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138 • Estados Unidos A Construção Moderna do País • 139

a extraordinária concentração de renda que se estabelecia e o imenso Acreditavam que muitos problemas seriam resolvidos com a re­
poder dos grandes monopólios criaram insatisfações e revoltas popu­ forma e modernização da educação. Houve grande crescimento das
lares nos Estados Unidos de então. Houve, portanto, não só a revolta escolas no período, enquanto homens como John Dewey (1859-1952)
dos trabalhadores como também manifestações de insatisfação de fa­ e Lester Ward (1841-1913) discutiam a reorganização da educação
zendeiros, pequenos empresários e consumidores que, em geral, aca­ no país. Debatiam o significado de democracia em uma sociedade
bavam prejudicados. com tal concentração de renda e os limites da justiça, que autorizava
tamanhas desigualdades no país. Entretanto, simultaneamente, justi­
ficavam e legitimavam a sociedade segregada entre negros e brancos.
6.3 O PROGRESSIVISMO O movimento reformista teve seu declínio com a Primeira Guer­
ra Mundial (1914-1918), mas deixou lastro. Muitas propostas do
Com tal concentração de renda, a reação não pôde esperar: ex­ progressivismo orientaram Franklin D. Roosevelt (1882-1945), 322
plodiu nos Estados Unidos o movimento progressista, ativismo social presidente dos Estados Unidos (1933-1945), a elaborar o New Deal
difícil de precisar os contornos, pois havia entre eles progressistas e (1933-1939; Novo Acordo), programa reformista que tentou superar
conservadores de distintos matizes. Os temas que uniam grupos com a Crise de 1929 e tirar o país da Depressão.
posições tão diferentes era a cruzada dos setores médios da época,
do homem comum, em favor da regulação dos monopólios ou big
business (grandes negócios), da regeneração da política que grassava 6.4 O FIM DO MUNDO INDÍGENA
em corrupção.
O movimento era eminentemente reformista e reunia políticos, Desde a década de 1820, a política adotada pelo governo era
intelectuais, jornalistas e muitos estratos médios da sociedade. Espe­ transferir os índios para terras além da fronteira de ação do homem
ravam maior atuação do Estado no controle dos trustes, ainda que branco, ou seja, para terras ainda não dominadas por ele. Com o pas­
operassem mais frequentemente em níveis municipal e estadual. De­ sar do século xix, a conquista de terras aumentou, e as reservas indí­
nunciavam problemas no sistema eleitoral, defendendo que o elei­ genas diminuíram. No confronto decorrente do avanço dos pionei­
torado também deveria ser regenerado, evitando o voto dos analfa­ ros, os índios foram conquistados, pauperizados e, em muitos casos,
betos, mas simultaneamente apoiavam a luta pelo sufrágio feminino, vítimas de genocídio.
provavelmente na intenção de as mulheres ajudarem na regeneração Durante o século xix, os índios resistiram como puderam à con­
do mundo em que viviam. quista de seus territórios. Entretanto, a moderna tecnologia empre­
Para eles, a sociedade norte-americana estava fatalmente cor­ gada em armamentos, a ação de civis e do próprio governo federal
rompida. Os progressivistas sustentaram a Prohibition (1920-1930; fizeram o extermínio indígena rápido e eficaz. Ainda assim, as tropas
Lei Seca), a proibição do consumo de bebida alcoólica, pois estavam federais enfrentaram alguns revezes e amargaram pelo menos uma
convencidos de que o álcool era agente da degeneração da sociedade. grande derrota na guerra contra os nativos. No final do século, os
Prosütuição e divórcio eram vícios que atacavam e que igualmente mais sérios adversários da cavalaria eram os apaches, ao sudoeste, e
não poderiam permanecer em uma sociedade que devia ser regenera­ os sioux, ao norte.
da. Havia uma verdadeira campanha contra o álcool, a prostituição e Em 1876, houve uma das mais memoráveis batalhas indígenas
a possibilidade de dissolução da família com o divórcio. nos Estados Unidos. O estopim do conflito foi a descoberta de ouro,
em 1874, no território de Dakota, nas montanhas Black Hills, região
4. Michael McGerr, A Fíerce Discontent, 2005.
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considerada sagrada tanto pelos sio u x como pelos ch eyenne e, até en­
tão, assegurada aos índios pelo governo.
Apesar disso, numerosos mineiros se espalharam pelos territórios
de Dakota, Montana e Wyoming. Em consequência, nesses locais fo­
ram travadas batalhas entre os índios e as tropas federais, que se puse­
ram em favor dos mineiros. À época, os siou x, já sofrendo pressões por
causa das instalações da Northern Pacific Railroad em seu território,
decidiram enfrentar a cavalaria, e outros grupos indígenas da região
juntaram-se a eles. No verão de 1876, somavam-se 3 mil guerreiros,
que, liderados por Sitting Bull (Touro Sentado) e Crazy Horse (Ca­
valo Louco), atacaram o acampamento militar ao sul de Montana, na
região do rio Little Bighorn.
