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AÇÕES REVISIONAIS BANCÁRIAS E INOBSERVÂNCIA DA CET PELO

JUDICIÁRIO
REVISIONAL BANKING LAWSUIT AND INOBSERVANCE OF CET BY JUDICIARY

DOUGLAS BELANDA
Advogado Corporativo em São Paulo/SP, inscrito na OAB/SP sob nº 271.000, sendo atualmente
Secretário da Comissão de Departamento Jurídico da OAB/SP, Seccional de Pinheiros/SP. Foi
Membro da Comissão de Instituições Financeiras e Comissão de Direito do Consumidor da
OAB/SP. Graduado em Direito pela FMU/SP, com especialização em Contratos e Operações
Bancárias pela FGV/SP, Pós-graduado em Direito Constitucional pela FMU/SP, com MBA em
Administração de Empresas pela mesma Universidade. Ademais, foi Aluno Ouvinte do Mestrado
em Direito Civil na PUC/SP, bem como, Aluno Especial do Mestrado em Processo Civil na USP.
É autor de artigos jurídicos em revistas especializadas e palestrante.

RESUMO: O Brasil é um país com condão litigioso e, nesse aspecto, milhares de ações cíveis
são intentadas anualmente por diversos motivos, sobrecarregando um sistema judiciário já
assoberbado, seja por falta de profissionais, investimentos, inoperância e daí por diante. O cerne é
que, algumas matérias poderiam ser melhores trabalhadas pelo Judiciário, justamente com o
intuito de diminuir volumetria de ações judiciais descabidas, como é o caso de ações revisionais
de contratos bancários com preço total já constante na CET – Custo Efetivo Total do contrato
entabulado. Por tal ponto, nosso intuito com o presente trabalho é justamente melhorar a
efetividade e prestação jurisdicional a sociedade e, não menos importante, abordar a avalancha de
ações judiciais sem respaldo atrelado a revisão de contrato.

PALAVRA CHAVE: contratos – direito processual civil – direito bancário – revisional -


judiciário

ABSTRACT: Brazil is a country with litigious condemnation, and in this aspect, thousands of
civil actions are intentions annually for several reasons, overloading an already overburdened
judicial system, for lack of professionals, investments, inoperation and so on. The bottom line is
that some categories are being worked by the Judiciary, precisely in order to reduce the volume
of lawsuits of the Judiciary, as is the case of review banking lawsuit with the total price in the
CET - Total Effective Cost of the contract. Thus, our intention with the present work is precisely
to improve the effectiveness and jurisdictional performance of a society and, not least, in an
avalanche of lawsuits.
ANSWER KEY: Contracts - civil procedural law - banking law - review - judicial

