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Processos Químicos Industriais

Matérias-primas, Técnicas de Produção e


Métodos de Controle de Corrosão
Nathalia Motta de Carvalho Tolentino

Processos Químicos Industriais


Matérias-primas, Técnicas de Produção e
Métodos de Controle de Corrosão

1a Edição

1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Tolentino, Nathalia Motta de Carvalho
Processos químicos industriais : Matérias-primas, técnicas de produção e métodos de controle de corrosão /
Nathalia Motta de Carvalho Tolentino. – 1. ed. – São Paulo : Érica, 2015.

Bibliograa
ISBN 978-85-365-1650-9

1. Química – Estudo e ensino 2. Química industrial I. Título.

14-10102 Editado também como livro impresso. CDD-660

Índices para catálogo sistemático:


1. Processos químicos industriais : Tecnologia 660

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Coordenação Editorial: Rosana Arruda da Silva


Capa: Maurício S. de França
Edição de Texto: Beatriz M. Carneiro, Paula Craveiro, Silvia Campos
Revisão de Texto: Rosa Kushnir
Produção Editorial: Dalete Oliveira, Graziele Liborni, Laudemir Marinho dos Santos,
Rosana Aparecida Alves dos Santos
Editoração: Join Bureau
Produção Digital: Alline Bullara, Erika Amaro Rocha

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Agradecimentos

Agradeço a Deus, aos familiares e amigos pelas oportunidades, apoio, contribuições e forças
que me fizeram chegar aonde cheguei e que me tornaram capaz de escrever este livro.

3
Sobre a autora

Como a grande maioria das crianças, que não conhecem o grande universo de profissões que
existe, na minha infância tinha o sonho de ser médica, dançarina e até mesmo dona de padaria. Uma
das coisas que nunca me passara pela cabeça foi virar professora. Porém, aos 13 anos, como uma boa
aluna, comecei a dar aulas de reforço escolar para crianças da rua, no início somente por favores.
Surpreendentemente, descobri não só um dom como também uma vocação.
Ao entrar no Ensino Médio, descobri o universo da química e junto com ele a profissão que
iria seguir: professora de química.
No ano de 2012 me formei em licenciatura em química pela Universidade Federal Fluminense.
Comecei a dar aula em escolas particulares, e atualmente pertenço ao programa de Pós-Graduação
da Universidade Federal Fluminense como aluna de Mestrado em química, trabalhando na área de
síntese de novas moléculas que possam apresentar atividade antivirais, antibióticas e anticâncer.

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Sumário

Capítulo 1 – Introdução aos Processos Industriais ......................................................... 13


1.1 Conceitos básicos...............................................................................................................................................13
1.1.1 Definição de processo ..............................................................................................................................13
1.1.2 Operações unitárias .................................................................................................................................13
1.2 Classificação dos sistemas ................................................................................................................................14
1.2.1 Quanto ao tipo de operação....................................................................................................................14
1.2.2 Quanto ao comportamento ao longo do tempo................................................................................... 14
1.3 Principais equipamentos utilizados nas indústrias .......................................................................................14
1.4 Controle de processo......................................................................................................................................... 15
1.5 Tratamento de água para sistemas de aquecimento e resfriamento ...........................................................16
1.5.1 Clarificação da água .................................................................................................................................16
1.5.2 Água desmineralizada .............................................................................................................................16
1.6 Tratamento de efluentes.................................................................................................................................... 17
Agora é com você!....................................................................................................................................................18
Capítulo 2 – Produção de Cerâmicas, Vidros e Cimento ................................................. 21
2.1 Tipos de materiais cerâmicos...........................................................................................................................21
2.2 Etapas da fabricação da cerâmica ....................................................................................................................22
2.2.1 Preparo da matéria-prima .......................................................................................................................22
2.2.2 Moagem ..................................................................................................................................................... 23
2.2.3 Preparo da massa...................................................................................................................................... 23
2.2.4 Moldagem das peças ................................................................................................................................23
2.2.5 Secagem .....................................................................................................................................................24
2.2.6 Esmaltação.................................................................................................................................................24
2.2.7 Queima ......................................................................................................................................................24
2.2.8 Acabamento..............................................................................................................................................24
2.3 Impactos da indústria cerâmica ao ambiente ................................................................................................24
2.4 Processo de fabricação do vidro ...................................................................................................................... 25
2.4.1 Composição............................................................................................................................................... 26
2.4.2 Fusão ..........................................................................................................................................................26
2.4.3 Moldagem ..................................................................................................................................................27
2.4.4 Tratamento a quente da superfície .........................................................................................................27
2.4.5 Recozimento ..............................................................................................................................................27
2.4.6 Tratamento a frio da superfície...............................................................................................................28
2.5 Impacto da indústria de vidro ao ambiente ...................................................................................................28
2.6 Processo de fabricação do cimento .................................................................................................................28
2.6.1 Composição............................................................................................................................................... 28
2.6.2 Moagem de cru .........................................................................................................................................29
2.6.3 Pré-calcinação........................................................................................................................................... 29
2.6.4 Clinquerização .......................................................................................................................................... 29
2.6.5 Resfriamento ............................................................................................................................................. 29
2.7 Impactos da indústria de cimento ao ambiente.............................................................................................29
Agora é com você!....................................................................................................................................................30
Capítulo 3 – A Indústria Soda-Cloro............................................................................. 31
3.1. Eletrólise ............................................................................................................................................................31
3.1.1 Eletrólise com células de mercúrio ........................................................................................................33
3.1.2 Eletrólise com células tipo diafragma ....................................................................................................34

5
3.1.3 Eletrólise em células de membrana........................................................................................................35
Agora é com você!....................................................................................................................................................36
Capítulo 4 – Fertilizantes............................................................................................ 37
4.1 Introdução .......................................................................................................................................................... 37
4.2 Qualidade ...........................................................................................................................................................38
4.3 Fertilizantes fontes de nitrogênio ....................................................................................................................38
4.3.1 Ureia ..........................................................................................................................................................39
4.3.2 Sulfato de amônio..................................................................................................................................... 39
4.3.3 Fosfato monoamônico MAP e fosfato diamônico DAP...................................................................... 40
4.3.4 Nitrocálcio ................................................................................................................................................40
4.4 Fertilizantes fontes de fósforo .......................................................................................................................... 40
4.4.1 Superfosfato triplo
4.4.2 Superfosfato simples...................................................................................................................................
...............................................................................................................................40
41
4.4.3 Termofosfato ............................................................................................................................................ 41
4.5 Fertilizantes fontes de potássio ........................................................................................................................42
4.6 Impactos ao ambiente .......................................................................................................................................43
4.7 Informações de periculosidade e efeitos ao ambiente ..................................................................................44
4.7.1 Ureia ...........................................................................................................................................................44
4.7.2 Sulfato de amônio..................................................................................................................................... 44
4.7.3 MAP e DAP............................................................................................................................................... 44
4.7.4 Superfosfato simples ................................................................................................................................44
4.7.5 Superfosfato triplo ................................................................................................................................... 44
4.7.6 Termofosfato .............................................................................................................................................44
4.8 Adubação orgânica ........................................................................................................................................... 45
Agora é com você!....................................................................................................................................................46
Capítulo 5 – Gases Industriais..................................................................................... 47
5.1 O que são gases industriais? .............................................................................................................................47
5.2 Gases industriais,.................................................................................................................................................49
5.2.1 Nitrogênio aplicações e obtenção ........................................................................................................49
5.2.2 Oxigênio ....................................................................................................................................................50
5.2.3 Argônio...................................................................................................................................................... 50
5.2.4 Hidrogênio ................................................................................................................................................51
5.2.5 Hélio ........................................................................................................................................................... 53
5.2.6 Acetileno.................................................................................................................................................... 53
5.2.7 Dióxido de carbono.................................................................................................................................. 54
5.2.8 Monóxido de carbono..............................................................................................................................54
5.2.9 Gás natural ................................................................................................................................................56
5.2.10 Gás liquefeito de petróleo......................................................................................................................57
Agora é com você!....................................................................................................................................................58
Capítulo 6 – Polímeros ............................................................................................... 59
6.1 Conceitos ............................................................................................................................................................59
6.1.1 Polímeros ...................................................................................................................................................59
6.1.2 Monômeros ...............................................................................................................................................59
6.2 Tipos de polímeros ...........................................................................................................................................60
6.2.1 Quanto ao método de preparação ..........................................................................................................60
6.2.2 Quanto ao aumento de temperatura ......................................................................................................60
6.2.3 Quanto à srcem....................................................................................................................................... 61
6.2.4 Quanto ao número de monômeros.......................................................................................................61
6.2.5 Quanto à função química ........................................................................................................................61
6.2.6 Quanto à estrutura da cadeia ..................................................................................................................61

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6.3 Nomenclatura de polímeros ............................................................................................................................62
6.4 Reações de polimerização.................................................................................................................................63
6.5 Técnicas de polimerização................................................................................................................................64
6.5.1 Polimerização em massa..........................................................................................................................64
6.5.2 Polimerização em solução .......................................................................................................................64
6.5.3 Polimerização em suspensão .................................................................................................................64
6.5.4 Polimerização em emulsão......................................................................................................................64
6.5.5 Polimerização em fases ...........................................................................................................................65
6.6 Propriedades físicas dos polímeros .................................................................................................................65
6.6.1 Porosidade .................................................................................................................................................65
6.6.2 Densidade .................................................................................................................................................. 65
6.6.3 Condutividade térmica e elétrica ...........................................................................................................66
6.6.4
6.6.5 Permeabilidade
Resistência à corrosãoquanto..............................................................................................................................66
à luz ...................................................................................................................66
6.6.6 Resistência a impacto...............................................................................................................................66
6.6.7 Flexibilidade ..............................................................................................................................................66
6.7 Massa molar .......................................................................................................................................................66
6.8 Cristalização .......................................................................................................................................................67
6.9 Propriedades térmicas.......................................................................................................................................67
6.10 Conheça alguns polímeros.............................................................................................................................68
6.10.1 Polietileno (PE) .......................................................................................................................................68
6.10.2 Polipropileno (PP) .................................................................................................................................. 69
6.10.3 Poliestireno .............................................................................................................................................70
6.10.4 Cloreto de polivinila (PVC) ..................................................................................................................70
6.10.5 Politetrafluoretileno (Teflon) ................................................................................................................ 70
6.10.6 Polimetacrilato (Acrílico)................................................................... ...................................................71
6.10.7 Poliuretano..............................................................................................................................................71
6.10.8 Polifenol (Baquelita)..............................................................................................................................71
6.10.9 Poliamidas (Náilon) ...............................................................................................................................72

6.116.10.10 Politeriftalato
Aditivos de etileno (PET)...........................................................................................................72
.............................................................................................................................................................73
6.11.1 Cargas ......................................................................................................................................................73
6.11.2 Plastificantes ...........................................................................................................................................73
6.11.3 Retardantes de chamas ..........................................................................................................................73
6.11.4 Lubrificantes ...........................................................................................................................................74
6.11.5 Estabilizadores ........................................................................................................................................ 74
6.11.6 Corantes ...................................................................................................................................................74
6.11.7 Agentes antiestéticos ..............................................................................................................................74
Agora é com você!....................................................................................................................................................75
Capítulo 7 – Papel e Celulose...................................................................................... 77
7.1 Parede celular vegetal ........................................................................................................................................77
7.2 Separação dos componentes lignocelulósicos ...............................................................................................79
7.2.1 Processos mecânicos ................................................................................................................................79
7.2.2 Processos físicos........................................................................................................................................79
7.2.3 Processos biotecnológicos .......................................................................................................................80
7.2.4 Processos químicos ..................................................................................................................................80
7.3 Preparo da polpa da celulose............................................................................................................................80
7.3.1 Descascamento .........................................................................................................................................80
7.3.2 Picagem...................................................................................................................................................... 80
7.3.3 Classificação .............................................................................................................................................80
7.3.4 Cozimento ................................................................................................................................................ 81
7.3.5 Depuração .................................................................................................................................................81

7
7.3.6 Branqueamento......................................................................................................................................... 81
7.3.7 Recuperação do licor................................................................................................................................82
7.4 Indústria de celulose e papel ............................................................................................................................ 83
7.5 Fabricação do papel........................................................................................................................................... 84
7.5.1 Preparo da massa...................................................................................................................................... 84
7.5.2 Seção de formação.................................................................................................................................... 84
7.5.3 Prensagem e secagem...............................................................................................................................84
7.5.4 Acabamento ..............................................................................................................................................84
7.6 Aditivos ..............................................................................................................................................................84
7.7 Impactos ambientais e reciclagem...................................................................................................................85
Agora é com você!....................................................................................................................................................86

Capítulo 8 – Petróleo
8.1 Histórico e Gás ........................................................................................ 87
.............................................................................................................................................................87
8.2 Características do petróleo ...............................................................................................................................88
8.3 Processamento primário................................................................................................................................... 89
8.4 Refino .................................................................................................................................................................. 90
8.4.1 Destilação ..................................................................................................................................................90
8.4.2 Craqueamento ..........................................................................................................................................92
8.4.3 Tratamentos das frações ..........................................................................................................................97
8.5 Gás natural e GLP............................................................................................................................................100
8.6 Gasolina e óleo diesel ............................................................................................................. .........................101
Agora é com você!..................................................................................................................................................102
Capítulo 9 – Óleos e Gorduras .................................................................................. 103
9.1 Economia ..........................................................................................................................................................103
9.2 Conceitos importantes ....................................................................................................................................104
9.2.1 Óleos e gorduras .....................................................................................................................................104
9.2.2 Ácidos graxos ..........................................................................................................................................104
9.2.3 Triglicerídeos, monoglicerídeos e diglicerídeos .................................................................................104
9.3 Outros componentes dos óleos e gorduras ..................................................................................................105
9.4 Propriedades.....................................................................................................................................................106
9.5 Preparação de óleos e gorduras.....................................................................................................................106
9.5.1 Extração dos óleos e gorduras ..............................................................................................................106
9.5.2 Degomado ...............................................................................................................................................107
9.5.3 Refino .......................................................................................................................................................107
9.5.4 Branqueamento.......................................................................................................................................107
9.5.5 Desodorização ........................................................................................................................................107
9.5.6 Hidrogenação ..........................................................................................................................................107
9.5.7 Interesterificação ....................................................................................................................................108
9.5.8 Fracionamento .......................................................................................................................................109
Agora é com você!..................................................................................................................................................110
Capítulo 10 – Sabões e Detergentes .......................................................................... 111
10.1 História do sabão ..........................................................................................................................................111
10.2 Características dos sabões e detergentes ....................................................................................................112
10.2.1 Surfactantesde
10.2.2 Capacidade oulimpeza
tensoativos .................................................................................................................112
........................................................................................................................113
10.3 Produção de sabão.........................................................................................................................................114
10.3.1 Saponificação ........................................................................................................................................115
10.3.2 Semicotura ............................................................................................................................................115
10.3.3 Refino .....................................................................................................................................................115

8 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


10.3.4 Descanso ...............................................................................................................................................115
10.3.5 Tratamentos posteriores ......................................................................................................................116
10.4 Produção de detergente ................................................................................................................................116
10.4.1 Composição dos detergentes em pó ..................................................................................................117
10.5 Produção de detergente em pó ....................................................................................................................118
10.5.1 Síntese do tensoativo............................................................................................................................118
10.5.2 Torre de secagem ..................................................................................................................................119
10.6 Detergentes enzimáticos...............................................................................................................................119
10.7 Impactos ao ambiente ...................................................................................................................................119
Agora é com você!..................................................................................................................................................120
Capítulo 11 – Cosméticos ........................................................................................ 121
11.1 Definição ........................................................................................................................................................121
11.2 Histórico ........................................................................................................................................................122
11.3 Composição dos cosméticos e regiões de aplicação .................................................................................122
11.3.1 Cosméticos para a pele ........................................................................................................................122
11.3.2 Cosméticos para os cabelos.................................................................................................................127
11.3.3 Lábios ....................................................................................................................................................127
11.4 Outras matérias-primas dos cosméticos ....................................................................................................128
11.4.1 Agentes de perolização ........................................................................................................................129
11.4.2 Antioxidantes ........................................................................................................................................129
11.4.3 Bases oleosas e solventes .....................................................................................................................129
11.4.4 Biocidas .................................................................................................................................................129
11.4.5 Corantes e pigmentos ..........................................................................................................................129
11.4.6 Corretores de pH ..................................................................................................................................129
11.4.7 Emolientes .............................................................................................................................................129
11.4.8 Agentes umectantes .............................................................................................................................130
11.4.9 Espessantes ............................................................................................................................................130
11.4.10 Essências..............................................................................................................................................130

11.4.11 Propelentes
11.4.12 Estabilizantes de espuma...................................................................................................................130
..........................................................................................................................................130
11.5 Técnicas de produção....................................................................................................................................130
11.5.1 Agitação .................................................................................................................................................130
11.5.2 Moagem .................................................................................................................................................131
11.5.3 Controle de micro-organismos .........................................................................................................131
11.5.4 Cristalização..........................................................................................................................................131
11.5.5 Degasagem ...........................................................................................................................................131
11.5.6 Filtração .................................................................................................................................................132
11.5.7 Tratamento de água..............................................................................................................................132
Agora é com você! ...........................................................................................................................................132
Capítulo 12 – Tecnologias Farmacêuticas ................................................................... 133
12.1 Histórico .........................................................................................................................................................133
12.2 Conceitos ........................................................................................................................................................134
12.3 Formas farmacêuticas ...................................................................................................................................134
12.3.1 Formas semissólidas ............................................................................................................................134
12.3.2 Formas sólidas ......................................................................................................................................135
12.3.3 Formas líquidas ....................................................................................................................................135
12.4 Instabilidades das formulações farmacêuticas ..........................................................................................137
12.4.1 Instabilidade química ..........................................................................................................................137
12.4.2 Instabilidade física ................................................................................................................................137
12.4.3 Instabilidade biológica .........................................................................................................................137
12.5 Adjuvantes ......................................................................................................................................................137

9
12.5.1 Veículos..................................................................................................................................................138
12.5.2 Solventes ...............................................................................................................................................138
12.5.3 Absorventes ...........................................................................................................................................138
12.5.4 Agentes molhantes ...............................................................................................................................138
12.5.5 Agentes tamponantes...........................................................................................................................138
12.5.6 Corantes, aromatizantes e flavorizantes ............................................................................................138
12.5.7 Agentes emulsificantes.........................................................................................................................138
12.5.8 Surfactantes ...........................................................................................................................................138
12.5.9 Agentes suspensores.............................................................................................................................139
12.5.10 Agentes alcalinizantes ou acidificantes............................................................................................139
12.5.11 Conservantes.......................................................................................................................................139
12.5.12 Antioxidantes ......................................................................................................................................139
12.5.13 Agentes sequestrantes ........................................................................................................................139
Agora é com você!..................................................................................................................................................140
Capítulo 13 – Fundamentos de Corrosão .................................................................... 141
13.1 Conceitos ........................................................................................................................................................141
13.1.1 Corrosão ................................................................................................................................................141
13.1.2 Reações de oxirredução .......................................................................................................................142
13.1.3 Pilhas eletroquímicas...........................................................................................................................142
13.2 Mecanismos de corrosão ..............................................................................................................................147
13.2.1 Mecanismo eletroquímico ..................................................................................................................147
13.2.2 Mecanismo químico ............................................................................................................................148
13.3 Classificação e tipos de corrosão .................................................................................................................148
13.3.1 Uniforme ...............................................................................................................................................149
13.3.2 Em placas...............................................................................................................................................149
13.3.3 Alveolar..................................................................................................................................................149
13.3.4 Puntiforme ou pite ...............................................................................................................................149
13.3.5 Intergranular .........................................................................................................................................149
13.3.6 Intragranular .........................................................................................................................................149
13.3.7 Por
13.3.8 Filiforme ................................................................................................................................................149
esfoliação ........................................................................................................................................149
13.3.9 Em torno do cordão de solda ..............................................................................................................150
13.3.10 Empolamento por hidrogênio ..........................................................................................................150
13.3.11 Grafítica ...............................................................................................................................................150
13.3.12 Desineificação.....................................................................................................................................150
13.4 Velocidade e taxa de corrosão................................................................................................................150
13.5 Passivação ......................................................................................................................................................151
13.6 Polarização .....................................................................................................................................................152
13.6.1 Polarização por concentração .............................................................................................................153
13.7 Fatores que afetam a velocidade de corrosão.............................................................................................153
13.7.1 Oxigênio dissolvido..............................................................................................................................154
13.7.2 Efeito do pH ..........................................................................................................................................154
13.7.3 Efeito da temperatura ..........................................................................................................................154
13.7.4 Efeito de sais dissolvidos .....................................................................................................................154
13.8 Controle e combate à corrosão ....................................................................................................................154
13.9 Revestimentos de superfície .........................................................................................................................155

13.9.1 Revestimentos metálicos


13.9.2 não metálicos ...........................................................................................................................155
inorgânicos ..............................................................................................156
13.9.3 Revestimentos não metálicos orgânicos ..................................................................................................157
Agora é com você!..................................................................................................................................................158
Bibliografia ............................................................................................................. 159

10 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Apresentação

O livro Processos Químicos Industriais apresenta em seu primeiro capítulo conceitos básicos
sobre processos químicos, cuidados com o meio ambiente e precauções durante a produção não só
para fornecer condições adequadas de trabalho como para gerar produtos de qualidade. Nos capítu-
los seguintes o leitor vai conhecer as técnicas de produção de cerâmica, vidros e cimento; soda e gás
cloro; fertilizantes; gases industriais; derivados de petróleo e gás; polímeros; papel e celulose; óleos e
gorduras; sabões e detergentes; cosméticos e tecnologias farmacêuticas. Além disso, são descritos
também os prejuízos que essas indústrias trazem ao ambiente. O último capítulo apresenta os con-
ceitos de corrosão e as maneiras de evitá-la ou reduzi-la.
A autora

11
12 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
1
Introdução
aos Processos
Industriais

Para começar

Este capítulo tem como objetivo mostrar os conceitos básicos sobre os processos industriais, bem
como algunsdeequipamentos
tratamento utilizados nas indústrias, e os controles necessários durante a produção e o
água e efluentes.

1.1 Conceitos básicos

1.1.1 Denição de processo


Um processo é caracterizado por um conjunto de operações (químicas, físicas ou bioquímicas)
que tem como objetivo transformar a matéria-prima no produto desejado, de forma econômica e em
grande escala.

1.1.2 Operações unitárias

raçõesTodos os processos
unitárias. industriaissão
Essas operações podem ser divididos
caracterizadas porem etapas,químicas,
reações as quais são chamadas
operações de ope-
mecânicas
(transporte, moagem, mistura, separação mecânica, fragmentação, peneiração etc.), operações de
trocas de calor (aquecimento e resfriamento de fluídos, condensação, evaporação, ebulição) e opera-
ções de transferência de massa (destilação, extração, cristalização, adsorção etc.).

13
1.2 Classicação dos sistemas

1.2.1 Quanto ao tipo de operação


» Batelada: O processo ocorre em um sistema fechado. Ao mesmo tempo em que se retira o
produto desejado do reator é inserida a matéria-prima que irá alimentar o meio reacional
do início ao fim do processo.
» Contínua: O produto é retirado ao final da operação, e após o tratamento do reator é inse-
rida novamente a matéria-prima, reiniciando a etapa.

1.2.2 Quanto ao comportamento ao longo do tempo


» Regime estacionário: as variáveis (temperatura, pressão e concentração) não mudam com
o tempo. Caracterizam o processo contínuo.
» Regime transiente: as variáveis mudam em alguma posição do processo. Caracterizam o
processo em batelada.

1.3 Principais equipamentos utilizados nas indústrias


No mundo de hoje há diversos tipos de indústrias que produzem os mais variados tipos de
produtos. Para atender as necessidades de cada processo existem muitas variedades de equipamen-
tos. Os principais destes estão descritos a seguir.
» Reatores:São grandes reservatórios em que ocorrem as reações químicas ou bioquímicas. Nele
são adicionados a matéria-prima e os reagentes necessários para que a reação ocorra. Aco-
plados a ele há equipamentos que aquecem ou resfriam o meio, controlando a temperatura.
» Caldeiras: Existem quatro tipos de caldeiras, a vapor, elétrica, aquatubulares e flamotubu-
lares, porém todas elas têm o mesmo objetivo: gerar vapor por meio da transferência de
energia de uma fonte térmica para um fluido, normalmente a água. Outros equipamentos
são acoplados para que haja melhor rendimento na distribuição de calor.
»
Trocadores de calor: podem ser utilizados para aquecer ou resfriar o sistema. Caldeiras
são exemplos de trocadores de calor, assim como resfriadores, condensadores, evaporado-
res e torres de refrigeração.

14 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


» Compressores: são equipamentos que capturam o ar e o armazenam sob alta pressão. O
melhor compressor será escolhido de acordo com o aparelho que irá consumir o ar com-
primido, dependendo da vazão, da pressão e da qualidade do ar que é necessitada.

1.4 Controle de processo


É de grande importância nos processos industriais que se tenha o controle das variáveis, tais
como temperatura, pressão, vazão, concentração, pH, entre outras. Imagine o perigo que seria, em
uma refinaria de petróleo, se não houvesse o controle de temperatura e pressão, por exemplo. Além
da matéria-prima, que é um combustível, há a produção de muitos gases explosivos. A ausência do
controle das variáveis poderia transformar uma refinaria em uma bomba gigantesca.
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Figura 1.1 – Uma refinaria de petróleo.

Imagine também que o produto final de um processo se decomponha em altas temperaturas. Caso
não haja o controle dessas temperatu
ras, o produto seria degradadoe todo o processo estariaperdido.
Para o controle dessas variáveis é necessário que sejam inseridos instrumentos de medida, como
termômetros e barômetros, e alguns instrumentos de segurança, como válvulas e discos de ruptura.
Além da segurança, outros objetivos para o controle de variáveis são a redução do impacto
ambiental, a otimização na qualidade do produto e a economia nos gastos durante o processo.

Introdução aos Processos Industriais 15


1.5 Tratamento de água para sistemas de
aquecimento e resfriamento
Graças a seu elevado calor específico e a sua grande disponibilidade, a água é o fluido mais
utilizado para geração de vapores. Porém a água encontrada na natureza possui impurezas dissol-
vidas e/ou em suspensão. Essas impurezas podem causar problemas nas aparelhagens de metal uti-
lizadas nos processos, tais como corrosão, incrustação e arraste. A água ideal para ser injetada nas
plantas industriais não deve ser corrosiva, nem conter agentes que se depositam nas aparelhagens,
nem causar arraste ou formar espuma.
Antes de ser utilizada, a água deve passar por testes de qualidade como pH, dureza e íons dis-
solvidos. Após os testes devem ser realizados os tratamentos necessários.

1.5.1 Claricação da água


A clarificação tem como objetivo retirar da água as impurezas sólidas e em suspensão. Esse
processo consiste em três etapas: floculação, decantação e filtração.
Na floculação são adicionados produtos que sejam capazes de englobar as partículas sólidas
em flocos. Por exemplo, a cal, CaO, é um óxido básico que em contato com a água produz hidróxido.
CaO(s) + H2O(l) → Ca(OH)2(aq)
Ca(OH)2(aq) → Ca2+(aq) + 2 OH–(aq)
Esse hidróxido é solúvel e, portanto, deixa o meio básico. Junto com a cal é adicionado sul-
fato de alumínio Al2(SO4)3,que é um sal solúvel, porém em meio básico o íon alumínio precipita na
forma do seu hidróxido, carregando consigo as partículas de impurezas.
Al2(SO4)3(aq) → 2 Al3+(aq) + 3 SO42–(aq)
Al3+(aq) + 3 OH–(aq) → Al(OH)3(s)
Outras substâncias também podem ser utilizadas como agentes floculantes, tais como cloreto
férrico (FeCl2) e hidróxido de sódio (NaOH).
Após a formação dos flocos, a água é deixada em repouso para que eles decantem. As partí-
culas sobrenadantes que não foram floculadas voltam ao processo, enquanto o lodo decantado for-
mado pelos flocos é filtrado e a água resultante da filtração passa para a etapa de desmineralização.

1.5.2 Água desmineralizada


A água desmineralizada é caracterizada por não possuir íons dissolvidos. Os sais minerais pre-
sentes na água
substituem são por
os íons removidos quando
outros em esta passa
quantidade por tratamento
de carga equivalente.com resinas de troca iônica que

16 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


As resinas são polímeros insolúveis que apresentam sítios ativos. Nesses sítios ocorrem as tro-
cas iônicas através de equilíbrios químicos. Os tipos de resina existentes são:
» Resinas de troca catiônica : apresentam sítios com carga negativa e capacidade de reter
os cátions.
R-X-H+ + Z+ ⇆ R-X- Z+ + H+
Nesse equilíbrio R é um polímero, X pode ser o íon –SO 3– ou carboxilato –COO– e Z+
são os cátions dissolvidos na água que são trocados por H+. As resinas derivadas do ácido
sulfônico atuam em ampla faixa de pH; já as derivadas de ácido carboxílico atuam em pH
neutro para alcalino.
»
Resinas de troca aniônica: apresentam sítios com carga positiva e capacidade de reter
ânions. Esses sítios são formados por aminas quaternárias (R-N(CH3)3+.

1.6 Tratamento de euentes


O número de indústrias que existe hoje é muito grande, e cada uma gera uma grande quanti-
dade de resíduos e efluentes derivados dos seus processos. Cada efluente tem composição química,
física e biológica própria, dependendo do tipo de indústria que os produz, e podendo causar grande
impacto ambiental devido a substâncias e micro-organismos tóxicos que podem conter. Dessa
forma, é necessário que cada indústria caracterize, quantifique, trate e acondicione seus rejeitos e
efluentes antes de descartá-los ao ambiente.
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Figura 1.2 – Tratamento de efluentes.

Introdução aos Processos Industriais 17


A primeira alternativa de prevenção à poluição deve ser a diminuição ou eliminação do
volume, concentração e toxicidade dos rejeitos gerados no próprio processo. Isso pode ocorrer atra-
vés de modificações na aparelhagem e na substituição de reagentes e matérias-primas que sejam
tóxicos sempre que possível. Mesmo após essas alterações ainda é necessário que sejam realizados
procedimentos de tratamento, que podem ser divididos em:
» Físicos: sedimentação, filtração, flotação, regularização etc.
» Químicos: coagulação, neutralização, oxidação, troca iônica, precipitação etc.
» Biológicos: utilizam reações bioquímicas realizadas por micro-organismos para a elimina-
ção dos contaminantes. São utilizados lodos ativados, lagoas ativadas, biodiscos etc.
Os tratamentos físico-químicos costumam ser mais caros, porém são a única opção quando o
produto de contaminação não é biodegradável. Rejeitos contendo metais pesados, cianetos, ácidos
e bases são suscetíveis a tratamentos físico-químicos. Para a recuperação desses metais é realizada a
adição de agentes precipitantes, cianeto é oxidado a cianato e cromo VI reduzido a cromo II; subs-
tâncias não tóxicas e ácidos e bases são neutralizados.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você pôde conhecer os conceitos de processos industriais e operaçõesunitárias, assim
como a classificação dos processos. Conheceu também alguns equipamentos utilizados nas indústrias.
Pôde perceber a importância do controle de variáveis para a segurança dos trabalhadores e para a
qualidade do produto e economia nos gastos dos processos e também a importância do tratamento de
efluentes para a não contaminação do meio ambiente.

1) O que se entende por processo industrial?


2) O fluxograma a seguir apresenta as etapas da produção de etanol a partir da
cana-de-açúcar.

18 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Concentração
e cristalização Açúcar Refinação Açúcar
Garapa escuro comum
Trituração
Cana
Fermentação
Bagaço Melaço Vinhoto

Destilação
Etanol Mosto

Resíduo

Figura 1.3 – Fluxograma da produção de etanol.

a) Quais as operações unitárias realizadas na produção do etanol?


b) Quais os outros produtos obtidos a partir da cana?
c) Quais as operações unitárias para a obtenção dos outros produtos?
3) Um técnico escolheu uma resina catiônica para retirar os íons de cálcio da água,
como mostra a equação a seguir.
2 R-COOH + Ca2Cl → (R-COOH–)2Ca2+ + HCl
a) Em que faixa de pH estará a solução final?
b) Essa troca de íons será possível? Justifique.
4) Com base nas informações a seguir, responda as perguntas:
Sulfato de alumínio e Al2(SO4)3 e óxido de cálcio CaO são utilizados no trata-
»

mento de efluentes.
Hidróxido de alumínio é insolúvel em solução aquosa, porém acima do pH 10
»

se transforma no íon Al(OH)4– conforme a equação:


Al(OH)3(s) + OH–aq) → Al(OH)4–(aq)
a) Qual é o papel dessas substâncias no tratamento de efluentes?
b) Qual o controle que os técnicos de operação devem ter sobre o tratamento de
efluentes utilizando o hidróxido de alumínio?

