Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
-> Maria Helena Diniz: “Direito das coisas é o conjunto de normas que regem as
relações jurídicas concernentes aos bens materiais (corpóreos) e imateriais
(incorpóreos) suscetíveis de apropriação pelo homem.” -> mas não é
exaustivamente tratado no direito das coisas, há várias legislações próprias que
regulamentam também, exemplo: direito autoral, direito industrial (com relação
às marcas e patentes), ou seja, muitos bens tem autonomia legislativa.
*São legislações especiais, que fazem com que esses bens imateriais não sejam
estudados propriamente no direito das coisas, já que estavam legislados por lei
extravagante e cabe ao CC somente função suplementar.
COISAS X BENS
-> Há divergência sobre as diferenças entre coisas e bens. Alguns entendem que
coisa é gênero do qual bem é espécie. É tudo o que existe objetivamente, com
exclusão do homem. É tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas.
Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e
contém valor econômico. Somente interessam ao direito das coisas suscetíveis
de apropriação exclusiva pelo homem (conceito restrito de coisas), sobre as
quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio. As que existem em
abundância no universo, como o ar atmosférico, e a água dos oceano deixam
de ser relevantes ao direito das coisas.
*Nem todos os bens são coisas.
*Ora conceito de coisa pode ser mais amplo que o conceito de bem (se bem for
caracterizado como valor econômico). Nesse caso, ar, água, não tem valor
econômico, seriam, por tanto, coisas. Agora, outra versão, se ora o conceito de
bens é mais amplo - se eu digo que honra, dignidade das pessoas é um bem
jurídico tutelado pelo direito, sob uma perspectiva moral, é mais amplo que o
conceito de coisas, pois envolve bens tutelados juridicamente que não podem ser
denominados coisas - porém, uma coisa não há dúvida: coisas e bens não se
confundem.
1 de 112
-> O direito das coisas não pode ser compreendido exatamente como sinônimo de
direitos reais, pois o seu conteúdo mais amplo que a matéria de direitos reais
(inclui outras matérias). Possui configuração mais ampla, abrangendo, além dos
direitos reais propriamente ditos, capítulos destinados ao estudo da posse - cuja
natureza jurídica é controversa, tida por alguns como de direito obrigacional ou
sui generis - e dos direitos de vizinhança, que possui várias regras estabelecendo
obrigações mistas ou propter rem.
*Direitos reais -> é o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder
dos homens sobre as coisas apropriáveis.
2 de 112
*Gravame: retrata a transferência das faculdades de domínio, gerando o
nascimento de direitos reais limitados.
*Direitos reais em coisa alheia são temporários.
-> Os direitos reais em coisa alheia possuem dentro de si uma carga relevante de
relações de índole obrigacional.
-> A ciência que separa o direito real e direito obrigacional se torna insuficiente
para explicar a obrigacionalização da propriedade, em relação que a titularidade
dos bens impõe deveres jurídicos a seu titular perante a coletividade - os direitos
reais, sem exceção, abrigam em sua estrutura uma relação jurídica de direito real
(domínio do titular) e outra obrigacional (cooperação entre o titular e a
coletividade).
4 de 112
Já se tem certo contra quem é a Ação real oponível erga omnes
ação (exemplo: contrato) - tem (oponível contra todos: todos
ação pessoal contra a pessoa devem se abster de molestar).
determinada desde o início da Em princípio, não tem ação
relação jurídica, que é o contra ninguém, mas no momento
contratante. que alguém violar o direitos
Vige o princípio do efeito real, é contra essa pessoa que se
QUANTO À AÇÃO OU relativo dos contratos: o propõe a ação.
ABSOLUTIDADE contrato faz lei entre as partes, Só surge com a violação e pode
em princípio não beneficia nem ser qualquer pessoa da
prejudica terceiros, só vincula as coletividade.
partes contrantes. Vige o princípio do
absolutismo: É o poder de exigir
de todos um dever de abstenção -
O sujeito de direito real uma vez
violado o seu direito, poderá
propor ação.
Surge daí o direito de sequela,
isto é, de perseguir a coisa e de
reinvidicá-la em poder de quem
quer que esteja (submissão do
bem ao titular do direito real),
bem como o direito de
preferência.
5 de 112
Uma prestação debitória (dar, São coisas corpóreas ou
fazer ou não fazer). incorpóreas suscetíveis de
*Art 104, II: a validade do negócio apropriação pelo homem.
jurídico pode ter como objeto
determinável. O bem sobre o qual o titular
*Admite também coisa futura: as exerce ingerência sócio-
QUANTO AO OBJETO partes podem celebrar contratos econômica: o direito de usufruir
aleatórios com coisas futuras. da coisa.
Princípio da tipicidade: Os
direitos reais existem apenas de
acordo com os tipos legais e são
constituídos conforme as formas
previstas na legislação.
6 de 112
Credor não quer receber - O titular do direito real pode abrir
devedor pode depositar mão do seu direito, renunciando/
judicialmente (não pode renunciar abandonando, por tanto, cabe
o crédito sem anuência do renúncia e abandono (art. 1275,
QUANTO AO ABANDONO devedor) - apenas pode deixar de II e III).
exercer o seu direito pela
prescrição extintiva do seu
crédito, não pode renunciar
unilateralmente os seus
créditos.
7 de 112
Não atribuem preferência dos Atribuem preferência ou
créditos no caso de insolvência prevalência no caso de
ou falência do devedor. insolvência do devedor.
a) Obrigação “Propter Rem” ou anulatórias: São aquelas que recaem sobre uma
pessoa por força de um determinado direito real.
Exemplos:
1) Art. 1297, §1º CC: O proprietário tem que concorrer com a despesas de
construção e conservação de muro ou cerca divisória: João e Paulo são vizinhos,
João reformou a cerca, mas Paulo não quis dividir o valor dela, como Paulo
vendeu o terreno para José, José sendo o novo dono, terá obrigação de pagar o
valor da conservação da cerca.
3) Art. 1285: O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou
porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a
lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
8 de 112
-> Vizinho é obrigado a dar passagem ao proprietário que tem imóvel encravado
(que não sai pra rua nenhuma).
b) Obrigação com eficácia real (contra terceiro): São aquelas que sem perder o
caráter de direito a uma prestação (obrigacional), transmitem-se e são oponíveis
a terceiros que adquiram direito sobre determinado bem (característica do
direito real).
Exemplos:
1. DEFINIÇÃO:
-> Posse é o poder de fato, que se manifesta por atos de uso e fruição sobre a
coisa, servindo-se o possuidor de suas utilidades econômicas, sem que isto
implique qualquer conexão com o direito de propriedade.
2. DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA
Venosa: A doutrina tradicional enuncia ser a posse relação de fato (uso, fruição e
disposição da coisa) entre pessoa e coisa - já define qual é a natureza jurídica,
que é uma relação de fato e não de direito.
A nós, parece mais acertado afirmar que a posse trata de estado de aparência
juridicamente relevante, ou seja, estado de fato protegido pelo direito: ex -
tutela sobre os frutos das coisas, possibilidade de usucapião -> Posse é um estado
de fato protegido pelo direito em relação aos seus efeitos.
* Concretamente, é um estado de fato, mas é também um de direito que o
sustenta, é um misto entre os dois para Venosa.
Caio Mario da Silva Pereira: É uma situação de fato, em que uma pessoa,
independentemente de seu ou de não ser proprietária, exerce sobre uma coisa
poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a. Em toda posse, há pois uma
coisa e uma vontade, traduzindo uma relação de fruição.
- Alguém que atue sobre a coisa sem o animus, se considera mero detentor:
locatário, comodatário, depositário -> não tem a coisa como sua, mas em nome
alheio. Detentores não fariam jus à tutela possessória justamente pela carência
do animus.
-> Definição considerando esses dois elementos: Posse é o poder que tem a
pessoa de dispor fisicamente da coisa, com a intenção ou vontade de dono. Por
isso, se chama teoria subjetivista porque para saber se alguém tem posse, teria
que fazer um exame psicológico para ver se a pessoa tem a intenção de dono ou
não.
* Poder de fato: não precisa ter poder físico sobre a coisa (contato físico), poder
de fato pode ser exercido ainda que não tenta o contato físico = Teoria adotada
pelo CC.
* Toda posse tem o animus - também é o elemento interno, psíquico, só que dizia
ele que todo aquele que tem corpus tem íncito o animus - todo aquele que
está no exercício das faculdades de dono, age como habitualmente age o
proprietário -> age porque tem vontade de agir desse modo, ou seja, já
possui o animus.
-> Para verificar quando alguém não tem posse, tem que observar se a coisa
mantém a sua destinação sócio econômica. Para verificar se alguém mantém o
poder de fato sobre a coisa, mesmo não estando no exercício direto, físico, sobre
ela, Ihering defende que é necessário verificar se a coisa mantém a sua
destinação sócio econômica.
-> Nesse caso, quando se tiver o contato físico se diz que há a posse direta,
quando estiver apenas mantendo a destinação econômica, ocorre a posse
indireta.
-> Para Ihering, posse é a exterioridade da posse de dono, poder de fato sobre
a coisa e essa é a teoria adotada pelo CC. Nesse sentido, posse é a relação de
fato entre pessoa e coisa, tendo em vista a sua utilização sócio econômica.
*A posse é a porta que conduziria à propriedade
12 de 112
-> Posse é um direito subjetivo, atribuído àquele que exerce o poder fático de
ingerência sócio econômica sobre a coisa, independente de qualquer direito real
ou obrigacional.
*Posse é um direito autônomo em relação a qualquer direito obrigacional ou real.
* Garante o direito em caso de terceiro que não tem qualquer posse - não em
relação ao que foi esbulhado. Ex: vizinho não pode apredejar o invasor de uma
propriedade -> pode promover ação contra ele.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de
ser molestado.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
-> Se é uma questão de fato, de uso e fruição da coisa, não adiante levar ao juiz
um título que comprova a minha posse. Não se indaga a existência do direito, a lei
socorre a posse enquanto o direito do proprietário não desfizer esse estado de
coisa e se sobreleve como dominante. O jus possesionis perseverá até que o
jus possidendi o extinga.
