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ANO: 2012
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1993 – cj. 61 – São Paulo/SP– 01452-001 – fone: (11)3938-9400
www.abece.com.br – abece@abece.com.br
Determinação de flechas imediatas de protótipos de lajes pré-moldadas
treliçadas utilizando a expressão de Branson
Determination of instantaneous displacements on simple lattice joist precast slab
prototypes using the Branson expression
Santos, Marcos Rebuá dos (1); Trigo, Ana Paula Moreno (2); Akasaki, Jorge Luís (3); Melges,
José Luiz Pinheiro (3); Bertolino Júnior, Renato (3); Fioriti, Cesar Fabiano (4)
Resumo
Neste trabalho, resultados experimentais relacionados a flechas imediatas de protótipos de lajes pré-
moldadas treliçadas biapoiadas são comparados com resultados numéricos obtidos por meio de diferentes
modos de utilização da expressão de Branson, que é a usada pela NBR 6118:2003. Foram feitas as
seguintes análises: aplicação da expressão considerando-se o elemento estrutural como um todo
(“Branson - Norma”); aplicação da expressão, com o auxílio do sistema computacional Ansys, para cada
elemento finito gerado pela subdivisão do elemento estrutural (“Branson - Discretizado”); aplicação das
expressões do momento de fissuração e dos momentos de inércia nos estádios I e II, com o auxílio do
sistema computacional Ansys, para simular a rigidez de cada elemento finito gerado pela subdivisão do
elemento estrutural (“Ansys - Estádios I e II”). Considerando-se o Estado Limite de Serviço (ou de
Utilização), os métodos de “Branson - Norma” e “Ansys - Estádios I e II” apresentaram resultados a favor da
segurança, considerando-se, nos cálculos, o momento de fissuração obtido conforme as recomendações da
NBR 6118:2003. Caso seja considerado o momento de fissuração obtido experimentalmente, os resultados
tornam-se contrários à segurança. Com relação ao método “Branson - Discretizado”, os resultados não
foram satisfatórios em função da grande rigidez conferida à estrutura por este tipo de modelagem numérica.
Palavra-Chave: laje pré-moldada treliçada; concreto armado; norma; modelagem numérica
Abstract
In this work, experimental results related to instantaneous vertical displacements of bi-supported lattice joist
precast slab prototypes are compared with numerical results obtained through different ways to use the
Branson theory, which is the recommended one by the brazilian code (NBR 6118:2003). The different ways
that the Branson theory was applied were: application of the expression considering the whole structural
element (“Branson - Code”); application of the expression, with the help of a finite element software (Ansys),
in each finite element produced by the subdivision of the structural element (“Branson - Discretized”);
application of the expressions of the cracking moment and the of the moments of Inertia of section in states I
and II, with the help of a finite element software (Ansys), in each finite element produced by the subdivision
of the structural element (“Ansys - States I and II”). Considering the serviceability requirements and the
cracking moment obtained according to the recommendations of the NBR 6118:2003, the methods of
“Branson - Code” and “Ansys - States I and II” showed safe results. But if it is considered the experimentally
obtained cracking moment, the results were not appropriated. Regarding the “Branson - Discretized” method,
the results were not satisfactory due to the higher stiffness provided to the structure by this type of numerical
modeling.
Keywords: lattice joist precast slabs; reinforced concrete; code; numerical modeling
2 Metodologia
2.1 Apresentação dos ensaios experimentais
Trigo (2008), por meio de ensaios experimentais realizados no Núcleo de Ensino e
Pesquisa da Alvenaria Estrutural (NEPAE), da UNESP - Campus de Ilha Solteira, estudou
o deslocamento do vão central de três lajes pré-moldadas treliçadas unidirecionais, de
mesma dimensão, biapoiadas, com cargas linearmente distribuídas aplicadas na capa e a
70 cm dos apoios (Figura 1a). A seção transversal das lajes está mostrada na Figura 1b.
