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[O RG A N I Z A D O R E S ]
17 73
1. 4.
Aquecimento Promoção do Bem-Estar
Global e dos Produtores Familiares
Agricultura com uso de Sistemas de
Familiar Produção Agropecuários e
Florestais de Baixo Carbono
Eduardo Delgado Assad no Bioma Amazônia
35 99
2. 5.
Os Múltiplos Papéis Caminhos para a
da Agricultura Familiar Transição Agroecológica
na Construção de uma e a Manutenção
Agricultura de Baixa de Reserva Legal na
Emissão de Carbono Agricultura Familiar
na Amazônia
Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco
Regina Aparecida Leite de Camargo Luciano Mattos
115
6.
Caminhos para a Produção
Familiar de Baixo Carbono
sob Bases Ecológicas:
O Papel do Bioma Cerrado
Rafael Tonucci
127 183
7. 11.
Caminhos para a Agricultura Assentamentos Sustentáveis
Familiar de Baixo Carbono na Amazônia (PAS):
em Bases Ecológicas Viabilizando Agricultura Familiar
na Mata Atlântica de Baixo Carbono
Giovanne Xenofonte
149 199
9. Síntese dos Principais
Percepção, Vulnerabilidade Temas e Argumentos
e Adaptação aos Discutidos no Seminário
Desafios Climáticos (IPAM)
Estudo de Caso na Bahia, Ceará,
Piauí e Rio Grande do Norte
Stéphanie Nasuti
Diego Lindoso
163 206
10. Sobre os Autores
Caminhos para a Produção
Familiar de Baixo Carbono
no Pantanal 216
Abreviaturas
Carolina Joana da Silva
Gabriela Litre
Pedro Nogueira
Jane Simoni
218
Joari Arruda Lista de Ícones Gráficos
Os Organizadores
Andrea A. Azevedo
Maura Campanili
Cassio Pereira
Andrea A. Azevedo
Diretora de Políticas Públicas
IPAM
1.
Aquecimento
Global e
Agricultura
Familiar
1
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional
de Pesquisa Tecnológica em Informática para a Agricultura.
Impactos das Mudanças Climáticas
na Agricultura
Os impactos das mudanças climáticas na agricultura estão diretamente
relacionados aos aumentos de temperatura e à concentração de gases de efeito
estufa. Recentemente, as emissões desses gases chegaram a 400 partes por
milhão (ppm) de CO2 equivalente na atmosfera (PBMV 2015). Há 30 anos, essa
concentração era 325 ppm. Esse foi o maior índice de aumento da concen-
tração de CO2 na atmosfera, talvez nos últimos 11.000 anos. Nos últimos anos,
atingiram-se patamares de aumento de temperatura superiores aos observados
desde o início do século passado. Os conhecimentos científicos existentes hoje
permitem projetar impactos na agricultura para até 450 partes por milhão, ou
um aumento na temperatura média global de 2° C (PBMV, 2015). O aumento da
concentração de CO2 na atmosfera, medido na estação de Mauna Loa, no Havaí,
desde 1955, pode ser verificado no site http://www.esrl.noaa.gov/gmd/obop/
mlo/. Constata-se que não há redução da concentração de CO2 nos últimos 50
anos e que esta é sempre crescente.
Do ponto de vista da agricultura, ressaltam-se duas tendências relacio-
nadas a eventos extremos. Primeiro, o número de dias com temperatura máxima
igual ou superior a 34° C apresenta tendência de alta, com grandes impactos
já observados nas culturas de café, laranja e feijão (redução de produtividade,
perda de qualidade e deslocamento de cultivos para o sul). Essas evidências são
realçadas nas medições feitas em duas situações, uma localmente (Campinas-
SP) e outra em escala nacional, utilizando as estações meteorológicas oficiais
do Brasil. Esses dois casos são ilustrados nas Gráficos 1.1 e 1.2.
30
25
20
15
10
5 fonte :
0 CEPAGRI/UNICAMP.
20
20
20
20
20
19
19
19
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20
19
09
03
05
99
93
95
07
97
01
13
91
11
Número de dias com temperatura máxima acima de 34oC média de 291 estações no Brasil G R Á FI CO 1.2
90
Frequência de
ocorrência de dias
80 com temperaturas
70 acima de 34º C.
60
50
40
30
20
10 fonte :
0 EMBRAPA/CNPTIA.
1961
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
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1981
1983
1985
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1989
1991
1993
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1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
Aquecimento Global
Eduardo Delgado Assad 21
e Agricultura Familiar
As consequências desses aumentos de temperatura seriam o aborta-
mento das flores no café e no feijão, e atingindo diretamente a citricultura.
Como são períodos de eventos extremos e, portanto, de curta duração, podem
ser caracterizados como ondas de calor com forte impacto na produção animal,
provocando mortandade de frangos, abortamento em porcas e redução da pro-
dução de leite. Importantes ações relacionadas à ambiência animal devem ser
tomadas para se evitar essas perdas.
O segundo tipo de evento extremo é a intensidade da chuva diária. No
Centro-Oeste, em 1990, volume acima de 120 mm era considerado muito alto
e anômalo (ASSAD, 1994). Atualmente, atinge-se 200 mm/dia com frequência.
O volume mensal não se altera significativamente, mas a distribuição sim. Os
principais impactos são a perda de solo por erosão, a perda de fertilizantes e
inundações de áreas produtivas, especialmente aquelas dos pequenos produ-
tores, que estão mais próximas dos rios. A grande discussão que se faz com
relação aos dados de chuva é que não se pode mais considerar as séries esta-
cionárias (ou seja, aquela cujos dados flutuam em torno de uma média), pois ao
longo dos últimos anos essa média tem se alterado.
Alguns estudos foram realizados para identificar alterações nos ciclos
naturais que podem estar relacionadas com as mudanças climáticas. Mas não
existem muitas avaliações sobre variabilidade de longo prazo e extremos de
tempo e de clima no país. Estudos foram feitos para regiões específicas na
América do Sul, mas um dos desafios que dificulta o andamento desse tipo de
análise tem sido a falta de informação meteorológica de boa qualidade, em
séries completas de longo prazo.
Marengo e Camargo (2008), ao estudarem as temperaturas máximas e
mínimas no Sul do Brasil, de 1960 a 2002, encontraram um aquecimento siste-
mático da Região, detectando tendências positivas na temperatura máxima e
mínima em níveis anual e sazonal. A amplitude térmica apresentou tendências
negativas fortes nesse período, sugerindo que as variações na temperatura mí-
nima foram mais intensas do que nas máximas, especialmente no verão. Isso
também foi observado por Gonçalves et al. (2002) para São Paulo. Essas análises
de temperaturas máximas e mínimas, porém, não estabeleceram se o verão pode
ter dias ou noites mais quentes ou se o inverno pode ter noites menos frias. As
análises de Marengo e Camargo (2008) sugeriram que o aquecimento observado
é mais intenso no inverno comparado ao verão e que isso se dá, possivelmente,
devido ao aumento de número de dias quentes no inverno.
Amazônia
Aquecimento Global
Eduardo Delgado Assad 23
e Agricultura Familiar
propícias à prevalência de vegetação do tipo cerrado, sendo que esse pro-
blema de savanização da Amazônia tende a ser mais crítico na porção oriental.
Caatinga
Cerrado
Pantanal
Mata Atlântica
Como este bioma abrange áreas desde o Sul, Sudeste até o Nordeste
brasileiro, as projeções apontam dois regimes distintos. Porção Nordeste (NE):
aumento relativamente baixo nas temperaturas de 0,5º a 1ºC e decréscimo nas
Pampa
Impactos Futuros
Simulações de Modelos Atualizados
Aquecimento Global
Eduardo Delgado Assad 25
e Agricultura Familiar
e temperatura, mas com índices desenvolvidos para apontar a sensibilidade das
culturas a eventos extremos que possam ocorrer em fases fenológicas críticas
da planta. O uso de geoprocessamento e de imagens de satélites é fundamental.
Com todas essas informações é possível mostrar as probabilidades de se obter
safras com produtividade econômica mínima, na escala municipal.
Por outro lado, a evolução dos trabalhos de modelagem, que projetam
cenários climáticos futuros em razão do aquecimento global, permite rearranjar
a distribuição das culturas agrícolas de acordo com o aumento das tempera-
turas. Nesse caso, a metodologia utilizada é exatamente a mesma do zonea-
mento de riscos, com a diferença de que leva em conta também outros fatores,
como aumento da evapotranspiração e de deficiência e excedente hídrico, de-
vido à elevação de temperatura.
