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Desenhar ajuda a desenvolver percepção,

emoção e inteligência; incentive as


crianças
Gabriela Horta*
Do UOL, em São Paulo

08/11/201207h05

No começo, o que fica no papel são alguns rabiscos sobrepostos em várias camadas. A
mão tenta equilibrar o lápis, ainda sem muita firmeza, e o limite físico da folha é quase
sempre ultrapassado. Tudo é espaço para expressão e não há limites para o
movimento. Uma parede vazia, o assento de um sofá e até o próprio corpo viram lugares
para o registro dos primeiros traços da criança. Se a mãe não ficar de olho, logo o braço
ganha um protótipo de tatuagem ou o tapete, uma pintura abstrata.

Quando dá seus primeiros passos no desenho –que neste momento inicial recebe o nome
de garatuja– a criança está mais interessada no efeito surpreendente que produz ao
passar o lápis sobre o papel do que em representar qualquer coisa. Predomina a
imaginação.

Veja Álbum de fotos

Segundo Lourdes Atié, socióloga e especialista em educação infantil pela UFRJ


(Universidade Federal do Rio de Janeiro), é possível que, ao ser questionada sobre o
significado do que desenhou, a criança até descreva uma história mirabolante, mas nem
sempre sabe realmente o que quis dizer com aquilo. Na maior parte das vezes, a
descrição da cena vem só para satisfazer o adulto.

Para Lourdes, os pais também não devem ficar o tempo todo perguntando o significado
do desenho, elogiando-o ou criticando-o. "O ideal é deixar a criança à vontade para criar
o que quiser e, sozinha, manifestar a vontade de falar ou não sobre o resultado com o
adulto".

Evolução

É com o passar do tempo –e com os estímulos oferecidos à criança– que o desenho


evolui, passa a ter formas mais precisas até que enfim apresenta figuras mais nítidas e
bem definidas.

"O desenvolvimento da criança permite que ela faça desenhos que se estruturam
progressivamente de modo mais elaborado. No entanto, o desenvolvimento intelectual e
o físico são condições necessárias à evolução do traço, mas não suficientes, pois, na
falta de oportunidades para desenhar e de orientações adequadas, o desenho fica
estagnado ou estereotipado", diz Rosa Iavelberg, especialista em desenho e professora
da Faculdade de Educação da USP.
De acordo com Teresa Ruas, terapeuta ocupacional especializada em desenvolvimento
infantil, diversos comportamentos expressam aspectos importantes do
desenvolvimento: a forma como a criança pega o lápis, como explora a extensão do
papel, a escolha, a identificação e a nomeação das cores, a designação do que foi
desenhado.

Teresa afirma que não se pode esquecer das influências ambientais e da personalidade
da criança. "Tem aquela que adora desenhar e tem aquela que não gosta muito".
Segundo ela, a preferência ou não pelo desenho não tem um significado, apenas mostra
que cada pessoa é um individuo único e difere da outra em termos de características,
desejos e motivações.

Rabiscar, desenhar, escrever

E quais são os benefícios de desenhar? Os primeiros registros gráficos são


importantíssimos na vida da criança, eles são o embrião do processo que a levará, de
fato, a desenhar, a pintar e, mais tarde, a escrever.

O desenho é um passaporte para um mundo de imaginação, livre expressão e


autoconhecimento. "Assim como a brincadeira é a linguagem que a criança tem para se
relacionar com o mundo, desenhar também é", declara Lourdes.

Veja Álbum de fotos

Segundo Rosa, da USP, o desenho permite que ela se manifeste de maneira autoral, crie
realidades e participe de trocas simbólicas com outras crianças e adultos por meio dessa
linguagem.

"Ela aperfeiçoa seus desenhos e pinturas porque cada novo trabalho tem como ponto de
partida as experiências anteriores. Ao mesmo tempo em que se projeta no que cria, a
criança incorpora experiências de participação social por intermédio da sua arte, porque
faz interlocução com quem lê suas produções, com o que produzem seus colegas e, se
tiver oportunidade, com desenhos e pinturas de artistas”, diz Rosa. Quando é estimulada
a desenhar, desenvolve percepção, emoção e inteligência.

O desenho infantil é o resultado de tudo o que a criança aprendeu e da conquista da


organização dos gestos e dos materiais utilizados para a confecção de suas produções.
Os primeiros rabiscos servem de base para que futuramente a criança tenha uma maior
facilidade em ampliar o seu conhecimento de arte. E para que isso aconteça devem ser
oferecidas a ela várias possibilidades para que se expresse e, assim, melhore suas
habilidades motoras e enriqueça seu repertório.

Não limite, estimule

Deve-se oferecer à criança contato com materiais bem diversificados. Papéis de várias
texturas, pincéis, lápis e canetas de espessuras diferentes, tintas coloridas, a variedade
estimula novas ideias e perspectivas. A cada oportunidade de testar um novo material,
um novo posicionamento diante da atividade surgirá.
"O potencial de criação que uma criança tem é enorme e ela não tem preconceitos
quando se expressa", declara Soraya Lucato, educadora e artista plástica que trouxe para
o Brasil o Cloliê, método que utiliza a pintura para incentivar a livre expressão.

Normalmente, é o adulto quem diz “não é assim que se faz”, “você pintou o sol de azul,
mas ele é amarelo”, “você esqueceu a porta da casa, toda casa tem porta”. “E se ele não
quiser mesmo colocar a porta no desenho?”, questiona Soraya. "De repente, não é
mesmo para ninguém entrar nessa casa, de repente a entrada é pelo telhado ou por uma
passagem secreta".

Portanto, resista à tentação de impor regras e padrões quando seu filho estiver
exercitando o desenho. Deixe-o o mais livre possível na atividade. "Quem padroniza,
limita. A criança fica feliz quando não é cobrada, diz a socióloga Lourdes. Segundo
Soraya, a partir do momento em que a criança descobre o próprio traço e que é capaz de
fazer coisas sem compromisso estético, além de romper barreiras no desenho, leva isso
para a vida, como experiência.

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