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Direito Administrativo para XXIII Exame OAB 2017

Teoria e exercícios comentados


Prof. Erick Alves Aula 09

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AULA 09

Olá pessoal!

A aula de hoje é sobre “serviços públicos”.

Seguiremos o seguinte sumário:

SUMÁRIO

Serviços públicos.............................................................................................................................................................4
Competência ......................................................................................................................................................................5
Classificações.....................................................................................................................................................................9
Originário e derivado ..................................................................................................................................................9
Exclusivo e não exclusivo ....................................................................................................................................... 10
Próprio e impróprio.................................................................................................................................................. 11
Administrativo, comercial e social...................................................................................................................... 12
Geral e individual ....................................................................................................................................................... 12
Obrigatório e facultativo ......................................................................................................................................... 14
Concessão e permissão de serviço público.................................................................................................... 18
Requisitos do serviço público adequado.......................................................................................................... 25
Licitação prévia........................................................................................................................................................... 33
Prazo................................................................................................................................................................................ 39
Transferência de encargos ..................................................................................................................................... 40
Política tarifária.......................................................................................................................................................... 43
Direitos e obrigações................................................................................................................................................ 47
Intervenção................................................................................................................................................................... 56
Formas de extinção ................................................................................................................................................... 60
Autorização de serviço público ............................................................................................................................ 79
Parcerias público-privadas .................................................................................................................................... 82
Modalidades ................................................................................................................................................................. 83
Restrições...................................................................................................................................................................... 84
Tipos de contraprestação ....................................................................................................................................... 87
Garantias........................................................................................................................................................................ 88
Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP) ........................................................................... 90
Sociedade de Propósito Específico (SPE)......................................................................................................... 91
Licitação prévia à PPP.............................................................................................................................................. 92
Disposições aplicáveis apenas à União ............................................................................................................. 93
Jurisprudência.............................................................................................................................................................106

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RESUMÃO DA AULA...................................................................................................................................................108
Questões comentadas na aula.............................................................................................................................111
Gabarito...........................................................................................................................................................................124

As leis necessárias para o acompanhamento da aula, além da


Constituição Federal, são as seguintes:
 Lei 8.987/1995: dispõe sobre o regime de concessão e permissão
da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição
Federal, e dá outras providências.
 Lei 9.074/1995: estabelece normas para outorga e prorrogações
das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras
providências.
 Lei 11.079/2004: institui normas gerais para licitação e contratação
de parceria público-privada no âmbito da administração pública.

Destaco que observei uma tendência crescente de cobrança do tema


nas provas recentes da OAB, com destaque para os tópicos “formas de
extinção” dos contratos de concessão e permissão e “parcerias-público
privadas”. Portanto, aprofundaremos um pouco mais os tópicos mais
importantes, ok?

Preparados? Aos estudos!

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SERVIÇOS PÚBLICOS

A Constituição Federal ou as leis do nosso país não apresentam, de


forma expressa, um conceito de serviço público. No plano das normas,
podemos encontrar um conceito de serviço público apenas no nível
infralegal, especificamente no Decreto 6.017/2007, que regulamenta os
consórcios públicos:

XIV - serviço público: atividade ou comodidade material fruível


diretamente pelo usuário, que possa ser remunerado por meio de taxa ou preço
público, inclusive tarifa;

Não obstante a definição apresentada pelo Decreto, a doutrina


enfatiza ser muito difícil apresentar um conceito único de serviço público
que o diferencie categoricamente da atividade privada. Isso porque a
atividade em si não permite concluirmos se um serviço é ou não público.
Além disso, o conceito não é nada estático. Afinal, é o Estado quem
escolhe, por meio da Constituição ou de lei, quais as atividades que, em
determinado momento, são consideradas de interesse geral e as rotula
como serviços públicos, dando-lhes um tratamento diferenciado. Em um
dado momento, o Estado pode entender que determinada atividade, por
sua importância para a coletividade, não deve ficar na dependência da
iniciativa privada e, mediante lei, a transforma em um serviço público; em
outro momento, determinada atividade hoje considerada pela lei como
serviço público pode passar a ser exercida como atividade econômica,
aberta à livre iniciativa. Enfim, é uma questão de escolha política.
Para ter uma noção da dificuldade de estabelecer um conceito
taxativo para serviço público, basta ver que existem atividades
absolutamente essenciais à sociedade, como a educação e a saúde, que
podem ser exploradas por particulares a partir de livre iniciativa,
independentemente de delegação do Estado e sob regime de direito
privado, ou seja, sem a “roupagem” de serviço público; por outro lado,
outras atividades, um tanto quanto dispensáveis, a exemplo das loterias1,
são prestadas pelo Estado como serviço público.
A despeito da dificuldade relatada, a doutrina costuma propor seu
conceito para serviço público. Vejamos o que dizem os principais autores:

1 Nos termos da Lei 12.869/2013, os serviços de loterias federais são explorados pelos particulares

mediante permissão do Poder Público (permissão lotérica), outorgada pela Caixa Econômica Federal,
através de licitação.

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1. (Cespe – PRF 2012) Os serviços públicos outorgados constitucionalmente à


União, como os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de
passageiros, estão enumerados taxativamente na CF.
Comentário: Os serviços públicos de competência da União são
enumerados taxativamente na CF, daí a correção do item. Já a lista dos
serviços de competência dos Municípios é meramente exemplificativa (outros
serviços de interesse local, não enumerados na CF, como os funerários,
também podem ser prestados pelos Municípios). Por fim, a competência dos
Estados é residual (inclui tudo o que não for da competência da União ou dos
Municípios).
Gabarito: Certo

2. (Cespe – MIN 2013) É da competência dos estados-membros explorar os


serviços de energia elétrica.
Comentário: A exploração dos serviços de energia elétrica é de
competência da União, que pode explorá-los diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão, em articulação com os Estados. Em
muitas regiões, a exploração desses serviços é delegada para concessionárias
de energia controladas pelos Estados-membros (ex: Cemig e CEB), mas o
serviço, como em toda delegação, continua na titularidade da União, sendo
regulados pela Aneel (agência reguladora federal). Eis o artigo da
Constituição:
Art. 21. Compete à União:
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos
cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergéticos;

Gabarito: Errado

3. (Cespe – MPU 2013) Por expressa determinação constitucional, devem,


obrigatoriamente, ser diretamente prestados pelo Estado os serviços postal, de
aproveitamento energético dos cursos de água e de transporte ferroviário e
aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais.
Comentário: Por expressa determinação constitucional, os serviços
enumerados na questão devem ser prestados pela União; mas não
obrigatoriamente de forma direta, daí o erro.
Com efeito, os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos

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fiscalização de atividades. São também chamados de serviços públicos


propriamente ditos.
O serviço público derivado é o que não é considerado essencial, mas
sim conveniente à coletividade, podendo ser prestado por particular
(é delegável, portanto). O Estado pode prestá-lo diretamente ou
delega-lo a terceiros, tais como telefonia, energia elétrica e transportes.
São também chamados de serviços de utilidade pública.

EXCLUSIVO E NÃO EXCLUSIVO

Serviços públicos exclusivos são aqueles de titularidade do Estado,


prestados diretamente pela Administração ou indiretamente mediante
concessão, permissão ou autorização.
Conforme a Constituição, são exemplos de serviços públicos
exclusivos o serviço postal, o correio aéreo nacional (art. 21, X), os
serviços de telecomunicações (art. 21, XI), os de radiodifusão, energia
elétrica, navegação aérea, transportes e demais indicados no artigo 21,
XII, e o serviço de gás canalizado (art. 25, §2º), este de competência dos
Estados-membros.
Atente que os serviços exclusivos não se confundem com serviços
indelegáveis (originários). Por exemplo: o serviço de telecomunicações é
competência da União, ou seja, é serviço de titularidade exclusiva da
União, porém pode ser prestado por particulares, no caso, as
concessionárias.
Serviços não exclusivos são aqueles que não são de titularidade
do Estado e, por isso, podem ser prestados pelos particulares
independentemente de delegação. Tal é o caso dos serviços previstos
no título VIII da Constituição, concernentes à ordem social, abrangendo
saúde (arts. 196 e 199), previdência social (art. 201, § 8), assistência
social (art. 204) e educação (arts. 208 e 209).
Ressalte-se que os serviços não exclusivos podem ser prestados
tanto pelo Estado, sob regime de direito público, como pelos
particulares, neste último caso, sob o regime de direito privado, de livre
iniciativa, independentemente de delegação estatal. Ou seja, são serviços
que não são de titularidade exclusiva do Estado.

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ADMINISTRATIVO, COMERCIAL E SOCIAL

Serviço público administrativo é aquele que a Administração


executa para satisfazer suas próprias necessidades internas ou para
preparar outros serviços que são prestados ao público (atividades-meio),
tais como a imprensa oficial (impressão de diários oficiais). O usuário
direto é a própria Administração.
Serviço público comercial, também denominado econômico ou
industrial, é o que atende às necessidades coletivas de ordem
econômica, produzindo lucro para quem o presta, como os serviços de
telecomunicações, de transportes e de energia elétrica.
Saliente-se que não se enquadram nessa categoria as atividades
econômicas em sentido estrito, regidas pelo art. 173 da Constituição
Federal (ex: bancos públicos e Petrobras). Isso porque, mesmo se forem
excepcionalmente desempenhadas pelo Estado, essas atividades o serão
sob regime jurídico (predominante) de direito privado, e não como serviço
público.
Serviço público social é o que atende às necessidades coletivas de
ordem social, como saúde, educação e cultura, abrangendo ainda os
serviços assistenciais e protetivos (ex: assistência à criança e ao
adolescente). Tais serviços são, em regra, deficitários (não geram lucro) e
podem ser desempenhados por particulares, independentemente de
delegação (como serviços privados).

GERAL E INDIVIDUAL

Serviço público geral, ou uti universi, é aquele prestado a toda a


coletividade, indistintamente, ou seja, beneficia grupos indeterminados
de indivíduos, não sendo possível ao Poder Público identificar, de forma
individualizada e exata, quanto cada usuário utiliza do serviço. São
financiados pelas receitas dos impostos, a exemplo dos serviços de
segurança pública, iluminação pública e saneamento básico.
Serviço individual, ou uti singuli, é aquele usufruído individual e
diretamente pelo cidadão, sendo possível mensurar, caso a caso, quanto
do serviço está sendo consumido por cada usuário, separadamente. São
mantidos por meio das receitas das taxas ou das tarifas, a exemplo da
energia elétrica, telefone, água etc.

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4. (FGV – OAB 2012) Acerca dos serviços considerados como serviços públicos
uti singuli, assinale a afirmativa correta.
A) Serviços em que não é possível identificar os usuários e, da mesma forma, não é
possível a identificação da parcela do serviço utilizada por cada beneficiário.
B) Serviços singulares e essenciais prestados pela Administração Pública direta e
indireta.
C) Serviços em que é possível a identificação do usuário e da parcela do serviço
utilizada por cada beneficiário.
D) Serviços que somente são prestados pela Administração Pública direta do
Estado.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Trata-se da definição de serviços públicos uti universi ou
gerais.
b) ERRADA. Nessa definição, podem-se enquadrar os serviços públicos
originários, assim como os serviços públicos exclusivos, quando prestados
diretamente pela Administração.
c) CERTA. É a exata definição de serviços públicos uti singuli ou
individuais.
d) ERRADA. Trata-se da definição de serviços públicos originários.
Gabarito: alternativa “c”

5. (Cespe – Câmara dos Deputados 2012) De acordo com critério de


classificação que considera a exclusividade ou não do poder público na prestação
do serviço, o serviço postal constitui um exemplo de serviço público não exclusivo do
Estado.
Comentário: O serviço postal é um serviço exclusivo do Estado, prestado
diretamente pela União, nos termos do art. 21, X da CF:
Art. 21. Compete à União:
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

Gabarito: Errado

6. (Cespe – MDIC 2014) O serviço de uso de linha telefônica é um típico exemplo


de serviço singular, visto que sua utilização é mensurável por cada usuário, embora
sua prestação se destine à coletividade.

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Comentário: O serviço de uso de linha telefônica é passível de


mensuração individual (veja a sua conta telefônica); portanto, trata se de
serviço uti singuli ou individual.
Gabarito: Certo

7. (Cespe – PRF 2012) O serviço de iluminação pública pode ser considerado uti
universi, assim como o serviço de policiamento público.
Comentário: Tanto o serviço de iluminação pública como o de
policiamento não são mensuráveis individualmente, ou seja, não é possível
dizer com certeza quanto que determinado indivíduo consome de iluminação
pública ou de policiamento. Sendo assim, tais serviços são considerados uti
universi ou gerais.
Gabarito: Certo

8. (Cespe – PC/BA 2013) Caracterizam-se como serviços públicos sociais


apenas os serviços de necessidade pública, de iniciativa e implemento exclusivo do
Estado.
Comentário: Serviço público social é o que atende às necessidades
coletivas de ordem social, como saúde, educação e cultura, abrangendo ainda
os serviços assistenciais e protetivos. O erro é que os serviços sociais não
são privativos do Estado, podendo também ser desempenhados por
particulares, independentemente de delegação.
Gabarito: Errado

9. (Cespe – MIN 2013) Os serviços de utilidade pública, a exemplo dos serviços


de transporte coletivo, visam proporcionar aos seus usuários mais conforto e bem-
estar.
Comentário: Os serviços de utilidade pública são aqueles considerados
não essenciais, mas sim convenientes à coletividade, podendo ser prestados
por particulares. Portanto, são serviços delegáveis. São exemplos de serviço
de utilidade pública: transporte coletivo, energia elétrica, telefonia, etc.
Gabarito: Certo

10. (ESAF – CGU 2012) A noção de "Serviço Público" é considerada por autores
como Cretella Jr. "a pedra angular do direito administrativo". No caso brasileiro, os
serviços públicos são classificados segundo algumas características. Os enunciados
abaixo se referem a essas características.
I. Os serviços públicos prestados diretamente pelo Estado ou indiretamente,
mediante concessionários, são chamados Serviços Públicos Próprios.
II. Apenas os serviços públicos prestados diretamente pelo Estado são chamados

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Serviços Públicos Próprios.


III Os serviços públicos prestados indiretamente, mediante concessão, autorização,
permissão ou regulamentação são Serviços Públicos Impróprios.
Quanto a esses enunciados, indique a opção correta.
a) Apenas o I está correto
b) Apenas o II está correto
c) Apenas o III está correto
d) Todos estão corretos
e) Nenhum está correto.
Comentários: Vamos analisar cada item.
I) CERTO. Na visão de parte da doutrina, os serviços públicos próprios
são aqueles que, atendendo a necessidades coletivas, o Estado assume como
seus e os executa diretamente (por meio de seus órgãos e agentes) ou
indiretamente (por meio de concessionárias e permissionárias).
II) ERRADO. Também os serviços prestados indiretamente pelo Estado
são chamados de serviços públicos próprios.
III) ERRADO. Os serviços públicos prestados indiretamente, mediante
concessão, autorização, permissão ou regulamentação são serviços públicos
próprios. Por sua vez, os serviços públicos impróprios não são de titularidade
do Estado e nem por ele executados (ex: serviços relacionados no capítulo
sobre a “Ordem social” da CF, como saúde e educação, quando prestados por
particulares). Porém, não refogem ao poder de polícia, pois devem ser
autorizados, regulamentados e fiscalizados.
Gabarito: alternativa “a”

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CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO

Nos termos do art. 175 da CF, o serviço público é incumbência do


Estado, que pode prestá-lo diretamente ou indiretamente, neste último
caso, mediante delegação a particulares:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou


sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços


públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

A prestação de forma indireta se dá pela delegação do serviço


público a um particular (pessoa jurídica ou física), que o prestará em seu
próprio nome e por sua conta e risco, remunerando-se diretamente por
meio das tarifas cobradas dos usuários, e sempre sob a fiscalização do
Poder Público3.
Perceba que, conforme o art. 175 acima transcrito, a execução
indireta de serviços públicos deve ser feita “sempre através de licitação”,
ou seja, na delegação de serviços públicos a licitação é obrigatória, não
sendo possível a sua dispensa; excepcionalmente, a doutrina admite
apenas a declaração de inexigibilidade, desde que se demonstre a
inviabilidade de competição.
As formas de delegação de serviços públicos são a concessão e a
permissão, formalizadas mediante contratos administrativos; em
determinados casos, o serviço público também pode ser delegado
mediante autorização, formalizada por ato administrativo.
Em qualquer hipótese, a delegação incide apenas sobre a execução
do serviço, vez que a titularidade permanece com o Poder Público, que
poderá, em determinadas situações, retomá-lo.
Neste tópico, cuidaremos das concessões e permissões; quanto às
autorizações, deixaremos para tópico específico, mais adiante.

3 Knoplck (2013, p. 384).

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Os regimes de concessão e permissão de serviços públicos são


disciplinados pela Lei 8.987/1995. Essa é a lei cuja edição está prevista
no art. 175 da CF. Ela estabelece “normas gerais” sobre os regimes de
concessão e permissão4, sendo uma lei de caráter nacional, aplicável,
portanto, à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios.
A Lei 8.987/1995 apresenta as seguintes definições para concessão e
permissão:

 Concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita


pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

 Permissão de serviço público: a delegação, a título precário,


mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco.

A lei define ainda a concessão de serviço público precedida da


execução de obra pública 5 , que é quando o contrato de concessão
impõe ao particular a obrigação de realizar determinada obra pública
antes de iniciar a prestação do serviço, de forma que o investimento na
obra seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço por
prazo determinado (ex: concessão do serviço de administração de
rodovias, em que a concessionária tem a obrigação de duplicar a estrada
ou de fazer outras melhorias antes de começar a cobrar os pedágios).
Da leitura das definições acima, já é possível perceber que os
regimes de concessão e permissão se diferenciam em poucos aspectos. De
fato, as principais diferenças entre ambos são:

4A Lei 8.987/1995 também possui como fundamento o art. 22, XXVII da CF, o qual atribui à União
competência para editar normas gerais sobre licitações e contratos, em todas as modalidades. Afinal,
concessões e permissões são precedidas de licitação e formalizadas mediante contrato.
5 Concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada
pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o
investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da
obra por prazo determinado;

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11. (FGV – OAB 2014) Caso o Estado delegue a reforma, manutenção e


operação de uma rodovia estadual à iniciativa privada, com a previsão de que a
amortização dos investimentos e a remuneração do particular decorram apenas da
tarifa cobrada dos usuários do serviço, estaremos diante de uma
A) concessão de obra pública.
B) concessão administrativa.
C) concessão patrocinada.
D) concessão de serviço público precedida da execução de obra pública.
Comentário: Uma vez que a concessão do serviço de manutenção e
operação da rodovia também compreende a sua prévia reforma, estamos
diante de uma concessão de serviço público precedida da execução de obra
pública, conforme definido do art. 2º, III da Lei 8.987/95:
III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de
quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas
que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que
o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a
exploração do serviço ou da obra por prazo determinado;

Detalhe é que, como a remuneração da concessionária irá decorrer


apenas da tarifa cobrada dos usuários do serviço, o gabarito não poderia ser
nenhuma das modalidades de parceria público-privada (concessão
administrativa ou concessão patrocinada).
Gabarito: alternativa “d”

12. (Cespe – TCU 2008) Um parlamentar apresentou projeto de lei ordinária cujos
objetivos são regular integralmente e privatizar a titularidade e a execução dos
serviços públicos de sepultamento de cadáveres humanos, diante da falta de
condições materiais de prestação desse serviço público de forma direta. Aprovado
pelo Poder Legislativo, o referido projeto de lei foi sancionado pelo chefe do Poder
Executivo.
Com base na situação hipotética descrita acima, julgue os itens subsequentes.
A delegação do serviço de sepultamento de cadáveres humanos, por meio de
contrato de concessão, dependeria da prévia edição de lei ordinária que autorizasse
essa delegação.
Comentário: O art. 2º da Lei 9.074/1995 dispõe sobre a obrigatoriedade de

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lei autorizativa para que os entes federativos possam conceder seus serviços
públicos a particulares, dispensando dessa exigência os serviços de
saneamento básico e limpeza urbana, além dos serviços expressamente
indicados na Constituição como passíveis de delegação. Os serviços de
sepultamento não foram excetuados pela lei. Portanto, a concessão depende
de prévia edição de lei autorizativa.
Gabarito: Certo

13. (Cespe – TCU 2013) A permissão de serviço público possui contornos


bilaterais, mas, diferentemente da concessão de serviço público, não pode ser
caracterizada como de natureza contratual.
Comentário: Antes de qualquer coisa, cumpre enfatizar um ponto
importante: a permissão de “uso de bem público” não se confunde com a
permissão de “serviços públicos”.
Com efeito, a permissão de uso de bem público é efetuada mediante
ato administrativo, discricionário e revogável, utilizada, por exemplo, para
autorizar o uso de espaço em praça pública para montagem de banca de
revistas (em caso de dúvida, revise a aula sobre atos administrativos). Como
se trata de um ato administrativo (e não de um contrato) a permissão de uso
de bem público não está sujeita a prévia licitação.
Já a permissão de serviços públicos é uma modalidade de delegação de
serviços públicos a particulares, prevista no art. 175 da CF (ao lado da
concessão), formalizada mediante contrato administrativo e sujeita a licitação
prévia.
Em suma:
▪ Permissão de serviço público  contrato administrativo
▪ Permissão de uso de bem público ato administrativo

Vencidas essas considerações preliminares, percebe-se claramente que


o quesito erra ao afirmar que a permissão de serviço público não pode ser
caracterizada como de natureza contratual. Sobre a natureza contratual da
permissão de serviços público, está prevista no art. 40 da Lei 8.987/95:
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de
adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do
edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do
contrato pelo poder concedente.

Gabarito: Errado

14. (Cespe – MIN 2013) Um item que caracteriza a diferenciação entre permissão
e concessão de serviço público é a delegação de sua prestação a título precário.

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Comentário: Nos termos do art. 2º, IV da Lei 8.987,


IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco.

A doutrina critica bastante esse dispositivo da lei (assim como o art. 40,
transcrito no comentário da questão anterior), por ele afirmar que a permissão
de serviço público é formalizada por contrato e, ao mesmo tempo, possui
natureza precária e pode ser revogada unilateralmente. Isso porque, segundo
a doutrina, precariedade e revogabilidade são características de atos, e não de
contratos. Tanto é verdade que o contrato de permissão, nos termos da lei,
deverá ter prazo determinado e, se rescindido antes do termo, ensejará
indenização do permissionário; portanto, não poderia ser chamado de
precário. Tampouco poderia ser revogado, pois contrato não é revogado, e
sim rescindido ou extinto; revogação é utilizada para suprimir atos
administrativos, por razões de conveniência e oportunidade. A doutrina
também critica a parte que diz serem as permissões “contratos de adesão”,
porque, afinal, qualquer contrato administrativo é um contrato de adesão,
sendo desnecessária a referência na lei.
Não obstante a crítica da doutrina, na prova devemos considerar a letra
da lei (a menos, é óbvio, se o enunciado mencionar a doutrina). Dessa forma,
é correto afirmar que as permissões são “contratos de adesão”, “precários” e
“revogáveis”, como na presente questão.
Gabarito: Certo

15. (Cespe – TCU 2011) Tanto a concessão quanto a permissão de serviço


público serão feitas pelo poder concedente a pessoa física ou jurídica que
demonstre capacidade para desempenho, por sua conta e risco.
Comentário: O contrato de concessão pode ser celebrado com pessoas
jurídicas ou consórcio de empresas, mas não com pessoa física; já o contrato
de permissão pode ser celebrado com pessoas físicas ou jurídicas, mas não
com consórcios.
Gabarito: Errado

16. (Cespe – TCU 2011) A respeito da delegação de serviço público e do instituto


da licitação para a correspondente outorga, julgue o item subsequente.
Embora o instituto da permissão exija a realização de prévio procedimento
licitatório, a legislação de regência não estabelece, nesse caso, a concorrência
como a modalidade obrigatória, ao contrário do que prescreve para a concessão de
serviço público.