I - INTRODUÇÃO

Nos artigos que elaboro, sempre tive a preocupação mister em ressaltar que a
efetividade do Judiciário e devida prestação jurisdicional também é responsabilidade dos demais
integrantes do laço da justiça (Advogados, Promotores e daí por diante), entretanto, uma grande
parcela de responsabilidade advém do Judiciário e do corpo julgador, dado que em alguns
processos, a alta volumetria de novas distribuições de ações judiciais se dá pela esperança da
sociedade em ter algum benefício ou diminuição de prejuízo qualquer (por alteração de cenário
econômico) sem efetivo lastro para tanto (fora do âmbito contratual), nas diversas formas de
tutelar, tipos de problemas e ações judiciais.
O que deve ser levado ao crivo do Judiciário, sem dúvidas, são matérias com fito de
equalizar a justiça entre os entes envolvidos, e não aspectos já tratados em seara contratual e que
está bem definida, sem dúvidas ou afim.
Se o contrato faz lei entre as partes e estando o mesmo abalizado pelos parâmetros
dos órgãos reguladores e judiciais, não há que ser intentada qualquer forma de revisão de tal
contrato, exceto em casos pontuais ou não previstos em lei ou acordo de vontades.
Em outras palavras, a melhora da volumetria de processos existentes no Judiciário é
um dever de todos, principalmente do Judiciário quanto a tratativa de alguns temas que são
levados mensalmente ao seu crivo e, nesse aspecto, teço a preocupação quanto as ações
revisionais de contratos bancários. Chamo efetivamente atenção para tal assunto, pois o número
de ações discutindo tal matéria é assustador.
O ponto é, caso o Judiciário se blinde e delimite as matérias e oportunidades em que
pode e deve ser provocado (inclusive com multa por litigância de má-fé e demais nuances),
automaticamente o litigante profissional irá pensar antes de provocar a resposta dos magistrados
sobre determinado assunto. Um simples exemplo, seria o Douto Magistrado eventualmente
declarar a inépcia de uma petição inicial que não teve o instrumento contratual acompanhando o
processo e a identificação do valor que o autor entende controverso e incontroverso, para aí sim
subsidiar uma ação revisional bancária. Com tal medida e ao longo do tempo, os litigantes
automaticamente se doutrinariam para repensar os litígios em sentido global.
Quanto as demandas revisionais de contratos bancários e sem dúvidas, hoje existem
milhares de ações judiciais envolvendo tal tema que, ao meu ver, atrapalham o Judiciário na
busca de uma equalização de contrato que, muitas vezes, não é totalmente correta. Afirmo esse
ponto pois, com o advento da Resolução do Banco Central – BACEN de nº 3517/2007, os
consumidores em sentido geral possuem ciência total do valor contrato, taxa de juros, detalhes do
contrato e de quanto pagará ao final de um contrato celebrado em diversas modalidades (seja
consignado, empréstimo, capital de giro e correlatos), portanto, por que devemos levar ao crivo
do Judiciário ações revisionais bancárias discutindo taxas aplicadas ao instrumento contratual se,
no momento da contratação, todo o contexto do contrato era conhecido pelo adquirente do
serviço ou produto financeiro?
É correto pedir manifestação do judiciário quanto a casos firmados em pacto
contratual que respeita o órgão regulador – BACEN, bem como, o admirado Poder Judiciário e
que possui claramente em seu bojo os valores totais que o consumidor terá que dispender para
quitar o contrato?
Abordaremos esses pontos na presente dissertação, sem o condão de tecer
posicionamento único sobre tais discussões revisionais bancárias, mas sim, com o intuito único
de alertar o Judiciário para que reflitam alguns modos de julgamento e atitudes, justamente para
que pensem na aplicação da Justiça em sentido universal, inclusive, para que melhore o
atendimento e anseio da sociedade em sentido geral.
Jamais pensamos em bloquear ou dificultar com o presente trabalho o acesso à
justiça, mas sim, que ocorra aplicação de preceitos mínimos para legitimar tal tipo de ação.
Necessário refletir sobre esse tema, por isso, trago o alerta.
Com o presente trabalho e sem prolongar nesse momento, possuímos justamente o
intuito de trazer ganho de escala em julgamentos ao Poder Judiciário, que carece sem dúvidas de
uma visão estruturada e, até mesmo, estratégica ou empresarial em seu modo de administrar os
processos.
II – AÇÃO REVISIONAL BANCÁRIA