O comprimento e o vão teórico das lajes foram de, respectivamente, 210cm e 200cm. O
detalhe que diferenciou cada uma das lajes foi a instrumentação usada para a
determinação dos deslocamentos e das deformações no concreto e na armadura. Em
uma das lajes, foram usados somente relógios comparadores (P1); em outra, foram
usados relógios comparadores e extensômetros colados ao concreto (P2); na última laje,
além de relógios comparadores e de extensômetros colados ao concreto, foram usados,
ainda, extensômetros colados à armadura (P3).
(a) (b)
Figura 1 – Vista de um protótipo e dimensões (em cm) da seção transversal (TRIGO, 2008).
v max
P a 3 2 4 a 2 (Equação 2)
24 EI eq
®
Figura 4 – Fluxograma do esquema utilizado na linguagem APDL do software ANSYS .
3 M
3
M I II
E cs r I c 1 r
M a Ma
E eq E cs (Equação 3)
Ic
f ct I c
Mr (Equação 4)
yt
b f x3
I II e Asi d i x 2 (Equação 5)
3
onde:
= 1,5 para seções retangulares ou 1,2 para seções T ou duplo T;
yt = distância do centro de gravidade da seção bruta à fibra mais tracionada;
fct = resistência à tração direta do concreto;
As = área de aço;
e = Es / Ecs;
Es = módulo de elasticidade de aço, considerado como sendo igual a 21 000 kN/cm2.
(a) (b)
(c)
Figura 7 – Branson com Ma somado e com Mr subtraído, aplicados aos protótipos P1 (a), P2 (b) e P3 (c).
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3 Apresentação e análise dos resultados
Apresentam-se, nas Tabelas 2 e 3, as características geométricas e mecânicas dos
protótipos ensaiados, respectivamente.
Protótipo P1 P2 P3
Resistência média à compressão (fcm, em kN/cm²) 2,168 2,757
Resistência à tração axial (fct,m, em kN/cm²) 0,233 0,274
Módulo de elasticidade concreto (Ec, em kN/cm²) 2 607 2 940
Módulo de elasticidade secante (Ecs, em kN/cm²) 2 216 2 499
4
Momento de inércia estádio II (III, em cm ) 308,3 276,2
Momento de fissuração calculado (Mr, em kN.cm) 94,9 111,4
Momento de Ruína Calculado (em kN.cm) 285,7 288,3
Momento de Ruína Experimental (em kN.cm) 357,6 293,3 380,41
Domínio de cálculo 2ª
Resistência característica do aço (fym, em kN/cm²) 60
Módulo de elasticidade aço (Es, em kN/cm²) 21 000
Nas Figuras 9, 10 e 11, além das flechas consideradas até o instante em que os
relógios são retirados, também são apresentados os momentos correspondentes à ruína
dos protótipos P1, P2 e P3, respectivamente (Mrup.).
Para os protótipos P1 e P3, os relógios comparadores foram retirados antes da
ruína, quando os momentos fletores atingiram os valores 342,3 kN.cm, e 364,7 kN.cm,
respectivamente. Já para o protótipo P2, a ruína ocorreu antes que os relógios fossem
retirados, correspondendo a um momento fletor atuante na seção mais solicitada igual a
290,3 kN.cm.
Considerando-se, no cálculo das flechas, o valor do momento de fissuração obtido
segundo as recomendações da NBR 6118:2003, pode-se observar, com base nas Figuras
9, 10 e 11, que até que o Estado Limite de Serviço fosse atingido, correspondendo a uma
relação flecha/vão igual a 0,004, os métodos “Branson - Norma” e “Ansys - Estádios I e II”
forneceram resultados adequados, uma vez que este estado limite foi atingido para
momentos fletores, que atuavam na seção relativa ao meio do vão, menores que os
observados nos ensaios experimentais.
