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Pluralismo na Habitação
Baseado nos resultados do Projeto“O Novo Papel do Estado na
Oferta de Habitação: Parceria entre agentes públicos e não-
públicos” convênio 63.96.0737.00 – Finep
Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
C672
Edmundo Werna et al.
ISBN 85-7419-176-0
Inclui bibliografia.
CDD 350.865
711.2
Coordenação editorial
Mara Guasco
Preparação de originais
Márcia Garcia Dias
Capa
Luciano Guimarães
CONSELHO EDITORIAL
Eduardo Peñuela Cañizal
Willi Bolle
Norval Baitello junior
Carlos Gardin
Lucrécia D’Aléssio Ferrara
Ivan Bystrina
Salma T. Muchail
Ubiratan D’Ambrósio
Plínio de Arruda Sampaio
Maria Odila Leite da Silva Dias
Gilberto Mendonça Teles
Maria de Lourdes Sekeff
Cecilia Almeida Salles
15 OS AUTORES
17 INTRODUÇÃO
17 Relevância e justificativa
19 Os principais pontos conceituais
22 Os objetivos do projeto
22 Os resultados esperados – os possíveis usos desta pesquisa
23 Introdução aos métodos de pesquisa
23 As etapas da pesquisa
24 A estrutura deste relatório
27 CAPÍTULO I:
OFERTAS DE SERVIÇOS URBANOS: O DEBATE GERAL
27 Introdução
28 Conceitos básicos
29 O debate público-privado
29 O setor público
31 O setor privado
35 O público no privado
35 A complexidade da provisão
36 Os “novos” atores sociais
37 As ONGs
39 As comunidades de base
40 Os sistemas mistos
41 Performance
44 Conclusão
45 CAPÍTULO II:
A HABITAÇÃO COMO UM BEM OU SERVIÇO URBANO
45 Introdução
46 Comparando a habitação com outros serviços urbanos
48 Conceitualização dos modos de provisão de habitação
53 Uma hierarquia das estruturas e elementos de um modo de pro-
visão genérico
54 Conclusão
55 CAPÍTULO III:
MODOS DE PROVISÃO DE HABITAÇÃO
55 Modos de provisão de habitação informais ou não-convencio-
nais
56 As invasões
61 Os parcelamentos informais de terra
64 A habitação informal de aluguel para baixa renda
67 Modos de provisão de habitação convencionais ou formais
67 A provisão governamental de habitação
67 A provisão de habitação governamental direta
70 A provisão de habitação governamental indireta
73 A provisão de habitação cooperativada
75 O setor privado de provisão de habitação
76 O empreendimento de habitação privado formal feito pelo
proprietário ocupante
76 O empreendimento habitacional comercial formal
77 Joint venture entre incorporadores pequenos e proprietários
de terra
78 A cooperação empreendedor-comunidade
79 Os esquemas de joint ventures público-privado
79 Observações conclusivas a respeito dos modos de provisão de
habitação
80 Conclusão
87 CAPÍTULO IV:
MÉTODOS DE PESQUISA
87 Introdução
87 O pensamento atual sobre a avaliação da provisão habitacional
89 O modo de provisão como foco da pesquisa
90 A caracterização dos modos de provisão
90 Processo
92 A avaliação das instituições provedoras de habitação
93 A avaliação do modo de provisão
99 Produto
99 A teoria sobre a qualidade habitacional e APO
104 Os métodos utilizados na pesquisa sobre produto habitacional
105 A coleta de dados: os questionários
106 A análise dos dados
107 Conclusão
109 CAPÍTULO V:
A PROVISÃO HABITACIONAL NO BRASIL
109 Introdução
109 Histórico
113 Políticas governamentais recentes
113 As ações federais – A Caixa Econômica Federal (CEF)
119 As ações estaduais – Companhia de Desenvolvimento
Habitacional e Urbano (CDHU)
122 As ações municipais – A Secretaria da Habitação e
Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo
(Sehab)
125 A atuação das Organizações Comunitárias de Base (OCBs)
125 A Associação dos Trabalhadores Sem-Terra da Zona Oeste
127 A atuação das organizações não-governamentais (ONGs)
127 A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
(Fase)
129 A Peabiru Trabalhos Comunitários e Ambientais - PTCA
132 O Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais de
São Paulo (Inocoop-SP)
134 A atuação do setor privado
135 A Paulicoop
136 Conclusões
138 Modos de provisão para estudo de caso
138 Dados sobre a pesquisa de campo
287 BIBLIOGRAFIA
295 ANEXO
O livro
Este livro é fruto de uma pesquisa desenvolvida pelos autores a
partir de 1997. Edmundo Werna elaborou o plano geral do trabalho,
coordenou a implementação da pesquisa, durante a sua primeira parte,
e apoiou a coordenação durante a segunda (e última) parte. Alex Abiko
foi consultor durante a primeira parte, e coordenou a segunda. Ambos,
E. Werna e A. Abiko, participaram na redação de diversas partes do livro
e supervisionaram todo o trabalho. Leandro Coelho foi o pesquisador e
redator principal. Rubenio Simas trabalhou na definição dos indicadores
a serem usados para a análise dos dados, subseqüentemente na própria
análise, e finalmente participou na redação dos três últimos capítulos do
livro. Ramin Keivani trabalhou na redação do terceiro e quarto capítulos.
Diana Sarita Hamburger colaborou no desenvolvimento dos indicadores
de processo, bem como de sua análise, atuando com outros pesquisadores
na redação do quinto e do oitavo capítulos. Marco Antonio Plácido de
Almeida trabalhou na redação do segundo capítulo e administrou a coleta
de dados no campo. Apesar de cada membro da equipe ter trabalhado
em funções específicas, conforme descrito, houve durante o processo
grande apoio mútuo e “fertilização cruzada” de idéias. Portanto, em lugar
de atribuir autoria de capítulos específicos a indivíduos isolados, toda a
equipe coloca-se como co-autora do livro.
Os autores
Edmundo Werna é arquiteto e urbanista, com mestrado em estudos
sobre o desenvolvimento e doutoramento em desenvolvimento urbano.
Trabalhou durante mais de 20 anos como pesquisador e consultor em
urbanismo em países em desenvolvimento. Durante a pesquisa que deu
origem a este livro era professor visitante no Departamento de Engenharia
de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Atualmente é o assessor para assuntos urbanos de uma das agências da
ONU (Organização das Nações Unidas).
Relevância e justificativa
Nas últimas décadas, o papel do Estado na oferta de serviços e bens
em geral, e da habitação em particular, tem sofrido profundas alterações.
Há uma tendência clara de se reduzir a intervenção direta dos agentes pú-
blicos no processo de provisão, de se estimular a participação de agentes
não-públicos, tais como o setor privado, as ONGs (organizações não-gover-
namentais, que têm um caráter voluntarista), e as próprias comunidades
que recebem os serviços/bens, no caso, a habitação, bem como tem havido
um esforço por parte desses agentes neste mesmo sentido. Essa tendência
é, sem dúvida, global, e o Brasil não constitui uma exceção.
Tal tendência é apoiada por forte argumentação teórica, que pre-
coniza a minimização do papel do Estado nesse setor. Isto é claro não
apenas pela abundante literatura sobre o assunto (alguns dos textos mais
importantes neste caso são de Cook and Kirkpatrick, 1988; World Bank, 1983
e 1989), mas também pelas reportagens diárias que inundam os diversos
veículos da mídia no Brasil e no exterior. Porém, o crescente envolvimento
18
Os objetivos do projeto
O objetivo geral deste projeto é entender, de maneira comparativa,
as diversas alternativas de oferta de habitação para as classes de baixa
renda no Brasil, com atenção especial para os modelos de relação entre
agentes públicos e não-públicos, procurando responder à pergunta: quais
as vantagens e desvantagens de cada um dos modelos disponíveis, e do
papel de cada agente em cada um desses modelos?
Já os objetivos específicos do projeto são:
– Avaliar as alternativas da oferta de habitação para as classes de
baixa renda no Brasil, refletindo sobre suas vantagens e desvantagens;
– Entender os papéis de regulador e de enabler (facilitador) do gover-
no em cada uma das alternativas, bem como os papéis complementares
dos outros atores sociais (não-públicos) envolvidos em cada alternativa;
– Identificar os entraves encontrados pelo governo para desempe-
nhar bem o seu papel em cada um dos modelos;
– Recomendar políticas públicas voltadas para o aprimoramento da
oferta habitacional, com base no que foi levantado nos itens anteriores.
Os resultados esperados
– os possíveis usos desta pesquisa
A presente pesquisa traz dados concretos sobre diversos modelos
de oferta habitacional no Brasil, o que a torna instrumento de apoio para
a (re)formulação de políticas públicas.
Introdução 23
As etapas da pesquisa
Para desenvolver e concluir a pesquisa sintetizada no presente
relatório, as seguintes etapas básicas foram percorridas:
a) Revisão Conceitual: elaboração do estado-da-arte da literatura
relevante, enfocando os tópicos acima descritos, permitindo uma com-
preensão aprofundada sobre a questão. Além de esta revisão ter forne-
cido o embasamento necessário para a realização do trabalho, seu valor
ultrapassa os limites desta pesquisa, podendo ser tomada de maneira
independente dela. Ou seja, ela pode ser divulgada com o intuito de in-
formar políticos, técnicos e interessados na evolução e no estado atual do
conhecimento sobre os diferentes modelos de provisão de bens/serviços,
em especial no que diz respeito à habitação;
b) Coleta e análise de informações sobre os diferentes modelos de
provisão habitacional no Brasil;
c) Elaboração do relatório da pesquisa.
Conceitos básicos
Com o intuito de guiar o leitor através deste e dos próximos capítulos,
a presente seção esclarece alguns conceitos básicos relativos a serviços,
bens, infra-estrutura, serviços públicos, provisão e produção.
Os itens utilizados pela sociedade para consumo direto (como ali-
mentos, vestuário, habitação, etc.) e como elementos intermediários na
cadeia de produção (como fábricas, transporte de carga, etc.) podem ser
divididos em serviços, bens e infra-estrutura. Porém, a literatura apresenta
divergências a respeito dessa classificação, ou seja, sobre quais os itens
que seriam melhor definidos como bens, ou como serviços, ou como infra-
estrutura. O debate que o presente capítulo expõe diz respeito a todas as
três classes. Desse modo, para atender os objetivos desta pesquisa, não
se faz necessário discorrer sobre as definições de cada uma delas, nem
propor novas conceituações. Assim, para simplificar, o presente capítulo
se refere sistematicamente a bens e serviços, o que inclui também infra-
estrutura, muitas vezes definida como as próprias redes físicas para água,
esgoto, ruas, etc.
Um determinado grupo de bens e serviços é classificado na literatura
como públicos. De forma genérica, entende-se que o serviço/bem público
deve atender às necessidades coletivas, as quais variam consideravelmen-
te entre os diversos países, entre as diversas realidades sociais, entre os
vários períodos históricos.
Uma corrente de pensamento defende que a prestação de serviços
públicos é atribuição primordial do governo e, até certo ponto, a sua pró-
pria razão de ser. Segundo esse ponto de vista, o Estado, na sua acepção
ampla - União, Estado-membro e Município –, não se justifica senão como
entidade prestadora de serviços públicos aos indivíduos que o compõem
(ver, por exemplo, Meirelles, 1996). A instituição, a regulamentação, a
Ofertas de serviços urbanos 29
O debate público-privado
Uma vez esclarecidos os conceitos básicos a serem usados ao longo
do texto, o presente capítulo vai discutir os diversos argumentos encontra-
dos na literatura relativos a quem deve prover serviços e bens. A presente
seção lida com o debate entre os setores público e privado.
O setor público
O setor privado
Se o fornecimento de determinado serviço cabe ao setor público ou
ao setor privado é uma questão resolvida de maneira distinta em diferen-
tes países. No entanto, muitos deles vêm sendo pressionados a ampliar
o envolvimento do setor privado. Três processos crescentes relativos ao
envolvimento do setor privado podem ser identificados: os programas
públicos de privatização; a privatização pragmática e a privatização in-
formal ou unilateral (Batley, 1996).
A privatização programada ocorre quando o governo toma a decisão
política de vender bens, franquiar toda a operação ou contratar serviços
parciais no mercado atendendo a determinados aspectos. A privatização
pragmática ocorre quando a decisão inicial de envolver o setor privado
é feita devido à necessidade de um gerenciamento conveniente ou de
comandar o crescimento da comunidade. A privatização informal ocorre
quando a falta de serviços públicos permite que firmas privadas entrem
para suprir a deficiência.
A privatização dos serviços públicos deve ser considerada no contex-
to das políticas estruturais de descentralização. Quando se trata de serviços
públicos, os conceitos de descentralização e privatização divergem. A
descentralização se refere à transferência de responsabilidades e recursos
de um nível de governo para o outro. A privatização, por sua vez, é um
instrumento que o governo pode utilizar para aumentar a eficiência de
suas próprias funções, sem transferir a responsabilidade, que se mantém
pública (Rabi, 1994).
Assim como há divergências em relação à participação do setor pú-
blico na provisão de bens e serviços, há também argumentos divergentes
em relação à participação do setor privado nesse domínio.
O público no privado
Independentemente das possíveis vantagens da privatização para
um determinado caso, ou da sua implantação efetiva, o setor público
tem sempre um papel a desempenhar no processo de provisão. Dentre
as razões para a intervenção do setor público destacam-se: controlar o
abuso do monopólio, para informar ou subsidiar consumidores; garantir
que aquele que polui irá pagar os custos acarretados por tal poluição; ad-
ministrar a oferta de bens públicos. Para diferentes serviços em diferentes
contextos existirão motivos distintos para os governos estarem envolvidos,
e isso implica uma diversidade de níveis e formas de envolvimento.
Na prática, os serviços públicos privatizados são ineficazes, e isso
se deve, em grande parte, às novas demandas da administração sobre
os administradores desses serviços. Segundo Batley (1994), as principais
dificuldades encontradas pelos governos nos países em desenvolvimento
para estabelecer e manter regras adequadas para administrar a prestação
de serviços privatizados dizem respeito a: falta de alternativas de mercado;
dificuldades das circunstâncias subjacentes; falta de preparação do gover-
no para assumir novos papéis; necessidade de diagnóstico diferenciado,
caso por caso; valorização da forma de intervenção estatal e capacidade
governamental; falta de clareza das idéias relativas ao desenvolvimento
estratégico institucional; falha no julgamento do limite da capacidade
de endividamento; baixa qualidade dos projetos, que contêm objetivos
pouco claros, termos de referência vagos e erros na escolha dos prepa-
rativos para distribuição da assistência técnica; seleção dos consultores
estrangeiros mal realizada e inadequada qualificação dos consultores
locais; falha na seleção dos candidatos e complementos para treinamen-
to e mal uso do corpo técnico de treinadores; e, finalmente, supervisão
inadequada dos projetos, um fator encontrado em mais da metade dos
projetos analisados. Portanto, o Estado tem que desenvolver novos ser-
viços de treinamento administrativo, criar condições de mercado e, se
possível, controlar o progresso dos serviços recentemente privatizados,
oferecendo assistência técnica se necessário.
Assim, conclui-se que atualmente a privatização reforça a neces-
sidade da competência, da responsabilidade e da eficácia da ação dos
governos, de forma a assegurar que as companhias privadas manterão a
qualidade e a garantia da provisão adequada dos serviços.
A complexidade da provisão
A discussão apresentada até agora revela que está longe de haver
um consenso sobre qual seria o agente adequado para prover serviços
36
educação primária
redes abastecimento água
ampla educação higiênica
vias principais
—————————————————————————————————————
bem público aumento da exclusão bem pago
↑
↑
↑
“puro”
As ONGs
As Organizações Não-Governamentais (ONGs) são fundações e
sociedades civis juridicamente constituídas sem fins lucrativos. Quando
reconhecidas como sendo de utilidade pública, essas entidades podem
receber recursos orçamentários e também contribuições, que podem ser
deduzidas do imposto de renda do doador.
Durante as décadas de 60 e 70, as ONGs na América Latina ocuparam
um estreito espaço entre as comunidades locais e as instituições formais
no campo dos serviços sociais e da promoção do desenvolvimento local.
Governos de países do Hemisfério Norte, assim como determinadas Fun-
dações, não desejavam dar assistência aos governos ou partidos políticos
autoritários do Hemisfério Sul. Assim sendo, eles estavam preparados
para dar suporte às ONGs locais, que freqüentemente trabalhavam com
grupos comunitários.
Em alguns países do Hemisfério Sul, as ONGs ajudaram a manter o
pluralismo político ao darem apoio a entidades comunitárias da socie-
dade civil. Em outros, ajudaram as comunidades locais a permanecerem
politicamente ativas, de forma a manter os governos autoritários sob
pressão popular. Nesses países, a importância dos trabalhos das ONGs nas
comunidades organizadas cresceu consideravelmente com a retomada
da democracia (Habitat, 1996).
Estima-se que o número de ONGs no mundo cresceu, entre 1970 e
1989, de 2.300 para 24 mil. Esse crescimento, em número e importância,
principalmente no países do Terceiro Mundo, está em parte associado a
uma deterioração da situação econômica, social e das crises políticas ocor-
ridas nesses países na recente década, e à falta de habilidade dos governos
em encontrar alternativas viáveis de desenvolvimento (Arrossi, s.d.).
Uma outra razão para o crescimento do número de ONGs na América
Latina é a própria falta de representatividade dos governos. Os gover-
nos militares habitualmente forçavam a saída de muitos profissionais e
acadêmicos, tanto do governo quanto das universidades. Alguns desses
profissionais acabavam encontrando, dentro das ONGs, um novo empre-
go. Lá eles tinham reconhecimento por seu trabalho. Com a retomada da
democracia, muitos desses profissionais começaram a trabalhar em em-
pregos públicos ou voltaram para eles, trazendo consigo sua experiência
de trabalho nas ONGs.
Uma terceira razão a ser apontada é o crescimento e o amadureci-
mento da tomada de consciência sobre questões sociais, tanto por parte
de profissionais quanto de não-profissionais, que encontram no trabalho
junto às ONGs os meios necessários para aprimorar esse conhecimento.
