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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.442.975 - PR (2014/0060842-0)

RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


RECORRENTE : LK
REPR. POR : HJL
ADVOGADO : ROQUE SÉRGIO D'ANDRÉA - PR024755
RECORRIDO : KHK
ADVOGADO : ANDRÉ PORTUGAL CEZAR - PR029771
EMENTA

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. REVISIONAL DE ALIMENTOS.


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. ALTERAÇÃO PARA VALOR
ILÍQUIDO. DESCABIMENTO. SUBTRAÇÃO DA EFICÁCIA
DA OBRIGAÇÃO DE ALIMENTOS. CONTRARIEDADE AO
INTERESSE DO MENOR ALIMENTANTE.
1. Controvérsia acerca do cabimento da revisão da obrigação
de alimentos, estabelecida em valor fixo, para uma quantia
ilíquida.
2. Fixação pelo acórdão recorrido do percentual de 30% sobre
os rendimentos do alimentante, conforme ficar comprovado no
curso do processo, por não ser o alimentante assalariado.
3. Existência de regra processual vedando a prolação de
sentença ou decisão ilíquida no processo civil (art. 459, p. u.,
CPC/1973, atual art. 491 do CPC/2015), quando se tratar de
obrigação de pagar quantia.
4. Previsão na Lei de Alimentos de que o juiz fixará os
alimentos provisórios no limiar do processo, antes da instrução
processual (art. 4º da Lei 5.478/1968).
5. Necessidade de se proferir decisões e sentenças líquidas nas
ações de alimentos, para se atender às necessidades prementes
do alimentando, principalmente quando se trata de menor.
6. Nulidade do acórdão recorrido, em razão da iliquidez da
obrigação nele estabelecida.
7. RECURSO ESPECIAL PROVIDO, PREJUDICADAS AS
DEMAIS QUESTÕES.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


decide a Egrégia TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Aurélio Bellizze
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(Presidente), Moura Ribeiro e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 27 de junho de 2017. (Data de Julgamento)

MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.442.975 - PR (2014/0060842-0)
RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
RECORRENTE : L K
REPR. POR : HJL
ADVOGADO : ROQUE SÉRGIO D'ANDRÉA - PR024755
RECORRIDO : KHK
ADVOGADO : ANDRÉ PORTUGAL CEZAR - PR029771

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


(Relator):

Trata-se de recurso especial interposto por L K em face de acórdão do


Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, assim ementado:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - REVISIONAL DE ALIMENTOS -
PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA - BENEFÍCIO CONCEDIDO
ANTERIORMENTE - IMPOSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO SEM
COMPROVAÇÃO DA ALTERAÇÃO DA SITUAÇÃO ECONÔMICO -
FINANCEIRA DO AGRAVANTE - REDUÇÃO DOS ALIMENTOS -
NECESSIDADE - ALIMENTOS QUE DEVERÃO SER FIXADOS EM
30% SOBRE A RENDA DO AGRAVANTE - COMPENSAÇÃO COM
OS VALORES QUE O AGRAVANTE TERIA QUE RECEBERA
TÍTULO DE ALUGUÉIS - IMPOSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA
DO ARTIGO 1707 DO CÓDIGO CIVIL - PROVIMENTO PARCIAL.
(fl. 391 s.)

