalência, assim como a concentração de cultivam suas crenças e cultura.
esforços para a eliminação de outras, que embora de me- A territorialização é base do trabalho das Equipes de
nor impacto epidemiológico, atinge áreas e pessoas sub- Saúde da Família (ESF) para a prática da Vigilância em Saú-
metidas às desigualdades e exclusão. de. O fundamental propósito deste processo é permitir
O Caderno de Atenção Básica Vigilância em Saúde Vo- eleger prioridades para o enfrentamento dos problemas
lume1, visa contribuir para a compreensão da importân- identificados nos territórios de atuação, o que refletirá na
cia da integração entre as ações de Vigilância em Saúde e definição das ações mais adequadas, contribuindo para o
demais ações de saúde, universo do processo de trabalho planejamento e programação local. Para tal, é necessário
das equipes de Atenção Básica/Saúde da Família, visando a o reconhecimento e mapeamento do território: segundo a
garantia da integralidade do cuidado. São enfocadas ações lógica das relações e entre condições de vida, saúde e aces-
de vigilância em saúde na Atenção Básica, no tocante aos so às ações e serviços de saúde. Isso implica um processo
agravos: dengue, esquistossomose, hanseníase, malária, de coleta e sistematização de dados demográficos, socioe-
tracoma e tuberculose. conômicos, político-culturais, epidemiológicos e sanitários
que, posteriormente, devem ser interpretados e atualiza-
1.1 Processo De Trabalho Da Atenção Básica E Da dos periodicamente pela equipe de saúde.
Vigilância Em Saúde Integrar implica discutir ações a partir da realidade lo-
cal; aprender a olhar o território e identificar prioridades
Apesar dos inegáveis avanços na organização da Aten- assumindo o compromisso efetivo com a saúde da popu-
ção Básica ocorrida no Brasil na última década e a descen-
lação. Para isso, o ponto de partida é o processo de pla-
tralização das ações de Vigilância em Saúde, sabe-se que
nejamento e programação conjunto, definindo prioridades,
ainda persistem vários problemas referentes à gestão e
competências e atribuições a partir de uma situação atual
organização dos serviços de saúde que dificultam a efeti-
reconhecida como inadequada tanto pelos técnicos quanto
va integração da Atenção Básica e a Vigilância em Saúde,
pela população, sob a ótica da qualidade de vida.
comprometendo a integralidade do cuidado.
Para qualificar a atenção à saúde a partir do princípio
1.3 Planejamento E Programação
da integralidade é fundamental que os processos de tra-
balho sejam organizados com vistas ao enfrentamento dos
principais problemas de saúde-doença da comunidade, Planejar e programar em um território específico exige
onde as ações de vigilância em saúde devem estar incorpo- um conhecimento das formas de organização e de atuação
radas no cotidiano das equipes de Atenção Básica/Saúde dos órgãos governamentais e não-governamentais para se
da Família. ter clareza do que é necessário e possível ser feito. É impor-
Um dos sentidos atribuídos ao princípio da Integrali- tante o diálogo permanente com os representantes desses
dade na construção do SUS refere ao cuidado de pessoas, órgãos, com os grupos sociais e moradores, na busca do
grupos e coletividades, percebendo-os como sujeitos his- desenvolvimento de ações intersetoriais oportunizando a
tóricos, sociais e políticos, articulados aos seus contextos participação de todos. Isso é adotar a intersetorialidade
familiares, ao meio-ambiente e a sociedade no qual se in- como estratégia fundamental na busca da integralidade da
serem. (NIETSCHE EA, 2000) atenção.
Para a qualidade da atenção, é fundamental que as Faz-se necessário o fortalecimento das estruturas ge-
equipes busquem a integralidade nos seus vários sentidos renciais dos municípios e estados com vistas não só ao
e dimensões, como: propiciar a integração de ações pro- planejamento e programação, mas também da supervisão,
gramáticas e demanda espontânea; articular ações de pro- seja esta das equipes, dos municípios ou regionais. Instru-
moção à saúde, prevenção de agravos, vigilância à saúde, mentos de gestão como processos de acompanhamento,
tratamento, reabilitação e manutenção da saúde; trabalhar monitoramento e avaliação devem ser institucionalizados
de forma interdisciplinar e em equipe; coordenar o cuida- no cotidiano como reorientador das práticas de saúde.
do aos indivíduos-família-comunidade; integrar uma rede Os Sistemas de Informações de Saúde desempenham
de serviços de maior complexidade e, quando necessário, papel relevante para a organização dos serviços, pois os es-
coordenar o acesso a esta rede. tados e os municípios de posse das informações em saúde
Para a integralidade do cuidado, fazem-se necessárias têm condições de adotar de forma ágil, medidas de con-
mudanças na organização do processo de trabalho em trole de doenças, bem como planejar ações de promoção,
saúde, passando a Atenção Básica/Saúde da Família a ser o proteção e recuperação da saúde, subsidiando a tomada
lócus principal de desenvolvimento dessas ações. de decisões.

31
LEGISLAÇÃO DO SUS

É fundamental o uso de protocolos assistenciais que Essa ficha é utilizada para notificar um caso a partir
prevejam ações de promoção, prevenção, recuperação da suspeição do agravo, devendo ser encaminhada para
e reabilitação, que são dirigidos aos problemas mais fre- digitação após o seu preenchimento, independentemente
quentes da população. Tais protocolos devem incluir a in- da confirmação do diagnóstico, por exemplo: notificar um
dicação da continuidade da atenção, sob a lógica da re- caso de dengue a partir da suspeita de um caso que atenda
gionalização, flexíveis em função dos contextos estaduais, os critérios estabelecidos na definição de caso.
municipais e locais. Alia-se a importância de adotar o pro- A ficha de investigação contém, além dos dados da
cesso de Educação Permanente em Saúde na formação e notificação, dados referentes aos antecedentes epidemio-
qualificação das equipes, cuja missão é ter capacidade para lógicos, dados clínicos e laboratoriais específicos de cada
resolver os problemas que lhe são apresentados, ainda que agravo e dados da conclusão da investigação.
a solução extrapole aquele nível de atenção (da resolubi- A impressão, controle da pré-numeração e distribuição
lidade, da visão das redes de atenção) e a necessidade de das fichas de notificação e de investigação para os muni-
criar mecanismos de valorização do trabalho na atenção cípios são de responsabilidade da Secretaria Estadual de
básica seja pelos incentivos formais, seja pela co-gestão Saúde, podendo ser delegada à Secretaria Municipal de
(participação no processo decisório). Saúde.
Finalmente, como forma de democratizar a gestão e Os instrumentos de coleta padronizados pelo Minis-
tério da Saúde são específicos para cada agravo de noti-
atender as reais necessidades da população é essencial a
ficação compulsória, e devem ser utilizados em todas as
constituição de canais e espaços que garantam a efetiva
unidades federadas.
participação da população e o controle social.
Para os agravos hanseníase e tuberculose são coleta-
dos ainda dados de acompanhamento dos casos. As notifi-
1.4 Sistema De Informação De Agravos De Notifi- cações de malária e esquistossomose registradas no Sinan
cação – Sinan correspondem àquelas identificadas fora das respectivas
regiões endêmicas. Esses agravos quando notificados em
A informação é instrumento essencial para a tomada local onde são endêmicos devem ser registrados em siste-
de decisões, ferramenta imprescindível à Vigilância em mas específicos.
Saúde, por ser o fator desencadeador do processo “infor- Dados dos Inquéritos de Tracoma, embora não seja
mação-decisão-ação”. doença de notificação compulsória no país devem ser re-
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação gistrados no Sinan - versão NET, por ser considerada de
(Sinan) foi desenvolvido no início da década de 90, com interesse nacional.
objetivo de padronizar a coleta e processamento dos da- A população sob vigilância corresponde a todas as
dos sobre agravos de notificação obrigatória em todo o pessoas residente no país. Cada município deve notificar
território nacional. Construído de maneira hierarquizada, casos detectados em sua área de abrangência, sejam eles
mantendo coerência com a organização do SUS, pretende residentes ou não nesse município.
ser suficientemente ágil na viabilização de análises de situa- As unidades notificantes são, geralmente, aquelas que
ções de saúde em curto espaço de tempo. O Sinan fornece prestam atendimento ao Sistema Único de Saúde, incluin-
dados para a análise do perfil da morbidade e contribui do as Unidades Básicas de Saúde/Unidades de Saúde da
para a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual Família. Os profissionais de saúde no exercício da profissão,
e federal. Seu uso foi regulamentado por meio da Portaria bem como os responsáveis por organizações e estabele-
GM/MS nº. 1.882, de 18 de dezembro de 1997, quando se cimentos públicos e particulares de saúde e ensino, têm
tornou obrigatória a alimentação regular da base de dados a obrigação de comunicar aos gestores do Sistema Único
nacional pelos municípios, estados e Distrito Federal, e o de Saúde a ocorrência de casos suspeito/confirmados dos
Ministério da Saúde foi designado como gestor nacional agravos listados na LNDC.
do sistema. O Sinan permite a coleta, processamento, armazena-
O Sinan é atualmente alimentado, principalmente, pela mento e análise dos dados desde a unidade notificante,
sendo adequado à descentralização de ações, serviços e
notificação e investigação de casos de doenças e agravos
gestão de sistemas de saúde. Se a Secretaria Municipal de
que constam da Lista Nacional de Doenças de Notificação
Saúde for informatizada, todos os casos notificados pelo
Compulsória em todo Território Nacional - LDNC, confor-
município devem ser digitados, independente do local de
me Portaria SVS/MS nº. 05, de 21/02/2006, podendo os
residência. Contudo, caso as unidades de saúde não dis-
estados e municípios incluir outros problemas de saúde ponham de microcomputadores, o sistema informatizado
pública, que considerem importantes para a sua região. pode ser operacionalizado a partir das secretarias munici-
1.5 Ficha De Notificação Individual pais, das regionais e da secretaria de estado de saúde.
As unidades notificantes enviam semanalmente as fi-
É o documento básico de coleta de dados, que inclui chas de notificação/ investigação ou, se for informatizada,
dados sobre a identificação e localização do estabeleci- o arquivo de transferência de dados por meio eletrônico
mento notificante, identificação, características socioeco- para as secretarias municipais de saúde, que enviam os
nômicas, local da residência do paciente e identificação do arquivos de transferência de dados, pelo menos uma vez
agravo notificado. por semana, à regional de saúde ou Secretaria de Estado

32
LEGISLAÇÃO DO SUS

da Saúde. Os municípios que não têm implantado o pro- Já os dados das fichas de investigação somente serão
cessamento eletrônico de dados pelo Sinan encaminham transmitidos quando for encerrado o processo de investi-
as fichas de notificação/investigação e seguem o mesmo gação, conseguindo dessa forma, separar essas duas eta-
fluxo descrito anteriormente. A SES envia os dados para o pas.
Ministério da Saúde, por meio eletrônico, pelo menos uma Outras rotinas, como o fluxo de retorno, serão imple-
vez por semana. mentadas, permitindo que o município de residência tenha
Dentre as atribuições de cada nível do sistema cabe a na sua base de dados todos os casos, independentemente
todos efetuar análise da qualidade dos dados, como veri- do local onde foram notificados. A base de dados foi pre-
ficar a duplicidade de registros, completitude dos campos parada para georreferenciar os casos notificados naqueles
e consistência dos dados, análises epidemiológicas e di- municípios que desejem trabalhar com geoprocessamento
vulgação das informações. No entanto, cabe somente ao de dados.
primeiro nível informatizado a complementação de dados, A utilização efetiva do Sinan possibilita a realização
correção de inconsistências e vinculação/exclusão de du- do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na
plicidades e exclusão de registros. população; podendo fornecer subsídios para explicações
As bases de dados geradas pelo Sinan são armazena- causais dos agravos de notificação compulsória, além de
das pelo gerenciador de banco de dados PostgreSQL ou vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, con-
Interbase. Para analisá-las utilizando programas informati- tribuindo assim, para a identificação da realidade epide-
zados tais como o SPSS, o Tabwin e o Epi Info, é necessá- miológica de determinada área geográfica.
rio exportá-las para o formato DBF. Esse procedimento é O desafio não só para o Sinan, mas para todos os de-
efetuado em todos os níveis, utilizando rotina própria do mais sistemas de informação de saúde no Brasil, é criar
sistema. uma interface de comunicação entre si descaracterizando
Com o objetivo de divulgar dados, propiciar a análise -os como um sistema cartorial de registro, para se transfor-
da sua qualidade e o cálculo de indicadores por todos os mar em sistemas ágeis que permitam desencadear ações
usuários do sistema e outros interessados, a Secretaria de imediatas e realizar análises em tempo oportuno.
Vigilância em Saúde – SVS do Ministério da Saúde criou um O uso sistemático dos dados gerados pelo Sistema, de
site do Sinan que pode ser acessado pelo endereço www. forma descentralizada, contribui para a democratização da
informação, permitindo que todos os profissionais de saú-
saude.gov.br/svs - sistemas de informações ou www.saude.
de tenham acesso à informação e a disponibilize para a
gov.br/sinanweb. Nessa página estão disponíveis:
comunidade. É, portanto, um instrumento relevante para
• Relatórios gerenciais;
auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de
• Relatórios epidemiológicos por agravo;
intervenção, além de possibilitar que sejam avaliados os
• Documentação do sistema (Dicionários de dados -
impactos das intervenções.
descrição dos campos das fichas e das características da
variável correspondente nas bases de dados);
1.7 O Trabalho Da Equipe Multiprofissional
• Fichas de notificação e de investigação de cada agra-
vo; Os diferentes profissionais das equipes de saúde da
• Instrucionais para preenchimento das Fichas; Atenção Básica/Saúde da Família têm importante papel
• Manuais de uso do sistema; e contribuição nas ações de Vigilância em Saúde. As atri-
• Cadernos de análise da qualidade das bases de dados buições específicas dos profissionais da Atenção Básica,
e cálculo de indicadores epidemiológicos e operacionais; já estão definidas na Política Nacional de Atenção Básica
• Produção - acompanhamento do recebimento pelo (PNAB).
Ministério da Saúde dos arquivos de transferência de cada Como atribuição comum a todos os profissionais das
UF; equipes, descreve-se:
• Base de dados - uso da ferramenta TabNet para tabu- • Garantir atenção integral e humanizada à população
lação de dados de casos confirmados notificados no Sinan adscrita;
a partir de 2001. • Realizar tratamento supervisionado, quando neces-
sário;
1.6 Sinan NET • Orientar o usuário/família quanto à necessidade de
concluir o tratamento;
Novo aplicativo desenvolvido pela SVS/MS em conjun- • Acompanhar os usuários em tratamento;
to ao DATASUS, objetiva modificar a lógica de produção de • Prestar atenção contínua, articulada com os demais
informação para a de análise em níveis cada vez mais des- níveis de atenção, visando o cuidado longitudinal (ao longo
centralizados do sistema de saúde. Subsidia a construção do tempo);
de sistemas de vigilância epidemiológica de base territo- • Realizar o cuidado em saúde da população adscrita,
rial, que esteja atento ao que ocorre em toda sua área de no âmbito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais
atuação. Possibilita ao município que estiver interligado à espaços comunitários (escolas, associações, entre outros),
internet, a transmissão dos dados das fichas de notificação quando necessário;
diariamente às demais esferas de governo, fazendo com • Construir estratégias de atendimento e priorização de
que esses dados estejam disponíveis em tempo oportuno, populações mais vulneráveis, como exemplo: população de
às três esferas de governo. rua, ciganos, quilombolas e outras;

33
LEGISLAÇÃO DO SUS

• Realizar visita domiciliar a população adscrita, conforme ACS. Esta relação entre o número de ACE e de ACS será va-
planejamento assistencial; riável, pois, se baseará no perfil epidemiológico e nas demais
• Realizar busca ativa de novos casos e convocação dos características locais (como geografia, densidade demográfi-
faltosos; ca e outras).
• Notificar casos suspeitos e confirmados, conforme fi- Na divisão do trabalho entre os diferentes agentes, o ACS,
chas anexas; após as visitas domiciliares e identificação dos problemas que
• Preencher relatórios/livros/fichas específicos de registro não poderão ser resolvidos por ele, deverá transmití-las ao
e acompanhamento dos agravos/doenças, de acordo com a ACE, seu parceiro, que planejará conjuntamente as ações de
rotina da UBS; saúde caso a caso como, por exemplo, quando o ACS identi-
• Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informação ficar uma caixa d’água de difícil acesso ou um criadouro que
em Saúde – Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), necessite da utilização de larvicida.
Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), Sistema de In- O ACE deve ser incorporado nas atividades das equipes
formação de Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação da Atenção Básica/Saúde da Família, tomando como ponto
de Agravos de Notificação (Sinan) e outros para planejar, pro- de partida sua participação no processo de planejamento e
gramar e avaliar as ações de vigilância em saúde; programação. É importante que o ACE esteja vinculado a uma
• Desenvolver ações educativas e de mobilização da co- Unidade Básica de Saúde, pois a efetiva integração das ações
munidade relativas ao controle das doenças/agravos em sua de controle está no processo de trabalho realizado cotidiana-
área de abrangência; mente.
• Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de Um dos fatores fundamentais para o êxito do trabalho
proteção individual e familiar para a prevenção de doenças/ é a integração das bases territoriais de atuação dos Agentes
agravos; Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Controle de En-
• Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas sim- demias (ACE). O gestor municipal, junto às equipes de saúde,
ples de manejo ambiental para o controle de vetores; deve organizar seus serviços de saúde, e definir suas bases
• Articular e viabilizar as medidas de controle vetorial e territoriais, de acordo com sua realidade, perfil epidemiológi-
outras ações de proteção coletiva; co, aspectos geográficos, culturais e sociais, entre outros.
• Identificar possíveis problemas e surtos relacionados à
qualidade da água, em nível local como a situação das fontes 1.8 Atribuições Específicas Dos Profissionais Da Aten-
de abastecimento e de armazenamento da água e a variação ção Básica/Saúde Da Família
na incidência de determinadas doenças que podem estar as-
sociadas à qualidade da água; 1.8.1 Agente Comunitário de Saúde – ACS
• Identificar a disposição inadequada de resíduos, indus- - Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e en-
triais ou domiciliares, em áreas habitadas; a armazenagem caminhar os casos suspeitos para a Unidade de Saúde;
inadequada de produtos químicos tóxicos (inclusive em pos- - Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-lo
tos de gasolina) e a variação na incidência de doenças poten- quanto à necessidade de sua conclusão;
cialmente relacionadas a intoxicação; - Desenvolver ações educativas e de mobilização da co-
• Identificar a poluição do ar derivada de indústrias, auto- munidade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua
móveis, queimadas, inclusive nas situações intra-domiciliares área de abrangência;
(fumaça e poeira) e as variações na incidência de doenças, - Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de
principalmente as morbidades respiratórias e cardiovascula- proteção individual e familiar para a prevenção de doença;
res, que podem estar associadas à poluição do ar. - Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas sim-
Na organização da atenção, o Agente Comunitário de ples de manejo ambiental para o controle de vetores;
Saúde (ACS) e o Agente de Controle de Endemias (ACE) de- - Planejar/programar as ações de controle das doenças/
sempenham papéis fundamentais, pois se constituem como agravos em conjunto ao ACE e equipe da Atenção Básica/
elos entre a comunidade e os serviços de saúde. Assim como Saúde da Família.
os demais membros da equipe, tais agentes devem ter co
-responsabilização com a saúde da população de sua área de 1.8.2 Agente de Controle de Endemias – ACE
abrangência. Por isso, devem desenvolver ações de promo- - Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e en-
ção, prevenção e controle dos agravos, sejam nos domicílios caminhar os casos suspeitos para a Unidade de Saúde;
ou nos demais espaços da comunidade, e embora realizem - Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-los
ações comuns, há um núcleo de atividades que é específico a quanto à necessidade de sua conclusão;
cada um deles. - Desenvolver ações educativas e de mobilização da co-
No processo de trabalho, estes dois atores, ACS e ACE, munidade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua
devem ser coresponsáveis pelo controle das endemias, inte- área de abrangência;
grando suas atividades de maneira a potencializar o traba- - Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de
lho e evitar a duplicidade das ações que, embora distintas, se proteção individual e familiar para a prevenção de doenças;
complementam. - Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas sim-
Os gestores e as equipes de saúde devem definir cla- ples de manejo ambiental para o controle de vetores;
ramente os papéis, competências e responsabilidades de - Realizar, quando indicado a aplicação de larvicidas/
cada um destes agentes e, de acordo com a realidade local, moluscocidas químicos e biológicos; a borrifação intradomi-
definir os fluxos de trabalho. Cada ACE deverá ficar como ciliar de efeito residual; e a aplicação espacial de inseticidas
referência para as ações de vigilância de um número de por meio de nebulizações térmicas e ultra-baixo-volume;

34
LEGISLAÇÃO DO SUS

- Realizar atividades de identificação e mapeamento de 1.8.6 Cirurgião Dentista, Técnico em Higiene Dental –
coleções hídricas de importância epidemiológica; THD e Auxiliar de Consultório Dentário – ACD
- Planejar/programar as ações de controle das doen-
ças/agravos em conjunto ao ACS e equipe da Atenção Bá- - Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e en-
sica/Saúde da Família. caminhar os casos suspeitos para consulta;
- Desenvolver ações educativas e de mobilização da co-
1.8.3 Médico munidade relativas ao controle das doenças/agravos em sua
área de abrangência;
- Diagnosticar e tratar precocemente os agravos/doen- - Participar da capacitação dos membros da equipe
ças, conforme orientações, contidas neste caderno; quanto à prevenção, manejo do tratamento, ações de vigilân-
- Solicitar exames complementares, quando necessá- cia epidemiológica e controle das doenças;
rio; - Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de
- Realizar tratamento imediato e adequado, de acordo proteção individual e familiar para a prevenção de doenças.
com esquema terapêutico definido neste caderno;
- Encaminhar, quando necessário, os casos graves para
a unidade de referência, respeitando os fluxos locais e
mantendo-se responsável pelo acompanhamento; 10. QUALIDADE EM SAÚDE E SEGURANÇA DO
- Realizar assistência domiciliar, quando necessário; PACIENTE.
- Orientar os Auxiliares e técnicos de enfermagem, ACS
e ACE para o acompanhamento dos casos em tratamento
e/ou tratamento supervisionado;
- Contribuir e participar das atividades de educação Risco Biológico
permanente dos membros da equipe quanto à prevenção,
manejo do tratamento, ações de vigilância epidemiológica A Norma Regulamentadora 32 (NR 32) considera risco
biológico a probabilidade da exposição ocupacional a agentes
e controle das doenças;
biológicos: microrganismos geneticamente modificados ou
- Enviar mensalmente ao setor competente as infor-
não, culturas de células, parasitas, toxinas e príons.
mações epidemiológicas referentes às doenças/agravo na
No setor de saúde, esse risco é representado sobretudo
área de atuação da UBS, analisar os dados para propor pos-
pelas infecções causadas por bactérias, vírus, rickettsias, cla-
síveis intervenções.
mídias e fungos e, em menor grau, pelas parasitoses produzi-
das por protozoários, helmintos e artrópodos.
1.8.4 Enfermeiro A exposição do pessoal de enfermagem ao risco biológi-
co torna-se maior devido seu contato íntimo e frequente com
- Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames os pacientes infectados.
complementares e prescrever medicações, conforme pro- Muitas vezes, o próprio rosto (conjuntiva ocular, mucosas
tocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo da boca e do nariz) ao alcance do ar por eles expirado, ao
gestor municipal, observadas as disposições legais da pro- alcance de respingos de sangue e de outros fluidos corporais,
fissão; durante procedimentos invasivos, tosses, espirros...
- Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações de- Excreções, produtos de vômito, bile, saliva, escarro, san-
senvolvidas pelos ACS; gue e pus são observados e controlados antes do rejeito; seus
- Realizar assistência domiciliar, quando necessário; recipientes são lavados e desinfectados, ou esterilizados; pija-
- Enviar mensalmente ao setor competente as infor- mas, camisas e roupa de cama são trocados. E tudo isso é feito
mações epidemiológicas referentes às doenças/agravo na pelo trabalhador de enfermagem.
área de atuação da UBS e analisar os dados para possíveis
intervenções; Infecções apontadas como risco biológico para o tra-
- Orientar os auxiliares/técnicos de enfermagem, ACS e balhador de saúde
ACE para o acompanhamento dos casos em tratamento e/ 1. Principais:
ou tratamento supervisionado; Tuberculose pulmonar
- Contribuir e participar das atividades de educação Ccytomegalovirus (CMV)
permanente dos membros da equipe quanto à prevenção, Hepatite virais (B, C, G)
manejo do tratamento, ações de vigilância epidemiológica Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)
e controle das doenças. Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS)
2. Outras infecções às quais o pessoal de enfermagem en-
1.8.5 Auxiliar/Técnico de Enfermagem contra-se potencialmente exposto:
Difteria
- Participar das atividades de assistência básica, reali- Febre tifóide
zando procedimentos regulamentados para o exercício de Gastroenterite infecciosa
sua profissão; Herpes simplex
- Realizar assistência domiciliar, quando necessária; Meningites
- Realizar tratamento supervisionado, quando necessá- Infecções respiratórias por vírus
rio, conforme orientação do enfermeiro e/ou médico. Parotidite

35
LEGISLAÇÃO DO SUS

Rubéola agulhas são favorecidas por obscuridade, insuficiência de


Queraratoconjuntivite epidêmica espaço, falta de recipientes adequados para transporte e co-
Varicella zoster leta de seringas após o uso, por exemplo.
3. Doenças causadas por bactérias envolvidas nas infec- Conheça seu nível imunitário relativo às infecções que fa-
ções hospitalares: zem parte do seu cotidiano. Mais exposto que a população
Staphilococcusaureus em geral ao risco de adquirir algumas infecções imunologi-
Escherichia coli camentepreveníveis, o trabalhador de enfermagem deve pro-
Salmonellae teger-se, por meio de vacinas ou imunoglobulinas, contra as
Streptococcus seguintes doenças:
Pseudomonas Proteção altamente recomendada
Proteus Caxumba
4. Infecções diversas sem consequências patológicas graves Difteria
ou duráveis Gripe
Até agora, o único setor de atividade com ocorrência de Hepatite B
transmissão ocupacional do HIV foi o setor de saúde e, nes- Rubéola
te, o pessoal de enfermagem tornou-se o principal grupo de Sarampo
risco. A hepatite B é a doença de origem profissional mais Tétano
frequente entre o pessoal hospitalar. Tuberculose
Em relação à população geral, o risco de hepatite B é 11 Varicella Zoster
vezes mais elevado entre o pessoal de saúde: trabalhadores Proteção eventualmente indicada
de laboratório e de enfermagem. Coqueluche
A tuberculose constitui, hoje, séria ameaça à saúde Febre tifóide
E mais: Hepatite A
• O Brasil é um dos 22 países mais atingidos pela tuber- Doença meningocócica
culose. Doença pneumocócica
• Várias centenas de tuberculosos contagiosos são atendidos Doença invasiva por H. influenzae
em consultórios médicos e nos hospitais, sem qualquer controle. Segundo a NR 32, todo trabalhador dos serviços de saú-
• Quantidades cada vez maiores de pessoas infectadas e de deve receber, gratuitamente, programa de imunização
hospitalização frequente de pacientes com HIV/AIDS já pro- ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no
duziram epidemias de TB em vários hospitais. PCMSO. Sempre que houver vacinas eficazes contra outros
• A transmissão da doença se dá pelo ar! Um só paciente agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão
pode infectar todo o serviço! estar expostos, o empregador deve fornecêlas gratuitamente.
Os trabalhadores de saúde mais expostos são aqueles com Redobre sua atenção com os perfurocortantes:
história de tuberculose, ou fatores de risco pessoal, lotados em • Agulhas, tesouras, bisturis, pinças e escalpes fazem par-
clínicas cujas atividades aumentam o risco (aerossol e broncos- te do nosso trabalho diário. Picadas e cortes acidentais pro-
copia, por exemplo), ou, ainda, com sobrecarga física de trabalho. duzidos por esses materiais, também! Por isso, só manipule
Prevenção e controle de riscos biológicos baseiam-se em agulhas e material cortante, ou qualquer outro material sujo
conhecimentos de higiene, biossegurança, educação, admi- de sangue, como barbeadores e escovas de dente, com as
nistração, engenharia e até de legislação. devidas precauções.
A adoção de comportamento de segurança abrange for- • Dentre os casos de AIDS envolvendo profissionais de saú-
mação, educação continuada, supervisão qualificada, organi- de, a maioria ocorreu como resultado de manipulação inade-
zação do trabalho, recursos materiais (incluindo-se os EPIs), quada de agulhas e instrumentos cortantes: mais de 70% dos
profissionais preparados para cuidar de pessoas com doenças casos comprovados e 43% dos prováveis, envolveram a cate-
infecciosas, além de normas bem claras sobre isolamento e goria de enfermagem e de profissionais da área de laboratório.
barreiras. Basta a correta observação das normas básicas de Agora é lei: Em toda ocorrência de acidente envolven-
higiene hospitalar para a prevenção e controle das infecções. do riscos biológicos, com ou sem afastamento do traba-
Educação, controle serológico e imunização integram o pro- lhador, deve ser emitida a Comunicação de Acidente de
grama destinado ao grupo de risco, representado por traba- Trabalho – CAT.
lhadores expostos a contato com sangue, seus derivados e Para a prevenção e controle do risco biológico, a NR 32
outros fluidos corporais. salienta a necessidade do cumprimento das seguintes Nor-
Higiene! mas Regulamentadoras:
Lavagem das mãos! NR 07 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
Lavar, desinfectar, esterilizar! NR 09 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais
Assepsia, anti-sepsia, degermação. NR 15 Atividades e Operações Insalubres.
Isolamento, barreiras... O Controle de Infecção Hospitalar também dispõe de
Compreensão do significado desses termos e adoção de legislação específica: a Lei 9431, de 06/01/1997 determina
comportamento de segurança constituem aspecto vital da que os hospitais mantenham um Programa de Infecções
prática diária da enfermagem. Hospitalares (PCIH) e criem uma Comissão de Controle de
As regras de segurança são porém insuficientes, se os Infecções Hospitalares (CCIH). As diretrizes e normas que
materiais não são corretamente utilizados e se a (des)or- viabilizaram o planejamento do programa foram definidas
ganização do trabalho impede sua aplicação. Picadas de pela Portaria GM 2616, de 12 de maio de 1998.

36
LEGISLAÇÃO DO SUS

Riscos Físicos Além do atendimento às exigências da NR-32, devem ser


São agentes de risco físico: cumpridos vários dispositivos relativos à radioproteção, tais como:
• Radiações ionizantes: raios-X, raios gama, raios beta, ABNT: NBR 9191/2000 Acondicionamento dos resíduos
partículas gama, prótons e nêutrons. de saúde.
• Radiações não ionizantes: ultravioleta, raios visíveis (luz CNEN 1988: Radioproteção: • NN -3.01 Diretrizes bási-
solar ou artificial), infravermelho, microondas, frequência de cas de proteção radiológica •NE - 3.02 Serviços de radiopro-
rádio, raios laser. teção • NN - 3.05 Requisitos de radioproteção e segurança
• Variações atmosféricas: calor, frio e pressão atmosférica. para serviços de medicina nuclear • NE - 3.06 Requisitos de
• Vibrações oscilatórias: ruído e vibrações. Radioproteção e Segurança para Serviços de Radioterapia.
Considera as radiações ionizantes, o ruído, a temperatura Transporte: NE - 5.01 Transporte de Materiais Radiativos. Ins-
e a eletricidade como os principais fatores de risco físico para talações Radioativas: • NN - 6.01 Registro de pessoas físicas
os trabalhadores de saúde. Na NR-32, apenas as radiações para o preparo, uso e manuseio fontes radioativas • NE - 6.02
ionizantes são detalhadas: radioterapia, radiodiagnóstico mé- Licenciamento de instalações radioativas • NE - 6.05 Gerência
dico-odontológico, braquiterapia e resíduos. De fato, trata-se de rejeitos radioativos em instalações radioativas • NE - 6.06
de risco considerado ainda mais perigoso porque impossível Seleção e escolha de locais para depósitos de rejeitos radioa-
de ser detectado pelos sentidos: não tem cheiro, não emite tivos • NN - 6.09 Critérios de aceitação para deposição de
qualquer som, não pode ser visto, nem tocado. rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação.
São efeitos biológicos das radiações ionizantes: COFEN: Resolução COFEN-211/1998 - Dispõe sobre a
• Somáticos - as alterações celulares manifestam-se na atuação dos profissionais de Enfermagem que trabalham
pessoa irradiada, não passam aos descendentes. com radiação ionizante.
• Genéticos - as alterações ocorridas nos gametas do indi- MS: Portaria/MS/SVS nº 453/1998 - Diretrizes básicas de
víduo irradiado são transmissíveis aos descendentes. proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odon-
Estima-se ser ainda desconhecida a maioria dos efeitos tológico.
genéticos resultantes das exposições profissionais às radiações. MTE: • NR 07 Programa de Controle Médico de Saúde
As exposições radioativas do trabalhador podem ser agu- Ocupacional - PCMSO • NR 09 Programa de Prevenção de
das e crônicas: Riscos Ambientais – PPRA • NR 16 Atividades e Operações
• Exposição aguda – sobre exposição a uma fonte interna Perigosas.
ou externa de radiação. Produz a síndrome de irradiação agu-
da, podendo levar à morte. Corresponde a uma emergência Riscos Químicos
médica e caracteriza-se como acidente de trabalho No mundo, milhões de substâncias químicas encontram-
• Exposição crônica – exposição a doses baixas em um se registradas.
tempo de exposição longo, com a manifestação dos danos a Dentre essas, centenas são de uso hospitalar, todas po-
ocorrer muitos anos após a exposição original. Seus efeitos a dendo constituir-se em risco tóxico. Os trabalhadores de saú-
longo prazo são: aumento da incidência de carcinomas; efei- de estão expostos à enorme variedade desses tóxicos.
tos embriotóxicos em trabalhadoras gestantes; efeitos cata- Anestésicos, esterilizantes, desinfetantes, solventes,
ratogênicos observados em radiologistas e físicos nucleares. agentes de limpeza, antissépticos, detergentes, medicamen-
A legislação é clara: toda trabalhadora com gravidez con- tos e drogas de risco são alguns dos produtos diariamente
firmada deve ser afastada das atividades com radiações io- manipulados pelo trabalhador de enfermagem. Nos serviços
nizantes, devendo ser remanejada para atividade compatível de saúde, não são poucas as substâncias capazes de causar
com seu nível de formação. (NR-32) genotoxicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e toxi-
Exija condições seguras para o trabalho com radiações cidade sobre órgãos e sistemas.
ionizantes. Os agentes químicos são capazes de produzir todos os
Bastaria o cumprimento da legislação em vigor, para se tipos de lesão celular e os efeitos da exposição aos mesmos
reduzir consideralmente os danos causados pelas radiações podem manifestar-se imediata ou tardiamente. Fadiga, perda
ionizantes. A radioproteção compreende o conjunto de me- do apetite, irritabilidade, problemas da memória, do equilí-
didas empregadas, para proteção do homem e do meio am- brio e do sono, alterações do humor e dor de cabeça podem
biente, contra possíveis efeitos nocivos causados pelas radia- estar associados à exposição ao risco químico.
ções ionizantes. Possíveis efeitos crônicos causados pela maioria das
São medidas de proteção: substâncias químicas sobre o nosso organismo:
• Blindagens • Cancerígenos: atingindo principalmente medula óssea,
• Capacitação do pessoal pulmão, laringe, pele, bexiga, fígado.
• Confinamento de fontes radioativas • Comportamentais: instabilidade emocional, irritabilida-
• Controle médico (PCMSO e PPRA) de, distúrbios psicomotores e da memória.
• Distância da fonte • Cutâneos: ressecamento, fissuras, dermatites, inclusive
• Identificação do risco foliculite e acne .
• Instalações adequadas • Neurológicos: degeneração dos neurônios.
• Limitação do tempo de exposição • Pulmonares: bronquite crônica, enfisema pulmonar.
• Manutenção dos aparelhos em perfeito estado • Relacionados com a reprodução: aborto, natimortali-
• Monitoração do trabalhador dade, baixo peso ao nascer, mortalidade perinatal, anoma-
• Observação rigorosa das regras de segurança lias congênitas, malformações cardiovasculares, alterações
• Otimização das atividades nas áreas de risco na estrutura dos cromossomos.

