Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
JUDICIÁRIO
REVISIONAL BANKING LAWSUIT AND INOBSERVANCE OF CET BY JUDICIARY
DOUGLAS BELANDA
Advogado Corporativo em São Paulo/SP, inscrito na OAB/SP sob nº 271.000, sendo atualmente
Secretário da Comissão de Departamento Jurídico da OAB/SP, Seccional de Pinheiros/SP. Foi
Membro da Comissão de Instituições Financeiras e Comissão de Direito do Consumidor da
OAB/SP. Graduado em Direito pela FMU/SP, com especialização em Contratos e Operações
Bancárias pela FGV/SP, Pós-graduado em Direito Constitucional pela FMU/SP, com MBA em
Administração de Empresas pela mesma Universidade. Ademais, foi Aluno Ouvinte do Mestrado
em Direito Civil na PUC/SP, bem como, Aluno Especial do Mestrado em Processo Civil na USP.
É autor de artigos jurídicos em revistas especializadas e palestrante.
RESUMO: O Brasil é um país com condão litigioso e, nesse aspecto, milhares de ações cíveis
são intentadas anualmente por diversos motivos, sobrecarregando um sistema judiciário já
assoberbado, seja por falta de profissionais, investimentos, inoperância e daí por diante. O cerne é
que, algumas matérias poderiam ser melhores trabalhadas pelo Judiciário, justamente com o
intuito de diminuir volumetria de ações judiciais descabidas, como é o caso de ações revisionais
de contratos bancários com preço total já constante na CET – Custo Efetivo Total do contrato
entabulado. Por tal ponto, nosso intuito com o presente trabalho é justamente melhorar a
efetividade e prestação jurisdicional a sociedade e, não menos importante, abordar a avalancha de
ações judiciais sem respaldo atrelado a revisão de contrato.
ABSTRACT: Brazil is a country with litigious condemnation, and in this aspect, thousands of
civil actions are intentions annually for several reasons, overloading an already overburdened
judicial system, for lack of professionals, investments, inoperation and so on. The bottom line is
that some categories are being worked by the Judiciary, precisely in order to reduce the volume
of lawsuits of the Judiciary, as is the case of review banking lawsuit with the total price in the
CET - Total Effective Cost of the contract. Thus, our intention with the present work is precisely
to improve the effectiveness and jurisdictional performance of a society and, not least, in an
avalanche of lawsuits.
ANSWER KEY: Contracts - civil procedural law - banking law - review - judicial
I - INTRODUÇÃO
Nos artigos que elaboro, sempre tive a preocupação mister em ressaltar que a
efetividade do Judiciário e devida prestação jurisdicional também é responsabilidade dos demais
integrantes do laço da justiça (Advogados, Promotores e daí por diante), entretanto, uma grande
parcela de responsabilidade advém do Judiciário e do corpo julgador, dado que em alguns
processos, a alta volumetria de novas distribuições de ações judiciais se dá pela esperança da
sociedade em ter algum benefício ou diminuição de prejuízo qualquer (por alteração de cenário
econômico) sem efetivo lastro para tanto (fora do âmbito contratual), nas diversas formas de
tutelar, tipos de problemas e ações judiciais.
O que deve ser levado ao crivo do Judiciário, sem dúvidas, são matérias com fito de
equalizar a justiça entre os entes envolvidos, e não aspectos já tratados em seara contratual e que
está bem definida, sem dúvidas ou afim.
Se o contrato faz lei entre as partes e estando o mesmo abalizado pelos parâmetros
dos órgãos reguladores e judiciais, não há que ser intentada qualquer forma de revisão de tal
contrato, exceto em casos pontuais ou não previstos em lei ou acordo de vontades.
Em outras palavras, a melhora da volumetria de processos existentes no Judiciário é
um dever de todos, principalmente do Judiciário quanto a tratativa de alguns temas que são
levados mensalmente ao seu crivo e, nesse aspecto, teço a preocupação quanto as ações
revisionais de contratos bancários. Chamo efetivamente atenção para tal assunto, pois o número
de ações discutindo tal matéria é assustador.
O ponto é, caso o Judiciário se blinde e delimite as matérias e oportunidades em que
pode e deve ser provocado (inclusive com multa por litigância de má-fé e demais nuances),
automaticamente o litigante profissional irá pensar antes de provocar a resposta dos magistrados
sobre determinado assunto. Um simples exemplo, seria o Douto Magistrado eventualmente
declarar a inépcia de uma petição inicial que não teve o instrumento contratual acompanhando o
processo e a identificação do valor que o autor entende controverso e incontroverso, para aí sim
subsidiar uma ação revisional bancária. Com tal medida e ao longo do tempo, os litigantes
automaticamente se doutrinariam para repensar os litígios em sentido global.
