BARRIGA, Angél Díaz, uma polêmica em relação ao exame.
In: Avaliação: uma pratica de novos sentidos. / Maria Teresa Esteban (org.). - 4. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
O autor inicia citando que o exame se converteu num instrumento no
qual se deposita a esperança de melhorar a educação. Ele passa a ter um falso princípio didático: um melhor sistema de exame, melhor sistema de ensino. Sendo um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor que transforma o ensino. O exame vem a se tornar um reducionismo técnico que omite o estudo dos amplos significados que se escondera nesta prática. Quanto um problema de história e sociedade o exame é um elemento inerente a toda ação educativa, visto que é necessário valorar se os estudantes adquiriram o conhecimento apresentado. Criado pela burocracia Chinesa, na idade média não se tem relato de exame ligado a prática educativa, a atribuição de notas é advinda do século XIX, pela pedagogia. Se não é ligado historicamente ao conhecimento o exame é na realidade um espaço de convergência de inúmeros problemas, todavia o exame é só um instrumento que não pode por si mesmo resolver os problemas gerados em outras instâncias sociais. É um espaço social superdimensionado. Também enunciamos que o exame não pode resolver uma infinidade de problemas que se condensam'' nele. Primeira inversão: Problemas sociais em problemas técnicos Uma função é determinar se um sujeito pode ser promovido de uma série para a outra. A partir disso surge: permitir o ingresso de um indivíduo em um sistema particular e legitimar o saber de um indivíduo através da certificação ou da outorga de um título profissional. Segunda inversão: De problemas metodológicos a problemas de rendimento Exame realiza uma inversão entre os problemas de método e os de rendimento. Comenius cita o exame está indissoluvelmente ligado ao método, a última parte do método que pode ajudar a aprender. Portanto, através do exame não se decide nem a promoção do estudante, nem sua nota. Quando o aluno não aprende, o professor deve revisar seu método. Nesse século o exame deixou de ser um aspecto do método ligado à aprendizagem, ele não só esconde sob seu reducionismo técnico uma infinidade de problemas, não só inverte as relações sociais c as apresenta só numa dimensão pedagógica e inverte os aspectos metodológicos para apresentá-los numa dimensão de eficiência técnica, mas que, também, se conforma historicamente como um instrumento ideal de controle. Terceira inversão: O exame como um problema (de controle) científico no século XX. Em direção ao empobrecimento do debate educativo O século XX cria condições para estabelecer mecanismos científicos que garantissem o controle. A pedagogia deixará de referir-se ao termo exame, o substituirá por teste e futuramente de avaliação, resultados do processo de transformação social, da industrialização norte americana. Neste país, o resultado dos testes de inteligência era utilizado para justificar a necessidade de eliminar aos que, por seu escasso coeficiente, não deviam estar na escola. Os usos educativos dos testes no plano ideológico possibilitaram que na escola se apresentasse o debate biologista sobre as diferenças individuais. A partir deste debate se estabelecia que alguns estudantes mereciam receber educação em virtude de uma qualidade congénita: a inteligência. Enquanto que outras crianças e jovens estavam destinados a ser operários. Para o autor o exame é apenas um espaço de conflitos entre problemas de diversas índoles. A pedagogia do exame se vinculou a uma concepção estreita do educativo, somente uma abordagem dos problemas desde múltiplas teorias e dimensões poderá permitir uma reflexão mais sólida.
WERNECK, Hamilton. A nota prende, a saberia liberta / Hamilton Werneck;
|Ilustrações: Ricardo Goulart|. - Rio de Janeiro: DP&A, 2002. > 3ª ed.
Escola sem nota e sem reprovação?