A ação revisional bancária, por si só, é a demanda proposta pelo consumidor / cliente
(seja pessoa física ou jurídica) contra instituição financeira (sentido amplo), visando rever
disposições ou cláusulas contratuais existentes em pacto financeiro, provocando o Poder
Judiciário para manifestação ou equalização dos contratos no todo ou em parte.
Via de regra, entende-se para propositura de tal demanda que alguma clausula ou taxa
está equivocada ou falta transparência no seu bojo, pedindo pronunciamento do Poder Judiciário
sobre eventual equalização do contrato.
Esse tipo de ação, muito comum em nosso país e que atravanca o Judiciário, é menos
observada em países com economia consolidada (que passou por menos impactos do que a
Brasileira) e, ainda, fruto da cultura social (menos litigiosidade e viés de cumprimento estrito e
integral dos pactos celebrados).
Durante muitos anos, a ação revisional bancária dominou os índices de temas com
maior propositura de ações no Brasil, entretanto, percebemos sim uma tendência de queda em tal
volumetria, justamente após inclusão da “CET” nos referidos contratos (que abordaremos no
próximo capítulo nos detalhes), que visa dar ciência integral ao consumidor quanto ao valor total
que terá que pagar ao final de cada contrato entabulado devidamente.
Agora, mesmo com a tendência de queda explicitada, não podemos desconsiderar que
o número de tais ações é, ainda, assustador.
No que concerne as ações revisionais bancárias e temas financeiros, as matérias mais
relevantes que são levadas ao seu crivo são: Capitalização de Juros, Juros Remuneratórios,
Comissão de Permanência e o famoso VRG – Valor Residual Garantido.
Veja que, o nosso Judiciário já possui Jurisprudência consolidada (Tribunal Superior)
em muitos casos, portanto, não deveríamos ter esse volume exacerbado de ações judiciais de
revisão bancária que ainda ocorrem em nosso pais. Ademais, todas as Instituições Financeiras
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil seguem detidamente as Resoluções do
referido Órgão Regulador (BACEN), que doutrina o mercado financeiro.
Neste diapasão, os principais temas afetos as reclamações revisionais, também
obedecem tais regras jurídicas e conceituais, sendo, portanto, legais.
Brevemente, descreveremos nesse trabalho de modo assertivo, direito e sem
pormenores os principais assuntos já citados acima que são abordados ou questionados nas
demandas revisionais bancárias, quais sejam:
a) Capitalização de Juros – Trata-se de cálculo de juros sobre o próprio juros devidos pela
relação comercial. É permitida a capitalização de juros em período inferior a 01 ano desde que
contratados;
b) Juros Remuneratórios – Perfaz os valores dispendidos pela utilização do capital alheio, não
se limitando a 12 % ao ano tal contraprestação. Assim, as instituições financeiras podem
contratar com taxas distintas, obedecendo a média do mercado (regulada pelo BACEN), com
critérios objetivos e subjetivos (índice de inadimplência, inflação e afins);
c) Comissão de Permanência – Nada mais é do que a taxa acrescida ao valor principal do
contrato, cobrada somente no caso de inadimplência. Trata-se do custo obtido pela Instituição
Financeira pela prorrogação forçada do contrato, não prevista; e
d) VRG (Valor Residual Garantido) – Reflete o valor, contratualmente garantido pela
arrendatária, como mínimo que será recebido pela arrendadora na venda a terceiros do bem
arrendado, na hipótese da devolução do bem.
Os itens supra não refletem todos os temas que podem ser abarcados em Revisional.
Isto posto, observem que tais matérias são bem abordadas nos contratos celebrados de
cunho financeiro, justamente para evitar questionamentos na seara judicial abordando alguma
eventual ilegalidade ou contradição, entretanto, não é o que ocorre no dia a dia de quem labuta
com contencioso bancário, em que pese uma tendência de queda na propositura de novas
demandas afetas a tal tema, conforme já ressaltamos.
Lembro que, o interesse não é limar a existência de novas ações revisionais bancárias,
entretanto, trazer à baila do Judiciário somente processos em que ocorreu alguma inobservância
nos contratos celebrados, e não pontos desnecessários ou outrora abalizados.
Como afirmamos, o Judiciário já se manifestou nas matérias acima, e nesse sentido,
provocar o Judiciário novamente pode ocasionar ao consumidor, até mesmo, litigância de má-fé,
ocasionando prejuízo financeiro.
Em sentido oposto, se a Instituição Financeira também não cumpriu o acordo
contratual face disposições do BACEN e necessidade de demonstração do Custo Efetivo Total
(CET), certamente será responsabilizada por nosso Poder Judiciário, o qual considero sem
dúvidas legítimo e correto.
Por tal turno, colacionamos abaixo as manifestações e posicionamentos ofertados em
temas revisionais pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, com as Súmulas infra relatadas
abarcando os temas de caráter também revisional (se o caso):
Capitalização de Juros: STJ, Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com
periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema
Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP n. 1.963-17/2000, reeditada como MP n. 2.170-
36/2001), desde que expressamente pactuada; e STJ, Súmula 541 – A previsão no contrato
bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a
cobrança da taxa efetiva anual contratada;