Quanto as demandas revisionais de contratos bancários e sem dúvidas, hoje existem
milhares de ações judiciais envolvendo tal tema que, ao meu ver, atrapalham o Judiciário na
busca de uma equalização de contrato que, muitas vezes, não é totalmente correta. Afirmo esse
ponto pois, com o advento da Resolução do Banco Central – BACEN de nº 3517/2007, os
consumidores em sentido geral possuem ciência total do valor contrato, taxa de juros, detalhes do
contrato e de quanto pagará ao final de um contrato celebrado em diversas modalidades (seja
consignado, empréstimo, capital de giro e correlatos), portanto, por que devemos levar ao crivo
do Judiciário ações revisionais bancárias discutindo taxas aplicadas ao instrumento contratual se,
no momento da contratação, todo o contexto do contrato era conhecido pelo adquirente do
serviço ou produto financeiro?
É correto pedir manifestação do judiciário quanto a casos firmados em pacto
contratual que respeita o órgão regulador – BACEN, bem como, o admirado Poder Judiciário e
que possui claramente em seu bojo os valores totais que o consumidor terá que dispender para
quitar o contrato?
Abordaremos esses pontos na presente dissertação, sem o condão de tecer
posicionamento único sobre tais discussões revisionais bancárias, mas sim, com o intuito único
de alertar o Judiciário para que reflitam alguns modos de julgamento e atitudes, justamente para
que pensem na aplicação da Justiça em sentido universal, inclusive, para que melhore o
atendimento e anseio da sociedade em sentido geral.
Jamais pensamos em bloquear ou dificultar com o presente trabalho o acesso à
justiça, mas sim, que ocorra aplicação de preceitos mínimos para legitimar tal tipo de ação.
Necessário refletir sobre esse tema, por isso, trago o alerta.
Com o presente trabalho e sem prolongar nesse momento, possuímos justamente o
intuito de trazer ganho de escala em julgamentos ao Poder Judiciário, que carece sem dúvidas de
uma visão estruturada e, até mesmo, estratégica ou empresarial em seu modo de administrar os
processos.
II – AÇÃO REVISIONAL BANCÁRIA
A ação revisional bancária, por si só, é a demanda proposta pelo consumidor / cliente
(seja pessoa física ou jurídica) contra instituição financeira (sentido amplo), visando rever
disposições ou cláusulas contratuais existentes em pacto financeiro, provocando o Poder
Judiciário para manifestação ou equalização dos contratos no todo ou em parte.
Via de regra, entende-se para propositura de tal demanda que alguma clausula ou taxa
está equivocada ou falta transparência no seu bojo, pedindo pronunciamento do Poder Judiciário
sobre eventual equalização do contrato.
Esse tipo de ação, muito comum em nosso país e que atravanca o Judiciário, é menos
observada em países com economia consolidada (que passou por menos impactos do que a
Brasileira) e, ainda, fruto da cultura social (menos litigiosidade e viés de cumprimento estrito e
integral dos pactos celebrados).
Durante muitos anos, a ação revisional bancária dominou os índices de temas com
maior propositura de ações no Brasil, entretanto, percebemos sim uma tendência de queda em tal
volumetria, justamente após inclusão da “CET” nos referidos contratos (que abordaremos no
próximo capítulo nos detalhes), que visa dar ciência integral ao consumidor quanto ao valor total
que terá que pagar ao final de cada contrato entabulado devidamente.
Agora, mesmo com a tendência de queda explicitada, não podemos desconsiderar que
o número de tais ações é, ainda, assustador.
No que concerne as ações revisionais bancárias e temas financeiros, as matérias mais
relevantes que são levadas ao seu crivo são: Capitalização de Juros, Juros Remuneratórios,
Comissão de Permanência e o famoso VRG – Valor Residual Garantido.
Veja que, o nosso Judiciário já possui Jurisprudência consolidada (Tribunal Superior)
em muitos casos, portanto, não deveríamos ter esse volume exacerbado de ações judiciais de
revisão bancária que ainda ocorrem em nosso pais. Ademais, todas as Instituições Financeiras
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil seguem detidamente as Resoluções do
referido Órgão Regulador (BACEN), que doutrina o mercado financeiro.
Neste diapasão, os principais temas afetos as reclamações revisionais, também
obedecem tais regras jurídicas e conceituais, sendo, portanto, legais.
Brevemente, descreveremos nesse trabalho de modo assertivo, direito e sem
pormenores os principais assuntos já citados acima que são abordados ou questionados nas
demandas revisionais bancárias, quais sejam:
a) Capitalização de Juros – Trata-se de cálculo de juros sobre o próprio juros devidos pela
relação comercial. É permitida a capitalização de juros em período inferior a 01 ano desde que
contratados;
b) Juros Remuneratórios – Perfaz os valores dispendidos pela utilização do capital alheio, não
se limitando a 12 % ao ano tal contraprestação. Assim, as instituições financeiras podem
contratar com taxas distintas, obedecendo a média do mercado (regulada pelo BACEN), com
critérios objetivos e subjetivos (índice de inadimplência, inflação e afins);
c) Comissão de Permanência – Nada mais é do que a taxa acrescida ao valor principal do
contrato, cobrada somente no caso de inadimplência. Trata-se do custo obtido pela Instituição
Financeira pela prorrogação forçada do contrato, não prevista; e
d) VRG (Valor Residual Garantido) – Reflete o valor, contratualmente garantido pela
arrendatária, como mínimo que será recebido pela arrendadora na venda a terceiros do bem
arrendado, na hipótese da devolução do bem.