No Brasil, alguns estudos foram feitos sobre o reflexo das mudanças
climáticas e seus impactos na agricultura. Uma primeira tentativa foi feita
por Pinto et al. (2001 e 2009), onde foram simulados os efeitos das elevações
das temperaturas e das chuvas no zoneamento do café para os estados de
São Paulo e Goiás. Observou-se uma drástica redução nas áreas com aptidão
agroclimática, condenando a produção de café nestas regiões. Outros estudos
foram feitos. Assad e Luchiari Jr. (1989) avaliaram as possíveis alterações de
produtividade para as culturas de soja e milho diante de cenários de aumento
e de redução de temperatura. Siqueira et al. (1994) apresentaram efeitos das
mudanças globais na produção de trigo, milho e soja. Assad et al. (2008), Zullo
Jr et al. (2006), Nobre et al. (2005) elaboraram estudos detalhados sobre o
futuro da agricultura brasileira em função dos cenários previstos para o clima
regional. Pinto et al. (2008) concluíram que o aquecimento global pode colocar
em risco a produção de grãos no Brasil, caso nenhuma medida mitigadora e de
adaptação sejam realizadas.
O estudo “Economia das Mudanças Climáticas” (MARGULIS et al., 2008),
que simulou os impactos de mudanças de temperatura na agricultura, foi muito
criticado por basear-se em cenários extremos. Entretanto, as temperaturas
medidas no Brasil durante o verão no período de simulação foram 2º C mais altas
do que o projetado pelo modelo Precis. Para o inverno, observações e projeções
são bastante próximas, indicando que as culturas de inverno, como o arroz,
não são tão afetadas. Atualmente, a partir do desenvolvimento de modelos
brasileiros, vem sendo possível entender melhor o que poderá acontecer nas
próximas décadas.
LEGENDA LEGENDA
Risco Risco
Alto Baixo Alto Baixo
Alto W E Alto W E
81.858.406 149.591.335
S S
Baixo Baixo
399.383.130 0 375 750 1.500 331.650.200 0 375 750 1.500
Km Km
LEGENDA LEGENDA
Risco Risco
Alto Baixo Alto Baixo
Alto W E Alto W E
118.844.721 147.595.946
S S
Baixo Baixo
362.396.815 0 375 750 1.500 333.645.589 0 375 750 1.500
Km Km
Aquecimento Global
Eduardo Delgado Assad 27
e Agricultura Familiar
Há uma perda de área de baixo risco climático de até 43%, que coincide
com as áreas atuais de baixa produtividade.
Estudos similares ao do milho foram feitos com arroz, feijão, soja, trigo,
dentre outros, e estão quantificados na Tabela 1.1. Em todos os casos, nas áreas
onde existe maior concentração de pequenos agricultores, é onde se observa o
maior impacto do aquecimento.
TA B E L A 1.1
Cenário RCP 4.5
Síntese dos impactos
do aquecimento
Anos 2025 (ha) ∆ (%) 2055(ha) ∆ (%) 2085(ha) ∆ (%)
global na agricultura
brasileira, segundo o Arroz *2.306.597 *-4,4 2.329.526 *-3,5 2.316.059 -4,0
Modelo ETA CIMIP5
Milho Safrinha 2.143.341 -71,3 4.242.920 -43,2 2.214.010 -70,4
HADGem2, para
menor concentração Milho Safra 1 6.895.053 -9,2 7.197.141 -5,2 7.010.321 -7,7
de CO2 na atmosfera Feijão Safra 1 1.225.556 -37,4 1.125.782 -42,5 1.186.136 -39,4
até o ano de 2085.
Feijão Safra 2 506.045 -50,4 615.304 -39,7 529.704 -48,1
Soja 10.904.674 -56,3 12.849.106 -48,6 11.539.499 -53,8
fonte :
Elaboração do autor.
Trigo 1.567.205 -18,1 1.645.562 -14,0 1.630.185 -14,8
Aquecimento Global
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e Agricultura Familiar
TA B E L A 1.2 Produção
Milho Faixa de Produtividade (milhões de Número de Produção Municípios
Municípios produtores
(Ano) (kg/ha) toneladas) Municípios (%) (%)
de milho em 2015 e
projeção para 2030. 0-200 1,49 2185 1,94 42,15
Ressalte-se que 2.001-4.000 4,49 1140 5,86 22,00
42,15% dos
4.001-6.000 34,92 1197 45,61 23,09
2015
municípios tem
produtividade inferior 6.001-8.000 22,30 498 29,13 9,60
a 2.000Kg/ha. 8.001-10.000 10,53 134 13,75 2,58
> 10.000 2,84 30 3,71 0,58
0-200 1,43 2111 1,70 40,72
2.001-4.000 3,91 1038 4,65 20,02
4.001-6.000 33,52 1170 39,87 22,57
2020
FI GUR A 1.2
Distribuição espacial
PRODUÇÃO DE MILHO 2015 da produção de
milho no Brasil.
Projeção Mapa 2015.
LEGENDA N
Faixas de Produção (t)
Até 5.000
5.000 a 25.000
25.000 a 100.000
100.000 a 1.500.000
1.500.000 a 2.000.000 fonte :
0 375 700 1.400
Cálculos efetuados baseados Laboratório de
Km
na projeção do MAPA. Modelagem Ambiental
Embrapa CNPTIA.
Aquecimento Global
Eduardo Delgado Assad 31
e Agricultura Familiar
Uma rápida análise da Figura 1.2 indica que a baixa produção está dis-
tribuída em quase todo o Brasil, com maior intensidade na Amazônia, Nordeste,
norte de Minas Gerais, Pantanal e sul do Rio Grande do Sul. Seriam essas áreas
susceptíveis a perda de produtividade e produção em cenários de aquecimento
global? Segundo as projeções do Painel Brasileiro de Mudanças do Clima, pelo
menos no Nordeste e no Sul do país, sim.
Por outro lado, uma das soluções é a chamada intensificação susten-
tável, também aplicada à agricultura familiar. A intensificação da produção
deve ser precedida de diversificação da produção, de modo a permitir o uso
mais eficiente dos solos e dos recursos hídricos, e garantir trabalho e renda
durante a maior parte do ano. Com práticas sustentáveis é possível amenizar os
efeitos do aquecimento global. Porém, é preciso solucionar problemas crônicos
da agricultura familiar brasileira como:
Não é prudente dizer que para agricultura familiar o caminho para o en-
frentamento do aquecimento global deva ser mitigação ou adaptação. É muito
claro que os dois caminhos são necessários. A mitigação e sua adoção de sis-
temas de produção mais equilibrados, como sistemas agroflorestais, integração
lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta. Existem dois caminhos quanto à
adaptação: o primeiro, via biotecnologia que busca cultivares mais tolerantes à
seca e a altas temperaturas, e o segundo, buscando na biodiversidade as espé-
cies já naturalmente adaptadas e que tem alto potencial de mercado. O primeiro
caminho é o mais fácil e certamente em pouco tempo esses cultivares tolerantes
Aquecimento Global
Eduardo Delgado Assad 33
e Agricultura Familiar
h) implantação, melhoramento e manutenção de florestas de dendezeiro,
prioritariamente em áreas produtivas degradadas (ABC Dendê);
referências
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Aquecimento Global
Eduardo Delgado Assad 35
e Agricultura Familiar
2.
Os Múltiplos Papéis da
Agricultura Familiar
na Construção de uma
Agricultura de Baixa
Emissão de Carbono
1
Faculdade de Engenharia Agrícola,
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
2
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária,
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP.
A preocupação com os impactos que práticas agrícolas podem causar no
meio ambiente e na saúde humana teve início na primeira metade do século XX,
com iniciativas como a agricultura biodinâmica, a agricultura orgânica, a agri-
cultura biológica e a agricultura natural (EHLERS, 1999). Esses movimentos
questionavam a crença generalizada nas teorias de Justus von Liebig, o pai da
adubação química, e defendiam práticas embasadas nos processos biológicos
decorrentes da decomposição da matéria orgânica.
Em 1962, o livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, alertava para
o perigo que representava o uso indiscriminado de agrotóxicos para a saúde
humana e todas as formas de vida na terra: “Pela primeira vez na história
do mundo, agora todo ser humano está sujeito ao contato com substâncias
químicas e perigosas, desde o instante em que é concebido até a sua morte”
(CARSON, 2010).
A publicação em 1987 do “Relatório Brundland”, elaborado pela Comis-
são Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, consolidou a ideia do
desenvolvimento sustentável como princípio a ser implantado em todas as áreas
das atividades humanas. No caso da agricultura, a sustentabilidade se traduz
no desafio de alimentar a crescente população mundial, sem agredir ou com um
mínimo de agressão ao meio ambiente.
Mas foi apenas no início dos anos 1980, com o surgimento da agroeco-
logia, que os pesquisadores se voltaram para as formas tradicionais de agri-
cultura, aquelas praticadas por centenas de anos e ainda mantidas por algumas
comunidades camponesas, em busca de uma junção entre os conhecimentos
acumulados pelas ciências agrárias e biológicas e aqueles que são fruto do
longo processo de adaptação do homem ao seu ambiente em busca da sobrevi-
vência. Para a agroecologia, é nessa amálgama de saberes que se encontram as
bases para o desenvolvimento de sistemas agrícolas produtivos e sustentáveis.