Juros Remuneratórios: STJ, Súmula 382, "A estipulação de juros remuneratórios superiores a
12% ao ano, por si só, não indica abusividade";

Comissão de Permanência: STJ, Súmula 294 – Não é potestativa a cláusula contratual que
prevê a comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado, apurada pelo Banco
Central do Brasil, limitada à taxa do contrato; e STJ, Súmula 296 – Os juros remuneratórios,
não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência à
taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual
contratado; e

Valor Residual Garantido - VRG: STJ, Súmula 293 - A cobrança antecipada do valor residual
garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.

Ainda, é importante trazer definição e decisão do “STJ” quanto a hipótese de não


localização do contrato pactuado, oportunidade em que será delineado as condições do contrato
com a média praticada no mercado, consoante já dispõe o “BACEN”, sendo que reportamos no
momento:
STJ, Súmula 530 – “nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros
efetivamente contratada – por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento
aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações
da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor”.

A falta de localização de contrato não significa a declaração de inexistência do


mesmo, mas sim, a necessidade de (se o caso), adequar ele com os parâmetros do órgão regular
BACEN, lembrando que o que exponho nesse parágrafo não tem relação com fraude bancária,
mas sim, em efetiva e pretérita contratação.
Notem que, o Judiciário já possui entendimento sobre os principais temas afetos as
ações revisionais bancárias, portanto, não existe razão para existir grande volumetria de ações
revisionais, considerando o bom e regular pacto contratual celebrado em observância com os
entendimentos em tela e BACEN. Para corroborar com o acima descrito, passaremos a abordar a
necessidade de inclusão do Custo Efetivo Total – CET do contrato bancário.