Introdução aos Processos Industriais 19


5) Um dos métodos de produção de cloro e soda cáustica ocorre a partir da eletrólise de
soluções de NaCl utilizando eletrodos de mercúrio. Ao final do processo, pode haver
íons Hg2+ células eletrolíticas. O mercúrio é um metal tóxico e prejudicial ao meio
ambiente. Que medidas devem ser tomadas nas indústrias que utilizam esses proces-
sos para redução do impacto ambiental?
6) As caldeiras são equipamentos cuja função é produzir calor que será cedido a um sis-
tema a partir de um fluido.
a) Por que a água é o fluido mais utilizado?
b) Que prejuízos podem ser causados caso a água não passe pelo tratamento de
troca iônica?

20 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


2
ProduçãoVidros
Cerâmicas, de
e Cimento

Para começar

As cerâmicas têm a argila como matéria-prima que, quando molhada, se torna plástica e moldável.
O vidroaepequenas
devido o cimentodiferenças
fazem parte
na da classe dos materiais
matéria-prima utilizadacerâmicos, porém muitos
e nas características desconsideram
do processo. esse fato
Neste capítulo,
você vai conhecer os processos de produção de materiais cerâmicos, incluindo o vidro e o cimento.

2.1 Tipos de materiais cerâmicos


Materiais cerâmicos são conhecidos e produzidos há séculos pela humanidade, inicialmente
como peças artesanais. Com a evolução das indústrias, esses materiais têm sua produção voltada
principalmente para o setor de construção civil, para indústrias de metal mecânica e indústrias de
produção de energia. No Brasil a indústria cerâmica participa de 1% do PIB, e graças à grande dispo-
nibilidade de matéria-prima teve um crescimento muito grande.
Apesar de ter como material base a argila, as cerâmicas podem ser divididas em classes em
função de diferenças na matéria-prima e aditivos utilizados e nas etapas do processo de fabricação.
» Cerâmica branca: compreende as louças de mesa, sanitárias e isolantes elétricos obtidos a
partir de uma massa branca.
» Cerâmica de revestimento: são os azulejos, pastilhas e pisos utilizados em construções
civis e piscinas.

21
» Cerâmicas vermelhas: são as telhas, tijolos e blocos de coloração avermelhada utilizados
na construção civil e louças de barro utilizadas na decoração doméstica.
» Materiais refratários: são resistentes a choques mecânicos, variações de temperatura e ata-
ques químicos utilizados principalmente em equipamentos industriais.
» Isolantes térmicos: podem ser ou não das classes dos materiais refratários e, como o nome
diz, têm a função de isolar termicamente os materiais que envolvem.
» Cerâmica avançada: sua produção é rigorosamente controlada, pois são utilizadas em
naves espaciais e satélites principalmente, mas também podem ser encontradas em apare-
lhos de som e vídeos e em catalisadores de carros.
»
Fritas: vidro moído utilizado no acabamento e em outras cerâmicas.
» Abrasivos: são considerados parte da indústria cerâmica por apresentar matéria-prima
semelhante. São exemplos óxido de silício e carbeto de silício.
» Vidros e cimento: têm a areia como matéria-prima e por isso muitos não os consideram
materiais cerâmicos, porém esquecem que tanto a argila quanto a areia são constituídas
por óxido de silício.
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(a) (b) (c)


Figura 2.1 – Alguns tipos de cerâmica: (a) cerâmica branca, (b) cerâmica de revestimento e (c) cerâmica vermelha.

2.2 Etapas da fabricação da cerâmica


A produção de cerâmicas pode ser dividida em quatro etapas: extração e tratamento da maté-
ria-prima, modelagem das peças, tratamento térmico e acabamento. A seguir, conheceremos os
detalhes de cada uma delas.

2.2.1 Preparo da matéria-prima


A matéria-prima é obtida através da mineração, na qual ocorre a primeira etapa de granulação.
Mesmo assim a argila ainda necessita ser moída e classificada de acordo com o tamanho dos grãos, e,
dependendo da sua composição, precisa ser deixada em repouso para a decomposição do material

orgânico presente.

22 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


2.2.2 Moagem
Para reduzir o tamanho das partículas, a argila passa por moinhos nos quais poderão ter sua
granulometria reduzida a 1 mm. No moinho é adicionada também a água, dando srcem à barro-
tina.
renteHá vários
para tipos de moinhos, de rolo, de bolas, pista etc. Cada um irá fornecer um tamanho dife-
os grãos.
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Figura 2.2 – Moinhos de rolo.

2.2.3 Preparo da massa


A massa é preparada misturando-se argila, água e aditivos que vão depender do tipo de cerâ-
mica que se deseja obter. A dosagem de água e aditivos deve ser bem controlada, pois isso dará
características diferentes à cerâmica.

2.2.4 Moldagem das peças


O processo de moldagem vai depender do tipo de peça que será produzida com a cerâmica.
» Fundição em molde: a barrotina é derramada sobre moldes de gesso ou resina porosa que
possuem o formato desejado da peça e ali é deixada até que o molde absorva o excesso de

Produção de Cerâmicas, Vidros e Cimento 23


água da argila. Após retirado, o molde é tratado com injeção de ar para que seque e seja
reutilizado. Esse processo de moldagem é utilizado principalmente para a confecção de
louças de mesa e louças sanitárias.
» Prensagem: a massa com baixo teor de umidade passa por prensas, formando placas que
são utilizadas principalmente como pisos e cerâmicas de revestimento.
» Extrusão: a massa passa por uma máquina em que é prensada por um pistão, formando
colunas que serão cortadas, formando peças regulares como tijolos, telhas e tubos.
» Torneamento: é a moldagem final da peça que ocorre normalmente após a extrusão. Pode
ser realizada em tornos mecânicos ou manuais.

2.2.5 Secagem
A aplicação de água na massa é essencial para sua moldagem, porém, para que a peça adquira
estabilidade sem apresentar defeitos como rachaduras e bolhas, é necessário que ocorra a secagem de
maneira lenta. Essa etapa é realizada emsecadores de gás natural que atingem a temperatura de 170 ºC.

2.2.6 Esmaltação
O esmalte é uma camada fina aplicada à cerâmica, cuja composição irá depender da peça a ser
produzida e da temperatura de queima. Além da função estética, o esmalte também fornece à peça
uma melhor resistência mecânica e elétrica.

2.2.7 Queima

A queima
secagem ocorre antes
seja realizada na faixa
comde atemperatura
retirada do de 800 a 1700
excesso °C, por
de água. essefaixa
Nessa motivo é necessário formar-
de temperatura que a
-se-iam bolhas de vapor d’água, deformando a peça. A queima tem como objetivo dar estabilidade
ao formato da peça, resistência à temperatura, à água e a ataques químicos, assim como fornecer as
características finais de cor, brilho e porosidade.

2.2.8 Acabamento
Algumas peças podem necessitar de acabamentos como polimento, corte e furos.

2.3 Impactos da indústria cerâmica ao ambiente


Como toda atividade humana, as indústrias de cerâmicas também podem gerar impactos
ao ambiente.

A água é utilizada em grande quantidade, já que está presente nos processos de preparo da
massa, na extrusão e moldagem, na moagem por via úmida, naconfecção de esmaltes líquidos, além de
ser utilizada na lavagem das peças finais. A água utilizada preferencialmente vem de fontes subter -
râneas, pois produtos químicos adicionados à água tratada podem interferir na qualidade da cerâmica.

24 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Devido ao processo de queima, o setor de indústrias de cerâmicas utiliza grande quantidade
de gás natural e gás liquefeito de petróleo. A fonte de energia elétrica só é utilizada nas máquinas de
moagem e prensagem.
Durante a confecção das peças são utilizados alguns aditivos, como plastificantes, fluidificantes
e antiespumantes, que podem ser poluentes. Além disso, os corantes utilizados para a pintura de
algumas peças são óxidos de metais pesados que podem ser tóxicos. Algumas substâncias utilizadas
como pigmentos estão descritas na tabela a seguir.
Tabela 2.1 – Pigmentos para o vidro
Co r Su bstân c ia

Verde Óxido de cromo e de cobalto


Azul Alumínio-zinco-cromo-cobalto
Amarelo Antimônio-chumbo
Preto Cobalto, níquel, manganês, vanádio etc.
Cinza Estanho-antimônio, zinco-(cobalto-níquel)
Marrom Óxido de zinco
Vermelho Cádmio
Branco Óxido de cério ou de titânio

Outro impacto causado por essas indústrias é a emissão de gases e material particulado para a
atmosfera. Em todos os processos de fabricação (mineração, transporte, moagem, secagem, esmalta-
ção e queima) podem ser liberadas partículas provenientes da matéria-prima e dos aditivos que
podem causar problemas respiratórios. No processo de queima e secagem são liberados gases prove-
nientes da queima dos combustíveis, além de gases produzidos pela combustão do material orgânico
presente na argila e de substâncias voláteis presentes nas colas e resinas utilizadas para decoração. Os
principais gases emitidos são o monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre.
Os efluentes líquidos são gerados durante a lavagem da cerâmica e podem conter sulfatos, fos-
fonatos, ácido silícico e metais pesados provenientes dos corantes. O descarte sem tratamento desses
efluentes pode trazer grandes problemas ao ambiente.

2.4 Processo de fabricação do vidro


O vidro é resultado da fusão da areia juntamente com outros aditivos que aumentam de visco-
sidade ao passo que a temperatura da massa diminui sem cristalizar. O vidro reciclado, proveniente
de embalagens ou cacos que já tenham terminado com seu ciclo, também pode ser utilizado como
matéria-prima para a confecção de novos vidros.
Além da areia, outras substâncias são utilizadas na composição desse material, como óxido de cál-
cio, carbonatos de cálcio e sódio, fundentes, estabilizadores e substâncias que irão
dar cor ao produto.

Produção de Cerâmicas, Vidros e Cimento 25


2.4.1 Composição
Nessa etapa são combinados os componentes que irão formar a mistura a ser fundida. Cada
tipo de vidro a ser produzido terá uma quantidade diferente de cada componente de acordo com as
características desejadas. A Tabela 2.2 mostra as matérias-primas utilizadas na fabricação do vidro,
bem como a função de cada uma no processo.
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Figura 2.3 – Material para casco de vidro.

Tabela 2.2 – Principais matérias-primas do vidro


M a tér i a-p ri ma Fu n ç ã o Q u a n ti d ad e

Cascodevidro Diminuirocustodaprodução. Até75%


Areia Vitrificante:constituinteprincipaldocorpodovidro. 73-75%
Óxido de sódio e de potássio Fundentes: ajudam a diminuir a temperatura de fusão. 12-13%
Óxido de cálcio, magnésio e zinco Estabilizantes: estabilizam a massa. 12-13%
Corantes inorgânicos Afinadores: dão cor e controlam a opacidade. –

2.4.2 Fusão
Depois que todos os componentes são dosados e homogeneizados, a mistura passa para um
forno regenerativo, que chega à temperatura de 1600 °C na qual ocorrerá a fusão, ou seja, a mistura
sólida
ratura.passará
No finala da
serzona
um líquido,
de fusão,o ovidro,
vidrocuja viscosidade
fundido aumenta
sai na forma à medida
de fios quecortado
e é então se diminui a tempe-
por tesouras,
formando peças chamadas gotas.

26 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


2.4.3 Moldagem
Nessa etapa é dada ao vidro a forma desejada. Deve haver gradecontrole na temperatura durante
a moldagem para que não haja aumento da viscosidade antes que a peça alcance seu formato.

2.4.3.1 Vidros para embalagens


Dois processos de moldagem são comuns na confecção de embalagens de vidro: o soprado-
-soprado e o prensado-soprado.
» Soprado-soprado: nesse processo a gota é enviada para um pré-molde no qual será encai-
xada por ação de um sopro; em seguida, um novo sopro fará com que a gota assuma o
formato do pré-molde. O vidro é então transferido para o molde final, novamente por
ação pneumática, assumindo então o formato final da embalagem.
» Prensado-soprado: a gota ganha o pré-formato pela pressão de um pistão metálico que
também é responsável por diminuir sua temperatura. O formato final é adquirido tam-
bém por um sopro pneumático contra o molde final.

2.4.3.2 Vidro impresso


Ao sair do forno, a massa fundente passa por entre dois rolos, um dos quais possui o desenho
que será marcado na superfície. Em seguida, o vidro passa para a etapa de recozimento.

2.4.3.3 Vidro aramado


A massa fundente passa por entre dois rolos juntamente com uma malha metálica que ficará
entre duas camadas de vidro. A vantagem desse tipo de vidro é que ele não estilhaça ao quebrar,
além de ser considerado não inflamável.

2.4.3.4 Lã de vidro
A massa fundente passa por pequenos orifícios e ao sair pelo outro lado é atingida por jatos de
ar, produzindo a lã. A lã de vidro é muito utilizada na construção civil como forro, pois atua como
isolante térmico e acústico.

2.4.3.5 Fibra de vidro


A massa fundente é colocada em um tanque com muitos orifícios que gira em alta velocidade,
produzindo os filetes que serão enrolados em cilindros.

2.4.4 Tratamento a quente da superfície


É adicionado cloreto de zinco ou cloreto de titânio à superfície para oferecer maior proteção
contra choques mecânicos, além de evitar defeitos por deslizamento.

2.4.5 Recozimento
Nesse processo, o vidro é reaquecido e resfriado de maneira lenta e controlada para que sua
superfície fique homogênea e sem falhas que possam levar a tensão e quebra.

Produção de Cerâmicas, Vidros e Cimento 27


2.4.6 Tratamento a frio da superfície
Ao final da etapa de recozimento é adicionada uma camada de polietileno, um polímero, que
confere maior resistência à superfície.

2.5 Impacto da indústria de vidro ao ambiente


Assim como a indústria de cerâmicas, a indústria de vidro também emite material particulado
e óxidos de enxofre, carbono e nitrogênio para a atmosfera. Também há gasto de água e de energia,
principalmente nas máquinas de modelagem.

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do cimento S /
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O cimento tem grande importância econômica, já m
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que é a base de toda infraestrutura do país como princi- V
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pal componente do concreto, material utilizado em todo


tipo de construção.
Ultimamente, a produção de cimento tem recebido
importância devido ao fato de incorporar resíduos
industriais em seu processo de fabricação.

2.6.1 Composição
Argila e calcário (CaCO3) são os constituintes prin-
cipais do cimento, em percentual que varia entre 75 e
80% de argila e 20 e 25% de calcário. Outros componen-
tes são dosados e adicionados de acordo com o tipo de
cimento que se deseja produzir. A argila utilizada é com- Figura 2.4 – O cimento é utilizado
posta basicamente de silicatos de alumínio e óxidos de em todo tipo de construção.

28 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


ferro, silício e alumínio. Aditivos, como minérios de ferro e areia, podem ser utilizados para corrigir
deficiências da argila.

2.6.2 Moagem de cru


Após todos os componentes estarem dosados, a mistura passa pela moagem em moinhos de
bolas e/ou moinhos verticais, onde se transformará em um pó fino e homogêneo chamado farinha.

2.6.3 Pré-calcinação

Nessaà etapa
chegando a farinha
temperatura depassa porNa
800 ºC. umpré-calcinação
forno que aproveita os gases
é iniciada de sua saída para
a descarbonatação do aquecê-la,
calcário, ou
seja, este começa a se transformar na cal.
CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g)

2.6.4 Clinquerização
Após a pré-calcinação, a mistura passa para o forno rotativo, que faz com que a massa percorra
todo o seu comprimento, começando a fundir quando a temperatura chega a 1450 ºC, formando o
clínquer. Nessa temperatura o CaO reage com a sílica e o alumínio, formando silicato e aluminato de
cálcio. Esses compostos reagem com a água, formando seus derivados hidratados.

2.6.5 Resfriamento
Em seguida o clínquer é resfriado e passa por novo processo de moagem junto com gesso, que é
responsável por aumentar o tempo de manuseio do cimento, formando uma espécie de película e a
escória, restos da indústria siderúrgica. Como alguns componentes do clínquer são instáveis, é necessá-
rio que o resfriamento seja rápido. O resfriamento é feito por uma passagem de ar no clínquer.

2.7 Impactos da indústria de cimento ao ambiente


No processo de fabricação do cimento, cerca de 90% da energia consumida é proveniente da
queima de combustíveis. Os 10% restantes correspondem à energia elétrica utilizada na moagem.
A água é utilizada principalmente nas torres de resfriamento e 100% reaproveitada para os
futuros processos. Assim, não são gerados efluentes líquidos.
A produção do clínquer libera grande quantidade de gás carbônico, tanto pela calcinação
quanto pela queima do combustível, além de gerar material particulado.

Produção de Cerâmicas, Vidros e Cimento 29


Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu os métodos de preparação de materiais cerâmicos. Apesar de apre-
sentarem algumas diferenças no uso de matérias-primas e no modo de produção, o vidro e o cimento
também podem ser considerados materiais cerâmicos. De maneira geral, esses materiais são preparados
nas seguintes etapas: seleção da matéria-prima, preparo da massa, moldagem e secagem.

1) Faça um esquema listando todas as operações unitárias no processo de fabricação das


cerâmicas, do vidro e do cimento.
2) Que cuidados uma indústria cerâmica pode adotar a fim de diminuir sua contribui-
ção para a poluição do ar?
3) Quais as considerações que devem ser feitas na escolha do vidro em uma construção?
4) Explique o que são vidros impressos.
5) Qual a importância da reciclagem do vidro?
6) As transformações físicas são aquelas que alteram o estado físico dos materiais sem
alterar sua composição química, enquanto as transformações químicas alteram
justamente a composição química. Cite uma etapa no processo de fabricação do
cimento em que ocorra uma transformação física e uma em que ocorra a transfor-
mação química.
7) Qual a importância da dosagem de aditivos no processo de fabricação dos vidros,
cimentos e cerâmicas?

30 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


3
A Indústria
Soda-Cloro

Para começar

Neste capítulo, você irá conhecer três processos de produção de gás cloro, hidróxido de sódio e gás
hidrogênio, bem como as vantagens e desvantagens de cada processo.

3.1 Eletrólise
As reações de eletrólise são reações de oxirredução (com troca de elétrons) não espontâneas
que ocorrem somente com a passagem de uma corrente elétrica.
Na eletrólise há dois eletrodos, o catodo (polo negativo), em que ocorre a redução de uma
espécie, e o anodo (polo positivo), em que ocorre a oxidação de outra espécie.
Há dois tipos de eletrólise: a ígnea, que utiliza o sal fundido, e a aquosa, que usa o sal dissol-
vido em água. No último caso, o próprio solvente compete com o eletrólito, podendo ser oxidado
ou reduzido.
O gás cloro (Cl2), a soda cáustica (NaOH) e o gás hidrogênio (H 2) são produzidos em paralelo
pela eletrólise de salmouras (soluções concentradas de cloreto de sódio – NaCl).

31
Em 1774, o sueco Carl Wilhelm Scheele realizou a primeira reação que teve como produto o
gás cloro, misturando dióxido de manganês e ácido clorídrico. Na época, Scheele acreditava ter des-
coberto algum composto contendo oxigênio.
MnO2 + 4HCl → MnCl2 + Cl 2 + 2H2O
Somente em 1810 Humphry Davy, químico inglês, descobriu que esse gás era um novo ele-
mento químico e deu o nome cloro por causa de sua cor (do grego chlorós, que significa amarelo-
-esverdeado). Cerca de cem anos mais tarde, começou a ser utilizado na síntese de produtos
químicos, entre estes na produção do bis(2-cloroetil)sulfeto (gás mostarda), primeira arma química
utilizada na Primeira Guerra Mundial.
Atualmente 94% do cloro produzido é consumido na indústria petroquímica. O gás é muito
utilizado também para a síntese do policloreto de vinila (PVC), do poliuretano, na indústria de papel
e celulose, na indústria de tintas, na síntese de ácido clorídrico e hipoclorito de sódio (princípio
ativo da água sanitária), além do tratamento da água.
Já o hidróxido de sódio, popularmente conhecido como soda cáustica, é utilizado para con-
trole de pH em tratamento de efluentes e de indústrias alimentícias, na produção de detergentes,
sabões, borrachas remanufaturadas e vidros opacos, no tratamento da celulose; é catalisador de
diversas reações de síntese e ainda tem uso doméstico, principalmente para desentupimento de pias.
Há três técnicas utilizadas nas indústrias de soda-cloro: a célula de mercúrio, a célula de dia-
fragma e a célula de membrana seletiva. Todas as tecnologias empregam a eletrólise para a obtenção
dos produtos. Veremos a seguir como ocorrem esses processos, bem como as vantagens e desvanta-
gens de cada tipo de célula, mas antes veja um exemplo de como ocorre a eletrólise.

32 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


3.1.1 Eletrólise com células de mercúrio
Inicialmente a salmoura (solução concentrada de sal) passa por um tratamento químico com
ajuste de pH para a retirada de cátions indesejáveis como Mg² +, Fe²+, Fe³+ e Hg²+. O precipitado
obtido após o tratamento contém hidróxidos desses metais que serão lavados para que fiquem livres
de Hg²+ que ainda possa estar solúvel.
A salmoura é então conduzida à célula eletrolítica na qual ocorrerá a eletrólise. Essa célula é
formada por um anodo de grafite e um catodo móvel de mercúrio. No anodo, os íons cloreto Cl – são
oxidados ao gás cloro Cl2, enquanto no catodo os íons Na+ formam o sódio metálico, que irá se com-
binar ao mercúrio, formando o amálgama de mercúrio (Na(Hg)). A seguir, encontram-se as reações
que ocorrem nos eletrodos, bem como a reação global.
2 NaCl(aq) → 2 Na+(aq) + 2 Cl–(aq)
Anodo: 2 Cl–(aq) → Cl2(g) + 2e–

Catodo: 2 Na+(aq)+ 2 Hg0 + 2e– → 2 Na(Hg)


Equação global: 2 NaCl(aq) + 2 Hg0 → Cl2(g) + 2 Na(Hg)

A Indústria Soda-Cloro 33
O uso do mercúrio no catodo diminui a reatividade do sódio com a água. Assim como os
outros metais alcalinos, a reação do sódio com a água é muito violenta, libera muito calor e produz o
gás hidrogênio, que é explosivo. O amálgama será então conduzido a outro compartimento, a célula
secundária. Nessa nova divisão, o amálgama será o anodo e irá produzir o íon Na +, enquanto no
catodo de ferro ou grafite a água será reduzida a H2. A água é injetada contracorrente para que a rea-
ção ocorra de maneira amena. A seguir, estão as reações que ocorrem na célula secundária.
Anodo: 2 Na(Hg) → 2 Na+ + 2 Hg0 + 2e–
Catodo: 2 H2O + 2e– → 2 OH–(aq) + H2(aq)
Equação global: 2 Na(Hg)+ 2 H O → 2 NaOH + H + Hg0
2 (aq) 2
Tratamento Tratamento
Salmoura
químico de efluente

Cl2 Filtração
Célula
eletrolítica

Hg

Decomposição NaOH e
do Na(Hg) H2

Figura 3.1 – Fluxograma da eletrólise com eletrodo de mercúrio.

Reunindo as equações globais que ocorrem em cada etapa, obtém-se a seguinte equação global
para o processo:
2 NaCl(aq) + H2O → 2 NaOH(aq) + Cl2(g) + H2(g)
Ao final do processo pode haver íons Hg 2+ na salmoura proveniente das células eletrolíticas.
Outro fator que pode aumentar a concentração desse cátion é a queda de energia, pois quando isso
ocorre o aparelho pode ficar parado por tempo suficiente para que o gás cloro formado oxide o mer-
cúrio metálico a Hg²+. Por causa desses fatos, a salmoura deve ser tratada antes de retornar ao início
do processo. Costuma-se adicionar agentes precipitantes, como o sulfeto de sódio (Na2S), que for-
mará um sal insolúvel de mercúrio HgS e que poderá ser retirado por filtração.

3.1.2 Eletrólise com células tipo diafragma


Esse método utiliza um catodo de aço ou ferro e um anodo de titânio coberto por platina ou
óxido de platina. Para separar os dois eletrodos, usa-se um diafragma poroso de amianto, um silicato
mineral, que tem boa estabilidade química. Esse diafragma permite a troca iônica sem deixar que
ocorra a difusão dos produtos. Nesse procedimento, ocorre escoamento da salmoura do anodo para
o catodo, evitando reações paralelas.
Os íons Na+ chegam ao catodo por escoamento e vão se juntar às hidroxilas OH – formadas
nesse eletrodo pela eletrólise da água, que também produz gás hidrogênio. O diafragma impede

34 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


ainda que as hidroxilas cheguem ao anodo, no qual ocorre a produção do Cl 2, que podem reagir for-
mando hipoclorito de sódio e clorato de sódio.
Com o tempo, o diafragma tem que ser trocado, pois seus poros entopem devido ao ataque de
produtos da eletrólise e de impurezas da salmoura. Outro problema desse método é que o amianto
utilizado no diafragma é cancerígeno.

3.1.3 Eletrólise em células de membrana


É um método similar ao descrito anteriormente. Dois compartimentos, católito e anólito, são
separados por uma membrana seletiva de troca catiônica que permite a passagem dos íons Na +,
porém não permite a passagem dos íons OH – e Cl–. As primeiras membranas foram feitas de per-
fluorossulfonato, atualmente utilizam-se membranas de camada dupla de ácidos perfluorcarboxílico
e perfluorossulfônico. No anodo, feito de titânio, os íons Cl – são oxidados a gás cloro Cl2. Os íons
Na+ migram para o catodo, feito de níquel, onde se juntam às hidroxilas provenientes da eletrólise da
água, formando a solução de NaOH. Assim como na eletrólise com celas de diafragma, a eletrólise
da água produz também o gás H 2.

Tratamento Tratamento
Salmoura
químico de efluente

Filtração

Cl2 Célula H2
eletrolítica

NaOH

Figura 3.2 – Fluxograma da eletrólise com células de diafragma e de membrana.

As equações que ocorrem no anodo e no catodo dos dois últimos processos estão descritas a seguir:
Anodo: 2 NaCl(aq) → 2 Na+(aq) + 2 Cl–(aq)
2 Cl–(aq) → Cl2(g) + 2e–

Catodo: 2 H2O + 2e– → 2 OH–(aq) + H2(g)

2 Na+(aq) + 2 OH–(aq) → 2 NaOH(aq)

Reação global: 2 NaCl(aq) +2 H2O → 2 NaOH(aq) +Cl2(g) + H2(g)

A Indústria Soda-Cloro 35
Como podemos perceber, os três processos fornecem a mesma reação global.
Tabela 3.1 – Comparação das células eletrolíticas
Va n t a g e n s D es va n t a g e n s

A soda cáustica não necessita de operação de Maior consumo de energia elétrica.


concentração.
O mercúrio é poluente, porém, pode ser controlado.
Célula de mercúrio
Produtos com qualidade.

As matérias-primas não precisam ser de alta pureza.

Menor consumo de energia elétrica. Exige concentração da soda cáustica.

O segundo processo em utilização no mundo. As matérias-primas precisam ser de alta pureza.


Célula de diafragma Os produtos são impuros.

O custo de manutenção do diafragma é alto.

O asbesto é material tóxico.

Baixo consumo de energia. As matérias-primas precisam ser de alta pureza.

Célula de membrana Boa qualidade dos produtos. A manutenção é cara.

Não é poluente nem tóxico.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu três processos de produção de gás cloro, soda cáustica e gás hidro-
gênio, todos eles a partir da eletrólise de salmouras. Após conhecer suas vantagens e desvantagens, pode-

mos perceber
utiliza célula deque, apesar de apresentar alto custo de manutenção, o processo mais vantajoso é o que
membrana.

1) Quais as características das reações de eletrólise?


2) Quais os produtos da eletrólise aquosa do MgCl2? Equacione as semirreações no
anodo e no catodo e a reação global.
3) Se a eletrólise fosse realizada utilizando cloreto de zinco, ZnCl2, seria formado algum
hidróxido? Justifique.
4) Qual a importância do tratamento químico das salmouras?
5) Por que podemos dizer que o processo que utiliza a célula de membrana é o mais
vantajoso?
6) Que controles um técnico deve ter no processo que utiliza eletrodos de mercúrio?

36 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


4
Fertilizantes

Para começar

Neste capítulo você irá conhecer a importância dos ertilizantes para a agricultura, assim como as
ormas de produção dos seus dierentes tipos.

4.1 Introdução
Os ertilizantes têm como unção ornecer ao solo os nutrientes necessários para o bom cresci-
mento do cultivo agrícola ou repor esses nutrientes após a colheita. Podem ser orgânicos ou inorgâ-
nicos, naturais ou sintéticos.
Os elementos que compõem os ertilizantes são classificados em macro e micronutrientes. Os
macronutrientes (nitrogênio, carbono, potássio, ósoro, hidrogênio, enxore, cálcio e magnésio) são
aqueles de que a planta necessita em maior quantidade, ao passo que os micronutrientes (cloro, boro,
zinco, sódio, manganês, cobalto, silício, erro e cobre) são necessários em quantidades menores. Porém,
as maiores deficiências do solo costumam ser dos nutrientes ontes de nitrogênio, ósoro e potássio.

As principais
duos asálticos matérias-primas
do petróleo, utilizadas
nafa, rochas na produção
osáticas, de ertilizantes
rochas potássicas são o gás natural, resí-
e de enxore.

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Figura 4.1 – Aplicação de ertilizantes em uma plantação.

4.2 Qualidade
Os ertilizantes têm sua qualidade medida de acordo com a granulometria e a fluidez, que irão
aetar, respectivamente, a dissolução e a acilidade de escoamento; e a consistência, que é responsável
pela resistência dos grãos, permitindo armazenagem e transporte.

4.3 Fertilizantes fontes de nitrogênio


O nitrogênio constitui as proteínas e a clorofila, essencial para a otossíntese. Assim, ertilizan-
tes nitrogenados são muito utilizados para maior produtividade agrícola.
A matéria-prima para esses ertilizantes é a amônia. Esta, por sua vez, é sintetizada pela reação
do nitrogênio do ar com o hidrogênio proveniente da nafa do petróleo.
N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g)
As principais ontes de nitrogênio para as plantas são a ureia, o sulato de amônio, misturas
contendo nitrogênio e ósoro (MAP e DAP) e o nitrocálcio.

38 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


4.3.1 Ureia
Dentre todos os ertilizantes sólidos, a ureia (NH 2)2CO é o que apresenta a maior concen-
tração de nitrogênio, além de ser a mais estável quimicamente. É sintetizada reagindo-se a amônia
com gás carbônico.
2 NH3(g) + CO2(g) → (NH2)2CO(s) + H2O(g)

4.3.2 Sulfato de amônio

Apesar de ter uma concentração de nitrogênio mais baixa que a ureia, o sulato de amônio
(NH4)2SO4 possui 20% de enxore em sua composição. É muito utilizado quando o solo, além de
necessitar de nitrogênio, é pobre em enxore.

Fertilizantes 39
É sintetizado a partir da reação de neutralização da amônia com ácido sulúrico.
2 NH3(g) + H2SO4(aq) → (NH4)2SO4(aq)

4.3.3 Fosfato monoamônico MAP e fosfato diamônico DAP


O MAP e o DAP, cujos nomes IUPAC são respectivamente di-hidrogenoosato de amônio
(NH4)H2PO4 e hidrogenoosato de amônio (NH4)2HPO4, são vendidos na orma de misturas gra-
nuladas como ertilizantes secos. Além de ornecer nitrogênio, também são grandes ontes de ós-
oro. São sintetizados a partir da neutralização da amônia com ácido osórico.

NH3(g) + H3PO4(aq) → (NH4)H2PO4(aq)


2 NH3(g) + H3PO4(aq) → (NH4)2HPO4(aq)

4.3.4 Nitrocálcio
Dentre todos os ertilizantes nitrogenados o nitrocálcio é o mais instável quimicamente
no solo. Possui em sua composição 7% de cálcio. Consiste na mistura do sal nitrato de amônio,
NH4NO3, e o calcário, CaCO 3, ambos sólidos.
O nitrato de amônio, por sua vez, é sintetizado a partir da reação entre nitrato de prata e amônia.
NH3(aq) + AgNO3(aq) + H2O(l) → NH4NO3(aq) + AgOH(aq)
A amônia diluída em água orma a solução de NH4OH, que também costuma ser utilizada
como onte de nitrogênio.