-> Posse decorrente da relação jurídica, de um título jurídico que lhe atribui,
sendo direito real (propriedade, servidão, usufruto…) ou direito obrigacional/
pessoal (locação, comodato, depósito..)
*Nesses casos, a posse não tem qualquer autonômia.
-> Juízo Petitório: ação reivindicatória da propriedade -> vai ter que fazer
prova que possui a propriedade, tem que comprovar o título que garante a posse.
=> Ainda hoje, o direito brasileiro faz essa distinção ente os juízos.
13 de 112
-> Teoria Subjetivista: Detentor é aquele que tem o corpus, mas não o animus
domini.
*O detentor seria aquele que preenche os requisitos para a posse, mas encontra
óbice legal que não garante a proteção possessória a ele, mesmo estando na
apreensão física da coisa etc.
-> Aqueles que apreendem a coisa, detendo o poder de fato sobre ela, em razão
de uma relação de subordinação para com o terceiro -> apreende a coisa em
cumprimento de ordens ou instruções emanadas dos reais possuidores ou
proprietários; não concedem a destinação econômica da coisa.
*Não tem legitimidade ativa para propor ação possessória para defesa da posse do
patrão juridicamente e nem são legitimados passivos para responder pela ação
possessória.
14 de 112
*No entanto, enquanto longa manus do titular da posse, podem exercer atos
materiais de desforço imediato e legítima defesa da posse - desde que o faça
logo e no exato limite da recuperação da coisa.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Ex: Vizinho pede verbalmente para deixar o carro na minha garagem e eu permito
(mera permissão) - e ele foi molestado no seu uso por um terceiro - não cabe
ação possessória, porque ele tem mera detenção.
*Se emprestar a garagem já seria um comodato.
-> Tolerância: Ocorre quando o possuidor admite tacitamente o uso da coisa por
terceiro, nas mesmas condições da permissão (transitoriamente, de modo
efêmero, sem configurar negócio jurídico). Normalmente, é posterior.
Ex: O vizinho não fala nada comigo e o carro dele está na garagem e eu deixo -
nem conversou.
15 de 112
*A qualquer momento o real proprietário pode destituir o uso unilateralmente e o
detentor não tem nenhum direito subjetivo de permanência, não pode se opor -
situação de sujeição.
*Deveria ter feito um contrato de comodato; e se eu quero que ele entregue, ele
é obrigado.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho,
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando
recuperá-la, é violentamente repelido.
-> Aquele que invadir uma fazendo, durante o período conflituoso, enquanto o
real possuidor tentar recuperar a coisa, não é possível ainda o invasor adquirir
posse.
Ex: Um vizinho 1 expande a sua adega para debaixo da casa do vizinho 2, e fica
nessa situação durante anos, mas enquanto o vizinho 2 não souber dessa situação
de clandestinidade, o vizinho 1 não terá a posse desse subsolo do terreno, e sim
mera detenção.
16 de 112
d) Em relação aos bens públicos, também existe situações em que a pessoa tem
a mera detenção:
-> Mera permissão de uso do bem público, não poderia opor ações possessórias
contra o poder público para garantir a sua posse.
6. OBJETO DA POSSE
-> É suscetíveis de proteção possessória, tudo aquilo que for puder ser apropriado
e exteriormente demonstrado (uso, fruição, gozo). Assim, se protege tantos bens
materiais e imateriais, desde que suscetíveis de apropriação (tem que ser
demonstrado o uso).
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas
móveis que nele estiverem.
17 de 112
*Direitos Reais: são passíveis de posse (propriedade, usufruto..).Mas, não são
todos, tipo a hipoteca não é passível.
-> Situação de propriedade: pode ter ação reividicatória do titular: caberia contra
terceiro ainda que de boa fé, porque é um direito real.
-> Terceiro de boa fé, que não sabia da situação, que recebe a coisa - antigo
titular da posse não consegue reaver - só cabe ação possessória contra o
esbulhador.
18 de 112
b) Posse desmembrada/paralela/múltiplas: Ocorre quando há um
desmembramento da posse decorrente da instituição de um direito real ou
obrigacional/pessoal sobre o bem.
*Posse Direta/Imediata - Aquele que recebe o uso, gozo, fruição da coisa, recebe
o bem para ingerência sócio econômica, é o possuidor direto - de quem recebe.
*Posse Indireta - Titular do direito real que transfere/sede o uso para terceiro -
de quem entrega.
Ex posse indireta: Nu-proprietário (aquele que tinha a posse plena, passa a ter
indireta), aquele que detém a propriedade, institui um usufruto e ocorre um
desmembramento: como se ela fosse nua, não tem mais o direito de uso, fruição,
que passou ao usufrutuário (posse direta), mas só o de disposição da coisa (não
perde a posse). Compromisso de compra e venda, é o compromissário vendedor.
Alienação fiduciária, é o credor fiduciário tem posse indireta - nesse caso, caso
haja inadimplemento pelo devedor, a ação correta para o credor será busca e
apreensão.
=> Por tanto, pode haver uma CADEIA GRADATIVA DE POSSE -> por isso, se
chama de POSSE PARALELA, porque qualquer um dos possuidores indiretos,
tem o direito de ação possessória.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra
o indireto.
*Possuidor direto pode defender a posse contra o indireto - reintegração de posse.
19 de 112
*O sublocatário tem ação possessória contra o locatário, usufrutuário e nu-
proprietário.
*Usufrutuário temporário, expirou o prazo, e o nu-proprietário quer devota o bem
- vai se extinguir toda a cadeia de direito constituído e o sublocatário não vai
mais ter o direito de permanecer na posse do bem. Cabe ação possessória do nu-
proprietário contra sublocatário: o possuidor direto tem direito de ação
possessória para proteger sua posse, e vice e versa, também o possuidor indireto
tem direito (enunciado 76 da jornada).
- Ex: Um terreno comprado por várias pessoas, e cada uma já faz seu muro
separando, exercendo sua posse exclusiva, mas no registro ainda não.
- Efeito: Cada um pode proteger a sua posse exclusiva. resolve fazer um plantio
de laranja na sua parte já estabelecida, não vai ter que repartir com o
vizinho, porque cada um já exerce os atos de posse com exclusividade - atribui
com a situação fática, posse exclusiva, mas o bem continua indiviso no
título.
20 de 112
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores.
a) Posse Justa: Aquela que não repugna o direito, isenta de vícios de origem.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
b) Posse Injusta: Se instala por modo proibido e vicioso, que tem característica
de violência, clandestinidade ou precariedade.
*Posse Violenta -> Aquela que se adquire por ato de força ou ameaça (força física
ou coação moral).
- Só pode cogitar na posse violenta quando o possuidor esbulhado não mais
resistir à ocupação.
- Ex: A tenha de viajar ao exterior por um longo período, a invasão de seu imóvel
por parte de B não será considerada ato de clandestinidade, se as
circunstâncias demonstrarem que funcionários, parentes e amigos de A
poderiam tomar conhecimento do fato e levá-lo ao conhecimento de A. Isso não
ocorre quando da inexistência dessas pessoas em localidade isolada.
* Posse Precária -> Aquela adquirida com abuso de confiança, ou seja, daquele
que recebe a coisa com obrigação de restituir e arroga-se legítimo titular dela =
recebe a posse legitimamente, mas não a entrega. Equiparada à apropriação
indébita.
- Ex: Caseiro que é mero detentor, está cuidando da casa em nome alheio, e ele
resolve se arrogar como dono e diz que vai usucapir -> possuidor precário e
posse injusta.
21 de 112
- Ex: Posse do comandatário (tinha prazo para entregar o bem), passado o prazo,
não entrega - possuidor precário, arrogando-se titular da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé,
salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta
presunção - cabe prova em contrário.
-> Quando o possuidor não tem ciência de que o bem é de outro. Encontra-se na
crença de que pode adquirir legitimamente.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente.
-> Aquele que estava na posse de boa fé e produziu frutos na coisa, os frutos
colhidos até aquele momento em que ficou sabendo que não era dele a posse, são
dele -> depois, que sofre o processo, na citação é o momento em que aquele
que tinha o justo título, deixa de ter boa fé, não tem mais como alegar que não
havia ciência.
*Teoria Psicológica: que entende que basta a crença de que está realmente
adquirindo a posse legitimamente.
*Teoria Ética: que entende que esta crença deve ser recorrente de erros
escusáveis da pessoa diligente, erro a que qualquer pessoa normal incorreria ->
22 de 112
não poderia ser um erro grosseiro (não poderia alegar boa fé) em relação à
situação. Ex: adquiro a propriedade de um imóvel e se quer fui no registro de
imóveis para ver no nome de quem estava.
-> As vezes, a pessoa pode ter boa fé, mas com posse injusta, e vice e versa -
não se confundem: vícios objetivos e subjetivos não se confundem.
Ex: o sujeito pode usar de violência pensando que a coisa é sua; ou que seja
de má fé, mas não tenha vícios objetivos.
6) Quanto à idade
-> Alguns autores usam essa classificação para dizer que aquele que adquiriu a
posse e foi passando por ano e dia, quando tem a posse velha, ela convalesceu -
adquire a posse.
-> Não confundir posse velha e posse nova com ação de força nova: aquela em
que o possuidor propõe dentro do prazo de ano e dia contado da data da
turbação/esbulho e que, por tanto, lhe dá direito à liminar possessória. E ação de
força velha, que não tem o procedimento liminar, mas continua sendo ação
possessória.
23 de 112
a) Posse Produtiva/ Posse Trabalho: Aquela em que o possuidor efetiva o
cumprimento da função sócio econômica da posse,seja tendo nela sua
MORADIA HABITUAL ou realizando OBRAS ou SERVIÇOS de caráter produtivo ou
INVESTIMENTOS de interesse social ou econômico.