III – CET CONTRATUAL

Tentando melhorar a prestação e efetivada judicial, houve por parte do órgão


regulador publicação do ordenamento - Resolução do Banco Central – BACEN de nº 3517/2007,
a qual prevê a instituição e inclusão da “CET” nos contratos, que é o Custo Efetivo Total da
operação contratada, justamente para blindar tanto as instituições financeiras quando cientificar o
consumidor sobre o que está contratando, o valor total do que está contratando e, ainda, informar
o mesmo sobre qual o valor total que pagará por determinado contrato.
A ciência ao consumidor do valor contratado nos pormenores e que efetivamente será
pago pelo citado contrato é total, demonstrando sem dúvidas grande transparência aos ditames
contratuais e legais.
Se algo é celebrado com transparência e retidão, deve ser mantido caso seja levado ao
Judiciário.
Em suma e pelo teor da resolução acima, as instituições financeiras e as sociedades
de arrendamento mercantil devem informar o CET previamente à contratação de operações de
crédito e de arrendamento mercantil financeiro. Ainda, deve ser fornecida ao proponente do
crédito (Pessoa Jurídica ou Pessoa Física) a planilha de cálculo do CET, na qual devem ser
explicitados, além do valor em reais de cada componente do fluxo da operação, os respectivos
percentuais em relação ao valor total devido. O exemplo da planilha está disponível na Carta-
Circular 3.593, de 2013. A planilha deve ainda constar no contrato de forma destacada, caso a
operação seja contratada.
A instituição deve assegurar-se também de que o tomador, na data da contratação,
ficou ciente dos fluxos considerados no cálculo do CET, bem como de que essa taxa percentual
anual representa as condições vigentes na data do cálculo.
Importante ressaltar que os juros são compostos na maioria dos casos, havendo
diferença de casas decimais em eventuais contas, fatalmente trazendo pequena diferença
financeira, com possibilidade de acréscimo do valor total. O CET também deve constar dos
informes publicitários de operações destinadas à aquisição de bens e de serviços quando forem
veiculadas ofertas específicas (com divulgação do valor a ser financiado, da taxa de juros
cobrada, do valor das prestações, etc.).
Tudo o quanto exposto na CET serve para, inclusive, trazer ao consumidor reflexão
sobre a real necessidade de qualquer contratação.
Abarcando a CET, temos que o valor global de contratação deve ser expresso na
forma de taxa percentual anual, incluindo todos os encargos e despesas das operações, isto é, o
CET deve englobar não apenas a taxa de juros, mas também tarifas, tributos, seguros e outras
despesas cobradas do cliente, representando as condições vigentes na data do cálculo. Em outras
palavras, todo o valor que engloba o contrato financeiro deverá estar presente no instrumento
contratual assinado e ratificado pelas partes.
Veja que, se o consumidor tem ciência do total financeiro que pagará por
determinado contrato bancário, por qual razão existe interesse futuro em discutir tais pontos na
seara judicial e, não menos importante, por qual razão o Judiciário (em alguns casos), corrobora
com tal entendimento, fomentando tais ações?
Esse ponto supra questionado que queremos abarcar, com intuito de organizar tal
matéria já em 01ª Instância, cientificando os magistrados em sentido geral quanto a eventual
inobservância da CET do contrato celebrado e posicionamento do STJ, evitando a indevida (cada
caso é, literalmente, um caso) proposituras de novas ações, ocasionando o grande volume de
ações que envolvem o Judiciário, atrapalhando demais julgamentos e respostas judiciais em
diversos pontos.
Na própria Resolução supra descrita, o BACEN se preocupou em incluir o racional
do cálculo utilizado na confecção da CET, o qual reproduzimos infra na íntegra:
O critério e condições de contratação de produtos bancários são claros, portanto,
impossível alegar falta de conhecimento do teor da contratação, sendo papel do judiciário se
manter atento quanto a tais pontos.
Para propositura de demanda revisional bancária, é necessário ao extremo que exista a
boa-fé do ente ativo (consumidor / cliente), para legitimar tal ingresso de nova ação judicial.
Assim, relatamos a definição de Claudia Marques Lima, in Contratos no Código de Defesa do
Consumidor, Ed. RT, 3ª ed. 1999, p.107, boa-fé significa “uma atuação ‘refletida’, uma atuação
refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus
interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem
abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para atingir o
bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses
das partes”.
Não menos importante, trago à tona as palavras do eminente Desembargador Aymoré
Roque Pottes de Mello, e ex-integrante do Respeitado Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,
o qual diz:
“O princípio da boa-fé objetiva também consagra um mandamento de ordem pública e
interesse social, cuja finalidade é garantir o desenvolvimento ético, harmônico e equitativo das
relações de consumo, fulminando com a sanção de nulidade absoluta os negócios, cláusulas e
condutas que o violentem por ação, omissão ou comissão. Está positivado no art. 4º, inc. III
(princípio), c/c o art. 51, inc. IV (cláusula geral), do C.D.C., e constitui um dos mais
importantes instrumentos para que o direito se mantenha em permanente identificação com a
justiça social do caso, seja em Juízo ou fora dele. ”

Corroborando o quanto alegado, é de ser transcrito o seguinte excerto da Exposição de


Motivos do Código de Processo Civil: "Posto que o processo civil seja eminentemente dialético,
é reprovável que as partes se sirvam dele faltando ao dever da verdade, agindo com deslealdade
e empregando artifícios fraudulentos, porque tal conduta não se compadece com a dignidade
de um instrumento que o Estado põe à disposição dos contendores para a atuação do direito e
realização da justiça". (Alfredo Buzaid, Exposição de Motivos do CPC de 1973)
Não podemos refutar a preocupação dos legisladores e processualistas em permitir
ações judiciais com justo e razoável motivo, e assim, levar ao Poder Judiciário tão somente os
casos em que mereça resposta do Estado em sentido maior e definitivo. Em contraponto, creio
que casos contratados legitimamente, com ciência prévia dos detalhes do contrato e valores
(respeitando normas do BACEN e CET), são prejudiciais se levados a batuta do referido órgão
para, eventualmente, ser perquirido pelo cliente / consumidor determinado “desconto ou alívio”
financeiro pelo pagamento da contraprestação. Não é esse o papel que o judiciário deve ter, e sim,
equalizar eventualmente situações conflitantes ou injustas, aplicando o Direito e Lei ao caso
concreto, fazendo justiça em sentido lato.
Notem que, a boa-fé contratual vem sendo cada vez mais levadas em consideração
pelos Douto Magistrados, Desembargadores ou Ministros (conforme caso e Instância), sendo
notório conforme decisões infra expostas:
Relator(a): Sérgio Shimura