O Brasil nasceu como nação agroexportadora. Na falta de ouro e prata
para custear a vasta colônia e fornir os cofres da Coroa, a cana-de-açúcar se
instalou como cultura soberana nos extensos domínios das sesmarias, empur-
rando, para as áreas menos privilegiadas em solo, clima e relevo, os cultivos
alimentares e os pequenos produtores. O mesmo modelo foi seguido pelo cacau
e café e, nos dias atuais, pelos novos ciclos de cana e café, e o cultivo de grãos
e algodão. A expansão da fronteira agrícola brasileira, nos últimos 500 anos,
foi marcada pela destruição dos ecossistemas originais e a exclusão dos produ-
tores familiares. Esse modelo de desenvolvimento do campo levou à formação
Uma política pública que apresenta o detalhamento das ações de mitigação e ada-
ptação às mudanças do clima para o setor agropecuário, e aponta de que forma o
Brasil pretende cumprir os compromissos assumidos de redução de emissão de gases
de efeito estufa neste setor. (BRASIL, 2012, p.13)
Sustentabilidade Ambiental
na Agricultura Familiar
Considerações Finais
Como afirmou Francisco de Assis Costa (Dadesa / NAEA-UFPA), “traje-
tórias tecnológicas são socialmente determinadas”. Podemos argumentar
que o vocábulo “socialmente”, nesse caso, adquire um leque de significados,
estando nele embutidos interesses econômicos e políticos, pressões externas
e internas, demandas de diferentes segmentos da sociedade e assim por
diante. A proposta tecnológica do Plano ABC é produto de todas essas facetas
do social e seus diferentes programas apresentam um interessante potencial
de minimizar ou mesmo reverter alguns dos impactos negativos da agricul-
tura, como a emissão de GEE.
Como acabamos de ver, boa parte dos estabelecimentos que podem ser
classificados de familiares apresentam, pela própria natureza da agricultura
familiar, ou por um esforço deliberado dos produtores, sistemas produtivos de
grande complexidade e diversidade biológica, sendo, portanto, pouco impa-
ctantes ao meio ambiente. Outros demandam a substituição das práticas atuais
por outras de baixa emissão de carbono. Esses sistemas apresentam grande
variação, mesmo dentro de um único bioma, acompanhando a diversidade de
formas da agricultura familiar.
Para uma aplicação efetiva do Plano ABC na agricultura familiar é pre-
ciso um conhecimento aprofundado dos diferentes sistemas produtivos da agri-
cultura familiar nos distintos biomas brasileiros, um serviço de Ater contínuo
e de boa qualidade, trabalhando em conjunto com produtores e pesquisadores,
e com a função de não apenas ser a ponte em um programa de transferência
de tecnologia, mas o facilitador de um processo de criação e irradiação de
tecnologias verdadeiramente sociais. Como bem colocaram Caporal e Costabeber
(2000), a agricultura é um processo de construção social e, portanto, são as
famílias rurais que devem assumir o papel de sujeitos ativos nos processos de
desenvolvimento socioeconômico e cultural de suas comunidades.
Mas igualmente importante, para o êxito de qualquer política voltada
para a agricultura familiar, é sanar suas dificuldades histórias como a dificuldade
referências
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1
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos,
Universidade Federal do Pará - UFPa.
A dimensão rural é fundamental para o tratamento das dinâmicas e das
perspectivas futuras do desenvolvimento da Amazônia, particularmente, no que
se refere aos temas cruciais da sustentabilidade e da inclusão social. A diversi-
dade estrutural marca profundamente essa realidade, definindo seus atributos
econômicos, ambientais e sociais. Algumas noções têm se mostrado particular-
mente férteis em explicitar de maneira profunda e abrangente que se requer tal
heterogeneidade.
Tem se mostrado eficaz a visão de que na base da dinâmica da economia
rural da Amazônia, existem estruturas produtivas em movimento, configurando
trajetórias que materializam na região grandes paradigmas tecnológicos (COSTA,
2008 e 2009). Uma trajetória tecnológica, nessa perspectiva, é um padrão
usual de atividades que resolvem, com base em princípios estabelecidos por um
paradigma tecnológico, os problemas produtivos e reprodutivos que confrontem
os processos decisórios de agentes concretos, especificamente, nas dimensões
econômica, institucional e social (DOSI, op. cit. 22-23).
A presença imediata da natureza como força produtiva faz a principal
diferença entre a produção rural e a indústria, tendo grande importância no tipo
de dinâmica tecnológica que o desenvolvimento da sociedade capitalista vem
produzindo nesses setores. Em nível global, domina um paradigma ou padrão
tecnológico que se afirma por conjuntos de soluções selecionadas pela efici-
ência demonstrada no controle da natureza para corresponder às necessidades
industriais e capitalistas. Tais soluções se sucedem compondo trajetórias tecno-
lógicas marcadas pelo uso intensivo da mecânica e da química, e pela formação
dos sistemas botânicos e biológicos homogêneos para isso necessários.
Tal paradigma global está presente na realidade amazônica no universo
da produção de bens, controlado pelos agentes produtivos, mediante seus crité-
rios próprios de decisão, e no universo da gestão das políticas públicas, onde
se destacam aquelas que condicionam a produção e difusão de conhecimento
científico e tecnológico.
Todavia, esse paradigma não está sozinho na configuração da realidade
rural da Amazônia. Há outras formas de utilização da base natural da região
que pressupõem a manutenção dos princípios sistêmicos da natureza origi-
nária e configuram por isso, um paradigma tecnológico – que tratamos como
“paradigma agroextrativista” -, porquanto perspectiva particular do uso social
dos recursos e de resolução dos problemas a isso afetos. As soluções daí deri-
vadas organizam trajetórias tecnológicas sobre as quais procuramos discernir.
Do Paradigma Agropecuário
Do Paradigma Agroextrativista
Características T1 T2 T3 T4 T5 T6 1995
Número de Estabelecimentos 171.292 130.593 109.405 27.831 4.444 3 443.568
Pecuária leiteira 39% 6% 19% 32% 4% 0% 100%
Pessoal ocupado (TrbEq) 38,6% 26,8% 23,3% 9,6% 1,6% 0,1% 1.873.234 (100%)
Disponibilidade
Área total (Ha) 16,7% 5,4% 12,2% 59,7% 3,8% 2,2% 55.774.533 (100%)
de Fatores
Área de agropecuária (Ha) 12,7% 2,6% 12,3% 69,1% 2,8% 0,5% 26.611.920 (100%)
Por trabalhador (R$/TrbEq) 3.524,15 3.040,91 3.672,48 13.584,86 13.339,13 68.110,98 3.524,15
Por área de agropecuária (R$/Ha) 273,12 507,65 234,99 73,70 185,57 130,51 273,12
Relação Terra/Trabalhador
(Ha/TrbEq) 12,90 5,99 15,63 184,31 71,88 521,89 29,77
Plantio de permanentes (R$ 1.000) 49% 16% 11% 18% 6% 0% 52.792 (100%)
Taxa de Investimento
7% 3% 7% 36% 19% 8% 12%
(% da Renda Líquida)
1 Financiada pelo DeutscheEntwicklungsDienst (DED), a pesquisa foi realizada pelo GPDadesaNAEA com a cooperação
da Fase e apoio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri). O intuito imediato do trabalho era
subsidiar a avaliação do FNO Especial, cujos resultados foram publicados em Costa e Tura (2000) e Costa (2000).
O Banco de Dados resultante encontra-se disponível no GPDadesaNAEA. Deutschen Gesellschaft für Internationale
Zusammenarbeit (GIZ).
60 %
50 %
40 %
30 %
20 %
10 %
0%
-10 %
Pimenta do Reino
Farinha
Açai
Porco
Manga
Peixe
Galinha
Madeira
Tapioca
Pato
Arroz
Cacau
Palmito
Camarão
Ribeirinho
Milho
Banana
Cupuaçu
Outros
5.000.000.000
fonte :
Dados do IBGE. 0
Modelagem e
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
processamento do autor.