*Agindo desse modo, poderá ter como efeito a redução do prazo para usucapir, na
ordinária, cai de 10 anos para 5.
b) Posse Improdutiva: Aquela que o possuidor não cumpre com a função sócio
econômica da posse - podendo ter como efeito, a desapropriação-sanção,
quando se tratar de área urbana e ainda, na propriedade rural, atende a
função social, quando torna produtiva.
Ex: manutenção para fins especulativos.
-> O próprio CC não enumerou/ não estabelece quais são os modos de aquisição
da posse. O art. 1204 apenas expressa de modo genérico.
-> Adquire-se posse por atos inter vivos (compra e venda, doação em pagamento),
por atos causa mortis (herança, legado), por atos judiciais (arrematação,
adjudicação, sentença).
24 de 112
1) Pela apreensão/ ocupação da coisa: res derelicta (coisa abandonada) ou pode
ser por res nullius (coisa de ninguém, sem dono)- ex: pescar peixes.
Ex: dar em comodato terreno alheio: argentino tem um terreno próximo do meu e
não cuida, não vai lá, chega uma pessoa e quer usar o terreno, e eu cedo o uso
desse terreno do vizinho - estou no exercício de uma das faculdades de dono
(disposição), ainda que ilicitamente -> é uma forma de adquirir posse.
*Traditio Longa Manu: não havia uma formalidade, mas havia apenas a posse de
uma propriedade de longa extensão, basta colocar o bem a disposição de quem
recebia a coisa para que se tivesse a tradição.
*Traditio Brevi Manu: alguém já se encontra na posse direta (ou apenas detenção)
por ocasião do negócio jurídico, mas tem a posse em nome de outrem, é
somente animus de possuidor, e adquire a posse plena por ter adquirido a
titularidade do bem.
Ex: inversão do animus, que se transforma em animus domino, poderes em nome
próprio.
*Não será necessário devolver ao dono, para que este novamente lhe faça a
entrega do mesmo. Basta a demissão voluntária da posse indireta pelo
transmitente, para que se repute efetuada a tradição.
25 de 112
*Alguém adquire a posse indireta do bem, sem que no mundo dos fatos nada se
modifique, pois o controle material sobre a coisa persiste com o alienante.
Ex: Alienação fiduciária - proprietário faz contrato que passa a propriedade para
outro, mas continua com a posse direta.\
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos
antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a
possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à
restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o
adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
2) SUCESSÃO:
26 de 112
*Se não unir - sua posse obterá a vantagem de se liberar de vícios que existiam.
*Terá efeito para contagem de prazo para usucapião ordinária - se só quer contato
seu tempo na posse, não as une.
-> Pensamento majoritário é que o menor (incapaz) pode adquirir posse originária
(apreensão obtenção da coisa) por si só, mas a posse derivada (titulada) que
requer um negócio jurídico, tem que ser por meio de um representante.
Crítica: Um menor ao comprar uma bala, faz negócio jurídico. Porém, quem
defende o pensamento acima diz que uma compra como essa é um ato-fato
jurídico e não um negócio jurídico propriamente dito.
27 de 112
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
* Legítima defesa da posse: Será exercida toda vez que o possuidor sofrer um ato
de TURBAÇÃO (molestado na sua posse), podendo manter-se na posse por sua
própria força.
1 - Desde que faça logo: “no calor dos acontecimentos” - desde que não tenha
passado tempo suficiente para o pedido da tutela jurisdicional, sob pena do crime
de exercício arbitrário das próprias razões. Não pode deixar se consolidar a
situação.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho,
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando
recuperá-la, é violentamente repelido.
*Quando tomar conhecimento - a partir dai é que tem que fazer logo - pode ter
passado o tempo que for até esse momento. Legítima defesa e desforço imediato
podem ser exercidos mesmo passado um tempão, desde que o titular possuidor
não tinha conhecimento.
28 de 112
- Antecipação de tutela: passado ano e dia (1 ano e 1 dia), no procedimento
ordinário, pode-se pedir ainda a tutela antecipada, mas para isso é necessário
verossimilhança das alegações e risco de dano irreparável ou abuso do direito
de defesa ou manifesto propósito protelatório.
a) Direta: Quando exercida sobre a própria coisa, já teve atos concretos sobre a
coisa. Ex: Chego na minha fazenda e vejo o vizinho tirando lenha -> já teve o
ato concreto.
b) Indireta: Quando exercida em terceira pessoa. Ex: alguém que quer colocar
seu imóvel em locação, aí tem um vizinho que não gosta do locador e frusta
todas as negociações do locador com possíveis locatários.
=> Nesses casos, a posse se mantém, mas não está se conseguindo tê-la de
forma mansa e pacífica.
- Como se fosse uma tutela preventiva, para evitar que ocorra a concretização
do esbulho ou turbação.
- Tem que efetivamente comprovar esse justo receio. Medida liminar: nesse
caso, o juiz não observará o prazo de ano e dia, ao contrário da manutenção e
reintegração de posse, mas sim se há justo receio.
- Ex: Recebo uma carta do vizinho dizendo que ele vai derrubar o meu muro -
não há nenhum ato concreto anda, é justo receio.
29 de 112
- A propositada de uma ação possessória ao invés de outra, não impedirá que o
juiz conheça do pedido e conceda tutela, caso os requisitos da correta tenham
sido preenchidos - juiz aplicará o Princípio da Fungibilidade das ações
possessórias: diante do equívoco do advogado, o juiz poderá receber de outra
forma.
-> O réu, na contestação, poderá pedir: proteção possessória (pode dizer que ele
que foi turbado ou esbulhado) e ainda indenização de prejuízos resultantes do
esbulho ou turbação (pedidos contrapostos).
-> Se o réu quiser pedir outras coisas, então tem que fazer mediante reconvenção
(Doutrina atual).
30 de 112
*Nem vai ouvir o réu e pode dar direito à liminar do procedimento especial, desde
que ação seja intentada no ano e dia. Se passado esse prazo de ano e dia,
continua sendo possessório, mas no procedimento ordinário.
MUDANÇAS NO NCPC
-> Processo coletivo: várias famílias que invadiram um determinado local, várias
pessoas no polo passivo):
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a
turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz,
antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar
audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o
disposto nos §§ 2o e 4o.
-> No NCPC não há uma previsão legal específica, mas não significa que acabará.
31 de 112
->Pleitea o embargo da obra nova (pedido principal) que esteja sendo feita de
forma irregular, quando está em fase de levantamento da obra.
-> Ex: Ninguém pode abrir varanda a menos de metro e meio do terreno do
vizinho - pode-se ingressar com a ação.
-> CPC prevê que o embargo da obra pode ser extrajudicial (não tem no NCPC) ->
podia se comparecesse junto a obra e dizer que não continue e depois ir a juízo
(em 3 dias).
Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho
na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de
penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação,
arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou
restituídos por meio de embargos.
-> Alguém que não é parte no processo sofre uma constrição no seu bem, pode,
nesse mesmo processo, opor-se à situação por meio de embargos (senhor e
possuidor ou apenas possuidor).
->Se não for intimado, quando tiver que se manifestar no eventual processo, tem
direito ao embargo de terceiro.
32 de 112
-> O pedido de caução pelo risco do dano iminente (valor que deve ser depositado
em juízo, para caso se concretize o dano) - já tem uma garantia da
responsabilidade civil com a caução, já se previne de eventual indenização.
-> Se não for causado nenhum dano, depois de comprova que o risco de ruína
acabou, pode levar a caução.
-> Quando posso permitir que alguém entre na minha posse (meu terreno):
§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho,
poderá ser impedida a sua entrada no imóvel.
-> Ex: Adquiri o imóvel, mas encontro lá uma terceira pessoa residindo (que não é
o vendedor).
->Não tem previsão legal específica, mas ela existirá: a todo direito tem uma
ação correspondente.
e) Ação Publiciana: Ação daquele que já teria direito de usucapião, mas não
promoveu o processo ainda e não registrado - é paralela a ação reivindicatória
do proprietário.
33 de 112
Ex: alguém invadiu minha posse, a qual tenho animus domini, e não tenho o
registro da propriedade - ação que quer reaver de quem injustamente o detenha
e quer discutir com base na usucapião, porque ele não tem título.
b) Quanto ao ESTADO:
34 de 112
*Frutos Pendentes -> Quando ainda não separados do bem principal - unidos a
coisa que os produziu - aqueles não colhidos ainda.
*Frutos Estantes -> aqueles que foram colhidos e estão armazenados para
consumo ou para a venda.
*Frutos Percipiendos -> os que deveriam ter sido colhidos ou percebidos, mas não
foram, por culpa do possuidor -> deixa que apodreça tudo - vai responder por
isso.
Ex: foi citado na ação e deixa de colher de propósito.
*Frutos Consumidos -> já tiveram a sua destinação, não existem mais porque já
foram utilizados.
*Possuidor de má-fé:
-> Quando as circunstâncias façam presumir que já tenho ciência dos obstáculos
para atingir a posse.
35 de 112
->Ele invadiu a terra, planou e colheu, gastou para produzir, mas foi invasão de
má fé -> tem direito somente as despesas de produção e custeio (para evitar o
enriquecimento ilícito).
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se
deteriore.
*Tem que analisar o lugar que o objeto foi inserido, nas circunstâncias. Ex: uma
piscina, em uma aula de natação, é necessária. Já numa casa, é voluptuária, já
numa escola seria útil.
*Benfeitorias se distinguem de ACESSÕES INDUSTRIAIS: que são obras ou
plantações que criam coisas novas, diferentes, ainda que venham a aderir a
coisa já existente, como por exemplo: a edificação de uma casa num terreno
baldio -> é modo de aquisição da propriedade. Como construir mais um andar
numa casa => não é uma benfeitoria, tudo tem que registrar.
36 de 112
-> Tem direito à retenção em relação às benfeitorias úteis e necessárias: reter a
coisa alheia, mantendo-a em seu poder direto e imediato, até ser indenizado
pelos valores gastos.