Opostos embargos de declaração, foram acolhidos tão somente para


declarar que a citação é o marco inicial da obrigação de prestar alimentos.
Em suas razões, a parte recorrente alegou violação aos arts. 2°, 128, 165,
273, 293, 458, 460, 535, todos do CPC/1973, sob os argumentos de: (a)
negativa de prestação jurisdicional; (b) julgamento extra petita ; e (c)
descabimento de atribuição de efeito retroativo à revisional de alimentos.
Asseverou que o Tribunal de origem "reduziu os alimentos a nada". Aduziu,
também, divergência jurisprudencial em relação ao art. 13, § 2º, da Lei n°
5.478/1968.
Sem contrarrazões.
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O Ministério Público Federal, manifestando-se com base no art. 178,
inciso II, do Código de Processo Civil de 2015, opinou nos termos da seguinte
ementa:
- Família. Revisão de alimentos. Agravo de instrumento contra
decisão que, em revisional de alimentos, indefere os pedidos de
gratuidade de justiça e redução dos alimentos provisórios. Acórdão
recorrido que dá provimento ao recurso para conceder o benefício da
gratuidade de justiça e a redução de alimentos no patamar de 30%
dos rendimentos do alimentante.
- Recurso especial fundado nas alíneas "a" e "c" do permissivo
constitucional, que aponta violação aos arts. 2°, 128, 165, 273, 293,
458, 460, 535, todos do CPC/1973. Suscita divergência
jurisprudencial cm relação ao art. 13, §2º, da Lei n° 5.478/1968.
- As matérias insertas nos arts. arts. 165, 273, 458, todos do Código
de Processo Civil de 1973, não foram objeto de debate específico na
instância dc origem, mesmo após o julgamentos dos embargos de
declaração, circunstância que impede a abertura da via especial, nos
termos das Súmulas 211/STJ e 282/STF, esta última aplicada
analogicamente ao recurso especial.
- Ausência dc divergência jurisprudencial em relação ao art. 13, §
2º, da Lei n° 5.478/1968, pois o alegado dissídio jurisprudencial não
se encontra demonstrado nos moldes exigidos pelos arts. 541,
parágrafo único, do Código de Processo Civil, c 255, § 2o, do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. Ademais, essa
Superior Casa de Justiça firmou compreensão no sentido de que o
termo inicial dos alimentos provisórios c a data da citação, e não o
da sua fixação. Incidência da súmula n° 83/STJ.
- O v. acórdão recorrido não infringiu o disposto no art. 535,
incisos I e II, do CPC/1973, pois trouxe fundamentação clara c
suficiente para dirimir a controvérsia de modo integral, embora
contrária aos interesses da Recorrente, o que não caracteriza
ausência de prestação jurisdicional.
- Quanto aos arts. 2o, 128, 293 e 460, todos do Código de Processo
Civil, o STJ perfilha a compreensão de que a decisão somente será
extra petita quando o órgão julgador decidir tema estranho e
completamente dissociado da demanda.
- Parecer pelo conhecimento parcial do presente recurso especial e,
nesta parte, pelo seu não provimento. (fls. 390 s.)

É o relatório.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


(Relator):

Eminentes colegas, o recurso especial merece ser provido.


Extrai-se dos autos que o ora recorrido ajuizou ação revisional de
alimentos com o objetivo de reduzir o valor da pensão alimentícia devida à sua
filha, ora recorrente, arbitrado em três mil reais (R$ 3.000,00). Argumentou que
não conseguiu inserção no mercado de trabalho, por já ter idade superior a 50
anos. Afirmou que sua ex-esposa tem se apropriado da renda produzida pelos
imóveis adquiridos na constância da união, além de criar obstáculos para
impedir que estes sejam vendidos.
O juízo de origem indeferiu o pedido de antecipação de tutela (fls.
84/85).
O Tribunal de origem, porém, em agravo de instrumento, deferiu a
antecipação de tutela para reduzir o valor dos alimentos para 30% dos
rendimentos do alimentante, de acordo com o que ficar comprovado no curso
do processo, uma vez que o alimentante não é assalariado.
Daí a interposição do presente recurso especial.
Assiste razão à parte recorrente no que tange ao descabimento da revisão
dos alimentos para um valor ilíquido.
Embora a controvérsia tenha sido devolvida a esta Corte Superior com
base nas alegações de negativa de prestação jurisdicional e de julgamento extra
petita , conheço do recurso para aplicar o direito à espécie (Súmula 456/STF).
Com efeito, nos termos do art. 459, p. u., do Código de Processo Civil de
1973, "quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir
sentença ilíquida ".

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Essa norma de vedação à sentença ilíquida atende aos princípios da
efetividade e da celeridade do processo, pois permite que a parte vencedora da
demanda busque desde logo satisfação de seu direito, sem as delongas do
procedimento de liquidação de sentença.
O novo Código de Processo Civil deu realce ainda maior a esse norma, ao
estabelecer a obrigação de se o juiz proferir sentença líquida ainda que o pedido
seja genérico (não apenas quando o pedido for "certo"), conforme se verifica no
art. 491, abaixo transcrito:
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que
formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão
da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o
termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros,
se for o caso, salvo quando:

I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante


devido;

II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de


realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim
reconhecida na sentença.

§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor


devido por liquidação.

§ 2º O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar


a sentença.