LEGENDA
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
15%
10%
5%
0%
Cametá
Tomé-Açu
Furos de Breves
Portel
Rio Negro
Coari
Alto Solimões
Castanhal
Bragantina
Belém
Arari
Macapá
Madeira
Tucuruí
Salgado
Tefé
Boa Vista
Rio Branco
Juruá
Brasiléia
Guamá
Paragominas
Colorado do Oeste
Araguaína
Parintins
Japurá
Santarém
Itaituba
Porto Velho
Almeirim
Vilhena
Parauapebas
Porto Nacional
Bico do Papagaio
Guajará-Mirim
Alvorada do Oeste
Gurupi
Rio Preto da Eva
Mazagão
Ariquemes
Outros
15 %
10 %
5%
0%
Purus
Cametá
Rio Negro
Tefé
Oiapoque
Alto Solimões
Rio Preto da Eva
Jalapão
Madeira
Manaus
Amapá
Salgado
Japurá
Itacoatiara
Porto Nacional
Mazagão
Cruzeiro do Sul
São Félix do Xingu
Sena Madureira
Paragominas
Coari
Dianópolis
Juruá
Tucuruí
Miracema do Tocantins
Porto Velho
Tarauacá
Sudeste de Roraima
Guajará-Mirim
Bico do Papagaio
Tomé-Açú
Arari
Furos de Breves
Brasiléia
Macapá
Parintins
Gurupi
Castanhal
Marabá
Itaituba
Rio Formoso
Vilhena
Santarém
Boa Vista
Parauapebas
Nordeste de Roraima
Almeirim
Guamá
fonte : Dados do IBGE. Modelagem e processamento do autor.
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
Portel
Ariquemes
Araguaína
Alvorada do Oeste
Conceição do Araguaia
Bragantina
Colorado do Oeste
Rio Branco
Cacoal
Belém
Boca do Acre
Redenção
Ji-Paraná
Óbidos
Caracaraí
7
9% 7,6%
71,
7 1 ,6
67% %
67,8%
6 3,5%
66,5% 6
6% % 6 4,6% 66,7% 65,6%
,6 64
,1%
60,2% 56
%
57,6% 58
,7
%
52
%
42% 42
47
4 0% 43
%
% %
36
3 6% 3 4% 3 5% 34%
34% 32% 33%
3 3%
28%
LEGENDA 28%
22%
Trajetória T2: Agroflorestal
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
N
FI GUR A 3.1
LEGENDA Distribuição
W E
Boa Vista espacial dos
Percentuais S
estabelecimentos
0% Macapá da T2, em 2006.
Belém
6.15 a 24.90%
25.13 a 49.51%
50.22 a 98.12%
Manaus
Palmas fonte :
Porto Velho
Rio Branco Dados do IBGE.
Modelagem e
0 190 380 760 1.140 1.520 processamento
Km
do autor.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Japurá
Cametá
Rio Negro
Coari
Arari
Salgado
Tomé-Açú
Tefé
Portel
Belém
Furos de Breves
Amapá
Alto Solimões
Madeira
Macapá
Oiapoque
Boa Vista
Mazagão
Castanhal
Bragantina
Tucuruí
Rio Preto da Eva
Juruá
Sena Madureira
Guajará-Mirim
Itaituba
Tarauacá
Purus
Tucuruí
Jalapão
Almeirim
Parintins
Porto Nacional
Colorado do Oeste
Vilhena
Guamá
Nordeste de Roraima
Boca do Acre
Santarém
Bico do Papagaio
Caracaraí
Outros
fonte : Dados do IBGE. Modelagem e processamento do autor.
Performance Distributiva
3.173,24
2.595,99
2.409,12
2.387,58
2.197,52
2.187,00
2.029,26
1.883,84
2.441,71
2.136,98
2.040,68
2.008,51
1.630,13
2.021,33
1.940,91
1.461,17
1.342,28
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
fonte : Dados do IBGE. Modelagem e processamento do autor.
800 LEGENDA
R$ 725,57
700
Renda Per Capita 1995
600
Renda Per Capita 2006
500
R$ de 2009
400
R$ 380,89
300 R$ 273,84
200 R$ 180,46
R$ 137,54
100 R$ 60,28
R$ 138,43
R$ 46,01
0
Acima da Média Remediado Sob Risco Média
fonte : Dados do IBGE. Censo Agropecuário 1995 e 2006. Tabulações especiais do autor.
70.000 65.524
51.280
60.000
49.361
50.000
40.000
31.987
30.000
20.000
Acima da Média
Remediado
Sob Risco
LEGENDA
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1
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Acre.
2
Boston University.
O Brasil está em processo de transição para se tornar uma nação desen-
volvida. A taxa de crescimento econômico e a melhoria do bem-estar social de-
penderão, em grande parte, da capacidade e criatividade brasileira para utilizar
de forma vantajosa o bônus demográfico que experimentará nas próximas duas
décadas (VASCONCELOS & GOMES, 2012; ALVES et al., 2013), suas formidáveis
reservas de recursos minerais (BLOOMBERG, 2012; BRASIL, 2012b) e, particu-
larmente, seus estoques de recursos naturais renováveis (biodiversidade, solo,
água e energia solar) (BOUND, 2008). Entre outros fatores, o desenvolvimento
de um sistema efetivo de inovação e acesso ao conhecimento é essencial para
maximizar os benefícios econômicos e sociais sem degradar a base de recursos
naturais renováveis. Caso tenha sucesso, o Brasil será capaz de conciliar a pro-
moção do bem-estar desta e das futuras gerações com a conservação ambiental.
O desafio do desenvolvimento sustentável é particularmente relevante
no contexto do bioma Amazônia que contém 40% das florestas tropicais rema-
nescentes e é uma das principais fontes de segurança alimentar e de renda para
produtores familiares e de matérias-primas para o setor industrial. A Amazônia
provê serviços ambientais vitais para a população local e global, tais como a
manutenção de estoques de carbono entre 83-116 bilhões de toneladas na bio-
massa florestal (MALHI et al., 2006; SAATCHI et al., 2007), manutenção da
biodiversidade, dos ciclos hidrológicos e regulação do clima (LAURENCE et al.,
2001). O rio Amazonas flui por mais de 6.600 Km e responde por 15-20% do
fluxo global de água dos rios para os oceanos (SALATI & VOSE, 1984). O bioma
Amazônia contém 56% da população indígena do Brasil (Ipea, 2008), mantendo
uma vasta diversidade étnica e cultural (HECKENBERGER et al., 2007; DAVIDSON
et al., 2012). Entretanto, uma população crescente (IBGE, 2013a) e a expansão
da agropecuária comercial movida pela demanda do mercado nacional e inter-
nacional contribuiu para acelerar o processo de desmatamento nos últimos
40 anos (DEFRIES, 2010; INPE, 2013), estabelecendo um processo de desen-
volvimento insustentável na Amazônia brasileira. A questão é como conciliar
a melhoria do bem-estar de centenas de milhares de produtores familiares de
baixa renda por meio de sistemas de produção agropecuários, agroflorestais e
florestais de baixo carbono com a conservação do bioma Amazônia. Produtores
familiares, segundo a Lei Federal 11.326/2006 são definidos de acordo com o ta-
manho da propriedade, o uso predominante da mão-de-obra familiar e a propor-
ção da renda proveniente da propriedade (BRASIL, 2006). Como consequência,
a categoria de produtor familiar inclui muitos subgrupos sociais diferentes, tais
Produção Agropecuária
e Florestal Familiar na Amazônia
Oportunidades para a
Agricultura Familiar
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Luciano Mattos1
1
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Embrapa Cerrados.
Contextualização sobre
a Agricultura Familiar
A Lei da Agricultura Familiar (no 11.326/2006) é de extrema relevância,
pois define critérios de enquadramento da categoria produtiva em políticas
públicas e estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da
Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Ainda que o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) tenha sido criado
em 1994 e definido critérios de enquadramento da agricultura familiar em finan-
ciamento rural antes da aprovação da lei supracitada, a última não somente
reconhece a existência da categoria produtiva, mas também a inclui em outras
políticas públicas, indo além do crédito rural.
Já o caderno temático “Agricultura Familiar: Primeiros Resultados”, que
compõe o Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2009) e utiliza os critérios definidos
na Lei da Agricultura Familiar, traz uma análise diferenciada da categoria
produtiva e realça sua importância econômica na produção de alimentos, no
abastecimento do mercado consumidor doméstico e na geração de emprego e
renda no meio rural brasileiro. O documento oficial identifica 4.367.902 esta-
belecimentos rurais de agricultura familiar, o que representa 80,25 milhões
de hectares, 84,4% do número e 24,3% da área dos estabelecimentos rurais
brasileiros.
Com menos de um quarto das terras, a agricultura familiar brasileira
participa com 87% da produção de mandioca, 70% do feijão, 67% do leite de
cabra, 59% da de carne suína, 58% do leite de vaca, 50% da carne de aves,
46% do milho (fonte de alimentação animal), 38% do café, 34% do arroz e
30% da carne bovina. Seu montante de produção garante em torno de 70% de
participação da agricultura familiar no abastecimento do mercado consumidor
doméstico de alimentos. Outro dado ilustrativo da importância estratégica
da categoria produtiva remete-se à sua participação na geração de empregos
no campo, pois entre os 16,5 milhões de pessoas empregadas, a agricultura
familiar participa com 12,3 milhões (74,4% das ocupações de trabalho, com
apenas 24,3% da área), com média de 2,6 pessoas com mais de 14 anos por
estabelecimento rural.