37
LEGISLAÇÃO DO SUS

O gás óxido de etileno, por exemplo, é altamente tóxi- NR 07 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocu-
co, facilmente inflamável e explosivo, além de ser carcinogê- pacional
nico, mutagênico, teratogênico e neurotóxico. NR 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
Acrescente-se que as exposições ocupacionais envolvem NR 15 - Atividades e Operações Insalubres
várias substâncias, simultâneas ou sucessivamente. E a inte- NR 26 - Sinalização de Segurança
ração entre os tóxicos absorvidos simultaneamente pode ser Portaria Interministerial MS/MTE n.º 482 de 16/04/1999.
antagônica ou sinérgica.
Os seguintes fatores podem interagir e modificar, para
pior, a reposta do organismo ao tóxico: 11. PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL NO
• Ambientais - temperatura ambiente, pressão atmosféri-
SUS.
ca, ruído, vibrações e radiações.
• Genéticos - reações de hiper e hipossensibilidade.
• Fisiológicos - idade, sexo (suscetibilidade da mulher a
hormônios sexuais, gravidez). A lei 8142/90, determina duas formas de participação da
• Profissionais ou relacionados com o estilo de vida - estres- população na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS: Con-
se, fadiga, sobrecarga de trabalho, dieta alimentar, tabagismo. ferências de Saúde e Conselhos de Saúde. Conferências de
Medicamentos - os efeitos tóxicos dos medicamentos Saúde – no artigo 1º da 8142/90 parágrafo 1º diz:
utilizados no meio hospitalar são frequentemente comparti- – A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 4(quatro) anos
lhados pelo pessoal de enfermagem e da farmácia. Suspeita-se com a representação dos vários segmentos sociais, para ava-
que muitos dos efeitos nocivos da maioria dos medicamentos liar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formula-
continuam ignorados. O trabalhador de enfermagem expõe- ção da política de saúde nos níveis correspondentes, convo-
se, todos os dias, ao risco de absorção de vários medicamen- cada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por este
tos através das vias cutâneo-mucosa, respiratória e digestiva. ou pelo Conselho de Saúde.
Com um agravante: se a exposição profissional sensibili- Conselhos de Saúde – no artigo 1º da 8142/90 parágrafo 2º diz:
zar um trabalhador a um determinado medicamento, há o pe- – O Conselho de Saúde,  é um órgão  colegiado de caráter
rigo de reação mais grave (choque anafilático, por exemplo), permanente e deliberativo do Sistema Único de Saúde- SUS
quando esse receber a substância diretamente, mais tarde. O colegiado do Conselho de Saúde é composto por:
Um pouco sobre as dermatoses - dermatose profissio- – 25% de representantes do governo e prestadores de
nal é qualquer anormalidade da pele produzida ou agravada serviços, 25% de profissionais de saúde e  50% de usuários,
pelo trabalho, abrangendo desde eritemas ou descamações, atua na formulação e proposição  de estratégias e no contro-
até sérias lesões eczematosas, acneiformes, neoplásicas, gra- le da execução das políticas de saúde, inclusive nos aspectos
nulomatosas ou ulcerativas. As dermatoses profissionais po- econômicos e financeiros, cuja decisões serão homologadas
dem ser causadas por agentes químicos, físicos e biológicos. pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera
Os trabalhos úmidos apresentam risco de dermatoses de governo.
profissionais. A Resolução nº 333 de 04/11/2003, do Conselho Nacio-
Fatores domésticos, como cuidar de crianças e ausência nal de Saúde  aprova  diretrizes para a Criação , reformulação ,
de máquina de lavar roupa, uma vez combinados com os tra- estruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde.
balhos úmidos no hospital, quadruplicam os riscos de derma- Direitos dos Usuários do SUS
tose. As diferentes tarefas de homens e mulheres explicam o A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz in-
maior número de casos de eczema entre estas. formações para que você conheça seus direitos na hora de
A legislação em vigor estabelece medidas capazes de procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis princípios
minimizar os danos causados pelos riscos químicos. Lutemos básicos de cidadania que asseguram ao brasileiro o ingresso
pelo cumprimento da mesma! digno nos sistemas de saúde, seja ele público ou privado. A
A NR32 aborda as medidas de proteção contra os efeitos Carta é uma importante ferramenta para que você conheça
tóxicos de gases medicinais, medicamentos e drogas de risco, seus direitos e, assim, ajude o Brasil a ter um sistema de saúde
quimioterápicos antineoplásicos, gases e vapores anestésicos. ainda mais efetivo.
Segundo essa norma, por exemplo, com relação aos quimio- Os princípios da Carta são:
terápicos antineoplásicos: 1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e orga-
1. É vedado: • iniciar qualquer atividade na falta de EPI • dar con- nizado aos sistemas de saúde
tinuidade às atividades de manipulação quando ocorrer qualquer 2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e
interrupção do funcionamento da cabine de segurança biológica. efetivo para seu problema
2. Compete ao empregador: • proibir fumar, comer ou be- 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado,
ber, bem como portar adornos ou maquiar-se • afastar das acolhedor e livre de qualquer discriminação
atividades as trabalhadoras gestantes e nutrizes • proibir que 4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a
os trabalhadores expostos realizem atividades com possi- sua pessoa, seus valores e seus direitos
bilidade de exposição aos agentes ionizantes. 5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que
• fornecer aos trabalhadores os EPIs e recursos neces- seu tratamento aconteça da forma adequada
sários à execução das tarefas. 6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos
Para a prevenção e controle dos riscos químicos, a pró- gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam
pria NR32 lembra a necessidade de se cumprir o estabele- cumpridos.
cido nos seguintes dispositivos: Fonte: http://portalamm.org.br/controle-social-no-sus/

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

1. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA........................................................................................................................................................................ 01
1.1. Recepção, armazenamento, distribuição e controle de estoque de medicamentos, material médico-hospitalar e
correlatos................................................................................................................................................................................................................ 03
1.2. Sistemas de distribuição de medicamentos..................................................................................................................................... 06
1.3. Protocolo de Segurança na Prescrição, Uso e Administração de Medicamentos (Anexo 3 da Portaria MS/GM nº
2095 de 24 de setembro de 2013)............................................................................................................................................................... 09
2. LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA......................................................................................................................................................................... 27
2.1. Lei no 5.991, de 17 de dezembro de 1973 e suas atualizações................................................................................................ 27
2.2. Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998 e suas atualizações................................................................................................... 27
2.3. Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999 e suas atualizações................................................................................................... 27
2.4. Resolução-RDC nº 20, de 5 de maio de 2011 e suas atualizações.......................................................................................... 27
2.5. Resolução-RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007 e suas atualizações................................................................................... 27
2.6. Resolução nº 44, de 17 de agosto de 2009 e suas atualizações.............................................................................................. 27
3. FARMACOLOGIA................................................................................................................................................................................................... 28
3.1. Conceitos básicos em farmacologia e toxicologia (fármaco, medicamento, remédio, denominação comum brasi-
leira e reação adversa a medicamentos).................................................................................................................................................... 29
3.2. Classes terapêuticas do componente básico da Relação Nacional de Medicamentos................................................... 46
3.3. Vias de administração de medicamentos (oral, retal, tópico e parenteral).......................................................................... 51
4. FARMACOTÉCNICA.............................................................................................................................................................................................. 53
4.1. Formas farmacêuticas: sólidas, semi-sólidas, líquidas, retais, vaginais, oftálmicas, auriculares e parenterais................. 55
4.2. Operações farmacêuticas: pesagem e medição de volume de líquidos, fracionamento............................................... 60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

PROF. SILVANA GUIMARÃES FERREIRA


Bacharel em Direito Especialização em Gestão Empresarial e Gestão de Projetos; Consultora Empresarial e Coordenado-
ra de Projetos Empresária; Palestrante (área Desenvolvimento Pessoal / Atendimento e Vendas / Relações Comportamentais)

1. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Assistência Farmacêutica é um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto indivi-
dual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e uso racional. Esse conjunto envol-
ve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aqui-
sição, distribuição, prescrição, dispensação, garantia  da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação
da  sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da  melhoria da qualidade de vida da população.
A organização da Assistência Farmacêutica é caracterizada por ações articuladas entre si, que são executadas em uma
ordem sequencial. Como dependem umas da outras, a execução imprópria de uma das fases influencia nas demais e com-
promete o objetivo e os resultados de toda a cadeia. Veja, a seguir, cada uma dessas etapas.

Assistência Farmacêutica ou Atenção Farmacêutica?


A Assistência Farmacêutica é muitas vezes confundida com Atenção Farmacêutica. Os termos diferem-se em relação ao
alvo das ações. No caso da Assistência Farmacêutica, as ações estão voltadas ao acesso e uso racional de medicamentos,
mesmo que o beneficiário final não seja o paciente. Já a Atenção Farmacêutica refere-se ao cuidado diretamente dirigido
ao paciente. Por contribuir para o uso racional dos medicamentos, a Atenção Farmacêutica pode ser considerada um dos
elementos da Assistência Farmacêutica.

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Assistência Farmacêutica no SUS


Com a regulamentação da Constituição Federal em 1990 a Assistência Farmacêutica foi incluída como parte da as-
sistência terapêutica integral, que deve ser dirigida aos usuários do SUS. A Política Nacional de Medicamentos (PNM) foi
concebida em um contexto no qual era necessário reorganizar a forma de fornecimento de medicamentos à população,
em concordância com os princípios de descentralização das ações do SUS. Além da descentralização, foram considerados
princípios da PNM: a promoção do uso racional de medicamentos, a otimização e eficácia do sistema logístico do setor
público e o desenvolvimento de iniciativas para melhorar o acesso aos medicamentos.
Na linha do tempo abaixo, você encontrará os principais marcos relacionados à implantação da Assistência Farmacêu-
tica no Brasil pelo SUS.

,Os Componentes da Assistência Farmacêutica


O financiamento das ações de saúde é organizado em blocos conforme Portaria nº 204/GM de 29 de janeiro de 2007. A
Assistência Farmacêutica constitui um desses blocos e se divide em três Componentes: Componente Básico, Componente
Estratégico da Assistência Farmacêutica e Componente Especializado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

O de financiamento bloco da Assistência Farmacêutica não abrange os medicamentos de uso hospitalar, os quais são
que estes estão contemplados pelo bloco da Atenção de Média e Alta Complexidade.
Os medicamentos de uso oncológico são disponibilizados por estabelecimentos credenciados no SUS os quais são
reembolsados com o lançamento do procedimento  no subsistema de Autorização de Procedimentos de Alta Complexida-
de (APAC), do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS).

O Componente Especializado da Assistência Farmacêutica


Visa garantir o tratamento integral por meio do fornecimento de medicamentos para o tratamento de doenças raras ou
de medicamentos utilizados em últimas linhas de tratamento para várias doenças, como a artrite reumatoide, por exemplo.
A incorporação de novos medicamentos ao Componente utiliza os princípios da medicina baseada em evidências. Isso
quer dizer que o medicamento a ser incorporado deve demonstrar além de eficácia e segurança, vantagem em relação às
opções terapêuticas já disponibilizadas. A incorporação definitiva ocorre somente após publicação da versão final do Pro-
tocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas pelo Ministério da Saúde.
Cada doença atendida tem um Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica. Nele estão estabelecidos protocolos de diag-
nóstico, critérios de inclusão e exclusão, casos especiais, algoritmo de tratamento, resultados esperados e monitorização
terapêutica.
O acesso aos medicamentos desse Componente é realizado da seguinte forma:1

1.1. RECEPÇÃO, ARMAZENAMENTO,


DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUE
DE MEDICAMENTOS, MATERIAL MÉDICO-
HOSPITALAR E CORRELATOS.

Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF)


É uma construção destinada ao recebimento, estocagem, guarda e expedição dos medicamentos e insumos farmacêu-
ticos, visando a assegurar a conservação adequada dos produtos em estoque (MARIN, 2003).

 Recebimento
Ato de conferência em que se verifica a compatibilidade dos produtos solicitados e recebidos, ou seja, se os medica-
mentos entregues estão em conformidade com as condições estabelecidas em Edital (BRASIL, 2006).
1 Fonte: www.ccates.org.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

 Armazenamento  Ventilação:
Etapa do Ciclo da Assistência Farmacêutica que tem • Circulação interna de ar: elementos vazados nas jane-
por finalidade assegurar as condições adequadas de con- las, exaustores eólicos.
servação dos produtos (BRASIL, 2006). • Pé direito alto (mínimo 3 m)

 Estabilidade  Luminosidade:
Propriedade de um produto em preservar – dentro de • A incidência direta de luz, principalmente de raios
limites estabelecidos e sob determinadas condições am- solares, sobre os medicamentos, acelera a velocidade das
bientais – as mesmas características físicas, químicas e far- reações químicas (principalmente oxirredução), alterando a
macológicas, durante seu período de vida útil (validade do estabilidade dos mesmos;
medicamento) (MARIN, 2003). • Medicamentos fotossensíveis possuem embalagens
de cor âmbar ou blister de alumínio;
• No caso de iluminação artificial, recomenda-se a uti-
O armazenamento e a distribuição são as etapas do lização de lâmpadas fluorescentes.
Ciclo da Assistência Farmacêutica que visam assegurar a
qualidade dos medicamentos através de condições adequa-
das de armazenamento e um controle de estoque eficaz,
Requisitos Básicos
bem como garantir a disponibilidade dos medicamentos em
todos os locais de atendimento ao usuário.
(Cosendey, 2000).  Higienização periódica e controle de pragas e in-
setos;
 Comunicação (telefone, fax, internet);
ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS  Segurança: manutenção periódica das instalações
• Devem ser contempladas os aspectos de estabilida- elétricas, controle de acesso de pessoas não autorizadas,
de física, química, microbiológica, terapêutica e toxicológica. uso de EPIs, extintores de incêndio, sinalização do ambien-
• Fatores intrínsecos: pH, qualidade do recipiente, te, empilhamento adequado;
presença de impurezas, etc.  Instalações elétricas e sanitárias adequadas;
• Fatores extrínsecos: temperatura, luminosidade, ar,  Deve possuir profissional farmacêutico devida-
umidade. mente registrado no CRF.

Temperatura e Umidade:
• Ausência de fontes de calor e umidade (luz solar, RECEBIMENTO DE MEDICAMENTOS
telhas de amianto, lâmpadas quentes, infiltrações, bolor);
• Registro e controle de temperatura/umidade: - Ter- Recebimento Administrativo
mohigrômetro - Desumidificador - Sistema de ar condicio- DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica):
nado • Natureza da Operação, Nome do Destinatário, Data
da Emissão, Descrição do Medicamento, Quantidade, Preço
 Temperatura: Unitário, Valor Total, Empenho, Dados adicionais (local de
• Especificações segundo a Farmacopeia Americana entrega, por exemplo).
(USP):
• Ambiente (em torno de 25 ºC), permitindo-se variação Recebimento Físico
entre 15 a 30 ºC; Comissão de Recebimento (sob supervisão do farma-
• Fresca: entre 8 e 15 ºC;
cêutico):
• Fria ou refrigerada (insulinas, vacinas): entre 2 e 8 ºC;
 Conferência qualitativa:
• Congeladores (vacinas e imunobiológicos): entre 0 e
• Integridade das embalagens
-20 ºC.
• Termômetros nas áreas de estocagem, geladeiras e câ- • Condições de transporte
maras frias;
• Registros diários em mapas de controle, com registro  Conferência quantitativa dos medicamentos.
mensal consolidado, relatório com gráficos e intervenções
de correção.  Atendimento às especificações do edital
• Verificação da inscrição “Venda Proibida ao Comércio”
 Umidade: • Verificação do prazo de validade
• Dependendo da forma do medicamento, a alta umi- • Se a marca e embalagem atende ao que foi ofertado
dade pode afetar sua estabilidade ao desencadear reações pela empresa na proposta .
químicas (acelerar a degradação química), biológicas (cres-
cimento de fungos e bactérias) e físicas (amolecimento de  Verificar Laudos de Controle de Qualidade;
cápsulas);  Atestar o recebimento na DANFE com carimbo es-
• Umidade relativa do ar deve estar entre 40 e 70%; pecífico da Comissão de Recebimento, e assinar;
• A medição é realizada com higrômetro ou psicrôme-  Lançar entrada do produto no estoque;
tro.  Arquivar documentos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

O que fazer quando ocorre não conformidade?  Obedecer as orientações do fabricante com rela-
 Diferente do solicitado - falta/sobra ção a empilhamento máximo;
 Medicamento com avaria  Não armazenar mais que um medicamento num
mesmo pallet ou prateleira.
• Comunicar fornecedor por escrito;  Usar áreas distantes e altas para itens fáceis de se-
• Segregar o produto, se for o caso; rem manuseados (leves, pequenos e/ou de baixo giro) e
• Solicitar troca ou reposição, conforme o caso. locais próximos à área de expedição para medicamentos
mais pesados, de maior volume e rotatividade.
• Lançar entrada do medicamento no estoque – infor-  Ampolas, frascos de vidro e outros materiais frá-
matizar; geis devem ser guardados com cautela, em lugar seguro e
• Dados importantes: número do DANFE, fornecedor, menos exposto a acidentes.
lote, validade, quantidade, empenho;
• HÓRUS: Sistema Nacional de Gestão da Assistência
Farmacêutica. CONTROLE DE ESTOQUE
“Atividade administrativa que tem por objetivo manter
informação confiável sobre níveis e movimentação física e
ARMAZENAMENTO financeira de estoques necessários ao atendimento da de-
O armazenamento constitui-se como um conjunto de manda, evitando-se a superposição de estoques ou desa-
procedimentos técnicos e administrativos que envolve di- bastecimento do sistema” (MARIN, 2003).
versas atividades (Vecina Neto & Reinhardt Filho, 1998).
 Recebimento de Medicamentos – examinar e Objetivos
conferir quanto à quantidade e documentação.  Equilibrar demanda e suprimento em níveis eco-
 Estocagem ou guarda – guarda em área definida, nômicos satisfatórios;
organizada, dentro de parâmetros que permitam seguran-  Assegurar o suprimento dos produtos;
ça e rapidez.  Evitar perdas;
 Segurança – capacidade de manter o material sob  Fornecer dados confiáveis ao setor de compras;
cuidados contra danos físicos, furtos e roubos.  Manter inventários periódicos e registrados;
 Conservação – capacidade de manter assegurada  Identificar problemas e obter resolutividade;
as características dos produtos durante o período de esto-  Implantar sistemas de controle.
cagem.
 Controle de Estoque – monitoramento da movi- Inspeções de Frequência:
 PEPS, PVPS;
mentação física dos produtos (entrada, saída e estoque).
 Prazo de Validade;
 Entrega – entrega de acordo com as necessidades
 Degradação visível;
do solicitante, garantindo condições de transporte, e ras-
 Medicamentos controlados (Portaria 344/98) –
treabilidade do produto.
realizar conferência diária por amostragem.
 Devem existir condições de segurança adequada
para o armazenamento de produtos inflamáveis. RASTREABILIDADE
 Os procedimentos (rotinas) quanto à estocagem/  Deverá existir um sistema informatizado que per-
armazenamento e distribuição de produtos devem estar mita a fácil localização, através da rastreabilidade, do rece-
escritos. bimento e distribuição até a dispensação;
 Os produtos devem estar armazenados em prate-  O plano de emergência consiste no recolhimento
leiras e afastados do piso e da parede. imediato dos medicamentos após a constatação de irregu-
 Os medicamentos com o prazo de validade venci- laridades como desvio de qualidade, adulteração e outros;
do ou outra irregularidade devem ficar na área de quaren-  Os produtos com irregularidades sanitárias esta-
tena, aguardando destinação final. rão indisponíveis ao consumo e deverão permanecer na ala
 Medicamentos com validade próxima ao venci- de quarentena até destinação final;
mento devem ser identificados;  Deverá ser efetuada uma comunicação oficial à vi-
 A geladeira para medicamentos que necessitam gilância sanitária;
de baixa temperatura deve possuir termômetro para con-  Os medicamentos controlados permanecerão em
trole e registro da temperatura; sala específica, mas segregados dos demais para que não
 Ordenar os produtos para permitir fácil identifica- ocorra a distribuição dos mesmos.
ção:
 Formas de ordenamento: por ordem alfabética do ESTRUTURAÇÃO DE FARMÁCIAS
nome genérico, por validade, por programa, aleatória; O MS elaborou o manual Diretrizes para estruturação
 PEPS: primeiro que entra, primeiro que sai; de Farmácias no Sistema Único de Saúde.2
 Manter distância entre produtos e paredes, teto, Está disponível no sítio: www.saude.gov.br
etc., para facilitar a circulação interna de ar;
 Não colocar medicamentos em contato com o 2 Fonte: www.crf-pr.org.br
chão;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

As clínicas que mantém leitos para internação como


1.2. SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE clínica médica, pediatria, clínica cirúrgica, etc..., onde se po-
dem implantar sistemas de distribuição de medicamentos
MEDICAMENTOS.
por dose unitária para um período de 24 horas;
Os serviços que requerem sistemas de distribuição co-
letiva ou farmácias satélites como emergência, centro cirúr-
É o ato de entrega racional de medicamentos aos gico, unidade de terapia intensiva, etc...
pacientes, prestando informações a cerca das caracterís-
ticas farmacodinâmicas dos mesmos, bem como estudo Existem alguns modelos de sistemas de distribuição de
da posologia, verificação de interações medicamento- medicamentos nas unidades hospitalares destacando-se
sas e com alimentos, contra-indicações, dentre outras. os 4 principais citados pela OPAS,MS (1997,1994):
Estas informações devem ser repassadas a clientela do hos-
pital de forma clara e objetiva de modo que a mesma não A - Sistema de Distribuição Coletivo:
tenha nenhuma dúvida a cerca do esquema terapêutico Distribuição baseada em reposição de quantidades fi-
proposto. xas, em nível de cada unidade de atenção médica.

Objetivos: Vantagens:
 Distribuir os medicamentos de forma ordenada e  Menor número de prescrições;
racional.  Menor número de recursos humanos na farmácia;
 Prestar informações sobre os mesmos no que diz  Rápida disponibilidade de medicamentos na uni-
respeito a estabilidade, características organolépticas, indi- dade assistencial.
cação terapêutica, contraindicação.
 Diminuir erros de medicação. Desvantagens:
 Diminuir os custos com medicamentos.  Maior quantidade de estoque imobilizado;
 Aumentar a segurança para o paciente.  Maior perda por deterioração, roubo, etc...;
 Racionalizar a distribuição e administração.  Maior probabilidade de erros na medicação;
 Aumentar o controle sobre os medicamentos,  Requer tempo de trabalho da enfermagem;
acesso do Farmacêutico as informações sobre o paciente.  Aumento dos gastos;
 Difícil integração do farmacêutico à equipe de
A elaboração de um sistema de distribuição de medi- saúde;
camentos requer uma investigação em profundidade, de  Ausência de opções para intervir, de forma opor-
atividades que possam garantir eficiência, economia e se- tuna, em favor da racionalização da terapia.
gurança.
A sequência de eventos que envolve a distribui- B - Sistema de Distribuição por Prescrição Indivi-
ção do medicamento começa quando o mesmo é ad- dualizada:
quirido e a partir de então um modelo é seguido até É o sistema de distribuição baseado na prescrição
sua administração ao paciente ou, por algum motivo médico do paciente.
seja devolvido à Farmácia, para se concluir o processo.
Um sistema de distribuição deve atender a todas as áreas da Vantagens:
instituição onde são utilizados medicamentos e correlatos.  A prescrição médica pode ser revisada pelo far-
Na prática existem quatro (04) tipos de sistema de distri- macêutico;
buição de medicamentos a saber: coletivo, individual, com-  Maior controle sobre o material estocado;
binado e dose unitária. (Garrinson, 1979.p.257).  Permite calcular para cada paciente o gasto com
medicamentos durante a internação.
Quando se vai implantar um sistema de distribuição de  Redução potencial de erros de medicação;
medicamentos é necessário que se considere alguns fato-  Aumento da integração do farmacêutico à equipe
res que tornarão essa escolha a mais indicada: de saúde.
 A estrutura física do hospital, a localização da far-
mácia e sua relação com as diversas clínicas; Desvantagens:
 O tamanho do hospital em função do número de ¬ Aumento da necessidade de recursos humanos e in-
leitos disponíveis; fra-estrutura da Farmácia Hospitalar;
 A disponibilidade de recursos humanos na farmá- ¬ Todos os inconvenientes da transcrição das prescri-
cia; ções médicas;
 Os sistemas especiais de controle de algumas ¬ Requer excesso de tempo de trabalho da enferma-
substâncias como os medicamentos psicotrópicos e entor- gem;
pecentes, antibióticos, etc... ¬ Faltam de controle sobre a deterioração, perdas, des-
 As características dos diferentes serviços existen- vios, etc...;
tes na unidade que incluem: ¬ Não há devolução de medicamento não utilizado.

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

C) Sistema de Distribuição Combinado: Farmácias Hospitalares das Universidades da Flórida,


É um sistema em que se estabelece a distribuição Arkansas, Iowa, Wiiscosin, Kentucky e Ohio, mais tarde de-
de algumas drogas mediante a prescrição individual senvolveram o conceito de dose unitária e implementaram
se mantendo em cada serviço, um estoque de medica- este sistema por completo em seus hospitais (Buchanan,
mentos geralmente de uso comum. 1981).
Assim , Baker e Macconell, 1962 e Baker e Heller, 1964,
Vantagens: comparando erros de medicação entre os sistemas de dis-
 Redução do nível de estoque; tribuições tradicionais e o sistema de distribuição por dose
 Maior controle farmacoterapêutico mediante a unitária, encontraram uma incidência que oscilava entre
participação do farmacêutico. 5,3% e 14,0% para os primeiros em contraste com o índice
de erro da ordem de 0,6% para o último. Hoje em dia, não
Desvantagens: há mais duvida, que o sistema mais adequado para a rea-
 Requer excesso de tempo de trabalho da enfer- lização da distribuição de medicamentos é a dispensação
magem; por dose unitária
 Continuam as probabilidades de erros de medica-
ção; Características
 Dificulta cobrar o medicamento consumido pelo • Os medicamentos são acondicionados em embala-
paciente durante a internação; gem individuais;
 Escasso controle sobre o material estocado. • Os produtos farmacêuticos são dispensados pronto
para o uso, tanto quanto for possível;
D - Sistema de Distribuição por Dose Unitária: • A disponibilidade, a qualquer momento, das doses
Consiste em dispensar os medicamentos em doses dos medicamentos, com formas dosagens prontas para
individualizadas, de acordo com a prescrição médica para serem ministradas a um determinado paciente, de acordo
cada paciente, em frascos de administração única. com a prescrição médica, num certo período de tempo;

Vantagens: Desta forma, poderíamos conceituar SDMDU como


 Redução grande de erros de medicação; uma quantidade ordenada de medicamentos, com formas
 Controle mais efetivo sobre os medicamentos es- e dosagens prontas para serem ministradas a um determi-
tocados; nado paciente, de acordo com a prescrição médica, num
 Redução do tempo de trabalho da enfermagem; certo período de tempo.
 Integração do farmacêutico à equipe de saúde;
 Aumento da segurança do médico; Objetivos
 Otimização da qualidade assistencial; • Garantir a adequada terapia famacológica.
 Oferta de medicamentos em doses organizadas e • Cumprir a prescrição médica evitando erros.
higiênicas. • Prover o acompanhamento farmacoterapêutico
• Diminuir erros de medicação.
Desvantagens: • Racionalizar o processo de distribuição dos medica-
 Requer maior investimento inicial; mentos, reduzindo custos.
 Requer aumento das necessidades de recursos hu- • Proporcionar melhor segurança, rastreabilidade e
manos e infra-estrutura na farmácia hospitalar; identificação dos medicamentos.
 Compra de materiais e equipamentos especializa- • Reduzir estoques periféricos, com melhor controle lo-
dos; gístico dos produtos farmacêuticos.
 Incremento das atividades desenvolvidas pela far- • Favorecer a correta ministração dos medicamentos.
mácia. • Dar suporte para a implantação da farmácia clínica.
• Aumentar a qualidade assistencial do paciente.
O Sistema de Distribuição por Dose Unitária (SDMDU),
trata-se de uma ferramenta indispensável para que o far- D - Sistema de Distribuição de Correlatos:
macêutico hospitalar possa desenvolver uma Assistência O sistema de distribuição de correlatos pode estar in-
Farmacêutica com segurança e qualidade, e por tanto me- cluído nas atividades do setor de dispensação segundo a
rece destaque. realidade de cada instituição. A distribuição pode ser reali-
De acordo com Cipriano, Maluvayshi, Laragnoit & Al- zada, conforme o sistema de distribuição de medicamentos
ves (2001) nos anos 60, muitos farmacêuticos hospitalares adotado pelo hospital (MS,1994).
formaram grupos para conduzir uma pesquisa para encon-
trar um método mais seguro, mais efetivo de distribuição E - Sistema de Distribuição de Germicidas:
de medicamentos. A distribuição de germicidas deve estar sujeito ao que
A primeira tentativa de descrever o SDMDU foi docu- as CCIH de cada unidade determinam. A manipulação das
mentado há aproximadamente 40 anos em alguns hospi- soluções tem que ser feita de modo a garantir as concen-
tais comunitários de Long Besch, California, Rochester e trações corretas respeitando os protocolos das referidas
Minnesota. comissões de controle de infecção.