Três colunas da cavalaria e seus respectivos comandantes par­
tiram de diferentes fortes federais em direção a Little Bighorn. A
cavalaria temia que os índios se refugiassem nas desconhecidas mon­
tanhas da região, as Black Hills, que estão onde hoje fica a Dakota
do Sul. Coube ao tenente-coronel George Armstrong Custer (1839-
-1876) - também conhecido por general Custer, por causa de uma
patente temporária alcançada durante a Guerra Civil - bloquear a
estratégia indígena. Hábeis com o arco curto e com o rifle, os índios
eram guerreiros notáveis. Agiam em pequenos grupos com veloci­
dade. No combate, os sio u x cavalgaram em zigue-zague e, em ape­
nas uma hora, mataram 264 homens, incluindo Custer. A Batalha de
Little Bighorn ficou conhecida como Custer’s Last Stand (Ultimo
Levante de Custer), pois foi uma terrível derrota infligida à cavalaria
e ao orgulhoso tenente-coronel habilmente articulada por aqueles
que consideravam índios selvagens.
No entanto, a vitória indígena teve vida curta. A cavalaria não
poderia admitir tal derrota. Custer, na época, tornou-se um mártir da
“civilização norte-americana” contra os “selvagens”. Tropas federais
seguiram para a região e, finalmente, derrotaram os siou x. Os que
sobreviveram foram obrigados a seguir para uma reserva demarcada
pelo governo em outro local.
As Black Hills, alvo inicial do conflito, deixaram de ser vistas
como a terra sagrada dos índios. Foi ali, no monte Rushmore, que
os norte-americanos esculpiram os colossais rostos de seus presiden­
Figura 6.3 Guerreiro indígena não identificado, Estados Unidos, séc. x.x Presume-se
tes: George Washington (1732-1799), Thomas Jefferson (1743-1826),
que seja Crazy Horse (c. 1840-1877), chefe dos oglala lakota, ou ogtala sioux
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Theodore Roosevelt (1858-1919) e Abraham Lincoln (1809-1865). As


montanhas passavam a ser o território sagrado dos norte-americanos.
Em 1890, o governo ainda avançava no controle de zonas ain­
da sob poder dos índios. Os siou x, já ameaçados e debilitados com a
vida que lhes havia sido imposta, reuniram-se nos rituais conhecidos
como danças fantasmas. Nessas cerimônias, em transe, eles afirmavam
receber comunicações de seus antepassados. Em um desses rituais,
divulgou-se que os antepassados dos sio u x voltariam à terra para que,
juntos, derrotassem o homem branco, causa de seus males, restauran­
do, assim, seus antigos territórios e sua paz. Por fim, um profeta p a iu te
previu que o homem branco desapareceria da face da Terra.
Os boatos chegaram aos fortes federais, contaminaram a cavala­
ria, instalando o pânico entre os soldados. A ação dos chefes indíge­
nas Crazy Horse e Sitting Buli ainda assustava as supersticiosas tropas
federais. A cavalaria clamou pela intervenção federal. O telégrafo
foi fundamental para a organização dos militares, e o resultado foi
imediato. Em dezembro de 1890, as tropas juntaram-se rapidamente
e atacaram os índios na Dakota do Sul, na batalha conhecida como
Massacre de Wounded Knee, perto do riacho de mesmo nome, na
qual foram covardemente massacrados aproximadamente duzentos
homens, mulheres e crianças desarmados. Os sobreviventes foram
perseguidos e mortos.
O Massacre de Wounded Knee é conhecido como a última ba­
talha na qual a cavalaria atuou contra os índios. A partir dessa data,
estava encerrado o “problema indígena”. A partir da segunda metade
do século xix, a maioria dos índios havia sido exterminada por civis
e pelo governo federal. Os que sobreviveram foram confinados em
reservas, geralmente longe de seu território de origem, e controlados
de perto pelo governo federal5. A própria criação dos parques nacio­
nais, no fim do século xix, é também uma confirmação de que os
norte-americanos já haviam controlado o “mundo selvagem”. Além
dos índios, 60 milhões de bisões, que habitavam as planícies, foram
dizimados, e algumas cabeças restantes foram confinadas para fins co­
merciais. Assim, o “avanço da civilização” pelo território norte-ameri­
cano implicava também o confinamento e o controle de tudo que era
Figura 6.4 Sitting Buli (1831-1890), em fotografia tirada em estúdio d a cidade de
Bismarck (n d ), Estados U nidos, 1885. Chefe indígena dos hunkpapa lakota,
5. Elise Marientras, Wounded Knee ou lAmériquefin de siècle, 1890, 1992.
ou hunkpapa sioux.
