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CAPíTULO 1

UMA TEORIA DE CRIMINOLOGIA

Criminologia. Criminologia é o corpo de conhecimento


relativo ao crime como fenômeno social. Inclui os processos de
fazer leis, infningir leis e reagir à infração das leis. Esses
processos são três aspectos de uma sequência mais ou menos
unificada de interações. A sociedade política define como cri-
mes certos atos considerados ind'esejáveis. Apesar dessa defi-
nição, algumas pessoas persistem no comportamento e assim
cometem crimes; a sociedade politica reage pelo castigo ou
outro tratamento, ou pela prevenção. Essa sequência de inte-.
rações constitui a matéria-objeto da Criminologia.
Define-se às vezes a criminologia mais estreitamente do
que isso, nela incluindo sàmente a informação relativa às causas
de crime, e aplica-se então o vocábulo "penalogia" ao corpo de
conhecimentos relativo ao tratamento dos criminosos. A defi-
nição mais lata justifica-se etimolàgicamentee é preferível à
outra, não só porque é desejávelter um termo que se refira à
sequência unificada de interações, como também porque o vo-
cábulo "penalogia" é evidentemente impróprio para designar o
conhecimento pertinente às formas de tratamento, muitas das
quais já não têm carater penal.
O objetivo da criminologia. é o desenvolvimento de um
corpõde princípios gerais e verificados e de outros tipos de
conhecimento relativos a êsse processo de lei, crime e tratamen-
to ou prevenção. Esse conhecimentocontribuirá para o desen-
volvimento de outros estudos sociais e por êsses outros estudos
sociais contribuirá para a eficiência do contrôle social em,geral.
Além disso, a criminologia trata da aplicação imediata do co-
nheoimento a programas de contrôle social do crime. Êsse
interêsse por problemas práticos justifica-se, em parte, como
experimentação que pode ser valiosa dados os seus resultados
imediatos, mas, de qualquer maneira, terá valor, afinal de con-
tas, por causa do acréscimo de conhecimento que dêle resulta.
Se os programas práticos tiverem de esperar que se complete o
10 ED WIN 11. SUTI-IERLAND

conhecimento teórico, esperarão êles a eternidade, porque o


conhecimento teórico se enriquece mais significativamente mercê
dos esforços que visam o contrôle social. Eis como John
Dewey descreveu a relação entre o conhecimentoe o contrÔle:
É êrro completo supor que os esforços tendentes ao contróle social
dependem da existência prévia de uma ciência social. O inverso é o
verdadeiro. A construção de uma ciência social, isto é, dc utn corpode
conhecimento etn que os fatos sejam averiguados em suas relaçõessigni-
ficativas, dependede levar a efeito o planejamcntosocial... A ciência
física não se desenvolveu porque os pesquisadores acumularam uma
quantidade de fatos acerca de fenómenos observados. Ela surgiu quando
os homens experimentaram deliberadamente, baseando-se em idéias e
hipóteses, com fenómenos observados, para modificá-las e revelar novas
observações. Êsse processo é auto-corrctivo e desenvolve-sepor si mese
mo. As hipóteses imperfeitas e mesmo falsas, quando postas em prática
revelaram fenômenos importantes que tornaram possíveis o progresso
das idéias e o progresso dos experimentos. A mudança de uma atitude
passÑa e acumulativa para uma atitude ativa e produtiva é o segrêdo
revelado pela indagação física. OS homens adquiriram o conhecimento
das energias naturais buscando deliberadamente controlar as condições
cm que operavam. Disso resultou o conhecimento, e depois o contrôle
cm maior escala, pela aplicação do que se aprendera. (1)