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Comentário: Tanto as concessões como as permissões de serviços


públicos exigem a realização de prévio procedimento licitatório. A diferença é
que, nos termos da Lei 8.987/1995, as concessões são sempre realizadas na
modalidade concorrência, enquanto as permissões não requerem modalidade
específica, ou seja, outras modalidades podem ser adotadas, dependendo do
valor e das características do contrato a ser celebrado.
Gabarito: Certo

A seguir, vamos estudar as diretrizes básicas previstas na


Lei 8.987/1995, aplicáveis às concessões e permissões de serviços
públicos.

REQUISITOS DO SERVIÇO PÚBLICO ADEQUADO

Os serviços públicos, por serem voltados aos membros da


coletividade, devem obedecer a certos padrões compatíveis com o regime
de direito público a que se sujeitam. Nesse sentido, o art. 6º da
Lei 8.987/1995 preceitua que “toda concessão ou permissão pressupõe a
prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários,
conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo
contrato”.
No §1º do mesmo art. 6º, a lei define serviço adequado como
aquele que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua
prestação e modicidade das tarifas.
Tais requisitos do serviço público adequado são verdadeiros
princípios a serem observados tanto pelo Poder Público concedente como
pelos particulares delegatários. Vejamos a descrição dos principais
atributos.

Continuidade

Também denominado de princípio da permanência, indica que os


serviços públicos não devem sofrer interrupção, a fim de evitar que
sua paralisação provoque, como às vezes ocorre, o colapso nas múltiplas
atividades particulares (veja, por exemplo, o transtorno causado pela falta
de energia, água ou sinal de celular).
Entretanto, há exceções. Nos termos do art. 6º, §3º da
Lei 8.987/1995, não caracteriza descontinuidade do serviço a sua
interrupção:

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➢ Em situação de emergência (ex: queda de raio na central elétrica); ou

➢ Após prévio aviso, quando:

▪ motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das


instalações (ex: manutenção periódica e reparos preventivos); e,

▪ por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da


coletividade.

A emergência, evidentemente, não pressupõe aviso prévio; caso


contrário, não seria emergência. As outras duas situações,
obrigatoriamente, exigem aviso antes da paralisação do serviço.
Perceba que a lei possibilita a paralisação do serviço em razão do
inadimplemento do usuário, após aviso prévio. É o caso, por exemplo,
do corte de energia elétrica do usuário que não pagou a conta.
Contudo, na hipótese de inadimplemento do usuário, a lei exige que
seja “considerado o interesse da coletividade”. Isso significa que a
concessionária ou permissionária não pode interromper a prestação do
serviço quando isso implicar prejuízos à coletividade, ainda que o usuário
esteja inadimplente, a exemplo da interrupção do fornecimento de energia
para um hospital, escola ou delegacia. Nesses casos, ao invés de
interromper o serviço, a concessionária de energia deverá cobrar a dívida
no Poder Judiciário.
Em relação ao princípio da continuidade, a doutrina costuma tratar de
forma diferente os serviços obrigatórios e os serviços facultativos.
Os serviços facultativos são os regidos pela Lei 8.987/1995, em
que a remuneração é formalizada por tarifa (o cidadão usa se e quando
quiser). Nesse caso, pela inadimplência do usuário, a concessionária pode
suspender a prestação do serviço.
Já em relação aos serviços obrigatórios, o usuário não tem a
faculdade de escolher se paga ou não, pois são cobrados de forma
compulsória mediante tributos (impostos ou taxas). Tais serviços não
podem sofrer solução de continuidade, pois não é possível relacionar o
tributo devido ao serviço prestado. Ademais, a Fazenda Pública conta com
instrumentos hábeis de cobrança, como a inscrição em dívida ativa para
futura execução do devedor.
Finalizando, é importante destacar que o princípio da continuidade
impossibilita a “exceptio non adimpleti contractus” (exceção do
contrato não cumprido) contra o Poder Público. Em outras palavras, nos
contratos de serviços públicos, o descumprimento pelo poder concedente

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não autoriza que a concessionária interrompa a execução dos serviços.


Nos termos da Lei 8.987/1995, quando a inadimplência decorre do poder
concedente, a interrupção dependerá de sentença judicial transitada
em julgado.
Atente para não confundir a regra dos serviços públicos com a
prevista na Lei 8.666/1993. Nos contratos administrativos regidos pela
Lei de Licitações, depois de 90 dias de inadimplência do Poder Público,
faculta-se a interrupção dos serviços contratados. Nas concessões e
permissões de serviços públicos, os particulares não possuem faculdade
semelhante, devendo aguardar o trânsito em julgado da sentença judicial.

17. (FGV – OAB 2016) Determinada empresa apresenta impugnação ao edital de


concessão do serviço público metroviário em determinado Estado, sob a alegação
de que a estipulação do retorno ao poder concedente de todos os bens reversíveis
já amortizados, quando do advento do termo final do contrato, ensejaria
enriquecimento sem causa do Estado. Assinale a opção que indica o princípio que
justifica tal previsão editalícia.
A) Desconcentração.
B) Imperatividade.
C) Continuidade dos Serviços Públicos.
D) Subsidiariedade.
Comentário: Com o advento do termo contratual, os bens reversíveis
especificados no contrato passam à propriedade do poder concedente, a fim
de assegurar a continuidade do serviço público prestado com aqueles bens.
Logo, o princípio que justifica a previsão editalícia em tela é o princípio da
continuidade dos serviços públicos.
Gabarito: alternativa “c”

18. (Cespe – TCU 2011) Se a prestação do serviço público vier a ser interrompida
pela empresa concessionária por motivo de ordem técnica, o usuário terá o direito
de exigir, judicialmente, o cumprimento da obrigação, visto que a interrupção
motivada por motivo de ordem técnica caracteriza efetiva descontinuidade do
serviço.
Comentário: Não há dúvida de que o princípio da continuidade deve ser
observado na prestação dos serviços públicos. Contudo, existem situações
excepcionais em que Lei 8.987 admite a interrupção do serviço. Vamos ver o

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que diz a lei:


Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao
pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
modicidade das tarifas.
§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das
instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Portanto, a interrupção por motivo de ordem técnica, desde que
comunicada previamente, não caracteriza descontinuidade do serviço, de
modo que o usuário não terá o direito de exigir judicialmente o cumprimento
da obrigação.
Gabarito: Errado

19. (Cespe – OAB 2010) Júlia, que está desempregada, não conseguiu pagar a
tarifa de energia elétrica de sua residência, referente ao mês de janeiro de 2010.
Por esse motivo, o fornecimento de energia foi suspenso por ordem da diretoria da
concessionária de energia elétrica, sociedade de economia mista.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
A) O fornecimento de energia elétrica à residência de Júlia não poderia ter sido
suspenso em razão do inadimplemento, visto que, conforme entendimento do STJ,
constitui serviço público essencial.
B) A lei de regência autoriza a suspensão do serviço desde que haja prévia
notificação do usuário.
C) Lei estadual poderia, de forma constitucional, criar isenção dessa tarifa, nos
casos de impossibilidade material de seu pagamento, como no caso do
desemprego do usuário.
D) Não caberia mandado de segurança contra o ato da diretoria da concessionária,
porque ela não é autoridade pública.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Ainda que seja um serviço público essencial, a
jurisprudência do STJ admite a suspensão do fornecimento de energia
elétrica em caso de inadimplência:

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ENERGIA ELÉTRICA. SUSPENSÃO. ENTIDADE PÚBLICA.
A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, proveu o recurso, entendendo que,
embora inadimplente, cabe a suspensão do fornecimento de energia elétrica a
prestador de serviço público essencial de interesse coletivo (art. 22 do
CDC). REsp 628.833-RS, Rel. originário Min. José Delgado, Rel. para acórdão Min.
Francisco Falcão, julgado em 22/6/2004.

b) CERTA, nos termos do art. 6º, §3º da Lei 8.987/95:


§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

c) ERRADA. Segundo a jurisprudência do STF, uma lei estadual não


poderia alterar as condições da relação contratual de concessões de serviços
públicos federais e municipais. No caso, o serviço de energia elétrica é um
serviço público de titularidade da União, portanto, não poderia sofrer a
interferência de uma lei estadual. Veja:
"EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Arguição de inconstitucionalidade da
Lei 11.462, de 17.04.2000, do Estado do Rio Grande do Sul. Pedido de liminar.
Plausibilidade jurídica da arguição de inconstitucionalidade com base na alegação de
afronta aos artigos 175, caput, e parágrafo único, I, III e V, e 37, XXI, todos da
Constituição Federal, porquanto Lei estadual, máxime quando diz respeito à
concessão de serviço público federal e municipal, como ocorre no caso, não
pode alterar as condições da relação contratual entre o poder concedente e os
concessionários sem causar descompasso entre a tarifa e a obrigação de
manter serviço adequado em favor dos usuários. Caracterização, por outro lado,
do periculum in mora. Liminar deferida, para suspender, ex nunc, a eficácia da Lei n.º
11.462, de 17.04.2000, do Estado do Rio Grande do Sul" (ADI 2299 MC, Relator(a):
min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado em 28/03/2001, DJ 29-08-2003 PP- 00017
EMENT VOL-02121-03 PP-00420).

d) ERRADA. Ao contrário do que afirma o item, é possível sim a


interposição de mandado de segurança contra ato da diretoria de
concessionária de serviço público. É o que diz a jurisprudência do STF:
Recurso especial. Processual civil. Mandado de Segurança. Ato praticado por
dirigente de sociedade de economia mista. Corte de energia elétrica. Possibilidade de
impugnação pela via mandamental. Recurso provido. 1. É impugnável, por
Mandado de Segurança, o ato de autoridade dirigente de Sociedade de
Economia Mista, quando praticado com abuso e de forma ilegal. In casu, trata-
se de ato do Superintendente de Distribuição Norte das Centrais Elétricas de
Goiás (CELG) e seu representante local, que visando a compelir o recorrente ao
pagamento de contas em atraso, determinou a supressão do fornecimento de
energia elétrica em outras unidades ao mesmo pertencentes, que estavam com

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o seu pagamento em dia, constituindo tal prática, medida passível de
impugnação pela via mandamental. 2. Tem-se, atualmente, procurado emprestar
ao vocábulo autoridade o conceito mais amplo possível para justificar a impetração de
Mandado de Segurança, tendo a lei adicionado-lhe o expletivo ''seja de que natureza
for'' (REsp 84.082/RS, Rel. min. Demócrito Reinaldo). 3. Recurso Especial a que se
dá provimento" (REsp 174.085/GO, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma,
julgado em 18/08/1998, DJ 21/09/1998 p. 96).

Gabarito: alternativa “b”

Atualidade

O princípio da atualidade é o único que possui definição na


Lei 8.987/1995.
Segundo o art. 6º, §2º da lei, a atualidade compreende a
“modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua
conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço”.
Em outras palavras, os serviços públicos devem ser continuamente
atualizados, assimilando novas tecnologias e tendências, evitando-se a
obsolescência. A doutrina costuma denominá-lo de princípio do
aperfeiçoamento, da adaptabilidade ou da mutabilidade, também
sendo reconhecido como cláusula do progresso.

Generalidade

Por força dos princípios da generalidade e da universalidade, os


serviços públicos devem ser prestados, sem discriminação, a todos que
satisfaçam as condições para sua obtenção, sendo imprescindível a
observância de um padrão uniforme em relação aos administrados
(princípio da igualdade ou neutralidade).
Nota-se, assim, um duplo sentido quanto ao princípio. De um lado, os
serviços públicos devem ser prestados ao maior número possível de
usuários, é dizer, deve ter o máximo de amplitude. Por outro lado, a
prestação de serviço público não deve conter discriminações, quando,
é claro, as condições entre os usuários sejam técnica e juridicamente
idênticas. Em última análise, nada mais representa do que um específico
desdobramento do princípio da isonomia.
Embora a regra geral seja a concessionária ou permissionária cobrar
tarifas uniformes para um mesmo serviço por ela prestado, é
importante ressaltar que o art. 13 da Lei 8.987/1995 prevê a possibilidade

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de cobrança de tarifas diferenciadas em função das características


técnicas e dos custos específicos provenientes do atendimento aos
distintos segmentos de usuários. A concessão de qualquer benefício
tarifário somente poderá ser atribuída a uma classe ou coletividade de
usuários dos serviços (ex: gratuidade aos maiores de 65 anos nos
transportes coletivos – CF. art. 230), sendo vedado, sob qualquer
pretexto, o benefício singular, a um único indivíduo.
Frise-se que a estabelecimento de tarifas diferenciadas com base nos
critérios previstos na lei não importa ofensa ao princípio da generalidade
ou da igualdade. Aqui vale a máxima de que os desiguais devem ser
tratados desigualmente na medida em se desigualam.
Por fim, em observância ao princípio da generalidade, a
Lei 9.074/1995 estabelece que a concessionária ou permissionária deverá
atender o mercado de forma abrangente, sem exclusão das populações de
baixa renda e das áreas de baixa densidade populacional inclusive as
rurais.

20. (Cespe – TCU 2011) Nos contratos de concessão de serviço público, vigora a
regra da unicidade da tarifa, vedado o estabelecimento de tarifas diferenciadas em
função das características técnicas e dos custos específicos, ressalvados os casos
provenientes do atendimento a segmentos idênticos de usuários que, pelo vulto dos
investimentos, exijam tal distinção.
Comentário: Nos termos do art. 13 da Lei 8.987/1995, podem sim ser
cobradas tarifas diferenciadas em função das características técnicas e dos
custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de
usuários. Veja bem: as tarifas diferenciadas visam a atender os segmentos
distintos de usuários, e não os idênticos, como afirma o quesito. Em relação
aos usuários que estejam em idêntica situação, a regra é a cobrança de tarifas
uniformes, como consequência do princípio da generalidade. Vejamos o que
diz a lei:
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas
e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de
usuários.

Gabarito: Errado

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Modicidade de tarifas

O prestador do serviço público deve ser remunerado de maneira


razoável, a fim de assegurar o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato. Contudo, os usuários não devem ser onerados de maneira
excessiva, ou seja, as tarifas devem ser módicas, acessíveis.
Com efeito, o Poder Público, ao fixar a remuneração das prestadoras,
deve aferir o poder aquisitivo dos usuários, para que eles não fiquem
privados do serviço em razão de dificuldades financeiras. Inclusive, com o
propósito de manter a tarifa cada vez mais atrativa e acessível, a
Lei 8.987/1995 permite que, nos termos do edital da licitação, as
concessionárias explorem receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, que poderão ser geradas com a
concessão, a exemplo da exploração de lanchonetes e estacionamentos
nos aeroportos ou de outdoors nas rodovias.

21. (Cespe – PRF 2012) A prestação de serviços públicos deve dar-se mediante
taxas ou tarifas justas, que proporcionem a remuneração pelos serviços e garantam
o seu aperfeiçoamento, em atenção ao princípio da modicidade.
Comentário: A questão apresenta a definição correta do princípio da
modicidade, pelo qual os serviços públicos devem ser prestados a preços
razoáveis, ao alcance de seus destinatários.
Gabarito: Certo

22. (Cespe – TCU 2011) Acerca de contrato de concessão de serviço público,


julgue o item que se segue.
Na referida espécie de contrato, a tarifa deve ser fixada de modo a assegurar ao
concessionário a justa remuneração do capital e o equilíbrio econômico e financeiro,
uma vez que a lei não admite a fixação de outras fontes financeiras no contrato.
Comentário: Com vistas a favorecer a modicidade das tarifas cobradas
dos usuários, o edital de licitação e o contrato poderão permitir que o
concessionário explore fontes alternativas de receita, como propagandas em
outdoors e aluguel de espaços. Em outras palavras, a justa remuneração do
investimento feito pela concessionária e o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato não precisam advir apenas da cobrança de tarifas, fato que
certamente contribui para a redução destas. Sobre o assunto, vamos ver o
que diz a Lei 8.987/1995:

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Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder
concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade
de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a
favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei.
Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:
(...)
VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, complementares ou acessórias,
bem como as provenientes de projetos associados;

Gabarito: Errado

LICITAÇÃO PRÉVIA

O art. 175 da Constituição Federal é expresso ao estabelecer que as


concessões e permissões de serviço público devem ser sempre
precedidas de licitação.
Desse modo, o Estado não pode escolher livremente o concessionário
ou permissionário de seus serviços; este deverá ser selecionado mediante
a realização de processo licitatório.
Sobre o tema, Maria Sylvia Di Pietro ensina que não se aplicam às
licitações para concessão de serviço público os casos de dispensa
previstos na Lei 8.666; contudo, esclarece a autora, admite-se a
declaração de inexigibilidade, desde que se demonstre a inviabilidade
de competição7.
Além de o procedimento licitatório ser, de regra, obrigatório, deve o
certame guiar-se por todos os princípios correlatos, como legalidade,
moralidade, publicidade, igualdade, publicidade, igualdade, julgamento
objetivo e vinculação ao instrumento convocatório.
A Lei 8.987/1995 exige que a licitação prévia às concessões seja
realizada exclusivamente na modalidade concorrência. Diversamente,
quanto às permissões de serviços públicos, a lei não define a modalidade
a ser utilizada. Por isso, a doutrina admite que, nas permissões, outras

7 A Lei 9.472/1997 (art. 91), que instituiu a Anatel, prevê expressamente a possibilidade de
inexigibilidade de licitação para outorga de concessão de serviço público de telecomunicações, nos
casos em que a disputa for considerada inviável (quando apenas um interessado puder realizar o serviço)
ou desnecessária (quando se admita a exploração do serviço por todos os interessados). Detalhe é que a
lei estipula que o procedimento para verificação da inexigibilidade compreenderá chamamento público
para apurar o número de interessados.

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VI - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior


oferta pela outorga da concessão com o de melhor técnica; ou
VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de
propostas técnicas.
§ 1o A aplicação do critério previsto no inciso III só será admitida quando
previamente estabelecida no edital de licitação, inclusive com regras e fórmulas
precisas para avaliação econômico-financeira.
§ 2o Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI e VII, o edital
de licitação conterá parâmetros e exigências para formulação de propostas
técnicas.

Detalhe é que não existe um critério de julgamento preferencial aos


demais, como é o critério “menor preço” nas licitações regidas pela
Lei 8.666. Todos são considerados no mesmo nível.
Em caso de empate entre os licitantes, será dada preferência à
empresa brasileira (art. 15, §4º).
O poder concedente recusará propostas manifestamente
inexequíveis ou financeiramente incompatíveis com os objetivos da
licitação (art. 15, §3º).
Será desclassificada a proposta que, para sua viabilização,
necessite de vantagens ou subsídios que não estejam previamente
autorizados em lei e à disposição de todos os concorrentes (art. 17). As
vantagens ou subsídios incluem qualquer tipo de tratamento tributário
diferenciado, ainda que em consequência da natureza jurídica do
licitante, que comprometa a isonomia fiscal que deve prevalecer entre
todos os concorrentes (art. 17, §2º). De fato, tem de ser assim, pois, do
contrário, teríamos potencial afronta ao princípio da isonomia, com
vantagens extensíveis a alguns e não a outros.
A Administração pode permitir a participação de empresas em
consórcio. No consórcio, várias empresas se juntam para apresentar uma
só proposta, a fim de somar forças. Caso admitida a participação de
consórcios, não será permitida a uma mesma empresa concorrer por mais
de um consórcio, ou por um consórcio e também individualmente (do
contrário, a empresa competiria duas vezes). O licitante vencedor fica
obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a constituição e
registro do consórcio; ademais, o edital poderá determinar que o
consórcio se constitua em empresa antes da celebração do contrato
(art. 19 e 20).

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Importante destacar, ainda, que a empresa líder do consórcio é a


responsável perante o poder concedente pelo cumprimento do contrato de
concessão, sem prejuízo da responsabilidade solidária das demais
consorciadas (art. 19, §2º).
Questão interessante diz respeito à possibilidade de uma empresa
estatal participar de licitação para concessão de serviço público na
qualidade de licitante. Isso pode Arnaldo?! Pode sim. A Lei 8.987 não
afasta a possibilidade de a concessão ser dada a empresa estatal, desde
que ela participe do procedimento licitatório em igualdades de condições
com as empresas privadas. Aliás, o próprio art. 17, parágrafo único da lei,
estabelece que também será desclassificada a “proposta de entidade
estatal alheia à esfera político-administrativa do poder concedente que,
para sua viabilização, necessite de vantagens ou subsídios do poder
público controlador da referida entidade”.
É o que ocorre no caso dos serviços de energia elétrica, concedidos
pela União a empresas sob controle acionário dos Estados da federação
(ex: Cemig em Minas Gerais, e CEB em Brasília).
Regulamentando essa questão, a Lei 9.074/1995 autorizou que a
empresa estatal, participante de concorrência para a escolha de
concessionário, contrate por dispensa de licitação quando, para compor
sua proposta, precise colher preços de bens ou serviços fornecidos por
terceiros e assinar pré-contratos. Vejamos o que diz a referida lei:

Art. 32. A empresa estatal que participe, na qualidade de licitante, de


concorrência para concessão e permissão de serviço público, poderá, para
compor sua proposta, colher preços de bens ou serviços fornecidos por terceiros
e assinar pré-contratos com dispensa de licitação.
§ 1o Os pré-contratos conterão, obrigatoriamente, cláusula resolutiva de
pleno direito, sem penalidades ou indenizações, no caso de outro licitante ser
declarado vencedor.
§ 2o Declarada vencedora a proposta referida neste artigo, os contratos
definitivos, firmados entre a empresa estatal e os fornecedores de bens e
serviços, serão, obrigatoriamente, submetidos à apreciação dos competentes
órgãos de controle externo e de fiscalização específica.

Perceba que a Lei 9.074/95 criou mais um caso de dispensa de


licitação, além dos previstos no art. 24 da Lei 8.666/93.
Registre-se que, se a empresa estatal for derrotada na licitação, os
pré-contratos firmados por dispensa – que terão necessariamente cláusula

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resolutiva de pleno direito – serão considerados como desfeitos, sem


penalidades ou indenizações.
Para encerrar o tópico, cumpre informar que, nas licitações para
concessão e permissão de serviços públicos, os autores ou responsáveis
economicamente pelos projetos básico ou executivo podem participar,
direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obras ou serviços
a ela relacionados (Lei 9.074/1995, art. 31). Lembrando que,
diferentemente, a referida participação é vedada nas licitações reguladas
somente pela Lei 8.666/1993.