3 - Deve existir uma relação de conexão entre o seu crédito e a própria coisa que
deve ser restituída, ou seja, deve ser um crédito exigível decorrente de
benfeitorias necessárias ou úteis.
*Ou seja, se era um empréstimo em dinheiro - não cabe, tem que ser conexo com
o próprio bem que você precisa restituir: um gasto na própria coisa.
Ex: comodato -> é difícil alguém cobrar alguma coisa -> comandatário se fez
qualquer mudança na coisa do comodante, sem autorização, não pode cobrar
indenização.
Ex: locação de casa -> locatário fez despesas, teve que colocar um azulejo novo
no banheiro (necessária), ainda que não autorizadas, as úteis desde que
autorizadas serão indenizadas, cabendo direito à retenção -> Lei de locação.
b) Possuidor de má fé:
*Responsabilidade subjetiva: tenho que comprovar que ele deu causa, ou seja, o
ônus da prova é do reivindicante de demonstrar que o possuidor agiu
culposamente na perda ou deterioração.
b) Possuidor de má fé:
DIREITO DE PROPRIEDADE
38 de 112
coletividade, visando se apropriar particularmente deles - também tem por traz
relação com a propriedade.
-> Doutrina Tradicional parte da análise do disposto no art. 1228 CC para definir o
direito de propriedade considerando os elementos do domínio (define
propriedade pelo domínio).
-> Pessoa física e pessoa jurídica podem ser titulares do direito formal de
propriedade, dentro dos limites normativos, de usar, dispor sobre bem corpóreo
ou incorpóreo - Maria Helena Diniz.
-> Direito de gozar ou fruir: faculdade de perceber os frutos, sejam frutos civis ou
naturais ou industriais e se utilizar do fruto da coisa.
->Faculdade de destruir a coisa? A doutrina entende que sim, desde que não seja
mero ato emulativo de destruir bens que serviriam para a coletividade (abuso do
direito de dispor da coisa).
40 de 112
-> Concepção clássica é mais individualista, visava os interesses do proprietário.
As restrições são mínimas e vem externamente: direito de vizinhança,
desapropriação, usucapião, direito ambiental. Mas em algum reduto, o
proprietário continuava absoluto.
-> De acordo com essa teoria, o significado de função social é atuar a propriedade
positivamente, não apenas no interesse do proprietário, mas especialmente, em
benefício da coletividade e de interesses extra-proprietários, informados pelos
princípios constitucionais básicos, como: “visando o respeito da pessoa humana”,
“atendendo os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”….
-> Tudo aquilo que dela não for excluído por força de lei. ex: bens corpóreos
(móveis, imóveis, semoventes).
*Imóveis: já tem situações mais complicadas quanto ao espaço aéreo e o solo,
sofre restrições.
->O tratamento da propriedade intelectual está tratada na Lei 9.610 e não no CC,
não sendo por tanto tratado no Direito das Coisas.
41 de 112
*São tratados muitas vezes como sinônimos, mas é passível de distinção:
propriedade é uma relação jurídica complexa formada entre o titular do bem
(proprietário) e a coletividade de pessoas.
OBS: Nosso sistema admite a tradição somente para bens móveis e para os bens
imóveis, precisa do registro. Se aproxima do modelo romano e alemão, na medida
em que o contrato (doação, compra e venda, troca ou permuta…) não transfere
a propriedade, esse título (escritura pública..) terá que ser levado ao cartório de
registro de imóveis para o respectivo registro.
*A escritura pública é mera forma de contratar por escrito público - não transfere
a propriedade.
42 de 112
a) Princípio Constitutivo -> É o registro que constitui a propriedade para o novo
titular.
*Se o cartorário tiver dúvidas quanto a legalidade do ato que irá registrar, ele
pode suscitar a dúvida ao juiz responsável pela fiscalização do cartório.
e) Princípio da Força Probante -> Os atos do registro tem fé pública, por isso
tem presunção de veracidade.
f) Princípio da Continuidade dos Atos do Registro -> Cada ato do registro tem
que ter um encadeamento de quem é o adquirente e quem é o alienante.
Somente o titular pode figurar como alienante, e o adquirente, é o próximo
que poderá figurar como alienante.
43 de 112
*Não se pode pular um, no caso de alguém não transferir o imóvel embora tenha
vendido, e o adquirente queira vender.
g) Princípio da Publicidade -> Qualquer pessoa tem acesso aos atos do registro -
direito a certidão sobre os atos do registro, independentemente de
justificação.
-> Existe uma discussão se seria passível de usucapião o direito real de superfície
e o direito real de uso especial para fim de moradia, de uso -> não tem previsão
legal.
3) Além disso: é que torna possível sanar a ausência do título ou sanar os vícios
intrínsecos de um título do possuidor- é o que ocorre na usucapião ordinária,
por exemplo.
44 de 112
REQUISITOS DA USUCAPIÃO
* Numa situação de abandono do lar, que não pediu divórcio etc, durante 2 anos,
já pode usucapir.
* Depois dos 18 anos pode contar o prazo para usucapir. ex: um filho mora desde
os 15 anos sozinho no apartamento do pais e que alegar usucapião.
B) REAIS (Res Habilis): A coisa tem que ser coisa hábil para ser usucapida. Nem
todos os bens e direito são suscetíveis de serem adquiridos por usucapião, só
aqueles que podem ser suscetíveis de posse.
*Exceção: os bens públicos, em regra geral, ainda que sejam bens dominicais;
terrenos de marinha (União) - 33 metros contados da preamar média de 1831.
45 de 112
- Posse pacífica: significa que já foram cessados os atos de violência,
clandestinidade e precariedade - ainda que injusta - mesmo que tenha sido
adquirida por violência, ela sempre será uma posse injusta, mas pode dar o
direito de usucapir.
- Posse tem que ser com animus domini: ter a coisa como sua, ou seja, intenção/
vontade de dono, assim, o detentor e o possuidor direto (locatário,
comodatário), como regra, não terá posse para usucapião.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e
boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá
de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
-> 15 anos (posse simples): exercício de fato de alguma das faculdades de dono -
assim, mesmo que não habite o imóvel, deixando-o sob a vigilância de um
detentor, vai alcançar a usucapião em 15 anos.
-> Pessoa jurídica pode adquirir por essa modalidade, pois pode ter realizado
obras ou serviços de caráter produtivo.
2) USUCAPIÃO ORDINÁRIA:
46 de 112
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
*Com justo título e boa fé: aquele que demonstra que tem justo título tem que
comprovar a boa fé também?
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel
houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do
respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse
social e econômico.
* 5 anos: tem que ter adquirido onerosamente: se for fruto de doação, por
exemplo, não cabe -> tem que ter advindo de uma compra, troca ou permuta..
* Ter título cancelado: teve o registro, mas foi cancelado porque por exemplo
sofreu uma ação. Os imóveis que não tem registro não se encaixam nessa
modalidade.
=> JUSTO TÍTULO: Instrumento que conduz um possuidor a iludir-se, por acreditar
que ele lhe outorga a condição de proprietário - ato translativo inapto a transferir
a propriedade por padecer de um vício de natureza formal ou substancial.
*Dispensa a formalidade do registro para fins de usucapião.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona
rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 191 CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em
zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
47 de 112
Requisitos:
- 5 anos;
- área rural no máximo 50 hectáres;
- Tornar produtiva por seu trabalho ou de sua família (não precisa ser o
requerente que trabalha a terra, pode ser sua família);
- Ter na área sua moradia;
- Não ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano - demonstra com certidão
negativa dos cartórios;
- Pessoa jurídica não adquire a propriedade por essa modalidade - pessoa
jurídica não tem moradia, tem sede.
- Adquire se está de má fé.
4) USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA INDIVIDUAL/ PRO MISERO/ PRO MORADIA:
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Requisitos:
- 5 anos;
- Área ou edificação de no máximo 250 metros quadrados;
*Discussão área útil ou total?
- Ter no imóvel a sua moradia ou de sua família - o requerente não precisa estar
morando, e ele tem mesmo assim o direito de usucapir se a sua família mora;
- Não ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano;
- Não ter sido reconhecido esse direito anteriormente: se já foi adquirido nessa
modalidade uma vez, não cabe mais, porque a finalidade dessa usucapião é
ajudar o miserável, o que não tem casa.
- Se ele está de ma fé adquire nessa modalidade.
5) USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA COLETIVA: Art. 10 da Lei 10.257/01 (Estatuto
da Cidade).
Requisitos:
- Área urbana com mais de 250 metros quadrados;
- Posse de no mínimo 5 anos;
- Onde não for possível identificar os terrenos por cada possuidor;
- Ocupado por população de baixa renda - desde que a pessoa que esteja na área
tenha condições de arcar com as questões onerosas do bem;
- Utilização para moradia sua ou de sua família;
- Os possuidores não podem ser proprietários de outros imóveis rurais ou
urbanos.
- Ex: é uma situação de favela, onde tem um emaranhado.
- Não ter reconhecido esse direito anteriormente.
48 de 112
6) AQUISIÇÃO DO IMÓVEL REIVINDICANDO (Desapropriação para fins privados):
Art. 1228 §4º e §5º do CC.
-> Tanto esse artigo como o art. 10 do Estatuto da Cidade visam efetivar o
cumprimento da função social da posse e da propriedade.
Requisitos:
- Ambos os institutos exigem posse contínua/ininterrupta pelo prazo mínimo de 5
anos.
- Número considerável de pessoas -> não fala das condições financeiras (em vez
de falar de pessoas de baixa renda).
- Área rural ou urbana: a lei não distingue.
- Posse tem que ser de boa fé.
- Deve ter sido realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços de
interesse social e econômico relevante, reconhecidos pelo juiz.
49 de 112
*Crítica: CC não reconheceu a usucapião coletiva, ficou aquém do estatuto da
cidade (que reconheceu), que era anterior ao cc -> Reconheceu a desapropriação
com indenização.