Pode chegar a uma modelo avaliativa observando o progresso de cada um. Avaliação em processo, pode saber, ao final de cada etapa, aonde seus alunos chegaram, sem precisar esperar a prova que será aplicada. O professor então precisa tia prova e ela é seu único instrumento de medida, ou vai avaliando na medida em que o tempo passa, estabelecendo comparações entre o estado anterior e posterior de cada aluno. Isso dá trabalho! Trabalhar tudo muito igualzinho acabará fazendo um trabalho igualzinho ao péssimo. Se a prova é um documento, anotações do professor não servem de documento, onde estará a credibilidade do mestre, onde estará a sua competência? Reprovações sejam as mínimas possíveis, Era Vargas, Capanema na educação importou o sistema americano, contemplava evadidos e reprovados num só pacote, vez porque, nos Estados Unidos, a questão da reprovação na década de 1930 já era superada. O evadido era englobado todos os reprovados e, assim, conseguiam maquiar os resultados para os estrangeiros que exportaram o sistema estatístico. Depois foi que se percebeu a evasão como uma catástrofe, a reprovação. Os investimentos em educação chegavam e saíam pelo ralo das reprovações. Os reprovados ficam com sua auto-estima mais e mais danificada, prejudicando o aprendizado, mas, como não foram reprovados cronologicamente, aprendem na rua, nas festas, com outros colegas e, quando não suportam mais o academicismo da escola, fogem dela. O aluno tem o direito de aprender O aluno tem o dever de estudar, hasta estudar para aprender? E o o direito de aprender? As reprovações sistêmicas, para salvar a pele dos educadores e da escola, têm a culpa imputada aos estudantes. A causa deve ser motivação, ou as abordagens feitas. É muito difícil que uma única didática seja assimilada por todos os alunos. Para o sistema tradicional estudo é uma simples obrigação do aluno aprovações e reprovações estão ligadas ao sistema de seleção que se aplica à sociedade, o professor não se preocupa muito com o que vai acontecer. Se o aluno tem o direito de aprender, quem ensina o dever de multiplicar as abordagens nas suas disciplinas tornando o ato de aprender algo acessível a todos. Avaliação escolar ao longo da história AVALIAR E MEDIR são duas práticas que andam juntas há muitos anos. Nós educadores somos capazes de condenar a avaliação inglesa ou canadense, afirmar que os habitantes desses dois países estejam vivendo pior do que nós, como argumento para manter os mesmos padrões de avaliação com base na medição, na contagem e na classificação dos resultados obtidos. Por que se avaliar na ótica de uma medida? - corrigir as questões pelo resultado final, o desenvolvimento lógico do conjunto das respostas, o professor não sabe tia evolução qualitativa de seu aluno, não será capaz de perceber a evolução do raciocínio do aluno, nem onde ele está errando; - questões de múltipla escolha ou de respostas fechadas, impedindo caminhos criativos de desenvolvimento da resposta, não se pode avaliar a criatividade e os vários caminhos das respostas; - classificar os educandos do primeiro ao último colocado, Para que serve tal classificação?; - critério justo, na visão do educador, porque as questões dificilmente podem ser discutidas no nível de resposta, esse critério, na sua origem e prática é um critério injusto. O educador é que não suporta o argumento dos educandos nem quer se submeter a alguma sabatina por parte deles; - Poucas serão as reclamações e os pedidos de revisão de prova, escapar de reclamações é escapar do diálogo e da negociação. Existem reclamações que são infundadas, feitas por alunos que reclamam por reclamar, Podemos ter, nesses casos, duas atitudes: uma, no meu ponto dc vista, condenável, quando o professor costuma corrigir deixando margem para uma segunda correção mais rigorosa com o intuito de baixar a nota em caso de reclamação; - Há semelhança entre a avaliação escolar e outros concursos do país, reduzir a avaliação dc uma escola no nível dos concursos públicos é reduzir a qualidade da escola. Na escola não há edital e não há concurso. Todos os que estão numa série podem passar à outra seguinte. Os concursos, quando lidam com grandes massas, fazem questões fechadas