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

ETAPAS DO PROCESSO DE DISTRIBUIÇÃO E DIS- data, nome do paciente, nome e apresentação do medica-
PENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS mento, quantidade expedida, nº de registro do profissional
prescritor (CRM,CRO, CRMV) e nome do dispensador. De-
1) Receber e verificar a validade da receita. volver a receita para o paciente.
Ao receber a receita, solicitação ou prescrição, o dis- Quando computadores são usados no processo de
pensador deve verificar se ela contém as exigências legais dispensação, o programa deve reter todas as informações
como: nome do paciente, nome do medicamento (nome relativas ao medicamento e ao paciente. Os dados que de-
genérico sempre que possível), dose, posologia, duração vem ser registrados são os mesmos referidos anteriormen-
do tratamento, data, assinatura do prescritor, carimbo com te.
CRM ou CRO. Este programa deve se prestar também ao aspecto ad-
Verificar se o receituário é compatível com o tipo de ministrativo da farmácia, registrando entradas, saídas, for-
medicamento prescrito. (Medicamentos controlados pela necedores, lote, validade, mapas diários dos medicamentos
portaria 344/98, que exigem receituários específicos e disponíveis etc.
preenchimento correto).
Observar a data da prescrição: medicamentos como 5) Expedir os medicamentos aos pacientes com instru-
antibióticos e analgésicos tem a receita válida por 7 dias ções e orientações claras.
Após certificar-se de que todas as especificações estão
- alguns previstos em portaria 15 dias – e os demais medi-
corretas, o dispensador coloca o medicamento num saqui-
camentos por 30 dias.
nho e o entrega para enfermagem/ paciente pessoalmente
ou a seu representante, com instruções claras, abordando
2) Compreender e interpretar a receita ou prescrições: os seguintes aspectos:
 Ler a receita, solicitação ou prescrição, e só dis-  Nome do medicamento - o paciente deve identifi-
pensar os medicamentos se não houver duvidas sobre o car claramente qual ou quais medicamentos está tomando,
que está sendo prescrito. a fim de saber posteriormente para que servem e que cui-
 Interpretar corretamente qualquer abreviação dados devem ser tomados com cada um, para tanto o fun-
usada por quem prescrever. cionário que esta dispensado como a enfermagem deve ter
 Observar se a dose prescrita é adequada ao pa- o maior cuidado no decorrer do processo de dispensação.
ciente (observar sexo e idade).  Finalidade terapêutica - quando se dispõe de far-
 Executar corretamente qualquer cálculo da dose e macêutico para dispensação, ele deve esclarecer para que
efetuar a entrega de quantidade suficiente para o trata- servem os medicamentos prescritos e desta forma criar no
mento completo. Conferir o cálculo sempre que possível. paciente a necessidade de aderir ao tratamento.
 Identificar qualquer interação comum entre as  Esquema posológico – repassar ao paciente os ho-
drogas prescritas . rários de ingestão dos medicamentos, em especial quando
 Alertar o paciente para possíveis interações da houver mais de um, devendo os mesmos ser bem identifi-
droga prescrita com alimentos e álcool. cados para evitar trocas. (Enfermagem)
 Modo de usar – deve ser repassada a forma como
3) Identificação do medicamento: os medicamentos serão tomados (por exemplo: com água,
Se a receita estiver correta , o dispensador vai até a com leite, antes, durante ou após as refeições), a quantida-
prateleira, identifica o medicamento, a concentração , a de a ser ingerida, o tempo de duração do tratamento, a via
forma farmacêutica, os aspectos físicos e a embalagem do de administração (para evitar o uso incorreto dos mesmos,
mesmo. Só após confirmar que todos estes itens estão cor- como por exemplo: que produtos de uso externo sejam
retos, ele retira o medicamento da prateleira e parte para o ingeridos, supositórios, comprimidos efervescentes sejam
registro da ação. engolidos, drágeas e cápsulas de uso entérico sejam aber-
tas).
 Precauções: os cuidados que devem ser tomados
4) Registrar a ação executiva:
no uso dos medicamentos em relação ao ambiente: expo-
Registrar as dispensações é essencial para controle do
sição ao sol, a patologia, a forma de absorção, os efeitos
estoque existente, do gasto usual do medicamento para
colaterais, e precauções com determinados medicamentos
fins estatísticos e previsões de consumo. Este controle tam- (não dirigir, não beber bebidas alcoólicas, alergias, gesta-
bém é útil caso venha a ocorrer algum problema entre me- ção).
dicamento/paciente.
Todas as receitas, solicitações ou cópias de prescrições 6) Alertas sobre possíveis efeitos colaterais devem ser
provenientes do atendimento devem ser em duas vias, nes- prestados com cuidado sempre que possível para enferma-
te caso o dispensador retém e arquiva a 2º via, devolven- gem, médico e paciente.
do a 1º via à enfermagem. Em seguida deve dar baixa da  Efeitos colaterais leves como náuseas, diarreia
quantidade dispensada do medicamento. leve, urina e fezes com coloração diferente, devem ser
Quando a receita ou prescrição, ou formulário padro- mencionados para evitar que um paciente interrompa o
nizado pelo hospital estiver em apenas uma (1) via, e caso tratamento.
está primeira via fique com a enfermagem deve-se anotar  Efeitos colaterais mais sérios devem ser menciona-
em livro de registro próprio, antes dos itens serem entre- dos apenas com a concordância de quem prescreveu, que é
gues ao a enfermagem/paciente. Este livro deve conter: quem deve considerar estes riscos.

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

 Interações com alimentos e medicamentos – para


evitar efeitos indesejados e inesperados. 1.3. PROTOCOLO DE SEGURANÇA NA
 Deve ser praxe recomendar ao paciente a guarda PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO DE
adequada do medicamento, ressaltando o risco de into-
MEDICAMENTOS (ANEXO 3 DA PORTARIA MS/
xicações em crianças. Alguns medicamentos devem ficar
acondicionados em geladeira após a sua abertura ou re- GM Nº 2095 DE 24 DE SETEMBRO DE 2013).
constituição. Orientar que deve ser evitada a guarda de
restos de medicamentos, em especial os líquidos, porque
os mesmos se deterioram rapidamente depois de abertos. Finalidade
 Fornecer explicações de como solubilizar medica- Promover práticas seguras no uso de medicamentos
mentos em pó, lembrando sempre que isto deve ser feita em estabelecimentos de saúde.
com água filtrada ou fervida.
 Todo esforço deve ser feito para assegurar que a Justificativa
enfermagem/médico e paciente tenha compreendido as Em todo o mundo, os eventos adversos no processo
instruções.
de assistência à saúde são frequentes. Em resposta a esse
 Todo paciente deve ser tratado com respeito.
preocupante quadro, a Organização Mundial de Saúde –
 A necessidade de manter a privacidade e o segre-
do quando da explicação do uso de alguns tipos de medi- OMS lançou, em 2004, o programa Aliança Mundial para
camentos deve ser reconhecida e esforços devem ser feitos a Segurança do Paciente, que conclama todos os países-
para estruturar o local de entrega de forma que as orienta- membros a adotarem medidas para assegurar a qualidade
ções possam ser dadas de maneira mais individual possível. e segurança da assistência prestada nas unidades de saúde.
O sucesso do tratamento reside na eficiência da co- Estudo realizado nos Estados Unidos da América revela que
municação do dispensador, enfermagem e médico com o cada paciente internado em hospital norte-americano está
paciente. Estudos do CRF do Paraná apontam que de 30 sujeito a um erro de medicação por dia, sendo registrados
a 50% dos pacientes em tratamento ambulatorial não se- anualmente, nessas instituições, no mínimo 400.000 even-
guem corretamente a terapêutica, isto por fatores relacio- tos adversos evitáveis relacionados a medicamentos. Esses
nados ao próprio doente, ao médico, ao farmacêutico, pela eventos adversos podem verificar-se em todas as etapas da
desobediência ou pela má compreensão das recomenda- cadeia terapêutica e sua ocorrência aumenta consideravel-
ções pelo paciente ou da necessidade real de seguir o tra- mente os custos do sistema de saúde .
tamento prescrito. Estima-se que os erros de medicação em hospitais pro-
Em nosso país há um grande número de semianalfa- voquem mais de 7.000 mortes por ano nos Estados Unidos
betos e analfabetos. Também não é prática comum a lei- da América, acarretando importantes custos tangíveis e in-
tura de bulas. Boas partes dos médicos não repassam as tangíveis. No Brasil ainda não estão disponíveis estatísticas
informações necessárias e os medicamentos fornecidos de óbitos relacionados a erros de medicação.
pela rede pública não possuem bula. Tudo isso reforça a Diante da possibilidade de prevenção dos erros de me-
necessidade de uma boa orientação ao paciente. dicação e do risco de dano em função da sua ocorrência,
torna-se relevante identificar a natureza e determinantes
7)- Pessoal de Dispensação: dos erros, como forma de dirigir ações para a prevenção.
A dispensação não é um processo simples. Ela exige das As falhas no processo de utilização de medicamentos são
pessoas envolvidas habilidades e atitudes específicas como: consideradas importantes fatores contribuintes para a re-
Conhecimento sobre os medicamentos fornecidos (uso dução da segurança do paciente.
comum, dose recomendada, vias de administração, efeitos
Considerando-se a prevenção de erros, deve-se desta-
colaterais, interações, cuidados na armazenagem e habili-
car o grupo de medicamentos chamados de potencialmen-
dade em cálculo e aritmética. Apresentar-se com asseio ,
te perigosos ou de alta vigilância (highalert medications),
ser honesto e organizado. Habilidade na comunicação com
os médicos, corpo de enfermagem e pacientes). que possuem maior potencial de provocar dano no pacien-
Para alcançar estes objetivos com êxito é necessário te quando existe erro na sua utilização. Erros envolvendo
que os dispensadores sejam periodicamente treinados e esses medicamentos têm maior gravidade, sendo neces-
estejam constantemente sob orientação e supervisão de sária a adoção de protocolos específicos para prevenção.
um profissional farmacêutico. Em pesquisa que analisou eventos adversos relacionados a
Como na maioria das farmácias das unidades de saú- medicamentos que ocorreram em hospital norte-america-
de os dispensadores não têm formação específica na área no de 1994 a 2000, foi observado que mais da metade dos
de medicamentos, é dever do farmacêutico capacitá-los, eventos preveníveis que provocam danos nos pacientes
educando-os quanto ao uso racional dos medicamentos e envolvia anticoagulantes, opiáceos e insulinas. A incorpora-
quanto às questões higiênico-sanitárias e legais. ção de princípios para reduzir erros humanos minimizando
As tarefas delegadas ao pessoal de apoio devem ser os lapsos de memória, promovendo acesso a informações
avaliadas, devendo o farmacêutico intervir sempre que ne- sobre os medicamentos e desenvolvendo padrões internos
cessário. Para tanto se deve elaborar um cronograma de de treinamento reduz a probabilidade de falhas e aumenta
treinamento dos auxiliares que tenha uma certa periodici- a chance de interceptá-las antes de resultar em prejuízo ao
dade para a manutenção do nível de atendimento.3 paciente.
3 Fonte: www.farmaciabrasileira.blogspot.com.br

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Nesse sentido, devem-se incluir estratégias como a pa- - Nome completo do paciente;
dronização de processos, o uso de recursos de tecnologia - endereço; e data de nascimento.
da informação, educação permanente e, principalmente, o A identificação do paciente na prescrição hospitalar
acompanhamento das práticas profissionais em todas as deve ser realizada em formulário institucional e conter, no
etapas do processo que envolve o medicamento. mínimo, as seguintes informações:
No Brasil, pesquisa bibliográfica realizada na base de - nome do hospital;
dados PubMed em 10 de abril de 2013, utilizando os ter- - nome completo do paciente;
mos “medication errors” e “Brazil” encontrou 74 artigos pu- - número do prontuário ou registro do atendimen-
blicados entre 1978 a 2012, sendo 66 deles em instituições to;
hospitalares e 08 em estabelecimentos de saúde não hos- - leito;
pitalares. Esses dados revelam a necessidade de maior es- - serviço;
tímulo à pesquisa e publicação nacional nesse importante - enfermaria/apartamento; e
campo de investigação como forma de conhecer a situação - andar/ala.
da segurança do uso de medicamentos.
Obs.: todos os itens da identificação do paciente nas
Abrangência (âmbito, ponto de cuidado, local de prescrições, tanto ambulatoriais quanto hospitalares, de-
aplicação). vem ser legíveis.
O protocolo de segurança na prescrição, uso e admi- A identificação do paciente na prescrição deverá uti-
nistração de medicamentos deverá ser aplicado em todos lizar exclusivamente o nome completo do paciente. A uti-
os estabelecimentos que prestam cuidados à saúde, em lização do nome incompleto e do nome abreviado deve
todos os níveis de complexidade, em que medicamentos ser excluída da prática cotidiana dos estabelecimentos de
sejam utilizados para profilaxia, exames diagnósticos, tra- saúde.
tamento e medidas paliativas. Para os pacientes que são admitidos nas unidades de
saúde sem possibilidade de identificação (emergências e
Práticas seguras para prescrição de medicamentos situações de catástrofes) devem-se adotar códigos dife-
As prescrições, quanto ao tipo, classificam-se como: rentes por paciente, acrescidos minimamente do número
Urgência/emergência: quando indica a necessidade de prontuário ou registro de atendimento. Nessa situação,
do início imediato de tratamento. Geralmente possui dose algum dispositivo deve ser utilizado, de forma que fique
única; aderido ao corpo do paciente a codificação definida na
Pro re nata ou caso necessário: quando o tratamento unidade para identificá-lo provisoriamente.
prescrito deve ser administrado de acordo com uma neces- A utilização da abreviatura “NI” (não identificado) ou
sidade específica do paciente, considerando-se o tempo outra abreviatura para todos os pacientes nessas condições
mínimo entre as administrações e a dose máxima; deve ser abolida, em virtude do risco de erro de medicação.
Baseada em protocolos: quando são preestabelecidas
com critérios de início do uso, decurso e conclusão, sendo b) Identificação do prescritor na prescrição
muito comum em quimioterapia antineoplásica; A identificação do prescritor deverá ser realizada con-
Padrão: aquela que inicia um tratamento até que o tendo o nome completo e número de registro do conselho
prescritor o interrompa; profissional e assinatura. Esse registro poderá ser manus-
Padrão com data de fechamento: quando indica o iní- crito ou com a utilização de carimbo contendo os elemen-
cio e fim do tratamento, sendo amplamente usada para tos de identificação.
prescrição de antimicrobianos em meio ambulatorial; e A identificação do prescritor deverá ser legível para
Verbal: utilizada em situações de emergência, sendo conferir autenticidade à prescrição.
escrita posteriormente, em decorrência, possui elevado ris-
co de erros e deverá ser restrita às situações para as quais c) Identificação da instituição na prescrição
é prevista. Na prescrição ambulatorial e hospitalar deverá cons-
Quanto à origem, a prescrição pode ser: ambulatorial, tar a identificação completa do estabelecimento de saúde
hospitalar ou proveniente de outro tipo de estabelecimen- (nome, endereço completo e telefone), para que o paciente
to de saúde. possa manter contato com os profissionais de saúde para
Os medicamentos prescritos podem ser: medicamen- esclarecimentos de dúvidas posteriores à consulta.
tos fabricados pela indústria (referência, similar e intercam-
biável), magistrais ou farmacopeicos. d) Identificação da data de prescrição
A data da prescrição é imprescindível para conferir va-
Intervenções lidade à mesma. Em meio ambulatorial, a validade da pres-
Itens de verificação para a prescrição segura de medi- crição deve ser definida e registrada na própria prescrição,
camentos pelo prescritor.
a) Identificação do paciente A data na prescrição é imprescindível para a dispensa-
A identificação do paciente na prescrição realizada em ção e a administração dos medicamentos, assegurando-se
ambulatório deve conter, no mínimo, as seguintes informa- de que o que foi indicado está baseado na avaliação médi-
ções: ca do dia em que foi emitida a prescrição.

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

A supressão da data na prescrição está relacionada à Caso exista padronização de abreviatura para via de
ocorrência de vários erros de medicação, entre eles a per- administração, preferir o uso de “EV” (para endovenosa) em
manência da utilização de medicamentos por tempo ina- vez de IV (intravenosa), em função do risco de erro de inter-
dequado e a administração de medicamentos sem indica- pretação do “IV” como “IM”, sobretudo quando associado a
ção para a condição clínica atual do paciente. pouca legibilidade da prescrição.

e) Legibilidade g) Denominação dos medicamentos


Problemas na legibilidade da prescrição podem com- Os medicamentos devem ser prescritos utilizando-se a
prometer a comunicação entre prescritor e paciente e entre denominação comum brasileira e em sua ausência a deno-
minação comum internacional. Quanto à denominação de
prescritor e demais profissionais de saúde, sendo geradora
fitoterápicos, observar a determinação da Denominação Co-
importante de erros de medicação, sobretudo, a troca de
mum Brasileira de Fitoterápicos ou, quando omisso, utilizar
medicamentos com nomes parecidos. a denominação botânica acrescida da parte da planta utili-
Quando a prescrição possui medicamentos potencial- zada.
mente perigosos/alta vigilância, os erros ocasionados pela A utilização de códigos ou codinomes utilizados para
legibilidade inapropriada podem ser graves, e até fatais. medicamentos durante a fase de ensaios clínicos não devem
Recomenda-se a utilização de prescrições digitadas ser utilizados para nominar medicamentos utilizados em es-
e eletrônicas como forma de melhorar a legibilidade das tabelecimentos de saúde. Quando prescrito medicamento
mesmas. Nesses casos, recomenda-se, para a impressão, o objeto de ensaio clínico, este deve ser identificado como tal,
uso de formulários sem pauta, para evitar erros de medi- a partir do emprego da expressão “ensaio clínico”.
cação ocasionados pelo encontro das linhas com letras e
números da prescrição. h) Prescrição de medicamentos com nomes semelhantes
O uso de impressão frente e verso para prescrição não Medicamentos cujos nomes são reconhecidamente se-
é recomendado, pelo elevado risco de omissão (não cum- melhantes a outros de uso corrente na instituição devem ser
primento integral da prescrição). prescritos com destaque na escrita da parte do nome que
A utilização de prescrição pré-digitada é uma opção os diferencia, e pode ser utilizada letra maiúscula ou negrita.
que pode diminuir alguns tipos de erros de medicação9. Exemplos de nomes semelhantes:
A prescrição manual pode levar a elevado número de er- DOPAmina e DOBUtamina;
ClorproPAMIDA e ClorproMAZINA;
ros,13, ainda que parte delas possa ser legível.
VimBLASTina e VinCRIStina.
A prescrição carbonada não é recomendada. Se o es-
Os membros da Comissão de Farmácia e Terapêutica e/
tabelecimento de saúde não tiver alternativa à prescrição ou do Núcleo de Segurança do Paciente do estabelecimento
carbonada, deve-se verificar a legibilidade da informação de saúde deverão organizar lista de medicamentos com no-
que consta na segunda via. Nesse caso, sugere-se a utiliza- mes semelhantes e/ou embalagens parecidas selecionados
ção do papel já carbonado produzido em gráfica para as- no estabelecimento de saúde e que possam ser fonte de
segurar a adequada legibilidade e segurança da prescrição. erros, para divulgação entre os profissionais da instituição.
É preciso, ainda, atenção aos novos tipos de erros de
prescrição, que podem ser ocasionados devido à alteração i) Expressão de doses
na forma de prescrição (manuscrita, digitada, pré-digitada O sistema métrico deverá ser adotado para expressar as
e eletrônica). doses desejadas. As unidades de medidas não métricas (co-
lher, ampola, frasco) devem ser eliminadas das prescrições,
f) Uso de abreviaturas quando utilizadas isoladamente para expressar a dose. A uti-
Recomenda-se que os medicamentos sejam prescritos lização da forma farmacêutica (ampola, frasco, comprimido
sem o uso de abreviaturas, pois seu uso aumenta a chance e outros) na prescrição deve ser acompanhada de todas as
de erro de medicação. informações necessárias para a dispensação e administração
Caso seja indispensável em meio hospitalar, a institui- segura.
A unidade de medida deve ser claramente indicada; e
ção deve elaborar, formalizar e divulgar uma lista de abre-
quando se tratar de microgramas, este deve ser escrito por
viaturas padronizadas, de modo a promover a adequada
extenso.
comunicação entre os membros da equipe de saúde. Essa Ao prescrever doses ou volumes com números fracio-
lista não deve conter abreviatura de “unidades” (U) e “uni- nados (por exemplo: 2,5mL), observar nas duas vias da pres-
dades internacionais” (UI), utilização de fórmulas químicas crição se a vírgula está bem posicionada e clara, para evitar
(KCl, NaCl, KMnO4 e outras) e nomes abreviados de medi- erro de dose, no qual a dose de “2,5 mL” seja interpretada
camentos (HCTZ, RIP, PEN BEZ, MTX, SMZ-TMP e outros). como “25 mL”. Não utilize “ponto” em substituição à vírgula,
As abreviaturas “U” e “UI” significando “unidades” e pois aumenta o risco de erro.
“unidades internacionais”, respectivamente, são considera- Para definir a concentração de um medicamento, o uso
das as mais perigosas de todas, pois podem levar à admi- do zero antes da vírgula ou ponto deve ser evitado, pois
nistração de doses 10 ou 100 vezes maior do que a prescri- pode gerar confusão e erro de 10 vezes na dose prescri-
ta. Desta maneira, deve-se abolir o uso de abreviaturas “U” ta. Exemplo: recomenda-se prescrever “500mg” em vez
e “UI”, escrevendo a palavra “unidade” por extenso no lugar de “0,5g”, pois a prescrição de “0,5g” pode ser confundida
de “U” ou “unidade internacional” no lugar de “UI”. com “5g”.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Indicação, cálculos de doses e quantidades dos me- Preconiza-se que a farmácia disponibilize, em meio
dicamentos hospitalar, o maior número possível de medicamentos
a) Alergias prontos para uso (dose unitária) e que dispensem a mani-
Deve-se registrar com destaque na prescrição as aler- pulação prévia à administração.
gias relatadas pelo paciente, familiares e/ou cuidadores.O Deve-se implantar a dupla checagem (na farmácia e
registro do relato de alergia na prescrição subsidia adequa- no momento do recebimento pela enfermagem) das doses
da análise farmacêutica das prescrições e os cuidados de en- prescritas principalmente para medicamentos potencial-
fermagem, reduzindo, assim, a chance da dispensação e ad- mente perigosos/alta vigilância.
ministração de medicamento ao qual o paciente é alérgico. Nova dupla checagem deve ser feita pela enfermagem
Em hospitais que utilizam prontuários e prescrições ele- antes da administração do medicamento. A dupla checa-
trônicas, as alergias do paciente devem ser registradas no gem é particularmente importante para medicamentos
sistema eletrônico e constar em todas as prescrições emiti- prescritos em Pediatria, Oncologia e Unidades de Trata-
das para o paciente.
mento Intensivo, principalmente no momento da adminis-
tração.
b) Informações importantes
O prescritor deverá registrar na prescrição qualquer in- A prescrição ambulatorial deverá trazer a quantidade
formação que considere relevante para que a assistência ao total de unidades farmacêuticas do medicamento prescrito,
paciente seja segura e efetiva, considerando-se os múltiplos que deverá ser dispensada para o tratamento proposto. As
atores no processo assistencial e a necessidade de informa- quantidades máximas de medicamentos prescritas devem
ção completa, clara e precisa. obedecer à legislação vigente.
É importante ressaltar que nas prescrições ambula-
toriais, deverão ser registradas todas as orientações sobre Duração do tratamento
como utilizar o medicamento, bem como as recomendações A prescrição deverá conter informação sobre a duração
não farmacológicas devem constar também na prescrição. do tratamento, procurando evitar, dessa maneira, que o(s)
medicamento(s) possa(m) ser consumido(s) continuamente
c) Padronização de medicamentos sem indicação.
O estabelecimento de saúde deve ter uma lista de me- Quando ambulatorial, a prescrição de medicamentos
dicamentos selecionados/padronizados considerando-se de uso crônico deverá indicar a duração do tratamento,
critérios de efetividade, segurança e custo. A padronização pois é necessário estabelecer um prazo para que o paciente
deve ser homologada, publicada e divulgada a todos os pro- seja reavaliado pelo médico.
fissionais do estabelecimento de saúde. A expressão “uso contínuo” ou “usar sem parar”, sem
Recomenda-se que o estabelecimento de saúde ela-
prazo para o paciente ser reavaliado, não deve ser utilizada
bore uma relação de medicamentos por especialidade, em
em prescrições ambulatoriais.
consonância com a padronização da instituição, de forma
a permitir mais familiaridade do prescritor com indicação,
contraindicação, doses, reações adversas, entre outros as- Utilização de expressões vagas
pectos relacionados aos medicamentos. Expressões vagas como “usar como de costume”,
A prescrição de medicamentos que já estão seleciona- “usar como habitual”, “a critério médico”,“se necessá-
dos e padronizados no estabelecimento de saúde aumenta rio” (sem indicação de dose máxima, posologia e condição
a segurança do uso, em virtude da maior familiaridade dos de uso), “uso contínuo” e “não parar” devem ser abolidas
prescritores, farmacêuticos e equipe de enfermagem com das prescrições.
esses medicamentos. Quando for preciso utilizar a expressão “se necessá-
Outros benefícios da padronização de medicamentos rio”, deve-se obrigatoriamente definir:
ainda observados são relacionados a racionalização do es- Dose;
toque, rastreabilidade e política de compras. posologia;
dose máxima diária deve estar claramente descrita; e
d) Doses condição que determina o uso ou interrupção do uso
O cálculo das doses de medicamentos é fonte impor- do medicamento.
tante de erros graves e este problema pode ser minimiza- Exemplo: paracetamol comprimido de 500mg uso
do com a familiaridade do prescritor com o medicamento e oral. Administrar 500mg de 6 em 6h, se temperatura igual
com a conferência do cálculo.
ou acima de 37,5ºC. Dose máxima diária 2 gramas (quatro
Recomenda-se que as doses prescritas sejam conferi-
comprimidos de 500mg).
das pelo prescritor antes da assinatura da prescrição, tendo
como referência o melhor nível de evidência científica dis-
ponível. Posologia, diluição, velocidade, tempo de infusão e
Para medicamentos cujas doses são dependentes de via de administração
peso, superfície corporal e clearance de creatinina, recomen- a) Posologia
da-se que o prescritor anote tais informações na prescri- Recomenda-se que a posologia desejada para o me-
ção, para facilitar a análise farmacêutica e a assistência de dicamento seja prescrita observando-se as doses máximas
enfermagem. preconizadas e a comodidade do paciente.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Dentro do possível, recomenda-se prescrever medica- Pontos de transição do paciente


mentos com menor número de doses diárias, para maior Na admissão do paciente em unidades de saúde de-
comodidade do paciente e menores riscos de erro de ad- verão ser relacionados quais medicamentos o paciente
ministração. A utilização de um menor número de doses estava usando antes da internação, objetivando-se avaliar
diárias, facilita a adesão do paciente ao tratamento. a necessidade da continuidade ou suspensão do uso dos
mesmos (conciliação medicamentosa).
b) Diluição Os pacientes devem ser orientados a não permane-
Para medicamentos de uso endovenoso, intramuscular, cerem com seus medicamentos na unidade hospitalar, em
subcutâneo e em neuroeixo e plexos nervosos, a prescrição virtude do risco de utilização de doses duplicadas, quando
deverá conter informações sobre diluente (tipo e volume), administradas pela equipe de enfermagem e paralelamen-
velocidade e tempo de infusão (para endovenosos). te por cuidador (acompanhante) ou pelo próprio paciente
A reconstituição e diluição dos medicamentos é eta- e ainda pelo risco do uso de medicamentos não indicados
pa importante e que gera impacto sobre a estabilidade e para a condição clínica atual do paciente.
até mesmo sobre a efetividade do medicamento, pois em No âmbito ambulatorial, chama-se de ponto crítico
alguns casos a incompatibilidade leva à diminuição ou à quando ocorre transição do paciente entre os níveis de
perda da ação farmacológica do medicamento. atenção (primário, secundário ou terciário), sendo funda-
mental a realização dos encaminhamentos resolutivos en-
c) Velocidade de infusão tre as diferentes unidades de saúde e que a atenção bási-
A velocidade de infusão está associada a reações ad- ca seja a coordenadora do cuidado do usuário. Para tal, o
versas clássicas, tal como a “síndrome do homem verme- prescritor deverá elaborar detalhado histórico farmacote-
lho”, que ocorre com a infusão rápida de vancomicina. rapêutico do paciente, podendo contar com a colabora-
É indispensável, portanto, a definição da velocidade de ção do farmacêutico, que deverá fazer a conciliação dos
infusão na prescrição, considerando-se a melhor evidên- medicamentos.
cia científica disponível, assim como as recomendações do Na transferência do paciente entre leitos, entre duas
fabricante do medicamento, evitando-se a ocorrência de unidades de uma mesma instituição hospitalar e entre ins-
eventos adversos passíveis de prevenção. tituições hospitalares distintas, as seguintes ações devem
ser realizadas:
d) Via de administração Encaminhar resumo da internação e o prontuário atua-
A via de administração deve ser prescrita de forma lizado e organizado (transferência interna), bem como
clara, observando-se a via de administração recomendada resumo de alta (em caso de transferência externa, como
pelo fabricante, para o medicamento. O uso de abreviatu- forma de melhor orientar a nova equipe que prestará assis-
tência ao paciente.
ras para expressar a via de administração deverá ser restrito
O prescritor deverá elaborar detalhado histórico do
somente às padronizadas no estabelecimento de saúde.
plano terapêutico medicamentoso do paciente, podendo,
para isso, contar com a participação do farmacêutico.
Modificação da prescrição atual ou vigente
Importante:
Em prescrições hospitalares, o prescritor deverá se cer-
 Os pontos de transição dos pacientes no hospital,
tificar de que as alterações na prescrição foram feitas de
da admissão à alta, ou mudança de local de internação,
forma clara, legível e sem rasuras. O prescritor deverá fazer
são considerados críticos, pois, frequentemente, nessas
as alterações na primeira e segunda via da prescrição. mudanças, ocorre expressivo número de erros de medica-
A suspensão ou alteração na prescrição de um medica- ção, devido a informações incorretas ou incompletas sobre
mento somente na via disponível para a enfermagem pode: os medicamentos utilizados pelos pacientes, ocasionando
Acarretar erro na dispensação; e principalmente a omissão ou duplicidade de dose.
Aumentar o risco de erro de administração.  Nos pontos de transição, especialmente na alta
Em meio ambulatorial, nunca deve ser feita modifica- hospitalar, o paciente deverá receber uma prescrição con-
ção ou rasura na mesma receita. Caso seja necessária algu- tendo todos os medicamentos de que fará uso e as re-
ma alteração na terapêutica, nova receita deverá ser emiti- comendações necessárias à continuidade do tratamento,
da e a anterior suspensa. sendo recomendável a participação do farmacêutico com
orientações para o uso seguro e racional dos medicamen-
Prescrições verbais tos prescritos.
As prescrições verbais devem ser restritas às situações
de urgência/emergência, devendo ser imediatamente es- Prescrição segura de medicamentos potencialmen-
critas no formulário da prescrição após a administração do te perigosos ou de alta vigilância
medicamento. A prescrição verbal deve ser validada pelo As unidades de saúde deverão divulgar a sua lista de
prescritor assim que possível. medicamentos potencialmente perigosos ou de alta vigi-
Quando a ordem verbal for absolutamente necessária, lância que constam na relação de medicamentos selecio-
o prescritor deve falar o nome, a dose e a via de administra- nados na instituição, indicando as doses máximas desses
ção do medicamento de forma clara. Quem recebeu a or- medicamentos, a forma de administração (reconstituição,
dem verbal deve repetir de volta o que foi dito e ser confir- diluição, tempo de infusão, via de administração), a indica-
mado pelo prescritor antes de administrar o medicamento. ção e a dose usual.

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

O número de apresentações e concentrações disponíveis de medicamentos potencialmente perigosos ou de alta vi-


gilância, especialmente anticoagulantes, opiáceos, insulina e eletrólitos concentrados (principalmente cloreto de potássio
injetável),deve ser limitado.
As doses dos medicamentos potencialmente perigosos ou de alta vigilância deverão ser conferidas com dupla checa-
gem na fase dos cálculos para prescrição e análise farmacêutica da prescrição para dispensação.

Obs. Para o acesso à lista completa de medicamentos potencialmente perigosos ou de alta vigilância de uso hospitalar
e ambulatorial, recomenda-se o acesso no sítio eletrônico e endereço eletrônico abaixo:
site: www.ismp-brasil.org
link: www.ismp-brasil.org/faq/medicamentos potencialmente perigosos.php

Suporte eletrônico para prescrição


Recomenda-se a utilização de programa informatizado para prescrição de medicamentos com suporte clínico que for-
neça minimamente informações sobre:
Doses máximas para medicamentos potencialmente perigosos/alta vigilância e/ou com índice terapêutico estreito;
Interações medicamentosas clinicamente significativas;
Alergias;
Apresentações e concentrações padronizadas disponíveis na instituição.

Importante:
 Prescrições pré-digitadas podem aumentar a segurança no uso de medicamentos e devem ser adotadas quando
possível.
 Utilizar para impressão formulário sem pauta, pois as linhas podem encobrir pontos e vírgulas ou transformar “0”
em “8”, aumentando, assim, a possibilidade de erros.
 Quando se implantar novo sistema de prescrição na unidade de saúde (prescrições pré-digitadas, eletrônicas e
outras), o prescritor, farmacêutico e enfermeiro devem acompanhar o processo de prescrição para identificar e corrigir erros
decorrentes do uso do novo sistema.

Outras informações importantes para a prescrição segura

O prescritor deverá conhecer a história clinica e os medicamentos de que o paciente faz uso e conciliá-los com a nova
prescrição, procurando evitar duplicidades, interações, doses inadequadas e outras discrepâncias, podendo nessa etapa
contar com o suporte do farmacêutico.
Para apoiar a decisão de prescrever, utilizar fontes de informação sobre medicamentos atualizadas e baseadas nos
melhores níveis de evidência científica.
Na prescrição para uso ambulatorial, quando necessário, deverá ser registrado na prescrição o tempo que o paciente
deverá permanecer em observação no estabelecimento de saúde após a administração do medicamento.
Caso exista a suspeita de reações adversas a medicamentos ou a ocorrência de erros ou eventos adversos no processo
assistencial, estes devem ser notificados ao Núcleo de Segurança do Paciente/Gerência de Riscos do estabelecimento de
saúde.
A compreensão das informações da prescrição e ações que possibilitem esclarecimentos aos pacientes sobre riscos de
medicação e medidas de prevenção deve ser garantida por ações colaborativas entre prescritores, farmacêuticos e enfer-
meiros.
As atividades clínicas dos farmacêuticos devem ser incentivadas, pois podem diminuir os erros de prescrição e medica-
ção em geral e têm embasamento em evidência científica comprovada.