23. (Cespe – PRF 2012) As concessões e permissões de serviços públicos


deverão ser precedidas de licitação, existindo exceções a essa regra.
Comentário: Nos termos do art. 175 da CF, a prestação de serviços
públicos “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação”. Portanto,
não existem exceções à regra de que as concessões e permissões devem ser
contratadas mediante prévio procedimento licitatório (concessões =
concorrência; permissões = qualquer modalidade). Em outras palavras, não
existem hipóteses de dispensa para a contratação de concessões e
permissões (a doutrina, contudo, admite a inexigibilidade, quando a
competição for inviável).
Gabarito: Errado

24. (FGV – OAB 2015) O Estado X, após regular processo licitatório, celebrou
contrato de concessão de serviço público de transporte intermunicipal de
passageiros, por ônibus regular, com a sociedade empresária “F”, vencedora do
certame, com prazo de 10 (dez) anos. Entretanto, apenas 5 (cinco) anos depois da
assinatura do contrato, o Estado publicou edital de licitação para a concessão de
serviço de transporte de passageiros, por ônibus do tipo executivo, para o mesmo
trecho.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
A) A sociedade empresária “F” pode impedir a realização da nova licitação, uma vez
que a lei atribui caráter de exclusividade à outorga da concessão de serviços
públicos.
B) A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de exclusividade, salvo
no caso de inviabilidade técnica ou econômica devidamente justificada.
C) A lei atribui caráter de exclusividade à concessão de serviços públicos, mas a

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violação ao comando legal somente confere à sociedade empresária “F” direito à


indenização por perdas e danos
D) A lei veda a atribuição do caráter de exclusividade à outorga de concessão, o
que afasta qualquer pretensão por parte da concessionária, salvo o direito à
rescisão unilateral do contrato pela concessionária, mediante notificação
extrajudicial.
Comentários: Em regra, é vedada a outorga de concessão ou permissão
de serviços públicos em caráter de exclusividade, salvo se a concessão ou
permissão exclusiva for técnica e economicamente justificada pelo poder
concedente no ato que demonstrar a conveniência da outorga previamente ao
edital de licitação (art. 16 c/c art. 5º da Lei 8.987/95).
Portanto, no caso narrado na questão, a sociedade empresária “F” não
poderá impedir a realização da nova licitação, uma vez que a lei não atribui
caráter de exclusividade à outorga da concessão de serviços públicos, salvo
no caso de inviabilidade técnica ou econômica devidamente justificada,
hipótese não demonstrada na situação em análise. Assim, correta apenas a
alternativa “b”.
Gabarito: alternativa “b”

25. (Cespe – TRE/ES 2011) É vedada a outorga de concessão ou permissão de


serviços públicos em caráter de exclusividade, uma vez que qualquer tipo de
monopólio é expressamente proibido pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Comentário: De fato, como regra, é vedada a outorga de concessão ou
permissão de serviços públicos em caráter de exclusividade, salvo se a
concessão ou permissão exclusiva for técnica e economicamente justificada
pelo poder concedente no ato que demonstrar a conveniência da outorga
previamente ao edital de licitação. É o que diz o art. 16 c/c art. 5º da Lei
8.987/95:
Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de exclusividade,
salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica justificada no ato a que se
refere o art. 5o desta Lei.
Art. 5o O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato
justificando a conveniência da outorga de concessão ou permissão, caracterizando
seu objeto, área e prazo.

Ademais, a parte final do item também está errada, pois, de modo geral, é
vedado o monopólio privado de atividades, mas não o monopólio público, que
é permitido pela CF em relação a determinadas atividades. Vejamos um
exemplo:
Art. 21. Compete à União:
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer

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monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
(...)
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de
radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;

Gabarito: Errado

PRAZO

A Lei 8.987/1995 não estabeleceu prazos, nem máximos nem


mínimos, para a duração dos contratos de concessão ou de permissão de
serviços públicos8. Ademais, não se aplica aos contratos de concessão a
regra do art. 57 da Lei 8.666/1993, que prevê a duração dos contratos
adstrita à vigência dos créditos orçamentários, pois a remuneração das
concessionárias não provém do orçamento público, mas das tarifas pagas
pelos usuários.
Não obstante, é fato que tais contratos não podem ser celebrados
sem prazo, vale dizer, devem ter prazo determinado. Caberá ao poder
concedente fixar o prazo em cada caso. A Lei 9.074/1995, contudo, já
prevê os prazos máximos de concessão para alguns serviços:
▪ Estações aduaneiras e outros terminais alfandegados: o prazo será de
25 anos, podendo ser prorrogado por dez anos.
▪ Geração de energia elétrica: o prazo será de até 30 anos (ou até 35 anos
se firmado antes de 11/12/2003), podendo ser prorrogado no máximo por
igual período (ou por até 20 anos, se firmado antes de 11/12/2003), a
critério do poder concedente.

Por fim, vale destacar que a prorrogação do contrato de concessão


é possível, devendo as respectivas condições figurar como cláusula
essencial do ajuste (art. 23, XII da Lei 8.987).

8 Por outro lado, como veremos adiante, a parcerias público-privadas (que são uma espécie de concessão)

devem ter prazo mínimo de cinco e máximo de 35 anos, incluindo eventual prorrogação.

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subconcedidas. Por sua vez, na cessão, o contrato de concessão é


totalmente entregue nas mãos de terceiros, após autorização do poder
concedente, havendo a completa substituição da empresa originalmente
vencedora da licitação.
A doutrina defende a inconstitucionalidade da transferência da
concessão nos moldes previstos na Lei 8.987/1995, pois, distintamente do
que ocorre com a subconcessão, é promovida sem que haja o prévio
procedimento licitatório. Registre-se que o Poder Judiciário ainda não se
posicionou sobre o assunto, sendo, portanto, a questão da
inconstitucionalidade um posicionamento exclusivamente doutrinário.
O art. 27 da Lei 8.987/1995 possibilita, ainda, que o poder
concedente autorize a transferência do controle societário da
concessionária. Neste caso, não haverá modificação das partes
integrantes do contrato de concessão (a empresa concessionária continua
a mesma, apenas seus sócios é que mudam).
Ressalte-se que tanto a transferência da concessão como a
transferência do controle societário da concessionária deve ser
antecedida, necessariamente, da anuência do poder concedente, sob
pena de decretação de caducidade 9 , observadas ainda as seguintes
condições:
▪ atendimento às exigências de capacidade técnica;
▪ idoneidade financeira;
▪ regularidade jurídica e fiscal; e
▪ cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.

Já o art. 27-A da Lei 8.987/1995 possibilita ao poder concedente


autorizar a assunção do controle ou da administração temporária da
concessionária por seus financiadores e garantidores, com o
propósito de reestruturação financeira, na hipótese de a concessionária
passar por dificuldades. A ideia é assegurar a continuidade da prestação
dos serviços.
Detalhe é que apenas os financiadores e garantidores com quem a
concessionária não mantenha vínculo societário direto é que podem
assumir o seu controle ou administração temporária.

9 Caducidade, como veremos, é a extinção unilateral da concessão pelo poder concedente, em razão de

falta imputável à concessionária.

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Na assunção do controle, os financiadores e garantidores passam a


ser proprietários de ações ou quotas do capital da concessionária que lhe
assegurem o poder de controladores. Por sua vez, na administração
temporária, cujo prazo será disciplinado pelo poder concedente, os
financiadores ou garantidores passam a ter poderes especiais sobre a
administração concessionária (ex: indicar membros do Conselho de
Administração e Fiscal; poder de veto) sem, contudo, ocorrer sem a
transferência da propriedade de ações ou quotas.
Para que os financiadores ou garantidores possam assumir, é
necessário que se comprometam a cumprir todas as cláusulas do contrato
em vigor, além de ser indispensável que atendam às exigências de
regularidade fiscal e jurídica (mas não obrigatoriamente as de
capacidade técnica e de idoneidade financeira). Apesar da transferência do
controle da sociedade, não haverá alteração das obrigações da
concessionária e de seus controladores perante o poder concedente, assim
como perante terceiros e usuários do serviço.

POLÍTICA TARIFÁRIA

Uma característica dos contratos de concessão é que o particular


prestador do serviço público é remunerado por receitas advindas da
própria exploração do serviço, e não de pagamentos oriundos do Poder
Público. Não é vedado, contudo, que parte (e não a totalidade) da
remuneração provenha de subvenções do Estado cujo escopo seja
assegurar a modicidade das tarifas.
Quando o serviço público é prestado por particulares, mediante
concessão ou permissão, o vínculo entre o usuário e a prestadora de
serviços é de natureza contratual, sendo a tarifa (espécie de preço
público) o modo clássico de remuneração.
Atente-se que as concessionárias ou permissionárias não podem, em
hipótese alguma, ser remuneradas pela exigência de impostos ou taxas,
visto que, em nosso ordenamento jurídico, somente pessoas jurídicas de
direito público podem ser sujeitos ativos nas relações tributárias.

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Ocorre que o art. 9º, §1º da Lei 8.987/1995 expressamente afasta


essa interpretação da doutrina. Veja:

§ 1o A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e


somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá
ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para o
usuário.

Como se percebe, a cobrança de tarifas somente poderá ser


condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito nos
casos expressamente previstos em lei. Ou seja, no nosso exemplo, se
não houver lei expressamente prevendo a necessidade de oferecimento de
via alternativa gratuita como condição para a cobrança de tarifa, a
exigência do pedágio será perfeitamente legal.

26. (FGV – OAB 2014) O Estado X publicou edital de concorrência para a


concessão de uma linha de transporte aquaviário interligando os municípios A e B,
situados em seu território, por meio do Rio Azulão. Sobre o tema da concessão de
serviços públicos, e considerando os dados acima narrados, assinale a afirmativa
correta.
A) A outorga de concessão de serviço público, em regra, se dá em caráter de
exclusividade.
B) O edital de licitação pode prever a utilização de receitas alternativas, provenientes
da exploração de placas publicitárias, com vistas a favorecer a modicidade das
tarifas.
C) Não se admite a inserção, no contrato, de cláusula que preveja a arbitragem para
a resolução de conflitos.
D) Na licitação para a concessão de serviços públicos, não se admite a inversão da
ordem das fases de habilitação e julgamento.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Conforme o art. 16 c/c art. 5º da Lei 8.987/95, como regra, é
vedada a outorga de concessão ou permissão de serviços públicos em caráter
de exclusividade, salvo se a concessão ou permissão exclusiva for técnica e
economicamente justificada pelo poder concedente no ato que demonstrar a
conveniência da outorga previamente ao edital de licitação.
b) CERTA, nos termos do art. 11 da Lei 8.98795:

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Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder
concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade
de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a
favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei.

c) ERRADA. Segundo o art. 23-A da Lei 8.987/95, “o contrato de


concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para resolução
de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a
ser realizada no Brasil e em língua portuguesa (...)”.
d) ERRADA. De acordo com o art. 18-A da Lei 8.987/95, o edital de
licitação para a concessão de serviços públicos poderá prever a inversão da
ordem das fases de habilitação e julgamento, hipótese em que:
I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances,
será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do licitante mais bem
classificado, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital;
II - verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será declarado
vencedor;
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os documentos
habilitatórios do licitante com a proposta classificada em segundo lugar, e assim
sucessivamente, até que um licitante classificado atenda às condições fixadas
no edital;
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao
vencedor nas condições técnicas e econômicas por ele ofertadas.

Gabarito: alternativa “b”

DIREITOS E OBRIGAÇÕES

Os contratos administrativos, em regra, geram direitos e obrigações


recíprocos entre as partes (ex: a Administração tem a obrigação de
pagar e o direito de receber o objeto do contrato, enquanto a contratada
tem a obrigação de entregar o objeto e o direito de receber o pagamento).
Enfim, os efeitos dos contratos administrativos são bilaterais, afinal
geralmente existem apenas dois polos na relação.
Os efeitos dos contratos de concessão e permissão, por sua vez,
extrapolam o âmbito das partes contratantes, quais sejam, o poder
concedente e a concessionária/permissionária, pois também acarretam
direitos e obrigações para os usuários dos serviços públicos, embora eles
não sejam, formalmente, parte no contrato (seria um efeito trilateral,
portanto).

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Vamos ver, então, quais são os direitos e as obrigações de todos os


sujeitos intervenientes no contrato de concessão.

Direitos e obrigações do usuário

Os direitos e obrigações dos usuários de serviço público delegados


mediante concessão ou permissão estão previstos no art. 7º da Lei 8.987:

Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de


1990, são direitos e obrigações dos usuários:
I - receber serviço adequado;

II - receber do poder concedente e da concessionária informações para a


defesa de interesses individuais ou coletivos;
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários
prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder
concedente.

IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as


irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela
concessionária na prestação do serviço;
VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens
públicos através dos quais lhes são prestados os serviços.
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e
privado, nos Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao
consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis
datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos.

Quanto a este último dispositivo, relativo ao direito de escolha da


data de vencimento dos débitos, repare que a lei faz alusão apenas às
concessionárias dos Estados e do Distrito Federal, aparentemente
deixando de lado as concessionárias de serviços públicos federais e
municipais. Entretanto, Carvalho Filho ensina que, como a Lei 8.987/1995
é de caráter geral, regulamentando o art. 175 da CF, a citada norma
deverá aplicar-se a todas as concessões, federais, estaduais, distritais e
municipais.
No mesmo artigo (7º-A), merece destaque o registro sobre
“concessionárias de serviços público, de direito público e privado”. A
doutrina não entende bem o que o legislador quis dizer com
“concessionárias de direito público”, mas acha que seriam as entidades da

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administração indireta criadas por lei para prestar serviço público


(denominadas impropriamente como concessionárias).
Outra observação é que, embora não destacado no artigo acima, os
usuários possuem, ainda, a obrigação de pagar as tarifas relativas aos
serviços a eles prestados. Tanto é que a lei autoriza a paralisação da
prestação do serviço ao usuário inadimplente (considerado o interesse da
coletividade e desde que haja aviso prévio).
Além disso, a Lei 12.007/200911 assegura aos usuários consumidores
o direito à declaração de quitação anual de débitos a ser emitida
pelas pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos ou privados. Nos
termos do art. 3º da referida lei, a declaração de quitação anual deverá
ser encaminhada ao consumidor por ocasião do encaminhamento da
fatura a vencer no mês de maio do ano seguinte ou no mês subsequente à
completa quitação dos débitos do ano anterior ou dos anos anteriores. O
efeito mais relevante dessa declaração reside na sua qualificação como
prova de que o consumidor cumpriu suas obrigações no ano de
referência e nos anteriores.
Por fim, deve-se atentar que o vínculo formado entre o prestador e os
usuários do serviço público constitui uma relação de consumo. Por essa
razão, os usuários também são protegidos pelo Código de Defesa do
Consumidor (Lei 8.078/1990), conforme destacado no caput do art. 7º
acima transcrito.

Obrigações da concessionária ou permissionária

Os encargos legais das concessionárias relacionados à prestação de


serviço público estão enumerados no art. 31 da Lei 8.987/1995. Vejamos:

Art. 31. Incumbe à concessionária:

I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei, nas normas


técnicas aplicáveis e no contrato;
II - manter em dia o inventário e o registro dos bens vinculados à
concessão;
III - prestar contas da gestão do serviço ao poder concedente e aos
usuários, nos termos definidos no contrato;

IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláusulas


contratuais da concessão;

11 Dispõe sobre a emissão de declaração de quitação anual de débitos pelas pessoas jurídicas prestadoras

de serviços públicos ou privados.

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V - permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em


qualquer época, às obras, aos equipamentos e às instalações integrantes do
serviço, bem como a seus registros contábeis;
VI - promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas
pelo poder concedente, conforme previsto no edital e no contrato;

VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação do serviço,


bem como segurá-los adequadamente; e

VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à


prestação do serviço.
Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de-obra, feitas pela
concessionária serão regidas pelas disposições de direito privado e pela
legislação trabalhista, não se estabelecendo qualquer relação entre os
terceiros contratados pela concessionária e o poder concedente.

Do dispositivo acima, cumpre destacar o encargo da concessionária


constante do inciso VI, de “promover as desapropriações e constituir
servidões autorizadas pelo poder concedente”, quando isso for necessário
para a prestação do serviço a ela delegado, ou para a realização de obra
necessária à respectiva prestação.
Note que a lei menciona o encargo de “promover” e de “constituir”, o
que deve ser interpretado como “executar” a desapropriação ou a
servidão. Já a prévia declaração da utilidade ou da necessidade
pública do bem (etapa necessária para se efetuar a desapropriação ou se
instituir a servidão) não pode ser feita pela concessionária, pois é
atribuição exclusiva do Estado. O que pode ser entregue à
concessionária, como dito, é a execução da desapropriação ou da
servidão, desde que haja previsão no edital e no contrato. Esclareça-se
que essa execução consiste em dar curso às tratativas do procedimento
de desapropriação, inclusive pagar as indenizações cabíveis e ajuizar a
ação na Justiça, em caso de desapropriação não amigável (art. 29, VIII e
da IX da Lei 8.987).
Outra questão importante diz respeito ao disposto no parágrafo único
do art. 31, acima transcrito. Segundo esse dispositivo, as contratações
feitas pela concessionária serão regidas pelas disposições de direito
privado e pela legislação trabalhista, não se estabelecendo qualquer
relação entre os terceiros contratados pela concessionária e o poder
concedente. Isso significa que as empresas privadas concessionárias de
serviço público não precisam fazer concurso para admitir pessoal nem

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realizar licitação para firmar contratos de compras, obras e serviços


relacionados ao objeto da concessão.
Vamos aproveitar esse tópico para falar um pouco sobre a
responsabilização das concessionárias. Dispõe o art. 25 da Lei 8.987:

Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido,


cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder
concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo
órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.

Como se depreende da leitura, o fato de o Estado ter fiscalizado a


execução da concessão (na maior parte das vezes por intermédio das
agências reguladoras) não tem o efeito de inverter a responsabilidade da
concessionária (não exclui e sequer atenua a responsabilidade). Ou seja, a
prestadora continua diretamente responsável junto ao poder
concedente, aos usuários e a terceiros.
Para a doutrina majoritária, a responsabilidade da concessionária é
primária, mas, uma vez esgotada sua capacidade financeira para honrar
dívidas, abre-se a possibilidade de responsabilidade subsidiária do
Estado.
Cumpre anotar que a responsabilidade das prestadoras de serviços
públicos é de natureza objetiva 12 perante os usuários e os não-
usuários do serviço. Assim, por exemplo, se um ônibus de empresa de
transporte coletivo atropelar um ciclista (terceiro não usuário), a
concessionária terá o dever de indeniza-lo pelos danos sofridos13.
Por fim, é importar frisar que, a par dos encargos, as concessionárias
têm a faculdade de oferecer os direitos emergentes da concessão como
garantia nos contratos de financiamento que venham a celebrar para
realizar investimentos relacionados ao contrato de concessão. Nos termos
do art. 28 e 28-A da Lei 8.987, essa garantia poderá ser constituída na
forma de cessão fiduciária de seus créditos operacionais futuros, ou
seja, a garantia dada ao banco será a possibilidade de ele se apropriar das
receitas que a concessionária auferir com a exploração do serviço,
observadas as condições estipuladas nos referidos artigos da lei.

12 A responsabilidade objetiva é aquela que independe de demonstração de dolo ou culpa. Para configurar

a responsabilidade objetiva, é suficiente demonstrar o nexo de causalidade entre o ato administrativo e o


dano causado (ou seja, mostrar que foi o ato que causou o dano), sendo desnecessário avaliar a intenção
do agente.
13 STF RE 591.874

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Encargos e prerrogativas do poder concedente

Inicialmente, não é demais lembrar que, conforme o art. 2º, I da


Lei 8.987/1995, poder concedente é o ente político (União, Estado,
Distrito Federal ou Município) em cuja competência se encontre o serviço
público objeto de concessão ou permissão.
Mas há um detalhe interessante. Apesar de a definição legal de poder
concedente ser restrita a entidades políticas, há leis específicas que
possibilitam a celebração de contrato de concessão por autarquias,
hipótese em que essas entidades assumirão o papel de poder concedente.
A Lei 9.472/1997 14 , por exemplo, atribuiu à ANATEL a faculdade de
celebrar e gerenciar contratos de concessão dos serviços de telefonia sob
regime público, neles assumindo, como sujeito ativo, a qualidade jurídica
de concedente 15 . Além disso, a Lei 12.869/2013 atribuiu à Caixa
Econômica Federal, uma empresa pública, a qualidade de “outorgante
de serviços lotéricos”, com a competência para celebrar e gerenciar
contratos de permissão de serviços lotéricos.
Vencidas essas considerações preliminares, voltemos ao assunto
principal do tópico.
O art. 29 da Lei 8.987/1995 lista os encargos do poder concedente:

Art. 29. Incumbe ao poder concedente:


I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanentemente a
sua prestação;
II - aplicar as penalidades regulamentares e contratuais;

III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condições previstos


em lei;

IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei e na forma


prevista no contrato;
V - homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma
desta Lei, das normas pertinentes e do contrato;

VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares do serviço e


as cláusulas contratuais da concessão;

14 Lei 9.472/1997, art. 19 (competências da AANTEL): V- editar atos de outorga e extinção de direito de

exploração do serviço no regime público; VI - celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a


prestação do serviço no regime público, aplicando sanções e realizando intervenções;
15 Carvalho Filho (2014, p. 382).

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VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e


solucionar queixas e reclamações dos usuários, que serão cientificados, em
até trinta dias, das providências tomadas;
VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do
serviço ou obra pública, promovendo as desapropriações, diretamente ou
mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a
responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins de
instituição de servidão administrativa, os bens necessários à execução de
serviço ou obra pública, promovendo-a diretamente ou mediante outorga
de poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade
pelas indenizações cabíveis;
X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservação do meio-
ambiente e conservação;
XI - incentivar a competitividade; e
XII - estimular a formação de associações de usuários para defesa de
interesses relativos ao serviço.

Embora a lei nomeie as medidas acima como encargos do poder


concedente, algumas delas se revestem do caráter de verdadeiras
prerrogativas, ou, mais propriamente, de poderes-deveres, a exemplo da
possibilidade de o Estado aplicar penalidades, bem como de intervir ou
extinguir a concessão.
Por oportuno, cumpre registrar que as chamadas cláusulas
exorbitantes previstas no art. 58 da Lei 8.666/1993, que conferem
prerrogativas de direito público à Administração nos contratos
administrativos em geral, também são aplicáveis aos contratos de
concessão e permissão. Sendo assim, o poder concedente possui as
seguintes prerrogativas, consubstanciadas como cláusulas exorbitantes
nos contratos de concessão/permissão:
▪ Alteração unilateral das cláusulas de execução;
▪ Extinção unilateral do contrato;

▪ Fiscalização da execução do contrato;


▪ Aplicação direta de penalidades contratuais e administrativas;

▪ Decretação da denominada “ocupação temporária” (ou intervenção).