->Mais um detalhe que diferencia da usucapião: não precisa ser uma posse com
animas domino “ter a coisa como sua”.
7. Usucapião Especial Família/ Conjugal/ Por abandono do Lar: art. 1240 -A,
caput e §1º, Lei 12.424/11.
Requisitos:
- Posse sobre parte ideal da propriedade de “ex-cônjuge” ou “ex-
companheiro” (situação de casamento ou união estável);
*E os casos das uniões homoafetivas - também configura a possibilidade dessa
usucapião? direito em construção.
*Se o abandono for involuntário e justificado por algum motivo, não incidiria a
usucapião.
*Por isso, alguns concluem que esse abandono teria que ser patrimonial,
voluntário e imotivado - aquele que teve intuito de renegar a família.
*Para outros autores, basta a separação de fato como sendo o marco que o
legislador pretendeu, sem necessidade de discutir sobre a culpa do abandono do
lar.
ACAO DE IMISSAO NA POSSE: aquele que tem o título (propriedade) para adentrar
na posse, mas não houve seu ingresso efetivo - nunca teve a “propriedade”
1. Requisitos:
2. Modos de Acessão:
3. Espécies (5):
53 de 112
OBS: Se é feito com a mão humana, não é aluvião -aluvião é feita pela força da
natureza, de forma lenta, imperceptível e sucessiva (sem que se possa
determinar o lugar de onde se desprendeu a terra - pela vagareza pelo qual se
deu a união, não se forma um nexo de causalidade entre a perda do terreno de
um proprietário) - por isso, não há indenização.
-> Se o terreno no qual se deu o fato jurídico confinar com águas dormentes (um
lago) não haverá aquisição pela aluvião porque ela se limita a acréscimos
oriundos de águas correntes.
c) Avulsão (art. 1251): Força abrupta e repentina da natureza que faz deslocar
uma porção de terra considerável e reconhecível de um terreno para o outro. É
o acréscimo de um imóvel advindo de um deslocamento brusco de uma porção de
terra em decorrência da força natural violenta, desprendendo-se de um prédio
para se juntar a outro.
*O pedaço de terra tem que ser considerável, se for insignificante, tem-se a
aluvião. E reconhecível, senão ninguém poderá reivindicá-la.
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar
de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do
acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um
ano, ninguém houver reclamado.
-> Essa indenização não decorre da prática de um ato ilícito, seu objetivo é evitar
o enriquecimento sem causa.
54 de 112
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos
das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as
águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem
até o meio do álveo.
-> Não se confunde álveo abandonado, em que o rio seca, com a aluvião
imprópria, em que parte do álveo se descobre em razão de um desvio no curso
das águas.
1)Em solo próprio: com sementes, plantas ou materiais alheios (art. 1254)
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica
obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de
má-fé.
*De má fé: além de reembolsar o dono dos materiais pelos seus valores,
indenizará também pelas perdas e danos (danos emergentes e lucros cessantes).
-> Percepção do momento em que cessa a boa fé: este será o instante em que não
mais pleiteará indenização pelas acessões - boa fé se converte em má fé pela
citação ou algum outro modo de interpelação judicial. Evidenciada a má fé, nada
receberá a título indenizatório.
56 de 112
-> Quem adquire a propriedade das sementes etc é o proprietário do solo onde
foram colocadas - acessório segue o principal.
*O proprietário das sementes etc terá direito a indenização - quem indeniza em
primeiro plano é o semeador, construtor ou plantador (aquele que praticou a
conduta), mas se não for encontrado, cabe ao proprietário dos solo =
responsabilidade subsidiária.
5) Construção em solo próprio e invade mais de 1/20 (5%) do solo alheio (art.
1259):
57 de 112
a) Construtor de boa fé: Vai adquirir a propriedade do solo invadido, mas terá
que indenizar - o valor da área invadida, a desvalorização do remanescente e
o valor que a invasão acrescer à construção.
DA DESCOBERTA OU INVENÇÃO
-> Ninguém é obrigado a pegar a coisa perdida, por tanto essa obrigação de
entregar ao dono surge se o descobridor acolher a coisa.
-> Prazo para entregar à autoridade competente, caso não encontre o titular, é de
15 dias (de acordo com o art. 169, II).
-> Aqueles que por dever de ofício ou convenção devem procurar ou restituir
coisas achadas não fazem jus à recompensa - ex. departamento de achados e
perdidos, empregadora que se incumbe de procurar - nesses casos, o
“descobridor” seria um mero detentor em nome alheio e não um verdadeiro
possuidor do objeto perdido.
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo
antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu
58 de 112
valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e
transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
3. Obrigações do descobridor/inventor:
-> Esse procedimento pode ser aplicado em hipóteses, por exemplo, de levar algo
para conserto e nunca mais ir buscar.
-> Uma vez recebendo a coisa que não sabe quem é o dono, tem que fazer
publicações por meio de jornais e editais (bens de maior valor), quando couber,
para dar conhecimento à sociedade de que a coisa foi encontrada. Essa
publicação tem prazo de 60 dias, para verificar se o dono vai se apresentar.
-> Também será dado ciência ao MP, no caso de algum crime - caso se suspeite da
boa-fé do descobridor, por suspeita de que a coisa foi obtida criminosamente.
-> Se não aparecer o dono, ocorre a alienação da coisa em hasta pública - vai
recompensar os valores da indenização do descobridor. O dinheiro
remanescente vai ser entregue ao município da circunscrição da coisa (embora
o CPC disponha o contrário - dizendo que ficaria para a União ou Estados - o CC é
o mais recente, deve usá-lo).
59 de 112
-> Aos objetos deixados em hotéis, oficinas, lavanderias, etc quando não
reclamados dentro de 1 mês, também se aplica o processo de arrecadação (art.
1175 CPC).
-> Recai sobre animais, sob a forma de caça e pesca, assim como sobre
substâncias minerais, vegetais ou animais lançados à praia pelo mar. Inclui o
dinheiro e outro objetos abandonados.
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a
propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei (ex. ocupação de animais
silvestres).
-> Essa apropriação tem que ser de bem que seja suscetível de aquisição da
propriedade - desde que essa aquisição não seja defesa por lei.
Ex: um lixeiro que pega algo que está perto do lixo - ocupação (a coisa já não
mantém mais a sua destinação econômica). Já, o locador não adquire os objetos
móveis, por assenhoramento da coisa, ainda que tenha débito, que o locatário
tenha deixado no imóvel objeto do contrato de locação (art. 65, §1º da Lei de
Locações 8.245).
-> Uma determinada conduta que é aceita, não pode surpreender o outro por um
comportamento contraditório - gera uma expectativa dessa conduta: boa-fé.
-> Coisa perdida e que tem dono NÃO poderá adquirir a coisa para si por
ocupação.
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á
a propriedade.
60 de 112
*Usucapião Extraordinária: Prazo é maior, mas não existe qualquer outro
requisito especial - prazo de 5 anos de posse ad usucapionem.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá
usucapião, independentemente de título ou boa-fé.
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207),
contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com
justo título e de boa-fé.
=> Ex: um veículo pode ser adquirido por usucapião, mediante furto ou roubo.
* A usucapião compreende o direito real de uso propriamente dito - ex. o direito
de uso da linha telefônica pode ser adquirida por usucapião.
61 de 112
*Tem que ter sido realizado o depósito por obra humana; estar o tesouro oculto
ou enterrado, tanto em bem móvel (armário) ou imóvel (escavações de prédios) e
tem que desconhecer quem seja o proprietário.
-> Se for encontrado por terceiro em terreno alheio, tem que ser encontrado
casualmente - nesse caso, será dividido entre o descobridor do tesouro/inventor
e o dono do imóvel - direito à meação.
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja
memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar
o tesouro casualmente.
-> Se for encontrado por uma terceira pessoa sem autorização (esbulho) para
ingressar no imóvel, é do dono do terreno integralmente.
-> Enfiteuse não pode mais ser estabelecida, mas as já existentes antes do CC
ainda existem:
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual
entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste (enfiteuta) por inteiro quando
ele mesmo seja o descobridor.
*Sobre o proprietário que tem a propriedade nua, não será dividido, seria próprio
daquele que o encontrou, dividido com o enfiteuta, ou daquele que tem direito
ao aforamento do imóvel (integral).
-> Para se constituir o direito real de propriedade tem que o negócio jurídico (a
vontade) e o ato ( a efetiva transmissão). A tradição significa para os bens móveis
62 de 112
o que é o registro para os imóveis. A tradição dispensa o registro, pois a conduta
fática da entrega do bem contém a publicidade necessária para gerar efeito erga
omnes.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos
antes da tradição.
-> Exceções: a tradição que não precisa a entrega da coisa - alienação fiduciária
(transfere ao agente financeiro a propriedade); casamento em comunhão
universal de bens (basta o simples pacto ante nupcial, já transfere a posse e a
propriedade aos cônjuges mutuamente); transferência de ações nominativas
(basta a inscrição).
-> Alienação por “non domino” ou “venda non domini”: Aquele que vende a
coisa que não é sua - em princípio, a tradição não transfere a propriedade
realizada por quem não é dono, exceto em 2 situações:
*Ou quando é alienado em leilão, em hasta pública (presume-se que está tudo
correto, que pertence a alguém legitimamente).
-> Nesses casos, o terceiro adquirente de boa fé não perderá o bem, cabendo ao
real proprietário ingressar com ação indenizatória em face do alienante.
Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a
propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou
estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao
adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.
63 de 112
§ 1o Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade,
considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a
tradição - CONVALIDAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO: Se o filho vende como seu um
bem móvel que era de seu pai, vindo este a falecer tempos depois e transmitida a
herança àquele como herdeiro único, não lhe será lícito agora reivindicar o
objeto anteriormente alienado -> o vendedor adquiriu a propriedade em razão de
evento superveniente, o negócio jurídico ingressará no plano da eficácia.