NH3(g) + H2O(l) → NH4OH(aq)

4.4 Fertilizantes fontes de fósforo


O ósoro participa de processos como armazenamento e controle do uso da energia, além de
contribuir para o crescimento de raízes e rutos e na qualidade dos grãos. Esse elemento é encon-
trado nas rochas em orma de osatos, logo as principais matérias-primas para a produção de ertili-
zantes osatados são as rochas osáticas e o enxore.
As principais ontes de enxore utilizadas são os osatos de amônio, já citados anteriormente,
o superosato simples, o superosato duplo ou triplo e o termoosato.

4.4.1 Superfosfato simples


O superosato simples, CaHPO . 2H O, é vendido na orma granulada ou pulverizada. Pos-
4 de 2enxore em sua composição. É vantajoso por não alterar
sui 20% de ósoro, 16% de cálcio e 12%
as propriedades ísico-químicas do solo. É produzido a partir do tratamento da rocha osática com
ácido sulúrico.
Ca3(PO4)2(s) + H2SO4(aq) → 2 CaHPO4(aq) + CaSO4(aq)

40 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


4.4.2 Superfosfato triplo
A principal dierença entre o superosato triplo, Ca(HPO .
4)2 2H2O, e o superosato simples é
a dierença de concentração do ósoro, que chega a 45%. O superosato simples também não altera
as propriedades do solo.
A rocha osática é tratada com ácido sulúrico e ácido osórico, produzindo então o osato
triplo e gesso CaSO4 como subprodutos.
Ca3(PO4)2(s) + H2SO4(aq) + 2 H3PO4(aq) → 2 Ca(HPO4)2(aq) + CaSO4(aq) + 4 H+(aq)

4.4.3 Termofosfato
É preparado a partir do aquecimento de rochas osáticas enriquecidas com silicatos de cálcio
e magnésio, chegando à temperatura de 1500 °C quando unde. A rocha incandescente é então res-
riada com jatos de água, transormando-se em um pó granulado. Além de ser onte de ósoro, pode
apresentar em sua composição até 16% de cálcio, além de 5% de magnésio e silício.
Todos os ertilizantes nitrogenados e osatados que são comercializados na orma sólida, mas são
sintetizados na orma aquosa, têm a água evaporada após a síntese para serem obtidos na orma comercial.

Exemplo
Estequiometria

Através de cálculos estequiométricos é possível prever a massa dos produtos de uma reação, a quantidade de reagentes
necessária, o rendimento de uma reação e o grau de pureza dos produtos. Para fazer esses cálculos basta conhecer a
reação e a relação a seguir para fazer as contas, que são regras de três simples:

1 mol = 6 x 1023 moléculas = X gramas = 22,4 L

em que X é a massa do composto que será vista na tabela periódica.

Hidrogênio gasoso reage com nitrogênio gasoso em altas temperaturas e pressão para formar amônia, de acordo com a
reação a seguir:

N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)

a) Qual a massa de amônia produzida a partir de 18 g de hidrogênio? Dados: massa do H = 1g/mol; massa do
N = 14 g/mol.

Pela reação e pelos dados de massa da tabela periódica, podemos tirar a primeira linha da regra de três; a segunda
será obtida a partir do enunciado da questão.

Massa de H2 Massa de NH3


3mol x 2g 2mol x 17g
=
18g x

18 . 2 . 17
x= = 102 g
3.2

Fertilizantes 41
b) Qual o rendimento da reação, sabendo que foram produzidos somente 96 g?

Sabemos que 102 g seriam produzidos se o rendimento fosse de 100%, ou seja, se todo o hidrogênio reagisse.
Como foram produzidos somente 96 g, temos que descobrir qual a porcentagem do hidrogênio que reagiu, ou seja,
qual o rendimento da reação.

102 g 100%
=
96
g x

96 . 100
x= = 94%
102

4.5 Fertilizantes fontes de potássio


O potássio é responsável pelo equilíbrio de cargas no interior da célula e pela hidratação da
planta. Esse elemento é encontrado em minerais como a silvita, a silvinita, a carnalita e a langbenita.
O potássio é ornecido ao solo diretamente da matéria-prima, ou seja, não é necessário nenhum tra-
tamento térmico ou químico para colocá-lo no solo. O cloreto de potássio, KCl, e o sulato de potás-
sio, K2SO4, são os sais mais utilizados como ertilizantes.
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Figura 4.3 – Silvita.

42 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


4.6 Impactos ao ambiente
Como já vimos, o gesso é um dos produtos do tratamento ácido de rochas osáticas na produ-
ção de ertilizantes osatados. Esse gesso é guardado em pilhas e necessita de um cuidado especial
para que nem ele nem as águas ácidas residuais atinjam os lençóis reáticos. O gesso produzido pode
ter duas finalidades: servir como corretor de acidez do solo após ser tratado ou ser enviado para a
indústria de construção civil.
A indústria de ertilizantes produz efluentes líquidos ácidos e alcalinos que devem ser tratados
e neutralizados antes de serem descartados.
Quanto à poluição atmosérica, são emitidos pelas ábricas produtoras de ácido os gases dos

óxidos
tos de enxoree do
e carbonatos e deprocesso
nitrogênio, além de material particulado provenientes da produção de nitra-
de granulação.

Exemplo
O pH ou potencial hidrogeniônico pode ser calculado a partir da fórmula:

pH = – log [H+],

em que [H+] é a concentração do íon hidrogênio no meio.

Qual o pH de uma amostra de solo que apresenta concentração de cátion hidrogênio igual a 0,03 mol/L?

pH = – log [H+]

pH = – log [0,03]

pH = – log [10 –3]


.
pH = – 3 (-log 10), com log 10 =1
pH = 3

Fertilizantes 43
4.7 Informações de periculosidade e
efeitos ao ambiente

4.7.1 Ureia
A ureia é um sólido branco, corrosivo e irritante à pele que se decompõe quando aquecida.
Reage violentamente com oxidantes ortes, nitritos, cloretos e percloratos inorgânicos, causando
incêndio e explosão. Não causa danos à auna e flora aquáticas.

4.7.2 Sulfato de amônio


É um sólido branco que apresenta pH na aixa de 3,5-5,0 quando dissolvido em água. A com-
bustão de amônio pode resultar na emissão de gases tóxicos de óxidos de nitrogênio. É biodegradá-
vel, não sendo prejudicial ao ambiente.

4.7.3 MAP e DAP


O MAP e o DAP são sólidos brancos solúveis em água que apresentam pH alcalino. Reagem
com hipoclorito de sódio e se decompõem em temperaturas altas, produzindo gases tóxicos como
amônia e óxidos de nitrogênio e ósoro. Podem saturar cursos de água em nitrogênio e ósoro.

4.7.4 Superfosfato simples


O superosato simples é um sólido que apresenta alta solubilidade em água, e seu pH varia na
aixa de 2,5 a 3,0. Desse modo, pode diminuir o teor mineral devido à sua acidez.
Se exposto a altas temperaturas, pode se decompor, liberando gases osatados tóxicos que
podem causar problemas respiratórios.

4.7.5 Superfosfato triplo


Bastante solúvel em água, apresenta pH menor que 4,5. Sua alta solubilidade permite que seja
rapidamente incorporado pelas plantas. Pode contaminar cursos de água, saturando-os em ósoro.
Assim como o superosato simples, decompõe-se liberando gases osatados tóxicos se
exposto a altas temperaturas.
Em contato com materiais alcalinos, gera o gás amônia.

4.7.6 Termofosfato
É um sólido preto ou marrom, parcialmente solúvel em água, que apresenta pH maior que 7.
Por não ser muito solúvel, não é tóxico para a vida aquática e não é bioacumulativo.

44 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


4.8 Adubação orgânica
A adubação orgânica consiste na inserção, no solo, de resíduos de srcem animal e vegetal que
ao se decomporem pela ação de micro-organismos se transormam em húmus, um líquido rico em
nitrogênio e carbono.
O esterco é o adubo orgânico de srcem animal mais usado. É ormado por excrementos
sólido e líquidos misturados ou não com restos vegetais. É uma onte rápida de potássio, ósoro
e cálcio. O nitrogênio e o carbono serão disponíveis à medida que o material vai entrando em
decomposição.

Os adubos
cada sara. Tambémde srcem
é comum vegetal
o usonormalmente são provenientescomo
de resíduos agroindustriais, dos arestos deixados
vinhaça ao de
e a torta fimfiltro,
de
oriundos das destilarias de álcool e da indústria açucareira, respectivamente.
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Figura 4.4 – Esterco utilizado como adubo orgânico.

A adubação orgânica apresenta diversas vantagens, como a melhora da agregação do solo,


retenção de água diminuindo a erosão, diminuição da variação de temperatura do solo. Porém, o
adubo orgânico muitas vezes não supre a necessidade de nutrientes que se deve ornecer ao solo, a
não ser que sejam adicionados adubos orgânicos em grande quantidade.

Fertilizantes 45
Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu os meios de produção e obtenção dos ertilizantes, assim como suas
unções para as plantas. Você também pôde conhecer os perigos que alguns ertilizantes podem causar e
ainda o processo de adubação orgânica.

1) A cal virgem, jogada ao solo, entra em contato com a água, produzindo a cal hidra-
tada, de acordo com a equação a seguir:
CaO + H2O → Ca(OH)2
Se, na correção de um solo ácido oram utilizados 15 gramas de cal virgem, que apre-
senta 60% em massa de CaO, qual será massa de cal hidratada obtida?
2) Qual o pH de uma amostra de solo que apresenta concentração de cátion hidrogênio
igual a 0,01 mol/L?
3) Qual o pH de uma amostra de solo que apresenta concentração de cátion hidrogênio
igual a 0,03? Dado log 3 = 0,47.
4) De acordo com a síntese da ureia, qual a quantidade dessa substância que é produzi-
da a partir de 170 g de amônia, sabendo que a reação apresenta 100% de rendimento?
5) Uma amostra de 5 kg de uma rocha osática é aquecida para a obtenção do termo-
osato. Sabendo que oram obtidos 2 kg do ertilizante, determine o percentual desse
componente na rocha.
6) A granulometria é uma das propriedades que determina a qualidade dos ertilizantes.
Quanto maiores os grãos, pior a eficiência do ertilizante. Justifique.
7) Quais são as vantagens e as desvantagens da adubação orgânica?

46 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


5
Gases
Industriais

Para começar

Neste capítulo você vai conhecer os gases utilizados nas indústrias, bem como suas funcionalida-
des e métodos de produção.

5.1 O que são gases industriais?


Os gases industriais são aqueles fabricados e vendidos para a utilização em diversos setores
com diversas aplicações. Podem s er orgânicos ou inorgânicos, retirados diretamente da atmosfera
ou sintetizados.
São utilizados em diversos setores industriais, como nas indústrias de petróleo e gás, siderúr-
gicas, eletrônicas, automobilísticas, químicas, alimentícias, farmacêuticas, de borrachas e plásticos,
papel e celulose, entre outras.

47
Na Tabela 5.1 você irá encontrar as demandas de alguns gases industriais.
Tabela 5.1 – Gases e suas demandas
G a se sin du st ri a i s Se t o r e sd e ma n d a n t e s

Bebidas
Gelo seco
Gás carbônico Indústria têxtil
Saneamento
Metalurgia
Hospitalar
Gases atmosféricos Química
Nitrogênio Mecânica
Oxigênio Metalúrgica
Argônio Siderúrgica
Transporte
Alimentos
Hidrogênio Química
Fertilizantes
Acetileno Eletroeletrônica

Os gases são ainda classificados como gases industriais ou medicinais:

G as e si n du st ri a i s G as e sm e d i c i n a i s

Oxigênio
Nitrogênio
Oxigênio
Argônio
Óxido nitroso
Óxido nitroso
Misturas binárias ou terciárias
Dióxido de carbono
Hidrogênio

Além disso, podem ainda ser classificados como gases especiais, que são gases mais raros, que
existem em pouca quantidade, como o hélio, e ainda quanto ao tipo de obtenção, que pode ser por
fracionamento do ar atmosférico ou por processos químicos.

Aléme usos
pesquisas de todas
para essas
o gás aplicações,
combustível,osvisto
setores
quede ciência
uma e tecnologia
de nossas maiorestêm investido
fontes bastante
de energia, em
o petró-
leo, tende a acabar.

48 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


5.2 Gases industriais, aplicações e obtenção

5.2.1 Nitrogênio
Nossa atmosfera é composta por 78% de gás nitrogênio, 21% de gás oxigênio e 1% de outros
gases. Apesar de ser muito abundante na atmosfera, o nitrogênio encontra-se em uma concentração
muito baixa na crosta terrestre, de apenas 19 ppm (partes por milhão).
O nitrogênio é um gás inerte e não participa da nossa respiração, porém esse elemento é indis-
pensável ao nosso organismo, pois faz parte das proteínas que formam nosso corpo, assim como das
moléculas formadoras do DNA. Assim, nosso organismo consegue todo o nitrogênio necessário por
meio da alimentação.
Alguns micro-organismos têm a capacidade de fixar o nitrogênio, tornando-o disponível para
absorção pelas plantas. Essas plantas são a maior fonte de nitrogênio para a alimentação dos animais.
O gás nitrogênio tem grande aplicação na indústria química, por exemplo quando é necessária
a utilização de uma atmosfera inerte nas reações. O nitrogênio líquido é utilizado como gás refrige-
rante na indústria de alimentos para o congelamento e transporte e também na indústria química,
quando se deseja chegar a temperaturas muito baixas. O nitrogênio líquido fornece ao sistema uma
temperatura de –78 ºC.
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Figura 5.1 – Nitrogênio líquido.

Gases Industriais 49
O maior uso do gás nitrogênio pela indústria química é na produção de amônia (NH3).
N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)
Esse gás, por sua vez, é utilizado como gás refrigerante na produção de gelo e na manutenção
de baixas temperaturas em diversas indústrias. A amônia também é matéria-prima para a produção
de ácido nítrico e para a síntese da ureia, (NH2)2CO, e de outros fertilizantes.
2 NH3(g) + CO2(g) → (NH2)2CO(s) + H2O(g)
A obtenção do nitrogênio em larga escala atualmente ocorre somente por um processo: a
liquefação seguida da destilação fracionada do ar atmosférico. Como os gases presentes na atmosfera
apresentam pontos de ebulição muito próximos, é necessário que a destilação fracionada seja ben-
feita para a separação bem-sucedida dos componentes.

5.2.2 Oxigênio
O gás oxigênio é o segundo mais abundante de nossa atmosfera. É um gás inodoro, incolor,
insípido e atóxico. Sozinho não é inflamável, mas é um gás comburente, ou seja, alimenta chamas,
podendo causar explosões. Possui um alto poder oxidante. É indispensável ao nosso organismo,
visto que faz parte de nossa respiração e das reações de produção de energia para nosso corpo.
Nas indústrias metalúrgicas e siderúrgicas, o oxigênio é utilizado para a combustão e ajuste
do teor de carbono no aço e na solda. A combustão permite aumentar a concentração de CO 2 nos
fumos industriais, sendo a primeira etapa de armazenagem desse gás.
É utilizado ainda como branqueador nas indústrias de papel e celulose, representando uma

opção para a não utilização


micro-organismos, aumenta adoatividade
cloro. No tratamento de efluentes que utilizam o lodo ativado por
biológica.
Também é muito utilizado em aparelhos de respiração artificial em hospitais e em cilindros
de mergulho.
Assim como o gás nitrogênio, o gás oxigênio também é obtido pela liquefação do ar atmosfé-
rico e destilação fracionada do ar liquefeito.

5.2.3 Argônio
O argônio é um gás nobre, incolor, inodoro, insípido e inerte. Foi o primeiro gás nobre a
ser descoberto em nosso planeta, visto que já se havia descoberto o gás hélio no Sol por métodos
espectroscópicos.
O argônio é produzido de maneira natural pelo decaimento do isótopo radioativo potás-
sio-40
tamenteexistente nas para
das rochas rochas, através daAemissão
a atmosfera. dataçãodedeuma partícula β (beta).
argônio-potássio O argônio
em rochas migrapara
é utilizada len-
calcular a idade da Terra.
Os principais usos para o argônio são a soldagem de metais que necessitam de uma atmosfera
inerte para que não sofram oxidação, como alumínio, aço inoxidável, zircônio, titânio e urânio; a

50 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


fabricação de cristais de semicondutores; e em extintores de incêndio utilizados em locais com mate-
riais que necessitam de cuidados especiais, como microcomputadores e documentos históricos.
O argônio também é utilizado como gás inerte em lâmpadas para aparelhos de espectrometria
de absorção atômica usados em laboratórios de química analítica.
O argônio é obtido juntamente com o nitrogênio e o oxigênio na liquefação e destilação fracio-
nada do ar atmosférico.
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Figura 5.2 – Atmosfera inerte de argônio.

5.2.4 Hidrogênio
O hidrogênio é o elemento mais leve da tabela periódica. Não é encontrado puro em nosso
planeta, estandoenergia
então fornecer semprepara
ligado a outro elemento químico. Para se obter o gás hidrogênio, é necessário
dissociá-lo.
Esse gás foi sintetizado pela primeira vez misturando-se ácido sulfúrico com ferro. Mais tarde
observou-se que a reação entre ácido clorídrico e zinco também produzia esse gás.

Gases Industriais 51
Atualmente há vários processos de produção de hidrogênio, todos eles necessitando de energia
para ocorrer.
A eletrólise da água utiliza células com membranas de troca iônica é uma técnica que pro-
duz hidrogênio gasoso perfeitamente puro e pode utilizar energia renovável, como solar, eólica ou
hídrica. Porém, atualmente, são utilizadas somente fontes de energia não renováveis e poluidoras.
2 H2O(l) → 2 H2(g) + O2(g)
A reforma a vapor de hidrocarbonetos é um processo muito utilizado para a geração do gás
hidrogênio nas refinarias de petróleo. Esse processo consiste no aquecimento do gás natural e dos
gases produzidos na refinaria, todos eles hidrocarbonetos, com vapor d’água sob altas temperaturas e
utilizando-se um catalisador.
CH4(g) + H2O(g) → CO(g) + 3H2(g)
O monóxido de carbono pode continuar reagindo com o vapor d’água, produzindo CO
2 e H2,
aumentando assim o rendimento na produção de hidrogênio.
A desvantagem desse processo é que a matéria-prima utilizada é uma fonte não renovável e
tende a se esgotar no futuro.
O hidrogênio pode ser sintetizado ainda pela reação de metais alcalinos com água e de ácidos
clorídrico ou sulfúrico com metais como ferro ou zinco.
Na(s) + H2O(l) → NaOH(aq) + H2(g)
2 HCl(aq) + Zn(s) → H2(g) + ZnCl2(aq)

Processos biológicos de produção de hidrogênio têm ganhado bastante destaque, pois não são
poluentes e não necessitam de matéria-prima não renovável.
Na década de 1990 foram descobertas bactérias que produzem uma enzima resistente ao calor
que é capaz de degradar a molécula de glicose produzindo hidrogênio. Essa tecnologia pode ser
usada para esse fim a partir da celulose da madeira, que é um polímero da glicose. O calor pode ser
usado, visto que as enzimas são resistentes, para acelerar o processo. Recentemente foram descober-
tas microalgas capazes de produzir hidrogênio em condições específicas.
O hidrogênio é um gás inflamável e explosivo, logo deve ser armazenado e transportado com
cuidado, longe de materiais que produzam fogo ou faíscas.
O gás hidrogênio é utilizado na síntese da amônia, ácido clorídrico e metanol, por exemplo.
Também é muito usado na indústria alimentícia para a saturação de gorduras que serão utilizadas
em margarinas e chocolates. O deutério (hidrogênio-2), isótopo do hidrogênio, é utilizado em usinas
de fusão nuclear, produzindo energia.

52 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


O maior uso do gás hidrogênio está nas refinarias de petróleo. As próprias refinarias produzem
o gás a partir da reforma a vapor e o utilizam em diversos processos de produção de derivados de
petróleo, como hidrodessulforização e hidrocraqueamento.
O hidrogênio tem sido chamado de combustível do futuro, pois estuda-se a possibilidade de
esse material substituir os derivados do petróleo, fonte que irá se esgotar. A combustão do hidrogê-
nio, além de não gerar gases poluentes, é a que gera maior quantidade de energia, 142 KJ, ao passo
que a gasolina libera 48 KJ. O problema do uso do hidrogênio como combustível são os processos
caros de obtenção desse gás.

5.2.5 Hélio
O gás hélio monoatômico, incolor e inodoro, apresenta o menor ponto de ebulição (–268,93 °C)
de todos os elementos químicos. É o segundo elemento mais abundante no universo, atrás somente
do hidrogênio, porém é escasso na nossa atmosfera terrestre. Pode ser encontrado em depósitos sub-
terrâneos naturais de gás em quantidade para exploração. É utilizado no enchimento de balões e
dirigíveis, como líquido refrigerante de materiais supercondutores.

5.2.6 Acetileno
O acetileno é um gás de fórmula molecular C 2H2 bastante reativo devido à ligação tripla entre
os carbonos. Sofre polimerização e ciclização facilmente. É um gás explosivo se for armazenado em
altas pressões, por isso deve ser armazenado com gases inertes, que diminuem o risco de explosão, e
não deve ser comprimido a pressões acima de 2 atm.
Não é comum se encontrar acetileno na composição do petróleo, por se tratar de um gás muito
reativo, porém durante os processos de refino esse gás pode ser produzido.
Nas indústrias químicas, o acetileno é produzido a partir da reação do carbureto de cálcio,
CaC2, com água. O carbureto por sua vez é sintetizado a partir da reação de cal, CaO, com carvão
em fornos elétricos.
CaO(s) + C(s) → CaC2(s) + CO(g)
CaC2(s) + H2O(l) → C2H2(g) + Ca(OH)2(aq)
A síntese por via úmida utiliza um excesso de água que absorve a energia térmica liberada na
reação e forma uma suspensão de hidróxido de cálcio. Na via seca é utilizada somente a quantidade
de água necessária para a reação, sendo o pequeno excesso vaporizado pelo calor da reação. Forma-
-se nesse processo hidróxido de cálcio finamente dividido.
As principais etapas do processo são a geração do gás, a purificação e o armazenamento. O flu-
xograma na Figura 5.3 apresenta um esquema da produção do acetileno.

Gases Industriais 53
CaC2 C2H2
H2O Reator Resfriador Compressor Cilindros

Decantador Secador Secador


H2O

Ca(OH)2

Purificador Filtro

Figura 5.3 – Fluxograma ilustrando a produção do acetileno.


O acetileno é usado como gás combustível em maçaricos e como matéria-prima para a síntese
de diversos compostos orgânicos.

5.2.7 Dióxido de carbono


O dióxido de carbono, também chamado de gás carbônico, é essencial para a manutenção da
vida na Terra, pois é responsável pelo efeito estufa, fenômeno que mantém o planeta na temperatura
ideal para a vida. Além disso, o gás é utilizado pelas plantas para a realização da fotossíntese como
fonte de carbono para a produção de glicose.
O CO2 é obtido a partir da combustão completa de compostos que contêm carbono. Além
de ser liberado na respiração de seres vivos, pelos motores de automóveis, também é produzido em
diversos processos industriais. Algumas indústrias o capturam não só para a diminuição da emissão
desse gás poluente como também para a reutilização em processos da própria indústria ou para ven-
der para outras.
O gás carbônico é utilizado na indústria alimentícia para congelamento e conservação de ali-
mentos e para a gaseificação de bebidas. No ramo hospitalar, é utilizado em laboratórios de análise
sanguínea, junto com outros gases. Também é muito usado em extintores de incêndio e em tubu-
lações e cilindros de armazenagem de materiais inflamáveis. É utilizado também no tratamento de
efluentes alcalinos e na soldagem de metais.

5.2.8 Monóxido de carbono


O monóxido de carbono é resultado da combustão incompleta de um composto de carbono.
A combustão incompleta ocorre quando não há quantidade suficiente de oxigênio para a forma-
ção de CO 2.
O CO é um gás extremamente tóxico e, se inalado em grande quantidade, pode causar a morte
por asfixia.

54 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


A produção industrial do monóxido de carbono é feita por meio da reforma catalítica a vapor
do carvão ou do metano e outros hidrocarbonetos com vapor d’água. A mistura de gases produzida é
chamada de gás de síntese. A produção mais eficiente que utiliza esse método encontra-se nas indús-
trias petroquímicas.
C(s) + H2O(g) → CO(g) + H2(g)
CH4(g) + H2O(g) → CO(g) + 3H2(g)

O monóxido de carbono é utilizado na síntese de compostos orgânicos como o ácido acético e


o anidrido acético.

Gases Industriais 55
5.2.9 Gás natural
O gás natural é encontrado no subsolo armazenado em rochas porosas e composto predomi-
nantemente pelo metano, mas também por outros hidrocarbonetos como etano, propano e butano,
além de gás carbônico, nitrogênio e ácido clorídrico. Forma-se a partir da decomposição da matéria
orgânica fossilizada por milhares de anos. A primeira etapa da decomposição desse material orgâ-
nico forma o petróleo, e dando continuidade à decomposição forma-se o gás natural.
O gás natural é extraído dos reservatórios petrolíferos. Dependendo do local de formação, a
quantidade de gás misturado ao petróleo pode variar bastante. Após a extração do gás, este passa por
processamento para a separação dos componentes seguida de tratamento para retirada de contami-
nantes, e então pode ser armazenado e transportado. Após o tratamento, a composição do gás natu-
ral é de 80-95% de metano e o restante de etano.
Nos últimos anos o gás natural tem sido utilizado como combustível. Nas áreas urbanas, é dis-
tribuído em tubulações para servir como gás de cozinha. Alguns carros e ônibus também passaram a
funcionar operando com gás natural.

56 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


H CH2

C—H CH3 — CH3 CH3 CH3


H
H
metano etano propano

CH3

CH2 CH3 CH

CH3 CH2 CH3 CH3

butano isobutano

Figura 5.5 – Estruturas dos hidrocarbonetos do gás natural e GLP.

5.2.10 Gás liquefeito de petróleo


O gás liquefeito de petróleo é uma mistura de propano, isobutano e n-butano obtidos durante
as etapas de destilação e craqueamento no refino de petróleo. Após a separação, os gases são envia-
dos para tratamento de descontaminação para a retirada de H 2S.
O GLP é conhecido como o gás de cozinha e vendido em botijões, mas também é utilizado em
aquecedores residenciais e industriais.

Vamos recapitular?
Neste capítulo você conheceu os principais gases utilizados pelas indústrias e na área hospitalar.
Pôde conhecer também os métodos de obtenção desses gases por meio da liquefação do ar ou por
processos químicos.

Gases Industriais 57
1) Qual é a importância do gás nitrogênio para a indústria de fertilizantes?
2) Quantos quilos de ureia podem ser obtidos a partir de 100 kg de amônia com excesso
de gás carbônico, considerando reação de 100% de rendimento?
3) A ordem de ligação entre os átomos de uma molécula está diretamente ligada à força
da ligação, ou seja, quanto maior a ordem de ligação entre dois átomos, maior a força
dessa ligação. Sabendo que o oxigênio apresenta ordem de ligação 2 e o nitrogênio
ordem de ligação 3, justifique o emprego do gás nitrogênio como atmosfera inerte
pelas indústrias químicas.
4) O oxigênio reage com muitos metais, formando óxidos. Sabendo disso, justifique o
emprego do argônio durante a soldagem de materiais metálicos.
5) O argônio é produzido de maneira natural pela emissão de partículas β pelo isótopo
radioativo do potássio K40.
40 40 0
19K → 18Ar + –1β
Sabendo que a meia-vida do isótopo potássio-40 é de 1,248 × 10 9 anos, determine
quantos anos serão necessários para a formação de 0,75 g de argônio a partir de 1,0 g
da amostra de potássio radioativo.
Obs.: A meia-vida é o tempo necessário para que uma quantidade de amostra radioa-
tiva se reduza à metade após o decaimento.
6) Um pequeno pedaço de potássio metálico é colocado em um béquer com água, pro-
duzindo uma reação exotérmica com desprendimento de um gás. Qual o gás produ-
zido? Equacione a reação.
7) No Capítulo 3, A indústria soda-cloro, você pôde conhecer um método de produção
de alguns gases pelo processo de eletrólise. Que gases são esses? Sugira outros gases
que possam ser produzidos pelo mesmo método.

58 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


6
Polímeros

Para começar

Neste capítulo você conhecerá dierentes tipos de polímeros, suas técnicas deprodução e utilidades.

6.1 Conceitos

6.1.1 Polímeros
Um polímero é uma macromolécula de alta massa molecular constituída pela repetição de várias
unidades, os monômeros que normalmente apresentam baixo peso molecular. Essa estrutura é or-
mada por cadeias longas e retorcidas. Os polímeros podem sersintéticos ou naturais, como a madeira.

6.1.2 Monômeros
São as menores unidades ormadoras de um polímero. São hidrocarbonetos cujas ligações
intramoleculares são ligações covalentes ortes, ao passo que as ligações intermoleculares são liga-
ções racas de Van der Vals, justificando o baixo ponto de usão dos polímeros.

59
6.2 Tipos de polímeros
Os polímeros podem ser classificados em plásticos, borrachas ou fibras, dependendo do tipo
de monômero e de ligação. Podem ainda ser classificados de acordo com a estrutura química, o
método de polimerização, a solubilidade ou as propriedades mecânicas.

6.2.1 Quanto ao método de preparação


» Polímeros de adição
Ocorre quando os monômeros possuem ligação π. Essas ligações se desazem para ormar
uma nova ligação entre os monômeros.

C C C C C C C C

Figura 6.1 – Esquema do processo de adição.

» Polímeros de condensação
Para que esse tipo de polimerização ocorra é necessário que haja dois grupos uncionais
dierentes nos monômeros. A polimerização resulta na perda de uma molécula menor, nor-
malmente a água.

Figura 6.2 – Esquema do processo de condensação.

6.2.2 Quanto ao aumento de temperatura


» Termoplástico
Polímero que pode ser aquecido e moldado e que quando resria permanece com o or-
mato que lhe oi dado. O aumento da temperatura quebra as ligações secundárias, que são
racas, e permite a movimentação entre as cadeias.

60 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


» Termofixo
Polímero mais duro que o termoplástico. Necessita de temperaturas muito elevadas para
quebrar as ligações entre as cadeias, e nessas temperaturas o polímero degrada.

6.2.3 Quanto à srcem


» Natural
São os polímeros encontrados na natureza, como madeira, lã, couro, seda etc.
» Sintético

São os polímeros sintetizados industrialmente pelo homem.


6.2.4 Quanto ao número de monômeros
» Homopolímero
Polímero ormado por um único tipo de monômero.
» Copolímero
Polímero constituído por dois ou mais tipos de monômeros.

6.2.5 Quanto à função química


» Poli-hidrocarbonetos
Os monômeros são hidrocarbonetos.
» Poliamidas
Possuem o grupo uncional amida.
» Poliésteres
Possuem o grupo uncional éster.

6.2.6 Quanto à estrutura da cadeia


» Linear
Cada monômero liga-se somente a outros dois monômeros, ormando uma cadeia linear.
» Ramificada
Os monômeros ligam-se a mais de dois outros monômeros, ormando ramificações.
» Crosslink (ligações cruzadas)

As cadeias se ligam através de ligações cruzadas, ormando uma rede polimérica.

Polímeros 61
6.3 Nomenclatura de polímeros

62 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


De acordo com a IUPAC, os polímeros devem ser nomeados utilizando-se o prefixo poli
seguido da nomenclatura IUPAC da unidade repetitiva entre parênteses.
Poli(nome da unidade repetitiva)
Essa nomenclatura é usada com mais requência para polímeros de cadeia complexa. Os polí-
meros simples que oram criados antes das regras de nomenclatura são chamados pelos seus nomes
tradicionais.

6.4 Reações de polimerização


Chama-se de reação de polimerização as reações químicas que unem os monômeros para or-
marem os polímeros. Essas reações costumavam ser divididas em reações de adição ou reações de
condensação, porém em 1953 passaram a ser chamadas também de reações em cadeia e reações em
etapas, respectivamente.
A polimerização em cadeia (poliadição) pode ser dividida em três tempos dierentes: iniciação,
propagação e terminação.
A iniciação é realizada por calor, radiação, agentes químicos, ou catalisadores. Os dois primei-
ros promovem quebra igual da ligação (homólise), produzindo radicais livres, enquanto os outros
também podem produzir radicais livres, mas podem ocasionar uma quebra desigual (heterólise) da
ligação, ormando cátions e ânions.
Podemos dizer então que a iniciação consiste na ormação do radica
l livre, do cátion ou do ânion.
Na propagação, a espécie ormada na iniciação irá se ligar a outros monômeros sucessiva-
mente, ormando as cadeias poliméricas.
A terminação pode ocorrer espontaneamente ou por ação de um reagente. Quando ocorre de
maneira espontânea, as reações radicalares são interrompidas pela união de dois radicais. As reações
via cátion são terminadas pela umidade do ar. As aniônicas só irão ser encerradas pela adição de um
ácido ou álcool, logo a terminação ocorre por ação de reagente.
Quando monômeros são armazenados para transportes e não se deseja que polimerizem no
caminho, são adicionados agentes inibidores, como nitrobenzeno, m-dinitrobenzeno, hidroquinonas
entre outros.
A polimerização em etapas (policondensação) ocorre através da ormação de cátions ou ânions
e, dierentemente das reações em cadeia, não pode ser dividida em iniciação, propagação e terminação,
pois não há distinção entre elas. Avelocidade de reação permanece constante do início ao fim.
Há duas características importantes para esse tipo de polimerização: pode ocorrer ciclização
da
do cadeia e as cadeias ormadas podem ser lineares ou ramificadas, dependendo do grupo uncional
monômero.