Procedimento operacional padrão da prescrição por via de administração

Para o adequado cumprimento da prescrição, todas as informações deverão estar claras e completas, em cada item
prescrito.
Em prescrições eletrônicas, recomenda-se que o cadastro do medicamento permita somente a prescrição das vias de
administração descritas na literatura e pelo fabricante, o que aumenta a segurança, impedindo administração por via errada.
Recomenda-se que os medicamentos devam ser prescritos conforme estrutura a seguir:

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Práticas seguras para distribuição de medicamentos


Os sistemas de distribuição de medicamentos em hospitais podem ser classificados em:
Coletivo;
Individualizado;
Misto;
Dose unitária;
Sistema automatizado.
O tipo de sistema de distribuição adotado tem relação direta com a frequência de erros.

16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

O sistema coletivo é caracterizado pela distribuição A farmácia deverá possuir estrutura organizada, bem
dos medicamentos por unidade de internação ou serviço, como processos de trabalho escritos e difundidos que pro-
mediante solicitação da enfermagem para todos os pa- movam a prevenção, identificação e redução de erros de
cientes da unidade. Implica a formação de subestoques de prescrição e dispensação. A farmácia deve contar com re-
medicamentos nas unidades, os quais ficam sob respon- cursos humanos capacitados e em número suficiente para
sabilidade da equipe de enfermagem. A reposição é feita realizar a contento suas atividades.
periodicamente, em nome da unidade, por meio de requi- Itens de verificação para a distribuição segura de medi-
sições enviadas à farmácia. camentos
Para garantir maior segurança ao processo de dispen-
IMPORTANTE: Esse sistema de distribuição de medi- sação e o adequado fluxo de trabalho, o ambiente destina-
camentos é considerado inseguro e DEVE ser abolido dos do à dispensação deve:
estabelecimentos de saúde. Ser reservado;
O sistema individualizado é caracterizado pela distri- Contar com fluxo restrito de pessoas; e
buição dos medicamentos por paciente, de acordo com a Ser tranquilo, sem fonte de interrupção e distração (tais
prescrição médica, geralmente para um período de 24 ho- como televisão, rádio e outras).
ras de tratamento. Esse sistema se mostra mais seguro que Os ambientes da farmácia onde são armazenados e
o sistema coletivo, entretanto, menos seguro que o sistema dispensados os medicamentos devem ser limpos, organi-
por dose unitária. zados, bem iluminados e com adequado controle e registro
O Sistema misto é caracterizado pela combinação dos de temperatura, umidade e controle de pragas.
sistemas coletivo e individualizado coexistindo: A dispensação segura nos estabelecimentos de saúde
- Sistema Individualizado – é utilizado nas unidades deverá ser precedida pelas seguintes atividades:
de internação, ocorrendo de forma parcial ou integral, me- Seleção;
diante prescrição, Padronização;
- Sistema Coletivo: é utilizado nos serviços de ra- Aquisição;
diologia, endoscopia, urgência, ambulatórios, entre outros, Recebimento;
mediante requisição. Armazenamento;
Importante: O Sistema misto mantém riscos elevados Fracionamento; e
associados à distribuição coletiva.
Identificação segura dos medicamentos.
Recomenda-se aos estabelecimentos de saúde o siste-
O número de apresentações e concentrações de medi-
ma de dose unitária.
camentos potencialmente perigosos ou de alta vigilância,
O sistema de distribuição por dose unitária consiste na
padronizados na instituição, deve ser restrito e suas doses
distribuição dos medicamentos com doses prontas para a
máximas estabelecidas e divulgadas.
administração de acordo com a prescrição médica do pa-
O estabelecimento de saúde deverá realizar ações de
ciente. A dose do medicamento é embalada, identificada e
educação permanente, de forma sistemática e registrada,
dispensada pronta para ser administrada, sem necessidade
de transferências, cálculos e manipulação prévia por parte para farmacêuticos e auxiliares de farmácia, com foco na
da enfermagem antes da administração ao paciente. segurança do uso de medicamentos, envolvendo os pro-
Nas unidades de internação são estocados apenas cessos de: seleção, padronização, armazenamento, fracio-
os medicamentos para atendimento de emergências e as namento, análise farmacêutica da prescrição e dispensação
doses necessárias para suprir as 24 horas de tratamento dos medicamentos.
dos pacientes. Nesse sistema, os medicamentos também O estabelecimento de saúde deverá manter farmacêu-
poderão ser dispensados por horário de administração, re- ticos e auxiliares de farmácia em número suficiente para
duzindo a quantidade e variedade de medicamentos nas permitir a dispensação segura de medicamentos.
unidades de internação.
O sistema automatizado pode ser caracterizado por Estratégias para dispensação segura relacionadas ao ar-
unidades de dispensação eletrônica capazes de realizar o mazenamento
atendimento de 100% das prescrições médicas ou confor- O ambiente no qual é realizada a dispensação de me-
me rotina da instituição como suporte ao sistema de dose dicamentos deve possuir as condições adequadas (tempe-
unitária, substituindo o estoque da unidade de internação ratura, iluminação, umidade, ruído) para o armazenamento
para a dispensação das primeiras doses, além dos medica- e dispensação segura de medicamentos.
mento controlados, de urgência e itens prescritos no regi- a) Restricao de acesso
me se necessário. Medidas de restrição de acesso deverão ser estabeleci-
das, para o armazenamento de produtos que possibilitam
Intervenções riscos elevados de troca (em virtude de similaridade de
A farmácia tem, entre suas importantes funções, a dis- nomes e apresentação), bem como os medicamentos po-
pensação dos medicamentos e deve assegurar que os me- tencialmente perigosos/alta vigilância e aqueles com sons,
dicamentos estejam disponíveis para administração ao pa- grafias e embalagens semelhantes.
ciente no tempo adequado, na dose correta, assegurando b) Procedimento Operacional
a manutenção das características físicas, químicas e micro- A farmácia deve possuir procedimento operacional
biológicas, contribuindo para o uso seguro dos mesmos. atualizado que contemple a validação/conferência do ar-

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

mazenamento do produto certo, no local certo. Esse pro- sos ou de alta vigilância, observando-se concentração, via-
cedimento deverá ser realizado de forma contínua e siste- bilidade, compatibilidade físico-química e farmacológica
mática, com registro de execução, propiciando segurança dos componentes, dose, dosagem, forma farmacêutica, via
aos processos de armazenamento e dispensação de me- e horários de administração, devendo ser realizada antes
dicamentos, sobretudo após devolução de medicamentos. do início da dispensação e manipulação.
O controle de medicamentos sob controle especial deve Com base nos dados da prescrição, devem ser regis-
seguir legislação específica. trados os cálculos necessários ou à manipulação da for-
O processo de dispensação de medicamentos deve mulação prescrita, verificando-se a aplicação dos fatores
possuir procedimento operacional de padrão escrito, ho- de conversão, correção e equivalência, quando for o caso,
mologado, atualizado e de conhecimento de todos os pro- sendo checados e assinados pelo farmacêutico.
fissionais da farmácia. Recomenda-se, para auxilio ao farmacêutico no pro-
c) Boas Práticas de Armazenamento cesso de análise da prescrição, a utilização de programa
A farmácia deve seguir as Boas Práticas de Armaze- informatizado com suporte terapêutico que incorpore ade-
namento de Medicamentos e possuir padrões atualizados quado conjunto de verificações automatizadas em prescri-
que definam regras para o armazenamento, privilegiando ções, tais como:
a segurança do processo de dispensação. Pode-se lançar Triagem para duplicidade terapêutica;
mão de ordenamento alfabético e/ou por forma farmacêu- Alergias;
tica associado à identificação, com etiquetas coloridas dos Interações medicamentosas;
medicamentos com elevado risco de troca e os potencial- Intervalos de dose adequados;
mente perigosos/alta vigilância. Alerta para doses superiores às máximas;
Deve-se identificar os locais de armazenamento de Alertas para nomes semelhantes, entre outros.
medicamentos que apresentam grafias e sons semelhan- Fontes de ruídos e distrações devem ser reduzidas
tes, com etiquetas de alerta que proporcionem a escrita de (conversas) e eliminadas (televisão, música, uso de telefo-
parte do nome do medicamento com letras maiúsculas e nes celulares e fixos) no momento da análise e dispensação
em negrito, destacando-se a diferença entre nomes pareci- dos medicamentos e o ambiente de dispensação deve ser
dos, como, por exemplo: restrito a essa atividade.
LAMIvudina; Preconiza-se adotar o uso de rótulos diferenciados, no-
tas em sistema informatizado e cartazes de alerta no local
ZIDOvudina.
de armazenamento e dispensação de medicamentos com
d) Centrais de Abastecimento Farmacêutico (CAF) am-
elevada propensão a trocas.
bulatorial É importante assegurar práticas adequadas para
Recomenda-se a implantação de sistemas seguros, or-
a distribuição dos medicamentos das Centrais de Abasteci-
ganizados e eficazes de dispensação para reduzir a ocor-
mento Farmacêutico (CAF) para as unidades de saúde a fim
rência de erros, privilegiando a dispensação por dose indi-
de evitar erros, seguindo as boas práticas de distribuição
vidualizada e unitária, com controle por código de barras
de medicamentos.
ou equivalente superior, de modo a assegurar a rastreabi-
 Toda a movimentação de medicamentos deve ser lidade do lote, fabricante e validade dos medicamentos e
realizada por um eficiente sistema de controle de estoque, produtos para a saúde.
preferencialmente eletrônico, que garanta a correta identi- Em farmácias ambulatoriais e hospitalares, as etapas de
ficação do medicamento, lote, validade e quantidade, per- recebimento da prescrição, separação e dispensação dos
mitindo a sua rastreabilidade; medicamentos ao paciente devem ser realizadas com du-
 Os medicamentos devem ser corretamente sepa- pla conferência dos medicamentos em ambiente exclusivo
rados, organizados, identificados e realizada a dupla checa- para essa finalidade.
gem, evitando-se erros; Deve-se elaborar e disponibilizar procedimentos ope-
 Quando necessário manter estoques de medica- racionais atualizados para a dispensação de medicamen-
mentos potencialmente perigosos/alta vigilância, estes de- tos, com destaque especial para os medicamentos poten-
verão ser corretamente identificados, diferentemente dos cialmente perigosos ou de alta vigilância.
demais; A dispensação deve ser restringida por meio de or-
 O transporte deve ser feito de modo correto e se- dem verbal exclusivamente para situações de urgência e
guro, observando-se aspectos técnicos tais como aqueles emergência, devendo a prescrição do medicamento ser
necessários para o transporte de termolábeis; entregue na farmácia imediatamente após a normalização
 Durante o recebimento dos medicamentos na uni- da situação que gerou a ordem. Nesses casos, o profissio-
dade de saúde, nova conferência deve ser feita, conside- nal da farmácia que ouviu a ordem verbal deverá repetir o
rando-se a identificação do medicamento, lote, validade, que escutou para certificar-se da informação, procedendo
quantidade e sua integridade física. à dispensação e registrando sua ocorrência em formulário
específico.
Estratégias para dispensação segura relacionadas à
prescrição Procedimento operacional padrão para dispensa-
Realizar a análise farmacêutica das prescrições (Porta- ção de medicamentos
ria GM/MS 4283/2010), priorizando aquelas que contêm Para dispensação segura de medicamentos deve-se se-
antimicrobianos e medicamentos potencialmente perigo- guir os seguintes procedimentos:

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

O farmacêutico deve analisar as prescrições antes do Práticas seguras na administração de medicamen-


início da separação dos medicamentos, conferindo se to- tos
dos os elementos de identificação da instituição, do pa- A administração de medicamentos é um processo
ciente, do prescritor e a data estão disponíveis. multi e interdisciplinar, que exige conhecimento técnico e
Analisar os medicamentos prescritos, evitando que prática. Para a administração segura, são necessários co-
possíveis erros de prescrição se tornem erros de dispen- nhecimentos sobre Farmacologia, Anatomia, Fisiologia, Mi-
sação; crobiologia e Bioquímica.
Solucionar todas as dúvidas, porventura existentes, di- A dimensão dos erros relacionados à administração
retamente com o prescritor, especialmente aquelas relacio- de medicamentos foi apresentada em estudo realizado em
nadas à grafia médica, eliminando interpretação ou dedu- 2006 em quatro hospitais brasileiros, tendo sido eviden-
ção do que está escrito; ciado que 1,7% dos medicamentos administrados foi dife-
Analisar os medicamentos prescritos considerando-se rente dos medicamentos prescritos; 4,8% das doses admi-
os seguintes aspectos: dose, forma farmacêutica, concen- nistradas diferiam das prescritas; 1,5% dos medicamentos
tração, via de administração, posologia, diluente, velocida- foi administrado em vias diferentes das prescritas;0,3% dos
de de infusão, tempo de infusão, indicação, contraindica- pacientes recebeu medicamentos não autorizados ou não
ção, duplicidade terapêutica, interação medicamento-me- prescritos; quase 2,2% dos medicamentos foram adminis-
dicamento e medicamento-alimento e possíveis alergias; trados uma hora antes do previsto e 7,4% mais de uma
O auxiliar de farmácia não deverá separar simultanea- hora depois do prescrito.
mente prescrições diferentes; A etapa de administração é a última barreira para evitar
Manter a organização do ambiente de dispensação, as- um erro de medicação derivado dos processos de prescri-
segurando-se suficiente espaço e instrumentos de trabalho ção e dispensação, aumentando, com isso, a responsabili-
que permitam a manutenção dos medicamentos devida- dade do profissional que administra os medicamentos.
mente separados por prescrição e por paciente, até a sua Um erro na administração de medicamento pode trazer
dispensação, evitando-se que medicamentos prescritos e graves consequências aos pacientes, devendo-se observar:
dispensados para um paciente sejam entregues a outros. A ação;
Para essa finalidade poderão ser utilizados carros de medi- As interações; e
cação ou embalagens plásticas identificadas; Os efeitos colaterais.
Realizar a conferência dos medicamentos separados
para dispensação, verificando se as informações disponí- Intervenções
veis no rótulo dos medicamentos são iguais às da prescri-
Itens de verificação para administração segura de me-
ção.
dicamentos
Identificar os medicamentos potencialmente perigosos
A equipe de enfermagem tem seguido tradicionalmen-
ou de alta vigilância e fazer meticulosa revisão da prescri-
te os cinco certos na administração de medicamentos e,
ção e dispensação deles;
mais recentemente, foram introduzidos mais dois certos,
Verificar se na prescrição existem medicamentos com
configurando-se em “os sete certos na administração de
nomes ou embalagens semelhantes, dedicando especial
atenção à conferência dos mesmos; medicamentos”:
Realizar a conferência final da prescrição com o re- I. Paciente certo;
sultado da dispensação, utilizando, sempre que possível, II. Medicamento certo;
o auxílio de dispositivos eletrônicos, tais como código de III. Via certa;
barras; IV. Hora certa;
O farmacêutico deve revisar as prescrições de medi- V. Dose certa;
camentos potencialmente perigosos ou de alta vigilância. Foram incluídos:
Para a dispensação ambulatorial, realizar orientação e VI. Documentação certa (Registro certo); e
aconselhamento do paciente previamente à dispensação VII. Razão.
dos medicamentos, objetivando identificar e interceptar er- Recente artigo identifica nove certos para administra-
ros. Ao dispensar medicamentos para o paciente, conferir e ção de medicamentos: paciente certo, medicamento certo,
identificá-los, especialmente aqueles de embalagem seme- via certa, hora certa, dose certa, registro certo, ação certa,
lhante, usando identificadores que possam diferenciá-los, forma certa e resposta certa.
como, por exemplo, cores diferentes. Os nove certos não garantem que os erros de admi-
Realizar o registro escrito, em prontuário, das interven- nistração não ocorrerão, mas segui-los pode prevenir sig-
ções farmacêuticas realizadas. nificativa parte desses eventos, melhorando a segurança e
Deve existir restrição formal e registro da dispensação a qualidade da assistência prestada ao paciente durante o
de medicamentos por ordem verbal. processo de administração de medicamentos.
Os medicamentos potencialmente perigosos ou de I. Paciente certo
alta vigilância devem ser identificados de forma diferen- Deve-se perguntar ao paciente seu nome completo an-
ciada dos medicamentos em geral no armazenamento e tes de administrar o medicamento e utilizar no mínimo dois
dispensação. identificadores para confirmar o paciente correto.
A dupla checagem dos medicamentos potencialmente Nessa etapa, é importante que o profissional faça per-
perigosos ou de alta vigilância dispensados deve ser feita guntas abertas e que necessitam de mais interação pacien-
na farmácia estabelecimento de saúde. te-profissional, tal como:

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

“Por favor, diga-me o seu nome completo?” Importante: Informações sobre compatibilidade de
Além disso, é importante verificar se esse paciente cor- medicamentos e produtos para a saúde utilizados na admi-
responde ao: nistração de medicamentos, deverão estar disponíveis em
Nome identificado na pulseira; manual ou em base de dados para consulta no local do
Nome identificado no leito; preparo ou pode-se consultar o farmacêutico.
Nome identificado no prontuário. IV. Hora certa
Importante: caso o paciente apresente baixo nível Preparar o medicamento de modo a garantir que a sua
de consciência, impossibilitando-o de confirmar o nome administração seja feita sempre no horário correto, para
completo, a equipe assistencial deverá conferir o nome do garantir adequada resposta terapêutica.
paciente descrito na prescrição com a pulseira de identifi- Preparar o medicamento no horário oportuno e de
cação, devendo, ainda, associar pelo menos mais dois iden- acordo com as recomendações do fabricante, asseguran-
tificadores diferentes. do-lhe estabilidade.
Outra estratégia que auxilia a evitar a administração de A antecipação ou o atraso da administração em rela-
medicamentos ao paciente errado, é existir norma interna ção ao horário predefinido somente poderá ser feito com o
consentimento do enfermeiro e do prescritor.
do estabelecimento de saúde que evite, dentro do possível,
V. Dose certa
que dois pacientes com o mesmo nome fiquem interna-
Conferir atentamente a dose prescrita para o medica-
dos simultaneamente no mesmo quarto ou enfermaria.
mento.
II. Medicamento certo Doses escritas com “zero”, “vírgula” e “ponto” devem
Conferir se o nome do medicamento que tem em mãos receber atenção redobrada, conferindo as dúvidas com o
é o que está prescrito. prescritor sobre a dose desejada, pois podem redundar em
O nome do medicamento deve ser confirmado com a doses 10 ou 100 vezes superiores à desejada.
prescrição antes de ser administrado. Certificar-se de que a infusão programada é a prescrita
Conhecer o paciente e suas alergias. Conferir se ele não para aquele paciente.
é alérgico ao medicamento prescrito. Verificar a unidade de medida utilizada na prescrição,
Identificar os pacientes alérgicos de forma diferencia- em caso de dúvida ou medidas imprecisas (colher de chá,
da, com pulseira e aviso em prontuário, alertando toda a colher de sopa, ampola), consultar o prescritor e solicitar a
equipe. prescrição de uma unidade de medida do sistema métrico.
Todos os fatos descritos pelo paciente/cuidador ou ob- Conferir a velocidade de gotejamento, a programação
servado pela equipe, sejam eles reações adversas, efeitos e o funcionamento das bombas de infusão contínua em
colaterais ou erros de medicação, devem ser registrados caso de medicamentos de infusão contínua.
em prontuário e, notificados. Realizar dupla checagem dos cálculos para o preparo
Importante: alguns medicamentos são associações. e programação de bomba para administração de medica-
Nesses casos, é necessário conhecer a composição dos mentos potencialmente perigosos ou de alta vigilância.
medicamentos para identificar se o paciente não é alérgico Medicações de uso “se necessário” deverão, quando
a algum dos componentes do medicamento. prescritas, ser acompanhadas da dose, posologia e condi-
III. Via certa ção de uso.
Identificar a via de administração prescrita. Solicitar complementação do prescritor em caso de
Verificar se a via de administração prescrita é a via tec- orientações vagas, tais como “fazer se necessário”, “confor-
nicamente recomendada para administrar determinado me ordem médica” ou “a critério médico”, para possibilitar
medicamento. a administração.
Lavar as mãos antes do preparo e administração do Importante: Não deverão ser administrados medi-
camentos em casos de prescrições vagas como: “fazer se
medicamento.
necessário”, “conforme ordem médica” ou “a critério mé-
Verificar se o diluente (tipo e volume) foi prescrito e
dico”.
se a velocidade de infusão foi estabelecida, analisando sua
VI. Registro certo da administração
compatibilidade com a via de administração e com o medi- Registrar na prescrição o horário da administração do
camento em caso de administração de por via endovenosa. medicamento.
Avaliar a compatibilidade do medicamento com os Checar o horário da administração do medicamento a
produtos para a saúde utilizados para sua administração cada dose.
(seringas, cateteres, sondas, equipos, e outros). Registrar todas as ocorrências relacionadas aos medi-
Identificar no paciente qual a conexão correta para a camentos, tais como adiamentos, cancelamentos, desabas-
via de administração prescrita em caso de administração tecimento, recusa do paciente e eventos adversos.
por sonda nasogástrica, nasoentérica ou via parenteral. VII. Orientação correta
Realizar a antissepsia do local da aplicação para admi- Esclarecer dúvidas sobre a razão da indicação do me-
nistração de medicamentos por via parenteral. dicamento, sua posologia ou outra informação antes de
Esclarecer todas as dúvidas com a supervisão de enfer- administrá-lo ao paciente junto ao prescritor.
magem, prescritor ou farmacêutico previamente à adminis- Orientar e instruir o paciente sobre qual medicamento
tração do medicamento. está sendo administrado (nome), justificativa da indicação,
Esclarecer as dúvidas de legibilidade da prescrição di- efeitos esperados e aqueles que necessitam de acompa-
retamente com o prescritor. nhamento e monitorização.

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Garantir ao paciente o direito de conhecer o aspecto Registrar, conforme protocolo da instituição, todas as
(cor e formato) dos medicamentos que está recebendo, a ações imediatamente após a administração do medica-
frequência com que será ministrado, bem como sua indi- mento.
cação, sendo esse conhecimento útil na prevenção de erro O enfermeiro deve supervisionar o preparo e a admi-
de medicação. nistração de medicamentos realizados por técnicos e auxi-
VIII. Forma certa liares de enfermagem.
Checar se o medicamento a ser administrado possui a Seguir o protocolo da instituição quanto ao preparo de
forma farmacêutica e via administração prescrita. pacientes para exames ou jejum que possam interferir na
Checar se forma farmacêutica e a via de administração administração do medicamento.
prescritas estão apropriadas à condição clínica do paciente. Em casos de preparo de pacientes para exames ou je-
Sanar as dúvidas relativas à forma farmacêutica e a via jum, não administrar nem adiar a administração de doses
de administração prescrita junto ao enfermeiro, farmacêu- sem discutir conduta com o prescritor.
tico ou prescritor. Registrar adequadamente a omissão de dose e comu-
A farmácia deve disponibilizar o medicamento em dose nicar ao enfermeiro.
unitária ou manual de diluição, preparo e administração de Adequar os horários de administração dos medica-
medicamentos, caso seja necessário realizar a trituração e mentos à rotina de uso já estabelecida pelo paciente antes
suspensão do medicamento para administração por sonda da internação, sempre que possível.
nasogástrica ou nasoentérica. Evitar, dentro do possível, interações medicamento-
IX. Resposta certa
medicamento e medicamento-alimento quando realizar o
Observar cuidadosamente o paciente, para identificar,
aprazamento de medicamentos.
quando possível, se o medicamento teve o efeito desejado.
Discutir a prevenção das interações medicamentosas
Registrar em prontuário e informar ao prescritor, todos
com a equipe multiprofissional (médico, farmacêutico e
os efeitos diferentes (em intensidade e forma) do esperado
nutricionista).
para o medicamento.
Seguir o protocolo institucional quanto à verificação
Deve-se manter clara a comunicação com o paciente
das prescrições na passagem de plantão.
e/ou cuidador.
Seguir o protocolo institucional quanto aos cuidados
Considerar a observação e relato do paciente e/ou cui-
para que não haja a administração de medicamentos sus-
dador sobre os efeitos dos medicamentos administrado,
incluindo respostas diferentes do padrão usual, pensos pelo médico.
Registrar todos os parâmetros de monitorização ade- Padronizar o armazenamento adequado e a identifica-
quados (sinais vitais, glicemia capilar.). ção completa e clara de todos os medicamentos que estão
sob a guarda da equipe de enfermagem.
Intervenções específicas Monitorar a temperatura da geladeira de acondicio-
Instituir a prática de dupla checagem por dois profis- namento de medicamentos, observando-se o parâmetro
sionais, para os cálculos de diluição e administração de me- mínimo e máximo de temperatura diariamente, dirimindo
dicamentos potencialmente perigosos ou medicamentos dúvidas com o farmacêutico.
de alta vigilância. Organizar local adequado para o preparo de medica-
REMOVER do estoque das unidades de internação os mentos, preferencialmente sem fontes de distração e que
eletrólitos concentrados (especialmente cloreto de potás- permita ao profissional concentrar-se na atividade que está
sio injetável) e bloqueadores neuromusculares. realizando.
Deverão permanecer nas unidades de internação APE- A instituição deve disponibilizar e atualizar guias de
NAS os medicamentos potencialmente perigosos ou de prevenção de incompatibilidades entre fármacos e solu-
alta vigilância que sejam absolutamente necessários à as- ções e guias de diluição de medicamentos.
sistência ao paciente. Solicitar revisão por um colega sempre que calcular
doses para medicamentos potencialmente perigosos ou
Procedimento operacional padrão para administra- medicamentos de alta vigilância.
ção de medicamentos Fazer consultas ao farmacêutico e em fontes de infor-
Implementar a prática de verificação dos nove certos mações atualizadas e idôneas em caso de dúvidas sobre o
da terapia medicamentosa. nome do medicamento, posologia, indicações, contraindi-
Certificar-se de que as informações sobre o processo cações, precauções de uso, preparo e administração.
de medicação estejam documentadas corretamente. Utilizar instrumentos de medida padrão no preparo de
Somente administrar medicamento se as dúvidas fo- medicamentos (ex: seringas milimetradas) para medir do-
rem esclarecidas. ses com exatidão.
Estabelecer protocolos institucionais de administração Seguir os sistemas de identificação do paciente e do
de medicamentos e atualizá-los periodicamente. leito ou sala de medicação estabelecidos nos protocolos
Utilizar materiais e técnicas assépticas para administrar institucionais.
medicamentos por via intravenosa e para outras vias que
exijam esse tipo de técnica.

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Padronizar equipamentos como bombas de infusão, limitando a variedade de opções.


Seguir a prescrição de enfermagem para o uso de bombas de infusão para administração segura de medicamentos.
levar ao local, no horário de administração de medicamentos, apenas o que está prescrito a um único paciente, não fazendo
uso de bandeja contendo diversos medicamentos para diferentes pacientes.
Preparar o medicamento imediatamente antes da administração, a não ser que haja recomendação especial do fabri-
cante para procedimento diferente.
Manter registro adequado dos frascos de medicamentos preparados que serão armazenados (com data e horário da
manipulação, concentração do medicamento, nome do responsável pelo preparo e validade).
Administrar medicamento por ordem verbal somente em caso de emergência, utilizando método de dupla checagem
para administração com registro por escrito da ordem verbal.
Registrar corretamente a administração do medicamento prescrito no prontuário do paciente, certificando que foi ad-
ministrado ao paciente e evitando a duplicação da administração do medicamento por outro profissional.
Informar ao paciente e à família sobre eventuais incidentes relacionados à terapia medicamentosa, registrando-os em
prontuário e notificando-os à Gerência de Riscos e/ou ao Núcleo de Segurança do Paciente.
Comunicar ao paciente qual o medicamento está sendo administrado e qual a sua ação no momento da administração.
Devolver à farmácia as sobras de medicamentos não administrados pois estoques de medicamentos nas enfermarias
são fonte importante de erros de administração.

Para fins desse protocolo serão adotadas as seguintes definições:

4.1. Uso seguro de medicamentos: inexistência de injúria acidental ou evitável durante o uso de medicamentos. A uti-
lização segura engloba atividades de prevenção e minimização dos danos provocados por eventos adversos que resultam
do processo de uso dos medicamentos.

4.2. Erro de medicação: é qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, possa levar ao uso inadequado
de medicamento quando o medicamento se encontra sob o controle de profissionais de saúde, de paciente ou do consu-
midor, podendo ou não provocar dano ao paciente. Os erros de medicação podem ser relacionados à prática profissional,
produtos usados na área de saúde, procedimentos, problemas de comunicação, incluindo prescrição, rótulos, embalagens,
nomes, preparação, dispensação, distribuição, administração, educação, monitoramento e uso de medicamentos.

4.3. Erro de prescrição: erro de medicação que ocorre durante a prescrição de um medicamento, em decorrência tanto
de redação da prescrição, como do processo de decisão terapêutica. O erro decisão terapêutica pode surgir de um desvio
não intencional de padrões de referência, como: conhecimento científico atual, práticas normalmente reconhecidas, espe-
cificações técnicas dos medicamentos e legislação sanitária17. Um erro de prescrição pode estar relacionado à seleção do
medicamento (considerando-se as indicações, as contraindicações, as alergias, as características do paciente, as interações
medicamentosas e outros fatores), a dose, a concentração, o esquema terapêutico, a forma farmacêutica, a via de adminis-
tração, a duração do tratamento e orientações de utilização, assim como pela ausência de prescrição de um medicamento
necessário para tratar uma doença já diagnosticada ou para impedir os incidentes com outros medicamentos.

4.4. Erros de dispensação: pode ser definido como um desvio na interpretação da prescrição, cometido pela equipe
da farmácia quando da realização da dispensação de medicamentos para as unidades de internação ou na farmácia ambu-
latorial. Incluem também erros relacionados às normas e à legislação.
Podem ser classificados em: erros de conteúdo, erros de rotulagem e erros de documentação.

4.5. Erros de administração: erro decorrente de qualquer desvio no preparo e administração de medicamentos de
acordo com a prescrição médica, da não observância das recomendações ou guias do hospital ou das instruções técnicas
do fabricante do produto. Considera-se, ainda, que não há erro se o medicamento for administrado de forma correta, mes-
mo que a técnica utilizada contrarie a prescrição médica ou os procedimentos do hospital.4

4 www.hospitalsantalucinda.com.br/

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

2. LEGISLAÇÃO FARMACÊUTICA
2.1. LEI NO 5.991, DE 17 DE DEZEMBRO DE
1973 E SUAS ATUALIZAÇÕES.
2.2. PORTARIA N.º 344, DE 12 DE MAIO DE
1998 E SUAS ATUALIZAÇÕES.
2.3. LEI Nº 9.787, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1999
E SUAS ATUALIZAÇÕES.
2.4. RESOLUÇÃO-RDC Nº 20, DE 5 DE MAIO DE
2011 E SUAS ATUALIZAÇÕES.
2.5. RESOLUÇÃO-RDC Nº 67, DE 8 DE
OUTUBRO DE 2007 E SUAS ATUALIZAÇÕES.
2.6. RESOLUÇÃO Nº 44, DE 17 DE AGOSTO DE
2009 E SUAS ATUALIZAÇÕES.

O Profissional Farmacêutico deve dominar o conhecimento sobre as legislações relacionadas ao seu local de trabalho.
Essas legislações se dividem em duas áreas:
 Legislação Sanitária
 Legislação Farmacêutica
Ressalta-se que todos os dispositivos solicitados nesse edital referem-se à legislação sanitária.
Abaixo, uma tabela que consta os dispositivos legais em cada área.5

1ª Tabela – Legislação Sanitária


Legislação Sanitária Ementa
LEI Nº 5.991, DE 17 DE DEZEMBRO DE Dispõe sobre controle Sanitário do Comércio de Drogas,
1973 Insumos Farmacêuticos e Correlatos.
Dispõe sobre a Vigilância Sanitária a que ficam sujeitos
LEI No 6.360, DE 23 DE SETEMBRO DE os Medicamentos, as Drogas, os Insumos Farmacêuticos e
1976 Correlatos, Cosméticos, Saneantes e Outros Produtos, e dá
outras Providências.
LEI Nº 6.437, DE 20 DE AGOSTO DE Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece
1977 as sanções respectivas, e dá outras providências.
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
1990. providências.
Institui o Sistema de Controle e Fiscalização em toda a cadeia
Portaria SVS/MS nº. 802, de 8 de
dos produtos farmacêuticos (produção, distribuição, transporte
outubro de 1998
e dispensação)
PORTARIA N.º 344, DE 12 DE MAIO DE
1998 Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e
medicamentos sujeitos a controle especial.
[MEDICAMENTOS CONTROLADOS]
Aprova a Instrução Normativa da Portaria SVS/MS nº 344 de
PORTARIA Nº 6, DE 29 DE JANEIRO DE
12 de maio de 1998 que instituiu o Regulamento Técnico das
1999
substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
Lei nº. 9782, de 26 de janeiro de 1999 Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a
[CRIAÇÃO DA ANVISA] Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências.

LEI Nº 9.787, DE 10 DE FEVEREIRO DE Altera a Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe
1999 sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico,
dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos
[MEDICAMENTOS GENÉRICOS] farmacêuticos e dá outras providências.

