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PUBLICAGAO DO CEDI + NUMERO 270 + ANO 15 + CR$ 100,00 2 ITORIAL TEMPO E PRESENGA ATE QUANDO? A cadeia dos fatos de extrema e visivel violencia que estamos vivenciando no Brasil —massacres de presos, criancas, indios e favelados —néo é mais do que vitrine reveladora da estrutura de injustiga de nossa sociedade, Diariamente, e por anos consecutivos, vem aumentando 0 contingente daqueles que, excluidos ¢ marginalizadas da estrutura econdmica e social, pagam com «a miséria e com a propria vida 0 prego de existirem neste pais. O mais grave € que trata-se de um processo continuado, que vai consolidando uma cultura de violencia, acobertada pela impunidade crénica que ‘marca nossa conjuntara, Os liltimos indices divulgados por organismos oficiais do Brasil vao revelando que acelera-se a nossa marcha na diregao do ‘empobrecimento, da fome ¢ da miséria, Iss0, na realidade, significa que vivemos situagao de massacre permanente dos direitos sociais de ampla parte da populagdo. ‘Como se busca sempre um escape para indo se enfrentar, em profundidade, as verdadeiras causas dessa violéncia, segmentos privilegiados da sociedade, vidos por manter os seus interesses, descarregam, agora, na atual Constituigdo, ax razbes da nossa crise ¢ do nosso subdesenvolvimento. O remédio apresentado seré uma revisdo, se posstvel, bastante ampla, da atual Carta Magna, Nao interessa promover um debate nacional para, com a maior participagdo popular, se revelarem as partes necessrias de aperfeigoamento e as complementagdes que garantam e consolidem os direitos de plena cidadania dos diversos setores da sociedad. Ouvem-se, quase que diariamente, por ‘meio de uma bem articulada midia, as afirmagdes de que a inflagao, a recessao, 0 desemprego ¢ a miséria social decorrem da atual Constituicao. Portanto, a satda ara essa crise esta na modificagdo daguela. E inegdvel que alguns elementos constitutivos precisam ser methorados & regulamentados. Nao se pode, entretanto, recuar nos avancos aleangados nos capitulos de direitos sociais, da demarcagdo e preservacdo das terras dos ‘povos indigenas e do respeito as suas culturas, do combate as distriminagées de qualquer espécie, enfim, de todos os passos que se deram, ainda que timidos, ‘para a construcdo de uma soviedade participativa. Aspira-se a uma democracia que, ao mesmo tempo que consolida as liberdades politicas ¢ individuais, promove também um proceso de iguatdade social com ‘aumento de empregos, saldrios dignos, distribuigdo de renda e cidadania plena. O que se observa, entretanto, € exatamente 0 contrdrio. Vao-se aglutinando forgas reaciondrias ¢ conservadoras, no Congresso e fora dele, que propugnam pela retirada de algumas dessas conquistas sociais dos trabathadores, dos menores e dos indios, pelo desmantelamento do Estado com o mito da privatizagdo indiscriminada, com 0 aumento dos privilégios para o capital internacional, etc, como se fosse esse 0 caminho para se acabar com a pobreza injustigas deste pats. Com referéncia aos povos indégenas, ainda acresce a reconhecida ignordncia de nossa sociedade sobre 0 que eles significam e os seus direitos inquestiondveis. ‘Nesta edigdo, TEMPO E PRESENGA dedica atengao especial as questoes referentes a pretendida reviso constitucional, oferece informagoes fundamentadas