Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
(http://click.uol.com.br/?
rf=barraparceiro&u=http://ww
(https://revistacult.uol.com.br/home/)
GRUPO CULT
E D I Ç Õ E S ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T . U O L . C O M . B R / H O M E / E D I C O E S / )
D O S S I Ê S D I G I TA I S ( H T T P S : / / W W W . C U L T L O J A . C O M . B R / C AT E G O R I A - P R O D U T O / R E V I S TA - C U L T / D O S S I E S - D I G I TA I S / )
C O L U N I S TA S ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T . U O L . C O M . B R / H O M E / C O L U N I S TA S / )
S E Ç Õ E S ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T . U O L . C O M . B R / H O M E / N O S S A S - S E C O E S / )
A N U N C I E ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T . U O L . C O M . B R / H O M E / A N U N C I E / )
C O N TAT O ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T . U O L . C O M . B R / H O M E / C O N TAT O / ) S O B R E ( H T T P S : / / R E V I S TA C U L T . U O L . C O M . B R / H O M E / S O B R E / )
Filosofia da insurreição
Caio Liudvik
5 de julho de 2012
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 1/8
21/06/2018 Filosofia da insurreição - Revista Cult
A Obra de Sartre – Busca da Liberdade e Desafio da História (Ed. Boitempo, trad. Rogério
Bettoni e Lólio Lourenço de Oliveira, 332 págs., R$ 54) não é uma mera reedição, mas
sim uma versão revista e consideravelmente ampliada do livro originalmente
publicado por Mészáros em 1979, pouco antes da morte do próprio Sartre (1905-
1980).
Também foi naquele mesmo ano que, com A Condição Pós-Moderna, François Lyotard
celebrava, na França de Sartre, a morte das “grandes narrativas” totalizantes e
fundadas na fé no progresso humano rumo ao pleno reinado da igualdade, liberdade e
fraternidade.
“Sartre, hoje, na França, é uma pessoa bastante desconcertante até para ser
mencionada. Por quê? O que aconteceu foi que, em nome do privatismo e do
individualismo, eles se venderam totalmente aos poderes da repressão, uma
capitulação às forças do ‘não há alternativa’, e é por isso que Sartre é uma lembrança
terrível. Quando olhamos o passado dessas pessoas sobre as quais falamos, ‘pós-
modernistas’ de uma grande variedade, percebemos que muitas vezes foram
politicamente engajadas. Mas seu engajamento foi superficial. Algumas delas, por
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 2/8
21/06/2018 Filosofia da insurreição - Revista Cult
volta de 1968, eram mais maoístas que os maoístas extremos na China e, agora,
adotaram a direita de maneira mais entusiasmada; ou, então, faziam parte do grupo
francês ‘Socialismo ou Barbárie’ [movimento progressista do qual Lyotard foi um dos
expoentes] e se tornaram mascates das mais estúpidas platitudes da pós-
modernidade”.
Essa opção de Mészáros adquire, portanto, uma importância estratégica por consagrar
a Sartre uma obra que, ainda mais com a nova edição, se torna indispensável para a
compreensão da filosofia do pensador húngaro Georg Lukács (1885-1971).
Autor do clássico História e Consciência de Classe (1923), Lukács não tinha com Sartre
uma relação das mais amigáveis – vide o panfleto polêmico Existencialismo ou
Marxismo; mesmo a propalada conversão de Sartre ao marxismo não o demoveu dessa
antipatia: Sartre, “em sua Crítica da Razão Dialética [1960], aceita Marx, mas quer
conciliá-lo com Heidegger [expoente do existencialismo alemão e persona non grata no
pós-guerra devido à adesão explícita ao nazismo]. A contradição é clara. Há um Sartre
número um no começo da página e um Sartre número dois no fim da mesma página.
Que confusão de método e de pensamento!”.
Essa decisão lhe custou também, aliás, outras amizades importantes, como a
de Merleau-Ponty – que se afasta denunciando o “ultrabolchevismo” do ex-parceiro
na revista Les Temps Modernes.
“Não adoto as ideias filosóficas de Sartre, mas compartilho plenamente de sua meta”,
afirma Mészáros, que reconhece um “verdadeiro companheiro de armas” no autor de
O Ser e o Nada. Este livro, salpicado de motivos niilistas e de alheamento da luta
política, recebe do crítico marxista dezenas de páginas de análise a mais cerrada e
honesta possível, mesmo ante teses as mais distantes do credo na luta de classes e na
reconciliação humana sob a égide do regime comunista.
Mas a tolerância de Mészáros, seu respeito e afeto pela pessoa e pela obra de Sartre,
mesmo nos extremos existencialistas da “Melancolia” (título original de A Náusea),
confirma as palavras de Franklin Leopoldo e Silva (USP), em texto incluído nesta
edição: o livro dá testemunho de uma “profunda afinidade política” e “enorme
discordância filosófica”, paradoxo feliz por implicar “uma diferença produtiva, aquela
que ocorre entre figuras intelectuais comprometidas com a história e com a verdade,
no sentido concreto de que nessa relação se passa o drama da emancipação humana”.