O papel das ONGs na provisão de serviços em áreas urbanas de
38
baixa renda merece ser destacado, uma vez que as análises dos níveis de
pobreza baseadas apenas na questão dos rendimentos são inadequadas:
os níveis de pobreza urbana são muito mais altos do que essas análises
sugerem. Além disso, é reconhecido que governos de grandes cidades
investem mais em áreas ricas do que em pequenos centros ou distritos
onde predomina a população de baixa renda, a qual recebe pouco ou
mesmo nenhum investimento em serviços (Hall, 1996).
Apesar de o trabalho das ONGs estar atualmente estabelecido em
muitas sociedades do Terceiro Mundo, a ponto de muitas terem obtido
reconhecimento internacional, raramente as ONGs têm sido capazes de
trabalhar numa escala tal que elas tenham um impacto significativo na
redução da pobreza. Somente em poucos países ou em determinadas
cidades as ONGs ou grupos de ONGs conseguiram alcançar um nível de
atuação significativo junto às camadas mais pobres. Na América Latina,
por exemplo, é muito comum encontrar ONGs trabalhando com comu-
nidades de baixa-renda na construção de poucas dezenas de unidades
habitacionais. A necessidade de se mudar a escala de impacto é um dos
correntes desafios enfrentados por todos aqueles que tentam desenvolver
programas que irão alcançar um grande número de pessoas, sem perder
as qualidades inerentes a um projeto de pequena escala (Arrossi, s.d.).
Duas objeções freqüentemente feitas às ONGs precisam ser aponta-
das. A primeira é que o custo administrativo das ONGs é por demais alto.
Entretanto, os números demonstram que esse argumento é falso, pois
eles evidenciam que dos 816 projetos de ONGs que foram aprovados
desde o começo, em 1990, até novembro de 1992, somente 14% tinham
um custo administrativo alto, superior à taxa de 20% geralmente aceita,
enquanto 76% dos projetos estavam com seus custos administrativos
abaixo de 15%.
Em alguns países, como, por exemplo, em Bangladesh, avalia-se
o papel das ONGs de um modo negativo. A crítica recai principalmente
sobre o excesso de burocracia individual, as práticas políticas condenáveis,
e o intelectualismo de seus membros. Institucionalmente questiona-se,
além dessas críticas, a duplicação de papéis, a sobreposição, a falta de
coordenação, etc. Sabe-se que algumas dessas críticas têm uma certa
dose de verdade. Outras, entretanto, são indevidamente generalizadas e
sem substância (IDPN, 1994).
Até recentemente, existia uma grande lacuna entre as ONGs e os
setores público e privado, uma vez que as ONGs preferiam ficar afastadas
deles, provavelmente por acreditarem que esses grupos ou instituições
não estivessem comprometidos com o desenvolvimento urbano. Essa
atitude representou um equívoco por parte das ONGs, o que ajudou não
só a criar confusão e suspeita sobre suas atividades, como também a
Ofertas de serviços urbanos 39
As comunidades de base
Os serviços públicos dificilmente conseguem cobrir uma área tão
extensa quanto seria necessário. Assim, famílias e comunidades são for-
çadas a tomar suas próprias providências para obter abastecimento de
água, coleta de esgotos, depósitos de lixo e outros serviços em regiões
onde a cidade cresce rapidamente.
É possível que a principal vantagem do envolvimento comunitário
na provisão de seus próprios serviços seja o seu profundo conhecimento
das características e das necessidades locais. Assim, mesmo que um serviço
seja provido por uma agência pública, firma privada ou ONG, a consulta
à comunidade e sua participação são recomendáveis. O envolvimento
direto da comunidade em parte da provisão de um determinado serviço,
ou em toda ela, é benéfico por garantir a oferta do mesmo, principalmente
quando não existem outras opções para seu provimento, seja de caráter
40
público, privado, ou por meio das ONGs. Porém, diversas críticas a esse
envolvimento têm sido apontadas:
– A participação comunitária é muitas vezes romantizada. Corre-se
o risco de haver o controle de poder por meio de elites locais.
– A comunidade não tem conhecimento técnico suficiente para lidar
com etapas complexas como financiamento, gerenciamento, produção
propriamente dita, etc.
– O trabalho comunitário, na verdade, constitui uma sobrexplo-
ração. Além de executar as suas atividades profissionais, os membros de
tais comunidades são obrigados a usar as suas horas livres para trabalhar
na provisão de serviços – ao contrário, por exemplo, dos setores da po-
pulação que recebem serviços do Estado, ou podem comprar os mesmos
do setor privado.
– A comunidade só consegue substituir o governo na provisão de
determinados serviços em uma escala pequena.
Os sistemas mistos
Na verdade, grande parte da provisão de serviços urbanos em
países em desenvolvimento é mista, envolvendo dois ou mais agentes.
Batley (1996), por exemplo, afirma que o Estado em geral participa, de
uma maneira ou de outra, nem que seja apenas para regulamentar um
determinado serviço, mesmo que tal regulamentação seja pro forma.
Sabe-se que existem poucos serviços urbanos sem algum tipo de atri-
buição justificando um interesse governamental, se é que há algum. Por
outro lado, a provisão pública pura, sem qualquer envolvimento privado,
é também difícil de se justificar, por motivos técnicos relacionados com
as características dos bens e serviços.
O Banco Mundial sugere, por exemplo, o processo de desagrega-
ção de serviços. A idéia é que, se o processo de produção e entrega são
considerados separadamente, somente alguns de seus aspectos irão
requerer intervenção pública. Assim, a energia elétrica para as indústrias
pode ser verticalmente desagregada, separando a produção, que pode
facilmente ser competitiva, da distribuição, que pode ser monopolizada.
Alternativamente, pode-se também promover a desagregação horizontal
quando, por exemplo, um serviço puder ser quebrado geograficamente,
como a oferta de água na Inglaterra, ou por categoria de serviço, como a
opção por transporte de carga em oposição ao transporte de passageiros
nos trens. Isto permite a comparação entre performances e promove a
concorrência para reduzir o custo de entrada, e, portanto, a possibilidade
Ofertas de serviços urbanos 41
Performance
Ao falarmos de performance em serviços urbanos, devemos enten-
der que estamos fazendo uma comparação entre serviços em cidades
diferentes. É possível realizar uma comparação entre cidades de diferentes
países, desde que sejam levadas em conta as diferenças políticas, os graus
de desenvolvimento do setor privado e os níveis de riqueza de cada um
deles (Batley, 1996).
O custo unitário de diversas formas de infra-estrutura e serviços é
muito baixo quando fornecidos para todos dentro de uma determinada
área, como é o caso da pavimentação de estradas e ruas, da iluminação
de ruas, do fornecimento de energia elétrica, do abastecimento de água
e sistemas de drenagem. Em muitos casos, pode-se alcançar maior
economia por meio da provisão simultânea de dois ou mais serviços: a
coleta de lixo fica muito mais barata e fácil se a estrada for pavimentada;
os sistemas de drenagem funcionam melhor onde existe coleta de lixo,
e os sistemas de abastecimento de água precisam de sistemas comple-
mentares de drenagem.
Provisão Comunitária
A comunidade e a
vizinhança assumem a de pequena escala e água e drenagem de uso
responsabilidade pela limitada abrangência ao comunitário, estradas
provisão. redor da comunidade. locais.
Bens e serviços públicos Melhoramentos no bairro,
42
Provisão Privada
Licenciada
O governo assume Nos casos de bens e Táxis, mercados,
um papel mínimo serviços privados com transporte público, feiras
de licenciamento de baixa externalidade. livres.
fornecedores privados.
Responsabilidade e
Propriedade Estatal
com Produção Privada
A Responsabilidade
Final é do Governo
e a Operativa dos
Produtores Privados
Pressupõe-se
Contratos de lease por exclusividade, a Provisão de água, gás,
dez anos. O detentor capacidade de firmas para eletricidade, mercados,
do contrato assume a financiar investimentos transporte públicos.
responsabilidade de e tolerar riscos; a
inanciar a manutenção. capacidade do governo
de supervisionar o
comprimento dos
contratos.
Parceria entre
Provedores Públicos e
o Setor Privado
Onde existe interesse Aquisição e
União de parceiros mútuo em projetos que desenvolvimento de
União de investimentos têm a possibilidade de terras para habitação e
Joint Ventures na qual os oferecer retorno do comércio, etc.
distintos papéis do setor investimento; o setor
público e privado são privado precisa que o
combinados. governo cubra os riscos
e faça investimentos
básicos. O setor público
espera por benefícios
públicos por parte de
investimentos privados.
Subsídios Públicos
para Consumo Privado
O governo subsidia o O aumento do consumo Alimentação, habitação,
consumidor, autorizando-o de bens privados acarreta serviços básicos de saúde.
a comprar bens e serviços benefícios e provisão
privados, fornecendo privada mais eficiente.
vales que permitem
aos beneficiados a
livre escolha dentro do
mercado; permitindo não
pagar taxas.
Ofertas de serviços urbanos 43
Provedor Público
dentro do processo de
mercado
Conclusão
Este capítulo apresentou uma discussão geral da provisão de ser-
viços urbanos, preparando assim o terreno para a análise específica e
subseqüente da habitação. Foram apresentados os principais argumen-
tos a respeito de que agente(s) deve(m) ou não prover serviços urbanos
em geral. Ficou claro que está longe de haver um consenso a respeito
de um modo de provisão genérico que seja melhor ou ideal. Ainda, que
é também difícil identificar/criar critérios para avaliar performance que
sirvam indiscriminadamente para os serviços em geral. Um caminho de
pesquisa promissor para produzir dados e resultados relevantes para o
atual estado-da-arte é compartimentar a análise por serviço e também por
contexto. Isto justifica a contribuição da presente pesquisa, que aborda
especificamente o serviço/bem habitação no contexto brasileiro.
CAPÍTULO II
A HABITAÇÃO COMO UM BEM OU
SERVIÇO URBANO
Introdução
A questão da provisão de habitação para populações de baixa renda,
por meio do mecanismo do mercado privado em países em desenvolvi-
mento, tem estado na pauta dos estudos sobre habitação desde a metade
da década de 70 (Grimes, 1976; World Bank, 1975). Durante os anos 80,
entretanto, a necessidade de se diminuir a participação do governo na
economia como provedor direto ganhou ampla aceitação, quase universal,
acompanhada de uma confiança crescente no setor privado (Israel, 1990;
World Bank, 1988). Esta política tem sido adotada pela maioria dos países,
com diferentes intensidades, independente de ideologia, estrutura política
ou níveis de desenvolvimento. Com isto, a expansão da participação do
mercado privado, na provisão de habitação nos países em desenvolvimen-
to, tornou-se progressivamente o foco das atenções nessa década.
A política de maior participação do mercado privado, na provisão
de habitação em países em desenvolvimento, foi particularmente advo-
gada pelo World Bank e pelos teóricos a ele ligados durante os anos 80.
Nessa década, o Banco e esses teóricos desenvolveram uma estratégia
denominada de facilitação (enabling), que tinha como princípio básico
o apoio do setor público à atividade do mercado privado nesse setor
(World Bank, 1988; LaNier et al., 1987; Cohen, 1983; Kimm, 1987; Linn, 1983;
Loh, 1987). A estratégia de facilitação também forneceu o embasamento
para a “Estratégia Global para Abrigo para o Ano 2000”, que foi adotada
pela agência Habitat (United Nations Centre for Human Settlements),
em 1988. O trabalho mais recente sobre política do setor habitacional do
Banco Mundial (World Bank, 1993) mostra que a estratégia de facilitação
que tem em vista os mercados privados de habitação é o principal aspecto
da política de habitação, para países em desenvolvimento, adotada por
46
Comparando a habitação
com outros serviços urbanos
Os principais serviços urbanos nos países em desenvolvimento,
como saúde, educação, destino final de lixo e esgoto, e fornecimento de
água e eletricidade têm sido providos, completa ou parcialmente, de modo
direto pelo governo (Batley, 1996; Nickson, 1996; Bennet et al., 1995).
A provisão desses serviços sempre envolveu um grande número
de repartições e agências governamentais sob a forma de instituições
prestadoras de serviços, tais como hospitais públicos, clínicas, escolas,
universidades, e organizações operacionais regionais e locais, voltadas
para planejamento, gerenciamento, provisão e manutenção desses servi-
ços (Ibid.). Nessas instituições, inevitavelmente, estão envolvidos muitos
recursos financeiros e humanos, e muita burocracia (Ibid.). Adicione-se a
isto a necessidade de as organizações nacionais e regionais estarem pre-
sentes na formulação das políticas estratégicas e no gerenciamento dos
diversos setores de provisão, tais como os ministérios e seus escritórios
regionais.
A provisão de habitação, por outro lado, tem sido amplamente
dominada pelo setor não-público, ou seja, pelo setor privado formal e
informal, pelos construtores de suas próprias casas de forma privada, e
pelas cooperativas (Unchs, 1996a, b, e c; Okpala, 1992). É certo que, de modo
A habitação como um bem ou serviço urbano 47
como tendo uma única face. Ao invés disso, essa relação é definida como
sendo dialética e dinâmica. Esta é uma relação na qual os agentes não são
somente atores passivos atuando no interior da estrutura, sem influenciar
sua forma ou extensão, mas são atores envolvidos ativa e continuamente
na reformulação da estrutura, através da pressão individual e organizada,
e da atividade voltada para seus interesses, que é, ela própria, influenciada
e moldada por pressões externas da estrutura sobre os agentes. Sendo
assim, em qualquer época a forma da estrutura e sua relação com os
agentes é determinada pelo equilíbrio entre a necessidade de o Estado de
salvaguardar os interesses estratégicos do modo dominante de produção
como um todo, e as necessidades dos agentes individuais envolvidos
nesse setor da economia.
Pode-se concluir, dessa forma, que o tipo de agentes e as relações
sociais entre eles são parte integrante da forma e das características
definidoras da estrutura. Conseqüentemente, embora os agentes possam
ser separados da estrutura em alguns níveis da análise, eles podem ser
considerados como componentes de uma parte integrante da estrutura
em outro nível.
Um exemplo de variação da estrutura e sua influência no compor-
tamento dos agentes pode ser visto no comportamento do investimento
das firmas construtoras de habitações britânicas e suecas. A estrutura
que regula a atividade de construção habitacional na Grã-Bretanha per-
mite a formação de bancos de terra por firmas privadas, e a integração
de ganhos da urbanização de terra na estratégia de lucro dos principais
construtores de habitação (Ball, 1983; Duncan, 1986). Conseqüentemente,
as firmas britânicas estão principalmente interessadas na maximização
de seus ganhos em urbanização de terras, que se baseiam pesadamente
na especulação e na manipulação do mercado, ao invés de se apoiarem
no aumento da produtividade e eficiência.1 Isto requer, primeiramente,
a compra de terra do proprietário original a preços mais baixos possíveis
e, posteriormente, a urbanização dessas terras para habitação de forma
bem sucedida, no tempo e no lugar certos. Esses aspectos maximizam o
valor da urbanização da terra. Sendo assim, a produção de habitação por
firmas privadas está inserida dentro da estratégia especulativa geral da
firma, e não na carência habitacional no país (Ball, 1983).
Diferentemente do caso da Grã-Bretanha, a estrutura sueca é
1. A especulação de terra acontece quando a terra é retida e vendida para aumentar o aluguel
de terra ou rendas de terra não construídas, e é geralmente articulada pelo proprietário
original. O ganho da urbanização de terra, por outro lado, é a renda ganha do valor da
terra da urbanização como uma parte integrante dos programas de habitação ou de
outras formas de construção (Ball, 1983).
50
Van der Linden, 1990; Gilbert, 1990; Nientied & Van der Linden, 1990).
Existem, entretanto, complicados e intrincados processos acon-
tecendo na provisão de habitação para baixa renda em países em de-
senvolvimento. Qualquer exame significativo desses processos requer
inevitavelmente a análise da organização social, política e econômica
dominante, e dos processos de desenvolvimento da sociedade que têm
gerado a situação criada, em primeiro lugar, e que define a estrutura legal
e de operação para provisão de habitação. Além disso, devem também
ser examinados os papéis e as relações sociais de todos os agentes en-
volvidos em cada um dos assentamentos, entre eles próprios e entre eles
e a estrutura externa, manifestada principalmente na forma da máquina
estatal e suas regras e leis.
Esses agentes englobam famílias individuais, grupos comunitários
e líderes, ONGs, funcionários do governo central e local que lidam com
segurança, planejamento, e provisão de serviço e finanças, políticos
locais e centrais, financiadores privados e emprestadores de dinheiro e
incorporadores privados de terra. Essa visão é clara nos trabalhos de todos
os autores mencionados até aqui, assim como de muitos outros, como a
maioria dos colaboradores em trabalhos conjuntos como Jones e Ward
(1994), Matley (1992), Baross e Van der Linden (1990), para mencionar
somente alguns.
Praticamente todas as agências estatais envolvidas com a provisão
de habitação em países em desenvolvimento concordam que a maioria
dos abrigos e das habitações para os grupos de renda média e baixa é
provida pelo setor informal. Entretanto, uma pequena porcentagem da
habitação para renda baixa, e praticamente todas as habitações para
rendas mais altas são providas através de canais formais do governo e do
setor privado. Os programas de habitação do setor público para grupos de
baixa renda podem tomar a forma de provisão pública direta das unidades
completas, programas de auto-ajuda e urbanização de favelas (Okpala,
1992; Unchs, 1996b). Existem também casos registrados de provisão de
habitação para baixa renda comercial e especulativa pelo setor privado
formal, em alguns países em desenvolvimento. Finalmente, a provisão de
habitação para renda baixa e média é também conseguida por meio do
setor cooperativo, que em alguns países opera em associação estreita com
o setor público, enquanto em outros é relativamente independente.
Em resumo, a ferramenta analítica escolhida para identificação e exa-
me dos modos de provisão de habitação, em países em desenvolvimento,
será baseada no modelo conceitual de estrutura e agência. Não existem
regras definitivas para separar os sistemas de provisão de habitação, con-
siderando-se que a definição e o número de estruturas possíveis seriam
completamente dependentes do nível de abstração ou generalização
adotado na análise (Ball & Harloe, 1992). A esse respeito, o mais importante
52
Conclusão
As invasões
Entre 1950 e meados da década de 80, em países em desenvolvi-
mento, as invasões foram o modo mais comum de provisão de habitação,
apresentando uma taxa de expansão anual entre 15 e 20% até a metade
da década de 70 (Baross & Van der Linden, 1990; Drakakis-Smith, 1981).