=> Súmula STJ: “A ausência de registro (no Detran) não implica a responsabilidade
do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo
alienado.” - o que transfere a propriedade do veículo é a sua tradição.
*Mesmo não transmitida a propriedade, se o condutor estiver com o veículo na
qualidade de possuidor (locação, arrendatário) qualquer ato ilícito lhe será
imputado exclusivamente.
*Em regra, a matéria prima tem que ser transformada irreversivelmente para
ocorrer a especificação.
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma
precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
-> O valor da matéria prima sempre deverá ser ressarcido ao proprietário dela,
evidentemente que menos nesse caso.
64 de 112
3) Ou ainda, o especificador adquirirá a propriedade se o valor da espécie nova
exceder consideravelmente o da matéria prima, e nesse caso, adquire até mesmo
se agiu de má-fé - indeniza o dono da matéria.
Ex: A solda de uma peça (acessório) numa máquina (bem principal) - a retirada
prejudicará o bem principal; anel de brilhante.
-> Nesses 3 casos, não se forma uma coisa nova, não gera nada distinto das coisas
que lhe originaram.
* Desde que não seja possível a reversão ao status quo anterior de forma razoável
- se houver a possibilidade de reversão, não se aplica as normas.
65 de 112
-> Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou
adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo
possível separá-las sem deterioração.
-> Nesses caso, não houve comum acordo, senão seriam regidos pelo próprio
contrato.
QUANDO UMA DAS COISAS NÃO PUDER SER CONSIDERADA PRINCIPAL EM RELAÇÃO À
OUTRA:
1) Pode ter sido uma terceira pessoa que tenha realizado as misturas, ou não
sabendo da situação, o próprio proprietário - BOA-FÉ por terceiro ou o
proprietário, sendo oneroso a separação da coisa ou impraticável, se
estabelecerá um condomínio indivisível (co-propriedade): cada um será
proprietário proporcionalmente àquilo que contribuiu ao todo.
- Nesse caso, por exemplo, se quiserem alienar, terá que ser de comum acordo.
- Hipótese de condomínio necessário (pro indiviso).
2) MÁ-FÉ por um dos proprietários: Se um dos proprietário estiver de má-fé, a
lei não obriga o condomínio.
Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade
(meramente exemplificativo):
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
-> CC não estabelece um rol taxativo (numerus apertos). O art. 1275 traz um rol
das causas de perda da propriedade, mas não menciona algumas outras hipóteses,
como a dissolução do casamento em comunhão universal de bens, usucapião,
acessão (ex. avulsão,), clausula de retrovenda….
67 de 112
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade
imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato
renunciativo no Registro de Imóveis.
2) RENÚNCIA: É o ato jurídico pelo qual alguém abdica ou abre mão do seu
direito, sem transferi-lo a outrem - ato unilateral independente de aceitação.
*Vontade não receptícia: Aquela que não é dirigida a ninguém, que não precisa
ato de aceitação de outra parte.
- Quando se renuncia a sua herança em favor do irmão (sob pena de ser doação),
por exemplo, não reconfigura a renúncia porque se destina a alguém = para ser
renúncia deveria ser em favor do de cujus do monte da herança.
*É irrevogável e não se presume, por isso deve ser sempre expresso - deve ser
formalizado por escritura pública (imóvel acima de 30 sm) que deverá ser levada
a registro no CRI, provocando o cancelamento do registro -> os efeitos da perda
da propriedade pela renúncia se dará pelo registro do ato denunciativo em
CRI.
- Será sempre possível, desde que não prejudique terceiros, como por exemplo
credores (ex. não posso renunciar meu patrimônio porque ele é responsável
pelas minhas dívidas) - configuraria fraude contra credores.
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não
mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem,
poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade
do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
*Trata-se de uma presunção relativa, júris tantun, que admite prova contrária, e
não absoluta como prevista literalmente pelo CC - pois, esse dispositivo deve ser
interpretado sistematicamente e na forma do art. 5º da CF, LIV e LV, segundo o
qual ninguém perderá seus bens sem o devido processo legal e todos terão direito
ao contraditório e ampla defesa.
*Tem que promover uma ação declaratória de abandono nesse caso (Município ou
a União), com o direito à defesa, promovendo a citação do titular da coisa.
243 – Art. 1.276: A presunção de que trata o § 2o do art. 1.276 não pode ser
interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do art. 150, IV, da
69 de 112
Constituição da República (que diz que nenhum tributo pode ter efeito de
confisco)”
Ex: O mais comum é um móvel que é destruído por exemplo por fogo ou um
campo tomado definitivamente pelas águas (ex. a mudança de curso de um rio
etc).
-> O fato deve atingir a substancia da coisa de forma completa ou então, causar
perdas de suas qualidades essenciais ou do seu valor econômico - se dá pela
perda das qualidades essenciais da coisa.
70 de 112
- Assim, não se confunde com a compra e venda (natureza jurídica: não precisa
por tanto de comum acordo). Também distingue-se do confisco/expropriação
(plantas psicotrópicas ou trabalho escravo), no qual não há indenização (art.
243 CF).
* Interesse Social, para fins de reforma agrária -> Vai desapropriar, mas o bem
não vai ficar propriamente no seu patrimônio, mas há um interesse da
coletividade que vai usufruir daquilo - ex. assentamento para fins de reforma
agrária (o bem vai ser outorgado àquelas pessoas).
-> Parte da doutrina entende que ao falar utilidade pública não precisaria falar
em necessidade pública, pois a primeira já engloba a segunda. Outra parte diz
que é bom distinguir, fazendo a distinção de que a utilidade está mais ligada à
conveniência, já a necessidade é quando a desapropriação é de urgência e precisa
ser imediata.
- Um Estado ou outros entes podem desapropriar por interesse social para fins
de reforma agrária, mediante justa e prévia indenização - não está se
fazendo desapropriação-sanção.
4. A indenização: a CF prevê que será justa (aquela que cobre não só o valor real
e atual do bem expropriado, mas também os lucros cessantes e os danos
emergentes decorrentes - cabe demonstrar todo o prejuízo que teve, como
possível renda que o bem gerava etc.
* Determina perícia judicial para apurar o valor do bem: Particular pode alegar na
contestacao alguma irregularidade na notificação e com relação ao valor.
Por tanto, o direito de propriedade tem que ser exercido contido, para não
extrapolar o direito do outro (abuso do direito - responsabilidade objetiva, só
tem que comprovar os prejuízos).
73 de 112
Nos direitos de vizinhança a norma jurídica limita a extensão das faculdades de
usar e gozar por parte de proprietários e possuidores de prédios vizinhos,
impondo-lhes um sacrifício que precisa ser suportado para que a convivência
social seja possível e para que a propriedade de cada um seja respeitada.
74 de 112
(voluntário) ou usucapião, onde não há reciprocidade, pois priva o prédio
serviente de certas utilidades (restrição de um prédio em proveito do outro).
-> Direitos de vizinhança podem ser GRATUITOS (quando não geram indenização,
por serem compensados por idêntica limitação ao vizinho) ou ONEROSOS
(imposição do ordenamento de deveres cooperativos de um vizinho ao
atendimento de necessidade de outro morador - indenização, onde não há
reciprocidade -> ex. passagem de tubos, passagem forçada).
*Não pode agir de tal modo que o exercício de seu direito de propriedade se
converta em sacrifício ou moléstia ao morador vizinho ou ao patrimônio vizinho.
Por isso, o CC diz que o possuidor ou proprietário pode pode exigir que cesse toda
a interferência que seja prejudicial ao sossego, saúde ou segurança, inclusive
pedindo indenização se já ocorreu anteriormente os prejuízos.
*O atendimento às normas que distribuem as edificações por zona: por isso não
pode construir uma loja em zona residencial exclusiva.
*Os limites ordinários (mínimo que deve ser tolerado) de tolerância dos
moradores da vizinhança: análise subjetiva do caso concreto, se observando
também as condições especiais dos prejudicados - ex. um bebê que fica chorando
a noite toda, trata-se de uma situação de tolerância - coisas que pelo bom
senso, pela convivência social, são aceitáveis.
-> Além disso, o uso anormal se distingue do ato ilícito - ex. lanço o meu esgoto
diretamente no terreno vizinho (ilícito), agora se eu lanço no meu terreno, mas
infiltra na propriedade vizinha (uso anormal da propriedade).
-> Primeira coisa, é que o juiz deve determinar que seja feito o isolamento
acústico adequado (se ainda não feito), se não reduzir a zero/para reduzir e
níveis suportáveis - senão manda cessar a atividade - dai terá o direito à
indenização.
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente (de fazer cessar
interferências) não prevalece quando as interferências forem justificadas por
interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas,
pagará ao vizinho indenização cabal.
*Só que também, deverá se levar em conta também o Princípio da Ponderação dos
Interesses, em que dependendo do caso, o interesse público não prevalece.
76 de 112
DIREITO À REDUÇÃO DO INCOMODO OU INTERFERÊNCIAS PREJUDICIAIS
Ex: Uma fábrica de celulose que emite mal cheiro - o avanço da tecnologia
permite a colocação de um filtro que diminui o mal cheiro - então, o vizinho
poderia, mesmo após de uma sentença que obrigue a tolerância da atividade,
pleitear o implemento da nova técnica.
-> Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, essa
sentença apenas faz coisa julgada rebus sis stantibus, considerando o estado da
coisa no momento em que foi proferida e desse modo, poderá sempre o vizinho
exigir a redução ou eliminação do incomodo quando este se tornar possível.
Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências,
poderá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem
possíveis.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra,
exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio;
escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no
artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da
goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a
quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua
edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade.
*Ex: O caseiro, que reside no imóvel, que todo dia lança um sol alto - pode sofrer
uma ação de obrigação de não fazer. Tem direito para defender o direito dele,
como próprio vizinho, não em nome do proprietário.
78 de 112
*O caseiro para defender seu direito próprio de sossego pode propor ação em
nome próprio para direito próprio, não como substituto processual.