e de múltipla escolha; - Não há como acusar o professor de ter ajudado a um aluno, seja por simpatia ou por erro nos julgamentos, 1uando um professor está trabalhando com alunos, ele está exposto a iodo tipo de crítica. Se alguém surgir questionando um julgamento, cabe ao professor reunir os implicados e conversar com eles, abertamente, sobre os conceitos dados; - É a avaliação que consegue deixar o professor imune a críticas. Foi o aluno que errou, imagina o professor menos criticado como sendo o mais competente. A crítica construtiva ou que implique dúvida por parte do educando é válida e deve ser feita. Por outro lado, o melhor professor é o que não teme o diálogo e, se depois, concluir que errou por alguma razão, passa a ser um grande professor porque teve a humildade de mudar seus conceitos; - O tempo destinado às correções é bem menor, se o tempo das correções é bem menor, menor será o conhecimento da turma, por parte do professor. É verdade, o professor trabalha — e alguns trabalham muito; - Se alguém ficar em recuperação e for reprovado, os resultados podem ser matematicamente comprovados, resultado matemático, diante de um comportamento humano, quando muito é o mais pobre. Não podemos temer as dúvidas e nos escudar nos números a título de que a matemática é exara, porque o valor de PI e inexato, a noção de erro não é exata, o mesmo se diga dos limites e da dízima periódica simples e composta. Avaliar com os critérios de medição é um processo muito vazio e pobre, arcaico, não ultrapassa um período da história que ficou encravado na década de 1920, logo após o término da Primeira Grande Guerra. Passamos ao séc., XIX e não conseguimos, ainda, superar a marca da avaliação como medida. O passo seguinte, já comum aos demais países com melhor desenvolvimento humano e pesquisas educacionais, a avaliação que considera a DESCRIÇÃO. Depois da 2 guerra descrever passou a ser algo incluso no avaliar. Mesmo os que conseguiam descrever, não completavam, de fato, o ato de avaliai porque, se descreviam, não emitiam juízo de valor a respeito do que tinham visto. A descrição melhora o conhecimento sobre o objeto. Melhora a compreensão, não o define de fato. E tomou conta do mundo académico em muitos países, embora não tenha tido repercussão no Brasil, que é acostumado a chegar depois e, ainda por cima, ser do contra. Na educação alemã vinda de Leibinitz, dava oportunidade a uma criatividade maior que os sistemas comportamentais ingleses e americanos de Locke e Dewey. Em um contexto bélico surge a "pesquisa operacional”, que após o processo de descrição, passaram os aliados a entender os problemas e conseguiram chegar ao artefato capaz de fazer. A pesquisa operacional criou características interdisciplinares e foi aplicada para resolver uma série de problemas. Todavia, a escola brasileira ainda reluta para descrever a performance dos alunos. Uma errônea concepção entendeu-se que avaliar estava intimamente ligado ao ato de julgar. Quando julgamos, precisamos ter algum padrão, porém não será, simplesmente a medida que dará esse padrão. Avaliar em função dos objetivos previamente traçados, consideramos pré-requisitos para o educando iniciar um processo novo de aprendizado e passamos 80, 70 e 80, com as mesmas tentativas já atualizadas acima do equador e repudiadas abaixo dele. Quando um objetivo era atingido e um aluno dominava um conhecimento não se via razão para retê-lo na série porque sua média era incompatível com a reprovação. No entanto, no Brasil, ainda continuava sendo assim, arcaico, medido, excludente, mesmo sabendo e dominando os assuntos. Último passo dos processos de avaliação não é contemplado nas práticas de nossa educação. Trata-se da NEGOCIAÇÃO. O professor avalia, apresenta seu juízo de valor e o aluno não concorda e procura o professor para discutir. Volta a mesma pergunta: Por que não funciona aqui, entre nós? Não parece difícil o entendimento desse problema. Nossa educação, mesmo com os avanços democráticos, ainda é totalitária.
MOREIRA, Evandro C. PEREIRA, Raquel S. Educação física escolar: desafios
e propostas 2 / [organização de Evandro Carlos Moreira / Raquel Stoilov Pereira - 2.ed. - Várzea Paulista, SP : Fontoura, 2011.