Polímeros 63
6.5 Técnicas de polimerização
Há cinco técnicas utilizadas para reações de polimerização: em massa, em solução, em suspen-
são, em emulsão e em ases, sendo a última pouco utilizada. Cada técnica irá gerar polímeros com
características dierentes.

6.5.1 Polimerização em massa


O monômero e o iniciador são colocados no meio reacional com agitação. Se a reação or ini-
ciada por temperatura ou radiação, somente o monômero estará no meio reacional. A polimerização
se inicia assim que o iniciador age sobre os monômeros aumentando a viscosidade da reação, que
é bastante exotérmica, ou seja, produz bastante calor. Por isso a agitação deve ser bastante eficiente
para que a temperatura se disperse igualmente, evitando superaquecimento.
A polimerização em massa produz polímeros puros, além deersuma técnica bastante econômica.

6.5.2 Polimerização em solução


Além do monômero e do iniciador, é adicionado um solvente no meio reacional. Tanto o
monômero quanto o agente iniciador devem ser solúveis no solvente escolhido, porém o polímero
sintetizado pode ser solúvel ou não. Caso seja insolúvel, será extraído por filtração; caso seja solúvel,
é adicionado um solvente que irá uncionar como agente precipitante.
O solvente escolhido deve ser inerte, ou seja, não deve reagir com o monômero, nem com o
agente iniciador, nem com o polímero; além disso, deve ser barato, com ponto de ebulição baixo e de
ácil remoção.
A vantagem dessa técnica é que não há superaquecimento em determinados pontos devido à
acilidade de agitação.

6.5.3 Polimerização em suspensão


Além do monômero e do iniciador também serão adicionados água como solvente e um sur-
actante no meio reacional, cuja unção é auxiliar para que o polímero fique em suspensão e não pre-
cipite antes da hora. Nesse processo os polímeros adquirem o ormato de pérolas. O tamanho dessas
pérolas depende da velocidade da agitação.
Além do suractante, polímeros solúveis em água podem ser adicionados para auxiliar na sus-
pensão do polímero. Esse método é vantajoso pela ácil agitação e controle da temperatura, porém,
apresenta a desvantagem de gerar polímeros contaminados pelo suractante.

6.5.4 Polimerização em emulsão


São acrescentados diversos aditivos ao meio reacional, tais como emulsificantes, tampões de pH,
suractantes, entre outros, além do monômero e do agente iniciador, usando-se como solvente a água.

64 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Para essa técnica ser bem-sucedida é necessário que o iniciador seja solúvel em água e o
monômero não. O emulsificante tem a unção de ormar micelas, que são pequenas eseras que
armazenam dentro de si os monômeros. Algumas micelas irão conter o monômero ativado que irá
dar início às cadeias poliméricas, enquanto as outras irão conter monômeros inativos que irão ali-
mentar as cadeias.
Essa técnica também ornece bastante controle para temperatura e agitação, porém também
ornece polímeros impuros.

6.5.5 Polimerização em fases


Nesse processo um monômero é solúvel em um solvente e um segundo monômero em outro
solvente. Ambos os solventes são imiscíveis, de modo que, ao serem misturados, ormam duas ases.
O polímero se orma na interace e é retirado para que uma nova quantidade de polímero se orme.
Essa técnica é pouco utilizada por ser restrita a um número pequeno de polímeros.

6.6 Propriedades físicas dos polímeros


Os polímeros podem apresentar cadeias lineares que se entrelaçam, influenciando sua capaci-
dade de flexibilidade. Podem ainda apresentar ramificações ou até ligações cruzadas entre as cadeias
que conerem maior rigidez. Essas dierenças vão resultar em dierentes propriedades.
As propriedades dos polímeros estão relacionadas à sua alta massa molecular, quanto maior
or a macromolécula, melhores serão suas propriedades mecânicas.

6.6.1 Porosidade
Você já parou para pensar no porquê de as bexigas de aniversário esvaziarem com o tempo,
mesmo não estando uradas? O espaço entre as macromoléculas dos polímeros é muito grande,
principalmente comparado a outros materiais. Desse modo, são bastante permeáveis perante os
gases, acarretando a limitação desse material para o uso em embalagens.

6.6.2 Densidade
Outra consequência do espaçamento entre as macromoléculas é a densidade relativamente
baixa. Quanto maior o volume do material, menor a densidade. A distância entre as moléculas az
com que o volume dos polímeros seja grande e consequentemente que a densidade seja baixa.
A baixa densidade indica que os polímeros são materiais leves, sendo bastante utilizados em
embalagem para diminuir o peso da carga no transporte, exceto quando o polímero é incompatível
com o material a ser transportado.

Polímeros 65
6.6.3 Condutividade térmica e elétrica
Os polímeros possuem baixa condutividade térmica e elétrica. O motivo em ambos os casos é
a alta de elétrons disponíveis na estrutura dos polímeros. Por isso os polímeros são bastante utiliza-
dos como isolantes térmicos na orma de espumas e isolantes elétricos.

6.6.4 Permeabilidade quanto à luz


Os polímeros amoros (sem estrutura organizada) podem chegar a um nível de transparência
de até 90%. Polímeros cristalinos podem ser translúcidos, opacos ou transparentes, dependendo do
grau de cristalinidade. Porém, a exposição aos gases atmoséricos e às variações de temperatura pode
tornar o material mais opaco.

6.6.5 Resistência à corrosão


Devido à natureza da estrutura, os polímeros não são atacados pelo oxigênio, porém solventes
orgânicos, que possuem natureza semelhante, costumam atacar e destruir os polímeros.

6.6.6 Resistência a impacto


Os polímeros possuem bastante resistência ao impacto, sendo comum o uso desse material no
lugar do vidro em diversos objetos.

6.6.7 Flexibilidade
A flexibilidade se deve ao tamanho das moléculas que se entrelaçam. Essa propriedade varia de
acordo com o tipo de polímero e com os aditivos utilizados na ormulação.

6.7 Massa molar


Durante as reações de polimerização ormam-se cadeias de dierentes tamanhos, por isso é
diícil determinar a massa molar de um polímero, sendo necessário o uso de técnicas para determi-
nar o peso molecular médio.
Um método bastante utilizado que possibilita o cálculo da massa molecular de dierentes cadeias
é a cromatografia de permeação em gel. Essa técnica consiste em uma coluna preenchida com material
poroso, na qual será inserido o polímero dissolvido em algum solvente. As moléculas pequenas ficam
retidas nos poros, ao passo que as maiores passam por entre os espaços do material poroso. Quanto
maior or a molécula, menos retida ficará e mais acilmente chegará ao outro lado da coluna. Desse
modo é possível calcular o peso molecular utilizando o tempo de eluição das moléculas.
Quanto mais variado or o número de pesos moleculares encontrados para um determinado
polímero, mais polidisperso ele será. A polidispersividade ocorre em unção das variações de tem-
peratura, viscosidade e concentração do iniciador no dierentes pontos do meio reacional, ormando
cadeias de tamanhos dierentes.

66 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


6.8 Cristalização
O primeiro cristal ormado durante a polimerização é chamado de núcleo. Os outros cris-
tais serão ormados a partir desse núcleo, e a disposição ormada por esses cristais é chamada de
eserulito. Cada cristal, por sua vez, pode ser ormado por várias moléculas, cada uma arranjada de
maneira dierente sobre si mesma e empilhadas sobre outras moléculas.
Quando estão no estado cristalizado, as moléculas que ormam o polímero ficam mais próximas
e a orça intermolecular que as une se torna maior, azendo com que o cristal fique mais resistente.
Polímeros de cadeia linear ormam cristais mais organizados, enquanto os de cadeia ramifi-
cada têm maior dificuldade de se aproximar, tornando os cristais mais desordenados.
Todos os cristais têm regiões pereitamente cristalinas e regiões amoras devido a deeitos na
organização e sobreposição das moléculas.

6.9 Propriedades térmicas


As propriedades térmicas estão relacionadas à cristalinidade, que por sua vez se relaciona com
a estrutura das cadeias poliméricas. Polímeros lineares apresentam um grau de cristalinidade maior,
ou seja, os cristais são mais bem organizados, as moléculas estão mais próximas e apresentam orças
de atração maiores, logo a temperatura de amolecimento para polímeros lineares é maior do que
para polímeros ramificados. Estes, por sua vez, apresentam suas moléculas mais distanciadas devido
às ramificações, por consequência as orças intermoleculares são mais racas e serão mais acilmente
quebradas, logo a temperatura de amolecimento para esses polímeros é mais baixa.

Os polímeros
Os polímeros não dois
possuem se cristalizam totalmente
estados ísicos, devido
líquido às cadeiasNolongas
e cristalino. e ao
estado peso molecular
líquido alto.
há a completa
ausência de cristalinidade, e no estado sólido a cristalinidade é parcial.
Há duas grandezas relacionadas ao estado ísico dos polímeros: a temperatura de usão cris-
talina (Tm) e a temperatura de transição vítrea (T g), sendo que, na última, não ocorre mudança de
estado ísico, ao passo que na outra há mudança da ase cristalina para ase líquida.
Todos os polímeros possuem temperatura de transição vítrea, mas os polímeros amoros não
possuem temperatura de usão cristalina por já se encontrarem em um estado desordenado, assim
como os polímeros na ase líquida. Esses polímeros passam do estado vítreo para o fluido ao passa-
rem da temperatura de transição vítrea.
Abaixo dessa temperatura as moléculas dos polímeros amoros vibram pouco; quando a atin-
gem amolecem, tornando-se mais deormáveis, e acima dessa temperatura, ormam um fluido de
baixa viscosidade.
Polímeros semicristalinos possuem regiões amoras e regiões cristalinas, nesse caso, as molé-
culas dos cristais permanecerão imóveis até atingirem a temperatura de usão.

Polímeros 67
A temperatura de transição vítrea está relacionada à estrutura das moléculas e sua capacidade de
movimentação e rotação. Quanto mais livres orem as moléculas, menor será a temperatura de transi-
ção do polímero. Logo, polímeros com ligações cruzadasapresentarão temperaturas altas de transição.
O fluxograma a seguir mostra a dierença entre polímeros termoplásticos e termofixos, cristali-
nos ou amoros, levando em conta as características da cadeia.

Cadeia linear Semicristalino Possui Tg e Tm

Termoplástico Tg < Tamb


macio
Cadeia linear
ou ramificada Amorfo
Tg > Tamb
rígido

Ligações cruzadas
Termofixo Amorfo
entre cadeias

Figura 6.3 – Dierenças entre os polímeros de acordo com suas cadeias.

6.10 Conheça alguns polímeros

6.10.1 Polietileno (PE)

H H

C C

H H

Figura 6.4 – Fórmula estrutural do polietileno.

O polietileno é sintetizado a partir do monômero gasoso etileno CH 2 = CH2 (ou eteno, de


acordo com a IUPAC). Há vários processos para a síntese desse polímero, o que irá resultar em polí-
meros de dierentes pesos moleculares e dierentes densidades, logo se pode produzir polietilenos
com dierentes características: translúcidos ou transparentes, flexíveis ou rígidos, de cor natural ou
pigmentados. Essa variedade az com que esse polímero seja o mais vendido do mundo.
Esse polímero apresenta baixo custo, é acilmente moldado, não é tóxico e tem propriedades
isolantes, além de ser impermeável à água.
As dierentes técnicas de processamento, que irão gerar dierentes tipos de cadeia, srcinam
vários tipos desse polímero, usado em sacolas plásticas, embalagens, mangueiras etc.

68 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


» Polietileno de alta densidade – PEAD
As cadeias apresentam pouquíssima ramificação. É um material rígido, resistente à tração e
com resistência moderada ao impacto. Utilizado em bombonas, tanques de combustível, canos de
distribuição de água e gás, entre outras aplicações.
» Polietileno de baixa densidade – PEBD
Suas moléculas são bastante ramificadas e apresentam baixo grau de cristalinidade. É o mais
leve de todos os polietilenos, é flexível, com boa dureza e boa resistência mecânica. Utilizado em
brinquedos, ampolas de soro, isolamento elétrico etc.
» Polietileno de baixa densidade linear – PEBDL
Possui uma quantidade muito menor de ramificações comparado ao PEBD, além de maior
rigidez, brilho e resistência. É utilizado em embalagens de alimentos, canos, bolsas de gelo etc.
» Polietileno de ultra alta massa molecular – PEUAMM
Possui alta resistência a produtos químicos e ao impacto, além de ser bastante macio. É utili-
zado em engrenagens, ossos artificiais, isolantes elétricos etc.

6.10.2 Polipropileno (PP)

H H

C C

H CH3

Figura 6.5 – Fórmula estrutural do polipropileno.

Formado pelo monômero gasoso propeno CH 2 = CHCH3 derivado do petróleo. É um polímero


termoplástico semicristalino mais resistente ao calor que o PE, logo demora mais para amolecer.
A síntese ocorre em um reator a altas temperaturas e sob alta pressão com o auxílio de um
catalisador.
É um polímero leve, porém com alta rigidez, resistência ao impacto, dureza superficial, resis-
tência química e a vários solventes. Porém é sensível à radiação ultravioleta e à oxidação.
Esse polímero se mistura bem com dierentes tipos de aditivos durante a sua abricação, per-
mitindo um elenco bastante variado desse tipo de polímero e muitas aplicações. Filmes eitos com
esse polímero são usados em embalagens de alimentos e fibras utilizadas em tapetes, carpetes e cor-
das. Também tem uso em canetas, brinquedos e recipientes para remédios e produtos químicos.

Polímeros 69
6.10.3 Poliestireno

H H

C C

Figura 6.6 – Fórmula estrutural do poliestireno.

Sintetizado a partir do monômero etil-benzeno (estireno). Quando gases são injetados durante
a polimerização, o polímero se expande, ormando o isopor. É um termoplástico duro, porém que-
bradiço e de baixa resistência a solventes orgânicos, apesar de apresentar boa resistência perante áci-
dos e bases. Seu maior uso está nos eletrodoméstico, embalagens, pratos, copos e xícaras.

6.10.4 Cloreto de polivinila (PVC)

H H

C C

H Cl

Figura 6.7 – Fórmula estrutural do PVC.

É sintetizado a partir de um monômero cancerígeno, o cloroeteno, CH2 = CHCH3. Para sua sín-
tese, primeiramente o petróleo é estilado, produzindo a nafa. Esta por sua vez passa pelo processo de
craqueamento, no qual as moléculas grandes são quebradas em moléculas menores, ormando assim
o eteno. Em um processo separado ocorre a eletrólise do cloreto de sódio, quando irá ser produzido o
gás cloro. Ambos os gases, eteno e cloro, reagem ormando o dicloroetano, que, por sua vez, passa pelo
processo de pirólise, produzindo então o cloroeteno, monômero utilizado para a síntese do PVC.
A polimerização é eita normalmente utilizando-se a técnica de suspensão, na qual deve ser
adicionado um estabilizante devido à baixa estabilidade do monômero. Suas principais aplicações
são em telhas, tubulações, conexões etc.

6.10.5 Politetrauoretileno (Teon)

F F

C C

F F

Figura 6.8 – Fórmula estr utural do politetrafluoretileno.

70 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


O monômero utilizado para produzir esse polímero é o tetrafluoreteno, e para que a reação
ocorra é necessária uma pressão de 50000 atm. (Lembre que a pressão atmosérica é de 1 atm!)
Apesar de sua produção ter alto custo, é um polímero muito utilizado, por ser o mais resistente
ao calor e à corrosão por agentes químicos. É muito utilizado em vedação, válvulas, encanamento,
antenas parabólicas, equipamentos químicos etc.

6.10.6 Polimetacrilato (Acrílico)

H CH3

C C

H C
O
OCH3

Figura 6.9 – Fórmula estrutural do polimetacrilato.

A polimerização ocorre a partir do monômero metil-acrilato de metila. O polímero gerado é


transparente e tem excelentes propriedades ópticas, sendo utilizado em lentes para óculos, telas de
televisões e para-brisas de aviões.

6.10.7 Poliuretano

O O H H

H H
C N N C O C C O

H H

Figura 6.10 – Fórmula estrutural do poliuretano.

Trata-se de um copolímero sintetizado a partir de dois monômeros, o p-di-isocianato de enila


e o 1,2-etanodiol. A injeção de gases durante a polimerização orma espumas. É bastante utilizado
em isolamentos, pranchas de sure e no revestimento interno de roupas.

6.10.8 Polifenol (Baquelita)

CH2

Figura 6.11 – Fórmula estrutural do polienol.

Polímeros 71
Sua síntese também ocorre a partir de dois monômeros, enol e metanal. Inicialmente orma-se
um polímero de cadeia linear que é utilizado na abricação de tintas, vernizes e colas. Quando a rea-
ção não é interrompida, srcina então a baquelita, ou baquelite, um polímero tridimensional e ter-
mofixo utilizado na conecção de cabos de panelas e tomadas.

6.10.9 Poliamidas (Náilon)


Esse polímero termoplástico é sintetizado normalmente pela técnica de polimerização em
massa a partir da condensação de diaminas e diácidos carboxílicos. São duros e com bastante resis-
tência mecânica. Utilizados em peças para máquinas, cordas, tecidos, garraas, em orma de fios e
em linhas de pesca.
6.10.10 Politeriftalato de etileno (PET)

O O H H

C C O C C

H H

Figura 6.12 – Fórmula estrutural do politerifalato de etileno (PET).

O PET é um polímero da amília dos poliésteres, já que apresenta a unção química éster em
sua unidade repetitiva. É um copolímero ormado pelos monômeros ácido terifálico e pelo etileno-
glicol, ambos obtidos a partir de produtos derivados do petróleo.

A polimerização
deve passar ocorre
pelo processo sob alta pressão
de cristalização e temperatura,
em seguida. O PET é levando a um higroscópico,
extremamente polímero amoro
o queque
pode prejudicar o seu reaquecimento e usão, pois o excesso de água pode degradá-lo.

72 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


6.11 Aditivos
Para melhorar as propriedades dos polímeros, bem como tornar mais barato o custo de pro-
dução, é de costume o uso de aditivos durante a produção. A seguir você irá conhecer alguns desses
aditivos e suas respectivas unções.

6.11.1 Cargas
Esse tipo de aditivo tem como unçõesbaratear o custo de produção ealterar propriedades mecâ-
nicas. São chamadas de carga de reorço aquelas que aumentam a resistência mecânica dos polímeros.
Dentre elas destacam-se o negro-umo, as fibras de vidro e as fibras de carbono. Recebem o nome de
cargas de diluição aquelas que tornam mais barata a produção, tais como serragem e talco.
As cargas adequadas são aquelas que apresentam baixo custo, grande disponibilidade, são neu-
tras, áceis de manusear e não impedem o escoamento de polímeros.

6.11.2 Plastifcantes
Os plastificantes diminuem as orças intermoleculares e, consequentemente, diminuem a tem-
peratura de amolecimento, acilitando a moldagem, além de conerir maior flexibilidade. São utiliza-
dos principalmente quando o polímero se decompõe antes da temperatura de amolecimento.
Os plastificantes são substâncias de alto ponto de usão e devem apresentar compatibilidade e mis-
cibilidade com o polímero, não devem ser inflamáveis e devem apresentar resistência ao calor e à luz.

6.11.3 Retardantes de chamas


Como muitos polímeros são altamente inflamáveis, esse aditivo tem como unção evitar
que o material inflame, que a chama se espalhe, que se orme umaça ou que o polímero pingue
quando queimado.
Esses aditivos devem se misturar acilmente, ser de baixo custo, atóxicos, sem alterar as pro-
priedades mecânicas e ísicas dos polímeros. Os retardantes mais utilizados são hidretos de alumí-
nio, osatos orgânicos e hidrocarbonetos clorados e bromados.
Apesar de esses aditivos apresentarem grande eficiência, não existe nenhum polímero que
seja inflamável.

Polímeros 73
6.11.4 Lubrifcantes
Têm como objetivo melhorar a capacidade de escoamento do polímero, assim como impedir a
aderência destes à superície dos moldes. As substâncias mais utilizadas para essa finalidade são áci-
dos graxos, ceras, silicones, óleos minerais, entre outras.
Esses aditivos não devem ser voláteis, nem migrar para a superície durante a moldagem, nem
alterar as propriedades dos polímeros.

6.11.5 Estabilizadores

São bastante utilizados em polímeros que se decompõem quando expostos a radiação ultravio-
leta ou a temperatura. Aminas impedidas, derivados da benzoenona, compostos de organo-níquel,
silicatos e derivados de benzoatos são utilizados para absorver a energia ornecida pelos raios UV,
impedindo assim a degradação desses polímeros.
Os estabilizadores térmicos são utilizados principalmente no PVC, que, quando se decompõe
por causa da temperatura, libera HCl. Esses aditivos têm a capacidade de absorver o ácido produ-
zido, e entre eles podemos citar sais de chumbo e derivados orgânicos de cálcio, zinco, cádmio etc.

6.11.6 Corantes
Têm como objetivo ornecer coloração aos polímeros. Podem ser divididos em corantes pro-
priamente ditos ou pigmentos.
Os pigmentos são sólidos que não apresentam compatibilidade com os polímeros, logo encon-
tram-se como sólidos finamente divididos e dispersos homogeneamente pelo polímero. São insolú-
veis em praticamente todos os solventes e podem ser utilizados para encobrir deeitos de abricação
no material eito do polímero.
Os corantes por sua vez possuem bastante afinidade com polímeros e solventes, além de serem
instáveis em altas temperaturas e apresentarem grande capacidade de migração. São usados geral-
mente em plásticos rígidos. Os corantes mais utilizados são diazocompostos e antraquinona.

6.11.7 Agentes antiestéticos


Durante a conecção dos polímeros é comum a ormação de cargas estáticas. Os agentes
antiestéticos têm como objetivo impedir que essas cargas se ormem ou que se acumulem nos polí-
meros. São usados com esse objetivo as aminas terciárias, ésteres e glicerina.

74 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Vamos recapitular?

Neste capítulo você pôde conhecer os conceitos de polímeros, monômeros e reações de


polimerização. Conheceu também dierentes tipos de polímeros e as características ísico-quí-
micas de cada um, assim como os métodos de obtenção.

1) O acetato de polivinila (PVA) é produzido a partir de uma reação de adição de seu


monômero. Desenhe a estrutura e dê a nomenclatura deste monômero.

H H

C C

H C O

OCH3

2) Alguns sprays são produzidos a partir de um polímero chamado PVP.

C CH2

Polivinilpirrolidona
a) Escreva a órmula estrutural do monômero.
b) Essa reação de polimerização ocorre via adição ou condensação?
c) Equacione a reação de polimerização.
3) Qual a dierença entre polímeros termoplásticos e termorrígidos?

Polímeros 75
4) Nomex é um polímero resistente à tração utilizado como corda de paraquedas. A
seguir encontra-se sua órmula estrutural.

O O

C C NH NH

a) Como se classifica esse polímero quanto à unção química?


b) Equacione uma reação química pela qual se possa obter esse polímero a partir
de uma diamida aromática e um diácido carboxílico.
5) A partir da Hevea brasiliensis pode-se extrair a borracha natural. Essa borracha é
produzida pela seringueira pela reação de polimerização do metil-1,3-butadieno.
a) Desenhe a estrutura do monômero e do polímero ormado.
b) Qual o tipo de reação de polimerização?
6) Comente a rase: Todo polímero de condensação é um copolímero.

76 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


7
Papel e
Celulose

Para começar

Neste capítulo você irá conhecer a matéria-prima e o seu tratamento para a produção de celu-
lose
para eo papel, assim como cada etapa de fabricação desses produtos e os danos desse tipo de indústria
ambiente.

7.1 Parede celular vegetal


A matéria-prima utilizada pela indústria de papel e celulose é a madeira. A parede celular
vegetal que a compõe é formada por uma estrutura complexa de materiais lignocelulósicos. Estes por
sua vez são constituídos de três tipos de polímeros naturais, a celulose, a hemicelulose e a lignina. A
seguir serão apresentadas as características desses polímeros.
» Celulose
HO
H H
H
H OH
H
HO O
O O O
O
HO
H
H
OH
H
H H
OH

Figura 7.1 – Fórmula estrutural da celulose.

77
É um polímero linear constituído pelo monômero glicose. É encontrado nos materiais
lignocelulósicos em uma faixa de 40-50%. Possui regiões cristalinas e regiões amorfas.
Essa diferença estrutural confere diferenças às propriedades da celulose. As regiões amor-
fas são mais flexíveis e incham quando absorvem água. As regiões cristalinas possuem
ligações cruzadas de hidrogênio, o que resulta em uma maior rigidez e faz com que essa
região não inche na presença de água.
» Hemicelulose
Esse polímero compõe 23-35% da massa parede celular vegetal. É um polissacarí-
deo, cujos monômeros formadores são diferentes tipos de açúcares, tais como D-xilose,
D-manose, D-glicose, D-galactose e D-galactourônico. É um polímero amorfo com
grande capacidade de retenção de água.
» Lignina
É um polímero amorfo cuja unidade repetitiva é o fenil-propano. Constitui de 15-25% da
massa da parede celular vegetal. É extremamente resistente e confere rigidez à celulose.
Independentemente da finalidade com que será empregado o material lignocelulósico, é
necessário que ele passe por técnicas de separação de seus componentes. Cada compo-
nente será matéria-prima para diferentes tipos de produtos, como mostra o fluxograma
na Figura 7.2.

Papel

Celulose

Celulose

Álcool Ácidos

Lignocelulose Hemicelulose

Xilitol Solventes

Aglutinante Plásticos

Lignina

Adesivos Antioxidante

Figura 7.2 – Produtos obtidos a partir dos materiais.

78 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


7.2 Separação dos componentes lignocelulósicos
A separação dos componentes do material lignocelulósico pode ser realizada por processos
mecânicos, físicos, biotecnológicos ou químicos. A técnica será escolhida de acordo com o uso final
dos compostos que serão obtidos. A separação consiste na quebra da parede celular através da solu-
bilização ou da quebra da cadeia polimérica da lignina.

7.2.1 Processos mecânicos


É um processo caro, pois há um grande consumo de energia para a movimentação dos moi-
nhos. A biomassa vegetal passa por essas máquinas de moagem, em que serão obtidos os materiais
de baixa cristalinidade sem a ação de nenhum reagente químico.
Esse processo produz o que se chama de pasta de alto rendimento, pois aproveita 90% da celu-
lose contida na massa da madeira, porém a celulose produzida contém grande quantidade de lig-
nina, o que a torna amarelada. Esse tipo de celulose será empregado somente na produção de papéis
de imprensa.

7.2.2 Processos físicos

7.2.2.1 Irradiação gama


Raios gama são lançados sobre a biomassa, promovendo a degradação do polímero da celu-
lose. Não é uma técnica de grande eficiência na separação dos componentes.

7.2.2.2 Tratamento com vapor


O material é aquecido pela passagem de vapor d’água chegando a temperaturas entre 150-240 °C.
Nessa faixa a hemicelulose é hidrolisada. Esse tratamento pode levar a reações dos subprodutos da
hemicelulose com a lignina e a celulose, diminuindo a porcentagem desses dois componentes.

7.2.2.3 Explosão com vapor

O material
passa por passanopor
um ciclone, umocorrerá
qual aquecimento na faixa de(diminuição
a descompressão temperaturadadepressão).
180-250Essa
°C ebrusca
em seguida
varia-
ção de pressão leva à ruptura da lignina.

Papel e Celulose 79
7.2.3 Processos biotecnológicos
O processo consiste no uso de fungos e/ou bactérias que produzem enzimas capazes de que-
brar as cadeias poliméricas da lignina. Essa técnica visa reduzir a poluição causada pela indústria
de papel e celulose, mas ainda está em estudo, pois os micro-organismos utilizados degradam não
só a lignina como também podem degradar parte da celulose e da hemicelulose, causando uma
perda no material.

7.2.4 Processos químicos


Utilizam reagentes químicos que irão promover a quebra das ligações dos polímeros durante o
cozimento do material. É o processo mais utilizado nas indústrias de papel e celulose. O processo
mais usado nas indústrias brasileiras é o cozimento com hidróxido de sódio e sulfeto de sódio.
Apesar de aproveitar somente 45% da celulose contida na massa vegetal, é o processo que for-
nece o produto mais puro, que será utilizado na fabricação de papéis mais nobres.

7.3 Preparo da polpa da celulose

7.3.1 Descascamento
A casca consiste em 10-20% da massa total da madeira, porém apresenta um teor muito baixo
de fibras. Por isso o aproveitamento dela para a produção de celulose gastaria uma grande quanti-
dade de reagentes químicos e forneceria um percentual muito pequeno do material desejado, sendo
mais favorável sua remoção. Além disso, a casca pode ser reaproveitada no processo como combustí-
vel para geração de vapor.
O descascamento pode ser realizado por diversos tipos de descascadores, tais como descasca-
dor hidráulico, de corte, de faca e de tambor.

7.3.2 Picagem
A picagem tem como objetivo reduzir as toras de madeira a pedaços pequenos, chamados de
cavacos, a fim de facilitar não só o transporte como a penetração dos reagentes químicos durante o
processo de cozimento. Pode ser realizada por picadores de disco com múltiplas facas ou por picado-
res de tambor.

7.3.3 Classifcação
A etapa tem a finalidade de separar os cavacos de acordo com o tamanho. Alguns poderão
seguir para as etapas futuras, enquanto os grandes deverão voltar ao processo de picagem.

80 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


7.3.4 Cozimento
O cozimento ocorre em vasos de alta pressão, que são alimentados pelos cavacos de madeira e
pelos reagentes químicos.

espécieAsdacaracterísticas do cozimento irãosão


depender dopara
tamanho dosem
cavacos, da densidade e da
madeira. Amostras do cavaco enviadas análises laboratórios a fim de se
determinar tempo, temperatura e quantidades de reagentes químicos para o cozimento.

7.3.5 Depuração
Nesta etapa as fibras são separadas por processos mecânicos e enviadas para o processo de
lavagem, no qual serão retirados os componentes solúveis da mistura reacional. A seguir as fibras
passarão para o processo de branqueamento ou para a produção de papel.

7.3.6 Branqueamento
Após o cozimento, pode restar até 5% de lignina na celulose. O branqueamento tem a função
de purificar a celulose extraindo o restante da lignina. Existem diversas sequências de branquea-
mento que utilizam diferentes tipos de agentes alvejantes de acordo com as características e o grau
de alvura que se deseja obter.
O sucesso do branqueamento depende não só da absorção dos reagentes pelas fibras, como
também da dessorção e eliminação deles para que não as desgastem. Desse modo, ao final de cada
etapa de branqueamento deve ser realizada a lavagem.
A seguir serão descritas algumas etapas do branqueamento.

7.3.6.1 Cloração
O cloro reage com a lignina formando a clorolignina, substância parcialmente solúvel e que
pode ser extraída por soluções alcalinas. Logo esta etapa tem por finalidade a remoção da lignina.
Outros reagentes podem ser utilizados com o fim de degradar a lignina, como o dióxido de cloro,
porém o cloro gasoso é o mais barato.

Papel e Celulose 81
7.3.6.2 Extração alcalina
A celulose é insolúvel em meios alcalinos, desse modo a pasta obtida pode passar por banhos
de hidróxidos (normalmente NaOH) sem que a celulose seja destruída e, ao mesmo tempo, a cloro-
lignina é extraída do meio.

7.3.6.3 Hipoclorito de sódio


A adição do hipoclorito de sódio inicia algumas modificações na celulose, dando início ao
alvejamento. Normalmente esse reagente químico é adicionado nas últimas etapas.

7.3.6.4 Dióxido de cloro


Ao término da extração alcalina, a quantidade de lignina presente na celulose é muito
pequena. Assim, as etapas posteriores necessitam de uma quantidade muito menor de reagentes e o
uso do dióxido de cloro não se torna caro.
Esse reagente tem a capacidade de oxidar a lignina, tornando a massa de celulose possuidora
de alto grau de pureza. Normalmente é utilizado na última etapa de branqueamento.

7.3.7 Recuperação do licor


O licor preto é o líquido do filtrado decorrente da depuração. A recuperação do licor é reali-
zada nas seguintes etapas, que serão descritas a seguir: evaporação, queima e caustificação.