*Qualquer pessoa que quer construir tem que primeiro se precaver para que não
haja qualquer desmoronamento. E mesmo que tenha utilizado da melhor técnica
para contê-lo, com todas as cautelas possíveis, se o dano vier a acontecer, ele vai
responder por isso -> o nexo de imputação da responsabilidade civil aqui é o
risco da atividade desenvolvida.
*Mesmo não sendo uma conduta ilícita, se prejudica o sossego é uso anormal.
-> A árvore cujo tronco estiver na linha divisória (árvore meia), presume-se
pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes (condomínio). Com isso,
a colheita dos frutos é em comum, a responsabilizada pela sua manutenção e
pelos danos por ela causador é de ambos e para a sua derrubada tem que ter
autorização de ambos os confinantes.
Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer
em comum aos donos dos prédios confinantes.
*Nesse caso, não exige autorização e também não requer análise quanto ao dano -
poderia cortar uma raiz independente de dano, somente por adentrar no meu
79 de 112
terreno (direito potestativo). Ou seja, o vizinho não quer que eu corte, ele
mesmo tem que fazer o corte.
*Se o corte for muito custoso, pode-se pedir uma das tutelas vistas
anteriormente.
80 de 112
-> A legitimidade para exercer a passagem é tanto do proprietário quanto do
possuidor.
- Por mera comodidade se entende que teria que ser buscada a servidão, que não
poderia ser imposta, seguindo a teoria do encravamento absoluto.
*Ex: exigir que sejam feitos mediterrâneos e que sejam realizadas as obras
acautelatórias (ex. contenção adequada - isolamento de uma rede de esgoto).
Também pode exigir a caução pelo risco iminente.
82 de 112
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao
proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança.
*Vai estabelecer o direito de captação de água - águas pluviais (águas das chuvas)
e águas nascentes podem ser armazenadas/colhidas e podem ser acumuladas no
83 de 112
terreno. Mas, uma vez acumuladas (artificialmente), o proprietário do prédio
inferior que, eventualmente se sentir prejudicado, poderá exigir que essas águas
sejam desviadas e se causar algum tipo de prejuízo ou não conseguir desvia-las,
terá direito a indenização pelos prejuízos sofridos.
*Ex: armazenamento artificial que causa dano, por exemplo, que cause uma
enchente na colheita do prédio inferior - cabe indenização.
*Uma vez que sobrarem águas, ele é obrigado a permitir/manter o curso normal
das águas que sobrarem (não pode desviar o curso natural, não pode alterar a
geografia natural).
- Cabe ação para restabelecer o curso natural das águas em prol do proprietário
que se sentir lesado.
*As demais que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que sofrerem, se
não for possível a recuperação ou o desvio do curso artificial.
*Doutrina: A segunda parte do caput sofre uma crítica da doutrina por ter sido
redigido por uma leitura equivocada do princípio do polidor pagador, porque dá a
impressão que o legislador autoriza o proprietário a poluir desde que pague a
indenização.
84 de 112
- Enunciado 244 da JDC: “O art. 1291 deve ser interpretado conforme a CF, não
sendo facultada a poluição em águas, quer sejam essenciais ou não às primeiras
necessidades da vida.” -> Não está permitindo poluir qualquer tipo de água,
porém, caso acidentalmente ocorra a poluição, dai sim incide a indenização
tanto dos danos coletivos como dos individuais/desvio/recuperação.
*CC estabelece que se tem um açude na propriedade que causar danos ao prédio
vizinho, será sempre obrigado a indenizar (responsabilidade objetiva) - mesmo
no caso de fortuito, força da natureza.
6) Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização
aos proprietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios,
para receber as águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras
necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à agricultura
e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou
acumuladas, ou a drenagem de terrenos.
85 de 112
escorrer as águas que forem excessivas/supérfulas no imóvel - a doutrina chama
de ÁGUAS ESCOLÁSTICAS (águas subterrâneas).
*E tomando todas as cautelas para evitar uma futura irrupção de águas, mas se no
futuro ocorrer irrupção, vai caber a indenização -> mesmo já tendo pagado pelo
aqueduto e ainda que tenham feito todas as obras acautelatórias.
*Admite que os proprietários onerados poderão utilizar seus imóveis para fruição,
desde que não prejudique o aqueduto, e terão direito de uso das águas para as
primeiras necessidades.
86 de 112
Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo
aqueduto.
*Se tiver no aqueduto sobrando águas, qualquer um dos proprietários dos prédios
onerados, tem preferência de realizar um aqueduto derivado com as águas
supérfluas - desde que não prejudique o principal e indenize prédios que forem
eventualmente prejudicados e o dono do aqueduto principal.
=> Nas provas é muito comum que se refira como “servidão de aqueduto”, mas,
- Ação demarcatória será simples quando visa só a fixação dos limites ou será
uma demarcatória qualificada quando for cumulada com a reintegração de
posse ou reivindicatória.
*Ver art. 951 CPC.
87 de 112
3) A divisão em posses iguais: “… e, não se achando ela provada, o terreno
contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios,…”
*Art. 25. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as
despesas proporcionalmente aos seus quinhões.
Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer
modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a
proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos
apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.
- Espécies de Tapumes:
88 de 112
1) Tapumes Comuns: Aqueles que servem para a delimitação da linha divisória e
para cercar animais de grande porte, em área rural. Delimitação do espaço,
maior segurança ao imóvel.
*Tapume Comum área rural = 1,40m (cerca de arame farpado) e tela, cerca viva,
vala.
*Pode ser exigida de quem criou a necessidade deles - que terá que arcar com as
custas de construção e conservação, em princípio, com exclusividade.
*As partes podem, em princípio, estabelecer entre elas, mas não podem ferir os
institutos administrativos.
89 de 112
§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco
divisório, só podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre
proprietários.
- Definição: Todo proprietário tem o direito de construir aquilo que lhe aprover,
desde que respeite os regulamentos administrativos e o direito de vizinhança.
Esse é um direito decorrente da faculdade de gozo e fruição (jus fruendi). Mas,
em prol da comunidade, da vizinhança e do interesse público, esse não é um
direito absoluto - a lei enuncia mais com o propósito de lhe imprimir
condicionamentos:
Art. 8o (ESTATUTO DA CIDADE) Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem
que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou
utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com
pagamento em títulos da dívida pública.
Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe
aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
90 de 112
1) Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje
águas, diretamente, sobre o prédio vizinho - A Lei proíbe o ESTILICÍDIO: Não
pode haver lançamento de GOTEIRAS no prédio vizinho.
* § 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as
perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco
centímetros.
OBS: Súmula 414 do STF -> Não se distingue, para fins de restrição da janela, se
ela se dá com linha horizontal direta ou oblíqua - mais para interpretar a
distância do 1,50m. Para o 75 cm, mais a ver a Súmula 120, STF: janela com
vidro translúcido admite que sejam mais próximo.
3) Art. 1302, pu: Se for abertura para luz ou ventilação pode ser feita com 10
cm de largura e 20 cm de cumprimento a uma altura de 2m do piso - não há
restrições com relação abertura de vãos para ventilação ou luz com esses
requsitos.
*Isso não impede que o vizinho a todo tempo construa um contramuro - não existe
uma servidão com relação à claridade ou ventilação, podendo a todo tempo o
vizinho construir uma parede/contra muro, ainda que esvede a claridade ou
ventilação.
-> A construção que NÃO ATENDE A ESSES REQUISITOS pode ser IMPUGNADA por
Ação de Nunciação de obra nova (proposta ainda quando o prédio está em
construção) ou Ação Demolitória (dentro do prazo de ano e dia da conclusão da
obra, sob pena de decadência). Também cabe ação de obrigação de não fazer
com multa cumulatória e Ação de indenização.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra,
exigir que se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio
(demolitória); escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar sem atender ao
disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das
águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
91 de 112
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a
quantidade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua
edificação, ou contramuro, ainda que lhes vede a claridade.
- Condomínio Necessário (art. de paredes: art. 1304 e ss): A lei que impõe o
condomínio, o outro tem direito de utilizar a METADE DA PAREDE mesmo que o
outro proprietário não queira e desde que pague e que a parede suporte.
*Caso não suporte, ainda continua o direito - pode reconstruir a parede para
utilizar-se dela, ampliar as estruturas, desde que preste caução.
Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a
alinhamento, o dono de um terreno pode nele edificar, madeirando na parede
divisória do prédio contíguo, se ela suportar a nova construção; mas terá de
embolsar ao vizinho metade do valor da PAREDE e do CHÃO correspondentes.
*Não é lançado a meia espessura do terreno vizinho.
- Aquele que primeiro edificar pode assentar a parede até meia espessura no
terreno contíguo (lança a parede no terreno do outro), sem perder o direito à
indenização (correspondente à meação da parede) - não precisa indenizar o chão:
*Ou o proprietário que primeiro edificar pode assentar a parede no seu terreno
somente ou assentá-la até meia espessura, no terreno vizinho. Na 1º hipótese, a
parede pertencerá inteiramente a ele e na 2º será de ambos. Mas, nos dois casos
os vizinhos poderão usá-las livremente.
92 de 112
Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da
espessura, não pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e
avisando previamente o outro condômino das obras que ali tenciona fazer; não
pode sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras
semelhantes, correspondendo a outras, da mesma natureza, já feitas do lado
oposto.
*Sem o prévio consentimento do outro vizinho eu não posso fazer obras de mesma
natureza que já tem no outro lado da parede - pode colocar em risco.
Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou
quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou
interferências prejudiciais ao vizinho.
Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os
fogões de cozinha (de pequena escala).
Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso
ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.
*Ex: água não é fornecida pela CASAN, a pessoa tem um poço ou uma nascente,
outra pessoa não pode fazer uma construção perto que polua a água - a
prioridade é dada àquele que construiu primeiro.
Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é
obrigado a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.