A DIFÍCIL TAREFA DE AVALIAR: possibilidades na educação física escolar
Os professores não compreendem o significado, a relevância e a
função da avaliação no espaço escolar, o que gera equívocos n o seu desenvolvimento e, porque não dizer, prejuízos na formação da criança e do adolescente, uma vez que isso influencia u vida dos alunos, situação perfeitamente comprovada em nossa ação diária docente. AVALIAR OU APLICAR EXAMES Provas, questionários não são instrumentos de avaliação, mas como denomina luckesi (2010a, p. 1, grifos d o autor) "instrumentos de coleta de dados para a avaliação". Avaliar e examinar não são sinônimos. Este, não importa o processo para a obtenção da resposta e sim unicamente a resposta, não importa se no dia em que o aluno fez a prova ele estava doente, ou quantas questões ele acertou e errou, utilizam 0-10 pontos e classificam os alunos como aprovados ou reprovados, excluindo os que não atingirem as exigências, realizado por um docente autoritário e controlador da disciplina. Já aquele, busca os melhores resultados possíveis, servindo cada um como suporte para tomada da decisão na etapa seguinte, preocupa-se com o antes, hoje e amanhã, entendendo o aluno como um ser em permanente construção, foco não está na aprovação ou reprovação do aluno, mas se a aprendizagem foi ou não efetiva, e o decente é democrático e dialogador. A escola, na sua maioria, não pratica a avaliação, mas sim o exame! Todavia, há escolas que nem se quer atribuem nota aos alunos. Exemplo para aferição de notas: presença do aluno; se está devidamente uniformizado, se participa das aulas ou pelo contrário, fica de fora e ainda perde nota; conduta comportamental da criança na aula; aplicação de testes físicos/ motores, execução perfeita dos movimentos estereotipados; provas em que é cobrada a memorização de regras ou história de determinada modalidade trabalhada em sala. A avaliação é tomada como uma simples decisão em aprovar ou reprovar os alunos, ou seja, uma ação meramente burocrática, em que são obrigados a exercê-la da fornia mais rígida c no menor tempo possível, afinal existem outros conteúdos a serem trabalhados e não é possível "perder tempo" com um mesmo conteúdo até que os alunos tenham êxito na avaliação. Nos dias de hoje, nota e as provas são valorizadas social e culturalmente. o que é a avaliação? Para que ela serve? Qual sua Importância? Para Libâneo: tarefa didática necessária permanente do trabalho docente, que devemos acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem [...], os resultados são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos. Krasilchik: avaliação oferece ao docente informações, dados sobre o processo de ensino, permitindo a identificação das falhas, por que elas ocorreram, permitindo que sejam retomadas e reconsideradas. Avaliação precisa ser definida, discutida, refletida e transformada coletivamente, num processo de paridade entre professor e aluno o que, naturalmente, corresponde a uma tarefa complexa e contínua. O exercício e a adoção de uma postura de humildade, o saber ouvir, o aprender a escutar e, por parte do aluno, a maturidade em perceber que deve mover suas escolhas não para o que, aparentemente, seja mais fácil ou simples. Necessita de um processo constante de transformação, aprendizado com erros, acertos, idas e vindas. As crianças gostam de participar das aulas, de jogar, de brincar, mas não compreendem porque devem aprender essas atividades, não conseguem atribuir significados às práticas, não identificam a importância de tais práticas para suas vidas, já que, na maioria das vezes, fazem a aula, correm, gritam, dão risada, mas não aprendem, já que não sabem nem qual é a função da Educação Física na escola. Análise de provas escritas, orais ou práticas instrumentos interessantes de coleta de dados, mas, se de fato, almejamos excitar os alunos na busca de novos conhecimentos e construção de um espaço d e diálogo, orientação, informação, observação, explicação, correção, questionamento, aconselhamento, crítica, respostas e escutas múltiplas, precisamos ir além das provas, ou mesmo, daquelas avaliações já apresentadas que ocorrem apenas para cumprir com as obrigações escolares. Mudar a avaliação é mudar o ensino, a forma de ver a aprendizagem, as concepções do que é ensinar e aprender. Formas de Avaliar CONSTRUÇÃO/ INVENÇÃO DE BRINCADEIRAS Crianças divididas em grupos de 4 ou 5 integrantes criassem/ inventassem uma brincadeira nova, a partir das experiências cotidianas e das atividades vivenciadas nas aulas de Educação Física. As crianças determinassem as atividades, assumem co-responsabilidade pela prática, as crianças podem criá-las/ inventá-las, inclusive opinando nas atividades criadas/inventadas pelos colegas. Avaliação não de um dia, de uma única habilidade, mas da construção permanente de conhecimentos úteis para suas vidas.