Se bem que a experimentação possa aumentar o conheci-


mento teórico e com isso contril)uir para ulteriores melhorias
das formas dc tratamento é ela desnecessàriamenteprejudicial
quando não é dirigida pelo pensamento mais bem organizadoe
crítico que for possível. O cidadão mediano defronta com um
complexo confuso e contraditório de crenças e programas popu-
lares relativos ao crime. Alguns dêstes são tradições da filo-
sofia do século dezoito; alguns são publicações de grupos de
interêsse especial, e alguns são cegas reações emocionais, Por
conseguinte, o pensamento organizado e crítico nesse campo é
peculiarmente difícil e também peculiarmentenecessário,
Torna-se, portanto, desejável começar êste estudo com uma
teoria provisória de criminologia e tê-la sempre em mente atra-
vés do estudo todo. Os princípios dessa teoria devem ser
considerados provisórios e hipotéticos, devem ser postos à prova
pela informação, oferecida pelos fatos, que se apresenta nos
capítulos stlbsequentes,e por tôdà outra informação dêsse tipo
e teorias que lhes são aplicáveis.
New Rep.,
1. John Dcwey, " Social Scicncc and Social Control, "
67: 276-277,29 de julho dc 1931. Reimpressão autorizada.
PRINCÍPIOS DE CRI MINOI, OGIA 11

Considerações sôbre uma teoria de comportamento


criminoso. Devem ter-se presentes três considerações ge-
rais na construção de uma teoria de criminologia. Primeiro,
devem ser consideradas as outras teorias de criminologia. As
várias teorias de criminologia diferem principalmente nos pontos
que acentuam. Essas teorias podem classificar-se segundo os
pontos de ênfase, em dois grupos pricipais, a saber, diferenças
individuais e processos "de situação" ou culturais. As diferen-
gas individuais podem ser herdadas ou adquiridas, e podem
compreender desvios anatômicos e fisiológicos, debilidade men-
tal, psicopatia e desvios mentais e emocionais menores. Os pro-
cessos "de situação' , e culturais podem dar maior importância
aos pequenos grupos, con10a família e a vizinhança,às insti-
tuições gerais como os sistemas econômicos e políticos, ou aos
processos culturais gerais, como a associação diferencial, os
conflitos culturais e a desorganizaçãosocial. Todos êsses pro-
cessos precisam ser considerados e a Inaioria dêles incluídos
numa organização final de pensamento, relativamente ao com-
portamento criminoso.
Segundo, a execução de um crime requer o desejo dos
resultados a serem obtidos pelo crime, carência Ott fraqueza de
inibições internas, carência oti fraqueza de inibições externas
(inclusive a acessibilidade do objeto, a opinião pública ou opi-
nião do grupo relativa ao comportamento e o perigo de desco-
berta e castigo) e capacidade técnica para executar o crime.
Uma teoria de comportamento criminoso deve levar em conta
tudo isso. Muitas das teorias tiveram em vista sàmente os
desejos e inibições da pessoa que comete o crime.
Terceiro, a delinquência é acidental quando considerada
como ato específico de uma pessoa específica. Ninguém pode
explicar porque uma moeda dá anverso num lance particular.
Atribui-se isso ao acaso. O acaso não significa que não haja
causas operando, mas sim que as causas são tão complicadas
que não podem analisar-se. De modo semelhante. um ato cri-
minoso específico pode resultar de um complexo de causas que
não é possível analisar-se. Isto não quer dizer que seja selne-
lhante ao lance de uma moeda com duas alternativas apenas, e
essas de igual probabilidade. Assemelha:se antes ao lance de
dados viciados, com alta probabilidade, mas não certeza. Não
é possível explicar adequadamente porque uma pessoa cornete
um crime específico, ao passo que outra, com traços, experiên-
11. SUTHF,RLAÑb
ED WIN
12
quase idênticos, não comete.
situação social
cias e
que se empenharam num furto. D
dois meninos ràpidamente, fugiu, e tornou-sc padre.
correu mais ràpidamente, foi preso e confiadoa
correu menos
tornou-segangster. Em outras circunstâncias
tório,e podia ter-se tornado gangster
correu mais ràpidamente padre. São essas
ràpidamente, combinarõF
correu menos
que tornam impossível explicar adequadamente cada.
fatores possível incluir tôdas essas
individual,porque nunca é generalização. por
nações"sui-generis" numacomportamento criminoso essa razão,
se concentrar a atenção no criminosas, quer (Ie
sistem;'itd

quer sob a forma de carreiras


criminosas organizadas. Assim formulado o problema,
se-ão descobrir os processos que são gerais e uniformes,
a uma teoria adequada dêsse comportamento. Se se puder da.
senvolver uma teoria que seja adequada ao comportamento cri.
minososistemáticoserá mais fácil explicar os atos específico;
em relação a êsse arcabouço.