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 23ª Câmara de Direito Privado

Data do julgamento: 30/11/2016

Data de registro: 06/12/2016

Ementa: ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO –


Pedido de tutela antecipada para impedimento da inclusão do nome do devedor nos cadastros
dos órgãos de proteção ao crédito, depósito das parcelas incontroversas com efeito liberatório e
a mantença na posse do bem - Indeferimento – Necessidade de se verificar as peculiaridades
do caso concreto - No caso em discussão, inexistem elementos que evidenciem a probabilidade
do direito, notadamente em razão de o feito ainda carecer de maior dilação probatória –
Ausência dos requisitos do artigo 300 do CPC/2015, aliada ao princípio da boa-fé contratual –
Como o pretendido depósito das parcelas incontroversas não tem o condão de afastar os efeitos
da mora, não há óbice a que a credora proceda à inclusão do nome do devedor nos cadastros
de proteção ao crédito, bem como exerça o direito de cobrança e de reaver o bem – Tese fixada
em julgamento de recurso especial repetitivo no STJ – RECURSO DESPROVIDO.

Processo: 1012288-60.2014.8.26.0005

Relator(a): José Wagner de Oliveira Melatto Peixoto

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 15ª Câmara de Direito Privado

Data do julgamento: 01/08/2016

Data de registro: 01/08/2016

Ementa: CONTRATOS BANCÁRIOS – Ação de natureza revisional – Cédula de Crédito


Bancário firmada em 09/09/2011 – Causa madura para receber sentença pela prova
documental já constante dos autos – Relação de consumo caracterizada – Aplicação do CDC
(Súmula 297 do C. STJ) – Licitude dos contratos de adesão, previstos no sistema jurídico, e
que, por si, não têm capacidade de viciar a vontade do aderente, inexistindo, inclusive, ofensa
ao dever de informação (CDC, arts. 46 e 47) – Inocorrência de violação, pelo Banco, do
princípio da boa-fé contratual – Doutrina sobre o instituto – Contrato CCB com parcelas de
valor fixo – Estipulação de taxa de juros efetiva anual superior ao duodécuplo da taxa mensal,
capitalização e método composto – Legalidade e regularidade (Súmula STJ 541) – CCB admite
capitalização de juros quando expressamente pactuada (Lei nº 10.931/2004, art. 28, § 1º, I) –
Contrato firmado após 31/03/2000, à égide da MP 1.963-17/2000, reeditada como MP 2.170-
36/2001, e ratificada na EC 32/2001, cujo artigo 5º também prevê capitalização de juros
quando expressamente pactuada (STJ, Súmula 539) - Constitucionalidade da disposição
assentada pelo C. STF no RE 566.397-RS, j. 04/02/2015 – Precedentes - Licitude da Tabela
Price, não configuradora de anatocismo – Observância da Súmula 381 do STJ tocante a
alegações genéricas – Generalidade da articulação de tarifas a obstar conhecimento - Ação
julgada improcedente – Apelo desprovido, na parte conhecida.

Ora, torna-se claro que é dever do Judiciário dar maior enfoque a boa-fé do autor de
tais ações revisionais bancárias e observância da “CET” dos contratos bancários, com motivação
de rastrear a legitimidade ou sua ausência no momento de propositura de referidas ações.
O intuito não é de bloquear novas ações ou intimidar qualquer parte (autor ou réu),
mas sim, que todos acionem o Judiciário somente nas oportunidades cabíveis e necessárias. Por
fim, defendemos que havendo qualquer abuso em litigar (autor ou réu e não utilização do
princípio da boa-fé), que ocorra sim eventual punição efetiva, assim preceituado no quesito
litigância de má-fé, devidamente previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
A boa condução do Judiciário e volume de ações judiciais é papel de todos os entes da
sociedade, como já afirmamos outrora.