Repare que, das cláusulas exorbitantes, apenas a alteração unilateral


não está presente no art. 29 da Lei 8.987 (ela é mencionada apenas de

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forma indireta no art. 9º, §4º 16 ). Lembrando que, caso a alteração


unilateral do contrato afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro,
o poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à
alteração.
Para finalizar, importante esclarecer que a Lei 8.987 não apresenta
qualquer regra específica acerca das espécies de sanções administrativas
a que se sujeitam as concessionárias.
Dessa forma, são plenamente aplicáveis, nos contratos de
concessão/permissão, as sanções previstas na Lei 8.666, quais sejam:
multa de mora ou por inexecução total ou parcial do contrato;
suspensão temporária do direito de licitar ou contratar com a
Administração Pública; declaração de inidoneidade para licitar ou
contratar com a Administração Pública. Ademais, é possível que o
contrato ou mesmo regulamentos administrativos estipulem outras
penalidades específicas.
Em todo caso, a Lei 8.987 descreve como cláusula essencial do
contrato de concessão ou de permissão a relativa “às penalidades
contratuais e administrativas a que se sujeita a concessionária e sua
forma de aplicação” (art. 23, VIII).

27. (Cespe – TCU 2011) Se, na execução do serviço público, a concessionária


causar prejuízo a terceiros, o poder concedente deverá responder objetivamente
pelo dano, ressarcindo integralmente o lesado.
Comentário: A responsabilidade primária pelos prejuízos causados a
terceiros na execução do serviço público é da própria concessionária, e não
do poder concedente. Assim, a concessionária é que deverá responder
objetivamente pelo dano, independentemente de dolo ou culpa, ressarcindo
integralmente o lesado.
Gabarito: Errado

28. (Funiversa – SEPLAG/DF 2011) Considerando a Lei de Concessões e


Permissões, assinale a alternativa correta.
a) As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos estados
e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro

16 § 4o Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio econômico-

financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração.

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do mês de vencimento, o máximo de três datas opcionais para escolherem os dias


de vencimento de seus débitos
b) Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado que
deve ser entendido como o que satisfaz às condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
modicidade das tarifas.
c) Em relação à política tarifária, sempre que forem atendidas as condições do
contrato, considera-se necessária a readequação do seu equilíbrio econômico-
financeiro.
d) É obrigação do usuário levar ao conhecimento do poder público e da
concessionária as irregularidades de que tenha conhecimento, referentes ao serviço
prestado, sob pena de ser multado e ter seu serviço interrompido.
e) O poder concedente não poderá prever, em favor da concessionária, no edital de
licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade,
ainda que com vistas a favorecer a modicidade das tarifas.
Comentários: vamos analisar cada alternativa à luz da Lei 8.987/95:
a) ERRADA. A questão apenas trocou “mínimo de seis datas” por
“máximo de três datas”:
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos
Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário,
dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os
dias de vencimento de seus débitos.
b) CERTA, nos termos do art. 6º da Lei 8.987/95:
Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado
ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
modicidade das tarifas.

c) ERRADA. De acordo com o art. 10 da Lei 8.987/95, “sempre que forem


atendidas as condições do contrato, considera-se mantido seu equilíbrio
econômico-financeiro”. Significa que, quando o contrato é celebrado, as partes
estipulam cláusulas capazes de garantir o equilíbrio econômico-financeiro do
ajuste. Assim, se tais cláusulas forem mantidas e cumpridas,
consequentemente haverá a preservação do equilíbrio econômico-financeiro.
d) ERRADA. Na verdade, conforme estipula o art. 7º, IV da Lei 8.987/95,
“levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as

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29. (Cespe – TCU 2008) O poder concedente pode intervir, por meio de decreto,
na concessão, com o fim de assegurar a adequação da prestação do serviço, bem
como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais
pertinentes.
Comentário: O quesito está correto, nos termos do art. 32 da Lei 8.987/95:
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá
a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.

Gabarito: Certo

30. (FGV – OAB 2015) Após fortes chuvas, devido ao enorme volume de água,
parte de uma rodovia federal sofreu rachaduras e cedeu, tornando necessária a
interdição da pista e o desvio do fluxo de tráfego até a conclusão das obras de
reparo. A exploração da rodovia havia sido concedida, mediante licitação, à
sociedade empresária “Traffega”, e esta não foi capaz de lidar com a situação, razão
pela qual foi decretada a intervenção na concessão.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) A intervenção somente pode ser decretada após a conclusão de processo
administrativo em que seja assegurada a ampla defesa.
B) A administração do serviço será devolvida à concessionária, cessada a
intervenção, se não for extinta a concessão.
C) A intervenção decorre da supremacia do interesse público sobre o privado e
dispensa a instauração de processo administrativo.
D) A intervenção é causa obrigatória de extinção da concessão e assunção do
serviço pelo poder concedente.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Diferentemente da caducidade, na intervenção a instauração
do processo administração não é prévia, e sim posterior: primeiro decreta-se a
intervenção, mediante decreto do chefe do Poder Executivo, e somente depois,
no prazo de 30 dias, é que o processo administrativo deve ser instaurado, a fim
de comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades.
É o que está previsto no art. 33 da Lei 8.987/95:

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Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta
dias, instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas
determinantes da medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla
defesa.

b) CERTA, nos termos do art. 34 da Lei 8.987/95:


Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração
do serviço será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo
interventor, que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.

c) ERRADA. A intervenção não dispensa a instauração de processo


administrativo. A única peculiaridade é que ele deve ser instaurado apenas
após a decretação da intervenção, no prazo de 30 dias. Detalhe é que, se no
curso do processo administrativo ficar comprovado que a intervenção não
observou os pressupostos legais e regulamentares será declarada sua
nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvido à concessionária,
sem prejuízo de seu direito à indenização. Ademais, o processo administrativo
deve ser concluído no prazo máximo de 180 dias, sob pensa de a intervenção
ser considerada inválida (Lei 8.987/95, art. 33, §§1º e 2º).
d) ERRADA. Nos termos do art. 34 da Lei 8.987/95, a intervenção poderá
implicar na extinção da concessão ou na devolução do serviço à
concessionária, ou seja, a intervenção não necessariamente leva à extinção da
concessão.
Gabarito: alternativa “b”

31. (ESAF – PGFN 2012) No que se refere à figura da intervenção prevista no


âmbito das concessões e permissões de serviços públicos, assinale a opção correta.
a) A intervenção tem duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias.
b) Tal instituto é espécie de extinção da concessão ou permissão de serviço público.
c) Como medida excepcionalíssima, a intervenção far-se-á por lei do poder
concedente.
d) A intervenção não demanda a prévia observância aos princípios do contraditório e
da ampla defesa.
e) A intervenção demanda a prévia indenização pela assunção dos bens reversíveis,
pelo Poder Público.
Comentário: Com o fim de assegurar a adequação na prestação do
serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais,
regulamentares e legais pertinentes, o poder concedente, no lugar de decretar
a caducidade, poderá intervir na concessão, também mediante decreto (Lei
8.987/95, art. 32). Vejamos as alternativas:

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a) ERRADA. Após o decreto de intervenção, o poder concedente tem o


prazo de 30 dias para instaurar o respectivo procedimento administrativo e,
depois disso, mais 180 dias para conclusão. Assim, desde o início da
intervenção, o prazo máximo será de 210 dias.
b) ERRADA. A intervenção é uma espécie de medida cautelar, tomada
para tentar colocar o serviço “nos trilhos” novamente, ao invés de decretar
desde já a sua caducidade. A concessão será extinta apenas se a intervenção
não produzir os resultados esperados. Por outro lado, se o serviço voltar a ser
adequado, ele será devolvido à concessionária.
c) ERRADA. A intervenção é ato da competência do Chefe do Poder
Executivo concedente, e será promovida por decreto.
d) CERTA. A intervenção, por si só, não é ato punitivo. Ela consiste em
mero procedimento cautelar, visando assegurar a continuidade do serviço, de
forma adequada, enquanto são apuradas as irregularidades. Por isso, a
intervenção é decretada desde logo, produzindo efeitos imediatamente, sem
contraditório e defesa prévios. Depois de decretada a intervenção, já durante o
procedimento administrativo de apuração é que são garantidos o contraditório
e a ampla defesa.
e) ERRADA. A intervenção é temporária e não constitui uma forma de
extinção da concessão. Por isso, não há que se falar em indenização pela
assunção dos bens reversíveis. A indenização só será devida caso a
concessão for extinta após a intervenção.
Gabarito: alternativa “d”

FORMAS DE EXTINÇÃO

O art. 35 da Lei 8.987/1995 enumera diversas formas de extinção


dos contratos de concessão. São elas:
 Advento do termo contratual;
 Encampação;

 Caducidade;

 Rescisão;
 Anulação; e

 Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou


incapacidade do titular, no caso de empresa individual.

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Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os


bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário
conforme previsto no edital e estabelecido no contrato (art. 35, §1º).
Os bens reversíveis são aqueles expressamente descritos no
contrato que passam automaticamente à propriedade do poder
concedente com a extinção da concessão ou da permissão (qualquer que
seja a modalidade de extinção). Trata-se de bens que só interessam ao
serviço prestado e que não terão mais utilidade para o concessionário
quando este deixar de prestá-lo, como locomotivas, trilhos, estações de
embarque etc. É imprescindível que os bens reversíveis estejam descritos,
de forma expressa, no contrato (se não estiverem, não poderão ser
revertidos ao poder concedente quando da extinção do ajuste). Inclusive,
a indicação dos bens reversíveis é cláusula essencial nos contratos de
concessão (art. 23, X).
A lei estabelece, ainda, que a extinção da concessão acarreta a
imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se
aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários. A assunção do
serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder
concedente, de todos os bens reversíveis (art. 35, §§2º e 3º).
A seguir, comentaremos cada uma das formas de extinção previstas
na Lei 8.987.

Advento do termo contratual

O advento do termo contratual é a forma mais natural de extinção da


concessão. Doutrinariamente, é conhecida como reversão.
Lembre-se de que os contratos de concessão e de permissão são
celebrados por prazo determinado. Assim, chegado o prazo final
(termo) estabelecido no instrumento contratual, a extinção ocorrerá
naturalmente (de pleno direito), sem necessidade de avisos ou
notificações prévios pelo poder concedente, cabendo a este ocupar
automaticamente as instalações e utilizar todos os bens reversíveis
especificados no contrato (como ocorre em todas as hipóteses de
extinção).
A reversão no advento do termo contratual gera para o poder
concedente a obrigação de indenizar o concessionário relativamente aos
investimentos que houver realizado nos bens reversíveis e que
tenham tido o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço
concedido. A indenização deverá cobrir apenas as parcelas que ainda não

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tenham sido totalmente amortizadas ou depreciadas (art. 36). Essa


medida visa a evitar que o concessionário fique “desestimulado” em
realizar novos investimentos quando a concessão estiver próxima de seu
término.
Nos casos de término da concessão por advento do termo contratual
(e também por encampação), a Lei 8.987 determina que o poder
concedente, antecipando-se à extinção da concessão, deve proceder aos
levantamentos e avaliações necessários à determinação dos montantes
da indenização que será devida à concessionária (art. 35, §4º).

32. (Cespe – AGU 2012) Reversão consiste na transferência, em virtude de


extinção contratual, dos bens do concessionário para o patrimônio do concedente.
Comentário: A reversão, ou advento do termo contratual, é a forma
ordinária de extinção da concessão, que ocorre quando chega ao fim o prazo
estabelecido no respectivo contrato.
Com o advento do termo contratual, os bens reversíveis especificados no
contrato passam à propriedade do poder concedente, a fim de assegurar a
continuidade do serviço público prestado com aqueles bens. Daí a doutrina
também chamar essa forma de extinção de “reversão”. O quesito está correto,
portanto. Não obstante, há de se ressaltar que a transferência dos bens
reversíveis para o poder concedente, assim como a indenização pelos
investimentos ainda não depreciados ou amortizados, ocorre em todas as
hipóteses de extinção, e não só no advento do termo contratual.
Gabarito: Certo

33. (ESAF – PGFN 2012) Como regra, dão azo à indenização pela assunção de
propriedade dos bens reversíveis, cujos investimentos respectivos ainda não tenham
sido amortizados ou depreciados,
a) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão.
b) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que
ocorrem pelo advento do termo contratual.
c) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que
ocorrem em face da rescisão.
d) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que
ocorrem pelo advento do termo contratual ou pela rescisão.
e) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que

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ocorrem pelo advento do termo contratual e da caducidade.


Comentário: Como regra, todas as espécies de extinção da concessão ou
permissão dão azo à indenização pela assunção de propriedade dos bens
reversíveis, cujos investimentos respectivos ainda não tenham sido
amortizados ou depreciados. Sabendo que vai ser indenizado, espera-se que o
concessionário não fique “desestimulado” em realizar novos investimentos
quando a concessão estiver próxima de seu término.
Gabarito: alternativa “a”

Encampação

Vejamos a definição de encampação dada pelo art. 37 da Lei 8.987:

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder


concedente antes do término do prazo da concessão, por motivo de interesse
público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da
indenização.

A nota característica da encampação é que ela não ocorre em razão


de inadimplência do concessionário, mas sim devido ao interesse da
Administração em retomar o serviço, por razões de interesse público.
Além do interesse público, a lei estabelece outras duas condições
para que possa haver a encampação: (i) lei autorizativa específica;
(ii) pagamento prévio da indenização.
Essa indenização, da mesma forma que no advento do termo
contratual, também tem como objetivo cobrir os investimentos nos bens
reversíveis que ainda não tenham sido amortizados. Aliás, saiba que essa
indenização é devida em todas as modalidades de extinção17.

Caducidade

Conforme o art. 38 da Lei 8.987, a caducidade é a modalidade de


extinção do contrato de concessão, antes do término do prazo fixado, em
decorrência da inexecução total ou parcial do contrato por parte da
concessionária.
Na verdade, a caducidade da concessão só poderá ser declarada pelo
poder concedente quando (art. 38, §1º):

17Note-se que a lei não prevê, nem mesmo na hipótese de encampação, a possibilidade de indenização por
lucros cessantes (indenização baseada no valor estimado do lucro que a concessionária teria com a
execução do contrato até o termo final).

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I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente,


tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da
qualidade do serviço;
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições
legais ou regulamentares concernentes à concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto,
ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;

IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou


operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por
infrações, nos devidos prazos;

VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no


sentido de regularizar a prestação do serviço; e

VII - a concessionária não atender a intimação do poder concedente


para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a
regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993.

Previamente à decretação da caducidade, devem ser observadas as


seguintes formalidades:
a) Antes de se instaurar o procedimento administrativo, o concessionário deve
ser comunicado quanto ao descumprimento contratual que poderá dar
motivo à decretação da caducidade, concedendo-lhe um prazo para
sanar a irregularidade;

b) Não sanada a irregularidade, aí sim se instaura o devido procedimento


administrativo, por meio do qual se abre ao concessionário o contraditório
e a ampla defesa;

c) Constatada a inadimplência, a caducidade deve ser imposta por decreto


do poder concedente.

Importante ressaltar que a caducidade, de regra, é


ato discricionário do poder concedente. Nesse sentido, o caput do
art. 38 da Lei 8.987 dispõe que a “inexecução total ou parcial do contrato
acarretará, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da
concessão ou a aplicação das sanções contratuais”. Ou seja, diante da
inexecução do contrato, o poder concedente poderá ou não decretar a
caducidade; caso não decrete, poderá apenas aplicar à concessionária
outras sanções previstas no ajuste.

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34. (FGV – OAB 2015) Após dezenas de reclamações dos usuários do serviço de
transporte metroviário, o Estado Y determinou a abertura de processo administrativo
para verificar a prestação inadequada e ineficiente do serviço por parte da empresa
concessionária. Caso se demonstre a inadimplência, como deverá proceder o poder
público concedente?
A) Declarar, por decreto, a caducidade da concessão.
B) Declarar, por decreto, a encampação do serviço.
C) Declarar, por decreto, após lei autorizativa, a revogação da concessão.
D) Declarar, por lei, a anulação do contrato de concessão.
Comentários: A modalidade de extinção a ser observada no caso narrado
é a caducidade, a qual é declarada decorrência da inexecução total ou parcial
do contrato por parte da concessionária. Especificamente, nos termos do art.
38, §1º, I da Lei 8.987/95, a caducidade é utilizada quando “o serviço estiver
sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas,
critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço”.
Gabarito: alternativa “a”

35. (FGV – OAB 2010) Uma determinada empresa concessionária transfere o seu
controle acionário para uma outra empresa privada, sem notificar, previamente, o
Poder concedente, parte no contrato de concessão.
Assinale a alternativa que indique a medida que o Poder concedente poderá tomar,
se não restarem atendidas as mesmas exigências técnicas, de idoneidade financeira
e regularidade jurídica por esta nova empresa.
(A) Poderá o Poder concedente declarar a caducidade da concessão, tendo em vista
o caráter intuitu personae do contrato de concessão.
(B) Poderá retomar o serviço, por motivo de interesse público, através da
encampação, autorizada por lei específica, após prévio pagamento da indenização.
(C) Poderá o Poder concedente anular o contrato de concessão, através de decisão
administrativa, uma vez que a transferência acionária da empresa concessionária
sem a notificação prévia ao Poder concedente gera irregularidade, insusceptível de
convalidação.
(D) Nada poderá fazer o Poder concedente, uma vez que a empresa concessionária,
apesar da alteração societária, não desnatura o caráter intuitu personae do contrato
de concessão.
Comentário: A questão trata de uma disposição expressa na Lei 8.987/95

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(art. 27), segundo a qual “a transferência de concessão ou do controle


societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente
implicará a caducidade da concessão”. Portanto, correta somente a alternativa
“a”. Detalhe é que, embora o item afirme que o poder concedente “poderá”
declarar a caducidade, a hipótese trata de ato vinculado, haja vista o uso do
verbo “implicará” no art. 27 da Lei 8.987/95. Desse modo, se a concessionária
transferir o controle acionário sem notificar previamente o poder concedente, a
caducidade da concessão deverá ser decretada.
Gabarito: alternativa “a”

36. (FGV – OAB 2011) Ao tomar conhecimento de que o serviço público de


transporte aquaviário concedido estava sendo prestado de forma inadequada,
causando gravíssimos transtornos aos usuários, o ente público, na qualidade de
poder concedente, instaurou regular processo administrativo de verificação da
inadimplência da concessionária, assegurando-lhe o contraditório e a ampla defesa.
Ao final do processo administrativo, restou efetivamente comprovada a
inadimplência, e o poder concedente deseja extinguir a concessão por inexecução
contratual.
Qual é a modalidade de extinção da concessão a ser observada no caso narrado?
(A) Encampação.
(B) Caducidade.
(C) Rescisão.
(D) Anulação.
Comentário: A modalidade de extinção a ser observada no caso narrado é
a caducidade, a qual é declarada decorrência da inexecução total ou parcial do
contrato por parte da concessionária. Especificamente, nos termos do art. 38,
§1º, I da Lei 8.987/95, a caducidade é utilizada quando “o serviço estiver sendo
prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas,
critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço”.
Detalhe é que, no caso, o ente público agiu bem ao instaurar um processo
administrativo previamente à decretação da caducidade, pois, segundo o art.
38, §2º da Lei 8.987/95, “a declaração da caducidade da concessão deverá ser
precedida da verificação da inadimplência da concessionária em processo
administrativo, assegurado o direito de ampla defesa”.
Gabarito: alternativa “b”

37. (FGV – OAB 2012) Uma concessionária de serviço público, em virtude de sua
completa inadequação na prestação do serviço, não consegue executar o contrato.
Nesse caso, segundo a Lei n. 8.987/95, poderá ser declarada, a critério do poder

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concedente, a extinção do contrato por


A) caducidade
B) encampação.
C) anulação.
D) revogação.
Comentário: Questão muito semelhante à anterior. Diante da inadequação
na prestação do serviço e da consequente falta de capacidade para executar o
contrato, o poder concedente poderá declarar a caducidade da concessão,
extinguindo o contrato. Especificamente, nos termos do art. 38, §1º, IV da Lei
8.987/95, a caducidade é utilizada quando “a concessionária perder as
condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada
prestação do serviço concedido”.
Gabarito: alternativa “a”

38. (ESAF – ATRFB 2009) Em se tratando de permissão e concessão da


prestação de serviço público, ante o disposto na Lei n. 8.987/95, marque a opção
incorreta.
a) Ocorrerá a caducidade da concessão caso a concessionária não cumpra as
penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos.
b) Caracteriza-se como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação
de emergência ou após prévio aviso quando por inadimplemento do usuário,
considerado o interesse da coletividade.
c) O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço.
d) Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido seu
equilíbrio econômico-financeiro.
e) Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder
concedente que ocupará as instalações e utilizará todos os bens reversíveis.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa, buscando a errada.
a) CERTA. Caducidade é a retomada do serviço, por inexecução total ou
parcial do contrato por parte da concessionária. Nos termos do art. 38, §1º da
Lei 8.987/95, a caducidade será declarada pelo poder concedente quando:
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente
quando:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base
as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou

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regulamentares concernentes à concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as
hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;
IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para
manter a adequada prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos
devidos prazos;
VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de
regularizar a prestação do serviço; e
VII - a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180
(cento e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no
curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

b) ERRADA. Um dos requisitos do serviço público adequado é a sua


continuidade; afinal, interrupções frequentes causam transtornos demais aos
usuários. Entretanto, o item apresenta duas situações previstas no art. 6º, §3º
da Lei 8.987/95 nas quais o serviço público poderá ser interrompido sem
caracterizar descontinuidade do serviço:
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
c) CERTA, nos termos do art. 32 da Lei 8.987/95:
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de
assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das
normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que
conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da
medida.
d) CERTA. O item reproduz, literalmente, o art. 10 da Lei 8.987/95:
Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido
seu equilíbrio econômico-financeiro.

Acerca desse dispositivo, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo ensinam


que a intenção do legislador foi explicitar que a garantia de manutenção do
equilíbrio econômico dos contratos de concessão (e de permissão) não vai ao
ponto de proteger a concessionária contra a denominada “álea contratual
ordinária”. Em outras palavras, cabe à concessionária assumir os riscos
ordinários do negócio, presentes em todo empreendimento empresarial, sendo
descabida a revisão do valor da tarifa em razão de simples flutuações de

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mercado.
e) CERTA, nos termos do art. 35 da Lei 8.987/1995:
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
I - advento do termo contratual;
II - encampação;
III - caducidade;
IV - rescisão;
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do
titular, no caso de empresa individual.
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis,
direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e
estabelecido no contrato.
§ 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder
concedente, procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações
necessários.
§ 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização,
pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis.
§ 4o Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o poder concedente,
antecipando-se à extinção da concessão, procederá aos levantamentos e avaliações
necessários à determinação dos montantes da indenização que será devida à
concessionária, na forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.
Gabarito: alternativa “b”

Rescisão

A rescisão é a forma de extinção da concessão por iniciativa do


concessionário (e não do poder concedente!). Decorre do
descumprimento de normas contratuais pelo poder concedente e
depende de ação judicial especialmente intentada com o objetivo de
obter a rescisão (art. 39).
Difere, assim, da caducidade e da encampação, que são formas de
extinção efetuadas diretamente pela Administração, sem necessidade de
intervenção do Poder Judiciário.
É importante destacar que o descumprimento pelo poder
concedente não autoriza a suspensão dos serviços públicos prestados
pela concessionária. Aqui não se aplica a regra geral dos contratos
administrativos, em que o contratado só é obrigado a suportar por 90 dias

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independentemente de qualquer ato decisório da Administração ou de


qualquer procedimento especial que precise ser estabelecido em lei18.
Ocorrendo a extinção, o serviço delegado retorna ao poder
concedente para, se for o caso, ser providenciada nova concessão.