A principal característica desses assentamentos é a ocupação ilegal
de terras por famílias, com o objetivo de se abrigarem. Ao mesmo tempo,
em muitos países em desenvolvimento, a baixa qualidade da maioria das
unidades habitacionais e seu caráter improvisado, particularmente nos
estágios iniciais da ocupação, também contrariam a legislação local de
construção e do uso da terra (Unchs, 1996c; Drakakis-Smith, 1981).
Turner, seguindo o processo de desenvolvimento por ele identifica-
do em invasões realizadas em Lima, verificou que muitos assentamentos
desse tipo continuam consolidando e melhorando suas unidades habi-
tacionais, à medida que vão se estabilizando e que a situação econômica
Modos de provisão de habitação 58
O lote urbanizado
O princípio lógico mais importante desse modo de provisão de
habitação é a tentativa de repetir o sucesso da construção da casa pelas
famílias de baixa renda das cidades, com o apoio de projetos governa-
mentais de lote urbanizado. Isso seria conseguido mediante a provisão de
terra parcelada e com infra-estrutura para famílias que construiriam, elas
próprias, suas unidades habitacionais, no seu próprio ritmo. Uma versão
alternativa desses programas é a provisão de embriões de unidades,
isto é, o fornecimento de uma unidade mínima, suficiente apenas para
abrigar, que pode ser ocupada em pouco tempo pela família, e ampliada
quando o ocupante tiver dinheiro ou tempo. Uma hipótese importante
desses projetos é que uma porcentagem significativa do trabalho seria
feita pelos ocupantes, na forma de auto-ajuda, o que reduziria o custo
da construção (Tipple, 1994). Mas ocorre que em Matero, em Lusaka, por
exemplo, 92% das famílias envolvidas nos projetos de lotes urbanizados
contrataram trabalho (Ibid.).
Modos de provisão de habitação 72
podem equivaler a até 50% do orçamento total, são de tal monta que
tornam os lotes urbanizados inacessíveis a muitas famílias de baixa ren-
da. Conseqüentemente, muitas dessas famílias são excluídas no estágio
de seleção ou vendem seus lotes para grupos de renda média (Burguess,
1992; Soliman, 1986).
Em terceiro lugar, a má localização de muitos projetos implantados,
em geral em terra barata periférica, somada aos meios de transporte
inadequados, provocam problemas de acesso dos assentados aos locais
de trabalho nas cidades (Soliman, 1986).
Em quarto lugar, os residentes não recebem apoio técnico e finan-
ceiro adequado para melhorar as condições de sua habitação (Ibid.).
Em quinto lugar, o envolvimento do governo nesses projetos pode
com freqüência levar à especulação e ao aumento do preço da terra urba-
na ao redor do sítio, considerando-se que a implantação do projeto será
julgada como o reconhecimento gradual do governo da necessidade de
urbanizar a área como um todo (Ibid.).
Finalmente, tem-se argumentado também que, devido à introdução
de residentes de diferentes raízes, por meio de leilão, a homogeneidade
e o espírito cooperativo das favelas espontâneas são destruídos (Soliman,
1986). Conseqüentemente, seria impossível recriar o processo que em
muitas favelas eventualmente resultou em habitação acessível e de boa
qualidade (Ibid.). Além disso, outros autores têm também afirmado que
as principais vantagens dos processos de habitação informal derivam
precisamente da sua natureza informal, de serem capazes de livrar-se de
muitos custos inerentes aos processos formais, tais como as licenças de
construção, a adoção da legislação, as taxas, etc. (Burgess, 1985; Jones &
Ward, 1994). Sendo assim, qualquer tentativa de ganhar benefícios por
meio da iniciação dos processos de uma maneira formal levará inerente-
mente à falência (Ibid.).
A urbanização de favelas
A urbanização das favelas, por si só, não aumenta o estoque de
habitação, mas, como se pode inferir pelo próprio nome do processo, ela
resulta em padrões de habitação de melhor qualidade nos assentamentos
informais existentes. Nesse processo, entretanto, algumas unidades habi-
tacionais existentes em assentamentos podem ser destruídas, e, sendo
assim, ele pode gerar a necessidade de implementação de outros projetos,
como o do lote urbanizado, para reassentar as famílias desalojadas.
Da mesma forma que os programas de lote urbanizado, em geral os
programas de urbanização de favelas são baseados em projetos específi-
cos. Em alguns casos, entretanto, como o do programa de urbanização de
Karachi e Kampung, na Indonésia, esses programas podem constituir uma
Modos de provisão de habitação 74
A cooperação empreendedor-comunidade
Existem também raros exemplos de situações em que há um alto
grau de cooperação entre empreendedores privados e famílias de baixa
renda, visando a provisão de habitação barata e financeiramente aces-
sível. Num desses casos, na Índia, o empreendedor não somente atuou
como empreendedor e construtor, mas fez o papel de ONG e OCB, or-
ganizando a comunidade para economizar regularmente, e para poder
Modos de provisão de habitação 80
Conclusão
A discussão anterior indica claramente a existência de um consenso
a respeito da necessidade de adoção de estratégias de facilitação no apoio
dos mercados privados formal e informal. Nos países em desenvolvimento,
o grau de participação dos diversos setores de mercado privado, assumin-
do o papel principal, na expansão da provisão de habitação para a baixa
renda, dependerá da situação particular de cada cidade ou país, e das
características das estruturas e agentes da provisão de habitação.
Como ficou demonstrado na discussão dos modos de provisão da
habitação, o setor privado formal, sem dúvida, representa um papel impor-
tante na provisão, para alguns dos grupos de renda mais alta da população
de renda baixa e média, particularmente nos países mais desenvolvidos e
de renda mais alta. Mesmo assim, entre os atributos da atividade do setor
formal, um aspecto amplamente aceito por todos os grupos de autores é
que a motivação básica para a atividade formal privada é o lucro. Assim
sendo, a sugestão de que o setor pode expandir sua produção numa
área que, por sua natureza, envolve uma demanda efetiva baixa, pode
ter credibilidade somente se for possível demonstrar que as mudanças
sugeridas na política podem satisfazer as aspirações de efetivação do
lucro do setor privado formal, por um lado, e o poder de compra muito
baixo da população de baixa renda, por outro. Por essa razão, é essencial
determinar, clara e cuidadosamente, o grupo alvo que o setor de provisão
formal expandido deve atingir. Isto porque é bastante improvável que, em
muitos países em desenvolvimento, o setor privado formal possa atingir
as camadas inferiores da população de baixa renda.
Além disso, conforme mencionado anteriormente, a provisão de
habitação para baixa renda, em países em desenvolvimento, envolve uma
rede intrincada e complexa de relações entre vários agentes e o Estado.
Sendo assim, nos países em desenvolvimento, na elaboração de políticas
para o fornecimento avolumado da provisão de habitação de baixa renda
é importante levar em conta o contexto social e político, e a dimensão da
oferta de terra e habitação (Jones, 1994; Baken & Van der Linden, 1993). Por
esta razão, é importante identificar e levar em consideração a estrutura
completa de provisão, as interações entre os grupos de interesse rele-
vantes, os agentes envolvidos nos diversos submercados, e as formas de
provisão de habitação.
Isto se contrapõe à confiança exclusiva no equilíbrio entre a oferta
e a demanda, que é a base das recomendações esboçadas pelo World
Bank e seus aliados. Sem dúvida, esses ajustes são positivos no apoio e na
expansão do papel do setor privado, na provisão de habitação para baixa
renda. Eles são, entretanto, incapazes de levar em conta as complexas
83
Introdução
Este capítulo começa por revisar idéias recentes sobre como avaliar a
provisão habitacional. Com base na análise crítica do estado-da-arte neste
campo, o capítulo elabora a proposta metodológica usada na presente
pesquisa. Tal método combina uma avaliação de produto (a unidade
habitacional e seu entorno), com uma avaliação de processo (incluindo o
mecanismo institucional e a combinação de atores sociais presentes em
cada etapa dos diferentes modos de provisão).
Processo
Por processo de provisão entende-se todo o conjunto de ações le-
vadas a cabo pelos atores sociais envolvidos em um determinado modo
de provisão, e que são necessárias para que se chegue ao produto final
– neste caso específico, às unidades habitacionais e seu entorno.
A análise do processo de provisão foi realizada buscando examinar
não apenas o papel de cada instituição em cada modo de provisão, mas
também o significado de cada modo de provisão na instituição. Por esta
razão, a avaliação do processo se divide em dois elementos básicos: 1)
Métodos de pesquisa 91
A produtividade
O que está em questão neste item é a avaliação da instituição
provedora. Para uma compreensão da instituição como um todo, foram
selecionados os seguintes indicadores:
1. O objetivo da instituição;
2. A estrutura administrativa da mesma (pelo menos como definida
legalmente);
3. As fontes de recursos previstas para a instituição, e se de orçamen-
Métodos de pesquisa 93
Questões legais
A etapa de requisição ficou inserida nos indicadores de acesso e
motivação, e não foram definidos indicadores específicos para o licen-
ciamento de terreno e de obra, uma vez que os indicadores de provisão
da terra e de licenciamento da obra tratavam desta questão, evitando-se
assim redundância na investigação. Desse modo, restaram oito etapas
para avaliação:
(1) provisão de terreno;
(2) projeto da construção – unidades habitacionais e infra-estru-
tura;
(3) licenciamento;
(4) financiamento da construção;
(5) processo de construção;
(6) fiscalização da construção;
(7) financiamento da compra das unidades habitacionais ou finan-
ciamento ao mutuário;
(8) entrega das unidades habitacionais.
I. INDICADORES DE ACESSO
1. Informação sobre quem teve acesso à provisão habitacional por este modo.
2. Maneira como foi divulgado o processo para selecionar mutuários ou provedores
secundários.
3. Existência/quantidade de mutuários inscritos mas não atendidos, por não serem
selecionados ou por não haver produção suficiente.
Métodos de pesquisa 97
Produto
Além do processo, descrito acima, os diversos aspectos da unidade
habitacional e do agrupamento destas, inclusive a relação que mantêm
com o resto do tecido urbano, também caracterizam um modo de provi-
são. Tais elementos constituem o produto de um determinado modo de
provisão. O mutirão verticalizado, por exemplo, é diferente do mutirão que
resulta em unidades térreas – neste caso, a diferença básica é resultante
da característica da unidade considerada.
Os indicadores de produto foram criados com a intenção de avaliar
todos os aspectos mencionados no parágrafo anterior, partindo do prin-
cípio de que a avaliação da habitação não pode se resumir à avaliação da
unidade habitacional/abrigo.
O sítio imediato e a relação da unidade com o tecido urbano no
qual está inserida também devem ser avaliados. Assim, foram criados
indicadores relacionados aos seguintes elementos:
1. unidade habitacional em si - dimensões, conforto térmico, etc;
2. sítio projetado onde se agrupam todas as unidades – projeto,
infra-estrutura, serviços etc;
3. relação destes com o tecido urbano como um todo – distância
do trabalho, acesso ao transporte, segregação ou inclusão na malha
urbana etc.
Esta etapa está apoiada na experiência profissional dos pesquisa-
dores envolvidos no trabalho, que são arquitetos, engenheiros e técnicos
em construção civil, bem como em publicações de estudiosos das áreas
de qualidade e desempenho das edificações e especificamente das habi-
tações, o que fatalmente acaba também por nos direcionar aos estudos
sobre APO – Avaliação Pós-ocupação. Segue-se abaixo uma breve revisão
da literatura sobre esses assuntos, que como um todo contribuem para
a formação do conceito de produto habitacional.
– conforto higrotérmico;
– conforto acústico;
– conforto visual;
– conforto antropodinâmico;
– higiene;
– adaptação ao uso;
– durabilidade;
– conforto psicológico.
Para a avaliação do conjunto conforme as áreas de desempenho
acima, foram executadas, entre outras, as seguintes etapas:
– Caracterização do município: geografia, indicadores socioeconô-
micos;
– Caracterização do conjunto habitacional: histórico, número de
unidades, área, população e equipamentos públicos, comunitários e
abastecimento;
– Levantamento das habitações pluri- e unifamiliares segundo as
tipologias construtivas;
– Aplicação do questionário definitivo de caráter pessoal, de pergun-
tas qualitativas de escolha múltipla para medir a satisfação dos usuários,
às quais associaram-se valores de 1 a 6, e perguntas abertas, além da
caracterização socioeconômica das famílias e uma “check-list” executada
pelos entrevistadores.
É possível identificar no questionário utilizado no Conjunto Castelo
Branco os seguintes itens, conforme diferentes níveis de avaliação:
Unidade Habitacional
– revestimento / acabamento;
– esquadrias;
– instalações elétricas;
– instalações hidráulicas;
– conforto (térmico, acústico, ventilação, luz natural);
– disposição arquitetônica.
Edifício
– manutenção;
– aparência;
– estacionamento;
– iluminação artificial;
– proteção contra vento e chuva (nas áreas comuns);
– acesso para deficientes físicos.
Conjunto Habitacional
– manutenção;
– equipamentos públicos;
– transporte;
Métodos de pesquisa 103
– iluminação artificial;
– abastecimento;
– saúde;
– educação;
– lazer;
– segurança;
– organização condominial.
Outras questões se sucederam, indagando sobre a gradação de
importância no que diz respeito a dez aspectos da edificação, e formu-
lando perguntas sobre a manutenção e o uso do imóvel. Além disso, a
caracterização socioeconômica e o “check-list” das unidades foram cor-
relacionados com os itens a seguir:
Caracterização socioeconômica
– tempo de moradia;
– profissão;
– renda familiar;
– número de moradores.
“Check-list”
– revestimento/acabamento;
– esquadrias;
– instalações elétricas;
– instalações hidráulicas.
Outro documento que trata da avaliação pós-ocupação em conjun-
tos habitacionais é Lay et al. (1993), que relata sucintamente as metodolo-
gias e os critérios utilizados quando do estudo de cinco empreendimentos
realizados no Rio Grande do Sul. Tal trabalho teve fundamentalmente
como objetivo detectar os elementos de desenho, as características
ambientais mais importantes para o desempenho do conjunto, e o nível
de satisfação dos moradores. Todavia, as técnicas de pesquisa e análise,
apesar de sumariamente apresentadas, constituem importantes referên-
cias para este trabalho.
O significado de satisfação não pode ser dissociado do fato de que
as pessoas baseiam sua opinião em parâmetros de comparação entre seu
ambiente atual e suas aspirações. Por conseguinte, características como
classe social e faixa etária, por exemplo, são fatores influentes da satisfação
de um usuário com sua habitação (Galster, 1987 apud. Lay et al., 1993).
Para determinação do tamanho das amostras na abordagem do
conceito de satisfação, a literatura especializada indica tratamento pela
estatística não-paramétrica (Siegel, 1946; Neale and Liebert, 1986; Leed, 1989
apud Lay, 1993). Desta forma, a representatividade da população seria
obtida com, no mínimo, 30 elementos.
A respeito da apresentação dos questionários, Lay et al. (1993)
104
– participação no projeto;
– custo e preço.
Unidade habitacional
– aspectos de projeto (dimensão, número de unidades, tipologia);
– cobertura;
– segurança;
– manutenção;
– revestimento / acabamento;
– instalações hidráulicas e elétricas;
– esquadrias;
– arquitetura;
– conforto (térmico, acústico, ventilação e luz natural).
Conjunto habitacional
– aspectos de projeto (dimensão);
– drenagem;
– acessos;
– arquitetura;
– iluminação pública.
Conjunto em relação ao entorno
– equipamentos públicos;
– acessos;
– manutenção;
– saúde;
– educação;
– segurança;
– lazer;
– abastecimento;
– transporte;
– localização;
– poluição.
Conclusão
Primeiramente, este capítulo revisou o pensamento recente sobre
como avaliar a provisão habitacional. Ficou claro que o estado-da-arte
enfoca preponderantemente a avaliação do produto, ou seja, a unidade
habitacional e/ou o seu entorno. A partir dessa constatação, foi proposto
um método de avaliação que combina esse tipo de indicador, o produto,
com outro tipo, o processo. Este capítulo discutiu a pertinência de cada
um dos tipos de indicadores e seus detalhes. Isto completa a parte da pes-
quisa correspondente à elaboração do marco conceitual e metodológico.
Tal marco vai ser contrastado com a evidência empírica, coletada em seis
modos de provisão no Brasil. Portanto, para trazer a discussão, até agora
feita em termos genéricos, para o contexto específico dos dados a serem
coletados e analisados, o próximo capítulo abordará especificamente a
provisão de habitação no Brasil.
CAPÍTULO V
A PROVISÃO HABITACIONAL NO BRASIL
Introdução
Este capítulo visa, de forma breve, elaborar um quadro da situação
do Brasil no que diz respeito à condição habitacional, ao tipo de políticas
implementadas e à estrutura de provisão. Para tanto, faz-se necessário
dividir um processo de provisão em suas várias etapas, isto é, o planeja-
mento, o financiamento, o projeto, a produção, a gestão, a fiscalização e o
repasse das unidades. A partir disso, tenta-se identificar os atores sociais
responsáveis por cada uma dessas etapas, o modo de parceria entre es-
ses atores, bem como os mecanismos jurídicos, ou seja, a contratação, a
permissão, a franquia etc., que compõem os vários arranjos institucionais
que visam a provisão.
O capítulo, intitulado A Provisão Habitacional no Brasil, visa, por-
tanto, fornecer informações preliminares para a definição da pesquisa de
campo. O processo de obtenção dos dados será tanto a entrevista com os
agentes envolvidos, como a pesquisa na literatura relevante.
Histórico
A partir da metade do século XIX até a terceira década deste século,
o Brasil viveu a emergente e inicial expansão do capitalismo, baseada
principalmente na produção de café (Grandi, 1985; Mautner, 1991). Embora
a base da economia fosse rural, as atividades industriais nas áreas urbanas
também se expandiram, absorvendo um crescente número de trabalhado-
res assalariados. As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, em particular,
eram prósperos centros urbanos. A expansão do proletariado urbano criou
uma pressão para a provisão de habitação de baixo custo.