De modo geral, enquanto o setor primário gira em torno de 9% do Pro-
duto Interno Bruto (PIB) do país, o agronegócio, que encampa o setor primário,
o setor industrial de insumos a seu montante e os complexos agroindustriais
Metodologia de Pesquisa
Considerações Finais
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Rafael Tonucci1
1
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Embrapa Caprinos e Ovinos.
O aquecimento da atmosfera que está ocorrendo de forma antrópica tem
levado às alterações climáticas (IPCC, 2007). Nas últimas décadas, tem sido
observado aumento na frequência e intensidade das secas, inundações, fura-
cões, ciclones e outros fenômenos climáticos. Essa nova realidade climática
pode afetar negativamente a agricultura e outras atividades econômicas. No
caso da agricultura, especificamente, muitas tecnologias sustentáveis podem
ser adotadas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e, em
contrapartida, promover a retenção de carbono na biomassa e no solo (CORDEIRO
et al., 2011).
Juntas, a agricultura e a pecuária, respondem por mais de dois terços
das emissões brutas brasileiras (Comunicado Nacional, 2004). A expansão cons-
tante da área necessária para a agricultura e pastagem exigiu a conversão de
florestas nativas, fazendo da mudança do uso da terra a principal fonte de
emissão de GEE no Brasil (GOUVELLO, 2010).
As interações que ocorrem entre a sociedade e os ecossistemas devem
ser avaliadas de forma a contemplar o uso múltiplo dos recursos florestais na
estabilidade dos ecossistemas e das estruturas sociais, especialmente em re-
giões florestais e assentamentos humanos (COSTA et al., 2002). Deve-se sempre
buscar um ponto de equilíbrio entre a demanda de uso e a necessidade de se
conservar o ecossistema.
A agricultura familiar é a chave de paisagens produtivas sustentáveis e
multifuncionais com escala regional. A produção familiar policultural e agroeco-
lógica, em áreas naturais ou em recuperação, integra as funções ecossistêmicas,
mesmo que de forma parcial, mas em uma escala que permite a manutenção dos
ciclos biogeoquímicos.
Mudança de uso
1.329.053 60,6% 1.279.501 68,1%
da terra e florestas
Tratamento de
resíduos 41.048 1,9% 12.596 0,7%
1 GWP (Global Warming Potential) Potencial de Aquecimento Global – é um índice que permite comparar o forçamento
radiativo de uma unidade de emissão de diferentes gases de efeito estufa em um determinado período de tempo,
permitindo uma análise comparativa do potencial de mudança do clima associado a esses gases (IPCC, 2007).
2 GTP (Global Temperature Potential) Potencial de Temperatura Global – é um índice que permite comparar as emissões
dos gases de efeito estufa por meio de suas contribuições para a mudança na temperatura média na superfície
terrestre em um dado horizonte de tempo futuro e reflete melhor a real contribuição dos diferentes gases de efeito
estufa para a mudança do clima (MAPA, 2012).
Estoque de COS Mg ha
em 1 m de Profunfidade
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Cerradão Pastagem SAF (15 anos) SAF (4 anos)
Sistema de
uso da terra
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1
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Universidade de São Paulo.
2
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Universidade de São Paulo.
3
Centro Universitário de Araraquara –
UNIARA.
Inicialmente, seria adequado se perguntar: de qual agricultura familiar
está se falando quando a proposta é vislumbrar caminhos para o seu desenvol-
vimento com uma produção de baixo carbono em bases ecológicas. As estatís-
ticas oficiais acerca da agricultura familiar no Brasil são um tanto complexas
para sua interpretação e um tanto desencontradas, tanto com relação às muitas
categorias e seus respectivos tamanhos, assim como quanto à sua especificação
em termos de tipo e sistema de produção.
Nos, aproximadamente, 4,5 milhões de propriedades que o Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006) categoriza como de agricultura
familiar, pergunta-se que percentual, por exemplo, usa tecnologia agroecológica
ou similar, e quantos usam a tecnologia do agronegócio, utilizando aqui as for-
mas mais comuns como elas são conhecidas? Também poderia se questionar em
qual segmento dessa agricultura familiar se quer induzir ou promover a produção
agroecológica de baixo carbono, levando-se em conta as particularidades territo-
riais e as especificidades de cada bioma. Portanto, deveria saber adequadamente
quem é o nosso público alvo, para então discutir como trilhar esse caminho.
Para que essas políticas sejam propostas e implementadas é sempre bom
perguntar, como já foi muito repisado em Galjart (1979): o agricultor fami-
liar sabe? Além disso, ele pode? E, finalmente, ele quer? Sempre se considera,
inicialmente, que os produtores não sabem nada de técnica de campo e de
economia, e que basta se repassar esses conhecimentos “científicos” para que
se resolvam os problemas do desenvolvimento do meio rural, inclusive o susten-
tável, principalmente para o segmento familiar. O conhecimento científico vem
buscando novos saberes voltados para esses recentes desafios, querendo nessas
últimas décadas, que também seja incorporado a ele o componente socioambi-
ental (KAGEYAMA e GANDARA, 2008).
A dicotomia entre a produção de alimento básico e a de commodities,
acoplada à diferenciação entre os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento e do Desenvolvimento Agrário, tanto em políticas públicas como
em prioridade de atendimento e crédito, mostra o tamanho do problema a ser
discutido e a dificuldade de se propor soluções para o país.
Nossa experiência na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(ESALQ/USP) em pesquisa e extensão no tema de sistemas de produção biodi-
versos, com agricultores familiares organizados, em cooperação com o Movimento
dos Sem Terras (MST), no Pontal do Paranapanema, no Vale do Ribeira (São
Paulo) e no Extremo Sul da Bahia, nas últimas décadas, tem nos ensinado muito,
Oportunidades
Considerações Finais
No bioma Mata Atlântica, onde cerca de 80-90% das áreas já foram des-
matadas, a maior parte delas já sofreram grandes impactos e se encontram em
graus diferentes de degradação, dificultando a sua inteira recuperação, sendo
um grande desafio a proposição de caminhos para a produção de baixo carbono
e de bases ecológicas, principalmente para a agricultura familiar sem recursos.
A descomunal diferença entre os números de propriedades e as áreas totais
entre a agricultura patronal (agronegócio) e a agricultura familiar, associada
referências
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Giovanne Xenofonte1
1
Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições
Não-Governamentais Alternativas – ONG CAATINGA.
O Semiárido brasileiro é o mais populoso do planeta e de acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nessa área geográfica
residem 22 milhões de pessoas que representam 11,8% da população brasileira.
Essa região tem a maior parte do seu território coberto pela Caatinga, único
bioma exclusivamente brasileiro, rico em espécies endêmicas e que apesar da
exclusividade é proporcionalmente, a grande região natural menos estudada no
país onde a maioria das pesquisas científicas restringe-se a poucas áreas, em
geral, próximas às principais cidades. Além de ser pouco estudada, é também
a região menos protegida com menos de 2% de seu território em unidades de
conservação. A composição florística da Caatinga não é uniforme em toda a
sua extensão e apresenta grande variedade de paisagens, de espécies animal
e vegetal, nativas e adaptadas, com alto potencial e que garantem a sobrevi-
vência das famílias agricultoras da região.
Diferente da Mata Atlântica, do Cerrado e, ultimamente, da Amazônia,
em que o principal vetor do desmatamento foi a expansão agrícola baseada na
produção de commodities para exportação através de extensas monoculturas e
da pecuária, a causa central da destruição da Caatinga é a retirada de lenha
originária do corte da vegetação nativa. A lenha é a principal fonte de energia
que alimenta diversas indústrias de pequeno e médio porte, e a matriz ener-
gética de milhares de famílias de pequenos agricultores. O corte sistemático
da vegetação, sem respeitar critérios mínimos de manejo que permitiriam a
reconstituição ambiental, provoca processos de erosão do solo e diminuição da
capacidade de retenção de água no sistema e a continuidade desse processo
resulta em desertificação dessas áreas.
O grande conhecimento sobre o bioma acumulado pelas famílias agricul-
toras, ao longo dos anos, reúne um acervo riquíssimo sobre fauna e flora. Como a
passagem desse conhecimento através das gerações ocorre principalmente pela
via oral, há uma grande perda pois não tem sido fácil concorrer com o mundo
de informações levado pelos meios de comunicação mais modernos. O termo
“baixa emissão de carbono” pode ser novo para a maioria dessas famílias mas
elas sabem e observaram, nesses três últimos anos de seca, que, quem manteve
a vegetação da Caatinga em pé, conseguiu atravessar o período com menos
sofrimento. Isso porque a Caatinga foi uma das principais fontes de alimentos
para os animais: plantas como o mandacaru (Cereus jamacaru) e a macambira
(Bromélia laciniosa) permanecem vivas e produtivas, matando a fome de caprinos,
ovinos e bovinos.