sobre os povos indigenas no Brasil, principalmente no que diz respeito ao massacre dos Yanomami. Esperamos, dessa forma, contribuir para que se articulem forcas sociais que garantam e possibilitem a existéncia de uma verdadeira sociedade democratica, com justica e igualdade no Brasil. HA ISA AIKANA ¢ AJURU * AKURIO * AMANAYE * AMAUAKA # ANAMBE © APIAKA # APINAYE # APURINA * ARAPAGO * ARARA * ARAWETE @ ARIKAPU # ARIKEN # ARUA # ASURINI ® ATIKUM © AVA-CANOEIRO * AWETI © BAKAIRI * BANAWA-YAFI # BANIWA * BARASANO # BARE * BORORO * CAIXANA ¢ CAMBEBA ¢ CANAMARI ¢ CANELA * CANOE ¢ CAPINAWA ¢ CINTA-LARGA ¢ COCAMA # COEVANA * COLUMBIARA ¢ DENI * DESANO * ENAUENE-NAUE ¢ FULNI-O * GALIBI * GAVIAO # GEREN ® GUAJA * GUAJAJARA * GUARANI * GUATO * HIXKARYANA ® IAUANAUA # INGARIKO # INGARUNE © IRANXE # ISSE * JABOTI * JAMAMADI * JAMINAWA ¢ JARAWARA # JAVAE * / \7j O ra 9 JENIPAPO-KANINDE # JIRIPANCO * JUMA ¢ JURUNA # KADIWEU © KAIAPO * KAIMBE # KAINGANG. * KALAPALO # KAMAYURA # KAMBA # KAMBIWA ¢ KAMPA ¢ KANAMANTI # JAMAMADI ¢ . . a | uta d EC | 5 IVa KANTARURE * KARAFAWYANA # KARAJA ¢ KARAPANA ¢ KARAPOTO # KARIPUNA ¢ KARIRI KARIRI-XOCO # KARITIANA @ KATAWAXI © KATUENA * KATUKINA # KAXARARI # KAXINAWA # KAXUYANA # KAYABI # KINIKINAO © KIRIRI © KOKUIREGATEJE * KORUBO * KRAHO # KREJE « 4 ° Oo 5 | n | O 5 KRENAK © KRIKATI * KUBEO ¢ KUIKURU # KULINA ¢ KURIPAKO * MACHINERI ¢ MACURAP ¢ MAKU * MAKUXI « MARIMA * MARUBO * MASKO « MATIPU-NAHUKWA # MATIS © MATSE * MAWAYANA # | On MAXACALI # MEHINAKU * MEQUEM # MIQUELENO ® MIRANHA ® MIRITI-TAPUIA # MUNDURUKU ¢ MURA n a reévl 5a O * MURA-PIRAHA # MYKY * NAMBIQUARA NUQUINI ¢ OFAIE-XAVANTE # PAIAKU # PAKAA-NOVA « PALIKUR ¢ PANARA « PANKARARE # PANKARARU ® PANKARU # PARAKANA ¢ PARECI # CO nN S6titu C i oO n a | PARINTINTIM © PARKATEJE * PATAMONA ® PATAXO # PATAXO-HA-HA-HAE * PAUMARI * PAUMELENHO ° PIRATAPUIA © PIRIUTITI ¢ PITAGUARI # POTIGUARA # POYANAWA ¢ PURI ¢ RIKBAKTSA # SAKIRIABAR * SATERE-MAUE ¢ SIRIANO # SURUI * SUYA ¢ TABAJARA # TAPAYUNA Pela garantia dos direitos conquistados em 1988 * TAPEBA e TAPIRAPE © TAPUIA # TARIANO * TAUREPANG # TEMBE # TENHARIM # TERENA ¢ TICUNA © TINGUI-BOTO ¢ TIRIY6 * TORA * TREMEMBE © TRUKA ¢ TRUMAI ¢ TSOHOM-DJAPA # TUKANO ¢ TUPARI ® KAWAHIB # TUPINIQUIM * TUXA # TUYUKA ¢ TXIKAO ® UITOTO « UMUTINA # URU-EU-WAU-WAU # URU-PA-IN * URUBU ¢ WAI-WAI # WAIAPI * WAIMIRI-ATROARI ¢ WANANO ¢ WAPIXANA ® WAREKENA * WASSU ¢ WAURA # WAYANA-APARAI # XAKRIABA # XAVANTE « XERENTE © XEREU ¢ XIPAIA-KURUAIA # XOCO # XOKLENG # XUCURU # XUCURU-KARIRI # YAKARAWAKTA ¢ YANOMAMI * YAWALAPITI ® YEKUANA ¢ ZO’E # ZORO * ZURUAHA CEDI — Programa Povos Indigenas no Brasil Agosto de 1993 Foto Claudia Andujar / Cartas Anita Sade /Eneart de TEMPO E PRESENGA n? 270 SUMARIO Reviséo constitucional DEBATE SOBRE A REVISAO — Diversas forgas sociais estto- se 5 DLEMAS SOCIAIS NAREVISAO aglatinando em torno de tes posigBes sobre a revisko constitucional: CCONSTITUCIONAL reforma ampla, revisto restrita¢ adiamento, Para alimentar esse debate ‘20 importante para o nosso futuro apresentamos diferentes posigies sobre a questilo. Pagina 10 40 ATUALIDADE € LIMITE DAREVISAO CONSTITUCIONAL CONQUISTAS AMEACADAS — A Constituigo de 1988, apesar de suas Revisdo constitucional. Quando? deficigncias, garantiu alguns avangos sociais. As forgas conservadoras € Neleon