110
Habitação (BNH).
Este novo modelo teve por meta instituir uma forte presença estatal
no processo de provisão habitacional, que era também uma das áreas
prioritárias naquele regime recém-instituído. O BNH teve a incumbência de
centralizar o conjunto de ações do Estado no que diz respeito à produção
e distribuição de unidades habitacionais. Era o órgão gestor do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), e o órgão regulador do Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), esses dois subsistemas
compondo o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A diferença entre
eles é que o FGTS era destinado a financiar a produção de moradias para a
população de baixa renda, enquanto que o SBPE atendia à chamada faixa
de mercado, representando a faceta do BNH operava sem intervenção di-
reta do governo, com as etapas de financiamento, produção e distribuição
habitacionais nas mãos da iniciativa privada (Arretche, 1990).
Embora visasse atender às camadas mais baixas da população, entre
a metade da década de 70 e o início da década seguinte as Companhias
de Habitação (Cohabs) optaram por concentrar seus investimentos nas
famílias com renda superior a três salários mínimos. O mercado de baixa
renda era operado por agências estatais como agentes promotores, nor-
malmente as Cohabs, órgãos locais ou regionais equivalentes, ou os pró-
prios governos estaduais e municipais. No entanto, as Cohabs, que foram
concebidas para serem entidades de economia mista, acabaram sendo
controladas totalmente pelos seus respectivos municípios ou estados,
devido à falta de atratividade para os investimentos privados. De qual-
quer forma, tanto nesse subsistema, como naquele destinado às classes
média e alta em que o Estado atuou apenas como regulador, a produção
habitacional foi realizada por empreiteiras privadas (Arretche, 1990).
Além do sistema convencional baseado na construção estandar-
dizada em larga escala, houve programas alternativos. Esses incluem o
Profilurb (Programa de Financiamento de Lotes Urbanizados), o Ficam
(Financiamento para Construção, Ampliação e Melhoria), o Promorar (Pro-
grama de Erradicação de Subhabitação), além do programa de auto-ajuda
assistida chamado João de Barro. Apesar do objetivo primário de prover
moradias, havia também uma intenção explícita do BNH de fortalecer a
indústria da construção (Maricato, 1987; Mautner, 1991). O governo pro-
cedeu ainda à regulação do mercado de aluguéis por leis federais pondo
fim, em 1964, ao congelamento de seus preços em vigor. Com relação a
essa política de aluguéis, sua significância é apontada por Arretche (1990),
quando ressalta que, em 1986, um quarto dos domicílios urbanos eram
ocupados por inquilinos.
Por operar numa lógica de empresa privada, na qual investimentos
sem retorno inviabilizariam o processo, e aliado à concessão de subsídios
A provisão habitacional no Brasil 113
O Programa Pró-Moradia
O objetivo do Programa Pró-Moradia é atender famílias com renda
de até três salários mínimos, principalmente as que moram em áreas de-
gradadas, de risco, insalubres e impróprias para moradia. O mutuário é o
próprio Poder Público, local e estadual, que também é o agente promotor.
Os recursos são oriundos do FGTS, com juros de 5% ao ano, e da contra-
partida dos mutuários, que é de no mínimo 10% do valor investido.
As modalidades que poderão ser utilizadas e os valores máximos
para empréstimo e repasse por família são: Urbanização de Áreas, R$
7.000,00; Aquisição e/ou Produção de Lotes Urbanizados, R$ 4.500,00; Ces-
ta de Materiais de Construção, R$ 4.000,00; Infra-Estrutura em Conjuntos
Habitacionais, R$ 3.000,00; e Produção de Conjuntos Habitacionais,
R$ 8.500,00. Neste último item puderam ser atendidos empreendimentos
116
A Locação Social
A proposta para o programa Locação Social estava em elaboração
quando este documento foi redigido, e envolve ações técnicas, jurídicas,
sociais, econômico-financeiras e institucionais necessárias à sua imple-
mentação. A idéia é acoplar esse modelo aos outros programas em anda-
mento, desenvolvidos com base nas linhas de financiamento ao poder
público e ao setor privado.
O Programa Mutirão
Conforme uma das fontes consultadas, com o início da gestão
estadual em primeiro de janeiro de 1995, o primeiro passo no campo
habitacional foi a melhoria do programa de Mutirão. Reafirmou-se, ainda,
a questão da autogestão, compreendendo-se que no mutirão atua o tripé
Estado–Associação Comunitária–Assessoria Técnica. Essas últimas consis-
tem de escritórios de engenharia e/ou arquitetura que dão assessoria a
mutirões, e normalmente são constituídos sob forma de ONGs. Portanto,
para o sucesso do Programa, é necessário que esses três atores estejam
convencidos de que a solução em questão é viável. O mesmo governo
estadual reviu os antigos contratos considerando esse fator, visto que a
administração anterior havia concedido a autogestão não como a espinha
dorsal do mutirão, mas como apenas um detalhe desse.
No programa Mutirão, a questão das parcerias ainda não está total-
mente madura, uma vez que ele é ainda um programa novo. Hoje, nas
obras em andamento, existem casos extremos tanto de autogestão, isto é,
120
O Programa Habiteto
Paralelamente, surgiu a preocupação com o déficit habitacional no
interior, que vem crescendo assustadoramente, e também com a ques-
tão de que um programa de mutirão como o da capital não funcionaria,
dada a inexperiência da organização dos sem-casa com relação a esses
movimentos. Então, sob essas condições, foi desenvolvido um programa
chamado Habiteto, em que a parceira é feita com a prefeitura. Esta entra
A provisão habitacional no Brasil 121
Cabe ainda destacar que existe uma gerenciadora, que é uma em-
presa privada contratada para fiscalizar tecnicamente cada obra, ou seja,
fazer medições nelas. No entanto, essas empresas não são vistas pelos
entrevistados como um ator dentro dos vários projetos em que atuam,
por não serem protagonistas que interfiram de modo determinante no
processo.
O Plano Empresário
No Plano Empresário, a viabilização dos recursos e o fornecimento do
projeto arquitetônico são algumas das tarefas da COHAB-SP. À empreiteira
cabe apresentar os projetos urbanístico e de implantação, e construir as
unidades, retornando ao Poder Público a fiscalização do andamento da
obra e a comercialização com os mutuários. A procura e aquisição do ter-
reno, neste plano, também são incumbências da iniciativa privada. Além
disso, esta tem a vantagem de poder usufruir das diversas facilidades, do
ponto de vista de ocupação, que são concedidas às Cohabs, Inocoops,
CDHU, e outros órgãos. Este plano, apesar de ter funcionado para alguns
conjuntos, resultou em números inexpressivos.
O Plano Sim
Outro caso de parceria com o setor privado é o Plano Sim. No entan-
to, aqui ele assumia responsabilidades maiores, porque além dos papéis
exercidos no Plano Empresário, no Plano Sim esperava-se que a própria
124
O Programa Mutirão
O programa Mutirão foi criado na administração municipal de 1989-
1992, e inicialmente pertencia à Habi-SP, que cuidava dos programas
ligados à população de renda entre um e três salários mínimos. Apenas
recentemente o Programa passou a ser gerenciado pela Cohab-SP. Era
formado por 94 conjuntos de até 200 unidades, totalizando um número de
12.812 moradias. As glebas eram pequenas e adquiridas pela Prefeitura ou
pelas próprias associações comunitárias. A tipologia era caracterizada por
casas, sobrados, casas e sobrados, ou por prédios de até cinco andares. A
área útil era em média maior que as da CDHU (60m2 ao invés de 45m2).
Os conjuntos eram constituídos por cooperativas habitacionais, e as
unidades eram construídas pela população nos finais de semana. Os futuros
moradores participavam na escolha dos projetos urbanístico e arquitetô-
nico, do sistema construtivo, dos materiais utilizados, além de exercerem
a gestão do processo. Eram assessorados por escritórios – as assessorias
técnicas – que desenvolviam os projetos e toda a parte de acompanha-
mento de obra, orçamento, orientações, etc. Toda a regulamentação dos
mutirões e assessorias foi feita pela Sehab na época, estabelecendo os pro-
cedimentos de constituição do mutirão, as condições de aproveitamento
e de projeto, a fiscalização, o gerenciamento, as medições, as prestações
de conta, entre outras coisas.
Este programa esteve paralisado nos dois primeiros anos da gestão
municipal de 1993-1996, porque teve problemas das contas que foram
enviadas ao Tribunal de Contas. Posteriormente constatou-se que a maior
parte delas estava correta, e dessa maneira obteve-se autorização para o
programa continuar recebendo recursos. Os demais estão aguardando a
regularização para prosseguir. Não existem novos mutirões, mas dos 94
anteriores, a Cohab-SP está trabalhando com cerca de 60.
A provisão habitacional no Brasil 125
O Projeto Cingapura
O Projeto Cingapura é um programa de urbanização e verticalização
de favelas. A intenção é melhorar as condições de vida dos favelados sem
removê-los para lugares distantes dos atuais. A Prefeitura avalia as áreas
prioritárias e contrata empreiteiras para executarem as obras, e após a
conclusão do empreendimento, concede a permissão da área aos mora-
dores a partir da assinatura de decreto. O processo também compreende
um trabalho social para obter adesão da comunidade.
O Cingapura está sob a responsabilidade da Habi-SP, que está uti-
lizando grande parte dos recursos municipais para habitação, além de
empréstimos do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento.
A Paulicoop
A Paulicoop é um órgão assessor que gerencia o processo de forma-
ção e operação de cooperativas pelo sistema de autofinanciamento. É uma
empresa privada com atuação muito semelhante à do Inocoop-SP, exceto
em alguns procedimentos e pelo fato de ter fins lucrativos. Seu trabalho
inclui a compra do terreno, a avaliação da viabilidade do empreendimento,
a contratação dos projetos, da construtora, e a fiscalização da obra com
técnicos próprios. Além disso, tem a incumbência de gerir os recursos
dessas pessoas jurídicas autônomas denominadas cooperativas.
O resultado desse processo é que os preços são baixos porque não
136
Conclusões
Este capítulo sobre provisão habitacional no Brasil teve por objetivo
apresentar um panorama das políticas precursoras e atuais, de seus res-
pectivos produtos, e opiniões de pessoas de vários segmentos envolvidos
com o assunto. Como esta etapa do trabalho também tem um caráter de
contato prévio com o objeto da pesquisa, suas conclusões são apenas pre-
liminares. No entanto, é possível detectar algumas tendências que, apesar
de claras até este ponto, podem divergir do diagnóstico encontrado a
partir do desenvolvimento do trabalho de campo e das novas análises.
As primeiras conclusões dizem respeito à atuação do poder público.
Nos planos municipal e estadual do município de São Paulo, verifica-se
a adoção de sistemas de financiamento que pouco divergem dos tradi-
cionais. Portanto, apesar da instituição de novos modos de parceria que
modificaram o processo de produção e gestão dos recursos, inclusive com
sua democratização e redução de custos, os programas governamentais
local e regional pouco exploraram dos parceiros novas fontes de recursos.
Desta forma, tais políticas vêm se confrontar com a opinião dos entrevista-
dos, que acreditam que a maior dificuldade que o poder público enfrenta
para prover habitação é a limitação financeira. Os programas federais,
apesar de parecerem mais flexíveis nos diversos pontos (modalidades,
tecnologia, fontes de contrapartida do financiamento, por exemplo),
ainda não conseguiram causar impacto suficiente para propiciar algum
tipo de análise por parte dos profissionais que lidam com a habitação, em
agências de outros níveis de governo ou entidades autônomas.
O setor que engloba as ONGs e as OCBs apresenta várias formas
alternativas de gestão e trabalho comunitário a fim de melhorar a eficácia
do processo habitacional, inclusive desenvolvendo alternativas de reco-
nhecido ganho social. Entretanto, dificilmente prescindem do paternalismo
(ou apoio) estatal no que diz respeito à origem dos recursos. Seus próprios
representantes reconhecem que paralelamente à falta de vontade política,
a falta de capacidade financeira é um dos maiores limites para a resolução
do problema. As alternativas sugeridas por esses atores sociais parecem
depender de fortes mudanças na estrutura social, cuja viabilidade a curto
prazo é discutível.
138
14 1 Ambiente sim
16 2 Oficina de Habitação não
33 3 L. Castelo sim
32 4 Soma sim
30 5 Múltipla sim
31 6 Schahim Cury sim
12 1 39
15 2 32
23 3 39
25 4 40
27 5 46
29 6 45
A provisão habitacional no Brasil 141
12 B 1 1
15 B 2 1
24 B 3 1
25 B 4 1
27 B 5 1
29 B 6 1
12* 1 39
15* 2 32
23* 3 39
25* 4 40
27* 5 46
29* 6 45
Introdução
Esta etapa do trabalho tem por objetivo definir, coletar e analisar
informações relevantes para uma avaliação das moradias produzidas nos
seis programas abordados por esta pesquisa. O enfoque desse item é a
qualidade do produto, que, neste estudo, não se restringe à qualidade da
unidade habitacional, mas se estende ao seu conjunto, ao seu entorno e
à sua inserção na cidade. Convém lembrar que o estudo descrito neste
capítulo baseia-se apenas nos resultados de um conjunto habitacional
escolhido dentro de cada modo de provisão, diferentemente da análise
que trata do processo, na qual os dados dos modos de provisão como um
todo são levados em conta.
Para a análise global das respostas, as questões de cada um dos
questionários são agrupadas em tabelas de acordo com os itens abor-
dados e explicitados no Capítulo IV. Com isso, as respostas obtidas por
diferentes agentes respondedores (moradores, associações ou provedoras
secundárias, provedoras principais, construtoras ou assessorias técnicas
no caso de mutirões, e técnicos do projeto), no total dos seis conjuntos
referentes a cada modo de provisão, estão agrupadas nos respectivos itens.
Ainda conforme o Capítulo IV, nas questões qualitativas, isto é, aquelas
que dizem respeito ao ponto de vista/satisfação dos usuários, utiliza-se
uma escala de quatro pontos, com alternativas “péssimo-ruim-bom-ótimo”.
Para processamento das respostas, essas alternativas foram associadas a
uma escala de valores de 0 a 3; a média obtida por 3,33, resultando num
conceito ou nota entre 0 e 10, que reflete o nível de satisfação do agente
respondedor. Conseqüentemente, procede-se à comparação desses
dados com a análise dos conjuntos habitacionais de acordo com os itens
especificados.
Dessa forma, a estrutura deste capítulo parte da análise individual
de cada item, passando pelo estudo global dos vários itens que compõem
144
Conjunto II – Paraíso
Informações coletadas
Logo a seguir, antes de iniciar a exposição dos dados diretamente
relacionados ao Produto Habitacional, serão apresentadas as respostas de
algumas questões provenientes de parte dos questionários referentes a
processo. Esse conjunto de informações recebeu aqui o nome de Dados de
Apoio, e servirá como auxiliar para a análise do Produto Habitacional.
As respostas das questões dirigidas aos mutuários estão aqui apre-
sentadas em tabelas que mostram o número de respostas para cada al-
ternativa disponível ou faixa de valores. Na última linha da tabela aparece
sempre o conceito ou a média aritmética dos valores respondidos. Já para
as respostas obtidas dos outros agentes, as tabelas exibem apenas uma
linha de resposta, visto que nesses casos só foi apresentado um questio-
nário por agente respondedor em cada um dos conjuntos.
Com vistas a facilitar a compreensão dos dados examinados neste
capítulo, a Tabela 3 do Capítulo V, que relaciona os números dos conjun-
tos habitacionais a seus respectivos modos de provisão e provedoras, foi
novamente transcrita.
Os conjuntos habitacionais serão referidos por números, conforme
a Tabela 10, a seguir:
148
Dados de apoio
População
Conjunto I II III IV V VI
Número de pessoas
1 ou 2 14 2 4 11 9 4
3 ou 4 14 15 26 22 31 14
5 ou 6 7 11 9 7 5 18
7 ou mais 3 3 0 0 1 8
Outra resposta 1 1 0 0 0 1
MÉDIA 3,63 4,35 3,82 3,35 3,52 5,11
Conjunto I II III IV V VI
População Total
(No. de pessoas) 800 300 s/dados 9.200 1.400 s/dados
Conjunto I II III IV V VI
População Total
(No. de pessoas) 640 247 500 s/dados 240 4.000
(até o momento)
Tempo de moradia
Tabela 15 – Número de respostas, por faixas de tempo, dadas pelos mutuários à ques-
tão: Há quanto tempo está morando na residência? (supondo-se que seja o primeiro
morador) e o tempo médio de residência no local.
Conjunto I II III IV V VI
Faixa de tempo
0 a 6 meses 14 0 0 15 44 5
7 a 12 meses 23 0 0 20 0 30
13 a 24 meses 0 7 2 2 0 7
25 a 36 meses 0 12 8 1 0 3
37 ou + meses 0 12 29 0 0 0
Outra resposta 2 1 0 2 2 0
MÉDIA (meses) 7,95 37,16 50,92 8,76 3,14 12,67
Tabela 16 – Respostas dadas pelas provedoras principais à questão Quando foi a entrega
das unidades (quanto tempo faz que as unidades foram entregues)?
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Renda familiar
Tabela 18 – Número de respostas, por faixa de renda, dadas pelos mutuários à questão
Qual é a sua renda familiar?, e a renda familiar média.
Conjunto I II III IV V VI
Renda
até R$ 200 5 2 0 0 1 7
R$ 201 a R$ 500 22 17 1 0 3 21
R$ 501 a R$ 1.000 10 5 13 7 20 10
R$ 1.001 ou + 2 5 24 39 20 3
Outra resposta 0 3 1 1 2 4
RENDA MÉDIA (R$) 465,46 613,96 1.435,79 1.647,82 1.207,95 448,15
150
Participação no projeto
Tabela 19 – Número de respostas dadas pelos mutuários à questão Na época, houve
participação dos futuros moradores na elaboração do projeto arquitetônico da mora-
dia? ( ) sim; ( ) não.