39. (Cespe – TJDFT 2013) O contrato de concessão de serviço público pode ser
rescindido por iniciativa da concessionária, mediante ação judicial especialmente
intentada para esse fim, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo
poder concedente.
Comentário: O quesito está correto, nos termos do art. 39 da Lei 8.987/95:
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da
concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder
concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os serviços prestados
pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão
judicial transitada em julgado.
Lembrando que, nos contratos de concessão, o particular não pode opor
a “exceptio non adimpleti contractus” em desfavor do poder concedente, nem
mesmo em caso de descumprimento por prazo superior a 90 dias, como ocorre
nos contratos administrativos em geral. Em outras palavras, mesmo que o
poder concedente descumpra alguma cláusula do contrato de concessão, o
particular delegatário não pode paralisar o serviço. Para assegurar seus
direitos, o concessionário deve buscar o Poder Judiciário e aguardar o trânsito
em julgado da decisão.
Gabarito: Certo

40. (Cespe – TCU 2013) A rescisão, como forma de extinção da concessão, é de


iniciativa da administração, determinada por ato unilateral e escrito no caso de
descumprimento, pelo concessionário, de obrigações regulamentares.
Comentário: A rescisão unilateral por iniciativa da Administração é
modalidade de extinção prevista na Lei 8.666/1993, aplicável aos contratos
administrativos em geral. Porém, na Lei 8.987/1995 (Lei de Concessões de
Serviços Públicos) a extinção do contrato por iniciativa da Administração
recebe outros nomes: (i) caducidade, quando houver inadimplemento da
concessionária, ou (ii) encampação, quando a extinção for por mera
conveniência, por motivo de interesse público. Portanto, é errado dizer que
houve a “rescisão” do contrato de concessão por “iniciativa da

18 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 787).

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Administração”. A iniciativa da Administração leva apenas à caducidade ou à


encampação. Com efeito, a rescisão do contrato de concessão, conforme o art.
39 da Lei 8.987/1995, ocorre quando a iniciativa da extinção parte da
concessionária. No caso, trata-se de rescisão judicial, por descumprimento por
parte do poder concedente.
Gabarito: Errado

41. (FGV – OAB 2011) O prefeito de um determinado município resolve, por


decreto municipal, alterar unilateralmente as vias de transporte de ônibus municipais,
modificando o que estava previsto nos contratos de concessão pública de
transportes municipais válidos por vinte anos. O objetivo do prefeito foi favorecer
duas empresas concessionárias específicas, com que mantém ligações políticas e
familiares, ao lhes conceder os trajetos e linhas mais rentáveis. As demais três
empresas concessionárias que também exploram os serviços de transporte de
ônibus no município por meio de contratos de concessão sentem-se prejudicadas.
Na qualidade de advogado dessas últimas três empresas, qual deve ser a
providência tomada?
(A) Ingressar com ação judicial, com pedido de liminar para que o Poder Judiciário
exerça o controle do ato administrativo expedido pelo prefeito e decrete a sua
nulidade ou suspensão imediata, já que eivado de vício e nulidade, por configurar
ato fraudulento e atentatório aos princípios que regem a Administração Pública.
(B) Ingressar com ação judicial, com pedido de indenização em face do Município
pelos prejuízos de ordem financeira causados.
(C) Nenhuma medida merece ser tomada na hipótese, tendo em vista que um dos
poderes conferidos à Administração Pública nos contratos de concessão é a
modificação unilateral das suas cláusulas.
(D) Ingressar com ação judicial, com pedido para que os benefícios concedidos às
duas primeiras empresas também sejam extensivos às três empresas clientes.
Comentário: O ato do Prefeito flagrantemente afronta os princípios da
moralidade e da impessoalidade. Portanto, o ato padece de nulidade, pelo que
a providência mais adequada a ser tomada pelo advogado, no caso, seria
“ingressar com ação judicial, com pedido de liminar para que o Poder
Judiciário exerça o controle do ato administrativo expedido pelo prefeito e
decrete a sua nulidade ou suspensão imediata, já que eivado de vício e
nulidade, por configurar ato fraudulento e atentatório aos princípios que regem
a Administração Pública” (alternativa “a”).
Das demais alternativas da questão, cabe comentar também a opção “c”.
De fato, um dos poderes conferidos à Administração Pública nos contratos de
concessão é a modificação unilateral das suas cláusulas. A Lei 8.987/95 não

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apresenta disposições específicas sobre a alteração unilateral; portanto,


aplica se a disciplina da Lei 8.666/93. Segundo o art. 58, I da Lei 8.666/93, os
contratos administrativos podem ser modificados unilateralmente pela
Administração “para melhor adequação às finalidades de interesse público,
respeitados os direitos do contratado”. Portanto, ainda que o poder
concedente tenha a prerrogativa de modificar unilateralmente as cláusulas do
contrato de concessão, tal modificação deve ser justificada por razões de
interesse público, e não por interesses pessoais do Prefeito, contrários aos
princípios da moralidade e da impessoalidade, como narrado no comando da
questão, de modo que o advogado poderia sim tomar providência diante do
caso.
Gabarito: alternativa “a”

42. (Cespe – TJ/PI 2012) Em relação a serviços públicos, concessão de serviços


públicos e desapropriação, assinale a opção correta.
a) É prevista, na CF, para o serviço postal e o correio aéreo nacional,
complementaridade entre os sistemas privado, público e estatal, razão pela qual o
Estado, embora obrigado a prestar tais serviços, pode oferecê-los em concessão,
permissão ou autorização.
b) Por serem prestados a grupos indeterminados de indivíduos, os serviços de
energia domiciliar e os de uso de linha telefônica são considerados serviços uti
universi.
c) A modalidade de licitação própria das concessões de serviço público é a
concorrência, que deve ser obrigatoriamente observada pela União, pelos estados,
pelo DF e pelos municípios.
d) Extinta a concessão, retornam ao poder concedente, de forma gratuita, todos os
bens reversíveis utilizados pelo concessionário para a execução do serviço.
e) A União pode desapropriar bens dos estados, do DF e dos municípios, tendo os
estados e os municípios, por sua vez, o poder de desapropriar bens entre si, mas
não bens da União.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Não há previsão na CF de que o serviço postal e o correio
aéreo nacional possam ser delegados mediante concessão, permissão ou
autorização. Tal previsão, contudo, em relação ao serviço postal, existe na
Lei 9.074/95 (concessão ou permissão).
b) ERRADA. Os serviços de energia domiciliar e os de uso de linha
telefônica são passíveis de mensuração individual; portanto, são serviços
uti singuli, individuais.
c) CERTA. Segundo a Lei 8.987/95, a concessão de serviço público deve

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ser feita mediante licitação, na modalidade concorrência (art. 2º, III). A referida
lei é de caráter nacional; portanto, deve ser de observância obrigatória em
todos os entes da federação.
d) ERRADA. O art. 36 da Lei 8.987/95 determina que o Estado indenize os
bens reversíveis ainda não totalmente depreciados ou amortizados. A
indenização dos bens reversíveis evita que o enriquecimento ilícito do Estado.
e) ERRADA. Quanto à desapropriação de bens públicos, a regra é a
seguinte: a União pode desapropriar bens públicos de todos os demais entes
federados; os Estados podem desapropriar bens públicos dos Municípios
situados em seu território; já os Municípios não podem desapropriar quaisquer
bens públicos. Mas esse é assunto de outra aula, ok?
Gabarito: alternativa “c”

43. (Funiversa – SEPLAG 2010) Um município firmou um contrato de concessão


de serviço público com uma sociedade empresária. Considerando essa situação, é
correto afirmar que
a) os contratos administrativos não se enquadram na categoria dos denominados
contratos de adesão.
b) não será admitida a subconcessão do objeto contratado.
c) a extinção do contrato de concessão não ocorre pela encampação.
d) incumbe ao poder concedente do serviço público responder por todos os
prejuízos causados aos usuários ou a terceiros.
e) o contrato de concessão poderá prever cláusula de arbitragem como solução de
controvérsia dele decorrente.
Comentário: vamos analisar cada assertiva:
a) ERRADA. Ao contrário do afirma o quesito, os contratos
administrativos enquadram-se na categoria dos denominados contratos de
adesão, pois quem define as cláusulas do contrato é a Administração, cabendo
ao particular apenas aceitar ou não as condições impostas para a formação do
vínculo, sendo-lhe vedado propor qualquer alteração nessas cláusulas.
b) ERRADA. O art. 26 da Lei 8.987/1995 admite a subconcessão, pela qual
ocorre a transferência parcial da execução do próprio serviço público
concedido.
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de concessão,
desde que expressamente autorizada pelo poder concedente.

c) ERRADA. Segundo o art. 35 da Lei 8.987/1995, a encampação é sim


uma das formas de extinção do contrato de concessão.

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Art. 35. Extingue-se a concessão por:
I - advento do termo contratual;
II - encampação;
III - caducidade;
IV - rescisão;
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do
titular, no caso de empresa individual.

d) ERRADA. Conforme o art. 25 da Lei 8.987/1995, “incumbe à


concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por
todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a
terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou
atenue essa responsabilidade”.
e) CERTA, nos termos do art. 23-A da Lei 8.987/1995:
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos
privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato,
inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos
da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996.
Gabarito: alternativa “e”

44. (Funiversa – ACI/DF 2014) No que se refere ao contrato de concessão de


serviço público, segundo entendimento do STJ, assinale a alternativa correta.
a) A relação jurídica existente entre a concessionária e o usuário possui natureza
tributária, porquanto o concessionário, por força da Constituição Federal e da
legislação aplicável à espécie, ostenta o poder de impor exações.
b) Extinto o contrato de concessão por decurso do prazo de vigência, cabe ao Poder
Público a retomada imediata da prestação do serviço, até a realização de nova
licitação, a fim de assegurar a plena observância do princípio da continuidade do
serviço público, estando condicionado o termo final do contrato ao pagamento prévio
de eventual indenização.
c) Em caso de intervenção na concessão, é necessária lei específica, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da
medida.
d) O concessionário trava duas espécies de relações jurídicas, a saber: uma com o
Poder concedente, titular, entre outros, do ius imperii no atendimento do interesse
público, ressalvadas eventuais indenizações legais; outra com os usuários,
reguladas, ambas, pelo contrato e supervisionadas pela Agência Reguladora
correspondente

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e) Em caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, o


contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, que
pode, de imediato, interromper a prestação dos serviços.
Comentários: A questão aborda o seguinte julgado do STJ:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. ADMINISTRATIVO. SERVIÇO DE
TELEFONIA. DEMANDA ENTRE CONCESSIONÁRIA E USUÁRIO. PIS E COFINS.
REPERCUSSÃO JURÍDICA DO ÔNUS FINANCEIRO AOS USUÁRIOS. FATURAS
TELEFÔNICAS. LEGALIDADE. DISPOSIÇÃO NA LEI 8.987/95. POLÍTICA
TARIFÁRIA. LEI 9.472/97. TARIFAS DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES.
AUSÊNCIA DE OFENSA A NORMAS E PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. DIVERGÊNCIA INDEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE
FÁTICA DOS ACÓRDÃOS CONFRONTADOS. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC.
INOCORRÊNCIA.
1. A Concessão de serviço público é o instituto através do qual o Estado atribui o
exercício de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por
sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder
Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro,
remunerando-se pela própria exploração do serviço, e geral e basicamente mediante
tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço.
2. O concessionário trava duas espécies de relações jurídicas a saber: (a) uma
com o Poder concedente, titular, dentre outros, do ius imperii no atendimento do
interesse público, ressalvadas eventuais indenizações legais; (b) outra com os
usuários, de natureza consumerista reguladas, ambas, pelo contrato e
supervisionadas pela Agência Reguladora correspondente.
3. A relação jurídica tributária é travada entre as pessoas jurídicas de Direito público
(União, Estados; e Municípios) e o contribuinte, a qual, no regime da concessão de
serviços públicos, é protagonizada pelo Poder Concedente e pela Concessionária,
cujo vínculo jurídico sofre o influxo da supremacia das regras do direito tributário.
4. A relação jurídica existente entre a Concessionária e o usuário não possui
natureza tributária, porquanto o concessionário, por força da Constituição
federal e da legislação aplicável à espécie, não ostenta o poder de impor
exações, por isso que o preço que cobra, como longa manu do Estado,
categoriza-se como tarifa.
(...)
(REsp nº 976.836-RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
25.08.2010, DJe 05.10.2010)

Na verdade, esse julgado do STJ serve de base apenas para as


alternativas “a” e “d”. As demais são resolvidas diretamente a partir da Lei
8.987/95. Vejamos:
a) ERRADA. Conforme a decisão do STJ em destaque, a relação jurídica

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existente entre a concessionária e o usuário não possui natureza tributária,


porquanto o concessionário, por força da Constituição Federal e da legislação
aplicável à espécie, não ostenta o poder de impor exações.
b) ERRADA. De fato, uma vez extinta a concessão, haverá a imediata
assunção do serviço pelo poder concedente (Lei 8.987/95, art. 35, §2º). O erro é
que termo final do contrato não está condicionado ao pagamento prévio de
eventual indenização. Na verdade, a indenização é devida, mas não precisa ser
prévia ao término no contrato. A lei estipula que, antecipando-se à extinção da
concessão, o poder concedente deverá proceder aos levantamentos e
avaliações necessários à determinação dos montantes da indenização que
será devida à concessionária. Ou seja, o levantamento dos dados necessários
ao estabelecimento do valor da indenização deverá iniciar antes do término do
contrato, mas a lei não determina que o efetivo pagamento da indenização
também seja prévio. A lei exige indenização prévia apenas na encampação,
que é a retomada do serviço por razões de interesse público.
c) ERRADA. A designação do interventor, o prazo da intervenção e os
objetivos e limites da medida são estipulados em decreto do poder
concedente, e não em lei específica. É o que diz o art. 32, parágrafo único da
Lei 8.987/95:
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que
conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e
limites da medida.
d) CERTA. A assertiva é a reprodução literal do trecho destacado no
julgado do STJ acima.
e) ERRADA. Em caso de descumprimento das normas contratuais pelo
poder concedente, a concessionária poderá sim ter a iniciativa de rescindir o
contrato de concessão. Porém, essa rescisão deverá ser feita mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim, de modo que a prestação dos
serviços não poderá ser interrompida até o trânsito em julgado da decisão
judicial. É o que prevê o art. 39 da Lei 8.987/95:
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da
concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder
concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os serviços prestados
pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a
decisão judicial transitada em julgado.
Gabarito: alternativa “d”

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AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO

A doutrina diverge quanto à possibilidade de delegação de prestação


de serviços públicos mediante autorização. Essa divergência se dá porque
o art. 175 da CF apenas prevê a concessão e a permissão como formas de
prestação indireta. Entretanto, o art. 21, XII da Carta Magna dispõe que
compete à União “explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão” diversos serviços públicos ali enumerados, como
radiodifusão sonora e de sons e imagens, energia elétrica, navegação
aérea e aeroespacial, transporte ferroviário e aquaviário, dentre outros.
Enfim, para fins de concurso, a autorização é uma das formas de
prestação indireta de serviços públicos.
Porém, distintamente das permissões e concessões, a autorização
não é formalizada por contrato, e sim mediante ato administrativo.
Com efeito, a doutrina define a autorização de serviços públicos como
o ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual o
particular é autorizado a prestar um serviço público que não exija elevado
grau de especialização técnica, nem vultuoso aporte de capital.
É modalidade adequada, regra geral, para situações de emergência
e a situações transitórias ou especiais, bem como aos casos em que em
que o serviço seja prestado a um grupo restrito de usuários (em vez
de ser disponibilizado amplamente a toda a população), sendo o seu
beneficiário exclusivo ou principal o próprio particular autorizado.
Como exemplo de serviços públicos delegados mediante autorização
temos a atividade de telecomunicação exercida pelos radioamadores e a
exploração de instalações portuárias localizadas fora da área do porto
organizado (Lei 12.815/2013). Já o exemplo clássico de serviço público
geralmente prestado mediante autorização é o serviço de táxi.
A característica marcante dessa modalidade de delegação é que o
interesse na prestação do serviço público parte, originariamente, do
próprio particular que deseja prestá-lo, e não da Administração. De
qualquer modo, deve sempre haver o interesse público na sua prestação,
sem o que a Administração não poderia autoriza-lo.
Uma vez que é o próprio particular interessado quem procura a
Administração para prestar o serviço, a autorização não exige licitação
prévia. Ademais, ordinariamente, a autorização é outorgada sem prazo
determinado.

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PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

A parceria público-privada (PPP) é uma modalidade específica de


concessão de serviços públicos, instituída pela Lei 11.079/2004.
A referida lei estabelece normas gerais para licitação e contratação
de parceria público-privada no âmbito da Administração Pública. Trata-se
de uma lei de caráter nacional, aplicável aos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluindo administração
direta e indireta19 (art. 1º).
Não obstante, é interessante notar que a Lei das PPP não é, toda
ela, norma geral, pois alguns de seus dispositivos são aplicáveis apenas à
União. Tais dispositivos estão agrupados no capítulo VI da lei, sob o título
“disposições aplicáveis à União”, abrangendo os artigos 14 a 22.
As parcerias público-privadas foram concebidas sob o amparo de
duas justificativas principais: a falta de recursos financeiros do Estado
para investimentos de grande vulto, sobretudo em infraestrutura, e a
eficiência da gestão do setor privado.
Carvalho Filho define parceria público-privada da seguinte forma:

Parceria público-privada: contrato administrativo de concessão


firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor privado com o
objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual
execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financiamento do
contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e
compartilhamento dos riscos e dos ganhos entre os pactuantes.

A PPP tem como característica marcante a previsão de uma


contraprestação pecuniária do Poder Público ao parceiro privado, a fim
de remunera-lo pelo investimento feito. Aliás, se o contrato não prevê
essa contraprestação pecuniária do poder concedente ao concessionário,
não será PPP (ou concessão especial, como chama a doutrina), e sim
concessão comum, regulada pela Lei 8.987/1995 20 . Nas concessões
comuns, o particular delegatário é remunerado apenas pelas tarifas pagas
pelos usuários.

19Consoante dispõe o parágrafo único do seu art. 1º, a Lei 11.079/2004 se aplica aos órgãos da
administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às
fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Nota-se que a lei
não se aplica ao Poder Judiciário, o qual, portanto, não pode celebrar PPP.
20 Carvalho Filho (2014, p. 433).

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Na PPP, o ente federativo se torna parceiro da empresa privada na


prestação do serviço público, compartilhando os riscos do
empreendimento. É uma situação diversa do que ocorre na concessão
comum, na qual o particular presta o serviço por sua conta e risco. O
objetivo dessa repartição de riscos na PPP é atrair empresas para serviços
a princípio não interessantes para a iniciativa privada, em vista do grande
vulto no investimento e da perspectiva de não conseguir retorno apenas
por meio das tarifas cobradas dos usuários.
Por ser uma modalidade especial de concessão, as PPP são firmadas
mediante contrato administrativo. Com efeito, nos termos do art. 9º da
Lei 11.079/2004, “parceria público-privada é o contrato administrativo
de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa”.
Em seguida, vamos estudar as peculiaridades dessas duas
modalidades de PPP.

MODALIDADES

Como visto, as PPP podem ser firmadas nas modalidades patrocinada


ou administrativa.
A PPP na modalidade patrocinada é a concessão de serviços públicos
ou de obras públicas na qual o concessionário será remunerado,
conjuntamente, pela tarifa paga pelos usuários e pela
contraprestação pecuniária do parceiro público ao privado.
Importante assinalar que as concessões patrocinadas em que mais
de 70% da remuneração do parceiro privado for paga pela Administração
Pública dependerão de autorização legislativa (art. 10, §3º).
Já a PPP na modalidade administrativa é a concessão de serviço
público em que a remuneração é feita totalmente pelo Poder Público,
não havendo cobrança de tarifas dos usuários. Conforme a Lei 11.079,
nesse tipo de concessão a Administração será usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de
bens. Deve ser usada para serviços não cobrados dos usuários, tais como
a administração de hospitais, escolas públicas e presídios.

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do contrato é de 20 anos.
D) Não é possível a contratação de parceria público privada que envolva a
execução de obra pública.
Comentário: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A concessão patrocinada é que envolve, adicionalmente à
tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público
ao parceiro privado. Na concessão administrativa, por sua vez, a remuneração
é feita totalmente pelo Poder Público, não havendo cobrança de tarifas dos
usuários; nesse tipo de concessão a Administração será usuária direta ou
indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de
bens. É o que consta no art. 2º, §§1º e 2º da Lei 11.079/2004:
Art. 2o Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na
modalidade patrocinada ou administrativa.
§ 1o Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado.
§ 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a
Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução
de obra ou fornecimento e instalação de bens.

b) CERTA, nos termos do art. 2º, §4º, I da Lei 11.079/2004:


§ 4o É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);

c) ERRADA. O prazo máximo do contrato de PPP – patrocinada ou


administrativa – é de 35 anos, incluindo eventual prorrogação (Lei 11.079/04,
art. 5º, I).
d) ERRADA. É sim possível a contratação de parceria público-privada
que envolva a execução de obra pública, desde que a obra sirva para
possibilitar a prestação de um serviço público. O que a lei veda é a celebração
de contrato de PPP que tenha como objeto único a execução de obra pública
(Lei 11.079/04, §4º, III).
Gabarito: alternativa “b”

47. (FGV – OAB 2016) Uma autarquia federal divulgou edital de licitação para a
concessão da exploração de uma rodovia que interliga diversos Estados da
Federação. A exploração do serviço será precedida de obras de duplicação da
rodovia. Como o fluxo esperado de veículos não é suficiente para garantir, por meio
do pedágio, a amortização dos investimentos e a remuneração do concessionário,
haverá, adicionalmente à cobrança do pedágio, contraprestação pecuniária por

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parte do Poder Público. Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.


A) Trata se de um exemplo de parceria público privada, na modalidade concessão
administrativa.
B) Trata-se de um consórcio público com personalidade de direito público entre a
autarquia federal e a pessoa jurídica de direito privado.
C) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade concessão
patrocinada.
D) Trata-se de um exemplo de consórcio público com personalidade jurídica de
direito privado.
Comentário: A parceria público-privada (PPP) é uma concessão de
serviço público em que a empresa concessionária não assume o risco do
negócio sozinha, pois o Poder Público também investe recursos para
possibilitar a prestação do serviço.
Existem duas modalidades de PPP: a concessão patrocinada, em que o
concessionário é remunerado pela tarifa cobrada dos usuários e pela
contraprestação pecuniária do Poder Público; e a concessão administrativa,
em que o concessionário é remunerado apenas pela contraprestação
pecuniária do Poder Público.
Como se vê, a situação ilustrada no comando da questão é um exemplo
de parceria público-privada, na modalidade concessão patrocinada. O
fundamento legal é o art. 2º, §1º da Lei 11.079/2004:
§ 1o Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado.

