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garantia Dispensa de prestação__Insuficiência de bens penhoráveis

O Tribunal Central Administrativo Sul (TCAS) decidiu que incorre em erro de direito o órgão de
execução fiscal que indefere o pedido de dispensa de prestação de garantia com base na existência
de estabelecimento comercial penhorável depois de ter reconhecido que o seu valor era insuficiente
para pagamento da quantia exequenda.

O caso

Uma clínica foi alvo de uma inspeção tributária no âmbito da qual se concluiu que, sendo a sua
atividade a prestação de serviços de acupunctura e Tui Na, a mesma não estava isenta de IVA. Em
consequência, foram efetuadas liquidações adicionais de IVA e de juros compensatórios, ficando a
sociedade devedora de 2.049.273,29 euros.

Instaurado o processo de execução fiscal, a clínica pediu a dispensa de prestação de garantia,


manifestando a sua intenção de impugnar as liquidações. Mas o pedido foi rejeitado depois do órgão
de execução fiscal ter considerado que o estabelecimento comercial da clínica podia ser penhorado
e servir de garantia, embora constituísse o seu único bem e o seu valor não fosse suficiente para
pagar a totalidade da dívida. Inconformada com esta decisão, a clínica reclamou, sem sucesso, para
tribunal, tendo em seguida recorrido para o TCAS.

Apreciação do Tribunal Central Administrativo Sul

O TCAS concedeu provimento ao recurso, revogando a sentença recorrida e anulando o despacho


reclamado, ao decidir que incorre em erro de direito o órgão de execução fiscal que indefere o pedido
de dispensa de prestação de garantia com base na existência de estabelecimento comercial
penhorável depois de ter reconhecido que o seu valor era insuficiente para pagamento da quantia
exequenda.

A dispensa de prestação de garantia deve ser requerida pelo executado, a quem cabe provar que a
prestação da garantia lhe causa prejuízo irreparável ou que é manifesta a falta de meios económicos
revelada pela insuficiência de bens penhoráveis para o pagamento da dívida exequenda e acrescido,
uma vez que se tratam de factos constitutivos do direito do contribuinte .

Cabe, por sua vez, ao órgão de execução fiscal demonstrar a existência de fortes indícios de que a
insuficiência ou inexistência de bens se deveu a atuação dolosa do interessado, por forma a afastar
a dispensa da prestação de garantia.

Em relação ao pressuposto da manifesta falta de meios económicos, o critério previsto na lei é o da


insuficiência dos bens penhoráveis para o pagamento da dívida exequenda e acrescido, ou seja,
ainda que existam bens penhoráveis, se estes forem insuficientes para o pagamento da dívida
exequenda, fica preenchido o pressuposto legal para a dispensa de prestação de garantia,

Assim, tendo o órgão de execução fiscal considerado que os bens do contribuinte, nomeadamente o
seu estabelecimento comercial, apesar de penhorável, não era de valor suficiente para pagamento
da dívida, não podia ter concluído que o mesmo poderia servir de garantia a prestar no processo de
execução fiscal.

Ao fazê-lo incorreu num equívoco jurídico que consiste em confundir a possibilidade de o


estabelecimento comercial constituir bem penhorável, e portanto, bem suscetível de prestar em
garantia, com o preenchimento dos pressupostos legais que determinam a dispensa de prestação
de garantia.
Existindo bens e sendo estes insuficientes para o pagamento da quantia exequenda e acrescido,
deve a prestação da garantia ser dispensada por se verificar a hipótese legal de manifesta falta de
meios económicos, salvo, claro, se o órgão de execução fiscal demonstrar a existência de fortes
indícios de que a insuficiência ou inexistência de bens se deveu a atuação dolosa do interessado.
Referências
Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul, proferido no processo n.º 1868/17.7BELRS, de 8 de
março de 2018
Lei Geral Tributária, artigo 52.º n.º 4

Este texto é meramente informativo e não constitui nem dispensa a consulta ou apoio de profissionais
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Veja também
Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul, de 08.03.2018

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