CADERNO DE ATIVIDADES/ REGISTRO
Utilização de um caderno, em que as crianças ao final de cada aula exponham/ registrem as características das atividades, seus sentimentos e sensações após a vivência das atividades, permitindo inclusive que os pais acompanhem e conheçam o que as crianças realizam nas aulas de Educação Física.
EXPOSIÇÃO DAS OPINIÕES E AVALIAÇÕES DAS AULAS
Por meio de desenhos ou escrita, expressassem as aulas que mais e que menos tinham gostado durante o bimestre, escrever porque tinham gostado das aulas ou porque não tinham gostado, tentando elaborar respostas completas, o u seja, não só escrever que gostaram porque era "legal" ou não, diagnóstica a impressão das crianças frente das atividades.
AVALIAÇÃO DO PROFESSOR PELO ALUNO
Professor se autoavaliar, a partir de um processo de reflexão sobre seu planejamento e ação docente cotidiana, e das crianças se autoavaliarem, entendemos que seja interessante as crianças também avaliarem o professor. Não se trata aqui da criança agredir o professor e nem, tampouco, do professor se sentir constrangido com o que irá ouvir. Em suma, a maturidade é importante e não é porque as crianças são pequenas. É fundamental que a criança perceba que naquele momento o professor está se preocupando com ela, com seus sentimentos e emoções. Não ser sincero em nada melhorará a aula. Portanto, essa forma de avaliação só terá êxito se professor e alunos confiarem uns nos outros, souberem ouvir e falar, pois, caso contrário, devemos concordar, não dará certo. TEIXEIRA, Josele; NUNES, Liliane. Avaliação inclusiva: a diversidade reconhecida e valorizada / Josele Teixeira, Liliane Nunes - 2 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.
CAPÍTULO II - Avaliação Escolar: entre objetivos e planejamentos
"Aprender a sentir para aprender a avaliar": apontamentos sobre a Avaliação da Aprendizagem Quatro questões pontuais que resumem o caráter avaliativo: julgamento, objetivo, subjetividade e constância. A avaliação pressupõe julgamento a medida que analisa como certo ou errado determinadas ações e manifestações preestabelecidas. Ela é subjetiva no que range ao olhar e à conceituação de quem avalia, é constância porque ocorre em todos os momentos do processo ensino- aprendizagem e é, principalmente, parte de um objetivo, visto que segue um viés delimitativo de alcançar determinada meta, com vista a uma tomada de decisão. A avaliação está ligada a ações conscientes e processuais sobre determinados ratos da realidade em prol de decisões favoráveis ao alcance de algum objetivo preestabelecido. Assumi estreita relação de controle sobre os atos desempenhados pelos aprendem es, disseminando, dessa forma, um status de poder e dominação. Todavia, a avaliação é uma tarefa ampla e complexa, que não se extingue em um único objetivo e objeto, mas sim, em vários, exigindo uma pluralidade de modos de ações para que se possam repensar e tomar decisões plausíveis e significativas diante do que cada situação exigir. Por tudo isso, avaliação pode ser considerada como uma construção histórica que se justifica e fundamenta-se diferentemente nos diversos momentos da sociedade. Por assumir múltiplas dimensões, ter valor histórico, está inserida não apenas no contexto escolar, mas em todos setores da sociedade, se encontra intimamente ligada à aprendizagem, e o seu sentido é promover a diferença e não a padronização. É respeitar o indivíduo e auxiliar a promoção da aprendizagem eletiva. O avaliador estabelecer normas e procedimentos avaliativos para cada aluno, lançando um olhar diferenciado para especificidade de cada um, auxiliando e interferindo no processo de desenvolvimento de cada educando. No entanto, manter coerência e equilíbrio, entre o que se prega e o que se faz, é fundamental para produção do saber e da ética. A ação avaliativa torna se um aro inclusivo, como prática educativa e emancipatória. Pensar a avaliação requer uma dinâmica reconstrutiva que represente uma prática exercida de acordo com a concepção filosófica de educação e de homem que se prega, pois somos seres constituídos biológica e socialmente, capazes de reproduzir e reconstruir história, identidade e subjetividade.