Gabarito: alternativa “c”

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TIPOS DE CONTRAPRESTAÇÃO

Como vimos, a característica marcante das concessões classificadas


como parceria público-privada é a existência de contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
Conforme o art. 6º da Lei 11.079, a contraprestação da
Administração Pública nos contratos de parceria público-privada poderá
ser feita por:
▪ Ordem bancária;

▪ Cessão de créditos não tributários;

▪ Outorga de direitos em face da Administração Pública;


▪ Outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;

▪ Outros meios admitidos em lei.

Conforme se vê, a contraprestação pecuniária do Poder Público não é


feita apenas mediante dinheiro (ordem bancária), podendo também
envolver cessão ou outorga de outros direitos que possuam valor
monetário.
A lei admite a possibilidade de pagamento ao parceiro privado de
remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e
padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato.
Importante destacar que a contraprestação da Administração Pública
será obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto
do contrato de parceria público-privada (art. 7º). Em outras palavras, o
poder concedente só poderá repassar a contraprestação ao parceiro
privado quando os serviços objetos do contrato já estiverem disponíveis
para uso, ou seja, a contraprestação não pode ser antecipada.
Não obstante, é facultado à Administração Pública, nos termos do
contrato, efetuar o pagamento da contraprestação pela disponibilização
parcial do serviço, relativa à parcela já fruível (disponível), mesmo que
todo o objeto ainda não tenha sido concluído (art. 7º, §1º).
Por exemplo: numa PPP para construção de uma linha de metrô, o
poder concedente pode pagar a contraprestação pelos trechos já
concluídos da linha, desde que o metrô já esteja em operação nesses
trechos e possa ser utilizado pelos usuários de forma independente da
parcela ainda em construção.
O contrato também poderá prever o aporte de recursos em favor
do parceiro privado para a realização de obras e aquisição de bens

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reversíveis, os quais devem estar indicados e caracterizados no edital de


licitação. Esse aporte de recursos deverá ser autorizado em lei
específica, se o contrato tiver sido celebrado até 8 de agosto de 2012;
para contratos firmados após essa data, a lei exige apenas autorização
no edital de licitação (art. 6º, §2º).
O aporte de recursos do Poder Público para a realização de obras e
aquisição de bens reversíveis não é propriamente uma “contraprestação
da Administração Pública”, dessas que caracterizam a PPP. Tanto não é
que a lei permite que o aporte seja realizado durante a fase dos
investimentos a cargo do parceiro privado, ou seja, antes da efetiva
disponibilização dos serviços. Quando o aporte de recursos for realizado
ainda na fase de investimento, a lei exige apenas que ele guarde
“proporcionalidade com as etapas efetivamente executadas” (art. 7º,
§2º).
Obviamente, por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado
não receberá indenização pelas parcelas de investimentos vinculados a
bens reversíveis ainda não amortizadas ou depreciadas, quando tais
investimentos tiverem sido realizados com valores provenientes do
aporte de recursos do Poder Público (art. 6º, §5º).
Ao final do contrato, a lei autoriza, ainda, a exclusão do valor desse
aporte da base de cálculo para determinados fins tributários (IR, CSLL,
PIS, COFINS), reduzindo a oneração do concessionário (art. 6º, §3º).

GARANTIAS

A Lei 11.079/2004 prevê três tipos de garantias para as parcerias


público-privadas:
 Garantia de execução do contrato, prestada pelo parceiro privado ao
parceiro público;
 Garantia de cumprimento das obrigações pecuniárias assumidas pelo
parceiro público perante o parceiro privado;

 Contragarantia prestada pelo parceiro público à entidade financiadora do


projeto.

O primeiro tipo de garantia é comum nas várias modalidades de


contrato administrativo, abrangendo caução em dinheiro ou em títulos da
dívida pública, seguro-garantia e fiança bancária, conforme previsto
no art. 56 da Lei 8.666/1993.

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Nas duas modalidades de PPP (patrocinada e administrativa) o


contrato deverá prever a prestação, pelo parceiro privado, de garantias
de execução suficientes e compatíveis com os ônus e riscos envolvidos,
limitadas a até 10% do valor do contrato, observando-se que, no caso
de contratos que envolvam a entrega de bens pela Administração, dos
quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser
acrescido o valor desses bens; ainda, no caso de concessão
patrocinada que envolva a execução de obra pública, as garantias
exigidas para essa parte específica do contrato são limitadas ao valor
da obra (art. 5º, VIII).
O segundo tipo de garantia é aquela prestada pelo parceiro público
em benefício do parceiro privado. Essa garantia é importante porque,
conforme salientado, a contraprestação do Poder Público somente será
paga quando o serviço objeto do contrato estiver disponibilizado. Assim,
para que o parceiro privado tenha interesse no negócio, é importante que
Poder Público apresente garantias de que irá cumprir a sua parte no
contrato.
Nos termos do art. 8º da Lei 11.079, as obrigações pecuniárias
contraídas pela Administração Pública em contrato de parceria público-
privada poderão ser garantidas mediante:
▪ Vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da
Constituição Federal, que veda a vinculação de receitas de impostos;
▪ Instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei; para a
União, a lei prevê a instituição do Fundo Garantidor de Parcerias
Público-Privadas (FGP) (art. 16);
▪ Contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não
sejam controladas pelo Poder Público;

▪ Garantia prestada por organismos internacionais ou instituições


financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público;

▪ Garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada


para essa finalidade;

▪ Outros mecanismos admitidos em lei.

Ressalte-se que o Poder Público não é obrigado a prestar garantias da


sua contraprestação ao parceiro privado; porém, se prestar, as garantias
deverão estar especificadas no edital da licitação (art. 11, parágrafo
único).

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O terceiro tipo de garantia é a prestada pelo Poder Público ao


financiador. Com efeito, pelo vulto dos contratos de PPP, como regra
geral o parceiro privado depende de financiamento obtido junto a
terceiros para executar os investimentos necessários para disponibilizar o
serviço à população. Assim, a título de garantia aos financiadores, o
art. 5º, §2º da Lei 11.079 prevê que os contratos de PPP poderão prever:
▪ Transferência, para os financiadores, do controle da sociedade de propósito
específico constituída pelo parceiro privado;
▪ Possibilidade de emissão de empenho em nome dos financiadores do
projeto em relação às obrigações pecuniárias da Administração Pública;

▪ Legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações por


extinção antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos
fundos e empresas estatais garantidores de parcerias público-privadas.

Para finalizar o tópico sobre garantias, vale saber que a Lei 11.079
prevê a possibilidade de a União conceder garantia ou realizar
transferência voluntária aos Estados, DF e Municípios com vistas à
contratação de PPPs (art. 28). A condição é que a soma das despesas
continuadas decorrentes das parcerias já contratadas por tais entes não
ultrapasse, no ano anterior, o percentual de 5% da receita corrente líquida
do exercício, ou que as despesas anuais dos contratos vigentes nos
10 anos subsequentes não excedam 5% da mesma receita, projetada
para os respectivos exercícios.

FUNDO GARANTIDOR DE PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (FGP)

A Lei 11.079, no âmbito das regras especificamente aplicáveis à


União, prevê a criação do denominado Fundo Garantidor de Parcerias
Público-Privadas (FGP), com a finalidade de prestar garantia de
pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos
em virtude dos contratos de PPP.
O art. 16 da lei autoriza a União, seus fundos especiais, suas
autarquias, suas fundações públicas e suas empresas estatais
dependentes a participar do FGP, na qualidade de cotistas, no
limite global de R$ 6 bilhões.
A integralização das cotas do Fundo por parte da União e entidades
federais poderá ser realizada em dinheiro, títulos da dívida pública, bens
imóveis, bens móveis, ou outros direitos com valor patrimonial.

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De acordo com o §1º do art. 16, o FGP tem a natureza privada e


patrimônio próprio, logo, separado do patrimônio dos cotistas. O Fundo
responde com seus bens e direitos pelas obrigações que venha a contrair
(art. 16, §§1º e 5º).
Um detalhe importante: o fundo é constituído com recursos oriundos
apenas de instituições federais. Entretanto, com a redação atual da
Lei 11.079/2004, o FGP tem por finalidade prestar garantia de pagamento
de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos não apenas
nas PPP federais, mas também nas estaduais, distritais ou
municipais.
O FGP será criado, administrado, gerido e representado judicial e
extrajudicialmente por instituição financeira controlada, direta ou
indiretamente, pela União (art. 17). Atualmente, o Fundo é gerido pelo
Banco do Brasil.
As modalidades de garantia que podem ser prestadas pelo FGP estão
previstas no §1º do art. 18 da Lei 11.079/2004:
▪ Fiança, sem benefício de ordem para o fiador;
▪ Penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do patrimônio do FGP,
sem transferência da posse da coisa empenhada antes da execução da
garantia;
▪ Hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP;

▪ Alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos bens com o FGP


ou com agente fiduciário por ele contratado antes da execução da garantia;
▪ Outros contratos que produzam efeito de garantia, desde que não
transfiram a titularidade ou posse direta dos bens ao parceiro privado antes
da execução da garantia;
▪ Garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio de afetação
constituído em decorrência da separação de bens e direitos pertencentes ao
FGP.

SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO (SPE)

Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade


de propósito específico incumbida de implantar e gerir o objeto da
parceria (art. 9º).
A controladora da SPE, por óbvio, deve ser a empresa vencedora da
licitação, que deverá transferir para a sociedade todo o patrimônio
necessário para a execução do contrato de concessão. A transferência

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do controle da SPE estará condicionada à autorização expressa da


Administração Pública, nos termos do edital e do contrato (art. 9º, §1º).
Quem assina o contrato de PPP não é a
vencedora da licitação, e sim a SPE. Por isso a
SPE deve ser constituída antes da celebração do
contrato.

A finalidade da criação da SPE é permitir que a Administração


contrate com uma pessoa jurídica que tenha por objeto social específico a
prestação do serviço concedido. Isso é importante para evitar confusão
entre as demais atividades da empresa vencedora da licitação e suas
obrigações contraídas no contrato de PPP.
A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de
companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no
mercado (art. 9º, §2º).
É vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital
votante da SPE, exceto na hipótese de aquisição da maioria do capital
votante da sociedade por instituição financeira controlada pelo Poder
Público em caso de inadimplemento de contratos de financiamento
(art. 9º, §§4º e 5º). Como exemplo dessa exceção, imagine o BNDES
financiando os investimentos da empresa que ganhou a PPP, e a empresa
passe por dificuldades financeiras; nesse caso, se houver previsão no
contrato da PPP, o banco público poderá assumir o controle da SPE para
promover a sua reestruturação e assegurar a continuidade da prestação
dos serviços (art. 5º, §2º).

LICITAÇÃO PRÉVIA À PPP

A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação


na modalidade de concorrência (art. 10).
De forma geral, a licitação prévia à PPP segue as normas aplicáveis
às concorrências em geral.
Assim, as concorrências para celebração de contrato de PPP devem
ser fundamentadas em estudo técnico que demonstre a conveniência da
contratação; o edital deve ser submetido à consulta pública, devendo
conter a minuta do contrato, o qual poderá prever; é possível a exigência
de garantia da proposta, mecanismos privados para solução de disputas,
inclusive arbitragem, dentre outros itens.

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Porém, a Lei 11.079/2004 estabelece algumas peculiaridades para as


concorrências da PPP, dentre elas: como condição para abertura da
licitação, é necessário que o objeto da PPP esteja previsto no plano
plurianual, que se obtenha licença ambiental e que haja demonstração
de que serão atendidas as exigências da Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Outra peculiaridade importante reside nos critérios de julgamento
das propostas, que podem ser (art. 12, II):
▪ Menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;

▪ Melhor proposta em razão da combinação do critério de menor valor da


tarifa do serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;
▪ Menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração Pública;

▪ Melhor proposta em razão da combinação do critério de menor valor da


contraprestação a ser paga pela Administração Pública com o de melhor
técnica, de acordo com os pesos estabelecidos no edital.

Perceba que os dois primeiros critérios também são aplicáveis às


concessões comuns; já os dois últimos são próprios das PPP.
A Lei 11.074 institui, ainda, algumas especialidades procedimentais
nas concorrências de PPP, que as aproximam da modalidade pregão.
Nesse sentido, o edital pode admitir propostas escritas, seguidas de
lances em viva voz (sem limitação da quantidade de lances), podendo
restringir a fase de lances aos licitantes cuja proposta escrita for no
máximo 20% maior que o valor da melhor proposta (no pregão, esse
limite é de 10%).
Além disso, é possível que o edital estabeleça a inversão da ordem
das fases de habilitação e julgamento, ou seja, a habilitação pode
ocorrer após o julgamento, como ocorre no pregão.
Por fim, registre-se que as disposições da Lei 8.666/1993 aplicam-se
subsidiariamente às licitações das PPP (art. 12, caput).

DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS APENAS À UNIÃO

Conforme adiantado anteriormente, a Lei 11.079 contém, ao lado das


normas gerais sobre contratação de PPP, outras regras que se aplicam
somente à União, dentre elas a criação do FGP, que já comentamos.
Dentre as regras específicas, está a previsão de que seja criado, por
decreto, um órgão gestor de parcerias público-privadas, integrado

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por representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,


do Ministério da Fazenda e da Casa Civil, com competência para (art. 14):
▪ definir os serviços prioritários para execução no regime de parceria
público-privada;
▪ disciplinar os procedimentos para celebração desses contratos;

▪ autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital;

▪ apreciar os relatórios de execução dos contratos.

Registre-se que o referido órgão gestor foi criado pelo


Decreto 5.385/2005, com a denominação de Comitê Gestor de Parceria
Público-Privada Federal (CGP). Outro detalhe é que, no âmbito do Poder
Legislativo federal, as matérias de competência do órgão gestor
poderão ser tratadas por meio de atos das Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal (art. 14-A).
No art. 15 há outra norma específica determinando que os
Ministérios e as agências reguladoras submetam à apreciação do
órgão gestor o edital das licitações prévias à contratação de PPPs.
Os Ministérios e as agências detêm, ainda, a atribuição de
encaminhar ao órgão gestor, com periodicidade semestral, relatórios
circunstanciados acerca da execução dos contratos de PPP. Compete ao
órgão gestor apreciar e aprovar esses relatórios.
O art. 22 dispõe que a União somente poderá contratar parceria
público-privada quando a soma das despesas de caráter continuado
derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver excedido, no
ano anterior, a 1% da receita corrente líquida do exercício, e as
despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 anos subsequentes,
não excedam a 1% da receita corrente líquida projetada para os
respectivos exercícios. Tal medida representa uma precaução para
assegurar o equilíbrio das contas públicas, haja vista que os contratos de
PPP, no geral, possuem vigência muito longa e envolvem valores bastante
expressivos.
Por fim, vale destacar que o art. 25 confere competência à
Secretaria do Tesouro Nacional para a edição de normas gerais
relativas à consolidação das contas públicas aplicáveis aos contratos de
parceria público-privada.

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48. (FGV – OAB 2011) O contrato de prestação de serviços de que a


Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva a
execução de obra ou fornecimento e instalação de bens, denomina-se concessão
(A) comum.
(B) patrocinada.
(C) administrativa.
(D) de uso de bem público.
Comentário: Trata-se da concessão administrativa, nos termos do art. 2º,
§2º da Lei 11.079/2004:
§ 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a
Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução
de obra ou fornecimento e instalação de bens.
Gabarito: alternativa “c”

49. (FGV – OAB 2012) Um estado da Federação, em processo de recuperação


econômica, pretende restaurar o seu antigo Parque de Esportes, uma enorme área
que concentra estádio de futebol, ginásio de esportes coletivos e parque aquático.
Não dispondo de recursos para custear a totalidade da obra e nem tendo expertise
para promover uma boa gestão do espaço, o Estado pretende firmar um contrato de
parceria público-privada, nos moldes da Lei n. 11.079/2004.
Sobre o instituto da Parceria Público-Privada, assinale a afirmativa correta.
A) As parcerias público-privadas têm natureza de convênio, e não de contrato, uma
vez que o ente público e o ente particular conjugam esforços na realização de uma
atividade de interesse público.
B) As parcerias público-privadas preveem que o ente público executará uma parcela
do serviço ou obra, nunca inferior a 50%, e o particular o restante do serviço ou obra.
C) As parcerias público privadas não podem ter por objeto, exclusivamente, a
execução de obra pública de restauração do Parque de Esportes.
D) As parcerias público-privadas remuneram o ente particular integralmente com o
valor das tarifas cobradas dos usuários do serviço, sendo vedado ao ente público o
custeio direto das atividades desenvolvidas pelo particular.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. As parcerias público-privadas têm natureza de contrato, e
não de convênio. Com efeito, nos termos do art. 9º da Lei 11.079/2004,

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“parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na


modalidade patrocinada ou administrativa”. De fato, nas PPPs, o ente público e
o ente particular conjugam esforços na realização de uma atividade de
interesse público, compartilhando os riscos. Contudo, um traço distingue os
contratos de PPP dos convênios: o interesse econômico envolvido, afinal, a
empresa concessionária presta o serviço com o interesse principal de obter
lucro.
b) ERRADA. Não há essa previsão na lei. O que caracteriza a PPP é a
existência de uma contraprestação pecuniária do Poder Público; ou seja, a
participação do Poder Público se dá mediante o aporte de recursos
financeiros, e não mediante a execução de parte do serviço ou da obra.
c) CERTA, nos termos do art. 2º, §4º, III da Lei 11.079/2004:
§ 4o É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e
instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

d) ERRADA. Como dito anteriormente, o que caracteriza a PPP é


justamente a existência de uma contraprestação pecuniária do Poder Público.
Gabarito: alternativa “c”

50. (ESAF – MPOG 2010) O "acordo firmado entre a Administração Pública e


pessoa do setor privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços
públicos, com eventual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante
financiamento do contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e
compartilhamento dos riscos e dos ganhos entre os pactuantes" constitui conceito
para o seguinte instituto do direito administrativo:
a) permissão de serviço público.
b) autorização de serviço público.
c) concessão de serviço público ordinária.
d) concessão especial de serviço público.
e) concessão florestal.
Comentários: O enunciado apresenta a definição do autor Carvalho Filho
para as parceiras público-privadas (PPP), que são classificadas pela doutrina
como concessões especiais de serviço público, regidas pela Lei 11.079/2004.
Diferenciam-se das concessões comuns, regidas pela Lei 8.987/1995, entre
outros aspectos, pela existência de uma contraprestação pecuniária do

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parceiro público ao parceiro privado, como forma de auxiliá-lo a suportar os


encargos financeiros do contrato, que geralmente envolvem investimentos
vultuosos. Aliás, como ressalta o próprio autor, “se o contrato não prevê a
contraprestação pecuniária do concedente ao concessionário, não será
concessão especial (ou parceira público-privada, como diz a lei), e sim
concessão comum, sendo regulada pela Lei nº 8.987/1995”.
Gabarito: alternativa “d”

51. (Cespe – STJ 2012) No âmbito das parcerias público-privadas, a concessão


administrativa caracteriza-se pelo fato de o concessionário perceber recursos de
duas fontes: do pagamento das respectivas tarifas pelos usuários e da
contraprestação pecuniária devida pelo concedente ao particular contratado.
Comentário: Na concessão administrativa, o parceiro privado é
remunerado apenas pela contraprestação do Poder Público, ou seja, não há
cobrança de tarifas. É o caso, por exemplo, das PPP firmadas para a
construção e administração de presídios. Na concessão patrocinada é que o
concessionário percebe recursos de duas fontes, quais sejam, o pagamento de
tarifas e a contraprestação do Poder Público. É o caso, por exemplo, das PPP
firmadas para a exploração de rodovias e aeroportos.
Gabarito: Errado

52. (Cespe – TCU 2013) Um dos traços caracterizadores da parceria público-


privada é a indelegabilidade de funções que somente o Estado executa, como, por
exemplo, as de regulação e as decorrentes do exercício do poder de polícia.
Comentário: De fato, a Lei 11.079/2004 apresenta como diretriz das PPP a
indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder
de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado (art. 4º, III).
Art. 4o Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes
diretrizes:
I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da
sociedade;
II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes
privados incumbidos da sua execução;
III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do
poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;
IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
V – transparência dos procedimentos e das decisões;
VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;
VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de
parceria.
Gabarito: Certo

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53. (Cespe – TCU 2013) Se o governo de determinado estado da Federação, ao


contratar uma empresa privada para a construção e administração de uma
penitenciária, realizar pagamento mensal proporcional ao número de detentos e
fiscalizar a prestação dos serviços, estará executando o contrato de concessão
patrocinada, por meio do qual o concessionário recebe da administração, em caráter
adicional ao pagamento efetuado pelos beneficiários, a contraprestação pecuniária
devida.
Comentário: A construção e administração de penitenciárias é exemplo
clássico para ilustrar a concessão administrada (e não patrocinada), em que
não há cobrança de tarifas, ou seja, o concessionário é remunerado apenas
pela contraprestação pecuniária do Poder Público.
Gabarito: Errado

54. (Cespe – TCDF 2014) É possível a celebração de contrato na modalidade de


parceria público-privada cujo objeto exclusivo seja a instalação de equipamentos
para uso do poder público.
Comentário: Ao contrário do que afirma o quesito, é vedada a celebração
de contrato na modalidade de parceria público-privada cujo objeto exclusivo
seja a instalação de equipamentos para uso do poder público.
Art. 2º (...)
§ 4o É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);
II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento
e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
Gabarito: Errado

55. (Cespe – TJDFT 2014) No que se refere às PPPs, assinale a opção correta.
a) A administração pública indireta não pode firmar PPP.
b) As funções estatais de regulação são delegáveis por meio de PPP.
c) O estabelecimento de PPPs entre o Estado e a iniciativa privada é prática recente
no Brasil, surgida com a edição da Lei n.º 11.079/2004.
d) As PPPs somente podem ser firmadas para a execução de obras essenciais e
estratégicas, não havendo limite mínimo contratual.
e) É possível conceder garantias adicionais — como a vinculação de receitas e a
contratação de seguro garantia — às obrigações pecuniárias contraídas pela
administração pública em contrato de PPP.