Peso Carbono
SAF Idade Tipo Proprietário/Local
(Mg.ha-1) (Mg.ha-1)
Adaptações Climáticas
fonte :
Caatinga ONG
e Elka Macedo.
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Stéphanie Nasuti1
Diego Lindoso2
1
Centro de Desenvolvimento Sustentável,
Universidade de Brasília – UnB.
2
Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais –
Rede Clima.
O Semiárido nordestino é caracterizado por uma sazonalidade climática
marcante, na qual a chuva se concentra em poucos meses do ano, seguida de
um longo período de estiagem que pode durar até oito meses. Periodicamente,
é assolado por secas extremas, algumas delas muito severas, trazendo impactos
substanciais aos sistemas rurais, como perda de animais e lavouras.
A despeito das secas severas e condições adversas, o modelo tradicional
de agricultura desenvolveu-se ao longo de 400 anos. As populações rurais agre-
garam conhecimento indígena com práticas europeias e africanas, aprimorando
tecnologias e técnicas, criando uma identidade cultural e um modelo agrope-
cuário tradicional único, adaptado para a realidade do Semiárido. Todavia, esse
segmento da população brasileira apresenta uma alta vulnerabilidade à varia-
bilidade climática e aos eventos extremos. Em um contexto em que, segundo
as próprias declarações dos produtores, “o tempo se torna imprevisível”, como
pensar estratégias para melhorar a capacidade de adaptação do produtor rural?
Quais recomendações podem ser formuladas diante de um cenário político que
valoriza a produção agrícola de baixa emissão de carbono?
Tentaremos alimentar essa reflexão a partir de pesquisas realizadas entre
2011 e 2013 nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí
e Ceará (Figura 9.1), onde 1.140 produtores rurais familiares foram entrevis-
tados pelos pesquisadores da sub-rede Mudanças Climáticas e Desenvolvimento
Regional.1
1
Pesquisas realizadas no âmbito do projeto Mudanças Climáticas, Produção e Sustentabilidade: vulnerabilidade e
adaptação em territórios do semiárido, que faz parte dos trabalhos desenvolvidos pela sub-rede Mudanças Climáticas
e Desenvolvimento Regional (MCDR), coordenada pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de
Brasília (CDS/UnB), integrante da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais - Rede Clima (MCT/
Inpe). Estas pesquisas foram realizadas em parceria com a Universidade Federal do Cariri (UFC Cariri), a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a Universidade Estadual
do Piauí (Uespi) e a Universidade Aberto do Piauí (Uapi).
Chapada do Araripe
CEARÁ
250 q Seridó Potiguar
RIO GRANDE DO NORTE
255 q
Gilbués
PIAUÍ
386 q
Juazeiro
BAHIA
249 q
LEGENDA
1. 2. 3. 4.
Limites Questionário aplicados Áreas suscetíveis Incidência
Administrativos por município à desertificação de seca
46
Estados Áreas semiáridas 0 a 20% 61 a 80%
55
Região Nordeste 65 Zonas secas subúmidas 21 a 40% 81 a 100%
84 Áreas de entorno 41 a 60%
100
Chapada
Estudo de caso Gilbués / PI Seridó / RN Juazeiro / BA Araripe / CE
Atividade pecuária
Recebe pelo menos 1 Bolsa Família (%) 60,3 45,6 53,2 66,6
Recebe pelo menos 1 aposentadoria (%) 34 43,6 41,6 38,2
Chapada
Gilbués / PI Seridó / RN Juazeiro / BA
Araripe / CE
Excesso de chuva/tempestades/
1,40% 37,60% 16,40% —
inundação
2
Neste contexto, vulnerabilidade está relacionada à susceptibilidade de ser afetado por um distúrbio (sensibilidade) e
à habilidade de lidar com os impactos (capacidade adaptativa) (SMIT et al., 2001).
Silagem/ Silagem/
armazenamento armazenamento
de alimentos Previsão do tempo de alimentos
Estratégias Armazenamento
antecipadas a partir dos de gêneros
Plantio de culturas sinais naturais Plantio de culturas
alternativas alternativas
(palma, capim, cana) (palma, capim, cana)
Compra de gêneros
Ração caseira
(mandacaru, milho Adubo Venda de gado
maniva, etc.) Adaptação
Estratégias do calendário agrícola Diversificação das
reativas Ração comprada (aos sinais, eventos atividades
climáticos)
Migração do gado, Sombreamento Migração definitiva/
aluguel de pastagens sazonal (cidade/campo)
Considerações Finais
referências
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1
Centro de Pesquisa de Limnologia, Biodiversidade e Etnobiologia
do Pantanal, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.
2
Centro de Desenvolvimento Sustentável,
Universidade de Brasilia – UnB.
3
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro –
UFRRJ.
4
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
Embrapa Sede.
5
Centro de Pesquisa de Limnologia, Biodiversidade e Etnobiologia
do Pantanal, Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.
A Declaração do Milênio enfoca as pressões socioambientais impos-
tas aos diferentes biomas do mundo, particularmente os potenciais impactos
das mudanças climáticas globais sobre esses biomas. As últimas descobertas
científicas indicam que o aumento da concentração de gases de efeito estufa
emitidos por fontes antropogênicas está alterando significativamente o equi-
líbrio do sistema climático (FOSTER et al., 2007). Vários autores têm relatado
e discutido os impactos das mudanças climáticas globais associadas a esses
biomas (ALVERSON et al., 2003; CRAMER et al., 2004; DAVIS et al., 2003). A
alteração da concentração de gases de efeito estufa (GEE) poderá desenca-
dear um aumento da temperatura média no planeta em até 5,8°C nos próximos
100 anos (IPCC, 2007; PINTO & ASSAD, 2008; ESCOBAR, 2008). Estima-se que,
das emissões totais, a agricultura contribui com aproximadamente 20% da
emissão antrópica de GEE, sendo que pode atuar como fonte ou dreno de GEE
(JOHNSON et al., 2005).
Três dos principais gases de efeito estufa são dióxido de carbono (CO2),
óxido nitroso (N2O) e metano (CH4), sendo que seus fluxos nos agroecossistemas
são dependentes do manejo e das práticas agrícolas adotadas. No Brasil, a
contribuição da agricultura às emissões de GEE é estimada em 75% das emissões
de CO2, 91% das emissões de CH4 e 94% das emissões de N2O (ESCOBAR, 2008;
CERRI & CERRI, 2007; CERRI et al., 2004).
Em 2009, durante a 15a Conferência das Partes (COP), realizada em
Copenhague, na Dinamarca, foi iniciada uma nova fase de negociações interna-
cionais sobre mudanças climáticas globais. Por meio da Lei n° 12.187, de 29 de
dezembro desse ano, foi instituída no Brasil a Política Nacional sobre Mudança do
Clima, onde foi estabelecido o compromisso de reduzir as emissões de gases de
efeito estufa entre 36,1% e 38,9% das emissões projetadas até 2020 (CNA, 2012).
Nesse sentido, o país submeteu em nível internacional, no Acordo de Copenhague
em 2009, uma lista de ações nacionais de mitigação, denominadas Namas (sigla
em inglês para “Ações de Mitigação Nacionalmente Apropriadas”). O Brasil se
comprometeu a implementar essas ações de maneira voluntária e de acordo com
os princípios e provisões estabelecidos pela Convenção sobre Mudança do Clima,
com a adoção de Planos de Ação Setoriais (CERRI et al., 2010).
Os Planos de Ação Setoriais ligados ao uso da terra foram divididos nas
seguintes categorias: Mudanças de Uso da Terra (desmatamento na Amazônia e
no Cerrado), Agropecuária, Energia e Outros (substituição de biomassa oriunda
de floresta nativa por florestas plantadas na siderurgia).
Contexto
O Estado de Mato Grosso possui uma área de 903.357,91 Km2, equiva-
lente a 90.335.791 hectares, sendo que 47.805.514 hectares são utilizados por
propriedades agropecuárias, o que corresponde a 52,92% do território mato-
grossense. Segundo o Censo agropecuário 2006 (IBGE, 2006) essa área é ocu-
pada por 86.167 estabelecimentos de agricultura familiar (AF), que ocupam
4.884.212 ha, e por 26.811 estabelecimentos não familiares distribuídos em
um espaço de 42.921.302 ha. Vale lembrar que a Lei nº 11.326, de 24 de julho
de 2006, define como agricultor familiar o empreendedor familiar rural que
detenha até quatro módulos fiscais; utilize predominantemente mão-de-obra
da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento; tenha
percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu
estabelecimento; e dirija seu estabelecimento com sua família. Esses critérios
implicam que a maior parte do território mato-grossense é ocupada por proprie-
dades consideradas não familiares, utilizadas principalmente para a produção
de commodities agrícolas como a soja, milho, algodão e também a carne bovina.