93 de 112
*Nunciação de obra nova, demolitória (ainda não passou do prazo de ano e dia e
obra já concluída) e ação de dano infecto (já foi construída e está causando risco
e já passou do prazo de ano e dia)
Art. 1.313: Obrigação proptre rem - direito do vizinho de entrar no seu imóvel e
você é obrigado a tolerar, desde que preste aviso prévio.
*Pode também pedir antes caução a dano iminente (tutela inibitória)
94 de 112
- Condômino é titular da coisa na integralidade, por ter uma cota ideal sobre
ela.
1. Quanto à origem:
2. Quanto à necessidade:
95 de 112
a) Ordinário ou Transitório: Aquele que pode se extinguir a qualquer momento
pela vontade de qualquer um dos consortes.
3. Quanto à forma:
a) Pro diviso: Quando o título mantém o condomínio, mas de fato, não há mais -
cada um já mantém parte certa e determinada, podendo afastar os outros de
sua área individualizada.
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre
ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de
terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la.
2 - Cada consorte responde aos demais pelos frutos que, isoladamente, perceber
da coisa - seja pelo exercício da sua posse ou pela cessão da posse direta a
terceiros - e arcará perante os consortes pelos danos causados ao bem
comum( o que causou o dano deve recuperar o bem)
Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da
coisa e pelo dano que lhe causou.
96 de 112
- Ex: Se um deles recebeu um carro junto com seu irmão e um deles está
alugando sozinho, o outro irmão poderia propor ação de prestação de contas e
partilha dos frutos civis.
*Na divisão da coisa comum, as despesas dos peritos etc serão divididas em partes
iguais.
*Ex: Carro que sou proprietário com outra pessoa, precisava consertar o motor, se
não tenho condições de pagar ou não quero, entrando em acordo com o outro,
poderia ele arcar com os custos e recuperar o carro e o outro ficaria com menor
fração, abrindo mão de pagar as despesas. Se não tem ninguém interesse, a coisa
será dividida para que cada um dos condôminos arque com as despesas.
6 - Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos,
sem se discriminar a parte de cada um na obrigação, nem se estipular
solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu
quinhão na coisa comum.
97 de 112
- Ex: Condomínio de 3 pessoas em um imóvel e vão gastar material para construir
- apenas A foi comprar os materiais, foi ele que celebrou o contrato na loja e
foram despesas gastas em benefício do bem comum. O dono da loja não pode
cobras dos outros consortes se A não pagar porque o contrato faz lei entre as
partes - já que foi A que celebrou o contrato na loja, o dono só tem direito de
acionar A e A terá direito de regresso contra B e C.
*Essa pessoa que adquiriu o bem mas não foi dada a notificação dos demais
condôminos - tem propriedade sob condição resolutiva, no prazo de 180 dias, do
exercício do direito potestativo do preterido. Nesse prazo, a pessoa pode
hipotecar, só que também estará sob condição resolutiva.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a
estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não
se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a
parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob
pena de decadência.
8 - Cada condômino tem o direito de GRAVAR a sua parte INDIVISA, mas para
incidir sobre a totalidade da coisa, terá que haver o consenso dos demais -
condômino não pode dar a totalidade da coisa em hipoteca, sem consentimento
dos demais. Mas, pode hipotecar a sua fração no imóvel, sem necessidade de
autorização dos demais (faculdade de gravar a coisa).
1420. § 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em
garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um
pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
2 - A nenhum condômino é lícito, sem anuência dos outros, dar posse, gozo, uso
da propriedade a estranho - A emprestou o veículo para C (estranho), não pode
sem consentimento de B.
3 - O condômino pode pedir a retomada do imóvel locado, quando não lhe for
dado direito de preferência: Tem direito de preferência de locação da coisa
também.
*Não tem prazo na legislação.
99 de 112
DESTINAÇÃO DA COISA NO CONDOMÍNIO VOLUNTÁRIO
Art. 1.324. O condômino que administrar sem oposição dos outros presume-se
representante comum.
100 de 112
Art. 1.325. A maioria será calculada pelo valor dos quinhões (percentual da
propriedade que cada um tem na coisa) - ex. A tem 30% e B tem 25% já é a
maioria, mesmo tendo 5 condôminos.
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino (QUALQUER) exigir a divisão da
coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da
divisão.
§ 1o Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não
maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
*Prevalecerá não apenas entre as partes, como também a terceiros que venham a
adquirir a fração ideal de qualquer um.
§ 2o Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou
pelo testador - sem prorrogação.
§ 3o A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o aconselharem,
pode o juiz determinar a divisão da coisa comum antes do prazo.
*Judicial - ex. ação de divisão da coisa comum - art. 1320 c/c 946 e 967 CPC - a
ação de divisão é imprescritível, conferindo uma sentença declaratória e não
atributiva da propriedade, eis que os direitos estão previamente estabelecidos no
título que determinou a indivisão.
-> Para que ocorra a venda, basta a vontade de um só condômino - só não será
vendida se todos concordarem que não se venda.
-> Só poderá ser extinta pela VENDA DA COISA COMUM: Um deles não quer
outorgar ao outro ou um quer ficar, mas não tem condições de pagar - qualquer
um dos co-proprietários tem a liberdade de deliberar pela divisão da coisa, bem
como pela sua alienação.
Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-
la a um só, indenizando os outros, será vendida e repartido o apurado,
preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o condômino ao
estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais
valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.
-> A alienação, depois de avaliado o bem, será feita em hasta pública, durante a
qual o condômino poderá exercer o seu direito de preferência.
103 de 112
-> Aquele decorrente da Lei, forçado, relativamente a certos bens - ex. no caso
de confusão ou comistão, condomínio de muro, cerca, vala, condomínio de
paredes, usucapião coletiva, condomínio edilício…
Art. 1.328. O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes,
cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede,
muro, valado ou cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que atualmente
valer a obra e o terreno por ela ocupado (art. 1.297).
*Aquele que tem direito de cercar, tem o direito de comprar a metade do muro,
impondo o condomínio (mesmo que o outro não queira).
Art. 1.329. Não convindo os dois no preço da obra, será este arbitrado por
peritos, a expensas de ambos os confinantes.
*Não pagou a metade do muro - Ação de Cobrança - teve perito para avaliar
quanto vale a obra, para a divisão - foi procedente a ação, o réu não paga tudo -
há divisão em comum das despesas, na proporção dos seus quinhões (custas das
perícias e judiciais).
Art. 1.330. Qualquer que seja o valor da meação, enquanto aquele que
pretender a divisão não o pagar ou depositar, nenhum uso poderá fazer na
parede, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória.
*Em relação à parede, enquanto não há uso, não é obrigado a pagar a meação
(não é um condomínio imposto). Se começar a usar, o outro pode propor ação de
cobrança, já surgindo o condomínio.
OBS: A lei nº 4591/64 e lei especial não foi revogada expressamente pelo CC, mas
segundo entendimento dominante, pelo fato de regular inteiramente a matéria,
considera-se que houve revogação tácita. Uma lei geral ainda que posterior que
tentou legislar toda a matéria, entende-se a revogação da Lei especial.
104 de 112
*Propriedade horizontal: Há uma propriedade horizontalmente fracionada.
PERSONALIDADE JURÍDICA
*Washington de Barros Monteiro: Defende que não pode o condomínio ser titular
de propriedade em nome próprio, teriam que os próprios condôminos adquirirem
em seu nome.
REGULAMENTOS
105 de 112
Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e
partes que são propriedade comum dos condôminos.
§ 3o A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal
no solo e nas outras partes comuns, que será identificada em forma decimal
ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio.
*Nesse sentido, sempre que vai se criar uma nova área exclusiva, é preciso de
autorização de todos os condôminos (unanimidade da votação) porque vai
interferir no direito de propriedade de todos, reduzindo a sua fração ideal para
outorgar para a nova unidade.
106 de 112
Art. 1.343. A construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro
edifício, destinado a conter novas unidades imobiliárias, depende da aprovação
da unanimidade dos condôminos.
c) Por incorporação imobiliária: Lei 4591 - sobre isso, continua em vigência (não
foi revogada na parte que é contrária ao CC) - é o que gera atualmente os
condomínios -> construção por várias pessoas.
e) Por herança: O pai falece, deixando o prédio, ao qual era proprietário, para 3
filhos.
g) Por doação.
Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento,
registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato,
além do disposto em lei especial:
108 de 112
*Se for residencial, alguém que eventualmente modifique a destinação do
condomínio, quer alterar o seu ato instituidor. Para transformar a unidade
imobiliária em outra destinação é necessário o voto unânime dos condôminos.
2) Elemento Objetivo: Tem que ter uma edificação que atenda aos requisitos
legais e tem que ter o registro imobiliário, com as especificações.
REQUISITOS DA CONVENÇÃO
1) Quanto à forma:
b) Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita
pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais (quórum de
aprovação) e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre
as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 (ato instituidor) e das que
os interessados houverem por bem estipular, a convenção determinará:
*Nada impede que em um só instrumento formalize a convenção de condomínio e
o ato instituidor.
1) Direitos:
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não
exclua a utilização dos demais compossuidores;
*Podem sofrer ação possessória dos outros condôminos
*Impossível usucapir a área comum do prédio porque é vedado a utilização
exclusiva de tais áreas por qualquer condômino por tanto, seria mero detentor,
apenas ocupando a área a título de tolerância (que não induz à posse). Mas, nada
impede que terceiro estranho ao prédio, por longos anos ocupando a área
comum, possa ver reconhecido o seu direito de propriedade.
2) Deveres:
* III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;
- Desde a porta, não pode pintar de cor diferente da edificação - as partes
externas das portas são áreas comuns, se há um padrão estabelecido, terá que ser
obedecido.
- Se não tem um padrão estabelecido, terá que convocar uma assembléia para
definir o padrão.
111 de 112
* IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as
utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos
possuidores, ou aos bons costumes.
Ex: ofende esse inciso quando se mantém um depósito em condomínio
residencial.
3) Sanções:
112 de 112