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Vampiros e Ficção Científica

Alvaro A. L. Domingues

A Ficção Científica sempre andou de braços dados com os gêneros Horror e Terror, já que,
juntamente com o Fantástico, lidam exatamente com as mesmas questões limites da
realidade e da fantasia.

Dentro desta mistura, há as histórias de vampiros. Segundo alguns críticos, o que vai dizer
se a história é Terror ou Ficção Científica são as explicações. Se o vampiro for fruto de um
ataque de vírus, de uma doença hereditária ou se ele for um alienígena ou alguma forma de
vida não sobrenatural, a história é FC. Se não houver explicação nenhuma para a causa do
vampirismo ou ela for originada por magia ou maldição é Terror ou Horror.

Levando isso em consideração, vamos apresentar algumas histórias de FC que envolvem


vampiros em seu enredo. A primeira delas é do pioneiro H. G. Wells, A Floração da
Estranha Orquídea escrita em 1896, conto reproduzido na antologia O Vampiro Antes de
Drácula, publicado pela editora Aleph. O ser vampiresco aqui é uma planta. Como todas as
histórias de Wells, esta também é apenas um pretexto para criticar a sociedade onde vivia, a
Inglaterra Vitoriana. No caso, é a vida medíocre da classe média e seus preconceitos
gerados por olhar o apenas o próprio umbigo.

Em 1954, Richard Matheson escreveu o excelente Eu sou a Lenda (esqueçam qualquer


adaptação cinematográfica – ninguém acertou a mão, muito menos Francis Lawrence e
Will Smith), onde num mundo atacado por um vírus, todas as pessoas são transformadas
em vampiros, menos uma que se dedica então a matar vampiros. Matheson além de criar
uma excelente trama procura inserir e explicar todos o elementos das lendas dos vampiros,
por exemplo a estaca, o alho e o crucifixo. As explicações são toscas por que são obtidas
pelo personagem principal, sem muitos recursos para fazer uma pesquisa séria. Há até um
certo humor: o que aconteceria com o crucifixo, se o vampiro fosse judeu?

Vampiros de Almas surge nas telas do cinema em 1956. Neste filme arrepiante, seres
alienígenas vegetais vampirizam a personalidade das pessoas, clonando-as e ocupando seu
lugar na sociedade. A metáfora aqui é a paranóia vigente nos anos 50 nos EUA. De um
lado, o governo americano alimentando o medo ao comunismo e, do outro, o medo de uma
perseguição marcatista promovida por este mesmo governo, fazendo todos desconfiarem de
todos, inclusive de parentes muito próximos (irmãos, filhos, cônjuges).

Colin Wilson escreveu, em 1976, Vampiros do Espaço, onde astronautas recolhem de uma
antiga nave extraterrestre orbitando a Terra, seres humanóides aparentemente mumificados.
Inadvertidamente libertam seres de energia que parasitam humanos, vivendo a custas de sua
força vital. A intenção dos seres é preparar uma invasão e usar os terrestres como uma
espécie de fonte de alimentos para eles. Só por esta sinopse, percebe-se uma clara
influência de H. G. Well (A Guerra dos Mundos). Como Wells, Colin Wilson tinha outras
preocupações por trás de seu romance. Psicólogo, usa os alienígenas infiltrados como
pretexto para analisar o comportamento humano. Ocultista, usa este romance para
introduzir suas crenças. Político, critica o comportamento “duas caras” dos políticos, pois
um dos infiltrados é o próprio Primeiro Ministro da Inglaterra, que não percebe a presença
do alienígena, por estar habituado a dizer uma coisa e fazer outra.

Indo para a pura diversão, temos a pulp ficction, escrita em 1980, Sabella, uma Vampira
nas Galáxias, da escritora inglesa Tanith Lee. Neste livro, a ambientação é num planeta
similar a Marte, colonizado pela Terra num futuro longínquo. O livro é contado do ponto de
vista do vampiro que desconhece seu estado. Sabella é uma descendente de terrestres que
vive neste planeta e aos poucos vai descobrindo sua natureza vampiresca e sua real origem.
Há um caçador que a persegue, que parece saber mais sobre ela do que ela mesma. Aqui a
FC está bem caracterizada, com uma boa ambientação extraterrestre, alguns artefatos e uma
boa descrição de uma raça alienígena extinta e da causa do comportamento vampírico.

No limite entre o Terror e a FC, temos dois contos onde fica em aberto a origem do
vampiro, mas há alguma tendência apontando para seres evoluídos, artificiais ou
alienígenas.

O primeiro deles é O Horla de Guy de Maupassant, também presente na antologia O


Vampiro Antes de Drácula. Publicado originalmente em 1886, o vampiro é um ser não
humano e invisível, que se apodera de seu hospedeiro e o controla e dele se alimenta. Aqui
o horla seria um sucessor da raça humana, produto da evolução não necessariamente do
homem.

O segundo é um conto de Ray Bradbury, O Hospede do Segundo Andar, publicado pela


primeira vez em 1947. Um menino vai para casa da avó ficar hospedado alguns dias,
durante suas férias. A avó, por viver sozinha, aluga um dos quartos da casa. Crimes
começam a acontecer nas imediações. Suspeita-se que os crimes estão sendo praticados por
um vampiro. O menino começa suspeitar do hóspede pelo seu comportamento estranho:
dorme de dia, evita a luz e espelhos, etc. Quando o vampiro é morto, seus órgãos internos
são formas geométricas gelatinosas (cilindros, esferas, pirâmides, cones etc.), dando a
entender ou que é um ser artificial ou não humano. Aqui o tema é “o estranho em casa”. A
avó, ao saber dos crimes, se sente segura de estar em casa, mas na realidade abriga o
assassino.

O que dificulta a classificação destas duas histórias como sendo FC é a ambigüidade com
que são narradas as descrições e ações dos vampiros. No caso de Maupassant, a história é
contada em primeira pessoa por uma das vítimas do vampiro, que não tem condições de
analisar cientificamente o fato tanto pela sua condição de vítima, como por não conhecer
em profundidade alguns conceitos científicos. Isso permite que se pairem dúvidas no ar,
inclusive da sanidade do personagem-narrador.

No caso de Bradbury, apesar do narrador ser em terceira pessoa, ele olha do ponto de vista
do menino, aterrorizado e ao mesmo tempo, determinado a resolver a questão. Mas também
não tem conhecimentos técnicos nem maturidade emocional suficientes para analisar.

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