IV – ARTIGO 330 DO NOVO CPC

O Código de Processo Civil atual (Lei nº 13.105, de 16.03.2015), sem dúvidas, dá


respaldo a justa motivação de propositura de ação revisional bancária, já demonstrando
importância quanto a tal tema, que entope o Poder Judiciário e dificulta análise de demais casos,
muitas vezes, mais importantes do ponto de vista social.
A possibilidade de propositura de revisional bancária é total, entretanto, traz
requisitos para tanto.
Esse é o ponto, conscientizar os consumidores e sociedade de que a ação revisional
bancária é justa, desde que seja proposta em virtude de contratos sem transparência, sem
observância da CET e conflitante com o BACEN. Caso contrário, fica difícil ou impossível
falarmos em procedência de ação revisional bancária.
Veja que, a teor do recente dispositivo legal, para que seja apta uma petição inicial
envolvendo revisão de contrato bancário, o cliente (Pessoa Jurídica ou Física), deverá apresentar
justa razão para tanto (lembrem da CET), bem como, apresentar de modo racional e analítico os
valores controversos e incontroversos afetos ao contrato (não podendo deixar de pagar o contrato,
exceto por ordem judicial), para dar o tom de legitimidade e boa-fé no acionamento do Judiciário
para, se o caso, equalizar o contrato.
Consoante o exposto, trazemos na integralidade o disposto no Artigo 330 do Código
de Processo Civil, alertando principalmente no Parágrafo 2º, vejamos:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;

II - a parte for manifestamente ilegítima;

III - o autor carecer de interesse processual;


IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o


pedido genérico;

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo,
de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na
petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de
quantificar o valor incontroverso do débito.

§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e


modo contratados.

Não há que se falar em dificultar o acesso ao judiciário, mas sem dúvidas, demonstrar
a importância que o Poder Judiciário tem, priorizando matérias mais urgentes para julgamento,
blindando uma base processual (volumetria de ingressos x baixas de ações judiciais), conferindo
segurança jurídica para todos os entes envolvidos.
Em segundo momento, é importante alertar que muitas ações judiciais possuem o
condão de aventura jurídica, dado que existe cultura do litígio no país em detrimento de respeito
integral as disposições contratuais efetivamente entabuladas.
Importante salientar que os julgadores de nosso país estão com frequência levando
em consideração o artigo supra no que tange ações revisionais bancárias, onde descrevemos:
Processo

Apelação Cível 1.0775.14.002129-3/001 0021293-07.2014.8.13.0775 (1)

Relator (a) Des. (a) Arnaldo Maciel

Órgão Julgador / Câmara - Câmaras Cíveis / 18ª CÂMARA CÍVEL

Súmula

ACOLHERAM EM PARTE A PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL E JULGARAM


PREJUDICADO O RECURSO
Comarca de Origem - Coração de Jesus

Data de Julgamento - 30/11/2016

Data da publicação da súmula - 07/12/2016

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REVISÃO CONTRATUAL - INDICAÇÃO DO VALOR


INCONTROVERSO DO DÉBITO E MANUTENÇÃO DOS PAGAMENTOS RESPECTIVOS
- OBRIGAÇÕES INSTITUÍDAS PELO ART. 330, §2? E §3?, DO CPC/2015 -
DESCUMPRIMENTO PELA PARTE AUTORA - PETIÇÃO INICIAL INEPTA - PRAZO
PARA EMENDA - CONCESSÃO OBRIGATÓRIA. A teor do art. 330, §2? e §3?,
do CPC/2015, nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de
empréstimo, financiamento ou alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, não
apenas discriminar na petição inicial as obrigações contratuais que pretende controverter,
como também quantificar o valor incontroverso do débito, devendo ainda manter em dia o
pagamento do valor incontroverso no tempo e modo contratados. Não cumprindo a parte
autora com tais obrigações, considera-se inepta a petição inicial. Contudo, em tal situação,
preceituam os arts. 317 e 321 do CPC/2015 que o Julgador deverá conceder à parte autora
prazo para sanar os vícios detectados, apenas podendo indeferir a inicial caso não obedecida a
contento a ordem.