5 /farmaceuticodigital.com/

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Regulamenta a Lei no 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, que


DECRETO Nº 3.181, DE 23 DE dispõe sobre a Vigilância Sanitária, estabelece o medicamento
SETEMBRO DE 1999. genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em
produtos farmacêuticos e dá outras providências.
LEI N° 9.965, DE 27 DE ABRIL DE 2000
Restringe a venda de esteróides ou peptídeos anabolizantes
[MEDICAMENTOS ESTERÓIDES E e dá outras providências.
ANABOLIZANTES]
RESOLUÇÃO – RDC Nº 50, DE 21 DE Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,
FEVEREIRO DE 2002 programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
[REGRAS PROJETO ARQUITETÔNICO] estabelecimentos assistenciais de saúde. (Possui alterações)

[MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRES- Revogada pela RDC N° 98, DE 1° DE AGOSTO DE 2016


CRIÇÃO-MIPS]
RESOLUÇÃO Nº 338, DE 6 DE MAIO
Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica.
DE 2004 – Conselho Nacional de Saúde
RESOLUÇÃO – RDC Nº 306, DE 07 DE
DEZEMBRO DE 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento
de resíduos de serviços de saúde.
[PGRSS]
As farmácias e drogarias poderão fracionar medicamentos
a partir de embalagens especialmente desenvolvidas para essa
RESOLUÇÃO – RDC N° 80, de 11 de finalidade de modo que possam ser dispensados em quantidades
maio de 2006 individualizadas para atender às necessidades terapêuticas dos
consumidores e usuários desses produtos, desde que garantidas
[FRACIONAMENTO] as características asseguradas no produto original registrado e
observadas as condições técnicas e operacionais estabelecidas
nesta resolução.
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas – Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes
2006. de drogas; estabelece normas para repressão à produção não
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras
providências.
RESOLUÇÃO – RDC Nº 222, DE 28 DE Dispõe sobre os procedimentos de petição e arrecadação
DEZEMBRO DE 2006 eletrônica no âmbito da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
[PROCEDIMENTOS PARA PETIÇÃO – ANVISA e de suas Coordenações Estaduais e Municipais de
ELETRÔNICA] Vigilância Sanitária e dá outras providências.
Altera o item 2.3, VI, do Anexo I, da Resolução RDC nº. 16, de 2 de
março de 2007 e o Anexo da Resolução RDC nº. 17, de 2 de março
de 2007. O medicamento genérico somente será dispensado se
prescrito pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua
falta, pela Denominação Comum Internacional (DCI), podendo
RESOLUÇÃO – RDC nº. 51, de 15 de
ser intercambiável com o respectivo medicamento referência no
agosto de 2007
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).O medicamento similar
poderá ser dispensado quando prescrito pelo seu nome de
marca ou pela respectiva Denominação Comum Brasileira (DCB)
ou, na sua falta, pela Denominação Comum Internacional (DCI)
correspondente.
Altera os itens 1.2. e 2.1., ambos do item VI, do Anexo, da
RESOLUÇÃO – RDC nº. 53, de 30 de Resolução RDC nº. 17, de 2 de março de 2007: Restringe ao SUS
agosto de 2007 a possibilidade de dispensar um similar quando a prescrição for
pela DCB.

24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

RESOLUÇÃO – RDC Nº 58, DE 5 DE


SETEMBRO DE 2007 Dispõe sobre o aperfeiçoamento do controle e fiscalização de
substâncias psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências.
[ANOREXÍGENOS]
RESOLUÇÃO-RDC Nº 67, DE 8 DE
OUTUBRO DE 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações
[BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias.
DE MEDICAMENTOS]
RESOLUÇÃO – RDC Nº44 DE 17 DE Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle
AGOSTO DE 2009 sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização
de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em
[BOAS PRÁTICAS FARMACÊUTICAS] farmácias e drogarias e dá outras providências.
RESOLUÇÃO-RDC Nº 60, DE 26 DE Dispõe sobre a produção, dispensação e controle de amostras
NOVEMBRO DE 2009 grátis de medicamentos e dá outras providências.
RESOLUÇÃO – RDC Nº. 25, DE 30 DE
JUNHO DE 2010 Altera a RDC nº 58, de 5 de setembro de 2007, que dispõe
[SIBUTRAMINA PARA 60 DIAS DE sobre o aperfeiçoamento do controle e fiscalização de substâncias
TRATAMENTO E DOSES LIMITE PARA OS psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências.
ANOREXÍGENOS]
Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de
RESOLUÇÃO – RDC Nº 20, DE 5 DE
substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob
MAIO DE 2011
prescrição, isoladas ou em associação.
[CONTROLE DOS ANTIBIÓTICOS]
NOTA TÉCNICA SOBRE A RDC Nº 20/2011
Dispõe sobre a proibição do uso das substâncias
RESOLUÇÃO – RDC Nº 52, DE 6 DE anfepramona, femproporex e mazindol, seus sais e isômeros,
OUTUBRO DE 2011 bem como intermediários e medidas de controle da prescrição
e dispensação de medicamentos que contenham a substância
[PROÍBE OS ANOREXÍGENOS] sibutramina, seus sais e isômeros, bem como intermediários e dá
outras providências.
RESOLUÇÃO – RDC Nº 41, DE 26 DE Altera os artigos 40 e 41 da RDC Nº44/2009 – Os
JULHO DE 2012 Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) poderão permanecer
[ALTERA A RDC Nº44/2009 – LIBERA ao alcance dos usuários para obtenção por meio de autosserviço
MIPS PARA FORA DO BALCÃO] no estabelecimento e outras providências.
RESOLUÇÃO – RDC Nº 17, DE 28 DE Dispõe sobre os critérios para peticionamento de Autorização
MARÇO DE 2013 de Funcionamento (AFE) e de Autorização Especial (AE) de
[PETICIONAMENTO AFE E AE] farmácias e drogarias.

RESOLUÇÃO – RDC Nº 22, DE 29 DE Dispõe sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento


ABRIL DE 2014 de Produtos Controlados – SNGPC, revoga a Resolução de
Diretoria Colegiada nº 27, de 30 de março de 2007, e dá outras
[SNGPC] providências.
DECRETO LEGISLATIVO Nº 273,
PUBLICADO NO DOU nº 171, de Fica suspensa a RDC nº 52, de 6 de outubro de 2011, da
05/09/2014 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe
o uso das substâncias anfepramona, femproporex e mazindol,
[SUSPENDE A PROIBIÇÃO DOS ANO- seus sais e isômeros.
REXÍGENOS]
LEI Nº 13.021, DE 8 DE AGOSTO DE
2014 Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades
[FARMÁCIA: ESTABELECIMENTO DE farmacêuticas.
SAÚDE]

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Dispõe sobre as medidas de controle de comercialização,


prescrição e dispensação de medicamentos que contenham
RESOLUÇÃO – RDC Nº 50, DE 25 DE
as substâncias anfepramona, femproporex, mazindol e
SETEMBRO DE 2014
sibutramina, seus sais e isômeros, bem como intermediários e
dá outras providências.
RESOLUÇÃO – RDC Nº58 DE 10 DE
OUTUBRO DE 2014 Dispõe sobre as medidas a serem adotadas junto à Anvisa pelos
titulares de registro de medicamentos para a intercambialidade
[INTERCAMBIALIDADE DE SIMILARES de medicamentos similares com o medicamento de referência.
E REFERÊNCIA]
O Artigo 99º desobriga as Farmácias e Drogarias a realizarem
LEI Nº 13.043, DE 13 DE NOVEMBRO a Renovação das Autorizações de Funcionamento de empresa
DE 2014 (AFE) e das Autorizações Especiais (AE). Dessa forma deverão
possuir apenas as Autorizações Iniciais de Funcionamento
[DESOBRIGA A RENOVAÇÃO DA AFE por estabelecimento. Contudo, ficam mantidas as obrigações
E AE] previstas em caso de alterações, como por exemplo mudança de
responsável legal, endereço ou atividades do estabelecimento.
Altera a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 222, de 28
RESOLUÇÃO – RDC N° 28, DE 3 DE
de dezembro de 2006, para dispor sobre documentos e prazos
JULHO DE 2015
de comprovação do porte da empresa.
Atualiza monetariamente os valores das Taxas de Fiscalização
PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 701,
de Vigilância Sanitária, instituída nos termos do art. 23 da Lei nº
DE 31 DE AGOSTO DE 2015
9.782, de 26 de janeiro de 1999.
PORTARIA Nº 111, DE 28 DE JANEIRO
DE 2016 Dispõe sobre o Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB).
[FARMÁCIA POPULAR]
RESOLUÇÃO – RDC N° 98, DE 1° DE Dispõe sobre os critérios e procedimentos para o
AGOSTO DE 2016 enquadramento de medicamentos como isentos de prescrição
[MIPS- MEDICAMENTOS ISENTOS DE e o reenquadramento como medicamentos sob prescrição, e dá
PRESCRIÇÃO] outras providências.
 

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

2ª Tabela – Legislação Farmacêutica

DECRETO No 20.377, DE 8 DE SETEMBRO DE Aprova a regulamentação do exercício da profissão


1931. farmacêutica no Brasil
Cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Farmácia,
LEI Nº 3.820, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1960.
e dá outras providências.
Estabelece normas para execução da Lei nº 3.820, de 11 de
DECRETO No 85.878, DE 7 DE ABRIL DE 1981. novembro de 1960, sobre o exercício da profissão de farmacêutico,
e dá outras providências
RESOLUÇÃO Nº 160 DE 23 DE ABRIL DE 1982
Dispõe sobre o exercício da Profissão Farmacêutica.
– CFF
RESOLUÇÃO Nº 261 DE 16 DE SETEMBRO DE
Dispõe sobre responsabilidade técnica.
1994 – CFF
Dispõe sobre a Assistência Farmacêutica em farmácias e
RESOLUÇÃO 308 DE 2 DE MAIO DE 1997 – CFF
drogarias.
RESOLUÇÃO Nº 349 DE 20 DE JANEIRO DE Estabelece a competência do farmacêutico em proceder a
2000 – CFF intercambialidade ou substituição genérica de medicamentos.
RESOLUÇÃO Nº 357 DE 20 DE ABRIL DE  Aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de
2001 – CFF Farmácia. (Alterada pela Resolução nº 416/04)
RESOLUÇÃO Nº 437 DE 28 DE JULHO DE 2005 Regulamenta a atividade profissional do farmacêutico no
– CFF fracionamento de medicamentos.
RESOLUÇÃO Nº 461 DE 2 DE MAIO DE 2007 Dispõe sobre as infrações e sanções éticas e disciplinares, aos
– CFF farmacêuticos.
RESOLUÇÃO nº 499 DE 17 DE DEZEMBRO DE Dispõe sobre a prestação de serviços farmacêuticos, em
2008 – CFF farmácias e drogarias, e dá outras providências.
Revoga os artigos 2º e 34 e dá nova redação aos artigos 1º, 10,
RESOLUÇÃO Nº 505 DE 23 DE JUNHO DE
11, parágrafo único, bem como ao Capítulo III e aos Anexos I e II
2009 – CFF
da Resolução nº 499/08 do Conselho Federal de Farmácia.
RESOLUÇÃO Nº 522 DE 16 DE DEZEMBRO DE Regulamenta o procedimento de fiscalização dos Conselhos
2009 – CFF Regionais de Farmácia e dá outras providências.
Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na dispensação e
RESOLUÇÃO Nº 542, DE 19 DE JANEIRO DE no controle de antimicrobianos.
2011 – CFF
(Alterada pela Resolução nº. 545, de 18 de maio de 2011.)
RESOLUÇÃO Nº 585 DE 29 DE AGOSTO DE Regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá
2013 – CFF outras providências.
RESOLUÇÃO Nº 586 DE 29 DE AGOSTO DE
Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências.
2013 – CFF
Dispõe sobre o Código de Ética Farmacêutica, o
RESOLUÇÃO Nº 596 DE 21 DE FEVEREIRO DE Código de Processo Ético e estabelece as infrações
2014 – CFF e as regras de aplicação das sanções disciplinares.
[CÓDIGO DE ÉTICA FARMACÊUTICA ATUAL] Revoga as Resoluções nº 160/82, nº 231/91, nº 417/04, nº 418/04
e nº 461/07

Acesse os links a seguir e veja na íntegra o texto dos dispositivos em questão:


Lei no 5.991, de 17 de dezembro de 1973 e suas atualizações:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5991.htm

Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998 e suas atualizações:


http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/PRT_SVS_344_1998_COMP.pdf/a3ee82d3-315c-43b1-87cf-
c812ba856144

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999 e suas atualizações:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9787.htm

Resolução-RDC nº 20, de 5 de maio de 2011 e suas atualizações:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/rdc0020_05_05_2011.html

Resolução-RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007 e suas atualizações:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/rdc0067_08_10_2007.html

Resolução nº 44, de 17 de agosto de 2009 e suas atualizações:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2009/rdc0044_17_08_2009.html

3. FARMACOLOGIA

A farmacologia é sem dúvida umas das principais ferramentas para profissionais da área de saúde, ou em sentido mais
amplo, para todos os profissionais que necessitam ou lidam diretamente e indiretamente com fármacos e medicamentos. A
compreensão do modo com o qual os fármacos agem no organismo é de fundamental importância para o melhor emprego
dos medicamentos.

Em sua fundamentação, a farmacologia compreende o entendimento histórico, propriedades físico-químicas, compo-


sição, bioquímica, efeitos fisiológicos, mecanismo de ação, absorção, distribuição, biltra afirmação, excreção e terapêutica,
relacionados a substâncias químicas que conseguem alterar a função normal do organismo humano.
Atualmente a farmacologia é subdividida em vários ramos, essa classificação é feita com base na evolução das técnicas
e métodos farmacológicos. Dentre as subdivisões, destaque maior pode ser dado para a Farmacologia Básica, Farmacodi-
nâmica, Farmacocinética e Farmacologia Clinica.
Na farmacologia básica são estudados os conceitos gerais de ação dos fármacos, com isso, são vistos os aspectos
farmacocinéticos e farmacodinâmicos básicos a todos os fármacos, o objetivo é desenvolver os conhecimentos acerca do
comportamento geral de ação dos fármacos no organismo, em posse desse conhecimento a interpretação de uma resposta
farmacológica fica mais facilitada, como também, o planejamento terapêutico possa ser feito de forma mais racional.

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

A Farmacocinética estuda a correlação do organismo • Posologia: estudo da dosagem, de como a dose


com o farmaco, ou seja, em qual ponto ocorre a absorção, deve ser empregada
locais no qual o fármaco se acumula no organismo, rota de • Forma farmacêutica: forma de apresentação do
biotransformação e onde ocorre a sua excreção. A Farma- medicamento: comprimidos, capsulas, xaropes..
cocinética é muito aplicada para determinação adequada • Pró-droga: fármaco que necessita ser ativado no
da posologia, reajuste posológico, interpretação de respos- organismo para ação terapêutica.
ta inesperada ou ausência de efeito, melhor compreensão • Interação medicamentosa: efeito resultante da in-
da ação dos fármacos e uso racional de fármacos. feção entre dois fármacos, podendo como resultado final
A farmacodinâmica estuda a correlação do fármaco ocorrer o aumento, redução ou atenuação do efeito farma-
com o organismo, quais processos fisiológicos são afeta- cológico de ou mais fármacos envolvidos.
dos pelos fármacos,, com isso pode-se afirmar que o foco • Efeito indesejado: efeito provocado pela ação do
da farmacodinâmica é: local e mecanismo de ação, rela- fármaco no organismo indiferente do planejado. Pode se
ção entre concentração e magnitude do efeito, variação de classificado em previsível e imprevisível. Os efeitos previ-
efeitos e respostas. Juntamente com a Farmacocinética, a síveis podem se dividir em: toxicidade por superdosagem,
compreensão das ações dos fármacos no organismo, são efeito secundário (reação provocada pelo efeito principais
fundamentais para o planejamento clinico da terapêutica. do fármaco em um sítio diferente do alvo principal), efeito
colateral e interações medicamentosas. Por sua vez, o efei-
to imprevisível pode ser dividido em: idiossincrático, alér-
gico e intolerância.
3.1. CONCEITOS BÁSICOS EM FARMACOLOGIA A Farmacologia possui duas áreas de estudo basal para
E TOXICOLOGIA (FÁRMACO, MEDICAMENTO, seu entendimento, as chamadas: Farmacocinética e Farma-
REMÉDIO, DENOMINAÇÃO COMUM codinâmica.
BRASILEIRA E REAÇÃO ADVERSA A
MEDICAMENTOS).

O conhecimento da farmacologia esta alicerçado em


diversos conceitos, o entendimento destes facilita o en-
tendimento desta ciência. Como alguns conceitos básicos,
pode-se citar:
• Fármaco: substancia química capaz de provocar
algum efeito terapêutico no organismo.
• Medicamento: produto tecnicamente elaborado
contendo um ou mais fármacos. Os outros componentes
do medicamento recebem a denominação de excipientes,
os quais podem ter as mais variadas funções, como melho-
rar o sabor, odor e até mesmo atuar como conservantes
do mesmo; lembrando que do ponto de vista terapêutico
o excipiente é inerte, não devendo também, interagir com
o fármaco. Os medicamentos podem ser classificados em:
magistrais, oficiais e oficinais; por sua vez, os medicamen-
tos oficiais por sua vez podem ser classificais em: referen-
cia, similares e genéricos.
• Remédio: qualquer tratamento faca bem a saúde
do paciente, o conceito de remédio é bem mais amplo, en-
volvendo ate mesmo o medicamento. A Farmacocinética estuda os fenômenos da Absorção,
• Dose: quantidade de fármaco capaz de provocar Distribuição, Metabolismo e Excreção dos fármacos. Em
alterações no organismo. Esta dose pode eficaz (DE), letal outras palavras ela estuda o “caminho” traçado pelo fárma-
(DL), ataque ou de manutenção. A DE é dose capaz de pro- co ao longo do corpo humano, levando em consideração
duzir o efeito terapêutico desejado, podendo ser classifica- vários aspectos físicos e químicos, como por exemplo, a
da em mínima eficaz e máxima tolerada. A DL por sua vez forma farmacêutica e a lipossolubilidade respectivamente.
é a dose capaz de causar mortalidade. Em ambos os casos Ou seja: “O que o corpo faz com o fármaco”
(DE e DL) a eficácia pode ser determinada em porcenta-
gem, portanto, DE50 é a dose eficaz em 50% dos tecidos
ou pacientes.
• Índice terapêutico: relação entre a DL50 e a DE50,
pode ser um indicativo da segurança do fármaco.
• Janela terapêutica: faixa entre a dose mínima efi-
caz e máxima eficaz

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Figura 1. Fases da Farmacocinética


Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-4JR6WakNRUA/T3tVgHVobEI/AAAAAAAAAUg/Cmx6wUuF_KA/s1600/RESUMAO03.png

A Farmacodinâmica já estuda como o medicamento vai interagir com o corpo humano para realizar a sua função, logo
ela descreve o mecanismo de ação dos fármacos. Fica notório que para cada classe de fármacos a farmacodinâmica será
bem particular.
Segundo Goodman & Gilman (1987) podemos definir estes termos de uma maneira bem simples e prática como: O que
o organismo faz à droga (seria a Farmacocinética) e o que a droga faz ao organismo (seria a Farmacodinâmica).
É na junção destas duas ramificações que a Farmacologia constrói o seu alicerce e é em cima dele que os nossos estu-
dos serão realizados.6
Ou seja: “O que o fármaco faz com o corpo”
 Na farmacodinâmica é estudado:
• Local de ação;
• Mecanismo de ação;
• Efeito biológico desencadeado.7
 

Figura 3. Sequência das fases da Farmacocinética e da Farmacodinâmica


Fonte: https://ares.unasus.gov.br/acervo/bitstream/handle/ARES/2559/esquema-farmacodinamica-farmacocinetica.
jpg?sequence=1&isAllowed=y
6
7 Fonte: www.profes.com.br/farmacologiauefs.wordpress.com

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Outras áreas da farmacologia numero de trabalhadores expostos, jornada de trabalho,


Farmacologia pré-clínica: eficácia e RAM do fármaco ventilação, ritmo de trabalho, agentes a pesquisar e fatores
nos animais (mamíferos). interferentes. Os resultados obtidos definirão a necessida-
Farmacologia clínica: eficácia e RAM do fármaco no de de execução da 3a etapa.
homem (voluntário sadio; voluntário doente). • Controle – visa eliminar ou reduzir a exposição do
Farmacognosia (gnósis= conhecimento): Cuida da trabalhador ao agente toxico. São medidas administrativas
obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos e técnicas que limitam o uso de produtos e técnicas de
a partir de produtos naturais de origem animal, vegetal ou trabalho, tempo de exposição e numero de trabalhadores
mineral, passiveis de uso terapeutico expostos. Também mantem comissões técnicas de contro-
Farmacocinética: estuda o preparo, a manipulação e le, disciplinam o uso de Equipamentos de Proteção Indivi-
a conservação dos medicamentos. O desenvolvimento de dual (EPIs), melhoram as condições de ventilação, treinam
novos produtos, relação com o meio biológico, técnicas de os trabalhadores.
manipulação, doses, formas farmacêuticas, interações físi- Através do cumprimento dessas etapas, torna-se possí-
cas químicas entre os princípios ativos, visando conseguir vel estabelecer parâmetros de exposição tanto no ambien-
melhor aproveitamento dos seus benéficos no organismo. te do trabalho quanto no organismo dos trabalhadores.
Farmacoterapia (assistência farmacêutica): orientação São limites de tolerância acima dos quais as atividades são
do uso racional de medicamentos. consideradas insalubres.
Fitoterapia: uso de fármacos vegetais (plantas medi- Limite de Tolerância (LT) – concentração máxima que
cinais). uma substancia pode alcançar no ambiente de trabalho
Farmacotécnica: arte do preparo e conservação do sem que represente um dano a saúde do trabalhador. Os
medicamento em formas farmacêuticas. limites de tolerância estão relacionados apenas a via res-
piratória sem considerar outras vias de penetração e não
Toxicologia contabiliza a exposição extra laboral.
A toxicologia e a ciência que estuda os efeitos nocivos Sob o ponto de vista da monitorização da saúde, a
decorrentes das interações das substancias químicas com observação apenas desses limites no ambiente de trabalho
o organismo, com a finalidade de prevenir, diagnosticar e e insatisfatória, pois não contempla os indivíduos suscetí-
tratar a intoxicação. A toxicologia abrange uma vasta área veis, hábitos individuais e o somatório de exposições por
do conhecimento em que atuam profissionais de forma- outras vias de introdução. Para complementar os dados
ções diversas: química toxicológica, toxicologia farmaco- obtidos na monitorização ambiental e necessário o esta-
lógica, clinica, forense, ocupacional, veterinária, ambiental, belecimento de limites biológicos para a identificação de
aplicada a alimentos, genética, analítica, experimental e ou- diferenças individuais.
tras áreas (CHASIN; LIMA, 2010). Limites de Tolerância Biológica (LTB) – e a quanti-
dade limite do agente ou seu produto de bi transformação
Toxicologia ocupacional encontrado em material biológico (ar exalado, urina, san-
E a área da toxicologia que identifica e quantifica as gue). Bem como alterações bioquímicas e fisiológicas de-
substancias químicas presentes no ambiente de trabalho correntes da exposição a determinado agente toxico, sem
e os riscos que elas oferecem com o objetivo de prevenir que haja o aparecimento de sinais clínicos de intoxicação
a saúde do trabalhador. São estudados os agentes tóxicos ou efeitos irreversíveis.
de matérias-primas, produtos intermediários e produtos
acabados quanto a: aspectos físico-químicos, interação en- Xenobiótico, agente tóxico e intoxicação
tre agentes no ambiente e no organismo, as vias de intro- As substancias químicas, estranhas ao organismo e
dução, a toxicidade, a ocorrência de intoxicação em curto, sem valor nutritivo, são chamadas xenobioticos, e aquelas
médio e longo prazos, os limites de tolerância na atmosfera capazes de causar dano a um sistema biológico, alterando
e no sistema biológico e os indicadores biológicos de ex- uma função ou levando-o a morte, sob certas condições
posição. A prevenção da intoxicação em toxicologia ocu- de exposição, são chamadas de agentes tóxicos. De modo
pacional pode ser alcançada em três etapas fundamentais geral, a intensidade da ação do agente toxico será pro-
que são: reconhecimento, avaliação e controle. porcional a concentração e ao tempo de exposição. Essa
• Reconhecimento – através do conhecimento dos relação de proporcionalidade, por sua vez, pode variar de
métodos de trabalho, processos e operações, matérias acordo com o estagio de desenvolvimento do organismo
-primas e produtos finais ou secundários, e identificada a e de acordo com seu estado de funcionamento biológico.
presença do agente em determinado local de trabalho ou A intoxicação e a manifestação do efeito toxico e cor-
em determinado produto industrial. Também busca-se a responde ao conjunto de sinais e sintomas que revelam o
caracterização das propriedades químicas e toxicológicas desequilíbrio produzido pela interação do agente toxico
do agente. com o organismo (BUSCHINELLI; KATO, 2011).
• Avaliação – realizada através da medição instru- A presença de agentes químicos, físicos ou biológicos
mental ou laboratorial do agente químico, comparando os no ambiente de trabalho oferece um risco a saúde dos tra-
resultados com os limites de tolerância no ambiente e no balhadores. Entretanto, o fato de estarem expostos a esses
sistema biológico. Na etapa da avaliação, verifica-se, en- agentes agressivos não implica, obrigatoriamente, que ve-
tre outros fatores, a delimitação da área a ser avaliada, o nham a contrair uma doença do trabalho.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Toxicidade e risco • Reação alérgica – e uma reação adversa que ocorre


Toxicidade e a capacidade inerente e potencial do apos uma previa sensibilização do organismo a um agente
agente toxico de provocar efeitos nocivos em organismos toxico. Na primeira exposição o organismo, apos incorpo-
vivos. O efeito toxico e geralmente proporcional a concen- rar a substancia, produz anticorpos. Esses, após atingirem
tração do agente toxico ao nível do sitio de ação (tecido uma determinada concentração no organismo, ficam dis-
alvo). Ação toxica e a maneira pela qual um agente toxico poníveis para provocarem reações alérgicas no individuo,
exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais. O grau sempre que houver nova exposição aquele agente toxico.
de toxicidade de uma substancia e avaliado quantitativa-
mente pela medida da DL 50, que e a dose de um agente Classificações
toxico, obtida estatisticamente, capaz de produzir a morte De acordo com o tempo de exposição
de 50 % da população em estudo. Assim, um agente será • Intoxicação aguda – decorre de um único contato
tanto mais toxico, quanto menor for sua DL 50. (dose única/relacionado a potencia da droga) ou múltiplos
O conceito de toxicidade vincula-se ainda a outro con- contatos (efeitos cumulativos) com o agente toxico, num
ceito, o de risco toxico. Pode-se definir o risco como sendo período de tempo aproximado de 24 horas. Os efeitos sur-
a probabilidade existente para que uma gem de imediato ou no decorrer de alguns dias, no máxi-
mo 2 semanas.
• Intoxicação sobre aguda ou subcrônica – exposi-
ções repetidas a substancias químicas. Denomina-se in-
toxicação sobre aguda quando ocorre exposição durante
um período menor ou igual a 1 mês. Enquanto que, para
períodos entre 1 a 3 meses, classifica-se como intoxicação
subcronica.
• Intoxicação crônica – efeito toxico apos exposição
prolongada a doses cumulativas do toxicante, num período
prolongado, geralmente maior de 3 meses chegando ate
a anos.
Segundo a severidade
Figura 1.1: Relação toxicidade versus risco • Leve – são rapidamente reversíveis, e desaparecem
Fonte: CTISM, adaptado de IFA, 2013 com o fim da exposição.
• Moderada – quando os distúrbios são reversíveis e
Os fatores que influenciam a toxicidade de uma subs- não são suficientes para provocar danos.
tancia são a frequência de exposição, a duração da exposi- • Severa – quando ocorrem mudanças irreversíveis su-
ção e a via de administração da substancia. Para isso, deve- ficientemente severas para produzir lesões graves ou mor-
se conhecer o tipo de efeito que ela produz, a dose para te.
produzir o efeito, as informações sobre as características/
propriedades de uma substancia e as informações sobre a Segundo a EPA
exposição e o individuo (LEITE; AMORIM, 2003). • Local aguda – efeitos sobre pele, membranas muco-
A exposição simultânea a varias substancias pode al- sas e olhos após exposição que varia de segundos a horas.
terar uma serie de fatores (absorção, ligação proteica, me- • Sistêmica aguda – efeitos nos diversos sistemas or-
tabolização e excreção) que influem na toxicidade de cada gânicos apos absorção de substancias por diversas vias, a
uma delas separadamente. Assim, a resposta final aos tóxi- exposição pode ser de segundos ou horas.
cos combinados pode ser maior ou menor que a soma dos • Local crônica – efeitos sobre pele e olhos apos repe-
efeitos de cada um deles, podendo-se ter: tidas exposições durante meses e anos.
• Sistêmica crônica – efeitos nos sistemas orgânicos
• Efeito aditivo – quando o efeito final e igual a soma apos repetidas exposições por diversas vias durante longo
período de tempo.
dos efeitos de cada um dos agentes envolvidos.
• Efeito sinérgico – quando o efeito final e maior que
Outras classificações
a soma dos efeitos de cada agente em separado.
• Desconhecida – quando os dados toxicológicos so-
• Potencialização – quando o efeito de um agente e
bre a substancia são insuficientes.
aumentado se combinado com outro agente. • Imediata – ocorre rapidamente apos única exposi-
• Antagonismo – quando o efeito de um agente e di- ção.
minuído, inativado ou eliminado se combinado com outro • Retardada – ocorre rapidamente apos longo período
agente. de latência.
• Reação idiossincrática – e uma reação anormal a
certos agentes tóxicos. Classificação para carcinogenicidade
Nesses casos, o individuo pode apresentar uma reação Internatinal Agency for Research on Cancer – IARC clas-
adversa a doses extremamente baixas (doses consideradas sifica de acordo com a evidencia de carcinogenicidade:
não toxicas) ou apresentar tolerância surpreendente a do- Grupo 1 – o agente e carcinogenico para humanos
ses consideradas altas ou ate mesmo letais. (evidencias suficientes de carcinogenicidade em humanos).

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Grupo 2A – o agente e provavelmente carcinogenico para humanos (evidencias limitadas de carcinogenicidade em


humanos e suficientes evidencias em experiencias com animais).
Grupo 2B – o agente pode vir a ser carcinogenico para humanos (evidencias inadequadas de carcinogenicidade em
humanos, mas suficiente em animais, ou evidencias limitadas em humanos e insuficientes em animais).
Grupo 3 – o agente não pode ser classificado como carcinogenico para humanos.
Grupo 4 – o agente não e provavelmente carcinogenico para humanos (evidencias indicam que não e carcinogenico
em animais).
Outros organismos internacionais tambem classificam os agentes em termos de carcinogenicidade utilizando diferen-
tes estudos e notações. A seguir será apresentada uma síntese baseada em Ribeiro (2012):

Quadro 1.2: American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH)

A ACGIH utilizada essa classificação em seu livreto sobre os TLVs e BEIs. No


Brasil e publicado pela ABHO.

Quadro 1.3: National Toxicology Program (NTP)

Quadro 1.4: Sistema Harmonizado Globalmente para a classificação e rotulagem de produtos químicos (GHS)

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Intoxicação
Intoxicação e um processo patológico causado por substancias endógenas ou exogenas, caracterizado por desequilí-
brio fisiológico, consequente das alterações bioquímicas no organismo. O processo de intoxicação e evidenciado por sinais
e sintomas ou mediante dados laboratoriais e pode ser desdobrado em quatro fases: exposição, toxicocinetica, toxicodina-
mica, clinica (MORAES; SZNELWAR; FERNICOLA, 1991).

Figura 1.2: Fases da intoxicação


Fonte: CTISM, adaptado de Moraes; Sznelwar; Fernicola, 1991

• Fase de exposição – e a fase em que as superfícies externa ou interna do organismo entram em contato com o toxi-
canicas, assim como a dose ou a concentracao do xenobiotico e a suscetibilidade individual.
• Fase de toxicocinética – inclui todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade quimica e a concen-
tracao do agente nos diferente tecidos do organismo. Intervem nessa fase a absorcao, a distribuicao, o armazenamento,
a biotransformacao e a excrecao das substancias quimicas. As propriedades fisico-quimicas dos toxicantes determinam o
grau de acesso aos orgaos-alvos, assim como a velocidade de sua eliminação do organismo.
• Fase de toxicodinâmica – compreende a interacao entre as moléculas do toxicante e os sitios de acao, especificos ou
nao, dos orgaos e, consequentemente, a alteracao do equilíbrio homeostático.
• Fase clínica – e a fase em que ha evidencias de sinais e sintomas, ou ainda, alteracoes patologicas detectaveis me-
diante provas diagnosticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interacao do toxicante com o organismo.

Toxicologia por analogia


Por causa da escassez de informacoes toxicologicas de muitos compostos quimicos utilizados na industria, existe fre-
quentemente uma tendencia em assumir que compostos que possuem caracteristicas quimicas proximas, terão proprie-
dades toxicas similares. Enquanto isso pode ser verdade para um numero limitado de substancias, esse fato nao pode
significar uma verdade universal.
Como mencionado anteriormente, muitos produtos quimicos quando absorvidos pelo corpo sofrem uma serie de
mudancas (processos de desintoxicacao) antes de serem excretados. Os produtos intermediarios dependerao da estrutura
quimica do material original, e pequenas diferencas na estrutura podem resultar em produtos intermediarios ou finais to-
talmente diferentes.
Esse principio e muito bem ilustrado no caso do benzeno e tolueno. Trata-se de produtos quimicamente muito proxi-
mos, mas os metabolismos sao diferentes e o grau de toxicidade e tambem muito diferente. Logo a toxicologia por analogia
pode ser perigosa e enganosa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Toxicocinética

Figura 1.3: Membrana plasmática ou celular


Fonte: CTISM

Nessa fase, tem-se a acao do organismo sobre o agente toxico, procurando diminuir ou impedir a acao nociva da subs-
tancia sobre ele. Dela resulta a quantidade de toxicante disponivel para interagir com o sitio alvo e, consequentemente,
exercer a acao toxica. A toxicocinetica e constituida pelos seguintes passos: absorcao, distribuicao, biotransformacao e ex-
crecao. A movimentacao do agente toxico no organismo, desde a sua entrada ate a sua eliminacao, envolve a transposicao
de membranas celulares.