Conjunto I II III IV V VI
Resposta
SIM 17 21 0 2 0 0
NÃO 22 9 33 34 46 45
Outra resposta 0 2 6 4 0 0
Tabela 20 – Número de respostas dadas pelos mutuários à questão Na época, houve par-
ticipação dos futuros moradores na elaboração do projeto urbanístico? ( ) sim; ( ) não.
Conjunto I II III IV V VI
Resposta
SIM 15 19 0 1 0 0
NÃO 24 11 32 35 46 45
Outra resposta 0 2 7 4 0 0
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Preço
Tabela 23 – Número de respostas dadas pelos mutuários à questão Quanto a provedora
cobrou pela sua moradia? e a média dos preços.
Conjunto I II III IV V VI
Preço
Até R$ 10.000 0 0 0 0 0 0
R$ 10.001 a R$ 12.000 2 1 0 0 0 0
R$ 12.001 a R$ 15.000 26 0 0 0 1 2
R$ 15.001 a R$ 20.000 2 0 4 0 4 4
R$ 20.001 ou + 1 0 18 35 30 0
Outra resposta 8 31 17 5 11 39
MÉDIA (R$) 14.402 12.182* 28.464 41.444 29.186 17.000
Tabela 24 – Respostas dadas pelas provedoras principais à questão Qual o valor total
dos recursos destinados / unidade habitacional?
Conjunto I II III IV V VI
- Unidade Habitacional
Aspectos do projeto
Tabela 25 – Respostas dadas pelas provedoras principais à questão Qual a tipologia
construtiva da unidade (casa, apartamento, etc.)?
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Tabela 27 – Número de respostas, por faixas de área, dados pelos mutuários à questão
Qual a área útil construída de sua moradia? e a área média construída.
Conjunto I II III IV V VI
Área
Até 40 m2 0 0 9 1 8 5
41 a 50 m2 5 0 20 4 22 8
51 a 60 m2 19 0 2 24 2 0
61 a 70 m2 0 3 0 3 0 0
71 m2 ou mais 0 10 0 2 0 0
Outra resposta 15 19 8 6 14 32
MÉDIA (área/m2) 52,71 74,08 44,35 57,41 43,16 41,62
Tabela 28 - Respostas dadas pelas provedoras principais à questão Qual a área útil
construída da unidade habitacional?
Conjunto I II III IV V VI
Área (m )
2
53,40 79,60 s/dados 55,85 43,00 45,88
Conjunto I II III IV V VI
Área (m )
2
54,00 s/dados 45,00 65,00 43,45 50,00
O dado que se refere à área útil da moradia possui, sem dúvida, uma
incontestável importância para sua qualidade. Além disso, quando há um
cruzamento desse dado com o valor do imóvel, obtém-se preço por metro
quadrado indicado na tabela. Sob esse prisma, o Conjunto II se destaca
dos demais pelo menor preço da área, que é de R$ 93,27 a R$ 164,44 de-
pendendo da fonte de informação considerada. O segundo colocado é o
Conjunto I, cujo metro quadrado vale de R$ 259,26 a R$ 273,23.
Produto habitacional 153
Conjunto I II III IV V VI
Edifícios 18 * 37 72 14 35
Conjunto I II III IV V VI
Edifícios 18 * 8 18** 20 35
Conjunto I II III IV V VI
Edifícios 9 s/dados 37 72 14 35
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
* Até o momento.
Conjunto I II III IV V VI
Cobertura
Tabela 36 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a condição da cobertura, com relação a goteiras e infiltração de água?
( ) ruim; ( ) boa e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Cobertura
Ruim 3 1 8 4 3 9
Boa 35 31 31 36 43 36
Outra resposta 1 0 0 0 0 0
CONCEITO 9,21 9,69 7,95 9,00 9,35 8,00
Segurança
Tabela 37 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a sua opinião sobre a segurança da moradia contra bandidos? ( ) péssima; ( )
ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Segurança
Péssimo 22 3 18 5 15 8
Ruim 8 5 14 11 17 19
Bom 8 20 7 21 14 17
Ótimo 0 3 0 3 0 0
Outra resposta 1 1 0 0 0 1
CONCEITO 2,10 5,81 2,39 5,17 3,26 4,01
Conjunto I II III IV V VI
Segurança estrutural
Péssimo 0 0 2 0 1 3
Ruim 2 0 8 5 3 15
Bom 29 23 26 32 40 23
Ótimo 5 9 1 3 2 3
Outra resposta 3 0 2 0 0 1
CONCEITO 6,93 7,60 5,68 6,50 6,45 5,30
Manutenção
Tabela 39 – Número de respostas, por faixa de preço, dadas pelos mutuários à questão
Quanto você paga de conta de luz por mês? e o preço médio.
Conjunto I II III IV V VI
Valor da conta de luz
até 9,99 6 2 1 4 1 5
de 10,00 a 19,99 21 7 3 9 23 17
de 20,00 a 29,99 8 6 7 8 10 10
30,00 ou + 3 16 28 19 12 10
MÉDIA (em R$) 19,11 30,00 43,13 31,98 24,95 24,74
Conjunto I II III IV V VI
Conserto
Sim 10 7 18 0 2 3
Não 26 18 17 40 43 42
Não se lembra 3 7 4 0 1 0
MÉDIA (R$)* 72,08 622,80 433,43 0,00 141,86 44,77
* Calculada entre os que gastaram e os que não gastaram, excluídos os que não se
lembram.
Conjunto I II III IV V VI
Melhoria
Sim 32 9 28 34 31 17
Não 4 17 7 5 14 25
Não se lembra 3 6 4 1 1 3
MÉDIA (R$)* 3.844,00 691,45 1.868,57 2.908,97 1.809,78 345,60
* Calculada entre os que gastaram e os que não gastaram, excluídos os que não se
lembram.
Conjunto I II III IV V VI
Revestimento/acabamento
Tabela 43 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a sua opinião sobre o acabamento das paredes da moradia? ( ) péssimo; ( ) ruim;
( ) bom; ( ) ótimo; ( ) não tinha acabamento e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Acabamento de paredes
Conjunto I II III IV V VI
*Com pintura.
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
* Revestimento de quartzo.
Conjunto I II III IV V VI
* Revestimento Kleiden.
Conjunto I II III IV V VI
* Barra lisa.
** Reboco e pintura a óleo.
Conjunto I II III IV V VI
* Barra impermeável.
Conjunto I II III IV V VI
Piso interno
Instalações hidráulicas
Tabela 51 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a sua opinião sobre o funcionamento do encanamento de água e esgoto? ( )
péssimo; ( ) ruim; ( ) bom; ( ) ótimo e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Encanamento
Péssimo 7 2 6 0 0 1
Ruim 10 2 14 4 4 1
Bom 15 17 13 32 33 38
Ótimo 5 11 6 4 9 5
Outra resposta 2 0 0 0 0 0
CONCEITO 4,95 7,19 4,96 6,67 7,03 6,81
Instalações elétricas
Tabela 52 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a sua opinião sobre a qualidade das instalações elétricas, quantidade e distribuição
de tomadas? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Instalações elétricas
Péssima 5 1 7 2 0 2
Ruim 7 2 14 12 8 3
Boa 18 17 14 22 34 36
Ótima 7 12 4 3 4 4
Outra resposta 2 0 0 1 0 0
CONCEITO 5,77 7,50 4,61 5,55 6,38 6,44
Esquadrias
Tabela 53 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a qualidade dos materiais das portas e janelas, bem como a facilidade de abrir
e fechar? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Portas e janelas
Péssima 16 3 11 7 4 4
Ruim 8 7 17 15 20 16
Boa 13 18 1 14 20 23
Ótima 1 2 0 1 2 2
Outra resposta 1 2 0 3 0 0
CONCEITO 3,25 5,44 3,33 4,14 5,00 5,03
Aparência
Tabela 54 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
O que você acha da aparência de sua moradia? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( )
ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Aparência
Péssima 2 1 0 0 1 1
Ruim 8 3 6 3 6 3
Boa 21 14 27 23 24 30
Ótima 7 14 6 14 14 11
Outra resposta 1 0 0 0 1 0
CONCEITO 6,23 7,60 6,67 7,58 7,11 7,11
Conjunto I II III IV V VI
Aparência
Péssima 5 0 0 0 0 0
Ruim 6 4 0 1 1 13
Boa 19 23 31 26 38 30
Ótima 7 5 3 6 6 0
Outra resposta 2 0 1 7 1 2
CONCEITO 5,86 6,77 6,96 7,07 7,04 5,66
Disposição arquitetônica
Tabela 56 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
O que você acha da distribuição, tamanho dos cômodos e facilidade para colocação
de móveis? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Cômodos
Péssimo 0 0 7 0 1 0
Ruim 4 1 13 6 12 18
Bom 24 24 19 30 33 22
Ótimo 10 7 0 0 0 5
Outra resposta 1 0 0 0 0 0
CONCEITO 7,19 7,29 4,36 6,41 5,65 5,70
162
Conjunto I II III IV V VI
Arquitertura interna
Péssima 1 0 0 0 0 0
Ruim 3 3 12 0 5 14
Boa 25 19 21 18 33 26
Ótima 6 7 1 4 1 1
Outra resposta 4 3 1 18 7 4
CONCEITO 7,17 7,13 5,00 7,27 6,32 5,61
Conjunto I II III IV V VI
Péssimo 24 9 17 2 28 26
Ruim 6 13 11 12 14 5
Bom 7 7 6 17 3 11
Ótimo 0 3 0 3 0 3
Outra resposta 2 0 1 6 1 0
CONCEITO 1,80 3,75 2,02 5,39 1,48 2,67
Conforto
Tabela 59 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Como é a temperatura interna no verão? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e
o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Temperatura no verão
Péssima 2 1 5 2 0 2
Ruim 2 3 17 5 10 15
Boa 29 17 14 28 31 23
Ótima 5 10 3 2 3 3
Outra resposta 1 1 0 3 2 2
Conjunto I II III IV V VI
Temperatura no inverno
Péssima 1 5 4 3 3 2
Ruim 8 9 14 5 18 12
Boa 25 9 19 28 23 29
Ótima 4 8 2 2 1 2
Outra resposta 1 1 0 2 1 0
CONCEITO 6,14 5,48 4,96 5,88 4,96 5,63
Conjunto I II III IV V VI
Luz natural
Péssima 0 3 0 0 0 0
Ruim 0 0 5 2 1 4
Boa 27 19 30 35 38 36
Ótima 11 10 4 3 7 5
Outra resposta 1 0 0 0 0 0
CONCEITO 7,63 7,08 6,58 6,75 5,65 6,74
Conjunto I II III IV V VI
Ventilação interna
Péssima 0 0 2 0 0 0
Ruim 0 1 3 1 2 4
Boa 26 19 28 34 34 31
Ótima 12 12 5 5 10 10
Outra resposta 1 0 1 0 0 0
CONCEITO 7,72 7,81 6,49 7,00 7,25 7,11
Conjunto I II III IV V VI
Barulhos externos
Péssima 6 4 12 4 8 3
Ruim 12 7 11 10 18 12
Boa 18 13 14 26 19 28
Ótima 2 8 2 0 1 2
Outra resposta 0 0 0 0 0 0
CONCEITO 4,74 5,94 3,85 5,17 4,28 5,48
164
– Conjunto Habitacional
Aspectos de projeto
Tabela 64 – Respostas dadas pelas provedoras principais à questão Qual a área total
da gleba?
Conjunto I II III IV V VI
Área (m )
2
13.628 153.500* s/dados 150.000 27.000 25.433
Conjunto I II III IV V VI
Área (m )
2
13.000 9.400* 60.000 154.100 26.000 s/dados
Os dados sobre a área total da gleba são relevantes no que diz res-
peito à geração de espaços de lazer, esportes e convívio social. No entanto,
seu valor absoluto, apresentado como área total por unidade habitacional
é limitado como indicador direto desses fatores. Afinal, deve-se considerar
que, em alguns casos, boa parte dessas áreas apresenta-se ocupada pela
rede viária interna e pelas moradias propriamente ditas. Este é o caso do
Conjunto II – Paraíso –, que por ter uma considerável rede viária interna
e por ser edificado em forma de sobrado possui pouca área útil restante.
Sua área de gleba por unidade é de 156,67, seguido pelos Conjuntos I, III
e V, nos quais esse indicador atinge índices aproximados de 83, 87 e 95
m2 de gleba por moradia, respectivamente. Com um valor bem inferior a
esses tem-se o Conjunto VI, onde a metragem quadrada total é de 36,33
por residência.
Produto habitacional 165
Drenagem
Tabela 66 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
O que você acha da drenagem do conjunto (problemas de inundações, alagamentos,
erosão)? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Drenagem
Péssima 0 1 2 0 0 1
Ruim 2 1 8 0 2 1
Boa 27 22 26 32 35 33
Ótima 10 8 3 8 5 9
Outra resposta 0 0 0 0 3 1
CONCEITO 7,35 7,19 5,90 7,33 6,30 7,12
Acessos
Tabela 67 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão O
que você acha da qualidade da rede viária (ruas) de dentro do conjunto? ( ) péssima;
( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima; ( ) não tem rede viária e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Rede viária
Péssima 3 1 7 1 2 0
Ruim 8 3 13 10 6 6
Boa 13 21 10 23 36 27
Ótima 1 6 1 4 1 6
Outra resposta 0 1 0 1 0 0
Não tem 14 0 8 1 0 6
CONCEITO 4,93 6,77 3,87 5,96 6,00 6,67
Aparência
Tabela 68 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
O que você acha da aparência do conjunto como um todo? ( ) péssima; ( ) ruim; ( )
boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Aparência
Péssima 5 0 5 0 0 0
Ruim 7 3 12 2 1 1
Boa 22 20 22 31 32 33
Ótima 4 9 0 7 13 11
Outra resposta 1 0 0 0 0 0
CONCEITO 5,53 5,98 4,79 7,08 7,54 7,41
Conjunto I II III IV V VI
Iluminação pública
Tabela 70 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a sua opinião sobre a iluminação pública do conjunto? ( ) péssima; ( ) ruim; ( )
boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Iluminação pública
Péssima 27 0 2 22 25 8
Ruim 8 4 12 13 12 5
Boa 4 23 21 5 7 27
Ótima 0 4 3 0 1 4
Outra resposta 0 1 0 0 0 1
CONCEITO 1,37 6,67 5,53 1,92 2,15 5,38
Conjunto I II III IV V VI
Orelhões
Péssima 2 2 3 5 34 0
Ruim 2 9 6 9 8 10
Boa 21 20 21 21 3 27
Ótima 14 0 9 5 0 8
Outra resposta 0 1 0 0 0 0
CONCEITO 7,35 5,27 4,10 5,50 1,01 6,52
Tabela 72 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão Qual
a sua opinião sobre a quantidade, distância e condição de equipamentos públicos como
caixas de correios? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Caixas de correio
Péssima 34 * 14 23 29 24
Ruim 4 * 5 8 5 10
Boa 0 * 15 8 10 9
Ótima 0 * 4 1 0 1
Outra resposta 1 * 1 0 1 1
CONCEITO 0,35 * 4,12 2,25 1,85 2,35
Conjunto I II III IV V VI
Quantidade 1* 0 4 3 0 1
* Cada unidade possui uma linha telefônica fornecida a preços populares pelo Governo
do Estado de São Paulo.
Conjunto I II III IV V VI
Quantidade 3* 2 0 0 2 6
* Cada unidade possui uma linha telefônica fornecida a preços populares pelo Governo
do Estado de São Paulo.
168
* Cada unidade possui uma linha telefônica fornecida a preços populares pelo Governo
do Estado de São Paulo.
Conjunto I II III IV V VI
* Cada unidade possui uma linha telefônica fornecida a preços populares pelo Governo
do Estado de São Paulo.
Conjunto I II III IV V VI
Acessos
Tabela 78 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
O que você acha da qualidade da rede viária (ruas e avenidas) que dá acesso ao
conjunto? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Rede viária
Péssima 2 * 2 3 12 2
Ruim 6 * 4 4 13 3
Boa 28 * 31 29 19 30
Ótima 3 * 2 4 1 10
Outra resposta 0 * 0 0 1 0
CONCEITO 6,07 * 6,15 6,17 4,00 6,89
Manutenção
Tabela 79 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
O que você acha da coleta de lixo? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa;
( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Coleta de lixo
Péssima 1 0 0 1 0 0
Ruim 0 0 3 3 0 0
Boa 28 23 32 31 40 34
Ótima 10 9 4 5 6 11
Outra resposta 0 0 0 0 0 0
CONCEITO 7,35 7,60 6,75 6,67 6,67 7,48
Conjunto I II III IV V VI
Saúde
Tabela 81 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Como é a condição do conjunto com relação ao acesso e à qualidade dos serviços de
saúde? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Serviços de saúde
Péssima 4 6 1 10 14 1
Ruim 4 12 2 4 12 8
Boa 25 10 28 21 17 31
Ótima 3 2 6 1 1 4
Outra resposta 3 2 2 4 2 1
CONCEITO 5,83 4,22 6,85 4,54 3,71 6,21
170
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Educação
Tabela 84 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Como é a condição do conjunto com relação ao acesso e a qualidade de escolas e
creches? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Escola e creches
Péssima 8 3 3 6 16 3
Ruim 6 18 3 6 9 10
Boa 18 9 25 21 18 27
Ótima 4 1 6 7 2 4
Outra resposta 3 1 2 0 1 1
CONCEITO 5,00 4,19 6,40 5,75 3,78 5,76
Conjunto I II III IV V VI
* Creche particular.
Produto habitacional 171
Conjunto I II III IV V VI
Tabela 87 – Respostas dadas pelos técnicos do projeto à questão Qual a distância que
deve ser percorrida para ter acesso à escola de primeiro grau mais próxima?
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Tabela 89 – Respostas dadas pelos técnicos do projeto à questão Qual a distância que
deve ser percorrida para ter acesso à escola de segundo grau mais próxima?
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Segurança
Tabela 91 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
A segurança contra assaltos e crimes no conjunto e nas vias de acesso a ele é: ( )
péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Segurança
Péssima 15 3 9 2 16 6
Ruim 11 9 25 5 12 10
Boa 10 17 5 31 17 25
Ótima 0 2 0 1 0 3
Outra resposta 2 1 0 1 1 1
CONCEITO 2,79 5,27 2,99 5,98 3,41 5,23
172
Tabela 92 – Respostas dadas pelos técnicos do projeto à questão Qual a distância que
deve ser percorrida para ter acesso ao posto policial mais próximo?