Assim, necessário que o litigante observe as necessidades acima para propositura de


ação revisional bancária, evitando prejuízos maiores, inclusive, com o custo em litigar sem total
certeza.

Ora, se determinado cliente assinou instrumento contratual, demonstrando ciência


que contratou valor “X” e que, ao final do contrato, pagará “X” mais “Y” (em virtude do custo do
contrato) e que tais valores constam na CET e regulamentação do BACEN quanto média
praticada no mercado financeiro, por qual razão é aceito que seja levado ao crivo do Judiciário
ações judiciais análogas.
Observem que, um cenário é a tentativa de rever o contrato por entender que paga
valor indevido ou simplesmente querer reaver verbas contratadas (mesmo com a CET), e outro
cenário bem distinto é a tentativa de renegociar o contrato por problemas surgidos de foro íntimo,
tais como: desemprego, catástrofe, crise que assola o país e demais nuances que podem vir
assolar qualquer cidadão ou empresa.
Novamente, o que defendemos na íntegra é a aplicação da justiça para todos os entes
em nossa sociedade, seja consumidor ou instituição financeira. Praticando o bem e justiça, a
sociedade brasileira será a maior vencedora, com resposta rápida de anseios judiciais, não
precisando aguardar meses ou anos para que obtenha uma resposta judicial, isso falando somente
de 01ª Instância.
O Direito de litigar é inerente ao cidadão, sendo que defendemos esse ponto de modo
irrestrito e total, somente pedindo a famosa boa-fé em tal anseio.

V – CONCLUSÃO

Vivemos em país com Judiciário sobrecarregado, com costumeira demora na resposta


judicial aos processos levados ao crivo da definição do Estado. Inclusive, esse foi um dos
contornos para a revisão e elaboração do Novo Código de Processo Civil, tentando melhorar a
agilidade e acessibilidade a Justiça.
Portanto, o intuito principal do presente trabalho é cientificar a sociedade brasileira
de que a cultura do corpo judicial está sendo alterada, para cada vez mais serem avaliados os
detalhes das ações judiciais de revisão contratual, somente sendo procedente processos com justa
motivação.
Nesse diapasão, a inclusão da CET em contratos bancários corrobora com a tentativa
de diminuir os litígios de revisão de contratos bancários, assim como o Código de Processo Civil
faz algumas exigências para tal ação. Por outro turno, importante alertar que o corpo judiciário
está atento quanto as normas do BACEN e legislação correlata, para sendo o caso, agir quando
ocorre abuso em toda e qualquer celebração contratual, em qualquer esfera.
Com o exposto, o interesse que nos resguarda no presente artigo é reforçar a
segurança jurídica quanto celebração de contratos bancários em sentido geral (não dando margem
para dupla interpretação ou ausência de ciência prévia e total do cliente quanto clausulas ali
expostas), reforçar o respeito ao Bacen, Judiciário, Febraban e demais instituições sérias do país,
bem como, aumentar a observância aos preceitos do Código de Processo Civil e, por fim e muito
importante, diminuir a litigiosidade e aumentar a efetividade e presteza do Poder Judiciário.

VI – BIBLIOGRAFIA

MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor, Ed. RT, 3ª ed. 1999,
p.107;
Site: https://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/custo.asp - Acesso em 20.12.2016, às 15:00 h;
GOMES, Orlando. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998;
Site: http://www.cip-bancos.org.br/cip/sobre/CIP-em-numeros.html;
Site: http:// www.febraban.org.br;
Site: http://www.cnj.jus.br/images/pesquisas-judiciarias/pesquisa_100_maiores_litigantes.pdf

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