Uma teoria do comportamento criminoso. Essa


provisória de comportamentocriminoso formula-se sol) a forma
das sete proposições seguintes :
Primeiro, os Processos que resultam no comportamento ci,
minososistemáticosão fundamentalmente os mesmos, na fornta,
que os Processos que resultam no comportamento legal sislt'•
fitático. Se a criminalidade fosse especificamente determinada
pela herança, as leis e princípios da herança seriam os
para o comportamentocriminoso que para o comportmnent()):
legal. O mesmo se verifica com com I
outro processogenético no
a imitação ou qualquer

O comportamentocriminosodesenvolvimento do comportarnent0•
padrões difere do comportamento legal
pelos quais é julgado,
cessos genéticos. mas não nos princípios dos
Segundo, o comportamento
minado num processo criminoso sistemtáticoé dcli'/'

de cometa]
crimes, exatamente como associação com, aqueles que
determinado num processoo comportamento Ilegal sistonático
respeitadoresda de associação com aqueles
lei. Qualque; pessoa
padrão de comportamento pode aprender qualquer
assimila inevitàvelmente que seja capaz de executar• '
da cultura ambiente êssc comporta
r RI N C i P 10S 1)F. 13

Inento. O padrão de cotnportamcnto pode causar-lhe a pena


de Inorte, dano físico, pprda de aniizade oti perda dc dinheiro,
Inas pode, não obstante, ser seguido conl alegria, contanto que
tenha ela aprendido que é o que tem que fazer. Desde que o
conlportamento criminoso se desenvolve assim na associação
conl os critninosos, (Ittcr dizer que o critne é a causa do criny:.
Da mesma maneira, a guerra é a causa da guerra. e a prática
comum no sul dos Estados Unidos de "comer" o "r" é a
causa dessa prática de "comer" o "r" nessa região. Essa pro-
posição, fortuulada negativamente, é que tuna pessoa não par-
ticipa do comportamento criminoso sistemático por herança.
Nenhum indivíduo herda tendências que fazem dêle inevitàvel-
mente critninoso ou respeitador da lei. Também, a pessoa (lite
não está já treinada no crime não inventa o comportamento
criminoso sistemático. Ellibora a personalidade inclua certa-
Inente uni elemento de inventividade, uma pessoa não inventa

tido treino nessa espécie de comportamento, do mesmo modo


que não faz invenções mecânicas sistemáticas a menos que te-
nha tido treino em mecânica.
Terceiro, a associação difcrcncial é o proccsso causal cspc-
cifico no desenvolt'intc'llto do conifortantcnto criminoso sistc'llü-
tico. Os princípios do processo de associação pelo qual se desen-
volve o comportamentocritninoso são os Inesmos que os princí-
pios do processo pelo qual se desenvolve o comportamento legal,
111asos conteúdos dos padrões apresentados na associação di feretn.
Por essa razão, charna-se associação diferencial. A associação
que é de primordial importância no conlportatnento critninoso
e a associação conl pessoas que se mnp:nhatn no coinportatnento
crilninoso sistemático. A pessoa qttc nunca ouviu falar de fur-
tos cm lojas con10 profissão pode encontrar no seu hotel
ladrão profissional especialista IRsse tipo de furto, pode cotu
('Ic travar relações e gostar (lêle. aprender cotu éle as técnica>.
valores e códigos do furto lojas e sob a sua tutela tornar-
se ladrão dc lojas profissional. pode ela tornar-se pro.
fissional no furto (Ic lojas lendo jornais, revistas ou livros.
agências ilnpessoais (Ie co:nunicação exercetn algutna influência,
111as principalinentc ijnportantes no deter;ninar a receptividv
de aos padrões de con)portanwnto critninoso quando se apre-
senta:n associação pessoal, e no produzir critnes incidentais.
A todos se aore.sentalll, nossa cultura, casses padrões, através
J) WIN

agéncias impcgsoai.g dc. cotnunicaqäo.