O Pantanal, maior área alagável de água-doce do mundo é um dos três
biomas que compõem o Estado de Mato Grosso (os outros são Cerrado e Amazô-
nia), é uma planície periodicamente inundada alimentada pelos afluentes do
rio Paraguai. O Pantanal como um todo apresenta uma extensão de 140.000
km2, onde 80% estão no território brasileiro. As terras inundáveis desse bioma
estão localizadas na bacia do alto rio Paraguai e se estendem além da fron-
teira brasileira com a Bolívia e o Paraguai. A diversidade biológica e cultural do
Pantanal contribuiu para seu reconhecimento como Área Úmida de Importância
Internacional pela V Convenção Ramsar, em 1993, indicando como Sítio Ramsar
o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e a Reserva Particular do Patri-
mônio Natural do Sesc Pantanal; como Patrimônio Natural da Humanidade, em
24 de maio de 1993; e como Reserva da Biosfera, pela Unesco, em 2000, propi-
ciando oportunidades para o estabelecimento de estratégicas de conservação
dos recursos hídricos, da biodiversidade e dos modos de vida dos pantaneiros,
FI GUR A 10.1
Emissões líquidas
de CO2 (toneladas)
por setor nos
Assentamentos de
Reforma Agrária
localizados na
região Norte do
bioma Pantanal.
W E
0 100 200
fonte : Km
Segunda
LEGENDA
Comunicação
Emissões líquidas de CO2
Oficial do Brasil
(Funcate, 2010). Mato Grosso – -304.412,28 149.579,83 - 349.016,55 752.780,41 - 168.986,38
Análise: Mato Grosso do Sul
0,1 - 149.579,82 349.016,55 - 752.780,41
Pedro Nogueira.
1
Mais detalhes da metodologia pode ser encontrado em: http://www.mct.gov.br/upd_blob/0215/215038.pdf.
FI GUR A 10.2
Emissões líquidas
de CO2 nos
Assentamentos de
Reforma Agrária
localizados na
região norte do
bioma Pantanal.
W E
S
0 100 200
Km
fonte :
LEGENDA
Emissões líquidas de CO2 Segunda Comunicação
Oficial do Brasil
Mato Grosso -304.412,28 - 0 22.692,19 - 97.394,79 377.935,75 - 1.096.803,42 (Funcate, 2010).
Análise:
Assentamento Pantanal MT 0,1 - 22.692,19 97.394,79 - 377.935,75
Pedro Nogueira.
Corixo Cáceres 18 0 18
Jatobá Cáceres 30 0 30
Laranjeira II Cáceres 57 0 57
Agroana/Girau Poconé 70 0 70
Poconé
João Ponce de Arruda 745 0 745
Nossa Sra. do Livramento
(FBN);
2
http://cloud.cnpgc.embrapa.br/bpa/
Considerações Finais
referências
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CARDOSO, E. L.. (Org.). 500 perguntas, 500 respostas- Gado de corte no Pantanal. 2ed.Brasilia:
Embrapa-SDT, 2012, v. 01, p. 257-72.
SIMONI, J., et al. Instituições e políticas públicas em territórios da Amazônia: desafios para a
capacidade adaptativa e redução de vulnerabilidades. Novos Cadernos do NAEA. Vol. 16, n.
2, 2013, p. 45-66.
TNC – The Nature Conservancy. Protegendo a maior planície alagável do mundo, 2014. Disponivel em:
<http://portugues.tnc.org/tnc-no-mundo/americas/brasil/onde-trabalhamos/pantanal/
index.htm> Acesso em: 2 Fev. 2014.
Osvaldo Stella1
Paulo Moutinho2
Cassio Pereira3
Lucimar Souza4
Rosana Costa5
Alcilene Cardoso6
Antônio José Bentes7
Erika Pinto8
Mauro Soave Jr.9
1 ao 9
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM.
Vários estudos científicos mostram a importância das terras indígenas
e das unidades de conservação como barreiras ao desmatamento na Amazônia
(FERREIRA, et al., 2005, SOARES-FILHO, B.; et al., 2010). Assim como as terras
indígenas e as unidades de conservação, os assentamentos de reforma agrária
podem contribuir como barreiras ao avanço do desmatamento na região. Para
tanto, os assentamentos devem se consolidar como áreas geradoras de riqueza
e serviços ambientais.
Desde 1995, o IPAM vem desenvolvendo uma abordagem capaz de con-
ciliar o aumento da produção agrícola com a redução do desmatamento e
consequente redução das emissões de gases de efeito estufa na Amazônia.
Nesse universo, a agricultura familiar é um elemento-chave para a promoção de
um novo modelo de desenvolvimento amazônico. O trabalho com agricultores
familiares está focado na premissa do fortalecimento da cogestão e de diver-
sificar e intensificar a produção nas áreas já desmatadas e valorizar o uso
da floresta em pé como estratégia de desenvolvimento. É uma concepção de
sistema integrado, que inclui a cogestão como um elemento da estratégia e
está diretamente ligada à diversidade de produtos produzidos pela agricultura
familiar e não descarta a organização social dos produtores familiares como um
elemento que também determina o grau de eficiência da gestão da produção.
Essa característica é que possibilita maior segurança alimentar à família
e maximiza a produção sob as condições que elas se estabelecem na Amazônia.
Assim, todas as iniciativas para melhorar o sistema produtivo devem ter em
vista a análise dos fluxos de mão de obra, de insumos, as condições de mercado,
as visões dos agricultores e suas organizações sociais. Nelas, abordagens sim-
ples como o manejo adequado do fogo, por exemplo, são fundamentais, pois,
até hoje, a utilização de queimadas como prática de preparação para o cultivo
do solo é amplamente utilizada, principalmente pelos agricultores familiares
que não têm acesso a financiamentos e assistência técnica.
A adoção de práticas na condução das queimadas para o preparo dos
lotes tem sido uma estratégia de sucesso que permitiu uma redução drástica
nos eventos de fogo acidental na região. Essa experiência associada à implan-
tação de sistemas integrados já foi testada por vários agricultores, conseguindo
resultados importantes, porém, para se consolide e se aperfeiçoe necessita de
assistência técnica diferenciada, crédito adequado e organização social forte
atuando na governança local.
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Evitado
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P a g a m e n to
fonte : IPAM.
2.
Gestão Compartilhada
ou Cogestão
3.
Transição do
Sistema Produtivo
4.
Beneficiamento e
Comercialização de Produtos
5.
Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA):
6.
Monitoramento e
Indicadores de Sustentabilidade
7.
Disseminação
das Informações
Onde Estamos?
Eixo Transição
dos Sistemas Produtivos
Eixo Beneficiamento
e Comercialização de Produtos
Eixo Pagamento
pelo Desmatamento Evitado
As principais metas desse eixo eram a construção de um sistema de
pagamentos por serviços ambientais e o pagamento a 350 famílias. Atualmente,
o projeto já consolidou esse sistema e efetua trimestralmente o repasse de
recursos às famílias. Os critérios para estabelecimento do valor são a cobertura
florestal, a transição produtiva e a preservação ou recuperação da reserva legal
e áreas de preservação permanentes nos lotes.
Eixo Monitoramento
dos Indicadores de Sustentabilidade
Eixo Disseminação
das Informações
Esse eixo tem como principal objetivo criar uma rede de informações
entre assentamentos, propiciando a troca de informações e experiências entre
assentados de reforma agrária. Para isso, o projeto tem promovido eventos
como seminários, dias de campo e intercâmbios entre agricultores.
existe atualmente uma discussão acadêmica entre duas abordagens distintas para
conciliar a produção de alimentos e a preservação ambiental, o land-sparing agricul-
ture e land-sharing agriculture. O primeiro modelo propõe concentrar produção e pro-
teção em zonas separadas (foco em riqueza de espécies e conservação em áreas
protegidas), enquanto o segundo propõe favorecer a biodiversidade incorporada em
sistemas agrícolas (foco em serviços ecossistêmicos).
referências
ARIMA, E.; SIMMONS, C.; WALKER, R. & COCHRANE, M. Fire in the Brazilian Amazon: A Spatially
Explicit Model for PolicyXPL Impact Analysis. Journal of Regional Science, 47(3): 541-567, 2007.
FERREIRA L. V.; VENTICINQUE E.; ALMEIDA S.. 2005. O desmatamento na Amazônia e a importância
das áreas protegidas. Estudos Avançados. vol.19 no.53 São Paulo Jan./Abr. 2005.
MERRY, F., et al. Role of Brazilian Amazon protected areas in climate change mitigation. PNAS, 2010.