7.3.7.1 Evaporação
Ao sair da etapa de depuração, o licor contém cerca de 15% de lignina, além de água e dos
reagentes químicos que não foram consumidos no processo de cozimento. O licor é conduzido
então para evaporadores em que o teor de lignina chega a 60%. Após esse processo o licor é cha-
mado de licor forte.

7.3.7.2 Queima
O licor é então encaminhado para caldeiras, nas quais ocorrerá a queima. A lignina, ainda
presente, queima, liberando grande quantidade de calor. Ao término da queima o sólido exultante
passará por um processo de fusão. O sólido fundido é solubilizado e passa a ser chamado de licor
verde, que tem essa coloração devido a resíduos de ferro. O licor verde possui também carbonato e
sulfeto de sódio.

82 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


7.3.7.3 Caustifcação
Nessa etapa o licor é enviado para tanques em que será misturado com a cal (CaO). Esse óxido
reage com a água formando o hidróxido de cálcio, que por sua vez irá reagir com o carbonato de cál-
cio formando o hidróxido de sódio e carbonato de cálcio, conforme as equações a seguir.
CaO(s) + H2O(l) → Ca(OH)2(aq)
Na2CO3(aq) + Ca(OH)2(aq) → 2 NaOH(aq) + CaCO 3(s)
A mistura é deixada em repouso para que o sólido (carbonato de cálcio) que se forma decante.
O líquido sobrenadante é o licor branco recuperado que pode voltar ao cozimento. O sólido passa
por uma nova queima para o reaproveitamento da cal, conforme a reação a seguir.
CaCO3(s) → CaO(s)+ CO2(g)

7.4 Indústria de celulose e papel


As indústrias madeireiras podem ser divididas em três setores: indústrias produtoras de celu-
lose, indústrias produtoras de papel e as indústrias integradas, que produzem ambos.
A indústria de celulose também pode ser dividida de acordo com o tipo de celulose e de pastas
celulósicas que fabrica. Essa diferença é ditada pelo processo utilizado na preparação da celulose e
pelo comprimento das fibras. Logo, há indústrias produtoras de pasta celulósica de alto rendimento,
celulose de fibra longa ou curta, branqueada ou não.
A indústria de papel produz papéis com diferentes características para diferentes fins, entre
eles papéis para escrita, para impressão, para embalagem, para fins sanitários.
m
o
c.
k
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C

Figura 7.3 – Celulose tratada para fabricação de papel.

Papel e Celulose 83
7.5 Fabricação do papel

7.5.1 Preparo da massa


A celulose passa por um último tratamento químico com hidróxido de sódio diluído em água
e em seguida vai para o separador centrífugo, que tem como objetivo separar as partículas mais
pesadas. A mistura é encaminhada então para o refino, em que ocorre o corte das fibras.

7.5.2 Seção de formação

O outros
além de material recebeque
aditivos uma camada
terão de cola especificadas
suas funções em dosagensmais
específicas
adiante.para a formação do papel,

7.5.3 Prensagem e secagem


A massa segue para uma mesa plana, em que terá sua superfície definida. A quantidade de
massa irá definir a espessura do papel. Em seguida passa por entre dois rolos cobertos por feltros
para ser uniformizada e para que seja retirado o excesso de água. A secagem irá ocorrer quando a
massa passar por novos rolos também cobertos por feltro até que atinja a umidade ideal.

7.5.4 Acabamento
O papel produzido é armazenado em rolos e somente depois cortado, embalado e enviado
para o destino final.

7.6 Aditivos
O papel é constituído pelas fibras de celulose após tratamento com diversos tipos de aditivos.
Os aditivos são escolhidos e dosados de acordo com o tipo de papel que se quer produzir. Os seguin-
tes aditivos são utilizados:
» Carga mineral: talco e dióxido de titânio têm como objetivo melhorar a maciez, a alvura e
a opacidade do papel.
» Cola: aumenta a união das fibras, impede o espalhamento de tinta e aumenta a resistência
à umidade.
» Sulfato de alumínio: faz com que a cola precipite sobre as fibras.
» Amido: aumenta a retenção e união das fibras.
» Corantes: podem servir para aumentar a alvura ou para dar cor.
»
Outros: plastificantes, antiespumantes, estabilizantes.

84 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


7.7 Impactos ambientais e reciclagem
A indústria de papel e celulose é uma grande consumidora de água e energia. Além de utilizar
grande quantidade de água na preparação da polpa da celulose, também há um grande gasto durante
as lavagens após cada etapa de branqueamento e no preparo da massa que irá dar srcem ao papel.
As etapas de cozimento do material lignocelulósico e da recuperação do licor são grandes gera-
doras de poluentes atmosféricos. O cozimento pode gerar gasestóxicos, como ácido sulfídrico (H2S), e
o processo de caustificação libera gás carbônico, além de material particuladoproveniente do cal.
Com base nisso, a indústria de papel tem investido em tecnologias para a reutilização da água
objetivando
Somente 10% nãodasóágua
a economia desse bemapós
volta à natureza natural como
passar portambém a redução
tratamento dosdeefluentes
e testes gerados.
qualidade como
demanda bioquímica de oxigênio, oxigênio dissolvido, pH, fenóis, óleos e graxas.
A fabricação do papel reciclado passa por processos iguais aos da fabricação de papel
comum, exceto por uma grande diferença: utiliza como matéria-prima papel já usado (reciclável)
em vez da madeira. Essa diferença gera diversos benefícios para o ambiente e para as empresas.
Com relação ao ambiente, árvores deixaram de ser cortadas, visto que há uma nova possibili-
dade de matéria-prima, não há emissão de gases tóxicos nem de material particulado provenientes
da transformação da madeira em celulose, e, finalmente, há uma grande diminuição de resíduos sóli-
dos devido ao reaproveitamento do papel que seria jogado em lixões e aterros.
Para as empresas, além de ganharem uma boa imagem, irão reduzir os gastos com reagentes
químicos e com energia durante o preparo da polpa da celulose.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu os componentes que formam a madeira, matéria-prima para a pro-
dução de celulose e papel e seus métodos de separação. Aprendeu também todas as etapas que fazem
parte do processo de fabricação do papel e da celulose e conheceu ainda os efeitos que esse tipo de
indústria causa no ambiente.

Papel e Celulose 85
1) Cite as vantagens e desvantagens de cada processo de separação dos materiais ligno-
celulósicos.
2) Por que a casca da madeira não é utilizada para extração da celulose?
3) Como a picagem influencia no cozimento da polpa para preparo da celulose?
4) Quais os prejuízos da indústria de papel para o ambiente?
5) Quais as vantagens da reciclagem de papel?
6) Na caustificação de licor verde foram recuperados 10 kg de NaOH. Qual a quanti-
dade de cal utilizada?
7) Para a recuperação do NaOH utilizado no cozimento foram utilizados 560 g de CaO
para tratar 10 L de licor:
a) Qual a concentração de carbonato de sódio no licor?
b) Qual o volume de gás carbônico produzido em seguida para arecuperação da cal?

86 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


8
Petróleo
e Gás

Para começar

Neste capítulo você vai aprender como o petróleo e o gás natural se ormam e quais são as subs-
tâncias que os derivados
dos dierentes compõem.deAlém disso, vai conhecer as técnicas de tratamento do óleo cru e da produção
petróleo.

8.1 Histórico
Em 1953, durante o governo de Getúlio Vargas, oi criada a Petrobras. O Brasil recebeu então
campos de petróleo no recôncavo baiano, uma refinaria em Mataripe (BA) e outra em Cubatão (SP).
Ao final da década a produção de petróleo em nosso país já tinha crescido em 24 vezes.
Em 1961, com o uncionamento de uma nova refinaria em Duque de Caxias (Reduc), no Rio
de Janeiro a Petrobras alcançou um de seus grandes objetivos: tornar o país autossuficiente na pro-
dução de petróleo e derivados.
A década de 1970 oi marcada por algumas crises, e, assim, os países exportadores de petróleo

passaram a elevar bastante o preço do óleo cru.


Na década de 1980 então oi criado pela Petrobras o projeto “undo de barril”, que tinha como
objetivo aproveitar o óleo combustível extraindo dele diesel, gasolina e GLP, aumentando o rendi-
mento da produção desses derivados.

87
Foram desenvolvidos aqui no Brasil tecnologias e equipamentos a fim de azer perurações a
mais de 500 m abaixo do oceano, eito que até então não tinha sido alcançado por nenhum país. A
partir da melhoria desses equipamentos, já oram realizadas perurações que ultrapassam 2.000 m
de proundidade.

8.2 Características do petróleo


O petróleo é ormado a partir da decomposição de seres vivos no decorrer de milhares de
anos. É constituído por uma mistura complexa de hidrocarbonetos, contaminantes orgânicos e inor-
gânicos como água, sais minerais e sedimentos.
Apesar de muitos afirmarem que o petróleo é um líquido, na verdade trata-se de uma emulsão
ormada por gases e sólidos dispersos em uma ase líquida. Os gases mais comuns são o metano, o
propano e o butano. Além de óxidos de enxore, os sólidos são hidrocarbonetos contendo mais de 18
carbonos em sua cadeia.

Parafínicos Aromáticos

Naftênicos Oleofínicos

Figura 8.1 – Alguns h idrocarbonetos encontrados no petróleo.

88 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Os hidrocarbonetos que compõem o petróleo são classificados em paraínicos (de cadeia
aberta e saturada), aromáticos, nafênicos (de cadeia cíclica e saturada) e oleoínicos (que apresen-
tam ligações duplas ou triplas). Dentre todas essas classes, os oleoínicos são encontrados em menor
quantidade, pois são muito reativos. Porém são gerados durante o processamento do petróleo. A
Figura 8.1 apresenta alguns exemplos desses hidrocarbonetos.
A composição do petróleo varia de acordo com a região em que oi ormado. As dierenças de
propriedades ísicas entre os hidrocarbonetos, como o ponto de ebulição, permitem a separação dos
componentes do petróleo. A dierença da quantidade de cada tipo de hidrocarboneto irá resultar em
dierentes tipos de petróleos, com características químicas e ísicas dierentes como densidade, visco-
sidade e até tonalidades de cor.

Com essa grande variedade de composições e características das misturas que ormam o
petróleo, é necessário que se analisem amostras para se possa determinar que substâncias estão pre-
sentes, assim como suas quantidades, dando início ao refino.

8.3 Processamento primário


Após a extração, o petróleo é enviado para um separador de ase, em que serão retirados o gás
natural e a água livre. É comum que haja partículas de água em emulsão com o óleo. Para retirá-la
são adicionadas substâncias que rompem a emulsão, auxiliando na separação das ases. O gás é sepa-
rado das partículas líquidas e enviado para consumo industrial. Parte do gás é injetada no solo para
estimular a produção de petróleo.
O processamento é necessário para que o petróleo chegue às refinarias com características exi-
gidas para a continuação do processamento, tais como quantidade mínima de compostos voláteis,
concentração de sais abaixo de 300 mg/L e teor de água menor que 1%.
Após esse processamento, o petróleo e o gás natural são enviados a seus destinos por navios ou
por oleodutos e gasodutos. Os dutos são o meio mais seguro para o transporte desses materiais.
O petróleo segue então para a etapa de refino, que irá ocorrer nas refinarias. Como há dieren-
tes tipos de petróleo, cada refinaria possui um conjunto próprio de operações que irão atender as
características específicas do óleo a ser tratado.

Petróleo e Gás 89
8.4 Refno
O refino consiste na separação dos componentes que ormam o petróleo. Três etapas são
comuns para o refino de qualquer tipo de petróleo: a destilação, o craqueamento e o tratamento que
irá conerir as características exigidas por lei.

8.4.1 Destilação
A destilação consiste num processo de separação de líquidos miscíveis com base na dierença
de ponto de ebulição desses componentes. Quando uma mistura é aquecida, orma-se uma mistura
de vapores rica no composto de ponto de ebulição mais baixo que se encontra em equilíbrio com a
mistura de líquidos, que por sua vez estará rica no componente menos volátil. Essa mistura é cha-
mada de azeótropo. O vapor é recolhido e então condensado, ormando um líquido rico no com-
posto mais volátil. Raras são as misturas de líquidos que não ormam azeótropo; assim, uma
destilação simples não é eficiente para a separação completa dos componentes.
A destilação racionada consiste em sucessivas destilações que ocorrem em colunas (ou torres,
no caso de processos em grande escala) que possuem ao longo de seu comprimento pratos ou
recheios, além de diversas saídas laterais, nas quais ocorrerá a condensação dos vapores. Cada pata-
mar entre dois pratos ou dois conjuntos de recheio unciona como uma microdestilação simples. O
tamanho das torres pode variar, influenciando na eficiência da separação. Quanto maior a torre,
melhor a eficiência da separação dos componentes.
Na destilação do petróleo, o óleo cru é aquecido em ornos que ficam na parte inerior da
torre. Os hidrocarbonetos mais voláteis, ou seja, os mais leves, irão evaporar primeiro e ao entrarem
em contato com os pratos ou recheios irão condensar, sendo retirados pelas saídas laterais.
As dierentes regiões da torre apresentam temperaturas dierentes. Quanto mais alto o ponto,
mais baixa temperatura ele apresentará. Assim, os componentes que apresentam temperaturas de
ebulição dierentes se condensarão em regiões dierentes da torre, podendo ser recolhidos separada-
mente. Nessa primeira destilação são recolhidos o gás natural, GLP, nafa e querosene. Todas as ra-
ções retiradas ainda necessitarão de tratamentos posteriores.
A porção que não oi separada irá passar por uma nova destilação, porém com maior tempera-
tura e a vácuo. Nessa etapa serão separados o óleo diesel e o óleo combustível. Restará ainda na parte
inerior da torre uma mistura composta pelos hidrocarbonetos mais pesados que serão utilizados
para a produção de asalto e óleo diesel pesado.
As torres de destilação de petróleo baseiam-se no princípio de destilação racionada. Há die-
rentes tipos de torre que vão atender as necessidades dos dierentes tipos de petróleo e as dierentes
características das rações produzidas. Essas torres serão descritas a seguir.

90 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


8.4.1.1 Torre de pré-fracionamento
Nessa torre ocorre separação dos hidrocarbonetos mais leves que irão ormar o GLP e a nafa
leve. A mistura restante do undo da torre será encaminhada para a torre atmosérica. Nem todas as
refinarias possuem essa torre.

8.4.1.2 Torre atmosférica


Quando a refinaria não possui a torre de pré-racionamento, sairão pelo topo da torre atmosé-
rica o GLP e a nafa leve e pelas saídas laterais a nafa pesada, o querosene e o diesel pesado e leve.
Quando existe uma torre de pré-racionamento, irão sair pelo topo da torre atmosérica a nafa
pesada e pelas saídas laterais, querosene e diesel.
O resíduo contendo hidrocarbonetos pesados será encaminhado para a torre de destilação
a vácuo.

8.4.1.3 Torre de retifcação


As rações que saem da torre atmosérica ainda são constituídas por uma mistura de hidrocar-
bonetos. Assim, ao passarem pelas saídas laterais, são diretamente encaminhadas para a torre de
retificação. Essa torre tem como objetivo separar os hidrocarbonetos mais leves pela injeção de
vapor d’água. Outros gases podem ser utilizados no lugar da água, desde que sejam inertes. Porém a
água apresenta grande disponibilidade e menor custo, além de ser imiscível com os hidrocarbonetos.
A unção do vapor d’água é aumentar a pressão interna, tornando mais diícil a ebulição dos
líquidos. Desse modo só irão passar para a ase gasosa os hidrocarbonetos de menor ponto de ebulição
.

8.4.1.4 Torre de destilação a vácuo


Na torre de destilação a vácuo o óleo é aquecido a uma temperatura mais intensa, porém
abaixo da temperatura de craqueamento, que corresponde a 370 °C. Além disso, a pressão interna é
reduzida para acilitar a ebulição dos hidrocarbonetos mais pesados. Nessa coluna são retirados óleo
diesel e óleo combustível. O resíduo irá ormar o cimento asáltico.

8.4.1.5. Torre debutanizadora de nafta


Nessa torre a nafa leve é destilada a fim de se retirar a maior quantidade possível de gás
butano (GLP), principalmente em razão do crescimento do seu consumo.

8.4.1.6 Torre de fracionamento de nafta


A nafa é novamente destilada a fim de se separar rações que irão ser utilizadas como o gás de
rua e rações que serão utilizadas como solvente na indústria química.

Algumas torres são utilizadas após o processo de craqueamento.

Petróleo e Gás 91
8.4.2 Craqueamento
As rações da destilação a vácuo que contêm os hidrocarbonetos mais pesados seguem então
para o craqueamento, processo no qual as cadeias longas são quebradas, srcinando hidrocarbonetos
de cadeias menores, com o objetivo de gerar uma maior quantidade de GLP e nafa, produtos de
maior valor comercial.
O processo de craqueamento começou a ser utilizado a partir de 1915. Até então, os hidrocar-
bonetos leves que ormam o GLP e a nafa eram obtidos somente através da destilação do petróleo,
porém o rendimento era baixo, variando entre 20-50%, dependendo do tipo de petróleo.
O craqueamento pode ser térmico ou catalítico: o primeiro exige temperatura e pressão eleva-
das, produz uma grande quantidade de gases combustíveis e também de coque, um resíduo sólido
contendo ainda hidrocarbonetos pesados. O segundo ocorre em condições um pouco mais brandas,
porém, com o uso de um catalisador, consome o coque ormado e ainda gera menor quantidade de
gases e produtos de melhor qualidade. O craqueamento térmico ocorre por batelada, pois o coque
ormado se acumula no reator, prejudicando a continuação do processo em novas quantidades do
petróleo. Assim, após o craqueamento de determinada quantidade de petróleo o processo é inter-
rompido para que seja realizado o descoqueamento, ou seja, para que o coque seja retirado.
No processo de craqueamento, a carga de óleo passa por diversos trocadores de calor, podendo
ser aquecida ou resriada. Os gases provenientes desse processo e da queima do coque são retirados
pela ação de ciclones e encaminhados para as torres de destilação, que irão promover a separação do
GLP, da nafa e ainda de gases como amônia, ácido cianídrico e ácido sulúrico. Esses gases tóxicos,
depois de liqueeitos, são chamados de água ácida e recolhidos em tanques de armazenamento. As ra-
ções separadas de GLP e nafa passam por tratamentos que serão descritos no decorrer do capítulo.

Os catalisadores utilizados para acelerar as reações de craqueamento são regenerados e reapro-


veitados em processos posteriores.

8.4.2.1 Reações do craqueamento


As reações que ocorrem nesse processo são endotérmicas, ou seja, necessitam de uma quanti-
dade de calor para que ocorram. Em ambos os processos, térmico ou catalítico, ocorre quebra de
ligações C-C e C-H, apesar de esta última ser mais diícil de quebrar.
No processo térmico as reações ocorrem via radical livre devido à ação da temperatura e pres-
são, que chegam a 600 ºC e 6000 kPa, respectivamente. Os radicais se ormam a partir da perda de
um elétron ocasionada pela temperatura alta. Quando um radical livre se encontra com um hidro-
carboneto, pode retirar-lhe um hidrogênio, ormando outro radical. Quando dois radicais se encon-
tram, podem reagir, ormando um hidrocarboneto, dando fim à cadeia reacional.

92 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


+
H2C CH3

Figura 8.2 – O equilíbrio mostra que, da mesma maneira que os radicais se ormam,
eles podem reagir ormando um hidrocarboneto.

As reações que ocorrem no processo térmico costumam ser a quebra de paraínicos de cadeia
longa em parafinicos ou olefinas de cadeias menores, de olefinas de cadeia longa em olefinas de
cadeias menores e a quebra de anéis também em olefinas. Desse modo, é comum a produção de uma

grande
veis, quantidade
porém de olefinas.
aromáticos Os aromáticos
com ramificações podemnão costumam
perder reagir,
essa cadeia pois são compostos muito está-
lateral.
O processo catalítico é realizado em condições mais amenas de temperatura e pressão, che-
gando a 500 ºC e 100 kPa. Essas condições são uma vantagem trazida pelo catalisador, que diminui a
energia de ativação (energia necessária para que a reação ocorra), promovendo uma menor neces-
sidade de energia. Além da vantagem de necessitar de menor energia, o processo catalítico também
produz uma menor quantidade de coque e uma maior quantidade de nafa, consequentemente causa
um maior rendimento na produção de GLP.
As reações com uso do catalisador ocorrem via ormação de carbocátions. Nesse tipo de rea-
ção um carbono perde o par de elétrons, ormando um cátion que é chamado de carbocátion. A or-
mação desses cátions é realizada pelo catalisador. Nesse tipo de reação é comum a ormação de
ciclos e aromáticos.
As reações de craqueamento térmico, chamadas de reações primárias, também ocorrem no
processo catalítico,
temperatura diminui.porém vão cedendo lugar as reações secundárias, via catalítica, à medida que a

As reações secundárias podem ser classificadas em quatro grupos: isomerização ou rearranjo,


ciclização, transerência de hidrogênio e condensação.
A isomerização ocorre quando um grupo metila CH 3 ou um átomo de hidrogênio migra para
um carbono vizinho com o objetivo de ormar um carbocátion ou uma olefina mais estável.

H H H H H

+
H C C C H H C C C H
+
H H H
H C H H C H

H H

Figura 8.3 – Rearranjo.

Petróleo e Gás 93
A ciclização ocorre principalmente entre oleinas para a ormação de ciclos de cinco ou
seis carbonos.

Figura 8.4 – Formação do cicloexano a partir de olefinas.


A transerência de hidrogênio e a condensação ocorrem de maneira paralela quando uma ole-
fina captura um hidrogênio de um aromático, se transormando em uma parafina, ao passo que os
aromáticos se condensam, ormando poliaromáticos que irão srcinar o coque.

H H H H H H H H + 4H C CH2
2

4H C CH3
3

Figura 8.5 – Reações de transerência de hidrogênio e condensação.

94 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Tabela 8.1 – Principais derivados do petróleo e seus usos
De r i v a do s Uso s

Gásderefinaria Petroquímica,gásderua
Eteno Petroquímica
GLP Combustíveldoméstico
Gasolina Combustívelautomotivo
Nafta Solventes,petroquímica
Aguarrás mineral Solventes
Solventesdeborracha Solventes
Hexanocomercial Petroquímica
Benzeno Petroquímica
Xileno Petroquímica,solventes
Tolueno Petroquímica,solventes
Queroseneparaaviação Combustívelparaaviões
Óleodiesel Combustívelautomotivo
Lubrificantes Lubrificantes
Parafinas Velas,indústriadealimentosedetergentes
Resíduoaromático Negrodefumo
Extratoaromático Extensordeborrachaeplastificante
Asfalto Pavimentação
Coque Indústriadealumínio
Enxofre Produçãodeácidosulfúrico
Óleoscombustíveis Combustívelindustrial

8.4.2.2 Tipos de catalisadores


Os primeiros catalisadores utilizados para o craqueamento eram argilas que possuíam em sua
composição óxidos de silício e alumínio predominantemente, além de outros óxidos.
Essas argilas necessitavam ser tratadas com ácido clorídrico ou ácido sulúrico, para só então
poderem ser utilizadas como catalisadores. Um problema que traziam era a presença de erro em sua
composição, o que prejudicava o processo de craqueamento.

Petróleo e Gás 95
Passaram a ser utilizados então catalisadores sintéticos ou amoros. Estes também são compos-
tos por sílica (SiO2) e óxido de alumínio, Al2O3, porém, os óxidos são tratados separadamente e em
seguida dosados na proporção ideal para a ormação do catalisador.
As vantagens desse tipo de catalisador é a possibilidade de se controlar a granulometria, a
porosidade, a superície de contato, a quantidade de alumínio e a ausência de outros metais. Nos
catalisadores sintéticos, quanto maior or o teor de alumínio, maior o rendimento na produção de
nafa e GLP em relação aos catalisadores naturais.
Outro tipo de catalisador muito utilizado é o zeolítico. Este é produzido a partir da zeólita,
uma rocha de alta porosidade que absorve água de maneira tão rápida que o calor liberado no pro-
cesso de absorção acarreta a ervura da água.
Devido ao seu alto grau de porosidade e superície de contato, o catalisador zeolítico possui
uma atividade muito maior que os sintéticos. A vantagem desse catalisador é o aumento do rendi-
mento da nafa através do aumento de produção de paraínicos e aromáticos. Esse catalisador apre-
senta, por outro lado, um alto custo de produção.

8.4.2.3 O coque
O coque é um resíduo sólido ormado após o craqueamento que contém hidrocarbonetos
pesados, mas também contém uma pequena quantidade de hidrocarbonetos voláteis. É muito utili-
zado como combustível, onte direta de carbono e como eletrodo em algumas indústrias.
A ormação do coque é proveitosa, pois a sua queima irá gerar o calor necessário para o cra-
queamento, ou seja, o coque ormado no craqueamento de uma carga de petróleo será queimado
para geração de calor para o craqueamento de outra carga.
Porém no craqueamento catalítico a ormação do coque é prejudicial, pois ele se acumula
sobre o catalisador, ocupando seus sítios ativos e interrompendo sua atividade, e também se acu-
mula no reator.
O coqueamento consiste na queima do coque em temperatura de aproximadamente 1200 ºC
para a eliminação dos hidrocarbonetos voláteis que não oram liberados nos processos anteriores.
Há vários tipos de coque que irão ter características dierentes dependendo do tipo de petróleo
que o srcinou e do processamento. Os coques mais comuns são: esponja, agulha e chumbinho, sendo
este último o menos utilizado, por possuir pouca superície decontato e tendência a aglomeração.
A Tabela 8.2 mostra as características dos dierentes tipos de coque.
Quando o coque se deposita na superície do catalisador, este é enviado para regeneração a fim
de que possa ser reaproveitado em outras operações de craqueamento. O coque ormado no reator é
retirado mecanicamente pela ação de britadeiras ou por um sistema hidráulico que utiliza água em
alta pressão. Esse processo é chamado de descoqueamento.

96 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


Tabela 8.2 – Características do coque
Ti p o d e c o q u e Ca r a c t e r í s t i c a s

Aparência esponjosa
Grande superfície de contato
Esponja
Poucos contaminantes
Rico em material volátil
Esférico
Pouca superfície de contato
Chumbo
Pobre em material volátil
Tendência à aglomeração
Forma de agulha
Agulha Pobre em material volátil
Alto conteúdo de carbono

8.4.2.4 Combustão do coque


A combustão do coque é importante não só para a produção de energia térmica para o craque-
amento como para a regeneração do catalisador. Com a queima o coque é eliminado, liberando os
poros do catalisador e tornando-os prontos para reuso.
A combustão pode ser parcial, limitando-se a vazão de oxigênio que passa pelo coque ou total.
A combustão total apresenta vantagens como a maior regeneração do catalisador e a menor produ-
ção de monóxido de carbono.
A queima do coque produz monóxido e dióxido de carbono, água, dióxido de enxore e monó-
xido de nitrogênio.

8.4.3 Tratamentos das frações

8.4.3.1 Dessulforização
Após as etapas de destilação e craqueamento, as rações separadas ainda possuem certas quan-
tidades de contaminantes, por isso devem passar por tratamentos para a descontaminação, gerando
um produto de melhor qualidade.
O enxore é um contaminante presente em grandes quantidades que causa vários prejuízos
como corrosão, acidez e poluição. Os processos de tratamento para essa impureza são a dessuluriza-
ção, que consiste na retirada total dos compostos de enxore, e o adoçamento, que transorma esses
compostos em outros menos agressivos.

Petróleo e Gás 97
Quando a quantidade de enxore é pequena e os hidrocarbonetos da ração a ser tratada são
leves, a dessulurização ocorre por meio de uma lavagem com hidróxido de sódio (NaOH), que irá
ormar compostos solúveis em água, os quais serão separados por decantação. Se a ração contiver
hidrocarbonetos pesados, estes ormarão compostos insolúveis, e em vez de ocorrer a dessuluriza-
ção ocorrerá o adoçamento.
As principais reações que ocorrem entre o hidróxido de sódio e os derivados de enxore estão
descritas a seguir.
H2S(g) + 2 NaOH(aq) → Na2S(aq) + 2 H2O(l)
RSH + NaOH → NaSR +H O
(aq) (aq) (aq) 2 (l)
Para a remoção de ácido sulídrico (H2S) o tratamento é eito passando-se uma mistura de
dimetilamina (DEA) e metilamina (MEA) contracorrente com o óleo a ser tratado. O ácido irá rea-
gir com a DEA/MEA e o fluxo é encaminhado para recuperação dos reagentes.
Os derivados nitrogenados também são prejudiciais, pois causam alteração de cor e a orma-
ção de gomas. A extração da amônia é eita pela lavagem com água, os compostos nitrogenados bási-
cos são extraídos com ácido sulúrico e os neutros, com ácido sulúrico ou hidróxido de sódio.
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Z

Figura 8.6 – Torres e vasos de tratamento de gasolina.

98 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão


8.4.3.2 Reforma catalítica
As reações da reorma catalítica têm como objetivo a produção de aromáticos não só para uso
na gasolina como também para a indústria petroquímica, que utiliza em grandes quantidades pro-
dutos como benzeno, tolueno e xileno.
Nesse processo ocorrem reações desejadas como a saturação de olefinas, a desidrogenação de
paraínicos para a ormação de nafênicos e a transormação de nafênicos em aromáticos. Porém,
também ocorrem reações indesejadas, como a perda da cadeia lateral de aromáticos e a quebra de
nafênicos em hidrocarbonetos mais leves.

8.4.3.3 Hidroprocessamento
O hidroprocessamento consiste em reações entre o gás hidrogênio e as rações de óleo com o
objetivo de retirar contaminantes como enxore e nitrogênio da amostra, saturar olefinas e aromáti-
cos, melhorando então a qualidade dos derivados, em um processo chamado de hidrotratamento, ou
promover o hidrocraqueamento para a obtenção de cargas mais leves.

8.4.3.4 Geração de hidrogênio


A geração de hidrogênio tem grande importância devido ao ato de o hidroprocessamento uti-
lizar esse gás para a descontaminação e para aumentar o rendimento das cargas leves produzidas.
O hidrogênio é produzido a partir da reação entre hidrocarbonetos, normalmente provenien-
tes do gás natural ou do gás de refinarias, e vapor d’água, com o auxílio de um catalisador.
Antes de reagir, a carga passa por um pré-tratamento para remoção de contaminantes que pos-
sam vir a desgastar o catalisador. A carga é enviada então para o reormador, onde irá reagir com
vapores de água em uma aixa de temperatura de 450-550 ºC, conorme as reações a seguir.
Reação dos hidrocarbonetos: CxHy + x H2O → x CO + (x + y/2) H2
Conversão de monóxido de carbono: x CO + x H2O → x CO2 + x H2
Reação global: CxHy + 2x H2O → x CO2 + (2x + y/2) H2
A conversão de CO tem o objetivo de aumentar o rendimento da produção de hidrogênio.
O catalisador utilizado é o níquel suportado por aluminatos de cálcio ou magnésio e óxido de
alumínio, que lhe conerem as características de estabilidade estrutural, seletividade, resistência
mecânica e resistência à deposição de coque.

Petróleo e Gás 99
8.4.3.5 Alquilação catalítica
Esse tipo de reação é utilizado para a produção de hidrocarbonetos de cadeia longa a partir de
hidrocarbonetos terciários com olefinas para serem utilizados em gasolina de alta octanagem. É
comum o uso de ácido fluorídrico ou sulúrico como catalisador.

C 3 CH3 CH3 CH3


+ CH3
C CH CH C
H3C CH2 H3C CH3 H3C C CH3
H2

Figura 8.7 – Exemplo de reação da alquilação catalítica.

8.4.3.6 Desasfaltação a propano


O processo de desasaltação tem como objetivo separar as resinas e asaltenos do óleo que não
oi extraído durante a destilação. A separação é eita por uma extração líquido-líquido. O solvente
mais utilizado é o propano, mas outros solventes também desempenham essa unção, como o
butano, o pentano e o hexano.
A escolha do solvente é importante e irá depender das características desejadas para o óleo
final. Quanto maior a massa do solvente maior será a quantidade de óleo extraído, porém os solven-
tes de menor massa são mais seletivos.
No caso do butano e do pentano, o processo é realizado em pressões altíssimas, pois essas
substâncias são gases a temperatura ambiente. A pressão irá então azer com que os gases se liquea-
çam, podendo ser usados na extração.
A temperatura do processo não é alta, variando na aixa de 30-40 ºC, pois a solubilidade dos
hidrocarbonetos diminui com o aumento da temperatura.