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considerado selvagem. Civilizar significava dominar a vida selvagem, Já no início do século xx, parte dos negros do Sul migrou para as
grandes cidades do Norte, formando os bairros dos excluídos, ou gue­
jamais ser dominado por ela.
tos, em cidades como Chicago, Nova York etc. Esperando encontrar
uma vida melhor nessas cidades, foram confrontados igualmente com
6.5 A SEGREGAÇÃO DO NEGRO a segregação da qual fugiam no Sul. A imposta separação entre negros
e brancos havia tomado os Estados Unidos. Embora os negros tenham
Além do controle do mundo selvagem, ao fim do século xix, con­ conquistado direitos civis, ainda hoje é possível perceber a herança da
firmava-se nos Estados Unidos a segregação do negro na sociedade escravidão e da segregação em conflitos raciais que explodem cons­
norte-americana. Nos estados sulistas, ela fazia parte do cotidiano: era tantemente nas cidades do país.
proibida a convivência de brancos e negros em meios de transporte
público, escolas, hospitais, restaurantes e cafés. Aos negros, era vetado
frequentar determinados lugares públicos. No Sul, a segregação com 6.6 A IMIGRAÇÃO
o aval das autoridades avançou pelo século xx e durou ate a década
de 1960. O voto universal nos estados ocorreu apenas em 1965 e após Durante todo o século xix, contingentes consideráveis de imi­
o Movimento pelos Direitos Civis que tomou conta do país. grantes europeus aportaram nos Estados Unidos. Entre 1820 e 1880,
A Décima Quinta Emenda (1870), que garantia o direito de voto cerca de 9,5 milhões de homens, mulheres e crianças foram para o
a qualquer cidadão, sem distinção de raça, nascido nos Estados Uni­ pais, especialmente irlandeses e alemães. Essa fase é chamada pelos
dos, foi completamente ignorada no Sul por pressão de grupos con­ historiadores de velha imigração, pois antecede o grande boom da vi­
servadores, reacionários e ultradireitistas. Isso reforçou outro foco de rada do século xix para o xx.
conflito que marca a sociedade norte-americana: a tensão racial cons­ A partir de 1880, os Estados Unidos instalaram na Europa agên­
tante e a profunda revolta de grupos negros contra as condiçoes que cias para atrair imigrantes, especialmente para o trabalho nas fábri­
lhes foram impostas, mesmo depois da abolição da escravidão. cas. Massas de homens e mulheres, vindos da Europa Central e Meri­
O ativista negro William Eduard Burghardt Du Bois (1868-1963), dional, chegaram aos Estados Unidos, fugindo da crise econômica em
nascido em Massachusetts, tratava da condição do negro no livro T he seus países de origem, atraídos pelas promessas de uma vida melhor
que o progresso da industrialização poderia proporcionar-lhes.
S ou ls o f B la ck Folk (1903):
O governo norte-americano encorajava a imigração e permitia
Depois do egípcio e do indiano, do grego e do romano, do teutão e do mongol, às companhias contratarem trabalhadores estrangeiros. Entre 1880 e
o negro é um a espécie de sétimo filho, nascido como um véu e aquinhoado com 1920, os Estados Unidos receberam cerca de 22 milhões de imigran­
o estigma da inferioridade neste mundo americano - um m undo que nao lhe tes, entre outros, chineses, filipinos, russos, judeus, tchecos, húngaros,
concede uma verdadeira consciência de si, mas que apenas lhe permite ver-se por poloneses, servios, croatas, romenos, gregos e um número expressivo
meio do olhar do outro. É um a sensação estranha, essa consciência dupla, essa
de italianos. Foi o país das Américas a receber o maior número de
sensação de estar sempre a se olhar com os olhos dos outros, de m edir sua própria
imigrantes nessa época. O segundo lugar ficou com a Argentina, e o
alma pela medida de um mundo que continua a mirá-lo com divertido desprezo e
terceiro, com o Brasil.
piedade. E sempre a sentir sua duplicidade - americano e negro; duas almas, dois
pensamentos, dois esforços irreconciliados; dois ideais que se combatem em um Grande contingente de imigrantes foi empregado pelas indús­
corpo escuro cuja força obstinada unicamente impede que se destroce6. trias e se instalou nas cidades e regiões que tinham essa demanda.
Desorientados com a mudança, vivendo em condições miseráveis,
6. William E. B. Du Bois, “Sobre Nossas Lutas Espirituais”, 1999, p. 54.
amontoados em pequenos cômodos, recebendo salários irrisórios, os

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