Absorção
Absorcao e quando o agente toxico passa de um meio externo para um meio interno, ou seja, e introduzido no orga-
nismo e vai para a circulacao sistemica. A absorcao do agente quimico depende de fatores ligados ao agente químico e a
membrana celular e pode acontecer pelas vias respiratorias, via dérmica ou pelo trato gastrointestinal.

Absorção via dérmica


A pele e um orgao formado por multiplas camadas de tecidos e contribui com cerca de 10 % de peso corporeo. No
estado integro, a pele constitui uma barreira efetiva contra a penetracao de substancias quimicas exogenas. No entanto,
alguns xenobioticos podem sofrer absorcao cutanea, dependendo de fatores tais como a anatomia e as propriedades fisio-
logicas da pele e das propriedades fisico-quimicas dos agentes.
A pele e formada por duas camadas, a epiderme que e a camada mais externa da pele e a derme, que e formada por
tecido conjuntivo em que se encontram os vasos sanguineos, nervos, foliculos pilosos, glandulas sebaceas e sudoriparas.
Esses tres ultimos elementos da derme permitem o contato direto com o meio externo. As substancias quimicas podem
ser absorvidas, principalmente, atraves das celulas epidermicas ou foliculos pilosos.
A via dermica e a porta de entrada mais frequente das intoxicacoes por agrotoxicos. Pois a contaminacao acontece
nas maos, bracos, pescoco, face, e couro cabeludo pela absorcao de respingos, nevoa de pulverizacao, uso de roupas con-
taminadas. Os fatores ligados a absorcao via dermica sao o tempo de exposicao, hidro e lipossolubilidade, tamanho da
molecula, temperatura do corpo e do ambiente, volatilidade alem de outros.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Figura 1.4: Camadas da pele


Fonte: CTISM

Os efeitos do agente toxico na pele podem ser topicos ou sistemicos. Efeitos topicos sao a corrosao, sensibilizacao e
mutacao. Os efeitos sistemicos podem resultar em acao do toxicante em tecidos distantes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Absorção pelas vias respiratórias


A via respiratoria e muito importante para a toxicologia ocupacional, visto que muitas intoxicacoes ocupacionais sao
decorrentes da aspiracao de substancias contidas no ar. A superficie pulmonar total e de aproximadamente 90 m2 e a su-
perficie alveolar de 50 a 100 m2 (RIBEIRO, 2012).

Figura 1.5: Via respiratória


Fonte: CTISM

O fluxo sanguineo continuo exerce uma boa acao de dissolucao e muitos agentes quimicos podem ser absorvidos
rapidamente a partir dos pulmoes.
Os agentes passiveis de sofrerem absorcao pulmonar sao os gases e vapores e os aerodispersóides. Essas substancias
poderao ser absorvidas, tanto nas vias aereas superiores, quanto nos alveolos.

Figuras 1.6: Estrutura do nariz e cílios nasais


Fonte: CTISM

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

A retencao parcial ou total dos agentes nas vias aereas superiores esta ligada ao diametro de particula, hidrossolubili-
dade, condensacao e temperatura.

Geralmente, as particulas com diametro maior do que 30 μm ficarao retidas nas regioes menos profundas do trato
respiratorio. Tambem quanto maior a sua solubilidade em agua, maior sera a tendencia de ser retido no local (TORLONI;
VIEIRA, 2003).

Nos alveolos pulmonares duas fases estao em contato, uma gasosa formada pelo ar alveolar e outra liquida represen-
tada pelo sangue. Diante de um gas ou de um vapor, o sangue pode se comportar de duas maneiras diferentes.

O agente toxico pode dissolver-se simplesmente por um processo fisico ou, ao contrario, combinar-se quimicamente
com elementos do sangue. No primeiro caso, tem-se a dissolucao do toxicante no sangue e no segundo caso, a reacao
quimica. Ja as particulas presentes nos alveolos, que nao foram removidas ou absorvidas, podem ficar retidas na regiao,
causando as chamadas pneumoconioses (TORLONI; VIEIRA, 2003).

Figura 1.7: Estrutura do pulmão e alvéolos pulmonares


Fonte: CTISM

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Absorção via oral, digestiva ou trato gastrintestinal

No trato gastrintestinal (TGI) um agente toxico podera sofrer absorcao desde a boca ate o reto. Poucas substancias
sofrem a absorcao na mucosa oral, porque o tempo de contato e pequeno nesse local. Estudos experimentais, no entanto,
mostram que a cocaina, a estricnina, a atropina e varios opioides podem sofrer absorcao na mucosa bucal. Nao sendo ab-
sorvido na mucosa oral, o toxicante podera sofrer absorcao na porcao do TGI onde existir a maior quantidade de sua forma
nao ionizada (lipossolúvel). Um dos fatores que favorecem a absorcao intestinal de nutrientes e xenobioticos e a presenca
de microvilosidades, que proporcionam grande area de superficie.

Figura 1.8: Sistema digestivo


Fonte: CTISM

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Distribuição
Na distribuicao, o agente toxico e transportado para o resto do organismo, podendo deslocar-se para diversos tecidos
e celulas. A concentracao do agente e desigual para os varios pontos no sistema, e locais de maior area nao necessariamen-
te terao maior concentracao do toxicante. Ao ircular, o agente toxico pode ser biotransformado, ligar-se ao sitio de acao,
ser eliminado, ligar-se a proteinas plasmaticas ou eritrocitos ou ser armazenado.
Os fatores que influem na distribuicao e acumulo sao a irrigacao do orgao, pois uma maior vascularizacao facilita o
contato do agente toxico, o conteúdo aquoso ou lipidico e a integridade do orgao. Os principais locais de armazenamento
sao: proteinas plasmaticas, figado e rins, tecido osseo, tecido adiposo, placenta, leite materno, cabelos.

Figura 1.9: Distribuição do agente tóxico no organismo


Fonte: CTISM, adaptado de Torloni e Vieira, 2003
Redistribuição
O termino do efeito toxico de uma substancia costuma ocorrer por biotransformacao ou excrecao, mas, tambem, pode
resultar da redistribuicao da substancia do seu sitio de acao para outros tecidos. Entretanto, ela ainda estará armazenada
nesses locais na forma ativa e sua saida definitiva dependera de biotransformacao e excrecao. Se houver saturacao do local
de armazenamento com a dose inicial, uma dose subsequente pode produzir efeito prolongado.

Biotransformação
Para reduzir a possibilidade de uma substancia desencadear uma resposta toxica, o organismo apresenta mecanismos
de defesa que buscam diminuir essa quantidade que chega de forma ativa ao tecido alvo, assim como reduzir o tempo de
permanencia em seu sitio de acao. Para isso, e necessario diminuir a difusibilidade do toxicante e aumentar a velocidade de
sua excrecao. Logo a biotransformacao pode ser compreendida como um conjunto de alterações quimicas ou estruturais
que as substancias sofrem no organismo, geralmente, ocasionadas por processos enzimaticos, com o objetivo de diminuir
ou cessar a toxicidade e facilitar a excrecao.
A biotransformacao pode ocorrer em qualquer orgao ou tecido orgânico como, por exemplo, no intestino, rins, pul-
moes, pele, testiculos, placenta, entre outros. A grande maioria das substancias, sejam elas endogenas ou exogenas, e
biotransformada no figado.
O figado e o maior orgao do corpo humano com diversas e vitais funcoes, destacando-se entre elas, as transformacoes
de xenobioticos e nutrientes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

A biotransformacao e efetuada, geralmente por enzimas. A eficiencia do processo depende de fatores como dose e
frequencia de exposicao, especie, idade, genero, variabilidade genetica, estado nutricional, estado patológico e a exposicao
a outros agentes que podem inibir ou induzir as enzimas biotransformadoras de xenobioticos.

Figura 1.10: Mecanismo de biotransformação


Fonte: CTISM, adaptado de Torloni e Vieira, 2003

Excreção

Os xenobioticos que penetram no organismo sao, posteriormente, excretados atraves da urina, bile, fezes, ar expirado,
leite, suor e outras secrecoes, sob forma inalterada ou modificada quimicamente. A excrecao pode ser vista como um pro-
cesso inverso ao da absorcao, pois os fatores que interferem na entrada do xenobiotico no organismo, podem dificultar a
sua saida.

Basicamente existem tres classes de excrecao – a eliminacao atraves das secrecoes, tais como a biliar, sudoripara, la-
crimal, gastrica, salivar, lactea; a eliminacao atraves das excrecoes, tais como urina, fezes e catarro; a eliminação pelo ar
expirado. Os fatores que atuam sobre velocidade e via de excrecao sao:

• Via de introdução – interfere na velocidade de absorcao, de biotransformacao e, tambem, na excrecao.

• Afinidade por elementos do sangue e outros tecidos – geralmente o agente toxico na sua forma livre esta dispo-
nivel a eliminacao.

• Facilidade de biotransformação – com o aumento da polaridade a secrecao por via urinaria fica facilitada.

• Frequência respiratória – em relacao a excrecao pulmonar, o aumento da frequencia respiratoria, acelera as trocas
gasosas.

• Função renal – como a via renal e a principal via de excrecao dos xenobioticos, qualquer disfuncao dos orgaos ira
interferir na velocidade e proporcao de excrecao.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Toxicodinâmica
A fase da toxicodinamica e caracterizada pela presenca, em sitios especificos, do agente toxico ou dos produtos da bio-
transformacao, que ao interagirem com as moleculas organicas constituintes das celulas produzem alteracoes bioquimicas,
morfologicas e funcionais que caracterizam o processo de intoxicacao.

Figura 1.11: Biotransformação e fases da intoxicação


Fonte: CTISM, adaptado de Torloni e Vieira, 2003

Nessa etapa podem ocorrer interacoes de adicao, sinergismo, potenciação e antagonismo entre as substancias. Essas
interacoes poderao aumentar ou diminuir os efeitos toxicos.
• Adição – quando o efeito induzido por dois ou mais compostos e igual a soma dos efeitos de cada agente isolado.
• Sinergismo – o efeito induzido por dois ou mais compostos juntos e maior do que a soma dos efeitos de cada agente.
• Potenciação – quando um agente que primariamente e desprovido de acao toxica aumenta a toxicidade de um
agente toxico.
• Antagonismo – o efeito de um agente e diminuido, inativado ou eliminado quando combinado com outro agente.
Um exemplo da fase da toxicodinamica e a formacao de tumores. Qualquer molecula ou seu produto de biotransfor-
macao, que possa agir com agente alquilante ou arilante pode atacar o DNA provocando modificacoes na estrutura mole-
cular com consequentes mutacoes (mutagenese). Essas mutacoes são hereditarias quando ocorrem no nivel de gametas e
podem afetar gerações futuras. Mutacoes somaticas sao as que aparecem em outras celulas do organismo e podem levar
ao desenvolvimento de tumores benignos ou malignos.8

DCB - Denominações Comuns Brasileiras


Denominação Comum Brasileira (DCB) é a denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo aprovada
pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária (Lei n.° 9.787/1999). Atualmente, com o advento do registro ele-
trônico, adquiriu uma concepção mais ampla e inclui também a denominação de insumos inativos, soros hiperimunes e
vacinas, radiofármacos, plantas medicinais, substâncias homeopáticas e biológicas.
 
Histórico
Listas atualizadas* das DCB 
  Lista completa das DCB 
  Lista insumos farmacêuticos 
  Lista homeopáticos e dinamizados 
  Lista plantas medicinais 
  Lista produtos biológicos 
  Lista radiofármacos 
* Atualizadas de acordo com as alterações da Resolução-RDC nº 201, de 26 de dezembro de 2017
8 estudio01.proj.ufsm.br

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Veja cada uma das listas acessando o link a seguir: A necessidade da farmacovigilância
http://portal.anvisa.gov.br/denominacao-comum-brasilei- Para que um medicamento obtenha registro, ato que
ra autoriza sua comercialização, submete-se a ensaios pré-
clínicos - pesquisas realizadas in vitro e em animais, para
Reações adversas ao medicamentos avaliar o perfil físico-químico, toxicológico e teratogênico
Embora os medicamentos sejam formulados, indiscuti- do fármaco em análise - e ensaios clínicos - pesquisas rea-
velmente sob critérios de proteção e segurança, convive-se lizadas em seres humanos, com o objetivo de verificar a
com o risco associado ao seu uso. eficácia do medicamento, estabelecer a dose segura para
Motivos diversos expõem as pessoas a efeitos inde- sua utilização e detectar a ocorrência de possíveis efeitos
sejados. A utilização de medicamentos em situações não indesejáveis.
indicadas ou em circunstâncias que desrespeitem os crité- Tais ensaios, entretanto, possuem uma série de limita-
rios de uso racional pode provocar danos. É comum haver ções. Uma delas consiste na diferença de resposta terapêu-
consequências como intoxicação. tica entre animais e seres humanos. Na maioria das vezes,
Ainda que sejam respeitados os critérios de segurança, os testes são insuficientes para prever a segurança do me-
pode-se deparar com uma RAM (reação adversa aomedi-
dicamento em questão.
camento), definida como “reação nociva e não-intencional
Considera-se também como limitador o número de in-
(...), que ocorre em doses normalmente usadas no homem
divíduos submetidos aos ensaios clínicos, que chega, no
para profilaxia, diagnóstico, terapia da doença ou para a
modificação de funções fisiológicas”. máximo, a cinco mil. A probabilidade de se identificar RAM
Para prevenir ou reduzir os efeitos nocivos manifesta- cuja incidência seja de 1:10.000 é remota, com amostras
dos pelo paciente e melhorar as ações de saúde pública, é dessa grandeza.
fundamental dispor de um sistema de farmacovigilância. A seguir, temos que a duração dos ensaios é relativa-
Conforme define a OMS (Organização Mundial de Saú- mente curta, não retratando as conseqüências de utilização
de), farmacovigilância é a “ciência relativa à identificação, continuada do medicamento por parte da população, nem
avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos adversos possibilitando a identificação de efeitos tardios.
ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos”. Alguns grupos populacionais (crianças, idosos, gestan-
Esta matéria aborda questões relacionadas com os ris- tes, mulheres em período de amamentação, pacientes com
cos na utilização de medicamentos, precisamente as rea- disfunções hepáticas ou renais) são excluídos dos estudos,
ções adversas, e apresenta fundamentos teóricos e concei- porém, quando o medicamento entra em comercialização,
tuais básicos de farmacovigilância. todos esses grupos podem estar expostos.
Pretende sensibilizar e chamar atenção dos profissio- Consideram-se também fatores limitadores: as condi-
nais da saúde e dos profissionais envolvidos na produção e ções do teste, que diferem das aplicadas na prática clínica;
comercialização dos medicamentos para o impacto social e a associação medicamentosa, que é uma prática freqüente,
econômico das RAMs. não considerada em tais estudos; e as diferenças étnicas
entre as populações que utilizam o medicamento, não ava-
Breve histórico da farmacovigilância liadas.
Os efeitos nocivos ao uso de medicamentos são co- Dessa forma, informações sobre reações adversas raras,
nhecidos desde a Antigüidade, porém a farmacovigilância, toxicidade crônica, uso em grupos especiais ou interações
com caráter institucional, tem seu início após um episódio medicamentosas encontram-se frequentemente incomple-
de fibrilação em uma jovem de 15 anos, decorrente do uso tas ou indisponíveis. Esses dados demonstram a necessi-
de clorofórmio como anestésico em uma cirurgia de rotina dade dos estudos pós-comercialização e a importância da
do pododáctilo. Na época, a revista médica britânica The farmacovigilância na monitorização do perfil de segurança
Lancet solicitou aos médicos que notificassem morte asso-
dos medicamentos na prática clínica, já que alguns efei-
ciada com anestesia. A notificação espontânea se tornou
tos adversos sérios e raros só são descobertos após vários
realidade naquele país e hoje é fonte significativa de novas
anos de utilização do produto.
e valiosas informações sobre reações graves pouco conhe-
cidas ou não descritas na literatura.
Em 1968, iniciou-se o Programa OMS de Vigilância In- Tipos, categorias de freqüência e critérios de gravi-
ternacional de Medicamentos, com o objetivo de acumular dade das reações adversas a medicamentos
e organizar os dados existentes em todo o mundo sobre Reações adversas, tradicionalmente, foram separadas
RAMs. Com a instalação de um sistema de notificação para entre aquelas que se apresentavam como efeito farmaco-
registro de suspeitas de reações adversas a medicamentos, lógico aumentado, também chamadas reações tipo A - au-
os países dotados de Centro Nacional de Monitorização mentada - a partir de uma proposta mnemônica ou dose
de Medicamentos enviam seus registros ao Centro Colabo- relacionadas, e aquelas que resultavam de um efeito aber-
rador de Uppsala, na Suécia, coordenado pela OMS, que é rante, também chamadas reações tipo B - bizarras - não
responsável pela manutenção do Vigibase, base mundial relacionadas à dose.
de dados sobre RAMs . Reações tipo A tendem a ocorrer com maior frequência
Com o decorrer do tempo, a farmacovigilância amplia e estão relacionadas à dose. São previsíveis e menos gra-
seu campo de ação, incorporando, além das reações adver- ves. Podem ser tratadas simplesmente com a redução da
sas, perda da eficácia, desvios da qualidade e uso indevido dose do medicamento. Tendem a ocorrer entre indivíduos
ou abuso dos medicamentos. que apresentem uma destas três características:

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

1) os indivíduos podem ter recebido dose maior que a que lhes é apropriada;
2) podem ter recebido quantidade convencional do medicamento, mas metabolizá-lo ou excretá-lo de forma mais lenta
que o usual, apresentando níveis quantitativos muito elevados;
3) podem apresentar níveis normais do medicamento, porém, por alguma razão, são demasiadamente sensíveis a ele.
Em contraste, reações tipo B tendem a ser incomuns, não relacionadas à dose, imprevisíveis e potencialmente mais
graves. Quando ocorrem, freqüentemente é necessária a suspensão do medicamento. Elas podem ser conseqüentes do que
é conhecido como reações de hipersensibilidade ou reações imunológicas. Também podem constituir reações idiossincráti-
cas ao medicamento ou ser conseqüentes de algum outro mecanismo. Por isso, reações tipo B são mais difíceis de predizer,
ou mesmo de identificar, e representam o foco principal da farmacoepidemiologia.
Com a inclusão de novos tipos de RAMs, atualmente são considerados os tipo A, B, C, D, E, F. Ainda assim, nem sempre
é possível classificar uma RAM nessas categorias, uma vez que o mecanismo que leva à sua ocorrência pode não ser conhe-
cido. O quadro seguinte apresenta essa classificação:

Quanto à freqüência das RAMs, são consideradas as categorias seguintes:

Classificação das reações adversas quanto à frequência

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Um dos maiores empecilhos para se definir a frequên- As reações adversas graves e as reações não descritas
cia com que ocorre uma reação adversa é a subnotificação ou pouco conhecidas merecem atenção especial e consti-
de suspeitas de reações adversas, outro é a incerteza em tuem o principal interesse da farmacovigilância.
estimar o número de pacientes que fazem uso do medica- O formulário de notificação de suspeita de reação ad-
mento (denominador). versa a medicamento poderá ser preenchido e enviado
A avaliação de gravidade de uma reação é, às vezes, por meio eletrônico em : https://www.anvisa.gov.br/mul-
subjetiva. Os critérios para definição de gravidade foram timidia/Formulario/notifica_med.asp. Para preenchimento
definidos pela OMS. por escrito, encontra-se disponível no endereço eletrônico:
Reação adversa grave é um efeito nocivo, que ocorre http://www.anvisa.gov.br/servicos/form/farmaco/notifica-
durante tratamento medicamentoso e pode resultar em cao_prof.pdf, e deve ser enviado por fax, pelo número (61)
morte, ameaça à vida, incapacidade persistente ou signifi-
448-1275, ou pelo correio à Unidade de Farmacovigilân-
cante, anomalia congênita, efeito clinicamente importante,
cia, no seguinte endereço: SEPN 515, bloco B, 2º andar. Ed.
hospitalização ou prolongamento de hospitalização já exis-
Ômega. CEP: 70770-502. Brasília, DF.
tente.
O termo “ameaça à vida” se refere a uma reação em que
o paciente apresenta risco de morte no momento da ocor- Reações adversas a medicamentos e saúde pública
rência da reação, não se referindo a uma reação que pode- Apesar do avanço da farmacovigilância no mundo, os
ria ter causado a morte se ocorresse com maior intensidade. efeitos nocivos, conhecidos ou não, de medicamentos co-
O termo “efeito clinicamente importante” é apropriado mercializados ainda acarretam grande impacto à saúde dos
quando a reação for perigosa ou requeira intervenção para indivíduos. Por esse motivo, torna-se de grande importân-
se prevenirem os outros desfechos descritos na definição. cia a utilização racional de medicamentos.
A reação adversa não-grave é aquela que não se enqua- Podem-se relatar alguns desastres relacionados a rea-
dra no conceito de reação adversa grave, descrito acima. ções adversas. A talidomida, sintetizada em 1953, a partir
de 1958 passou a ser prescrita e utilizada de forma indiscri-
Como reconhecer as reações adversas? minada, principalmente para o tratamento do enjôo mati-
Os profissionais de saúde são os mais aptos a identificar nal de mulheres grávidas.
as reações adversas a medicamentos, devido à sua estreita Com isso, provocou numerosos casos de má formação
relação com os pacientes. A participação ativa desses pro- rara (focomelia). Esse fato representou um marco para a
fissionais garante a efetividade da vigilância durante o pe- farmacovigilância, pois estimulou a instalação de sistemas
ríodo de comercialização dos medicamentos.
de monitorização da segurança de medicamentos e a ela-
Alguns critérios são úteis para minimizara dificuldade
boração de legislação específica.
de reconhecer as RAMs e diferenciá-las dos mecanismos
As substâncias fenfluramina e dextrofenfluramina fo-
fisiológicos e patológicos de diferentes doenças. Deve-se
proceder da seguinte maneira: ram proscritas no Brasil mediante a comprovação científica
I. certificar-se de que o paciente utilizou o medica- de que podem causar lesões nas válvulas cardíacas.
mento prescrito e na dose recomendada; Em 2001, houve a retirada da cerivastatina do merca-
II. questionar se a RAM suspeita ocorreu após a ad- do mundial por ocorrência de vários casos de rabdomiólise
ministração do medicamento; associados ao seu uso.
III. determinar se o intervalo de tempo entre o início Em outubro de 2001, o Kava-Kava (Piper methysticum
do tratamento com o medicamento e o início do evento é L), um dos fitoterápicos mais utilizados no mundo para
plausível; alívio dos sintomas da ansiedade e insônia, considerado
IV. avaliar o que ocorreu com a suspeita RAM após a inócuo, foi responsável por vinte e cinco casos de hepato-
descontinuidade do uso do medicamento e, se reiniciado, toxicidade na Suíça e Alemanha. Dentre estes, seis foram
monitorar a ocorrência de quaisquer eventos adversos; de insuficiência hepática grave, com, pelo menos, um óbi-
V. analisar as causas alternativas que poderiam expli- to. Além da insuficiência hepática, o Kava-Kava apresenta
car a reação; interações com diversas substâncias, acarretando outras
VI. verificar, na literatura e na experiência profissional, reações adversas graves.
a existência de reações prévias descritas sobre essa reação. Em 2004, o rofecoxibe, um dos antiinflamatórios mais
vendidos no mundo, também teve sua comercialização
suspensa no mercado mundial, a partir de dados de es-
Como notificar suspeitas de RAM?
tudos clínicos que evidenciaram a ocorrência de eventos
Todos os profissionais de saúde devem notificar as
RAMs, mesmo quando houver dúvidas quanto à sua rela- cardiovasculares graves, se usado continuamente.
ção com determinado medicamento. A notificação deve ser As reações adversas a medicamentos refletem de for-
remetida a instituições de saúde, desde que a instituição te- ma negativa na saúde da população e aumentam os gastos
nha profissional designado especificamente para recebê-la, com saúde. No ano de 1987, foram notificadas nos EUA,
aos centros de vigilância locais ou diretamente ao Centro aproximadamente, 12 mil mortes e quinze mil hospitaliza-
Nacional de Monitorização de Medicamentos, sediado da ções por RAM. Um trabalho feito em 1994 estimou que um
Unidade de Farmacovigilância da ANVISA (Agência Nacio- de cada mil pacientes hospitalizados sofre reação cutânea
nal de Vigilância Sanitária). grave relacionada ao uso de medicamento.

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Em 1998, as reações adversas a medicamentos foram Antitérmicos


apontadas como a quarta causa mais frequente de morte Conceito – são medicamentos utilizados para aliviar os
nos EUA, superada apenas por infarto do miocárdio, cân- estados febris, que podem ser causados por inflamações,
cer e acidentes vasculares cerebrais. Esses eventos são fre- desidratações e moléstias infecciosas. Ex. Paracetamol, Di-
qüentemente passíveis de prevenção. pirona e AAS.
Os eventos adversos no campo de medicamentos cau-
saram aumento significativo na duração e custo da hos- Antigripais
pitalização, com prolongamento de 1,74 dias, em média. Conceito – são medicamentos utilizados para aliviar os
Além disso, foi demonstrado aumento no risco de morte sintomas das gripes e resfriados. Geralmente associados,
de 1,88 (p<0,001) nos pacientes que apresentaram evento reúnem em sua fórmula analgésicos, antitérmicos, vitamina
adverso, ou seja, cerca de duas vezes maior em relação aos C e descongestionantes nasais. EX. Coristina D, Apracur e
outros pacientes. Cheracap.
No Brasil, desde 1994, as estatísticas divulgadas pelo
Sinitox, rede nacional de centros de informação toxicoló- Antiácidos
gica, evidenciam que os medicamentos ocupam o primeiro Conceito – são medicamentos utilizados para comba-
lugar no conjunto dos treze agentes tóxicos considerados ter o excesso de ácido clorídrico no estômago. No processo
pela rede, respondendo, no período de 1993 a 1996, por digestivo, o estômago produz o ácido clorídrico, além de
aproximadamente 27% dos casos de intoxicação registra- outras substâncias. Devido a alguns distúrbios, há indiví-
dos no país. duos que passam a produzir esse ácido em excesso, provo-
A realidade não deixa dúvida quanto à importância de cando dor, queimação (Azia) etc.
identificar e conhecer as reações adversas a medicamen- Comentários: Os antiácidos aqui citados possuem ação
tos, com os objetivos de prevenir e diminuir a morbidade e local e praticamente não são absorvidos no intestino, sen-
do eliminados nas fezes. Os antiácidos de ação local neu-
mortalidade a elas relacionadas. Esse propósito será alcan-
tralizam rapidamente o excesso de ácido clorídrico do suco
çado com a participação dos profissionais de saúde, dos
gástrico, diminuindo a acidez. EX. AL (OH) + 3HCL - ALCL3
órgãos de regulação, controle e fiscalização e das empresas
– 3H2O
envolvidas com a produção e comercialização de medica-
mentos na monitorização de reações adversas.9
Reeducadores Intestinais
Conceito – são medicamentos utilizados para regular a
função normal do intestino. São compostos ricos em fibras,
normalmente derivados de frutas como mamão, ameixa e
3.2. CLASSES TERAPÊUTICAS DO tamarindo. Ex. Trifibra Mix, Fiber Bran, Naturetti.
COMPONENTE BÁSICO DA RELAÇÃO
NACIONAL DE MEDICAMENTOS. Laxativos e Purgativos
Conceito – são medicamentos que facilitam a elimi-
nação das fezes através de mecanismos variados. São os
medicamentos somente variando a dosagem, ou seja, os
purgativos são laxantes em maior quantidade.
Abaixo uma relação dos componentes pertencentes às Mecanismo de ação: aumentam o peristaltismo intesti-
Classes Terapêuticas e na sequencia, o Anexo I do RENAME nal – Dulcolax, Gutalax e Laxol.
que trata da Relação Nacional de Medicamentos do Com- Lubrificam e estimulam a contração do reto – Sup. De
ponente Básico. Glicelina
Aumentam o volume do bolo fecal – Fleet enema
Classes Terapêuticas
Antiflatulentos
Analgésicos Conceito – são medicamentos utilizados para elimina-
Conceito - medicamentos empregados para aliviar dor, ção de gases formados pelo trato gastrointestinal. Os ga-
sem causar a perda da consciência. ses são formados normalmente no processo de digestão
Os analgésicos são divididos em 2 grupos: dos alimentos. Em alguns casos, há formação exagerada de
FORTES: utilizados para o tratamento de dores inten- gases devido a problemas associados à alimentação erra-
sas. Ex: Tramal, Timasen, Sylador da, mal funcionamento do estômago e intestinos e, ainda,
FRACOS: utilizados para o tratamento de dores suaves mastigação incorreta dos alimentos. Ex. Dimeticona
e moderadas. Ex: Anador e Doril
Comentários: Ácido acetilsalicílico acima de 1g. Possui Antiespasmódicos
efeito antiinflamatório; dipirona possui efeito anti-espas- Conceito – são medicamentos utilizados para diminuir
módico, cafeína potencializa o efeito analgésico e diminui a freqüência e a força de contração da musculatura lisa,
a sonolência. aliviando assim a dor. Ex. Buscopan e Atroveran
Comentários: Espasmos são contrações involuntárias
9 abfmc.net/pdf/RAM_ANVISA.pdf da musculatura lisa (estômago, intestino, útero e bexiga)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Rehidratantes Orais Comentários: O uso prolongado pode provocar incha-