Tomando-se como referência os valores dos momentos fletores experimentais
correspondentes ao Estado Limite de Serviço, o método “Branson - Norma”, aplicado aos
protótipos P1, P2 e P3, apresentou valores menores, sendo essas diferenças percentuais
iguais a 2%, 5% e 16%, respectivamente. Já para o “Ansys - Estádios I e II”, essas
diferenças foram maiores, sendo iguais a 9%,13% e 23%, respectivamente.
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Observou-se que o método “Branson - Discretizado” apresentou valores maiores
que os experimentais, sendo estas diferenças percentuais da ordem de 28% e 12%, para
os protótipos P1 e P3, respectivamente. No protótipo P2, esta comparação percentual não
pode ser feita porque, segundo o método “Branson - Discretizado”, a laje somente
atingiria o Estado Limite de Serviço com momentos fletores muito elevados.
Momentos (kN.cm)
Protótipos P1 P2 P3
Mr calculado 94,87 111,36 111,36
Mr experimental 135,33 192,33 193,78
4 Conclusões
Considerando-se uma relação flecha/vão igual a 0,004 e utilizando-se o momento
de fissuração calculado, os métodos “Ansys - Estádios I e II” e “Branson - Norma”
apresentaram valores de momentos fletores, referentes à seção do meio do vão, menores
que os experimentais, estando, deste modo, a favor da segurança. Para o método
“Branson - Norma”, os valores obtidos foram da ordem de 2%, 5% e 16% inferiores aos
valores experimentais, referentes aos protótipos P1, P2 e P3, respectivamente. Para o
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método “Ansys - Estádios I e II”, esses valores foram maiores, sendo da ordem de 9%,
13% e 23%, respectivamente. No entanto, se for considerado no cálculo o valor do
momento de fissuração obtido experimentalmente, ao invés do momento de fissuração
calculado, os métodos “Ansys - Estádios I e II” e “Branson - Norma” passam a apresentar
valores contrários à segurança. Esses valores, segundo o método “Branson - Norma”
foram da ordem de 13% e 10% para os protótipos P1 e P3, respectivamente. Já para o
método “Ansys - Estádios I e II”, esses valores foram da ordem de 6% e 1%,
respectivamente. No protótipo P2, a comparação percentual entre os valores, quando
utilizado o Mr experimental, não pode ser feita em função de que o valor do momento
fletor previsto pelos métodos, para o Estado Limite de Serviço, seria muito maior que o
valor do momento experimental observado.
Para o ensaio realizado, a influência do momento permanente na diminuição da
rigidez da seção transversal, com base na expressão de Branson, foi quantificada
somando-se o valor desse momento ao valor do momento fletor atuante gerado pelo
carregamento ao invés de diminuir o valor do momento de fissuração do elemento
estrutural.
O método “Branson – Discretizado” forneceu valores inadequados, considerando-
se que o mesmo forneceu uma rigidez muito elevada ao elemento estrutural.
Por fim, observa-se que, com relação ao cálculo das flechas imediatas, tanto o
método “Branson - Norma” como o “Ansys - Estádios I e II”, utilizando-se o valor do Mr
calculado, apresentaram valores compatíveis com a segurança e com a economia.
5 Agradecimentos
À CAPES, pela bolsa de mestrado concedida ao primeiro autor.
Ao Prof.Dr. Roberto Chust Carvalho, da Universidade Federal de São Carlos, pelas
sugestões apresentadas por ocasião do exame de qualificação do primeiro autor.
6 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas
de concreto - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
DROPPA JÚNIOR, A; EL DEBS, M. K. Análise não-linear de lajes pré-moldadas com
armação treliçada: comparação de valores teóricos com experimentais e
simulações numéricas em painéis isolados. São Carlos: USP, 2001. p. 105-120.
(Cadernos de Engenharia de Estruturas, 17).
SANTINE, C.R. Projeto e construção de lajes pré-fabricadas de concreto armado.
2005, 165f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005.
TRIGO, A. P. M. Estudo de lajes com adição de resíduo de pneu. 2008, 110f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira.
Universidade Estadual Paulista, 2008.