8.4.3.7 Tratamentos auxiliares


As refinarias de petróleo são divididas em diversas unidades de operação, cada uma com sua
respectiva unção no processamento do petróleo e tratamento das rações. Outras unidades impor-
tantes são as de geração de vapor, que é utilizado em processos da refinaria, tratamento de efluentes
e tratamento de ácido sulídrico, que são importantes para diminuir a contaminação do ambiente.

8.5 Gás natural e GLP


O gás natural é ormado por uma mistura de hidrocarbonetos, sendo o metano o principal

componente; também
se orma a partir há impurezas
da decomposição dacomo N2 eorgânica,
matéria H 2S. É encontrado
assim comoarmazenado
o petróleo. em rochas porosas e

100 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
A quantidade de gás natural misturado ao petróleo varia de acordo com a região onde se
orma. Há jazidas em que há predominantemente o petróleo, assim como há outras em que o gás
natural se encontra em uma proporção muito maior que o petróleo.
Quando a quantidade de petróleo excede a de gás natural, é ele que irá determinar a viabili-
dade do processamento de gás. Quando esse processamento não é economicamente avorável, o gás
natural é queimado para evitar o aumento da quantidade de metano na atmosera.
O gás natural necessita passar pelos mesmos processos de descontaminação que as rações
extraídas do petróleo.
O gás liqueeito de petróleo (GLP) é uma mistura dos gases liberados durante a destilação ra-
cionada e o craqueamento do petróleo. É composto por propano, isobutano e n-butano.
Ambos os gases são utilizados como combustível.

8.6 Gasolina e óleo diesel


A gasolina é um combustível ormado principalmente por hidrocarbonetos contendo cinco a
dez carbonos
menor em suas cadeias e por alguns compostos oxigenados, nitrogenados e sulonados em
proporção.
A qualidade da gasolina é medida pela octanagem, ou seja, a quantidade de octano presente.
Quanto maior a octanagem melhor será o poder antidetonante do combustível e mais capaz de resis-
tir à combustão espontânea. Esse tipo de combustão danifica o motor, diminuindo sua potência e
seu rendimento.
A dierença do óleo diesel para a gasolina está no tamanho dos hidrocarbonetos que os or-
mam. O óleo diesel é composto por uma ração mais pesada da destilação do petróleo.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu o processo de ormação do petróleo e do gás natural, assim como a
sua composição. Além disso, pôde aprender as etapas de tratamento e separação dos derivados de petró-
leo e as utilidades desses derivados para as indústrias e para a sociedade.

Petróleo e Gás 101


1) Como é realizado do tratamento primário do petróleo, e quais seus objetivos?
2) Explique como ocorre o processo de destilação.
3) Qual é a necessidade de uma destilação a vácuo? Explique comentando sobre a estru-
tura das moléculas que necessitam desse processo.
4) Pentano, hexano e iso-octano são substâncias extraídas do petróleo pelo processo de
destilação. Qual dessassubstâncias pode ser retirada mais acilmente? Justifique.
5) Qual a importância do craqueamento?
6) Faça uma comparação citando vantagens e desvantagens do craqueamento térmico e
do craqueamento catalítico.
7) Por que não é comum a extração de olefinas como derivado do petróleo?
8) Dê o produto e diga em qual processo pode ocorrer a reação a seguir.

9) Quais as vantagens da queima do coque?


10) Qual a quantidade de NaOH necessária para tratar 10 L de um derivado de petróleo
cuja concentração de H2S contaminante é 0,2 mol/L? Lembre-se: M = n/v.
11) Duzentos e trinta e dois kg de butano reagiram com vapor d’água para gerar hidrogê-
nio e monóxido de carbono. Qual a massa dos gases produzidos?

102 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
9
Óleos e
Gorduras

Para começar

Neste capítulo você irá conhecer as semelhanças e diferenças entre os óleos e gorduras, seus méto-
dos de obtenção e suas aplicações em outras indústrias.

9.1 Economia
Nosso corpo é capaz de produzir alguns ácidos graxos, porém diversos fatores podem inibir
essa síntese, sendo essencial a ingestão de óleos e gorduras por meio da alimentação. As indústrias
alimentícias têm grande foco na modificação de gorduras e óleos naturais para que estes adquiram
características que melhorem sua qualidade para o uso em alimentos.
Os óleos e gorduras têm grande aplicação não só na indústria alimentícia, mas também em
diversos outros setores industriais, tais como indústria farmacêutica, de sabões e detergentes, de per-
fumes, metalúrgica, de polímeros, explosivos entre outras.

103
9.2 Conceitos importantes

9.2.1 Óleos e gorduras


Os principais componentes dos óleos e gorduras são triésteres (muitas vezes chamados de
triglicerídeos) insolúveis em água e solúveis em solventes orgânico s, derivados d a esterificação do
glicerol com ácidos carboxílicos, chamados ácidos graxos. Porém os óleos e gorduras são mistu-
ras complexas formadas não só por diferentes tipos de triglicerídeos, mas também de diglicerí-
deos e monoglicerídeos.
Existem duas diferenças entre óleos e gorduras, que são o estado físico e a estrutura dos ácidos
graxos, sendo a primeira consequência da segunda. Enquanto as gorduras apresentam ácidos de
cadeia saturada ocasionando o estado físico sólido à temperatura ambiente, os óleos são líquidos e
formados por ácidos de cadeia insaturada. Além disso, as gorduras são normalmente de srcem ani-
mal, ao passo que os óleos são de srcem vegetal.

O CH2 O C R
CH2 OH
O
+ 3 C R
CH O C
CH OH R
HO
CH2 O C R
CH2 OH

Figura 9.1 – Reação entre o glicerol e ácidos graxos, formando triglicerídeos.

9.2.2 Ácidos graxos


São ácidos carboxílicos de cadeia longa que apresentam, normalmente, dez ou mais carbonos,
são monocarboxilados, não ramificados, e podem ou não ter ligações duplas.

9.2.3 Triglicerídeos, monoglicerídeos e diglicerídeos


Os triglicerídeos podem ser simples quando são formados por um único tipo de ácido graxo,
ou compostos se forem formados por dois ou três ácidos graxos diferentes.
Quando uma molécula de glicerol reage apenas com uma molécula de ácido carboxílico,
forma um monoglicerídeo; quando reage com dois, forma o diglicerídeo. Os mono e diglicerídeos
existem em pequenas quantidades nos óleos e gorduras de srcem animal e vegetal.

104 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
O O

CH2 O C CH2 O C (CH2)9CH3


(CH2)9CH3
O
O
CH O C
CH O C (CH2)11CH3
(CH2)9CH3

CH2 O C (CH2)9CH3 CH2 O C (CH2)12CH3

O
O
Triglicerídeo simples Triglicerídeo composto

O
O

(CH2)9CH3 CH2 O C (CH2)9CH3


CH2 O C

CH OH CH OH

CH2 O C (CH2)9CH3 CH2 OH

O
Diglicerídeo Monoglicerídeo

Figura 9.2 – Exemplos de glicerídeos.

9.3 Outros componentes dos óleos e gorduras


Além dos glicerídeos, existem outras substâncias que fazem parte da complexa mistura que são
os óleos e gorduras:
» Ácidos graxos livres:são ácidos que não participaram da esterificação.
» Fosfátidos: são poliálcoois combinados com ácidos graxos, ácido fosfórico e um composto
nitrogenado.
» Esteroides: São cadeias com oito a dez carbonos e um radical álcool. O colesterol é um
exemplo de esteroide encontrado nas gorduras animais.
» Alcoóis graxos: São alcoóis com grandes cadeias de carbono encontrados principalmente
nos óleos de peixes.
» Tocoferóis:antioxidantes e fornecedores de vitamina E.

Óleos e Gorduras 105


9.4 Propriedades
Como já vimos, os ácidos graxos que formam os óleos são insaturados. Isso quer dizer que
apresentam ligações duplas entre os átomos de carbono. Já os ácidos que formam as gorduras são
saturados, ou seja, só possuem ligações simples entre os átomos de carbono.
Os triglicerídeos saturados apresentam maior ponto de fusão quanto maior for a cadeia dos
ácidos graxos, pois haverá maior interação de Van der Vals. Já nos insaturados, o ponto de fusão
diminui quanto maior for o número de ligações duplas.
Os ácidos graxos insaturados normalmente têm conformaçãocis em suas duplas, o que per-
mite o dobramento da molécula sobre ela mesma.
H H H (CH2)nCOOH

R (CH2)nCOOH R H

Cis Trans

Figura 9.3 – Ácidos graxos cis e trans.

9.5 Preparação de óleos e gorduras

9.5.1 Extração dos óleos e gorduras


As gorduras são extraídas do tecido animal pela sua fusão ou aquecimento. Já os óleos são
extraídos pela ação de solventes. Antigamente eram obtidos pela prensagem. Hoje em dia ainda há
processos que utilizam esse método, porém juntamente com a ação de solventes.
Após a extração, ainda estarão presentes nos óleos e gorduras outras substâncias orgânicas
além dos triglicerídeos. Algumas serão eliminadas no decorrer do processamento. Os tocoferóis, por
exemplo, são mantidos não só pela sua propriedade antioxidante como pelo seu auxílio na produção
de vitamina E.

106 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
9.5.2 Degomado
Consiste na eliminação de fosfatídeos devido ao fato de essas substâncias formarem gomas.
Esse processo ocorre por meio da reação entre os óleos e gorduras e a água, ocorrendo a hidratação
dos fosfatídeos, que serão separados por centrifugação.

9.5.3 Refno
Nessa etapa a gordura ou óleo é tratado com uma base com o objetivo de eliminar os ácidos
graxos livres, convertendo-os em sabões solúveis em água.

9.5.4 Branqueamento
A gordura ou óleo é tratado com argila de branqueamento para que sejam retiradas as substân-
cias que dão cor.

9.5.5 Desodorização
Tem como objetivo retirar as substâncias que dão odor e sabor indesejáveis ao óleo ou gordura
pela técnica de destilação por arraste a vapor d’água a vácuo.

9.5.6 Hidrogenação
A hidrogenação catalítica é um tipo de reação que transforma hidrocarbonetos insaturados
em saturados, ou seja, transforma as ligações duplas e/ou triplas em ligações simples pela adição
do hidrogênio.
A indústria de alimentos utiliza muito esse tipo de reação para transformar óleos em gorduras
semissólidas, aumentando seu ponto de fusão. Esse tipo de gordura costuma ser utilizado em marga-
rinas e chocolate hidrogenado, por exemplo, para que esses alimentos ganhem mais resistência ao
calor e não derretam.
A hidrogenação ocorre com o auxílio de um catalisador. Normalmente o níquel é utilizado
para essa função nas indústrias pelo seu menor custo. Essa reação ocorre em alta pressão, para que o
gás hidrogênio se aproxime da superfície do catalisador. Esse gás será adsorvido e terá suas ligações
enfraquecidas, tornando-o mais reativo diante das ligações duplas.
Nem todas as ligações duplas dos ácidos graxos são hidrogenadas. Por esse motivo, algumas
ligações com configuração cis são convertidas pelo catalisador em gordura com conformaçãotrans,
que é prejudicial à saúde.

Óleos e Gorduras 107


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Figura 9.4 – Exemplos de alimentos que utilizam gordura hidrogenada.

9.5.7 Interesterifcação
A interesterificação consiste na troca dos ácidos graxos do óleo ou gordura por outros ácidos
graxos. Pode ser realizada pela reação de um triglicerídeo com um alcóxido ou entre dois triglice-
rídeos. O esquema a seguir demonstra como ocorre essa reação.
-
+
O O Na

- +
CH2 O Na O
CH2 O C R1 CH2 O C R1

C R1
+ Na+MO- OMe
+

OMe

- +
O Na O
-
O
+
CH2 O Na
CH2 O C CH2 CH2 O C + -
Na O CH2
C OCH2
R2
+ R2
+
R2

Figura 9.5 – Mecanismo de interesterificação.

108 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
Esse processo é muito utilizado na indústria de alimentos visando otimizar algumas caracterís-
ticas da gordura, como aumentar o ponto de fusão ou evitar que se cristalize durante a validade do
alimento. É um método alternativo para a confecção de gorduras com características mais favoráveis
sem produzir grandes índices de gordura trans.

9.5.8 Fracionamento
As gorduras são formadas por diversos tipos de triglicerídeos, cada qual com ácidos graxos
diferentes e, consequentemente, com pontos de fusão diferentes. Essas gorduras podem ser separa-
das em outras pela técnica de cristalização fracionária por solvente ou fusão fracionária. A primeira
é um processo mais caro, utilizado somente quando se deseja a obtenção de gorduras especiais.
Essa técnica permite que gorduras com alto ponto de fusão sejam separadas das demais; além
disso, são separados óleos ou gorduras em diversas frações, e é possível a obtenção de gorduras espe-
ciais com propriedades específicas e bem definidas.
O processo de cristalização é feito com rigoroso controle de temperatura e agitação e pode
formar grandes cristais do óleo ou gordura desejado, que podem ser separados da parte líquida
por filtração.
O fracionamento produz uma fração líquida chamada oleína e uma fração sólida, a estearina.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu as semelhanças e diferenças entre óleos e gorduras, os processos de
fabricação ou obtenção, e viu ainda como é feita a conversão dos óleos vegetais em gorduras saturadas
que serão utilizadas na indústria de alimentos.

Óleos e Gorduras 109


1) Equacione a reação de formação de um triglicerídeo a partir do glicerol e do ácido
dodecanoico.
2) Qual dos triglicerídeos apresentará maior ponto de fusão: um formado a partir do
ácido decanoico ou a partir do ácido dodec-2,4,6 trienoico? Justifique.
3) O refino é importante para a retirada de ácidos graxos livres.

a) Equacione
rada dessesas reações que ocorrem durante o refino e diga como é possível a reti-
ácidos.
b) Que cuidados devem ser tomados nessa etapa com relação à quantidade de base?
4) Quais as vantagens e desvantagens trazidas pela hidrogenação de óleos?
5) Quais as vantagens trazidas pela interesterificação?

110 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
10
Sabões e
Detergentes

Para começar

Neste capítulo você irá conhecer as características e propriedades do sabão, as diferenças entre
sabão e detergente e os métodos de produção destes.

10.1 História do sabão


Não há relatos certos sobre o local e a data em que foi produzido pela primeira vez o sabão,
porém sabe-se que antigamente sua fabricação era realizada misturando-se cinzas de uma planta
mediterrânea, a barrilha, rica em óxidos alcalinos, com gorduras de srcem animal.
Foram encontrados escritos datados de 1500 a.C. com relatos de substâncias que eram produ-
zidas de maneira semelhante ao sabão, porém eram usadas para funções medicinais, como bases
para pomadas. O uso de sabão para fins de limpeza é citado somente no século II d.C.

111
10.2 Características dos sabões e detergentes
Sabões e detergentes possuem cadeias longas de carbono (apolar) e uma parte polar que dife-
rencia um do outro. Logo, suas moléculas possuem uma parte hidrofílica (que interage com água) e
uma parte hidrofóbica (que não interage com água, mas interage com gorduras). A parte hidrofílica
corresponde à parte polar, enquanto a parte hidrofóbica corresponde à grande cadeia apolar de car-
bonos do ácido graxo.
Essas características de suas cadeias são responsáveis por duas propriedades dos sabões e
detergentes: o comportamento surfactante e a capacidade de limpeza.

10.2.1 Surfactantes ou tensoativos


Todos os líquidos têm uma propriedade que faz com que sua superfície se comporte como
uma membrana elástica. Essa propriedade é chamada de tensão superficial.
Esse fenômeno ocorre devido a interações entre as moléculas que formam o líquido. Apesar de
essas interações acontecerem entre todas as moléculas, o fenômeno só é observado na superfície,
pois no interior as forças que agem sobre uma molécula se anulam.

Figura 10.1 – A tensão ocorrerá na molécula da superfície, pois no interior as forças se anulam.

112 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
Quanto mais fortes forem as interações entre as moléculas, maior será a tensão superficial. A água,
que apresenta ligações de hidrogênio, é um dos líquidos com maior tensão. Essa propriedade dos líquidos
é responsável, por exemplo, pelo fato de mosquitos conseguirem pousar na água para colocar seus ovos.
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R
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B

Figura 10.2 – Os mosquitos só conseguem depositar seus ovos na água por causa da tensão superficial.

Surfactantes ou tensoativos têm a capacidade de diminuir a tensão superficial, pois a parte


polar de sua estrutura interage com as moléculas do solvente, diminuindo a interação entre elas.

10.2.2 Capacidade de limpeza


Outra propriedade dos sabões e detergentes é a capacidade de formar micelas. Micelas são
estruturas esféricas formadas por moléculas anfipáticas (que possuem parte polar e parte apolar)
como as do sabão e do detergente.
Óleos e gorduras, como já sabemos, são insolúveis em água, o que dificulta a limpeza. Os
detergentes, que possuem partes de sua molécula que interagem com a gordura e partes que intera-
gem com a água, irão formar as micelas, englobando a gordura e facilitando sua dispersão e seu des-
locamento na água, e, consequentemente, a limpeza.
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óleo m

Figura 10.3 – Estrutura das micelas.

Sabões e Detergentes 113


10.3 Produção de sabão
Como vimos no capítulo anterior, óleos e gorduras são triésteres. Os ésteres podem sofrer
hidrólise ácida ou básica. A hidrólise ácida dos óleos e gorduras irá produzir a glicerina e ácidos gra-
xos. Já a básica irá produzir a glicerina e sais do ácido que correspondem ao sabão.

R C O CH2 HO CH2 O

O
+ 3 Na OH + 3
C O CH HO CH
- +
R R O Na

R C O CH2 HO CH2

Figura 10.5 – Hidrólise básica de gorduras formando o sabão.

114 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
O processo de produção do sabão é dividido em quatro etapas: saponificação, semicotura,
refino e descanso.

10.3.1 Saponifcação
A matéria-prima para a fabricação do sabão é a gordura, líquida ou sólida, que é colocada em
uma caldeira com água e hidróxido de sódio ou potássio. A mistura então é aquecida até a temperatura
de 150 ºC por cerca de 30 minutos. Formam-se então duas fases, uma aquosa e outra composta pelo
sabão. Cloreto de sódio é adicionado à mistura para facilitar a separação das duas fases no refino.

10.3.2 Semicotura
O processo descrito anteriormente é repetido com a adição de hidróxido em excesso e aqueci-
mento a fim de que seja garantida a completa transformação de toda a gordura em sabão.

10.3.3 Refno
Consiste na separação da glicerina e do sabão pela diferença de solubilidade na salmoura. A gli-
cerina se dissolve na fase aquosa. O sabão, menos denso, fica na fase superior, e assim a fase aquosa é
retirada pelo fundo da caldeira. A glicerina pode ser recuperada e utilizada em diversos fins.
A lavagem com a salmoura pode ser repetida quantas vezes for necessário, de acordo com a quali-
dade desejada para o sabão. Porém, esse processo resulta em um grande gasto de água. Atualmente as
indústrias estão investindo em uma nova técnica de refino que consiste na passagem da mesma salmoura
em um fluxo contracorrente ao sabão. À medida que a salmoura passa, ela se enriquece de glicerina.

10.3.4 Descanso
A massa de sabão ainda contém uma grande quantidade de sal. Por isso é adicionada uma
pequena quantidade de água e a mistura é deixada em repouso por um período de até 48 horas.
A mistura se apresentará dividida em três fases: a superior contendo sabão de alta qualidade,
viscosidade e aspecto claro; a do meio contendo um fluido salgado e escuro e até 40% de sabão; a
inferior contendo um líquido alcalino e salgado denominado lixívia.

Sabões e Detergentes 115


10.3.5 Tratamentos posteriores
A camada superior é separada e terá o tratamento adequado de acordo com o tipo de sabão
que será formado a partir dessa base.

10.3.5.1 Sabão em barra comum


São adicionados corantes e antirrancificantes. A mistura é homogeneizada, moldada na forma
de placas e cortada.

10.3.5.2 Sabão em escamas


Após a adição de antirrancificantes, a massa é transformada em cilindros, raspada e em
seguida prensada para a formação de escamas.

10.3.5.3 Sabão em pó
São adicionados à massa anticorrosivos, tampões, detergentes auxiliares, alcalinizantes e sul-
fato de sódio como enchimento. A mistura é homogeneizada a quente, e o fluido resultante passa por
atomizadores em alta pressão. Na saída do atomizador há um fluxo de ar quente que transforma o
fluido em pequenas gotículas que, ao caírem, secam, se transformando nos grãos.

10.3.5.4 Sabonete
São adicionados à massa antirancificantes, corantes, perfumes e bactericidas. A massa é então
homogeneizada, seca, prensada e cortada.

10.4 Produção de detergente


Enquanto os sabões são sintetizados a partir de óleos e gorduras de srcem animal ou vege-
tal, os detergentes são de srcem sintética e produzidos a partir de certas reações em hidrocarbo-
netos de cadeia longa.
Os detergentes podem ser classificados em quatro grupos, dependendo da parte hidrofílica da
sua cadeia.
» Detergente catiônico
São os detergentes cuja parte hidrofílica é um cátion. Os detergentes mais comuns desse
tipo são os sais de aminas quaternárias.

116 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
» Detergente aniônico
São os detergentes cuja parte hidrofílica é um ânion. Os detergentes mais comuns desse
tipo são os alquilbenzenossulfonatos de sódio.
» Detergente não iônico
São constituídos por moléculas que não se dissociam em água. Enquanto os detergentes
catiônicos e aniônicos são sais, os detergentes não iônicos mais comuns são poliálcoois.
» Detergente anfótero
São detergentes que podem se comportar como ácidos ou como bases, dependendo do
meio em que serão utilizados.
É muito comum o uso de misturas de tensoativos para que se atinja uma determinada caracte-
rística de detergência e espuma. Porém não é possível que se faça qualquer mistura. Detergentes cati-
ônicos e aniônicos são incompatíveis, pois reagem formando um composto insolúvel.

10.4.1 Composição dos detergentes em pó


Os detergentes são uma mistura complexa do surfactante com diversos aditivos, cada qual com
sua função.

10.4.1.1 Agentes modifcadores de espuma


Apesar de não ser responsável pela limpeza, a espuma contribui para o aumento da eficiência
do detergente. Porém, o excesso de espuma pode ser prejudicial, por exemplo, em máquinas de lavar.
Por esses motivos são adicionados agentes que controlam o volume de espuma produzido por deter-

minada quantidade de sabão.


10.4.1.2 Agentes coadjuvantes
Tripolifosfato de sódio, fosfato de trissódio e carbonato de sódio são utilizados como agentes
coadjuvantes para auxiliar na limpeza e aumentar o pH da água após adição dos detergentes sintéti-
cos, que em sua maioria apresentam caráter ácido.

10.4.1.3 Agentes removedores de manchas


São agentes que podem retirar manchas por meio de reações de oxirredução ou por ação enzi-
mática. Perborato de sódio é utilizado como agente para oxirredução devido ao fato de produzir
peróxido de hidrogênio em contato com água. Diversas enzimas podem ser adicionadas na composi-
ção do detergente para ações enzimáticas

Sabões e Detergentes 117


10.4.1.4 Agentes de suspensão
São agentes coloidais derivados da celulose que têm como objetivo manter a sujeira em sus-
pensão para que não retorne à roupa ou não passe para outras roupas.

10.4.1.5 Silicatos
Os silicatos de sódio são utilizados com o objetivo de evitar a corrosão das máquinas e prolon-
gar a qualidade do detergente durante o armazenamento.

10.4.1.6 Branqueadores ópticos

São substâncias
do ultravioleta, quecom
fazendo se depositam sobrevisível
que a radiação os tecidos e são capazes
seja emitida de absorver
em grande radiação
intensidade, na região
disfarçando
o amarelado dos tecidos.

10.5 Produção de detergente em pó

10.5.1 Síntese do tensoativo


Os tensoativos empregados na confecção de detergentes em pó são os sais de hidrocarbonetos
sulfonados que são sintetizados a partir da reação de alcanos de cadeia longa com ácido sulfúrico ou
de alquilbenzenos com o ácido sulfúrico, formando os alquilbenzenossulfonados.

+ H2SO4
SO 3H

+ NaOH
- +
SO 3H SO3 Na

+ H2O

C12H23

cat
+ C12H23Cl

C12H23
C12H23

+ H SO + SO
2 4 3

HO3S

C12H23
C12H23

+ H2O
+ NaO H
+ -
Na O3S
HO3S

Figura 10.6 – Sínteses de detergentes.

118 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
10.5.2 Torre de secagem
O excesso de água é retirado por aquecimento do tensoativo, em seguida são acrescentados os
aditivos que descrevemos anteriormente e a mistura é homogeneizada passando por um atomizador
em alta pressão. Na saída há um fluxo de ar que transforma a mistura em grânulos.

10.6 Detergentes enzimáticos


Apesar de apresentarem um alto custo de produção, os detergentes enzimáticos possuem uma
enorme capacidade de retirar diferentes tipos de manchas.
Misturas de enzimas podem ser utilizadas em detergentes líquidos para louças, além do deter-
gente em pó com a finalidade de retirar manchas das roupas. As enzimas mais utilizadas são as ami-
lases, que têm a capacidade de retirar manchas contendo amido, proteases que retiram manchas de
srcem proteica e lipases que retiram manchas de óleos e gorduras.

10.7 Impactos ao ambiente


Sabões e detergentes são utilizados diariamente nas residências, indo parar nos esgotos, que
frequentemente são descartados em rios. O principal problema do despejo de sabões e detergentes é
a formação de espumas sobre a superfície da água, impedindo que oxigênio da atmosfera se dissolva,
acarretando a morte dos seres vivos que habitam os rios.
Outros animais que são prejudicados pelo despejo dos sabões e detergentes são as aves pesca-
doras. Elas possuem o corpo coberto por um óleo que as impede de afundar. Quando há excesso de
detergente ou sabão na água, esse óleo é eliminado das penas, que se encharcam, fazendo com que o
animal se afogue.
Como os sabões são fabricados a partir de óleos e gorduras de srcem natural, são capazes de
ser biodegradados por micro-organismos, pois tudo que a natureza cria ela consegue decompor.
Porém, os detergentes são de srcem sintética, e por isso a legislação faz uma exigência para sua pro-
dução. Foi comprovado que detergentes com cadeias ramificadas não são biodegradáveis, por isso a
lei impõe que os detergentes devem ser produzidos somente com cadeias sem ramificações, pois

estas são degradadas pelos micro-organismos.

Sabões e Detergentes 119


Outro problema ambiental é causado por sabões que possuem em sua composição agentes seques-
trantes. Sabões perdem seu poder de limpeza em contato com águas ricas em2+Ca e Mg2+ (água dura),
pois esses íons reagem com o sabão e formam um precipitado insolúvel. Para evitar que isso ocorra, mui-
tas indústrias acrescentam na formulação agentes sequestrantes cuja função é precipitar os íons2+ Ca
e
2+
Mg antes que eles reajam com o sabão. O agente sequestrante mais utilizado é o tripolifosfato de sódio.
Esse composto é fonte de fósforo, que serve de nutriente para algas. Com a grande quantidade de nutrien-
tes, as algas se reproduzem muito, chegando à superfície. Isso faz com que as algas do fundo morram
devido à ausência de luz e apodreçam, o que resulta na diminuição da concentração de oxigênio na água.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu as propriedades dos sabões e detergentes, suas diferenças, seus
métodos de produção e como as indústrias que fabricam esses produtos afetam o ambiente.

1) Por que os sabões e detergentes se comportam como surfactantes ou tensoativos?

2) Como os sabões e detergentes agem na hora da limpeza?


3) Quais as diferenças entre sabão e detergentes?

4) Como é feita a síntese do sabão?


5) Cite um exemplo de síntese de detergente.

6) Qual a importância da semicotura durante a produção de sabão?

120 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
11
Cosméticos

Para começar

Neste capítulo, estudaremos os cosméticos, sua definição, suas matérias-primas e composição quí-
mica, as técnicas de produção e suas aplicações.
O capítulo está estruturado em cosméticos para a pele, para os cabelos, para os lábios e encerra
com as técnicas para a fabricação bem-sucedida por meio da escolha de matérias-primas e seu processa-
mento adequado.

11.1 Denição
Entende-se por cosméticos qualquer substância ou mistura que tem como finalidade melhorar
a aparência ou odor e proteger o corpo humano. Porém os cosméticos são percebidos de maneira
diferente no mundo. Na França, por exemplo, os perfumes não estão incluídos na classe dos cosmé-
ticos, e nos Estados Unidos os sabonetes também não são classificados dessa maneira.
No Brasil, os cosméticos são controlados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
Anvisa,
pessoal ee,perfumes
de acordoque
com essecompostos
sejam órgão, a definição oficial para
por substâncias cosméticos
naturais consiste
ou sintéticas emaplicação
cuja produtospode
de uso
ser realizada em qualquer parte do corpo (dependendo do tipo de cosmético) e que tem como finali-
dades limpá-lo, perfumá-lo, corrigir a aparência ou mantê-lo em bom estado.

121
11.2 Histórico

Os primeiros registros do uso de cosméticos relatam o uso de sais de antimônio para pintura
dos olhos no Egito Antigo. Também era comum nessa região o uso de ceras de abelha e gorduras de
srcem animal ou vegetal para a proteção da pele contra o calor e a perda de água. Os gregos e roma-
nos foram uns dos primeiros povos a produzir sabões. Também em Roma era muito comum o uso
de maquiagens pelos atores de teatro, que extraíam pigmentos de extratos vegetais e rochas e os mis-
turavam com óleos.
Com a peste negra os banhos foram proibidos na Europa, pois acreditava-se que a água quente
abria os poros e facilitava a entrada da doença. Com isso a produção de perfumes começou a crescer.
No século XIX voltaram a ser reconhecidos os benefícios causados pelos banhos, e, nessa
época, cosméticos eram produzidos em residências pelas donas de casa. A partir do século XX então
a indústria de cosméticos começou a crescer exponencialmente.

11.3 Composição dos cosméticos e


regiões de aplicação

11.3.1 Cosméticos para a pele


A pele é formada por três camadas: epiderme, mesoderma e endoderme. Cada camada é cons-
tituída por diferentes tipos de proteínas. Sua superfície, é coberta por uma camada de gordura pro-
duzida pelas glândulas cuja função é proteger a pele da perda excessiva de água.

O pH
dos pés, é umdapouco
pele émais
ácido, porémOs
elevado. nascosméticos
regiões emaplicados
que o suor é excessivo,
nessa região têmcomo
o pHaxilas,
próximovirilha
de 7.e dedos

11.3.1.1 Sabonetes
Como já vimos no capítulo anterior, os sabonetes são sintetizados a partir da reação de hidró-
lise básica entre triglicerídeos de srcem animal ou vegetal e hidróxido de sódio ou potássio. Sua
estrutura é constituída por sais de ácidos graxos com cadeias longas.
As moléculas desses sais possuem uma parte que interage com água e outra que interage
com a gordura. Desse modo o sabonete é capaz de retirar a gordura da pele, facilitando sua disper-
são na água.
Os sabonetes são produzidos na faixa de pH de 6,0-7,5, dependendo do fabricante.

122 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
11.3.1.2 Desodorantes e antitranspirantes
Os desodorantes e antitranspirantes são usados nas axilas e nos pés com o objetivo de disfarçar
ou evitar o mau cheiro. Essas regiões do corpo produzem maior quantidade de suor. O suor não tem
odor, e o mau cheiro é causado pela sua decomposição por bactérias existentes na nossa pele.

Os métodos de desodorização podem ser divididos em três:


» Mascaramento do odor: São utilizadas na composição substâncias como bicarbonato de
sódio e potássio, que reagem quimicamente com as substâncias odoríferas, formando sub-
produtos menos odoríferos. Podem ser usados também adsorvedores de odor, que captu-
ram os gases odoríferos através de interações físico-químicas, retendo, no interior de suas
moléculas, substâncias fétidas.
» Eliminação de bactérias: São adicionados à formulação do desodorante bactericidas ou bac-
teriostáticos, que bloqueiam a decomposição do suor. São exemplos dessas substâncias o
etanol, triclosan, dietileno-triamino-pentacético (DTPA), cloreto de benzalcônio e fernazol.
Cl HO HO OH

O O
O O
- -
CH3 CH2 OH Cl O Cl
N N
HO N OH
OH
Etanol Triclosan DTPA
O

CH2OH

+
N -
Cl

Cloreto de benzalcônico Farnezol

Figura 11.1 – Bactericidas e bacteriostáticos.

» Redução do fluxo transpiratório: Substâncias que formam um tampão bloqueiam ou


diminuem o fluxo de suor, que é reabsorvido. Essas substâncias são utilizadas na com-
posição dos antitranspirantes. As mais usadas são o cloridrato de alumínio e o alumínio-
-zircônio complexados com glicina devido à sua eficiência, à faixa de pH em que atua e à
não irritação da pele.