das o cotiheciijjcnto
aprcndcr assimila incvitåvclnjentc perl
de c ans fttrtog
tc aos dircitos (lc
prov;lvchucntc, por t0(10y,
sitnplcs. E'
critninosos. 0B csttl(lantcs dc univcr.qidadc,
ponto
cxceqöcs, (levi(las (It'lvi(la a falhas dc rcf(.,
cas sérics dc
ou
rein tuna média dc oito furtog
podc ncgsc cago inclliir
sua Vida; uma séric de, furtog (lag {crvorcg (10 vizi'Jh(,
ocorréncias, como o fttrt() dc frtttag
furtog
(lesdc a idadc dc sctc até (107K!
cont inuarmn, na 'Tjaioria
tanto a tucninos cotno a tucninas e,
dos casos, até a ida(lc quc 0B refcrira:n. Nog
tomaram él•csctn gcral a fornitL(lc furtos dc livros nag
Ott dc "lcjnbran.
tccas, de aparclhos de ginåsio Ott
gas" Cle hoteis c rcstaurantes. Os cstudantcs 11710considerabl
csses furtos conr) cspcciahncntc rcprccnsi vcis ; achmn-nos (li-
vcrtidos. Dc Inodo scnwlhante, os incninos das {trcas dc (lclin-
quéncia (las näo considcram os furtos dc atltotn6vciå
o arrolnbamento dc lojas cotuo rcprccnsivcis, c os (lay,
profis.söcs liberais c dc ncg6cios nä() consi(lcratn ag suag frail.
(les c maquinaqöcs cavilosas c.otno •reprccnsfvcis. A pcgsoa
mnpcnha-sc •nos atos critninosos que. nos SCt1Sgrupos,
cotn os nicmbros dos grupos.
c assitnila-os na associaqä10
Quarto, a probabilidadc dc Participar Pcssoa do com-
Porlantcnlo cri"linoso sistcntåtico dcl'crntina-sc, urosso onodo,
field frequéncia c consislöncia dc scats contmtos com os padröes
dc contporta•ncnlo criminoso. Sc tuna pcssoa pudcssc. cn-
t rar cm contato coni o cotnporttunento legal, seria cla, inevi-
t:'tvehnentc,por conil)lcto, acatadora da lei. Sc so ptl(lcssc
entrar em contatocom o comportanu:ntocriminoso (o quc é
in)possivel, dcsde que ncnhtltn grttpo podcria cxistir no qual
todo o comportatnento fossc crilninoso), geria cla, incvitåvc.l•
tncnte, por complcto, criniinosa. A situaqäo real acha-.sc cn-
tre ésscs extiTtnos. A proporqäo dos atos crilninosos para
atos legais de tuna pcssoa é, grosso 1110(10,a mcsma qtlc a pro-
porqäo dos contatos com o comportamcnto criminoso c com
o comportmncnto legal dc out ros. 11)'verdade, cstå Claro, que
tuna finica experiéncia critica scr o ponto (lccisivo dc tuna
carreira. Mas essas cxpcriéncias criticas basciatn-se gcralmcn•
te numa longa série de expcriéncias antcriorcs c em
geral seus efcitos porquc Intl(latn as associagöcs (la pessoa•
PRINCíPIOS DE CRIMINOLOGIA 15