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Comentário: vamos analisar cada alternativa:


a) ERRADA. Podem firmar PPP tanto a administração direta como a
indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia
mista), além das demais entidades controladas direta ou indiretamente pelos
entes federados (Lei 11.079/2004, art. 1º).
b) ERRADA. As funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder
de polícia e outras atividades exclusivas do Estado são indelegáveis
(Lei 11.079/2004, art. 4º, III).
c) ERRADA. Antes da edição da Lei 11.079/2004, alguns estados
brasileiros já praticavam PPP. A partir da Lei 11.079/2004, esses estados
tiveram que se adequar à nova norma, de caráter nacional.
d) ERRADA. A Lei da 11.079/2004 não restringe o objeto da PPP a obras
essenciais e estratégicas, mas há um limite mínimo contratual, que é de
R$ 20 milhões (contratações abaixo desse valor não podem ser objeto de PPP).
e) CERTA, nos termos do art. 8º da Lei 11.079/2004:
Art. 8o As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em
contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante:
I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da
Constituição Federal;
II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não
sejam controladas pelo Poder Público;
IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que
não sejam controladas pelo Poder Público;
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa
finalidade;
VI – outros mecanismos admitidos em lei.
Gabarito: alternativa “e”

56. (ESAF – PGFN 2012) Relativamente às parcerias público-privadas a que se


refere a Lei n. 11.079, de 2004, assinale a opção correta.
a) Sempre devem ser precedidas de licitação, na modalidade concorrência ou
pregão.
b) Admite-se que os valores mobiliários atinentes à sociedade de propósito
específico possam ser negociados no mercado.
c) Como regra, a sociedade de propósito específico deverá, direta ou indiretamente,
ser controlada pela Administração Pública, que deterá a maioria do capital social

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com direito a voto.


d) Antes da celebração do contrato de parceria, poderá ser constituída sociedade de
propósito específico, que ficará responsável pela gestão das atividades pactuadas.
e) Consoante a legislação pátria, admite-se um único órgão gestor das parcerias
público-privadas, que contará com a participação obrigatória de representantes de
todos os estados, ao lado de representantes da União.
Comentários:
a) ERRADA. As PPP devem ser sempre precedidas de licitação na
modalidade concorrência; o pregão não é aplicável.
Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na
modalidade de concorrência, estando a abertura do processo licitatório condicionada
a:

b) CERTA, nos termos do art. 9º, §2º da Lei 11.074/2009:


Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito
específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.
(...)
§ 2o A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de companhia
aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado.
c) ERRADA. Como regra, é vedado que a Administração Pública controle
a SPE responsável pela PPP, exceção feita à eventual aquisição da maioria do
capital votante por instituição financeira controlada pelo Poder Público em
caso de inadimplemento de contratos de financiamento.
Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito
específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.
(...)
§ 4o Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital
votante das sociedades de que trata este Capítulo.
§ 5o A vedação prevista no § 4o deste artigo não se aplica à eventual aquisição da
maioria do capital votante da sociedade de propósito específico por instituição
financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento de contratos de
financiamento.
d) ERRADA. A constituição da SPE não é uma faculdade e sim uma
obrigação. Portanto, a palavra “poderá” macula o item.
Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de
propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.
e) ERRADA. A Lei 11.079/2004 prevê a criação de um órgão gestor de
parcerias público-privadas federais. Essa norma está inscrita nas “disposições

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aplicáveis à União”, ou seja, não se aplica aos estados, DF e municípios.


Portanto, não faria sentido que o órgão gestor federal fosse composto de
representantes dos estados. De fato, o órgão gestor das PPP federais,
conforme previsto no art. 14, §1º da Lei 11.079/2004, deverá ter composto por
representantes do MPOG, do Ministério da Fazenda e da Casa Civil.
Art. 14. Será instituído, por decreto, órgão gestor de parcerias público-privadas
federais, com competência para:
I – definir os serviços prioritários para execução no regime de parceria público-privada;
II – disciplinar os procedimentos para celebração desses contratos;
III – autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital;
IV – apreciar os relatórios de execução dos contratos.
§ 1o O órgão mencionado no caput deste artigo será composto por indicação nominal
de um representante titular e respectivo suplente de cada um dos seguintes órgãos:
I – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao qual cumprirá a tarefa de
coordenação das respectivas atividades;
II – Ministério da Fazenda;
III – Casa Civil da Presidência da República.

Gabarito: alternativa “b”

57. (ESAF – DNIT 2013) A respeito das parcerias público-privadas, analise as


assertivas a seguir classificando-as em falsas ou verdadeiras.
Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.
( ) As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de
parceria público-privada poderão ser garantidas mediante títulos da dívida agrária.
( ) É possível haver pagamento de contraprestação pela Administração Pública sem
que obrigatoriamente seja precedido pela integral disponibilização do serviço pelo
parceiro privado.
( ) Os contratos de parceria público-privada poderão prever a possibilidade de
emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em relação às
obrigações pecuniárias da Administração Pública.
( ) A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-
privada poderá ser feita mediante outorga de direitos sobre bens públicos afetados
de uso comum do povo.
( ) As concessões patrocinadas em que mais de 70% da remuneração do parceiro
privado deva ser paga pela Administração Pública dependerão de autorização
legislativa.

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a) V, V, V, F, V
b) F, V, V, V, V
c) V, F, F, F, V
d) V, V, V, V, F
e) F, V, V, F, V
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) FALSA. As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração
Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas por
(Lei 11.079/2004, art. 8º):
I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição
Federal [veda a vinculação da receita de impostos, exceto os casos previstos na CF]
II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam
controladas pelo Poder Público;
IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que
não sejam controladas pelo Poder Público;
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa
finalidade;
VI – outros mecanismos admitidos em lei.
Portanto, os “títulos da dívida agrária” não constam do rol de garantias
possíveis.
b) VERDADEIRA. O art. 7º, §1º da Lei 11.079/2004 faculta o pagamento da
parcela fruível, ainda que o investimento não tenha sido concluído
integralmente:
Art. 7o A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida
da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada.
§ 1o É facultado à administração pública, nos termos do contrato, efetuar o
pagamento da contraprestação relativa a parcela fruível do serviço objeto do contrato
de parceria público-privada.
c) VERDADEIRA. Trata-se de uma das garantias que o Poder Público pode
conceder aos financiadores do projeto, nos termos do art. 5º, §2º da
Lei 11.079/2004:
§ 2o Os contratos poderão prever adicionalmente:
I – os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a transferência do
controle da sociedade de propósito específico para os seus financiadores, com o
objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da
prestação dos serviços, não se aplicando para este efeito o previsto no inciso I do

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parágrafo único do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;


II – a possibilidade de emissão de empenho em nome dos financiadores do
projeto em relação às obrigações pecuniárias da Administração Pública;
III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações por
extinção antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos fundos e
empresas estatais garantidores de parcerias público-privadas.

d) FALSA. O erro é que a contraprestação poderá ser feita mediante


outorga de direitos sobre os bens públicos dominicais, e não sobre os de uso
comum ou especial.
Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-
privada poderá ser feita por:
I – ordem bancária;
II – cessão de créditos não tributários;
III – outorga de direitos em face da Administração Pública;
IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
V – outros meios admitidos em lei.
e) VERDADEIRA, nos termos do art. 10, §3º da Lei das PPP:
§ 3o As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da
remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública dependerão de
autorização legislativa específica.

Gabarito: alternativa “e”

58. (Cespe – JF TRF2 2013) Mediante lei sancionada em 2004, o Brasil adotou a
PPP como instrumento para a viabilização de projetos fundamentais ao crescimento
do país. Referida lei incorporou conceitos bem sucedidos da experiência
internacional, de modo a garantir que as PPPs sejam balizadas na atuação
transparente da administração pública. Acerca desse instrumento de gestão pública,
assinale a opção correta.
a) Embora a responsabilidade fiscal não seja uma diretriz expressa na legislação de
PPP, o melhor entendimento doutrinário aponta para a aplicação da Lei de
Responsabilidade Fiscal à execução desse tipo de contrato administrativo.
b) Não se admite o emprego da arbitragem na hipótese de um município querer
dirimir conflitos decorrentes de contrato de PPP.
c) Um estado da Federação, no âmbito de contrato de PPP para a realização de
obras públicas nos seus municípios, estará impedido de ceder parte de seus créditos
não tributários a título de contraprestação.
d) É expressamente vedada a uma sociedade de propósito específico, incumbida de
implantar e gerir o objeto de uma PPP em determinado estado da Federação,

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constituir-se sob a forma de companhia aberta.


e) Caso um estado da Federação celebre contrato administrativo de PPP visando à
concessão de serviços públicos, conforme legislação específica, e, além da tarifa a
ser cobrada dos usuários, o contrato preveja contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado, ter-se-á, nessa hipótese, um exemplo da chamada
concessão patrocinada.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A responsabilidade fiscal é sim uma diretriz expressa na
legislação de PPP (Lei 11.079/2004). Vejamos:
Art. 4o Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes
diretrizes:
I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos da
sociedade;
II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes
privados incumbidos da sua execução;
III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder
de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;
IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
V – transparência dos procedimentos e das decisões;
VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;
VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de
parceria.

b) ERRADA. O uso da arbitragem é permitido como método de solução de


conflitos nos contratos de PPP (e também nas concessões comuns).
Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará
expressamente a submissão da licitação às normas desta Lei e observará, no que
couber, os §§ 3o e 4o do art. 15, os arts. 18, 19 e 21 da Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, podendo ainda prever:
I – exigência de garantia de proposta do licitante, observado o limite do inciso III do art.
31 da Lei no 8.666 , de 21 de junho de 1993;
III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no
9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados
ao contrato.

c) ERRADA. O art. 6º da Lei 11.079/2004 permite a cessão de créditos


tributários a título de contraprestação pecuniária do Poder Público. Lembrando
que a Lei 11.079/2007 é de caráter nacional, portanto, aplicável aos estados e
municípios.

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Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-
privada poderá ser feita por:
I – ordem bancária;
II – cessão de créditos não tributários;
III – outorga de direitos em face da Administração Pública;
IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
V – outros meios admitidos em lei.

d) ERRADA. A Lei das PPP obriga que a empresa vencedora, antes da


celebração do contrato, constitua uma sociedade de propósito específico
(SPE). A SPE é que assinará o contrato, incumbindo-se de implantar e gerir o
objeto da PPP. A Lei 11.079 permite que a SPE assuma a forma de companhia
aberta (isto é, com ações negociadas no mercado).
Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito
específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.
(...)
§ 2o A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de companhia
aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado.
e) CERTA, nos termos do art. 2º da Lei 11.079/2004:
Art. 2o Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na
modalidade patrocinada ou administrativa.
§ 1o Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado.
§ 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a
Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução
de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Gabarito: alternativa “e”

Terminamos aqui pessoal. Até a próxima!

Bons estudos!

Erick Alves

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JURISPRUDÊNCIA

STJ – REsp 1032454/RJ (16/10/2009)


1. A assinatura básica é remunerada por tarifa cujo regramento legal
legitimante deriva dos seguintes diplomas:
a) art. 175, parágrafo único, inciso III, da Constituição Federal;

b) art. 2º, II, da Lei n. 8.987/95, que regulamenta o art. 175 da CF, ao
disciplinar o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos,
exige que o negócio jurídico bilateral (contrato) a ser firmado entre o poder
concedente e a pessoa jurídica concessionária seja, obrigatoriamente, precedido
de licitação, na modalidade de concorrência.
(...)
4. Outrossim, no contrato de concessão firmado entre a recorrente e o poder
concedente, há cláusula expressa refletindo o constante no Edital de Licitação,
contemplando o direito de a concessionária exigir do usuário o pagamento
mensal da tarifa de assinatura básica.
(...)
7. Sob o ângulo prático, a tarifa mensal de assinatura básica, incluindo o direito
do consumidor a uma franquia mínima de pulsos, além de ser legal e
contratual, justifica-se pela necessidade da concessionária manter
disponibilizado o serviço de telefonia ao assinante, de modo contínuo e
ininterrupto, o que lhe exige dispêndios financeiros para garantir a sua
eficiência.
(...)
10. Em suma, a cobrança mensal de assinatura básica está amparada pelo art.
93, VII, da Lei n. 9.472, de 16.07.1997, que a autoriza, desde que prevista no
Edital e no contrato de concessão, razão pela qual a obrigação do usuário pagar
tarifa mensal pela assinatura do serviço decorre da política tarifária instituída por
lei, sendo certo que a Anatel pode fixá-la, por ser a reguladora do setor,
amparada no que consta expressamente no contrato de concessão, com respaldo
no art. 103, §§ 3º e 4º, da Lei n. 9.472, de 16.07.1997.
11. A cobrança mensal de assinatura, no serviço de telefonia, sem que chamadas
sejam feitas, não constitui abuso proibido pelo Código de Defesa do Consumidor,
quer sob o ângulo da legalidade, quer por tratar-se de serviço que é
necessariamente disponibilizado, de modo contínuo e ininterrupto, aos usuários.

STF – RE 591.874 (26/8/2009)


EMENTA: CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º,
DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS
DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO

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DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A


TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO. I - A
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros
usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da
Constituição Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o
ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é
condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa
jurídica de direito privado. III - Recurso extraordinário desprovido.
*****

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RESUMÃO DA AULA
SERVIÇOS PÚBLICOS
 Elementos da definição:
▪ Subjetivo: o sujeito é o Estado (Poder Público), que presta direta ou indiretamente.
▪ Objetivo: atividades de interesse coletivo (nem sempre, ex: loterias).
▪ Formal: o regime jurídico é de direito público (mas quando prestado por concessionárias ou
permissionárias o regime predominante é de direito privado regime híbrido).
 Não são serviços públicos: atividades judiciais, legislativas e de governo (políticas); fomento; poder de
polícia; intervenção na propriedade privada; obras públicas.
 Ordem social (saúde e educação): podem ser prestados pelos particulares independentemente de
delegação. São atividades privadas, sujeitas ao poder de polícia do Estado. Apenas quando
desempenhadas pelo Estado é que se sujeitam ao regime de direito público.
 Formas de prestação:
▪ Prestação direta: o serviço é prestado pela Administração Pública, direta ou indireta.
▪ Prestação indireta: o serviço é prestado por particulares, aos quais, mediante delegação do Poder
Público, é atribuída a sua mera execução.
 Regulamentação e controle: atividade típica do Poder Público, indelegável a particulares.

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS
Princípio da predominância do interesse.
▪ União: interesse nacional. Rol taxativo. Ex: defesa nacional, serviço postal, energia, transporte ferroviária, e
rodoviário interestadual e internacional.
▪ Municípios: interesse local. Rol exemplificativo. Ex: transporte coletivo, serviço funerário.
▪ Estados: interesse regional. Serviços residuais. Ex: transporte intermunicipal; gás canalizado.
▪ Distrito Federal: serviços estaduais e municipais.
▪ Comum: rol taxativo. Serviços prestados de forma paralela, sem subordinação.

CLASSIFICAÇÕES
Originário: só pode ser prestado pelo Estado; poder de império; indelegável. Ex: segurança nacional.
Derivado: pode ser prestado por particulares; delegável. Ex: energia, telefonia.

Exclusivo: titularidade do Estado, prestados direta ou indiretamente. Ex: energia.


Não exclusivo: Estado não é titular; podem ser prestados por particulares sem delegação. Ex: saúde,
educação.

Próprio: prestado pelo Estado, direta ou indiretamente. Ex: energia, escola pública.
Impróprio: prestado por particular, sem delegação. Ex: saúde, educação.

Geral, uti universi: Usuários indeterminados. Ex: iluminação pública, saneamento.


Individual, uti singuli: Usuários determinados, mensuráveis. Ex: água, energia.

Administrativo: atende necessidades internas da Administração. Ex: imprensa oficial.


Comercial: atende necessidades econômicas da população; gera lucro. Ex: transporte
Social: atende necessidades de ordem social; não gera lucro. Ex: cultura, assistência social.

Obrigatório: colocado à disposição dos cidadãos, obrigatoriamente; remunerado por tributos.


Facultativo: usuário pode optar por recebê-lo ou não; remunerado por tarifas.

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EXTINÇÃO:
➢ Termo contratual: término do prazo do contrato.
➢ Encampação: por interesse público, com indenização prévia e autorização legislativa.
➢ Caducidade: por inadimplência do contratado, com indenização posterior e sem autorização legislativa.
➢ Rescisão: por iniciativa da concessionária, após decisão judicial.
➢ Anulação: por ilegalidade ou ilegitimidade no contrato ou na licitação; decretada pelo poder concedente
ou pelo Judiciário, se provocado.
➢ Falência ou extinção da concessionária (ou falecimento/incapacidade o titular, no caso de empresa
individual).
 Em todas as hipóteses há indenização das parcelas não amortizadas dos bens reversíveis.

PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
Há contraprestação financeira paga pelo Estado (investimentos de grande vulto, para atrair investidores).

Concessão patrocinada: contraprestação do Estado + tarifa do usuário.


Concessão administrativa: remuneração integral do Estado.

Restrições:
▪ Quanto ao valor: a PPP não pode ser inferior a R$ 20 milhões;
▪ Quanto ao tempo: a PPP deve ter periodicidade mínima de 5 anos e máxima de 35 anos, incluindo
eventual prorrogação,
▪ Quanto à matéria: não é cabível PPP que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o
fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
▪ Quanto à área de atuação: a PPP não pode ser utilizada para delegação das atividades de poder de
polícia, regulação, jurisdicional e de outras atividades exclusivas do Estado, pois são serviços
indelegáveis;

Tipos de contraprestação: ordem bancária, cessão de créditos não tributários, outorga de direitos em face da
Administração Pública; outorga de direitos sobre bens públicos dominicais; outros meios admitidos em lei.

Fundo Garantidor: recursos da União, mas garante PPP de todas as esferas.

 Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico incumbida de
implantar e gerir o objeto da parceria. Pode assumir a forma de companhia aberta.

 O Poder Público não pode controlar a SPE, exceto se banco público financiador assumir a empresa como
garantia.

Licitações: modalidade concorrência; inversão de fases (habilitação ocorre depois do julgamento); admitida
fase de lances (propostas com preço até 20% superior à melhor proposta).

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – PRF 2012) Os serviços públicos outorgados constitucionalmente à União,


como os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros,
estão enumerados taxativamente na CF.

2. (Cespe – MIN 2013) É da competência dos estados-membros explorar os serviços de


energia elétrica.

3. (Cespe – MPU 2013) Por expressa determinação constitucional, devem,


obrigatoriamente, ser diretamente prestados pelo Estado os serviços postal, de
aproveitamento energético dos cursos de água e de transporte ferroviário e aquaviário entre
portos brasileiros e fronteiras nacionais.

4. (FGV – OAB 2012) Acerca dos serviços considerados como serviços públicos uti
singuli, assinale a afirmativa correta.
A) Serviços em que não é possível identificar os usuários e, da mesma forma, não é
possível a identificação da parcela do serviço utilizada por cada beneficiário.
B) Serviços singulares e essenciais prestados pela Administração Pública direta e indireta.
C) Serviços em que é possível a identificação do usuário e da parcela do serviço utilizada
por cada beneficiário.
D) Serviços que somente são prestados pela Administração Pública direta do Estado.

5. (Cespe – Câmara dos Deputados 2012) De acordo com critério de classificação que
considera a exclusividade ou não do poder público na prestação do serviço, o serviço postal
constitui um exemplo de serviço público não exclusivo do Estado.

6. (Cespe – MDIC 2014) O serviço de uso de linha telefônica é um típico exemplo de


serviço singular, visto que sua utilização é mensurável por cada usuário, embora sua
prestação se destine à coletividade.

7. (Cespe – PRF 2012) O serviço de iluminação pública pode ser considerado uti
universi, assim como o serviço de policiamento público.

8. (Cespe – PC/BA 2013) Caracterizam-se como serviços públicos sociais apenas os


serviços de necessidade pública, de iniciativa e implemento exclusivo do Estado.

9. (Cespe – MIN 2013) Os serviços de utilidade pública, a exemplo dos serviços de


transporte coletivo, visam proporcionar aos seus usuários mais conforto e bem-estar.

10. (ESAF – CGU 2012) A noção de "Serviço Público" é considerada por autores como
Cretella Jr. "a pedra angular do direito administrativo". No caso brasileiro, os serviços
públicos são classificados segundo algumas características. Os enunciados abaixo se
referem a essas características.
I. Os serviços públicos prestados diretamente pelo Estado ou indiretamente, mediante
concessionários, são chamados Serviços Públicos Próprios.

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II. Apenas os serviços públicos prestados diretamente pelo Estado são chamados Serviços
Públicos Próprios.
III. Os serviços públicos prestados indiretamente, mediante concessão, autorização,
permissão ou regulamentação são Serviços Públicos Impróprios.
Quanto a esses enunciados, indique a opção correta.
a) Apenas o I está correto
b) Apenas o II está correto
c) Apenas o III está correto
d) Todos estão corretos
e) Nenhum está correto.

11. (FGV – OAB 2014) Caso o Estado delegue a reforma, manutenção e operação de
uma rodovia estadual à iniciativa privada, com a previsão de que a amortização dos
investimentos e a remuneração do particular decorram apenas da tarifa cobrada dos
usuários do serviço, estaremos diante de uma
A) concessão de obra pública.
B) concessão administrativa.
C) concessão patrocinada.
D) concessão de serviço público precedida da execução de obra pública.

12. (Cespe – TCU 2008) Um parlamentar apresentou projeto de lei ordinária cujos
objetivos são regular integralmente e privatizar a titularidade e a execução dos serviços
públicos de sepultamento de cadáveres humanos, diante da falta de condições materiais de
prestação desse serviço público de forma direta. Aprovado pelo Poder Legislativo, o referido
projeto de lei foi sancionado pelo chefe do Poder Executivo.
Com base na situação hipotética descrita acima, julgue os itens subsequentes.
A delegação do serviço de sepultamento de cadáveres humanos, por meio de contrato de
concessão, dependeria da prévia edição de lei ordinária que autorizasse essa delegação.

13. (Cespe – TCU 2013) A permissão de serviço público possui contornos bilaterais, mas,
diferentemente da concessão de serviço público, não pode ser caracterizada como de
natureza contratual.

14. (Cespe – MIN 2013) Um item que caracteriza a diferenciação entre permissão e
concessão de serviço público é a delegação de sua prestação a título precário.

15. (Cespe – TCU 2011) Tanto a concessão quanto a permissão de serviço público serão
feitas pelo poder concedente a pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para
desempenho, por sua conta e risco.

16. (Cespe – TCU 2011) A respeito da delegação de serviço público e do instituto da


licitação para a correspondente outorga, julgue o item subsequente.

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Embora o instituto da permissão exija a realização de prévio procedimento licitatório, a
legislação de regência não estabelece, nesse caso, a concorrência como a modalidade
obrigatória, ao contrário do que prescreve para a concessão de serviço público.

17. (FGV – OAB 2016) Determinada empresa apresenta impugnação ao edital de


concessão do serviço público metroviário em determinado Estado, sob a alegação de que a
estipulação do retorno ao poder concedente de todos os bens reversíveis já amortizados,
quando do advento do termo final do contrato, ensejaria enriquecimento sem causa do
Estado. Assinale a opção que indica o princípio que justifica tal previsão editalícia.
A) Desconcentração.
B) Imperatividade.
C) Continuidade dos Serviços Públicos.
D) Subsidiariedade.

18. (Cespe – TCU 2011) Se a prestação do serviço público vier a ser interrompida pela
empresa concessionária por motivo de ordem técnica, o usuário terá o direito de exigir,
judicialmente, o cumprimento da obrigação, visto que a interrupção motivada por motivo de
ordem técnica caracteriza efetiva descontinuidade do serviço.

19. (Cespe – OAB 2010) Júlia, que está desempregada, não conseguiu pagar a tarifa de
energia elétrica de sua residência, referente ao mês de janeiro de 2010. Por esse motivo, o
fornecimento de energia foi suspenso por ordem da diretoria da concessionária de energia
elétrica, sociedade de economia mista.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
A) O fornecimento de energia elétrica à residência de Júlia não poderia ter sido suspenso
em razão do inadimplemento, visto que, conforme entendimento do STJ, constitui serviço
público essencial.
B) A lei de regência autoriza a suspensão do serviço desde que haja prévia notificação do
usuário.
C) Lei estadual poderia, de forma constitucional, criar isenção dessa tarifa, nos casos de
impossibilidade material de seu pagamento, como no caso do desemprego do usuário.
D) Não caberia mandado de segurança contra o ato da diretoria da concessionária, porque
ela não é autoridade pública.