Nesse sentido, confira-se o entendimento doutrinário de DANIEL


AMORIM A. NEVES:
A sentença ilíquida é a exceção no direito brasileiro por óbvia razão:
é sempre desejável a criação de um título executivo judicial, que
contenha obrigação líquida que permita a imediata instauração do
cumprimento de sentença. A desnecessidade da fase de liquidação da
sentença diminui o tempo necessário à satisfação do direito,
prestigiando os princípios da celeridade, economia e duração
razoável do processo.
....................................................................

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Nos termos do caput do art. 491 do Novo CPC, ainda que formulado
pedido genérico de pagar quantia, a decisão definirá desde logo a
extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização
dos juros. Fica clara a opção do legislador pela sentença líquida, que
deve ser tentada mesmo quando o pedido do autor é genérico.
(Comentários ao Novo Código de Processo Civil. Salvador: Ed.
JusPodivm, 2016, p. 817)

No âmbito da ação de alimentos, a exigência de sentença líquida toma


dimensão ainda maior, tendo em vista a necessidade premente do alimentando.
Não é por outra razão que a Lei de Alimentos (Lei 5.478/1968) determina
ao juiz que fixe desde o limiar do processo os alimentos provisórios.
Confira-se, a propósito, o disposto no art. 4º da referida lei:
Art. 4º. As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos
provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não necessita.

Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo


cônjuge, casado pelo regime da comunhão universal de bens, o juiz
determinará igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente,
parte da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.

No âmbito doutrinário, merece referência o entendimento de ARAKEN


DE ASSIS sobre a dificuldade de se conceber uma sentença ilíquida em ação de
alimentos. Litteris :
Dificilmente, porém, será ilíquida a sentença (ou decisão
interlocutória) relativa à prestação alimentar. Em juízo de certeza
(sentença ou alimentos definitivos) ou de verossimilhança (liminar ou
alimentos provisórios), o juiz fixará quantitativo certo quanto à
prestação mensal. (Da Execução de Alimentos e Prisão do
Devedor. [livro eletrônico]. 2ª ed. São Paulo: Editora RT, 2016,
segunda parte, item 8.4.2)

Pois bem, no caso dos autos, os alimentos haviam sido estabelecidos em


valor líquido R$ 3.000,00 (três mil reais).

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Porém, no curso da demanda revisional, o Tribunal de origem deferiu o
pedido de antecipação da tutela recursal para estabelecer um valor ilíquido de
pensão alimentícia, correspondente a 30% dos rendimentos que vierem a ser
comprovados no curso do processo.
Esse provimento do Tribunal de origem, além de contrariar a aludida
regra processual acerca da liquidez das sentenças, atentou contra o interesse da
menor alimentanda, pois a pensão alimentícia foi alterada de um valor fixo,
passível de imediata execução, para um valor ilíquido, a ser determinado no
curso da demanda revisional, impedindo a imediata execução.
É de rigor, portanto, o provimento do recurso especial para anular o
acórdão recorrido, para que outro seja proferido, estabelecendo em valor
líquido o montante da pensão alimentícia.
Com base no poder geral de cautela, reviso o valor da pensão alimentícia
para dois salários mínimos, sem prejuízo da revisão para outro valor pelas
instâncias de cognição plena.
Destarte, o recurso especial merece ser provido.
Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso
especial para anular o acórdão recorrido, determinando-se que o agravo
de instrumento seja submetido a novo julgamento, no qual se estabeleça
um valor líquido para a pensão alimentícia, em caso de provimento, como
se entender de direito.
Fixa-se, provisoriamente, o valor da pensão em dois salários mínimos,
com base no poder geral de cautela, sem prejuízo da revisão para outro valor
pelas instâncias de cognição plena.
Restam assim prejudicadas as demais questões suscitadas no apelo nobre.
É o voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2014/0060842-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.442.975 / PR

Números Origem: 102577720118160002 201300119983 936709900 936709902


PAUTA: 27/06/2017 JULGADO: 27/06/2017
SEGREDO DE JUSTIÇA
Relator
Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. LINDÔRA MARIA ARAÚJO
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LK
REPR. POR : HJL
ADVOGADO : ROQUE SÉRGIO D'ANDRÉA - PR024755
RECORRIDO : KHK
ADVOGADO : ANDRÉ PORTUGAL CEZAR - PR029771
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Família - Alimentos - Revisão

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Terceira Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Aurélio Bellizze (Presidente),
Moura Ribeiro e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro Relator.

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