Pontos e Contrapontos da Avaliação
A avaliação se destina a uma busca incessante de diagnósticos que subsidie a melhoria da aprendizagem, sendo, deste modo, inclusiva e dialógica. Cabe ao professor instigar desde a educação infantil uma aprendizagem dialógica, prazerosa e significativa, para que o educando seja personagem de sua história que se constrói a cada dia. Muitas vezes quando falamos em avaliação, concentramo-nos cm seu aspecto excludente e classificatório, no entanto a avalição possui um aspecto pontual referente â sistematização do ensino e da aprendizagem, sendo indispensável para a concretização de um ensino de qualidade, pois não existe qualidade se não houver avaliação. A avaliação perfaz as estratégias mais decisivas de fazer oportunidades e competências humanas, no sentido de formar para emancipar e incluir, para compor o patamar de obra humana e, como tal, servir a favor do e para O individuo, como uma avaliação formativa que é uma avaliação processual, que se guia nos meios, mas se intenciona cm função da ética e dos fins.
Repensando os desafios da Avaliação
O que difere a avaliação ao longo dos anos é a forma como ela acontece e o campo ideológico ao qual está inserida, interferindo no currículo e na relação instaurada em sala de nula. A avaliação é socialmente constituída e tem um papel decisivo na constituição da autoimagem do indivíduo, visto que cada forma de avaliação, seja ela explicita ou implícita, interfere criticamente no comportamento e na formação de personalidade do indivíduo.
Avaliação e Afetividade: uma aliança necessária
A ação do professor diante da avaliação deve primar não só de maneira efémera, mas também de modo consumidor pelas habilidades e pelas competências reflexivas, críticas e ativas, pensando em uma ação coletiva e dialética, assumindo uma postura desafiadora e construtiva em prol da melhoria e da formação autónoma e inclusiva, melhorando, dessa maneira, a rapacidade de intervenção do indivíduo no mundo, na busca do autoconhecimento e confiabilidade para auxiliar a práxis docente.
COLETIVO DE AUTORES – Metodologia de Ensino da Ed. Física
CAPITULO 4: Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem em Educação
Física
Significado da Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem em Educação
Física Avaliação do processo ensino-aprendizagem está relacionada ao projeto pedagógico da escola, está determinada também pelo processo de trabalho pedagógico, processo inter-relacionado dialeticamente com tudo o que a escola assume, corporifica, modifica e reproduz e que é próprio do modo de produção da vida em uma sociedade capitalista, dependente e periférica. Para: a) atender exigências burocráticas expressas em normas da escola; b) atender a legislação vigente: e c) selecionar alunos para competições e apresentações tanto dentro da escola quanto com outras escolas. Utiliza “presença” em aula, sendo este o único critério de aprovação ou, então, reduzindo-se a medidas de ordem biométrica: peso, altura etc. bem como de técnicas: execução de gestos técnicos, "destrezas motor”, "qualidades físicas”, ou simplesmente, não é realizada. Isso negligencia, entre outras coisas, o fato de que as avaliações contem um caráter "formal", aparente, explicitado e assumido pela escola, por exemplo, na determinação de períodos para avaliação e de notas, na seleção dos talentos esportivos etc. Além de desconsiderar a reflexão a respeito do papel que a avaliação assume enquanto elemento constitutivo de um projeto pedagógico. Decreto nº 69.450/71, que trata dos padrões de referência para o alcance dos objetivos da Educação Física, esportiva, recreativa, ou a Lei nº 6.251/75, que estabelece como objetivo básico da Política Nacional de Educação Física o "aprimoramento da aptidão física da população". No espaço da aula de Educação Física, transmite e assegura determinados valores, concepções etc.