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Lazer
Tabela 94 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
O que você acha dos espaços e equipamentos para convivência social e lazer para
crianças e jovens (quadras, parquinhos, etc)? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( )
ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Espaço e equipamentos
Péssima 22 7 26 30 31 17
Ruim 12 18 10 6 12 11
Boa 1 2 3 0 1 15
Ótima 0 0 0 0 2 2
Outra resposta 4 5 0 4 0 0
CONCEITO 1,33 2,72 1,37 0,55 1,45 3,48
Conjunto I II III IV V VI
Espaço e equipamentos
Péssima 27 14 27 30 33 29
Ruim 9 17 10 6 12 10
Boa 1 0 2 4 1 5
Ótima 0 0 0 0 0 0
Outra resposta 2 1 0 0 1 1
CONCEITO 0,99 1,83 1,20 1,17 1,01 1,50
Produto habitacional 173
Conjunto I II III IV V VI
Distância (Km)
10 8 4 13 14 1,5
Pq. Jaraguá Pq. Jaraguá Zool. V. Cidade da Pacaembu Estádio
Galvão Criança Canindé
Conjunto I II III IV V VI
Distância (Km)
Abastecimento
Tabela 98 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Com relação à variedade, qualidade e facilidade de acesso a padarias, pode-se fazer a
seguinte classificação: ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Padarias
Péssima 10 4 6 2 17 22
Ruim 9 4 9 0 14 12
Boa 19 21 23 30 14 11
Ótima 1 3 1 7 1 0
Outra resposta 1 0 0 1 0 0
CONCEITO 4,27 5,73 4,96 6,92 3,26 2,52
174
Armazéns e mercados
Péssima 9 4 7 8 12 2
Ruim 11 7 11 15 13 5
Boa 18 16 19 14 21 32
Ótima 1 5 2 2 0 6
Outra resposta 0 0 0 1 0 0
CONCEITO 4,27 5,62 4,70 4,19 3,99 6,44
Tabela 100 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Com relação à variedade, qualidade e facilidade de acesso a açougues, pode-se fazer a
seguinte classificação: ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Açougues
Péssima 12 9 6 5 9 2
Ruim 14 10 10 11 18 5
Boa 11 11 22 20 19 33
Ótima 2 2 1 3 0 5
Outra resposta 0 0 0 1 0 0
CONCEITO 3,59 3,96 4,87 5,13 4,06 6,37
Tabela 101 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Com relação à variedade, qualidade e facilidade de acesso a feiras livres, pode-se fazer a
seguinte classificação: ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Feiras livres
Péssima 10 5 0 8 19 0
Ruim 7 7 0 12 13 1
Boa 13 17 23 16 14 38
Ótima 3 1 16 1 0 6
Outra resposta 6 2 0 3 0 0
CONCEITO 4,24 4,89 8,03 4,23 2,97 7,04
Tabela 102 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Com relação à variedade, qualidade e facilidade de acesso a agências bancárias,
pode-se fazer a seguinte classificação: ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o
conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Agências bancárias
Péssima 36 22 5 2 41 4
Ruim 3 8 7 7 5 4
Boa 0 1 26 28 0 33
Ótima 0 1 1 2 0 4
Outra resposta 0 0 0 1 0 0
CONCEITO 0,26 1,35 5,30 5,90 0,36 6,07
Produto habitacional 175
Transporte
Tabela 103 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Com relação à facilidade de acesso e qualidade do sistema de transporte público, a con-
dição do conjunto é: ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Transporte público
Péssima 5 2 2 8 6 3
Ruim 7 6 4 7 4 0
Boa 22 23 30 19 31 29
Ótima 4 1 3 5 5 12
Outra resposta 1 0 0 1 0 1
CONCEITO 5,53 5,73 6,24 5,13 5,87 7,12
Tabela 104 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a sua opinião sobre a quantidade, distância e condição de pontos de transporte
coletivo? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Péssima 0 2 1 6 4 1
Ruim 2 5 4 10 5 0
Boa 29 23 31 17 33 35
Ótima 8 2 3 5 3 8
Outra resposta 0 0 0 2 1 1
CONCEITO 7,18 5,94 6,41 5,17 5,93 7,12
Localização
Tabela 105 – Respostas dadas pelas provedoras principais à questão Qual a distância
até o centro da cidade?
Conjunto I II III IV V VI
resposta
Tabela 106 - Respostas dadas pelos técnicos do projeto à questão Qual a distância
até o centro da cidade?
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Tabela 108 – Respostas dadas pelas provedoras principais à questão A área é segregada
da malha urbana - separada mais de um quilômetro ? ( ) sim; ( ) não.
Conjunto I II III IV V VI
Tabela 109 – Respostas dadas pelos técnicos do projeto à questão O conjunto é segre-
gado da malha urbana - separado mais de um quilômetro? ( ) sim; ( ) não.
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Poluição
Tabela 111 – Respostas dadas pelas provedoras principais à questão Com relação a
fontes específicas de emissão atmosférica, efluentes líquidos, resíduos sólidos, ruídos
ou odores poluidores que comprometem a qualidade ambiental, a condição do conjunto
é: ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima.
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Unidade habitacional
Conjunto habitacional
Tabela 113 – Média aritmética das respostas sobre satisfação dos moradores
Conjunto I II III IV V VI
Satisfação
Conclusão
A pesquisa sobre produto habitacional desenvolvida nesta parte do
trabalho revelou que, em geral, não existe uma forte discrepância entre o
nível de satisfação nas moradias produzidas em cada um desses seis con-
juntos, nem uma importante diferença entre as opiniões dos moradores
e as respectivas informações que puderam ser paralelamente levantadas
pelos técnicos do Projeto.
No entanto, para a formulação de novas políticas públicas, alguns
pontos-chave observados tanto a partir da análise das questões que com-
põem este capítulo, quanto pelos pesquisadores envolvidos no Projeto
precisam ser ressaltados.
A princípio, como recomendação básica, pode-se salientar a necessi-
182
Introdução
Para que se entenda facilmente como a análise do processo da
provisão de habitação popular foi elaborada é necessário que retomemos
alguns aspectos metodológicos, já tratados anteriormente.
Por fim, para avaliar cada uma destas etapas, foram criados indica-
dores que, em algumas situações foram reunidos para especular atributos
como “eqüidade”, “tempo necessário”, e outros que serão mencionados
no decorrer do texto.
Feitos estes esclarecimentos, vejamos agora como a análise do
processo de provisão de habitação popular foi elaborada.
Utilizou-se neste Capítulo quatro enfoques diferentes: 1) a caracte-
rização do processo de cada um dos seis modos de provisão; 2) consi-
derações sobre cada uma das etapas nas quais foi dividido o processo;
3) a análise comparativa do desempenho dos seis modos, utilizando
indicadores; e 4) a análise comparativa de alguns agentes envolvidos
– provedoras principais, provedoras secundárias e construtores – no
processo de provisão nos seis casos estudados.
Modos de provisão
Caracterização do processo de cada um dos modos de provisão
utilizando 12 indicadores
Outras Observações:
Algumas informações relevantes sobre o Mutirão Cohab-SP contri-
buirão para subsidiar todas as considerações futuras.
O mutirão e sua transformação em “signo”. Diferença político-parti-
dária e ideológica entre a nova e a antiga administração local, provocando
a descontinuidade do modo.
A primeira dessas informações diz respeito ao fato de o modo estar
em processo de extinção, dada sua forte vinculação simbólica com a
administração anterior da cidade de São Paulo, cujas vinculações político-
partidárias e ideológicas são diametralmente opostas à atual.
– Problemas legais
190
Outras Observações:
O modo de provisão cooperativa Paulicoop é uma proposta privada
e foi, dos modos estudados, aquele que apresentou respostas mais con-
sistentes, possivelmente devido a seu gerenciamento centralizado.
Embora seja um modo de provisão que não se preocupa com a
participação dos mutuários ou com a eqüidade, constitui-se uma opção
de provisão para grupos de pessoas de faixa de renda média, que estão
dispostas a 1) se organizar e 2) financiar, elas mesmas, suas próprias mo-
radias, mesmo que isto implique um período de tempo mais longo.
cida pela CDHU não especificou o tempo necessário para essa produção).
O jornal Folha de S. Paulo, de 4/1/98 revela que, nos anos 1995 a 1997,
foram entregues 51.717 unidades por este modo de provisão. Portanto,
pode-se estimar uma média anual de 17.239, e este número será adotado
para analisar o número de moradias entregues pelo Programa Empreitada
Global em 1996.
Outras Observações:
O principal mérito deste modo de provisão é a grande quantidade
de unidades habitacionais produzidas. É também o modo de provisão que
envolve maior quantidade de recursos estáveis, pois, como já mencionado,
a Assembléia Legislativa tem aprovado todo ano a utilização de 1% do
ICMS para habitação. Essa “dependência” de confirmação anual de verba
pode contribuir para que haja maior preocupação por parte da CDHU em
melhorar a qualidade na prestação de serviços à sociedade.
196
mínimos.
Outras Observações:
Dois “atores” têm, hoje em dia, um papel fundamental no processo
de autoconstrução ou Mutirão, na forma que está genericamente “con-
solidado” no estado de São Paulo: 1) as associações de futuros moradores
e 2) as assessorias técnicas.
A primeira agrega pessoas que necessitam de habitação para requi-
sitar as unidades e acompanhar todo o processo de provisão. A segunda
198
Outras Observações:
Os dados obtidos nos levaram a um número que expressa um
aspecto interessante sobre o modo de provisão Cingapura – Habi-SP. Há
dois princípios teóricos básicos neste modo de provisão que o distinguem
dos demais investigados por este trabalho. O primeiro é o público alvo
específico. O Cingapura destina-se à população “favelizada”. O segundo
é a manutenção da população no mesmo locus da sua habitação sub-
normal original.
Considerações sobre cada uma das etapas nas quais foi dividido
o processo genérico da provisão de habitação popular, e sobre os
indicadores utilizados para avaliá-las
Acesso
Os indicadores relacionados ao atributo Acesso dizem respeito ba-
sicamente a dois aspectos distintos: à dinâmica do processo de inscrição
e à faixa de renda familiar mínima que habilita o cidadão a participar do
modo de provisão.
A necessidade de ser integrante de uma associação de moradores
para requisitar inscrição nos dois programas que envolvem mutirões,
ilustra bem como o processo de inscrição é peculiar em cada um dos
modos.
Um dos dados que surpreendem nesta investigação é o fato de
haver uma quantidade expressiva de cidadãos “inscritos” para participar
dos programas de provisão de habitação esperando convocação em todas
as provedoras consultadas – Cohab-SP, Habi-SP e CDHU.
Existe a possibilidade de muitos desses candidatos estarem inscritos
em várias provedoras simultaneamente, o que é preciso levar-se em conta
para se avaliar a efetiva dimensão da demanda.
Processo 201
Provisão de terras
A terra urbana: a razão principal da inacessibilidade das camadas
mais carentes da população à habitação
Provisão de projetos
Nos casos estudados, verifica-se que esta etapa não é significativa-
mente representativa sob os pontos de vista operacional e financeiro do
modo de provisão, pois em seu desenvolvimento incidem poucos recursos
financeiros e tempo. Isto se deve ao fato da possibilidade de realização
simultânea com outras etapas do processo. No entanto a qualidade dos
projetos pode influir favoravelmente ou não em outras etapas, como no
202
Licenciamento da obra
Hoje, os conjuntos de unidades habitacionais populares no Estado,
em alguns casos, devem ser licenciados nos três níveis de governo – mu-
nicipal, estadual e federal – havendo, noutros casos, o “licenciamento in-
terno” na provedora principal, tanto no que concerne ao seu todo, quanto
a aspectos particulares, como por exemplo, ao terreno.
dos por lei, como Mata Atlântica primária, etc. A Legislação Urbanística e
Ambiental Federal – Lei Federal 6.766, Código Florestal etc.–, entretanto,
tem que ser observada, mesmo que não haja licenciamento federal. Seu
cumprimento é reclamado, via de regra, em alguma instância, por exem-
plo, pelas Procuradorias da próprias provedoras ou do Estado.
Financiamento da obra
Esta etapa só é complexa no processo de Mutirão, pois, quando existe
concorrência pública, a relação entre pagamento da obra e construção é
definida no processo de licitação. No caso do Mutirão, para os mutuários
existe uma confusão nas respostas referentes ao financiamento da obra
e ao financiamento do mutuário. Poderia ser apenas avaliada a forma
de financiar a obra, já que em tempo e em recursos não é uma etapa
essencial.
204
Processo de construção
– A construção e a efetivação das parcerias mais importantes
Fiscalização da obra
A fiscalização não representa custos significativos e, aparentemente,
também não consome tempo na obra. A simples indicação da instituição
que realiza este processo pode dar um entendimento da isenção com que
é realizada, garantindo a idoneidade do processo. Se as etapas anteriores
são consolidadas, esta pode ser avaliada juntamente com a construção.
Financiamento do mutuário
O financiamento ao mutuário não é uma etapa que demanda um
percentual significativo do tempo e do custo totais do processo de pro-
visão. As suas características são, entretanto, essenciais para a avaliação
de atributos do processo como um todo, por exemplo, da eqüidade, e
da sua eficiência financeira.
Três indicadores importantes para avaliação desta etapa de financia-
mento dos mutuários são a faixa de renda atendida, o tempo máximo de
pagamento e o nível de inadimplência.
No que concerne ao financiamento do mutuário, neste estágio deste
trabalho fazem-se necessários quatro comentários:
Processo de entrega
Os Indicadores de forma de entrega permitiram avaliar a eqüidade
e a participação popular, mas a existência ou não de regularização do
imóvel como parte do processo não pode ser avaliada, e a estabilidade
dos moradores no imóvel, que em muitos casos é indefinida até a conclu-
são dos pagamentos, só pode ser inferida a partir da informação sobre o
tempo de residência no imóvel.
Tendo em vista as respostas dadas nos questionários, algumas das
questões neles constantes foram analisadas de maneira diferente do
previsto. Um exemplo disto é que, em muitos casos, a questão referente
ao projeto arquitetônico era respondida como referente ao projeto como
um todo. Um outro exemplo é que as informações obtidas sobre o pro-
cesso de entrega são, em geral, vagas a respeito de qual o momento em
que o mutuário de fato assumiu a propriedade do imóvel, e o período
de residência da maior parte dos mutuários, sendo curto, não permite
responder sobre a estabilidade ou não deles no imóvel.
Tabela 114
Volume de recursos dos diferentes Modos de Provisão
Recursos
em 1996
(mil R$) 60.000 8.000 221.771** * * *
* Sem informação.
** No ano de 1997, para o qual obteve-se a informação sobre o número de mora-
dias entregues (ver indicador 2 abaixo), foram investidos recursos no valor de R$
110.395.455,00 até 11/12/1997.
Tabela 122 – Número de unidades habitacionais produzidas por cada Modo de Pro-
visão
Total de
unidades já * 1.982** * 36.610 * *
produzidas
210
Unidades
concluídas 3.000 130 3.450*** 17.239 200 1.100
em 1996 (estimativa)
Unidades em
andamento * 5.615 * * 1.060 12.791****
* Sem informação.
** No período 1993/1996.
*** No ano de 1997.
**** Unidades lançadas (não necessariamente em andamento).
Funcionários
envolvidos 15 28* 200 1014** 470*** 80
Em
porcentagem
em 1996 1,4% 5,8% 100% 100% 97% 100%
TABELA 117 – Tempo utilizado em cada etapa por cada Modo de Provisão
* Sem informação.
** O terreno ainda não está regularizado.
*** Para licenciar o terreno na Cohab-SP o tempo é de três a seis meses,
tanto no nível municipal como no estadual.
**** No nível municipal, de seis meses a um ano , no nível estadual, seis
meses a um ano.
***** Segundo a licitação, dois anos, segundo a empreiteira, de dois a três
anos.
TABELA 118 – Custo por unidade habitacional (UH) por etapa dos seis Modos de
Provisão (em R$/unidade habitacional)
Metropolitana
5 a 8% em
outras regiões
* Sem informação.
** Segundo a Cohab-SP, para o empreendimento selecionado para a análise de produto
(ver capítulo VI). Alguns mutuários revelaram que o preço da unidade habitacional
seria de 1.200 UPFs, cujo valor referente a set/1997 é R$ 12.182,00. Segundo o jornal
Folha de S. Paulo, de 4/1/1998, até R$ 11.700,00.
*** Valores para o empreendimento selecionado para análise de produto (ver capí-
tulo 7).
**** Valores de R$ 22.417,05 e R$ 25.361,07, respectivamente, se atualizados pela
Ufir de set/97.
Da mesma forma que a Tabela 117, que mostra que os valores maio-
res para o fator tempo estão na etapa construção, neste caso, também,
na Tabela 118 as cifras maiores, para todos os seis modos, aparecem
destinadas à construção das unidades.
Estas variações significativas devem-se, entre outras coisas, à desti-
nação das unidades a clientelas de classes sociais díspares.
TABELA 119 – Participação dos mutuários em cada uma das etapa dos seis Modos
de Provisão
Acesso Há Há Não há Há Há Há
partici- partici- partici- partici- partici- partici-
pação pação pação pação pação pação
por meio por meio por meio por meio por meio
de de de de de
atuação atuação atuação atuação atuação
e e e e e
inscrição inscrição inscrição inscrição inscrição
na na na na na
associação associação provedora provedora provedora
principal principal principal
TABELA 120
Parâmetros de Eqüidade por Modo de Provisão
* Como não há inscrição para esse modo de provisão, a demanda foi considerada
como sendo seu público alvo – famílias faveladas e encortiçadas – cerca de 540.000,
de acordo com os dados obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo, de 4/1/1999, no Diário
Oficial do Município.
** Os cooperados são, ao todo 12.791 famílias, consideradas habilitadas e desembol-
sando as prestações, entre as contempladas e aquelas que ainda aguardam a entrega
de sua unidade habitacional.
rios mínimos), que não teria acesso à habitação no mercado, que são os
programas de Mutirão e o Cingapura; 2) os que são voltados para a po-
pulação com renda familiar acima de cinco salários mínimos, que atende
a população que, eventualmente, poderia ter acesso a outros sistemas de
financiamento e adquirir um imóvel no mercado imobiliário comum.