Conceito – são substâncias utilizadas para repor rapi- ço, que é o efeito contrário do desejado, além do resse-
damente água e sais minerais essenciais ao organismo, que camento da mucosa nasal. Não usar por mais de 5 dias
passam por processo de desidratação. Ex. Pedialyte, Rehi- consecutivos.
drat e soro caseiro.
Testes e Diagnósticos
Hepatoprotetores Conceito – são substâncias usadas para examinar o or-
Conceito - são medicamentos utilizados para a prote- ganismo quanto ao desempenho de suas funções. Normal-
ção das células do fígado e contribuem para o equilíbrio mente, são usados para detectar alterações no organismo.
funcional do mesmo. Ex. Predictor e Glicofita.
Modo de ação: de maneira simplificada, os hepato-
protetores são substâncias ricas em aminoácidos que são Vitaminas
usados pelo fígado na produção de enzimas que irão de- Conceito- são substâncias essenciais para o bom fun-
gradar o álcool e as gorduras ingeridas. São exemplos de cionamento do organismo. Em geral, são obtidas através
hepatoprotetores: de uma dieta alimentar adequada e são necessárias em pe-
Epocler: Associação de vit. B6 (piridoxina) e aminoáci- quenas quantidades. Alguns produtos apresentam apenas
dos uma ou várias vitaminas associadas. A falta de vitaminas
Metiocolin, Xantinon: Vit. B2 e aminoácidos
no organismo pode resultar de dietas inadequadas devido
Eparema:, Cáscara sagrada, Boldo: São colagogos (pro-
à pobreza, ignorância, tabus alimentares, dentição insatis-
movem a excreção da bile armazenada na vesícula biliar) e
fatória, má absorção alimentar, necessidade aumentada
coleréticos (estimulam a produção da bile pelo fígado)
como em mulheres grávidas, lactação, crescimento e certas
Antimicóticos e Fungicidas doenças como o raquitismo.
Conceito – são medicamentos usados no combate a Comentários: O uso abusivo, além de ser caro, pode
infecções causadas por fungos. Esses medicamentos são levar a manifestações tóxicas e a reações adversas que são
amplamente utilizados na clínica humana e veterinária. específicas para cada vitamina.
VIT. A – Pele, Cabelo, Visão
Anti-Séptico VIT. B – Musculatura e Nervos, além de participar na
Conceito – são substâncias utilizadas para destruir ou formação das hemácias
inibir o crescimento de microorganismos. São aplicadas VIT. C – Radicais Livres e Imunidade
principalmente na pele ou nas mucosas. Podem ser para: VIT. D – Absorção de Cálcio
Higiene Bucal: Cepacol, Flogoral, Listerine e etc. VIT. E – Radicais Livres e Fertilidade
Higiene Ocular: Água boricada, Colírios como Leri, La- VIT. KI – Coagulação
voolho
Higiene da Pele: Dermacyd, Proderm, Água Oxigenada. Anti-Anêmicos
Conceitos – São medicamentos usados no combate
Anti-Seborréicos à anemia. No caso específico da anemia ferropriva, estes
Conceito – são medicamentos destinados a diminuir o medicamentos suprem a carência de ferro no organismo
acúmulo de gorduras (oleosidade) da pele e do couro ca- (sulfato ferroso).
beludo. São exemplos: Algumas causas da deficiência de ferro: Absorção defi-
Acne-aid wash, Salisoap sabonete e Dermotivin sabo- ciente, aumento da necessidade (gravidez, lactação e cres-
nete (para remover a oleosidade da pele), Denorex, Selsun cimento) e perdas (hemorragias e verminoses ).
azul, Polytar etc (para o couro cabeludo). Comentários: No sangue existem células chamadas he-
Comentários: AAS: Limpa e descama mácias, entre outras. No interior das hemácias existe uma
Selênio: Antifúngico substância chamada hemoglobina, no qual o ferro é indis-
Enxofre: Diminui a Oleosidade pensável à sua formação. A principal função da hemoglobi-
na é o transporte de oxigênio para as células do nosso cor-
Pediculicidas
po. O ferro é obtido através da dieta alimentar balanceada,
Conceito – são substâncias utilizadas no tratamento da
pois não é produzido pelo nosso organismo. Portanto, a
infestação parasitária da pele causada pelo o piolho, que
sua deficiência causa a anemia do tipo ferropriva. Existem
pode ocorrer na cabeça, no corpo e na região genital. São
exemplos de pediculicidas: ainda outros tipos de anemia, causadas pela deficiência de
Específico para a cabeça: Kwell, Toppyc vit. B12 ou ácido fólico (anemia megaloblástica) e por fato-
Específico para o corpo e região genital: Arcasan sabo- res hereditários (anemia falciforme).
nete e Miticoçan sabonete.
Antibióticos
Descongestionantes Conceito – são compostos químicos produzidos por
Conceito – o descongestionante alivia a congestão na- seres vivos e modificados quimicamente em laboratórios,
sal, diminui a coriza e ressaca a mucosa nasal. sendo capazes de inibir ou destruir as bactérias.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Comentários: Infecção é a agressão causada por um Otológicos


microorganismo, geralmente bactérias e fungos, ao nos- Conceito – São medicamentos utilizados em dores de
so organismo. O uso de antibióticos prejudica a flora in- ouvido que podem estar geralmente associados a infecções.
testinal, podendo causar diarréia. Infecções causadas por Ex. Lidosporin, Otosynalar etc.
BACTÉRIAS GRM POSITIVAS são mais comuns no sistema
respiratório e as causadas por GRAM NEGATIVAS, no sis- Antieméticos
tema urinário. Conceito – são drogas que impedem ou aliviam sintomas
de ânsia de vômito. O vômito é um mecanismo normal de
Antiinflamatórios defesa do organismo.
Conceito – são medicamentos utilizados para amenizar Comentários: em caso de vômito e diarréia concomitan-
temente dá-se preferência à metoclopramida, por ter efeito
sintomas como febre, dores e edemas decorrentes de uma
estimulante sobre o trato gastrointestinal, isto é, dificulta o
agressão ao organismo. Existem, basicamente, duas classes
vômito mas facilita o funcionamento intestinal, não prejudi-
de antiinflamatórios: cando assim o esvaziamento gástrico.
ESTEROIDAIS – Cortisonas (dexametasona, Hidrocorti-
sona etc) Disfunção Prostática
NÃO-ESTEROIDAIS – Cataflan, Piroxican etc. Conceito – são medicamentos utilizados quando há um
aumento benigno da próstata, ou seja, (HIPERTROFIA BENIG-
Corticosteróides NA DA PRÓSTATA). Ex. Proscar, Finasterida.
Conceito – o cortisol ou hidrocortisona é o principal Comentários: A Finasterida age inibindo o hormônio dii-
corticóide (hormônio) produzido pelo organismo. Ele serve drosterona responsável pelo crescimento da próstata.
para a síntese de outros corticóides mais potentes. A ação
antiinflamatória do corticóide se deve ao fato deste impe- Miorrelaxantes
dir a produção de substâncias mediadoras da inflamação. Conceito – são medicamentos utilizados para o relaxa-
Os corticóides prejudicam o processo de cicatrização do mento da musculatura esquelética. A contração da muscula-
organismo, visto que este está intimamente ligado ao pro- tura deve-se à tensão, ansiedade ou lesões ortopédicas. Exis-
cesso inflamatório. tem dois tipos de miorrelaxantes:
MIORRELAXANTES CENTRAIS – agem no SNC controlan-
Antialérgicos do o tônus muscular. Ex. Dorflex.
MIORRELAXANTES PERIFÉRICOS – normalmente associa-
Conceito – são medicamentos usados principalmente
dos com anestésicos.
para o controle de certas afecções de fundo alérgico.
Vermífugos
Comentários: Os antialérgicos podem pertencer a uma Conceito – para combate aos vermes, pela expulsão ou
das seguintes classes de medicamentos: anti-histamínicos, destruição. Ex. Ascaridil.
glicocorticóides e outros fármacos como a epinefrina e a
pseudoepinefrina. Tricomonicidas
O cloridato de fexofenadina é o único anti-histamínico Conceito – medicamento utilizado para combater a infec-
não sedativo, pois o mesmo não atravessa a barreira he- ção causada pelo TRICOMONAS.
mato-encefálica. Comentários: A tricomiase é uma doença causada por
infecção parasitária do trato intestinal ou genito-urinário. A
Antidiarréicos transmissão pode ser direta, através do ato sexual, ou indireta,
Conceito – a diarréia é a eliminação das fezes numa através de artigos de toalete.
consistência mais líquida. Os antidiarréticos são medica-
mentos usados no tratamento da diarréia resultante de Antiulceroso
infecções, ingestão de alimentos estragados, alergias etc. Conceito – são medicamentos utilizados no tratamen-
Comentários: Kaomagma – recupera a consistência do to de úlceras pépticas, gástricas e duodenais, bem como no
bolo fecal tratamento de esofagite de refluxo e hemorragia gastrointes-
tinal. Atuam reduzindo a secreção do suco gástrico basal e
Floratil – recupera a flora intestinal
também após a refeição.
Imosec – diminui a motilidade intestinal, usado em
diarréias de origem emocional ou não infecciosa. Colírios e Pomadas Oftálmicas
Não se trata de uma classe terapêutica, mas simplesmen-
Emolientes te de um conjunto importante de medicamentos utilizados
Conceito – usados para suavizar/lubrificar a pele e a para o tratamento de inúmeras patologias que acometem a
mucosa exercendo ação protetora. Exemplo: óleo de amên- região ocular.
doas, manteiga de cacau. Conceito – são medicamentos que têm a função de com-
Comentários: Há também os emolientes utilizados para bater alergias, inflamações, infecções ou qualquer outra pato-
remover o excesso de cera do ouvido, como o Cerumim e logia que ocorra na região dos olhos. São formas estéreis que,
Oticerin. após abertas, devem ser usadas por um curto espaço de
tempo e descartada a seguir, evitando assim contaminações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

O conservante utilizado no Lacrima (cloreto de bensal- • Diabete Tipo 2 – não insulino-dependente – ocorre
cônio) não permite o seu uso por pessoas que usam lentes na idade adulta. Pode ter como origem a hereditariedade,
de contato do tipo gelatinosa. No entanto, tais pessoas po- fatores emocionais, problemas de obesidade e crescimento.
dem fazer uso do Lacrima Plus.
Anticolesteral
Broncodilatadores Conceito: são medicamentos utilizados para reduzir os
Conceito – medicamentos que promovem uma maior níveis de gordura no sangue, ou seja, colesterol e triglicéri-
expansão pulmonar, ou seja, broncodilatação, aliviando as- des. A origem da doença pode ser hereditária e por alimen-
sim crises de asma e bronquite. tação rica em gorduras.

Alguns Broncodilatores: Anti-Hipertensivos


• Agonistas B-adrenérgicos – Reveni, Berotec e Ae- Conceito: medicamentos utilizados para controlar a
rolin pressão arterial.
O efeito colateral mais comum é a taquicardia, princi- Ex. Divelol e Carduran – inibidores adrenérgicos
palmente em crianças, sendo preferível seu uso através de Vascase e Capoten – inibidores da ECA
inalação. Comentários: deve-se tentar o controle da pressão
arterial primeiramente por modificação do estilo de vida,
• Metilxantinas – aminofilina e teofilina redução de peso, restrição ao consumo de sal, abstenção
Possuem ação mais lenta quando tomadas por via oral. do fumo, aumento de atividades físicas. Se tudo isso não
Em asma moderada são usados em associação com outros adiantar, recorre-se ao uso de diuréticos isoladamente ou
broncodilatadores. em associação com outros anti-hipertensivos.
Antitussígeno / Expectorantes Diuréticos
Conceito – os antitussígenos são medicamentos que Conceito – são substâncias que estimulam a excreção
ajudam a reduzir a freqüência da tosse e os expectorantes de alguns íons e diminuem a reabsorção de água nos tú-
servem para eliminar o catarro. A tosse é um reflexo natural
bulos renais, aumentando assim a eliminação de água do
de proteção e sua função é expelir substâncias irritantes ou
organismo.
excesso de secreção do trato respiratório.
Comentários: São medicamentos utilizados no alívio de
A sua origem pode ser alérgica, irritativa, infecciosa e
edemas e como coadjuvante no controle da hipertensão
de origem psicológica (geralmente em crianças).
bem como insuficiência cardíaca congestiva crônica, insufi-
ciência renal crônica e hipercalcemia.
Digestivos
Conceitos: agem estimulando a motilidade propulso- Alguns diuréticos:
ra gastrointestinal, estimulando a produção e liberação da • Depletores de potássio – clortalidona e hidrocloro-
bile e enzimas pancreáticas ou mesmo fornecendo estas tiazida – podem causar hipopotassemia e, por isso, muitas
enzimas diretamente. vezes são tomados juntamente com sais de potássio.
Comentários: a má digestão pode ocorrer devido a • Poupadores de potássio – espirolactona – dimi-
deficiência de varias substâncias participantes do processo nuem a excreção de potássio e a reabsorção de sódio.
digestivo como ácido clorídrico e enzimas necessárias para • Diuréticos de alça – furosemida - também chama-
a degradação dos alimentos, ou por problemas na motili- dos de diuréticos de alta potência.
dade do aparelho digestivo.
Cardiotônicos
Anestésicos Conceito – são medicamentos que aumentam a força
Conceito: são substâncias capazes de provocar insensi- de concentração do coração e controlam a velocidade dos
bilidade geral ou local, para que o paciente não sinta dor. A batimentos cardíacos. Exemplo: Digoxina e Ancoron.
grande maioria é de uso específico durante procedimentos Comentários: Insuficiência Cardíaca – o coração bate
médicos ou odontológicos. devagar
Arritmia – o coração bate descompassado
Antidiabéticos
Conceito: são medicamentos utilizados para controlar Vasculares
os níveis de glicose no sangue. Anti-hemorrágicos: evitam as hemorragias – o perigo
Ex. Glibenclamida – estimula a liberação endógena de de hemorragias aparece quando o organismo não produz
insulina os anti-hemorrágicos naturais (principalmente a Vit. K1) de
Glucobay – retarda a absorção da glicose pelo o orga- maneira suficiente. Ex. Kanakion e Ergotrate.
nismo. Circulatórios: servem para controlar a circulação do
Comentário: Tais medicamentos podem provocar vá- sangue, tentando evitar a formação de hemorróidas e vari-
rias reações adversas como coceira, diarréia, alergias, dis- zes. Ex. Venocur triplex e Venalot.
túrbios visuais e etc. Vasodilatadores: aumentam o diâmetro dos vasos. São
Alguns tipos de diabetes: usados principalmente para anginas e dor forte no peito,
• Diabete Tipo 1 – insulino-dependente – normal- e tratam a insuficiência cardíaca congestiva. Ex. Adalat e
mente congênita ou logo nos primeiros anos de vida. Sustrate.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Antineoplásicos Ovulatórios
Conceito – são quimioterápicos usados no tratamento Conceito – é um hormônio que atua no SNC no senti-
do câncer. O objetivo do seu emprego é a destruição sele- do de induzir a ovulação. Este medicamento pode induzir a
tiva das células tumorais. Ex. Alkeran e Zoladex liberação de 1 ou mais óvulos, aumentando as chances da
Comentários: Neoplasia é uma massa de células anor- mulher engravidar. Ex: Clomid e Serofene.
mais que se desenvolvem de maneira desordenada. Hoje
em dia é muito comum a utilização de associações de qui- Antidepressivos
mioterápicos, evitando assim o desenvolvimento de células Conceito – são medicamentos que melhoram o humor.
resistentes num curto espaço de tempo e procurando tam- Ex: Anafranil, cloridrato de clomipramida e Pondera.
bém resultados mais eficientes. Comentários: A depressão pode ser causada por distúr-
bios hormonais ou emocionais.
Anticoagulantes
Conceito – são agentes que prolongam o tempo de Ansiolíticos
coagulação do sangue. São usados em diversos distúrbios Conceito – são medicamentos usados para diminuir a
cardiovasculares, tais como infarto do miocárdio, embolia ansiedade.
pulmonar, doença vascular cerebral periférica e trombose. EX: Alprazolan e Bromazepan.
Ex. Marevan, Heparina Sódica e Clexane. Comentários: A ansiedade não tem origem definida, va-
Comentários: O coágulo é uma rede de finíssimas fibras riando de pessoa para pessoa. Pode apresentar-se como um
que são formadas pelo próprio organismo. A formação do distúrbio do pânico (medo), de ansiedade ou pós-traumático.
coagulo envolve uma série de reações e de substâncias.
Antiparkinsoniano
Anti-Herpéticos Conceito – são medicamentos utilizados para tratar os
Conceito - medicamentos de ação paliativa usados sintomas do mal de Parkinson.
para diminuir os sinais e sintomas do herpes. O herpes é Comentários: A doença de Parkinson deve-se à deficiên-
uma doença sem cura causada pelo o vírus herpex, muito cia de uma substância existente no cérebro chamada DOPA-
comum no ser humano, mas que só se manifesta com baixa MINA, que é responsável pela coordenação dos movimen-
tos juntamente com a ACETILCOLINA (é preciso que ocorra
resistência imunológica. Caracteriza-se por lesões da pele
o equilíbrio entre elas). A LEVODOPA, no sistema central, é
e mucosas.
convertida em DOPAMINA. O CLOR. DE BIPERIDENO promo-
Comentários: Nunca utilizar pomadas à base de corti-
ve a diminuição de ACETILCOLINA, restabelecendo assim o
sona em herpes, pois pode ocorre piora do quadro clínico.
equilíbrio entre a mesma e a DOPAMINA.
Orexígenos
Hipnóticos e Sedativos
Conceito – são medicamentos utilizados para estimular Conceito – são usados para o tratamento de diversos ti-
o apetite. EX. Carnabol, Profol etc. pos de insônia, tensão emocional, pois reduz a inquietação
e induz o sono e a sedação. Agem deprimindo o SNC de
Hormônios maneira não seletiva ou geral. Em doses elevadas, são usados
Conceito – são substâncias secretadas por glândulas e como hipnóticos e em doses menores como sedativos. Ex.
liberadas na corrente sangüínea para que possam atingir Dormonid e Sonebon.
os tecidos onde irão exercer seus efeitos.
Alguns hormônios: Neurolépticos
• Hormônio do Crescimento – chamado somatropi- Conceito – são usados para o tratamento de pacientes com
na, é produzido pela hipófise e sua deficiência durante a desorganização mental de pensamento e comportamento, como
fase de crescimento pode gerar nanismo. por exemplo: obsessão, mania de perseguição e no alívio de ten-
• Hormônios Tiroidianos – T3 e T4, o exame do são emocional grave. Não curam, mas diminuem os sintomas da
pezinho feito em lactentes tem como um dos objetivos a doença. Portanto, não são curativos, sua ação é primariamente e
detecção precoce do hipotiroidismo, que deve ser tratado, paliativa. Ex. Carbonato de lítio, baloperidona e risperidona.
evitando assim o cretinismo. Já o hipertiroidismo é tratado Comentários: Neurose – distúrbio da pessoa com ela
com fármacos antitiroidianos, que impedem a síntese do mesma.
hormônio tiroidiano. Ex. Propiltiouracil. Ex. mania de limpeza
Psicose – distúrbio da pessoa com a realidade.
Comentários: Quando o organismo não produz ou Ex. ouvir vozes
produz insuficientemente os hormônios é necessária a re-
posição hormonal, que é feita por substâncias sintéticas, ou Analgésicos Narcóticos
seja, produzidas em laboratórios. Conceito – são medicamentos utilizados para deprimir o
SNC, ou seja, diminuem o ritmo cerebral que está acelerado.
Anticoncepcionais Ex: Fenobarbital e Fenitoína.
Conceito – são hormônios utilizados para evitar a fe- Comentários: A epilepsia caracteriza-se por crises de
cundação (gravidez), no tratamento de algumas patologias convulsão que são decorrentes de uma disritmia cerebral,
ovarianas (cistos) bem como regular o ciclo menstrual. Ex. levando a um equilíbrio das cargas elétricas, podendo
Gracial e Minulet. ocorrer em intensidade e freqüências variadas.

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Anorexígenos Regulamentação: legislação específica que define o


Conceito – são medicamentos usados para reduzir o Componente Básico da Assistência Farmacêutica.
apetite e também agir corrigindo o fator emocional que leva Documentos norteadores de uso dos medicamentos:
à ingestão excessiva de alimentos. Formulário Terapêutico Nacional (FTN) e protocolos clíni-
Ex. Femproporex e Anfepramona. cos e diretrizes terapêuticas (PCDTs) definidos pelo Minis-
tério da Saúde.
Comentários: A obesidade é o excesso de gordura que Instrumento de registro: Sistema Nacional de Gestão
fica armazenada no organismo proveniente de uma alimenta- da Assistência Farmacêutica (Hórus) e sistemas municipais
ção excessiva ou de distúrbios hormonais.10 e estaduais próprios.11

O Ministério da Saúde, por meio da PORTARIA No – 1.897, Veja o anexo I na integra acessando o link a seguir:
publicada no Diário Oficial da União no dia 14 de agosto de bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_nacio-
2017, estabeleceu a nova Relação Nacional de Medicamentos nal_medicamentos_rename_2017.pdf
Essenciais – Rename 2017 no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS), atualizando o elenco de medicamentos e insu-
mos da Rename 2014. 3.3. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE
A Rename é uma lista de medicamentos que deve aten-
MEDICAMENTOS (ORAL, RETAL, TÓPICO E
der às necessidades de saúde prioritárias da população brasi-
leira. Essa seleção de medicamentos essenciais é proposta da PARENTERAL).
Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das estraté-
gias da sua política de medicamentos para promover o acesso
e uso seguro e racional de medicamentos.
A via de administração é a maneira como o medica-
Anexo I – Relação Nacional de Medicamentos do mento entra em contato com o organismo; é sua porta de
Componente Básico da Assistência Farmacêutica entrada. Podemos administrar via oral (boca), retal (ânus),
O Componente Básico da Assistência Farmacêutica (Cbaf) sublingual (embaixo da língua), injetável (intravenoso), der-
é constituído por uma relação de medicamentos (Anexo I) e matológica (pele), nasal (nariz) e oftálmica (olhos), dentre
uma de insumos farmacêuticos (Anexo IV) voltados aos prin- outras. Cada via é indicada para uma situação específica;
cipais agravos e programas de saúde da Atenção Básica. cada uma apresenta vantagens e desvantagens.
O financiamento desse componente é responsabilidade Para conhecer um pouco mais as vias de administração,
dos três entes federados, sendo o repasse financeiro regu- podemos dividi-las em dois grandes grupos: a via enteral e
lamentado pela Portaria GM/MS n° 1.555, de 30 de julho de a parenteral. A fim de identificá-las melhor, basta verificar o
2013. De acordo com tal normativa, o governo federal deve significado das palavras:
repassar, no mínimo, R$ 5,10/ habitante/ano, e as contrapar- Enteral vem do grego enteron (intestino): são as vias
tidas estadual e municipal devem ser de, no mínimo, R$ 2,36/ oral, sublingual e retal.
habitante/ano cada. Esse recurso pode ser utilizado somente Parenteral vem de para (ao lado), mais enteron. Ou
para aquisição de itens desse componente. seja, uma via que não é a enteral.
A responsabilidade pela aquisição e pelo fornecimento São as vias intravenosa, intramuscular, subcutânea, res-
dos itens à população fica a cargo do ente municipal, ressal- piratória e tópica, entre outras.
vadas as variações de organização pactuadas por estados e Quando temos uma doença que se manifesta no inte-
regiões de saúde. rior do nosso corpo, muitas vezes não conseguimos injetar
O Ministério da Saúde é responsável pela aquisição e o medicamento diretamente no local. Para isso, utilizamos
distribuição dos medicamentos insulina humana NPH, insu- medicamentos que possam penetrar no nosso corpo e se
lina humana regular e daqueles que compõem o Programa espalhar para locais menos acessíveis, esperando um efeito
Saúde da Mulher: contraceptivos orais e injetáveis, dispositivo sistêmico. Entretanto, se temos uma ferida superficial na
intrauterino (DIU) e diafragma. pele, por exemplo, é melhor o uso local, porque é mais fá-
Em relação aos medicamentos fitoterápicos, na coluna cil administrar o medicamento sobre a ferida do que fazer
concentração/ composição é apresentada a quantidade de com que ele se distribua no corpo todo, podendo ter o
marcador. Para alguns casos, esse valor refere-se à dose diária, risco de esse medicamento atuar em outros locais e causar
conforme consta na Instrução Normativa nº 2, de 13 de maio efeitos indesejados. Essa ação é designada uso tópico.
de 2014, da Anvisa, que publica a “Lista de medicamentos
fitoterápicos de registro simplificado” e a “Lista de produtos VIA ENTERAL
tradicionais fitoterápicos de registro simplificado”. Oral
Nos demais fitoterápicos, a concentração é apresentada A administração de medicamentos por via oral é a mais
por forma farmacêutica, também baseada na IN nº 2/2014. utilizada, segura e econômica, além de ser bastante confor-
Ressalta-se que os medicamentos fitoterápicos podem tável, sem apresentação de dor, por exemplo. No uso dessa
ser: industrializados; ou manipulados, que podem ser obti- via, os medicamentos podem ter apresentação em com-
dos em farmácias de manipulação do SUS, Farmácias Vivas primidos, cápsulas, pós ou líquidos; eles se espalham pelo
ou farmácias de manipulação conveniadas. corpo principalmente através do intestino, assim como os
10 Fonte:www.boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com. alimentos, quando comemos.
br 11 http://crfsc.gov.br/rename-2017

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Porém, a administração de medicamento por via oral Intramuscular


não é indicada em pacientes que apresentem náuseas, vô- A administração via intramuscular permite que o medi-
mitos, que tenham dificuldade de engolir ou desacordados, camento seja injetado diretamente no músculo. É indicado
pois poderiam engasgar ou o medicamento não chegar ao para medicamentos de aplicação única ou de efeito mais
intestino para ser absorvido. prolongado, como o caso de anticoncepcionais injetáveis;
A via oral pode ser utilizada para um efeito local (trato devem ter pequeno volume.
gastrointestinal) ou sistêmico (após ser absorvida pela mu- Não tem efeito tão imediato, se comparada com os
cosa do intestino e atingir o sangue). medicamentos administrados por via intravenosa, mas são
bastante eficientes. Alguns cuidados devem ser tomados:
Sublingual higiene das mãos antes da manipulação desses medica-
Os medicamentos sublinguais são absorvidos rapida- mentos e observação da indicação de uso dos medicamen-
mente pela mucosa sublingual. Nessa forma de adminis- tos, pois medicamentos contraindicados para via intramus-
tração, o medicamento (em comprimidos ou gotas) deve cular, caso sejam administrados por ela, podem causar da-
ser colocado embaixo da língua e deve permanecer ali até nos musculares irreversíveis. Dependendo do medicamen-
a sua absorção total. Nesse período, não se deve conversar to, a administração por via intramuscular pode causar dor
nem ingerir líquidos ou alimentos. Os medicamentos admi- no local de aplicação.
nistrados por essa via promovem efeito sistêmico em cur-
to espaço de tempo, além de se dissolverem rapidamente, Subcutânea
deixando pouco resíduo na boca. Essa via é utilizada para Na via subcutânea, os medicamentos são administra-
administração de medicamentos em algumas urgências, dos debaixo da pele, no tecido subcutâneo. Nessa via, a
como ataque cardíaco. Nessa situação, o medicamento tem absorção é lenta. As regiões de injeção subcutânea incluem
que chegar rapidamente ao coração; entretanto, é impor- as regiões superiores externas dos braços, o abdome, a re-
tante saber que nem todo medicamento tem características gião anterior das coxas e a região superior do dorso. Os lo-
que possibilitem sua utilização por essa via, que é descrita cais de administração dessa via devem ser alternados para
na bula como “sublingual” ou pelo símbolo SL. que haja a absorção necessária do medicamento. É uma
via muito utilizada para administração de medicamentos
Retal contra trombose (heparina) e para diabetes (insulina). Os
Os medicamentos administrados por via retal são os pacientes que mais fazem uso dessa via são os bebês e
supositórios. São receitados quando a pessoa não pode idosos, por dificuldade de punção em suas veias.
tomar o medicamento por via oral. Nem todos os medica-
mentos podem ser administrados por essa via. Eles podem Respiratória
ter efeito local ou sistêmico, entretanto essa via não é bem É a via que se estende desde a mucosa nasal até os
aceita pelos pacientes sob alegação de incômodo, precon- pulmões. Pode ser utilizada para efeito local (desconges-
ceito, restrições culturais etc. tionante nasal ou medicamento para asma) ou sistêmico
(anestesia inalatória).
VIA PARENTERAL Tem a vantagem de realizar a administração em peque-
Para administração de medicamentos pelas vias paren- nas doses com rápida absorção. A administração pode ser
terais – intravenosa, muscular e subcutânea – há uso de na forma de gás ou pequenas partículas líquidas (nebuliza-
dispositivos que auxiliam a administração dos medicamen- ção) ou sólidas (pó inalatório). Essa via é bastante utilizada
tos, como seringas e agulhas, que serão específicas para para problemas respiratórios. Para esse uso, a administra-
cada via. ção é feita pela boca, utilizando a comunicação existente
entre pulmões e boca. Mas, como o medicamento está em
Intravenosa forma de gás ou pó, ao invés de engolir, como a comida,
A via intravenosa é aquela na qual a administração do ele percorrerá o trajeto do ar da respiração, passando pela
medicamento é realizada diretamente na corrente sanguí- traqueia até chegar aos pulmões.
nea por uma veia. A aplicação de medicamentos por essa
via pode variar desde uma única dose até uma infusão con- Via tópica
tínua, como aqueles medicamentos que se dissolvem no Esta via geralmente é utilizada para tratamento de
soro e ficam pendurados ao lado da cama do paciente. Por afecções da pele e mucosas. Os medicamentos são apre-
apresentar efeito mais rápido, é a primeira opção durante sentados em forma de pomadas, géis ou cremes e devem
emergências. Outra justificativa para a administração por ser administrados somente no local onde há a lesão.
essa via é que muitos fármacos não conseguem ser ab-
sorvidos pelo intestino, sendo necessário o uso dessa via. Via ocular, nasal e auricular
Entretanto, é uma via em que o paciente precisa de ajuda Para utilização desta via os medicamentos devem ser
de profissional treinado para realizar esse procedimento de aplicação local. Os medicamentos para a via ocular
(enfermeiros e médicos). A via deve ser manipulada com se apresentam sob a forma de colírio ou pomadas. Já os
muito cuidado, pois há chances de infecção no local, po- medicamentos utilizados por via nasal se apresentam na
dendo piorar o quadro do indivíduo. forma de solução (como os descongestionantes nasais); os
Alguns medicamentos, como antibióticos ou os usados medicamentos administrados pela via auricular são apre-
para o tratamento do câncer, são formulados apenas em sentados na forma de solução otológica.12
apresentações injetáveis. 12 Fonte: www.extensao.cecierj.edu.br

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Razões de ordem econômica e a facilidade de prepa-


ração têm levado à substituição quase que sistemática das
4. FARMACOTÉCNICA
antigas fórmulas pelos seus componentes principais isolados
ou por síntese.
As tendências mais recentes da Farmacotécnica a serviço
Trata-se de uma parte da Farmacologia que cuida das da preparação, maior eficácia terapêutica e segurança pode-
drogas, transformando-se nas várias formas farmacêuticas mos citar a Biofarmácia e a Farmácia Clínica.
utilizadas na prevenção, diagnóstico e cura das doenças. Esta BIOFARMÁCIA: Determina as relações entre as proprieda-
transformação visa a administração, assegurando uma perfeita des físico-químicas dos fármacos, forma de administração e
eficácia terapêutica e conservação. os efeitos biológicos observados.
FARMÁCIA CLÍNICA: Com o aparecimento de novos fár-
FORMAS FARMACÊUTICAS macos, cada vez mais potentes, obriga a cuidados particulares
São também designadas por formas galênicas ou formas no que diz respeito às incompatibilidades físicas, químicas e
medicamentosas. Exemplos: pós, comprimidos, xaropes, po- biológicas a que podem dar origem.
madas, colírios, supositórios, etc. A farmacovigilância atua a nível ambulatorial ou hospi-
São o resultado de várias operações a que se submetem talar, “competindo-lhe toda a atividade tendente a obter in-
as substâncias medicamentosas a fim de facilitarem a sua po- dicações sistemáticas sobre ligações de causalidade provável
sologia, administração, mascarar os caracteres organolépticos entre medicamentos e reações adversas”. (OMS; 1972).
e assegurar a ação desejada. Observa-se assim a evolução natural da Farmácia Galêni-
Atualmente a Farmacotécnica é subsidiada por outras ciências ca, que, de arte servindo-se do empirismo, passou a ciência
fundamentais, como a física, a química, e a botânica; e de ciências complexa e multifacetada, começando a ser encarada e orien-
de aplicação como a Farmacognosia e a Farmacodinâmica. Sendo tada em bases completamente novas, em que a preparação
assim, ela própria se constitui em uma ciência de aplicação, libertan- do medicamento nunca pode ser apreciada independente-
do-se cada vez mais do empirismo que a caracterizou no passado. mente do fim a que se pretende.
Após um período de tempo mais ou menos longo, depen-
dente do processo de conservação, o medicamento passa a MEDICAMENTO E REMÉDIO
perder progressivamente a sua atividade. Na prática, conside- A palavra remédio é empregada num sentido amplo e ge-
ra-se que um medicamento perdeu a sua validade quando fo- ral, sendo aplicada a todos os meios utilizados com o fim de
ram destruídos mais de 10 ou 15% dos seus princípios ativos. prevenir ou de curar as doenças. Deste modo, são remédios
O período durante o qual a destruição se processou até aquele não só os medicamentos, mas também os agentes de nature-
limite é conhecido com PRAZO DE VALIDADE. za física ou psíquica a que se recorre na terapêutica. Exemplos
Por este motivo os medicamentos devem ser verificados de de agentes físicos: climatoterapia, radioterapia, termoterapia,
modo a garantir a sua potência inicial e a determinar-se qual o grau cinesisterapia, eletroterapia. Exemplos de agentes psíquicos:
de destruição dos seus princípios ativos com o passar do tempo. ação psicológica desempenhada pelo método ou pelo psicó-
Compete à Farmacotécnica estudar a forma farmacêutica logo junto ao paciente. Pode ir desde a simples confiança que
mais adequada e o melhor meio de se conservar os medica- lhe traz calma e bem estar até mesmo à psicanálise.
mentos, de modo a prolongar, na medida do possível, o seu Observação: Medicamentos utilizados com fins diagnós-
período de utilização. ticos não podem ser considerados REMÉDIOS, já que esta pa-
OBJETIVO: Preparar, conservar, acondicionar e dispensar lavra implica as ideias de profilaxia ou de cura.
medicamentos, dosados com exatidão e apresentados sob
uma forma que facilite a sua administração. ALIMENTO e VENENO
Dependendo das circunstâncias e da quantidade admi-
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FARMACOTÉCNICA nistrada, um dado medicamento pode tornar-se um veneno,
FARMÁCIA GALÊNICA: Termo introduzido no século XVI, ou um alimento pode funcionar como agente de cura.
que significava a “farmácia dos medicamentos complexos”,
que pretendia se opor ao termo “Farmácia Química” ou ”Ramo CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS
Farmacêutico” que se ocupava da preparação de medicamen- Como se sabe a palavra MEDICAMENTO indica uma droga
tos contendo substâncias quimicamente definidas. ou uma preparação com drogas de ação farmacológica benéfica,
MEDICAMENTO COMPLEXO: Resultado da transforma- quando utilizada de acordo com suas indicações e propriedades.
ção dos produtos naturais em preparações farmacêuticas com Medicamento Simples - aqueles preparados a partir de 1
possibilidade de administração. Porém se esta transformação único fármaco. Ex.: xarope de vitamina C, pomada de Cânfora.
originasse uma substância quimicamente definida, designava- Medicamento Composto - são aqueles preparados a par-
se medicamento químico. tir de vários fármacos. Ex.: a) Injetável de penicilina G + Es-
O termo “Farmácia Galênica” representa uma homena- treptomicina. Ex.: b) Comprimido de Ácido Salicílico + Cafeína.
gem ao médico-farmacêutico, Claudius Galenus, que viveu em Medicamento de Uso Externo - são aqueles aplicáveis na su-
Roma no século II de nossa era. Fixou-se em Roma no Im- perfície do corpo ou nas mucosas facilmente acessíveis ao exte-
pério de Marco Aurélio a fim de controlar a peste. rior. Ex.: Cremes de Calêndula, Shampoo de Piritionato de Zinco.
Durante muitos anos as substâncias medicamentosas Medicamentos de Uso Interno - são aqueles que se
existentes eram exclusivamente de natureza animal, vegetal destinam à administração no interior do organismo por via
ou mineral. Posteriormente, com o isolamento dos princípios bucal e pelas cavidades naturais (vagina, nariz, ânus, ouvi-
ativos, o homem teve a tentação de começar a substituí-los. do, olhos, etc.).