20. (Cespe – TCU 2011) Nos contratos de concessão de serviço público, vigora a regra da
unicidade da tarifa, vedado o estabelecimento de tarifas diferenciadas em função das
características técnicas e dos custos específicos, ressalvados os casos provenientes do
atendimento a segmentos idênticos de usuários que, pelo vulto dos investimentos, exijam tal
distinção.

21. (Cespe – PRF 2012) A prestação de serviços públicos deve dar-se mediante taxas ou
tarifas justas, que proporcionem a remuneração pelos serviços e garantam o seu
aperfeiçoamento, em atenção ao princípio da modicidade.

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22. (Cespe – TCU 2011) Acerca de contrato de concessão de serviço público, julgue o
item que se segue.
Na referida espécie de contrato, a tarifa deve ser fixada de modo a assegurar ao
concessionário a justa remuneração do capital e o equilíbrio econômico e financeiro, uma
vez que a lei não admite a fixação de outras fontes financeiras no contrato.

23. (Cespe – PRF 2012) As concessões e permissões de serviços públicos deverão ser
precedidas de licitação, existindo exceções a essa regra.

24. (FGV – OAB 2015) O Estado X, após regular processo licitatório, celebrou contrato de
concessão de serviço público de transporte intermunicipal de passageiros, por ônibus
regular, com a sociedade empresária “F”, vencedora do certame, com prazo de 10 (dez)
anos. Entretanto, apenas 5 (cinco) anos depois da assinatura do contrato, o Estado publicou
edital de licitação para a concessão de serviço de transporte de passageiros, por ônibus do
tipo executivo, para o mesmo trecho.
Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.
A) A sociedade empresária “F” pode impedir a realização da nova licitação, uma vez que a
lei atribui caráter de exclusividade à outorga da concessão de serviços públicos.
B) A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de exclusividade, salvo no caso
de inviabilidade técnica ou econômica devidamente justificada.
C) A lei atribui caráter de exclusividade à concessão de serviços públicos, mas a violação ao
comando legal somente confere à sociedade empresária “F” direito à indenização por
perdas e danos.
D) A lei veda a atribuição do caráter de exclusividade à outorga de concessão, o que afasta
qualquer pretensão por parte da concessionária, salvo o direito à rescisão unilateral do
contrato pela concessionária, mediante notificação extrajudicial.

25. (Cespe – TRE/ES 2011) É vedada a outorga de concessão ou permissão de serviços


públicos em caráter de exclusividade, uma vez que qualquer tipo de monopólio é
expressamente proibido pelo ordenamento jurídico brasileiro.

26. (FGV – OAB 2014) O Estado X publicou edital de concorrência para a concessão de
uma linha de transporte aquaviário interligando os municípios A e B, situados em seu
território, por meio do Rio Azulão. Sobre o tema da concessão de serviços públicos, e
considerando os dados acima narrados, assinale a afirmativa correta.
A) A outorga de concessão de serviço público, em regra, se dá em caráter de exclusividade.
B) O edital de licitação pode prever a utilização de receitas alternativas, provenientes da
exploração de placas publicitárias, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas.
C) Não se admite a inserção, no contrato, de cláusula que preveja a arbitragem para a
resolução de conflitos.
D) Na licitação para a concessão de serviços públicos, não se admite a inversão da ordem
das fases de habilitação e julgamento.

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27. (Cespe – TCU 2011) Se, na execução do serviço público, a concessionária causar
prejuízo a terceiros, o poder concedente deverá responder objetivamente pelo dano,
ressarcindo integralmente o lesado.

28. (Funiversa – SEPLAG/DF 2011) Considerando a Lei de Concessões e Permissões,


assinale a alternativa correta.
a) As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos estados e no
Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de
vencimento, o máximo de três datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de
seus débitos.
b) Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado que deve ser
entendido como o que satisfaz às condições de regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
c) Em relação à política tarifária, sempre que forem atendidas as condições do contrato,
considera-se necessária a readequação do seu equilíbrio econômico-financeiro.
d) É obrigação do usuário levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as
irregularidades de que tenha conhecimento, referentes ao serviço prestado, sob pena de ser
multado e ter seu serviço interrompido.
e) O poder concedente não poderá prever, em favor da concessionária, no edital de
licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, ainda
que com vistas a favorecer a modicidade das tarifas.

29. (Cespe – TCU 2008) O poder concedente pode intervir, por meio de decreto, na
concessão, com o fim de assegurar a adequação da prestação do serviço, bem como o fiel
cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes.

30. (FGV – OAB 2015) Após fortes chuvas, devido ao enorme volume de água, parte de
uma rodovia federal sofreu rachaduras e cedeu, tornando necessária a interdição da pista e
o desvio do fluxo de tráfego até a conclusão das obras de reparo. A exploração da rodovia
havia sido concedida, mediante licitação, à sociedade empresária “Traffega”, e esta não foi
capaz de lidar com a situação, razão pela qual foi decretada a intervenção na concessão.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) A intervenção somente pode ser decretada após a conclusão de processo administrativo
em que seja assegurada a ampla defesa.
B) A administração do serviço será devolvida à concessionária, cessada a intervenção, se
não for extinta a concessão.
C) A intervenção decorre da supremacia do interesse público sobre o privado e dispensa a
instauração de processo administrativo.
D) A intervenção é causa obrigatória de extinção da concessão e assunção do serviço pelo
poder concedente.

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31. (ESAF – PGFN 2012) No que se refere à figura da intervenção prevista no âmbito das
concessões e permissões de serviços públicos, assinale a opção correta.
a) A intervenção tem duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias.
b) Tal instituto é espécie de extinção da concessão ou permissão de serviço público.
c) Como medida excepcionalíssima, a intervenção far-se-á por lei do poder concedente.
d) A intervenção não demanda a prévia observância aos princípios do contraditório e da
ampla defesa.
e) A intervenção demanda a prévia indenização pela assunção dos bens reversíveis, pelo
Poder Público.

32. (Cespe – AGU 2012) Reversão consiste na transferência, em virtude de extinção


contratual, dos bens do concessionário para o patrimônio do concedente.

33. (ESAF – PGFN 2012) Como regra, dão azo à indenização pela assunção de
propriedade dos bens reversíveis, cujos investimentos respectivos ainda não tenham sido
amortizados ou depreciados,
a) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão.
b) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que ocorrem
pelo advento do termo contratual.
c) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que ocorrem
em face da rescisão.
d) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que ocorrem
pelo advento do termo contratual ou pela rescisão.
e) todas as espécies de extinção da concessão ou permissão, à exceção das que ocorrem
pelo advento do termo contratual e da caducidade.

34. (FGV – OAB 2015) Após dezenas de reclamações dos usuários do serviço de
transporte metroviário, o Estado Y determinou a abertura de processo administrativo para
verificar a prestação inadequada e ineficiente do serviço por parte da empresa
concessionária. Caso se demonstre a inadimplência, como deverá proceder o poder público
concedente?
A) Declarar, por decreto, a caducidade da concessão.
B) Declarar, por decreto, a encampação do serviço.
C) Declarar, por decreto, após lei autorizativa, a revogação da concessão.
D) Declarar, por lei, a anulação do contrato de concessão.

35. (FGV – OAB 2010) Uma determinada empresa concessionária transfere o seu
controle acionário para uma outra empresa privada, sem notificar, previamente, o Poder
concedente, parte no contrato de concessão.

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Assinale a alternativa que indique a medida que o Poder concedente poderá tomar, se não
restarem atendidas as mesmas exigências técnicas, de idoneidade financeira e regularidade
jurídica por esta nova empresa.
(A) Poderá o Poder concedente declarar a caducidade da concessão, tendo em vista o
caráter intuitu personae do contrato de concessão.
(B) Poderá retomar o serviço, por motivo de interesse público, através da encampação,
autorizada por lei específica, após prévio pagamento da indenização.
(C) Poderá o Poder concedente anular o contrato de concessão, através de decisão
administrativa, uma vez que a transferência acionária da empresa concessionária sem a
notificação prévia ao Poder concedente gera irregularidade, insusceptível de convalidação.
(D) Nada poderá fazer o Poder concedente, uma vez que a empresa concessionária, apesar
da alteração societária, não desnatura o caráter intuitu personae do contrato de concessão.

36. (FGV – OAB 2011) Ao tomar conhecimento de que o serviço público de transporte
aquaviário concedido estava sendo prestado de forma inadequada, causando gravíssimos
transtornos aos usuários, o ente público, na qualidade de poder concedente, instaurou
regular processo administrativo de verificação da inadimplência da concessionária,
assegurando-lhe o contraditório e a ampla defesa. Ao final do processo administrativo,
restou efetivamente comprovada a inadimplência, e o poder concedente deseja extinguir a
concessão por inexecução contratual.
Qual é a modalidade de extinção da concessão a ser observada no caso narrado?
(A) Encampação.
(B) Caducidade.
(C) Rescisão.
(D) Anulação.

37. (FGV – OAB 2012) Uma concessionária de serviço público, em virtude de sua
completa inadequação na prestação do serviço, não consegue executar o contrato.
Nesse caso, segundo a Lei n. 8.987/95, poderá ser declarada, a critério do poder
concedente, a extinção do contrato por
A) caducidade.
B) encampação.
C) anulação.
D) revogação.

38. (ESAF – ATRFB 2009) Em se tratando de permissão e concessão da prestação de


serviço público, ante o disposto na Lei n. 8.987/95, marque a opção incorreta.
a) Ocorrerá a caducidade da concessão caso a concessionária não cumpra as penalidades
impostas por infrações, nos devidos prazos.

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b) Caracteriza-se como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de
emergência ou após prévio aviso quando por inadimplemento do usuário, considerado o
interesse da coletividade.
c) O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação
na prestação do serviço.
d) Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido seu
equilíbrio econômico-financeiro.
e) Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente que
ocupará as instalações e utilizará todos os bens reversíveis.

39. (Cespe – TJDFT 2013) O contrato de concessão de serviço público pode ser
rescindido por iniciativa da concessionária, mediante ação judicial especialmente intentada
para esse fim, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente.

40. (Cespe – TCU 2013) A rescisão, como forma de extinção da concessão, é de iniciativa
da administração, determinada por ato unilateral e escrito no caso de descumprimento, pelo
concessionário, de obrigações regulamentares.

41. (FGV – OAB 2011) O prefeito de um determinado município resolve, por decreto
municipal, alterar unilateralmente as vias de transporte de ônibus municipais, modificando o
que estava previsto nos contratos de concessão pública de transportes municipais válidos
por vinte anos. O objetivo do prefeito foi favorecer duas empresas concessionárias
específicas, com que mantém ligações políticas e familiares, ao lhes conceder os trajetos e
linhas mais rentáveis. As demais três empresas concessionárias que também exploram os
serviços de transporte de ônibus no município por meio de contratos de concessão sentem-
se prejudicadas.
Na qualidade de advogado dessas últimas três empresas, qual deve ser a providência
tomada?
(A) Ingressar com ação judicial, com pedido de liminar para que o Poder Judiciário exerça o
controle do ato administrativo expedido pelo prefeito e decrete a sua nulidade ou suspensão
imediata, já que eivado de vício e nulidade, por configurar ato fraudulento e atentatório aos
princípios que regem a Administração Pública.
(B) Ingressar com ação judicial, com pedido de indenização em face do Município pelos
prejuízos de ordem financeira causados.
(C) Nenhuma medida merece ser tomada na hipótese, tendo em vista que um dos poderes
conferidos à Administração Pública nos contratos de concessão é a modificação unilateral
das suas cláusulas.
(D) Ingressar com ação judicial, com pedido para que os benefícios concedidos às duas
primeiras empresas também sejam extensivos às três empresas clientes.

42. (Cespe – TJ/PI 2012) Em relação a serviços públicos, concessão de serviços públicos
e desapropriação, assinale a opção correta.

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a) É prevista, na CF, para o serviço postal e o correio aéreo nacional, complementaridade
entre os sistemas privado, público e estatal, razão pela qual o Estado, embora obrigado a
prestar tais serviços, pode oferecê-los em concessão, permissão ou autorização.
b) Por serem prestados a grupos indeterminados de indivíduos, os serviços de energia
domiciliar e os de uso de linha telefônica são considerados serviços uti universi.
c) A modalidade de licitação própria das concessões de serviço público é a concorrência,
que deve ser obrigatoriamente observada pela União, pelos estados, pelo DF e pelos
municípios.
d) Extinta a concessão, retornam ao poder concedente, de forma gratuita, todos os bens
reversíveis utilizados pelo concessionário para a execução do serviço.
e) A União pode desapropriar bens dos estados, do DF e dos municípios, tendo os estados
e os municípios, por sua vez, o poder de desapropriar bens entre si, mas não bens da
União.

43. (Funiversa – SEPLAG 2010) Um município firmou um contrato de concessão de


serviço público com uma sociedade empresária. Considerando essa situação, é correto
afirmar que
a) os contratos administrativos não se enquadram na categoria dos denominados contratos
de adesão.
b) não será admitida a subconcessão do objeto contratado.
c) a extinção do contrato de concessão não ocorre pela encampação.
d) incumbe ao poder concedente do serviço público responder por todos os prejuízos
causados aos usuários ou a terceiros.
e) o contrato de concessão poderá prever cláusula de arbitragem como solução de
controvérsia dele decorrente.

44. (Funiversa – ACI/DF 2014) No que se refere ao contrato de concessão de serviço


público, segundo entendimento do STJ, assinale a alternativa correta.
a) A relação jurídica existente entre a concessionária e o usuário possui natureza tributária,
porquanto o concessionário, por força da Constituição Federal e da legislação aplicável à
espécie, ostenta o poder de impor exações.
b) Extinto o contrato de concessão por decurso do prazo de vigência, cabe ao Poder Público
a retomada imediata da prestação do serviço, até a realização de nova licitação, a fim de
assegurar a plena observância do princípio da continuidade do serviço público, estando
condicionado o termo final do contrato ao pagamento prévio de eventual indenização.
c) Em caso de intervenção na concessão, é necessária lei específica, que conterá a
designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
d) O concessionário trava duas espécies de relações jurídicas, a saber: uma com o Poder
concedente, titular, entre outros, do ius imperii no atendimento do interesse público,
ressalvadas eventuais indenizações legais; outra com os usuários, reguladas, ambas, pelo
contrato e supervisionadas pela Agência Reguladora correspondente

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e) Em caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, o contrato
de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, que pode, de imediato,
interromper a prestação dos serviços.

45. (Cespe – TCU 2011) Se o poder público delegar, mediante autorização, a implantação
de usina termelétrica de potência superior a 5.000 kW, destinada a uso exclusivo do
autoprodutor, estará agindo em desacordo com a lei, visto que a autorização não constitui o
instrumento adequado para essa hipótese.

46. (FGV OAB – 2016) A União divulgou edital de licitação para a contratação de parceria
público-privada, para a reforma e gestão de um presídio federal, na modalidade concessão
administrativa. A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
A) A concessão administrativa envolve, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários,
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
B) A contratação de parceria público-privada somente pode ser realizada para contratos
com valor igual ou superior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
C) Considerando se tratar de concessão administrativa, o prazo máximo de vigência do
contrato é de 20 anos.
D) Não é possível a contratação de parceria público-privada que envolva a execução de
obra pública.

47. (FGV – OAB 2016) Uma autarquia federal divulgou edital de licitação para a
concessão da exploração de uma rodovia que interliga diversos Estados da Federação. A
exploração do serviço será precedida de obras de duplicação da rodovia. Como o fluxo
esperado de veículos não é suficiente para garantir, por meio do pedágio, a amortização dos
investimentos e a remuneração do concessionário, haverá, adicionalmente à cobrança do
pedágio, contraprestação pecuniária por parte do Poder Público. Sobre a hipótese
apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade concessão
administrativa.
B) Trata-se de um consórcio público com personalidade de direito público entre a autarquia
federal e a pessoa jurídica de direito privado.
C) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade concessão
patrocinada.
D) Trata-se de um exemplo de consórcio público com personalidade jurídica de direito
privado.

48. (FGV – OAB 2011) O contrato de prestação de serviços de que a Administração


Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva a execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens, denomina-se concessão
(A) comum.
(B) patrocinada.
(C) administrativa.

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(D) de uso de bem público.

49. (FGV – OAB 2012) Um estado da Federação, em processo de recuperação


econômica, pretende restaurar o seu antigo Parque de Esportes, uma enorme área que
concentra estádio de futebol, ginásio de esportes coletivos e parque aquático. Não dispondo
de recursos para custear a totalidade da obra e nem tendo expertise para promover uma
boa gestão do espaço, o Estado pretende firmar um contrato de parceria público-privada,
nos moldes da Lei n. 11.079/2004.
Sobre o instituto da Parceria Público-Privada, assinale a afirmativa correta.
A) As parcerias público-privadas têm natureza de convênio, e não de contrato, uma vez que
o ente público e o ente particular conjugam esforços na realização de uma atividade de
interesse público.
B) As parcerias público-privadas preveem que o ente público executará uma parcela do
serviço ou obra, nunca inferior a 50%, e o particular o restante do serviço ou obra.
C) As parcerias público-privadas não podem ter por objeto, exclusivamente, a execução de
obra pública de restauração do Parque de Esportes.
D) As parcerias público-privadas remuneram o ente particular integralmente com o valor das
tarifas cobradas dos usuários do serviço, sendo vedado ao ente público o custeio direto das
atividades desenvolvidas pelo particular.

50. (ESAF – MPOG 2010) O "acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do
setor privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual
execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado,
contraprestação pecuniária do Poder Público e compartilhamento dos riscos e dos ganhos
entre os pactuantes" constitui conceito para o seguinte instituto do direito administrativo:
a) permissão de serviço público.
b) autorização de serviço público.
c) concessão de serviço público ordinária.
d) concessão especial de serviço público.
e) concessão florestal.

51. (Cespe – STJ 2012) No âmbito das parcerias público-privadas, a concessão


administrativa caracteriza-se pelo fato de o concessionário perceber recursos de duas
fontes: do pagamento das respectivas tarifas pelos usuários e da contraprestação pecuniária
devida pelo concedente ao particular contratado.

52. (Cespe – TCU 2013) Um dos traços caracterizadores da parceria público-privada é a


indelegabilidade de funções que somente o Estado executa, como, por exemplo, as de
regulação e as decorrentes do exercício do poder de polícia.

53. (Cespe – TCU 2013) Se o governo de determinado estado da Federação, ao contratar


uma empresa privada para a construção e administração de uma penitenciária, realizar
pagamento mensal proporcional ao número de detentos e fiscalizar a prestação dos

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serviços, estará executando o contrato de concessão patrocinada, por meio do qual o
concessionário recebe da administração, em caráter adicional ao pagamento efetuado pelos
beneficiários, a contraprestação pecuniária devida.

54. (Cespe – TCDF 2014) É possível a celebração de contrato na modalidade de parceria


público-privada cujo objeto exclusivo seja a instalação de equipamentos para uso do poder
público.

55. (Cespe – TJDFT 2014) No que se refere às PPPs, assinale a opção correta.
a) A administração pública indireta não pode firmar PPP.
b) As funções estatais de regulação são delegáveis por meio de PPP.
c) O estabelecimento de PPPs entre o Estado e a iniciativa privada é prática recente no
Brasil, surgida com a edição da Lei n.º 11.079/2004.
d) As PPPs somente podem ser firmadas para a execução de obras essenciais e
estratégicas, não havendo limite mínimo contratual.
e) É possível conceder garantias adicionais — como a vinculação de receitas e a
contratação de seguro garantia — às obrigações pecuniárias contraídas pela administração
pública em contrato de PPP.

56. (ESAF – PGFN 2012) Relativamente às parcerias público-privadas a que se refere a


Lei n. 11.079, de 2004, assinale a opção correta.
a) Sempre devem ser precedidas de licitação, na modalidade concorrência ou pregão.
b) Admite-se que os valores mobiliários atinentes à sociedade de propósito específico
possam ser negociados no mercado.
c) Como regra, a sociedade de propósito específico deverá, direta ou indiretamente, ser
controlada pela Administração Pública, que deterá a maioria do capital social com direito a
voto.
d) Antes da celebração do contrato de parceria, poderá ser constituída sociedade de
propósito específico, que ficará responsável pela gestão das atividades pactuadas.
e) Consoante a legislação pátria, admite-se um único órgão gestor das parcerias público-
privadas, que contará com a participação obrigatória de representantes de todos os estados,
ao lado de representantes da União.

57. (ESAF – DNIT 2013) A respeito das parcerias público-privadas, analise as assertivas a
seguir classificando-as em falsas ou verdadeiras.
Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.
( ) As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de parceria
público-privada poderão ser garantidas mediante títulos da dívida agrária.
( ) É possível haver pagamento de contraprestação pela Administração Pública sem que
obrigatoriamente seja precedido pela integral disponibilização do serviço pelo parceiro
privado.

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( ) Os contratos de parceria público-privada poderão prever a possibilidade de emissão de
empenho em nome dos financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias da
Administração Pública.
( ) A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-privada
poderá ser feita mediante outorga de direitos sobre bens públicos afetados de uso comum
do povo.
( ) As concessões patrocinadas em que mais de 70% da remuneração do parceiro privado
deva ser paga pela Administração Pública dependerão de autorização legislativa.
a) V, V, V, F, V
b) F, V, V, V, V
c) V, F, F, F, V
d) V, V, V, V, F
e) F, V, V, F, V

58. (Cespe – JF TRF2 2013) Mediante lei sancionada em 2004, o Brasil adotou a PPP
como instrumento para a viabilização de projetos fundamentais ao crescimento do país.
Referida lei incorporou conceitos bem sucedidos da experiência internacional, de modo a
garantir que as PPPs sejam balizadas na atuação transparente da administração pública.
Acerca desse instrumento de gestão pública, assinale a opção correta.
a) Embora a responsabilidade fiscal não seja uma diretriz expressa na legislação de PPP, o
melhor entendimento doutrinário aponta para a aplicação da Lei de Responsabilidade Fiscal
à execução desse tipo de contrato administrativo.
b) Não se admite o emprego da arbitragem na hipótese de um município querer dirimir
conflitos decorrentes de contrato de PPP.
c) Um estado da Federação, no âmbito de contrato de PPP para a realização de obras
públicas nos seus municípios, estará impedido de ceder parte de seus créditos não
tributários a título de contraprestação.
d) É expressamente vedada a uma sociedade de propósito específico, incumbida de
implantar e gerir o objeto de uma PPP em determinado estado da Federação, constituir-se
sob a forma de companhia aberta.
e) Caso um estado da Federação celebre contrato administrativo de PPP visando à
concessão de serviços públicos, conforme legislação específica, e, além da tarifa a ser
cobrada dos usuários, o contrato preveja contraprestação pecuniária do parceiro público ao
parceiro privado, ter-se-á, nessa hipótese, um exemplo da chamada concessão patrocinada.
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Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros,
2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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