A. Jobin reacionSrias estio-se organizando para retirar essas conquistas.. Paginas 5, 13, 16, 19 mites» intongbos a rovisdo Ulisses Riedel de Resende AGENDA MINIMA — Caso a proposta da revisto seja vitoriosa, é imperioso que os movimentos populares e outros setares sociais se organizem para corrgir defeitos e omissOes da atual Consttuigdo, € garantir avangos que tornem nossa sociedade mais igualittria, Para isso, necessta-se ampla mobilizaglo para o estabelecimento de uma agenda ‘minima de ago conjunta, Paginas 5,13, 16, 19 Palo adlamonto da revis8o constitucional 13. APROBLEMATICADA TERRA Rolf Hackbart ¢ Claudismar Zapiro . YANOMAMI — Os fatos, as versbes, 0 contexto ¢ as questOes em torno 16 AEDUCAGAONAREVISAO ddo massacre dos Yanomami, em Roraima, Como os diversos segmentos ‘CONSTITUCIONAL da sociedade esto interpretando esse ato de violencia. Pagina 27 Maria Clara Di Pierro APROPRIAGAO DO VIDEO PELOS INDIOS — Um documentado relato de véris experitncias do uso do video nas aldeiasindigenas revela que cle ulirapassa as possibiidades de comunicacdo entre grupos € alcanga a construgo de uma nova auto-imagem desses povos. Pagina 35 INVENGAO DE CULTURA — 0s povos indigenas do Nordeste brasileiro nfo podem ser pensados segundo os esquemas convencionais do indigenismo brasileiro, Fato importante ¢ o surgimento de novas 19 TEMPORADADE CAGA Mércio Santilli ‘América Letina identdades indigenas. Pégina 31 23 OS POVOS INDIGENAS PERANTE ACONSTITUICAO Esther Prieto Povos indigenas Violéncia 2 05 DIREITOS 00s INDIos 41 INDIGNAGAO NACIONAL E05 INTERESSES NACIONAIS PARCERIA OU BARBARIE Rubem Alves Mantela Carneiro da Cunha 22 ANMMGEM DO ROSTO 27 YANOMAM © MASSACRE DE HAWXIMEUTHER Biblia hoje QUESTOES-LIMITENAFRONTEIRA 44 "NAOME AQUIETARE! Carlos Alberio Ricardo ATE QUE SAIAASUAJUSTIGAT Lori Altmann 31 POVOS INDIGENAS pe NORDESTE: FRONTEIRAS Resenha TNICAS €IDENTIDADES OARETEPARATEGOS EMERGENTES EINICIADOS Joo Pacheco de Oliveira Hie tapes arson. 35 VIDEONAS ALDEIAS: UM ENCONTRO DOs INDIO ‘COM SUAIMAGEM Davi Yanomami pintado Vincent Carelli para festa TEMPOEPRESENCA 3 nied ca evista bimesal do CED! ‘ho /egoso de 1808, Jno 1808270 ‘CEDI Centro Eouménico do Documenta e Inlormagio ua Santo Amaro, 128 221-230 Rode Jano RA ‘eeloe (24) 226.6710 Fax (021) 21-2016 ‘x. ign, £69 0128001 S80 Pauo SP ‘oetone (ott) 325-548 Fax (01) 25-7661 ‘CONSELHO EDITORIAL Carlos Rediguae Brando EmicSader ub Osea Booz29 Halisa os Sou7a Martins aonardo Bott a Eduardo Wandoray ici Sani Natta Portes Sposto, Viton Sehwseos Paul Sehilng Regina Royes Novacs ‘uber Alves EDITOR ster Patera Ramalno SJORNALISTA RESPONSAVEL Paulo Roberto Sales Garca To 18484 EDITORES ASSISTENTES Boat Aso Martine Mans Cecta erie alae Sones do Olvora EDITORADE ARTE pata Sade ‘SECRETARIA DE REDAGAO ‘Betz Aral Marine REVISOR E DIGITADOR Paula Roberto Sales Garcia PRODUGKO GRAFICA Supernova FOTOLITODACAPA Beal FOTOUITOS & IMPRESSAO clip (0s atigos assinados no traduzom necossaramerte Aopinao da reita rege do exemplar aso core 10000 Aedinatra anual CAS 500.00, ‘sinatra de apo CS 600,00, Assinatualetrioe sg 50,00, Ise of00-s60x Grs TEMPO E PRESENCA tem ico um ofsis neste deserto de informagdo que vivemos. Nio 6 eso, tem me ajudado muito 1 poder intonpretar a ralidade ‘brasileira nas paestras que fago.e no contato que tenho com a Sociedade