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Medicamentos Oficiais - são aqueles oficializados nas 1ª. Edição (1926)


monografias presentes nas Farmacopéias. 2ª. Edição (1959)
Medicamentos Oficinais - são aqueles preparados na 3ª. Edição (1976)
própria farmácia, de acordo com normas e doses estabeleci- 4ª. Edição (1988)
das por Farmacopéias ou formulários e com uma designação
uniforme. Ex.: Tintura de Iodo, Elixir Paregórico. Todas as Farmacopéias possuem “métodos gerais” pre-
Medicamentos Especializados de Especialidades Farmacêuti- conizados e em seguida as monografias; com exceção da 4ª.
cas - são medicamentos de fórmula conhecida, de ação terapêutica Edição que contém apenas as generalidades e métodos ge-
comprovável, em forma farmacêutica estável, embalado de modo rais de análise. Não possui monografias de matérias primas e
uniforme e comercializado com um nome convencional. A especiali- especialidades farmacêuticas.
dade farmacêutica é industrializada e sua fabricação obedece a regu- Vigência em todo o território nacional.
lamento de natureza governamental. Ex.: Comprimidos de Aspirina.
Medicamento Magistral - são aqueles medicamentos FORMULÁRIOS
prescritos pelo médico e preparados para cada caso, com in- Ao lado das Farmacopéias existem os formulários de ín-
dicação de composição qualitativa e quantitativa, da forma dole galênica, oficializados em muitos países e dotados de
farmacêutica e da maneira de administração. caráter nacional, ou restritos a determinados serviços.
Medicamento Placebo - são substâncias ou preparações Em alguns países da América do Norte e na Grã-Bretanha,
inativas administradas para satisfazer a necessidade psicoló- a publicação dos formulários nacionais é acompanhada das
gica do paciente de tomar drogas. respectivas Farmacopéias.
Medicamentos Alopáticos - são aqueles que tratam as Nos E.U.A têm sido publicados, regularmente diversos
doenças produzindo uma condição de antagonistas; incom- formulários nacionais. O último National Formulary XXII, foi
patíveis com o estado patológico a ser tratado. “Cura provo- oficializado juntamente com a revisão da USP XXII.
cando uma ação diferente no corpo”. No Brasil também têm sido publicados alguns formulá-
Medicamentos Homeopáticos - são aqueles que promo- rios, com exemplo o Formulário Homeopático Brasileiro.
vem uma condição semelhante com o estado patológico a ser Droga - produto simples ou complexo que poderá ser
tratado. “Tratam o indivíduo, e não a doença em primeiro lugar.” utilizado como matéria prima para o uso farmacêutico, po-
FÓRMULA OU FORMULAÇÃO dendo este ser de origem vegetal, mineral ou animal. Ex.: mel,
Representa o conjunto dos componentes de uma receita cera de abelha, fenol, sulfato de cobre, beladona.
prescrita pelo médico, ou então a composição de uma espe- Fármaco - todas as drogas utilizadas em farmácia e dota-
cialidade farmacêutica. das de ação farmacológica ou, pelo menos de interesse médi-
co. Poderíamos dizer então, que o conceito de droga abrange
COMPONENTES DE UMA FORMULAÇÃO o de Fármaco ou que o Fármaco é um tipo especial de droga.
Em uma fórmula complexa o médico pode indicar além Medicamento - “Toda a substância que administrada
dos componentes ativos, os componentes inertes que devem convenientemente ao organismo enfermo possa aliviar ou
entrar na formulação (adjuvantes). curar o seu estado patológico.”
Adjuvantes - fármacos auxiliares. Pode exercer um efei- “Qualquer substância simples ou complexa que aplicada
to solubilizante, conservante, edulcorante, aromatizante. Em no interior ou no exterior do corpo do homem ou do animal
regra geral, não modificam o efeito farmacológico dos prin- possa produzir efeito curativo ou preventivo”.
cípios ativos. “Toda a substância ou conjunto de substâncias que se ad-
Veículo ou Excipiente - são destituídos de atividade e têm ministrem com fins terapêuticos.”
como função dar corpo aos fármacos, diluindo-os à concen- Remédio - são todos os meios utilizados com o fim de
tração conveniente ou proporcionando maior facilidade de prevenir ou de curar as doenças.
administração. Obs.:
Veículo (líquido) RECEITA MÉDICA
Excipiente (sólido). Recipe (Latim) - conjunto de indicações escritas pelo mé-
dico ou veterinário ao farmacêutico, para a preparação e en-
FARMACOPEIAS trega de um medicamento. Usualmente comporta também
Código Farmacêutico Oficial inscrito com a finalidade de re- instruções para o paciente quanto ao modo de administração
gulamentar e impri9mir rigor científico e uniformidade às práticas ou uso do medicamento prescrito.
farmacêuticas, selecionando técnicas e métodos que sirvam de
norma legal à preparação, caracterização, ensaio e doseamento Conteúdo de uma Receita
das matérias primas empregadas e dos produtos acabados. Nome do paciente, fármacos utilizados e suas quantida-
des, forma farmacêutica pretendida, indicação quanto à ad-
HISTÓRICO ministração do medicamento, nome, endereço e assinatura
• Farmacopéias regionais nem sempre oficializadas (séc. XVIII). do médico.
• Farmacopéias nacionais oficiais (fim do séc. XVIII e O médico deverá indicar de forma explícita, qual o fár-
início do séc. XIX). maco ou os fármacos constituintes e qual a sua quantidade.
• Brasil adotou a Farmacopéia Portuguesa até a Inde- Se em um ou mais casos ultrapassar as doses consideradas
pendência. máximas, deverá demonstrar que têm plena consciência de
• Adotou a Farmacopéia Francesa até que a brasileira fato, escrevendo por extenso e sublinhando as quantidades
fosse publicada FARMACOPEIAS BRASILEIRAS pretendidas.

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Depois de indicar a composição pretendida, o médico pode ser aberta e ser administrada na forma de pó, porém,
menciona a forma farmacêutica desejada. Algumas vezes isto só poderá ser feito com indicação médica e orientação
as quantidades indicadas refere-se a várias unidades galê- do farmacêutico.
nicas. Ex.: 12 papéis, 5 supositórios, 6 comprimidos. Em geral, não se pode abrir, quebrar ou triturar as cáp-
Outras vezes menciona-se o quantitativo para uma sulas, pois o medicamento pode perder seu efeito. Pode ser
unidade indicando-se depois, o número de unidades pre- usada para mascarar sabor desagradável.
tendidas. Ex.: 1 cápsula.
Em certos casos, o médico inclui, nesta parte da receita, • Comprimidos
a abreviatura F.S.A. (faça segundo a arte).
O médico deve mencionar na receita o modo e a fre-
qüência de administração do medicamento. Quando este
for destinado ao uso externo, deverá assinalar o fato.
Ao farmacêutico competente incluir no rótulo do me-
dicamento que dispensa, algumas indicações auxiliares.
Ex.: colheres de sopa, café, sobremesa, para gargarejo; uso
ocular; para inalação; para fricção; AGITE ANTES DE USAR.
É a compressão de uma ou mais substâncias químicas na
O nome, endereço e assinatura do médico devem cons-
forma de pó ou grânulo.
tar na receita, de modo a garantirem-lhe sua autenticidade. Segue abaixo alguns Tipos de comprimidos:
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ♦ COMPRIMIDOS DE REVESTIMENTO ENTÉRICO » Os
O efeito de um medicamento depende da quantidade de comprimidos prontos são revestidos por um produto que ga-
substancia que penetra no organismo, podendo atuar local- rante sua passagem integra pelo estômago e chegando per-
mente no local de sua aplicação ou ser absorvido de modo feito ao intestino onde irá se dissolver e iniciar sua ação.
a que atinja os órgãos e tecidos, cuja resposta é pretendida. O revestimento é necessário para os casos em que os
1 - Medicamentos tópicos e locais: medicamentos, quando em contato com o líquido ácido do
De uso tópico - são aqueles que se aplicam externa- estômago são destruídos e perdem imediatamente sua ação
mente, sobre uma região limitada do corpo, não propor- terapêutica. Pode ser utilizado também em casos de medica-
cionando absorção sistêmica dos seus constituintes. Ex.: mentos que agridem a parede do estômago.
pomada de ácido salicílico, colírio de sulfato de zinco. ♦ COMPRIMIDOS SUBLINGUAIS » Os comprimidos são co-
De uso local - são aqueles que desempenham sua ação locados, obrigatoriamente, embaixo da língua, e se dissolvem com
em uma zona específica do organismo. Ex.: Subnitrato de auxílio da saliva e são absorvidos na própria boca. É usado no caso
bismuto em pó (uso oral). Não é absorvido, atua localmen- de medicamentos que, em contato com o líquido ácido do estô-
te, protege a mucosa gástrica e duodenal. Ex.2: antibióticos, mago são destruídos e perdem imediatamente sua ação terapêuti-
anti-helmínticos; atuam localmente no intestino. Atividade ca, também para aqueles que são pouco absorvidos pelo intestino.
antibacteriana ou vermicida.13 ♦ COMPRIMIDOS EFERVESCENTES » São comprimidos
preparados com uma ou mais substâncias químicas associa-
das a alguns sais que liberam gases quando em contato com
a água. Este mecanismo facilita o comprimido a desintegrar e
4.1. FORMAS FARMACÊUTICAS: SÓLIDAS, a dissolver para ser absorvido.
SEMI-SÓLIDAS, LÍQUIDAS, RETAIS, VAGINAIS, ♦ COMPRIMIDOS MASTIGÁVEIS » São comprimidos pre-
OFTÁLMICAS, AURICULARES E PARENTERAIS. parados para terem a sua desintegração facilitada pela mas-
tigação. Depois de mastigados, eles são engolidos, para aí
serem dissolvidos e absorvidos.
♦ COMPRIMIDOS DE AÇÃO LENTA/PROLONGADA » É
FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
um comprimido que possui um revestimento que controla a
liberação da substância química. Isso permite que esses com-
• Cápsulas primidos, ao serem dissolvidos, iniciem sua ação lentamen-
te de forma que seja prolongada/duradoura, mas somente
quando ingeridos inteiros. Já um comprimido simples quando
é totalmente dissolvido, sofre completa absorção e tem sua
ação iniciada rapidamente.
São utilizados, geralmente, para doenças crônicas, po-
dendo aumentar o intervalo entre as tomadas dos medica-
mentos em pacientes que precisam de altas doses por dia.
É o armazenamento de uma ou mais substâncias quí- →Um tipo de comprimido de ação lenta/prolongada é
micas em recipientes de gelatina que pode ser mole (arma- o chamado de “Oros”, esse comprimido permite a liberação
zenando líquidos, semi-sólidos e sólidos) ou duro (arma- lenta da substância ativa no organismo, o que garante a ação
zenando sólidos). Há casos específicos em que a cápsula durante 24 horas. Uma vez concluído este processo, o com-
13 Fonte: www.farmaciaunifor.hpg.ig.com.br/farmaco- primido vazio é eliminado pelo organismo através das fe-
tecnica.html (www.portaleducacao.com.br) zes. Ex: Adalat® Oros.

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

→Outro tipo de comprimido de ação lenta/prolongada • Pomadas ou unguentos


é o chamado “Inserts”, usado em preparações oftálmicas,
colocado no saco lacrimal, esses são colocados e retirados
intactos, há liberação da substância química. Ex: Ocusert TM.

• Drágeas

São preparações semi-sólidas para aplicação externa


que amolecem ou derretem à temperatura corpórea. A
São comprimidos revestidos com açucares. Melhora a de- substância química sólida é geralmente inserida em uma
glutição, aparência física e mascara o sabor do medicamento. base oleosa.
São usadas em regiões menores, com menos pêlos por
• Preparação extemporânea serem muito oleosas, não é aconselhável aplicá-las em fe-
ridas abertas.
• Pastas

São pós liofilizados ou grânulos, podem ser solúveis, resul- Para aplicação externa na pele. Contém maior porcen-
tando em soluções, ou insolúveis, resultando em suspensões. tagem de material sólido, por isso são mais firmes e espes-
São preparações para substâncias que não são estáveis na presen- sas. Apresentam consistência macia e firme pela quantida-
ça da água (se degradam facilmente depois de um curto tempo de de sólidos, são pouco gordurosas e têm grande poder
de contato). Assim, é necessário que as substâncias sejam acres- de absorção de água ou de exsudados.
centadas à água filtrada ou fervida somente no momento da ad-
ministração, para se fazer a solução ou suspensão. Geralmente, • Emulsões ou cremes
esses produtos devem ser utilizados por um período máximo de
14 dias após sua preparação, quando armazenado em geladeira.
Se armazenado em temperatura ambiente esse período cai para
7 dias. Se não utilizado por completo dentro desses períodos e
nessas condições, o que restar no frasco deve ser descartado.
Ter atenção, pois há produtos com especificações diferentes.
Os granulados devem ser consumidos em no máximo 24hs
após serem preparados.
 
FORMAS FARMACÊUTICAS SEMI-SÓLIDAS
As preparações tópicas semi-sólidas são para aplicação Preparações com parte de água e parte de óleo. Em
na pele ou em certas mucosas, para ação local ou penetra- comparação com as pomadas, são bem menos oleosas e
ção percutânea dos medicamentos, ou ainda por sua ação se espalham facilmente. Portanto, são mais aplicadas para
emoliente ou protetora. áreas extensas do corpo e também em regiões com pêlos.

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

As emulsões também são usadas por via oral para • Óvulos


mascarar o sabor de medicamentos quando usadas por via
oral, evitando o contato do óleo com as papilas gustativas.

• Géis

Um tipo de supositório de uso vaginal.

FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS

• Soluções

São preparações a base de água, portanto, não contém


óleo. São utilizadas em regiões muito úmidas. Também são
utilizados para reduzir a oleosidade da pele.

• Sistemas de gás comprimido ou aerossóis


São utilizadas em medicamentos e cosméticos.
Geralmente são soluções associadas a gases. Antiga-
mente o gás mais utilizado era o CFC (clorofluorcarbono),
pois ele não é inflamável, em contrapartida causam grande
estrago para a natureza (uma pequena quantidade dele no
ar é capaz destruir grande parte da camada de ozônio). Foi São preparações em que há uma ou mais substâncias
substituído atualmente pelos hidrocarbonetos (n-butano, químicas dissolvidas em uma pequena quantidade de sol-
propano, iso-butano), que são inflamáveis, mas pouco tóxi- vente (a substância que dissolve).
cos e mais baratos. É importante alertar que as embalagens Podem ser divididas em Soluções Orais e Soluções Es-
não devem ser descartadas fora do lixo, e não podem ser téreis.
reutilizadas e abertas.
• Soluções orais
• Supositórios As soluções orais, necessitam de componentes que
dêem cor e sabor ao líquido para tornar o medicamento
mais agradável ao gosto. Podem ser administradas em go-
tas, ou com um volume bem definido, como, por exemplo,
5 mL (uma colher de chá). Elas podem ter cor, mas devem
ser transparentes.

• Soluções estéreis (injetáveis, colírios..)

São formas farmacêuticas da consistência firme, de for-


ma cônica ou ogival, destinadas a serem inseridas no reto,
onde devem desintegrar-se ou derretem-se a temperatura
do corpo, liberando a substância química. Pode ser para
ação sistêmica devendo ser aplicado mais profundamente
possível, ou local não sendo necessário aplicação profunda.
Para ação local são utilizados em casos de dor, constipa-
ção, irritação, coceira e inflamação. Para ação sistêmica são
utilizados em casos de pacientes com vômitos e que não
engolem o medicamento, ou mesmo para cortar o vômito,
e para medicamentos que se degradam no líquido ácido
do estômago.

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

São preparações líquidas estéreis, ou seja, sem a pre- • Xaropes


sença de microorganismos. São colírios e medicamentos
injetáveis. Não devem conter nenhum tipo de substância
estranha e nem estarem turvas.

• Tinturas

São preparações a base de água, concentradas de açú-


car, que contêm uma ou mais substâncias químicas. São
usadas principalmente para substâncias com sabor muito
desagradável e também para pacientes que têm dificulda-
São medicamentos líquidos resultantes da extração de de ingerir comprimidos (crianças e idosos, por exemplo).
princípios ativos de drogas vegetais e animais. Elas são
preparadas à temperatura ambiente por percolação (droga • Elixires
vegetal na forma íntegra em contato com o solvente) ou
maceração (droga macerada ou triturada em contato com
o solvente).

Os líquidos extratores ou “solventes” são: álcool, ál-


cool/água, éter alcoolizado ou acetona.
 
• Extratos fluidos

São preparações oficinais líquidas obtidas de drogas


vegetais e manipuladas de maneira que cada 1 mL conte-
nha os princípios ativos solúveis de 1 g da droga respecti-
va, devidamente dessecada ao ar livre. Eles são preparados,
em sua maioria, por um dos quatro processos gerais de
percolação designados pelas letras A, B, C e D na Farm.
Bras.II.

• Espíritos

São preparações líquidas com a essência da respectiva


planta e álcool, de acordo com a seguinte fórmula geral. São preparações líquidas à base de água e álcool e
Essência 50 mL (5% v/v) com sabor levemente adocicado, que contêm uma ou mais
Álcool 80% qsp 1000 mL substâncias químicas. São menos viscosos e, devido à pre-
sença de certa quantidade de álcool, são menos utilizadas
Observação: Quando se menciona apenas álcool, refe- atualmente.
re-se ao produto que contém cerca de 95% de etanol. É o
álcool simples.

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

• Suspensões –O pó normalmente é utilizado na preparação extem-


porânea de solutos injetáveis.
–O conteúdo poder ser aplicado via parenteral, oral ou
tópico
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MEDICAMENTOS ADMINISTRADOS POR VIA PA-


RENTÉRICA
 
- Todos os medicamentos utilizados nesta via são esté-
reis e apirogênicos
- Ampolas
- Frasco herméticos
- Frascos duplos
 
- Seringas pré-cheias
As suspensões são preparações em que as substâncias - Recipientes para soluções de grande volume
químicas não estão totalmente dissolvidas no meio líquido.  
Geralmente têm baixa capacidade de dissolução, por isso Ampolas
depositam-se no fundo do recipiente. - Recipiente de vidro, com uma preparação medica-
É essencial informar ao paciente que ele deve agitar o mentosa para utilização numa só dosagem.
frasco antes de usar. - Não guardar ampolas abertas
 
OUTRAS FORMAS FARMACÊUTICAS Frascos herméticos
•Cataplasmas → São preparações geralmente magis- - Recipientes de vidro com um medicamento para uma
trais, de aplicação tópica na pele. ou mais administrações.
•Ceratos → São um tipo de pomada, em que o excipen- - Fármaco em solução ou pó estéril que precisa ser re-
te é constituído por uma mistura de cera e óleo. constituído antes da administração
•Alcolatos → São preparações farmacêuticas que se  
obtém pela maceração olcoólica de plantas frescas, segui- Frascos duplos
das de destilação. - Recipientes de vidro com dois compartimentos (um
•Colutórios → São preparações magistrais destinadas a contém o soluto e outro o solvente)
serem depostas na mucosa bocal ou orofaríndea. São so- - Entre os dois recipientes há uma borracha separadora
luções viscosas devido à presença de mel ou glicerina. As  
substâncias ativas empregues são anti-sépticos.  Seringas pré-cheias
•Enemas ou Clister (Phosfo enema) → São formas far- - Medicamentos pré-preparados
macêuticas destinadas a serem introduzidas na porção ter- - Seringas de insulina
minal do intestino. - Heparina de baixo peso molecular
•Aerossois → Se caracterizam por constituírem um “ne-  
voeiro não molhante” formado por micro gotas (diâmetro Recipientes para soluções de grande volume
compreendido entre 0,05 e 0,2 micrômetro). Formam uma - Soluções intravenosas estão disponíveis em recipien-
suspensão coloidal, em que a fase contínua é o gás e a fase tes de plástico ou de vidro,   numa grande variedade de
dispersa é o líquido. tipos, de concentrações e volumes.
•Sprays → São semelhantes aos aerossóis, mas o diâ-  
metro da partícula é maior (0,5 micrômetro), podem ser  
considerados “nevoeiros molhantes”. MEDICAMENTOS ADMINISTRADOS ATRAVÉS DAS
•Vaporizações → São formas farmacêuticas magistrais MUCOSAS
resultantes da libertação de vapor de água por si só, ou  
contendo anti-sépticos, e que se destinam a ser inalados Retal
•Fumigações → São gases resultantes da combustão - Supositórios
de determinadas plantas, ou liberação de gases (p. ex. For- - Formas sólidas, destinadas a ser introduzidas num
mal) com fins desinfetantes de espaços ou dirigidos para orifício corporal (ânus).
as vias resiratórias com fins medicamentosos anti-sépticos - Temperatura do corpo, a substância dissolve-se e é
– inalação absorvida pela mucosa.
•Ampolas → São tubos de vidro ou plástico, colorido - Devem ser armazenados em local fresco
ou incolor, estirados nos dois topos, ou pequenas “garra- - Microclisteres
fas” seladas, podem conter líquido ou pó. - Solução para enema de pequeno volume, previa
–Servem para facilitar a esterilização e conservação do mente embalada.
seu conteúdo;  

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Vaginal sagem, por exemplo, tratando-se estas das operações de


- Óvulos e cremes vaginais * fornecidos com aplicador uso geral. Por seu turno, o farmacêutico usa exclusivamente
- Irrigação vaginal as operações propriamente ditas, que podem ser classificadas
  em dois grupos:
Nasal • Operações físicas: são aquelas que promovem al-
- Gotas nasais teração do estado físico do fármaco ou da droga empregada.
- Vaporizador nasal: pequenas gotas de solução conten- Exemplo: dissolução de uma substância sólida em um veículo
do o fármaco são rapidamente absorvidas líquido.
  • Operações mecânicas: são aquelas que alteram o
Olhos aspecto exterior do fármaco ou droga sem modificar o seu
- Gotas oftálmicas: As soluções oftálmicas são estéreis, estado físico ou sua constituição química.
facilmente administráveis e habitualmente não interferem
com a visão As operações mecânicas dividem-se ainda em dois grupos:
- Pomadas oftálmicas – provocam alterações da acuida- • Operações de separação
de visual. Têm maior duração de ação que  as gotas o De sólidos: triagem, tamisação, levigação.
- Frascos ou bisnagas sempre individualizados o De sólidos em líquidos ou de líquidos imiscíveis:
  decantação, centrifugação, clarificação e filtração.
 Ouvidos • Operações de divisão
- Gotas otológicas o De sólidos: divisão grosseira, pulverização (contu-
  são, trituração e levigação).
Inalação o De líquidos: emulsificação, atomização.
- Condução de medicamentos para os pulmões através
das vias nasal ou oral As operações físicas se dividem em dois grupos:
- Vaporização – medicamento é transportado através de • Com alteração de temperatura: secagem, liofiliza-
um fluxo de vapor ção, destilação, fusão, cristalização.
- Atomização e nebulização – separação da solução em • Com intervenção de líquido: dissolução.
pequenas gotículas para ser inalada.14
PRINCIPAIS OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS
Triagem Ou Monda - Que consiste na separação de par-
tes inertes ou alteradas das drogas vegetais. Esta pode ser
4.2. OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS: PESAGEM manual, por crivo, ventilação ou por lavagem.
Tamização (Controle Granulométrico) – Que promove
E MEDIÇÃO DE VOLUME DE LÍQUIDOS,
a separação e calibração das partículas sólidas (granulome-
FRACIONAMENTO tria). A análise granulométrica permite a separação e classifi-
cação dos pós em função de partículas. Esta operação utiliza
o tamis provido de malhas de diferentes aberturas em função
O objetivo principal da Farmacotécnica é a transforma- da tenuidade de pó a ser obtida. A operação de tamisação é
ção de substâncias medicamentosas (natural/sintética) em frequentemente associada à operação de pulverização.
formas farmacêuticas, as quais representam o produto final Pulverização – Esta operação consiste na divisão de um
e acabado. Esta transformação obriga a execução de técnicas produto sólido em partículas de tamanho reduzido. É apli-
de manipulação designadas por operações farmacêuticas. cável à totalidade das matérias-primas (ingredientes ativos e
Estar em contato com os princípios da farmacotécnica excipientes). A pulverização pode ser classificada segundo o
e aplicá-los nas operações farmacêuticas de preparação de grau de fineza do pó em:
medicamentos, devem propiciar um acurado estudo das for- • Contusão: consiste em submeter o produto a repe-
mas farmacêuticas sob os aspectos dos constituintes da for- tidos choques contra uma superfície dura;
mulação, incompatibilidades, vias de administração e usos • Trituração: consiste em comprimir o material a ser
terapêuticos, indicações de conservação, acondicionamento, pulverizado contra a parede do gral através da realização de
embalagem e dispensação dos medicamentos preparados, movimentos circulares ou espirais com pistilo;
treinamento no manuseio de equipamentos e vidrarias, co- • Levigaçaõ: consiste na trituração por movimentos
nhecimento de normas básicas de BPF (Boas Práticas de Fa- de extensão, impulsão ou arraste, para obtenção de um pó
bricação) e desenvolvimento do senso crítico e econômico finíssimo;
na preparação de medicamentos entre outros. • Micronização: é realizada para obtenção de pós de
As operações farmacêuticas requerem o uso de tecno- elevadas tenuidades, utilizando micronizadores, que são equi-
logias que vão dar origem à forma farmacêutica que veicula pamentos constituídos de uma coluna de gás comprimido
a substância ativa. Um medicamento deve ter grande bio- que acelera as partículas a alta velocidade, fazendo com que
disponibilidade. Existem procedimentos usados pelo far- estas se choquem contra as paredes do equipamento e entre
macêutico que não são exclusivos da sua atividade e são si, reduzindo-as a partículas muito pequenas. A microniza-
comuns a outras áreas de atuação como ao caso da pe- ção promove uma boa homogeneidade de tamanho das
partículas e pode ser aplicada a substâncias termolábeis,
14 Fonte: www.garantiadaqualidade.com.br/ uma vez que este processo não envolve elevação de tem-
peratura.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

Filtração: Processo de separação de partículas sólidas Esterilização: O processo de esterilização pode ser
de um líquido por meio de material permeável (filtro). Isto realizado por uma variedade de métodos, como calor úmi-
é obtido através do efeito de pressão sobre uma superfície do, calor seco, irradiação, gases antissépticos, filtração e
porosa permeável, que retém as partículas sólidas. O líquido altas pressões hidroestáticas.15
passa através das aberturas do septo filtrante. Os objetivos
da filtração são isolamento e aproveitamento dos sólidos em OPERAÇÕES FARMACÊUTICAS DE USO GERAL
suspensão em um líquido e obtenção de soluções límpidas e/  PESAGEM
ou clarificadas. Balanças de Precisão - 0,1 mg
Decantação: Operação mecânica que visa a separação
de um líquido sobrenadante de um sólido (insolúvel) ou de
um líquido (imiscível). A decantação pode ser por escoamen-
to, por pipeta, por funis de separação ou em ampolas de de-
cantação e centrifugação.
Clarificação: Consiste em tornar límpido um líquido turvo.
Expressão: Consiste na separação de um ou mais líqui-
dos de uma substância mole ou sólida que o(s) contenha. Um
exemplo seria a obtenção de uma solução extrativa por re-
cuperação máxima do conteúdo extraído do resíduo de uma
droga vegetal. A expressão pode ser realizada por torção à
mão ou pelo uso de prensa hidráulica. Balanças ordinárias - 0,1 a 0,2 g
Dessecação ou Secagem: A dessecação ou secagem
consiste na eliminação de um corpo volátil (geralmente água)
de um volátil (geralmente um sólido) por evaporação (no
caso da liofilização). Na dessecação a água eliminada pode
ser classificada em água de constituição, água de absorção
ou água livre. Algumas técnicas de secagem empregadas na
prática farmacêutica são:
• Exposição ao ar livre: Procedimento normalmente
utilizado para secagem de plantas medicinais que apresentam
princípios ativos frágeis e sensíveis a altas temperaturas;
• Secagem por ar seco à temperatura ambiente: Cuidados com as balanças
Este tipo de secagem é efetuado em recipientes ou pequenos
aparelhos, geralmente de vidro, denominados excicadores ou  Ajuste e limpeza
dessecadores, contendo substâncias desidratantes;  Estabilidade da corrente
• Secagem por ar quente: que faz uso das estufas de  corrente de ar- ar condicionado
ar quente e secadores em túnel;  Trepidação
• Secagem por radiação infravermelha: Esta técnica  contaminação cruzada
é comumente utilizado para secagem de alguns tipos de ve-  balança mecânica – travar sempre
getais e produtos opoterápicos;  verificar posição dos pesos
• Secagem sob vácuo: utiliza-se de armário de vácuo  limpeza final e arejamento
ou aparelhos rotativos;  diferença entre as balanças – utilização das balan-
• Secagem por nebulização ou dispersão;
ças corretas
• Secagem por liofilização: consiste em congelar o
conteúdo de água de uma substância e em seguida promover
a sua sublimação.
Dissolução: é a desagregação de uma substância sólida  VOLUME
em um líquido. A dissolução resulta em uma única fase líquida
homogênea, chamada de solução. O líquido de dissolução é Instrumentos utilizados:
chamado solvente ou veículo, e a substância dissolvida, so-  Copo graduado
luto.  Balão volumétrico
Dispersão: é a divisão de um produto sólido em um meio  Proveta
fluido. Entre as formas mais comuns de dispersão encontra-  Pipetas
mos: suspenção, emulsão e nebulização.  Becker
Mistura: Consiste em obter uma associação homogênea  Conta-gotas
de várias substâncias, as quais podem ser sólidas, pastosas,  Medidor ou colher
líquidas ou gasosas.
Destilação: é uma operação que permite a separação
dos constituintes voláteis e líquidos de uma substância.
Consiste em fazer um líquido passar para o estado gasoso
e em seguida voltar ao estado líquido por resfriamento. O 15 Por Sidnei José Da Costa
produto obtido é chamado de destilado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar de Farmácia

EXERCÍCIOS

01) Para o bom funcionamento de uma Farmácia Hos-


pitalar, cada unidade deve ser estruturada de maneira ade-
quada. A unidade de Manipulação Magistral e Oficinal deve
contemplar o seguinte requisito:
A. área de lavagem de utensílios e materiais: 10 m2.
B. área de manipulação de sólidos: 9 m2.
C. área de manipulação de semissólidos e líquidos: 15 m2.
D. área do controle de qualidade: 10 m2.
E. área de esterilização: 6 m2.

Resposta: B

Volume: Unidade = LITRO 02) O sistema de dispensação de medicamentos em que


a farmácia participa pouco do processo, o que eleva os custos
para o hospital e, consequentemente, para o paciente, é o
A. coletivo.
B. dose-unitária.
C. individualizado direto.
D. individualizado indireto.
E. misto.

Resposta: A

03) O estoque mínimo e o giro de estoque também po-


dem ser chamados, respectivamente, de
A. ponto de ressuprimento e consumo médio mensal.
B. ponto de ressuprimento e rotatividade.
Correspondência entre peso e volume C. intervalo de suprimento e consumo médio anual.
V = P / d16 D. intervalo de suprimento e rotatividade.
E. rotatividade e ponto de ressuprimento.
Fracionamento
O fracionamento de medicamentos é parte de um con- Resposta: B
junto de medidas voltadas para a implementação da Política
Nacional de Medicamentos, instituída pela Portaria nº 3.916/ 04) Inventário é a contagem de todos os itens em estoque
MS/GM, de 30 de outubro de 1998, e da Política de Assistên- de um almoxarifado, a fim de se verificar se a quantidade en-
cia Farmacêutica do Ministério da Saúde, aprovada pela Re- contrada nas prateleiras coincide com os valores informados
solução nº 338, de 6 de maio de 2004, do Conselho Nacional nas fichas de controle. Recomenda-se que sua realização seja
de Saúde. A. periódica, mensal, com amostras seletivas de 5 a 10%
Caracterizado pela subdivisão da embalagem de um me- dos produtos em estoque e dos itens de maior rotatividade e
dicamento em frações individualizadas para viabilizar a dis- registro das irregularidades encontradas.
pensação de medicamentos ao usuário na quantidade esta- B. periódica, quinzenal, com amostras seletivas de 10 a
belecida pela prescrição médica, odontológica ou necessária 20% dos produtos em estoque e dos itens de maior rotativi-
ao tratamento correspondente, nos casos de medicamentos dade e registro das irregularidades encontradas.
isentos de prescrição, sob orientação e responsabilidade do C. periódica, semanal, com amostras seletivas de 10 a
farmacêutico. O fracionamento representa um importante 20% dos produtos em estoque e dos itens de maior rotativi-
passo para a qualificação e para a orientação das ações e dos dade e registro das irregularidades encontradas.
serviços farmacêuticos do país, aproximando o profissional D. obrigatória, para 30% dos itens a cada três meses.
farmacêutico do cidadão e usuário de medicamentos. Além E. obrigatória, para 50% dos itens a cada doze meses.
disso, contribui para que a terapia medicamentosa esteja
ajustada às reais necessidades do usuário, em busca da pro- Resposta: C
moção do uso racional de medicamentos.
No link a seguir terá acesso ao Guia para Laboratórios Far- 05) Com relação ao ciclo da assistência farmacêutica e à
macêuticos no tocante ao fracionamento de medicamentos: atividade de gestão de estoque, julgue os itens a seguir. No
http://por tal.anvisa.gov.br/docu- modelo de estoque mínimo, o pedido de reposição de pro-
ments/33880/3062236/Medicamentos+Fracionados+-+- dutos é realizado em datas preestabelecidas.
Guia+para+Laborat%C3%B3rios+Farmac%C3%AAuticos/ C. Certo
271c6ab9-a4f7-4d8e-b7f2-4db55f8bfd84 E. Errado
16 Por Luiz Fernando Chiavegatto
Resposta: Errado

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