Os itens supra não refletem todos os temas que podem ser abarcados em Revisional.
Isto posto, observem que tais matérias são bem abordadas nos contratos celebrados de
cunho financeiro, justamente para evitar questionamentos na seara judicial abordando alguma
eventual ilegalidade ou contradição, entretanto, não é o que ocorre no dia a dia de quem labuta
com contencioso bancário, em que pese uma tendência de queda na propositura de novas
demandas afetas a tal tema, conforme já ressaltamos.
Lembro que, o interesse não é limar a existência de novas ações revisionais bancárias,
entretanto, trazer à baila do Judiciário somente processos em que ocorreu alguma inobservância
nos contratos celebrados, e não pontos desnecessários ou outrora abalizados.
Como afirmamos, o Judiciário já se manifestou nas matérias acima, e nesse sentido,
provocar o Judiciário novamente pode ocasionar ao consumidor, até mesmo, litigância de má-fé,
ocasionando prejuízo financeiro.
Em sentido oposto, se a Instituição Financeira também não cumpriu o acordo
contratual face disposições do BACEN e necessidade de demonstração do Custo Efetivo Total
(CET), certamente será responsabilizada por nosso Poder Judiciário, o qual considero sem
dúvidas legítimo e correto.
Por tal turno, colacionamos abaixo as manifestações e posicionamentos ofertados em
temas revisionais pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, com as Súmulas infra relatadas
abarcando os temas de caráter também revisional (se o caso):
Capitalização de Juros: STJ, Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com
periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema
Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP n. 1.963-17/2000, reeditada como MP n. 2.170-
36/2001), desde que expressamente pactuada; e STJ, Súmula 541 – A previsão no contrato
bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a
cobrança da taxa efetiva anual contratada;
Juros Remuneratórios: STJ, Súmula 382, "A estipulação de juros remuneratórios superiores a
12% ao ano, por si só, não indica abusividade";
Comissão de Permanência: STJ, Súmula 294 – Não é potestativa a cláusula contratual que
prevê a comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado, apurada pelo Banco
Central do Brasil, limitada à taxa do contrato; e STJ, Súmula 296 – Os juros remuneratórios,
não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência à
taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual
contratado; e
Valor Residual Garantido - VRG: STJ, Súmula 293 - A cobrança antecipada do valor residual
garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.
Processo: 1012288-60.2014.8.26.0005
Ora, torna-se claro que é dever do Judiciário dar maior enfoque a boa-fé do autor de
tais ações revisionais bancárias e observância da “CET” dos contratos bancários, com motivação
de rastrear a legitimidade ou sua ausência no momento de propositura de referidas ações.
O intuito não é de bloquear novas ações ou intimidar qualquer parte (autor ou réu),
mas sim, que todos acionem o Judiciário somente nas oportunidades cabíveis e necessárias. Por
fim, defendemos que havendo qualquer abuso em litigar (autor ou réu e não utilização do
princípio da boa-fé), que ocorra sim eventual punição efetiva, assim preceituado no quesito
litigância de má-fé, devidamente previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
A boa condução do Judiciário e volume de ações judiciais é papel de todos os entes da
sociedade, como já afirmamos outrora.
I - for inepta;
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo,
de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na
petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de
quantificar o valor incontroverso do débito.
Não há que se falar em dificultar o acesso ao judiciário, mas sem dúvidas, demonstrar
a importância que o Poder Judiciário tem, priorizando matérias mais urgentes para julgamento,
blindando uma base processual (volumetria de ingressos x baixas de ações judiciais), conferindo
segurança jurídica para todos os entes envolvidos.
Em segundo momento, é importante alertar que muitas ações judiciais possuem o
condão de aventura jurídica, dado que existe cultura do litígio no país em detrimento de respeito
integral as disposições contratuais efetivamente entabuladas.
Importante salientar que os julgadores de nosso país estão com frequência levando
em consideração o artigo supra no que tange ações revisionais bancárias, onde descrevemos:
Processo
Súmula
V – CONCLUSÃO
VI – BIBLIOGRAFIA
MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor, Ed. RT, 3ª ed. 1999,
p.107;
Site: https://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/custo.asp - Acesso em 20.12.2016, às 15:00 h;
GOMES, Orlando. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998;
Site: http://www.cip-bancos.org.br/cip/sobre/CIP-em-numeros.html;
Site: http:// www.febraban.org.br;
Site: http://www.cnj.jus.br/images/pesquisas-judiciarias/pesquisa_100_maiores_litigantes.pdf