Cosméticos 123
Tabela 11.1 – Composição química de desodorantes

M at ér ia -p ri ma % Fu n ç ã o

Cera autoemulsionante não iônica 10,0 Agente de consistência

Base de absorção de lanolina 2,00 Emoliente

Propilparabeno 0,05 Conservante

Triclosan 0,15 Antisséptico(bactericida)

Águadestilada Qsp Solvente

Metilparabeno 0,18 Conservante

Propilenoglicol 5,00 Umectante

Cloridróxido de alumínio 40,0 Agente antitranspirante

Essência Qsp Perfume

11.3.1.3 Protetor solar


A radiação ultravioleta, quando chega a células vivas, é capaz de destruir a estrutura do DNA,
causando a morte da célula. Porém, pode ocorrer, ao invés da sua morte, sua reprodução acelerada,
ocasionando o câncer de pele.
Os protetores solares têm em sua composição substâncias que podem absorver ou refletir a
radiação ultravioleta.
Os compostos inorgânicos utilizados como princípios ativos dos filtros solares são óxido de
zinco, dióxido de titânio e bentonita, que têm a capacidade de refletir a radiação.
Entre os compostos orgânicos utilizados estão substâncias naturais ou sintéticas que possuem
a capacidade de absorver a radiação. Nesses compostos é comum a presença de anéis aromáticos e
cadeias com duplas conjugadas.

124 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
A radiação UV danifica não só nossa pele, mas também nossos cabelos, sendo comum a adi-
ção de filtros solares em xampus e condicionadores.
Tabela 11.2 – Principais substâncias utilizadas como absorvedores ou refletores de radiação ultravioleta

C l a s s eq u í m i c a F i l t r os o l a r Ti p o

Etil-hidroxipropilPABA UVB

Gliceril
PABA UVB
p – aminobenzoato
OctidimetilPABA UVB
PABA UVB
Salicilatodehomometila UVB
Salicilatos Octilsalicilato UVB
Salicilatodetrietanoamina UVB
Metoxicinamatodedietanoamina UVB
Cinamatos
Octilmetoxicinamato UVB

2-hidróxi-4-metoxi-benzofenona UVA

2,2-di-hidróxi-4-metoxibenzofenona-5-sulfônico UVA
Benzofenona 2,4-di-hidroxibenzofenona UVA
2,2’-di-hidroxi-4,4’dimetoxibenzofenona UVA
3,2’,4,4’-tetra-hidroxibenzofenona UVA
Antranilatodemetila UVA

Octocrileno UVA
Outros grupos
Butil-metoxidibenzoilmetano UVA
4-isopropildibenzoilmetano UVA

11.3.1.4 Perfumes

Os perfumes têm como único objetivo melhorar e fornecer odores agradáveis ao corpo
humano. São compostos por álcool, que serve como solvente, óleos essenciais extraídos de flores,
madeira, frutos ou sementes, fixadores, que atualmente são de srcem sintética, e água.

11.3.1.5 Máscaras faciais


São misturas líquidas ou semissólidas que podem apresentar diferentes funções, tais como
hidratação, nutrição, esfoliação e limpeza. Cada tipo de máscara terá uma composição química dife-

rente, dependendo do efeito que se deseja para a pele.

Cosméticos 125
Costumam apresentar pH levemente alcalino a fim de romper a barreira de proteção de lipí-
dios para que então os princípios ativos sejam absorvidos pela pele.
» Máscaras detergentes: retiram impurezas e excesso de ácidos graxos. Devem estar na faixa
de pH de 7,5 a 8 para a facilitação da limpeza e devem conter um agente detergente na
formulação.
» Máscaras sedativas e refrescantes: adicionam-se à composição substâncias refrescantes e
anti-inflamatórias como cânfora, mentol e camomila.
» Máscaras hidratantes: têm a função de manter a água na camada córnea da pele. São
agentes hidratantes: hidrolisado de proteínas, lactato de amônio, ureia, entre outros.
»
Máscaras nutritivas: repõem componentes dos quais a pele necessita, como ácidos graxos
em pele envelhecida.
» Máscaras esfoliantes: são utilizados hidroxiácidos e enzimas para promover a esfoliação
da camada córnea.
» Máscaras adstringentes: retiram o excesso de graxa e diminuem a dilatação do orifício
folicular. São usados como agentes adstringentes sais de alumínio ou ácido lático, que irão
precipitar proteínas cutâneas.
Muitas máscaras contêm em sua composição agentes antiacne. O descontrole na produção de
hormônios acarreta um acúmulo de gordura na pele, facilitando a proliferação de bactérias que se
alimentam da gordura e crescem, causando o inchaço dos poros. São utilizados como agentes
antiacne bactericidas como enxofre, sais de enxofre e peróxido de benzoíla. Além disso, cremes
antiacne apresentam pH ácido para auxiliar na retirada do excesso de gordura.

11.3.1.6 Pó facial, blush e sombras


O pó facial tem como objetivo disfarçar imperfeições, mudar a tonalidade da pele e absorver
secreções. Consiste em uma mistura pulverizada de minerais como mica, óxido de zinco, dióxido de
titânio e outras substâncias como amido e alcoóis, cada uma com sua função.
O blush é aplicado sobre as maçãs do rosto com o objetivo de colorir e salientar. Podem ser
encontrados como pós compactos, que são misturas de talco, estearato de zinco, carbonato de mag-
nésio e pigmentos, na forma cremosa, tendo ceras ou vaselina como base, ou na forma de gel.
As sombras para os olhos também podem ser encontradas na forma líquida, cremosa ou de pó
compacto. A composição dosblushes e sombras depende do estado físico em que são fabricados.
Tabela 11.3 – Componentes do pó facial
Su bstân c ia Fu n ç ã o

Óleosdesementes Emoliente
Mica Diluente,agentede texturae consistência
Óxidodezinco Protetorsolar
Dióxido de titânio e alumina Pigmento

126 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
11.3.2 Cosméticos para os cabelos
Os fios de cabelo são compostos principalmente por queratina recoberta por uma fina camada
de água, sais minerais e lipídeos. Os fios de cabelo são produzidos por células chamadas folículos
que se localizam abaixo do couro cabeludo. Essas células são diferentes de pessoa para pessoa, por
isso há cabelos com diferentes características de espessura, cor e ondulação.

11.3.2.1 Xampus
A camada formada por lipídios que recobrem os fios de cabelo tem a capacidade de atrair
sujeiras. Os xampus são detergentes aniônicos, normalmente sais de alquilsulfonados, cuja função é
retirar
banho, essa camada de gordura, facilitando sua dispersão na água e limpando os fios. Após cada
a camada de lipídeos é reposta.
Como o cabelo é diferente de pessoa para pessoa, há muitos tipos de xampus com diferentes
propriedades para o tratamento de cada um. Uma das características que varia é a faixa de pH. Os
fios de cabelo são formados basicamente por três tipos de ligações intermoleculares: ligações de
nitrogênio, pontes de dissulfeto e pontes salinas. Xampus que apresentam pH ácido rompem as liga-
ções de hidrogênio, resultando em cabelos ressecados. Já os xampus que apresentam pH básico rom-
pem as pontes de dissulfeto, resultando em pontas duplas.
O couro cabeludo sofre uma descamação mensal para a eliminação e reposição de células mor-
tas, porém, algumas vezes pode ocorrer descamação excessiva devido a problemas de estresse ou
doenças no couro cabeludo, causadas pela ação de fungos ou ácaros, ocasionando a caspa. Para com-
batê-la, os xampus anticaspa apresentam pH básico, surfactantes não iônicos ou catiônicos e pouca
quantidade de sólidos. Além disso, são adicionados em sua composição ureia, ácido salicílico, alca-
trão, piritionato de zinco ou sulfeto de selênio, devido às propriedades queratinizante e fungicida.

11.3.2.2 Condicionadores
Como já foi descrito, os xampus são formados por tensoativos aniônicos. A carga negativa des-
ses ânions promove um acúmulo de eletricidade estática que deixa os cabelos arrepiados e difíceis de
pentear. Os condicionadores, por sua vez, são formados por tensoativos catiônicos, com o objetivo
de eliminar essa carga, deixando o cabelo mais macio e maleável.

11.3.3 Lábios
A pele dos lábios é três vezes mais fina que a do restante do corpo e possui muitos vasos san-
guíneos perto da superfície. Além disso, não possui folículos, não produz secreções, nem é coberta
por camadas de lipídeos, por isso é muito vulnerável a desidratação e rachaduras.

Cosméticos 127
11.3.3.1 Batom
Os batons são misturas sólidas ou líquidas e viscosas que apresentam finalidades estéticas ou
de hidratação para os lábios. São constituídos principalmente por bases graxas além de corantes,
antioxidantes, conservantes e hidropelentes, que evitam a retirada do batom pela saliva ou pela água.
As bases são formadas em sua maior parte por ceras que apresentam alto ponto de fusão,
porém amolecem à temperatura do corpo humano, facilitando o espalhamento. As ceras são ésteres
de ácidos graxos de cadeia longa e podem ser de srcem animal ou sintética derivada do petróleo.
Os corantes podem ser lipossolúveis ou hidrossolúveis, extraídos de vegetais ou de srcem sin-
tética. Os hidropelentes mais comuns são óleos de silicone, misturas de álcool etílico, estearílico e
manteiga de cacau e têm a capacidade de formar um filme sobre os lábios, impedindo que a cor seja
retirada pela saliva. Já os conservantes e antioxidantes previnem a degradação e oxidação das maté-
rias-primas, evitando a modificação do sabor, cheiro ou cor. São substâncias utilizadas o BHT, a vita-
mina C e a vitamina E.
A faixa de pH para todos os cosméticos que são aplicados na boca está entre 6 e 7, que corres-
ponde ao pH da saliva.
Tabela 11.4 –Componentes do b atom

Co m p o n e n t e s % Fu n ç ã o

Ceradeabelha 3,0 Cera

Ceradecarnaúba 2,0 Cera

Ceresina 14,0 Cera

Álcoolcetoestearílico 5,0 Cera

Vaselinasólida 20,0 Gordura

Lanolinaanidra 5,0 Gordura

Estearatodeiso-octila 5,0 Óleo

Vaselinalíquida 15,0 Óleo

BHT 0,1 Antioxidante

Octilmetoxicinamato 5,0 Protetorsolar

Essência 0,01 Perfume

Óleoderícino qs Veículo

11.4 Outras matérias-primas dos cosméticos


Algumas matérias-primas são utilizadas em diversos tipos de cosméticos como os que serão
citados a seguir.

128 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
11.4.1 Agentes de perolização
Agentes de perolização são preparados a partir da moagem de minerais, como, por exemplo,
mica e quartzo, junto com ceras. São muito utilizados em batons, sombras belushes, além de xampus
e condicionadores, com o objetivo de refletir a luz, dando brilho aos cosméticos.

11.4.2 Antioxidantes
São adicionados com o objetivo de prevenir a degradação e consequentemente a alteração no
cheiro, na cor e aparência dos cosméticos. São comuns principalmente na composição dos cosméti-
cos que têm bases oleosas, pois estas podem degradar na presença de luz ou do ar.
Os agentes antioxidantes mais utilizados são ácido cítrico, ácido ascórbico, componentes aro-
máticos e hidroquinonas. Estas últimas também têm a capacidade de clarear manchas.

11.4.3 Bases oleosas e solventes


As bases oleosas e solventes orgânicos são utilizados principalmente quando os componentes
do cosmético são insolúveis em água.
Entre as bases é comum o uso de óleos vegetais, como o de oliva e o de soja, para essa função.
Os solventes devem ter baixo ponto de ebulição para que evaporem logo após a aplicação, devem ser
atóxicos, inodoros e ambientalmente seguros.

11.4.4 Biocidas

Têm como
ser nocivos objetivo
à saúde. Podem neutralizar, impedir
ser sintéticos ou controlar
ou naturais a ação
e devem de micro-organismos
ser atóxicos, eficientes em que possam
baixas con-
centrações e em várias faixas de pH.

11.4.5 Corantes e pigmentos


Têm a função de dar cor ao cosmético, logo são responsáveis pela beleza do produto. Podem ser
orgânicos ou inorgânicos, de fontes naturais extraídas de rochas, flores, folhas, ou de srcem sintética.

11.4.6 Corretores de pH
O controle de pH é de extrema importância, pois cada cosmético deve apresentar pH próximo
ao da região de aplicação. São usados ácidos orgânicos fracos, como o cítrico e o ascórbico, e para
pH alcalino, hidróxido de alumínio ou borato de sódio.

11.4.7 Emolientes
São substâncias oleosas de srcem natural ou sintética que têm o objetivo de manter a pele
macia e hidratada, evitando a perda de água. Podem ser polares ou apolares.

Cosméticos 129
11.4.8 Agentes umectantes
São agentes higroscópicos, ou seja, têm a capacidade de absorver água do ambiente. São usa-
dos normalmente em cremes para hidratação. O umectante mais comum é a ureia.

11.4.9 Espessantes
Os espessantes têm o objetivo de dar viscosidade ao cosmético, facilitando então a sua fixação
no local de aplicação. É comum o uso de polímeros solúveis em água. São muito utilizados nos géis.

11.4.10 Essências
São substâncias extraídas de flores, madeira, frutas e sementes cujo odor é agradável e pode
ser usado na perfumaria. Os principais grupos funcionais presen tes nessas substâncias são ésteres,
aldeídos e cetonas.
Para a obtenção das essências, a matéria-prima é aquecida com água e o óleo essencial é extra-
ído por arraste a vapor e em seguida destilado. O processo tem um rendimento muito baixo, e por
isso os óleos essenciais são muito caros.

11.4.11 Estabilizantes de espuma


Os antiespumantes têm a capacidade de enfraquecer as ligações intermoleculares do solvente,
diminuindo a formação de bolhas que são responsáveis pela espuma. São usados para esse fim silica-
tos, óleos vegetais, óleos de silicone ou ácidos graxos.

11.4.12 Propelentes
Essas substâncias são utilizadas em cosméticos cuja aplicação ocorre na forma de spray. São
gases ou solventes de baixo ponto de ebulição que são armazenados em alta pressão com os outros
componentes do cosmético e têm por função arrastá-los no momento da aplicação. Os propelentes
devem ser inodoros e não devem atacar a saúde humana nem o ambiente.

11.5 Técnicas de produção


Para que um cosmético seja eficiente, é necessário que haja boa escolha de matérias-primas e
que o processamento seja bem-sucedido. As principais técnicas necessárias para a fabricação dos
cosméticos serão descritas a seguir.

11.5.1 Agitação
Tem como objetivo formar uma mistura homogênea dos componentes que formam o cosmé-
tico que será incorporada a uma base. As misturas podem ser líquidas, pós em líquidos ou pós em
pós. As bases podem ser aquosas, oleosas ou formadas por um solvente orgânico. A mistura e homo-
geneização ocorrem dentro de equipamentos chamados de reatores acoplados com agitadores. A agi-
tação deve ser controlada, pois a eficiência da mistura e homogeneização depende do número de
repetições do processo. A agitação também irá variar de acordo com a viscosidade da mistura.

130 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
11.5.2 Moagem
A técnica de moagem é utilizada principalmente para a confecção dos pós utilizados nas bases,
sombras e blushes. Consiste em transformar o material sólido em um pó fino. As características de
cor, brilho, textura, fineza e a boa cobertura dependem da qualidade e homogeneidade dos pós.
Após a moagem, o pó produzido passa por um processo de peneiração, o qual separa as partí-
culas de tamanhos diferentes. As partículas que não atingiram o tamanho satisfatório retornam ao
processo de moagem a fim de que não se tenha desperdício de matéria-prima.
A moagem produz pós muito finos e que podem causar problemas respiratórios nos trabalha-
dores desse tipo de indústria, por isso a coleta do pó é feita por um sistema de exaustão acoplado a
um filtro e um coletor.

11.5.3 Controle de micro-organismos


Os cosméticos possuem muitos componentes que servem como nutrientes para micro-orga-
nismos. Desse modo é necessário que haja uma esterilização durante sua fabricação. Além disso,
substâncias químicas antissépticas também podem ser adicionadas, pois os micro-organismos exis-
tentes em nosso corpo podem ser transferidos para o cosmético durante o uso.
Os micro-organismos podem causar doenças e também decompor algumas substâncias que
formam o cosmético, afetando sua funcionalidade.
Dois processos químicos são utilizados para eliminar os micro-organismos: a esterilização e a
pasteurização. Na esterilização o material é aquecido e mantido nessa temperatura por um determi-
nado tempo até que todos os micro-organismos tenham morrido. Já na pasteurização o material é
aquecido por um tempo e em seguida resfriado rapidamente próximo ao ponto de congelamento,
temperatura na qual as membranas celulares se rompem.
A eliminação dos micro-organismos também pode ocorrer pela adição de biocidas ou de agen-
tes desidratantes, pois sem água os micro-organismos não proliferam. A limitação do pH em valores
abaixo de cinco também dificulta a sobrevivência dos micro-organismos.

11.5.4 Cristalização
Esse processo é realizado principalmente em batons e protetores labiais que são sólidos à tem-
peratura ambiente e amolecem e se espalham na hora da aplicação. Esses cosméticos são fabricados a
quente, na forma líquida, para facilitar a mistura e homogeneização. Durante a moldagem, a mistura
é resfriada rapidamente quando cristaliza.
O resfriamento ocorre submergindo-se o molde em água gelada, pela passagem de nitrogênio
líquido ou colocando-se o molde em uma estufa a vácuo em baixa temperatura.

11.5.5 Degasagem
Consiste na extração de gases, principalmente o oxigênio, visto que ele pode oxidar alguns
componentes dos cosméticos, além de causar bolhas e espuma.

Cosméticos 131
Para a retirada de oxigênio em cosméticos que possuem pigmentos que podem ser oxidados
é comum a passagem de um fluxo contínuo de gás nitrogênio. Já para a degasagem de xampus e
sabonetes líquidos que podem formar espumas é comum a retirada de todos os gases por uma
câmara de vácuo.

11.5.6 Filtração
A filtração é necessária para a retirada de sólidos residuais ou que possam ter se formado
durante a fabricação dos cosméticos. Normalmente é realizada a frio para que a maior parte dos sóli-
dos seja removida. As técnicas de filtração vão depender do tamanho das partículas sólidas que
devem ficar retidas.
11.5.7 Tratamento de água
A água é utilizada na fabricação e/ou composição de quase todos os cosméticos. Antes disso,
deve passar por tratamentos para a retirada de resíduos sólidos, para a descontaminação de micro-
-organismos e para a retirada de íons.
A retirada de resíduos sólidos ocorre pela filtração, a descontaminação ocorre pelos mesmos
métodos descritos aqui anteriormente, e a retirada de íons se dá pela desmineralização com resinas
de troca iônica.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você conheceu as características de diferentes cosméticos destinados a diversas partes
do corpo e suas funções. Você aprendeu a composição dos cosméticos e algumas técnicas depreparação.

1) Que propriedade do sabão faz com que ele seja capaz de retirar a gordura do corpo?
2) Faça um esquema representando a ação dos desodorantes e antitranspirantes na ini-
bição do suor e do mau cheiro.
3) Qual das substâncias você espera que apresente melhor ação como filtro solar: a
2-metil-5-hidroxi-ciclo-hexanona ou a 2,4 – di-hidroxibenzofenona? Justifique.
4) Xampus e condicionadores podem ser considerados detergentes sintéticos? Justifique.
5) Qual é a importância de oscondicionadores serem formados porsurfactantes aniônicos?

132 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
12
Tecnologias
Farmacêuticas

Para começar

Neste capítulo você irá conhecer alguns conceitos sobre a armacotécnica, área da indústria
armacêutica quenotem
uncionalidades como objetivo produzir ormas armacêuticas visando curar ou alterar algumas
organismo.
Você irá conhecer também as dierentes ormas armacêuticas e suas vantagens e desvantagens.

12.1 Histórico
Registros históricos indicam que no século X a medicina e a armácia eram uma só profissão.
Eram chamados de boticários aqueles cuja profissão exigia que conhecessem e curassem as doenças,
preparando eles mesmos os medicamentos.
Somente no século XVIII a armácia e a medicina oram separadas, sendo os médicos respon-
sáveis por diagnosticar doenças e os armacêuticos, por misturarem matérias para a conecção de
remédios que iriam curar as doenças.

133
12.2 Conceitos
Todo composto químico utlizado com o objetivo de alterar algum desempenho ou ação bioló-
gica no organismo é chamado de droga. As drogas que têm unção terapeutica são chamadas de ár-
macos; já as que têm objetivo adverso ao terapêutico são chamadas de tóxicos.
Os medicamentos são ormulações armacêuticas elaboradas com o objetivo de proporcionar
cura, reposição de substâncias, métodos contraceptivos etc.
Os princípios ativos são as substâncias químicas da ormulação que serão responsáveis por
desempenhar a unção ou eeito armacológico, ou seja, são responsáveis pela ação do ármaco.

12.3 Formas farmacêuticas


A armacotécnica é a área da indústria armacêutica que prepara medicamentos através de
operações a partir de dierentes matérias-primas, dando srcem a diversas ormas armacêuticas.
As ormas armacêuticas são ormulações constituídas por um ou mais ármacos e substâncias
auxiliares, chamadas de adjuvantes. Entre as unções dos adjuvantes estão a correção de sabor e odor
e a acilitação do transporte do ármaco, servindo então como veículo. Os adjuvantes não podem
conter nenhuma atividade terapêutica nem influenciar na absorção do ármaco.
Os ármacos podem ser encontrados em três ormas: semissólidas, sólidas e líquidas. A escolha
da melhor orma irá depender das características ísico-químicas do ármaco, do seu local e meca-
nismo de ação e da dosagem.

12.3.1 Formas semissólidas


As ormas semissólidas são de uso tópico, aplicadas sobre a pele com objetivos de cicatrização
de erimentos, hidratação ou com unções terapêuticas. São encontradas na orma de pomadas, pas-
tas e géis. Existem diversas classificações para as ormas armacêuticas semissólidas. Dentre elas
podem ser designadas como hidrogéis, organogéis ou cremes; quanto à solubilidade, podem ser lipo-
ílicas ou hidroílicas.
O princípio ativo das ormas armacêuticas semissólidas, assim como das outras ormas arma-
cêuticas, pode ser de srcem natural, extraída de plantas, ou de srcem sintética.
Os princípios ativos de srcem natural são extraídos das plantas por meio de destilação por
arraste a vapor ou por extração com solventes. É necessário que se estudem as características quími-
cas dos princípios ativos para que se escolham o melhor veículo e os melhores agentes estabilizantes
sem que haja imcompatibilidades.

Os veículos
polímeros mais
orgânicos. utilizados
O veículo temsão
queceras, silicones,
ser capaz géis de osrcem
de dissolver mineral
ármaco comonaaaplicação
e auxiliar bentonitae na
e
penetração cutânea, além de ser inerte diante do ármaco.

134 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
12.3.2 Formas sólidas
As ormas armacêuticas sólidas podem ser encontradas como pós e granulados, comprimidos,
drágeas, cápsulas ou supositórios.
Os pós e granulados são misturas de ármacos e adjuvantes finamente divididos. São consumi-
dos normalmente na orma de eervescentes e são vantajosos por apresentar uma grande superície
de contato, acilitando na absorção e interação com o organismo.
Os comprimidos consistem na mistura em pó de ármacos e adjuvantes, a qual irá sorer com-
pressão até se compactar.

As drágeas são comprimidos recobertos por camadas grossas de açúcar, ceras e outros adjuvan-
tes. São usadas para proteger ármacos que se degradam no estômago antes de chegar ao local de ação.
As cápsulas, assim como as drágeas, possuem uma proteção para que o ármaco consiga
ser absorvido antes de se degradar, porém esse invólucro é ormado por uma gelatina, que pode ser
mole ou dura.
Os supositórios são sólidos à temperatura ambiente, porém undem na temperatura do corpo
humano. São utilizados via retal.

12.3.3 Formas líquidas


As ormas líquidas, por sua vez, podem ser encontradas como suspensões, soluções ou xaropes.
As soluções podem ser usadas para fins orais, tópicos ou parenterais. São preparadas a partir
da diluição de um ou mais ármacos em um solvente, normalmente a água, ormando um sistema
monoásico e homogêneo. Quando o princípio ativo não é completamente solúvel, é comum a adi-
ção de cossolventes, que irão auxiliar na solubilidade, como o álcool ou glicerina.
As vantagens das ormas armacêuticas líquidas em soluções são a rápida absorção dos árma-
cos em comparação com as ormas sólidas; a homogeneidade da dosagem, ou seja, em qualquer ra-
ção da solução a quantidade de ármaco será a mesma; a possibilidade do uso de cossolventes e a
grande variedade de concentrações de ármacos. Porém apresentam desvantagens, como maior pos-
sibilidade de alterações químicas e contaminação.
Os xaropes são soluções de uso oral que além dos ármacos também possuem uma grande quanti-
dade de açúcar dissolvido, o que torna a amostra líquida mais viscosa. São muito comuns na composição
dos xaropes agentes adjuvantes com a unçãoedmudar a cor e proporcionar sabor e odor agradáveis.
Tantos as soluções quanto os xaropes apresentam em seus rótulos a dosagem ou concentração
que indicam a quantidade do princípio ativo existente em determinada dose. As concentrações
podem ser em peso por peso (p/p), peso por volume (p/v) ou volume por volume (v/v).
X% p/p: indica que há X gramas do soluto em 100g de solução
Y% p/v: indica que há Y gramas do soluto em 100mL de solução
Z% v/v: indica que há Z gramas do soluto em 100mL de solução

Tecnologias Farmacêuticas 135


136 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
Nas suspensões o ármaco se encontra na orma de par-
tículas sólidas dispersas em um solvente, ormando um sis-
tema biásico e heterogêneo. A ase líquida possui uma certa As suspensões apresentam algumas van-
consistência que pode ser de srcem graxa ou aquosa. Pode tagens em relação às formas líquidas. São
capazes de veicular fármacos insolúveis,
servir para uso oral, ofalmológico, odontológico, dermatoló- protegem melhor o fármaco da degrada-
gico, entre outros. ção, e são próprias para fármacos que são
instáveis em soluções aquosas.

12.4 Instabilidades das


formulações farmacêuticas

12.4.1 Instabilidade química


Os ármacos podem ser vulneráveis à degradação pela exposição à luz, variações de tempe-
ratura, exposição ao ar, e, nos ármacos em solução, ainda há a possibilidade de hidrólise ou rea-
ções de oxirredução.

12.4.2 Instabilidade física


Os problemas ísicos que podem atingir os medicamentos são sedimentações, alterações de
viscosidade causadas por alterações no pH e precipitação no caso de ormas líquidas devido a
mudança de temperatura.

12.4.3 Instabilidade biológica

O crescimento microbiano, além de poder influenciar na estabilidade química do princípio


ativo, pode causar odor e sabor desagradáveis e mudanças na aparência da ormulação.

12.5 Adjuvantes
Os componentes adjuvantes são adicionados à ormulação dos ármacos não só para auxiliar
na absorção e transporte, mas também para evitar os desgastes descritos na seção anterior.
A escolha do melhor adjuvante deve levar em conta as características ísico-químicas dos ármacos,
assim como possíveis interações entre eles.

Tecnologias Farmacêuticas 137


12.5.1 Veículos
Preparação inerte que tem como objetivo a incorporação e o transporte dos princípios ativos.

12.5.2 Solventes
Substância utilizada para dissolver os princípios ativos no meio. Podem ser aquosos ou não.

12.5.3 Absorventes
Substâncias adicionadas para absorver água ou fixar compostos voláteis.

12.5.4 Agentes molhantes


Aumentam o contato entre a água e o soluto pela diminuição de tensão superficial, aumen-
tando, por consequência, a molhabilidade das partículas.

12.5.5 Agentes tamponantes


Os tampões têm como objetivo impedir grandes variações de pH quando há uma substância
ácida ou básica na ormulação.

12.5.6 Corantes, aromatizantes e avorizantes


São usados para mudar aspectos das ormulações, deixando-as mais atraentes para o consumo.
As principais mudanças estão no sabor e no odor.

12.5.7 Agentes emulsifcantes


Utilizados em ormulações que possuem dois líquidos imíscíveis. O emulsificante auxilia na
dispersão das partículas de um líquido no outro.

12.5.8 Surfactantes
Os tensoativos são substâncias com a capacidade de diminuir a tensão superficial de líquidos.
Nas ormulações armacêuticas, podem ser usados com agentes molhantes ou emulsificantes.

138 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
12.5.9 Agentes suspensores
Aumentam a viscosidade do meio, dificultando assim a sedimentação de partículas.

12.5.10 Agentes alcalinizantes ou acidifcantes


São utilizados normalmente para manter a estabilidade química do princípio ativo ou para
acilitar sua dissolução.

12.5.11 Conservantes
São substâncias utilizadas principalmente em ormas armacêuticas líquidas ou semissólidas
que são mais vulneráveis ao crescimento de micro-organismos. Essas substâncias têm como objetivo
impedir a prolieração de ungos e bactérias.

12.5.12 Antioxidantes
Utilizados principalmente em ármacos que possuem óleos ou gorduras em sua composição
para impedir a oxidação, degradação e, consequentemente, a ormação de ranço.

12.5.13 Agentes sequestrantes


Alguns metais presentes nas ormulações podem sorer reações de oxirredução, alterando a
atividade do ármaco. Os agentes sequestrantes, ou agentes quelantes, são capazes de ormar comple-
xos estáveis, com os metais impedindo que essas reações ocorram.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você pôde perceber que há dierentes ormas armacêuticas que possuem die-
rentes características de acordo com as propriedades ísico-químicas do ármaco, do seu local e meca-
nismo de ação e da dosagem. Você também conheceu algumas técnicas de preparação e controle de
produção dos medicamentos.

Tecnologias Farmacêuticas 139


1) Muitos princípios ativos são extraídos de plantas por meio das técnicas de destilação
por arraste a vapor ou por extração com solventes orgânicos. Qual a importância do
conhecimento das características ísico-químicas dos princípios ativos?
2) Um princípio ativo usado para tratar certa doença se degrada em meio ácido. Qual
é a melhor orma armacêutica para que um remédio seja produzido a partir desse
princípio ativo?
3) Um armacêutico preparou uma solução de 100 mL com um princípio ativo cuja
massa molar é de 150 g/mol. Sabendo que a solução final apresenta concentração de
0,2 mol/L, determine a concentração desse ármaco em mg/mL.
4) Um técnico de laboratório preparou por engano uma solução de certo ármaco com
1 L e concentração de 0,5 mg/mL. Qual o volume de solvente que deve ser adiciona-
do para que a concentração passe para 0,2 mg/mL?

140 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
13
Fundamentos de
Corrosão

Para começar

Neste capítulo você irá aprender como ocorre a corrosão, quais os tipos mais comuns de corrosão,
os prejuízos causados por ela e algumas técnicas para inibi-las ou evitá-las.

13.1 Conceitos

13.1.1 Corrosão
A corrosão é um processo espontâneo de deterioração de metais em razão de ações químicas e
eletroquímicas destes com o ambiente. Alguns autores consideram também corrosão a deterioração
de materiais não metálicos, como o concreto e a borracha.
A deterioração desses materiais prejudica sua durabilidade e desempenho, fazendo com que
deixem de realizar suas funções. A corrosão ataca metais e ligas existentes em tubulações de oleodu-
tos e gasodutos, em cabos de comunicação de redes elétricas, em píeres de atracação de embarca-

ções, em tanques
eletrônicos, entrede armazenagem de combustíveis, em meios de transporte, construções, aparelhos
outros.
A corrosão é um fenômeno de superfície, e a substância formada pela deterioração do metal
funciona como uma barreira entre seu interior e o meio corrosivo, diminuindo a velocidade de cor-
rosão. Todos os metais estão sujeitos a corrosão, dependendo do meio em que estão inseridos.

141
A corrosão dos metais ocorre via reações de oxirredução normalmente entre o metal e o oxigê-
nio presente no ar. Metais de tubulações de plataformas petrolíferas, por exemplo, podem ser ataca-
dos ainda pela presença de ácidos existentes no petróleo.

13.1.2 Reações de oxirredução


As reações de oxirredução são reações em que há troca de elétrons entre os reagentes. A seguir
encontra-se um exemplo de uma reação de oxirredução.
2 Fe(s) + O2(g) → 2 FeO(s)
Nesse exemplo, ambos os reagentes possuem número de oxidação (nox) igual a zero, pois
trata-se de elementos puros. No produto, o átomo de ferro assume nox +2 e o oxigênio, –2. Para pas-
sar do nox 0 para +2 o ferro perde dois elétrons. Dizemos então que ele se oxidou, já que elevou seu
número de oxidação. Já o oxigênio, que variou seu nox de 0 para –2, perdeu dois elétrons. Dizemos
então que ele sofreu redução.
Como podemos perceber, essa reação é uma oxirredução, pois há transferência de elétrons do
ferro para o oxigênio.
Em uma reação de oxirredução, chamamos de agente redutor aquele que causa a redução de
outro reagente, e de agente oxidante aquele que causa oxidação em outro. No exemplo anterior, o
ferro é o agente redutor que faz o gás oxigênio se reduzir, ao passo que o oxigênio é o agente oxi-
dante que faz o ferro se oxidar.
Ainda falando da reação apresentada anteriormente, temos um exemplo de corrosão do ferro
no qual a reação de oxirredução produz o óxido de ferro II, também conhecido como ferrugem.