Uma das mais imprtantes dessas experiências críticas no de-


terminar as carreiras criminosas é o primeiro aparecimento pú-
blico como delinquente. O menino que é preso e condenado
torna-se assim püblicamente definido como criminoso. Des-
de então se restringem as suas associaçõescom as pessoas que
estão dentro da lei e êle se encontra lançado em associação
com outros delinquentes. Por outro lado, a pessoa que é con-
sistentemente criminosa não pode definir-se como respeitadora
da lei por um único ato legal. Espera-se que tôda pessoa seja
respeitadorada lei, e o comportamentolegal é tido como o cer•
to, porque a cultura legal predomina, é mais extensiva e mais
disseminada que a cultura criminosa.
Quinto, as diferenças individuais entre as Pessoas, com re-
lação aos caracter{sticos pessoais 'ituações sociais, causam
o crimc sàmente quando afetam a associação diferencial ou g
frequência c a consistência dos contatos cont padrõesl criminosos.
A pobreza no lar pode forçar uma família a residir numa
área de alugueis baixos em que as taxas de delinquencia sejam
altas, facilitando assim a associação com delinquentes. Os pais que
insistem em que o filho volte imediatamentepara casa depois
da escola e que são capazes de por em execução esta regra,
podem evitar que o menino venha a entrar em contato fre-
quente com delinquentes, mesmo que a família resida numa
área de alta delinquência. A criança que não é desejada no lar
pode ficar emocionalmente afetada, mas o fato importante é
que essa condição possa afastá-la do lar, dando-lhe assim oca-
siao para entrar em contato com delinquentes. Um menino
tímido pode ser mantido fora de associação com delinquentes.
Não é necessário admitir-se uma diferença genérica entre as
pessoas, de que resulte serem algumas geralmente receptivas à
criminalidadee outras não receptivas. Essa presunção seria des-
cabida e injustificada. Pode haver, em determinado momento,
receptividade a determinado estímulo, mas os elementos são tão
complexos que nenhuma generalização é possível, relativamente
a essa receptividade. O maximo que se pode fazer, para che-
gar a uma generalização,é dizer que essa receptividadeespecí-
fica se determina principalmente pela frequência e consistência
de contatos anteriores com padrões de delinquência e que afora
isso o comportamento criminoso é acidental.
El) WIS LI. SUT
16

é a causa fundamental da
Sexto, o conflito cul!ural comportantcnto
difcrcncial c, portanto, do criminoso
ciação ferencial é possível porque a
ten:ático. A associação di
se compõe de vários grupos com culturas diversas.
dade encontram-se com relação a muitos
sas diferenças em cultura
como desejáveis. Existem
valores e se consideram geralmente que as leis se destis
elas, também, com referência aos valores
geral consideradas inde_
nam a proteger,e nessa forma são em
sejáveis. Essa cultura criminosaé tão real como a cultura
gal e prevalecemuito mais do que se acredita usualmente. Ela
não se limita aos desordeirosdos slunts ou a criminosos pro_
fissionais. Frequentementeafirmam os pri.sioneirosc sem dú-
vida crêem, que não são peiores que a maior parte da gente
do lado de fóra. As mais intricadasmaquinações dos homens
das profissõesliberais e de negócios podem ater-se à lei tal
como é interpretada,mas ser idênticas, na lógica e nos efeitos,
ao comportamentocriminosoque resulta em prisão. Essas
práticas, ainda que não resultem em condenação pública como
crimes,fazem parte da cultura criminosa. Quanto mais coli-
dem os padrõesculturais, tanto mais imprevisível é o compor-
tamentode determinadapessoa. Era possivel prevêr com quase
absolutacerteza como se comportaria uma pessoa criada numa
vila chinesaha cincocntaanos, porque só havia um modo para
ela de comportar-se. As tentativas para explicar o comporta-
rnento de determinadapessoa numa cidade Inoderna não deram
resultadoporqueas influências estão em conflito e qualquer in-
fluência particular pode ser muito efêmera.
Sétimo,a dcsorganizaçãosocial é a causa básica do compor-
tajnento crilllinososistelltútico. A origem e a persistência dos
conflitos culturaisrelativosaos valores expressos na lei, e da
associação diferencial que se baseia nos conflitos culturais são
devidasà dcsorganizaçãosocial. O conflito cultural é um as-
pecto específico da desorganizaçãosocial, e nesse sentido cle-
signam os dois conceitoso menor e o maior aspecto da Inesllla
coisa. Mas a desorganizaçãosocial é importante em outro
sentido. Desde que a cultura respeitadora da lei é dominante
e mais exterisiva,poderia ela sobrepujar o crime sistemático,
se para êssc fim se organizasse. Mas a sociedade organiza-se
na maioria dos pontosem torno de interêsse de indivíduosmais e de
pequenos grupos. A pessoa acatadora da lei interessa-se
peJos seus projetos pessoais imediatos, do que pelo abstrat0
p Rl.xcírros 1)E c Rl 17

