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DESESPERO
Tradução:
PINHEIRO DE LEMOS
À Vera
PREFÁCIO
Day after day flits by, and with each hour there goes
Montreux,
1/3/1965
VLADIMIR NABOKOV
— Desempregado? — perguntei.
Disse eu então:
Silêncio.
— Existe.
— Bem, ela não está mais lá! Mudou-se para Nice com
o francês velho com que se casou. Eles têm uma granja por
lá.
Ela bocejou.
Uma pausa.
Cinco e vinte.
— Sabe dirigir?
— Bem, já...
Ele aceitou como uma coisa que lhe era devida. Por
mais lenta que fosse a sua inteligência, compreendia que
eu precisava dele e que não seria conveniente cortar as
nossas relações sem ter chegado a alguma coisa definida.
Tornamos a passar pela duplicata do Cavaleiro de Bronze.
Não vimos ninguém no bulevar. Não havia uma só luz nas
casas; se tivesse notado uma única janela acesa, eu teria
imaginado que alguém se enforcara ali e deixara a lâmpada
ligada — tão excepcional e inesperada teria parecido uma
luz. Chegamos ao hotel em silêncio. Um sonâmbulo sem
colarinho nos abriu a porta. Depois de entrar no quarto, tive
de novo a sensação de coisa muito conhecida; mas outros
assuntos me empenhavam a cabeça.
— Sente-se.
Não me movi.
Silêncio.
— Arranja...? Francamente!
Dei de ombros.
— Como assim?
— Por que ele ainda não veio? Que acham que poderia
ter acontecido? — perguntou Lydia com os olhos
assustados e conservando um pouco afastado dela o buquê
de violetas que se dera ao trabalho de comprar para o
bruto. O homem da capa azul abriu os braços e o da gola de
astracã pronunciou com uma voz de baixo profundo:
— Presente? A quê?
— Para onde?
10
— Que caso?
— Entre.
11
— Para onde?
31 de março. Noite.
1º de abril.