A inexistência de informações consistentes para a divulgação dos
modos, por um lado, indica a necessidade de sistemas de divulgação mais
eficientes e, por outro, demonstra a dificuldade das instituições em lidar
com uma demanda de dimensões avantajadas. A divulgação deficiente
é um fator de restrição ao acesso.
Os dados coletados, sistematizados na Tabela 120, mostram que
o Cingapura é o único modo de provisão, entre os seis estudados, vol-
tado para o atendimento de uma clientela específica, cuja condição de
habitação é subnormal, no que concerne tanto à unidade quanto ao
assentamento.
Recursos utilizados
– Volume de recursos envolvidos
Da mesma forma que no item anterior, os modos de provisão, no
que concerne aos recursos financeiros, podem ser classificados em três
tipos: 1) de grande volume de recursos, 2) de médio volume de recursos
e 3) de pequeno volume de recursos.
– A grande magnitude do volume dos recursos financeiros dos
modos Empreitada Global e Cingapura
Os modos que utilizam volumes de recursos avantajados de centenas
de milhões de reais são o 1) Empreitada Global – CDHU e o 2) Cingapura
– Habi-SP.
– Os Modos de Provisão com volumes de recursos financeiros mé-
dios
Os modos Mutirão – CDHU e cooperativa Paulicoop são considerados
médios no que concerne aos recursos financeiros. Eles utilizam dezenas
de milhões de reais.
– Os modos de provisão com volumes de recursos financeiros di-
minutos
De acordo com os dados obtidos, o único modo de provisão que
utiliza recursos financeiros de apenas alguns milhões de reais é o mutirão
Cohab-SP.
Não foi possível obter informação sobre o Plano Empresário.
Tempo de provisão
– Dois anos e meio é o padrão admitido como satisfatório para o
espaço de tempo entre o início e o término do processo de provisão
Para efeito de uma primeira avaliação comparativa do tempo de
provisão dos diversos modos, considerando-se os números expressos na
Tabela 124, podemos assumir o valor de dois anos e meio como sendo o
mais adequado para a duração de processo de provisão de grupos espe-
cíficos de requisitantes.
Admitindo-se este valor como verdadeiro, podem ser considerados
satisfatórios os modos Empreitada Global e Mutirão CDHU, assim como o
Plano Empresário da Cohab-SP.
– Os Modos de Provisão Mutirão Cohab-SP e Cooperativa Paulicoop:
a interferência das características intrínsecas do Modo e da política da
Municipalidade no tempo gasto no processo de provisão
No caso dos modos Mutirão Cohab-SP e cooperativa Paulicoop,
embora observem-se valores para a duração do processo de provisão
maiores que dois anos e meio, como já dito anteriormente, a existência
de 1) características intrínsecas do processo destes modos e de 2) políticas
genéricas do governo local, que imprimem um ritmo mais lento a eles, por
exemplo, a ampla “participação” e “desinteresse” da atual administração,
no primeiro, e autofinanciamento, no segundo, em uma avaliação mais
fidedigna, permite considerá-los também como satisfatórios.
Os dados coletados mostram que o tempo gasto na provisão pelo
modo de provisão Cingapura, para o caso específico estudado, extrapolou
o valor genérico para este modo, que, segundo as informações fornecidas,
seria de dois a três anos. O tempo entre o início e o fim do processo de
provisão, no caso específico estudado, foi de pouco mais de três anos.
Custo de provisão
No que concerne ao custo, os dados obtidos para os seis modos
de provisão estudados expressam grande divergência. Estas diferenças
estão, possivelmente, relacionadas à existência de padrões de produto e
de clientela, também, díspares.
Habitualmente, na avaliação de custo de unidades habitacionais,
utiliza-se o custo por m2 da unidade, uma vez que não é possível com-
parar, por exemplo, o custo de uma unidade de 1.000 m2 com uma de 10
m2. No entanto, neste Capítulo, que trata do Processo, uma vez que não é
224
Participação
– A participação ampliada no Mutirão – Cohab-SP
Como a participação do mutuário no processo de provisão é uma
“característica intrínseca” dos modos Mutirão, como era esperado os dados
coletados mostram que é nos Mutirões da Cohab-SP e do CDHU que se
verifica a participação dos futuros moradores em um maior número de
etapas. Comparando os dois processos, observa-se ainda que a partici-
pação é mais intensa no Mutirão Cohab-SP.
Em todos os outros seis modos a participação dos mutuários só é
indicada na etapa inscrição do mutuário.
– A participação diminuta no Cingapura – Habi-SP
É interessante observar que no modo Cingapura – Habi-SP nem a
“inscrição” para participar do processo é feita pelo candidato à aquisição
Processo 225
das novas unidades. Dada a ideologia deste modo, isto é, a substituição das
unidades habitacionais de um determinado tecido urbano degradado por
unidades melhores, é a Prefeitura que cadastra os candidatos elegíveis.
Eqüidade
Como já mencionado anteriormente, o atributo eqüidade é enten-
dido, neste trabalho, como “a capacidade de prover habitação ao maior
número dos cidadãos que se candidatam”.
Verificou-se que a “restrição” à efetivação da provisão àqueles
que se candidatam deve-se, especialmente, a dois fatores básicos: 1) a
capacidade de pagamento do candidato e 2) a capacidade de produção
da provedora.
Sendo assim elegeu-se avaliar a eqüidade neste item com base 1) na
faixa de renda atendida, 2) na porcentagem dos candidatos efetivamente
atendida pelo Modo e 3) no valor das prestações mensais praticado.
– Os Modos Mutirão – CDHU, Mutirão – Cohab-SP e Cingapura – Habi-
SP: o atendimento à população com renda familiar excludente
Os dados coletados permitem verificar que, por um lado, entre os seis
modos estudados, aqueles que atendem à população com renda familiar
de até três salários mínimos, ou seja, uma renda à qual é efetivamente ne-
gado o acesso aos modos ordinários, são o Cingapura, o Mutirão CDHU e o
Mutirão Cohab-SP. Por outro lado, entretanto, verifica-se que estes modos
atenderam em 1996, efetivamente, a menos de 1% das famílias que se
candidatam nas suas provedoras ou que constituem sua demanda.
Ao contrário destes três modos de provisão que têm apenas um teto
- valor máximo - para a renda familiar habilitadora, os outros três modos
têm sempre um piso – valor mínimo. Neste caso, o acesso das camadas
mais carentes da população, os chamados excluídos, é efetivamente
negado.
– O valor baixo da prestação do Modo de Provisão Cingapura
No que concerne às prestações mensais, o modo que apresenta
o valor mais baixo é o Cingapura: R$ 57,00 (cinqüenta e sete reais). Nos
outros casos os valores não foram especificados ou giram em torno de
R$ 200,000 (duzentos reais).
Não foi possível fazer uma avaliação mais verdadeira deste fator
porque não foram obtidos dados para os Mutirões Cohab-SP e CDHU.
A ausência de dados para os Mutirões CDHU e Cohab-SP impossi-
bilitou uma avaliação comparativa mais fidedigna do valor das presta-
ções.
Motivação
No que tange à motivação, pode-se classificar os Modos de Provisão
em três tipos: 1) aqueles cuja iniciativa de implantação foi do Estado, como
226
recursos financeiros.
Além disto, o acesso ao Plano Empresário é muito restrito, devido
ao valor mínimo para a renda familiar estabelecido para a habilitação do
cidadão à requisição de uma unidade habitacional, que é de R$ 950,00.
– Modos de Provisão Mutirão CDHU E Cohab-SP
O desempenho dos modos de provisão Mutirão CDHU e Cohab-SP
é bastante satisfatório, considerando-se seu objetivo comum de atender
às camadas da população de poder aquisitivo mais baixo que são, ordina-
riamente, excluídas dos outros modos de provisão regulares.
No que concerne à eficácia, isto é, à quantidade produzida, há dois
aspectos importantes de serem notados: 1) o Mutirão CDHU, mesmo sendo
um modo cujo ritmo de produção é limitado pela “participação” ampla
dos futuros moradores em muitas etapas do processo de provisão, que é
uma característica intrínseca do seu processo, teve no ano de 1996 uma
produção de 3.000 unidades habitacionais. O mesmo não ocorreu com o
Mutirão Cohab-SP, devido às razões políticas já aludidas em outro lugar,
qual seja, o atual desinteresse da Municipalidade na continuação das
atividades deste modo; 2) outro aspecto relativo à eficácia a ser notado é
o valor baixo para a relação candidatos efetivamente atendidos/total de
candidatos inscritos nas provedoras, em ambos os casos, isto é, menos de
1% de candidatos atendidos por esses programas naquele ano.
Quanto à eficiência ou qualidade da produção desses dois modos,
destaca-se sua eficiência financeira. São os modos que conseguem pro-
duzir com a relação preço/m2 mais baixa, isto é, de 259,26 a 273,23 e de
93,27 a 164,44, respectivamente para Mutirão-CDHU e Mutirão-Cohab-SP.
Além disto, são os Modos que oferecem as unidades habitacionais, como
um todo, a preço mais reduzido.
A eficiência destes modos, entretanto, não se limita à área financei-
ra. Verificou-se ainda, para ambos os casos, uma significativa eficiência
administrativa, demonstrada pelo cruzamento de indicadores expresso
na relação quantidade de funcionários x unidades produzidas.
Ainda no que concerne à qualidade do processo produtivo, há as-
pectos que qualificam favoravelmente este modo, como o atendimento
a segmentos da população que não tem acesso a outros modos.
– Modo de Provisão Cooperativa Paulicoop
Dos seis modos estudados, este é o único cuja participação do Estado
é limitada. Trata-se de um modo de provisão privado, no qual a constru-
ção e a compra das unidades é financiada pelos futuros moradores. Isto
imprime a esse modo um ritmo mais lento, compatível com a capacidade
de desembolso mensal da camada de renda média da sociedade brasileira,
à qual o Modo se destina.
– Modo de Provisão Cingapura
Os dados coletados para o modo de provisão Cingapura mostram
228
Outras Informações
Outras Informações
Outras Informações
Associação Paraíso
Indicador 1. O objetivo da instituição
De acordo com informações prestadas pela própria Associação, o
seu objetivo é “...facilitar a habilitação para todos que necessitam e que
não têm poder de ganho, moradia digna, formação cultural, profissio-
nal...”. Os entrevistados consideram que o objetivo está sendo cumprido
gradativamente.
As associações de população demandante de moradia são, generi-
camente, o veículo de comunicação deste segmento organizado da socie-
dade com o Estado. Elas têm como principais parceiros outras instituições
238
Outras Informações
Outras Informações
Tabela 123 – Unidades habitacionais que a instituição provê por ano (1996)
CDHU Cohab-SP Paulicoop Habi-SP
Unidades
Habitacionais 20.087 915 1.100 3.450 *
* Referente a 1997.
CDHU 19,8
Cohab-SP 1,8
Habi-SP* 17,25 *
Paulicoop 13,75
* Referente a 1997.
CDHU 4,32
Paulicoop* 8,60
Cohab-SP 0,71
Habi-SP ** 0,64
previamente instituídas.
Para avaliar comparativamente estes dois modos Mutirão e o papel
de cada um deles dentro das respectivas provedoras, é interessante ob-
servar o valor percentual, em relação aos valores totais das provedoras,
1) da produção, ou seja, o número de unidades, vis-à-vis 2) dos recursos
utilizados. Isto não só demonstra qual o modo de provisão mais eficiente
entre os dois casos, mas também qual a posição, no que tange às priori-
dades, dos modos nas provedoras.
No caso da CDHU, em 1996, destinou-se aproximadamente 10% do
orçamento desta provedora para o Mutirão e a produção foi de cerca de
15% do total de unidades habitacionais concluídas naquele ano.
Na Cohab-SP, menos de 3% do orçamento foi destinado ao Mutirão,
e aproximadamente 14% do total de unidades concluídas foram execu-
tadas através dele. Estes valores para a Cohab-SP devem ser analisados
considerando-se o fato de que o sistema de Mutirão era um dos princi-
pais projetos da administração municipal anterior e está, apenas, sendo
concluído. Sendo assim, é possível inferir que, anteriormente, em geral,
os recursos destinados aos modos eram mais volumosos.
Observa-se que tanto na Cohab-SP quanto na CDHU os valores
percentuais para a produção dos Mutirões são baixos. A razão para isto
pode estar na maior complexidade do processo em conseqüência da 1)
organização da sociedade civil necessária para a efetivação do modo e
de 2) maior número de instituições envolvidas que assumem, separada-
mente, atividades como planejamento, controle, gerenciamento técnico
e a realização do empreendimento.
– Mutirão Cohab-SP: Um exemplo de Modo de Provisão bem suce-
dido implementado por uma Provedora com problemas
Embora o Mutirão seja um modo cuja produção representa apenas
uma pequena porcentagem do número total de unidades construída
pela Cohab-SP, ele se destaca, como ficou claro anteriormente, no que
concerne à eficiência financeira e administrativa. Consegue produzir com
preços baixos e utiliza, também, uma pequena quantidade de funcionários
da Provedora.
Isto demonstra que em certos casos é possível ocorrer a desvincula-
ção entre o desempenho de um Modo específico e de sua Provedora.
– Os Modos Plano Empresário e Empreitada Global
Nos Modos Plano Empresário e Empreitada Global, o processo é legi-
timado através de licitações, em que são definidos parâmetros e regras
claros. Sendo assim, a expectativa nestes Modos é de que a ação da
Provedora Principal fosse simplificada. Embora isto ocorra na CDHU, não
é evidente na Cohab-SP.
– O Modo Cooperativa – Paulicoop
Processo 251
concorrência”.
– Eficiência. Capacidade de rendimento de um sistema
avaliada, qualitativamente ou quantitativamente, face
a um certo nível de recursos de base (equipamento;
homem; capital; trabalho).
Como conseqüência, um sistema (um sistema de pro-
dução, uma organização, um procedimento...) pode ter
um “grau” de eficiência; ele pode ser “mais” ou “menos”
eficiente; pode-se igualmente “melhorar” sua eficiência.
Por analogia, pode-se “comparar” a eficiência de dois ou
mais sistemas, organizações, procedimentos...
A unidade habitacional
Três são os aspectos principais da unidade habitacional em torno dos
quais iremos sistematizar nossas conclusões: 1) o projeto arquitetônico,
2) os elementos construtivos e 3) o custo.
O projeto arquitetônico
O que nos permite elaborar as conclusões relacionadas a esse item
é a análise das tabelas referentes a aspectos diretamente relacionados ao
projeto arquitetônico ou que podem ser tomados como conseqüências
do mesmo, a saber 1) a participação no projeto, 2) a estética, 3) a planta
baixa ou divisão espacial, 4) o conforto ambiental e 5) a acessibilidade
Conclusão 255
de deficientes físicos.
A análise dessas tabelas apontou para:
– a desvinculação entre a participação no projeto e a qualidade
final do produto;
– a homogeneidade tanto na regra – satisfação moderada – quanto
na exceção – baixíssima satisfação.
A primeira conclusão está diretamente relacionada à participação
dos futuros moradores no projeto arquitetônico de suas novas residên-
cias. Como era previsível, esta participação só ocorre nos casos nos quais
o processo de autoconstrução ou mutirão é utilizado. O surpreendente,
entretanto, é que, ao contrário do esperado, esta participação não resulta
num nível alto e generalizado de satisfação do morador para com a unida-
de habitacional. O nível de satisfação predominante é moderado e igual ao
dos outros cinco modos de provisão, demonstrando uma desvinculação
entre a participação no projeto arquitetônico e a satisfação para com a
unidade recebida.
A segunda descoberta, no que se refere aos aspectos relacionados
ao projeto arquitetônico, diz respeito à surpreendente homogeneidade
de resultados, tanto entre os quatro itens restantes estudados, quanto
entre os seis conjuntos habitacionais. Ou seja, dos quatro itens estuda-
dos verificou-se um nível de satisfação regular no que diz respeito a três
deles: há satisfação razoável no que se refere a 1) estética, 2) planta baixa
ou divisão espacial e 3) conforto ambiental. Este quadro repete-se para
todos os seis conjuntos.
A insatisfação, por sua vez, relaciona-se a um único item: a acessi-
bilidade de deficientes físicos. Aqui, outra vez, verifica-se um quadro
de homogeneidade flagrante, pois entre os seis casos estudados cinco
apresentam baixo nível de satisfação sob esse aspecto.
Reiterando e resumindo o que foi dito até aqui, portanto, no que se
refere aos aspectos arquitetônicos há homogeneidade para a regra, que
é a satisfação moderada, assim como para a exceção, que é a baixíssima
satisfação concentrada num item particular. Todos os seis conjuntos
consideram que 1) a estética, 2) a planta baixa ou a divisão espacial e 3) o
conforto ambiental são bons; em cinco dos seis Conjuntos Habitacionais
considera-se que a acessibilidade de deficientes físicos é péssima. Tudo
isto indica que, no que se refere a esses aspectos de projeto, todos estes
seis conjuntos habitacionais são semelhantes.
Passemos, então, à demonstração dessas duas conclusões relacio-
nadas ao projeto arquitetônico da unidade habitacional.