beln-estar social ou pela justiça. Neste sentido, permite a so-


ciedade que o crime persista em forma sistemática. Por con-
seguinte. o crime sistemático persiste não só por causa da as-
sociação diferencial, como tanibém por causa da reqção da so-
ciedade geral era face dêsse crime. Quando uma sociedade ou
grupo ruenor desenvolve um interêsse unificado por crimes
que afetam seus valores fundalnentais e comuns, ela geralmente
consegue eliminar ou pelo menos reduzir grandemente o crime.
Foi, por exemplo, o que sucedeu quando jogadores de basebol
no campeonato mundial receberam dinheiro para perder uma
partida que podiam ter ganho. Isto afetott tanta gente de
maneira considerada vital. e essa gente reagiu com tal evidente
determinação, que o crime, ao que se saiba, nunca mais se
repetiu. Da Inesma maneira, quando muitas pessoas ricas fo-
ram sequestradas e mantidas para resgate ao fim do periodo
da proibição, nossa sociedade reorganizou o sistema legal e
administrativo violando cs slogans e liiito Ida soberania do es-
tado. e êsses raptos cessaram pràticamente. Contudo, em oti-
tros tempos, quando os pobres e desprotegidos eram as víti-
mas de raptos, como no tráfico de escravos, sequestração de
marinheiros, "changaização" de marinheiros por agentes ali-
ciadores, e prisões injustificáveis, passaram gerações e em al-
gttns casos séculos antes que a sociedade se tornasse bastante
consciente e interessada em sustar os raptos dessa espécie.
Quando um gang começa a operar em distrito desorganizado
de uma cidade, êle cresce e outros gangs se desenvolvem. Mas
5 quando um gang delinquente apareCeu numa rua de negócios
adjacente ao Hyde Park, bom distrito residencial de Chicago,
os residentes sentiram-se ameaçados. formaram uma organiza-
ção e decidiram que o melhor meio de protegerem-se era fun-
dar um clube e proporcionar facilidades recreativas para os
delinquentes. Isto eliminou pràticamente os gangs. Por con-
seguinte, o fato de desenvolver-seou não a delinquênciasis-
temática é determinadonão só pelas associaçõesque as pessoas
fazem com os criminosos, como também pelas reações do resto
da sociedade em face do comportamento criminoso sistemático.
Se a sociedade se organizar com referência aos valores ex-•
pressos na lei, elimina-se o crime. se não se organizar, o crime
persiste e se desenvolve. A oposição da sociedade pode assu-
mir a forma de castigo, regeneraçãoou prevenção.
18 ED WIN H. s U T HERLAND

A teoria geral acima apresentada pode resumir-se nas pro-


posições seguintes: O comportamento criminoso sistemático
deve-se imediatamenteà associação diferencial numa situação
em que existem conflitos culturais, e, em ultima análise, à de.
sorganizaçãosocial nessa situação. Um crime específico ou
incidental de determinada pessoa deve-se geralmente ao mes-
mo processo,mas não é possível incluir aí todos os casos, dado
o carater acidental da delinquência, quando encarada na for.
ma de atos específicosou incidentais.

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