O Quadro Atual da Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem em
Educação Física
"Orientação" oficial advinda do sistema esportivo. Condicionam a
prática pedagógica da Educação Física, dando-lhe um significado, uma finalidade, um conteúdo e uma forma. Meritocracia do esforço individual que leva a seleção. Mas não sendo este, que outro sentido, finalidade, conteúdo e forma a avaliação do processo ensino-aprendizagem da Educação Física pode assumir na escola? Que outros procedimentos metodológicos podem ser privilegiados?
Referencias para Conduzir Metodologicamente a Avaliação do Processo
Ensino-Aprendizagem em Educação Física Disciplina do currículo, cujo objeto de estudo é a expressão corporal como linguagem. Compreende-se que a avaliação é um dos aspectos essenciais do projeto pedagógico, justamente por ser através dela que se cristalizam mecanismos estruturais e limitantes no processo ensino aprendizagem. Fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou distanciamento do eixo curricular que norteia o projeto pedagógico da escola.
Finalidades, Conteúdo e Forma para uma Proposta de Avaliação
A explicitação das referências às quais a avaliação da Educação Física deve estar articulada. A consideração de que o processo ensino-aprendizagem da Educação Física envolve aspectos de conhecimento, habilidades e atitudes, levando-se em conta as condutas sociais dos alunos nas suas mais diversas manifestações, tendo a expressão corporal como linguagem. A proposta de avaliação do processo de ensino-aprendizagem da Educação Física deve portanto, levar em conta a observação, análise e conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta humana e que se expressam no desenvolvimento de atividades. A superação de práticas mecânico-burocráticas, para "mobilizar plenamente a consciência dos alunos, seus saberes e suas capacidades cognitivas, habilidades e atitudes para enfrentar problemas e necessidades, buscando novas soluções para as relações consigo mesmo, com os outros e com a natureza, e que estas soluções criativamente encontradas sejam estendidas a outras situações semelhantes". Perspectiva dialógica, comunicativa, interativa que permita aos envolvidos no processo de avaliação participarem dos rumos da mesma em diferentes instâncias e níveis de possibilidades, significando isto o decidir em conjunto, cada qual assumindo responsabilidades na perspectiva da avaliação participativa. A atenção a ser dada ao tempo pedagogicamente necessário para que a aprendizagem se efetive, ou a destinação de um número determinado de aulas para tratar de uma dada problematização, que deve ser adequado ao ritmo de aprendizagem da turma. Deve-se considerar na avaliação que o patrimônio cultural que se expressa nas possibilidades corporais, no acervo de conhecimentos sobre a cultura corporal, se diferencia de acordo com a condição de classe dos alunos. "Celeiro de talentos esportivos”, que tem condicionado a avaliação a detectar talentos. Considera eu, também na avaliação, confrontam-se sentimentos e significados, onde se interpenetram dialeticamente a intencionalidade (interesses e necessidades objetivas e subjetivas dos alunos) e as intenções (objetivas e subjetivas) da sociedade, expressas nas propostas curriculares que mobilizam interesses de classes antagônicas. Fazer da nota um resultado que permita constatar a aproximação ou o distanciamento do eixo curricular privilegiado no projeto pedagógico e não um castigo ou compensação para o aluno. Considerar que também nos variados momentos avaliamos colocasse a necessidade de criar situações onde normas e valores, regras e padrões que informam tais condutas devem ser criticados, reinterpretados e redefinidos.