– A demonstração conjunta das duas conclusões relacionadas ao
projeto arquitetônico
A partir dos anos 70, a participação dos futuros moradores nas etapas
256
Conjunto I II III IV V VI
Resposta
SIM 17 21 0 2 0 0
NÃO 22 9 33 34 46 45
Outra resposta 0 2 6 4 0 0
Conjunto I II III IV V VI
Resposta
SIM 15 19 0 1 0 0
NÃO 24 11 32 35 46 45
Outra resposta 0 2 7 4 0 0
Conclusão 257
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Conjunto I II III IV V VI
Aparência
Péssima 2 1 0 0 1 1
Ruim 8 3 6 3 6 3
Boa 21 14 27 23 24 30
Ótima 7 14 6 14 14 11
Outra resposta 1 0 0 0 1 0
CONCEITO 6,23 7,60 6,67 7,58 7,11 7,11
258
Conjunto I II III IV V VI
Aparência
Péssima 5 0 0 0 0 0
Ruim 6 4 0 1 1 13
Boa 19 23 31 26 38 30
Ótima 7 5 3 6 6 0
Outra resposta 2 0 1 7 1 2
CONCEITO 5,86 6,77 6,96 7,07 7,04 5,66
Conjunto I II III IV V VI
Cômodos
Péssimo 0 0 7 0 1 0
Ruim 4 1 13 6 12 18
Bom 24 24 19 30 33 22
Ótimo 10 7 0 0 0 5
Outra resposta 1 0 0 0 0 0
CONCEITO 7,19 7,29 4,36 6,41 5,65 5,70
Conjunto I II III IV V VI
Arquitertura interna
Péssima 1 0 0 0 0 0
Ruim 3 3 12 0 5 14
Boa 25 19 21 18 33 26
Ótima 6 7 1 4 1 1
Outra resposta 4 3 1 18 7 4
CONCEITO 7,17 7,13 5,00 7,27 6,32 5,61
Conclusão 259
Conjunto I II III IV V VI
Temperatura no verão
Péssima 2 1 5 2 0 2
Ruim 2 3 17 5 10 15
Boa 29 17 14 28 31 23
Ótima 5 10 3 2 3 3
Outra resposta 1 1 0 3 2 2
CONCEITO 6,58 7,20 4,62 6,04 6,14 5,43
Conjunto I II III IV V VI
Temperatura no inverno
Péssima 1 5 4 3 3 2
Ruim 8 9 14 5 18 12
Boa 25 9 19 28 23 29
Ótima 4 8 2 2 1 2
Outra resposta 1 1 0 2 1 0
CONCEITO 6,14 5,48 4,96 5,88 4,96 5,63
Conjunto I II III IV V VI
Luz natural
Péssima 0 3 0 0 0 0
Ruim 0 0 5 2 1 4
Boa 27 19 30 35 38 36
Ótima 11 10 4 3 7 5
Outra resposta 1 0 0 0 0 0
CONCEITO 7,63 7,08 6,58 6,75 5,65 6,74
260
Conjunto I II III IV V VI
Ventilação interna
Péssima 0 0 2 0 0 0
Ruim 0 1 3 1 2 4
Boa 26 19 28 34 34 31
Ótima 12 12 5 5 10 10
Outra resposta 1 0 1 0 0 0
CONCEITO 7,72 7,81 6,49 7,00 7,25 7,11
Conjunto I II III IV V VI
Barulhos externos
Péssima 6 4 12 4 8 3
Ruim 12 7 11 10 18 12
Boa 18 13 14 26 19 28
Ótima 2 8 2 0 1 2
Outra resposta 0 0 0 0 0 0
CONCEITO 4,74 5,94 3,85 5,17 4,28 5,48
Conjunto I II III IV V VI
Acesso para deficientes
Péssimo 24 9 17 2 28 26
Ruim 6 13 11 12 14 5
Bom 7 7 6 17 3 11
Ótimo 0 3 0 3 0 3
Outra resposta 2 0 1 6 1 0
CONCEITO 1,80 3,75 2,02 5,39 1,48 2,67
Conclusão 261
Os elementos da construção
As conclusões concernentes aos elementos construtivos da unidade
habitacional foram obtidas por meio da análise das tabelas do Capítulo VI,
que sistematizam os dados relacionados a 1) a cobertura, 2) a estrutura,
3) as instalações hidráulicas, 4) as instalações elétricas, 5) o acabamento
de alvenaria, 6) os pisos internos e 7) as portas e janelas.
Com relação aos diversos elementos construtivos da unidade habi-
tacional é possível concluir que:
– a satisfação é generalizada no que se refere aos elementos essen-
ciais da construção, e
– a insatisfação ou menor satisfação concentra-se nos elementos de
revestimento ou vedação.
Vejamos, então, como chegamos a estes resultados.
– A satisfação generalizada com os elementos essenciais
Por elementos essenciais entende-se aqui os elementos imprescindí-
veis para garantir a qualidade mínima da unidade habitacional, tais como
a estrutura para suportar cargas, a cobertura e as instalações hidráulicas
e elétricas. O grau de satisfação relativo aos elementos essenciais pode
ser depreendido pelo exame das Tabelas 36 (cobertura), 38 (estrutura), 51
(instalações hidráulicas) e 52 (instalações elétrica). Nota-se em todas elas
que o maior número de respostas relativas à qualidade destes elementos
é “bom”, com uma única e inexpressiva exceção. Vejamos esses dados.
Conjunto I II III IV V VI
Cobertura
Ruim 3 1 8 4 3 9
Boa 35 31 31 36 43 36
Outra resposta 1 0 0 0 0 0
CONCEITO 9,21 9,69 7,95 9,00 9,35 8,00
Conjunto I II III IV V VI
Segurança estrutural
Péssimo 0 0 2 0 1 3
Ruim 2 0 8 5 3 15
Bom 29 23 26 32 40 23
Ótimo 5 9 1 3 2 3
Outra resposta 3 0 2 0 0 1
CONCEITO 6,93 7,60 5,68 6,50 6,45 5,30
262
Conjunto I II III IV V VI
Encanamento
Péssimo 7 2 6 0 0 1
Ruim 10 2 14 4 4 1
Bom 15 17 13 32 33 38
Ótimo 5 11 6 4 9 5
Outra resposta 2 0 0 0 0 0
CONCEITO 4,95 7,19 4,96 6,67 7,03 6,81
Conjunto I II III IV V VI
Instalações elétricas
Péssima 5 1 7 2 0 2
Ruim 7 2 14 12 8 3
Boa 18 17 14 22 34 36
Ótima 7 12 4 3 4 4
Outra resposta 2 0 0 1 0 0
CONCEITO 5,77 7,50 4,61 5,55 6,38 6,44
Conjunto I II III IV V VI
Acabamento de paredes
Conjunto I II III IV V VI
Piso interno
Conjunto I II III IV V VI
Portas e janelas
Péssima 16 3 11 7 4 4
Ruim 8 7 17 15 20 16
Boa 13 18 1 14 20 23
Ótima 1 2 0 1 2 2
Outra resposta 1 2 0 3 0 0
CONCEITO 3,25 5,44 3,33 4,14 5,00 5,03
O custo
Neste item trataremos das conclusões relacionadas à quantidade de
dinheiro gasto pelo mutuário com sua unidade habitacional, avaliando o
custo em relação ao preço final, bem como relacionado com as melhorias
e consertos. Portanto, essas conclusões serão formuladas distinguindo-se
264
Tabela 126 – Custo Unitário Básico no Est. de S.P.* - Agosto de 1998 (R$/m2)
Pavimentos Acabamento
2 dormitórios
1 601,74 0,04 694,81 0,24 770,57 0,02
4 432,87 0,03 523,53 0,25 636,64 -0,05
8 425,66 0,03 516,54 0,26 625,44 -0,04
12 413,69 0,02 507,10 0,27 614,42 -0,05
3 dormitórios
Conjunto I II III IV V VI
Dados
preços
no texto do 259,26 a 93,27 a 514,01 a 637,60 a 515,93 a 408,46 a
Capítulo VI 273,23. 164,44 641,80 742,03 678,75 461,3
R$/m2
Conjunto I II III IV V VI
Conserto
Sim 10 7 18 0 2 3
Não 26 18 17 40 43 42
Não se lembra 3 7 4 0 1 0
MÉDIA (R$)* 72,08 622,80 433,43 0,00 141,86 44,77
* Calculada entre os que gastaram e os que não gastaram, excluídos os que não se
lembram.
Conjunto I II III IV V VI
Melhoria
Sim 32 9 28 34 31 17
Não 4 17 7 5 14 25
Não se lembra 3 6 4 1 1 3
MÉDIA (R$)* 3.844,00 691,45 1.868,57 2.908,97 1.809,78 345,60
* Calculada entre os que gastaram e os que não gastaram, excluídos os que não se
lembram.
266
O conjunto habitacional
Conjunto I II III IV V VI
Drenagem
Péssima 0 1 2 0 0 1
Ruim 2 1 8 0 2 1
Boa 27 22 26 32 35 33
Ótima 10 8 3 8 5 9
Outra resposta 0 0 0 0 3 1
CONCEITO 7,35 7,19 5,90 7,33 6,30 7,12
Conclusão 267
Conjunto I II III IV V VI
Rede viária
Péssima 3 1 7 1 2 0
Ruim 8 3 13 10 6 6
Boa 13 21 10 23 36 27
Ótima 1 6 1 4 1 6
Outra resposta 0 1 0 1 0 0
Não tem 14 0 8 1 0 6
CONCEITO 4,93 6,77 3,87 5,96 6,00 6,67
Conjunto I II III IV V VI
Iluminação pública
Péssima 27 0 2 22 25 8
Ruim 8 4 12 13 12 5
Boa 4 23 21 5 7 27
Ótima 0 4 3 0 1 4
Outra resposta 0 1 0 0 0 1
CONCEITO 1,37 6,67 5,53 1,92 2,15 5,38
Conjunto I II III IV V VI
Transporte público
Péssima 5 2 2 8 6 3
Ruim 7 6 4 7 4 0
Boa 22 23 30 19 31 29
Ótima 4 1 3 5 5 12
Outra resposta 1 0 0 1 0 1
CONCEITO 5,53 5,73 6,24 5,13 5,87 7,12
Tabela 111 – Número de respostas, por alternativa, dadas pelos mutuários à questão
Qual a sua opinião sobre a quantidade, distância e condição de pontos de transporte
coletivo? ( ) péssima; ( ) ruim; ( ) boa; ( ) ótima e o conceito médio.
Conjunto I II III IV V VI
Péssima 0 2 1 6 4 1
Ruim 2 5 4 10 5 0
Boa 29 23 31 17 33 35
Ótima 8 2 3 5 3 8
Outra resposta 0 0 0 2 1 1
CONCEITO 7,18 5,94 6,41 5,17 5,93 7,12
Sendo assim, neste caso, o fato novo que se pode detectar nesta
tabela diz respeito às exceções. Há problemas com segurança (Tabela
38), com caixas de correio (Tabela 72), com espaço para lazer (Tabelas 94
e 95) e agência bancária (Tabela 102).
As provedoras principais
Unidades habitacionais
entregues no ano 20.087 915 3.450* 1.100
Unidades habitacionais
por funcionário 19,8 1,8 17,25* 13,75
Percentual de
usuários atendidos (%) 4,32 0,71 0,64** 8,60***
Receita anual
(R$ mil) 629.265 289.356 110.395* ****
* Dados de 1997.
** Como não há inscrições, foi considerado o número de residentes em habitação
subnormal na área de atuação da instituição em comparação com o número de uni-
dades entregues em 1997.
*** Em relação ao número de cooperados que representam, ao todo, entre os contem-
plados e aqueles que ainda aguardam a entrega de sua unidade habitacional, 12.791
famílias, consideradas habilitadas e desembolsando as prestações.
**** Sem informação.
A CDHU
No que concerne à CDHU, os dados coletados permitem chegar a
duas conclusões importantes:
1) por um lado, a CDHU é a mais eficaz das provedoras estudadas.
Isto é demonstrado, basicamente, por dois indicadores, quais sejam, a
quantidade de habitações produzidas no ano de 1996, que é de 20.087,
e o percentual de mutuários atendidos, que representa 4,32 %;
2) por outro lado, entretanto, no que concerne à sua eficiência,
dispomos tanto de indicadores que confirmam sua eficiência quanto de
indicadores que a contestam.
A eficiência da CDHU está relacionada com a dimensão do seu corpo
de funcionários. Isto é demonstrado, comparativamente, pelo Indicador
que relaciona unidades produzidas ao número de funcionários. No caso
da CDHU, observa-se a relação de 19,8 unidades para cada funcionário.
270
A Cohab
A atuação da Cohab-SP pode hoje ser qualificada em todos os as-
pectos como ineficaz e ineficiente.
Conclusão 271
A Habi-SP
A Habi-SP é uma instituição que pode ser considerada ineficaz a
partir dos dados coletados. Isso pode ser justificado pelos dados que
mostram que, no ano de 1997, apenas 0,64% de seu público-alvo foi
atendido. Além disso, o número absoluto de unidades entregues na-
quele ano foi de 3.450, muito inferior à produção da CDHU, e aquém
das expectativas relacionadas a uma provedora pública, que junto com
a Cohab-SP, representa o esforço da prefeitura de São Paulo para prover
moradias para a população.
Com relação à eficiência da empresa, assim como ocorreu na abor-
dagem da CDHU, tanto dispomos de indicadores favoráveis quanto des-
favoráveis. Enquanto sua eficiência pode ser verificada quando se observa
que, em 1997, cada funcionário correspondeu a 17,5 moradias concluídas,
pode-se constatar que o custo de cada uma dessas unidades, com base na
receita total da Habi, chega a R$ 31.999,00, o que é bem superior ao preço
declarado pela empresa, qual seja, R$ 21.165,59 já com infra-estrutura.
Conclui-se, assim, que a Habi-SP deveria mudar suas estimativas
de produção para valores maiores, que garantirão a ela maior eficiência
e eficácia.
272
A Paulicoop
Os números relacionados à Paulicoop nos permitem concluir que
ela é uma empresa ineficaz, mas eficiente.
A ineficácia da Paulicoop é expressa pelo baixo número de unida-
des produzidas no ano pesquisado (um total de 1.100 unidades), e pelo
percentual restrito de cooperados atendidos, que é de apenas 8,60%. A
eficiência, por sua vez, é expressa pelo número de unidades produzidas
por funcionário, que é de 13,75.
Os modos de provisão
Estado
Qual o fato surpreendente observado, no que concerne ao pro-
duto que vem sendo fornecido pelas provedoras de habitação popular
na cidade de São Paulo? O fato mais surpreendente observado é, sem
dúvida, a satisfação mediana generalizada verificada no que concerne
à unidade habitacional, o conjunto no qual a unidade está inserida e à
localização no tecido urbano da cidade de São Paulo onde este conjunto
foi implantado.
Qual a explicação mais evidente para esta satisfação? Por que, neste
momento, não se verifica a repetição daquilo que se assistiu no passado,
ou seja, reclamações quanto à qualidade da unidade habitacional, do
conjunto e do local na malha urbana onde este estava inserido, que com
freqüência era a franja do tecido urbano contínuo, no qual a terra tem,
via de regra, preços mais baixos?
A explicação possível aqui parece ser uma só. Esta satisfação deve-se
a uma habitação efetivamente de boa qualidade, o que é conseqüência da
atuação de uma tecnoburocracia amadurecida que regula diversas etapas
do processo de provisão, tanto por meio do licenciamento de terrenos
e/ou das construções, utilizando seus projetos, quanto da fiscalização
financeira e do processo de construção.
Para tornar isso mais claro, tomemos como exemplo o licencia-
mento de terrenos na CDHU. Por um lado, a Companhia amadureceu, ao
longo dos anos, uma série de normas para aceitação dos terrenos para
implantação de conjunto de habitação popular. Por outro, a dinâmica da
instituição permitiu que seu corpo de tecnoburocratas adquirisse uma
autonomia tal que as normas referentes à terra são respeitadas, mesmo
quando há pressões para que isto não ocorra, vindas de forças e interesses
diversos. A efetivação desta autonomia deve-se não só a um processo
intrínseco da Companhia, mas também à existência de um corpo de leis
urbanísticas e ambientais genéricas, promulgadas nas últimas décadas,
que são devidamente cobradas por instituições do Poder Judiciário, como
por exemplo, do Ministério Público.
As normas da CDHU ocupam-se não só de aspectos relacionados à
localização do terreno tais como a obrigatoriedade da inserção no tecido
urbano contínuo, as distâncias aos principais equipamentos urbanos, a
existência de rede de infra-estrutura ou de transporte coletivo, etc., como
também de aspectos geomorfológicos tais como declividade mínima, a
situação do lençol freático, etc. É fácil perceber que o atendimento a essas
normas resultaram na satisfação verificada pela investigação.
Um outro exemplo relevante neste caso é o Programa Qualihab da
CDHU, Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de
São Paulo. O Qualihab é o resultado do interesse comum pela melhoria da
Conclusão 277
As parcerias
Com base neste quadro traçado acima, o que poderia, então, ser
concluído a respeito das parcerias verificadas nos diversos modos de
provisão?
Pode-se concluir que, compondo os seis modos estudados nesta
pesquisa, há duas parcerias mais importantes, que merecem a recomen-
dação para efeitos de políticas públicas: a parceria entre o Estado, aqui re-
presentado pela CDHU,- e a iniciativa privada, que no caso desta pesquisa
efetiva o modo de provisão Empreitada Global; e a parceria entre o Estado,
representado também pela CDHU e pela Cohab-SP, e o cidadão comum
reunido em Associações, que efetiva os Modos de Provisão Mutirão.
O que confere a estas duas parcerias tamanha importância? Como
foi verificado anteriormente, por um lado, a primeira compõe o Modo de
Provisão Empreitada Global que é, entre os seis, o mais eficaz, ou seja,
sendo aquele que mais produz, ele se aproxima mais daquilo que con-
sideramos o objetivo genérico de uma Provedora de habitação popular:
produzir o maior número possível de unidades. Por outro lado, a segunda
parceria compõe os Modos de Provisão Mutirão, que são os mais eficientes
tanto financeira quanto administrativamente.
Cabe aqui, portanto, uma reflexão mais detida sobre essas parcerias.
Conclusão 279
4. 1) i.e., que o Estado no modo de produção capitalista existe, precipuamente, para facilitar
a reprodução do capital (Carnoy, 1988) e que 2) o modo de produção capitalista nos países
periféricos falhou na concessão de salários que proporcionassem ao trabalho a aquisição
da casa própria, endereçando ao Estado a mitigação do problema (Werna, 1993).
Conclusão 281
Etapas consideradas
1. Motivação para a provisão
2. Requisição
3. Provisão de terreno
4. Licenciamento de terreno
5. Projeto de construção - unidades habitacionais e infra-estrutura
6. Licenciamento da construção
7. Financiamento da construção
8. Processo de construção
9. Fiscalização da construção
10. Financiamento da compra das unidades habitacionais
11. Entrega das unidades habitacionais