SOARES-FILHO, B., etc al. Role of Brazilian Amazon protected areas in climate change mitigation. 2010.
hhh Não se pode generalizar que todo produtor AF produz alimentos, que
usa práticas de baixa emissão, ou que usa poucos agroquímicos.
Produção e Produtividade
hhh Coordenar e capacitar diferentes atores que fazem este tipo de tra-
balho (agentes de Ater, ONGs, cooperativas, universidades, etc.) –
especialmente na Amazônia.
Políticas Públicas
Políticas de Fomento
Educação em Geral
Cassio Pereira
Diego Lindoso
209
Eduardo Delgado Assad
Erika Pinto
Giovanne Xenofonte
Jane Simoni
Sobre os Autores
211
Pantanal e Amazônia. Tem estudos desenvolvidos com percepções de mudanças
climáticas de comunidades tradicionais, agricultura familiar e gestores, traba-
lhou com avaliação de políticas públicas para a redução de vulnerabilidades,
adaptação e resiliência.
Joari Arruda
Luciano Mattos
Oriowaldo Queda
Osvaldo Stella
Sobre os Autores
213
do reflorestamento de espécies nativas ao longo de comunidades ribeirinhas.
Até o presente, essa iniciativa promoveu o plantio de mais de 800.000 árvores.
Em 2007, entrou para a equipe de Mudanças Climáticas do IPAM como coorde-
nador de projetos. Hoje, atua com instituições como o BNDES, Rabobank, CNS,
FVPP, entre outras, visando a iniciação de novos modelos de desenvolvimento
para a Amazônia, baseados em deixar a floresta de pé. Possui um boletim sema-
nal sobre meio ambiente na Rádio CBN intitulado Ciência e Meio Ambiente com
Osvaldo Stella. Possui mestrado em Energia pela USP e doutorado em Ecologia
e Recursos Naturais pela UFSCar.
Paulo Moutinho
Rafael Tonucci
Rachael D. Garrett
Sobre os Autores
215
Sustentável pela UNICAMP; professora assistente do Departamento de Economia
Rural na UNESP. Atua nas áreas de sociologia e extensão rural, agroecologia e
programa de políticas públicas para a agricultura familiar.
Rosana Costa
Stéphanie Nasuti
Sobre os Autores
217
Anater Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
Ater Assistência Técnica e Extensão Rural
Apta Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
ASA Articulação do Seminário Brasileiro
BPA Boas Práticas Agropecuárias
Caareapa Central das Associações dos Assentados de Reforma Agrária
do Estado do Pará
CAR Cadastro Ambiental Rural
CIDS Consórcio Intermunicipal para Desenvolvimento Sustentável
da Transamazônica e Xingu
Clua Climate and Land Use Alliance
Contag Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Deter Detecção do Desmatamento em Tempo Real
Dnocs Departamento Nacional de Obras Contra a Seca
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Esalq Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz
ETA Estação de Tratamento de Água
FNO Fundo Constitucional do Norte
FVPP Fundação Viver, Produzir e Preservar
GEE Gases de Efeito Estufa
Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILPF Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
Incra Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Inpe Instituto Nacional de Pesquisa Espacial
INSS Instituto Nacional de Seguro Social
IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
MDA Ministério de Desenvolvimento Agrário
219
Capítulo 1
19 GR ÁFICO 1.1
Frequência de ocorrência de dias em temperaturas superiores a 34 graus.
19 GR ÁFICO 1.2
Frequência de ocorrência de dias em temperaturas acima a 34 graus.
25 FIGUR A 1.1
Impacto de aquecimento global entre 1990 e 2085 para o milho no Brasil.
26 TAB E L A 1.1
Síntese dos impactos do aquecimento global na agricultura brasileira, se-
gundo o modelo ETA CIMIP5 HADGem2, para menor concentração de CO2 na
atmosfera até o ano de 2085.
28 TAB E L A 1.2
Municípios produtores de milho em 2015 e projeção para 2030. Ressalta-
se que 42,15% dos municípios tem produtividade inferior a 2.000 Kg/ha.
29 FIGUR A 1.2
Distribuição espacial de produção de milho no Brasil. Projeção Mapa 2015.
Capítulo 3
55 TAB E L A 3.1
Características das Trajetórias Tecnológicas prevalecentes no setor rural
da região Norte.
57 GR ÁFICO 3.1
Distribuição relativa da produção dos camponeses (T2) em Cametá, consi-
derados os sistemas Ribeirinhos e Terra-Firme, em 1999% do Valor Bruto
da Produção, número de casos considerados: 232 (n=232).
58 GR ÁFICO 3.2
Dinâmica da Trajetória Camponesa (T2) de 1995 e 2011, no contexto da
produção rural na região Norte. Médias Móveis trianuais do Valor Bruto da
Produção corrigido para valores de 2011.
59 GR ÁFICO 3.3
Participação relativa da Trajetória Camponesa (T2) de 1995 a 2011, na
produção rural da região Norte no VBP na renda líquida e no número de
ocupações.
60 GR ÁFICO 3.4
Distribuição territorial do VBP da T2 por microrregião em 1995 (% do total).
61 GR ÁFICO 3.5
Fator de crescimento da T2 entre 1995 e 2011 (VBP de 2011/VBP de 1995)
– as microrregiões que expandiram.
61 GR ÁFICO 3.6
Fator de crescimento da T2 entre 1995 e 2011 (VBP de 2011/ VBP de 1995)
– as microrregiões que reduziram.
62 GR ÁFICO 3.7
Participação relativa das variantes da Trajetória Camponesa (T2), de 1995
a 2011 (% do VBP da trajetória).
63 FIGUR A 3.1
Distribuição espacial dos estabelecimentos da T2, em 2006.
64 GR ÁFICO 3.8
Participação relativa da T2 na economia rural (VBP da T2/ VBP de todas as
trajetórias).
65 GR ÁFICO 3.9
Renda líquida média por pessoa ocupada na T2, valores em R$ a preços
constantes de 2011 – 1995 a 2011 (tendência linear de 3,2% a.a.).
221
65 GR ÁFICO 3.10
Renda Média Per Capta Mensal na Trajetória-Camponês. T2, por Condição
Reprodutiva, 1995 e 2006, R$ de 2009.
66 GR ÁFICO 3.11
Número de estabelecimentos na Trajetória-Camponês (T2), por Condição
Reprodutiva, 1995 e 2006.
Capítulo 4
75 TAB E L A 4.1
Participação dos produtores familiares no valor bruto da produção dos
principais produtos agrícolas e pecuários na região Norte em 2006.
80 TAB E L A 4.2
Indicadores sociais da região Norte do Brasil, comparados com a média
nacional em 2010.
Capítulo 6
118 TAB E L A 6.1
Emissões antrópicas de gases de efeito estufa no ano de 2005, por setor.
122 TAB E L A 6.2
Processo tecnológico e compromisso nacional relativo à mitigação de
emissões de GEE pela agropecuária.
Capítulo 8
144 TAB E L A 8.1
Capacidade de produção de biomassa e potencial de sequestro de carbono
em SAFs do bioma Caatinga.
145 FIGUR A 8.1
Utilização, pelas famílias, dos espaços de alta produtividade biológica.
Capítulo 10
168 FIGUR A 10.1
Emissões líquidas de CO2 (toneladas) por setor nos Assentamentos de
Reforma Agrária localizados na região norte do bioma Pantanal.
169 FIGUR A 10.2
Emissões líquidas de CO2 nos Assentamentos de Reforma Agrária locali-
zados na região norte do bioma Pantanal.
170 TAB E L A 10.1
Emissões líquidas de CO2 (gigagramas) por setor nos Projetos de Assenta-
mento da Reforma Agrária, localizados na região norte do bioma Pantanal.
Capítulo 11
185 FIGUR A 11.1
Distribuição geográfica dos assentamentos participantes do projeto.
186 FIGUR A 11.2
Os sete eixos estratégicos do PAS.
ORGANIZADORES
Andrea A. Azevedo
Maura Campanilli
Cassio Pereira
E N T I DA D E O R G A N I Z A D O R A
IPAM
C O O R D E N AÇ ÃO D O E V E N TO
Andrea A. Azevedo
Socorro Pena
R E L ATO R I A D O E V E N TO
Sylvia Mitraud
(Atma Fortalecimento da Gestão Social,
Desenvolvimento Territorial,
Capacitação e Consultoria Ltda.)
E Q U I P E D E C O M U N I C AÇ ÃO
Juliana Pinto
Marcela Bandeira
EQUIPE TÉCNICA
Anaiza Portilho
Ana Carolina Crisostomo
R E V I S ÃO
Felícia Oliveira
Maura Campanili
P R O J E TO G R Á F I C O E D I AG R A M AÇ ÃO
Ester Marciano
I LU S T R AÇ ÃO
Fernando Vilela
APOIO
Climate and Land use Alliance
Fundação Ford
Fundação Moore