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 3/8
21/06/2018 Filosofia da insurreição - Revista Cult
Distante de uma “sartrologia” academicista, Mészáros mostra o erro de dicotomia
rígida entre um “primeiro” e um “segundo” Sartre, antes e depois da experiência da
Resistência francesa e da vitória aliada na Segunda Guerra. A periodização proposta
para as metamorfoses sartrianas “no interior de uma permanência” – a busca da
liberdade – é, nesse sentido, muito valiosa para a compreensão de continuidades e
rupturas entre os pólos contrastantes – mas sempre autorreferentes, enquanto
afrescos de uma personalidade intelectual poderosa e mutante e que se busca nos
objetos que investiga – de O Ser e o Nada (1943) e da Crítica da Razão Dialética, ou entre
A Náusea e O Idiota da Família, a magistral biografia sartriana sobre Flaubert.
Mézáros conseguiu convencer Sartre de que eram falsos os rumores de que Lukács
aderira ao governo estabelecido na Hungria pelos soviéticos após a repressão militar
ao levante de 1957.
Mészáros faz valiosas observações sobre uma das proezas maiores do existencialismo
sartriano: a articulação entre filosofia e literatura. Não se trata, como bem mostra, do
mero uso da ficção para ilustrar e popularizar teses abstratas, mas sim de uma
vocação, de um aspecto constitutivo de um projeto intelectual que vê a filosofia como
“dramática por natureza”, ao mostrar que o homem é o que faz (ação está na
etimologia da palavra drama).
Trata-se, para ele, de uma filosofia da insurreição que, ante os mitos da sociedade
vigente, precisava contra-atacar também pela convocação dos poderes mitopoéticos
da imaginação.
Caio Liudvik é doutor em filosofia pela USP, autor de Sartre e o Pensamento Mítico
(Loyola) e tradutor de As Moscas (Nova Fronteira), de Sartre.
(5) COMENTÁRIOS
D E I X E O S E U CO M E N TÁ R I O
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 4/8
21/06/2018 Filosofia da insurreição - Revista Cult
ENVIAR »
Junho
LEIA
(HTTPS://REVISTACULT.UOL.COM.BR/HOME/CATEGORIA/EDICOE
S/235/)
ASSINE (HTTPS://WWW.CULTLOJA.COM.BR/CATEGORIA-
PRODUTO/REVISTA-CULT/EDICOES/ASSINATURA/)
COMPRE
(HTTPS://WWW.CULTLOJA.COM.BR/PRODUTO/CULT-235-JUNHO-
2018/)
(https://revistacult.uol.com.br/home/categoria/edicoes/235/)
V E R TO DA S + ( H T T P S : / / R E V I S TAC U L T. U O L . CO M . B R / H O M E / E D I CO E S )
ARTIGOS RELACIONADOS
OS CAMINHOS DA LIBERDADE
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 5/8
21/06/2018 Filosofia da insurreição - Revista Cult
O QUE É EXISTENCIALISMO?
REVERBERAÇÕES DE SARTRE
TV CULT
(https://www.sescsp.org.br/programacao/158242_SEMINARIO+JORNALISMO+AS+NOVAS+CONFIGURACOES+DO+QUARTO+PODER)
(https://www.sescsp.org.br/programacao/150794_EXPOSICAO+OCUPASACY#/content=saiba-mais)
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 6/8
21/06/2018 Filosofia da insurreição - Revista Cult
(http://premioedpnasartes.institutotomieohtake.org.br/)
(http://mam.org.br/faca-parte/clube-de-colecionadores/) (https://revistacult.uol.com.br/home/onde-vende-revista-cult/)
(https://espacorevistacult.myedools.com/)
Revista Cult
@revistacult
Leia na coluna de Dennis de Oliveira: em um ambiente jornalístico que adota cada vez mais uma lógica comercial, as agências de checagem são vistas - e
se colocam - como controle de qualidade da informação bit.ly/2K1X1XW#revistacult (Arte Andreia Freire)
(https://revistacult.uol.com.br/home/)
EDIÇÕES (HTTPS://REVISTACULT.UOL.COM.BR/HOME/EDICOES/)
COLUNISTAS (HTTPS://REVISTACULT.UOL.COM.BR/HOME/COLUNISTAS/)
SEÇÕES (HTTPS://REVISTACULT.UOL.COM.BR/HOME/NOSSAS-SECOES/)
ANUNCIE (HTTPS://REVISTACULT.UOL.COM.BR/HOME/ANUNCIE/)
CONTATO (HTTPS://REVISTACULT.UOL.COM.BR/HOME/CONTATO/)
SOBRE (HTTPS://REVISTACULT.UOL.COM.BR/HOME/SOBRE/)
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 7/8
21/06/2018 Filosofia da insurreição - Revista Cult
Copyright © 2018 Editora Bregantini. Todos os direitos reservados.
(http://www.bigfishmedia.com.br)
https://revistacult.uol.com.br/home/filosofia-da-insurreicao/ 8/8