13.1.3 Pilhas eletroquímicas


No estudo da corrosão, também é de grande importância conhecer o funcionamento das
pilhas eletroquímicas.
De modo geral, as pilhas são formadas por dois eletrodos, o catodo, que é o polo positivo, e o
anodo, que é o polo negativo. Há também um eletrólito e um circuito metálico, que são responsáveis
pela passagem da corrente.

142 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
Essa corrente é srcinada a partir da diferença de potencial dos materiais que formam o ele-
trodo. Cada elemento tem seu potencial padrão de redução e oxidação, conforme a Tabela 13.1.
Quando dois elementos diferentes formam os eletrodos, há uma diferença de potencial chamada
força eletromotriz. Para uma pilha, que é uma reação espontânea, a diferença de potencial é sempre
maior que zero. A seguir veremos os tipos de pilhas mais comuns na corrosão e seus exemplos.

13.1.3.1 Eletrodos de metais diferentes


Quando dois metais ou ligas diferentes estão em contato e imersos em um mesmo eletrolito é
comum haver corrosão de um dos metais.

Observe os potenciais padrão de redução do cobre e do zinco.


Zn2+ + 2e– → Zn0 E0 = – 0,76V
Cu2+ + 2e– → Cu0 E0 = 0,15V
Nessas semirreações mostradas anteriormente, ambos os metais estão se reduzindo, ou seja,
estão ganhando elétrons. Para que a reação ocorra, é necessário que um deles doe elétrons, ou seja,
que um deles se oxide. Teremos então que inverter uma das semirreações. Mas qual? Como vimos,
as reações da pilha são espontâneas e apresentam o valor da diferença de potencial positivo. Quando
invertemos uma semirreação, invertemos também o sinal do potencial. Se fizermos isso com o
cobre, seu potencial passará a ser –0,15 V. A soma dos potenciais será então um valor negativo
(–0,76 + (–0,15) = –0,91), o que caracteriza uma reação não espontânea. Logo devemos inverter a
semirreação do zinco, cujo potencial passará a ser 0,76 V, e a soma dos potenciais dará um valor
positivo.
0 2+ – 0
Zn → Zn + 2e E = + 0,76V
Cu2+ + 2e– → Cu0 E0 = + 0,15V
Reação da pilha: Zn0 + Cu2+ → Zn2+ + Cu0 ΔE0 = + 0,91V
Na pilha, chamamos de eletrodo o local onde ocorre a redução; de catodo e de anodo o local
onde ocorre a oxidação. No exemplo anterior, podemos perceber então que o metal que se reduz é o
cobre, e, portanto, o catodo; já o zinco que está se oxidando é o anodo. Como já foi visto na pilha, o
catodo é o polo positivo e o anodo, o polo negativo. O fluxo de elétrons será sempre do polo negativo
(anodo) para o polo positivo (catodo).
O anodo irá então ceder elétrons. Cedendo elétrons, o zinco metálico Zn 0 irá se transformar
no íon Zn2+, ou seja, a quantidade de zinco metálico irá diminuir. Esse processo da perda de massa
do metal caracteriza o processo de corrosão.

Fundamentos de Corrosão 143


Tabela 13.1 – Tabela de potenciais
Meia-reação E0 /V
Li+ (aq) + e
l
→ Li (s) –3,05
K+ (aq) + e
l
→ K (s) –2,93
Ba2+ (aq) + 2e
l
→ Ba (s) –2,90
Sr2+ (aq) + 2e
l
→ Sr (s) –2,89
Ca2+ (aq) + 2e
l
→ Ca (s) –2,87
Na+ (aq) + e
l
→ Na (s) –2,71
Mg2+ (aq) + 2e
l
→ Mg (s) –2,37
Be2+ (aq) + 2e
l
→ Be (s) –1,85
Al3+ (aq) + 3e
l
→ Al (s) –1,66
2+ l
→ –1,18
Mn (aq) + 2e Mn (s)
l
2 H2O + 2e → H2(g) + 2 OH (aq)
l
–0,83
Zn2+ (aq) + 2e
l
→ Zn (s) –0,76
Cr3+ (aq) + 3e
l
→ Cr (s) –0,74
Fe2+ (aq) + 2e
l
→ Fe (s) –0,44
Cd2+ (aq) + 2e
l
→ Cd (s) –0,40
PbSO4 (s) + 2e
l
→ Pb (s) + SO42 (aq)
l
–0,31
Co2+ (aq) + 2e
l
→ Co (s) –0,28
Ni2+ (aq) + 2e
l
→ Ni (s) –0,25
Sn2+ (aq) + 2e
l
→ Sn (s) –0,14
Pb2+ (aq) + 2e
l
→ Pb (s) –0,13
2 H+ (aq) + 2e
l
→ H2 (g) 0,00
Sn4+ (aq) + 2e
l
→ Pb (s) + Sn 2+ (aq) +0,13
Cu2+ (aq) + e
l
→ Cu+ (aq) +0,15
SO42 (aq) + 4 H + (aq) + 2e
l l
→ SO2 (g) + 2 H2O +0,20
AgCl (s) + e
l
→ Ag (s) + Cl (aq)
l
+0,22
Cu2+ (aq) + 2e
l
→ Cu (s) +0,34
l l
O2 (g) + 2 H2O + 4e → 4 OH (aq) +0,40
I2 (s) + 2e
l
→ 2 l (aq)
l
+0,53
l
MnO4 (aq) + 2 H2O + 3e
l
→ MnO2 (s) + 4 OH (aq)
l
+0,59
O2 (aq) + 2 H + (aq) + 2e
l
→ H2O2 (aq) +0,68
Fe3+ (aq) + e
l
→ Fe2+ (aq) +0,77
Ag+ (aq) + e
l
→ Ag (s) +0,80
Hg22+ (aq) + 2e
l
→ 2 Hg (l) +0,85
2 Hg2+ (aq) + 2e
l
→ Hg22+ (aq) +0,92
NO3 (aq) + 4 H + (aq) + 3e
l l
→ NO (g) + 2 H2O +0,96
Br2 (l) + 2e
l
→ 2 Br (aq)
l
+1,07
O2 (g) + 4 H+ (aq) + 4e
l
→ 2 H2O +1,23
MnO2 (s) + 4 H+ (aq) + 2e
l
→ Mn2+ (aq) + 2 H 2O +1,23
Cr2O72 (aq) + 14 H+ (aq) + 6e
l l
→ Cr3+ (aq) + 7 H2O +1,33
Cl2 (g) + 2e
l
→ 2 Cl (aq)
l
+1,36
Au3+ (aq) +3e
l
→ Au (s) +1,50
MnO4 (aq) + 8 H+ (aq) + 5e
l l
→ Mn2+ (aq) + H2O +1,51
4+ l

3+ +1,61
Ce (aq) + e Ce (aq)
H2O2 (aq) + 2 H + (aq) + 2e → 2 H2O
l
+1,77
Co3+ (aq) + e
l
→ Co2+ (aq) +1,82
O3 (g) + 2 H+ (aq) + 2e
l
→ O2 (g) + H2O +2,07
F2 (g) + 2e
l
→ 2F (aq)
l
+2,87

144 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
A tabela de potenciais apresenta os valores de potenciais de redução em condições padrão e
concentração do elemento igual a 1 unidade. Porém os valores de potencial variam quando se
variam também as condições e a concentração. A equação de Nerst permite calcular calores de
potencial para concentrações diferentes de 1 unidade:

E = E0 – 0,0592/n . log (aoxi/ared)

em que E = potencial a ser determinado


E0 = potencial padrão

n = número de elétrons transferidos


a = atividade ou concentração das espécies

13.1.3.2 Pilhas de concentração


Há alguns casos em que as pilhas são formadas pelo mesmo metal em ambos os eletrodos,
como nas pilhas de concentração iônica e nas pilhas de aeração diferencial.

Pilhas de concentração iônica

Uma pilha de concentração iônica é formada por dois eletrodos do mesmo metal submersos
em soluções com concentrações diferentes.
Um eletrodo metálico qualquer apresenta a seguinte equação de equilíbrio:
Mn+ + n e– ⇆ M0
Quando se diminui a concentração do íon, o equilíbrio tende a se deslocar para a esquerda no
sentido da perda de elétron. Logo um eletrodo que está mergulhado na solução de concentração
menor irá perder elétrons (anodo). De maneira contrária, quando a concentração do íon é aumen-
tada, o equilíbrio se desloca para a direita, no sentido de ganho de elétrons. O eletrodo imerso na
solução de maior concentração irá receber elétrons (catodo).

Fundamentos de Corrosão 145


Pilhas de aeração diferencial

As pilhas de aeração diferencial são constituídas por eletrodos do mesmo metal, imersos no
mesmo eletrólito, porém com diferentes concentrações de gases dissolvidos. Para saber qual dos ele-
trodos é o catodo e qual é o anodo, vamos utilizar a equação de Nerst.
Considerando uma pilha com diferentes concentrações de oxigênio, temos o seguinte equilí-
brio para o gás:
2 H2O + O2 + 4e– ⇆ 4 OH– E0 = + 0,401V
Para o catodo temos:
Ecatodo = 0,401 – 0,014775 log (a4/pO2catodo)
Para o anodo temos:
Eanodo = 0,401 – 0,014775 log (a4/pO2anodo)
em que pO2catodo e pO2anodo são as pressõesparciais do oxigênio no catodo e no anodo, respectivamente.
Para calcular o potencial de uma pilha, usamos a equação:
Epilha = Ecatodo – Eanodo
Substituindo nessa equação os potenciais dos eletrodos, temos
Epilha = [0,401 – 0,014775 log (a4/pO2catodo)] – [0,401 – 0,014775 log (a4/pO2anodo)]
Epilha = 0,014775 log (a4/pO2anodo) – 0,014775 log (a4/pO2catodo)
Epilha = 0,014775 [log (a4/pO2anodo) – log (a4/pO2catodo)]
Epilha = 0,014775 (log a4 – log pO2anodo – log a4 + log pO2catodo)
Epilha = 0,014775 (log pO2catodo/pO2anodo)
O valor de Epilha só será positivo se (log pO2catodo/pO2anodo) também for positivo. Para que isso
ocorra, pO2catodo/pO2anodo tem que ser maior que 1, ou seja, para pO2catodo >pO2anodo.
Logo, o eletrodo com maior concentração de gases dissolvidos será sempre o catodo.

146 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
13.1.3.3 Pilhas de temperatura diferentes
Essa pilha é constituída por eletrodos de metais iguais, porém em diferentes temperaturas.
Apesar de o aumento da temperatura contribuir para o aumento da velocidade de reações, nesse
caso também irá contribuir para a eliminação de gases como o oxigênio, diminuindo então a possi-
bilidade de corrosão.

13.2 Mecanismos de corrosão


Para saber quais materiais são mais apropriados para uma instalação sem que haja corrosão,
ou para que esta seja reduzida ao mínimo, é necessário que se conheçam algumas características do
sistema, tais como composição química, presença de impurezas e estado de superfície do metal;
composição química, pH, temperatura, teor de oxigênio e sólidos suspensos do meio corrosivo e
condições operacionais da instalação.
Um exemplo que mostra a importância desses conhecimentos é o uso do aço inoxidável, que
não deveria ser corroído, mas que na presença do íon cloreto em meio ácido sofre corrosão.

Existem basicamente dois tipos de mecanismos corrosivos: o eletroquímico e o químico. Ape-


sar de o mecanismo variar de acordo com o tipo de metal e o meio corrosivo, a corrosão acontece no
anodo pela perda de íons metálicos na superfície.

13.2.1 Mecanismo eletroquímico


Ocorre em materiais metálicos imersos em um eletrólito. A corrosão ocorre por via de reações
com trocas de elétrons, como numa pilha. Os elétrons partem do anodo, passando pelo eletrólito
para chegarem até o catodo, havendo então o desprendimento de íons metálicos na superfície do
anodo, resultando na corrosão deste.
De maneira geral, no anodo ocorre a seguinte reação para um metal qualquer:
M0 → Mn+ + n e–
Já no catodo podem ocorrer diversas reações que irão depender do pH do meio da composi-
ção química do eletrólito.

Fundamentos de Corrosão 147


Meio ácido:
2 H+ + 2e– → H2
O2 + 4 H+ + 4 e– → 2 H2O
2 H+ + O2 + 2 e– → H2O2
H2O2 + 2 H+ + 2 e– → 2 H2O
Meio básico ou neutro:
O2 + 2 H2O + 4 e– → 4 OH–
2 H2O + O2 + 2 e– → H2O2 + 2 OH–
H2O2+ 2 e– → 2 OH–
Redução de íons metálicos: Mn+ + n e– → M0

13.2.2 Mecanismo químico


No mecanismo químico não ocorre troca de elétrons, porém o metal reage com algum compo-
nente do meio. São exemplos de corrosões via mecanismo químico:
» Reações do metal com monóxido de carbono
Ni(s) + 4CO(g) → Ni(CO)4(l)
» Reações do metal com íons cloreto
M(s) + n Cl–(aq) → MCln(aq)
» Reações de formação de organometálicos
Mg + XR → RMgX

13.3 Classifcação e tipos de corrosão


Há diferentes formas de corrosão que podem ser classificadas de acordo com a aparência, a
forma de ataque ou o mecanismo de corrosão.
Dentre esses tipos de corrosão pode-se destacar:

148 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
13.3.1 Uniforme
Ocorre em toda a superfície do metal de maneira regular, de modo que a perda da massa
metálica é a mesma em qualquer ponto.

13.3.2 Em placas
A corrosão não ocorre em toda asuperfície e sim forma placas emdeterminadas regiões do metal.

13.3.3 Alveolar
Recebe esse nome por formar estruturas semelhantes a alvéolos. São perfurações de formato
arredondado, cuja profundidade normalmente é menor que o diâmetro.

13.3.4 Puntiforme ou pite


É a forma de corrosão mais destruidora e difícil de detectar por causa do seu pequeno tama-
nho. Pode causar perfurações no metal. Forma-se em determinadas regiões da superfície, como pon-
tos de grande profundidade.

13.3.5 Intergranular
Ocorre entre os cristais metálicos, normalmente provocada por acúmulo de impurezas que
aumentam a concentração de um dos metais da liga.

13.3.6 Intragranular
Ocorre dentro dos cristais metálicos, causando fragmentação destes e a perda de propriedades
mecânicas.

13.3.7 Filiforme
Ocorre normalmente em superfícies metálicas revestidas em regiões em que há riscos ou em
arestas. Tem o formato de filamentos não profundos que se propagam em diferentes sentidos.

13.3.8 Por esfoliação


Esse tipo de corrosão começa na superfície do metal, mas se espalha abaixo dela. Normal-
mente ocorre em placas que foram confeccionadas pela prensa do metal.

Fundamentos de Corrosão 149


13.3.9 Em torno do cordão de solda
É uma corrosão intergranular que ocorre em volta dos cordões de solda normalmente de aços
inoxidáveis com teor de carbono maior que 0,03%.

13.3.10 Empolamento por hidrogênio


Íons de hidrogênio, que têm volume pequeno, têm grande capacidade de penetrar entre os áto-
mos do metal. Ali podem se transformar em gás hidrogênio, formando bolhas, por isso esse tipo de
corrosão recebe o nome de empolamento.

13.3.11 Grafítica
É comum em ligas de ferro com grafite, nas quais pode haver a corrosão do ferro, deixando
uma estrutura frágil de grafite que pode ser retirada com espátula.

13.3.12 Desineifcação
Ocorre em estruturas feitas com ligas de zinco e cobre, nas quais o zinco sofre corrosão e o
cobre permanece intacto, dando a cor avermelhada à estrutura metálica.
Tanto a corrosão grafítica quanto a desineificação são consideradas corrosões seletivas, pois
atingem somente um dos componentes da liga.
Além desses tipos de corrosão citados, também há classificações de acordo com a causa e o
mecanismo de corrosão, tais como aeração diferencial, eletrolítica ou galvânica, e ainda de acordo
com o meio corrosivo, que são a atmosfera, o solo, micro-organismos, água ou sais minerais.

13.4 Velocidade e taxa de corrosão


No estudo dos processos corrosivos, podemos determinar dois tipos de velocidade: a veloci-
dade média, por meio da qual podemos determinar o tempo de vida útil do metal ou liga metálica, e
a velocidade instantânea, que é útil para determinar a concentração do inibidor de corrosão que
deve ser adicionado ao meio.
A velocidade média pode ser determinada a partir da diferença de peso do metal em determi-
nado intervalo de tempo ou pela diferença da concentração dos íons provenientes do anodo.

150 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
Para se determinar a velocidade instantânea, é necessário medir a corrente de corrosão, que é
igual à corrente anódica, relacionando-a com a perda de massa pela lei de Faraday.

k.i.t
m =
F

em que m = massa perdida pelo metal


K = equivalente do metal
i = corrente

t = tempo
F = Faraday
Esses métodos são indicados para os casos de corrosão uniforme. Como a medida de diferença
de massa ou concentração é feita em diferentes pontos do equipamento, espera-se que a corrosão
ocorra de maneira igual em toda a sua extensão.
Quando o meterial está perdendo uma grande quantidade de massa, diz-se que a corrosão é -in
tensa. Porém a corrosão puntiforme acarreta uma perda de massa muito pequena e mesmo assim é
considerada intensa, pois pode causar perfuraçãodos aparelhos. Para os tipos de corrosão que ocorrem
somente em determinadas regiões do equipamento são necessários outros tipos de monitoramento.

13.5 Passivação

ajuda A passivação
a prevenir consiste
a sua na formação
corrosão. de uma
Esse processo película
pode ocorrerprotetora
de formasobre a superfície
natural ou pode do
ser metal que
induzido.
O ferro, por exemplo, quando sofre corrosão devido ao oxigênio dissolvido na água, forma uma pelí-
cula composta pelo óxido de ferro, que funciona como uma barreira, impedindo que o gás oxigênio
continue a se difundir e a corroer o restante do material.
A formação da película pode ser induzida pela aplicação de correntes e pelo uso de ácidos for-
temente oxidantes, sendo o ácido nítrico o mais usado para esse fim.
Os gráficos da Figura 13.1 mostram como pode variar a velocidade de corrosão em determi -
nado metal.

Fundamentos de Corrosão 151


a a
s s
s s
a a
m m
e e
d d
a a
rd rd
e e
P P

Tempo Tempo

(a) (b)

a
s
s
a
m
e
d
a
d
r
e
P

Tempo
(c)

Figura 13.1 – Gráficos representativos de velocidade e corrosão.

Na Figura 13.1 (a), a corrosão ocorre quando a superfície metálica não varia, pois o produto de
corrosão é inerte e a concentração do agente corrosivo é constante. Em (b), a velocidade decresce de
acordo com a formação do produto de corrosão, ocorre quando o produto de corrosão adere à
superfície metálica, formando uma barreira, ou seja, quando ocorre a passivação. Em (c), a veloci-
dade de corrosão aumenta constantemente, pois o produto de corrosão é solúvel e a área anódica
aumenta, aumentando também a facilidade de corrosão.

13.6 Polarização
Qualquer metal submerso em uma solução contendo seu próprio íon possui um valor de
potencial. Se passarmos uma corrente através desse metal, o valor do potencial irá se alterar. Essa
variação de potencial é chamada de polarização.

152 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
Quando dois metais diferentes são ligados e submersos em um eletrólito, haverá uma dife-
rença de potencial entre eles devido ao fato de serem formados por materiais diferentes. Com o
passar do tempo de funcionamento do circuito os potenciais dos eletrodos tendem a se aproximar,
diminuindo a diferença de potencial. À medida que os potenciais se aproximam diminui a veloci-
dade de corrosão, pois diminui a tendência do fluxo de elétrons. Chamamos esse fenômeno de
polarização dos eletrodos. A polarização é então a variação do potencial dos metais em um cir-
cuito de acordo com a corrente.
Para comprovar esse fenômeno foram realizadas experiências com uma pilha de zinco/cobre, e
se percebeu que o valor da velocidade de corrosão medido chegava a ser até 50 vezes menor que o
calculado quando se usavam os potenciais padrões de cada metal. Medindo-se o potencial de cada
eletrodo durante o funcionamento da pilha foi possível mostrar que eles não se mantêm iguais e
variam com a corrente.
A polarização pode ocorrer por diversas causas, tais como diferença de concentração iônica,
diferença de temperatura, diferença de aeração, ou por influência externa.

13.6.1 Polarização por concentração


A polarização por concentração ocorre quando a concentração de íons na solução de contato
com os eletrodos varia.
Considere um sistema formado por um eletrodo de cobre e um de zinco e solução contendo os
2+ irão se transformar em
íons desses metais. Como já vimos, o cobre irá se reduzir, logo os íons Cu
cobre metálico, que irá se depositar sobre o eletrodo. Desse modo haverá diminuição de íons na solu-
ção perto do catodo, a menos que haja migração deíons ou agitação para homogeneização da solução.
Cu2+ + 2 e– → Cu0
De maneira semelhante, no eletrodo de zinco ocorre a oxidação e o zinco metálico se trans-
forma em íons de zinco, que serão desprendidos dos eletrodos e liberados para a solução. Desse
modo, a concentração de íons irá aumentar na solução em regiões próximas ao anodo.
Zn0 → Zn2+ + 2 e–
Esse transporte de cargas é limitado, e em determinado momento se torna impossível a movimen-
tação de íons. Quando issoocorre, o potencial continua aumentando sem que haja aumento na corrente.

13.7 Fatores que afetam a velocidade de corrosão


Há muitos fatores que podem influenciar a velocidade de corrosão de metais ou ligas metáli-
cas. Alguns deles são citados a seguir.

Fundamentos de Corrosão 153


13.7.1 Oxigênio dissolvido
Muitos metais só são corroídos pela água na presença de oxigênio dissolvido. À medida que a
concentração de oxigênio aumenta, a velocidade de corrosão também irá aumentar. Porém há um
ponto em que a concentração irá diminuir, por causa da formação do óxido metálico que irá se
depositar na superfície do eletrodo.

13.7.2 Efeito do pH
Certos metais não têm sua velocidade de corrosão alterada nas faixas de pH entre 4 e 10. Em
pH abaixo de 4, porém, a velocidade de corrosão aumenta, pois há a possibilidade de o íon H+ se
reduzir além do O2 presente no meio.
Pegando o ferro como exemplo, em pH maior que 10 há a formação de óxidos (NaFeO2),
ocorrendo a passivação e, por consequência, a diminuição da velocidade de corrosão.

13.7.3 Efeito da temperatura


Normalmente o aumento da temperatura acelera o processo de corrosão, pois diminui a pola-
rização e aumenta a condutividade do eletrólito, tornando mais fácil a passagem da corrente.

13.7.4 Efeito de sais dissolvidos


Os sais podem aumentar a velocidade de corrosão se aumentarem a condutividade da solução;
por outro lado, podem diminuir a velocidade se tiverem a capacidade de se depositar sobre a super-
fície do metal.

13.8 Controle e combate à corrosão


A corrosão pode acarretar diversos prejuízos, tais como contaminação de produtos, perda de
equipamentos e paralisação de produção para manutenção de equipamentos.
É possível, porém, diminuir a taxa de corrosão desde que sejam conhecidos alguns fatores,
como o mecanismo de corrosão e a composição da liga metálica e do meio corrosivo. A partir daí
pode-se propor o melhor tipo de metal para determinado meio ou inibidores que vão diminuir a
velocidade de degradação do metal.
Conhecendo esses fatores, podem ser propostas modificações nos métodos de produção, na
composição do meio corrosivo, na liga metálica ou no uso de revestimentos.

154 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
13.9 Revestimentos de superfície
Durante a corrosão, o metal se transforma em uma substância química mais estável, que pode ser
um óxido, hidróxido ou sal, dependendo do meio corrosivo. A maioria dos métodos de controle de
corrosão utiliza uma película protetora natural ou artificial. Para que essa película tenha uma boa ade-
rência e não apresente falhas, é necessário que a superfície do material passe por tratamento e limpeza
para a retirada de impurezas como graxas, materiais oleosos eóxidos provenientes da corrosão.
Os principais métodos de limpeza da superfície são: a detergência, que utiliza substâncias surfac-
tantes para a retirada de compostos oleosos, a solubilidade, que utiliza solventes orgânicos, o trata-
mento químico ou decapagem com ácidos ou bases que irão reagir e retirar os óxidos formados na
superfície, e a ação mecânica com abrasivos, que pode ser feita de modo manual ou com equipamentos.
Entre as películas protetoras utilizadas para a proteção no combate à corrosão são comuns
substâncias para revestimento metálico, não metálico orgânico e não metálico inorgânico.

13.9.1 Revestimentos metálicos


Os revestimentos metálicos podem ser usados para fins decorativos, para fornecer ao material
resistência ao atrito, à oxidação ou à corrosão e para dar maior dureza ao objeto.
A escolha do melhor metal para ser utilizado em revestimentos está relacionada a sua capaci-
dade de formar óxidos ou hidróxidos que funcionam como película protetora ou aos seus altos valo-
res de sobretensão e sobrevoltagem.
Existem seis técnicas utilizadas para a aplicação de revestimentos, que são descritas a seguir.

13.9.1.1 Cladização
Consiste na laminação conjugada do metal base e do metal de revestimento a quente, for-
mando então uma placa metálica. Normalmente a cladização é feita somente em um lado da chapa
de metal que será exposta ao meio corrosivo.

13.9.1.2 Imersão a quente


Consiste no banho da peça metálica em outro metal fundido, que após o resfriamento formará
a película protetora.

13.9.1.3 Aspersão térmica


O metal que será usado para revestimento é aquecido pela pistola de aspersão na forma de
um pó ou fio. O aquecimento da pistola pode ser feito por uma chama de oxigênio/acetileno, por
um arco elétrico, ou, nos casos em que a temperatura de fusão é muito elevada, é usado o processo

de plasma.

Fundamentos de Corrosão 155


O metal é aquecido até a fusão e projetado sobre a peça a ser revestida por meio de jatos de ar
comprimido. Ao entrar em contato com a peça fria, formada por outro metal, solidifica-se, for-
mando a camada protetora.

13.9.1.4 Eletrodeposição
É um processo vantajoso por ser capaz de formar uma película bem fina, necessitando de
pouca quantidade de metal para o revestimento. Consiste num processo de eletrólise no qual o metal
a ser revestido é utilizado como catodo e imerso numa solução contendo um sal do metal que ser-
virá de revestimento. Durante a eletrólise, o íon do metal irá se depositar na sua forma metálica na
superfície do catodo.

13.9.1.5 Cementação
A peça metálica é colocada com o pó do metal de revestimento em vasos rotativos que serão
aquecidos a altas temperaturas a fim de formar a película protetora.

13.9.1.6 Redução química


É realizada uma reação de oxirredução em um sal contendo o metal de revestimento. O metal
precipita e se deposita na peça metálica a ser revestida.

13.9.2 Revestimentos não metálicos inorgânicos


Os revestimentos não metálicos inorgânicos mais usados são vidros, porcelanas, cimentos, óxi-
dos, carbetos, boretos e silicetos. A escolha do melhor revestimento vai depender do meio corrosivo
e da temperatura do processo. Vidros, por exemplo, são atacados por meios fortemente básicos, óxi-
dos, boretos e silicetos são compostos resistentes a temperaturas elevadas.
Há ainda a formação de substâncias diretamente na superfície metálica por reações químicas.
Os tipos de revestimento formados a partir dessa técnica são a anodização e a cromatização.

13.9.2.1 Anodização
Essa técnica utiliza o metal a ser produzido como anodo que será oxidado eletroliticamente para
a formação do seu óxido na superfície, formando a camada protetora. É muito utilizada para a proteção
de peças de alumínio, havendo a formação deóxido de alumínio, como mostra a reaçãoa seguir.
2 Al + 3 H 2O → Al2O3+ 6 H+ + 6e–

13.9.2.2 Cromatização
Nesse processo é produzida uma camada de revestimento a partir de soluções contendo cro-
mato ou ácido crômico, que irão srcinar óxidos e/ou hidróxidos de cromo.

156 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
13.9.3 Revestimentos não metálicos orgânicos
As tintas são muito utilizadas como proteção de peças metálicas contra corrosão devido à faci-
lidade de aplicação, ao custo baixo, além de proporcionarem aspecto decorativo. São misturas com-
postas por um veículo não volátil, veículos voláteis, aditivos e pigmentos.
Os componentes não voláteis são óleos vegetais ou resinas responsáveis por unir as partículas
do pigmento e por formar a película após evaporação do solvente. Os solventes por sua vez têm a
função de misturar os pigmentos e aditivos no veículo não volátil. Diversos tipos de aditivos podem
ser utilizados na fabricação das tintas para secar, plastificar, evitar formação de espumas, agir como
antifúngicos, entre outras funções.
As películas formadas pelas tintas impedem a corrosão pelo mecanismo de barreira, pela inibição
(passivação anódica) ou por mecanismo eletroquímico (proteção catódica). O mecanismo de barreira
ocorre pelo simples fato de a película ser impermeável, fazendo com que o meio corrosivo não entre em
contato com a peça metálica. Porém qualquer tinta é parcialmente permeável, e com o tempo o eletrólito
consegue chegar ao metal. O que irá definira eficiência daproteção é a espessura da película protetora.
A passivação anódica consiste na formação da película protetora no anodo, evitando que este
libere íons, ou seja, evitando a corrosão. As substâncias utilizadas para a formação da película são
cromato e fosfato de zinco.
A proteção catódica consiste em forçar um metal a agir como um catodo, ou seja, deve-se ligá-
-lo a um metal que aja como anodo. Para que isso ocorra, este último deve ter uma maior facilidade
em se oxidar, ou seja, deve ter um menor potencial de redução. Para a proteção do ferro, por exem-
plo, costuma-se utilizar tintas com alto teor de zinco, alumínio ou magnésio.

13.9.3.1 Manutenção
Diversos fatores podem ocasionar a ineficiência das tintas como agentes anticorrosivos, porém
todos eles podem ser contornados com uma boa preparação da pintura e com sua manutenção.
Para que a aplicação seja bem-sucedida, por exemplo, a superfície deve ser tratada antes da
pintura. Riscos e falhas na pintura podem deixar áreas expostas e vulneráveis à corrosão. Por isso
deve ser feita a manutenção da pintura.
As áreas mais afetadas por falhas são as que possuem parafusos, frestas e arestas ou aquelas
afetadas por substâncias químicas ou fatores climáticos. Algumas das falhas mais comuns são o
empolamento, a fratura e o descascamento, que poderão acarretar ferrugem e corrosão.

Vamos recapitular?

Neste capítulo você aprendeu como ocorre a corrosão, viu os prejuízos causados por ela e métodos
para inibi-la ou preveni-la.

Fundamentos de Corrosão 157


1) Use a tabela de potenciais para prever qual será o anodo e o catodo e onde ocorrerá a
corrosão em uma pilha formada por eletrodos de chumbo e cobre.
2) Cite as diferenças entre a corrosão que ocorre por mecanismos eletroquímicos e a
que se dá por mecanismo químico.
3) O aço sofre corrosão por pite quando em contato com meios contendo o íon cloreto Cl-.

a) Qual o mecanismo de corrosão que ocorre nesse caso?


b) Quais os prejuízos que esse tipo de corrosão pode trazer?
4) Analisando uma amostra de uma liga metálica, percebeu-se que houve uma perda de
massa de 0,0025 g em um intervalo de 5 h.
a) Qual a velocidade de corrosão para essa liga metálica nesse meio corrosivo?
b) Se fizermos alterações no meio corrosivo a velocidade continuará a mesma?
Justifique.
5) Por uma tubulação de aço passa um meio líquido com grande quantidade de ácido clo-
rídrico. Esse fator pode alterar a velocidade de corrosão do aço? eS sim, explique como.
6) Quais os benefícios da passivação?
7) Deseja-se revestir uma liga contendo ferro para evitar a corrosão. Consulte a tabela
de potenciais e sugira alguns metais que seriam adequados para esse fim.
8) Qual é a importância da manutenção das pinturas nas liga metálicas?

158 Processos Químicos Industriais – Matérias-primas, Técnicas de Produção e Métodos de Controle de Corrosão
Bibliografa

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