alemi.O pes soal aqui tem uma ida exte- smamente errada do que 6 0 Brasil e ainda as eatdtrofes coma a do massacre da Cande- Via ajudam a fortalecer este tipo de ida, Lamentavel essa situapi do nosso pas Luiz Longuin! Neto Hambargo/Alemanha ‘TEMPO E PRESENCA, uma revista que, verdadeiramente, aborda fatos eriticos de nossa sociedade, utando, juntamente com diversas instituigdes ¢ pes- soas dedicadas & causa social, para que, num futuro proximo, possamos ter uma vida mais fraterna e com muita paz. Hilton Nelva Bello Duque de Caxias RE Parabenizo a toda a equipe de ‘TEMPO E PRESENCA pela profundidade e objetividade ‘com que apresenta os temas de cada edigdo, A liberdade de im- prensa, acompanhada de segu- ra anilise, livre de manobras, como 6 0 caso desta revista esté proporcionando a todos os Ieitores uma visio eritica e sé- ria do papel dos meios de co- ASSESSORIA ESPECIAL Os ages sobre poros indigena vara a asseseoda da equip do Programa Povos Inalgenas do Bras do CED! EDITORES ASSISTENTES Geral Anorlo aris Aber Alzado PESQUISA E DOCUMENTAGAO any Pantaleo Ricardo aro Ante Gongatas Maas. ora A. ds Santos CAPA Maia Helena Pace da Siva Foto. Ricardo municagio e de modo especial 4 imprensa eserita, destinada a formar liderangas para uma nova ordem social ‘Arcingolo Postal Ji-ParangiGO_ Arevista TEMPO E PRESEN- ‘GA 6 muito ttl em meus trabs- thos. A caminhada junto as CCEBs eo movimento ecumé- nico ¢ érdua, porém motivado- ra por seu cariter profético, promotor de vida. Como evan- {gélico sinto que Deus confirma ‘a cada dia nossa caminhada em busca da unidade e voots f zem parte deste andar. Rogério Santos Aguiar Belo Horizonte/MG ‘Trabalhando na érea de educa- ‘¢fo e estudando na universida de, a revista TEMPO E PRESENCA tem sido muito ‘til para mim © meus comps aheiros, elite Dalprs Vitorino Freize/MA, Hi virios anos quero feicité- los por TEMPO E PRESEN- ‘CA. Recebo com regularidade & ‘Beonsidero séria, oportuna e im prescindivel, com uma agradivel apresentagao jornalistica. Leio, adapto, transformo & fago minhas pregasGes. duan Damién MontevidéwUruguai LEIAE ASSINE TEMPO E PRESENCA Povos indiganas, movimentos ‘peréro e camponés, educagao popula, meio ambiente, ‘ecumenismo e dlvida externa ‘io alguns dos temas tratados. cm Tempo 0 Presenga, uma pubfcagdo bimestal vliada ara o conjunto do movimento popular. Na caminhada por uma soclodade mals usta @ democratic, ¢ tura Indispensavel, Conhego, através da instituigio ‘em que trabalho, a revista ‘TEMPO E PRESENCA, a qual leio sempre que possivel. Ela tem me ajudado bastante, seja nos grupos de reflexio, seja na ‘universidade.. Considero-a ‘muito boa. Assim sendo, resol- vi fazer a assinatura da mesma para que eu possa uilizé-la ‘com mais liberdade, tendo em vista a sua qualidade. Marla do Socorro Viera GuarabiralPB ‘A revista TEMPO E PRESEN- ‘GA tem sido de grande uilida- de para nds (eu © minh ‘companheira) pois scus temas tm servido nfo 56 a nossa for ‘ago pessosl como também ‘49 movimento de pessoas porta doras de deficigncia — Frater nidade Cristi de Doentes © Deficientes — do qual fazemos parte. Gustavo Matlor Porto AlegreiRS ‘TEMPO E PRESENCA, uma revista que realmente fala a ver- dade sobre 0 qie acontece no nosso Brasil! Apenas gostaria de dar um rugestBo: Voo8s po-

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